Desporto | Aliança do Povo pede melhor planeamento de espaços

A associação Aliança do Povo de Instituição de Macau, ligada à comunidade de Fujian, defende que o Governo tem de aproveitar os terrenos disponíveis na RAEM para criar mais espaços para a prática desportiva.

A ideia foi partilhada pela vice-presidente da associação, Chan Peng Peng, em declarações ao jornal Exmoo, onde criticou as dificuldades sentidas pela população para marcar vagas em pavilhões desportivos numa região que tem como objectivo tornar-se uma “Cidade do Desporto”.

Campos para a prática de badminton, basquetebol e piscinas são as instalações mais procuradas pela população em geral, mas a dirigente não esqueceu também a falta de espaços para profissionais se treinarem.

Chan Peng Peng refere também que a carência de instalações é um entrave à formação de quadros qualificados desportivos e ao desenvolvimento do nível competitivo da RAEM.

A representante recordou que até Julho do ano passado, o Governo recuperou terrenos com uma área total de 720 mil metros quadrados, e apenas 190 mil metros quadrados foram usados, com os terrenos não ocupados a representarem um sorvedouro de fundos públicos em custos de manutenção. Chan Peng Peng sugeriu ainda que o Governo incentive as escolas a ceder instalações desportivas ao público.

Turismo | Guangdong, Xangai e Zheijiang foram principais mercados emissores

Ao longo de 2024, a província vizinha de Guangdong voltou a ser o principal mercado emissor de turistas que visitaram Macau, com Xangai a ficar no segundo lugar do “pódio” pelo segundo ano consecutivo. A ascensão de Xangai enquanto cidade de origem de turistas que chegam à RAEM é notória face ao período pré-pandémico, ou seja, antes de 2019.

Os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos mostram que a província de Zhejiang ficou em terceiro lugar no pódio de mercados emissores.

Em termos de repartição dos números de visitantes do continente em 2024, Guangdong forneceu 13,11 milhões, um aumento de 27,5 por cento em relação ao ano anterior. A província vizinha registou um aumento de 2,26 por cento em relação a 2019.

Para 2024, o segundo lugar em Xangai forneceu pouco mais de 872.000 visitantes, um aumento de 11,2 por cento em relação ao ano anterior e um ganho de 20,8 por cento em relação a 2019. A província de Zhejiang, em terceiro lugar, forneceu a Macau 840.646 visitantes em 2024, um aumento de 25,0 por cento em relação ao ano anterior e 6,6 por cento em comparação com 2019.

Trabalho | Técnicos de segurança querem mais poder

Leong Sun Iok está preocupado com a implementação das medidas de segurança nos estaleiros, e em outros locais de trabalho, e pede ao Governo que garanta aos técnicos de segurança poderes para desempenharem com eficácia o seu trabalho

 

O deputado Leong Sun Iok defendeu o reforço dos poderes dos responsáveis pelas medidas de segurança no trabalho em locais ligados a actividades de maior risco. A posição consta de uma interpelação escrita, em que o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários Macau (FAOM) revela ter recebido queixas.

De acordo com as denúncias, Leong indica que os responsáveis pela segurança e os técnicos superiores de segurança em estaleiros têm muitas vezes dificuldades em fazer com que os restantes trabalhadores cumpram algumas das medidas de segurança mais elementares, correndo riscos desnecessários.

Segundo o deputado, parte destes problemas está relacionada com a falta de coordenação nos estaleiros entre as equipas de trabalho e as equipas de segurança. “O pessoal de gestão de segurança não recebe as instruções sobre como deve implementar as medidas de segurança nos estaleiros, por isso adopta uma postura mais passiva, porque sentem-se impotentes para executar as suas funções nos locais de trabalho”, denunciou Leong.

Contudo, o membro da FAOM alerta que caso haja algum problema, devido à implementação incorrecta das medidas de segurança, são os técnicos de segurança que ficam com o posto de trabalho em risco: “No caso de haver um acidente, este pessoal corre o risco de ficar sem licença para exercer as suas funções”, alertou.

Mudar o cenário

Face a esta situação, o deputado pede ao Governo que faça uma avaliação dos problemas nos estaleiros e lance medidas para que o pessoal de gestão de segurança consiga exercer as suas funções.

“Quanto às várias dificuldades que o pessoal de gestão de segurança enfrenta na execução das funções, que avaliação faz o Governo da situação real?”, questiona. “E que medidas e apoios vão ser aplicados para garantir os direitos destas pessoas no desempenho das suas funções e assegurar que só assumem as responsabilidades perante situações que podem controlar?”, foi acrescentado.

O deputado também considera que o Governo deve seguir as práticas das regiões vizinhas, com a adopção de “sistemas de segurança inteligente” em estaleiros, ou seja, o recurso a meios digitais para controlar os trabalhadores. Leong exemplificou que no Interior são utilizados localizadores de GPS nos capacetes dos trabalhadores nos estaleiros, para rastrear a localização dos operários, em instalações como a torre da grua, plataformas de descarga, elevadores, e emitir sinais de alerta quando se detectam actividades irregulares.

Leong admite que também se deve ponderar seguir o exemplo de Hong Kong a nível das obras públicas, em que qualquer contrato com um valor igual ou superior a 30 milhões de dólares de Hong Kong obriga à instalação nos estaleiros de um sistema de segurança inteligente. “Qual é a situação actual da aplicação destas técnicas no sector de construção civil? Para reforçar a segurança sectorial, que medidas vai o Governo lançar no futuro, sobretudo de âmbito tecnológico?” interpelou.

Balança comercial | Défice reduz 12,93 mil milhões de patacas

No ano passado, o valor total do comércio externo de mercadorias correspondeu a 142,15 mil milhões de patacas, o que significa uma redução de 8,2 por cento, face aos 154,78 mil milhões de patacas registados de 2023.

Os números foram revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) no âmbito das “estatísticas do comércio externo de mercadorias referentes ao ano 2024”.

O valor exportado de mercadorias foi de 13,49 mil milhões de patacas, mais 1,1 por cento, em comparação com o ano anterior. A reexportação atingiu os 12,00 mil milhões de patacas, no que representou um crescimento de 1,8 por cento. Contudo, a exportação doméstica teve uma quebra de 4 por cento para 1,49 mil milhões de patacas.

O valor importado de mercadorias foi de 128,67 mil milhões de patacas, menos 9,0 por cento, em termos anuais. O défice da balança comercial de 2024 cifrou-se em 115,18 mil milhões de patacas, menos 12,93 mil milhões de patacas, face ao ano de 2023, quando tinha sido de 128,11 mil milhões de patacas.

Bairros comunitários | Pedidos melhores acessos para atrair turistas

A União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau espera que o Governo melhore os acessos de trânsito aos bairros residenciais e as ligações para os transportes públicos, para que mais turistas se desloquem a estes bairros, que enfrentam dificuldades económicas. A posição foi tomada pelo presidente da associação, Lei U Weng, ouvido pelo jornal Cheng Pou.

O responsável apontou que muitas pequenas e médias empresas consideram positiva a autorização para os residentes de Zhuhai e Hengqin virem a Macau uma vez por semana, mas reconheceu que o maior número de deslocações traz uma maior pressão para os transportes públicos e instalações comunitárias.

Lei U Weng recordou ainda que antes da pandemia, alguns turistas já tinham por hábito consumir nos bairros comunitários. No entanto, a situação do consumo depois da pandemia nunca apresentou sinais e recuperação nestes locais, porque os turistas preferem viajar para as novas atracções turísticas. Face aos novos hábitos, o responsável sugeriu que o Governo e as concessionárias do jogo reforcem a promoção dos bairros comunitários entre os turistas.

IAM | Coutinho pergunta se haverá desratização este ano

Após o fecho temporário de três supermercados devido à presença de ratos, Pereira Coutinho quer saber o que as autoridades vão fazer para controlar a proliferação de roedores. O deputado pergunta também se será feita uma campanha de sensibilização

 

Ainda 2025 não tinha uma semana concluída, já o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) mandava encerrar temporariamente três supermercados Royal, depois da partilha nas redes sociais de um rato a roer pacificamente um produto exposto numa prateleira.

O caso, que se tornou viral, levou a uma série de inspecções que culminaram no encerramento também temporário de um restaurante e trouxe de novo para a ordem do dia o problema da infestação de roedores, com particular destaque para uma interpelação escrita divulgada ontem por Pereira Coutinho.

Citando os encerramentos temporários mencionados, o deputado além de considerar “imperiosa a necessidade de desratização”, pede uma intervenção urgente, fiscalizações contínuas e acções preventivas mais robustas”, “que envolvam não apenas a colocação de armadilhas, mas também campanhas de consciencialização sobre a correcta gestão de resíduos e a manutenção da higiene nos estabelecimentos comerciais”.

Como tal, Pereira Coutinho questiona as autoridades se vão “promover campanhas de desratização e desbaratização este ano para proteger a saúde pública e mitigar riscos associados a roedores e baratas”. O deputado pergunta também se existe algum plano específico para incluir a colaboração da comunidade e comerciantes, ou para educar a população no sentido de minimizar as condições propícias à proliferação de ratos.

“Relativamente bom”

O deputado recorda que há cerca de um ano e meio enviou uma série de questões sobre o mesmo tema e que, na altura, o Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do IAM, José Tavares, afirmou que uma “instituição académica” foi encarregue de “investigar e avaliar periodicamente a densidade dos ratos nos espaços públicos de Macau, segundo os critérios nacionais”. No fim de Outubro de 2023, José Tavares afirmou que “os resultados obtidos mostram que o controlo dos roedores nos espaços públicos” se mantinham “num nível relativamente bom”.

O responsável afirmara em 2023 que o IAM havia aumentado significativamente o número de armadilhas para ratos nas vias públicas, para cerca de 1.400, “abrangendo praticamente todas as ruas de Macau”. Além disso, as autoridades dividiram o território em 25 zonas, de forma a garantir a fiscalização contínua e intervenção dirigida para as zonas mais afectadas.

O deputado recordou que no Verão de 2023 o seu gabinete de atendimento “recebeu um número significativo de queixas de moradores de bairros mais antigos, como a do Praia de Manduco, da Areia Preta e do Iao Hon, em que relatavam que, durante o Verão, especialmente em consequência das fortes chuvas, tinha havido um aumento alarmante na proliferação de baratas, moscas e ratos”.

Uma vez que o tema voltou a merecer a atenção das autoridades e a provocar alarme social, Pereira Coutinho pediu um balanço das acções de desratização realizadas entre o final de Outubro de 2023 até à actualidade, com particular destaque para as redes de esgotos públicos.

Taça GT | Corrida da Grande Baía ganha impulso do Interior

A Taça GT – Corrida da Grande Baía passará a integrar, já este ano, a recém-criada SRO GT Cup, a mais recente competição de GT lançada no Interior da China, inspirada na prova para viaturas da classe GT4 do Grande Prémio de Macau

 

Nas vésperas do Natal passado, o SRO Motorsport Group, a entidade responsável pela organização de inúmeras provas e campeonatos, incluindo o GT World Challenge Asia e, como parceiro oficial da FIA, a co-coordenação da Taça do Mundo de GT da FIA em Macau, anunciou a criação de uma competição para viaturas GT4, composta por quatro eventos na China. Na altura do anúncio, apenas o evento inaugural, em Xangai, e o final, em Pequim, tinham sido confirmados como parte do calendário.

Quase 30 carros, representando um impressionante total de dez construtores automóveis, participaram na Taça GT – Corrida da Grande Baía de 2024, uma corrida que se tornou um marco importante no fim de semana do Grande Prémio de Macau nos últimos anos. Com efeito, nenhum outro evento GT4 na Ásia reúne tamanha quantidade e diversidade de carros. O Balance of Performance (BoP), responsável por equilibrar o desempenho dos diversos carros participantes, já era, à data, gerido pelo SRO.

Em comunicado, Benjamin Franassovici, Diretor-Geral da SRO Motorsports Asia, afirmou:

“Estamos encantados, orgulhosos e privilegiados por adicionar a Taça GT – Corrida da Grande Baía ao calendário inaugural da SRO GT Cup, que começa e termina com os dois maiores eventos de desportos motorizados da China. Já temos uma forte relação de trabalho com a Taça GT – Corrida da Grande Baía, que se tornou a corrida mais significativa para carros GT4 na Ásia. A sua inclusão no calendário de 2025 do SRO sublinha a dimensão da nossa ambição para esta nova série nacional.”

Interesse elevado

A temporada de estreia da SRO GT Cup começa em Março, no Grande Prémio de Fórmula 1 da China, em Xangai, antes de passar para o Circuito Internacional de Zhuhai – um local anteriormente visitado pelo SRO nos tempos do BPR e do Campeonato FIA GT – onde estão previstas duas corridas de 30 minutos. Segue-se o novo circuito citadino de Pequim, que acolherá o GT World Challenge Asia no mesmo fim de semana, antes da grande final da temporada da SRO GT Cup, agendada para um mês mais tarde no Circuito da Guia, em Macau.

O entusiasmo em torno desta competição é evidente. Como destacou Benjamin Franassovici, “isso reflecte-se no número de consultas e inscrições para a temporada completa que recebemos desde o lançamento do campeonato, pouco antes do Natal. A procura superou as nossas expectativas.”

Até 28 carros poderão competir no evento de final de temporada nas ruas de Macau, com os lugares a serem atribuídos com base na classificação após a segunda jornada do campeonato, que está agendada para o circuito permanente de Zhuhai. Todos os pilotos com classificações “Bronze” ou “Silver” atribuídas pela FIA estão elegíveis para competir nesta competição, desde que utilizem carros homologados da classe GT4.

Para atrair as marcas, os resultados das corridas da SRO GT Cup contarão para o Ranking de Construtores de GT4 da SRO, um título atribuído à marca com melhor desempenho na categoria GT4 no final de cada temporada. A SRO GT Cup junta-se à sua equivalente asiática, a Japan Cup, numa lista que inclui ainda competições continentais e nacionais na Europa, América e Austrália.

Cuidado com as malas

“Olha a mala…” era uma canção da fadista Celeste Rodrigues. Tornou-se imensamente popular. Lembrei-me da canção porque na semana passada as malas foram o tema principal da comunicação social. Todos nós temos uma mala. A maior parte das pessoas que viaja de avião tem uma mala de porão onde introduz os mais variados pertences. Normalmente colocamos no interior as roupas, sapatos, produtos de higiene e lembranças para os familiares e amigos. Existem muitas senhoras que não se dando conta do risco colocam nas malas de viagem algumas das suas jóias valiosas. Há pessoas que arriscam em transportar quantias de dinheiro enroladas em papel de prata. E há o tráfico de droga em muitas das malas de porão com os mais diversos disfarces. A mala de viagem é fundamental como algo de muito íntimo e que nos acompanha. Muitas vezes a mala não chega ao destino e temos de esperar vários dias que apareça e também há casos em que algumas das malas nunca mais se vêem. As companhias aéreas são obrigadas, nestes casos, a indemnizar os passageiros que ficaram sem malas. No entanto, os produtos que nos pertenciam e de que gostávamos muito nunca mais os vemos. Isto, acontece por todo o mundo e quase todos os dias nos mais diferentes aeroportos.

A mala de viagem em pleno tapete de recolha num aeroporto está completamente identificada pelo próprio, devido à sua cor e até ao acessório ligado à pega da mala com o nosso nome e o nosso telefone.

A propósito, lembrei-me de um texto da escritora Yvette Vieira, que dizia assim: “Recentemente li uma notícia sobre uma turista inglesa que se atirou ao mar, na ilha da Madeira, alegadamente para ir atrás a nado de um navio cruzeiro onde estaria o marido, a mulher foi resgatada das águas do mar por três jovens que decidiram ir à pesca nessa mesma noite e um dos pormenores que me chamou à atenção em toda esta história rocambolesca foi que a senhora em questão conseguiu-se manter a tona, nas águas frias do Atlântico, graças à sua mala. E esse último facto não me surpreendeu, porque seja em que circunstância for uma mulher nunca larga a sua mala. O que me leva ao tema que pretendo explorar, as mulheres e as suas malas. Neste mundo existem dois tipos de apreciadoras de carteiras, as que usam malas de grande porte e as mulheres que preferem os tamanhos pequenos.
Eu pertenço ao primeiro grupo, porque toda a minha vida está concentrada na minha mala. Sou daquele tipo de mulher que numa emergência consegue tirar da mala, como se tratasse de uma cartola de mágico, todo o tipo de coisas, desde pensos rápidos, pomadas, papel para escrever, água, comprimidos para uma dor de cabeça, etc, etc, pensem seja no que for e provavelmente esse objecto consta do conteúdo da minha mala. Mais, tenho uma amiga que possuiu entre os seus pertences pessoais uma chave de fendas que tinha sido esquecida na mala e que a acompanhou durante quase um ano. E não estou a brincar! Isto sem falar das malas das mamãs que são verdadeiros armazéns de parafernálias que vos deixariam de queixo caído. Mas, porquê uma mulher sente necessidade de ter tudo na sua carteira? Não sei. Gostaria de ter uma explicação lógica para tal comportamento quase insano, que implica quilos de pertences transportados diariamente com consequências a longo prazo para a nossa estructura óssea, no meu caso só posso dizer que não gosto de ser apanhada desprevenida.”

Pois, o caso é mesmo este, o de não sermos apanhados desprevenidos. Não ficarmos sem uma mala onde no seu interior estão objectos dos quais gostamos muito e que nos desgosta particularmente se os perdemos. Aconteceu que, a notícia caiu que nem uma bomba sobre o roubo alegadamente praticado por um deputado do partido Chega. O mesmo partido que não pára de falar em criminalidade e que os criminosos devem ser todos presos. Pois, o deputado açoriano do Chega estava debaixo de olho das autoridades desde Novembro do ano passado, devido a uma denúncia anónima, de que roubava malas que não lhe pertenciam dos tapetes rolantes dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada. As autoridades desta vez confirmaram através de imagens de vídeo-vigilância que o deputado levou malas que alegadamente não lhe pertenciam. Foram feitas buscas às suas casas de Lisboa e dos Açores, resultando em suspeita de ter mesmo roubado malas de outros passageiros. Parece um caso caricato, mas não é. Segundo o comentador televisivo e advogado Rogério Alves, se se vier a comprovar o roubo de malas tratar-se-á de um crime grave que pode ir até uma pena de oito anos de prisão. Entretanto, o deputado em causa Miguel Arruda, depois de ser afastado do Chega, vergonhosamente decidiu continuar no Parlamento como deputado não inscrito.

Imaginem só o desaparecimento da vossa mala de viagem de porão de avião. A perda dos vossos pertences, o desgosto consequente e até o prejuízo causado por uma tara mental de alguém que se habituou a levar malas de outros e ficar a usufruir de tudo de bom que essas malas teriam no interior. Agora, o acto ser praticado por um deputado da Assembleia da República é que nem o diabo imaginaria ser possível. Aguardam-se as investigações finais e qual a última decisão judicial sobre os alegados roubos de malas do deputado do Chega. O mais importante é que os amigos leitores tenham cuidado com as vossas malas…

 

P.S. – KUNG HEI FAT CHOI

Presidente Yoon Suk Yeol indiciado por rebelião

A procuradoria sul-coreana indiciou ontem o Presidente deposto Yoon Suk Yeol de rebelião pela imposição da lei marcial, relatou a imprensa local, uma acusação criminal que pode levá-lo à morte ou a prisão perpétua se for condenado.

A agência de notícias Yonhap informou que a acusação a Yoon está relacionada com o decreto de 03 de Dezembro que mergulhou o país numa enorme turbulência política. Outros meios de comunicação sul-coreanos publicaram relatos semelhantes.

Yoon foi acusado e preso anteriormente por causa do decreto da lei marcial.

O Tribunal Constitucional está a deliberar separadamente se deve demitir formalmente Yoon como Presidente ou restabelecê-lo.

Os magistrados acompanharam a decisão de ontem com uma ordem para manter Yoon detido. O Presidente sul-coreano foi preso na semana passada numa operação durante a madrugada.

Yoon, um conservador, negou firmemente junto do Gabinete do Promotor Distrital Central de Seul qualquer irregularidade, considerando que a imposição da lei marcial foi um acto legítimo de governação destinado a aumentar a conscientização pública sobre o risco de a Assembleia Nacional, controlada pelos liberais, obstruir a sua agenda e a demissão de altos funcionários.

Durante o anúncio da lei marcial, Yoon considerou o Parlamento como “um covil de criminosos” e prometeu eliminar “seguidores descarados da Coreia do Norte e forças anti-Estado”.

Após declarar lei marcial, Yoon enviou tropas e polícias para o Parlamento, mas os deputados conseguiram ainda assim entrar no plenário e votar por unanimidade a anulação do decreto, obrigando o seu governo a revogá-lo.

A imposição da lei marcial, a primeira do género na Coreia do Sul em mais de 40 anos, durou apenas seis horas. Contudo, evocou memórias dolorosas de regimes ditatoriais das décadas de 1960 a 1980, quando líderes apoiados pelos militares usavam leis marciais e decretos de emergência para suprimir opositores.

 

Sem condições

A constituição sul-coreana concede ao Presidente o poder de declarar lei marcial para manter a ordem em tempos de guerra ou situações de emergência comparáveis, mas muitos especialistas afirmam que o país não estava sob tais condições quando Yoon fez a declaração.

Yoon insiste que não teve intenção de perturbar o trabalho da assembleia, incluindo a votação do seu decreto, e que o envio de tropas e forças policiais visava apenas manter a ordem.

Contudo, comandantes de unidades militares enviadas à assembleia declararam, em audiências parlamentares ou a investigadores, que Yoon ordenou que retirassem os deputados à força.

Após um tribunal local, a 19 de Janeiro, aprovar um mandado de prisão formal para prolongar a detenção de Yoon, dezenas de apoiantes do ex-presidente invadiram o edifício do tribunal, destruindo janelas, portas e outros bens.

Yoon resistiu anteriormente aos esforços das autoridades para o questionarem ou deterem. Foi, no entanto, capturado a 15 de Janeiro numa operação policial de grande envergadura na sua residência presidencial.

A investigação contra Yoon foi liderada pelo Gabinete de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO), mas, desde a sua detenção, o ex-presidente tem recusado comparecer às audições do CIO, alegando que este não tem autoridade legal para investigar as acusações de rebelião.

O CIO entregou o caso de Yoon ao gabinete de procuradores de Seul na sexta-feira, pedindo que o acuse de rebelião, abuso de poder e obstrução dos trabalhos da Assembleia Nacional. Por lei, na Coreia do Sul, o líder de uma rebelião pode enfrentar prisão perpétua ou pena de morte.

Artesanato | Exposição e workshops mostram ourivesaria de Guizhou e Hebei

“Brilho da Arte – Exposição de Artesanato em Ouro e Prata das Províncias de Hebei e Guizhou” é o nome da mostra patente na Galeria Tap Seac que exibe ourivesaria artesanal das províncias chinesas. Além das mais de 160 peças de ouro e prata, o Instituto Cultural desafia o público a conhecer as práticas artesanais de trabalhar os metais preciosos em workshops

 

A Galeria do Tap Seac exibe até ao dia 23 de Fevereiro “Brilho da Arte – Exposição de Artesanato em Ouro e Prata das Províncias de Hebei e Guizhou”, uma mostra que apresenta ao público de Macau a ourivesaria e o artesanato tradicionais das duas províncias chinesas e a forma ancestral de trabalhar o ouro e a prata.

Organizada pelo Instituto Cultural, a exposição faz parte da série de actividades de celebração do Ano Novo Lunar da Serpente, apresentando “mais de 160 peças e conjuntos de joalharia e artigos requintados de ouro e prata”. As obras “apresentam formatos sofisticados, um elevadíssimo grau de requinte técnico e uma variedade de estilos. Herdando técnicas tradicionais de longa data e incorporando uma estética moderna, as peças de arte tradicional irradiam uma aura contemporânea”, descreve em comunicado o IC.

Como o nome da exposição indica, as peças são um reflexo da arte incrustada em filigrana e a arte chinesa em cloisonné (técnica de aplicação de finas tiras de ouro em superfícies de metal, normalmente bronze) da Província de Hebei. A exposição apresenta também a ourivesaria do grupo étnico Miao da província de Guizhou. Ambas as manifestações culturais constam da Lista Nacional de Itens Representativos do Património Cultural Intangível da China.

 

 

Preciosidades culturais

A arte de criar peças em ouro e prata é um tipo de artesanato tradicional chinês com mais de 3000 anos de história.

O IC indica que as peças da arte incrustada em filigrana e da arte chinesa em cloisonné de Hebei caracterizam-se por um elevado grau de requinte técnico, pela diversidade dos seus motivos e pela sua ornamentação deslumbrante, possuindo um grande valor artístico. Por sua vez, a ourivesaria do grupo étnico Miao de Guizhou, denota uma multiplicidade de conotações culturais, dando origem a obras de estilo acentuadamente étnico, de excelente gosto artístico.

O grupo étnico Miao é um dos maiores no Interior da China, abarcando cerca de 56 dialectos e etnias. Os Miao vivem principalmente nas regiões montanhosas do sul da China. Além da província de Guizhou, o grupo étnico está fixado em zonas nas províncias de Yunnan, Sichuan, Hubei, Hunan, Guangxi, Hainão e mesmo Guangdong.

Serão também disponibilizadas visitas guiadas à exposição aos sábados, domingos e feriados, com as sessões em cantonense marcadas para as 15h e em mandarim para as 16h15.

 

Aprender com o mestre

Além da exposição, que pode ser visitada gratuitamente das 10h às 19h, incluindo feriados, o IC vai organizar workshops na Sala de Actividades do Museu Memorial Xian Xinghai, na Rua Francisco Xavier Pereira, nº 151-153, em Macau.

“A fim de permitir ao público um contacto mais directo com o artesanato em ouro e prata em exibição”, o IC vai organizar quatro workshops nos dias 8 e 9 de Fevereiro. No dia 8 de Fevereiro, das 10h às 12h e das 15h às 17h, um instrutor irá apresentar técnicas da arte incrustada em filigrana de Hebei. No dia seguinte, com o mesmo horário, será a vez de mostrar as técnicas de entalhe em prata Miao.

Os workshops serão conduzidos em mandarim. Apesar da admissão ser gratuita, as 16 vagas para cada sessão carecem de inscrição. Podem participar residentes maiores de 16 anos, bastando para tal inscreverem-se através da Conta Única na secção “Inscrição em Actividades”. As inscrições estão abertas e cada pessoa pode apenas inscrever-se numa sessão. Caso o número de inscrições exceda o número de vagas, a selecção dos participantes será efectuada por sorteio electrónico, sendo os participantes admitidos notificados por SMS.

Consumo | Casinos à mercê do imobiliário e da confiança de chineses

Durante o Ano Lunar da Serpente as receitas dos casinos vão aumentar, mas o nível do crescimento divide analistas. A recuperação do imobiliário e dos níveis de confiança de consumidores no Interior da China vão ser factores determinantes

 

As receitas dos casinos podem crescer até 7 por cento no Ano Lunar da Serpente, dependendo da recuperação do imobiliário e da confiança dos chineses, mas ficarão longe do pico pré-pandemia, disseram analistas à Lusa.

“O maior factor positivo para Macau seria se a economia chinesa crescesse e os níveis de confiança dos consumidores melhorassem”, referiu Vitaly Umansky, analista da empresa de consultadoria Seaport Research Partners.

Mais de 70 por cento das pessoas que visitaram o território em 2024 vieram da China continental, cujo crescimento económico atingiu em 2024 a meta de 5 por cento fixada por Pequim.

Mas Nicholas Chen, analista da CreditSights, disse que a empresa do grupo da agência de notação financeira Fitch espera uma desaceleração para 4,7 por cento este ano, em parte devido ao fraco consumo privado.

O índice de confiança dos consumidores na China caiu em Setembro para o nível mais baixo dos últimos 34 anos, sublinhou Jeffrey Kiang, analista da consultora CLSA. Ou seja, “se as perspectivas para os consumidores chineses não forem boas, eles poderão apertar o cinto, reduzir as viagens e o consumo”, incluindo em Macau, explicou Nicholas Chen.

 

Políticas de estímulo

O Partido Comunista Chinês lançou uma série de medidas de estímulo, incluindo a redução das taxas de juro e das reservas obrigatórias dos bancos e a antecipação de milhares de milhões do seu orçamento em 2025 para financiar projectos de construção.

Pequim também alargou um sistema de troca de bens de consumo e aumentou os salários de milhões de funcionários públicos para reanimar a procura interna. “O Governo [chinês] já disse que vai lançar mais medidas para estimular a economia”, disse Vitaly Umansky, que espera sobretudo uma recuperação da confiança da classe média: “Acho que vai acontecer, é só uma questão de tempo”.

A CreditSights espera que a confiança dos consumidores chineses volte a subir na segunda metade de 2025, a par da estabilização dos preços no imobiliário, que estão a cair há 19 meses consecutivos.

A questão preocupa muito Pequim, devido às implicações para a estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias e o sector imobiliário – somando factores indirectos – representa cerca de 30 por cento da economia chinesa.

“Haverá certamente algum efeito colateral, porque parte das medidas que forem adoptadas para impulsionar o consumo interno poderá fluir para o sector do jogo de Macau”, disse Nicholas Chen.

O analista acredita que a China irá ainda alargar a lista de cidades cujos residentes podem pedir ‘vistos individuais’ para visitar Hong Kong e Macau, um método usado por 35,2 por cento dos turistas que passaram por Macau em 2024.

 

Visões diferentes

Vitaly Umansky não tem a mesma opinião e lembra que desde 1 de Janeiro os residentes da vizinha cidade de Zhuhai podem visitar Macau uma vez por semana e ficar até sete dias.

Em contrapartida, os analistas concordam que as receitas dos casinos irão ficar no próximo ano longe do máximo histórico de 303 mil milhões de patacas registado em 2018.

“Uma coisa é clara: o Governo visa um crescimento moderado das receitas no futuro”, disse Jeffrey Kiang, recordando que as autoridades prevêem receitas de jogo de 240 mil milhões de patacas em 2025, o que seria um aumento de 5,8 por cento.

“Quando o Governo de Macau publica uma previsão, esta é normalmente muito conservadora e baseia-se numa discussão prévia com o Gabinete de Ligação” do Governo Central chinês na cidade, disse Vitaly Umansky.

O analista não acredita que Pequim tenha na manga alguma medida para controlar a retoma dos casinos, semelhante à campanha que começou com a detenção do líder da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, em Novembro de 2021.

O antigo director executivo da Suncity, Alvin Chau Cheok Wa, foi condenado em Janeiro de 2023 a 18 anos de prisão por exploração ilícita de jogo e sociedade secreta, num caso que fez cair de 85 para 18 o número de licenças para promotores de jogo, conhecidos por ‘junkets’. “Boa parte do comportamento condenável em Macau desapareceu com os ‘junkets’. Desde que coisas desse género não voltem a acontecer, não espero qualquer tipo de campanha a curto prazo”, disse Umansky.

Trânsito | Advogado apela ao fim de “julgamentos morais” com imagens

O causídico Luís Ho Ka Hou considera que a utilização de câmaras no trânsito pode levar a processos em tribunal, e que as imagens captadas devem ser encaminhadas para as autoridades, em vez de partilhadas nas redes sociais

 

O advogado Luís Ho Ka Hou defende a utilização de câmaras de vigilância no trânsito por parte dos condutores, mas apela ao Governo para tomar medidas para evitar a utilização das imagens para “julgamentos morais”. A opinião do causídico foi partilhada ao jornal Ou Mun, na sequência de um incidente à frente da Escola Portuguesa de Macau, no qual foram partilhadas imagens de uma advogada de nacionalidade portuguesa.

Ouvido pelo jornal Ou Mun, o advogado considerou que a gravação de vídeos por câmaras instaladas em veículos pode ser importante, nomeadamente quando há acidentes e a necessidade de accionar o seguro automóvel. Contudo, Ho Ka Hou destacou que não se podem transformar as câmaras dos veículos num sistema de vigilância móvel utilizado para fazer “julgamentos morais” nas redes sociais.

Ho explicou igualmente que as imagens captadas pelos veículos devem ser entregues às autoridades, em vez de serem publicadas online, e que os responsáveis pela gravação apenas devem remetê-las às autoridades, seguindo os procedimentos legais previstos. Se as imagens tiverem interesse público, podem ser utilizadas. No entanto, se a utilização das imagens ultrapassar o âmbito do processo e das investigações das autoridades, como acontece com as publicações em redes sociais, e se houver elementos que podem ser considerados como insultuosos ou difamatórios, então o responsável pela captação e divulgação pode enfrentar responsabilidade penal.

 

Problemas legais

Luís Ho Ka Hou indicou ainda que, de acordo com a perspectiva judicial, a utilização apropriada de imagens gravadas no trânsito passa por captar os acidentes, accionar o segurou e cooperar com as autoridades, no caso de ser necessário recolha de provas.

No caso de não haver consentimento das pessoas gravadas, e se o conteúdo for publicaoa em redes sociais para julgamentos morais, então estamos perante casos que dificilmente se enquadram na gravação apropriada, o que pode levar à violação da lei da protecção de dados pessoais ou de outros direitos de imagem.

Ho Ka Hou alertou também que os “julgamentos” nas redes sociais podem causar danos nos direitos à privacidade e ao bom nome das partes envolvidas.

Há cerca de duas semanas uma condutora foi captada no trânsito, depois de passar um sinal vermelho, estacionar em local proibido e fazer um gesto obsceno, junto de crianças. As imagens, que permitiam identificar a condutora, foram partilhadas online, o que desempenhou uma campanha contra a visada, inclusive com pedidos de despedimento junto da entidade patronal, além de vários comentários de ódio com expressões xenófobas.

Portugal | Rocha Vieira “decisivo” para a democracia

A Assembleia da República aprovou por unanimidade um voto de pesar proposto por José Pedro Aguiar-Branco, em que se considera Rocha Vieira uma personalidade relevante na construção da democracia portuguesa

 

O Parlamento de Portugal aprovou na sexta-feira, por unanimidade, um voto de pesar proposto presidente da Assembleia da República pela morte do general Rocha Vieira, antigo governador de Macau, considerado uma personalidade relevante na construção da democracia portuguesa.

Ministro da República nos Açores entre 1986 e 1991, governador de Macau entre 1991 e 1999, no período da transferência da soberania deste território para a China, o general Vasco Rocha Vieira, natural de Lagoa, morreu na quarta-feira, aos 85 anos.

No voto subscrito por José Pedro Aguiar-Branco, refere-se que Rocha Vieira desempenhou funções como chefe do Estado-Maior do Exército entre 1976 e 1978 e integrou, por inerência, o Conselho da Revolução, sendo uma “figura decisiva da vida política e militar portuguesa”.

“A sua carreira militar incluiu também serviços em Angola e Macau, onde foi chefe do Estado-Maior do Comando Territorial Independente e secretário Estado Adjunto para as Obras Públicas no período da transição para a democracia. Licenciado em Engenharia Civil, acumulou várias condecorações militares e civis, incluindo a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada. Foi ainda Chanceler do Conselho das Antigas Ordens Militares, entre 2006 e 2016”, lê-se no texto proposto pelo presidente da Assembleia da República.

 

“Imagem icónica”

José Pedro Aguiar-Branco considera depois que “os portugueses recordam a imagem icónica do general Rocha Vieira, na cerimónia de transferência da administração de Macau, segurando a bandeira de Portugal”.

“Reconhecem também o seu elevado testemunho de serviço, patriotismo e dedicação cívica. A Assembleia da República (…) manifesta o seu profundo pesar pela morte do general Vasco Rocha Vieira e presta homenagem a este destacado oficial do Exército Português, tão relevante na construção da nossa democracia”, acrescenta-se.

Na sua carreira nas Forças Armadas, Rocha Vieira foi também representante militar nacional no Quartel-General Supremo dos Poderes Aliados da NATO, na Europa – SHAPE, na Bélgica, e director honorário de armas e engenharia.

Era associado honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Histórica da Independência de Portugal e da Liga dos Combatentes, e foi nomeado membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP em 2012.

As exéquias fúnebres decorreram na sexta-feira, assim como a celebração de uma missa de corpo presente e um cortejo que seguiu de Lisboa para Algarve, onde foi celebrada nova missa, na Igreja Matriz de Lagoa. O funeral foi realizado no cemitério de Lagoa, tendo a Câmara Municipal decretado três dias de luto municipal.

Pequim | O Lam ouviu “opiniões orientadoras” de Xia Baolong

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura garantiu a Xia Baolong que está a desenvolver trabalhos para “implementar plenamente o espírito do importante discurso do presidente Xi Jinping”

 

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, esteve em Pequim, na sexta-feira, a ouvir orientações sobre a implementação do discurso de Xi Jinping, proferido durante a passagem por Macau, no âmbito das celebrações do 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM.

De acordo com a versão do Gabinete da Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, a deslocação teve “o intuito de implementar plenamente o espírito do importante discurso do presidente Xi Jinping durante a sua visita a Macau e de promover um melhor desenvolvimento dos serviços médicos e de saúde, da cultura e do desporto de Macau”. Neste sentido, houve paragens em ministérios, comissões das autoridades centrais e outras organizações consideradas relevantes para a pasta dos Assuntos Sociais e Cultura, onde se trocaram “pontos de vista” e em que O Lam recebeu as “opiniões orientadoras” do Governo Central.

Entre os encontros, O Lam foi igualmente recebida por Xia Baolong, director do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado.

Nesta reunião, O Lam disse a Xia Baolong que a sua área tem “tem estudado e implementado o espírito do importante discurso do Presidente Xi Jinping”, ao mesmo tempo que está concentrada “na missão confiada a Macau pelo Presidente, defendendo a filosofia de governação do Chefe do Executivo de ‘Trabalhar com espírito empreendedor e avançar juntos, persistir no caminho certo e apostar na inovação’, e insistindo em manter a população como foco principal na preparação das linhas de acção governativa e das principais tarefas da próxima fase”.

 

Pontos de interesse

Na agenda da O Lam, houve ainda tempo para visitas ao Pekin Union Medical College Hospital, à Comissão Nacional de Saúde, à Administração Nacional do Património Cultural, ao China Media Group e Administração Geral do Desporto na China.

O Pekin Union Medical College Hospital é o responsável pela exploração do Hospital das Ilhas, e esta reunião terá permitido discutir pontos relativos à unidade de saúde localizada em Macau.

Nas restantes visitas, O Lam terá ainda abordado a cooperação entre Macau e o Interior no domínio da medicina e cuidados de saúde, preservação do património cultural, divulgação de informações culturais e publicidade e os Jogos Nacionais.

Ao longo da semana passada, vários secretários, depois de terem tomado posse recentemente, estiveram em Pequim para abordar o discurso de Xi Jinping e ouvirem orientações sobre a governação da RAEM.

Investigadores pedem ao MP sul-coreano que acuse de insurreição líder deposto

O gabinete anticorrupção da Coreia do Sul recomendou ontem ao Ministério Público que o presidente deposto, Yoon Suk-yeol, seja acusado de rebelião e abuso de poder por declarar lei marcial em Dezembro.

O Gabinete de Investigação da Corrupção de Altos Funcionários (CIO) anunciou que transferiu o caso para o Ministério Público, que tem o poder de acusar formalmente um chefe de Estado sul-coreano.

O CIO considera que Yoon conspirou com o então ministro da Defesa Nacional, Kim Yong-hyun, e outros oficiais militares para iniciar um motim, declarando lei marcial na noite de 03 de Dezembro. Defende, além disso, que Yoon abusou do poder ao enviar tropas para a Assembleia Nacional (parlamento), para impedir que os deputados revogassem a lei marcial.

O Ministério Público dispõe agora de 11 dias para decidir se deve ou não dar início ao processo solicitado. Se Yoon for considerado culpado de liderar uma insurreição, crime para o qual um presidente não tem imunidade no país, pode ser condenado a prisão perpétua ou a pena de morte.

Yoon encontra-se em prisão preventiva no Centro de Detenção de Seul, em Uiwang, a sul de Seul, desde 15 de janeiro. O Tribunal Constitucional está a realizar simultaneamente um julgamento para determinar se ratifica ou não a destituição aprovada pelos parlamentares em 14 de Dezembro.

Se o mais alto tribunal da Coreia do Sul confirmar o ‘impeachment’, têm de ser convocadas eleições presidenciais antecipadas no prazo de 60 dias após a decisão da Justiça. Yoon, recusa-se a testemunhar na investigação sobre o alegado crime de rebelião.

Yoon Suk-yeol surpreendeu o país em 03 de Dezembro ao declarar lei marcial, uma medida que fez lembrar os dias negros da ditadura militar sul-coreana e que justificou com a intenção de proteger o país das “forças comunistas norte-coreanas” e de “eliminar elementos hostis ao Estado”.

Pressionado pelos deputados e por milhares de manifestantes, Yoon foi obrigado a revogar a decisão horas depois.

Que caminho seguir?

No final do ano passado, durante a visita a Macau, para presidir à tomada de posse do novo Chefe do Executivo e para inspeccionar a RAE, o Presidente Xi Jinping proferiu dois discursos, realçando as “três expectativas” e as “quatro esperanças” para o futuro desenvolvimento de Macau.

No corrente mês, realizaram-se vários encontros para analisar os discursos do Presidente, sendo o mais significativo o seminário temático que teve lugar em Pequim no passado dia 9, onde Xia Baolong, o director do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China e do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, passou mensagens importantes. Mas independentemente das actividades e seminários realizados, a chave para aperfeiçoar o desenvolvimento de Macau é a actuação do Governo da RAE.

Embora a integração de Macau e de Hengqin seja a meta a atingir nos próximos 25 anos, a Península de Macau, a Taipa e Coloane são actualmente as áreas sob jurisdição directa da RAE de Macau. Hengqin, sendo uma zona para “aperfeiçoamento do novo sistema de negociação, construção e administração conjuntas e compartilha de resultados” entre Guangdong e Macau, permanece uma zona de cooperação na China que visa facilitar a diversificação económica de Macau até à sua integração oficial na RAEM. No final de Outubro de 2024, mais de 16.000 residentes de Macau viviam na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, mas a grande maioria ainda reside em Macau.

Como o “Grande Prémio para o Consumo em Macau” terminou em Dezembro do ano passado, houve pedidos continuados dos residentes para a retoma do Plano de Benefícios do Consumo por Meio Electrónico para compensar o aumento do custo de vida.

Entretanto, as lojas locais, afectadas pelo aumento de consumo dos residentes na China continental e pelo aumento do preço dos alugueres, procuram maneira de tentar sobreviver. Apesar dos turistas do Interior da China chegarem em grupos, e de os jovens visitantes inundarem as atracções turísticas para tirarem fotos, que benefícios tangíveis trazem às pequenas e médias empresas locais? Além de aumentar o contacto próximo entre moradores e compatriotas da China nos transportes públicos, que outros benefícios económicos provêm destes turistas?

As expectativas e esperanças para Macau do líder nacional, o Presidente Xi, são genuínas. Se Macau tiver um bom desempenho, pode tornar-se um modelo exemplar do princípio “Um país, dois sistemas”, valorizando a cidade e permitindo que se destaque. Quanto às “três expectativas” e às “quatro esperanças” sublinhadas pelo Presidente Xi, tenho uma opinião pessoal.

Macau, é uma ponte que liga nos dias de hoje a cultura chinesa e a cultura ocidental e estabeleceu a sua posição no quadro do desenvolvimento nacional como “um centro, uma plataforma e uma base”. Para contribuir para a construção da Grande Baía, a principal tarefa de Macau deverá ser a salvaguarda das suas características. Só desta forma, pode ter oportunidade de fazer a diferença na cena internacional. Ser patriota e amar Macau são certamente os requisitos básicos para Macau recrutar pessoas capacitadas. Aqueles que cresceram na cidade não gostariam de ver os seus recursos esgotarem-se.

No entanto, as ideias variam de pessoa para pessoa, mas desde que não ponham em risco os interesses de Macau ou representem um perigo para o país, devem ser vistos como patriotas. Existem ditados como “a grandeza vem de uma mente aberta”, “aquele que escuta todas as partes fica com uma visão clara da situação” e “só quando cada gota de água é retida se pode formar um rio e da confluência dos rios um oceano”.

No clássico chinês “I Ching”, pode ler-se “Assim como os corpos celestes nunca perdem energia enquanto descrevem as suas órbitas, também devemos lutar constantemente pelo nosso aperfeiçoamento”, o que significa que nada no mundo é imutável. Para conduzir Macau rumo ao futuro, precisamos de indivíduos capazes e empreendedores.

Quanto à diversificação adequada da economia de Macau, a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin será sem dúvida uma excelente plataforma. Na presente estrutura económica de Macau, com a diversificação das indústrias “1 + 4”, o sector do jogo desempenha um papel crucial. De futuro, será mais importante redobrar esforços para atingir o desenvolvimento progressivo de outros sectores, do que reduzir a escala das operações do sector do jogo de forma a alcançar e diversificação adequada da economia de Macau.

No que diz respeito ao aperfeiçoamento do nível de governação, é fundamental evitar o “nepotismo”, alargar “os círculos de amigos” da equipa governativa e encorajar e apoiar a monitorização pública do desempenho do Governo, para que exista uma governação eficaz e efectiva.

As reformas são a condição prévia para a abertura e a abertura é o resultado das reformas. Tirar partido da experiência de Macau na via da internacionalização permite ao Governo da RAEM ajudar a transformar a Grande Baía numa “plataforma aberta ao exterior”. Se o Governo da RAEM puder proteger o modo de vida dos cidadãos eles não terão naturalmente razões de queixa. Se o Governo da RAEM assegurar o emprego, a sociedade não cairá no caos. Uma sociedade justa e equitativa será certamente pacífica!

Arquitectura | Estudante da USJ vence prémio de melhor projecto de tese

Vera Vong, estudante de arquitectura da Universidade de São José (USJ), acaba de vencer o prémio de “Melhor Projecto de Tese em Arquitectura do Ano da Ásia”, obtendo a categoria “Prémio d’Ouro” na competição “ARCASIA Thesis of the Year (TOY) 2024”.

Em causa, está o projecto final de licenciatura, intitulado “Undulating Connections”, sendo que, com ele, Vera Vong ganhou também os prémios especiais de “Melhor [Projecto] em Inovação e Originalidade” e “Melhor em Orientação Global”. A cerimónia de atribuição do prémio decorreu no passado dia 16 de Janeiro.

“Undulating Connections” é, segundo um comunicado da USJ, “um edifício dinâmico que oferece um espaço especializado para eventos regionais e globais”, estando situado “numa posição geográfica” com bastante significado. “O conceito do design do projecto inspira-se nos reflexos de luz do Lago Nam Van, verificados na parte da frente do edifício”, verificando-se ainda “a interacção de telhados curvos, iniciando-se com um ângulo suave, semelhante a uma montanha, e que cria uma experiência espacial envolvente”.

Além disso, o projecto deste edifício “conta com duas salas de exposição, um auditório, duas galerias, uma área de exposição pública, um café e um miradouro”, sendo destinado “a um centro de ‘networking’, de apoio ao turismo, de incentivo ao crescimento económico e de aumento da interacção intercultural em Macau”, isto caso fosse construído.

O projecto de tese de Vera Vong foi seleccionado, numa primeira fase, pela Associação de Arquitectos de Macau para concorrer ao Prémio TOY da ARCASIA – Architects Regional Council Asia.

Ano Novo Lunar | O que ver e fazer nos dias da celebração

Além da Parada do Ano Novo Chinês promovida pelo Governo, os resorts integrados de Macau apostaram em várias actividades para celebrar a entrada num novo ano. Decorações especiais, concertos e muita animação com danças do leão e dragão e ainda algum fogo de artifício – eis o rol de actividades que marca a entrada no Ano Lunar da Serpente

 

A Serpente é a protagonista dos próximos dias feriados que marcam o arranque de um novo ano. Amanhã começam oficialmente as celebrações do Ano Novo Lunar da Serpente, e, além das actividades promovidas pela Direcção dos Serviços de Turismo, há ainda muitas outras organizadas, na sua maioria, pelos resorts integrados, com uma grande componente artística.

No caso do Studio City, até ao dia 23 de Fevereiro pode ser vista uma “imponente instalação de uma serpente mecânica gigante com cinco metros de altura”, com o sugestivo nome de “Serpente da Fortuna”. Com esta iniciativa, a Melco pretende “proporcionar uma experiência absolutamente única aos visitantes, com uma celebração da arte, das tradições culturais e da tecnologia moderna”.

Haverá ainda um espectáculo de luzes gratuito, com referência à “Serpente da Prosperidade”, além de estar aberta ao público uma pista de gelo, jogos em tendinhas e uma outra parada, a “Splendid Snake Parade”. Destaque para, no dia 2 de Fevereiro, o rol de actividades incluir música, realizando-se o “2025 New Year Starlight Concert”.

No caso do Lisboeta Macau, a festa faz-se na H853 Fun Factory, com a apresentação de “decorações temáticas de doces que simbolizam a felicidade e prosperidade”. Destaque ainda para a realização de uma “variedade de espectáculos culturais tradicionais”, incluindo a dança do leão ou o ‘Desfile do Deus da Fortuna’, entre outros.

Além disso, a “Noite Lisboeta” irá acolher o “Mercado Nocturno do Ano Novo Chinês”, na Praça do Palácio de Macau e Rua Velha de Macau, disponível até ao dia 5 de Fevereiro; o “Mercado de Flores do Ano Novo Chinês”, também até ao dia 5, no mesmo local; e ainda a “Feira do Ano Novo Chinês”, aberta ao público até domingo, disponibilizando-se “uma variedade de produtos festivos e alimentos especiais”. A ideia é “criar uma atmosfera rica de Ano Novo”, promovendo-se “a cultura tradicional chinesa”, destaca o Lisboeta Macau, em comunicado.

No dia 2 de Fevereiro realiza-se também o espectáculo “SJM A-Lin Music Show”, no Grand Pavilhão do Grand Lisboa Palace. A-Lin é a cantora que venceu os “Golden Melody Awards”, trazendo a Macau “a sua voz poderosa e baladas emotivas para celebrar o Ano Novo Lunar”.

Barra em festa

Na zona da Barra, o MGM promove o “Mercado da Bênção da Sorte da Barra”, localizado no antigo matadouro, que inclui uma exposição individual do ilustrador japonês Shinri Murakami, que “apresenta as suas ilustrações da moda num cruzamento criativo entre arte e retalho”, sendo esta mostra complementada com um “Café Pop-up”, com produtos temáticos.

Citado por um comunicado, Shinri Murakami disse ser uma “honra apresentar as obras de arte num espaço tão rico em termos históricos”. “A fusão do património e da modernidade neste bairro é verdadeiramente inspiradora. Juntos, criámos um espaço partilhado inovador onde a minha arte vai além das exposições tradicionais, ligando-se a várias actividades e integrando-se na vida quotidiana de Macau”, referiu.

Para a organização, este mercado e demais eventos “combinam elementos como o património cultural intangível chinês, ilustrações da moda, um mercado criativo de Ano Novo Chinês e música ao vivo”, sendo uma “convergência única de tradição e modernidade”. Desde o dia 26 de Janeiro que este mercado está aberto ao público na Barra.

De referir ainda a realização, nos dias 1 e 2 de Fevereiro, do concerto sinfónico “Black Myth: Wukong”, no MGM Theatre. Neste espectáculo irá acontecer “um cruzamento ousado entre música e jogo que combina música sinfónica e música tradicional chinesa”, contando-se ainda com a reprodução de várias curtas-metragens de animação durante o espectáculo “para permitir que o público mergulhe no mundo da mitologia oriental” trazida pelo jogo “Black Myth: Wukong”, um jogo de vídeo chinês bastante conhecido. Com este espectáculo pretende-se ainda “dar a conhecer ao público a próspera indústria de jogos da China e a profundidade da sua cultura tradicional”.

Qi Baishi e companhia

Também a Wynn se junta à festa com a realização de espectáculos de dança do dragão e do leão, com fogo de artifício, marcados para os dias 3 e 4 de Fevereiro, ou seja, sexto e sétimo dias do Ano Novo Chinês. Aí, “os visitantes são convidados a seguir os passos do grupo de dança do leão enquanto este ‘serpenteia’ pelas principais localizações do Wynn Palace e Wynn Macau”, existindo ainda locais para tirar fotografias, como a “Árvore da Prosperidade” e o “Aquário dos Peixes Dourados”, ambos no Wynn Macau, e que “simbolizam a boa sorte” para um novo ano.

A Wynn continua a apresentar a exposição “Flores de Lótus aos pares, Flores de Ameixoeira em grupos – O mundo artístico de Qi Baishi”, uma mostra de arte digital patente no Illuminarium, e disponível até ao dia 15 de Fevereiro.

Destaque também para as apresentações especiais dos espectáculos “Galaxy Macau Diamond Show” e “Crystal Lobby Show” até ao dia 16 de Fevereiro. Em ambos os eventos o público pode esperar “um diamante de três metros de altura a descer até ao meio de um espectáculo aquático”, com uma sincronização de luzes e música.

Além disso, “do primeiro ao quinto dia do Ano Novo Lunar, o Deus da Fortuna, acompanhado pelo ‘Rapaz de Ouro’ e pela ‘Rapariga de Jade’, aparecerá no Galaxy Macau e no StarWorld Hotel, distribuindo bênçãos e boa sorte para o ano que se aproxima”. Depois, “entre o terceiro e o quinto dia, irá actuar um grupo profissional de dança do leão”.

Afeganistão | Pequim pede punição severa para autores do assassínio de cidadão chinês

A China apelou ontem às autoridades afegãs para que façam uma “investigação exaustiva” e “punam severamente” os responsáveis pelo assassinato, na quarta-feira, de um cidadão chinês que trabalhava numa mina de ouro na província afegã de Takhar.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse ontem em conferência de imprensa que Pequim está “profundamente chocada” com o ataque. “A China é contra todas as formas de terrorismo”, vincou a porta-voz, apelando à “repressão do Estado Islâmico e de outras organizações terroristas listadas pelo Conselho de Segurança da ONU”.

“A China vai continuar a prestar muita atenção à situação de segurança no Afeganistão e a apoiar as autoridades afegãs no combate a todas as formas de violência terrorista e na manutenção da segurança e da estabilidade no país”, acrescentou Mao, exortando o governo afegão a tomar as medidas necessárias “para garantir a segurança dos cidadãos e das organizações chinesas no país”.

De acordo com a polícia local, a vítima trabalhava numa mina de ouro na região, que faz fronteira com o Tajiquistão. Um ramo local do grupo islâmico Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque. A China é um dos poucos actores internacionais que manteve relações diplomáticas com o Afeganistão desde que os talibãs chegaram ao poder em Agosto de 2021.

Os dois países partilham uma pequena fronteira internacional de apenas 76 quilómetros na parte mais oriental do chamado Corredor de Wajan, uma passagem remota na cordilheira de Pamir.

As empresas chinesas, com o apoio de Pequim, têm procurado aproveitar as oportunidades de exploração dos vastos depósitos de recursos não desenvolvidos do Afeganistão, especialmente a mina de Mes Aynak, que se crê conter o maior depósito de cobre do mundo.

Comércio | Pequim diz que taxas não beneficiam China, EUA ou o mundo

O Ministério do Comércio chinês afirmou ontem que a imposição pelos Estados Unidos de taxas alfandegárias sobre bens chineses “não beneficiaria a China, os Estados Unidos ou o mundo”, face às ameaças do líder norte-americano, Donald Trump.

O porta-voz da pasta, He Yadong, disse em conferência de imprensa que o seu país “manteve sempre uma posição consistente” sobre o aumento das taxas. “A China está disposta a trabalhar com os EUA para colocar as relações económicas e comerciais entre os dois países numa direcção estável, saudável e sustentável”, afirmou.

Questionado sobre se o seu ministério já comunicou com a equipa comercial da nova administração norte-americana, He disse que a China “mantém sempre o contacto com as autoridades competentes” nos Estados Unidos.

A diplomacia chinesa assegurou na quarta-feira que “não há vencedores numa guerra comercial”, depois de Trump ter avançado que está a considerar impor taxas de 10 por cento sobre as importações chinesas em retaliação pelo fluxo de fentanil.

“Estamos a falar de uma taxa de 10 por cento com base no facto de eles estarem a enviar fentanil para o México e para o Canadá”, disse Trump aos jornalistas na Casa Branca, na terça-feira.

O líder republicano referiu que falou “no outro dia” com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e que este lhe disse que não queria essa “porcaria” no país. No ano passado, foram registadas cerca de 70 mil mortes nos Estados Unidos devido ao consumo daquele opioide sintético.

Membros da equipa de Trump incluíram na segunda-feira a China, juntamente com o Canadá e o México, entre os países cuja relação comercial com os EUA seria revista pelo republicano, que lançou uma guerra comercial contra a nação asiática durante o seu primeiro mandato.

Pequim ordena fundos a comprar mais acções para dinamizar mercados

O Governo chinês anunciou ontem que vai ordenar os fundos de pensões e de investimento a comprar mais acções de empresas chinesas, visando estimular as praças financeiras do país, após anos de marasmo.

As autoridades disseram que, a partir deste ano, os fundos mútuos devem aumentar as suas participações em acções nacionais, denominadas acções A, em, pelo menos, 10 por cento por ano, durante os próximos três anos.

Os fundos de seguros comerciais terão de investir 30 por cento dos seus novos prémios anuais nos mercados de acções a partir deste ano, acrescentaram.

“Isto significa que, pelo menos, várias centenas de milhares de milhões de yuan de fundos de longo prazo serão adicionados [ao mercado accionista] todos os anos”, disse Wu Qing, presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China.

“A implementação das várias medidas do plano aumentará ainda mais a capacidade de afectação de capital dos fundos de médio e longo prazo, expandirá constantemente a escala do investimento, melhorará a oferta e a estrutura dos fundos no mercado de capitais e consolidará as boas condições para a recuperação do mercado de capitais”, explicou.

O Partido Comunista Chinês anunciou esta medida pouco antes do maior feriado do ano na China, o Ano Novo Lunar, que começa na quarta-feira, 29 de Janeiro. É uma altura em que as famílias tendem a aumentar os gastos com refeições, viagens e prendas em dinheiro para crianças e jovens adultos.

Os mercados de Hong Kong e Xangai subiram após o anúncio, com o índice Shanghai Composite a ganhar inicialmente cerca de 1,5 por cento, embora ao meio da sessão estivesse a subir 0,8 por cento. O índice Hang Seng de Hong Kong perdeu os primeiros ganhos e manteve-se praticamente inalterado.

Os mercados accionistas chineses atingiram o seu valor máximo antes da crise financeira asiática e, desde então, têm-se mantido muito abaixo desse nível. A falta de apreciação nos preços das acções, juntamente com a queda dos preços dos imóveis, diminuiu a confiança dos investidores, suscitando riscos deflacionários na segunda maior economia do mundo.

Avanços e reformas

Até à data, os esforços do Governo chinês para fazer com que as pessoas gastem mais e poupem menos têm tido um sucesso mitigado. Uma iniciativa para promover a compra de veículos e electrodomésticos energeticamente eficientes através do pagamento de subsídios aos consumidores que entregam versões antigas desses artigos aumentou as vendas. Mas os preços das acções estancaram, após uma breve recuperação no final do ano passado.

Wu afirmou que os fundos de pensões vão ser obrigados a reformular a forma como avaliam o seu desempenho e que as empresas vão ser incentivadas a realizar mais recompras de acções e a pagar dividendos mais elevados para proporcionar aos accionistas melhores rendimentos.

“Este é um avanço institucional muito importante para a entrada de fundos de médio e longo prazo no mercado. Pode dizer-se que resolve um problema que esteve por resolver durante muitos anos”, acrescentou.

“As vendas dos principais accionistas e a elevada volatilidade do mercado prejudicaram as praças financeiras chinesas”, afirmou Lei Meng, analista de acções chinesas da UBS Securities, num comentário difundido ontem.

“A vontade dos investidores de longo prazo de participar no mercado bolsista diminuiu”, acrescentou. “A proposta de reforma da gestão do valor de mercado aborda directamente esta questão, porque está directamente relacionada com o sentido de ganho dos investidores”, sublinhou.

Ucrânia | Pequim e Brasília destacam “consenso crescente” para encontrar solução política

As duas nações continuam a desenvolver esforços para encontrar uma solução que ponha fim ao conflito na Ucrânia. Wang Yi e Celso Amorim, falaram ontem pelo telefone

 

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, destacou ontem o “crescente consenso de todas as partes para promover uma solução política” para a guerra na Ucrânia, durante uma conversa por telefone com o conselheiro especial brasileiro Celso Amorim.

Em 2024, Wang e Amorim avançaram com uma proposta conjunta para pôr termo ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. “O objectivo é reunir o consenso do ‘sul global’ e criar e acumular condições para conversações de paz”, disse ontem Wang Yi, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Wang afirmou que a China e o Brasil têm “trajectórias de desenvolvimento semelhantes e economias altamente complementares” e que a “forte confiança e amizade mútuas estabelecidas entre os chefes de Estado dos dois países lançaram uma base política sólida para que ambos levem a cabo uma cooperação abrangente”.

“A China apoia firmemente a liderança do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para que o povo brasileiro explore um caminho de desenvolvimento, de acordo com as suas condições nacionais”, acrescentou o ministro, ao mesmo tempo que transmitiu o seu “apoio” ao país sul-americano durante a sua actual presidência do bloco de países emergentes BRICS.

Wang manifestou ainda a sua esperança de “trabalhar com o Brasil para defender um multilateralismo genuíno”.

Amorim apelou aos esforços para “construir uma comunidade de destino comum entre o Brasil e a China para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável”. “Brasil e China, como potências emergentes, podem fortalecer ainda mais a cooperação e desempenhar um papel maior na manutenção da paz mundial e no combate às mudanças climáticas”, afirmou o conselheiro especial da Presidência brasileira.

Amigo preferencial

De acordo com dados oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008. O mercado chinês foi o destino de 30 por cento das exportações brasileiras em 2023, quando as vendas para o país asiático totalizaram 104 mil milhões de dólares, constituídas maioritariamente por produtos alimentares e matérias-primas.

A China, por sua vez, mantém investimentos no Brasil de cerca de 40 mil milhões de dólares, que nos últimos anos têm sido aplicados no sector energético.

Da China e dos Chineses – 2

(continuação do número anterior)

Goethe, que sempre foi um apaixonado pela civilização chinesa, glosou o antigo princípio de Sócrates, o grego, o “quanto mais sei, mais sei que nada sei” e escreveu “O homem só sabe quando sabe que pouco sabe. Com o conhecimento cresce a dúvida”. E Confúcio 孔夫子, que também muito sabia das coisas da vida e do seu povo, disse, seis séculos antes de Cristo: “Se conheces, actua como homem que conhece. Se não conheces, reconhece que não conheces; isso é conhecer!”

São sábios os velhos Chineses, uma sabedoria alicerçada em cinco mil anos de História e de histórias. São inteligentes os velhos Chineses, uma inteligência adquirida ao longo de muitos e muitos séculos dura e intensamente vividos.

Lao Zi, 老子 (600 a. C. ? – 510 a.C, ?) o patriarca do taoismo filosófico, escrevia no capítulo 2 do seu Tao Te Ching:

Debaixo do Céu,[1] todos vemos que o belo é belo

porque o feio existe.

Todos sabemos que o bom é bom

porque o mau existe.

Coexistem o ser e o não-ser,

completam-se o difícil e o fácil,

aproximam-se o alto e o baixo,

harmonizam-se a voz e o som,

sucedem-se o da frente e o de trás.

Por isso, o sábio avança e nada faz,[2]

ensina sem nada dizer

e os dez mil seres desenvolvem-se, sem cessar.

Ele trabalha e nada possui,

ele cria e de nada se apropria.

Tudo feito, tudo esquece,

assim, para sempre, a obra permanece.[3]

O espantoso Lie Zi 列子 (450 a.C.-376 a. C.) que, segundo a tradição taoista era capaz de cavalgar ventos e nuvens, diz, no seu Livro, cap. II, 11:

“Dois meninos viviam junto ao mar e amavam as gaivotas. Todas as manhãs brincavam no meio dos pássaros e muitas outras gaivotas, às centenas, poisavam junto deles. Um dia o pai disse-lhes:

‘Sei que brincam com as gaivotas. Apanhem algumas e tragam-mas. Também me quero divertir.’

No dia seguinte, os meninos chegaram à orla do mar, as gaivotas pairaram no ar e não pousaram na praia.

Em conclusão, o melhor de todos os discursos é o que não utiliza palavras, a actuação perfeita é actuar sem agir, a sabedoria do mais sábio dos sábios é sempre pouco profunda ”

Outra história do Livro de Lie Zi, no capítulo VII, 32:

“Um camponês não sabia onde estava o seu machado. Suspeitou então que o filho do vizinho lho havia roubado e começou a observar o rapaz, com atenção. Tinha exactamente os modos de um ladrão de machados, as palavras que pronunciava soavam a ladrão de machados, todo o seu comportamento e atitudes eram as de alguém que tinha roubado um machado.

Mas, de repente, ao cavar a terra, o camponês encontrou o seu machado.

No dia seguinte, o homem olhou de novo para o filho do vizinho. Reparou então que os modos, as palavras, o comportamento e as atitudes do rapaz não eram, de modo algum, as de um ladrão de machados.”

A sabedoria chinesa tem, quase sempre, escapado à inteligência ocidental. Ocidente e Oriente dificilmente se interpenetram, olham-se ora com sobranceria, ora com desconfiança, e sobretudo ignoram-se.

Vou citar um curioso exemplo recente:

Em 1970, no seu “Testamento Final”, o russo Nikita Kruchtchev escrevia, a propósito de Mao Zedong: “Eu nunca tinha a certeza de entender o que ele queria dizer. Pensava, nessa altura, que isso se relacionava com certos aspectos da mentalidade chinesa e com a maneira de pensar dos Chineses. Algumas declarações de Mao chocavam-me pela sua simplicidade, outras pela sua complexidade. Nunca soube com segurança qual a posição de Mao. É impossível, com os Chineses, saber em que lei se vive.”

É verdade que pensamento russo e pensamento chinês não se entendem, desde sempre. O conflito sino-soviético, iniciado em finais dos anos cinquenta, foi, para além das divergências políticas, um confronto de culturas e, por estranho que pareça em dois países comunistas, um conflito entre diversas, diferenciadas concepções do mundo.

Há uns bons anos atrás, em Pequim, o meu amigo Li Shunbao, companheiro de trabalho nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras, contou-me um pequeno diálogo que terá sido travado, em 1961, entre exactamente Kruchtchev e Zhou Enlai, então primeiro-ministro da China. As relações entre os dois países eram já bastante más e, depois de uma discussão azeda sobre questões de natureza política, Kruchtchev resolveu ser “simpático” para Zhou Enlai e disse-lhe:

“Apesar das divergências, nós temos muita coisa em comum. Acreditamos ambos no marxismo, você é primeiro-ministro, eu também, e você e eu somos responsáveis pelo Governo de duas das maiores nações do mundo. Mas existe uma grande diferença entre nós, eu sou filho de camponeses e você é filho de mandarins.”

Zhou Enlai, que, de facto, não era filho mas neto de um mandarim, sorriu e respondeu: “Desculpe, isso não é uma diferença, é mais uma semelhança. Significa que somos ambos traidores.” “Traidores?!…Como?…”, perguntou Kruchtchev. “Bem, ambos traidores porque o senhor traiu os camponeses e eu traí os mandarins.”

A propósito de política e de políticos, o filósofo Han Feizi 韓非子escreveu 240 anos antes do nascimento de Cristo:

“Podeis esperar, em geral, encontrar cerca de dez homens honestos em cada reino, o que é uma média excelente. Mas o Estado deve contar uma centena de cargos. Daí resultar que tendes mais postos oficiais do que homens de bem para ocupá-los, o que dá dez homens honestos e noventa patifes para preencher todos esses lugares. Pode-se, portanto, apostar que o resultado será a desordem generalizada, mais do que um governo organizado. Eis porque o soberano sensato acredita num sistema e não nas capacidades individuais, tem fé num método e desconfia da probidade pessoal.”

Han Feizi foi o maior teórico da escola Fa Jia 法 家, conhecida no Ocidente como o Legismo. Morreria envenenado numa prisão, talvez por ter esquecido uma das exemplares citações de Confúcio “o homem honesto diz a verdade, o tolo diz a verdade toda.” De qualquer modo, os seus princípios exerceriam grande influência na China moderna e no próprio Mao Zedong.

Zhuang Zi庄 子(369-286 A. C.), o maior dos pensadores taoistas, um dos grandes poetas da liberdade, conta-nos esta história:

“Estava Zhuang Zi pescando na margem do rio quando chegaram junto dele dois mandarins enviados pelo príncipe de Zhou.

— O nosso príncipe deseja ver-vos e nomear-vos primeiro-ministro de reino de Zhou.

Zhuang Zi continuou a pescar e, sem voltar a cabeça, respondeu:

— Ouvi dizer que no reino de Zhou existe uma tartaruga sagrada que foi morta há muitos, muitos anos. O príncipe conserva essa tartaruga fechada no templo dos antepassados e venera a sua carapaça. Ora a tartaruga preferiria estar morta e ter os seus restos venerados, ou preferiria estar viva, abanando o rabo na lama dos pântanos?

— Preferiria estar viva, abanando o rabo na lama dos pântanos, responderam os mandarins.

— Podem ir embora, disse Zhuang Zi. Eu também prefiro abanar o rabo na lama dos pântanos.”

Na China, mais do que em qualquer outro país do mundo, vemos como se manifesta, século após século, a continuidade de ideias, tradições, usos e costumes.

Mao Zedong, que conhecia bem o alicerce cultural da sua pátria, citava por vezes os velhos filósofos e as histórias da tradição popular, em proveito da ideologia que defendia. Eis como, em 1945, Mao fala de uma dessas histórias:

“Na China Antiga havia uma fábula intitulada ‘Como Yukong removeu as Montanhas’. Essa fábula conta que, em tempos que já lá vão, vivia no norte da China um velho chamado Yukong. Do lado sul, em frente da sua casa, encontravam-se duas grandes montanhas, Taihang e Wangwu, que lhe impediam a passagem. Dirigindo os seus filhos, Yukong decidiu arrasar as montanhas a golpes de picareta. Vendo-os em tal trabalho, um outro velho chamado Chezou, desatou a rir e disse-lhes: ‘Que tolice! Sozinhos, vocês nunca conseguirão arrasar essas duas montanhas’. Yukong respondeu:

‘Quando eu morrer ficarão os meus filhos; quando, por sua vez, eles morrerem, ficarão os meus netos, e assim se sucederão ininterruptamente as gerações. Quanto a essas duas montanhas, por muito altas que sejam, já não podem crescer mais e, a cada golpe de picareta, vão-se tornando mais pequenas. Porque razão não poderemos arrasá-las?’ E Yukong continuou, inabalável, a cortar a pedra, dia após dia, o que comoveu o deus do céu que enviou dois anjos à Terra que carregaram e levaram as duas montanhas. Hoje há também duas montanhas que pesam sobre o povo chinês: o imperialismo e o feudalismo. Desde há muito que o Partido Comunista da China decidiu arrasá-las. Nós devemos ser perseverantes e trabalhar sem descanso, pois também podemos comover o deus do céu. Para nós, o deus do céu não é outro senão a massa do povo chinês.”

Uma das características do pensamento chinês é a unidade dos contrários, a complementaridade e permanente transformação dos opostos, o movimento e a dialéctica, o anular das contradições e o imediato aparecimento de renovadas contradições sempre insolúveis porque, ao serem solucionadas, dão origem a outras novas contradições.

Nos anos vinte do século XX, o filósofo Chen Lifu 陳立夫 escrevia coisas como estas:

“Como os homens não se parecem, as suas analogias caracterizam-se por sete períodos. No primeiro, o forte tolera o fraco; no segundo, o forte despreza o fraco; no terceiro, o forte escraviza o fraco; no quarto, o forte tem piedade do fraco; no quinto, o forte torna-se fraco; no sexto, o fraco protege o forte; no sétimo, o fraco e o forte confundem-se. ”

Regressando a Zhuang Zi e ao seu edifício da sabedoria taoista, velho de vinte e três séculos, lemos:

“O universo com tal não é expressão do absoluto. Tudo muda, ao longo dos tempos, no decurso da evolução, de acordo com o que começa e o que acaba. A ciência ensina que as coisas mudam de aspecto e que o absoluto se transforma em relativo. Por isso, esbate-se a distância entre grande e pequeno, entre o que vem antes e o que vem depois numa cadeia que não tem fim”.

E mais adiante, no seu Livro de Zhuang Zi, o mestre diz:

“Aqueles que afirmam existir o correcto e o justo sem o seu correlativo, o incorrecto e o injusto, ou o bom governo sem o seu correlativo, o mau governo, não compreendem os grandes princípios do universo nem a essência de toda a criação. Como se pode falar da existência do Céu sem se referir a existência da Terra, ou do princípio negativo sem se referir o princípio positivo?

No entanto, ainda há pessoas que continuam estas intermináveis discussões. Essas pessoas ou são loucas ou são ingénuas. ”

O aparente estatismo das civilizações orientais tem muito a ver com o carácter cíclico do seu pensamento. Também com a sua sabedoria, bem diferente da nossa ocidental, tão ligada à velha lógica grega e ao aparente dinamismo judaico-cristão.

Eis mais uma antiquíssima história do taoismo chinês, agora retirada do Huainanzi 淮南子, um clássico da filosofia chinesa que data do século II a.C.:

“Um velho e pobre camponês possuía um cavalo e o animal fugiu. À noite, os vizinhos vieram manifestar o seu pesar, dizendo-lhe que ele tivera muito pouca sorte. O camponês respondeu simplesmente: ‘Talvez’. No dia seguinte, o cavalo regressou acompanhado de seis éguas selvagens. A noite, os vizinhos vieram felicitar o camponês, dizendo-lhe que afinal ele tivera muita sorte. O homem respondeu simplesmente: ‘Talvez’. No dia seguinte, o filho do camponês montou uma das éguas selvagens, mas caiu e partiu uma perna. À noite, os vizinhos vieram lamentar a pouca sorte do camponês que respondeu simplesmente: ‘Talvez’. No dia seguinte, chegaram à aldeia os funcionários do governo responsáveis pelo recrutamento de jovens para o exército, encontrando-se o império em tempo de guerra. O filho do camponês não seguiu para os campos de batalha porque tinha uma perna partida. À noite, os vizinhos vieram felicitá-lo uma vez mais pela sua boa sorte e o velho respondeu simplesmente: ‘Talvez.’

Agora um velho apólogo, de Pe Yu king, que ninguém sabe quem é mas que terá sido escrito há catorze séculos:

“Uma vez viajavam juntos um monge, um bandido, um pintor, um avarento e um sábio. Caiu a noite e albergaram-se numa gruta.

— Não se encontraria melhor lugar para um eremitério, exclamou o monge.

— Que óptimo refúgio para salteadores, disse o bandido.

— A luz dos archotes, estes jogos de sombras, que extraordinários motivos para o pincel!, murmurou por sua vez o pintor.

— Mas que local excelente para se esconder um tesouro!, observou o avarento.

O sábio escutou em silêncio e, por fim, disse:

— Que gruta maravilhosa!”.

Na China nunca nada é exactamente o que parece. Pode ser, pode não ser, tudo depende de subtis ou canhestros entendimentos de cada pessoa, da perspectiva, do olhar. No século XVI, em plena dinastia Ming, o letrado Yuan Jing袁 晶 contava a interessante história de um gato. Assim:

Um mandarim da corte, de nome Ji, possuía um gato magnífico. Tinha tanto orgulho no felino que resolveu chamar-lhe Tigre. Um dia, num serão em sua casa com vários amigos, todos começaram a falar sobre o gato. Um deles disse:

–É verdade que o Tigre é um animal poderoso, mas o Dragão tem ainda mais poder. Porque não chamar Dragão ao gato?

Um outro interveio:

–Admito que o Dragão é mais poderoso do que o Tigre, mas ele tem de se elevar nos ares para atingir as nuvens. Parece-me pois evidente que as nuvens são mais fortes do que o dragão. Porque não chamar Nuvem ao gato?

Um terceiro disse então:

–As nuvens podem cobrir toda a terra, mas não resistem ao vento que as dispersa rapidamente. Porque não chamar Vento ao gato?

Um quarto conviva acrescentou:

— O que pode o vento diante de um muro de pedra. Porque não chamar Muro ao gato?

Um quinto amigo argumentou depois:

— Um muro é capaz de resistir ao vento, mas os ratos sabem como esburacar um muro. Porque não chamar Rato ao gato?

Um velho da aldeia de Dongli ouviu toda a conversa em silêncio. Por fim, perguntou:

— Como se chama o animal que caça ratos?

O nosso João de Barros (1496-1570), excelente cronista quinhentista, na sua Ásia, Terceira Década, onde entram mais de cem páginas que dedicou à China e ao mundo chinês, escreveu por volta de 1550:

“Os chins dizem que êles têm dois olhos de entendimento àcerca de tôdalas as cousas, nós, os da Europa, depois de nos comunicarem, têmos um olho, e tôdalas as outras nações são cegas.”

Referências:

[1] 天下 tian xia significa “debaixo do céu”, mas traduz-se normalmente pelo mundo em que vivemos.

[2] 无为 wu wei é um conceito fundamental do taoismo. Significa “ausência de acção” mas não é inacção, corresponde a actuar não agindo. O sábio parece não produzir, não laborar. Nada faz, no entanto nada fica por fazer. O wu wei é difícil de entender para as nossas mentes ocidentais.

[3] Tao Te Ching, (trad. António Graça de Abreu), Lisboa, Vega Ed., 2013, pag.31.

DST | Desmanteladas seis pensões ilegais em 12 dias

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) montou uma operação de combate às pensões ilegais, entre os dias 1 e 12 de Janeiro, em jeito de preparação para os feriados do Ano Novo Lunar, na qual foram desmanteladas seis pensões que estavam a funcionar ilegalmente. Segundo um comunicado divulgado ontem pela DST, as autoridades acabaram com as operações de 186 pensões ilegais durante todo o ano de 2024.

A DST indicou ainda que, em conjunto com o Corpo de Polícia de Segurança Pública, reforçou o combate às actividades ilegais dos guias turísticos com o envio de agentes para vários postos fronteiriços, e locais de comércio e de maior fluxo de turistas. As autoridades têm feito inspecções aleatórias a grupos de turistas para averiguar as condições de trabalho dos profissionais de turismo e reprimir ilegalidades, foi indicado pela DST.

Para preparar a indústria e todos os departamentos relevantes para o aumento do fluxo de turistas durante o Ano Novo Lunar, a DST irá reunir com representantes do sector.

“A DST irá também colaborar com vários serviços para reforçar as inspecções e reprimir infracções”. O organismo liderado por Helena de Senna Fernandes acrescentou ter como objectivo proteger os direitos e interesses dos turistas e manter a imagem de Macau como cidade turística.