Paralímpicos | Presença de Macau pode encorajar mulheres a praticar desporto

A presença da atleta de Macau Chio Hao Lei nos Jogos Paralímpicos Paris2024 pode encorajar mais mulheres com deficiência a praticar desporto no território, disse ontem o director da organização Macau Special Olympics.

Chio, de 17 anos, viaja hoje para Paris, onde será a única atleta da região semiautónoma chinesa nos Paralímpicos, competindo na prova de salto em comprimento para atletas com deficiência intelectual. Esta é a quarta vez que um atleta de Macau recebe um convite especial da organização para os Paralímpicos, mas Chio foi a primeira mulher escolhida, sublinhou o director da Macau Special Olympics.

Hetzer Siu Yu Hong disse acreditar que a escolha se deveu à política de paridade de género e recordou que os Jogos Olímpicos Paris2024 foram os primeiros a tentar ter um igual número de atletas femininos e masculinos.

Graças à participação de Chio Hao Lei, “nestes Paralímpicos, as mulheres com deficiência podem ver que, se praticarem desporto, têm a oportunidade de chegar ao mais alto nível mundial”, defendeu o dirigente. Hetzer Siu admitiu que “a maioria dos atletas com deficiência são homens” e que é preciso “fazer mais esforços para encorajar as mulheres com deficiência a praticar desporto” no território.

Apesar de sublinhar que este “é um desafio em toda a Ásia”, o director da Macau Special Olympics disse que a cultura chinesa tem factores culturais que ainda são obstáculos, incluindo a visão de “só é bonita a mulher que tem a pele branca, sem músculos”.

A organização, com 37 anos de história, começou por promover o acesso de pessoas com deficiência intelectual à prática desportiva e actualmente aposta na educação e na formação de deficientes para acesso ao mercado de trabalho.

Para as pessoas com deficiência, “a primeira preocupação é como viver na nossa sociedade e uma segunda prioridade são os estudos, algo que é muito importante na cultura chinesa”, disse Siu.

Apesar de lamentar ser difícil atrair pessoas com deficiência para o desporto, o dirigente disse esperar que, depois dos Paralímpicos, também os Jogos Olímpicos Especiais da China possam ser “uma oportunidade para encorajar os cidadãos a praticar desporto”.

Olhos no pódio

Macau vai acolher duas provas de badminton, para pessoas com deficiência física ou auditiva e para pessoas com deficiência intelectual, no âmbito dos Jogos Olímpicos Especiais da China, que decorrem entre 8 e 15 de Dezembro de 2025.

Siu disse que a Special Olympics tem todas as semanas treinos de 22 desportos, nos quais participam regularmente entre 100 e 120 utilizadores. Foi nestes treinos que o talento de Chio Hao Lei começou a despontar.

Depois de conseguir o sexto lugar nos Jogos Asiáticos, realizados na cidade chinesa de Hangzhou, em Outubro passado, Chio assumiu à Lusa que não vai a Paris só para marcar presença. A jovem vai entrar em acção nos Paralímpicos a 6 de Setembro e tem três saltos para conseguir uma marca que lhe permita qualificar-se para os saltos finais.

“O meu recorde pessoal é 4,25 metros, mas quero chegar aos 4,5 metros. Já o consegui nos treinos, mas nunca em competição”, referiu Chio. Como acontece desde os Jogos Seul1988, a competição paralímpica partilha as instalações com a olímpica e deverá juntar cerca de 4.400 atletas de 160 regiões e países, em 559 eventos, de 22 modalidades.

23 Ago 2024

Vela | Macau recebe abertura de circuito mundial a partir de 2025

Macau vai receber anualmente, a partir de 2025, a abertura do circuito mundial da World Match Racing Tour (WMRT), uma das mais importantes competições internacionais de vela.

Num comunicado divulgado na terça-feira, o Instituto de Desporto (ID) da região disse que o WMRT Macau Match Cup, evento reconhecido pela Federação Mundial de Vela, vai decorrer entre 8 e 12 de Janeiro.

A etapa de Macau será o evento de abertura do circuito mundial da temporada de 2025 da WMRT, cujo programa completo ainda não foi divulgado. Este ano a competição arrancou nos Estados Unidos, em Abril, e a grande final está marcada para a cidade chinesa de Shenzhen, entre 10 e 15 de Dezembro.

Num outro comunicado, divulgado na segunda-feira, o director executivo da WMRT, James Pleasance, disse que o acordo com Macau “é um outro marco importante” no crescimento do circuito. A WMRT referiu ainda que Macau vai acolher a abertura do circuito anualmente, “a partir de 2025”. A Lusa tentou obter mais informações junto do ID, mas não obteve até ao momento qualquer resposta.

A etapa da WMRT vai fazer parte da Regata Internacional de Macau 2025, que irá incluir ainda a Regata da Taça Flor de Lótus e da Regata da Taça Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, referiu o ID. Mais de 300 velejadores têm participado anualmente na Regata Internacional de Macau, que arrancou em 2019, sublinhou a WMRT. A edição deste ano vai atribuir prémios no total de 100 mil dólares, acrescentou.

O ID defendeu que trazer a Macau “os melhores velejadores do mundo” vai “consolidar ainda mais” o estatuto da cidade como “um centro mundial de turismo e lazer” e ajudar a diversificar a economia local, dependente do jogo. No comunicado da WMRT, o presidente interino do ID, Luís Gomes, defendeu que esta decisão “demonstra mais uma vez a capacidade de Macau para acolher grandes competições internacionais”.

22 Ago 2024

GP | André Couto e Charles Leong com uma decisão difícil em mãos

André Couto e Charles Leong Hong Chio enfrentam um enorme dilema. De um lado da balança está a participação no 71.º Grande Prémio de Macau, no outro prato da mesma está a possibilidade de conquistar um título no Lamborghini Super Trofeo Asia

 

A competição monomarca do prestigiado construtor italiano de automóveis deslocou-se este fim de semana ao Japão, para a quarta prova da temporada no circuito de Fuji. Couto esteve presente, mas apenas para fazer ‘coaching’ aos pilotos da sua habitual equipa, pois o seu companheiro de equipa, o chinês Fangpin Chen, não viajou até ao “país do sol nascente” por razões pessoais. Com isto, o piloto português perdeu, por apenas seis pontos, a primeira posição que ocupava na classe Pro-Am para a dupla Nikolas Pirttilahti/Thomas Yu. Couto ainda poderá recuperar o primeiro lugar, mas terá que alinhar nas restantes jornadas do troféu e continuar a senda de vitórias (foram cinco em seis corridas), quando faltam disputar ainda quatro corridas, duas em Xangai (China) e outras duas em Jerez de la Frontera (Espanha) na semana que precede as “finais mundiais” das Lamborghini.

Segundo o que apurou o HM, a Madness Racing Team conta com André Couto e Fangpin Chen para as últimas duas provas da temporada. Porém, como tem acontecido nos últimos anos, as Lamborghini World Finals voltam a coincidir no calendário com o Grande Prémio de Macau. Quer isto dizer, que Couto terá que escolher onde estará de 16 a 19 de Novembro – em Macau ou em Espanha. O piloto português não esconde que gostaria de voltar a competir no Circuito da Guia, e até existirão possibilidades para o voltar a fazer. Caso não encontre um volante competitivo, Couto não quererá perder a oportunidade de somar mais um título para o seu longo palmarés.

Ainda mais a perder

Presente em Fuji, mas ao volante, Charles Leong alcançou um segundo e um terceiro lugar, o que lhe permite estar no segundo lugar na classificação da classe PRO do Lamborghini Super Trofeo Asia, em igualdade de pontos com os rivais Dan Wells/Emilien Carde e com a sua companheira de equipa na SJM Iron Lynx Theodore Racing, a japonesa Miki Koyama. Graças à boa temporada que está a fazer na competição monomarca do prestigiado construtor italiano, no mês passado, a Lamborghini Squadra Corse, a divisão de competição da Automobili Lamborghini, elegeu Leong como um dos 28 pilotos que fazem parte do “Programa de Pilotos Júnior” para jovens pilotos dos Super Trofeo. Leong foi um dos três seleccionados da região asiática.

O Super Trofeo Junior Driver Program é dedicado a pilotos até aos 25 anos e que competem em um dos três campeonatos regionais Lamborghini Super Trofeo (Europa, América do Norte e Ásia). Após a avaliação, os pilotos que mais impressionarem ao longo da temporada serão selecionados pela Squadra Corse para participar num “shootout”, a realizar após as tradicionais Lamborghini World Finals, o evento de encerramento da temporada dos troféus Lamborghini, que este ano decorrerá no circuito de Jerez de la Frontera, no sul da Espanha. O vencedor receberá apoio da fábrica da Squadra Corse durante a temporada de 2025.

Tal como Couto, Leong não faz segredo da sua vontade em competir no Circuito da Guia, principalmente se for aos comandos de um carro competitivo, mas confessou ao HM “não saber de momento” onde estará naquele fim de semana de Novembro. Se a opção de Leong for correr entre nós no mês de Novembro, então deixará cair as ambições de conquistar o título na categoria PRO no Circuito de Jerez, pois durante a semana que precede as “finais mundiais” das Lamborghini, serão disputadas as duas últimas corridas pontuáveis para o Lamborghini Super Trofeo Asia. A não presença em Jerez também irá colocar um “ponto final” no sonho de um dia poder vir a ser piloto de fábrica da Lamborghini.

20 Ago 2024

JO | Iúri Leitão primeiro português a conquistar duas medalhas numa edição

O ciclista Iúri Leitão tornou-se sábado no primeiro atleta português a conquistar duas medalhas numa edição dos Jogos Olímpicos, ao vencer o ouro no Madison, ao lado do compatriota Rui Oliveira, depois da prata no Omnium em Paris2024.

Depois de ter conquistado na quinta-feira a medalha de prata na prova de Omnium, Iúri Leitão chegou sábado ao lugar mais alto do pódio em equipa com Rui Oliveira, com ambos a vencerem a prova de Madison, com um total de 55 pontos, à frente da Itália, com Simone Consonni e Elia Viviani, segunda com 47, e da Dinamarca, com Niklas Larsen e Michael Moerkoev, terceira, com 41.

Numa edição de estreia lusa em provas masculinas do ciclismo de pista, Iúri Leitão e Rui Oliveira juntaram-se a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora e Pedro Pichardo como campeões olímpicos, com Iúri a igualar o recorde de duas medalhas, mas com o feito de ser numa única edição.

Poucas horas depois de o canoísta Fernando Pimenta ter falhado o objectivo de medalha nos Jogos, ao ser sexto em K1 1.000 metros, e assim ficar impedido de se tornar no primeiro português a conquistar três medalhas, Iúri Leitão e Rui Oliveira atenuaram a desilusão lusa e, com o título olímpico, o primeiro juntou-se ainda ao restrito lote das duas medalhas.

O triunfo da dupla Iúri Leitão e Rui Oliveira no Madison em Paris2024 constituiu o sexto título olímpico do desporto português, o primeiro fora do atletismo, e o 32.º pódio luso de sempre.

12 Ago 2024

Taça do Mundo de FR no GP Macau sem equipas chinesas

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) emitiu um comunicado a anunciar as equipas que participarão na primeira edição da Taça do Mundo de Fórmula Regional (FR) da FIA que será disputada no programa da 71.ª edição do Grande Prémio de Macau de 14 a 17 de Novembro. Nenhuma das equipas seleccionadas é da República Popular da China.

Tradicionalmente disputado com carros de Fórmula 3 desde o início da década de 1980s, a prova principal do Grande Prémio de Macau será agora uma corrida para monolugares de Fórmula Regional, especificamente chassis Tatuus T-318 e motores Alfa Romeo. O comunicado, publicado na noite de sexta-feira, refere que “a edição deste ano do Grande Prémio de Macau, que utilizará pela primeira vez máquinas da Fórmula Regional da FIA, tem atraído a atenção das melhores equipas de quase todos os campeonatos de FR em todo o mundo, incluindo o campeonato japonês de FR, FRECA, FR Américas, FR Oceânia e FR Médio Oriente”.

Segundo o comunicado da FIA foram escolhidas doze equipas, mas na lista de inscritos apresentada pela entidade reguladora do desporto automóvel mundial apenas constam o nome de onze equipas, sendo que a equipa francesa Sainteloc Racing é mencionada a duplicar. A FIA não revelou quantos carros cada equipa irá inscrever, mas indicou, como o Hoje Macau já tinha revelado anteriormente, que o número total de participantes será limitado a 27 concorrentes, o que sugere que apenas algumas equipas, as quais não sabemos, competirão com um máximo de três carros.

O regulamento desportivo da primeira edição Taça do Mundo de FR da FIA é omisso no que respeita à forma como foi feita a selecção das equipas e quantos carros poderão trazer para o evento da RAEM. No entanto, este é bastante explicito a indicar que “qualquer decisão sobre se um piloto tem a experiência necessária [para participar na prova] será tomada a exclusivo critério da FIA.”

A selecção dos pilotos deverá começar agora, pois de acordo com o mesmo comunicado, “abre-se agora a porta para que jovens pilotos talentosos de todo o mundo se candidatem às equipas registadas e comecem o processo de se juntarem a uma das grelhas mais prestigiadas do desporto motorizado.”

Oportunidade perdida

Destaque a para a ausência de qualquer equipa do Reino Unido e da República Popular da China na lista de inscritos, sabendo que neste último caso existem carros no país e equipas que estavam interessadas em participar. Entre as equipas inscritas, há apenas duas equipas asiáticas, ambas japonesas, a Tom’s Formula e a TGM Grand Prix, visto que a SJM Theodore Prema Racing, não é mais que a estrutura da reputada equipa italiana com o apoio do entusiasta local Teddy Yip Jr.

Numa altura em que a China é uma super potência da indústria automóvel, as equipas do Interior da China e das duas Regiões Administrativas Especiais têm demostrado nos últimos anos estar ao nível das melhores do mundo. Basta recordar que os grandes construtores germânicos Audi, Mercedes e Porsche recorrem a estruturas chinesas para colocarem em pista os seus carros oficiais na Taça do Mundo de GT da FIA no Circuito da Guia. A inexistência de um campeonato de FR na China poderá ser um argumento para a rejeição das equipas chinesas, embora a equipa japonesa TGM Grand Prix tenha sido aceite à partida sem nunca ter participado numa prova de FR.

Equipas Inscritas:

ART Grand Prix

Evans GP

MP Motorsport

Kiwi Motorsport

Pinnacle Motorsport

PHM Racing

R-Ace GP

Sainteloc Racing

SJM Theodore Prema Racing

TGM Grand Prix

Tom’s Formula

12 Ago 2024

Austrália gostaria de correr no Circuito da Guia

O promotor do campeonato TCR Austrália, o Australian Racing Group, está a estudar várias possibilidades para revitalizar a sua competição de carros de Turismo, sendo que uma das possibilidades que agradava aos australianos era uma visita ao Circuito da Guia.

Segundo o portal especializado australiano speedcafe.com, entre as dúvidas que ainda existem sobre o futuro da categoria TCR na Austrália, surgiram duas possibilidades distintas, que poderão ser concretizadas já no próximo ano. Uma das soluções em cima da mesa passa pelo TCR Australia acompanhar o super popular campeonato australiano Supercars em algumas provas de 2025. A segunda possibilidade, e possivelmente a mais forte, passa por entrar numa colaboração com o TCR Asia para formar um mini-campeonato Ásia-Pacífico, com provas em comum.

O Director Geral do Australian Racing Group, Liam Curkpatrick, revelou que contactou os organizadores do TCR Asia para ver se existe algum interesse para uma colaboração. “Quer sejam eles a vir fazer algumas provas aqui e/ou o TCR Austrália a ir a provas de lá, e também se existe a possibilidade de o TCR Austrália competir em Macau”, revelou Curkpatrick citado pela publicação online australiana.

Apesar do TCR Australia estar a viver um momento menos bom, com apenas treze carros a comparecerem na última prova realizada em Queensland, o responsável do maior campeonato TCR na Oceânia está convicto que o campeonato não vai desaparecer e sublinhou novamente que a categoria TCR ainda tem relevância no automobilismo mundial, mesmo após o fim da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR no final da temporada de 2022.

“Infelizmente, este ano o TCR World Tour teve de fazer uma pausa [não visitando a Austrália este ano] porque teve de fazer o evento da China e, obviamente, não pôde fazer Bathurst”, relembrou Curkpatrick à imprensa do seu país. “Continuam as conversações com o WSC Group (o promotor do FIA TCR World Tour) sobre o regresso de uma prova do World Tour à Austrália no próximo ano. Estamos muito interessados em manter essas ligações. Há muitas hipóteses de haver outra prova do World Tour no próximo ano. Não sei até que ponto [as conversações] progrediram, mas tivemos as primeiras conversas com o TCR Asia sobre as possibilidades. É mais um complemento ao que vamos fazer. Nada é para substituir o que estamos a fazer”.

Sem necessidade de corrida extra

Ao longo das suas sete décadas de história, o Grande Prémio de Macau sempre foi muito acarinhado em “Down Under”, mas apesar das várias tentativas, as competições australianas nunca conseguiram visitar o território. O Kumho FIA TCR World Tour fará parte do programa do 71.º Grande Prémio de Macau e a dúzia de pilotos que compete a tempo inteiro no “mundial” irá partilhar a grelha de partida da Corrida da Guia com o pelotão de pilotos do TCR China. Os concorrentes do TCR Australia poderão ganhar o desejado bilhete para Macau sem que haja a necessidade de adicionar uma corrida o programa, visto que poderão juntar-se a esta grelha de partida, uma vez que a regulamentação técnica da categoria é universal.

9 Ago 2024

Automobilismo | Futuro das pistas de Zhaoqing e Zhuhai não é risonho

Este Verão trouxe más notícias para o desenvolvimento do desporto motorizado de Macau. O futuro dos dois circuitos permanentes da província de Guangdong está envolto de muitas dúvidas. O Circuito Internacional de Guangdong (GIC) deverá cessar actividade no dia 30 de Setembro, enquanto que o Circuito Internacional de Zhuhai (ZIC) tem um novo accionista maioritário, não se sabendo que planos tem o gigante do imobiliário que irá a partir de agora gerir a infraestrutura

 

Sem uma infraestrutura para a prática dos desportos motorizados no território, para além do Kartódromo de Coloane, os pilotos de Macau de duas e quatro rodas, assim como os seus congéneres de Hong Kong, têm recorrido nas últimas duas décadas e meia aos circuitos permanentes das cidades vizinhas. Contudo, este cenário poderá mudar abruptamente por falta de alternativas.

Zhaoqing é para demolir

Esta semana ficou-se a saber que a Zona de Alta Tecnologia de Zhaoqing emitiu uma revisão de várias parcelas do Plano Detalhado de Controlo da Área Sudeste do Parque Dawang, onde neste momento está edificado o GIC. Onde hoje é o circuito, está planeada a construção de um parque de exposições de automóveis de novas energias e de um parque industrial de armazenamento de peças sobressalentes. As equipas que têm sede no GIC terão uma reunião com a administração do circuito esta sexta-feira, mas a informação oficial é que a pista cessa actividade já no próximo dia 30 de Setembro.

Erguido em 2008, o circuito desenhado pela arquitecta Qiming Yao abriu oficialmente as portas em 2009. Apesar de incluir a palavra internacional no nome e ter feito parte de um calendário provisório do defunto WTCC, em 2011, o circuito de 2,8 quilómetros dos arredores de Zhaoqing, nunca acolheu provas para além das locais e de algumas competições nacionais chinesas. Foi igualmente ao longo dos anos palco de várias provas dos campeonatos de carros de Turismo de Macau, embora este ano tenha sido preterido pelo Circuito Internacional de Zhuzhou na província de Hunan.

Nunca tendo recebido grandes investimentos, o circuito de Grau 3 da FIA, que sempre teve um aspecto inacabado e envelhecido, era actualmente o favorito das equipas e pilotos de Macau para basearem as suas oficinas de competição e deixarem os seus carros do outro lado da fronteira. Os seus preços acessíveis faziam do GIC o circuito ideal para os pilotos privados testarem as suas máquinas, sendo a sua alargada disponibilidade uma mais valia.

Dúvidas sobre Zhuhai

Mais perto das Portas do Cerco, na cidade de Zhuhai, a empresa malaia LBS Bina Group Bhd comunicou que venceu a sua participação no primeiro circuito permanente construído no Interior da China por 124,7 milhões de ringuites (cerca de 214,15 milhões de patacas). Numa declaração apresentada à Bursa Malaysia Securities Bhd, o grupo informou que a sua unidade Dragon Hill Corporation Ltd vendeu a totalidade da sua participação na Lamdeal Investments Ltd (LIL) à Huafa Urban Operation (HK) Ltd. A LIL detém uma participação de 60 por cento no operador do circuito, a Zhuhai International Circuit Limited (ZICL). No âmbito do acordo, o Huafa liquidará cerca de 257,55 milhões de patacas em empréstimos que a LIL e as suas filiais deviam à LBS Bina.

“O circuito tem-se deparado com desafios cada vez mais difíceis devido aos requisitos cada vez mais rigorosos de conformidade com a sustentabilidade. Estes desafios incluem a resolução de questões relacionadas com o ruído, em que o cumprimento destes regulamentos exige ajustamentos operacionais significativos”, afirmou a LBS Bina, em comunicado.

Mais conhecida pelos seus gigantes empreendimentos imobiliários da empresa mãe, a Huafa Urban Operation foca-se no investimento e na aquisição de participações em várias empresas, operando no sector das finanças empresariais. A gestão do dia-a-dia do circuito de Zhuhai esteve sempre a cargo da empresa malaia. No entanto, ainda não é visível qualquer reestruturação ou alteração de gestão no circuito nascido em 1996 para acolher o mundial de Fórmula 1, algo que não se concretizou. Um dia construído numa zona inóspita, mas hoje cercado por zonas residenciais, o futuro da infraestrutura tem sido colocado em causa por diversas vezes, operando presentemente com rigorosas limitações de ruído que condicionam a prática de diversas modalidades.

Apesar de ter recebido as competições automobilísticas da RAEM no passado, nos últimos anos, o ZIC perdeu predominância no desporto motorizado local devido aos preços mais altos praticados, à disponibilidade limitada e à actividade desportiva reduzida em prol de actividades comerciais.

2 Ago 2024

Paris2024: Natação lança três novos campeões perante ascensão do Japão

O Japão isolou-se esta segunda-feira no comando da tabela de medalhas de Paris2024, cujo terceiro dia ofereceu os primeiros títulos olímpicos dos nadadores David Popovici, Thomas Ceccon e Summer McIntosh, sem conceder novos recordes mundiais.

Numa apertada final dos 200 metros livres, o romeno Popovici gastou 1.44,72 minutos e bateu o britânico Matthew Richards e o norte-americano Luke Hobson por apenas dois e sete centésimos, respetivamente, melhorando o quarto posto alcançado em Tóquio2020.

O nadador, de 19 anos, iniciou com êxito o objetivo de se sagrar campeão dos 100 e 200 livres em Paris, onde o italiano e recordista mundial Thomas Ceccon também passou por dificuldades para ‘vingar’ a sua ausência do pódio dos 100 costas nos derradeiros Jogos.

O transalpino cumpriu a distância em 52 segundos, relegando para segundo o chinês Xu Jiayu, a somente 32 centésimos, com o norte-americano Ryan Murphy em terceiro, a 39.

Autoritária foi a vitória nos 400 estilos da canadiana Summer McIntosh (4.27,71 minutos), de 17 anos, que, dois dias depois da medalha de prata nos 400 livres, foi hegemónica na disciplina em que se tornou recordista mundial há praticamente dois meses, tendo como maiores perseguidoras as americanas Katie Grimes (4.33,40) e Emma Weyant (4.34,93).

Uma das surpresas foi protagonizada nos 100 metros bruços, com a sul-africana Tatjana Smith (1.05,28 minutos) a bater a chinesa Tang Qianting por 26 centésimos e a irlandesa Mona McSharry por 31, deixando a recordista Lilly King, ouro no Rio2016, atrás do pódio.

A australiana Mollie O’Callaghan também causou furor nos 200 livres, ao gastar 1.53,27 minutos para renovar o máximo olímpico da sua compatriota e recordista mundial Ariarne Titmus, ‘vice’, a 54 centésimos, com Siobhán Haughey, de Hong Kong, a 1,28 segundos.

O Japão ficou em ‘branco’ na natação, mas isolou-se no comando do medalheiro global, com seis ouros em 12 ‘metais’ – contra cinco títulos da anfitriã França, China, Austrália e Coreia do Sul, fruto de vitórias em competições masculinas de ginástica artística e skate.

Três anos depois de terem sido destronados em Tóquio pelo então Comité da Rússia no concurso por equipas, os ginastas nipónicos impuseram-se com reviravolta à China, que, na quinta e última rotação, claudicou com dois erros de Su Weide na barra fixa, aliados à execução categórica de Daiki Hashimoto, campeão olímpico e mundial daquele aparelho.

O Japão garantiu o oitavo título com 259.594 pontos, contra 259.062 da China e 257.793 dos Estados Unidos, que não faziam parte de um pódio desde o bronze em Pequim2008.

No dia seguinte à vitória da jovem Coco Yoshizawa, os nipónicos lograram a ‘dobradinha’ na variante de street do skate, tendo Yuto Horigome, campeão na estreia da modalidade em Jogos Olímpicos, atualizado esse estatuto com 281,14 pontos, em outra final intensa.

Um derradeiro ‘trick’ de 97,08 permitiu-lhe passar do sétimo lugar para o topo, superando os norte-americanos Jagger Eaton (281,04), segundo, e Nyjah Huston (279,38), terceiro, num evento que tinha sido adiado no sábado, face à chuva contínua na capital francesa.

Com 17 desportos em ação, o terceiro dia trouxe 19 finais e afastou os Estados Unidos, país mais laureado desde Londres2012, do top 5 do medalheiro, com apenas três ouros.

A Grã-Bretanha pisou pela primeira vez o lugar mais elevado do pódio em Paris2024, ao revalidar os triunfos no concurso completo por equipas de equestre e no ciclismo ‘cross-country’ masculino, com Tom Pidcock a recuperar do atraso de mais de meio minuto provocado por um furo na roda dianteira para cronometrar 1:26:22 horas, acima do gaulês Victor Koretzky, a nove segundos, e do sul-africano Alan Hatherly, a 11.

Já o torneio de singulares masculinos de ténis ofereceu um ‘choque’ de titãs entre Novak Djokovic, segundo jogador mundial, e Rafael Nadal, 161.º e campeão em Pequim2008, com o sérvio a triunfar naquele que pode ter sido o último duelo de uma das maiores rivalidades da história (6-1 e 6-4), no court central de Roland Garros, onde o espanhol cimentou um recorde de 14 troféus no segundo Grand Slam da temporada, três dos quais sobre ‘Nole’.

Detentor de um máximo de 24 vitórias em ‘majors’ masculinos e bronze em Pequim2008, Djokovic continua na luta pelo único título em falta na carreira e defrontará nos ‘oitavos’ o alemão Dominik Koepfer, 70.º ATP, enquanto Nadal, que junta 22 Grand Slams e perdeu pela 31.ª vez em 60 desafios com ‘Nole’, ainda ladeia Carlos Alcaraz no evento de pares.

30 Jul 2024

Automobilismo | Da Guia para Portugal 25 anos depois

Entre as várias dezenas de carros que participaram no 53.º Circuito Internacional de Vila Real, um carro em particular chamou-nos à atenção, tratava-se de um Honda Civic EG6 amarelo com um logótipo antigo de “Macau”. Vinte cinco anos depois, o mesmo carro que competiu na Taça ACP do Grande Prémio de Macau em 1998 e 1999 regressou às pistas…em Portugal

 

Paulo Ascensão participou no Grande Prémio por duas ocasiões, onde foi 15.º (1998) e 17.º (1999) classificado, mas depois da transferência regressou a Portugal e com ele levou o seu carro de corrida. “Quando viemos para Portugal em 1999 havia alguma incerteza em relação ao futuro tanto de Macau, como da evolução familiar e profissional. A decisão de deixar Macau foi alvo de muita ponderação e foi com muita dificuldade que a decisão foi tomada”, explicou Paulo Ascensão ao HM. “Após a decisão ser tomada, tudo o que havia em Macau, carros inclusive, acompanharam a família. Tanto o Honda como também os Alfa Romeos, e todos os restantes projectos.”

O “bichinho das corridas” sempre o acompanhou e, assim que apareceu a oportunidade, Paulo Ascensão voltou a vestir o fato e a colocar o capacete. Com o filho Luís Ascensão, inscreveu-se na prova do Campeonato de Portugal de Velocidade Legends, na categoria 1600, e com o mesmo Honda que, ainda nos dias da administração portuguesa do território, comprou a um amigo chinês de Hong Kong.

“A ideia de correr em Portugal com o Honda sempre foi uma semente que estava latente, bem como a preparação de mais um carro de corrida (um Alfa Romeo clássico), mas os compromissos pessoais e profissionais nem sempre nos deixam tempo para levar todos os projectos em frente. A família e o trabalho sobrepuseram-se aos projectos lúdicos”, mas acresce que “o Honda na garagem gritava todos os dias por ar fresco!”

Com os filhos mais velhos já crescidos, e com o mais novo a estudar Engenharia Mecânica, Paulo Ascensão confessa que tinha “chegado a altura de voltar a pôr os carros a andar. O Honda era o candidato ideal para esse regresso.”

Futuro nas pistas

Depois da estreia positiva em Vila Real, sem toques nem incidentes, o EG6 irá continuar a ser visto nos circuitos portugueses, pois “vai cumprir o restante calendário dos Legends, com mais duas provas em Setembro e Outubro”. Isto, porque o projecto pai e filho em Vila Real ficou em suspenso, devido a uma indisposição do filho Luís, “pois não tendo sido possível realizar as qualificações, para conhecer a pista e adaptar-se ao carro, optou-se por ser o pai a fazer ambas as corridas.”

Bem estimado, o Honda “macaense” apareceu no circuito transmontano com muita saúde e como se os vinte e cinco anos de inactividade não tivessem passado por si. “Esteve a ser revisto e actualizado, com tudo o que é obrigatório e carece de homologação, como por exemplo, o banco, os cintos, depósito combustível, extintor, etc. Foram feitas melhorias que nos anos noventa eram extremamente difíceis, pois a tecnologia à data não o permitia com facilidade, como por exemplo a afinação em tempo real em banco de potência. Essas melhorias pretendem trazer uma fiabilidade extra ao carro, que de si já é lendária. Contudo, é basicamente o mesmo carro que correu em Macau, com a mesma suspensão, travões, caixa de velocidade, escape, admissão, etc.”

O Honda nº38, que competiu com pneus semi-slicks como mandam as regras, e não slicks como em Macau, completou com êxito as duas corridas, em 7.º e 5.º lugar da Taça Legends 1600 do Campeonato de Portugal de Velocidade Legends.

Voltar a Macau

Paulo Ascensão não perdeu a esperança de um dia voltar a competir no Circuito da Guia, apesar de ter a noção que hoje em dia não é fácil conseguir uma vaga no programa do maior cartaz desportivo da RAEM. Esta experiência no actualmente único circuito urbano português trouxe-lhe à memória recordações do traçado da “Pérola do Oriente”.

“Vila Real trouxe de volta memórias de Macau, pois também é um circuito citadino. Não tem grandes escapatórias e os limites da pista são os rails”, realça o piloto que é residente de Macau. “Correr em Macau é algo único, é um circuito muito mais rápido, com uma zona baixa muito rápida, e depois uma zona superior com todos os SS, onde os limites do piloto e do carro são desafiados constantemente. As ultrapassagens em Macau são muito difíceis, e em Vila Real também. Macau tem uma zona rápida mais larga, mas por ser rápida é difícil ultrapassar. Por seu lado, Vila Real é mais apertada, mas com mais transições, sendo por isso mais propícia a ultrapassagens na saída das travagens.”

“O Honda ainda tem algumas referências a Macau, e foi muito bem recebido pelos outros concorrentes. Houve vários pilotos que questionaram sobre a sua proveniência e muitos referiram ambicionaram também correr em Macau. Embora seja um desafio deslocar máquinas e equipas, ainda mantemos o sonho de voltar a correr em Macau. Ambiciono, um dia, voltar e, quem sabe, levar mais três ou quatro pilotos nacionais para disputarem provas em Macau.”

23 Jul 2024

Couto volta às vitórias na Coreia do Sul

Os pilotos de Macau, André Couto e Charles Leong Hong Chio, viajaram no fim de semana até à Coreia do Sul, para a terceira jornada da temporada de 2024 do Lamborghini Super Trofeo Asia. No Inje Speedium, os dois pilotos do território voltaram a estar em evidência, com André Couto a vencer a sua categoria em ambas das corridas.

Localizado nas montanhas de Taebaek, na província de Gangwon, aproximadamente a 121 quilómetros a leste da capital sul-coreana, Seul, o Inje Speedium foi inaugurado em 2013. Desde então, o circuito tem acolhido regularmente uma série de competições regionais, com o seu traçado a proporcionar um desafio emocionante para os pilotos e corridas interessantes para os espectadores, emoldurado por uma paisagem pitoresca.

Os pilotos da RAEM destacaram-se logo na qualificação. André Couto marcou o segundo melhor tempo na Qualificação 1, ficando a duas décimas da pole-position, conquistada pelo neo-zelandês e campeão em título, Chris van der Drift. Já Charles Leong, o piloto da SJM Iron Lynx Theodore Racing fez o quarto melhor tempo da sessão.

Na tarde de sábado, André Couto fez um bom arranque e manteve sempre van der Drift sob pressão no seu turno de condução. Com a habitual troca de pilotos, e já com Fangping Chen ao volante, o Lamborghini Huracán Super Trofeo Evo 2 nº88 acabou por cair até ao sexto lugar. No entanto, a vantagem conquistada pelo piloto português na primeira metade da corrida foi o suficiente para a dupla da Madness Racing Team celebrar uma vitória na classe Pro-Am.

Charles Leong também teve razões para sorrir no sábado, pois fez uma boa corrida, tendo no seu turno de condução ganho uma posição. A japonesa Miki Koyama fez o que lhe competia na integra e subiu ao segundo lugar, por troca com Fangping Chen, vendo a bandeira de xadrez apenas atrás de van der Drift.

Para a segunda corrida do fim de semana, disputada no início da tarde de domingo e com os dois pilotos de Macau a assistirem das boxes à primeira parte da corrida, Koyama largou do segundo lugar, ao passo que Fangping Chen partiu de sétimo. A japonesa cumpriu o que se lhe pediu, mantendo-se sempre na pegada do primeiro classificado, no entanto, a dupla do carro patrocinado pela Theodore Racing caiu para o terceiro lugar da geral e da classe Pro já no final da contenda. No entanto, nas contas do campeonato, este conjunto de resultados, permitiu ao jovem duo subir para a primeira posição na classe Pro.

André Couto herdou o seu Lamborghini no oitavo lugar, mas Fangping Chen já liderava entre os carros inscritos na classe Pro-Am. Com o ex-campeão de Super GT, na classe GT300, aos comandos, o “touro” da equipa chinesa subiu três posições, terminando no quinto posto, e vencendo a corrida na sua classe. A dupla luso-chinesa está isolada na classificação da classe Pro-Am quando ainda faltam três eventos por realizar.

O troféu da prestigiada marca de automóveis de luxo italiana continua no próximo mês, com uma jornada dupla no emblemático circuito japonês de Fuji, no fim de semana de 17 e 18 de Agosto.

22 Jul 2024

GP | Preocupação e alívio no apuramento de Zhuzhou

O automobilismo local convergiu no pretérito fim de semana ao Circuito Internacional de Zhuzhou, na província de Hunan, para disputar as duas corridas que faltavam do Macau Road Sport Challenge que serviram para carimbar o passaporte para o 71.º Grande Prémio de Macau. Para os pilotos de matriz portuguesa, no que respeita aos resultados, o fim de semana esteve longe daquilo que nos habituaram, no entanto, veio com uma excelente notícia

No início do fim de semana, no Briefing de Pilotos, foi comunicado aos concorrentes que haverá em Novembro, no fim de semana do Grande Prémio, não uma, mas duas provas do Macau Road Sport Challenge, a exemplo de 2023. Quer isto dizer, que todos os pilotos que participaram nos dois eventos de qualificação para a grande corrida terão selado o apuramento, apesar de caber à Comissão Organizadora do evento a última palavra nesta matéria.

No que às corridas de Zhuzhou diz respeito, com Américo de Jesus a assumir o papel de Director de Corrida, dada a popularidade da competição que junta em pista os Toyota GR86 (ZN8) e os Subaru BRZ (ZD8), a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) viu-se obrigada novamente a dividir por sorteio o pelotão em duas grelhas, o que determinou a realização de quatro corridas ao longo do fim de semana. O domínio foi claro e pertenceu aos pilotos de Hong Kong. Damon Chan venceu as duas corridas no Grupo A, ao passo que no Grupo B, Wong Chuck Pan e Jactin Chung dividiram os triunfos.

Suor e sofrimento

No Grupo A, Jerónimo Badaraco e Rui Valente tiveram outro fim de semana modesto para os resultados que já nos habituaram. No seu primeiro ano ao volante destes carros, “Noni” qualificou-se no 19.º lugar, um lugar pouco habitual para o vencedor da última edição da Taça ACP em 1999. Na primeira corrida, o piloto macaense fez prevalecer a sua experiência e rapidez para conquistar um 14.º lugar, para na segunda corrida voltar a subir lugares e a entrar pela primeira vez no top-10, uma posição que lhe daria por mérito um lugar para o Grande Prémio mesmo que houvesse só uma corrida.

Rui Valente teve um fim de semana penoso, debatendo-se com um motor “cansado” e com menos 20 cavalos que a concorrência, qualificando-se apenas no 22º lugar. Depois de uma primeira corrida vistosa, onde cortou a linha de meta no 11.º posto, uma penalização do Colégio de Comissários Desportivos, por alegadamente desrespeitar os limites de pista, atirou-o para o 20º lugar, posição de onde partiu para o segundo embate. Mesmo com um motor limitado e a aquecer durante a segunda corrida, Rui Valente lá conseguiu “arrancar a ferros” um honroso 15º lugar.

No Grupo B, Sabino Osório Lei e Célio Alves Dias, dois pilotos que também fizeram a sua estreia na categoria, tiveram prestações muito parecidas à primeira jornada. Já com o apuramento garantido desde o primeiro fim de semana e sempre com um andamento ao nível dos pilotos da frente, Sabino Osório obteve um sexto e um sétimo lugar. Continuando a ter dificuldades, Célio Alves Dias terminou em 20.º lugar na primeira corrida e em 15.º lugar no segundo confronto.

Final de contas

Contas feitas ao somatório dos dois fins-de-semana, na classificação oficiosa do cômputo dos dois grupos e das oito corridas realizadas no sinuoso traçado de Zhuzhou, Damon Chan foi o grande vencedor, seguido por Adrian Chung e Jactin Chung, todos eles pilotos de Hong Kong. Sabino Osório foi o 10.º classificado e o melhor piloto classificado da RAEM. Badaraco, Alves Dias e Valente foram respectivamente os 35.º, 39.º e 43.º classificados entre os cinquenta e oito participantes.

Estes resultados demostraram que para os pilotos do território há muito trabalho de casa a fazer nos próximos três meses se quiserem ombrear com os pilotos de Hong Kong e do Interior da China na corrida mais importante do ano. O 71.° Grande Prémio de Macau terá lugar de 14 a 17 de Novembro. O período de inscrições dos pilotos locais na prova deverá ser anunciado nas próximas semanas, sendo que as Listas de Inscritos oficiais dos participantes só deverão ser divulgadas ao grande público, como é tradição, no mês de Outubro.

9 Jul 2024

Spa | Presença macaense nas 24 Horas

Por estes dias, no coração das Ardenas belgas, ecoa com estrondo o roncar dos motores. No Circuit de Spa-Francorchamps, que os locais orgulhosamente consideram “le plus beau circuit du monde”, disputa-se a 100.ª edição das 24 Horas de Spa. Na boxe nº11, está a equipa de bandeira chinesa Uno Racing Team with Landgraf, cuja gestão desportiva do seu Mercedes AMG GT3 está a cargo do engenheiro macaense Duarte Alves

 

Figura conhecida do desporto na RAEM, Duarte Alves vai para a sua quinta prova de resistência este ano e “a minha terceira de 24 horas este ano”. Apesar da sua devida reputação, as 24 Horas do Dubai, as 12 Horas de Bathurst, as 12 Horas de Sepang e as 24 Horas de Fuji, não se comparam em estatura e estatuto às 24 Horas de Spa, que é hoje a maior corrida de GT3 do calendário mundial, com um impressionante pelotão de 66 carros de nove marcas. Estas provas “clássicas da endurance” têm sempre um gosto especial, tanto para os pilotos como para todos em que nelas trabalham.

“Uma prova de resistência é mais interessante, pois exige mais como engenheiro, em termos de planeamento e estratégia. Uma corrida de ‘sprint’ é muito mais simples”, explicou Duarte Alves ao HM, enquanto os técnicos da equipa preparavam o Mercedes-AMG para a participação no muito aclamado desfile que leva os carros do circuito até ao centro da cidade. “Por outro lado, uma corrida de 24 horas exige muito em termos físicos. É que não são só as 24 horas da corrida. Há o antes e o depois, e não dormir durante 38 horas não é fácil!”

Depois da experiência de 2023, em que a Uno Racing Team, com um Audi R8 LMS GT3 terminou no 37.º lugar da prova, Indy Dontje, David Pun, “Rio” e Kevin Tse perfazem o quarteto de pilotos da equipa para edição deste ano da prova. Desta vez, a equipa chinesa optou por não trazer o seu ‘staff’ para a prova belga, apostando numa parceria com a equipa alemã Landgraf que por sua vez fez questão de contar com os serviços de Duarte Alves, ele que este ano está a disputar o GT World Challenge Asia com a Craft-Bamboo Racing de Hong Kong.

“No ano passado, viajou a equipa toda de Zhuhai para esta prova, mas os vistos e as viagens tornam os custos proibitivos. Por outro lado, as equipas aqui na Europa conseguem sempre oferecer um preço muito mais competitivo”, esclareceu, acrescentando que a participação, seja em que moldes forem, é sempre “uma boa experiência”.

Diferenças continentais

Antes mesmo de exercer a profissão na Ásia, Duarte Alves começou a sua carreira no automobilismo na Europa, mais precisamente no Reino Unido, e depois nos Estados Unidos da América. Quase duas décadas depois desses tempos, o engenheiro e empresário de Macau continua a ver diferenças entre as equipas ocidentais e as asiáticas.

“Em termos operacionais, são muito diferentes”, explica, dando como exemplo “a quantidade de competições e de testes que justifica que as equipas europeias tenham pessoal a tempo inteiro, enquanto na Ásia, essa modalidade praticamente não existe, talvez excepto no Japão, onde a industria está mais desenvolvida”.

Outro factor significativo prende-se com a “logística na Europa continental também ajudar bastante. Na Ásia, as equipas não têm camiões para transportar equipamento e as viaturas, trabalha-se a partir de contentores durante a época toda.” Por isso mesmo, “na Europa, sem dúvida, que se está a um nível com exigências muito mais altas. É uma indústria com mais de cem anos, obviamente que está muito mais madura e consegue desenvolver mais talentos”.

Envolvido nas provas asiáticas desde 2009, Duarte Alves considera que “na Ásia, ainda se está longe de se conseguir desenvolver a indústria com profissionais a tempo inteiro, e por consequência, oferecer a experiência necessária para se conseguir trabalhar a um nível onde se possa exigir mais profissionalismo”. Apesar dessas discrepâncias, “nos últimos anos, as equipas asiáticas mais sérias têm crescido bastante”.

Limite da FIA faz sentido

Uma presença habitual no Grande Prémio de Macau, Duarte Alves compreende a imposição de um tecto máximo de 23 carros que a FIA impôs na Taça do Mundo de GT da FIA para a corrida de “sprint” do Circuito da Guia.

“Trata-se de uma Taça do Mundo, onde competem os melhores pilotos de GT3 do mundo”, relembra o engenheiro macaense. “Misturá-los com pilotos regionais ou outros com menos experiência, os quais podem ser até cinco segundos por volta mais lentos, não faz sentido. Até mesmo, por motivos de segurança.”

Dado que apenas os pilotos categorizados como “Gold” ou “Platinum” têm entrada directa na corrida de GT3 do território, Duarte Alves reconhece que, dados os números do ano passado, também não deverá ser fácil para a FIA “conseguir aceitar mais pilotos categorizados como ‘Silver’”, pilotos esses que estão dependentes do aval da Comissão de Selecção da corrida.

28 Jun 2024

FIA limita os GT a 23 carros no Grande Prémio

As inscrições estão abertas para a sétima edição da Taça do Mundo de GT da FIA, que será novamente realizada dentro do programa do Grande Prémio de Macau, cuja 71.ª edição se disputa de 14 a 17 de Novembro. A grande novidade é que a Federação Internacional do Automóvel (FIA) impôs um tecto ao número de inscritos.

O evento de “sprint” da categoria GT3, de formato de piloto único, do mundialmente famoso Circuito da Guia contará novamente com duas corridas – a de qualificação com 12 voltas e a final com 16 – que foram vencidas no ano passado pelo italo-suíço Raffaele Marciello (Mercedes-AMG GT3).

A edição deste ano não deverá ter muitas diferenças em relação às anteriores, mas a grelha de partida vai estar limitada a 23 concorrentes, um número que a FIA não justificou quando, na pretérita semana, fez o anúncio da abertura do período de inscrições, que termina no próximo dia 29 de Julho, e da criação de uma plataforma para o efeito. Este número pode ser considerado aquele que a FIA vê como o mais adequado para a realização em segurança das corridas, mas também estará relacionado com as limitações de espaço no paddock.

O valor da pré-inscrição na prova por carro é de 3,000 euros, cerca de 25,900 patacas, e o valor final da inscrição a pagar é de 11,500 euros, cerca de 99,400 patacas, um valor igual a 2023, e que terá que ser pago até ao dia 29 de Agosto. A lista oficial de inscritos tem que ser confirmada, o mais tardar, até ao dia 25 de Outubro. A prova irá atribuir novamente um título de pilotos e um título de construtores, sendo que este último está pendente da participação de pelo menos três marcas na prova.

Quantidade e qualidade em harmonia

No ano passado, a Audi, a BMW, a Mercedes-AMG, a Ferrari e a Porsche marcaram presença na prova, quase todas elas colocando os seus pilotos de fábrica em carros assistidos por equipas da região ou provenientes da Europa. A prova de Macau mantém-se a mais importante para os carros da classe FIA GT3 no continente asiático e, este ano, o número de construtores poderá aumentar com a chegada de outras marcas, dado o interesse mostrado pela Aston Martin, Lamborghini e Ford na prova do território.

Em comunicado, Marek Nawarecki, Director Sénior da Velocidade da FIA, disse que “o regresso da Taça do Mundo de GT da FIA a Macau no ano passado revelou-se uma grande história de sucesso. As regras do GT3 estão a tornar-se cada vez mais fortes, com praticamente todos os construtores premium não só presentes nesta classe, mas também a desenvolver novos carros. Portanto, para 2024, estamos ansiosos por um evento talvez ainda mais forte, com alguns dos melhores pilotos de GT do mundo na grelha de partida e, esperamos, ainda mais construtores representados.”

Segundo o Regulamento Desportivo provisório da prova, a exemplo do ano passado, serão distribuídos um máximo de 80,750 dólares norte-americanos, cerca de 650 mil patacas, em prémios monetários. Este documento também contempla que todos os carros participantes tenham que estar disponíveis para acções promocionais do dia 9 ao 11 de Novembro. É de recordar que a Exposição de Carros e Motos do Grande Prémio de Macau, na Praça do Tap Seac, tem sido uma aposta ganha da Comissão Organizadora do evento para abrir as hostilidades.

21 Jun 2024

Agente guineense em Macau quer apoiar futebolistas locais

O advogado guineense Taylor Gomes, primeiro agente em Macau certificado ao abrigo de novas regras da Federação Internacional de Futebol (FIFA), quer apoiar jogadores locais na “transição difícil” do futebol de formação para o profissional.

O novo Regulamento de Agentes de Futebol da FIFA (FFAR, na sigla inglesa), aprovado no final de 2022, foi para Taylor Gomes, advogado em Macau, uma oportunidade de regressar ao futebol.

Ligado à modalidade desde pequeno, o guineense, que vestiu a camisola de vários clubes de Macau, chegou mesmo a sonhar tornar-se profissional, mas o Direito acabou por levar a melhor.

Tornou-se recentemente no primeiro agente de futebol em Macau ao abrigo das novas regras da FIFA, que vieram regulamentar a actividade “de forma mais estrita e centralizar o licenciamento”, conta o advogado em entrevista à Lusa.

No passado, explica Taylor Gomes, os agentes registavam-se junto de associações ou federações e, de acordo com os requisitos dos países onde quisessem atuar, exercendo a profissão livremente. Agora, a FIFA é quem tem essa responsabilidade, sendo a certificação atribuída através de um exame ‘online’, que o advogado realizou em Maio.

“Anteriormente, eu teria de estar num mercado em que o futebol fosse mais desenvolvido, que não é a realidade de Macau (..). Não estando na Europa, não estando em nenhum desses países onde se faz mais transações, teria dificuldade de estar aí registado”, conta.

Mas se a ideia deste advogado era apoiar numa primeira fase os jovens de Macau a fazerem a transição para o universo profissional, a notícia sobre o licenciamento de Taylor, avançada esta semana pelo jornal de Macau Ponto Final e partilhada nas redes sociais, veio abrir outras portas.

O guineense diz que recebeu “contactos quase do mundo inteiro por força daquela notícia” e salienta solicitações de “jogadores a actuar em Portugal e Turquia, de origem africana”.

A Guiné-Bissau é um mercado a “explorar, com certeza”. Além dos contactos “mais avançados” terem partido de profissionais guineenses, Taylor Gomes já foi abordado por um projecto com academias daquele país africano “que quer ajudar jovens a dar o salto, normalmente para Portugal, a porta de entrada da maior parte dos guineenses na Europa”.

No que diz respeito a Macau, o agente nota que há formação “de alguma qualidade” no território, mas que o processo de transição é difícil. Ao contrário da Europa ou da América Latina, onde jogadores “de 14, 15 ou 16 anos já têm uma maturidade física e competitiva muito grande”, em Macau a evolução dos jovens “fica atrofiada” devido ao défice de nível competitivo.

“Quando vão estudar para fora com 18 anos, que já é tarde para o futebol na Europa, têm dificuldade em acompanhar o ritmo dos jogadores ou de colegas que já estão a competir há muito tempo e com um nível bastante elevado”, considera.

Mais-valias

Tendo como um dos objectivos locais apoiar jogadores “a darem o salto para a Europa”, a detenção do passaporte português pode ser “muito importante”. É que, por exemplo, a transição de um jogador de Macau para Portugal tem “limitações e entraves”.

“Um jogador que tenha passaporte chinês e que seja menor de idade pode ter dificuldades em ser inscrito em Portugal para campeonatos de camadas jovens. Isso é um aspecto primordial, porque os jogadores que saem de Macau nunca vão ser produtos acabados, são jogadores que vão para Portugal, que se quer que possam ir ainda em idade para integrarem as camadas de formação e aí evoluírem. E há limitações no que diz respeito à inscrição de estrangeiros, principalmente quando não acompanhados pelos pais”, indica.

Neste sentido, os detentores de passaporte português em Macau são um dos grupos prioritários do novo agente.

No entanto, para agenciar menores de idade, Taylor Gomes tem de completar uma formação adicional, estando ainda a aguardar que esta esteja disponível ‘online’.

17 Jun 2024

GP | Fórmula Regional é bom para os pilotos portugueses

A controversa substituição operada pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) na prova rainha de monolugares do Grande Prémio de Macau poderá permitir o regresso de pilotos portugueses ao Circuito da Guia. Essa é a convicção de César Campaniço, o único piloto com licença desportiva de Portugal que participou nas provas de F3, Turismo e GT do Grande Prémio de Macau

 

Desde que a GP3 Series deu lugar ao Campeonato de Fórmula 3 da FIA, em 2019, não houve qualquer piloto português a participar na competição sob a gestão da Formula One Management. Com custos mais baixos que a Fórmula 3, cujos orçamentos da Taça do Mundo de Fórmula 3 em Macau ultrapassavam com a facilidade o milhão e meio de patacas, a Fórmula Regional poderá novamente abrir a porta ao regresso de jovens pilotos portugueses ao mais antigo circuito citadino do continente asiático.

“Claramente a Fórmula Regional abre muito mais a porta à participação de pilotos portugueses do que a FIA F3”, referiu ao HM César Campaniço, ex-piloto profissional e actual consultor e ‘driver coach’ de vários projectos no automobilismo. “Por um lado, porque financeiramente é muito mais viável e por outro, porque na geração actual temos poucos pilotos nas fórmulas de formação ou nas provas de protótipos para poder encarar uma participação digna naquele que é o mais desafiador e bonito, na minha opinião, circuito citadino ‘natural’ do mundo”

O actual ‘driver coach’ do FPAK Junior Team, o projecto da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting para o lançamento de jovens pilotos na velocidade, recorda que “já nos meus anos de Fórmula 3, era a final mundial da categoria, pelo seu simbolismo e por ser disputada no final do ano, após o termino dos campeonatos nacionais e continentais da mesma.”

Candidatos que se perfilam

Depois da sua estreia no Circuito da Guia no ano passado, com um entusiasmante sexto lugar na corrida prova de Fórmula 4, o jovem piloto luso de Macau e actual campeão chinês de Fórmula 4, Tiago Rodrigues, já publicamente mostrou interesse em participar na prova do território, sendo que a sua participação dependerá dos apoios que conseguir reunir.

Campaniço dá outro exemplo de um compatriota que poderá marcar presença já na prova no mês de Novembro: “Neste momento temos o Ivan Domingues que está na FRECA (Formula Regional European Championship by Alpine) e tem feito a sua formação desde a F4 de maneira estruturada. Certamente poderá fazer muito boa figura neste grande evento.”

Nas trinta e oito passagens dos monolugares da Fórmula 3 pelo território, dez pilotos portugueses participaram na prova, tendo vencido três edições, uma por André Couto (2000) e duas por António Félix da Costa (2012 e 2016).

Manter a relevância

O ex-piloto lisboeta, que correu no Circuito da Guia de F3 em 2002 e 2003, acredita que o evento do território não irá perder a relevância internacional construída ao longo de sete décadas, “pois os pilotos de Fórmula 3 já treinam e correm de Fórmula Regional, porque é proibido treinar de Fórmula 3. Por isso mesmo, não me admiraria, que pela importância do evento e da pista que muitos deles, ainda ativos na Fórmula 3 deste ano, também considerassem participar na prova”.

Ciente do impacto destas mudanças, Campaniço realça que “Macau é um evento especial, apesar de na pandemia ter perdido um pouco a pujança, mas esta decisão penso que vai tornar o evento muito mais composto e competitivo a nível da categoria de Fórmula de topo que vai participar este ano.”

Apesar de ainda não ter sido anunciado oficialmente, a grelha de partida da primeira edição da Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA deverá utilizar os monolugares Tatuus T-318 (inicialmente chamados Tatuus F.3 T-318), equipados com motores Alfa Romeo preparados pela Autotecnica Motori, com 1742cc e 270 cavalos, habitualmente vistos a competir na Fórmula Regional do Médio Oriente. A grelha de partida deverá reunir entre 27 a 30 monolugares.

“Não nos podemos esquecer que a Fórmula Regional nasce como categoria de topo que se pode fazer a nível nacional ou regional”, esclarece Campaniço. “Aliás, o seu primeiro nome era mesmo F3 Regional. A F3 Internacional de hoje em dia é só para alguns e esses iriam chegar ao fim do ano sem dinheiro para correr em Macau ou com pouca vontade de investir mais do que as corridas que têm no calendário deles”.

O 71.° Grande Prémio de Macau terá lugar de 14 a 17 de Novembro e, de acordo com a Comissão Organizadora da prova, os preparativos para as provas estão a decorrer de forma ordenada.

Director da FIA deixa escapar o motivo

Entretanto, em declarações proferidas à revista inglesa Autosport, François Sicard, o Director de Operações e Estratégia de monolugares da FIA, levantou um pouco mais o véu sobre a saída da F3 da RAEM. “Não foi possível manter a F3 porque vamos mudar para a nova geração de carros em 2025, pelo que, por razões logísticas, não era possível ter os carros em Macau”, explicou o responsável francês, que acrescentou que “ao mesmo tempo, estávamos a questionar se ainda seria relevante manter a F3 em Macau.
Foi [em 2019 e 2023] apenas uma corrida extra adicionada ao Campeonato de F3 da FIA, o que não é a filosofia do evento de Macau”. A ideia da FIA é “recriar a ideia da (antiga) corrida de F3 – ter os melhores pilotos de todas as categorias juniores do mundo”, explicou à reputada publicação britânica. Sicard também revelou que “há dois anos, eu já queria fazer isso. Sabíamos que o conceito da F3, tal como é actualmente, era bom, mas faltava-nos algo. Esperamos ter pilotos de todas as regiões”. A ideia da FIA passa por fazer uma selecção dos melhores pilotos dos vários campeonatos regionais.

12 Jun 2024

Automobilismo | Pilotos de Macau sobem ao pódio na Austrália

Os pilotos de Macau, André Couto e Charles Leong Hon Chio, voltaram a estar em destaque na segunda jornada do troféu Lamborghini Super Trofeo Asia, com ambos a terminar no pódio das suas classes em ambas as corridas do programa. Couto chegou mesmo a vencer a sua classe no segundo embate do fim-de-semana

 

A competição monomarca asiática do prestigiado construtor automóvel italiano viajou até “down under”, para duas corridas no circuito The Bend Motorsport Park, em South Australia. Com temperaturas bastante amenas, os pilotos da RAEM deram muito boa conta de si. Leong realizou a sua segunda prova no troféu Lamborghini, obtendo resultados muito positivos, e Couto continuou a “levar ao colo” o melhor dos dois carros da equipa chinesa Madness Racing Team.

A corrida de sábado começou animada para os dois pilotos de Macau, depois de horas antes Leong se ter qualificado no segundo lugar e Couto em quarto. Nos primeiros metros da corrida, o piloto que largou da pole-position entrou em pião, gerando o caos no meio do pelotão. Leong desceu para terceiro e ficou sob ataque de Couto.

O mais experiente piloto de Macau precisou apenas de duas voltas para ultrapassar o jovem recruta da SJM Iron Lynx Theodore Racing, desembaraçando-se de seguida do carro que rodava à sua frente, algo que Leong replicou.
Couto deixou o Huracan Supertrofeo EVO2 no segundo lugar da geral antes da paragem obrigatória para troca de pilotos.

Contudo, o inexperiente Fangping Chen acabou por perder várias posições ao longo do seu turno de condução, caindo até ao quinto lugar, segundo da classe Pro-Am. Num dia bom para as cores da RAEM, Leong também subiu ao pódio, pois a japonesa Mini Koyama conseguiu conservar o terceiro lugar da classe Pro.

Vitória dominical

No domingo, como manda a regulamentação, tanto Leong como Couto assistiram do muro das boxes ao arranque dos seus respectivos companheiros de equipa para a segunda corrida de cinquenta minutos do fim de semana. Quando chegou a hora de assumirem as rédeas dos “touros” de Sant’Agata Bolognese, Leong era quinto e Couto décimo.

Com um andamento mais rápido que aquele demonstrado pelos seus companheiros de equipa, Leong levou o Lamborghini vermelho com o nº32 nas portas ao quarto lugar, o que lhe valeu o último lugar no pódio na classe Pro, enquanto que Couto, que fez uma recuperação ainda maior, viu a bandeira de xadrez no quinto posto, vencendo a classe Pro-Am.

Com estes resultados, Couto saiu, da pista dos arredores de Adelaide, destacado no primeiro lugar da classe Pro-Am. Por seu lado, Leong manteve o segundo lugar na classe Pro-Am. O Lamborghini Super Trofeo Asia prossegue no fim-de-semana de 20 e 21 de Julho, no circuito de Inje Speedium, na Coreia do Sul.

11 Jun 2024

GP | Gian Carlo Minardi concorda com o fim da F3 em Macau

O abrupto anúncio do fim da Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA do Grande Prémio de Macau, na passada semana, e a sua substituição pela Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA, gerou um leque variado de opiniões, e nem todas positivas, tanto em Macau como fora do território. Para Gian Carlo Minardo, que foi até Março passado o presidente da Comissão de Monolugares da FIA, esta foi a decisão correcta

 

A marca Fórmula 3 tem uma história com mais de quarenta anos que a liga a Macau, e sua inesperada troca – algo que foi falado durante alguns meses nos bastidores, mas nunca foi abordado publicamente – apanhou a grande maioria dos intervenientes de surpresa. Por outro lado, o nome da Fórmula Regional, para além de pouco atractivo, não diz muito até aqueles que acompanham o desporto de perto. Como tal, esta “troca” da FIA, em que 2023 assinou um contrato de três anos com as entidades de Macau para a organização no Circuito da Guia da Taça do Mundo de Fórmula 3, foi naturalmente vista como um “retrocesso”.

Gian Carlo Minardi apoia a medida da federação internacional, até porque “a actual Fórmula Regional, que começou por ser a Fórmula 3 Europeia e depois mudou de nome para não se confundir com a Fórmula 3 internacional, nasceu com as características da antiga Fórmula 3, aquela que corria no passado em Macau”, esclareceu o ex-proprietário da equipa Minardi da Fórmula 1 (hoje Visa Cash App RB F1 Team) quando questionado pelo HM.

O italiano, que deixou o seu cargo na FIA devido à falta de tempo para combinar o cargo com a gestão do circuito de Imola, é claro em dizer que a razão para os Fórmula 3 não viajarem até à RAEM se deve, acima de tudo, a razões de segurança.

“Hoje em dia, os actuais F3 Internacionais já não são adequados para aquele circuito em termos de peso e potência, pelo que a FIA, por razões de segurança, optou por uma fórmula mais adequada”, explicou, acrescentando que “devido à velocidade atingida na pista e às fracas escapatórias, o circuito de Macau continua a ser um circuito difícil”, sendo que por isso “concordo com a escolha da FIA”.

E porquê agora?

Estranhamente a questão se os actuais Fórmula 3 se adequam ou não ao Circuito da Guia, não se terá colocado em 2019 e em 2023, quando estes visitaram a RAEM, tendo inclusive sido executadas várias intervenções para que o circuito urbano de Macau pudesse em 2019 receber pela primeira vez o Grau 2 da FIA, requisito necessário para acolher estes monolugares.

Contudo, Gian Carlo Minardi, que só assumiu em Abril de 2022 a presidência da Comissão de Monolugares da FIA, comissão essa que conta com um membro de Macau, Sancho Chan, é assertivo a dizer que “a performance dos carros está a aumentar constantemente e certos circuitos, especialmente Macau, não conseguem melhorar as infra-estruturas”.

O italiano não compreende o porquê da critica ao fim da F3 nas ruas do território. “Penso que o problema não está a ser tratado correctamente”, salientando que “hoje a Fórmula Regional iguala, ou consegue fazer performances ainda melhores que a antiga F3 que tornou Macau famoso”, sendo que o mais “importante é manter a competição”.

No entanto, o italiano reconhece que “talvez em 2019 o problema não tenha sido bem avaliado, tornando-se um problema para mim correr com a F3 internacional em 2023.”

Outros dilemas

Mesmo se a Fórmula 3 tivesse continuado a competir em Macau, este ano seria problemático. O actual monolugar da Dallara está em fim de vida e prestes a ser descontinuado no final de 2024. Com o fabricante italiano focado na construção do novo carro, as equipas do Campeonato de Fórmula 3 da FIA já se debatem com a escassez de peças sobressalentes, algo que será mais notório com a aproximação do final da temporada e que seria um assunto especialmente delicado numa prova como o Grande Prémio em que a sua natureza requer um volume considerável de peças de substituição.

Por outro lado, em 2019, a Formula One Management ficou com os direitos da Fórmula 3, passando esta a ocupar o lugar da GP3. Contudo, o promotor do Campeonato de Fórmula 3 da FIA nunca actuou como co-organizador do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, deixando a tarefa de promover o evento do território nas mãos da própria FIA, entidade que hoje não tem essa vocação. A dificuldade em preencher a grelha de partida na última edição da prova em Macau, com vários volantes a serem apenas confirmados em cima da hora e uma equipa a rejeitar mesmo viajar até ao Oriente, foi uma demonstração dessa inapetência.

31 Mai 2024

GP Macau: FIA anuncia que Formula Regional vai substitui a Fórmula 3

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) anunciou na manhã de ontem que realizará a Taça do Mundo de Fórmula Regional no programa da 71ª edição do Grande Prémio de Macau. A competição, que na pirâmide das corridas de monolugares fica entre a Fórmula 4 e a Fórmula 3, vai ocupar o lugar no programa que pertencia à Fórmula 3.

Em 2023, a FIA assinou um contrato de três anos com as entidades de Macau para a realização da Taça do Mundo de Fórmula 3, mas este terá sido “transferido” para a Taça do Mundo da Fórmula Regional. A disciplina de monolugares que assentou arraiais em Macau pela primeira vez em 1983 e ajudou a tornar o Circuito da Guia célebre em todo o mundo, durante a pandemia foi substituída pela Fórmula 4. Todavia, a partir deste ano, a competição de monolugares da FIA realizada como parte do evento do território será reservada a carros da Formula Regional, “tornando o evento ainda mais acessível do que nunca, abrindo-o a um amplo leque de potenciais pilotos que competem a nível regional”, é possível ler no comunicado emitido pela própria federação internacional.

François Sicard, Diretor de Estratégia e Operações de Monolugares da FIA, justificou a razão da troca, como um ajuste a uma nova realidade e vê a Fórmula Regional como a categoria de monolugares que melhor se adequa ao evento de Macau. Isto, porque a própria natureza da Fórmula 3 de hoje, em nada se compara ao que em tempos foi esta disciplina de formação.

“Trazer os carros da Formula Regional para Macau para a Taça do Mundo da FIA é uma consequência natural da evolução do panorama das corridas monolugares juniores nos últimos anos e é um passo lógico na pirâmide”, disse o responsável da FIA e ex-Chefe de Equipa. “A corrida de Fórmula 3 de Macau construiu a sua reputação lendária como um evento que reunia os melhores pilotos jovens das competições nacionais de todo o mundo naquele que é o circuito citadino mais desafiante do mundo. A mudança para os carros da Formula Regional revive muito esse espírito e é uma solução ótpima a longo prazo para a competição de monolugares sancionada pela FIA em Macau.”

Lançada em 2018 na Ásia e nos EUA, na altura com o nome de F3 Regional, a Fórmula Regional faz a ponte entre várias as várias competições nacionais de Fórmula 4 e o Campeonato do Mundo de Formula 3 da FIA, que acompanha a Fórmula 1 vários eventos. Actualmente, existem cinco diferentes campeonatos de Fórmula Regional certificadas pela FIA a serem realizadas em todo o mundo – Américas, Europa, Japão, Médio Oriente e Oceânia – e, de acordo com dados da FIA, haverá aproximadamente 92 pilotos de Fórmula Regional a competir globalmente em 2024.

Todos os carros desta disciplina são construídos pela experiente Tatuus em Itália e usam diferentes motorizações, consoante o campeonato e a geografia do mesmo. Não foi revelado pela FIA que motorizações serão autorizadas a participar na prova do Circuito da Guia. O Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro.

23 Mai 2024

GP Macau | Betsy está viva e procura um novo lar

Chama-se “Betsy”. Foi o primeiro carro a liderar um Grande Prémio de Macau e é o único sobrevivente, que se conhece, dessa primeira edição (1954) do maior evento desportivo do seu território. O seu actual dono gostaria que voltasse um dia ao local onde foi feliz

 

Numa época em que os carros do dia-a-dia serviam também para fazer corridas, este Morgan Plus 4 (de quatro lugares), construído em Inglaterra em 1953, foi o carro com que Gordon John “Dinger” Bell, Director do Observatório Real de Hong Kong, correu no primeiro Grande Prémio de Macau. A sua participação foi curta e terminou com um acidente na Curva R, mas ninguém lhe retira o título de ter sido o primeiro líder daquela que se tornaria a mais célebre prova de automobilismo do Sudeste Asiático.

Julga-se que este será o único carro ainda existente da primeira edição do Grande Prémio de Macau, até porque o Triumph TR2 de Eduardo Carvalho que se encontra no Museu do Grande Prémio é uma réplica do carro original com que o português venceu a prova. Após o acidente em Macau, “Dinger” Bell continuou a conduzir o seu Morgan nas ruas de Hong Kong até ao final da década de 1950, tendo a viatura passado por várias mãos para, finalmente, em 1968, ser comprada – com o dinheiro do presente de casamento – por Dick e Carol Worrall, um casal inglês que tinha sido destacado para a força policial de Hong Kong.

Pelas mãos de Dick Worrall, também ele um entusiasta das corridas, “Betsy” regressaria ao Circuito da Guia por mais quatro ocasiões, a última delas em 1985, para participar na Corrida de Clássicos que fez parte do programa em algumas edições do evento. Aliás, só nesta última visita a Macau é que Dick Worrall conseguiu superar a volta mais rápida de “Dinger” de 1954. Também participou no primeiro rali de carros clássicos na República Popular da China em 1986 e teve um papel fulcral na fundação do Classic Car Club de Hong Kong (CCCHK), que ainda hoje perdura.

Dick Worrall recorda que “o Hong Kong Classic Car Club foi fundado porque, após a primeira corrida de sempre de carros clássicos no Circuito da Guia, realizada em 1978, para assinalar o 25.º aniversário do Grande Prémio, o ‘Clerk of the Course’, o senhor Phil Taylor, disse-me que incluiria mais eventos de automóveis clássicos se eu organizasse a grelha. Comecei então a contactar proprietários de automóveis antigos em Hong Kong e Macau, na altura tínhamos alguns membros portugueses e macaenses, e pouco tempo depois o CCCHK foi formado… tudo por causa da “Betsy”.

“Betsy” regressou ao Reino Unido com os seus proprietários em 1997, onde é bem conhecida nos círculos do clube Morgan local e continua a desempenhar um papel muito activo no meio.

A pensar no futuro

Orgulhoso do seu carro, Dick Worrall não esconde que gostaria que a “Betsy” um dia regressasse a este ponto do globo. “Um amigo meu do CCCHK está sempre a dizer-me que, quando chegar a altura de passar a propriedade do carro para outra pessoa – não falta muito tempo, pois faço 80 anos em breve – deveria pensar em pô-lo à venda em Hong Kong ou Macau”, referiu o britânico ao HM. “É um dos poucos carros antigos que ainda sobrevive e tem certamente uma história única ligada aos dois locais, o que lhe garantiria certamente um lugar muito especial em qualquer coleção de carros antigos da região”.

Apesar da afeção que sente pelo seu Morgan, Dick Worrall reconhece que “não há dúvidas que a “Betsy” estará por cá durante muito mais tempo do que eu e, por isso, considero-me apenas o seu ‘guardião atual’. Por isso, não posso deixar de pensar como seria bom se um dia ela regressasse a Hong Kong e Macau, onde passou tantos dos seus 70 anos. De facto, é lá onde ela pertence…”

Rapidez comprovada

Naquelas semanas que antecederam o mês de Outubro de 1954, Gordon John “Dinger” Bell preparou o seu Plus 4 para a corrida com tudo o que conseguiu arranjar para actualizar o motor, incluindo um colector de escape e carburadores duplos, que exigiram a aquisição de um novo capot para os cobrir que mandou fazer localmente em alumínio. Também removeu o pára-brisas e a estrutura do capot para poupar peso, bem como retirou a roda sobresselente.

Para a primeira edição do Grande Prémio, o Morgan qualificou-se em segundo lugar. Bell estava confiante de que era o mais rápido na secção sinuosa do circuito, mas o Austin-Healey 100/4 de Roger Pennels seria capaz de o ultrapassar nas longas rectas junto ao mar. Portanto, era imperativo passar rapidamente para o primeiro lugar, objectivo que conseguiu ao chegar à então Curva da Estátua (agora Curva Lisboa) à frente do restante pelotão de 15 concorrentes. Dito e feito.

A partir daí, “Dinger” imprimiu um ritmo forte, construiu uma boa vantagem e a volta mais rápida da corrida, dando-se ao luxo de acenar à sua equipa de boxes à velocidade “estonteante” de 145 km/h. Contudo, no final da quinta volta, ao contornar a Curva R, o cubo de roda dianteiro esquerdo traiu-o e a respectiva roda foi parar ao mar. Já o piloto, que foi atirado para fora do carro, e o Morgan ficaram a milímetros de terem caído à água. A “Betsy” precisou de um novo chassis mas o piloto inglês saiu miraculosamente intacto.

22 Mai 2024

Futebol | Estrelas portuguesas em Macau 22 anos depois

Antigas estrelas do futebol português jogaram ontem em Macau, 22 anos depois de a selecção, uma das favoritas para o Mundial2002, ter chegado para um estágio que mudou a imagem de Portugal na região chinesa.

Vítor Baía, Pauleta, Nuno Gomes e Luís Figo – acabado de conquistar a Liga dos Campeões pelo Real Madrid e um ano depois de ser o segundo português a vencer a Bola de Ouro, 35 anos depois de Eusébio – faziam parte dos convocados liderados por António Oliveira que participaram no Mundial realizado na Coreia do Sul e no Japão.

Joseph Tam Lao San era na altura um jovem jornalista da televisão pública de Macau, a TDM, e não perdeu a oportunidade de tirar uma foto com Figo. “Aquela era vista como a ‘geração de ouro’ de Portugal”, disse Tam. Dois anos e meio depois da administração de Macau ter passado para a China, em 20 de Dezembro de 1999, o sentimento da população em relação a Portugal ainda era misto. Mas a passagem da selecção ajudou a mudar mentalidades.

Joseph Tam não perdeu a oportunidade de mostrar a Figo a foto tirada há 22 anos. O antigo internacional português, de 51 anos, riu-se e não se fez rogado a autografar a imagem já meio amarelada.

“Trouxe-me mesmo boas memórias”, disse Tam, que actualmente continua a trabalhar na TDM, mas que nas duas décadas que passaram teve uma segunda vida, ligada precisamente ao futebol.

Tam foi o treinador que levou a equipa de futebol masculina de Macau – cuja estrela era o luso-sul-africano Nicholas Torrão – ao maior feito da sua história, a final da Taça da Solidariedade 2016, então a segunda principal competição para selecções da Ásia.

Jornalistas de Hong Kong, da China continental e até do Japão vieram a Macau para acompanhar ontem o jogo contra uma equipa do sul da China e, no sábado, um treino com jovens futebolistas de Macau.

Chui Man Hou, o pai de um deles, não perdeu um segundo do que se passava no treino, com uma camisola da seleção portuguesa ao ombro. “Ele só tem oito anos, é demasiado novo para saber quem são estes jogadores”, admitiu.

Mas Chui recorda-se bem de 2002, da vitória por 2-0 num amigável em Macau contra a China – que desde então não voltou a qualificar-se para um Mundial – e de acompanhar os jogos de Portugal nesse Mundial, em que acabou por não passar da fase de grupos, face às derrotas com Estados Unidos (3-2) e Coreia do Sul (1-0). Pelo meio, a equipa das ‘quinas’ ainda venceu a Polónia (4-0). “O meu preferido era o Figo”, disse.

Figo maduro

O antigo Bola de Ouro foi a grande estrela durante o jogo de ontem, marcando dois dos golos com que a equipa portuguesa venceu, por 11-4, para satisfação dos milhares de pessoas presentes no Macau Dome, muitas com camisolas e cachecóis de Portugal.

“Para nós, é uma alegria poder estar aqui, de volta a Macau, depois de tantos anos e podermos festejar com tanta gente local e também portuguesa”, disse Figo, referindo-se às comemorações dos 25 anos da transferência de soberania do território. Chui Sai On, o anterior líder do Governo, foi o convidado de honra do jogo de ontem.

20 Mai 2024

Competição de ginástica de trampolins este fim-de-semana

A Associação de Trampolins e Desportos Acrobáticos de Macau (ATDAM) organiza este fim-de-semana uma competição de ginástica de trampolins intitulada “Macau Trampoline Gymnastics Championship 2024”. O evento decorre amanhã e domingo na Escola Internacional de Macau (TIS, na sigla inglesa), sendo composto pelas competições nos escalões de infantis, iniciados, juvenis e juniores nos aparelhos de mini-trampolim e tumbling.

Está confirmada a presença de 103 ginastas de quatro escolas de Macau e de Hong Kong, nomeadamente a Escola Portuguesa de Macau, a Associação de Ginástica de Hong Kong, o Clube de Ginástica de Macau e a União Acro de Ginástica [Union Acro Gymnastics]. Semelhante competição foi organizada o ano passado, sendo que a ATDAM promove campeonatos desta modalidade deste 2014.

“Única oportunidade”

Ao HM, Nuno Fernandes, vice-presidente da associação, explica que a ATDAM foi criada para “promover, difundir e dirigir a ginástica de trampolins e os desportos acrobáticos na RAEM, já que a Associação de Ginástica Desportiva de Macau nada faz nesse sentido”.

Esta competição acabou por transformar-se “na única oportunidade para os ginastas de Macau competirem nesta modalidade”, sendo que “a adesão a esta competição tem sido excelente, sempre a rondar os 100 ginastas”. Nuno Fernandes destaca também que existe a vontade, por parte da ATDAM, de promover “o fomento da modalidade”, embora tenham de se deparar “com poucos espaços com condições para a sua prática”.

“Não seria difícil [encontrar esses espaços], mas não nos parece haver muita vontade. O caminho faz-se caminhando, e é com esse lema que temos vindo a observar o crescimento, lento, mas sólido, desta modalidade e dos seus aficcionados”, frisou.

A ATDAM pretende também promover “treinos regulares, workshops, provas interclubes e intercâmbios com colectividades congéneres”, além de estabelecer ligações com outros clubes da modalidade e ainda com a federação e demais entidades internacionais. Outro dos objectivos presente nos estatutos, prende-se com a vontade de representação da modalidade de trampolins e desportos acrobáticos “dentro e fora do território e junto das instâncias superiores e das entidades oficiais”.

16 Mai 2024

GP | Zhuzhou recebeu primeiras provas de apuramento

As provas de apuramento para o 71.º Grande Prémio de Macau, da competição de carros de Turismo organizada pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), a Macau Roadsport Challenge, tiveram o seu início no pretérito fim de semana no Circuito Internacional de Zhuzhou

 

Apesar da distância às RAEs, a competição reuniu mais de sessenta pilotos inscritos, sendo apenas catorze da RAEM. Dada a popularidade da competição que junta em pista os Toyota GR86 (ZN8) e os Subaru BRZ (ZD8), a AAMC viu-se obrigada a dividir por sorteio o pelotão em duas grelhas, o que obrigou a realização de quatro corridas ao longo do fim de semana. Numa pista que era nova para a grande maioria dos pilotos e sob condições meteorológicas que não tornaram a vida fácil para pilotos e equipas, assistiram-se a quatro corridas muito animadas e que adiaram muitas decisões para a próxima e final jornada dupla a realizar em Julho.

No Grupo A ficaram colocados dois nomes portugueses bem conhecidos do automobilismo de Macau, Rui Valente e Jerónimo Badaraco, que este ano está a fazer a sua estreia nesta disciplina de carros de Turismo. Os dois veteranos pilotos do território tiveram qualificações modestas, 23.º e 27.º respectivamente, o que os colocou numa posição difícil para as corridas, pois é sabido que no meio do pelotão as lutas por posições são mais aguerridas e o risco de acidente muito maior.

Resolvidos alguns problemas de afinações encontrados na qualificação, Rui Valente conseguiu levar o seu BRZ ao 19.º lugar na primeira corrida e, com muito esforço e resistindo a alguns toques da concorrência, ao 14.º lugar no segundo confronto. O apuramento não está fácil para o piloto português que terá que entrar no Top-10 nas duas corridas de faltam. “Noni” também não ficou com a vida facilitada, pois aos comandos de um GR86 foi 23.º e 18.º classificado.

Neste grupo, Damon Chan de Hong Kong venceu as duas corridas, à frente de Adrian Chung, ao passo que Tse Ka Hing e Loo Long Yin dividiram os terceiros lugares.

Outros dois estreantes

No Grupo B encontraram-se dois pilotos macaenses que na época passada estiveram afastados das pistas e também eles fizeram a sua estreia na categoria este fim de semana: Célio Alves Dias e Sabino Osório Lei. Na qualificação, Sabino colocou o GR86 da equipa 778 Auto Sport num espectacular quinto lugar, enquanto Célio Alves Dias foi apenas o 21º no seu primeiro contacto com o GR86. A primeira corrida não correu bem a Sabino Osório Lei, que terminou no 14º lugar, mas um precioso terceiro lugar no segundo embate coloca-o com um pé dentro do Grande Prémio. Já Célio Alves Dias aplicou a sua experiência e escalou até ao 12º lugar na corrida de sábado, enquanto que na contenda de domingo viu a bandeira de xadrez no 18º posto, o que o obrigará a continuar a lutar por uma vaga.

Neste grupo, Chan Ka Ping – o piloto de Macau treinado por Filipe Souza – venceu a primeira corrida, terminando à frente do seu companheiro de equipa, Cheng Hoi Man, e Hu Zuoliang do Interior da China. Jactin Chung, de Hong Kong, triunfou na segunda prova, fazendo-se acompanhar no pódio por Chan e Sabino.

A segunda jornada dupla do Macau Roadsport Challenge, que será novamente disputada no traçado localizado na Província de Hunan, está marcada para o fim-de-semana de 6 a 7 de Julho. A 71ª edição do Grande Prémio de Macau decorrerá de 14 a 17 de Novembro.

14 Mai 2024

Couto e Leong brilham no Lamborghini Super Trofeo Asia

A temporada do Lamborghini Super Trofeo Asia, o troféu monomarca do construtor automóvel italiano no continente asiático, arrancou no Circuito Internacional de Sepang, com bons resultados para os dois representantes de Macau: André Couto venceu na sua classe por duas ocasiões e Charles Leong Hon Chio subiu ao pódio à geral por duas vezes

 

Quando no passado mês de Março participou, e venceu a classe GTC, nas 12 Horas de Sepang, Couto já sabia que tinha em cima da mesa uma proposta para disputar o troféu asiático da casa de Sant’Agata Bolognese pela Madness Racing Team. Aliás, antes mesmo da prova de resistência malaia, a equipa chinesa já tinha testado o piloto português no circuito de Fórmula 1 da Malásia e ficado positivamente impressionada com os tempos obtidos. Ver Couto ao lado de Fangping Chen no Huracan Super Trofeo EVO2 nº88 este fim de semana foi o culminar de um trabalho que tinha vindo a ser feito nos bastidores nas últimas semanas.

Quatro boxes mais a baixo no pitlane, estava outro piloto bem conhecido de Macau, Charles Leong Hong Chio, o vencedor da prova de Fórmula 4 do Grande Prémio em 2021 e 2022. Sem possibilidades para continuar a competir em monolugares, o jovem piloto há anos que ambicionava correr de carros de GT a tempo-inteiro. Eis que a oportunidade surgiu pelas mãos de Teddy Yip Jr, outra figura conhecida do automobilismo local e cujo pai em muito ajudou a administração portuguesa do território a impulsionar o Grande Prémio nos seus primórdios.

Apesar de já não ter a ligação à equipa Prema Racing na Europa, como em outros tempos, a Theodore Racing conservou a boa relação do passado, transpondo-a para uma nova fase com os novos donos da conhecida equipa italiana ao leme, a poderosa Iron Lynx. Pois bem, a equipa oficial da Lamborghini no mundial de resistência (WEC) e a Theodore Racing deram as mãos para competir no Lamborghini Super Trofeo Asia em 2024 e com isso Leong foi destacado para piloto da SJM Iron Lynx Theodore Racing. Não foi uma surpresa gigante, pois o piloto da RAEM competiu nos dois últimos anos com o apoio da Theodore Racing e na última edição do Grande Prémio conduziu um monolugar da Prema Racing na prova de F4.

Cada fim de semana do troféu inclui duas corridas de 50 minutos, cada uma com uma mudança de piloto, e existem quatro categorias: PRO, PRO-AM, AM e Lamborghini Cup. A exemplo dos congéneres europeu e norte-americanco, a máquina utilizada na competição asiática, igual para todos, é o Huracán Super Trofeo EVO2, equipado com um motor 5.2-litros V10 atmosférico, capaz de debitar 620 cv de potência.

Sábado de alegrias

Os dezoito “touros” presentes no circuito da periferia de Kuala Lumpur fizeram-se ao asfalto molhado na manhã de sábado para duas sessões de qualificação, sendo que a primeira corrida da temporada se realizou da parte da tarde, com a pista seca e a humidade brutal típica da região. Couto alinhou do quarto lugar da grelha de partida, ao passo que Leong colocou-se uma posição atrás para o arranque. Os primeiros metros da corrida foram dramáticos para Couto, que levou um ligeiro toque do coreano Brian Lee e foi embater no carro de Li Zhi Cong. Felizmente, nenhum carro ficou danificado, apenas Couto caiu cinco posições na classificação. O piloto luso teve então que correr atrás do prejuízo neste seu turno de condução, escalando posições paulatinamente com o decorrer da corrida, entregando o carro ao seu colega de equipa já no terceiro posto.

A segunda parte da corrida seria diferente, com Fangping Chen a não conseguir manter o ritmo, perdendo duas posições à geral. Contudo, quando foi mostrada a bandeira de xadrez, Couto e Chen tinham razões para celebrar com este quinto lugar, ao terminarem como vencedores da categoria PRO-AM. Igualmente, com motivos para sorrir estava Leong, que terminou no segundo lugar. O piloto de Macau teve um arranque menos atribulado, e com a sua regularidade habitual andou sempre nos três primeiros lugares. Depois, a japonesa Miki Koyama, com quem partilha o Lamborghini, ainda foi buscar mais uma posição, conquistando um merecido segundo lugar à geral e na categoria PRO.

Domingo de consolidação

Os resultados de sábado repetiram-se no domingo. Desta vez Couto e Leong tiveram que aguardar que os seus companheiros de equipa terminassem os seus turnos de condução para conduzirem e ambos os pilotos de Macau foram decisivos. Couto pegou no carro nº88 da Madness Racing Team e subiu do 11º lugar até ao sexto posto, o suficiente para triunfar novamente na classe PRO-AM. Já Leong herdou o carro no quarto posto e ultrapassou dois adversários rumo ao segundo lugar final.

5 Mai 2024

GP Karting | IAME quer voltar a colocar evento de Macau no mapa

O Grande Prémio Internacional de Karting de Macau vai realizar-se no fim de semana de 7 e 8 de Dezembro e terá como principal novidade o facto de acolher pela primeira vez a final asiática da competição promovida pelo reconhecido construtor italiano de motores para karting, a IAME

 

A oportunidade de fazer parte de um dos maiores fins-de-semana da modalidade no sudeste asiático não foi desperdiçada pela organização, sediada em Singapura, da ‘IAME Series Asia’. “A oportunidade surgiu quando soubemos que o Asian Karting Open Championship (AKOC) já não fazia parte do Grande Prémio Internacional de Karting de Macau”, explicou Daniel Ling, o responsável pelo marketing da ‘IAME Series Asia’, ao HM. “Como Macau tem uma história rica em desportos motorizados, sempre quisemos fazer parte do evento e, através da IAME, contactámos a AAMC [Associação Geral Automóvel de Macau-China], que é a ADN [Autoridade Desportiva Nacional] de Macau.”

O evento que será colocado de pé no Kartódromo de Colone – inaugurado nos anos da administração portuguesa do território e que ainda hoje é uma das infraestrutura de referência do sudeste asiático – vai ser a ‘IAME Asia Final’, reunindo na RAEM os vários participantes da competição asiática ‘IAME Series Asia’ que tem duas provas na Tailândia e quatro na Malásia esta temporada, um evento que coloca frente a frente pilotos provenientes dos primeiros lugares das classificações da IAME Series e eventos IAME realizados em todo o mundo. A IAME é distribuída nos cinco continentes e os motores IAME vão para as pistas em mais de cinquenta países.

Criar sinergias

A organização singapurense quer criar sinergias com as entidades do território e ajudar a colocar novamente no mapa-mundo o Grande Prémio Internacional de Karting de Macau, um evento que há doze anos acolheu uma Taça do Mundo da CIK-FIA. Para isso, os organizadores a ‘IAME Series Asia’ querem aproveitar o “know-how” e a experiência das gentes de Macau em colocar de pé grandes eventos.

“Partilhando a mesma missão e visão da AAMC, queremos aproveitar a força da AAMC juntamente com a ‘IAME Asia Final’”, explica Daniel Ling. “O objectivo final da parceria é simples: fazer do Grande Prémio de Karting de Macau com a ‘IAME Asia Final’ 2024 o maior evento de karting profissional com motor de uma só marca na Ásia, rivalizando até com os melhores eventos na Europa, bem como ser de facto o evento de referência nos próximos anos.”

Aposta internacional

A prova não será apenas restrita aos pilotos da ‘IAME Series Asia’, como também estará aberta a pilotos de todas as proveniências. Nesta altura, ainda não é sabido se existirão ajudas de custos para os pilotos vindos de outros continentes, mas é possível a presença de concorrentes de outras paragens, pois a organização aposta num regulamento internacional.

“Sob a égide do Grande Prémio Internacional de Karting de Macau, as classes da ‘IAME Asia Final’ serão reguladas pelos regulamentos internacionais da ‘IAME Series Asia’. Desta forma, os regulamentos não são apenas partilhados entre os países do sudeste asiático, mas também com todos os outros países em todo o mundo que têm provas da IAME Series. Estes regulamentos estão disponíveis em inglês e são do conhecimento de todos os pilotos. Como tal, irá encorajar ainda mais a participação de todos os outros pilotos internacionais – do Médio Oriente, Europa, Austrália e Américas.”

A promoção do evento será também feita no estrangeiro, principalmente junto da comunidade das competições da IAME. “O evento será promovido através do portal oficial da IAME Motorsport e beneficiará todas as partes envolvidas nos programas da IAME a nível mundial. Por outro lado, a IAME promoverá o evento através dos seus canais nas redes sociais e canais de comunicação dedicados a todos os países que acolhem uma série IAME, nos canais oficiais da IAME e através de todas as redes de distribuidores IAME”, salienta Daniel Ling.

Entretanto, o Campeonato da China de Karting (CKC), que começa no último fim de semana de Abril em Pequim, regressa ao Kartódromo de Coloane no fim de semana de 15 e 16 de Junho, tendo a AAMC alterado o calendário do Campeonato de Karting de Macau para coincidir com a visita da caravana do Interior da China a Macau.

3 Mai 2024