Casinos-satélite | Coutinho alerta para possíveis despedimentos João Santos Filipe - 24 Out 2024 O deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau alerta para a possibilidade de no próximo ano se assistir a uma onda de desemprego, devido à situação indefinida dos casinos-satélite Com os acordos entre os casinos-satélite e as concessionárias a terminarem no final do próximo ano, o deputado Pereira Coutinho alertou o Executivo para a possibilidade de haver uma onda de desemprego. A mensagem foi deixada através de uma interpelação escrita, em que o legislador pede soluções ao Executivo. Quando foram apresentadas as últimas alterações à lei do jogo, antes da renovação das concessões, o Governo tentou acabar com todos os casinos-satélite do território. Estes casinos têm acordos de exploração com as concessionárias, mas são geridos por empresas independentes. No entanto, os trabalhadores nas áreas de jogo estão contratualmente ligados às concessionárias, o que não acontece com trabalhadores de restaurantes, hotéis e lojas nos edifícios desses casinos. Após várias queixas de deputados, associações e dos responsáveis por estes casinos, o Governo aceitou uma solução de meio-termo. Os casinos satélites foram autorizados a continuar a operar, mas os contratos com as concessionárias tiveram um limite de três anos, que termina no próximo ano. “Actualmente, falta um ano para o final dos contratos de exploração dos casinos-satélite. Todavia, estima-se que muitos casinos-satélite vão cessar as operações, o que vai afectar as pequenas, médias e micro empresas e possivelmente causar uma onda de encerramentos”, alertou. “Como resultado, um grande número de residentes pode ficar desempregado. Que soluções o Governo tem para este problema?”, questionou. Tratamentos diferentes Na interpelação, Coutinho revela também ter recebido queixas de 300 trabalhadores de casinos-satélite que se consideram discriminados. Segundo os relatos apresentados pelo deputado, quando trabalham nos casinos-satélite, os trabalhadores tendem a ter ordenados mais baixos do que quando desempenham funções em casinos explorados pelas entidades patronais. Além disso, privilégios como folgas e bónus também são diferentes, o que levou o deputado da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau a considerar que são “trabalhadores de segunda classe”. Na interpelação consta também que, apesar destes trabalhadores se terem queixado de discriminação à Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais, o assunto não foi resolvido. Por isso, Coutinho pergunta ao Governo o que vai fazer para acabar com a discriminação dos trabalhadores dos casinos-satélite.
Análise | Empresas chinesas buscam mercados emergentes para contornar sanções Andreia Sofia Silva - 24 Out 2024 A economista Fernanda Ilhéu defende, no recém-publicado Anuário da Economia Portuguesa 2024, que as empresas chinesas “estão a entrar numa nova fase de expansão global” com aposta em mercados emergentes do chamado “Sul Global”, para contornar “atitudes proteccionistas do Ocidente” A economia chinesa é um dos destaques do mais recente Anuário da Economia Portuguesa, relativo a este ano, pela mão da economista Fernanda Ilhéu, que assina o artigo “Modelo Económico da China e Nova Fase de Globalização”. A economista, ex-residente em Macau, defende que as empresas do país procuram cada vez mais novos mercados para expandirem e fugirem a novos constrangimentos comerciais. “As empresas chinesas estão a entrar numa nova fase da sua expansão global utilizando a sua tecnologia e marcas, desenvolvendo, sobretudo no Sul Global, as suas cadeias de valor com vista a vendas nesses mercados, mas também em mercados desenvolvidos, evitando assim as tarifas alfandegárias aplicadas a alguns produtos feitos na China”, pode ler-se. Entende-se por Sul Global o conjunto de países ligados à ideia de Terceiro Mundo ou, até, com economias em desenvolvimento. Fernanda Ilhéu menciona também o actual cenário de abrandamento económico chinês, em linha com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) tornadas públicas esta quarta-feira. “O abrandamento do crescimento da procura no mercado interno chinês, e a feroz concorrência ali existente, tem levado as empresas chinesas a disputar os mercados das multinacionais americanas, europeias, japonesas, e não apenas nos países desenvolvidos, mas também em muitos países do Sul Global, onde a sua entrada está a ser facilitada pelos esforços diplomáticos do Governo chinês junto dos países com investimentos BRI”, ou seja, na Belt and Road Initiative, ou Faixa e Rota. A autora destaca os exemplos de empresas chinesas nesta situação, citados na edição da The Economist de Agosto deste ano. Temos, assim, “a empresa Transsion, que produz mais de metade dos smartphones comprados pelos africanos, e a Mindray, que é a fornecedora líder de sistemas de monitoramento de pacientes na América Latina”. A marca de retalho Shein vende, sobretudo, para “os consumidores brasileiros e mexicanos”, enquanto os “veículos eléctricos chineses com relevo para [as marcas] SAIC e BYD e as turbinas eólicas estão a expandir-se no mundo em desenvolvimento”. Segundo a The Economist, entre 2016 e 2023 “as vendas das empresas chinesas ao Sul Global quadruplicaram, atingindo 800 biliões de dólares e excederam as realizadas no mundo desenvolvido”, referiu a economista. Recorde-se que as mais recentes previsões do FMI apontam para um possível agravamento da situação do mercado imobiliário na China, tendo reduzido as expectativas de crescimento para aquela que é considerada a segunda maior economia do mundo. No relatório World Economic Outlook, o FMI reduziu a previsão de crescimento da China para este ano para 4,8 por cento, menos 0,2 por cento do que na projecção difundida em Julho. Em 2025, o crescimento deverá situar-se em 4,5 por cento, indicou a instituição, sublinhando também que a contracção do sector imobiliário chinês acima do esperado é um dos muitos riscos negativos para as perspectivas económicas globais. “As condições para o mercado imobiliário podem piorar, com novas correções de preços no meio de uma contracção das vendas e do investimento”, lê-se no relatório. Globalização é o caminho Para Fernanda Ilhéu, as respostas para o sector empresarial chinês passam cada vez mais pelas oportunidades que a globalização pode fornecer, tendo em conta que “as atitudes proteccionistas do Ocidente têm levado a China a reforçar a sua presença no mundo emergente”. Um dos exemplos mais notórios tem sido o braço de ferro entre países europeus e a China nas aquisições da rede 5G, ou ainda as tentativas de impor limites à exportação de carros eléctricos chineses com a aplicação de sanções provisórias. Em Outubro do ano passado, a Comissão Europeia começou uma investigação que concluiu que a China beneficiaria de subsídios desleais na produção destes veículos, o que estaria “a ameaçar os produtores destes veículos na União Europeia”, lê-se no comunicado da instituição europeia no passado dia 4 de julho, no qual anunciava as novas medidas. Foram, assim, aplicados os chamados “direitos de compensação” que, na prática, são impostos adicionais a marcas como a BYD, Geely e SAIC, respectivamente, de 14,4, 19,9 e 37,6 por cento. Os restantes produtores de veículos chineses elétricos a bateria estão sujeitos a uma tributação de 20,8 por cento e “outras empresas que não cooperem” estão sujeitas à mesma percentagem da SAIC. Assim, segundo o artigo publicado no Anuário da Economia Portuguesa, “a entrada [da China nos mercados emergentes] faz-se cada vez mais através das cadeias de abastecimento globalizadas chinesas, por investimento directo estrangeiro green field que, de acordo com a fDi Markets, triplicou em 2023 alcançando o valor de 162,7 biliões de dólares”. “A última vez que, nos últimos dez anos, a China tinha ultrapassado os 100 biliões de dólares de investimento no exterior tinha sido em 2016”, acrescenta-se. O que virá? Fernanda Ilhéu destaca que a China é “um país de classe média alta, de acordo com os critérios do Banco Mundial”, tendo a “pobreza absoluta sido erradicada em 2020”, embora “17,2 por cento da população chinesa ainda viva com menos de 6,85 dólares por dia (em termos de 2017 Paridade de Poder de Compra)”. Porém, o cenário é hoje de abrandamento, sobretudo depois da covid-19. “As previsões são que, em 2024, o crescimento da economia chinesa desça para 4,5 por cento porque as vendas a retalho e a produção industrial estão a desacelerar, e o investimento em activos fixos a recuar.” Fernanda Ilhéu destaca que “apesar das medidas que têm sido tomadas para evitar uma distribuição do rendimento muito desigual, elas permanecem entre o rendimento urbano e rural e entre as províncias”. Desta forma, “a procura interna permanece lenta, assim como a confiança nos negócios, muito afectada pela descida do valor do imobiliário na sequência da falência de grandes empresas do sector como o gigantesco colapso do Grupo Evergrande”. Tratou-se de uma “falência de 340 biliões de dólares com efeitos sinérgicos em todo o tecido empresarial na China, nos investidores e nos consumidores”, destaca a economista, que aponta ainda outras explicações para este cenário de abrandamento. “O fraco crescimento da economia reflecte também uma demografia adversa, pouco aumento de produtividade e o aumento de restrições a um modelo de investimento suportado pela divida, que é enorme, embora tenha vindo a diminuir”. Assim, as autoridades chinesas já assumiram, segundo a economista, “a necessidade de introduzir políticas que relancem e reequilibrem a economia chinesa com elevadas repercussões na economia mundial”. Tratou-se de algo que gerou “enormes expectativas, interna e externamente, para a reunião do Terceiro Plenário do Comité́ Central do Partido Comunista da China, que se reuniu em Pequim, nos dias 15 a 18 de Julho de 2024”. Assim, o grande objectivo do 14º Plano Quinquenal, pensado para os anos de 2021 a 2025, é, segundo Fernanda Ilhéu, “a passagem do crescimento de alta-velocidade para alta-qualidade”, existindo o objectivo de “modernizar o sector industrial, melhorar a ciência e tecnologia, impulsionar o rendimento das famílias e o consumo e expandir a classe média”. Pretende-se ainda “revigorar as zonas rurais, coordenar o desenvolvimento regional e os programas de urbanização”, apresentar “soluções económicas avançadas, subir e integrar as cadeias de fornecimento completas com a ajuda de empresas estrangeiras” e garantir uma “maior abertura de mercado para atrair investimento directo estrangeiro”. Em termos gerais, as autoridades de Pequim pretendem construir “um mercado interno unificado sem barreiras entre províncias que facilite o desenvolvimento de várias entidades do mercado”, bem como uma “interacção entre as políticas” da iniciativa Faixa e Rota. No Plenário de Julho ficou também confirmado, para Fernanda Ilhéu, que “as autoridades [chinesas] estão a tomar medidas para reduzir as despesas familiares aumentando o seu rendimento disponível, melhorar a segurança social, mas também medidas para aumentar a criação de emprego de alto valor acrescentado, uma vez que o desemprego maior é nos jovens que têm elevados níveis de educação”. Em termos dos governos das províncias, o Plenário de Julho tentou trazer novas medidas para “reduzir a sua vulnerabilidade financeira, como reformas que rebalançam as responsabilidades orçamentais e as receitas entre os governos locais e o central”. Desta forma, descreve Fernanda Ilhéu, “fortalece-se a autonomia financeira local e a melhoria da gestão da dívida”. Até 2035 pode-se esperar o alcance de uma “modernização socialista” do país, descreve o artigo, graças a cenários de “autossuficiência económica e tecnológica, inovação e produtividade, uma transição ecológica e igualdade”. A prioridade é a “segurança nacional e o fortalecimento das relações entre o partido, a sociedade e a economia”, remata a análise de Fernanda Ilhéu, que também preside à Associação Amigos da Nova Rota da Seda.
BRICS | Xi pediu a Modi uma resolução de conflitos entre os dois países Hoje Macau - 24 Out 2024 O Presidente chinês pediu hoje ao primeiro-ministro indiano que os dois países “resolvam os seus conflitos”, numa reunião realizada na cidade russa de Kazan que constituiu o primeiro encontro formal entre ambos em quatro anos. Xi Jinping defendeu que tanto a China como a Índia “são civilizações antigas, grandes países em desenvolvimento e membros importantes do Sul Global”, referiu a Presidência chinesa, num comunicado publicado pela estação estatal chinesa CCTV. Além disso, Xi afirmou que “os dois países estão num momento crítico de modernização” e que tanto a China como a Índia “compreendem corretamente a tendência da história e a direção do desenvolvimento das relações entre os dois Estados, o que é benéfico para os dois países e povos”. O líder chinês apontou a necessidade de Pequim e Nova Deli “assumirem as suas responsabilidades internacionais e darem um exemplo aos países em desenvolvimento ao unirem-se e fortalecerem-se” contribuindo para “a promoção de um mundo multipolar e a democratização das relações internacionais”. A tensão entre a China e a Índia, as duas maiores potências do Indo-Pacífico, tem crescido desde 2020, quando um destacamento militar ilegal da China levou a uma resposta indiana que degenerou num confronto fronteiriço no território de Ladakh, nos Himalaias. Desde então, as potências aumentaram a sua presença militar e hostilidade, mas anunciaram recentemente um acordo para acalmar a situação. Os gigantes asiáticos mantêm uma disputa histórica por algumas regiões dos Himalaias, como o Aksai Chin, gerido pela China e reivindicado pela Índia, e vários locais do estado indiano de Arunachal Pradesh, onde a situação se inverte.
BRICS | Vladimir Putin elogia papel da Turquia Hoje Macau - 24 Out 2024 O Presidente russo, Vladimir Putin, saudou ontem o papel que a Turquia pode desempenhar no grupo BRICS, liderado por Moscovo e Pequim, ao reunir-se com o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, em Kazan. “Sei que a Turquia está interessada em estabelecer uma cooperação estreita com o grupo [BRICS]. E vemos aqui perspetivas importantes, tendo em conta o prestígio e o papel geopolítico especial do vosso país, que liga o leste e o oeste do continente euro-asiático”, disse Putin a Erdogan. O líder russo sublinhou ainda o caráter construtivo e de boa vizinhança das relações com Ancara. “O turismo ocupa tradicionalmente um lugar especial nas nossas relações bilaterais. Em 2023, um número recorde de cidadãos russos visitou a Turquia, mais 20,7% do que no ano anterior”, sublinhou Putin. Erdogan, por sua vez, desejou uma rápida visita do líder russo à Turquia e disse que as partes estão a trabalhar para eliminar os problemas com as transações bancárias entre os dois países. A presença de Erdogan na cimeira dos BRICS atraiu um interesse especial, uma vez que a Turquia é membro da NATO. O Kremlin declarou anteriormente que o grupo BRICS “não coloca ninguém perante o dilema ‘com este ou com o outro’”, pelo que “não há objeções” à adesão da Turquia ao grupo, apesar de ser membro da Aliança Atlântica. O grupo BRICS, inicialmente constituído pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, alargou-se para nove membros com a integração do Irão, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, e pretende tornar-se um poderoso contrapeso ao Ocidente. Terça-feira, em Talin, na Estónia, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), o neerlandês Mark Rutte, sublinhou a importância da Turquia como membro da organização, apesar da sua vontade de aproximação aos BRICS, as principais economias emergentes do mundo. Rutte, de visita à capital do país Báltico, que faz fronteira com a Rússia, numa das suas primeiras viagens internacionais como secretário-geral da NATO (bloco de defesa ocidental), descreveu a Turquia como um membro “muito importante” da aliança e um Estado com “o direito soberano” de se aproximar dos BRICS. “Sabemos que a Turquia também está a trabalhar para ou com alguns dos parceiros dos BRICS, tem o direito soberano de o fazer. Isso pode originar debates de vez em quando, bilateralmente ou no âmbito da NATO”, declarou Rutte, quando questionado sobre a intenção de Ancara de se aproximar dos BRICS. Mas “obviamente, dentro da Aliança, sendo uma democracia de 32 países, haverá sempre debates sobre isto e aquilo”, comentou Rutte. No entanto, o secretário-geral da NATO também sublinhou que “a Turquia é um aliado muito importante da Aliança, tem uma das forças militares mais bem equipadas da NATO, desempenha um papel vital na sua parte da geografia da NATO” e “traz muitas capacidades à NATO como um todo”. O dirigente da Aliança Atlântica e ex-primeiro-ministro neerlandês, que recentemente substituiu o norueguês Jens Stoltenberg como responsável máximo da organização militar, afirmou que esta está “muito feliz e satisfeita com o facto de a Turquia ser desde há tantos anos parte da aliança”.
A guerra pós-moderna (II) Jorge Rodrigues Simão - 24 Out 2024 “Casi inmediatamente, la realidad cedió en más de un punto. Lo cierto es que anhelaba ceder.” Ficciones Jorge Luiz Borges (Continuação) O princípio da realidade diz que a Grande Guerra é uma guerra de transição hegemónica. Em jogo está a hegemonia americana. Casus belli profundo que é a fraqueza dos Estados Unidos, percebida (e explorada), por enquanto, pelos russos e iranianos. Amanhã, talvez pelos chineses. O princípio da irrealidade diz que a Grande Guerra não é um conflito sistémico. O que está em jogo é a resiliência das democracias e dos valores ocidentais. Casus belli é a loucura de líderes autoritários como Putin (mas também Netanyahu), o antissemitismo e o ressurgimento do terrorismo islâmico (Hamas), bem como a violência ontológica do regime iraniano. Solução de acordo com o princípio da irrealidade é a derrota total da Rússia na Ucrânia (retirada do Donbas) sem intervenção directa da NATO e entrada de Kiev na família democrática europeia; libertação de Gaza do Hamas, afastamento de Netanyahu do governo de Israel e prosseguimento da solução dos dois Estados; mudança de regime em Teerão, com o derrube dos aiatolas pelos movimentos de contestação (primavera iraniana). Este breve esboço ilustra o hiato entre as palavras e as coisas. Resulta de um erro metodológico fundamental, nomeadamente a incapacidade de nos colocarmos no lugar do inimigo e de compreendermos o ponto de vista do outro. Sem isso, não há estratégia. E as histórias tomam conta da realidade, destruindo também qualquer raciocínio baseado em factos e condições objectivas. Dois exemplos, um centrado nas questões materiais e outro no desrespeito pela opinião dos outros. Primeiro, o de acordo com o princípio da irrealidade, a guerra na Ucrânia deve ser resolvida com a retirada da Rússia do Donbas sem intervenção atlântica. Isto é considerado um imperativo moral, decorrente da violação do “direito internacional” por Putin. Por conseguinte, deve ser oferecido a Kiev todo o apoio de guerra necessário, tanto em termos de armas como de munições. À luz do princípio da realidade, esta solução parece improvável. Não tanto porque faltem armas aos ucranianos. Mas porque há falta de homens capazes de as utilizar. A narrativa valorativa e moralista sobre a guerra segundo a qual esta é, antes de mais, um conflito de visão do mundo fez-nos esquecer um simples facto da realidade e de que para combater, são necessários seres humanos dispostos a morrer em combate. São estes que estão a faltar em Kiev. E não porque os ucranianos não queiram combater, mas porque os que já estão a combater e são cada vez menos devido à dinâmica de fricção da guerra. Resultado e de acordo com os factos, o objectivo fixado pelo princípio da irrealidade implicaria a entrada dos países da NATO no conflito. Uma hipotética contraofensiva levantada de novo por Zelensky só poderia ser uma contraofensiva atlântica. Realidade versus narrativa. Estamos preparados para lidar com ela? Segundo exemplo, a solução de dois Estados na Terra Santa. Uma “solução” histórica, frequentemente repetida pelas elites ocidentais. Uma posição aparentemente equilibrada que tem também em conta o ponto de vista dos palestinianos. Mas será que é mesmo assim? Ou será mais uma história que nos estão a contar? Se virmos bem, estes últimos tão exasperados com os abusos de que são alvo por parte do Estado judaico prefeririam tornar-se cidadãos israelitas (como a minoria árabe), para terem pelo menos alguns direitos reconhecidos. E isto aplica-se aos palestinianos da Cisjordânia. Os de Gaza viveram de facto num outro Estado, governado pelo Hamas, até 7 de Outubro de 2023. Como é que isso aconteceu? Além disso, a narrativa dos dois Estados dá como certo não se sabe bem em virtude de quê, que estes dois Estados não se guerreiam, que o Estado palestiniano confia no Estado judeu (e vice-versa) e que, de repente, surge uma tal amizade entre os dois povos que as provocações, os atentados terroristas e as tensões de vária ordem são impossíveis. Como se as nossas histórias pudessem apagar setenta anos de história com um só golpe. Por fim, uma pequena experiência de pensamento e imaginem pedir a um palestiniano e a um israelita que desenhem as fronteiras do seu Estado. É muito provável que produzam o mesmo mapa. Assim, a solução dos dois Estados é irreal porque é impossível de traçar, a não ser que se queira deixar de fora os desejos de um ou de outro lado. Mas, nesse caso, voltaríamos à estaca zero. Isto no que respeita a alguns casos específicos. Mas voltemos à Grande Guerra enquanto tal. Por que razão insistimos no seu carácter sistémico? Simples, porque se trata de actores não ocidentais. Os russos, os chineses e os iranianos depois de um esforço para penetrar na alma americana e através da observação de certas tendências históricas de curto e longo prazo concluíram que os Estados Unidos já não têm força nem vontade de manter o seu posto mundial, extremamente dispendioso. Isto não significa que estes actores não recorram a narrativas retóricas. Pensemos no mito do “Sul Global”. Uma expressão oximorónica de como pode o Sul ser global? Um vazio sem sentido, comparável a tantas construções de tipo ocidental. Mas a diferença reside no facto de esta narrativa se enquadrar numa estratégia revisionista mais vasta, que se baseia em factos incontestáveis, como o cansaço americano, a fraqueza europeia e as tendências demográficas inexoráveis. É um significante vazio, é certo, mas capaz de gerar consensos, porque é capaz de coagular em torno de si aspirações e lutas que decorrem de questões reais e não imaginárias, conseguindo assim gerar alguma forma de consenso e hegemonia cultural. Tal como, após a II Guerra Mundial, a narrativa do “american way of life” pareceu irresistível no Ocidente europeu. Em termos práticos, o Ocidente não tem estratégia porque se perde nas histórias, e perde-se nas histórias porque não tem estratégia. Um círculo vicioso do qual é difícil sair. Ao dividirmos o mundo em bons e maus e ao insistirmos no carácter dos líderes inimigos, criámos para nós próprios um universo fictício que não só nos torna vulneráveis, como também nos impossibilita de abordar o caos do novo mundo. Em conclusão, aplica-se a parábola contada por Marx no início de “A Ideologia Alemã” de que era uma vez um orador que imaginava que os homens se afogavam na água apenas porque estavam obcecados com o pensamento da gravidade. Se tivessem tirado essa ideia da cabeça, mostrando, por exemplo, que era uma ideia supersticiosa, uma ideia religiosa, ter-se-iam libertado do perigo de se afogarem. Durante toda a sua vida, lutou contra a ilusão da gravidade, de cujas consequências nefastas cada estatística lhe oferecia novas e abundantes provas. Tal como o aluno do liceu descrito pelo filósofo de Trier, o Ocidente pensa que só pode tratar da Grande Guerra com base nas suas próprias histórias e narrativas, marcando qualquer análise que tome o seu ponto de vista como conspiratório ou conivente com o inimigo. Mas não basta libertar-se do pensamento da gravidade ou da natureza sistémica da Grande Guerra para evitar os seus efeitos. A solução deve ser outra. Para Marx, tratava-se de voltar a fazer assentar a dialéctica sobre os pés e não sobre a cabeça, como fizera Hegel. Nós, parcialmente inoculados contra os argumentos metafísicos, contentar-nos-íamos com um resultado mais modesto, o de fazer com que a geopolítica se apoie de novo nos pés do princípio da realidade e não na cabeça do princípio da irrealidade. Um ponto de partida para repensar o fim da Grande Guerra. Assim, o seu fim.
Albergue SCM | Halloween celebrado este fim-de-semana Hoje Macau - 24 Out 2024 No sábado e domingo, o Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) será “assombrado” pelas celebrações do Halloween num evento intitulado “10º Halloween Albergue SCM”. O incontornável polo cultural da freguesia de São Lázaro será decorado com “espaços temáticos assustadores”, como a “Sala Zombie” e o “Cemitério Quirky”, que contém “uma variedade de decorações fantasmagóricas”. Tanto crianças como adultos podem desfrutar do espaço que irá disponibilizar ainda cabines de maquilhagem gratuitas. O evento está marcado para sábado e domingo entre as 17h30 e as 21h30 no pátio do Albergue SCM. Como vem sendo tradição, a animação vai sair do Albergue e invadir as zonas circundantes com a brincadeira “Vamos fazer travessuras ou gostosuras”. Esta actividade, agendada para o período entre as 15h e as 17h30 nos dois dias, lança um convite a crianças entre os 5 e os 12 anos para um passeio pelo Bairro de S. Lázaro para caçar doces e recolher selos especiais. Irá decorrer ainda um concurso de máscaras, de sábado a segunda-feira, em que os participantes são convidados a tirar uma foto da sua fantasia de Halloween no Albergue SCM e comentar “Albergue2024” na publicação com a foto.
Música | Cabo-verdiano Tito Paris actua com a Orquestra Chinesa de Macau Andreia Sofia Silva - 24 Out 2024 Tito Paris actua no Centro Cultural de Macau a 15 de Novembro com a Orquestra Chinesa de Macau, num espectáculo que promete juntar estilos musicais. O evento faz parte do Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe no dia 15 de Novembro, a partir das 20h, um espectáculo integrado no 6.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Trata-se de Tito Paris, conhecido cantor e compositor cabo-verdiano, que irá subir ao palco acompanhado pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM). Os bilhetes foram ontem postos à venda e custam entre 200 e 400 patacas. Tito Paris nasceu numa família de músicos e construiu uma carreira em torno das músicas tradicionais de Cabo Verde, como as mornas, funanás e coladeiras, juntando-as ao jazz, rock, salsa ou flamenco. A voz rouca do cantor oferece ao público melodias em crioulo cabo-verdiano, cativando audiências ao longo de mais de 40 anos de uma carreira cheia de êxitos. No espectáculo em Macau, será dirigido pelo maestro Zhang Lie, director musical e maestro principal da OCM. O Instituto Cultural (IC) indica que Zhang Lie é um “maestro de primeira classe a nível nacional e compositor de renome”, tendo liderado “diversas orquestras em digressões internacionais, alcançando amplo sucesso”. Nesta adaptação às canções de Tito Paris, espera-se a aplicação de “uma técnica apurada e uma delicada sonoridade chinesa”, numa “fusão harmoniosa entre estilos musicais chineses e lusófonos cabo-verdianos”. De S. Vicente para o mundo Cabo Verde é uma terra de músicos que, aos poucos, foram conquistando o seu legado fora dos limites do arquipélago. Cesária Évora é um dos nomes que surge de imediato neste léxico musical cabo-verdiano, mas o de Tito Paris também. Nascido em 1963 no Mindelo, na ilha de São Vicente, Tito Paris já tocava guitarra aos sete anos de idade. Aos 12 anos criou o primeiro grupo, cantando em bares durante a adolescência. Foi aí que começou a dar nas vistas, colaborando mais tarde com músicos como Jack Monteiro, Luís Morais, Chico Serra e Valdemar Lopes Silva. Só com 19 anos partiria para a antiga metrópole, Portugal, mais concretamente Lisboa, já com planos de construir uma carreira musical, integrando o conjunto “Voz de Cabo Verde” influenciado por um outro cantor cabo-verdiano, Bana. Tito Paris ficou por Lisboa, deixou o grupo e decidiu apostar numa carreira a solo, tocando para Dany Silva, cantor que o fez agarrar-se à guitarra. O primeiro álbum em nome próprio surgiu em 1985, mas foi só com “Dança Mi Criola”, de 1994, que chegou ao estrelato, actuando em vários palcos internacionais.
FIMM | “Ryuichi Sakamoto: Coda” com sessão adicional no domingo Hoje Macau - 24 Out 2024 A organização do XXXVI Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) irá adicionar uma nova sessão do filme “Ryuichi Sakamoto: Coda”, sobre o compositor japonês, que pode ser vista na Cinemateca Paixão às 21h30. Os bilhetes já se encontram à venda na bilheteira da cinemateca e custam 60 patacas. Ryuichi Sakamoto teve uma carreira musical prolífica que se estendeu por mais de quatro décadas, passando de estrela de música electrónica na juventude a um dos mais conhecidos compositores de música clássica, tendo inclusivamente vencido um Óscar. O seu trabalho e percurso de vida ficaram ainda mais intimamente ligados após o desastre de Fukushima, quando se tornou uma figura icónica no movimento social japonês contra a energia nuclear. Na sequência de um diagnóstico oncológico, a sua assombrosa consciência ambiental levou a uma nova obra-prima. “Ryuichi Sakamoto: Coda”, realizado por Stephen Nomura Schible, cineasta que co-produziu “Lost in Translation” com Sofia Coppola, é um retrato íntimo do artista e do homem”. A sessão agendada para sábado já está esgotada. Hoje ainda pode ver, também na Cinemateca Paixão, o filme “À Volta da Meia-Noite”, também integrado no cartaz do FIMM e que tem banda sonora de Herbie Hancock, uma das estrelas do programa do FIMM deste ano e que actua em Macau no Centro Cultural de Macau no dia 3 de Novembro.
FRC | “Tarde Musical de Goa, Damão e Diu” hoje às 18h15 Hoje Macau - 24 Out 2024 A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, pelas 18h15, uma “Tarde Musical de Goa, Damão e Diu”, que traz ao palco da Galeria os artistas convidados Franz Schubert Cotta e Omar de Loiola Pereira, para um dueto de vozes, viola, violino e bandolim com os sons da Música Popular Goesa. O evento, com entrada gratuita, é co-organizado pelo Núcleo de Animação Cultural de Goa, Damão e Diu, que este ano tem sob destaque a promoção da sua cultura no Festival da Lusofonia em Macau, trazendo ao território demonstrações diversas das tradições e costumes desta Comunidade de Língua Portuguesa, como é o caso dos dois artistas de referência. Franz Schubert Agnelo de Miranda Cotta, multi-instrumentista e vocalista, nasceu numa família musical com ricas tradições culturais. Deixou uma carreira jurídica, de mais de 15 anos, para ingressar na Universidade de Goa, como professor auxiliar de Estudos Portugueses e Lusófonos. Omar de Loiola Pereira Octaviano iniciou o seu percurso musical na guitarra aos sete anos de idade. Aos 16 anos fundou e dirigiu um coro juvenil, o Juventus, e mais tarde os Ovation, um ensemble vocal mais pequeno com membros mais experientes. Desde 1991 foi também membro do grupo cultural goês Gavana.
Pyongyang | Irmã de líder acusa Ucrânia e Seul de serem “cães malcriados dos EUA” Hoje Macau - 24 Out 2024 Kim Yo Jong, a irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, acusou a Ucrânia e a Coreia do Sul de “provocarem” o país, qualificando-os de “cães malcriados dos Estados Unidos”. “Uma provocação militar contra um Estado com armas nucleares pode levar a uma situação horrível, inimaginável para os políticos e peritos militares de qualquer país grande ou pequeno do mundo”, afirmou Kim Yo Jong, segundo a agência noticiosa estatal KCNA. Acusando Kiev e Seul de fazerem “comentários imprudentes sobre Estados com armas nucleares”, a responsável argumentou que esta parece ser “uma característica comum dos cães malcriados dos Estados Unidos”. A irmã do líder informou ainda que os serviços secretos norte-coreanos investigam a utilização de ‘drones’ contra a Coreia do Norte e acusou Seul de medidas propagandísticas contra Pyongyang. “Ninguém sabe como a nossa retaliação e vingança serão concluídas”, afirmou. Denunciou ainda o lançamento de panfletos na Coreia do Norte através da fronteira, numa altura em que as tensões aumentam entre os dois países que estão tecnicamente em guerra desde 1950.
Seul diz que norte-coreanos enviaram mais 1.500 soldados para a Rússia Hoje Macau - 24 Out 2024 A Coreia do Sul avançou ontem que os norte-coreanos enviaram mais 1.500 soldados para a Rússia, acrescentando que um total de 10.000 militares devem ser mobilizados para território russo até Dezembro. “Estima-se que mais 1.500 soldados tenham sido enviados para a Rússia”, elevando o total para 3.000, disse o legislador Park Sun-won, membro da comissão parlamentar de informação sul-coreana, após uma reunião com o Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul (NIS, serviços secretos). Na sexta-feira, o NIS tinha afirmado que Pyongyang estava a enviar “um grande número de tropas” para apoiar a Rússia na sua ofensiva militar na Ucrânia. Na altura, os serviços secretos sul-coreanos indicaram que 1.500 soldados já tinham sido transferidos na semana anterior para instalações militares russas nas regiões de Primorye, Khabarovsk e Amur, no Extremo Oriente. As autoridades ucranianas informaram posteriormente que Moscovo planeava enviar cerca de 10.000 soldados norte-coreanos para a região fronteiriça de Kursk a partir de 01 de Novembro para conter os avanços do exército ucraniano. Convocatória alemã Entretanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão convocou ontem o encarregado de negócios da Coreia do Norte devido ao apoio que os norte-coreanos estão a fornecer a Moscovo na ofensiva militar no território ucraniano. “Se os relatos sobre os soldados norte-coreanos na Ucrânia forem verdadeiros e a Coreia do Norte apoiar a guerra de agressão da Rússia na Ucrânia com tropas, isso seria grave e uma violação do direito internacional”, referiu a diplomacia alemã na rede social X. O ministério alemão referiu que tal apoio “ameaça directamente a segurança da Alemanha e da paz europeia”. A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de Fevereiro de 2022. Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra sectores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
FMI reduz perspectivas de crescimento e alerta para crise do imobiliário Hoje Macau - 24 Out 2024 O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem para um possível agravamento da situação do mercado imobiliário na China, ao reduzir as expectativas de crescimento para a segunda maior economia do mundo. No relatório World Economic Outlook, o FMI reduziu a previsão de crescimento da China para este ano para 4,8 por cento, menos 0,2 por cento do que na projecção difundida em Julho. Em 2025, o crescimento deverá situar-se em 4,5 por cento, indicou a instituição, sublinhando também que a contracção do sector imobiliário chinês acima do esperado é um dos muitos riscos negativos para as perspectivas económicas globais. “As condições para o mercado imobiliário podem piorar, com novas correcções de preços no meio de uma contracção das vendas e do investimento”, lê-se no relatório. As crises imobiliárias históricas noutros países, como no Japão, nos anos de 1990, e os EUA, em 2008, mostraram que, a menos que a crise na China seja resolvida, os preços poderão sofrer novas correcções, referiu o FMI. A contracção no principal veículo de investimento das famílias chinesas pode baixar também a confiança dos consumidores e reduzir a procura interna, explicou o FMI, numa altura em que o país asiático enfrenta já riscos de deflação. Estímulos vários Nos últimos meses, a China anunciou a introdução de várias medidas destinadas a impulsionar o crescimento económico. Em Setembro, o Banco Popular da China anunciou uma série de medidas de estímulo, tais como a redução da quantidade de dinheiro que os bancos devem ter em caixa. As principais cidades, incluindo Cantão e Xangai, também anunciaram medidas destinadas a estimular o sector imobiliário. No início do mês, o ministro das Finanças da China sugeriu que o país tinha espaço para aumentar a dívida e o défice, indicando estarem a caminho mais estímulos. “O estímulo governamental para contrariar a fraqueza da procura interna colocaria mais pressão sobre as finanças públicas. Os subsídios em certos sectores, se forem orientados para o aumento das exportações, podem exacerbar as tensões comerciais com os parceiros comerciais da China”, afirmou o FMI. A economia da China cresceu 4,6 por cento, no terceiro trimestre de 2024, aquém da meta definida por Pequim para a totalidade do ano de “cerca de 5 por cento”.
MNE | Quadro da Volkswagen detido e deportado por consumo de cocaína Hoje Macau - 24 Out 2024 O Governo chinês afirmou ontem que um quadro do construtor automóvel alemão Volkswagen recentemente detido na China foi expulso do país após ter testado positivo para o consumo de cocaína. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que um executivo da empresa alemã passou dez dias detido na China antes de ser deportado por consumo de cocaína. Na segunda-feira, o jornal alemão Bild noticiou que o especialista em marketing e inventor do internacionalmente famoso ‘slogan’ “Das Auto” para os carros da Volkswagen, Jochen Sengpiehl, deu positivo num teste de deteção de drogas efectuado pela polícia chinesa após umas férias na Tailândia. De acordo com o jornal Bild, Sengpiehl, que esteve dois anos no país asiático, acusou positivo num teste de consumo de canábis. A publicação não referiu nenhum teste para o consumo de cocaína. As autoridades chinesas realizam por vezes aleatoriamente testes de consumo de drogas a passageiros na chegada à China. Mesmo que o consumo tenha sido realizado fora do país, um teste positivo é punível com detenção administrativa durante 15 dias e, se for estrangeiro, deportação. A China, o principal mercado da marca alemã, é considerada como tendo o sistema de controlo de drogas mais rigoroso do mundo e o maior número de substâncias proibidas.
Apple | Empresa vai reforçar investimentos em Pequim Hoje Macau - 24 Out 2024 O presidente executivo da Apple, Tim Cook, afirmou ontem que o grupo tecnológico norte-americano procura “aproveitar as oportunidades oferecidas pela abertura da China” e vai continuar a aumentar os investimentos no país asiático. As declarações do empresário norte-americano foram publicadas na conta oficial na rede social chinesa Weibo do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, após uma reunião entre Cook e Jin Zhuanglong, responsável pela pasta. A Weibo é o equivalente à rede social X, bloqueada na China. Durante o encontro, os dois avaliaram as operações da Apple no país e discutiram a gestão da segurança dos dados nas respectivas redes, bem como os serviços em nuvem que a empresa oferece na China. Jin referiu que Pequim continua a encorajar o investimento estrangeiro através da “abertura ordenada do seu sector de telecomunicações” e expressou a expectativa de que a Apple aumente a cooperação com empresas locais e reforce o investimento em inovação. Cook reiterou o compromisso da empresa com o mercado chinês, garantindo que vai continuar a investir nas instalações e operações para reforçar a participação. No âmbito da visita, Cook participou numa série de actividades em Pequim. Na segunda-feira, anunciou a chegada através de um vídeo na Weibo, no qual é visto a passear por um ‘hutong’, os tradicionais bairros de Pequim, com o fotógrafo Chen Man. No dia seguinte, encontrou-se com estudantes universitários chineses que estão a utilizar produtos Apple para promover práticas agrícolas sustentáveis. Mercado único Cook visitou a China pela última vez em Março passado, quando abriu uma nova loja da Apple na cidade oriental de Xangai e participou num fórum na capital chinesa, juntamente com outros executivos seniores. A Grande China é o terceiro maior mercado da Apple, atrás dos Estados Unidos e da Europa. A empresa tecnológica enfrenta pressões na segunda maior economia do mundo, onde, de acordo com dados da Counterpoint Research, foi apenas o sexto maior vendedor de telemóveis no segundo trimestre, em comparação com o terceiro, no mesmo período do ano passado. A Apple apresentou em Agosto um lucro líquido de 79 mil milhões de dólares, nos primeiros nove meses do exercício financeiro (e não do ano civil), um aumento de 7 por cento, em relação ao ano anterior. A China foi o único mercado que reduziu as vendas no trimestre, face aos aumentos registados no Japão e no resto da Ásia-Pacífico, indicou a Apple, em comunicado. Cook embarcou este ano numa campanha para inverter a situação, anunciando a criação de um novo laboratório de investigação e desenvolvimento na cidade de Shenzhen e a expansão do que a empresa já tem em Xangai.
Gripe | Casos com várias estirpes a descer Hoje Macau - 24 Out 2024 Os Serviços de Saúde (SS) registaram, em Setembro, uma descida no número de casos de diferentes estirpes de gripe em termos anuais. Assim, segundo uma nota oficial, foram registados 25 casos de infecção por norovírus, o que representa uma redução de cerca de 3,8 por cento e aumento de 2,1 vezes, respectivamente, em comparação com o mesmo mês do ano passado, com 26 casos, e o mês anterior, em que se registaram 8 casos. No caso das infecções por enterovírus, registaram-se em Setembro 98 casos, menos 66,1 por cento face a 2023 e menos 3,9 por cento em relação a Agosto, quando se registaram 102 casos. No que diz respeito à covid-19, registaram-se quatro casos de infecções respiratórias graves associadas a esta doença, uma redução anual de 83,3 por cento e de 77,8 por cento face a Agosto. Além disso, registaram-se ainda 145 casos de influenza, o que representa uma redução significativa em comparação com o mês homólogo do ano passado, quando se contabilizaram 4.965 casos e, uma redução de 68,7 por cento em relação ao mês anterior, com 463 casos. Estes dados dizem respeito às declarações obrigatórias de 417 situações de doença, sendo que actualmente existem 45 tipos de doenças abrangidas pela obrigatoriedade de declaração.
Turismo | Quase 26 milhões visitaram Macau até Setembro Hoje Macau - 24 Out 2024 Mais de 2,5 milhões de turistas visitaram Macau em Setembro, volume que representa um aumento anual de quase 10 por cento, mais de metade em excursões. Feitas as contas, nos primeiros nove meses do ano o número de visitantes chegou a quase 25 milhões, acima das expectativas do Governo Entre Janeiro e Setembro, entraram em Macau 25,9 milhões de turistas, volume que representou uma subida anual de 30,1 por cento e uma recuperação de 85,8 por cento do registo de 2019, antes da pandemia paralisar as passagens fronteiriças, revelou ontem a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Deste universo, mais de 13,8 milhões eram excursionistas, ou seja, 53,4 por cento de todos os visitantes. Os dados divulgados ontem pela DSEC mostram também que a recuperação do segmento das excursões teve um aumento anual mais acentuado (+ 42,8 por cento) do que o segmento de turistas (+ 18,1 por cento). O subdirector dos Serviços de Turismo (DST), Cheng Wai Tong, confessou ontem que o volume de turistas desde o início do ano ficou ligeiramente acima das estimativas do Governo. Em declarações no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Cheng Wai Tong indicou ainda que o turista típico que visita o território é mais jovem, com maior predominância feminina. Além disso, as razões para vir a Macau também se alteraram, com as tradicionais visitas a sítios mais turísticos a perderem terreno para propósitos mais virados para o relaxamento e a descoberta de iguarias gastronómicas. Se tivermos em conta apenas o mês de Setembro, entraram em Macau cerca de 2,53 milhões de visitantes, mais 9,9 por cento em relação ao mesmo mês de 2023, volume que se traduz numa recuperação de 91,4 por cento relação ao registo de Setembro de 2019, indicou a DSEC. Apesar da aposta do Executivo em explorar mercados turísticos externos, em Setembro os visitantes internacionais constituíram uma pequena fatia da totalidade dos turistas, 6,8 por cento, com 173.614 entradas. Ainda assim, o registo do mês passado foi 37,6 por cento superior a Setembro de 2023 e atingiu 92,7 por cento dos níveis pré-pandémicos. À conquista do mundo O subdirector da DST reiterou a aposta na promoção do destino Macau, lembrando que o Governo completou este ano seis campanhas de marketing no estrangeiro. No mundo virtual, as autoridades lançaram campanhas de promoção de Macau em 28 plataformas online do Interior da China e em vários mercados externos. Porém, como é natural, o volume de turistas oriundos do Interior da China, com particular incidência para a Grande Baía, e Hong Kong continua a constituir a maior fatia demográfica dos turistas que visitam o território. Nos primeiros nove meses de 2024, os visitantes vindos do Interior da China superaram a fasquia dos 18,2 milhões, mais de metade com visto individual, traduzindo-se numa subida de 36,3 por cento. Os turistas vindos de Hong Kong foram mais de 5,4 milhões. Somados os dois mercados emissores, Interior da China e Hong Kong totalizaram mais de 91 cento das entradas em Macau entre Janeiro e Setembro.
Taipa | Lançado concurso da ligação ao Túnel da Colina Hoje Macau - 24 Out 2024 A Direcção de Serviços de Obras Públicas (DSOP) lançou ontem o concurso público para a construção da fase norte do Túnel da Colina da Taipa Grande. Esta fase das obras consiste na construção de um viaduto que vai ligar a Ponte Macau com a entrada norte do túnel. A ligação vai ter um comprimento de 890 metros, estando projectada a construção de quatro vias de trânsito em dois sentidos. “O viaduto terá de atravessar várias artérias viárias do Pac On e de passar por cima do Metro Ligeiro, sendo a distância entre o ponto mais alto e o pavimento de cerca de 23 metros”, foi explicado pela DSOP. O prazo máximo global de concepção e construção é de 600 dias e pede-se uma caução provisória de 11,3 milhões de patacas aos participantes. Em termos dos critérios na avaliação das propostas, o preço da obra tem um peso de 50 por cento, o prazo de concepção e execução 20 por cento, a experiência e qualidade em obras 20 por cento, e o projecto de execução 10 por cento.
DICJ | Alves Rodrigues é novo chefe de operações Hoje Macau - 24 Out 2024 Tomou ontem posse como chefe da Divisão de Operações da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos Alexandre Alves Rodrigues. Na cerimónia de tomada de posse, o director da DICJ, Adriano Marques Ho, destacou que o funcionário “possui uma vasta experiência e capacidade profissional, esperando-se que o novo chefe de divisão continue a desempenhar cabalmente as suas funções no novo cargo, contribuindo para o bom desempenho dos diversos trabalhos dos serviços, elevando a eficiência e a capacidade operacional”. Alves Rodrigues é licenciado em Gestão pela Universidade de Tecnologia do Sul da China, tendo ingressado no cargo de inspector da então DICJ de Junho de 1997. Estava como chefe da Divisão de Operações desde Outubro do ano passado, em regime de substituição.
Emprego | Feiras com 153 vagas na próxima semana Hoje Macau - 24 Out 2024 A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) irá organizar três sessões de feiras de emprego, disponibilizando um total de 153 vagas, nos dias 30 e 31 de Outubro, para os sectores do retalho em supermercados, lojas de vestuário e farmácias. Segundo um comunicado divulgado ontem pela DSAL, as inscrições para as três sessões abrem hoje e os interessados podem inscrever-se no website da DSAL até ao meio-dia de 29 de Outubro. A primeira sessão está marcada para a tarde da próxima quarta-feira (30 de Outubro), com a oferta de 115 vagas para trabalhar em supermercados nos cargos de empregado de loja, operador de caixa, operador de mercadoria, processador de carnes, empacotador de fruta e legumes, cortador de carnes e operador de caixa. No dia seguinte, de manhã, serão disponibilizadas 25 vagas para os cargos de empregado de loja e vendedor para o comércio de vestuário. Na parte da tarde será a vez do sector farmacêutico com a oferta de 13 postos de vendedor de produtos farmacêuticos. As três sessões vão decorrer no Edifício da FAOM, na Rua da Ribeira do Patane nº 2-6.
EPM | Direcção culpa Ministério por falta de licenças especiais João Santos Filipe - 24 Out 2024 Acácio de Brito terá explicado numa reunião com a Associação de Pais e Encarregados de Educação que há pelo menos quatro docentes à espera da aprovação do Ministério da Educação de Portugal para começarem a leccionar Face à falta de professores na Escola Portuguesa de Macau, a direcção da escola afirmou, numa reunião com a Associação de Pais e Encarregados de Educação (APEP), que pelo menos em quatro casos, a falta de licenças especiais se deve ao Ministério da Educação de Portugal. A informação foi divulgada pelo Canal Macau, que teve acesso a um documento da APEP sobre o conteúdo de uma reunião da semana passada. No documento, a APEP cita as declarações do director da EPM, Acácio e Brito, que terá explicado que o Ministério de Educação ainda não autorizou as licenças especiais de quatro professores. Estes docentes vêm para a EPM leccionar físico-química, francês, matemática e tecnologias de informação. A mesma fonte, indica que os docentes tinham autorização das instituições a que pertencem para serem dispensados, mas que ainda precisam de obter as licenças especiais do ministério. De acordo com o Canal Macau, enquanto se aguardam por soluções permanentes, a antiga docente Zélia Mieiro tem estado a dar aulas de francês na instituição. Contudo, esta opção deixa de estar disponível no final do mês. Além disso, a EPM terá conseguido contratar uma professora de matemática, e efectuado uma outra contratação local para leccionar matemática e físico-química. No entanto, face à falta de aulas, e tendo em conta que alguns alunos têm exames nacionais no final do ano lectivo, prevê-se que tenham de ser leccionadas aulas de recuperação. Falta de espaço Outro dos problemas enfrentado pela instituição, é a falta de espaço, o que poderá levar a que algumas aulas práticas de educação física sejam trocadas por aulas teóricas. Em 2019, quando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou Macau, anunciou que o Governo da RAEM iria conceder um espaço à EPM na Zona A dos Novos Aterros. Mais de cinco anos passaram, e o espaço do pólo escolas na Zona A foi distribuído entre oito instituições de ensino locais, sem que fosse reservado qualquer local para o novo pólo da EPM. Face a este problema, a direcção terá garantido à APEP que no próximo ano não vai haver aumento do número de alunos. Além disso, está prevista a realização de obras na fachada, nas salas de aula e nas casas-de-banho. Segundo o documento citado pelo Canal Macau, a APEP apresentou ainda uma proposta para que haja uma devolução, ou seja feito um desconto, das propinas cobradas aos alunos que estão sem professores. Em relação ao futuro, os pais pediram à direcção que garanta “a continuidade dos professores” e que comece “a preparar antecipadamente o próximo ano lectivo”, para que não se repitam “os mesmos erros”.
China emite títulos de dívida no valor de 5 mil milhões de yuan Hoje Macau - 24 Out 2024 O Governo da China anunciou ontem a emissão em Macau de títulos de dívida no valor de cinco mil milhões de yuan, para apoiar o desenvolvimento do sector financeiro da região. Num comunicado conjunto, o Ministério das Finanças chinês e o Executivo de Macau referiram que será realizada em 30 de outubro esta emissão de dívida, a quarta feita pelas autoridades centrais desde 2021. A central de depósito de valores mobiliários do território, detida pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), foi inaugurada em dezembro de 2021. O comunicado defendeu que a decisão reflete o apoio de Pequim aos esforços de “diversificação adequada” da economia de Macau, muito dependente do turismo e dos casinos. A emissão “permite a otimização contínua das infraestruturas” do mercado de títulos de Macau e a expansão dos investidores, bem como a promoção da ligação do mercado local ao mercado obrigacionista internacional, lê-se na nota. Em 16 de setembro, o regulador financeiro de Macau disse que uma nova ligação ao mercado de títulos de dívida de Hong Kong pode ajudar a região a disponibilizar serviços financeiros entre a China e os países lusófonos. A AMCM e a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA, na sigla em inglês) anunciaram o estabelecimento de uma ligação direta entre os mercados de títulos de dívida das duas regiões. De acordo com um comunicado conjunto, os investidores de Hong Kong poderão proceder à entrega e à liquidação, bem como deter obrigações na central de depósito de valores mobiliários de Macau. Ao abrigo deste esquema, os investidores de Macau poderão, de igual modo, proceder à entrega e à liquidação, bem como deter obrigações na central de depósito de valores mobiliários de Hong Kong, a Central Moneymarkets Unit. No comunicado, o presidente da AMCM, Benjamin Chan Sau San, disse que a ligação irá permitir “consolidar a função de Macau enquanto plataforma de serviços financeiros entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Benjamin Chan sublinhou “as relações históricas” estabelecidas entre Macau e os estados lusófonos e a meta que Pequim estabeleceu para a região: ser uma “ponte de ligação entre a China” os mercados de língua portuguesa. Em Janeiro, Chan disse que títulos de dívida no valor de quase 95 mil milhões de patacas tinham sido emitidos em Macau, incluindo três emissões por parte das autoridades da vizinha província de Guangdong. O Governo de Macau tem mencionado a possível criação de uma bolsa de valores ‘offshore’, denominada em renmimbi, ligada ao papel que a região tem assumido enquanto plataforma de serviços comerciais e financeiros entre a China e os países de língua portuguesa. Em Maio de 2019, Portugal tornou-se o primeiro país da zona euro a emitir dívida na moeda chinesa, no valor de dois milhões de renminbi.
Reserva Financeira gera ganhos de 30,2 mil milhões de patacas Hoje Macau - 24 Out 2024 A reserva financeira de Macau atingiu em Agosto o valor mais elevado dos últimos dois anos, tendo aumentado 30,2 mil milhões de patacas este ano, foi ontem anunciado. A reserva cifrou-se em 610,7 mil milhões de patacas no final de Agosto, o valor mais alto desde Abril de 2022, indicam dados publicados no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Ainda assim, o valor permanece longe do recorde de 663,7 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia da covid-19. Durante a pandemia, devido ao orçamento deficitário, o Governo necessitou de recorrer a parte do dinheiro da reserva para fazer face a despesas ordinárias. O valor da reserva extraordinária no final de Agosto era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas. A Assembleia Legislativa aprovou, em 07 de Novembro do ano passado, o orçamento do corrente ano, que prevê uma subida de 1,4 por cento nas despesas totais, para 105,9 mil milhões de patacas. A reserva financeira é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 242,5 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 137,7 mil milhões de patacas e até 229 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. Ganhos repetidos Já no ano passado, a reserva financeira de Macau tinha ganho 22,2 mil milhões de patacas, depois de ter perdido quase quatro vezes mais no ano anterior. Isto apesar de, em 2023, as autoridades da região terem voltado a transferir quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público. No final de Janeiro, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento. O orçamento de Macau para 2024 prevê o regresso dos excedentes nas contas públicas, antecipando um saldo positivo de 1,17 mil milhões de patacas, no final do ano, sem “necessidade de recorrer à reserva financeira”.
FMI | Crescimento de Macau revisto em baixa Hoje Macau - 24 Out 2024 O Fundo Monetário Internacional reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia de Macau este ano e no próximo, num relatório em que alertou para uma crise mais prolongada no imobiliário chinês O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o produto interno bruto (PIB) de Macau cresça 10,6 por cento em 2024, abaixo da previsão de 13,9 por cento feita em Maio, de acordo com o relatório World Economic Outlook. A instituição reviu também em baixa, de 9,6 para 7,3 por cento, a previsão para o crescimento da economia de Macau em 2025. A inflação deverá permanecer baixa, com o índice de preços no consumidor a subir 1,1 por cento este ano, e a taxa de desemprego no final do ano a rondar 1,8 por cento, previu a instituição. Macau registou uma inflação de 0,82 por cento em Julho, em termos anuais, enquanto o desemprego está há três meses consecutivos em 1,7 por cento, igualando o mínimo histórico atingido antes do início da pandemia da covid-19. A economia da região cresceu 15,7 por cento na primeira metade de 2024, em comparação com igual período do ano passado, graças à recuperação do sector do jogo. Em Maio, o FMI tinha alertado que o PIB de Macau podia ser afectado, a curto prazo, por “uma contracção mais forte no sector imobiliário da China continental”, de onde é oriunda a maioria dos turistas que visitam o território. Efeito dominó No World Economic Outlook, divulgado na terça-feira à noite, a instituição apontou “um abrandamento mais profundo do crescimento na China” como um dos maiores riscos para a economia mundial. O FMI destacou a possibilidade de a China experimentar uma “contracção mais profunda ou mais longa do que o esperado” no sector imobiliário, o que “poderia enfraquecer o sentimento do consumidor e gerar repercussões globais negativas, dada a grande presença da China no comércio global”. A instituição reviu em baixa a previsão do crescimento da economia chinesa este ano, de 5 para 4,8 por cento. O Governo da China fixou a meta de crescimento económico para este ano em “cerca de 5 por cento”. As autoridades chinesas mostraram-se confiantes, na sexta-feira, de que o país vai “continuar numa tendência de estabilização e recuperação”, depois de terem anunciado um pacote de estímulos com medidas de apoio aos sectores financeiro e imobiliário e ao mercado bolsista, a fim de relançar a recuperação da segunda maior economia do mundo. Os analistas afirmaram que o pacote de medidas é “um passo na direcção certa”, mas insuficiente para relançar a recuperação económica da China, a menos que seja acompanhado de um aumento das despesas públicas, uma questão que poderá colidir com as preocupações sobre a sustentabilidade da dívida.
PJ | Subdirector com comissão de serviço renovada Hoje Macau - 24 Out 2024 A comissão de serviço de Lai Man Vai enquanto subdirector da Polícia Judiciária (PJ) foi renovada por um período de um ano, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial. O despacho foi assinado por Cheong Ioc Ieng, chefe do Gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. Lai Man Vai tem licenciatura e mestrado em Direito, e entrou para a PJ em Dezembro de 2003, depois de frequentar um curso de formação para investigador estagiário. Ao longo dos anos foi subindo internamente, passando por cargos como investigador, chefia funcional da Divisão de Investigação Especial do Departamento de Informações ou chefe da Divisão de Investigação Especial do Departamento de Informações e Apoio da Polícia Judiciária. Lai Man Vai ocupa o cargo de subdirector desde finais de 2022.