EPM | “Arte na Escola” leva obras de alunos a Serralves Hoje Macau - 26 Nov 2019 [dropcap]A[/dropcap] Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (EPM), anunciou o projecto “Arte na Escola”, uma iniciativa que pretende envolver professores, alunos e encarregados de educação, à volta da educação para a arte, numa série de sessões de formação e workshops. No final, as turmas participantes terão a oportunidade de ver os seus trabalhos exibidos em Serralves em Maio de 2020, em conjunto com os trabalhos de outras escolas portuguesas. Realizado em parceria com a Fundação de Serralves, a Casa de Portugal em Macau, a Fundação Oriente e a BABEL, o projecto vai abranger um total de 12 turmas no mês de Novembro, e outras 19 turmas em Fevereiro de 2020. O projecto “Arte na Escola” começa oficialmente no próximo dia 26 de Novembro com uma sessão de formação para professores e continua no dia 27, com uma oficina dirigida também aos professores envolvidos, que ficará a cargo da Coordenadora do Serviço Educativo de Serralves e duas educadoras. Finalmente, com o objectivo de dar a conhecer o projecto aos encarregados de educação, será realizada uma apresentação e um workshop no dia 28 de Novembro, no auditório da Escola Portuguesa de Macau.
AL nega acusações de José Pereira Coutinho de censura Hoje Macau - 26 Nov 2019 [dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa (AL) de Macau negou ontem, em resposta à agência Lusa, qualquer tipo de censura às intervenções dos deputados, na sequência de uma acusação feita pelo deputado José Pereira Coutinho. “A assessoria desta Assembleia não exerce qualquer tipo de censura sobre os textos de intervenção apresentados pelos senhores deputados”, garantiram os serviços de apoio da AL. Na mesma resposta, esclarece-se que “o presidente [da AL] também não interfere no trabalho de análise da assessoria”. “As intervenções dos deputados para o período de antes da ordem do dia são encaminhadas para a assessoria, com vista à verificação da sua conformidade regimental e à sua organização para o plenário”, explica-se. Por outro lado, os serviços de apoio à AL sublinharam que “a assessoria limita-se a uma análise ao nível técnico e procedimental, e a apresentar aos senhores deputados sugestões e alertas de boa-fé, opiniões que os senhores deputados aceitam ou não, conforme o seu critério”. Eu acuso Na sexta-feira, Pereira Coutinho denunciou em entrevista à Lusa actos de censura às suas intervenções no plenário, com a última tentativa a visar um parágrafo no qual abordava “escândalos de corrupção”. “Na semana passada, na intervenção antes da ordem do dia, quiseram censurar a minha intervenção na AL”, acusou José Pereira Coutinho, referindo-se aos serviços da assembleia. Em causa estava o seguinte parágrafo: “Decorridos quase vinte anos após o estabelecimento da RAEM, não podemos deixar de lamentar a incapacidade e falta de coragem do Governo de apresentar propostas de leis relativas à aquisição de bens e serviços, concursos de empreitadas e construções que têm sido foco dos maiores escândalos de corrupção nos últimos tempos”. Tal como acontece com as perguntas que são dirigidas ao Chefe do Executivo, as intervenções em plenário têm de ser remetidas com antecedência. As primeiras uma semana antes, as segundas com um mínimo de 48 horas “com o argumento de que precisam de ser traduzidas”, explicou o deputado, na Al desde 2005. “O que acontece é que eles recebem as nossas intervenções antes da ordem do dia com 48 horas de antecedência, depois ligam-me, para pedir para cortar determinado parágrafo inteiro”, acusou. Pedidos comuns O deputado afirmou que os pedidos são realizados pelos serviços da AL, sem que seja adiantada qualquer justificação. “Mas da minha parte sempre recusei”, salientou, destacando que “sempre que se toca em questões como a corrupção, como a situação do Chefe do Executivo ou qualquer outro assunto de melindre, é-lhes inconveniente e pedem”. Esta situação já foi vivida no passado com mais gravidade, nomeadamente em 2018, já que depois da recusa do deputado em eliminar o parágrafo, a versão chinesa do texto surgia sem conter a frase em questão, de acordo com Pereira Coutinho. “O que tem ocorrido no passado, uma ou outra vez, sem repetição, é que a versão chinesa está censurada, não obstante [manter-se] a minha versão portuguesa. Mas depois de eu ter chamado a atenção, deixaram de fazer isso”, ressalvou.
Lei anti-máscaras considerada inconstitucional David Chan - 26 Nov 2019 [dropcap]N[/dropcap]o passado dia 18, O Tribunal de Primeira Instância de Hong Kong deliberou que a “Lei Anti-Máscaras”, promulgada pelo Governo da cidade ao abrigo do estado de emergência, viola a Lei Básica de Hong Kong. Desta forma, a “Lei Anti-Máscaras” deverá ser abolida. O Governo local não aceitou a ordem de abolição desta lei. A população sabe que a promulgação da lei teve origem nos incidentes violentos desencadeados por pessoas que se manifestavam contra a revisão da Lei de Extradição, com os rostos cobertos por máscaras negras. Estes incidentes violentos resultaram na destruição de edifícios, linhas de metro, fogo posto, etc. O rosto tapado torna impossível identificar os autores dos delitos, sendo portanto impossível imputar a responsabilidade criminal a desconhecidos por estes actos. Se a lei tivesse sido aprovada, os elementos responsáveis poderiam ter sido julgados. Teria sido uma forma de garantir a responsabilização criminal dos autores dos delitos e uma forma de acabar com as atrocidades. Mas o Tribunal de Primeira Instância declarou a inconstitucionalidade da lei, por considerar que ia contra a Lei Básica de Hong Kong e que teria de ser revogada. Foi uma notícia recebida com apreço pelos manifestantes e com desagrado pelo Governo. O Governo de Hong Kong apelou de imediato para que a revogação fosse suspensa. No passado dia 22, o Supremo Tribunal da cidade aprovou a suspensão. A suspensão é válida até dia 29 deste mês, para que o Governo tenha tempo de formalizar o apelo. A aprovação da suspensão traz um raio de esperança ao Governo. O Executivo deve aproveitar esta oportunidade para pedir ao Tribunal que considere a lei anti-máscaras constitucional, visto ter sido promulgada no âmbito do estado de emergência. A questão aqui não é o Governo ter perdido na Primeira Instância. O que é importante é que o Tribunal declare que o Governo de Hong Kong tem poderes suficientes para promulgar leis de excepção sempre que o estado de emergência seja declarado, medidas tendentes a acabar com as atrocidades e restaurar a paz social. Por agora, a população de Hong Kong aguarda ansiosamente a decisão do Tribunal. O Comité Jurídico do Congresso Nacional do Povo (CJCNP), declarou que a decisão do Tribunal de Primeira Instância enfraqueceu seriamente o poder do Chefe do Executivo e do Governo de Hong Kong. Considera também que esta decisão é inconsistente com a Lei Básica e com a decisão do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo (CPCNP). Saliente-se que, antes da reunificação de Hong Kong, o CPCNP considerava que a declaração de estado de emergência estava em conformidade com a Lei Básica da cidade. Como tal, após a reunificação, a declaração do estado de emergência é legal em Hong Kong. É regulada por um conjunto de leis que integram o Artigo 160 da Lei Básica. A declaração do estado de emergência foi uma decisão do CPCNP. Enquanto tribunal local, o Tribunal de Primeira Instância de Hong Kong não tem qualquer poder para declarar inconsistente uma decisão do CPCNP . Em resposta às declarações do CJCNP, Andrew Li Guoneng, antigo Secretário da Justiça de Hong Kong, salientou que, desde 1997, os Tribunais locais têm poder para decidir se as leis promulgadas em Hong Kong estão ou não de acordo com a Lei Básica. Em 1999, ou um pouco depois, quando o CPCNP analisou a Lei Básica, não se opôs a este princípio. A interpretação deste pilar da legislação da cidade pelo CPCNP é também uma das suas partes integrantes. Os Tribunais de Hong Kong devem deliberar de acordo com a interpretação da Lei Básica feita pelo CPCNP. Andrew Li Guoneng também salientou que o CPCNP pode apenas ter pretendido mostrar que a interpretação do Comité Permanente vincula os Tribunais de Hong Kong. No entanto, o Comité Permanente só se deve pronunciar sobre a Lei Básica em circunstâncias extraordinárias. Esta posição deve ser comunicada antes da deliberação dos Tribunais. Caso contrário pode ter consequências negativas na independência jurídica de Hong Kong. Como antigo Secretário da Justiça da Região Administrativa Especial de Hong Kong, não é surpreendente que Andrew Li tenha um certo peso e represente alguns pontos de vista dos profissionais da área jurídica. Na verdade, o CJCNP pronunciou-se após a decisão do tribunal de Primeira Instância, e as declarações de Andrew Li sobre o impacto negativo na independência jurídica de Hong Kong foram feitas nessa sequência. A preocupação sobre a independência jurídica dos Tribunais de Hong Kong para interpretar a Lei Básica advém desse poder ser conferido pelo CJCNP. A posição deste Comité Jurídico Nacional quanto ao poder dos Tribunais locais decidirem sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade das leis à luz da Lei Básica, pode criar nestes organismos a sensação de estarem a ser sujeitos às críticas de autoridades superiores, e a pressão naturalmente faz-se sentir. Embora Andrew Li tenha levantado a questão do impacto negativo na independência jurídica da cidade, neste caso particular, não me parece ser relevante. Como a declaração de estado de emergência foi revista e confirmada pelo CPCNP antes da reunificação de Hong Kong, está de acordo com a Lei Básica. Esta disposição foi feita quase 20 anos antes da actual decisão do Tribunal de Primeira Instância. Em que é que esta situação pode afectar a independência jurídica? No apelo do Governo de Hong Kong, é altamente provável que tenha sido dado ênfase ao facto de a declaração de estado de emergência estar prevista e de acordo com a Lei Básica. À luz da jurisprudência, não parece possível haver qualquer argumentação que refute esta posição. Do ponto de vista dos residentes comuns, a abolição da Lei Anti-Máscara significa que dispõem de menos uma ferramenta para controlar os motins e a violência. A segurança da população deve ser uma preocupação. Felizmente, o Supremo Tribunal emitiu uma ordem de suspensão da abolição da lei. Desde que o Governo de Hong Kong ganhe o recurso, acredito que este problema ficará completamente resolvido, quer a nível legal quer ao nível da comunidade. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Eleições e o seu contrário Carlos Morais José - 26 Nov 2019 [dropcap]A[/dropcap]s eleições de Hong Kong, apesar de se destinarem aos concelhos locais, constituíram uma gigantesca derrota para o governo de Carrie Lam. Por aqui se vê que não é preciso ameaçar pessoas, partir estabelecimentos ou escolas, vandalizar o metro, suspender a vida de uma cidade, para expressar a opinião e a escolha de forma eficaz. Ou seja, um acto eleitoral é sempre uma oportunidade que não deve ser rejeitada porque até numa região supostamente oprimida por forças autoritárias o povo consegue, através das urnas, fazer ouvir a sua voz. E essa voz aponta claramente a Carrie Lam a porta da rua. De Tung Chee-wa a Carrie Lam, passando por Donald Tsang e CY Leung, não se pode dizer que Hong Kong tenha conhecido um verdadeiro líder. Ou sequer um bom governo. Em termos sociais, a conjugação do confucionismo autocrático com o neoliberalismo criou uma sociedade altamente hierarquizada do ponto de vista financeiro com um vasto buraco no meio. Pequim deixou-se sempre enredar pelo dinheiro e pelos discursos patrióticos dos capitalistas locais, deixando apodrecer o status quo da população. Todos sabemos já quais são as grandes carências em Hong Kong e também sabemos que Macau não enfrenta uma situação semelhante devido à sua dimensão e a uma melhor distribuição dos proventos fáceis do Jogo. Falta agora Pequim ouvir a voz do povo, demitir Carrie Lam e nomear um governo interino que prepare o sufrágio universal para a eleição do futuro Chefe do Executivo. Com a salvaguarda de que os candidatos não pugnarão pela independência. Se o povo não gostar de nenhum dos candidatos que vote em branco. Mas votem. A democracia é assim: a violência o seu contrário.
O gato chamado paradoxo Anabela Canas - 26 Nov 2019 [dropcap]C[/dropcap]hegar a casa com a paradoxal exaustão de sentir que o dia foi demais e no entanto dizer para comigo se só isto, afinal. Sem haver reserva de uma disposição em frente para algo mais. Que preencha como a água reaviva uma planta. No dia que acabou, por muito que o queira ainda lavar e estender. Nesse apenas que é demais. E que ainda sobrem horas a consumir uma chama fraca com medo de se apagar no escuro. Agora, só esta cada vez menos serena e ainda ilusoriamente longa noite. Mas ainda há que comer. Ainda há que dormir. Ainda há que encontrar uma nesga entreaberta em expectativa para o amanhã. Seguir. Sento-me à mesa onde sempre pode surgir alguma coisa emergente, urgência ou impulso a mobilar este espaço de caixa forte, em que me sinto a transbordar e de vazio também. As folhas ásperas e boas, ainda lisas numa realidade plana a que falta acrescentar camadas. Os pincéis, alguns despenteados, que lhes deu, por onde andaram, está vento… Olho para o lado da janela e secretamente endereço um convite. Vem. Senta-se bem na minha frente. Por empatia, chega aquele ponto, por isso paradoxal, da noite. Sereno pontuar da exactidão de estar. E de nem estar, nem não estar. Feliz. Uma ausência boa, de definição. Uma transitória indefinição que é sempre ponto de passagem e que é a noite. Mas sentámo-nos frente a frente e interrogamo-nos. Por isso gosto tanto da noite. Um espaço de parágrafo entre dias. Tive um gato chamado Feliz, e agora, um paradoxo chamado gato. E já não está, está no céu, o gato. Uma nuvem pequena e branca entre as outras. Mas também está e não está, porque sempre aparece a sua memória em fino papel de seda, colada a estes momentos de chegar e estar. Chego a ouvir, quando a memória está um pouco desprevenida e ausente, algo como o ruído quase imperceptível das patinhas no corredor. Era suave no caminhar, mas uma unha mais sonora a pontuar o soalho, denunciava-o. Às vezes oiço-o, essa pequena memória encavalitada num qualquer ruído outro, no andar de cima ou no debaixo. Distraída acredito, mas por um ínfimo farrapo de tempo que logo se instala no saber que não vem. E é nessa pequena porção em que o meu tempo se distrai, que ele está e não está. Uma visita curta e doce. Como o gato de Schrödinger. Que nem está nem deixa de estar. Mas enquanto não haja demonstração maior. Está e não está. No interior secreto da caixa. Ambos os estados que, noutras circunstâncias dos dias, se excluem mutuamente. Mas não neste momento pendente sobre um amanhã ainda não anunciado. Gato de Schrödinger, não se sabendo o nome, ao bicho, chama-se-lhe paradoxo – o meu chamava-se Feliz – é a experiência intelectual de que aquilo que tem a possibilidade de ser no momento, uma coisa e o seu contrário, é uma coisa e o seu contrário. Quando é possível de verificar, deixa de existir como tal e passa a ser uma coisa ou o seu contrário. Estar presente ou ausente nesta imprecisão de lidar com as emoções na memória, com as expectativas no vazio da potencialidade do momento. Pequenas hipocrisias e grandes cobardias se expressam nesta não total ausência de poder. Como se do relativo ao absoluto, não fosse um passo. Realizar. Muito pior são aquelas questões em que se nos dispara aquele Mas. A palavra-território de todos os pequenos paradoxos diários enclausurados e domésticos, como bichos de casa a sonhar com o universo, vivido ou não, da selva. Pequenos deslumbramentos naturais que nos iludem, mas, desiludem. Esses perfumes cheios de clorofila em forma de folhas e de humidade em forma de mão. Tudo o que nos acende em profundidade até à completude de se ser quem se é em pleno redondo e absoluto ser. Todo o ser é redondo, sem picos agrestes e fissuras que ameacem fragmentar pelo meio, não geometricamente perfeito nem determinado. Mas um simples ali com se outro fosse. E poderia ser. Uma fractura na queda, ou uma quebra num impacto do ser contra o mundo, até mesmo pequenino, de um mau jeito um mau aroma e um mau viver de segundos. Mas. É a palavra que permite retrocesso no persistir errado, mesmo de acreditar. Um volte atrás enquanto é tempo. Mas. É o quebrar do absoluto arrogante. É o ter cuidado. A perplexidade do paradoxo felino. É o perscrutar sem opção uma janela do tempo e ainda assim a tempo voltar. Enquanto é tempo e o tempo for e deixar. Como o que podia ser mas não é. Esses são outros dias. E outros dias com um não sei quê de Sísifo. O quê de Sísifo. Não é mito. É metáfora. Aquela sensação de subir os dias a pique. E voltar ao sopé. Irremediável e repetida impressão de frustrante inutilidade de tudo o que a custo e de tudo o que com esperança. Também o tricot de Penélope a fazer estender o tempo para haver lugar à espera desejada. Os GIFS. Fujo de ficar presa. A ilustração nos tempos modernos do mito do malogrado e eterno Sísifo. Um disco de vinil riscado numa parte boa. Um soluço imparável. Uma queda que não termina ou se repete para sempre. O erro. Caminha-se eternamente sem chegar, cai-se para sempre caindo. São registos da persistência da memória no seu pior e mais aterrorizante feitio de eternidade. Têm vestígios de uma eternidade boa, por vezes, porque na hábil e contínua repetição, se pode ficar para sempre, como à beira de uma onda que nunca vem forte demais se for boa. O que tenho a oferecer (me), situa-se nos cúmulos. Das nuvens mutantes e migratórias, o cúmulo do desvelo e o cúmulo da tempestade. É assim. Nada de meios-termos, em geral, nas nuvens que me assolam o passo. Nada de meios-termos no que sinto, no que faço. Visão romântica da natureza em turbilhão e em mim. Mas às vezes, este conforto muito particular. Ser e não ser. Sem ser uma questão. Por momentos. Como o vício do claro-escuro. É quando prefiro este estar e não estar, que às vezes me acolhe como uma luva peluda e quente. Como um resto de verão. Um paradoxo chamado gato.
A barca do mundo Amélia Vieira - 26 Nov 2019 [dropcap]C[/dropcap]lima e urgência para o debate no Mundo que neste instante reflecte o seu destino comum, um momento galvanizador da consciência da vida e das suas transformações a curto prazo geram uma emergente expressão de combate a muitas vozes. Estamos a criar uma consciência cósmica repentina, e já nem espaço há para o bucólico regresso às fontes de que nos fomos libertando pela conquista de um bem estar não menos comum. Os países pobres alertam-nos ainda mais a consciência pois eles são as primeiras vítimas deste desequilíbrio e os que mais padecem neste momento, é já da ordem das antigas epidemias, por ora, é o que vemos acontecer ano para ano, pois o tempo se estreita nas suas variantes e a matéria tem de reequilibrar a sua massa que esgotada parece estar, é um processo, e se reorganiza para estruturar um outro em plena continuidade de movimentos e imprevisíveis fenómenos que pode liquidar desde já populações inteiras. O momento em que vivemos estes diálogos estão bem longe das práticas militantes dos anos sessenta em que a fuga para a natureza representava o desabotoar das roupas para o torneio do nu em grandes descampados depois das vestes severas que os antecederam. A natureza como retábulo idílico era uma coisa aceite na vanguarda dos insurrectos que logo que a juventude passou vieram fazer as suas vidas no grande espectro liberal e por lá se mantiveram até ao grande Banquete de todas as formas de extorsão energética que a Terra dava de forma ilimitada, juntaram a isto as guerras e os interesses comerciais e fundaram novas elites; estávamos ainda a caminhar para o auge, o dia perfeito, a abundância de fluxo, hoje, porém, a dinamização juvenil não ergue essa bandeira, e há muito ( se é que alguma vez chegou a sê-lo) não traz no seu código nenhuma forma de epicurismo, antes pelo contrário, vem activa, receosa, grave: jamais vimos uma juventude tão protocolar, tão atenta, tão firme e consciente, parecendo que vêem mais longe que o momento agora com uma transparência que não conhecíamos. Estamos fustigados não só por ventos ciclónicos como o estamos também por discursos novos, condenatórios, arrepiantes, a que não valerá a pena ripostar com a esperança da vida curta que nos resta e a sobranceria dos códigos, e nessa frecha aberta como uma avalanche de abismos titubeamos de forma concertada, tendemos a consentir mas sem no fundo entendermos bem, pois que a nossa versão nos destinos do mundo foi exactamente a inversa – consentimento e regalias – e com tanta ambulância foi essa outrora juventude que se prolongou no engodo de que o mundo lhe pertencia, quem está agora a ser confrontada com uma velhice que não merece e a pesar as suas próprias práticas inconscientemente tão funestas. É um alarme e os sinos soam a rebate! Nem sempre o que estamos à espera vem exactamente do lado esperado, e uma das mais vitoriosas formas que a vida nos dá é a sua capacidade de surpreender-nos, julgamos a partir do tangível ter a resposta para a efeito, mas as causas não se dão para satisfazer a nossas aparentes infalibilidades, para dizer, que neste jogo dos imponderáveis o que se rompe são estruturas cujos desígnios também desconhecemos, não valendo a pena por isso falar de um amontoado de números de milhões e biliões, pois que um dos disfarces da ignorância é revestir-se de muito. O que está de facto no grande «Olho do Vulcão» é a nossa perspectiva face a um modus vivendi cuja condição indisfarçavelmente não dá respostas para a saída do Labirinto. E não vale a pena contestar as Vacas, os Touros, que o centro é Minotaurico e está ainda representado pela inacessibilidade. Seremos nós quem ruminamos agora com dentes feitos só para sorrir e uma estrutura física desadequada para atravessar o estertor desta futura dimensão desconhecida? Quem sabe, nunca as coisas foram tão inúteis e tão pesadas para manter viva uma certa noção de Humano. A vida não acaba, nem tão pouco acaba aqui, na luta com fenómenos extremos, que nós sempre fomos extremados e continuamos sendo essa massa poderosa em expansão onde o paternalismo das hostes arranja sempre maneira de sustentar a sua ordem, mas agora, neste labirinto um tanto inefável, digamos, passando pelos que desistem do sexo com que nasceram para o transformar no outro, talvez nem valha a pena tanto dano uma vez que se pode ser andrógino no corpo nascido, isto apenas para dizer que poderemos adaptarmo-nos a severas mudanças a partir de órgãos novos e adaptações não sonhadas. Mas, e aqui está a dúvida: seremos ainda nós nessas formas de adaptação, ou seremos outros, na base deste longo ensaio? Estas questões só podem ser consentidas quando o medo da morte se dissipar, dado que também já não estamos longe de deslindar esse quase eterno sufoco acerca da brevidade da vida. Por isso, e para que não nos pese a vida mais, será preciso atender ao novo dela, ou estaremos irreconhecivelmente envelhecidos para responder para o que as nossas vidas servem. Ela servirá para viver, sem dúvida, mas todas as vidas estão subordinadas ao mesmo estatuto, e a nossa não será a mais consentânea sequer com as suas leis; que nos crescesse de repente uma certa compaixão por ela enquanto todo só abona a nosso favor pois que abarcamos nesta Arca todos aqueles que vão connosco. É tarde demais para glossários, de facto, estremecem os dias, e as nossas vidas terão de ser conduzidas pelas vozes dos Vindouros, esses, que nem sabemos bem quem são, tão atrapalhados nos tornámos com as competências e as fomes eternas. São as «Novas Epístolas aos Vindouros» e nós estaremos com eles, ou eles seguirão sozinhos e tão conscientes, que perderemos o melhor da nossa missão. Pensai que à doce Mística opusemos a acre e fria dialéctica E varremos a nobre Metafísica com a vassoura da Economia Que na ânsia pueril de termos tudo, reduzimos as dúvidas pretéritas – Angustiosas mas fecundas, a certeza do nada. … e empalhámos todas as formas vivas desde o coito à poesia… … desta época atroz da infância das técnicas… Orai por nós, orai por nós «Epístolas aos Vindouros» Carlos Queiroz
Viver nos funerais Paulo José Miranda - 26 Nov 2019 [dropcap]D[/dropcap]enilson vivia nos funerais. Todos os dias lia os obituários dos jornais da cidade e dirigia-se aos lugares de culto, últimas homenagens ao morto, entregando frases de efeito em pequenos papéis, que ele mesmo escrevia. Eram frases como aquelas que vemos hoje nas redes sociais, com o objectivo de trazer conforto aos sobreviventes. Depois, no final, passava de novo com um boné, recolhendo algumas moedas que as pessoas lhe davam. Algumas delas, tão emocionadas com a frase que lhe tinha calhado, e por entre lágrimas e reconhecimento, acrescentavam ao gesto uma nota mais gorda, deixando escapar a Denilson um agradecimento mais efusivo. Invariavelmente, ao fim do dia sentava-se nas cadeiras de plástico da roulotte da Samira, no bairro onde vivia, pedia dois pastel e uma cerveja com camisinha, e ali ficava deitando conversa fora com a dona da negócio. Quando Samira lhe perguntou se não batia uma tristeza, estar sempre em contacto com o desespero dos vivos à beira dos mortos, Denilson respondeu que não. “E depois tem desespero e desespero, nê! Um funeral de criança tem sempre mais comoção.” Mas ainda assim, Denilson tirava de letra, estava imune à tristeza. Na verdade, contou a Samira que “Sempre tive uma alegria estranha nos funerais, que não sei bem explicar. Desde criança. Nunca soube explicar, mas acho que é de saber que eu vou continuar aqui. De não ser eu que morro, entende? Nunca pensei muito nisso. Mas funeral me dá muita satisfação.” Samira largou um “eu, hem!” de desagrado e incompreensão e Denilson continuou bebendo a sua cerveja. Apareceu mais um cliente de pastel rápido e “refri”, que Samira atendeu, sem conseguir afastar da cabeça as palavras do amigo. Parecia macabro. Morte é coisa sagrada. E Denilson parecia brincar com isso, não tinha esse direito. Não estava certo ganhar a vida com a tristeza dos outros e ainda se alegrar com isso. Mas para Denilson, importante era encontrar um modo de pagar a vida. E, no caso dele, pagava a vida e ainda ganhava de brinde satisfação. E ele tinha culpa, se tinha prazer de sobreviver aos que morriam? Não pensava muito mais nisso, e embrenhava-se em mais frases de efeito que escrevia para comover os sobreviventes, de modo a darem-lhe uns trocos com que pudesse comer. Ninguém sabe por que aqui anda, nem para onde vai quando morre, por conseguinte temos de ter proveito do tempo em que cá estamos. Viver nos funerais era, para Denilson, o que é para a maioria das pessoas uma vitória pessoal. Todos os dias se levantava para sentir esse frémito de sobreviver àqueles que jaziam no caixão entre as lágrimas dos outros. Não fazia mal a ninguém e havia modos muito piores de se ganhar a vida.
Inaugurado restauro da Sala D. João IV do Palácio da Ajuda Michel Reis - 26 Nov 2019 [dropcap]F[/dropcap]oi inaugurada no passado dia 9 de Novembro a Sala D. João IV no Palácio Nacional da Ajuda (PNA), após 18 meses de obras no valor de 260.587 euros, patrocinadas pela Fundação Millennium BCP. A cerimónia foi presidida por Marcelo Rebelo de Sousa, na qual usaram também da palavra, antes do Presidente da República Portuguesa, o Director do PNA, José Alberto Ribeiro, a Directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, o Presidente da Fundação Millennium BCP, António Monteiro, e a Ministra da Cultura, Graça Fonseca. O restauro devolveu a autenticidade integral a uma sala do tempo do Rei D. João VI (1767-1826), uma das maiores do ex-palácio real, com 170m2, situada no piso nobre do edifício, uma das “salas de aparato” onde se realizavam diferentes cerimónias. Totalmente revestida a pintura, a das paredes é atribuída ao “pintor do rei”, José da Cunha Taborda (1766-1836), enquanto a do tecto é da autoria do famoso pintor Domingos Sequeira (1768-1837). Ambas as pinturas foram executadas, com toda a probabilidade, em 1823. Taborda, na parede poente, retrata o “Acto do Juramento Solene de D. João IV”, ocorrido a 15 de Dezembro de 1640 e, nas restantes, coloca uma atenta assistência, constituída pela pequena nobreza, burguesia e povo. A obra de Sequeira para o tecto reproduz a “Alegoria da Justiça e da Concórdia”, tela pintada em Roma, em 1794. No centro, o artista pintou a Justiça e a Sabedoria abraçadas, tendo por perto um génio exibindo uma cadeia quebrada. À direita, a Pátria e o Génio Tutelar do Reino repelem duas criaturas maléficas. Para o director do PNA, José Alberto Ribeiro, é evidente a associação que se pretendeu fazer entre a libertação e restauração da Pátria em 1640, levada a cabo por João IV, e a acção igualmente libertadora de D. João VI, cerca de século e meio depois, mas agora em relação aos franceses. As tropas francesas invadiram Portugal entre 1807 e 1811, quando foram repelidas por um exército luso-inglês. Na opinião de José Alberto Ribeiro, a pintura de Domingos Sequeira visa “relevar os méritos da Dinastia [de Bragança] evocando o [seu] iniciador e representante ao tempo da construção do palácio real; e a ideia da libertação, da quebra da cadeia opressora, está sempre na base do nascer de uma nova era para Portugal”. O Palácio da Ajuda foi residência régia até 1910, tendo sido sua última ocupante a rainha D. Maria Pia de Sabóia (1847-1911), avó de D. Manuel II (1889-1932), último rei de Portugal. A soberana foi também quem mais se empenhou na decoração do palácio e a quem se devem as suas colecções de arte e as grandes encomendas de pratas. A construção do Palácio da Ajuda, situado no alto da colina da Ajuda e com uma soberba vista sobre o Tejo, iniciou-se em 1796, por ordem do Príncipe D. João (futuro rei D. João VI). Depois do terramoto de 1755, a família real tinha-se mudado para a zona da Ajuda, onde os terrenos eram mais seguros, habitando o Paço Real, um edifício em madeira, também conhecido como Barraca Real. Em 1794, um incêndio acidental destruiu esta habitação e surgiu a necessidade de construir novos aposentos reais, desta vez edificados em pedra e cal. O projecto barroco original foi iniciado por Manuel Caetano de Sousa, arquitecto das Obras Públicas. Posteriormente, e depois de uma paragem de 5 anos, a grandiosa obra é retomada pelos arquitectos Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, com um novo projecto de inspiração neoclássica, contando com a ajuda de outros artistas, nacionais e internacionais. O que se vê hoje não representa o ambicioso projecto inicial, que contemplava a construção de um dos maiores palácios da Europa, com jardins a perder de vista. A obra não se concretizou porque a família real partiu para o Brasil, em 1807, devido às invasões francesas, e ficaria mesmo inacabada. O Palácio, recorde-se, encontra-se a sofrer profundas obras de requalificação, tendo por objectivo concluir a fachada poente do edifico, um projecto do arquitecto João Carlos Santos, ala do imóvel que nunca foi acabada e que acolherá o Museu da Jóias da Coroa. É nessa ala que vai ficar instalada a Exposição Permanente do Tesouro Real, com milhares de jóias da coroa portuguesa e tesouros da Casa Real. O museu vai ter ainda objectos de prata e elementos decorativos, documentos e peças de iconografia. O investimento total é de cerca de 21 milhões de euros e está a ser financiado pelo Ministério da Cultura, Associação do Turismo de Lisboa e pelos fundos da taxa turística cobrada na cidade. Mais de 200 anos depois, o Palácio Nacional da Ajuda vai, assim, finalmente ficar completo. Prevê-se que as obras que começaram em Fevereiro deste ano irão terminar em 2020.
Papa confessa ao imperador Nahurito que os pais choraram por Hiroshima Hoje Macau - 26 Nov 2019 [dropcap]O[/dropcap] Papa Francisco contou ontem ao novo imperador do Japão Nahurito durante um encontro no palácio imperial que os seus pais choraram quando caiu a bomba nuclear em Hiroshima em 1945, segundo fontes oficiais. De acordo com fontes da Casa Real, o Papa contou que tinha 9 anos na altura e lembra-se de ter visto os pais a chorar quando ouviram notícias sobre as bombas atómicas. As mesmas fontes informaram que o imperador, que não esteve acompanhado pela imperatriz Masako, agradeceu ao Papa pela reunião que teve de manhã com as vítimas do sismo de Fukoshima, que causou um enorme tsunami. O Papa e o imperador discutiram também o meio ambiente e a importância da água, tendo Francisco explicado que a crise ambiental é muito difícil de resolver porque está ligada à economia e acrescentou que é por isso que se diz que a água causará o próximo conflito. O Papa deu a Naruhito um mosaico feito pela fábrica do Vaticano que reproduz uma vista do Arco de Tito, em Roma, pelo pintor Filippo Anivitti. O Papa e Naruhito tiveram uma reunião no Vaticano em 2016, quando este ainda não era imperador. Mensagem central Neste terceiro dia de sua visita ao Japão, Francisco também vai encontrar-se também com o primeiro-ministro Sinzho Abe. O Papa iniciou no sábado uma visita ao Japão, segunda etapa da sua deslocação à Ásia, para divulgar uma mensagem sobre o desarmamento nuclear. Francisco é o chefe da igreja católica que mais condenou o uso de armas nucleares e falou sobre o tema no domingo em Nagasaki e Hiroshima, cidades destruídas pelas bombas atómicas lançadas pelos Estados Unidos em 1945. As bombas atómicas lançadas em Hiroshima (6 de Agosto) e em Nagasaki (9 de Agosto) mataram mais de 220 mil pessoas, e provocaram a capitulação do Japão e o fim da segunda Guerra Mundial, em 15 de agosto de 1945.
Austrália | Investigada alegada trama para infiltrar espião chinês no parlamento Hoje Macau - 26 Nov 2019 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas estão a investigar uma alegada conspiração chinesa para infiltrar um agente no parlamento australiano, num caso que o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, citado ontem pelos media locais, considerou “profundamente perturbador e preocupante”. O canal de televisão australiano Nine Network divulgou neste domingo o caso em que agentes chineses ofereceram a um vendedor de carros de luxo de Melbourne, chamado Bo Zhao, um milhão de dólares australianos (616.000 euros) para concorrer como candidato a um assento no parlamento em Melbourne. O homem, de 32 anos, foi encontrado morto num quarto de hotel daquela cidade, em Março, depois de ter contactado a ASIO, a agência de contraespionagem da Austrália. A polícia não conseguiu determinar a causa da sua morte. “O Governo nunca esteve tão determinado em manter os australianos livres e a salvo de interferência estrangeira”, disse Morrison, citado pela imprensa australiana. “Eu alerto para que não se tire conclusões precipitadas sobre este assunto”, sublinhou. O director-geral de segurança da ASIO, Mike Burgess, considerou as acusações graves. “A actividade hostil, desenvolvida por serviços de inteligência estrangeira, continua a representar uma ameaça real à nossa nação e à nossa segurança”, apontou. “A ASIO vai continuar a enfrentar e a combater a interferência e a espionagem estrangeira na Austrália”, apontou. O chefe do comité parlamentar para os serviços de inteligência, o deputado Andrew Hastie, pediu uma investigação sobre a morte de Zhao. “Isso não é apenas dinheiro em troca de favores. Trata-se de uma tentativa, patrocinada pelo Estado, de infiltração no nosso Parlamento, recorrendo a um cidadão australiano, para basicamente geri-lo como um agente de influência estrangeira no nosso sistema democrático”, afirmou, em entrevista ao Nine Network. No início do mês, Hastie disse que ele e o senador James Paterson, membro do Partido Liberal, foram impedidos de entrar na China para uma viagem de estudo, devido a críticas feitas ao Governo chinês anteriormente. Enredos e bizarrias Em Pequim, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, disse ontem que alguns políticos, instituições e meios de comunicação australianos “atingiram um estado de histeria e extremo nervosismo”. “Não importa o quão bizarro é o enredo e como os truques são renovados, a mentira é sempre mentira”, acusou Geng, em conferência de imprensa. “Nunca estivemos e não estamos interessados em interferir nos assuntos dos outros”. O porta-voz pediu às autoridades e jornalistas australianos que adoptem uma atitude saudável em relação à China, no interesse das relações bilaterais, bem como da sua própria “saúde física e mental”. As últimas revelações acontecem dias depois de um alegado espião chinês ter pedido asilo à Austrália em troca de providenciar à ASIO informações secretas sobre como Pequim conduz as suas operações de interferência no exterior e revelar as identidades de altos oficiais da inteligência militar da China a operar em Hong Kong. Wang Liqiang revelou acusações detalhadas de como a China se infiltrou e perturbou os sistemas democráticos na Austrália, Hong Kong ou Taiwan, e como agiu como funcionário de uma empresa listada em Hong Kong, a China Innovation Investment Ltd. Num comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa revelou que os funcionários da empresa, identificados como Xiang Xin e Kung Xing, foram parados no aeroporto de Taoyuan, em Taiwan, para interrogatório, e que estão a cooperar com os investigadores. A China tentou desacreditar Wang, dizendo no domingo que ele foi condenado por fraude e é procurado pela polícia de Xangai. “Ele está na Austrália. E temos um Estado de direito na Austrália”, disse Morrison sobre Wang, que mora em Sidney com a esposa e filho, mas tem neste momento um visto de turista. O Governo australiano tem tentado neutralizar a influência da China, proibindo doações por entidades estrangeiras a partidos políticos australianos e toda a interferência estrangeira secreta na política doméstica. A China absorve cerca de um terço das exportações da Austrália, país rico em recursos naturais.
Austrália | Investigada alegada trama para infiltrar espião chinês no parlamento Hoje Macau - 26 Nov 2019 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas estão a investigar uma alegada conspiração chinesa para infiltrar um agente no parlamento australiano, num caso que o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, citado ontem pelos media locais, considerou “profundamente perturbador e preocupante”. O canal de televisão australiano Nine Network divulgou neste domingo o caso em que agentes chineses ofereceram a um vendedor de carros de luxo de Melbourne, chamado Bo Zhao, um milhão de dólares australianos (616.000 euros) para concorrer como candidato a um assento no parlamento em Melbourne. O homem, de 32 anos, foi encontrado morto num quarto de hotel daquela cidade, em Março, depois de ter contactado a ASIO, a agência de contraespionagem da Austrália. A polícia não conseguiu determinar a causa da sua morte. “O Governo nunca esteve tão determinado em manter os australianos livres e a salvo de interferência estrangeira”, disse Morrison, citado pela imprensa australiana. “Eu alerto para que não se tire conclusões precipitadas sobre este assunto”, sublinhou. O director-geral de segurança da ASIO, Mike Burgess, considerou as acusações graves. “A actividade hostil, desenvolvida por serviços de inteligência estrangeira, continua a representar uma ameaça real à nossa nação e à nossa segurança”, apontou. “A ASIO vai continuar a enfrentar e a combater a interferência e a espionagem estrangeira na Austrália”, apontou. O chefe do comité parlamentar para os serviços de inteligência, o deputado Andrew Hastie, pediu uma investigação sobre a morte de Zhao. “Isso não é apenas dinheiro em troca de favores. Trata-se de uma tentativa, patrocinada pelo Estado, de infiltração no nosso Parlamento, recorrendo a um cidadão australiano, para basicamente geri-lo como um agente de influência estrangeira no nosso sistema democrático”, afirmou, em entrevista ao Nine Network. No início do mês, Hastie disse que ele e o senador James Paterson, membro do Partido Liberal, foram impedidos de entrar na China para uma viagem de estudo, devido a críticas feitas ao Governo chinês anteriormente. Enredos e bizarrias Em Pequim, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, disse ontem que alguns políticos, instituições e meios de comunicação australianos “atingiram um estado de histeria e extremo nervosismo”. “Não importa o quão bizarro é o enredo e como os truques são renovados, a mentira é sempre mentira”, acusou Geng, em conferência de imprensa. “Nunca estivemos e não estamos interessados em interferir nos assuntos dos outros”. O porta-voz pediu às autoridades e jornalistas australianos que adoptem uma atitude saudável em relação à China, no interesse das relações bilaterais, bem como da sua própria “saúde física e mental”. As últimas revelações acontecem dias depois de um alegado espião chinês ter pedido asilo à Austrália em troca de providenciar à ASIO informações secretas sobre como Pequim conduz as suas operações de interferência no exterior e revelar as identidades de altos oficiais da inteligência militar da China a operar em Hong Kong. Wang Liqiang revelou acusações detalhadas de como a China se infiltrou e perturbou os sistemas democráticos na Austrália, Hong Kong ou Taiwan, e como agiu como funcionário de uma empresa listada em Hong Kong, a China Innovation Investment Ltd. Num comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa revelou que os funcionários da empresa, identificados como Xiang Xin e Kung Xing, foram parados no aeroporto de Taoyuan, em Taiwan, para interrogatório, e que estão a cooperar com os investigadores. A China tentou desacreditar Wang, dizendo no domingo que ele foi condenado por fraude e é procurado pela polícia de Xangai. “Ele está na Austrália. E temos um Estado de direito na Austrália”, disse Morrison sobre Wang, que mora em Sidney com a esposa e filho, mas tem neste momento um visto de turista. O Governo australiano tem tentado neutralizar a influência da China, proibindo doações por entidades estrangeiras a partidos políticos australianos e toda a interferência estrangeira secreta na política doméstica. A China absorve cerca de um terço das exportações da Austrália, país rico em recursos naturais.
(Des) Conexões | A nova liberdade de Guilherme Ung Vai Meng Andreia Sofia Silva - 26 Nov 2019 Mais de uma dezena de pessoas quiseram ouvir Guilherme Ung Vai Meng no Museu Berardo a explicar uma exposição fora do comum, feita a quatro mãos com o artista Chan Hin Io. Com (Des) Construção, o ex-presidente do Instituto Cultural assume ter feito coisas que nunca imaginou fazer. Agora resta continuar a pensar e a descobrir em novas formas de contar Macau [dropcap]S[/dropcap]ábado à tarde, Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Mais de uma dezena de pessoas reúnem-se para acompanhar a visita guiada à exposição (Des) Construção, com dezenas de peças onde se inclui a fotografia, a instalação e vídeo, da autoria de Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que formam o colectivo YiiMa. Mas antes de explicar uma exposição que revela o que Macau foi e que está, aos poucos, a deixar de ser, Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural (IC), começa com uma maneira de original de explicar aos interessados parte do que vão ver, ao ensinar os visitantes a trabalhar pedaços de bambu como tradicionalmente se faz no sector da construção civil em Macau. Os dedos enrolam a ráfia à volta de pedaços de bambu que é oriundo do Alentejo, e não da China. Ung Vai Meng vai explicando uma prática muito comum em Macau, mas que poucos das gerações mais novas querem aprender. A arte de trabalhar o bambu é retratada em duas imagens da exposição, bem como numa grande instalação presente numa das salas. “Há dois anos, quando visitei o Mosteiro da Batalha, que é lindíssimo, vi que ao lado havia um túmulo, e pensei em usar algo oriental e construir um pórtico”, contou aos visitantes. Pelo meio, há um ou outro comentário que escapa sobre as decisões do Governo, nomeadamente no que diz respeito à imagem dentro da antiga Central Termoeléctrica da Areia Preta, destruída para dar lugar a habitação pública. “É pena”, disse. (Des) Construção quase que pode ser chamado de símbolo da liberdade criativa que Guilherme Ung Vai Meng conseguiu desde que deixou a presidência do IC, num processo envolto em polémica, sobre o qual não quer falar. Reformado e a dar aulas de arte na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, Ung Vai Meng assume que a política nunca foi algo de que gostasse muito. “Penso que a vida artística não tem fim, sempre quero aprender e ver coisas novas. Antes da minha reforma nem pensava nisso. Desde que me reformei sou muito mais livre, também posso pensar em muitas coisas, ao nível da instalação, escultura, antes nunca tinha feito”, contou ao HM depois da visita guiada. Apesar de ter estado 34 anos no IC, Ung Vai Meng conta que nunca ambicionou cargos de topo como aquele que desempenhou. “Sou uma pessoa natural, não sou ambicioso. Se aparecer, tudo bem, se não aparecer, tudo bem na mesma. Quando me reformei nunca pensei que fosse fazer algo no Museu Berardo. Se nada aparecesse iria continuar a desenhar ou a pintar.” Imagens que ficam Visitar (Des) Construção é depararmo-nos com algo nunca antes feito. Em templos budistas com estruturas de bambu, em antigas casas chinesas com cartazes na parede, nas Ruínas de São Paulo, repousam fotografias com detalhes em que ninguém repara. Há depois o olhar dos próprios artistas cujos corpos se transformam em anjos. Ung Vai Meng explica ao HM que é como se fossem omnipresentes num território em constante mutação. “Sou pintor e registo paisagens, incluindo as de Macau. Também escrevi um livro sobre a Macau passada. Mas vivemos no século XXI e temos de procurar maneiras novas, ao invés de pintar ou escrever, para contar como era Macau. Por isso utilizámos os nossos corpos como testemunha para olhar o nosso mundo.” “Sabemos que o anjo tem características muito especiais, consegue aparecer em qualquer sítio, entrar, seja no século XIX, XVI, dentro de casa ou ao ar livre. Somos testemunhas que olhamos, pois os anjos são neutros, nem são maus, nem bons”, relatou. Esta descoberta constante faz parte da nova vida de Ung Vai Meng. “Trabalhei 34 anos como funcionário do IC e fiquei um bocado cansado. Quis procurar novamente a minha vida de artista. Continuei a pintar e a desenhar, mas em vez de só pintar tenho procurado maneiras de mostrar Macau.” O facto de a Macau mais tradicional estar a desaparecer não assusta ou afecta Ung Vai Meng, que considera esta mudança natural em muitas cidades, quer sejam asiáticas ou europeias. “Foi ideia do nosso curador, João Miguel Barros, de olhar para os espaços antigos de Macau. Tínhamos de encontrar uma lógica para organizar esta exposição e penso que isso não acontece só em Macau, mas também na Europa, em Portugal. Por isso em vez de escrever um livro para contar como era Macau, penso que a imagem visual tem mais poder. Por isso fiz este projecto.” Para o ex-dirigente político, “é normal que sítios ou coisas desapareçam”. “Ontem visitei amigos cá em Portugal e cada pessoa, ou família, em cada sociedade, as coisas estão a desaparecer. É normal, sou testemunha, não tenho respostas. Se algo desaparecer, vão aparecer coisas novas. Sempre olhei para a frente e muitas vezes o passado é um background para conhecer melhor o futuro”, frisou. Ung Vai Meng prefere não comentar as actuais políticas na área da cultura, numa altura em que o IC é liderado por Mok Ian Ian, depois de várias mudanças na liderança. Mas o artista assume que as especificidades culturais fazem de Macau um território especial. “Macau é um sítio onde a cultura é algo muito importante e não é fácil, pois nem todas as cidades lidam com esta profundidade cultural, incluindo o património. Para mim a cultura é um recurso que precisa de ser desenvolvido.” Questionado sobre o que poderia ter feito melhor enquanto esteve à frente do IC, Ung Vai Meng prefere nada apontar. “Fiz aquilo que tinha de fazer. Cabe ao público avaliar se o meu trabalho foi bom ou mau. Penso que tentei o meu melhor, não sei se é bom ou mau, cabe aos cidadãos avaliar. Mas em qualquer área, para um funcionário público, deve ser assim, não apenas na área da cultura.”
Registo criminal | DSAL diz que pedido a TNR’s depende de análise Andreia Sofia Silva - 26 Nov 2019 [dropcap]C[/dropcap]han U Tong, director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), respondeu ao deputado Lei Chan U que a possibilidade de vir a pedir registos criminais a todos os trabalhadores não residentes (TNR) dependerá de análises futuras. “Relativamente à necessidade de estender a obrigação acima referida a todos os TNR domésticos, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) manterá uma estreita ligação com associações, órgãos e outros serviços relevantes, levando em conta vários factores e opiniões da sociedade e avaliando a eficácia das actuais medidas e a situação do mercado de trabalho. Isto a fim de rever e aperfeiçoar continuamente as disposições sobre o pedido de permanência de TNR”, lê-se na resposta ao deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Actualmente cabe ao CPSP fazer o pedido dessa documentação em casos pontuais, como é o caso dos TNR que pretendam trabalhar na área da segurança privada. No que diz respeito à possível obrigatoriedade dos TNR domésticos entregarem relatórios com exames médicos, a DSAL relembra a existência da lei da protecção de dados pessoais e promete “continuar com uma mente aberta para ouvir as opiniões de todos os sectores sociais e fazer uma análise cuidadosa em articulação com a situação real da sociedade”.
Registo criminal | DSAL diz que pedido a TNR’s depende de análise Andreia Sofia Silva - 26 Nov 2019 [dropcap]C[/dropcap]han U Tong, director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), respondeu ao deputado Lei Chan U que a possibilidade de vir a pedir registos criminais a todos os trabalhadores não residentes (TNR) dependerá de análises futuras. “Relativamente à necessidade de estender a obrigação acima referida a todos os TNR domésticos, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) manterá uma estreita ligação com associações, órgãos e outros serviços relevantes, levando em conta vários factores e opiniões da sociedade e avaliando a eficácia das actuais medidas e a situação do mercado de trabalho. Isto a fim de rever e aperfeiçoar continuamente as disposições sobre o pedido de permanência de TNR”, lê-se na resposta ao deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Actualmente cabe ao CPSP fazer o pedido dessa documentação em casos pontuais, como é o caso dos TNR que pretendam trabalhar na área da segurança privada. No que diz respeito à possível obrigatoriedade dos TNR domésticos entregarem relatórios com exames médicos, a DSAL relembra a existência da lei da protecção de dados pessoais e promete “continuar com uma mente aberta para ouvir as opiniões de todos os sectores sociais e fazer uma análise cuidadosa em articulação com a situação real da sociedade”.
Inquérito | Quase 20% dos gays de Macau já pensaram em suicídio João Luz - 26 Nov 2019 O terceiro inquérito da Associação Arco-Íris de Macau traça um cenário negro para a comunidade LGBT local, em particular para os homens, com 22 por cento dos inquiridos a confessaram ter sido alvo de violência doméstica e 18,9 por cento dos participantes homossexuais a revelaram já ter pensado em suicídio [dropcap]U[/dropcap]m inquérito promovido pela Arco-Íris de Macau indica que 22 por cento da comunidade LGBT+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros e outros grupos) já foram alvo de violência doméstica, um dado “alarmante”, sublinhou ontem a associação. “A ocorrência de violência doméstica na comunidade LGBT+ é alarmante, já que no inquérito descobriu-se que uns impressionantes 22 por cento daqueles que responderam já sofreram violência doméstica perpetrada pelos seus companheiros”, lê-se no comunicado distribuído na conferência de imprensa. “A lei da violência doméstica deve ser revista para incluir a protecção da comunidade LGBT+”, sustentou o activista Jason Chao, durante a conferência de imprensa que serviu para apresentar os resultados. Os resultados do inquérito ‘online’ feito a quase um milhar de pessoas, a maior amostra dos três estudos elaborados pela associação. Como os formulários foram respondidos online, acabaram por ficar entre as faixas etárias dos 20 e 30 anos, facto que Jason Chao lamentou por não ter meios de recolher dados membros mais velhos da comunidade. Outro trunfo da metodologia do inquérito foi a aproximação à realidade demográfica de Macau, com uma ligeira variação de cerca de meio ponto percentual. Dor masculina Um dos dados mais chocantes revelados pelo inquérito da Arco-Íris de Macau dão conta de que 14 por cento dos membros da comunidade LGBT já consideraram cometer suicídio, com a maior percentagem a ser registada entre homossexuais (18,9 por cento), seguidos dos homens bissexuais (17,6 por cento) e das lésbicas (11,2 por cento). As mulheres bissexuais que confessaram ter tido pensamentos suicidas foram o grupo com resultados menos negativos, com 6,6 por cento. Face aos níveis de discriminação e felicidade revelados pelo inquérito conclui-se que “os homossexuais merecem mais atenção porque têm mais probabilidade de ter pensamentos suicidas, uma vez que sentem ser alvo de maior discriminação”, destacou Jason Chao. A discriminação sentida pela comunidade LGBT+, numa escala máxima de 10 pontos, é de 7,17 pontos, um valor considerado “alto” pela associação, de novo com os homossexuais a aparecerem como o grupo onde o resultado foi mais negativo. “Uma maior percentagem de homossexuais (38,5 por cento) sofreu insultos verbais devido à sua orientação sexual”, de acordo com a mesma nota, na qual se sublinha o facto de essa percepção ser substancialmente maior (10 por cento) em relação a outros grupos: 27,1 por cento nos homens bissexuais, 25,4 por cento entre as lésbicas e 14,2 por cento pelas mulheres bissexuais. O inquérito foi apresentado ontem a representantes do Instituto de Açcão Social. “Para nossa surpresa foi-nos dito que estavam interessados no estudo e que gostaria que fosse analisada a discriminação objectiva”, adiantou aos jornalistas o director-geral da Arco-Íris de Macau, Anthony Lam. Com Lusa
Conselho das Comunidades | Dirigentes reeleitos por mais três anos Andreia Sofia Silva - 26 Nov 2019 José Sales Marques foi reeleito por mais três anos presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Macaenses. Leonel Alves permanece como presidente do conselho geral. Ambos esperam estreitar mais laços com o Governo para que as casas de Macau espalhadas pelo mundo possam ter mais apoios para divulgar o que o território tem [dropcap]O[/dropcap]s corpos dirigentes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foram reeleitos por mais três anos e os planos são de uma maior aproximação entre as diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo. Leonel Alves, advogado, continua a ser o presidente do conselho geral do CCM no próximo triénio e contou ao HM que os planos passam pela criação de uma rede de contacto entre Governo e associações. “Deve haver um melhor enquadramento com as autoridades locais, proporcionando um maior conhecimento das actividades das Casas e do próprio conselho em Macau e em última instância desenvolver uma acção conjunta com o Governo para a prorrogação das tradições e dos costumes macaenses.” Para Leonel Alves, deve ser mantido “um contacto mais estreito com as diversas casas de Macau, auscultar os problemas que têm e procurarmos em conjunto soluções para que possam implementar as acções que pretendem desenvolver no sentido de divulgar o nome de Macau no exterior nos países onde vivem”. Ideia semelhante tem José Sales Marques, reeleito presidente do conselho permanente do CCM. “Os apoios têm-se mantido mais ou menos regulares. Mas no futuro deveríamos ter acesso a outros meios financeiros, mas isso não deve ser feito de uma perspectiva utilitarista, apenas para aumentar os subsídios que só servem a uma pequena comunidade. Queremos ser úteis a Macau.” Para Sales Marques, esse apoio deve ser direccionado para que as Casas de Macau possam colaborar na divulgação do território. Olhar a Grande Baía Os corpos dirigentes do CCM vão também procurar aproveitar mais as potencialidades do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para atrair os jovens da diáspora. Deve haver “uma interacção maior com as potencialidades de Macau a nível do turismo e a nível cível, de uma ligação profissional. Há muitos membros no activo, deveria haver uma rede de contactos”, defendeu Leonel Alves. Sales Marques denota “um interesse maior” por parte dos jovens macaenses no projecto em causa. “Esse interesse também tem de ser alimentado com uma maior informação, e é algo que queremos fazer agora. A maior parte dos jovens já tem muita experiência e vontade de conhecer novos mundos, e penso que essas características poderão ser úteis e abrir caminhos para que se possam fazer coisas a nível profissional ou de negócios.” O economista fala do exemplo do Brasil, “um mercado importante para a China”. “O potencial ainda está muito longe de esgotar acho que há aqui muitas oportunidades”, acrescentou. Na agenda fica ainda o diálogo contínuo com as autoridades locais, o “aumento do nível de coesão” entre a comunidade macaense que está no território e a diáspora e ainda a revisão dos estatutos, para que seja mais fácil dialogar e reunir mais do que uma vez a cada três anos.
Conselho das Comunidades | Dirigentes reeleitos por mais três anos Andreia Sofia Silva - 26 Nov 2019 José Sales Marques foi reeleito por mais três anos presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Macaenses. Leonel Alves permanece como presidente do conselho geral. Ambos esperam estreitar mais laços com o Governo para que as casas de Macau espalhadas pelo mundo possam ter mais apoios para divulgar o que o território tem [dropcap]O[/dropcap]s corpos dirigentes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foram reeleitos por mais três anos e os planos são de uma maior aproximação entre as diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo. Leonel Alves, advogado, continua a ser o presidente do conselho geral do CCM no próximo triénio e contou ao HM que os planos passam pela criação de uma rede de contacto entre Governo e associações. “Deve haver um melhor enquadramento com as autoridades locais, proporcionando um maior conhecimento das actividades das Casas e do próprio conselho em Macau e em última instância desenvolver uma acção conjunta com o Governo para a prorrogação das tradições e dos costumes macaenses.” Para Leonel Alves, deve ser mantido “um contacto mais estreito com as diversas casas de Macau, auscultar os problemas que têm e procurarmos em conjunto soluções para que possam implementar as acções que pretendem desenvolver no sentido de divulgar o nome de Macau no exterior nos países onde vivem”. Ideia semelhante tem José Sales Marques, reeleito presidente do conselho permanente do CCM. “Os apoios têm-se mantido mais ou menos regulares. Mas no futuro deveríamos ter acesso a outros meios financeiros, mas isso não deve ser feito de uma perspectiva utilitarista, apenas para aumentar os subsídios que só servem a uma pequena comunidade. Queremos ser úteis a Macau.” Para Sales Marques, esse apoio deve ser direccionado para que as Casas de Macau possam colaborar na divulgação do território. Olhar a Grande Baía Os corpos dirigentes do CCM vão também procurar aproveitar mais as potencialidades do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para atrair os jovens da diáspora. Deve haver “uma interacção maior com as potencialidades de Macau a nível do turismo e a nível cível, de uma ligação profissional. Há muitos membros no activo, deveria haver uma rede de contactos”, defendeu Leonel Alves. Sales Marques denota “um interesse maior” por parte dos jovens macaenses no projecto em causa. “Esse interesse também tem de ser alimentado com uma maior informação, e é algo que queremos fazer agora. A maior parte dos jovens já tem muita experiência e vontade de conhecer novos mundos, e penso que essas características poderão ser úteis e abrir caminhos para que se possam fazer coisas a nível profissional ou de negócios.” O economista fala do exemplo do Brasil, “um mercado importante para a China”. “O potencial ainda está muito longe de esgotar acho que há aqui muitas oportunidades”, acrescentou. Na agenda fica ainda o diálogo contínuo com as autoridades locais, o “aumento do nível de coesão” entre a comunidade macaense que está no território e a diáspora e ainda a revisão dos estatutos, para que seja mais fácil dialogar e reunir mais do que uma vez a cada três anos.
Impostos | Admitidos acordos com mais países lusófonos Hoje Macau - 26 Nov 2019 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau admitiram ontem a celebração de acordos com mais países lusófonos para evitar a dupla tributação sobre o rendimento e a evasão fiscal, depois de já o ter feito com Portugal e Moçambique. A intenção foi expressa num comunicado no qual se anunciava o mais recente acordo assinado entre Macau e Hong Kong para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento. Macau “compromete-se a cumprir os critérios de troca de informação e transparência fiscal reconhecidos internacionalmente”, pelo que “irá contactar de forma activa mais países (…), particularmente os (…) de língua portuguesa (…) por forma a estudar a possibilidade da celebração de acordos para evitar a dupla tributação sobre o rendimento”, afirma-se na mesma nota. A vontade das autoridades de Macau é justificada pela “estreita relação cultural, económica e comercial” com os países lusófonos. Macau já possui esse compromisso com Portugal desde 1999. Mais recentemente, a 21 de Junho de 2018, foi celebrado um protocolo que alterou “a convenção entre o Governo de Macau e o (…) de Portugal para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento”. Um mesmo acordo foi assinado com Moçambique a 15 de Junho de 2007.
Activismo | Analistas traçam diferenças entre Macau e Hong Kong Hoje Macau - 26 Nov 201926 Nov 2019 Duas décadas após a transição, a população de Macau permanece desinteressada da política, graças à educação que não favorece o espírito crítico, à melhoria do nível de vida ou ao receio de represálias. Esta é a conclusão de vários dirigentes de grupos não alinhados ouvidos pela Lusa [dropcap]N[/dropcap]a quarta-feira passada, enquanto dezenas de manifestantes pró-democracia permaneciam barricados na Universidade Politécnica de Hong Kong, do outro lado do estuário do Rio das Pérolas, em Macau a grande notícia do dia era a chegada de um dragão mecânico. Bill Chou Kwong-ping fala de uma maioria “silenciosa, o que não quer necessariamente dizer que não se interessem por política”. O problema, disse à Lusa o antigo vice-presidente da Associação Novo Macau, o principal grupo pró-democrata da cidade, é que “muitos deles simplesmente sentem-se incapazes de influenciar o resultado das políticas”. O resultado, disse Si Tou Fai, presidente da associação Macau People Power, é que os residentes se preocupam mais com “os direitos e interesses do seu próprio grupo”. Foi o que aconteceu em 2014, disse Leon Ieong, professor da Universidade de Macau, quando cerca de 15 mil pessoas se juntaram na maior manifestação desde a transição, contra uma lei que previa regalias para titulares dos principais cargos, entretanto retirada pelo próprio Governo. O fosso político entre Macau e Hong Kong já vem dos tempos da Revolução Cultural chinesa, disse à Lusa a historiadora Catherine Chan See. Enquanto em Hong Kong ataques à bomba “fizeram com que a população se virasse contra o Partido Comunista”, em Macau o descontentamento com a administração colonial levou aos motins “1,2,3”, assim conhecidos em referência à data 3 de Dezembro (12/3) de 1966, que só terminaram com a assinatura de acordos considerados humilhantes para as autoridades portuguesas. Os motins mostraram como era ténue o domínio português em Macau, algo reflectido tanto na ausência de reformas democráticas como na indiferença face à educação da comunidade chinesa, diz Catherine. Após o incidente, diz Bill Chou, cresceu a influência das escolas pró-comunistas, onde “aos estudantes era exigida subserviência às autoridades, incluindo o Governo de Macau e, mais importante ainda, a Pequim”. Já Si Tou Fai, que estudou numa escola católica de Macau, acredita que os grandes problemas, um ensino deficiente da história da China e a ausência de educação cívica, são transversais a todo o sistema de ensino local. O também cantor e compositor diz que “o objectivo final é conseguir que os alunos tirem boas notas nos exames e sigam para a universidade, não é cultivar grandes pensadores”. Actos e consequências Por outro lado, disse Ron Lam U Tou, o último candidato a ficar fora da Assembleia Legislativa nas últimas eleições, em 2017, quase metade da população de Macau nasceu do outro lado da fronteira e os mais velhos “ainda se lembram de quando, na China, não havia nada para comer”. “Nos anos 1990, muitos dos meus colegas de liceu viram os pais ir trabalhar para Taiwan de forma ilegal ou na construção civil”, recorda o presidente da Associação da Sinergia de Macau. Mesmo após a transição o salário médio para aqueles com curso universitário não passava de 4 mil patacas por mês, lembra Ron. Hoje o salário mediano é de 17 mil patacas, graças à liberalização do sector do jogo, que permitiu a Macau criar uma reserva financeira cujo valor deverá atingir 627,35 mil milhões de patacas no final de 2019. Dinheiro que permite ao Governo “distribuir benefícios” aos diferentes grupos de interesse, “mantendo assim a chamada estabilidade social em Macau”, diz Leon Ieong. “Todos os ditadores sonham com isto, mas não têm dinheiro suficiente. Macau é o sonho de qualquer ditador, porque tem até demasiado dinheiro”, acrescenta o académico. Para quem exige maior abertura política, “o Governo tem muitas formas de te punir”, diz Leon. O investigador aponta como exemplo os activistas Ng Kuok Cheong (despedido pelo Banco da China) e Au Kam San (despedido de uma escola local): “Ambos perderam o emprego devido à sua ideologia”. Também a presidente da Associação Novo Macau, Icy Kam Sut Leng, foi despedida da escola secundária onde dava aulas, acrescenta Bill Chou. O próprio académico saiu da Universidade de Macau em 2014 após ser acusado de “tentar impor a sua opinião política” aos alunos. Não admira, diz Leon Ieong, que exista “um receio arreigado”, mesmo entre os jovens, de participar publicamente em actividades de cariz político.
Activismo | Analistas traçam diferenças entre Macau e Hong Kong Hoje Macau - 26 Nov 2019 Duas décadas após a transição, a população de Macau permanece desinteressada da política, graças à educação que não favorece o espírito crítico, à melhoria do nível de vida ou ao receio de represálias. Esta é a conclusão de vários dirigentes de grupos não alinhados ouvidos pela Lusa [dropcap]N[/dropcap]a quarta-feira passada, enquanto dezenas de manifestantes pró-democracia permaneciam barricados na Universidade Politécnica de Hong Kong, do outro lado do estuário do Rio das Pérolas, em Macau a grande notícia do dia era a chegada de um dragão mecânico. Bill Chou Kwong-ping fala de uma maioria “silenciosa, o que não quer necessariamente dizer que não se interessem por política”. O problema, disse à Lusa o antigo vice-presidente da Associação Novo Macau, o principal grupo pró-democrata da cidade, é que “muitos deles simplesmente sentem-se incapazes de influenciar o resultado das políticas”. O resultado, disse Si Tou Fai, presidente da associação Macau People Power, é que os residentes se preocupam mais com “os direitos e interesses do seu próprio grupo”. Foi o que aconteceu em 2014, disse Leon Ieong, professor da Universidade de Macau, quando cerca de 15 mil pessoas se juntaram na maior manifestação desde a transição, contra uma lei que previa regalias para titulares dos principais cargos, entretanto retirada pelo próprio Governo. O fosso político entre Macau e Hong Kong já vem dos tempos da Revolução Cultural chinesa, disse à Lusa a historiadora Catherine Chan See. Enquanto em Hong Kong ataques à bomba “fizeram com que a população se virasse contra o Partido Comunista”, em Macau o descontentamento com a administração colonial levou aos motins “1,2,3”, assim conhecidos em referência à data 3 de Dezembro (12/3) de 1966, que só terminaram com a assinatura de acordos considerados humilhantes para as autoridades portuguesas. Os motins mostraram como era ténue o domínio português em Macau, algo reflectido tanto na ausência de reformas democráticas como na indiferença face à educação da comunidade chinesa, diz Catherine. Após o incidente, diz Bill Chou, cresceu a influência das escolas pró-comunistas, onde “aos estudantes era exigida subserviência às autoridades, incluindo o Governo de Macau e, mais importante ainda, a Pequim”. Já Si Tou Fai, que estudou numa escola católica de Macau, acredita que os grandes problemas, um ensino deficiente da história da China e a ausência de educação cívica, são transversais a todo o sistema de ensino local. O também cantor e compositor diz que “o objectivo final é conseguir que os alunos tirem boas notas nos exames e sigam para a universidade, não é cultivar grandes pensadores”. Actos e consequências Por outro lado, disse Ron Lam U Tou, o último candidato a ficar fora da Assembleia Legislativa nas últimas eleições, em 2017, quase metade da população de Macau nasceu do outro lado da fronteira e os mais velhos “ainda se lembram de quando, na China, não havia nada para comer”. “Nos anos 1990, muitos dos meus colegas de liceu viram os pais ir trabalhar para Taiwan de forma ilegal ou na construção civil”, recorda o presidente da Associação da Sinergia de Macau. Mesmo após a transição o salário médio para aqueles com curso universitário não passava de 4 mil patacas por mês, lembra Ron. Hoje o salário mediano é de 17 mil patacas, graças à liberalização do sector do jogo, que permitiu a Macau criar uma reserva financeira cujo valor deverá atingir 627,35 mil milhões de patacas no final de 2019. Dinheiro que permite ao Governo “distribuir benefícios” aos diferentes grupos de interesse, “mantendo assim a chamada estabilidade social em Macau”, diz Leon Ieong. “Todos os ditadores sonham com isto, mas não têm dinheiro suficiente. Macau é o sonho de qualquer ditador, porque tem até demasiado dinheiro”, acrescenta o académico. Para quem exige maior abertura política, “o Governo tem muitas formas de te punir”, diz Leon. O investigador aponta como exemplo os activistas Ng Kuok Cheong (despedido pelo Banco da China) e Au Kam San (despedido de uma escola local): “Ambos perderam o emprego devido à sua ideologia”. Também a presidente da Associação Novo Macau, Icy Kam Sut Leng, foi despedida da escola secundária onde dava aulas, acrescenta Bill Chou. O próprio académico saiu da Universidade de Macau em 2014 após ser acusado de “tentar impor a sua opinião política” aos alunos. Não admira, diz Leon Ieong, que exista “um receio arreigado”, mesmo entre os jovens, de participar publicamente em actividades de cariz político.
Parque Oceanus | Governo questionado sobre recuperação de terreno Hoje Macau - 26 Nov 2019 [dropcap]S[/dropcap]ulu Sou, deputado à Assembleia Legislativa (AL), interpelou o Governo sobre a data em que será levada a cabo a desocupação do terreno à entrada da Taipa, que foi concessionado para a construção do parque temático Oceanus. A anulação dessa concessão já foi assinada por Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, devido à falta de aproveitamento do terreno. Sulu Sou espera que o terreno em causa possa ser usado para a construção de mais infra-estruturas sociais. “O prazo para o aproveitamento do terreno concedido acabou em 2001. Em 2008, o Governo confirmou que o promotor não conseguiu aproveitar o terreno dentro do prazo fixado no contrato, mas a caducidade da concessão só foi declarada em 2018. Existem algumas irregularidades administrativas no tratamento deste caso?”, questionou o deputado na sua interpelação escrita.
Renovação urbana | Cidadãos mais velhos do Iao Hon desconhecem consultas Inam Ng - 26 Nov 2019 A Associação Novo Macau foi ao bairro de Iao Hon ouvir as pessoas sobre a renovação urbana e ficou a saber que muitas nem sabiam que há uma consulta pública a decorrer. O comentador Larry So esteve presente e considera que o desconhecimento é grave, principalmente quando se quer ouvir a população [dropcap]A[/dropcap] Associação Novo Macau organizou ontem um evento no bairro de Iao Hon sobre a renovação urbana e entre os mais velhos nenhum sabia que estavam a decorrer as consultas públicas sobre o assunto. Para Sulu Sou, deputado eleito com o apoio da organização, este é um aspecto que sublinha a necessidade de levar a discussão sobre a renovação urbana para junto da população. “Quantos moradores sabem que as consultas públicas sobre renovação urbana estão a ser realizadas?”, questionou Sulu Sou junto dos presentes. A resposta foi dada apenas por cinco residentes mais jovens, enquanto os mais velhos ficaram calados. Após a ausência de respostas, o pró-democrata defendeu que as consultas públicas que decorrem actualmente sobre a renovação urbana deviam chegar mais perto da população e dos bairros antigos, em vez de serem conduzidas nos Novos Aterros do Porto Exterior (NAPE). “Sabem onde é que é o Centro de Ciência de Macau?”, perguntou o deputado aos moradores. Em troca não recebeu qualquer resposta dos presentes. Ainda de acordo com Sulu Sou, a ausência de respostas mostra que o problema não está só no detalhes das leis, mas no facto de muitos moradores que podem ser afectados pela medida não saberem de nada nem participarem na discussão. “O trabalho da renovação urbana deve ser muito transparente e feito em bairros antigos para que os moradores saibam o que é que está a acontecer”, sublinhou face ao panorama de desconhecimento. Também ao HM, uma moradora com o apelido Cheong admitiu desconhecer a existência de uma consulta pública sobre a renovação urbana e questionou porque não foram enviadas cartas aos moradores dos bairros antigos. A mesma residente criticou igualmente o Governo e defendeu que a ausência da renovação fez com que muitos cidadãos entrassem na “classe sanduíche”, ou seja aquelas que não têm dinheiro para comprar uma casa, mas que também não entram nos critérios para se candidatarem à habitação pública. Por último desejou que Ho Iat Seng resolva a questão: “Estamos à espera da renovação urbana desde o Governo de Edmund Ho. Também não podemos comprar casa porque nos últimos 20 anos o preço está cada vez mais alto. Esperamos que o Governo de Ho Iat Seng resolva finalmente o problema da habitação”, desejou. “Consulto-excluídos” No evento promovido pela Novo Macau esteve presente Larry So, antigo membro do Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, que apontou que o documento de consulta não está completo, porque o Governo não ouviu as pessoas dos bairros antigos. Ainda de acordo com Larry So, a consulta tem falhas porque não houve pessoas envolvidas e também porque muitos dos futuros afectados apenas sabem o que se passa pelos meios de comunicação social, quando deveria haver o cuidado de serem contactados e ouvidos. O conceito do Reordenamento dos Bairros Antigos foi uma ideia lançada pelo anterior Chefe do Executivo, Edmund Ho, mas que acabou por ser rebaptizada como Renovação Urbana pelo Executivo de Chui Sai On. Após dois mandatos, Chui vai deixar a liderança do Governo sem ter avançado com a ideia.
Segurança | Criminalidade violenta cresce mais de 16 por cento João Santos Filipe - 26 Nov 2019 [dropcap]N[/dropcap]os primeiros nove meses do ano o número de crimes violentos cresceu 16,2 por cento para as 523 ocorrências, um aumento de 73 casos, quando no mesmo período do ano passado tinham sido relatadas 450 situações. Os números para os nove meses foram apresentados ontem pelo secretário para a Segurança. O sequestro foi o crime violento que mais se registou com uma subida de 46 casos face ao ano passado, para 278 casos, quando nos primeiros nove meses do ano passado tinha sido de 232 ocorrências. A subida é de quase 20 por cento. Porém, em termos relativos, a maior subida aconteceu nas práticas de violações em que houve 32 ocorrências entre Janeiro e Setembro, o que representa um crescimento de 13 casos, ou 68,4 por cento, face ao período homólogo. “Em mais de metade dos casos, o ofendido, bem como o suspeito, não era residente de Macau e a maioria dos casos ocorreram em locais de entretenimento e dentro de hotéis situados nas suas proximidades, não sendo de excluir que alguns desses casos estejam ligados com negócios relacionados com a prostituição”, afirmou Wong Sio Chak, sobre o aumento. “A Polícia presta muita atenção a esses crimes de violação, intensificando o patrulhamento e o combate nos locais de entretenimento e nas suas zonas periféricas”, acrescentou. No polo oposto, houve uma tendência de redução do abuso sexual de crianças, com menos três casos, passando de 14 casos, entre Janeiro e Setembro em 2018, para 11 ocorrências. Em termos geral, o número de crimes aumentou em 39 casos face ao mesmo período do ano passado, tendo sido de 10.598 ocorrências, nos primeiros nove meses deste ano.
Segurança | Criminalidade violenta cresce mais de 16 por cento João Santos Filipe - 26 Nov 2019 [dropcap]N[/dropcap]os primeiros nove meses do ano o número de crimes violentos cresceu 16,2 por cento para as 523 ocorrências, um aumento de 73 casos, quando no mesmo período do ano passado tinham sido relatadas 450 situações. Os números para os nove meses foram apresentados ontem pelo secretário para a Segurança. O sequestro foi o crime violento que mais se registou com uma subida de 46 casos face ao ano passado, para 278 casos, quando nos primeiros nove meses do ano passado tinha sido de 232 ocorrências. A subida é de quase 20 por cento. Porém, em termos relativos, a maior subida aconteceu nas práticas de violações em que houve 32 ocorrências entre Janeiro e Setembro, o que representa um crescimento de 13 casos, ou 68,4 por cento, face ao período homólogo. “Em mais de metade dos casos, o ofendido, bem como o suspeito, não era residente de Macau e a maioria dos casos ocorreram em locais de entretenimento e dentro de hotéis situados nas suas proximidades, não sendo de excluir que alguns desses casos estejam ligados com negócios relacionados com a prostituição”, afirmou Wong Sio Chak, sobre o aumento. “A Polícia presta muita atenção a esses crimes de violação, intensificando o patrulhamento e o combate nos locais de entretenimento e nas suas zonas periféricas”, acrescentou. No polo oposto, houve uma tendência de redução do abuso sexual de crianças, com menos três casos, passando de 14 casos, entre Janeiro e Setembro em 2018, para 11 ocorrências. Em termos geral, o número de crimes aumentou em 39 casos face ao mesmo período do ano passado, tendo sido de 10.598 ocorrências, nos primeiros nove meses deste ano.