Existe necessidade urgente de repensar a questão da identidade, diz Amin Maalouf

[dropcap]O[/dropcap] escritor e ensaísta Amin Maalouf, vencedor do Prémio Gulbenkian 2019 manifestou em entrevista à Lusa profunda “inquietação” pela actual situação mundial, onde deixou de existir “credibilidade moral”, e assinalou a urgente necessidade de “repensar” a questão da identidade.

“Não é uma questão simples. Não há uma solução milagrosa, estamos num mundo que atravessa um momento extremamente delicado, na minha perspectiva uma das coisas essenciais reside na necessidade de repensar a questão da identidade”, assinalou na sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, onde na sexta-feira recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian 2019 por um júri presidido por Jorge Sampaio e também justificado pela sua “promoção activa da fluidez cultural”.

Filho de pais libaneses – mãe nasceu no Egipto – Amin Maalouf, natural de Beirute, 70 anos, tem dupla nacionalidade libanesa e francesa e é apontado como um dos mais empenhados intelectuais na busca de um novo caminho de convivência multiétnica, multirreligiosa, multicultural.

No seu recente ensaio “O Naufrágio das Civilizações” (2019), vários anos após “As Identidades Assassinas” (1998), retoma a abordagem das diversas derivas e feridas do mundo presente. E no qual detecta uma relação de “causa-efeito” entre o naufrágio do Levante, a região do Mediterrâneo Oriental, do Médio Oriente, e o naufrágio de outras civilizações.

“Temos necessidade de mudar a atitude que consiste em resumir a identidade de uma pessoa a um aspecto, seja religioso, nacional ou outro, e é necessário ajudar as pessoas a assumir o conjunto da sua identidade, o conjunto da sua pertença. Quando algumas pessoas têm uma pátria de origem e uma pátria de acolhimento, é necessário que possam assumir plenamente a sua pertença às duas”, assinala o autor de “As Cruzadas Vistas pelos Árabes” (1983) e “Leão, o Africano” (1986).

O escritor, vencedor do Prémio Gouncourt em 1993 pelo seu livro “O Rochedo de Tanios” e que foi eleito para a Academia Francesa em 2011, sublinha o “importante trabalho a fazer para garantir uma coexistência harmoniosa”, que considera “o grande projecto” da época actual. “Mas tenho a impressão que não fizemos o suficiente por isso”, ressalvou.

A “má gestão” das questões em torno das identidades, em particular na região do Mediterrâneo Oriental, continua a manifestar-se, apesar de recordar que o século XX foi “desastroso” desse ponto de vista.

“Houve evidentemente a tragédia arménia, todas as tragédias que se sucederam, nem as contamos, toda essa região que era uma região de reencontro, de Sarajevo a Alexandria, de Bagdad a Constantinopla, toda essa região que tinha potencialidades gigantescas, que poderia ter sido um pólo de progresso para todo o mundo. Foi uma verdadeira tragédia o que aconteceu”, lamentou.

Na sua inquietação, Maalouf depara-se hoje com uma época de imensos sucessos, mas também de profundos fracassos, de uma ordem internacional em colapso, de um mundo árabe, “do meu Levante” como refere, que atravessa um dos momentos mais negros da sua história, da grande potência ocidental que perdeu a autoridade moral.

“Existem relações muito pouco saudáveis entre diversas partes do mundo, estamos num mundo que precisa de coexistência, de uma gestão serena das identidades, e não caminhamos nessa direcção”, sublinhou.

Lucidez é uma palavra muito presente no seu amplo vocabulário. “Temos necessidade de lucidez, frequentemente somos regidos seja por preconceitos seja por bons sentimentos… Penso ser necessário ver o mundo tal qual ele é, tentar compreender os mecanismos do problema, e tentar verdadeiramente resolvê-los”, sugeriu.

“O que me perturba sempre, e trata-se de uma característica da nossa época, é que falamos muito dos grandes problemas e temos a impressão de resolvê-los porque falámos deles. É verdade para o clima, é verdade para outras situações, falamos, os problemas estão presentes, agravam-se de uma década para a seguinte e não fazemos nada de decisivo para terminar com essa deriva”, acentuou.

O ensaísta, que viveu a sua infância no Líbano – “havia qualquer coisa no Líbano que era promissora, infelizmente a experiência não conseguiu manter essa promessa”, disse – depara-se com novos fenómenos que acentuam a inquietação que percorre a sua obra.

“Já ninguém possui uma verdadeira credibilidade moral. Nem pessoas, nem instituições, nem referências morais, estamos numa época em que tudo é posto em causa, tudo parece em vias de perder a sua capacidade de exercer uma autoridade moral. Vai da Casa Branca ao Vaticano, por todo o lado as instituições estão em profunda crise e cuja credibilidade foi abalada”, concluiu.

Coreia do Sul | Um recorde mundial e o fim de um reinado no primeiro dia dos Mundiais de natação

[dropcap]U[/dropcap]m recorde do mundo nos 100 metros bruços masculinos, conseguido por Adam Peaty, e o fim do reinado de Katie Ledecky nos 400 metros livres, ditado por Ariarne Titmus, marcaram ontem a primeira jornada dos Mundiais de natação.

Em Gwangju, na Coreia do Sul, as primeiras portuguesas a entrar em competição foram Victoria Kaminskaya, Diana Durães e Ana Catarina Monteiro, que ficaram pelas eliminatórias.

Kaminskaya terminou as eliminatórias dos 200 metros estilos, com o 19.º tempo entre as 36 inscritas, Diana Durães concluiu os 400 metros livres no 27.º lugar, e Ana Catarina Monteiro foi a 29.ª entre as 52 presentes nos 100 metros mariposa.

O britânico Adam Peaty nadou a eliminatória dos 100 metros bruços em 56,88 segundos, tornando-se no primeiro a percorrer a distância abaixo dos 57 segundos. Peaty, o campeão olímpico da distância, que procura o terceiro título mundial consecutivo, melhorou o seu próprio recorde mundial, fixado em 57,10, estabelecido em Glasgow em Agosto do ano passado.

O chinês Yan Zibei conseguiu o segundo melhor tempo das eliminatórias, 58,67, a 1,79 segundos de Peaty, marca que lhe valeu o recorde asiático. Antes de Peaty, a estrela do dia foi a australiana Ariarne Titmus, que colocou fim ao reinado da norte-americana Katie Ledecky, tricampeã mundial e campeã olímpica nos Jogos Rio2016, nos 400 metros livres.

Depois de ter entrado nos últimos 50 metros em desvantagem, Titmus, recordista da distância em piscina curta, nadou a última piscina em 29,51 segundos, contra os 31,34 da norte-americana.

A marca de 3.58,76 minutos valeu a Ariarne Titmus a medalha de ouro, deixando Ledecky com a prata, com a marca de 3.59,97, e a também norte-americana Leah Smith (4.01,29) com o bronze.

Nos 400 metros livres masculinos, repetiu-se o pódio dos mundiais Budapeste2017, com o chinês Sun Yang, envolvido em suspeitas de doping, a conquistar o ouro (3.42,44 minutos), o australiano Mack Horton (3.43,17) a prata e o italiano Gabrielle Detti (3.43,23) o bronze.

Na estafeta de 4×100 metros livres masculinos, os Estados Unidos conquistaram o ouro em masculinos, seguidos da Rússia e da Austrália, que ficaram com a prata e com o bronze, respectivamente. Em femininos, as australianas dominaram, deixando a prata para as norte-americanas e o bronze para as canadianas.

Hoje entram em prova mais quatro dos 10 representantes lusos nos Mundiais: Gabriel José Lopes (ALN-Louzan), nos 100 metros costas, Miguel Duarte Nascimento (Benfica), nos 200 livres, Tamila Holub (Sporting de Braga) e Diana Durães, nos 1.500 livres.

Projecções à boca das urnas no Japão dão vitória à coligação do primeiro-ministro Shinzo Abe

[dropcap]A[/dropcap]s primeiras projecções à boca das urnas apontam que a coligação política do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, terá assegurado a maioria dos assentos parlamentares que estavam em jogo nas eleições legislativas parciais realizadas ontem no país.
Shinzo Abe já reagiu às projecções, afirmando que os dados reflectem um mandato público para as políticas do seu Governo.

“Acredito que o povo escolheu a estabilidade política, exortando-nos a seguir as nossas políticas e a realizar a diplomacia para proteger os interesses nacionais do Japão”, afirmou o político.

As eleições foram convocadas para eleger metade dos parlamentares que compõem o Senado, a câmara alta do Parlamento (Dieta) nipónico. A restante composição será eleita num escrutínio agendado para 2022.

Dos 124 lugares que foram ontem a votos, 63 terão sido conquistados pelo conservador Partido Liberal Democrático, de Shinzo Abe, e pelo seu aliado político, Komeito, segundo as primeiras projecções divulgadas pela agência noticiosa Kyodo e pelo diário Asahi.

Tal resultado irá permitir à coligação governamental ocupar 130 dos 245 lugares que compõem o Senado nipónico e assim revalidar a sua ampla maioria neste órgão legislativo, segundo outra projecção avançada pela estação estatal japonesa NHK.

Os resultados oficiais finais serão anunciados hoje, segundo as agências internacionais. As eleições estavam a ser encaradas como um barómetro do apoio público ao Governo de Shinzo Abe, que está no poder há seis anos e meio e está prestes a tornar-se num dos líderes políticos japoneses há mais tempo no executivo.

Um novo aumento do imposto sobre o consumo, previsto para Outubro próximo, a reforma do artigo pacifista da Constituição japonesa, com o intuito de dar mais poderes ao exército nipónico, e a sustentabilidade do sistema nacional de pensões, foram alguns dos assuntos que dominaram a campanha eleitoral.

Choi Hin Man, empresário e parceiro de negócios de Stanley Ho: “Centro POAO foi amplamente divulgado”

Radicado em Portugal há cerca de 30 anos, Choi Hin Man trabalha ao lado de Stanley Ho no Grupo Estoril-Sol, mas é na qualidade de sócio da POAO II – Investimentos Imobiliários que está a ser investigado pela justiça portuguesa. O empresário explica os bastidores de um negócio de venda de armazéns em Portugal a investidores chineses que o acusam de burla, frisando que foram feitas visitas ao local antes do negócio ser concretizado. Numa entrevista concedida por email, Choi Hin Man afasta o envolvimento do advogado Rui Cunha neste processo, apesar deste ser sócio da sociedade de advogados em Lisboa, também alvo de investigação

 

 

Quais as principais razoes para o investimento, por parte da POAO II, num novo complexo comercial na zona do Porto Alto?

[dropcap]O[/dropcap]s comerciantes chineses radicados na região de Lisboa têm vindo, nas últimas décadas, a estabelecer os seus negócios na zona do Martim Moniz. Ora, encontrando-se o Martim Moniz no centro histórico da cidade de Lisboa, as possibilidades de expansão comercial revelam-se escassas e tem vindo a ser um dos principais problemas que ocupa a comunidade. A acrescer à falta de condições logísticas para o comércio por grosso, há a necessidade de espaço, nomeadamente parques de estacionamento e locais de cargas e descargas, o que não se verifica no cento da cidade. Por isso, o projecto inerente ao desenvolvimento do complexo comercial na zona do Porto Alto visa, sobretudo, constituir uma alternativa à sobrecarga que se constata nas lojas situadas no Martim Moniz, que já não oferece condições condignas às ambições e expansão desejada pela nova geração de chineses radicados em Lisboa. A construção do Centro POAO assenta na intenção clara de dinamizar e dar um novo rosto aos negócios levados a cabo por esta comunidade.

Como foram feitos os primeiros contactos com os investidores chineses?

Através da intervenção de alguns dos sócios da POAO que possuem interesses e relações comerciais na China.

Até que ponto o escritório de advogados que o representa, Rui Cunha, Glória Ribeiro e Associados, esteve envolvido neste processo? Apenas mediou os contratos de compra e venda ou também ajudou a angariar esses potenciais clientes?

Face às imputações que erradamente lhe têm sido dirigidas, é importante esclarecer o papel da sociedade de advogados neste projecto. Desde o início que essa sociedade tem vindo a patrocinar a POAO II em questões de carácter societário, na elaboração de contratos, pareceres jurídicos e demais questões de assessoria jurídica. Contudo, a actuação da sociedade de advogados começa e termina no âmbito jurídico, não tendo qualquer intervenção na mediação de contratos de compra e venda nem na angariação de clientela, resumindo-se a sua actividade à apreciação e avaliação jurídica das questões que lhe são apresentadas.

Os investidores alegam que nos contratos há discrepâncias nas versões em português e chinês, nomeadamente em relação ao termo “loja” e “armazém”. Nega que haja essas diferenças?

A larga maioria dos investidores que assinaram contratos promessa de compra e venda deslocaram-se previamente ao Centro POAO e puderem constatar as características e localização das fracções a adquirir. Tendo os compradores conhecimento directo daquilo que adquiriam, a divergência linguística, a existir, não tem qualquer relevância. Além disso, importa esclarecer que o projecto “Centro POAO” foi amplamente divulgado e explicado a todos os potenciais compradores, que não poderiam desconhecer aquilo que efectivamente estavam a adquirir. Não me parece existir fundamento para este argumento linguístico, quando da parte da POAO II sempre foram promovidas as condições especificas do projecto por si desenvolvido, que são de conhecimento público e foram amplamente divulgados quer em Portugal quer na China.

Ficou prometido nos contratos a compra, por parte da POAO II, dos espaços comerciais aos investidores chineses ao fim de um período de cinco anos. Os investidores temem que não haja essa compra, uma vez que afirmam que a POAO II está em processo de insolvência. O senhor Choi Man Hin nega. Como explica então estes receios por parte dos investidores?

Presumo que a sua questão decorre do artigo publicado no jornal Público, que urge esclarecer. A POAO II não está nem nunca esteve insolvente. Em 2017, como forma de pressão, um fornecedor requereu a insolvência da POAO II como forma de obter o pagamento uma dívida. O referido processo foi extinto logo após a contestação da POAO II por não se verificarem os pressupostos da insolvência, como se pode constatar no processo judicial em causa, que pode ser consultado. Parece-me pois que os receios dos investidores são infundados.

Como explica que haja ainda investidores que não obtiveram o seu visto Gold?

Não sou a pessoa mais apta para lhe dar resposta a esta questão, pois não acompanhei nem conheço directamente a tramitação de todos os processos de “vistos Gold” dos investidores que adquiriram ou prometeram-adquirir fracções do “Centro POAO”. De todo o modo, a informação que sempre me foi transmitida foi a de que os atrasos e os escassos indeferimentos se deveram a questões meramente procedimentais, não estando relacionados com o investimento em si. Como foi referido na resposta ao jornal Público, os atrasos nos processos aí enunciados resultaram da falta de verificação dos pressupostos, por parte dos investidores. Nunca foi suscitada qualquer dúvida pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras quanto ao investimento feito no Centro POAO, sendo inquestionável que o mesmo é apto para a obtenção de “Visto Gold”.

O escritório de advogados que o representa assume ter ligações a Macau, sobretudo ao nível da mediação de negócios. Até que ponto Macau tem ligações a este negócio? Foram feitos contactos no território para a angariação de potenciais investidores? Houve mais empresas de Macau, até ao nível da tradução, envolvidas neste processo?

Do conhecimento directo que tenho, a sociedade de advogados mantém uma ligação com Macau devido ao facto do um dos seus sócios ser também advogado em Macau onde detém um escritório de advogados, designadamente, a “C&C Advogados”. Contudo, pese embora a ligação existente com a sociedade de advogados portuguesa, nunca a “C&C Advogados” teve qualquer ligação com os investimentos realizados no Centro POAO, não servindo, como se sugere, de ponte de conexão entre os investidores chineses e a POAO II. Aliás, o investimento no “Centro POAO” em nada se relaciona com a RAEM. Que eu tenha conhecimento, nenhum investidor da POAO II é de Macau.

Apesar deste negócio estar a ser investigado pelo Ministério Público, continua optimista face ao sucesso do novo complexo comercial?

Considero que não subsistem razões que impeçam o desenvolvimento do “Centro POAO” e continuo a acreditar que a finalidade inerente ao projecto desenvolvido prevalecerá sobre quaisquer rumores, não ficando prejudicado por qualquer investigação do Ministério Público, que acredito, contribuirá para o total esclarecimento do assunto.

Está disposto a colaborar com as autoridades portuguesas em tudo o que lhe seja pedido no âmbito deste caso?

A minha conduta moral desde a chegada a Portugal nos anos 80 tem sido sempre pautada pelo estrito cumprimento da lei e por uma forte relação de cooperação com as autoridades. Por isso, as últimas notícias não me conduzem, de modo algum, a adoptar outra posição.

É parceiro de negócios de Stanley Ho há vários anos. Não teme que este caso possa ter repercussão na vossa parceria empresarial ou até na imagem do próprio Stanley Ho?

O investimento na sociedade POAO II é um investimento pessoal, a titulo particular, que nada tem a ver com os cargos que exerço no grupo Estoril Sol ou outros. Considero aliás absolutamente lamentável que façam esta relação com o Sr. Stanley Ho, com quem trabalho desde os anos 70, e acredito que esta relação consolidada não será sequer beliscada nem a imagem do Sr. Stanley Ho.

Afirmou, no seu direito de resposta, que o empresário e os seus sócios estão a trabalhar no sentido de “ultrapassar os resultados menos positivos” da POAO II. Concretamente, o que tem sido feito?

Como em qualquer sociedade, em que existem ciclos de maior ou menor produtividade, os sócios estão a implementar todas as medidas que julgam necessárias e convenientes ao prosseguimento da actividade da sociedade, cujas estratégias, como compreenderá, não podem ser divulgadas publicamente.

Disse que a empresa é detentora de um património de valor elevado. Pode apresentar valores e falar mais sobre o seu desempenho financeiro nos últimos anos?

A POAO II é detentora de um património imobiliário de valor bastante elevado, sendo que, apesar de ter recorrido à banca para financiamento do projecto, como é normal em qualquer sector de actividade económica, sempre deteve um activo muitíssimo superior ao passivo, como ainda se verifica à data. O seu principal património é constituído pelo Centro POAO, o qual foi há poucos meses avaliado por uma entidade independente por valores próximos de 40 milhões de euros. Em termos de desempenho do projecto e relativamente ao seu volume de vendas imobiliárias foram já realizadas dezenas de escrituras, o que equivale a um volume de vendas bastante elevado.

Além do projecto comercial na zona do Porto Alto e da aposta na Herdade do Pinheiro, que outros investimentos pretende a POAO II realizar nos próximos anos?

Nos próximos anos a POAO está centrada no desenvolvimento do Centro POAO, dar uma nova dinâmica comercial a nível internacional e consolidar o seu objectivo de desenvolver um centro global/plataforma de negócios nacional e internacional.

Que comentário faz à política de atribuição dos vistos Gold nos últimos anos? Tem, de facto, contribuído para uma devida diversificação do investimento em Portugal, nomeadamente no que diz aos investidores chineses? Ou é necessário fazer mais neste âmbito?

É inegável que o programa de “vistos Gold” contribuiu para o desenvolvimento da economia portuguesa, tendo sido uma medida importante para ultrapassar a grave crise económica pela qual Portugal atravessou. Apesar da maioria do investimento se focar na aquisição de imobiliário, o programa de “vistos Gold” prevê formas diversificadas de investimentos, desde investimento em instrumentos financeiros ao desenvolvimento de actividades culturais e cientificas. Dando o programa de “vistos Gold” todas estas possibilidades, a diversificação do investimento depende sobretudo da iniciativa particular. Face à nova conjectura, pode-se observar a necessidade de adaptar o programa à experiência adquirida nos últimos anos, mas esta é sobretudo uma questão política, que não me cabe a mim equacionar nem tenho dados suficientes para o fazer.

No que diz respeito aos vistos Gold e captação de investimento, Macau e Hong Kong são portas importantes na ligação à China?

Macau e Hong Kong foram, e continuam a ser, portas importantes na ligação entre o Oriente e o Ocidente. Parece-me que este papel seguramente se manterá, e estou convicto que se irá intensificar nos próximos anos.

A União Europeia publicou um relatório recente em que afirma que a política dos vistos Gold potencia casos de corrupção e que deveria ser suspensa pelas autoridades portuguesas. Qual o seu comentário sobre esta matéria?

Não me cabe a mim responder sobre isso. Cada caso é um caso e não tenho competência nem conhecimento para falar de corrupção na política dos vistos Gold.

Quais as principais mudanças que pode apontar quanto à evolução da comunidade chinesa nos últimos tempos?

Na maioria dos casos o comércio e a restauração foram as actividades que os imigrantes abraçaram em solo europeu. Foi assim na primeira vaga de chineses, em meados do século XX. Hoje já não é assim. Com uma educação ocidentalizada e uma vivência social diferente da percorrida pelos pais os jovens são mais qualificados. A educação dos filhos é a prioridade das famílias chinesas e há muitos licenciados nos descendentes dos imigrantes que abriram lojas e restaurantes. A ideia de comunidade fechada, muitas vezes associada aos chineses, já não faz sentido. Hoje há muitos casamentos entre chineses e portugueses e estão bem integrados. Não há discriminação.

Xi Jinping esteve em Portugal este ano, além de que Marcelo Rebelo de Sousa também esteve na China há alguns meses. Como olha para esta relação bilateral entre os dois países?

A relação diplomática entre os dois países, que já é antiga, tem vindo nos últimos anos a estreitar-se e tem conduzido a benefícios manifestos para ambas as comunidades, quer de carácter económico, como também de carácter social e cultural, o que muito me apraz.

Hong Kong | Polícia avisa pelo Facebook que vai agir sobre manifestantes

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong avisou que se preparava para agir sobre os manifestantes que ocuparam ontem zonas centrais da cidade em protesto contra as emendas da lei da extradição “devido à escalada de violência”. “Os participantes da manifestação pública devem tomar o transporte público e partir o mais rápido possível”, avisou a polícia na sua página na rede social Facebook.

As forças de segurança queriam dispersar os manifestantes que, depois de participarem numa marcha que juntou dezenas de milhares durante a tarde de ontem, se dirigiram ao edifício do gabinete de ligação de Pequim no território, bloquearam várias ruas e ocuparam acessos ao quartel general da polícia e ao parlamento.

“Esta tarde, depois de participantes de uma manifestação pública chegarem a Wan Chai, alguns prosseguiram, bloqueando estradas, vandalizando carros e paredes dos edifícios. Em face da escalada da violência, a polícia conduzirá uma acção para desimpedir” a área, pode ler-se na mesma publicação da polícia de Hong Kong.

A mesma informação foi prestada na aplicação de mensagens instantâneas Telegram da organização dos protestos, a Frente Cívica de Direitos Humanos, na qual se indica também que as forças anti-motim já se posicionaram no terreno.

A polícia apelou ainda à população para evitar deslocar-se para o palco dos protestos ou áreas adjacentes e que residentes e trabalhadores garantam a sua segurança pessoal e fiquem atentos às informações da polícia.

Centenas de manifestantes que protestam em Hong Kong contra as emendas à lei da extradição posicionaram-se junto ao quartel general da polícia e parlamento, seguindo também para o edifício de ligação do Governo central da China no território, ignorando ordens das forças de segurança.

Os organizadores do protesto, que juntou centenas de milhares de pessoas, permaneceram “no fim do percurso que foi definido por razões de segurança, e apenas um pequeno grupo com menos de 30 pessoas, como permite a lei, se deslocou até ao tribunal de última instância, em Central”, disse à Lusa a porta-voz do movimento que promoveu a manifestação, Bonnie Leung.

Os restantes manifestantes simplesmente prosseguiram a marcha e ocuparam locais que foram já palco de violentos confrontos com a polícia desde meados de Junho.

À cautela, tendo em conta a invasão do parlamento a 1 de Julho e o cerco ao quartel-general da polícia a 12 e 16 de Junho, as forças de segurança ergueram enormes barreiras de água junto para tentar evitar que os manifestantes ganhem posição junto desses dois locais.

César Pelli, arquitecto das Petronas Towers, na Malásia, morre aos 92 anos

[dropcap]O[/dropcap] arquitecto argentino César Pelli, que projectou as emblemáticas Torres Petronas de Kuala Lumpur, na Malásia, e o One World Financial Center, em Nova Iorque, morreu na passada sexta-feira aos 92 anos.

“Quero enviar as minhas condolências aos familiares e amigos do talentoso César Pelli. As obras que deixa no mundo como legado são uma fonte de orgulho para os argentinos”, afirmou o Presidente argentino, Mauricio Macri, no ‘Twitter’.

O arquitecto também foi homenageado por Juan Manzur, governador de Tucuman, a província onde César Pelli nasceu em 12 de Outubro de 1926, e se formou como arquitecto.

Formado na Universidade Nacional de Tucuman, o arquitecto mudou-se graças a uma bolsa para os Estados Unidos em 1952, vivendo em Connecticut. César Pelli tornou-se um profissional de prestígio internacional e deixou a sua marca em vários arranha-céus e edifícios em todo o mundo, o que levou à conquista de mais de 300 prémios por excelência em design.

César Pelli foi reitor da escola de arquitectura da Universidade de Yale de 1977 a 1984 e recebeu a medalha de ouro do Instituto Americano de Arquitectura, em 1995, pela sua distinta carreira.

Entre as suas obras mais famosas estão as Torres Petronas de Kuala Lumpur, com 452 metros de altura, que ostentaram o título de edifícios mais altos do mundo entre 1998 e 2003. Foi também o arquitecto responsável pela ampliação do Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York, em 1984, construiu a Torre Iberdrola, em Bilbau, o International Financial Center, em Hong Kong, a Grande Torre Costanera, em Santiago do Chile, o Pacific Design Center em Los Angeles, o ARIA Resort em Las Vegas, além de dezenas de teatros e centros culturais em todo o mundo.

Uma das suas mais recentes obras foi o Salesforce Transit Center, em São Francisco, que abriu em 2018 e inclui espaços verdes, um centro comercial e um anfiteatro.

Edgar Martins traz a Macau fotos de prisão do Reino Unido em 2020

O projecto fotográfico do português Edgar Martins, com reclusos de uma das mais violentas prisões do Reino Unido, foi publicado em livro e vai estar em exposição em Lisboa no final do ano. A Macau virá de Junho a Setembro de 2020

 

[dropcap]W[/dropcap]hat Photography & Incarceration have in Common with an Empty Vase” (“O que a fotografia e a prisão têm em comum com uma jarra vazia”, em tradução do inglês) tem imagens recolhidas na HM Prison Birmingham e num bairro nas imediações, com os presidiários, famílias e outras figuras locais.

“Utilizando o contexto social do encarceramento como ponto de partida, exploro o conceito filosófico de ausência e abordo uma consideração mais ampla do conceito de fotografia quando se cruzam questões de visibilidade, ética, estética e documentação. De uma perspectiva humanista, o trabalho procura reflectir sobre como se lida com a ausência de um ente querido, trazido pela separação forçada”, resumiu o fotógrafo sobre o projecto.

O livro está dividido em três capítulos, que variam entre imagens de arquivo, fotografias feitas durante os três anos de trabalho, que incluem a documentação de objectos simbólicos para os presos, como um par de sapatos de criança ou um maço de cigarros, além de uma reprodução do diário de um recluso escrito especificamente para este projecto.

“Estava interessado em explorar todo um conjunto de estratégias e metodologia que fossem para além do documental e que contribuíssem para o debate acerca da ontologia da imagem fotográfica”, explicou à agência Lusa o fotógrafo.

Convite para a prisão

O projecto foi feito a convite da organização Grain Projects e acabou por se centrar no que rodeia a prisão e os seus ocupantes e menos no interior e funcionamento do edifício, devido às dificuldades em ultrapassar as limitações administrativas.

“O maior desafio foi lidar com a prisão em si. A HMP Birmingham é uma prisão complexa, com muitas carências e deficiências, falta de investimento crónico. Durante os três anos em que trabalhei com a prisão tiveram quatro directores distintos e por isso a evolução do projecto foi tumultuosa e muito condicionada por vários eventos e circunstâncias: aconteceram os maiores motins da história de um estabelecimento prisional em Inglaterra, a prisão sofreu os maiores níveis de consumo de droga e violência da sua história e, no último ano, passou pelas maiores mudanças estruturais dos últimos 10 anos”, admitiu Edgar Martins.

O projecto foi premiado com o terceiro lugar da categoria ‘Série dos Prémios de Fotografia Artística LensCulture’, em 2018, e vai iniciar uma série de exposições em Lisboa a 14 de Novembro, na Galeria Filomena Soares Lisboa, onde vai ficar até Janeiro de 2020. De seguida viajará para o território, até ao Museu de Arte de Macau onde a mostra vai poder ser visitada de 6 de Junho a 1 de Setembro de 2020. O Museu do Chiado, em Lisboa, receberá o acervo expositivo a partir de Outubro de 2020.

Jornal escreve que Kevin Ho pode vir a reforçar investimento na Global Media 

[dropcap]A[/dropcap]fonso Camões, administrador do grupo Global Media, disse que até Setembro deverão ser despedidas 200 pessoas dos meios de comunicação do grupo, sendo que não existe dinheiro para rescisões amigáveis. A notícia foi avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso, que também fala da possibilidade de o empresário Kevin Ho, que é o principal accionista do grupo, com 30 por cento, poder estar interessado em reforçar o investimento já feito.

Os salários dos jornalistas relativos ao mês de Junho foram pagos depois da data prevista, tendo o atraso sido justificado “por uma transferência internacional”. O Expresso escreve que terá sido Kevin Ho a adiantar o dinheiro para esse fim.

Afonso Camões reuniu com delegados sindicais de todas as publicações do grupo, tal como o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF e O Jogo. Nos encontros foi deixado claro que os despedimentos tem mesmo de acontecer até Setembro, caso contrário o grupo corre o risco de “entrar em colapso”. O jornal soube, junto de fontes sindicais, que o grupo pode vir a enfrentar a insolvência se não mexer nos quadros da empresa. Actualmente o grupo atravessa uma grave crise de tesouraria, não tendo dinheiro para pagar a fornecedores. O Banco Comercial Português (BCP) e o Novo Banco já terão cortado o financiamento. Os 200 despedimentos só poderão ser evitados se for vendida a gráfica Naveprinter, que a Global Media possui nos arredores da cidade do Porto.

Sindicato não sabe de nada

Os encontros entre Afonso Camões, ex-director do Gabinete de Comunicação Social entre 1991 e 1999, decorreram depois do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dito que acompanhava “toda a situação há vários meses”. Sofia Branco, que preside ao Sindicato de Jornalistas, disse ao Expresso que o grupo Global Media continua a não dialogar com os trabalhadores.

“Nunca fomos recebidos, nunca fomos informados de nada”, diz Sofia Branco, para quem esta “atitude intolerável não tem paralelo em nenhum grupo de media com esta dimensão”. A falta de informações “potencia a instabilidade laboral e social” e favorece um ambiente de dramatismos “em que circulam os rumores mais desencontrados”, adiantou a jornalista.

A grave crise financeira que o grupo atravessa deverá atrasar o processo de mudança do Jornal de Notícias, que abandona o icónico edifício situado no centro da cidade do Porto. É nesse mesmo edifício que vai nascer um novo hotel de luxo graças ao investimento de Kevin Ho.

Trabalhador filipino ainda não foi compensado por acidente de trabalho

Reymond Tagacay acaba de sair do hospital, após o grave acidente de trabalho que lhe amputou a perna e o deixou mais de seis meses na cama do hospital. Agora espera ser compensado pela incapacidade sofrida, mas o ‘blue card’ expira já a 10 de Agosto

 

[dropcap]O[/dropcap] trabalhador filipino que sofreu um acidente de trabalho a 31 de Outubro de 2018, acabando por perder uma perna, saiu na semana passada do hospital e procura agora ajuda para obter uma compensação financeira por amputação física.

A notícia foi avançada na sexta-feira passada pelo canal português da TDM – Teledifusão de Macau, que ouviu o pedido de apoio feito pela vítima e procurou respostas junto do empregador, sem sucesso. O Consulado das Filipinas, que até ao contacto feito pelos jornalistas não havia prestado qualquer assistência ao acidentado, já se encontra a acompanhar o caso.

Reymond Tagacay tem 41 anos e trabalhava num centro de lavagem de automóveis em Macau, até ao dia em que sofreu um acidente de trabalho, ficando entalado entre dois carros e com uma perna esmagada, que o deixou amputado e hospitalizado durante mais de meio ano.

Como descreveu à TDM, “eram cerca das 11h30 da manhã, estava a lavar um carro e, quando comecei a secar um Mercedes-Benz, apercebi-me que um Toyota Alphard vinha na minha direcção. Eu estava sob a máquina de lavagem e um colega meu de trabalho vinha a conduzir o carro. Quando eu me apercebi estava perto demais. Veio contra mim, arrastou-me uns cinco metros e eu caí. Fiquei quase uma hora preso no meio dos dois carros. Fiquei debaixo do carro. Senti muita dor e havia muito sangue. Então vi o meu pé, que já estava cortado”.

Seis pessoas ficaram feridas, duas com gravidade, no acidente em que esteve envolvido. Uma delas sofreu uma fractura na cabeça, de que já recuperou, regressando entretanto às Filipinas. O outro sinistrado foi Reymond Tagacay, que acabou por ser amputado acima do joelho e só viria a deixar o hospital no início da semana passada.

A médica que lhe deu alta, após a colocação de uma prótese artificial, aconselhou-o a voltar ao trabalho e a procurar residência perto do local de emprego, “porque em Macau, disse ela, não há ninguém para dar assistência aos deficientes físicos”. Mas o sinistrado afirmou sentir-se incapacitado para realizar as anteriores tarefas, “os carros têm de ser lavados em três minutos cada um. Como é que eu posso fazer isso?”, agora que não tem uma perna e que nem consegue caminhar com a prótese, por lhe provocar “muitas dores” e ainda não ter tido tempo de se habituar.

Visto com dias contados

A sua intenção é poder regressar às Filipinas, mas não consegue receber resposta da entidade patronal, nem assistência consular sobre a eventual compensação do seguro pelo acidente de trabalho. As contas hospitalares foram pagas na quase totalidade pela seguradora, que entregou o montante ao empregador, de acordo com a reportagem televisiva. Entretanto, Reymond Tagacay recebeu já o aviso da DSAL de que não irá receber os ordenados de Julho e Agosto e de que o visto de trabalho expira no dia 10 do próximo mês.

O filipino precisa de um documento que declare que é incapacitado permanente e quer contactar o patrão para chegar a acordo sobre uma recompensa justa pela situação em que se encontra e pelas dificuldades futuras. Até agora, afirma que lhe foi sugerido várias vezes que assinasse papéis em chinês para encerrar o caso. Mais estranho ainda, Raymond confessou nunca ter tido acesso ao contrato de trabalho, até depois do acidente, em que veio a rubricar um novo documento onde declarava um salário mais alto do que aquele que recebia.

Da parte do Consulado das Filipinas houve apenas a indicação para que tentasse resolver o problema directamente com o empregador. Só agora é que está a ser ajudado formalmente.

Quando sofreu o acidente, a família veio a saber da situação pelos amigos, não tendo sido contactada pelo consulado, pela empresa ou pelo hospital. A mulher, que trabalhava como empregada doméstica em Hong Kong, teve que se mudar para Macau e procurar aqui trabalho, ficando a ganhar menos para poder acompanhá-lo. O casal tem dois filhos a estudar nas Filipinas.

Obras | Governo recusa adjudicar obra a Nam Kwong por “forte presunção de conluio”

A proposta da Nam Kwong para o concurso público de renovação do sistema de combustíveis do terminal marítimo foi aceite num primeiro momento, mas acabou recusada, uma vez que a empresa era accionista em todas as propostas do concurso público

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo declarou extinto o concurso público para a atribuição da obra de renovação do sistema de combustíveis do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), a decisão teve por base um despacho do Chefe do Executivo e que justifica a medida com existência de “forte presunção de conluio entre os concorrentes”.

“Por despacho do Chefe do Executivo exarado em 27 de Junho de 2019, […] no concurso em causa, há forte presunção de conluio entre os concorrentes, estando reunidos os pressupostos de não adjudicação”, pode ler-se no documento. O procedimento que tinha sido aberto em 3 de Abril deste ano foi assim declarado extinto.

No concurso em causa tinham sido apresentadas as seguintes propostas: uma pela Companhia de Inspecção de Equipamentos Especiais da China (Macau), outra pela Agência Nam Kwong Lun Fat, e finalmente a proposta da Companhia de Produtos Químicos e Petrolíferos Nam Kwong. A última proposta foi a única a ser aceite e iria fazer o trabalho em 168 dias úteis, a troco de 18,6 milhões de patacas.

Contudo, como o HM revelou anteriormente, apesar de apenas dar o nome à última concorrente, a Companhia de Produtos Químicos e Petrolíferos Nam Kwong era accionista em todas as participantes.

Foi este aspecto que o Governo considerou justificar a “forte presunção de conluio entre os concorrentes”. Esta realidade contrariava também o programa do concurso que definia que a não adjudicação deveria ser a opção tomada se houvesse “forte presunção de conluio entre os concorrentes”. O programa do concurso avançava mesmo com exemplos e diz que a situação é dada como provada quando “entre os concorrentes neste concurso público existe alguém que seja sócio e administradores de dois concorrentes”.

Lições anteriores

Esta recusa impede a repetição do caso da adjudicação da construção de habitação social e de reconstrução do Pavilhão Desportivo de Mong Há. Nesse concurso público tinham sido aceites duas propostas de diferentes, mas que tinham em comum um accionista, Long Kuok Keong, o que levou a uma batalha jurídica. No final deste caso o Tribunal de Segunda Instância e o Tribunal de Última Instância (TUI) a condenaram a adjudicação.

O empresário Long estava presente na proposta vencedora, através da empresa Shing Lung, que participou em consórcio com a Companhia de Construção e Obras Portuárias Zhen Hwa. Mas, fazia igualmente parte da proposta que ficou no terceiro lugar, como accionista da empresa Long Cheong, que participou no concurso em consórcio com a companhia Cheong Kong.

O facto do accionista apresentar duas propostas diferentes levou o TUI a considerar que “as condições normais de concorrência” não estavam garantidas. Na mesma decisão o tribunal apontou que o facto de haver um accionista comum em duas propostas diferentes é um acto susceptível de “falsear as condições normais de concorrência”, o que de acordo com a lei das obras públicas obriga a que sejam “rejeitadas as propostas e candidaturas apresentadas”. Foi com esta justificação que o TUI concluiu que “as propostas [com o mesmo accionista] tinham de ser rejeitadas”.

Na decisão mais recente de extinguir o concurso para a obra de renovação do sistema de combustíveis ficou por explicar a razão de, ao contrário do acórdão do TUI, ter sido aceite uma das propostas. Segundo o critério do TUI as três deviam ter sido recusadas.

Ambiente | Angela Leong pede mais veículos eléctricos no Governo 

[dropcap]A[/dropcap] deputada Angela Leong defendeu, em comunicado, a aquisição, por parte do Governo, de veículos eléctricos, para que haja uma redução da emissão de gases poluentes e para que haja uma promoção do uso de veículos mais amigos do ambiente.

Além disso, na visão da deputada, as concessionárias de autocarros também deveriam ser obrigadas a adquirir autocarros movidos a energia eléctrica.

Nesse sentido, Angela Leong espera que as autoridades possam seguir as regras estabelecidas pelo Governo Central para que todos os departamentos públicos tenham um plano de utilização e aquisição de veículos eléctricos e seja definido um prazo para a troca de carros e autocarros.

Procriação medicamente assistida | Deputada exige colaboração entre sector público e privado 

[dropcap]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng interpelou o Governo sobre a necessidade de desenvolver a técnica de procriação medicamente assistida no território. Nesse sentido, a deputada deseja saber se os Serviços de Saúde de Macau (SSM) vão cooperar com os hospitais neste sentido, para que mais casais com dificuldade em ter filhos possam recorrer a este método de tratamento.

Wong Kit Cheng recordou que, em 2016, os SSM deixaram de comparticipar os tratamentos no exterior de casais inférteis, o que obrigou estes residentes a pagarem um preço elevado em Hong Kong ou outros locais onde se fazem tratamentos de infertilidade. Como em Macau existe este serviço no sector privado, a deputada deseja saber se o Governo está disposto a colaborar.

No que diz respeito à lei que regula as técnicas de procriação medicamente assistida, não consta no relatório das Linhas de Acção Governativa para este ano, o que leva Wong Kit Cheng a questionar o seu progresso.

Na sua interpelação, Wong Kit Cheng fez referencia aos dados estatísticos do centro de procriação medicamente assistida do Hospital Kiang Wu que revelam que neste momento existem 84 casais à procura de ter filhos por esta via, sendo que todos eles sao residentes de Macau. O mesmo estudo mostra que a taxa de sucesso do serviço de inseminação intra-uterina é de dez por cento, enquanto que, no caso do serviço de fertilização (IVF, em sigla inglesa), a taxa de sucesso é de 40 por cento.

AL | Kou Hoi In esqueceu-se de Macau no juramento e teve de repeti-lo

O comunicado oficial do hemiciclo não revelou a razão do juramento ter sido repetido. Contudo, o portal Macau Concealers refere que Kou Hoi In esqueceu-se de mencionar o território na segunda passagem

 

[dropcap]K[/dropcap]ou Hoi In teve de repetir o juramento da tomada de posse como presidente da Assembleia Legislativa, depois de se ter esquecido de mencionar Macau. A razão da repetição foi avançada pelo jornal All About Macau, uma vez que o comunicado da Assembleia Legislativa, com a data de Sábado, apenas dizia que tinha sido Kou a pedir para repetir o juramento.

“A pedido do Senhor Presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In, o Chefe do Executivo Chui Sai On presidiu, de novo, a cerimónia do juramento e tomada de posse do Presidente da Assembleia Legislativa”, podia ler-se no comunicado, sem informação adicional. “A cerimónia teve lugar na tarde do dia 20 de Julho de 2019, na Sede do Governo, onde o Presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In, prestou juramento perante o Chefe do Executivo, Chui Sai On, que presidiu a Cerimónia”, foi acrescentado.

Contudo, o jornal All About Macau revelou que no juramento inicial, na quarta-feira, que Kou Hoi In não tinha pronunciado a palavra Macau, que é dita três vezes no texto de juramento: “Eu, juro por minha honra, ao tomar posse do cargo de presidente da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China, que defenderei e farei cumprir a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China, dedicarei toda a minha lealdade à República Popular da China e à sua Região Administrativa Especial de Macau […] e servirei a Região Administrativa Especial de Macau com todo o meu empenho”.

O jornal All About Macau não mencionou qual a situação em que terá ocorrido o erro, mas segundo o portal Macau Concealers a palavra ignorada terá sido a segunda. O juramento de quarta-feira decorreu em chinês, língua escolhida por Kou Hoi In, sem que houvesse tradução simultânea.

Já a repetição de Sábado decorreu sem que os meios de comunicação fosse convidados para o evento. O facto foi apenas comunicado pelos canais de comunicação do Governo, horas mais tarde.

Kou Hoi Obama?

Em Macau a repetição do julgamento poderá ser um caso único, mas no panorama internacional já aconteceu em outras situações. Em 2009, quando começou o primeiro mandato, Barack Obama também repetiu o juramento.

Na cerimónia oficial de tomada de posse o então presidente norte-americano leu: “Juro solenemente que vou desempenhar o cargo de Presidente dos Estados Unidos fielmente”. No entanto, o texto original Barack Obama deveria ter dito: “Juro solenemente que vou desempenhar fielmente o cargo de Presidente dos Estados Unidos”.

Por este motivo, o presidente americano acabou por realizar a cerimónia novamente na sede do Governo e ler a declaração do juramento de acordo com o que está escrito.

Já em Hong Kong vários deputados foram afastados do Conselho Legislativo, durante o actual mandato, em processos relacionados com o juramento. Dois deputados afirmaram mesmo que Hong Kong não era China e foram expulsos. Outros tiveram o mesmo caminho, por detalhes técnicos, embora nunca tivessem negado que Hong Kong faz parte da China.

Chui Sai On promove “sentido patriótico” de jovens de Macau

[dropcap]O[/dropcap] chefe do Executivo de Macau deslocou-se no sábado à província de Hebei, no norte da China, no âmbito de uma extensa “visita de estudo” liderada pelo Governo para promover o “sentido patriótico” nos jovens do território.

A meses de terminar o mandato, Fernando Chui Sai On realiza uma visita de cinco dias a Hebei, última paragem de um programa de deslocações do Executivo ao interior da China, nas quais participam, ao todo, meio milhar de jovens.

Para Chui Sai On, o objectivo desta visita de estudo é “reforçar o conhecimento dos jovens de Macau sobre o invulgar processo de desenvolvimento da nação”, mas também o princípio “um país, dois sistemas”, de acordo com um comunicado oficial.

A iniciativa “caminhar juntos na nova era”, que tem como pano de fundo o 70.º aniversário da implantação da República Popular da China e os 20 anos da transferência de administração de Macau, teve início no dia 14, em Jiangsu (leste), e estende-se até à próxima quinta-feira.

Além do líder e dos secretários do Governo de Macau, 500 jovens distribuídos em cinco grupos participam nas deslocações, organizadas pelo Governo da região administrativa especial chinesa, Gabinte de Ligaçao do Governo Central em Macau e diversos sectores da sociedade do território.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, iniciou na quinta-feira uma deslocação de quatro dias à província de Hunan (sul), com 50 estudantes do ensino secundário e 50 jovens locais.

No âmbito da mesma iniciativa, a responsável pela pasta da Administração e Justiça, Sónia Chan, visitou Guizhou (sudoeste) e o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, deslocou-se a Jiangsu (centro). As duas visitas decorreram entre 14 e 17 de Julho.

Deputados exigem esclarecimentos sobre desigualdade no tempo de licença de maternidade

A proposta de alteração à lei das relações laborais prevê o aumento de 56 para 70 dias de licença de maternidade remunerados no sector provado. No entanto a função pública permite 90 dias. Para os deputados da 3a Comissão Permanente esta “discrepância” precisa de esclarecimentos por parte do Governo, apontou Vong Hin Fai após a primeira reunião de discussão na especialidade, na passada sexta-feira

 

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da 3ª Comissão Permanente, começou a ser discutida na especialidade a proposta de alteração à lei das relações do trabalho, querem que o Governo explique a diferença de tempo na licença de maternidade entre a função pública e o sector privado. Em causa está a mudança legislativa que passa a permitir às mães do sector privado passarem, de 56 para a 70 dias de licença remunerada. A estes dias, podem optar por acrescentar 14, sem auferir rendimentos.

No entanto, o sector publico prevê 90 dias remunerados na mesma situação e “há deputados que consideram “que este período, de 70 dias para o sector privado, é insuficiente (…) e que entendem que há uma descriminação”, disse o presidente da comissão, Vong Hin Fai após a primeira reunião acerca desta matéria, na passada sexta-feira. “Por isso temos que perguntar ao Governo os fundamentos para estes 70 dias porque os trabalhadores da função pública têm direito a 90”, sublinhou.

Vong Hin Fai recordou ainda que, de acordo com os dados recolhidos na consulta pública, a população defendeu, na sua maioria o aumento para 90 dias. “Sabemos que na consulta publica 80 por cento dos inquiridos apoiam a afixação de 90 dias de licença de maternidade tal como acontece com os funcionários públicos – por isso os deputados querem que o governo defenda a definição deste período [de 70 dias]”, reiterou.

Medidas especiais

Ainda em relação às medidas de apoio à maternidade, há deputados na comissão que sugerem que a proposta preveja a proibição de despedimento de mulheres grávidas. “Houve deputados que falaram ainda que se deve proibir o empregador de despedir uma trabalhadora grávida, mesmo com indemnização, e que deverá ser uma proibição absoluta”, referiu o presidente da 3ª comissão argumentando a “salvaguarda do emprego das trabalhadoras”.

Por outro lado, a proposta prevê que durante a gravidez e nos três meses após o parto, a mulher “não pode ser incumbida de desempenhar tarefas desaconselháveis ao seu estado”. Para os deputados trata-se de uma definição ambígua e que é necessário esclarecer. “É muito abrangente. Quem decide? Quem tem o direito de dizer que tarefas são desaconselháveis?”, questionou Vong Hin Fai, acrescentando que há deputados que entendem que a avaliação deve ser feita por profissionais do sector da saúde.

O trabalho em turnos da noite foi também discutido na primeira reunião acerca desta matéria, defendendo os deputados que as mulheres grávidas devem ser retiradas deste tipo de turnos.

Entretanto, “há membros que acham também que o Governo, com esta proposta, alterou apenas parcialmente a lei das relações laborais e acham que estas mudanças devem ser feita de forma mais abrangente”, disse Vong acrescentando que houve ainda quem sugerisse a disponibilização de “um cronograma de trabalho nesta matéria”.

Chefe do Executivo | Ho Iat Seng formaliza hoje candidatura

[dropcap]O[/dropcap] ex-presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, formaliza hoje às 13h30 a sua candidatura para o mais alto cargo do Governo. “Vimos pelo presente informar que o Dr. Ho Iat Seng entregará o ‘Boletim de Propositura de Candidato à Eleição para o Cargo de Chefe do Executivo’, na próxima segunda-feira, dia 22 de Julho”, lê-se numa nota divulgada pela sede de candidatura do candidato favorito ao cargo de Chefe do Executivo.

A entrega do boletim de propositura significa que Ho já reuniu pelo menos 66 assinaturas de apoio de entre os 400 membros do colégio eleitoral. O prazo termina amanhã e as eleições têm data marcada para 25 de Agosto.

Conhecem-se para já 13 interessados em concorrer ao cargo de Chefe do Executivo.
Entretanto o programa eleitoral dos candidatos irá ser apresentado na 10 de Agosto aos membros do colégio eleitoral, num momento que vai ser transmitido em directo, revelou na passada sexta-feira a presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo, Song Man Lei.

Caso vistos gold | Rui Cunha diz que escritório de que é sócio apenas deu apoio jurídico

[dropcap]O[/dropcap] escritório de advocacia Rui Cunha, Glória Ribeiro e Associados está envolvido num alegado caso de burla com vistos gold que está a ser investigado pelo Ministério Público em Portugal e que tem como principal protagonista a empresa POAO II – Investimentos Imobiliários, de que é sócio o empresário Choi Hin Man.

Aquando da publicação da reportagem sobre o negócio da POAO II – Investimentos Imobiliários no jornal Público, o HM confrontou o advogado Rui Cunha sobre a possível ligação deste ao escritório de advocacia em Lisboa. Na altura, este chegou a afirmar que nada tinha a ver com este caso. “Pessoalmente nada tenho a ver com esse assunto nem pessoas”, frisou.

Contudo, a entrevista de Choi Hin Man ao HM vem mostrar que, afinal, Rui Cunha é sócio desta sociedade de advogados em Lisboa, ainda que o escritório que possui em Macau, a C&C Advogados, nada tenha a ver com este caso de alegada burla. O HM confrontou o advogado Rui Cunha com esta nova informação, que nos adiantou que tem, de facto, uma ligação antiga ao escritório de advocacia.

“Nos anos 80, no início do exercício de advocacia em Macau, como igualmente tinha de dar assistência aos processos e clientes em assuntos pendentes em Lisboa, abri um escritório em Lisboa ficando inscrito na Ordem dos Advogados em Portugal. Com a constituição da RAEM, essa dependência e necessidade ficou mais reduzida, mas fui mantendo esse escritório de apoio em Lisboa, que evoluiu mais tarde para uma sociedade de advogados, juntamente com a colega dra. Glória Ribeiro que comigo ali colabora há cerca de 30 anos.”

Rui Cunha considera Glória Ribeiro “pessoa de inteira confiança e que pauta o exercício da sua actividade com a maior seriedade e rigor”, explicando que o escritório de advogados em Portugal manteve a sua independência face ao escritório C&C, em Macau. “Vou acompanhando o seu desenvolvimento, como fundador, e não deixo de dar opinião e conselho quando tal se justifica.”

Em defesa da colega

Quando confrontado com a notícia do jornal Público, Rui Cunha diz ter-se inteirado da situação e afirma agora ao HM que o escritório em Portugal apenas deu apoio jurídico no processo de compra dos armazéns por parte de investidores chineses.

“Por quanto me foi dado conhecer, o escritório sempre actuou com rigor e no âmbito estritamente de apoio jurídico, como qualquer outro escritório forense, de Macau ou de Portugal, faz e continuará a fazer, sempre dentro dos parâmetros das leis e regulamentos.”

Nesse sentido, “nunca houve qualquer participação do escritório ou de qualquer dos colegas que ali trabalham, na actividade comercial dos seus clientes ou na promoção das suas ofertas ou angariação de potenciais interessados, só intervindo quando necessário fosse para dar seguimento e apoio no que era preciso intervenção de profissionais forenses, com rigor e transparência que pode ser comprovada e pondo o maior empenho no sucesso dos objectivos dos seus clientes”.

Rui Cunha assegura também que o escritório ao qual dá o nome “nunca teve qualquer actividade promocional em Macau, tanto quanto saiba, e como princípio adoptado pelo escritório de Macau, aqui tem-se alheado desses processos, só muito excepcionalmente e por razões de ordem pessoal, se tem ajudado e em casos muito pontuais”. “Nenhum, creio, com qualquer relação com essa sociedade, aquele investimento ou pessoas envolvidas nesse processo, que não terá sido dirigido a interessados de Macau”, frisou.

O HM fez o pedido de entrevista por email, que foi dirigido ao endereço geral da POAO II – Investimentos Imobiliários, a resposta chegou da parte do escritório de advogados que representa o empresário Choi Hin Man. Coube, assim, a Glória Ribeiro o estabelecimento do contacto entre o HM e Choi Hin Man, além do apoio da secretária pessoal do empresário.

Hong Kong | Manifestantes atacados por “camisas brancas”

[dropcap]O[/dropcap]s manifestantes que regressavam a casa por volta das 23h00 pela estação de metro de Yuen Long foram atacados por vários homens vestidos com t-shirts brancas, numa acção que está a ser associada às tríades de Hong Kong pela imprensa da RAEHK.

Segundo as informações publicadas pelo portal Stand News, entre os atacados estava um deputado pró-democrata e uma mulher também terá igualmente sido vista a sangrar abundantemente na casa-de-banho. Vários vídeos a circular mostram igualmente pessoas a chorar e aos gritos dentro do metro enquanto, os membros da tríades, vestidos de branco, a cor de apoio à polícia de Hong Kong, atacam à bastonada as vítimas.

Um rapaz chega mesmo a implorar de joelho aos tríades que parem a acção, mas acabou por ser agredido no local.

Várias queixas online e apontam que a polícia de Hong Kong demorou vários minutos de chegar ao local, após ter recebido os alertas. Mesmo nos momentos dos ataques não era visível um único polícia.

Quando as autoridades chegaram ao local, já os alegados membros das tríades tinham fugido. A chegada das autoridades contribuiu apenas para fazer aumentar a tensão e os agentes tiveram de deixar o local sob gritos de acusação de serem corruptos e apenas protegerem as tríades.

Quase uma hora depois do ataque começou a circular um video, e algumas fotos, que mostra o deputado Junius Ho. pró-Governo, a cumprimentar vários homens vestidos de branco, sendo que alguns ainda aparentam ter as canas de bambu utilizadas para os ataques.

Estudo aponta ligação entre Huawei e espionagem chinesa com base em currículos vazados

[dropcap]U[/dropcap]m académico norte-americano, que foi despedido no ano passado de uma prestigiada universidade chinesa, disse à Lusa ter provas de um relacionamento “institucional” entre o grupo de telecomunicações Huawei e os serviços de inteligência chineses.

Christopher Balding identificou funcionários da Huawei simultaneamente empregados pelas forças armadas chinesas, ou que trabalharam anteriormente em projectos de monitoramento e ‘hacking’ de telecomunicações, e outros que descrevem o seu trabalho no grupo de tecnologia como estando ligado ao Ministério de Segurança do Estado da China.

O professor na Universidade Fulbright do Vietname, em conjunto com pesquisadores na unidade de investigação norte-americana Henry Jackson Society, tiveram acesso a cerca de 25.000 currículos de funcionários da Huawei, vazados da base de dados de recrutadores chineses.

“Encontramos casos em que funcionários [da Huawei] referem essencialmente que operam para os serviços de inteligência chineses ou que, ao mesmo tempo, fazem pesquisa na Huawei e estão empregados no Exército de Libertação Popular”, descreveu Balding à agência Lusa.

O norte-americano admite que é comum em todo o mundo empresas tecnológicas contratarem antigos militares, mas que, no caso da Huawei, há funcionários que cooperam directamente com o Estado na colecta de dados por aparentes “motivos políticos”. “Muitos currículos referem estas operações como fruto de uma relação quase institucionalizada”, apontou.

Os resultados preliminares da pesquisa, que se vai desenvolver ao longo dos próximos meses, surge numa altura de intenso debate na Europa, incluindo em Portugal, sobre se a Huawei deve ser incluída na construção de infraestruturas para redes de Quinta Geração (5G), a Internet do futuro. Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e Japão restringiram já a participação da empresa nos seus mercados.

As conclusões do estudo não podem ser confirmadas independentemente, já que Balding não compartilhou a base de dados publicamente, descrevendo em termos concretos apenas três perfis, de forma a proteger as identidades dos indivíduos.

O académico afirma que os dados e resultados da pesquisa foram compartilhados com pesquisadores, governos e políticos de “confiança” e que está disposto a responder a questões em particular.

Em comunicado, a Huawei disse que, após uma investigação preliminar, “não detectou nenhum desses supostos” currículos de funcionários da Huawei. A empresa afirmou ainda que encoraja estudos profissionais e com base em factos. “Esperamos que, no futuro, os trabalhos de investigação contenham menos conjecturas ao formular conclusões”, acrescentou.

A desconfiança sobre a Huawei é alimentada, em parte, por o seu fundador, Ren Zhengfei, ser um ex-engenheiro do exército chinês, e por uma lei aprovada em 2017, que obriga as grandes empresas chinesas a cooperarem com os serviços de inteligência do país.

A empresa nega qualquer ligação aos serviços de inteligência e às forças armadas chinesas.
“A Huawei mente”, diz Christopher Balding. “Eles já foram apanhados a mentir tantas vezes que perderam a credibilidade”, acrescenta.

Christopher Balding leccionou, durante nove anos e até ao ano passado, na filial em Shenzhen, sul da China, da Escola de Negócios HSBC, da Universidade de Pequim.

No entanto, a instituição não lhe renovou o contrato, apontando fraco desempenho académico.
Meses antes Balding tinha lançado um abaixo-assinado ‘online’ para que a universidade britânica de Cambridge repusesse mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos do seu portal oficial na China a pedido das autoridades chinesas.

Dezenas de milhares de manifestantes nas ruas de Hong Kong

[dropcap]D[/dropcap]ezenas de milhares de manifestantes saíram hoje à rua em Hong Kong, para mais um protesto contra as emendas à lei da extradição, já suspensas, e o Governo da cidade.

A marcha arrancou pelas 15h30, no parque Vitória, e vai terminar no parque infantil de Southorn, em Wan Chai, em vez do local inicialmente previsto junto ao Tribunal de última instância, em Central.

O percurso da marcha foi reduzido por questões de segurança, tal como exigiu a polícia, e depois de a organização do protesto, a Frente Cívica de Direitos Humanos, ter perdido na véspera um recurso.

A Frente, que integra 15 organizações não-governamentais e movimentos políticos, organizou duas marchas pacíficas maciças, a 9 e a 16 de Junho, que juntaram cerca de um milhão e de dois milhões de pessoas, respectivamente, de acordo com os organizadores.

Apesar das manifestações serem maioritariamente pacíficas, manifestantes e polícia confrontaram-se já nas ruas da antiga colónia britânica. Dois dos protestos, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram mesmo o Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) de Hong Kong.

A contestação nas ruas, iniciada contra um projecto de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição, generalizou-se e denuncia agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” no território.

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a lei estava “morta”, sem conseguir convencer os líderes dos protestos. Pequenas acções e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam.

Apresentadas em Fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”.

Já os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.

Residentes de Hong Kong equacionam viver em Portugal para fugir à erosão da liberdade, escreve SCMP

[dropcap]P[/dropcap]ortugal é visto cada vez mais como porta de entrada na Europa para residentes de Hong Kong que pensam em emigrar, preocupados com a erosão de liberdades, noticiou hoje o jornal South China Morning Post (SCMP).

Na reportagem, alguns residentes da ex-colónia britânica, agora administrada pela China, afirmam estar a pensar em obter a nacionalidade portuguesa, via ligações familiares em Macau ou através da concretização de investimentos.

Alguns estiveram entre as 50 pessoas que marcaram presença numa sessão que se realizou este mês em Hong Kong na qual se deu informação sobre como migrar para Portugal por meio da realização de investimentos, organizada por uma agência de consultadoria na área de migração.

“Alguns foram tentados pelo programa ‘Vistos Gold’, que oferece àqueles que fazem investimento autorizações de residência, que podem levar à obtenção de cidadania após cinco anos – abrindo a aporta a um total de 28 nações europeias”, pode ler-se no SCMP.

Em resposta ao jornal, um porta-voz do Consulado geral de Portugal em Macau e Hong Kong limitou-se a dizer era habitual receberem cerca de 120 pedidos mensais de nacionalidade, sem indicar quantos deles eram de residentes de Hong Kong.

A maioria das pessoas explicou que uma das justificações para procurar a emigração tem a ver com a crescente perda de liberdades no território que, há mais de um mês é marcado por manifestações maciças contra emendas a uma lei que permitiria extraditar suspeitos de crimes para o interior da China.

Imagens que narram um século da história de Macau em exposição na Casa Garden

[dropcap]M[/dropcap]acau acolhe, na próxima quarta-feira, uma exposição com mais de 150 imagens que ilustram um século da história do antigo enclave português, entre 1844 e a década de 1940.

Depois de passar pelo Museu do Oriente, em Lisboa, a exposição “Macau: 100 Anos de Fotografia” chega à Casa Garden para abordar a história social e política daquele território que esteve sob administração portuguesa durante 450 anos.

“Trata-se de uma mostra documental sobre a evolução da cidade, os seus costumes e tradições, a vivência das comunidades e alguns acontecimentos marcantes na história de Macau”, refere a Fundação Oriente, em comunicado.

Comissariada por Rogério Beltrão Coelho, jornalista que trabalhou em Macau, a exposição reúne imagens do acervo do Museu do Oriente, mas conta com contributos do Museu Francês de Fotografia, do Museu Militar do Porto e de particulares.

A exposição recorda, neste século de imagens, acontecimentos como as celebrações do IV Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia (1898), as primeiras travessias aéreas de Lisboa a Macau – 1924 e 1931 -, os efeitos dos tufões (com destaque para o de 1874) e diversas manifestações artísticas e desportivas.

Além das imagens colhidas pelo fotógrafo amador francês Jules Itier em 1844 – que são as mais antigas conhecidas imagens da região – a mostra presta homenagem a Man Fok, “que pode ser considerado, em Macau, o maior fotógrafo chinês do final do século XIX”, indicou a organização.

Outra figura em destaque é José Neves Catela (1902-1951), que foi, durante 25 anos, a partir de 1925, ano em que chegou ao território, “o fotógrafo português de Macau”, segundo a Fundação Oriente.

Neste sentido, estarão em destaque alguns dos “mais importantes fotógrafos chineses, portugueses e de outras nacionalidades” que, ao longo daquele período, “fizeram de Macau tema das suas fotografias, incluindo profissionais sedeados em Hong Kong”.

“Macau: 100 Anos de Fotografia” inaugura na quarta-feira, às 18:30, e estará patente até 21 de Setembro.

FIMM | Festival arranca em Outubro com ópera e jazz

[dropcap]O[/dropcap] Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) arranca em Outubro com a ópera “Flauta Mágica” de Mozart, interpretada pela companhia alemã Komische Oper Berlin e a companhia britânica de teatro 1927, foi ontem anunciado.

Para o Instituto Cultural (IC), que organiza o certame, trata-se de uma “produção inovadora que combina (…) a arte da animação cinematográfica e o canto ao vivo”, indicou a entidade, em comunicado. Na área do jazz, o festival traz este ano o pianista norte-americano Billy Childs, vencedor de cinco prémios Grammy, que vem acompanhado de outros três músicos.

Dos Estados Unidos também voa para Macau o quinteto de sopros ‘Dorian Wind Quintet’. De regresso à região está a Orquestra Filarmónica de Viena, com a orientação do maestro colombiano-austríaco Andrés Orozco-Estrada.

Já a Orquestra de Macau irá juntar-se à Orquestra e o Coro do NCPA da China para apresentar a obra Cantata do Rio Amarelo. Os bilhetes para o XXXIII Festival Internacional de Música de Macau encontram-se à venda a partir de 4 de Agosto.

“Guerra dos Tronos” com recorde de nomeações para os Emmys 2019

[dropcap]A[/dropcap] corrida aos Emmy Awards 2019 – troféus que premeiam o melhor de cada ano na indústria televisiva norte-americana – foi anunciada na passada terça-feira, 15 de Julho, com a série “Guerra dos Tronos” (Game of Thrones) a arrebatar um recorde de nomeações: 32 nomeações em 26 categorias.

A série de culto da HBO, que este ano emitiu a sua 9ª e derradeira temporada, conseguiu estar representada nas principais categorias, incluindo a melhor série de drama, onde enfrentará as rivais “Bodyguard”, “Ozark”, “Pose”, “Succession”, “This is Us”, “Better Call Saul” e “Killing Eve”.

O elenco de “Guerra dos Tronos” está igualmente contemplado nas categorias de melhores actor e actriz numa série de drama, com Kit Harington e Emilia Clarke, melhor actriz convidada numa série de drama para Carice van Houten, três nomeações na categoria de melhor actor secundário para Alfie Allen, Nikolaj Coster-Waldau e Peter Dinklage, e quatro lugares na categoria de melhor actriz secundária para Lena Headey, Sophie Turner, Maisie Williams e Gwendoline Christie.

Apesar do coro de críticas dos milhões de fãs, que exigiram um novo final para a série, a história criada por George R.R. Martin vê assim o reconhecimento do trabalho nesta última temporada, que já em 2018 arrecadou o principal galardão de melhor série dramática. O anterior recorde de nomeações, numa só temporada, pertencia à série “NYPD Blue”, da ABC (American Broadcasting Company), que foi exibida entre 1993 e 2005.

E a Sra. Maisel

A segunda série a reunir mais nomeações foi a comédia da Amazon “The Marvelous Mrs. Maisel”, com 19 hipóteses de prémio, logo seguida pelo recente sucesso da mini-série “Chernobyl”, que recebeu 18 nomeações, e pela comédia “Barry”, com 17 nomeações, ambas produzidas pela HBO. O canal de televisão por assinatura é assim o grande vencedor, com um total de 137 nomeações nesta 71ª edição dos Emmy Awards, batendo as posições da Netflix com 117, da NBC com 58 e da Amazon com 47 nomeações.

A 71ª edição dos Emmy Awards está marcada para o dia 22 de Setembro, no Microsoft Theater de Los Angeles, manhã de 23 de Setembro, segunda-feira, aqui em Macau.