Droga | Detidos por traficar ice no valor 45 mil patacas em powerbanks

Dois residentes de Macau foram detidos nas Portas do Cerco ao tentar entrar no território com vários pacotes de ice escondidos em powerbanks modificados. No total, foram apreendidas mais de 14 gramas do estupefaciente, avaliadas em cerca de 45 mil patacas. Os suspeitos alegaram que a droga era apenas para consumo

Há uma primeira vez para tudo. A Polícia Judiciária (PJ) deteve na segunda-feira dois residentes de Macau por suspeitas de tráfico e consumo de estupefacientes, quando estes tentavam entrar no território na posse de várias doses de ice, escondidas em powerbanks modificados.

De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, para fazer a droga entrar em Macau, os dois homens recorriam a powerbanks, que alteravam manualmente, com o objectivo de arranjar espaço para acondicionar a substância ilícita. Mais especificamente, depois de aberto o equipamento, era retirada uma das três baterias do seu interior, que era substituída depois por pacotes de ice, deixando, ainda assim, o aparelho perfeitamente funcional.

Afirmando ser “a primeira vez que foi descoberto um crime de droga com recurso à utilização de powerbanks”, o porta-voz da PJ revelou que o caso veio a lume após as autoridades terem recebido informação relativa a dois homens que estariam a vender droga nas redondezas do posto fronteiriço das Portas do Cerco.

Identificados os suspeitos, a PJ deu início a uma operação na passada segunda-feira junto à fronteira. Por volta das 15h00, os dois suspeitos foram avistados a entrar em Macau, aparentando estar “muito nervosos” e “a olhar para todo o lado”. Pouco depois, os agentes destacados para operação interceptaram-nos e revistaram-nos. Na posse de um deles, motorista de profissão, foram encontrados três pacotes de ice acomodados dentro de um powerbank, com o peso total de 5,56 gramas.

Já na posse do outro suspeito, taxista de profissão, não foi encontrada qualquer substância ilícita. Contudo, no decurso da revista efectuada à casa do suspeito, foram apreendidos mais 8,7 gramas de ice, mais powerbanks modificados e vários instrumentos utilizados para consumir droga.

Compras no Interior

Durante o interrogatório, os dois suspeitos admitiram ser consumidores de droga, mas negaram, contudo, estar envolvidos em esquemas de tráfico. Às autoridades, o motorista revelou ainda que a droga que trazia consigo (5,56 gramas) tinha sido adquirida no Interior da China por 2.500 renminbis. Por seu turno, o taxista recusou-se a colaborar com a polícia.

Contas feitas, no total, foram apreendidos 14,26 gramas de ice, avaliados em 45 mil patacas. De acordo com as informações da PJ, os dois homens começaram a vender droga há cerca de um mês, estando ainda uma investigação em curso para descortinar a origem da droga e se há mais pessoas envolvidas.

O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde os suspeitos vão responder pela prática dos crimes de tráfico e consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. A provar-se a acusação, os suspeitos podem vir a ser punidos com pena de prisão de 5 a 15 anos, pelo primeiro crime e com pena de prisão de 3 meses a 1 ano pelo segundo crime.

Veículos Eléctricos | Sector apela à uniformização de baterias e carregadores

O Instituto dos Engenheiros Electrotécnicos e Electrónicos de Macau acredita que o futuro da RAEM passa pelos veículos eléctricos e considera essencial que haja uma uniformização para facilitar as importações

O Instituto dos Engenheiros Electrotécnicos e Electrónicos de Macau (IEEEM) apelou ao Governo para uniformizar as normas para baterias e carregadores dos carros eléctricos, de forma a tornar mais popular este meio de transporte. A posição foi tomada por Michael Choi Tak Meng, vice-presidente do instituto, numa conferência de imprensa realizada ontem.

“Consideramos que o melhor é o Governo definir quanto mais cedo possível as normas, para que as empresas que querem importar ou vender carros electrónicos em Macau tenham uma referência e possam seguir essas normas”, explicou Choi. “Como sabemos actualmente há vários tipos de carros electrónicos no mercado, e faz sentido que os agentes do mercado saibam que tipos devem importar”, acrescentou.

O IEEEM realizou ontem uma palestra sobre as oportunidades e desafios na utilização dos carros eléctricos, assim como a utilização de internet nos veículos. À margem do evento, Michael Choi apelou ao Executivo para uniformizar as normas.

O vice-presidente do IEEEM destacou igualmente os benefícios sociais, económicos e ambientais dos carros eléctricos, e sublinhou integrarem-se nas estratégias de desenvolvimento da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e no Plano Quinquenal de Desenvolvimento Socioeconómico da RAEM.

Michael Choi revelou ainda acreditar que os eléctricos são o futuro, dando como exemplo os veículos pesados de passageiros em Macau que adoptam a Norma Euro 4 e vão ter de ser abatidos, devido ao nível das emissões que produzem. “É uma direcção inevitável”, considerou, sobre a necessidade de haver uma redução das emissões de carbono.

Desenvolvimento do 5G

Além de vice-presidente da IEEEM, Michael Choi é ainda director executivo da MTEL, empresa de telecomunicações. O responsável foi questionado sobre o lançamento da 5G e a utilização desta rede nos veículos em circulação. “Espero que Macau possa lançar em breve os serviços da rede 5G. Acredito que o prazo para alcançar o nível do Interior no fornecimento de internet aos veículos possa ser curto”, deixou como previsão.

Por acreditar numa rápida recuperação com a implementação da tecnologia 5G, Michael Choi desvalorizou, nesse campo, o atraso para o Interior.

Em Setembro de 2021, de acordo com os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), havia 112.506 automóveis ligeiros, dos quais 1.505 eléctricos, ou seja, 1,3 por cento.

 

Talentos | Nova lei em consulta pública. Nobel e olímpicos na mira

O Governo anunciou uma nova lei de captação de talentos. Entre quadros altamente qualificados e de excelência, o Executivo não quer exceder as mil quotas e admite ter como objectivo atrair galardoados com prémios Nobel ou medalhas olímpicas. Sem especificar, o documento estabelece ainda que “determinadas nacionalidades” ficam de fora

A reboque da necessidade de desenvolver as áreas da saúde, finanças modernas, tecnologia de ponta e cultura e desporto para construir a zona de cooperação de Hengqin, o Governo apresentou ontem um novo regime dedicado à captação de quadros qualificados. Entre os quais, “indivíduos excepcionais” como prémios Nobel ou medalhados olímpicos que sirvam de “líderes”. Contudo, o novo regime “não é aplicável a indivíduos de determinadas nacionalidades”.

O documento que entrou hoje em consulta pública (que termina a 24 de Dezembro), define três programas de captação de quadros qualificados em diferentes níveis, com o objectivo de fazer frente à concorrência das regiões vizinhas na atracção de talentos e colmatar lacunas de recursos humanos.

“Os quadros qualificados são pilares fundamentais do desenvolvimento socioeconómico de Macau. O Governo (…) pretende adoptar métodos justos, abertos e científicos, criando um regime de captação de quadros qualificados com base no número de quotas, orientação e metas bem definidas, de modo a colmatar a escassez de recursos humanos nos novos sectores e contribuindo para o desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau”, apontou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, no discurso de apresentação.

O novo regime de captação de talentos prevê três programas de diferentes níveis, designados como “quadros altamente qualificados”, “quadros de excelência” e “quadros altamente especializados”. Sobre os primeiros, a secretária admitiu ser objectivo do Governo atrair talentos que possam elevar a popularidade de Macau além-fronteiras e a competitividade da população, tais como galardoados com prémios Nobel ou medalhas olímpicas.

“Se conseguirmos importar para Macau prémios Nobel, cientistas e personalidades de renome isso vai servir como cartão de visita e contribuir para melhorar a imagem de Macau. O Governo gostaria de ver estes talentos a viver e servir como líderes em Macau, contribuindo para o desenvolvimento dos novos sectores”, vincou.

Por seu turno, os “quadros de excelência” devem ser líderes nas quatro áreas a desenvolver na zona de cooperação, ao passo que, dos “quadros altamente especializados”, farão parte talentos que compensem a escassez de recursos humanos do território, mas que ainda não tenham atingido o nível de líder.

Segundo Chao Chong Hang, secretário-geral da Comissão de Desenvolvimento de Talentos, o objectivo é que o número total de quotas anuais de todos os programas, não exceda as mil. Isto tendo em conta que para os “quadros altamente qualificados” não há limite de quotas e “Macau precisa de promover um desenvolvimento acelerado”.

Cuidado com o passaporte

Quanto aos factores de ponderação, além de requisitos como idade, experiência profissional e conhecimento linguístico, o documento prevê ainda, sem especificar, que algumas nacionalidades possam excluir candidatos. “O Programa de Captação de Quadros Qualificados não é aplicável a indivíduos de determinadas nacionalidades (caberá aos serviços competentes a apreciação e imposição de restrições)”, é referido no documento.

Concluída a consulta pública, a ideia, revelou a secretária, é submeter o novo regime ao Conselho Executivo no início do próximo ano para que, ainda na primeira metade de 2022, o diploma chegue à Assembleia Legislativa (AL). A partir a entrada em vigor da nova lei, o regime associado à imigração por fixação de residência de técnicos especializados será revogado.

Sobre a articulação entre os dois regimes, Ao Ieong U esclareceu que o novo mecanismo será aplicado às novas candidaturas e que o IPIM continuará a acompanhar a apreciação e renovação das autorizações de residência já iniciadas.

Questionada acerca do que está a ser feito para evitar a saída de quadros qualificados à luz das dificuldades impostas pela pandemia, a secretária pediu “compreensão” e disse que as medidas anti-epidémicas são para continuar a cumprir.

Tribunal russo rejeita recurso de norte-americano condenado por espionagem

Um tribunal de apelação russo rejeitou ontem o recurso do preso norte-americano Paul Whelan contra a decisão de recusa do seu pedido de transferência para o cumprimento da pena de 16 anos nos Estados Unidos. Paul Whelan foi condenado por espionagem.

O serviço de imprensa da quarta câmara do tribunal de apelação de Nizhny Novgorod declarou à agência de notícias EFE que o juiz Nikolai Volkov confirmou a decisão do supremo tribunal da República da Mordóvia, onde Whelan está a cumprir a pena de 16 anos de prisão, que em Setembro não aceitou o pedido da defesa do norte-americano.

Os advogados do norte-americano, um ex-fuzileiro naval, disseram que vão apelar da sentença junto de um tribunal de cassação e não descartaram recorrer ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH).

Whelan foi preso em 28 de Dezembro de 2018 por agentes do Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KBG) num hotel de Moscovo por supostas “actividades de espionagem” em favor dos Estados Unidos.

As autoridades russas acusaram-no de ter recebido de um conhecido uma ‘pen’ de memória, que alegadamente “continha a lista completa dos trabalhadores de um serviço secreto”.

Whelan negou todas as acusações e descreveu o caso como “sequestro político”, enquanto a sua família garantiu que o norte-americano viajou a Moscovo como convidado de um casamento.

O procurador-geral indicou na audiência de ontem que o norte-americano, que também tem nacionalidade britânica, irlandesa e canadiana, pertencia ao “pessoal do serviço de informações do Departamento de Defesa e tentou obter dados sobre alunos da academia do Serviço Federal de Segurança”.

Para ficar

O advogado de Whelan, Vladimir Zherebenkov, disse à imprensa que o ex-fuzileiro naval recebeu informações falsas sobre alunos da academia do FSB, pois havia dados na ‘pen’ de memória de pessoas “que não existem”, sugerindo que se tratava de uma armadilha.

Actualmente, dezassete cidadãos norte-americanos, muitos deles com dupla cidadania, estão detidos em prisões russas, de acordo com uma lista do Serviço Prisional Federal da Rússia.

O advogado de Whelan disse ontem que não há negociações entre a Rússia e os Estados Unidos sobre este assunto.

Fundo de Previdência Obrigatório

Depois de vários anúncios, o “Relatório sobre a Revisão do Fundo Central de Previdência Não Obrigatório” foi finalmente publicado. Como era esperado, enquanto a pandemia durar, o relatório não recomenda que o Governo implemente o “Fundo de Previdência Obrigatório.” (FPO)

As conclusões do relatório apontam para a manutenção temporária do “Fundo de Previdência Não Obrigatório” (FPNO). Como o ” Relatório 19/123 do Fundo Monetário Internacional” assinala que em 2025, o PIB de Macau deverá recuperar até 101 por cento em relação ao de 2019, a recomendação é que o FPO seja implementado em 2026. Se nessa altura, a situação económica ainda não for a ideal, a implementação deve ser adiada para 2028.

Vale a pena debruçarmo-nos sobre certos conteúdos deste relatório. Em primeiro lugar, Macau nunca teve um sistema de pensões obrigatório. A “pensão” atribuída pelo primeiro nível de segurança social aos maiores de 65 anos fixa-se nas 3.740 patacas mensais, valor que como é lógico não é suficiente. A protecção na reforma não pode depender apenas do Governo, dependerá também das próprias pessoas. O relatório recomenda a implementação do FPO. Os trabalhadores terão de contribuir com 5 por cento dos seus salários e os empregadores com outros 5 por cento; desta forma, os trabalhadores recebem no seu fundo de previdência 10 por cento do valor dos seus salários, valor esse que reverte a favor das suas reformas. Este novo sistema vai permitir que os residentes de Macau venham a dispôr de mais dinheiro durante a reforma, o que é sem dúvida positivo.

Em segundo lugar, o relatório recomenda que quando o FPO for implementado, o plano de protecção actual continue a existir. A proposta está efectivamente em consonância com a actual situação de Macau. Pode eliminar a necessidade das empresas que já têm planos de reformas terem de os converter para o sistema do Fundo Obrigatório.

O Fundo de Previdência Obrigatório é semelhante ao de Hong Kong. As contribuições previstas para trabalhadores e empregadores são equivalentes,  5 por cento para cada uma das partes. A experiência de Hong Kong diz-nos que como os planos de reforma anteriores ficavam mais dispendiosos para as empresas os empregadores usam de todos os meios para levar os trabalhadores a aderir ao Fundo Obrigatório. Assim sendo, o Governo deve tomar este factor em consideração. Na implementação do Fundo Obrigatório, deve ser evitado que os empregadores forcem os trabalhadores a retirar-se dos planos pré-existentes para optarem pelo FPO.

Em terceiro lugar, quanto à propriedade dos direitos e proventos do Fundo Obrigatório, o relatório recomenda que se mantenha a prática relativa ao Fundo Não Obrigatório. O empregado começará por receber 30 por cento das contribuições patronais após três anos de serviço, que serão aumentados em 10 por cento todos os anos. Ao fim de dez anos de serviço, terá direito a 100 por cento das contribuições do empregador. Esta medida destina-se a garantir que as pessoas não mudem de trabalho sem motivos de força maior e que os patrões tenham equipas estáveis. A relação entre o patronato e os trabalhadores é delicada, e ninguém pode garantir que uma pessoa fique na mesma empresa num mínimo de três anos. Se alguém trabalhar numa empresa só por dois anos, com os actuais regulamentos, não tem direito a qualquer percentagem das contribuições patronais. Do ponto de vista do trabalhador, esta regra não protege os seus direitos na reforma. Para que esses direitos estivessem protegidos o tempo de trabalho numa empresa não deveria ser limitativo para se ter aceso às contribuições patronais. A questão da duração do emprego deve antes passar pela criação de boas relações de trabalho.

Em quarto lugar, os empregadores usufruem de benefícios fiscais devido às suas contribuições, mas os empregados não. A protecção na reforma tem a ver com o futuro de todos os residentes de Macau, e a participação de todos é crucial. Se o Governo facultar quer a empregadores quer a empregados benefícios fiscais pelas suas contribuições, as pessoas ficarão mais motivadas para aderir ao FPO. Estes benefícios fiscais são positivos para todos e vão permitir que cada residente de Macau desfrute de uma reforma mais descansada e que a sociedade se torne mais estável e mais harmoniosa.

Por último, no relatório é apontado o exemplo de alguém que recebe um salário de 20.000 patacas. Neste caso as contribuições no seu conjunto ascendem às 2.000 patacas mensais. Se o trabalhador iniciar a sua carreira contributiva aos 25 anos e se reformar aos 65, o juro do investimento será de  5 por cento. No momento da reforma, dispõe de cerca de 3 milhões de patacas. De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, a esperança de vida dos homens em Macau é de  81 anos e das mulheres de 86. Presumindo que uma pessoa se reforma aos 65 anos, dispondo de um valor de cerca de 3 milhões de patacas e morre aos 86, terá 22 anos de vida como pensionista, ou seja 264 meses. Pode gastar 11.364 patacas por mês, mais a pensão actual de 3.740, o que perfaz um total mensal de 15.104 patacas. Este valor pode ser suficiente para alguns e insuficiente para outros. Do ponto de vista do sistema de protecção na reforma, deveriamos considerar dar mais um passo, ou seja, fazer investimentos tendo em vista essa fase da vida? O “Plano de Anuidades de Hong Kong”, actualmente em vigor na cidade, diz-nos que se a pessoa fizer um investimento de 3 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), pode receber 18.000 HKD mensais enquanto viver. Na elaboração do Fundo Obrigatório, deveriamos considerar um plano semelhante ao de Hong Kong para que todos possam ter um retorno vitalício garantido?

O relatório prevê a manutenção do Fundo Não Obrigatório, estabelece um prazo para a implementação do Fundo Obrigatório e promove o desenvolvimento da segurança social em Macau, deve por isso receber o apoio geral. A próxima questão passa por encontrar a forma ideal para melhorar o sistema existente e a maneira de levar à participação de todos. Mas o mais importante é encontrar uma forma de garantir uma pensão vitalícia, para que as pessoas possam desfrutar de uma reforma livre de preocupações.

A RELÍQUIA, DE EÇA DE QUEIRÓS – 5 (de 8)

Hoje vamos iniciar a análise ao capítulo 3. Numa edição com 286 páginas, este capítulo tem à volta de cem páginas e é de longe o maior do livro. Os números que vou adiantar não são precisos, mas aproximados. De qualquer modo, reparem que o capítulo 1 tem sessenta páginas, o capítulo 2, 50, o capítulo 4, 20, e o capítulo 5 e último tem 45. Assim o famoso capítulo 3 tem o dobro das páginas dos outros capítulos maiores. E não é apenas o maior capítulo do livro, é também como se fosse um livro à parte, um livro dentro do livro, apesar de ter Teodorico Raposo como personagem e narrador. Sem dúvida, a narrativa não seria possível sem a viagem a Jerusalém, mas o tom e até a própria temática do livro muda radicalmente nessas cem páginas. Que pretendia Eça de Queirós com isso? Pode esse capítulo ser considerado como romance histórico, no sentido romântico do termo? Para tentarmos responder a estas e outras questões, temos de entender antes de mais que essa narrativa é configurada por um sonho. No final do capítulo 2 encontramos Raposo e Topsius em Jericó, à beira de dormir, e o início do capítulo 4 encontramos as mesmas personagens a acordar em Jericó.

Para melhor entendermos o pertinente sentido literário deste capítulo, temos de retornar ao início do livro, ao seu subtítulo original, que agora aparece como epígrafe: «Sob a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia». Se, por um lado, é verdade que podemos aplicar a frase anterior a todo o romance em geral e a A Relíquia em particular, por outro lado não podemos esquecer que quem escreve estas palavras, e como subtítulo de um livro seu, é Eça de Queirós, o nosso escritor realista por excelência.

Acrescido a isto, não podemos também esquecer que A Relíquia estabelece um estreito diálogo com o romance picaresco, que, como semanas atrás, trata-se de um género ostensivamente realista. Assim, a pergunta não é de somenos importância: porque escreve Eça estas palavras como subtítulo deste livro? Palavras que parecem ter uma clara e estreita ligação a este capítulo 3. Aquilo que temos agora de entender é o que pretendia Eça dizer com verdade e o que pretendia dizer com fantasia. Melhor: teremos de ver se é possível apurar isso.

Antes de mais, faça-se uma pequena análise à palavra que ele usa «diáfano». É evidente que Eça não usa palavras em vão ou por acaso, muito menos quando se trata de um subtítulo ou de uma inscrição, que pretende seja lido como uma declaração de intenções. Reparem que Eça não escreve «transparente», embora em «diáfano» também se veja transparente. A palavra vem do grego, de «dia» + «phanein» isto é, «através» + «aparecer». É aliás de «phanein» que vêm as palavras fenómeno e fenomenologia. Assim, «diáfano» é aquilo que aparece através de alguma coisa. Não é algo que se deixa ver por si mesmo, mas através de algo. Ou seja, entre nós e aquilo que aparece há um véu. Dizemos «diáfano» quando nos referimos a um objeto ou a um corpo que permite a passagem parcial de luz, mas que não permite que identifiquemos os objetos de modo claro ou nítido. Vemos o suficiente para nos darmos conta de uma presença, mas não o suficiente para o definirmos.

Por conseguinte, o que Eça nos está a dizer não é que a verdade aparece através da fantasia ou a inversão da expressão coloquial «com a verdade me enganas», que ficaria: com a mentira me dizes a verdade. O que Eça nos está a dizer é que há coisas que não podem ser definidas, apesar da sua presença ou que há coisas que não se deixam ver apesar de aparecerem. De outro modo: há coisas que só se vêem com aquilo que colocamos nelas. E também isto nos parece Kant, o modo como o filósofo define fenómeno.

A saber, aquilo que nos aparece está subordinado às condições das nossas experiência e entendimento. Evidentemente, Eça não pretende qualquer diálogo com Kant ou uma evocação do mesmo, apesar de enquanto leitores repararmos nesta coincidência. Aquilo que importa a Eça é a força interpretativa que subjaz ao aparecer daquilo que aparece. De outro modo: nós vemos as coisas com interpretações e não como as coisas são. Até porque muitas delas nunca chegámos a ver, como é o caso da paixão de Cristo, que é narrada no capítulo 3 de A Relíquia. No fundo, esta frase «Sob a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia» descreve muito bem as nossas próprias vidas.

Este capítulo foi acusado de plágio durante décadas. Leia-se o que o professor espanhol de Cultura Antiga, Ricardo Olmos, escreve acerca deste assunto, no seu artigo «A Relíquia, de Eça de Queirós: uma aproximação da ficção à arqueologia», na revista Hvmanitas – Vol. XLVII (1995): «Durante décadas, a investigação das influências sobre o nosso autor foi uma moda passageira e um exercício inevitável. Nessas buscas, às vezes de minúscula erudição, alguns contemporâneos do escritor acusavam-no de plágio. Empréstimos inegáveis ​​de a Vida de Jesus por Ernest Renan foram denunciados, mas ele foi culpado, acima de tudo, por sua conexão com as Memórias de Judas do erudito italiano Pietrucelli delia Gattina, uma vida ficcional de Cristo baseada nos evangelhos apócrifos. Seus defensores, entre eles Cláudio Basto, se empenharam, mesmo muitos anos após a morte do autor, por demonstrar o alcance limitado desses ecos literários. Hoje, aquela coleção obcecada de paralelos que buscava economizar no mérito de um verdadeiro criador parece vã e mesquinha. Toda a grande obra artística nada mais é do que um tecido bordado por um número infinito de mãos escondidas sob sua última trama. Nós, helenistas, sabemos bem disso.»

Mas o sonho como força motriz da narrativa, principalmente na ultrapassagem do muro do tempo passado, era comum na literatura romântica, inclusivamente num autor francês que Eça de Queirós gostava e que chegou a conhecer num hotel do Cairo, na viagem ao canal do Suez: Théophile Gautier. Talvez este capítulo 3 de A Relíquia deva mais ao conto «O Pé da Múmia», de Gautier – em que o autor francês leva o leitor para o antigo Egipto, através do sono da personagem principal, apesar da narrativa se passar na contemporaneidade, isto é, em 1840 –, do que aos livros sobre o tempo de Jesus.

Mas o artifício literário utilizado neste capítulo traz três motivos fundamentais para a compreensão do livro como um todo, tornando-o assim como algo intrínseco a A Relíquia: uma génese da crítica da religião (cristã); o romantismo como fundo onde o realismo possa sobressair melhor; e o mal radical como inerente ao humano, recuperando assim a própria vida de Teodorico Raposo, que vimos nas semanas passadas. Na próxima semana ver-se-á os motivos gerais do terceiro capítulo.

Continua na próxima semana.

PCC | Iniciada reunião-chave para consolidar poder de Xi Jinping

Centenas de membros da elite política da China reúnem-se desde ontem, em Pequim, num dos mais importantes eventos deste ano na agenda política do país, que deve servir para consolidar o poder do Presidente Xi Jinping.

Xi deve assegurar um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), reforçando ainda mais o seu estatuto como o líder mais poderoso da China, desde o fundador do regime comunista, Mao Zedong, que esteve no poder entre 1949 e 1976.

O Comité Central do PCC reúne até quinta-feira, com um plenário de portas fechadas. Num comunicado, a agência noticiosa oficial Xinhua anunciou que o encontro teve início ontem.

Na ordem do dia está uma resolução sobre a História do Partido, que completou 100 anos, em Julho passado.

O PCC liderou todos os grupos étnicos da China em conquistas notáveis nos últimos 100 anos na história do desenvolvimento humano, de acordo com um comunicado divulgado após a reunião de Outubro do Comitê Central do PCC, onde foi decidida a realização deste plenário.

Os chineses que sofreram subjugação e intimidação desde o advento dos tempos modernos levantaram-se. A nação chinesa avança em direcção à modernização em todas as frentes e o socialismo abriu um caminho de sucesso no país mais populoso do mundo, pode ler-se no comunicado.

Além disso, acrescenta o documento, a China está a dar passos largos para se manter a par dos tempos, e abraça uma perspectiva brilhante de rejuvenescimento nacional.

O XX Congresso realiza-se no próximo ano e vai servir para oficializar o terceiro mandato de Xi.

Homem com visão

Durante o seu século de existência, o PCC adoptou apenas duas resoluções sobre a História do Partido: uma em 1945, quatro anos antes de Mao assumir o poder, e a outra em 1981, quando Deng Xiaoping lançou as reformas que converteram a China na segunda maior economia do mundo.

Os analistas não têm dúvidas de que Xi Jinping está a tentar aumentar ainda mais a sua influência no país, o primeiro a ser atingido, há quase dois anos, pela pandemia de covid-19.

A imprensa estatal chinesa continua a repetir que a política de “zero casos”, adoptada pelas autoridades, é a mais acertada, apesar dos novos surtos detectados em várias províncias.

Num longo despacho transmitido no sábado, a Xinhua informou que o Presidente passou “uma noite sem dormir”, em Janeiro de 2020, pouco antes de impor a quarentena em Wuhan, a cidade no centro da China onde foram diagnosticados os primeiros casos da doença.

“O tempo mostrou que esta abordagem rígida é a única opção viável”, escreveu a Xinhua.

Para a agência, Xi é um “homem determinado e activo, um homem de reflexão e sentimentos profundos, um homem que herdou uma história, mas não hesita em inovar, e que tem uma visão para o futuro”.

Cinema | Extensão de Macau do Doclisboa arranca amanhã

Está de volta a extensão a Macau do festival de cinema documental Doclisboa, que inclui no cartaz películas premiadas no Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau. Entre quarta-feira e sábado, o Auditório Dr. Stanley Ho, no consulado, vai exibir 13 documentários, num evento organizado pelo Instituto Português do Oriente

A sessão de abertura da extensão a Macau do Doclisboa está marcada para amanhã, às 19h, no Auditório Dr. Stanley Ho do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, com a exibição do documentário “70 anos depois”, de autoria de He Qianling e “A Entrega”, de Maxim Bessmertny, vencedores do prémio identidade cultural e prémio para melhor filme local, respectivamente, no Festival Internacional de Curtas de Macau.

A acompanhar as duas películas locais será ainda exibido na primeira sessão do dia inaugural do evento “42.ZE.66”, de Eduardo Saraiva, que arrebatou o prémio Fernando Lopes no Doclisboa deste ano.

O filme que dá o tiro de partida, “70 Anos Depois”, é um conjunto de dois retratos pessoais de negócios em luta pela sobrevivência num território em constante mudança. Dirigido pela realizadora He Qianling, este documentário leva o espectador, ao longo de 17 minutos e meio, pela história de duas lojas (Ngan Kong e Ng Teng Kei), em actividade em Macau há mais de sete décadas. Depois de muitos anos de prosperidade, a luta pela sobrevivência de duas casas tradicionais, uma pastelaria e uma casa de têxteis, são o testemunho da Macau que se reinventa constantemente.

O outro filme inaugural da mostra é “A Entrega”, de Maxim Bessmertny, uma curta-metragem, escrita em parceria com Jorge Vale, que relata o dia-a-dia de um casal que luta contra o tempo para deixar a casa limpa antes que o senhorio chegue para fazer a inspecção geral ao apartamento. Com interpretações de Jorge Vale, Mi Lee e Ari Calangi (que também assina a banda sonora), “A Entrega” é um apontamento fílmico bem-humorado de uma vicissitude de Macau, a constante necessidade de mudar de casa.

A fechar a primeira sessão deste ano da extensão a Macau do Doclisboa, é exibida a curta de Eduardo Saraiva “42.ZE.66”, que conta a história de Alexandrina, uma camionista portuguesa que trabalha sozinha na entrega de mercadorias por toda a Europa.  Durante longas viagens, os seus únicos pontos de contacto pessoais são através da Internet e de telefonemas. A sensação de estar presa dentro de uma lata de metal com rodas começa a sufocá-la. “42.ZE.66” é o retrato de uma mulher forte que luta contra a solidão nas estradas do velho continente.

Dia cheio

A segunda sessão da mostra está marcada para as 20h45 de amanhã, também no Auditório Dr. Stanley Ho do consulado, com a exibição de dois filmes. “Fazer pela Vida na Estação Seca”, da autoria de Inês Ponte, é o retrato íntimo da vida quotidiana de uma família que vive da agricultura e da pastorícia na província do Namibe, em Angola. O filme parte de um pedido da realizadora à anfitriã, Madukilaxi, para que lhe mostre os segredos das peças de artesanato que produz, quando a agricultura é colocada em suspenso pelos elementos.

A fechar o dia e a segunda sessão, será exibido, “Treino Periférico”, um filme do realizador guineense Welket Bungué. Ao longo de 20 minutos, a câmara segue dois artistas, Raça e Coragem, que saem para treinar, escapando aos padrões do bairro onde vivem e à padronização culturalmente imposta. O filme foi rodado na periferia da Grande Lisboa, e segue o ritmo do discurso poético, disparando máximas assertivas sobre ocupação territorial, pós-colonialismo e desigualdade social na cultura portuguesa.

A terceira sessão, marcada para quinta-feira às 19h, tem no cartaz apenas uma obra: “Visões do Império”, de Joana Pontes. O filme traça um perfil sobre “a forma como o império português e a sua história foram imaginados, documentados e publicitados a partir do registo fotográfico, desde o final do século XIX até à revolução que, em 1974, pôs fim ao regime político autoritário que governava Portugal”, descreve o cartaz do evento.

Caetano e a resistência

Na sexta-feira, às 19h, o ecrã do Auditório Dr. Stanley Ho acolhe “Narciso em Férias”, de Ricardo Calil e Renato Terra, um documentário que conta os dias de cárcere de Caetano Veloso durante a ditadura militar. O contexto político que compõe a paisagem política da narrativa foi a aprovação do Acto Institucional n.º5, que marcou o começo da fase mais repressiva e violenta do regime, a 13 de Dezembro de 1968. Duas semanas depois, Caetano Veloso foi preso.

Meio século volvido, o incontornável compositor brasileiro faz um retrato íntimo e detalhado dos seus dias na solitária, recorda e interpreta canções que marcaram o período de encarceramento e revisita acontecimentos dolorosos.

Caetano também apresenta informação nova produzida pela ditadura sobre as razões da sua detenção, ajudando a explicar a brutalidade arbitrária desse período da história brasileira.

Finalmente, no último dia da extensão a Macau do Doclisboa, sábado, serão exibidos seis filmes. A primeira sessão, marcada para as 17h, começa com “Avó”, de Iris Fan, uma curta documental familiar que mostra a resiliência e independência da avó da realizadora ao longo da sua vida.

Na mesma toada, segue-se “Resistência Íntima”, do colectivo espanhol Left Hand Rotation, um documentário interrompido por um vírus. A sessão prossegue com “Da Minha Janela”, de Pedro Cabral, um curto diário dos tempos de confinamento, seguindo-se duas películas locais, “Majestosa Macau”, de Jacky Cheong, e “Sai Cá Para Fora”, de Vincent Weng Seng Sin”.

Para encerrar, e saindo um pouco fora dos temas visados no resto da mostra, é exibido a partir das 18h45 “Enterrado na Loucura – Punk em Portugal 78-88 – A Segunda Vaga”. Da autoria de Hugo Conim e Miguel Newton, membros dos Clockwork Boys e Mata-Ratos, respectivamente, este filme mergulha fundo nas raízes do punk rock em Portugal.

Presidenciais filipinas | Polícia admite ter levado 16 pessoas para a esquadra

A Polícia de Segurança Pública afirma ter convidado a ir à esquadra pessoas que usavam t-shirts e exibiam faixas sobre as eleições presidenciais Filipinas. Os “convites” foram feitos no domingo e a estadia na esquadra prolongou-se até ontem. Em causa, pode estar a realização de manifestações ilegais e a utilização indevida do símbolo da RAEM

As autoridades levaram 16 pessoas da comunidade Filipina que estariam nas Ruínas de São Paulo e nas imediações da Torre de Macau para a esquadra para prestarem depoimento. Em causa, estão investigações que podem envolver a violação ao direito de reunião e manifestação e ainda a utilização do símbolo da RAEM na produção de materiais de promoção do candidato presidencial Ferdinand Romualdez Marcos Jr..

O número foi avançado pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), ao HM, depois de a autoridade ter sido questionada sobre detenções nos dois locais e ainda possíveis acusações.

Na resposta, o CPSP recusou ter havido qualquer detenção e sublinhou que as pessoas foram apenas ouvidas como “assistentes na investigação”. “Ainda estamos a trabalhar no relatório que vai ser entregue ao Ministério Público, mas não houve nenhum detido. As pessoas estão envolvidas no caso e foram constituídas assistentes para a investigação”, explicou Lei Tak Fai, o porta-voz do CPSP.

O grupo de pessoas nas Ruínas de São Paulo “convidado”, na tarde de domingo, para uma visita à esquadra era composto por 12 indivíduos. Nesse dia, várias pessoas estiveram juntas na escadaria das Ruínas com t-shirts vermelhas de apoio a Ferdinand Romualdez Marcos Jr., também conhecido como Bongbong Marcos.

O caso nas imediações das Torre de Macau está relacionado com a utilização do logótipo da RAEM em materiais de campanha. Segundo fonte ouvida pelo HM, terão sido quatro os envolvidos. “No domingo à noite houve quatro detidos. Não só as pessoas responsáveis pela elaboração da faixa com o símbolo de Macau, mas também aquelas que estavam apenas a segurar as faixas”, relatou, ao HM, uma fonte que pediu para permanecer anónima. “As detenções foram feitas apenas devido à utilização de forma indevida da faixa com o símbolo de Macau”, foi acrescentado. A polícia confirmou o número de “assistentes”.

Sentimentos difusos

A fonte ouvida pelo HM apresentou o relato dos acontecimentos ainda antes da resposta do CPSP, porém, revelou que “os assistentes” terão deixado a esquadra, já na tarde de ontem, com a sensação de que ficavam a aguardar uma decisão sobre se iriam, ou não, ser acusados.

De acordo com a Lei da Utilização e Protecção da Bandeira e do Emblema Regionais, a bandeira e o emblema regionais “não podem ser exibidos nem utilizados em marcas ou publicidade” e “outras ocasiões ou locais em que o Chefe do Executivo restrinja ou proíba a sua exibição ou uso”. As infracções relacionadas com o símbolo da RAEM são punidas com uma multa que vai das 2 mil às 20 mil patacas.

No caso das infracções à lei de manifestação, os suspeitos arriscam a uma pena que pode chegar aos dois anos de pena de prisão, ou multa.

O método de “convidar” pessoas que se suspeita estarem a infringir a lei de reunião e manifestação não é novo na RAEM. Em Março deste ano, cerca de 13 pessoas foram levadas para a esquadra, depois de se terem recusado a abandonar o Tap Siac, local para onde estava agendada uma manifestação, entretanto cancelada, sobre o cartão de consumo electrónico.  Apesar de levadas nos veículos das autoridades, por se recusarem a abandonar o local, o CPSP veio horas depois negar ter feito quaisquer detenções e tratou as pessoas como “assistentes”.

As eleições presidenciais das Filipinas estão agendadas para 9 de Maio do próximo ano.

Património | Edifício classificado está em “perigo iminente”

A fachada do edifício que alberga a sede da Casa de Portugal foi danificada em Setembro por um veículo. Em causa, está a esquina entre a Rua de Pedro Nolasco da Silva e a Travessa do Padre Soares. IC garante recuperação do edifício, que aguarda obras de fundo desde Abril, após um alerta de “perigo iminente” emanado pela Santa Casa da Misericórdia, proprietária do imóvel
Depois da Casa do Mandarim, foi a vez de outro edifício de interesse arquitectónico sofrer as consequências de uma curva mal calculada ou da passagem de um veículo desmesurado. A parede exterior dos números 24A-26 e 28-28A da Rua de Pedro Nolasco da Silva, conjunto de edifícios classificados que albergam a sede da Casa de Portugal, encontra-se danificada. 
De acordo com o jornal Ou Mun, o acidente terá ocorrido em Setembro, com o Instituto Cultural (IC) a apontar para a possibilidade de os danos terem sido provocados pela passagem de um veículo. A averiguação das causas do acidente, que danificou a esquina adjacente ao cruzamento entre a Rua de Pedro Nolasco da Silva e a Travessa do Padre Soares, já foi entregue às autoridades policiais.
O edifício em questão, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Macau e construído em 1925, está inserido na lista de edifícios de interesse arquitectónico do IC pelo “ecletismo dos elementos que integra” e “estilo arquitectónico clássico de Macau”. Recorde-se que, no espaço de meses, este é o segundo imóvel classificado a sofrer danos provocados pela circulação de veículos, depois de, em Julho, o condutor de um camião betoneira ter sido detido por suspeitas de danificar uma parede exterior da Casa do Mandarim.

Ponta do icebergue

Contactado pelo HM, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António José de Freitas, esclareceu que a parede danificada pertence ao imóvel desocupado e espera que o estrago seja reparado “o quanto antes”, sem que, para isso seja preciso esperar pelo final da investigação das autoridades.
“Aquilo é uma rua estreita e leva a que, muitas vezes, os veículos batam naquele canto. A investigação não impede a reparação. Uma coisa é investigar e outra é mandar reparar logo, ou num curto espaço de tempo, pois desde Setembro já se passaram uns meses”, apontou. 
Citado pelo jornal Ou Mun, o IC garantiu que dará seguimento à manutenção do edifício classificado, de acordo com a Lei de Protecção do Património Cultural.
Contudo, o problema aparenta ser mais fundo, dado que os dois imóveis germinados foram identificados em 2017 como estando a precisar de restauro. Passados mais de quatro anos sem que houvesse qualquer tipo de intervenção e após algumas vistorias técnicas, em Abril deste ano, a Santa Casa da Misericórdia de Macau enviou uma carta ao IC a alertar para os “graves danos estruturais na fachada” do edifício que alberga a sede da Casa de Portugal e para o “perigo iminente” que o mau estado de algumas estruturas coloca a transeuntes da via pública e utentes.
“Constataram-se fissuras de alguma gravidade nas paredes exteriores, sobretudo nas balaustradas e nas varandas, bem como descamação da pintura”, pode ler-se na carta enviada ao IC, a que o HM teve acesso.
Passaram-se meses e foram feitas mais vistorias por parte do IC, mas a intervenção nunca chegou a arrancar, ficando apenas a promessa de que a obra seria feita um dia. 
Para o provedor da Santa Casa da Misericórdia, os estragos provocados em Setembro na parede exterior do imóvel são um mal menor em comparação com a degradação estrutural do edifício, que pode colocar em perigo a população. 
“O canto partido é muito menos grave do que as fissuras que se podem ver nas balaustradas. É um problema menor. Se cai qualquer coisa em cima dos transeuntes aí é que a situação é muito complicada. A outra parte pode estar mais partida, mas só perturba a imagem do edifício. Não põe em causa a vida de ninguém”, explicou.

Efeitos colaterais

António José de Freitas considerou ainda que, apesar de tudo, o incidente recente pode contribuir para acelerar o início das obras de fundo necessárias.
“Em Macau há muitas situações em que os serviços públicos só acordam depois de uma situação destas vir a público. Naturalmente que isto serve para apressar a reparação do prédio”, admitiu.
Questionado sobre possíveis soluções a implementar para evitar que, no futuro, mais veículos venham a danificar a fachada do edifício, o responsável começou por sugerir a instalação de câmaras de videovigilância naquela zona e a imposição de limitações à circulação de veículos a partir de determinadas dimensões.
“Devia haver um sinal limitativo a dizer que os veículos a partir de um determinado comprimento estão impedidos de virar nessa rua [Travessa do Padre Soares]. Não é só porque os condutores são azelhas que isto acontece. Acontece porque não dá ou o carro é demasiado comprido para fazer a curva em segurança”, vincou.
Uma solução mais “radical”, aponta António José de Freitas, passaria por transformar a rua numa via exclusivamente pedonal. Isto, dado que a sua capacidade de escoar trânsito é limitada e pouco relevante.
Por seu turno, o deputado José Pereira Coutinho lamentou a repetição de estragos em edifícios classificados e considera fundamental que o IC introduza medidas de prevenção em articulação com outras entidades como o IAM e a DSAT.
“Estou a falar de interditar certas ruas à circulação de trânsito, do alargamento de vias, da eliminação de parques que obstruam a circulação segura dos veículos, de modo a proteger os altos desígnios de Macau e que distinguem esta região de qualquer outra do Interior da China”, partilhou com o HM.
O HM procurou obter uma reacção da parte do IC quanto ao incidente e aos trabalhos de reparação, mas até ao fecho da edição não obteve resposta.

Comércio | Residentes sofrem com “boom” no mercado paralelo

Com o fim da quarentena entre Zhuhai e Macau, os moradores das Portas do Cerco queixam-se do aumento do comércio paralelo, com as ruas a ficarem congestionadas e cheias de caixas de cartão

Após o fim da exigência de quarentena entre Macau e Zhuhai, o comércio paralelo, ou seja, bens comprados na RAEM a preços mais baratos e levados para o Interior, disparou. No entanto, de acordo com o jornal Exmoo, a população da zona das Portas do Cerco está descontente com a situação e queixa-se de que quem transporta os bens para o Interior deixa as caixas de cartão espalhadas pelas ruas do Bairro Va Tai.

De acordo com o cenário traçado pela publicação, as ruas, que no início do mês passado estavam desertas, apresentam-se agora muito diferentes, com as lojas, que mais parecem armazéns, cheias de clientes e os passeios ocupados com caixas de cartão. Por todo o lado, pode ver-se pessoas a colocarem bolachas, chocolates, leite em pó e outros produtos, de marcas ocidentais, dentro das malas.

A enchente começa logo por volta das cinco da manhã, com a compra de grandes quantidades de produtos, que depois são divididos pelas malas de várias pessoas que assim ganham a vida a atravessar a fronteira entre Macau e Zhuhai.

Vendas dispararam

Segundo o empregado de uma farmácia no Bairro Va Tai, só com o fim das medidas que exigia o cumprimento de uma quarentena de 14 dias entre Macau e Zhuhai, o volume de vendas aumentou pelo menos 50 por cento.

Entre os produtos mais procurados, estão o leite em pó ou medicamentos e outros para crianças e bebés. Um outro comerciante ouvido pelo Exmoo, que pediu anonimato, também reconheceu que com o fim da quarentena o negócio recuperou quase de imediato.

Contudo, as queixas dos moradores na zona, que se dizem muito incomodados com o lixo e o congestionamento, tem levado as autoridades a apertarem o controlo às actividades de comércio paralelo.

Neste sentido, o jornal relata que na passada sexta-feira e sábado, teve lugar uma operação do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e dos Serviços de Alfândega com o objectivo de investigar as práticas das lojas naquele local e os bens transportados para o Interior.

No âmbito destas operações, na semana passada, foi desmantelada uma rede de comércio paralelo que envolvia 15 pessoas. Além disso, foram ainda apreendidas verbas no valor de 430 mil patacas. A maior parte deste montante dizia respeito a peles para o sector têxtil feitas com pêlo de animal.

Lei Sindical | Dirigente ligada aos Moradores aponta “motivações políticas”

Chan Fong considera que a lei sindical vai levar ao declínio económico, como diz acontecer no Ocidente. Além disso, a dirigente associativa ligada aos Kaifong entende que o diploma servirá para que uma minoria controle os trabalhadores, sem supervisão do Governo Central

Chan Fong, representante dos Moradores de Macau, criticou a criação de uma Lei Sindical e avisou que caso o projecto vá para a frente que o território corre o risco de seguir exemplo do Ocidente e entrar num ciclo de recessões económicas. A opinião foi partilhada pela representante da associação, falando em nome individual, durante a sessão de consulta de domingo sobre a futura Lei Sindical.
Chan Fong disse que o diploma é desnecessário e que a defesa do proletariado já é garantida pela Lei Básica e a Lei das Relações Laborais.
Porém, alertou para os interesses políticos de uma minoria: “Quais são os objectivos e a motivação política para criar esta lei?”, começou por questionar, de acordo com o jornal Cheng Pou. “Vai fazer com as posições tomadas pelos sindicatos, o direito à greve e a defesa dos interesses dos trabalhadores fique controlados por uma minoria política, que já recorre a recursos e operações sem qualquer supervisão do Governo Central e do Governo de Macau”, defendeu.
Chan defendeu que actual contexto legal permite a defesa dos direitos laborais e que a nova lei coloca Macau no caminho de declínio económico seguido pelo Ocidente há vários anos. Por isso, a dirigente dos Kaifong questionou se a legislação não vai apenas contribuir para ameaçar os postos de trabalho dos residentes.

Sem negociação colectiva

Ella Lei também marcou presença na sessão de consulta pública. A deputada e vice-presidente da Federação das Associações dos Operários defendeu que o diploma deve prever a questão da negociação colectiva, algo que no seu entender não está estabelecido no documento de consulta.
A deputada disse também que funcionários públicos, trabalhadores das empresas públicas e pessoal de saúde não devem ser limitados na participação da reunião e associação sindical, ao contrário do que o Executivo pretende. Em resposta a esta opinião, o director dos Serviços para os Assuntos Laborais, Wong Chi Hang, considerou a proposta justa e adequada ao ambiente de Macau.
Por sua vez, Vong Kok Seng, vice-presidente da Associação Comercial de Macau, recusou a hipótese de criar um sindicato com o número mínimo de sete pessoas, exigindo, pelo menos, 15.
O representante do patronato avisou ainda que a consulta pública corre o risco de ser pouco representativa das entidades patronais, e explicou que em Macau há uma proporção de um empregador para cinco empregados, o que pode levar à falta de voz do.

Vendas da Abyss & Habidecor na China subiram 50% em 2021

As vendas da empresa de têxteis portuguesa Abyss & Habidecor na China aumentaram 50 por cento, este ano, face a 2020, à medida que as restrições impostas pela pandemia da covid-19 favorecem marcas com presença forte no país

 

As restrições impostas em Março de 2020, incluindo quarentena centralizada de até 21 dias para quem chega à China, interromperam o turismo de compras, mas aceleraram as vendas domésticas, beneficiando as marcas estabelecidas no país.

“A pandemia acabou por acelerar as vendas domésticas, com um aumento de 50 por cento face a 2020”, disse à agência Lusa Wu Bin, o director da marca na China, à margem de um evento de lançamento da colecção Outono – Inverno.

O evento decorreu na loja principal Abyss & Habidecor na China, situada num centro comercial de luxo na área central de Guomao, o distrito financeiro da capital chinesa que sedia várias multinacionais.

O país asiático é o maior mercado do mundo para as marcas de luxo. Antes da pandemia da covid-19, a China era também o maior emissor de turistas. As duas realidades confundem-se: os cerca de 170 milhões de chineses que viajaram para o exterior, em 2019, representaram mais de um terço de todas as vendas globais de bens de luxo, segundo analistas.

A Abyss & Habidecor abriu a sua primeira loja na China em 2005. Hoje, soma 40 lojas no país, que passou a ser o seu quinto maior mercado. A suíte do China World Summit, um dos mais emblemáticos hotéis da capital chinesa, usa apenas artigos da marca, ilustrando a penetração única da empresa portuguesa no mercado chinês.

“Há algumas marcas [portuguesas] que estão a seguir caminho e a tentar entrar, mas, desta forma, tão gritante, com uma presença tão forte, e pelas próprias mãos, não existe mais nenhuma”, descreveu João Falardo, Delegado da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) em Pequim, à agência Lusa.

A gerente de vendas encarregada da distribuição no mercado chinês, Yulia Yan, frisou a “crescente importância” do comércio electrónico para as vendas da empresa portuguesa na China.

 

Influências virtuais

A China é há oito anos consecutivos o maior mercado do mundo em vendas ‘online’, segundo o Ministério do Comércio chinês. O comércio electrónico corresponde a 24,9 por cento do sector retalhista do país.

De acordo com dados oficiais, em 2020, o volume total de transacções em vendas ‘online’ na China atingiu 9,8 biliões de yuan, mais de metade do conjunto mundial de vendas pela Internet. Isto suscitou a ascensão dos influenciadores digitais, que estão a reescrever as regras da publicidade e gestão de marca no país.

Seis celebridades ‘online’ chinesas, alguns com quase dois milhões de seguidores nas redes sociais do país, participaram do lançamento da nova colecção da Abyss & Habidecor. “Os órgãos de imprensa tradicionais continuam a ter o seu espaço”, notou Wu Bin. “Mas, para chegar aos clientes os influenciadores digitais são agora cruciais”.

As trocas comerciais entre a China e Portugal aumentaram 4,82 por cento em 2020, em relação ao ano anterior, segundo dados das alfândegas chinesas. Pequim importou mais 19,6 por cento, ou o equivalente a 2,3 mil milhões de euros, face a 2019.

Taça Porsche sai do programa do Grande Prémio de Macau

Depois do anúncio do programa da 68ª edição do Grande Prémio de Macau, eis que se deu uma reviravolta, com o cancelamento inesperado da Taça Porsche Challenge. A alternativa para manter o mesmo número de corridas – seis – foi atribuir mais uma corrida aos concorrentes locais separando os concorrentes das categorias 1600cc Turbo e Acima 1950cc da Taça de Carros de Turismo de Macau
No final da tarde de sexta-feira, os vários pilotos de Macau foram chamados ao Edifício do Grande Prémio, onde lhes foi comunicado a decisão de atribuir uma corrida separada às categorias 1600cc Turbo e Acima 1950cc, após o cancelamento da corrida do troféu Porsche. Aliás, este era um desejo dos pilotos locais desde a fusão da Taça de Carros de Turismo de Macau e da Macau Road Sport Challenge em 2017.
Para o experiente piloto local Rui Valente, a separação de classes “é muito melhor para os concorrentes da classe 1600cc Turbo”, pois assim “não nos vamos ter que que preocupar em pista com os carros da categoria 1950cc e Acima”. A discrepância de andamentos entre carros de construções e conceitos diferentes, que poderia colocar em causa a segurança dos participantes, era um dos motivos de descontentamento mais vezes apontado pelos pilotos, mas que nunca teve qualquer tipo de compaixão por parte do organizador.
Apesar das listas de inscritos da 68ª edição do Grande Prémio de Macau ainda não serem do conhecimento público, é sabido que todos os concorrentes que participaram na Taça de Carros de Turismo de Macau em 2020 tinham automaticamente entrada na edição deste ano. Contudo, como o número de inscritos da pretérita edição em ambas as categorias – 1600cc Turbo (onze) e 1950cc e Acima (treze) – não eram suficientes para perfazer duas grelhas de partidas, o critério de selecção terá sido alterado para assim abrir a porta à participação de mais concorrentes. 
Porsche em silêncio
 A notícia da ausência da comitiva asiática do construtor de Weissach foi dada por Pun Weng Kun, coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, à margem do “68º Grande Prémio de Macau – Festival em Família” do fim-de-semana passado. O responsável referiu que foi pedida à organização da corrida a lista de inscritos final, mas que esta não foi enviada e que assim houve a necessidade de cancelar a corrida.
Contactada pelo HM, a Porsche Motorsport Asia Pacific remeteu declarações para uma nota a emitir hoje. Naquele que seria o regresso da prestigiada marca alemã de automóveis ao Circuito da Guia, os organizadores da Taça Porsche Challenge apontavam para a presença de dezasseis concorrentes, um deles uma cara familiar do automobilismo de Macau, tendo inclusive convidado vários membros da comunicação social chinesa para assistirem ao evento.
 

TCR China | Rodolfo Ávila vence em Xangai e é o novo campeão

O triunfo no Campeonato do TRC China chegou quando a esperança num desfecho vitorioso estava praticamente perdida. Aliás, Rodolfo Ávila já tinha feito o check-out do hotel, para regressar a Macau o mais depressa possível. Com a vitória, a viagem foi adiada, mas na bagagem veio a taça de campeão

Rodolfo Ávila (MG 6 XPower TCR) sagrou-se ontem em Xangai o grande vencedor do Campeonato de Carros de Turismo da China, depois de uma prova em que conseguiu recuperar de uma desvantagem de 14 pontos.

“Tinha de recuperar os 14 pontos e achava que ia ser uma tarefa muito complicada. Até já tinha feito o check-out do hotel, porque pensava que ia hoje [ontem] para casa. Afinal só vou amanhã [hoje]!”, confessou Ávila, em declarações ao HM, momentos depois de se ter sagrado campeão. “É uma vitória muito boa porque tenho 34 anos, faço 35 no próximo ano, e começa a ser uma idade difícil para o desporto automóvel. A nova geração já é muito mais desenvolvida, devido à preparação e aos simuladores, e consegue mostrar resultados muito mais cedo”, reconheceu. “Ser campeão é muito bom, porque termino a época e o campeonato em altas, o que deve possibilitar a minha continuidade no próximo ano com a equipa MG”, acrescentou.

O fim-de-semana nem começou da melhor maneira para Rodolfo Ávila. Partindo para a prova no Circuito de Xangai Tianma na liderança do campeonato, o piloto de Macau não foi além de um sexto e um oitavo lugares à geral, no sábado. Com estes resultados, o colega de equipa, Zhang Zhen Dong, instalou-se no topo do campeonato com 14 pontos.

Contudo, no domingo, tudo mudou. Na corrida matinal, Ávila partiu do sexto posto, mas chegou ao fim em segundo, o que lhe permitiu adiar as decisões para a última corrida. Depois, na prova decisiva, o piloto local arrancou do quarto lugar da grelha, e à segunda volta já liderava, ultrapassando pelo caminho Zhang Zhen Dong.

A entrada em pista do safety-car ainda assustou o novo campeão, devido à aproximação do colega, mas o destino estava traçado e Ávila sagrou-se campeão. “Foi uma época com altos e baixos, e tive alguns problemas ao longo da temporada. Felizmente, no final do campeonato alcançámos o objectivo, e consegui ganhar o campeonato. Sinto que fiz o meu trabalho” indicou.

Este foi o quarto título do piloto que defende as cores da RAEM, após ter conquistado os campeonatos da Ásia e da China de Fórmula Renault (2003) e o Asia SuperCar Challenge (2008).

Ausente de Macau

Apesar de se ter sagrado campeão, o piloto de Macau não vai ter “direito” a uma corrida de consagração no Circuito de Guia. Isto porque a equipa MG 6 XPower optou por não participar no Grande Prémio, uma vez que, e ao contrário do ano passado, a prova não está integrada no calendário do TCR China.

“A equipa compete no Campeonato TCR China. Mas, este ano a prova de Macau não conta para o campeonato, só para o TCR Ásia, por isso a MG não tem interesse. Os custos da participação são elevados, e o mercado de Macau não é um daqueles em que a MG vende mais carros”, explicou. “Nós gostamos de competir, mas para as marcas as corridas são uma forma de marketing, por isso a equipa foca-se mais na China, onde a MG tem vendido bastantes carros nos últimos anos”, justificou.

Rodolfo Ávila ainda esteve para participar no evento de Macau integrado na Taça Porsche Challenge, mas o cancelamento da prova [ver texto secundário] acabou com qualquer esperança. “Estive bastante perto de participar, era para correr na Taça Porsche Challenge, mas a prova foi cancelada há uns dias”, admitiu. “Estava feliz por poder competir de Porsche, uma marca com que competi durante muitos anos e tenho boas ligações. Por isso, fiquei um bocado desiludido com o desfecho”, reconheceu.

Apesar disso, Rodolfo Ávila vai estar presente no Circuito da Guia, não só como espectador, mas integrado na equipa Asia Racing Team (ART), que vai prestar assistência a Li Si Cheng, piloto que compete na Fórmula 4. “É um bocado chato estar presente e não poder correr. Mas espero que seja uma boa edição do Grande Prémio e espero poder regressar no próximo ano”, concluiu o também Team Manager, da ART.

Fu Xi e Nu Wa o casal divino

Escrever sobre personagens que viveram num período anterior aos registos escritos e cujas histórias chegaram até aos nossos dias, ou pelas letras de canções, ou oralmente transmitidas em forma de mitos e só muito mais tarde, milénios depois, registadas nos livros, traz-nos o problema de interligar todas essas informações para criar uma inteligível e coerente imagem, que represente os seres aqui a tratar. Fu Xi (伏羲, em cantonense Fok Hei) e Nu Wa (女娲, Nôi-Vó), figuras lendárias e da mitologia chinesa, contam com poucos trabalhos académicos e nos livros antigos aparecem apenas esparsas referências às suas pessoas como as feitas por Kong Zi (Confúcio), Sima Qian, o historiador da dinastia Han do Oeste e Sima Zhen.

Fu Xi transportando o conhecimento das culturas existentes no Paleolítico para a Era do Neolítico deu início à Civilização Chinesa, tornando-se o seu primeiro Soberano e por isso, também conhecido por Tian Huang Shi (天皇氏, Tin Wong Si), Imperador Celeste. Conjuntamente com Nu Wa, após um grande dilúvio tornaram-se as únicas pessoas mas, como irmãos que eram não podiam casar e ter filhos por receio de desagradar ao Céu. Então resolveram subir à montanha sagrada Kunlun (em Qinghai), fazendo cada um uma fogueira e como o fumo de ambas se uniu, interpretaram favorável esse sinal e casaram, ficando a ser considerados o casal divino, o Pai e a Mãe dos Seres Humanos.

O Ser Humano tomara consciência da sua existência há 65 mil anos e se nessa primitiva sociedade não havia distinções de classes, famílias e propriedade privada, entre o L e o XL milénio antes da nossa Era foi substituída por uma comunidade baseada na família com a formação gradual de uma sociedade matriarcal há 30 mil anos. Por volta do VI milénio antes da nossa Era o sistema de crenças mudou e a sociedade matriarcal começou a dar lugar à patriarcal, substituindo-se a Deusa da Fertilidade por o Deus da Guerra, aparecendo as classes e o conceito de propriedade devido ao movimento adquirido pela caça a reorientar um novo estar. Assim, a sociedade patriarcal iniciou-se há cinco mil anos, quando na China as tribos se começaram a unir entre si.

Como ponto de partida deveremos questionar se Fu Xi e Nu Wa tiveram existência real? Se sim, quando viveram e quem foram? Questões que para tais figuras nunca poderão ter respostas formais mas, como representação de uma imagem feita pelo espaço de consciência, em função de onda preparam o além da realidade. Por isso não se consegue em projecção realizar tal estudo, sendo apenas na reflexão que este toca espaços fora dos limites da matéria. Por outro lado, como figuras lendárias que ocupam um lugar na História da China, elas foram o espírito e a substância de muitos arquétipos para a construção da Civilização Chinesa.

 

ANCESTRAIS SOBERANOS

 

Num túmulo da dinastia Han do Leste em Pixian (província de Sichuan) e do mesmo período, no mural do templo de Wuliang em Jiaxiang (província de Shandong), encontram-se representações de Fu Xi e Nu Wa, ambos com cabeça humana mas corpos de dragão e entrelaçados pelas caudas, a representar a união entre os dois, simbolizam o poder e quando ligados com a tartaruga perpetuam-se pela eternidade.

Fu Xi, considerado Imperador do Ser Humano conjuntamente com Nu Wa são o casal divino. Fu Xi, deificado como Taihao (太昊), ou o Imperador Verde, representa o Leste e contém a virtude da madeira, simbolizando a Primavera e Nu Wa, encarregue da reprodução de todas as coisas vivas, é a deusa primitiva da fertilidade. Para alguns estudiosos ambos não eram Seres Humanos, mas representantes de um período, Nu Wa a sociedade matriarcal e Fu Xi, a patriarcal.

Quando considerados pela História como figuras históricas chegam-nos integradas no grupo San Huang Wu Di, isto é, os ancestrais dos chineses conhecidos pelos Três Soberanos e os Cinco Imperadores. Apesar de irmãos eram de diferentes tribos e como os “únicos” sobreviventes de um grande Dilúvio, Fu Xi e a sua consorte Nu Wa ficaram considerados os primeiros seres humanos e para que estes se reproduzissem e fosse criada a Humanidade tornaram-se patronos dos casamentos.

Já quanto às datas da existência histórica de Fu Xi variam desde o ter nascido entre 2953 e 2852 a.n.E. e ter deixado a Terra entre os anos de 2838 e 2738 a.n.E., mas há autores a referir ter o lendário chefe tribal reinado durante 115 anos, de 4477 a 4362 a.n.E.. Nascera em Tianshui, hoje província de Gansu e numa jornada para Leste como chefe levou a sua tribo Yi até às Planícies Centrais, actual província de Henan, onde se instalou em Huaiyang e aí se encontra o seu mausoléu, como Kong Zi atestou. A sua meia-irmã Nu Wa nasceu três meses depois em Loncheng, a Norte de Tianshui, tendo ambos o apelido Feng (风, Vento) do pai. Acompanhou Fu Xi na procura de terras férteis e em Henan, após promoverem casamentos, separaram-se. Nu Wa seguiu para Norte, onde na povoação de Wihua se encontra o seu mausoléu.

Fuxi era um observador atento, tanto do Céu, como do que se passava na Terra, e ao olhar para o Céu observou os fenómenos celestes vendo-os espelhados na Terra. Assim atingiu a ideia do todo inserido nas mudanças sazonais e na geografia, descobrindo ser dentro de si o mesmo do que se passava no seu exterior. Ao viajar por muitos lugares conheceu outras formas de estar e fazer, assim como outros objectos. Apercebeu-se das diferentes qualidades e propriedades dos materiais e dos solos. Terá usado nós numa corda para fixar certos factos e criou um método de fazer redes de pesca inspirando-se nas teias de aranhas. No entanto, a maior das suas contribuições foi a criação dos oito trigramas a representar os oito estados da natureza usados depois no mais antigo livro existente, o Livro das Mutações (Yi Jing, 易经) cuja versão actual, o Zhou Yi é da dinastia Zhou e tem três mil anos.

Segundo refere Kong Zi nos dez Asas (Xi Ci), que complementam o Livro das Mutações, deve-se ao sábio Rei Fuxi a imagem do dragão de onde retirou os oito trigramas (bagua), criando o desenho do Tai ji pelo pulsar yin-yang da vida. O dragão é yang e terá sido escolhido como totem por Fu Xi, conhecido por isso como o rei Dragão, para representar o seu povo da tribo Yi. Explicou aos seres humanos a essência de todos os aspectos universais contidos nos oito trigramas que inventou, e as inter-relações entre eles. Pelo conhecimento dos oito estados da Natureza e seu domínio poderiam, tal como os deuses, evitar muitos prejuízos causados pelas calamidades naturais e utilizar todas as coisas ao serviço da harmonia para com o que nos rodeia.

Considerado o primeiro dos Três Ancestrais Soberanos (San Huang, 三皇), que deram origem à Civilização Chinesa, transportou os conhecimentos de uma Era em que a Terra ainda se reflectia pelo Céu e talvez por essa razão, Fu Xi e a sua meia-irmã e consorte Nu Wa, considerados os primeiros seres humanos, são o Pai e Mãe, que significam o Céu e a Terra e representam-se no yang e yin de todas as coisas.

Web Summit | Grande Baía em destaque no evento em Lisboa

O projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau esteve representado na última edição da Web Summit em Lisboa, através do Governo de Hong Kong. Macau ficou de fora da edição deste ano do evento

A última edição da Web Summit em Lisboa, dedicada à tecnologia e startups, contou com uma representação do Governo de Hong Kong, e de outras entidades ligadas ao investimento na região, que levaram o projecto da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau ao evento em Portugal.

No caso do Turismo de Hong Kong (Hong Kong Tourism Board – HKTB), o foco incidiu sobre o RISE, um evento tecnológico criado em 2015 e que vai voltar a Hong Kong entre 2022 e 2026. A presença na Web Summit serviu para tentar captar participantes para os próximos anos, conforme disse Dawn Page, directora do Turismo de Hong Kong para os mercados do Reino Unido e norte da Europa.

“Procuramos aqui potenciais delegados para participarem no RISE, além de darmos informações sobre o que a cidade tem para oferecer aos visitantes, com as suas infra-estruturas de excelência e localização estratégica na zona da Grande Baía”, contou ao HM.

Citado por um comunicado, o presidente do HKTB, Yiu Kai Pang, destacou essa mesma localização estratégica [da Grande Baía] que permite que “os participantes do evento possam também capitalizar uma multitude de oportunidades na região”. No mesmo comunicado, Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit, destacou “o crescimento tecnológico e da economia de startups” em Hong Kong desde 2015.

“Sempre tentámos regressar a Hong Kong. O RISE tem crescido para o que é hoje depois de cinco bem-sucedidos anos na cidade. O evento estabelece uma importante relação entre o Oriente e o resto do mundo”, frisou.

Tenda para investidores

A Grande Baía esteve também em destaque na tenda da “InvestHK”, uma plataforma governamental que promove o investimento no território. Paula Kant, directora de promoção de investimentos da “InvestHK”, explicou ao HM que foi organizada uma masterclass sobre oportunidades de negócios na Grande Baía, que comporta, além de Macau e Hong Kong, nove cidades do sul da China e que “representa um enorme mercado com 86 milhões de habitantes”, disse a responsável.

” Na Web Summit informamos empresas estrangeiras sobre o que devem fazer para se estabelecerem em Macau ou Hong Kong, com a vantagem de estas serem cidades internacionais. Através [destas regiões] podem facilmente aceder ao mercado da Grande Baía”, frisou a responsável.

Paula Kant adiantou que, em Portugal, a “InvestHK” tem parcerias com a Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong, bem como com a Associação de Jovens Empresários Portugal-China.

A “InvestHK” criou também na WebSummit um espaço onde potenciais investidores e empresários puderam partilhar intenções de negócio e ideias, na tenda “Investor do startup meetings”, à qual o HM não teve acesso.

Depois de uma presença inédita na Web Summit em 2019, com uma delegação de 11 pequenas e médias empresas (PME), Macau ficou de fora do evento este ano. O HM confirmou que a Direcção dos Serviços de Turismo não esteve representada, além de que na lista de startups participantes no evento de tecnologia não constava o nome de nenhuma empresa local.

Fonte da Fábrica de Startups, plataforma que, em 2019, trouxe empresas de Macau à Web Summit, em conjunto com a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, adiantou ao HM “não ter nenhuma informação oficial acerca da presença de Macau” no evento.

O Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) foi também contactado, mas até ao fecho desta edição não foi obtida qualquer resposta. Esta segunda-feira o IPIM garantiu ao HM que não enviou qualquer delegação empresarial a este evento. A Web Summit decorreu entre 2 e 4 de Novembro no Parque das Nações, e regressa a Lisboa no próximo ano.

A Dissolução

Há um amigo meu que recebe o Hoje Macau em PDF e virou-se para mim e disse que eu era um grande analista político. Respondi que nem gosto de política e muito menos de políticos, mas que a minha colaboração para o jornal deveria visar os temas que preocupam os portugueses e que sejam tema na semana. Desta feita, lá volto à política, apesar das patetices proferidas pelo ministro Pedro Nuno Santos merecessem umas boas reguadas…

O Presidente Marcelo resolveu dissolver a Assembleia da República e marcar eleições para 30 de Janeiro do próximo ano. Uma data que parece só ter agradado ao próprio Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa desde que começou a escrever para o Expresso e a criar factos políticos, por vezes, acontecimentos inventados por ele próprio, que sabe perfeitamente o que quer. A dissolução do parlamento não é inocente e o Presidente sabe que neste caso tem mesmo a faca e o queijo na mão. A sua experiência mostrou-lhe que António Costa só fez asneiras nos contactos que manteve com o Bloco de Esquerda e com o Partido Comunista. Costa já não tinha cumprido em vários assuntos a quando de geringonças anteriores. Desta vez, o experiente PCP resolveu virar as costas ao líder socialista porque o Orçamento do Estado era um saco de batatas. Com uma agravante: o Governo já andava a comprometer dinheiros da chamada bazuca e na da do pecúlio era para melhorar a situação social do povinho pobre e dos trabalhadores. E ora aí está o Presidente Marcelo, com o seu saber de malandrice, sábio em vários quadrantes nem que tenha de jogar em dois carrinhos como aconteceu com Paulo Rangel e confirmou logo que em próximas eleições, sem praticamente campanha eleitoral – porque o pessoal vai é estar preocupado com o Natal e a festa de fim de ano – não será possível que haja uma maioria absoluta de direita nem de esquerda. Ele próprio já a tem fisgada: nomeia um governo de índole presidencial e a tal bazuca que contém muitos milhões para distribuir será tudo controlado por ele. Não será um Bolsonaro, mas não sei não, como dizem os brasileiros.

O comportamento da maioria dos partidos políticos é a maior vergonha a que temos assistido. O CDS deveria realizar um congresso, mas assim que o seu líder soube que Nuno Melo pretendia o seu lugar, o “Chicão” suspendeu o congresso e marcou-o (a conselho de Rui Rio) para depois das eleições legislativas. Nuno Melo chamou a isso um “golpe de Estado” e a verdade é que vale tudo. No dia das eleições a 30 de Janeiro já nem Francisco Rodrigues dos Santos é presidente do CDS por ter terminado o seu mandato. Anteriormente dizia-se que o CDS era o partido do táxi, mas actualmente parece que o motorista vai ficar sozinho. António Pires de Lima, ex-vice-presidente do partido e Adolfo Mesquita Nunes, que poderia ser muito bem o presidente dos democratas-cristãos abandonaram o partido. Paulo Portas e Assunção Cristas, ex-líderes do partido, pronunciaram-se que o CDS pode batido no fundo e ter entrado no ocaso. Cecília Meireles, a melhor deputada do CDS, anunciou que vai abandonar a vida política. Um grande número de militantes do CDS já se vê nas acções do Chega. Os neofascistas, segundo as sondagens (se acertarem desta vez), estão a subir na tendência de voto de uma forma quase assustadora. Ainda ontem um casal que toda a vida votou PSD, ao encontrarmo-nos manifestei-lhe os parabéns pela vitória do seu Carlos Moedas. Respondeu-me o casal de imediato que eu estava enganado, porque eles votaram no Chega. Tudo indica que se André Ventura tiver bons conselheiros e não fizer uma campanha eleitoral, tipo feirante, pode ir buscar muitos votos ao PSD e CDS. Concluindo, maioria absoluta de direita não haverá se o desentendimento no seio dos partidos continuar. No PSD é gritante. Paulo Rangel saiu do armário e com unhas e dentes quer o lugar de Rui Rio. Estavam à porta eleições no seio do PSD. Rui Rio chegou a afirmar que o que se passa no PSD “é um absurdo”. Rio referia-se às eleições directas no interior do seu partido e ao congresso agendado. Antes, pensou-se que Rui Rio estava a evitar que Paulo Rangel lhe tirasse a cadeira do poder social-democrata, mas esclareceu que o ideal será antecipar o mais breve possível as eleições e o congresso no seio do PSD.

As divisões no interior dos partidos são flagrantes. No Partido Socialista o ministro Pedro Nuno Santos já proferiu afirmações que desautorizam o próprio primeiro-ministro. O homem do ‘Maserati’ quer de qualquer forma que António Costa desista para que ele possa ocupar o seu lugar. Mas, António Costa está disposto a prosseguir na luta pela moderação no partido e no Governo deixando a ideia de que poderá conquistar uma maioria absoluta. Costa está a pensar que imensos apoiantes do PCP e do Bloco ficaram chocados por estes dois partidos terem votado contra o Orçamento do Estado. Ouve-se constantemente por parte de apoiantes socialistas que a culpa do que se está a passar foi dos dois partidos mais à esquerda. É uma tentativa clara de levar eleitores do PCP e BE a votar no PS. Pessoalmente não acredito numa maioria absoluta socialista e como a extrema esquerda parece não estar virada para outra geringonça, temos de pensar que a dissolução da Assembleia da República foi mesmo muito e antecipadamente decidida pelo Presidente Marcelo, porque a solução que resta é um governo de iniciativa presidencial. É que Marcelo sabe nadar…

PSD Macau | Vitório Cardoso acusa Rui Rio de “traição e abandono”

O presidente do Partido Social Democrata (PSD) terá recusado um encontro com os conselheiros das comunidades portuguesas. À Lusa, José Pereira Coutinho, ex-conselheiro, negou qualquer pedido de reunião

A secção de Macau do Partido Social Democrata (PSD) vai votar em Paulo Rangel para líder do partido e acusa Rui Rio de “traição e abandono”, por alegadamente ter recusado um encontro com os Conselheiros das Comunidades Portuguesas da Ásia e da Oceânia.

A posição foi tomada através de um comunicado publicado por Vitório Cardoso, presidente da secção de Macau do PSD, que é igualmente assinado por Laurentino Esteves, presidente da secção do PSD de Toronto.
Segundo o comunicado, citado pela Agência Lusa, o actual presidente do PSD é acusado de “traição e abandono”, por não ter recebido os Conselheiros das Comunidades Portuguesas da Ásia e da Oceânia. Cardoso e Esteves consideraram igualmente que Rui Rio “dificultou a participação política dos militantes do PPD/PSD do [círculo] fora da Europa”.
Face aos desenvolvimentos a secção de Macau do Partido Social Democrata (PSD) anunciou que vai apoiar Paulo Rangel nas eleições partidárias, agendadas para 27 de Novembro. “Estamos certos de que Paulo Rangel será capaz de usar da sua experiência internacional e olhar para os portugueses emigrados, para os portugueses do mundo, integrando-nos e a fazer parte da solução. Longe fisicamente, mas com Portugal no pensamento, sempre”, foi explicado. “O partido e o país precisam de um líder agregador, dinâmico e cosmopolita, um homem com mundo, capaz de devolver ao partido a sua matriz universal e humanista, a visão e o sonho do seu fundador e provavelmente, o melhor de todos nós, Francisco Sá Carneiro”, evocaram.

 O conselheiro sombra

Após ter sido revelada a posição da secção de Macau do PSD, José Pereira Coutinho, deputado da Assembleia Legislativa e ex-conselheiro, declarou à Lusa que nunca houve qualquer pedido de encontro com Rui Rio.
“Nunca solicitámos qualquer encontro, nem verbalmente, nem por escrito, ao presidente do PSD, Rui Rio”, disse José Pereira Coutinho, em nome da Conselheira das Comunidades Portuguesas, Rita Santos.
“Lamentamos este aproveitamento político e aproveitamos esta oportunidade para frisar que não temos nenhuma filiação partidária nem temos interesse nas lutas partidárias”, acrescentou.
Apesar de ter deixado de ser conselheiro das Comunidades Portuguesas desde Fevereiro do ano passado, o deputado não se tem escusado de participar nos encontros com o cônsul nem de comentar os assuntos relativos ao conselho.
Portugal prepara-se para a realização de eleições legislativas a 30 de Janeiro, depois do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido a Assembleia da República após o chumbo do Orçamento de Estado.

Macau com mais de 100 cafés na “terceira vaga” da especialidade

Macau contava com mais de 100 cafés no ano passado, numa “terceira vaga”, com o consumo sempre a crescer nos últimos anos na cidade, onde noutros tempos dominava o chá.

De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), 117 cafés estavam em funcionamento em 2020, menos três que em 2019, apesar do impacto da pandemia da covid-19 e da diminuição acentuada dos turistas.

Para um responsável da Associação de especialistas de café de Macau (MSCA), esta é a “terceira vaga do interesse pelo café” na cidade. “A primeira vaga foi a do café instantâneo e a segunda a do café de multinacionais como a norte-americana Starbucks”, disse à agência Lusa.

Nos últimos anos, o café de diferentes origens tornou-se popular “numa terceira vaga, influenciada pela China”, afirmou Vong Sio Long, formador de especialistas na preparação de cafés, ou baristas, acrescentando que o interesse não fica só do lado do consumidor.

“Todos os anos, cerca de 300 pessoas de Macau frequentam o curso de barista”, apontou. Nestes “novos” cafés, os grãos mais usados chegam das origens mais tradicionais e distantes, como Etiópia, Brasil, Quénia, Costa Rica, México, Colômbia e Panamá, de acordo com a MSCA, e as máquinas profissionais mais usadas são as italianas, com preços a partir “das 70 mil patacas, disse Vong.

Candi Chu, proprietária de um café na zona antiga da cidade, afirmou que, por dia, vendia “entre 70 a 80 chávenas de café e em período de férias mais de 100”, mas que actualmente vende cerca de 50 chávenas por dia.

Neste estabelecimento, os preços rondam as 28 patacas por uma bica, localmente conhecida por ‘expresso’, e 36 patacas por um ‘cappuccino’. “Graças aos clientes habituais de Macau, podemos ‘sobreviver’ à covid-19”, afirmou Chu, que este ano estendeu o negócio à zona da Taipa, com uma filial do café existente na península.

 

Amargo de boca

O custo mensal do aluguer do espaço na zona antiga de Macau é de 30 mil patacas, disse Candi Chu, acrescentando não ter beneficiado de qualquer subsídio do Governo, apenas de um empréstimo de 500 mil, no âmbito das medidas de apoio à epidemia.

De acordo com os dados da DSEC, estes estabelecimentos perderam 14 milhões de patacas em 2020, com as receitas e despesas a diminuírem 16,9 e 5,6 por cento, respectivamente, em relação ao ano anterior.

Na mesma zona, que conta já uma dezena de pequenos cafés como o de Candi Chu, um novo espaço começou a testar a clientela e a preparar a inauguração na próxima semana.

À Lusa, Hugo Lo disse não ter pedido fundos ao Governo para iniciar o negócio. No entanto, o jovem proprietário espera que as receitas possam cobrir as despesas, prevendo que, em período de férias, a loja consiga vender mais de 100 chávenas de café ao dia.

Ao contrário das preferências dos portugueses em café, o sócio de Candi Chu, o macaense Danilo Tadeu Madeira afirmou que a proporção de pessoas de Macau que pedem um expresso é “muito baixa”. “As pessoas de Macau ou da China preferem café com leite, como ‘cappuccino’ ou ‘latte’. Na sua maioria, os chineses não gostam do sabor amargo de um expresso ou de um ‘americano'”, sublinhou.

Orçamento | Governo recorre à reserva e espera 130 mil milhões de receitas

Dado que a conjuntura económica continua a “suscitar muitas incertezas”, o Governo vai voltar a recorrer à reserva financeira em 2022, com a proposta de lei do orçamento a prever receitas de jogo de 130 mil milhões de patacas, à semelhança de 2021. Para Albano Martins e Samuel Tong a estimativa é demasiado ambiciosa e pode obrigar a revisões orçamentais
[dropcap]P[/dropcap]elo menos, mais 30 mil milhões de patacas vão sair da reserva financeira extraordinária para cobrir a previsão das despesas orçamentadas para 2022. À luz de um expectável défice orçamental, a proposta de lei do orçamento de 2022, submetida à apreciação da Assembleia Legislativa (AL), frisa o facto de a conjuntura económica continuar a “suscitar muitas incertezas” e de a recuperação ser “um processo gradual” que requer “um certo tempo”.
Assim, para 2022, o Governo prevê despesas de 99,4 mil milhões de patacas e receitas de 100,1 mil milhões de patacas, com um saldo do orçamento ordinário integrado da RAEM de 641,8 milhões de patacas, “constituído, unicamente, pelos saldos de execução orçamental dos serviços e organismos autónomos”, indica o documento.
Além disso, a proposta de orçamento para 2022 prevê, à semelhança deste ano, receitas brutas de jogo de 130 mil milhões de patacas, das quais 35 por cento vão para os cofres do Governo. Isso significa, segundo o documento, receitas de 45,5 mil milhões de patacas afectas ao “imposto especial sobre o jogo” para o próximo ano. Contas feitas, o Governo estima assim um aumento de 4,5 por cento da despesa orçamentada, comparativamente com a de 2021.
Apesar de prometer medidas de contenção de despesas através da redução das despesas correntes dos serviços e organismos públicos, o Governo assegura a continuidade de medidas relacionadas com o “bem-estar da população e infra-estruturas”. 
Neste sentido, o Governo reservou cerca de 8,3 mil milhões de patacas para o plano de comparticipação pecuniária, programa de comparticipação de cuidados de saúde, subsidiação das tarifas da electricidade e para o programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo.
O documento prevê ainda outra verba de 12 mil milhões de patacas para cobrir despesas como a escolaridade gratuita, subsídios a propinas e desenvolvimento profissional, pensões para idosos e por invalidez e subsídio para famílias em situação vulnerável. Tudo somado, são 20,4 mil milhões de patacas para apoiar a população.

Papel químico

Em declarações à TDM-Rádio Macau, o economista Albano Martins considera que a proposta de orçamento apresentada pelo Governo é em tudo semelhante ao orçamento de 2021 e que isso torna “inevitável” novas revisões orçamentais e a injecção de mais verbas no futuro.
“Não queria ser injusto com o Governo, mas acho que isto [orçamento] foi um bocado ‘copy paste’ do ano passado e o Governo esqueceu-se até de tirar a previsão de 130 mil milhões, porque não vai ter os 130 milhões e isso vai implicar fazer de novo orçamentos extraordinários”, apontou.
Para Albano Martins, o Executivo devia ser mais “cauteloso” em relação às 45,5 mil milhões de patacas de receitas provenientes de impostos sobre o jogo, “assumir que as coisas estão más” e apostar mais no investimento de forma a dar um sinal positivo aos empreendedores.
Também Samuel Tong, presidente do Instituto de Gestão de Macau referiu que o Governo devia ser mais prudente em relação à estimativa de 130 mil milhões em receitas de jogo para 2022.
“Sobretudo no último mês, muito afectado pela pandemia, as receitas de jogo foram pouco superiores a 4 mil milhões de patacas, podendo as receitas de todo este ano atingir apenas cerca de 80 mil milhões de patacas. Acho que o Governo deveria considerar o valor estimado para o próximo ano de 130 mil milhões com cuidado”, disse segundo a TDM – Canal Macau.
Por seu turno, José Sales Marques apontou à TDM – Rádio Macau que, na globalidade e embora semelhante ao orçamento de 2021, a proposta de orçamento do Governo mostra que vai haver uma recuperação da economia, embora “bastante modesta”.

Conselho Executivo | Administração com prazos para tratar pedidos de residência

O Governo apresentou o novo regulamento do Controlo de Migração e das Autorizações de Permanência e Residência, que acaba com o período de 180 dias em que era permitido renovar residência após a sua validade ter expirado

[dropcap]A[/dropcap] partir de 15 de Novembro a Administração Pública fica obrigada a cumprir prazos para responder aos pedidos especiais de residência. A informação foi revelada na sexta-feira, no âmbito do novo Regulamentação Principal do Regime Jurídico do Controlo de Migração e das Autorizações de Permanência e Residência, que entra em vigor na próxima semana.
O regulamento administrativo articula-se com a nova lei do controlo de migração e das autorizações de permanência e residência, aprovada em Agosto. Entre as novidades do novo regulamento, que deve ser publicado esta semana no Boletim Oficial, consta o facto da Administração ficar obrigada a cumprir prazos na resposta a pedidos de permanência e residência, o que não era tão claro até agora.
Além disso, o novo regulamento aumenta o “prazo de validade mínimo dos documentos de migração para 90 dias, após a concessão do período de permanência”.
O documento cria ainda uma autorização especial para alguns profissionais poderem permanecer e desempenhar as suas funções em Macau, de forma temporária. A nova autorização vai abranger pessoas que se desloquem à RAEM no “âmbito de acções de cooperação entre entidades públicas”, “desempenho das funções de árbitro”, “cooperação intergovernamental e inter-regional” e ainda “vendedores tradicionais”.

Fim do “período de descontos”

Outra das alterações significativas revelada pelo comunicado do Conselho Executivo, que não permite acesso ao conteúdo total do regulamento, é o fim do prazo extra, de 180 dias, para renovar a autorização de residência depois desta ter expirado. Segundo o Conselho Executivo, vai assim proceder-se ao “cancelamento do disposto constante no regime actual em que a renovação ainda pode ser tratada dentro do prazo de 180 dias após o termo do prazo de validade da autorização de residência”.
Ainda de acordo com o organismo que tem o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, como porta-voz, o novo regulamento define “claramente que a autorização de residência caduca por termo do prazo de validade” e estabelece “disposições transitórias de renovação”.
As alterações anunciadas entram em vigor a 15 de Novembro e revogam o Regulamento Sobre a Entrada, Permanência e Autorização de Residência e o Regulamento Administrativo sobre o Título Especial de Permanência.

Alojamento ilegal | Aprovada na generalidade diploma que não aposta na criminalização

Os deputados aprovaram esta quinta-feira na Assembleia Legislativa (AL) a proposta de lei relativa à proibição de prestação ilegal de alojamento, a fim de rever um diploma que vigora desde 2010. Nas palavras do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, trata-se de uma legislação que pretende pôr fim ao “fenómeno caótico de prestação ilegal de alojamento ao público em fracções habitacionais de edifícios”. Há 11 anos a entrada em vigor deste diploma “resolveu a questão de falta de legislação sobre o combate às pensões ilegais e, por isso, a exploração desse tipo de pensões diminuiu, de certo modo”, lembrou o secretário.

Mas Lei Wai Nong falou também da existência de “alguns problemas” relativamente à operacionalidade da lei, uma vez que é difícil identificar os exploradores das pensões ilegais e cobrar multas aos infractores.

Há alguns anos que se debate se as autoridades devem ou não avançar para a criminalização do acto de prestação ilegal de alojamento. No entanto, após um estudo e publicação do relatório, em Novembro de 2019, as autoridades concluíram que criminalizar “não é um meio eficaz para a resolução dos problemas das pensões ilegais”.

Desta forma, “deve manter-se a natureza da actividade exploratória como infracção administrativa”, disse o secretário, que promete aperfeiçoar a legislação com a sua revisão e adopção de “outros procedimentos administrativos”.

China é o país mais representado nas coleções não europeias dos museus portugueses, revela inquérito

A China é o país mais representado nas coleções não europeias dos museus portugueses, seguida de Angola, Índia, Moçambique e Brasil, indicam os resultados preliminares de um inquérito realizado pela comissão nacional do Conselho Internacional de Museus (ICOM-Portugal).

O inquérito ‘online’ sobre a presença de património proveniente de territórios não europeus nos museus portugueses, públicos e privados, foi lançado em finais de maio, pelo ICOM Portugal, com o objetivo de promover um maior conhecimento do património destas coleções à sua guarda.

De acordo com os resultados preliminares revelados à agência Lusa, no que diz respeito às proveniências destas coleções, “o continente asiático superioriza-se em relação à África e à América do Sul, existindo também uma prevalência de peças provenientes da América do Norte e Central e, em menor escala, da Oceânia”.

O inquérito – o primeiro no género realizado no país – esteve aberto a todos os museus durante cerca de quatro meses nos canais de comunicação do ICOM-Portugal, “sendo que a adesão acabou por ser moderada”, segundo o museólogo Gonçalo de Carvalho Amaro, responsável pelo inquérito, e membro dos corpos sociais do ICOM-Portugal.

Dos 414 museus em Portugal, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, receberam 45 respostas, o que representa uma participação na ordem dos 11%.

Apesar de aparentar tratar-se de uma percentagem baixa de adesão, o responsável apontou que “a globalidade dos principais museus com coleções não europeias respondeu ao inquérito”.

“No entanto, surpreendeu-nos a ausência de resposta de alguns museus nacionais dos quais se conhece a presença de coleções com estas características”, apontou.

A perspetiva da iniciativa visa compreender a sua quantificação, distribuição pelo país, estado de conservação, estudo e inventariação, e o modo como foi incorporado nos acervos destes museus.

Relativamente às sub-regiões ou países representados nas coleções dos museus portugueses, a China surge no primeiro lugar (20 respostas), seguida de Angola (15) e Índia, Moçambique e Brasil (ambos com 14), Timor-Leste (11) e Sudeste Asiático (10).

Responderam sobretudo museus cujas coleções teriam um caráter artístico (25 respostas) ou etnográfico (23) seguidos de coleções arqueológicas (11), História Natural e documentais (ambas com sete) e restos humanos (seis), indicam ainda os resultados preliminares do inquérito.

Deste património “destaca-se o facto de 62% conter documentação associada, aspeto relevante para compreender como estas coleções chegaram ao museu, e para conhecer proveniências e características, e 92% está inventariado, contudo somente 60% está estudado”, indicou o técnico superior do Museu de São Roque, em Lisboa, e professor convidado de museologia na Pontifícia Universidade Católica do Chile.

“Convém ainda acrescentar que a maior parte dos bens chegou aos museus por doação (29 respostas), seguido de compra (19), depósito (15), fundo antigo (13) e transferência (nove)”, acrescentou o investigador integrado no Instituto de História Contemporânea.

A maioria das respostas (27) indicou que as tipologias das suas coleções eram artísticas, seguidas das etnográficas (25), arqueológicas (14), de história natural (nove), documentais (oito) e restos humanos (seis).

“É também relevante referir que 76% respondeu que as coleções deram entrada nos museus antes da convenção da UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura] de 1970, uma data importante, uma vez que a partir desta convenção, passou a existir um maior controlo internacional da importação, exportação e transferência ilícita da propriedade de bens culturais”, salientou o historiador e arqueólogo.

Lisboa e Vale do Tejo foi a região com mais respostas (27%), seguida do Algarve (18%) e das regiões Norte (16%) e Autónoma dos Açores (16%).

“Os valores dos Açores são muito interessantes: dos 19 museus existentes na região responderam sete, sendo claramente a região que mais aderiu ao inquérito”, representando cerca de 40% dos museus da região açoriana.

A participação dos museus das duas regiões autónomas representou 22% das respostas totais, e os museus da região Sul do Tejo – Lisboa, com Alentejo e Algarve – corresponderam a 51 % das respostas totais.

No que diz respeito às tutelas destes museus, “notou-se uma participação maioritária dos museus municipais” (24%) e regionais (22%), seguidos dos museus nacionais (16%) – dos quais metade eram afetos à Direção-Geral do Património Cultural -, museus de ciência (11%), seguidos dos museus privados (9%), de fundação (9%) e outros (9%).

Os dados preliminares do inquérito destacam ainda a presença dos três principais museus universitários: Lisboa, Porto e Coimbra.

Os resultados são apresentados no decorrer do “Encontro de Outono” do ICOM-Portugal, subordinado ao tema “Museus com coleções não europeias”, que está a decorrer hoje, e continua na sexta-feira, no Museu Municipal Santos Rocha, na Figueira da Foz, com a presença de especialistas e vários responsáveis portugueses e estrangeiros, nomeadamente, Ana Margarida Ferreira, do Museu Santos Rocha, Luís Raposo, presidente do ICOM-Europa, Elke Kellner, do ICOM Áustria, Guido Gryseels, do Royal Museum for Central Africa (Bélgica), e Luís Pérez, Museo Nacional de Antropologia, ICOM Espanha.