Toi San | Explosão deixa duas crianças com queimaduras de terceiro grau João Santos Filipe e Nunu Wu - 4 Mar 2025 O acidente teve origem numa fuga de gás do abastecimento central e causou cinco feridos. Mais de 300 pessoas de 100 apartamentos foram retiradas das suas casas, e uma máquina de lavar roupa foi projectada para a rua Duas crianças com queimaduras em mais de 20 por cento do corpo, uma empregada doméstica com queimaduras em 35 por cento do corpo, e outras duas feridas. Foi este o resultado de uma explosão, seguida de incêndio, no 19.º andar do Edifício Jardim Cidade Nova (também denominado San Seng Si Fa Un), na Avenida Tamagnini Barbosa, no bairro do Toi San, na noite de segunda-feira. O acidente aconteceu por volta das 21h, e terá sido causado por uma fuga de gás no abastecimento centralizado, que resultou numa explosão de grande dimensão, seguida de um incêndio. Em relação aos ocupantes do apartamento onde aconteceu a explosão, um menino de dois anos teve de ser transportado para o hospital com queimaduras de terceiro grau em 20 por cento do corpo. Outra criança, uma menina de oito anos, sofreu queimaduras de terceiro grau em 25 por cento do corpo. No apartamento onde aconteceu a explosão estava ainda uma empregada doméstica, com 55 anos e nacionalidade vietnamita, que sofreu queimaduras de segundo grau em 35 por cento do corpo. Todos foram levados para o hospital. As autoridades contabilizam mais duas pessoas feridas na sequência do incidente, uma vizinha que estava no apartamento ao lado e inalou os fumos do incêndio, e uma transeunte que passava na rua e foi atingida por objectos projectados do 19.º andar, embora sem gravidade. Máquina de lavar voadora De acordo com a informação do Corpo de Bombeiros, a explosão terá causado vários danos, não só no interior do apartamento afectado, mas também nos elevadores do edifício, que passaram a funcionar de forma deficiente, impossibilitando a utilização. Depois de extinto o incêndio, Lam Chon Sang, segundo-comandante do Corpo de Bombeiros, explicou que os bombeiros tiveram de subir os andares pelas escadas, o que dificultou o combate às chamas, principalmente a nível do abastecimento de água. No entanto, depois de ser feita a ligação com a fonte de água, os bombeiros terão demorado cerca de dois minutos a extinguir o incêndio. Aos órgãos de comunicação social, Lam Chon Sang revelou que as chamas afectaram um dos dois quartos da casa, a sala de estar, além da cozinha. Como consequência, o sistema de gás central teve de ser desligado. O acidente levou a que cerca de 300 moradores de 100 apartamentos fossem retirados do edifício. Ao contrário de outros incêndios mais recentes, Lam destacou que todos os equipamentos de protecção contra incêndio estavam a funcionar e que os moradores ouviram o alarme de emergência. As chamas foram combatidas por 56 bombeiros, auxiliados por 19 veículos de resposta a emergências. A explosão fez com que vários objectos fossem projectados para a rua do 19.º andar. Além de peças de vestuário, também uma máquina de lavar roupa foi atirada para fora do aparamento, caindo na rua. Três em duas semanas Horas após a ocorrência, o Instituto de Acção Social (IAS) emitiu um comunicado a afirmar estar “muito atento ao incêndio” e que foram enviados para o local “assistentes sociais para prestar o apoio necessário às famílias afectadas pelo incêndio”. Segundo os dados do IAS, cerca de 30 residentes afectados precisaram de pernoitar nos centros de acolhimento disponibilizados. Com a ocorrência no Edifício Jardim Cidade Nova, Macau soma três incêndios em prédios de habitação no espaço de duas semanas. O primeiro, registado a 24 de Fevereiro, aconteceu no Edifício do Lago, causou dois feridos, e obrigou a que 18 pessoas fossem retiradas das suas casas. O incêndio assumiu contornos polémicos, uma vez que os moradores se queixaram que os alarmes de incêndio não tocaram. Posteriormente, em Seac Pai Van, na quinta-feira passada, outro incêndio num apartamento causou uma vítima mortal. Contudo, neste caso, as autoridades responsabilizaram a vítima pelas chamas, devido a um historial de problemas psicológicos. Associações polémicas Após a divulgação do incidente, algumas associações tradicionais deslocaram-se ao local e tiraram fotografias alegadamente a ajudar alguns dos residentes afectados. As fotografias foram partilhadas nas redes sociais pelas associações, como a Associação das Mulheres, mas as imagens causaram polémica, com internautas a acusarem as associações de aproveitamento eleitoral. As eleições para a Assembleia Legislativa foram agendadas para 14 de Setembro, e actualmente a Associação das Mulheres tem dois deputados.
Jogo | Número de trabalhadores cresce 2,3% Hoje Macau - 4 Mar 2025 No final do quarto trimestre do ano passado, o número de trabalhadores nas lotarias e outros jogos de aposta aumentou 2,3 por cento, face ao período homólogo, de acordo com os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No final do trimestre, o sector do jogo empregava 52.971 trabalhadores a tempo inteiro, o que representou um aumento de 1.200 trabalhadores face ao quarto trimestre de 2023. Entre os 52.971 empregados, 23.618 desempenhavam as funções de croupiers, um aumento de 259 empregados num espaço do jogo, o que representou um crescimento de 1,2 por cento. Em termos dos vencimentos, em Dezembro de 2024 a remuneração média dos trabalhadores a tempo inteiro deste sector era de 26.890 patacas, mais 6,3 por cento, em termos anuais. Estes dados excluem as remunerações irregulares. A remuneração média dos croupiers foi de 21.470 patacas, mais 2,9 por cento. Sobre este aspecto, a DSEC indicou que as pessoas ganharam mais, porque trabalharam mais, embora reconheça que tenha havido igualmente um aumento salarial. No fim do último trimestre, existiam 253 postos vagos no sector das lotarias e outros jogos de aposta, uma redução de 147 vagas em termos anuais. Segundo a DSEC, a maioria das vagas dizia respeito a empregos administrativos (90), seguidos pelos directores e quadros dirigentes de empresas (54). Em relação aos requisitos de recrutamento, 64,8 por cento das vagas requeriam experiência profissional, 62,5 por cento exigiam apenas habilitações académicas inferiores ou iguais ao ensino secundário complementar. Os dados da DSEC excluem os promotores e colaboradores de jogos.
Imobiliário | Preços voltam a cair, mas houve mais transacções João Santos Filipe - 4 Mar 2025 O mercado continua longe dos valores praticados antes da pandemia, com sinais cada vez mais mistos. Se a comparação dos dados mais recentes for feita com a primeira metade de Janeiro, as casas ficaram mais caras, mas registaram-se menos transacções O preço médio da habitação sofreu uma redução de 11,9 por cento na primeira metade de Fevereiro, face ao período homólogo, de acordo com os números revelados pela Direcção de Serviços de Finanças (DSF). Segundo os dados mais recentes, o preço médio do metro quadrado na primeira metade de Fevereiro deste ano foi de 75.316 patacas. Fazendo as contas, uma casa com 90 metros quadrados estava avaliada em 6,78 milhões de patacas. Em comparação, na primeira quinzena de Fevereiro de 2024, o preço médio do metro quadrado era de 85.487 patacas, o que significa que o mesmo apartamento estaria avaliado em 7,69 milhões de patacas. Quando a comparação é feita com os valores praticados na primeira quinzena de Janeiro deste ano, as casas em Macau ficaram mais caras, dado que nesse período o preço médio do metro quadrado era de 69.882 patacas. Em Janeiro, a casa com 90 metros quadrados estava avaliada em 6,30 milhões de patacas. Em termos anuais, com preços mais baratos registaram-se mais compras e vendas de habitação no território, um crescimento de 16,7 por cento. No início de Fevereiro foram contabilizaram-se 84 transacções, quando no período homólogo o número tinha sido de 72 transacções. Todavia, se a comparação for feita entre a primeira metade de Fevereiro e a primeira metade de Janeiro, houve uma redução de 32,8 por cento, dado que as 125 transacções de Janeiro foram reduzidas para 84 transacções no mês mais recente. Mais caro em Coloane Os dados mais recentes da DSF mostram ainda que o metro quadrado é mais caro em Coloane, onde o preço médio foi de 80.746 patacas, nas nove transacções registadas. Na primeira metade de Fevereiro de 2024, tiveram lugar quatro transacções a um preço médio de 111.996 patacas por metro quadrado. Na primeira quinzena de Janeiro de 2025, registaram-se nove transacções, a um preço médio de 72.252 patacas por metro quadrado. A Taipa foi a segunda zona mais cara de Macau, com o metro quadrado a ser comercializado, em média, por 74.367 patacas. Durante a primeira metade de Fevereiro de 2025, foram registadas 21 transacções de habitação. Em comparação, em Fevereiro de 2024, tinham sido declaradas 16 transacções, a uma média de 85.342 patacas por metro quadrado. Como normalmente acontece, Macau voltou a ser a zona do território onde foram declaradas mais transacções, com 54 negócios, realizados a uma média de 74.359 patacas por metro quadrado. No início de Janeiro, concretizaram-se 96 transacções, a um preço médio de 66.753 patacas por metro quadrado. Na primeira quinzena de Janeiro de 2025, as 96 transacções declaradas aconteceram a uma média de 66.753 patacas por metro quadrado.
Taiwan | Alteração a regras de residência para cidadãos de Macau em estudo Hoje Macau - 4 Mar 2025 Taiwan está a considerar impor regras mais apertadas para a atribuição de residência e cidadania aos cidadãos provenientes de Hong Kong e Macau, com vista a evitar a influência chinesa através da imigração, avançou a imprensa taiwanesa. Ao contrário de outros cidadãos estrangeiros, actualmente, os residentes de Hong Kong e Macau podem candidatar-se à residência permanente e obter bilhete de identidade de Taiwan após um ano a residir na ilha. Taiwan está agora a considerar implementar alterações, que estabelecem que cidadãos provenientes das duas regiões administrativas tenham de residir na ilha quatro anos antes de se tornarem elegíveis para a residência permanente, disse, na segunda-feira, um responsável familiarizado com o assunto, citado pelo jornal Taipei Times. Pretende-se com as alterações evitar a influência do Partido Comunista Chinês em Taiwan através da imigração de Hong Kong e Macau, declarou a mesma fonte, que pediu para não ser identificada. A medida faz parte de uma “reforma legislativa relacionada com a segurança”, acrescentou. Uma outra alteração que está a ser considerada, referiu a mesma fonte, é acabar com atribuição de cidadania a pessoas de Hong Kong e Macau com residência de longa duração. Ainda de acordo com as alterações propostas, os requerentes de residência de Hong Kong ou Macau que tenham trabalhado para o PCC, para as forças armadas chinesas ou para instituições públicas chinesas vão ser objecto de análise rigorosa e os pedidos podem ser recusados, continuou.
Fitch Ratings | Governo aplaude manutenção de notação Hoje Macau - 4 Mar 2025 O Governo da RAEM emitiu um comunicado a destacar o facto de a agência de notação financeira ter mantido o grau de notação de crédito de longo prazo no nível AA, com perspectivas estáveis. Este é o terceiro nível mais alto da escala da agência de notação financeira. Segundo a comunicação do Governo, que cita o relatório, a manutenção desta classificação deveu-se “à situação altamente estável das finanças públicas e da balança de pagamentos da RAEM, bem como ao compromisso do Governo da RAEM em continuar a adoptar uma gestão financeira prudente, mesmo em períodos de ajustamento económico”. A agência terá ainda previsto que “o crescimento adicional do sector do turismo e dos investimentos não relacionados com o jogo, a que acrescem o alívio nas políticas de turismo para residentes do Interior da China e a optimização contínua das infra-estruturas turísticas” irão melhorar as perspectivas económicas do território. As notações de crédito são utilizadas como referência pelos mercados quando compram dívida dos Estados ou regiões. Quanto pior a notação, mais altos tendem a ser os juros pagos pelo endividamento. No caso de Macau, como não há emissão de dívida, uma vez que a reserva financeira é superior a 600 mil milhões de patacas, na prática, a notação acaba por ter pouca relevância.
Jogo | Ron Lam denuncia despedimentos sem justa causa João Luz e Nunu Wu - 4 Mar 2025 Ron Lam revelou ter recebido queixas de funcionários de cinco das seis concessionárias de jogo por terem sido demitidos sem justa causa ou qualquer explicação. O deputado revela que desde Janeiro circulava no sector um rumor de que o Governo teria dado “luz verde” para os despedimentos Uma vaga de despedimentos afectou um número ainda indeterminado de funcionários de departamentos administrativos de cinco das seis concessionárias de jogo, revelou na segunda-feira Ron Lam numa publicação no Facebook. O deputado afirma ter recebido queixas de vários trabalhadores que terão sido de notificados na passada sexta-feira do despedimento sem justa causa, sem que lhes tenha sido dada qualquer explicação para as demissões ou alternativas de transferência para outros departamentos. Sem mencionar o número de trabalhadores ou as empresas onde trabalhavam, Ron Lam afirmou que, até agora, apenas uma das seis concessionárias não avançou para demissões. Além disso, o deputado revela que a situação não foi propriamente uma surpresa para os trabalhadores. “Os funcionários despedidos afirmaram que desde o início do ano corria um ‘rumor’ de que o Governo teria dado ‘luz verde’ às empresas, permitindo que despedissem trabalhadores”, denunciou o deputado. Ron Lam considera que a vaga de despedimentos pode ter grande impacto económico, criando um precedente que pode prejudicar o desenvolvimento do território e a vida das pessoas. “A economia de Macau ainda não recuperou totalmente, mas as empresas concessionárias de jogo regressaram os lucros e empregavam em Junho de 2024 mais de 27 mil trabalhadores não-residentes. Face a este cenário, se as concessionárias despedirem sem justa causa residentes locais, não só isso será inaceitável para a comunidade, como poderá abrir um precedente perigoso”, apontou o deputado. Fazer algo A situação, que segundo Ron Lam denota o agravar do pessimismo no mercado laboral, devia ser revolvida pelo Governo através de “passos pro-activos” e de uma “investigação exaustivo que ponha um fim à prática” que contraria o princípio do acesso prioritário ao emprego dos residentes locais. O deputado recordou que nos novos contratos de concessão para exploração de jogo, assinados em 2022, foi previsto o reforço da responsabilidade social das concessionárias e que durante a pandemia, apesar de a indústria ter ficado paralisada, as concessionárias não despediram funcionários. Face a este cenário, Ron Lam defende que o Executivo deve esclarecer porque as concessionárias foram autorizadas a despedir funcionários locais sem oferecer postos alternativos. No programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, uma ouvinte revelou que os casos denunciados por Ron Lam podem ser só a ponta do icebergue. “O que Ron Lam divulgou é real. Não tenho a certeza se o Governo deu ‘luz verde’, mas também espero explicações. Porém, os despedimentos não começaram na semana passada, mas há cerca de dois meses. Um familiar meu foi despedido recentemente, mas em Novembro foram despedidos trabalhadores não-residentes”.
Saúde | Assinado novo “Acordo-Quadro” na área do controlo alfandegário Hoje Macau - 4 Mar 2025 O Lam, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, assinou, em nome do Governo, o novo “Acordo-Quadro de Monitorização Conjunta de Organismos Vectores entre a Alfândega de Gongbei e os Serviços de Saúde do Governo da RAEM” com as autoridades chinesas. Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde, este novo acordo visa “promover o intercâmbio técnico e o aumento da capacidade de ambas as partes” na área da saúde pública e controlo de produtos alfandegários, garantindo “a saúde e segurança dos residentes e passageiros dos dois lados”. Pretende-se, com este acordo, criar um grupo de trabalho para a elaboração de directrizes técnicas, monitorização de dados sobre os produtos comercializados entre os dois lados, além de se promover a investigação científica entre Macau e a província de Guangdong. Pretende-se ainda “construir uma base de dados de organismos e recursos físicos, realizar conjuntamente projectos de ciência e tecnologia em laboratório e investigar temas científicos”. A ideia é “reforçar a cooperação no controlo sanitário nos postos fronteiriços e elevar a capacidade de contingência na área de saúde pública transfronteiriça”, é ainda referido na mesma nota.
LAG | Antes de ida a Pequim, Sam Hou Fai reuniu com académicos João Luz - 4 Mar 2025 Antes de partir para Pequim para participar nas “Duas Sessões”, Sam Hou Fai ouviu sugestões de economistas e académicos, numa reunião focada nas PME, integração em Hengqin, atracção de quadros qualificados e desenvolvimento tecnológico O edifício do Fórum Macau foi palco de uma reunião alargada entre o Chefe do Executivo e um grupo alargado de economistas e dirigentes de instituições académicas, no âmbito da elaboração do Relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o ano financeiro de 2025. Antes de partir para Pequim para participar nas “Duas Sessões”, Sam Hou Fai ouvir algumas sugestões quanto ao rumo político a tomar este ano. Segundo o Gabinete de Comunicação Social (GCS), o deputado Pang Chuan, que também é vice-reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês), lembrou as “quatro esperanças” apresentadas por Xi Jinping aquando da sua visita Macau. O deputado nomeado por Ho Iat Seng destacou a meta apontada pelo Presidente chinês de construir em Macau “um local de concentração de quadros qualificados internacionais de elevada qualidade”. Como tal, aconselhou o Governo a “investir mais no Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, e a criar um mecanismo para captar quadros qualificados internacionais”. O comunicado do Governo sobre a reunião não especifica se Pang Chuan foi concreto em relação ao mecanismo de atracção de profissionais qualificados, mas refere que o deputado considera que estes são caminhos possíveis para atingir a tão almejada “diversificação adequada da economia”. Já o membro do Conselho Executivo e presidente do Instituto de Gestão de Macau, Samuel Tong Kai Chung, focou a sua intervenção na importância dos recursos humanos e na necessidade de “impulsionar a valorização e reconversão abrangente de indústrias tradicionais”. Samuel Tong realçou a importância de criar um mecanismo que favoreça a acumulação de capital humano, ou seja, quadros de peritos, experientes e com formação académica que acrescentem valor económico à força de trabalho. Além disso, o economista mencionou a integração em Hengqin e na Grande Baía. Aprofundamento profundo Aproveitar as vantagens do princípio “Um País, Dois Sistemas” para atrair empresas internacionais para Hengqin foi a solução recomendada pelo director do Centro de Educação Contínua da Universidade de Macau (UM) Liu Ting Chi. O académico, que também é membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico, aconselhou o Executivo a “usar de forma eficiente alguns terrenos desaproveitados existentes em Macau e introduzir capital internacional nos concursos”. O futuro das pequenas e médias empresas (PME), que têm enfrentado um ambiente de adversidade económica, também foi debatido. Siu Chi Sem, académico da Faculdade de Gestão de Empresas da UM, defendeu o apoio à transformação tecnológica das PME, mas também aconselhou o Governo a ser “razoável e prudente” na organização do orçamento para “preparar-se bem para as incertezas do mercado financeiro”. Por sua vez, o académico e vice-presidente da direcção da Associação Económica de Macau Lei Chun Kwok defendeu que o Governo deve ajudar as PME a aumentar a capacidade de negócios. Também neste capítulo, o GCS não indicou se foram dadas ideias concretas para atingir o objectivo, mas revelou que Lei Chun Kwok terá sugerido que o Executivo preste serviços de diagnóstico empresarial. A criação de mais oportunidades para que empresas de inovação tecnológica se fixem em Macau foi outra das ideias apresentadas pelo académico. O Chefe do Executivo voltou a mencionar o desenvolvimento desequilibrado da economia, o panorama global de instabilidade e incerteza e as alterações nos modelos de consumo.
Cristina Rocha Leiria, autora do projecto do Centro Ecuménico Kun Iam: “A obra que mais me preencheu” Andreia Sofia Silva - 4 Mar 2025 Até 13 de Março pode ser vista, no Centro Ecuménico Kun Iam, a mostra “Moments of Light with Kun Iam”, uma exposição de Cristina Rocha Leiria, arquitecta, escultora e autora do projecto do centro. Ao HM, Cristina Rocha Leiria fala de um espaço criado para todos, incluindo ateus, e lamenta a falta de divulgação da exposição Imagem: Fundação Rui Cunha Fale-me de “Moments of Light”, a exposição patente no Centro Ecuménico Kun Iam. O centro foi criado para o silêncio, porque tudo é feito para as maiorias, mas temos de pensar nas minorias, que têm direito de existir. Pode existir uma minoria que precisa de silêncio. Podem ser vistos cristais levados de Portugal e adquiridos também na China, escolhidos por mim, e pedras energéticas. Incluem-se ainda 25 peças feitas pela Atlantis [empresa portuguesa do grupo Vista Alegre] em cristal, além de um bazar com outros materiais. O centro ecuménico foi inaugurado em 1999, passaram-se 25 anos. Como olha hoje para o projecto? Sente que está devidamente aproveitado? É a obra que mais me preencheu. Trabalhei nele ao nível da arquitectura, porque é essa a minha área de formação, e trabalhei também com a escultura porque é o que faço, embora não tenha tirado qualquer curso. Faço escultura como terapia. Trabalhei ao nível da música com Rão Kyao e outro maestro, que perceberam o que eu queria e fizeram uma composição de tal ordem que toca o dia todo [no Centro] e as pessoas nunca se cansam. Tratei, na altura, de tudo o resto, da decoração e do que lá se vendia. As coisas foram-se esgotando e acabou por não haver quase nada para vender, à excepção de uns livros e postais. Criámos muita coisa que se vendia, os turistas iam lá, não faziam barulho porque percebiam que era um sítio de silêncio, compravam e esse espaço tinha um certo rendimento. Deve-se divulgar este centro ecuménico, que se tornou um ex-líbris de Macau, junto dos turistas como algo que Macau tem e que não existe em mais nenhum outro lugar urbano no mundo. Portanto, o centro funciona neste momento com uma exposição minha e um bazar que tem produtos que se vendem noutros locais e que não têm nada a ver com o centro ecuménico, mas que são um chamariz. Como foi o arranque da construção deste projecto? Já tinha feito alguma coisa com tanta ligação ao mundo espiritual? Vivi em Moçambique até ir para Lisboa estudar arquitectura. Desde criança que conheço a deusa Kun Iam, porque a minha mãe tinha uma estátua branca de Kun Iam em casa, e era a coisa que eu mais gostava naquela casa. Mal sabia eu que um dia viria a fazer um centro dedicado a esta deusa. Quando vim para Macau trabalhar no Leal Senado, como assessora do presidente, com o primeiro dinheiro que ganhei fui a Hong Kong comprar um abat-jour branco com a figura de Kun Iam, que ainda hoje tenho. Em relação à parte espiritual, esta vem de criança, sempre gostei do silêncio. Quando faço arquitectura ou escultura é sempre em completo silêncio. Estou só eu ligada ao trabalho e a um mundo que, como não é tangível, muitas pessoas nem se apercebem dele, nem acreditam nele. Eu acredito porque sinto que quando trabalho duas noites sem dormir, ou três dias seguidos, em qualquer projecto, em silêncio, acordo de manhã e penso nas ideias que tive, surpreendo-me até com elas. Então a parte espiritual está reflectida na escultura que faço. Especializei-me em habitação e a espiritualidade também se reflecte nos projectos que fiz em Macau na área da habitação social. A espiritualidade é uma parte de mim, e o centro ecuménico é orientado para isso. Nestas visitas guiadas que tenho feito tento puxar pelos mais jovens para que percebam que podemos ser muito ajudados por energias que não vemos. Não dou nomes às coisas e digo para não se importarem com isso, porque o importante é tomar consciência que há mais do que aquilo que vemos. O mundo material não é o único que nos interessa, há mais para tomarmos contacto e agradecermos. Macau é um território pautado pelo consumo, o jogo, os excessos. Ter um centro desta natureza nesta sociedade tem um maior significado? Este centro é ecuménico, mas nada tem a ver com a Igreja, remetendo sim para algo abrangente. O centro foi feito para ateus, agnósticos, religiosos e não religiosos, para todos aqueles que precisem de silêncio. E no mundo de Macau, ou em grandes meios urbanos, há sempre poluição auditiva. Esse centro foi feito numa ilha que pedi de propósito ao Governador de então, o general Vasco Rocha Vieira, que foi uma pessoa muito aberta a esta proposta. Essa ilha foi criada porque, na altura, não havia espaço em Macau para colocar um monumento de 20 metros de altura. O centro tornou-se um símbolo, muitos vão lá rezar, mas não foi feito para isso. Devo dizer que acredito que a essência do divino está em cada um de nós, mas nem todos têm consciência disso. Outros estão abertos para essa essência. Voltando à exposição. O que podem as pessoas aprender com ela? Estou agora em Macau por um período de seis meses, mas tenho tratado também de vários assuntos relacionados com projectos que fiz em Portugal há muitos anos e que estou a tentar que sejam recuperados. A exposição, por si, está lá e não é um atractivo. É bom saber-se que a reabertura do centro ecuménico não teve a divulgação que deveria ter. Ninguém sabe que o centro ecuménico foi aberto, e quem aparece lá são as pessoas que deixam os filhos nos parques, observam o espaço, e vão lá com as crianças. É interessante porque os mais pequenos dirigem-se, precisamente, para os pontos de energia identificados por mim. Aparecem pessoas que andam a passear, entram, mas não vão de propósito ver a minha exposição. Depois, como vêem a porta de saída que dá para o rio, saem logo e a exposição passa despercebida. Mas lamenta que não se tenha feito mais divulgação. Não se fez, não. Agora é que estou a fazer esse trabalho e a divulgar junto de pessoas amigas. Estou a acabar uma exposição sem que, de facto, as pessoas tenham usufruído, quando tenho esculturas com mensagens. Demoro cerca de um mês a fazer uma escultura, e vou escrevendo, pensando, fazendo poesia, então tenho muito a transmitir às pessoas sobre cada escultura. Muitas pessoas dizem que saem de lá mais ricas. Vou pedir que a exposição seja prolongada além do dia 13 de Março e era bom que isso acontecesse, porque têm aparecido grupos de pessoas, inclusivamente algumas que marcam hora comigo e eu vou fazer a visita guiada. Como surgiu a sua ligação à cultura chinesa? Essa ligação vem de infância. Depois aprofundei muito essa ligação porque tive de estudar sobre a deusa Kun Iam. Tive de ver muitas figuras de Kun Iam para pensar como iria fazer uma que estivesse ali suspensa, ao ar livre sujeita aos tufões e ventos fortes, bem como altas temperaturas. A parte espiritual foi mais fácil para mim, porque desde criança que me interesso por filosofias orientais. Essa parte da espiritualidade [na construção do centro ecuménico] foi, para mim, mais fácil, embora tenha tido muitas dificuldades. Dei tudo de mim, livros para a biblioteca, e até contribuí a nível financeiro para este centro, para que muitos jovens pudessem usufruir dele. Disse-me que algumas obras que edificou necessitam de recuperação. É ingrato esse lado do artista, de ver os projectos a destruírem-se com o tempo, sem preservação? Não lamento nada, tento, sim, entender. Mas também tento defender os propósitos que existiam no arranque de cada projecto. Tento entender a maneira de ser dos chineses que viveram tantos anos limitados e com muitas proibições. Gostaria de entender porque puseram um bazar na exposição a vender tantos produtos. O mesmo acontece em Portugal: tenho a obra “Vela ao Vento”, em Tavira, numa rotunda enorme que tinha um lago, foi algo que tentei fazer de forma poética, mas depois vejo que as pessoas menosprezam. Agora não há água no espaço e crescem ervas. Sinto que há uma falta de respeito pelo artista.
Comércio | Pequim reitera que não cede à pressão dos EUA Hoje Macau - 4 Mar 2025 A China advertiu ontem que “não cederá a pressões” e acusou os Estados Unidos de utilizarem as taxas alfandegárias como instrumento político, no meio de uma escalada da guerra comercial entre as duas potências. “A China não tolera a hegemonia nem a intimidação. Se os EUA insistirem em tácticas de pressão máxima contra a China, escolheram o adversário errado”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa. Os Estados Unidos puseram ontem em vigor taxas adicionais de 20 por cento sobre todos os bens oriundos da China. Pequim retaliou com taxas de até 15 por cento sobre produtos agroalimentares norte-americanos, incluindo soja, trigo e carne de vaca (ver texto secundário). Lin afirmou que “os Estados Unidos impõem taxas para desviar a atenção dos seus próprios problemas internos”. De acordo com o porta-voz, estas medidas “não resolverão os desafios dos EUA, mas prejudicarão a cooperação bilateral em sectores-chave, como a tecnologia”. Apesar da escalada das tensões, o porta-voz disse que Pequim continua empenhada no diálogo, mas sublinhou que este deve ser feito “com base na igualdade e no respeito e benefício mútuos”. “Se os EUA querem realmente resolver os seus problemas, devem encetar negociações sérias”, acrescentou.
Pequim mantém objectivo de colocar astronautas na Lua antes do final de 2030 Hoje Macau - 4 Mar 2025 O programa chinês de exploração lunar tripulada está a progredir e mantém o objectivo de colocar astronautas no satélite natural da Terra antes do final de 2030, disse ontem a Agência Espacial de Missões Tripuladas da China. Em comunicado, a agência afirmou que os principais componentes do projecto estão a progredir de acordo com o calendário previsto. Isto inclui o foguetão de carga pesada “Longa Marcha 10”, a nave espacial tripulada “Mengzhou”, o módulo de aterragem lunar “Lanyue”, o fato lunar “Wangyu” e o veículo espacial “Tansuo”. Todos se encontram na fase de desenvolvimento de protótipos preliminares, estando os trabalhos de conceção a decorrer de acordo com o calendário previsto, lê-se na mesma nota. Paralelamente, as autoridades iniciaram a construção de novas infra-estruturas no Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na província insular de Hainan, no sul do país. As instalações incluem sistemas de teste e de lançamento, bem como equipamento terrestre para o controlo da missão. Os planos de concepção já foram aprovados e os trabalhos estão prestes a começar, segundo o comunicado. O programa de exploração lunar tripulada da China prevê dois lançamentos do “Longa Marcha 10” a partir de Wenchang para colocar o módulo “Lanyue” e a nave espacial “Mengzhou” na órbita lunar. Uma vez posicionados, os dois elementos acoplar-se-ão no espaço. Dois astronautas serão então transferidos para o módulo lunar, que descerá à superfície lunar com uma aterragem assistida por motor. Durante a sua estadia na Lua, a tripulação utilizará a sonda “Tansuo” para realizar actividades científicas e recolher amostras. No final da missão, regressarão ao módulo “Lanyue”, que os levará de volta à nave espacial “Mengzhou” em órbita, após o que farão a viagem de regresso à Terra. Plano delineado As autoridades do programa espacial seleccionaram a sua quarta geração de astronautas, que já estão a treinar para as operações de aterragem e exploração lunar, segundo o comunicado. A missão Chang’e 7 deverá atingir o polo sul lunar em 2026, onde procurará depósitos de gelo de água, enquanto a Chang’e 8, em 2028, explorará possíveis utilizações para os recursos descobertos pela sua antecessora e lançará as bases para a exploração tripulada em 2030. A China investiu fortemente no seu programa espacial e conseguiu aterrar com sucesso a sonda Chang’e 4 no lado mais distante da Lua – a primeira vez que tal foi conseguido – e chegou a Marte pela primeira vez, tornando-se o terceiro país – depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética – a “atracar” um robô no planeta vermelho.
China | Impostas taxas adicionais de até 15% sobre principais produtos agrícolas dos EUA Hoje Macau - 4 Mar 2025 A China anunciou ontem a imposição de taxas alfandegárias adicionais de até 15 por cento sobre as importações dos principais produtos agrícolas dos Estados Unidos, incluindo frango, carne de porco, soja e carne de vaca. As taxas, que foram anunciadas pelo Ministério do Comércio, deverão entrar em vigor a partir de 10 de Março e seguem-se à ordem do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar as taxas sobre as importações de produtos chineses para 20 por cento em todos os sectores, desde ontem. As importações de frango, trigo, milho e algodão cultivados nos Estados Unidos enfrentarão uma taxa extra de 15 por cento, informou o ministério. As taxas sobre o sorgo, a soja, a carne de porco, a carne de vaca, os produtos do mar, as frutas, os legumes e os produtos lácteos serão aumentados em 10 por cento, acrescentou. Na passada sexta-feira, o Ministério do Comércio chinês expressou em comunicado a “firme oposição” aos planos dos EUA, acrescentando que a China afirmou “repetidamente” que “as taxas unilaterais violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e “prejudicam o sistema comercial multilateral”. Troca de argumentos Trump comprometeu-se a impor uma taxa adicional de 10 por cento à China – já tinha anunciado 10 por cento anteriormente – com o argumento de que o país não fez esforços suficientes para combater a entrada de fentanil nos Estados Unidos. O ministério chinês do Comércio afirmou que “a China é um dos países com as políticas de controlo de drogas mais rigorosas e abrangentes do mundo” e que tem cooperado activamente nesta questão com todas as nações do mundo, “incluindo os Estados Unidos”. Trump fez depender as taxas de “progressos” na luta contra o tráfico de fentanil, anunciando também taxas de 25 por cento contra o México e o Canadá. “As drogas estão a vir do México e muitas delas estão a vir da China; não todas, mas muitas delas estão a vir da China”, disse. Na primeira presidência de Trump, o chefe de Estado norte-americano manteve uma relação tensa com Pequim, impondo várias rondas de taxas sobre bens oriundos da China, às quais o país asiático respondeu com taxas sobre as exportações dos EUA.
China | Orçamento militar é ‘prato forte’ da sessão anual do órgão legislativo máximo Hoje Macau - 4 Mar 2025 A Assembleia Popular Nacional arranca hoje, e decorre até 11 de Março, contando com a presença de 3.000 delegados. O reforço do orçamento da Defesa deverá ganhar um novo impulso este ano, face aos desenvolvimentos internacionais que cada vez mais promovem o clima de insegurança A China deve anunciar hoje o orçamento militar para 2025, na abertura da sessão anual do órgão máximo legislativo do país, numa altura em que os Estados Unidos propõem um acordo para redução das despesas com a Defesa. Os analistas consideram que o mais provável é que os gastos com as forças armadas continuem a aumentar, à semelhança do que tem acontecido nas últimas décadas. Pequim argumenta que os aumentos são “apropriados e razoáveis” e visam enfrentar “desafios complexos de segurança” e insiste que a sua modernização militar “não constitui uma ameaça para nenhum país”. Nos últimos anos, as despesas de Pequim com as suas forças armadas estabilizaram em taxas de crescimento anuais de cerca de 7,2 por cento do orçamento do Estado chinês. No ano passado, esse valor ascendeu a 1,67 biliões de yuan. Os analistas acreditam, no entanto, que a despesa real da China com a Defesa é significativamente mais elevada do que a anunciada no orçamento oficial. “Se se desviarem significativamente dessa taxa de crescimento de cerca de 7 por cento, seja acima ou abaixo dela, penso que isso será significativo”, escreveu Brian Hart, director-adjunto e membro do grupo de reflexão norte-americano Center for Strategic and International Studies (CSIS). “Também acho que será significativo se virmos os funcionários [chineses] abandonarem as afirmações de longa data de que as despesas com a Defesa estão ligadas ao crescimento do PIB. Não prevejo que eles mudem estas coisas, mas são certamente aspectos a ter em conta”, apontou. Músculo protector Além de possuir o maior exército permanente do mundo, a China tem a maior marinha e recentemente lançou o seu terceiro porta-aviões. O país possui uma enorme reserva de mísseis, caças, navios de guerra capazes de lançar armas nucleares, navios de superfície avançados e submarinos movidos a energia nuclear. Por outro lado, a China tem uma base militar em Djibuti, no Corno de África, e modernizou a base naval de Ream, no Camboja, que lhe oferece uma presença semipermanente no Golfo da Tailândia, de frente para o disputado mar do Sul da China. Sobre as declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que propôs a realização de uma cimeira com o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente russo, Vladimir Putin, para negociar uma redução nos orçamentos de Defesa das três grandes potências, Pequim contrapôs que Washington deve assumir a iniciativa. “Uma vez que apela à ‘América primeiro’, Trump deve tomar a iniciativa de reduzir as despesas militares”, respondeu o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun, em conferência de imprensa. “A despesa limitada da China com a Defesa é inteiramente necessária para salvaguardar a soberania nacional, a segurança e os seus interesses de desenvolvimento, bem como para proteger a paz mundial”, apontou. A Assembleia Popular Nacional, cuja sessão anual decorre até 11 de Março, é composta por cerca de 3.000 delegados, entre os quais uma representação das Forças Armadas. Os delegados não são, porém, eleitos por sufrágio directo, e o “papel dirigente” do Partido Comunista Chinês é “um princípio cardial”.
Busan | Pyongyang condena visita de porta-aviões norte-americano Hoje Macau - 4 Mar 2025 A Coreia do Norte condenou ontem a visita a Busan, na Coreia do Sul, do porta-aviões nuclear norte-americano USS Carl Vinson, considerando a manobra uma “provocação política e militar”. “As manobras cruéis dos Estados Unidos para o confronto [com a Coreia do Norte] intensificaram-se em Março com o aparecimento do Carl Vinson na Península Coreana”, apontou Kim Yo Jong, irmã do líder Kim Jong Un, segundo a agência noticiosa oficial KCNA. “Desde a chegada do novo Governo este ano, os Estados Unidos aumentaram as provocações políticas e militares” contra a Coreia do Norte e “deram continuidade à política hostil do antigo Governo”, acrescentou Kim Yo Jong, uma das principais porta-vozes do regime uma das principais porta-vozes do regime. O USS Carl Vinson, navio-chefe de um grupo de ataque sediado em San Diego, na Califórnia, chegou a Busan no domingo para uma visita prevista para domingo, de acordo com a Marinha dos EUA. “A visita a Busan demonstra o compromisso dos Estados Unidos com a região, fortalecendo as relações com a liderança da República da Coreia e com a população local”, detalhou a força norte-americana, em comunicado. O porta-aviões deverá participar nos exercícios anuais conjuntos “Freedom Shield” com a Coreia do Sul dentro de alguns dias. A cooperação militar entre Seul e Washington é regularmente condenada por Pyongyang, que a considera destinada a invadir o seu território e frequentemente retalia com testes de mísseis. Kim Yo Jong criticou “a política hostil dos Estados Unidos”, que, segundo ela, constitui “justificação suficiente (para a Coreia do Norte) fortalecer indefinidamente a sua força de dissuasão nuclear”. A Coreia do Norte justifica o seu programa de armas nucleares pelas ameaças que diz enfrentar por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados.
Japão | Rejeitadas afirmações de Trump sobre moeda Hoje Macau - 4 Mar 2025 As ameaças de Trump de impor tarifas adicionais ao Japão levaram a um desmentido do governo nipónico sobre o enfraquecimento propositado do iene O Governo japonês rejeitou ontem as acusações feitas segunda-feira pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o Japão está a desvalorizar a sua moeda, afirmando que está em estreita comunicação com Washington sobre essas questões. “Não estamos a adoptar uma política para enfraquecer a nossa moeda. Se se lembrarem das nossas intervenções no mercado cambial nos últimos anos, compreenderão o que quero dizer”, afirmou o ministro das Finanças, Katsunobu Kato, numa conferência de imprensa após os comentários do Presidente norte-americano. O porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, também negou que Tóquio esteja a seguir uma política de controlo cambial e disse que “as questões cambiais continuarão a ser objecto de consultas estreitas” entre Kato e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, como tem acontecido desde a cimeira entre Trump e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, em Washington, a 10 de Fevereiro. Os comentários do Governo japonês surgem horas depois de Trump ter ameaçado impor tarifas adicionais ao Japão e à China, alegando que estes países desvalorizam propositadamente as suas moedas para tirar partido dos benefícios comerciais que a desvalorização cambial oferece. “É injusto para nós”, os Estados Unidos, disse Trump, garantindo que a forma de enfrentar uma situação destas “é fácil, [é] com tarifas”. Reverso da moeda O Banco do Japão (BoJ) manteve uma política monetária de depreciação cambial durante mais de uma década para tentar manter a inflação em torno do seu objectivo estável de 2 por cento, provocando uma forte desvalorização do iene em relação a outras moedas, especialmente o dólar norte-americano e o euro. A desvalorização do iene contribuiu para inflacionar os lucros das empresas e o valor das exportações nacionais, além de ter alimentado o ‘boom’ do turismo. Nos últimos anos, porém, o Japão interveio várias vezes no mercado cambial para conter desvalorizações acentuadas do iene, reflectindo a divergência de políticas monetárias entre o Japão e os Estados Unidos. Desde que Kazuo Ueda se tornou governador do BoJ em 2023, o banco central japonês entrou num ciclo de subida das taxas, mas o iene continua fraco. Os comentários de Trump levaram a uma súbita valorização do iene em relação ao dólar, que nas horas anteriores tinha sido negociado na faixa alta de 148 unidades por dólar, antes de se recuperar para 149 unidades.
A hora do diabo Amélia Vieira - 4 Mar 2025 Por incrível que pareça é um conto de Fernando Pessoa em folhas soltas não datadas que em boa hora chegou à Biblioteca Nacional e foi estruturado e numerado para que tivéssemos uma janela de conhecimento atento e renovado deste pensamento modelar. Quanto ao título, é sempre de cariz contemporâneo e de carácter permanente. Estamos a atravessar um tempo assim com características dinâmicas, surtos de inequívoca falta de lucidez e diminuição dos níveis de discernimento onde empoderamentos vários atiram os diálogos, as vozes, e conceitos de civilidade para patamares que não são mais que danações. Em assuntos de seriedade máxima temos sempre os grandes poetas, e nessa fonte clara, poderemos saber do ontem, hoje e amanhã, enquanto nos encontrarmos por cá em sucessivas vagas de encantamentos e flagrantes repetições a um vínculo demasiado telúrico que parece sempre sobrepor-se à transformação para um mais alto patamar de consciência. As lacunas que precisam ser corrigidas a um texto assim, faz de quem o trabalhou um verdadeiro «chef d´ouvre” algumas páginas são manuscritas, outras não, o título passa de «Hora» para «Noite» e nalguns casos folhas não encimadas requerem enquadramento vigilante para não danificar nenhuma alusão ao seu carácter de mensagem, isto para não dizer que passar de uma língua para a outra em arcaísmos consideráveis, pode ser de facto um processo imerso em pura filigrana para que nada fique de fora. Talvez que estes grandes poetas se abstenham de arrumar e compilar bem os seus dados, e na imersão de uma criatividade que os supera, deixem, e muito bem, para outros, o trabalho burocrático da retificação. Se acorda, se não acorda, se se transforma, é aptidão logística, mas escapar ao fluxo criativo, inventivo, e neste caso, visionariamente perene e repleto de analogias civilizadoras, seria um mecanismo menor estar-se agarrado a uma qualquer consequência métrica. Talvez estejam ébrios, desligados, opiados, na busca da ideia em caracteres vários, sempre imperfeitos e irregulares, e mesmo assim, e passe as incongruências, a língua para ser entendida só deveria ser trabalhada por poetas. O que mais se assemelha a esta “fila do pão” que o Diabo amassou, é uma antiga correspondência ao Mago Merlim, que ao não ser aludido, mesmo assim se encontra presente ao longo de todo este trajecto, um acontecimento que se produz na rua do Carmo onde por si mesmo está distante de uma qualquer fantástica existência, mas onde o Diabo resolveu para não morrer de tédio abordar uma jovem lisboeta, ter com ela uma interessante conversa, e mais tarde, quem sabe, por obra do Espírito Santo, ela engravidasse sem que aparentemente se tivesse passado nada. Neste encontro, o púdico Diabo, crê já a ter encontrado grávida, mas o embrião revolvera-se e despojar-se-ia talvez de um inútil marido dessa Maria, para ser filho de um transeunte enigmático: de facto, essa mãe sempre estivera como as suas palavras o proferiram, na presença de um cavalheiro. E retorquiu-lhe ainda o viajante «que homem pousou sobre teus seios aquela mão que foi minha? que beijo te deram que fosse igual ao meu? nas tardes de sonhar, não viste passar, no fundo dos teus sonhos, uma figura velada e rápida, a que te daria toda a felicidade, a que te beijaria indefinidamente? Era eu» Todo este trajecto numa noite de Estio em uma cidade pacata, olhamos apenas para o reflexo da alma de um condenado com um labor inigualável para o encantamento, uma disciplina vigorosa, e um erotismo transbordante. Seguimo-lo de perto como se de um sonho se tratasse na voz do filho que mais tarde se recordaria entre mundos de o haver escutado, como se o verbo que pronunciara se tivesse feito carne. E porque são estilhaços Do ser, as coisas dispersas Quebro a alma em pedaços E em pessoas diversas. Um testemunho bem mais requintado que a «Metamorfose» de Kafka, e longamente sentido como estranha confissão. A nossa heroína é no entanto a grande criatura, quando volvendo para ele os olhos marejados lhe disse: – Sabe? Tenho pena de si- Eu também. É de facto uma obra que só um homem pode escrever.
Finlândia | MNE adverte EUA para risco de Rússia violar acordos na Ucrânia Hoje Macau - 4 Mar 2025 A ministra dos Negócios Estrangeiros finlandesa, Elina Valtonen, avisou ontem que os EUA serão julgados pelo que fizerem se a Rússia desrespeitar um acordo de paz negociado entre Washington e Moscovo para a guerra na Ucrânia. “A nossa mensagem aos nossos amigos na América é que a história nos julgará pelos desenvolvimentos após a assinatura do acordo, e não apenas pelo momento em que qualquer possível acordo está a ser assinado”, afirmou, a propósito da suspensão da ajuda militar dos Estados Unidos a Kiev. O Presidente norte-americano, Donald Trump, determinou na segunda-feira a suspensão do apoio militar à Ucrânia, que combate a invasão russa, na sequência da altercação durante a visita, na semana passada, do homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca. Durante um evento no centro de estudos britânico Chatham House, em Londres, Valtonen criticou a estratégia da administração Trump de “apaziguar na prática a Rússia e exercer alguma pressão sobre a Ucrânia” para forçar negociações de paz. “Na minha opinião pessoal, deveria ser exactamente o contrário. Mas estou certo de que, e confio que o Presidente Trump e a sua equipa se aperceberão, a seu tempo, de que isto provavelmente não funciona”, advertiu. A chefe da diplomacia finlandesa lamentou que, “infelizmente, a experiência que temos na Europa é que, especialmente durante o regime de Putin, eles [russos] não estão dispostos a aceitar quaisquer compromissos”. Como exemplo, referiu a invasão russa da Geórgia em 2008, a anexação da Crimeia em 2014 e de território no leste da Ucrânia e o desrespeito pelos acordos de Minsk, que previam um cessar-fogo. “A Rússia partilha uma fronteira terrestre com 14 países. Apenas um deles se manteve constantemente como uma democracia independente durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, e esse país é a Finlândia. A história ensinou-nos que a Rússia só respeita a força e a determinação”, argumentou.
China | Relações com Europa não dependem de terceiros Hoje Macau - 4 Mar 2025 A China declarou ontem atribuir “grande importância” à relação com a Europa, destacando que esta “não é subjugada por terceiros”, numa referência velada aos Estados Unidos, face às incertezas suscitadas pelo regresso de Donald Trump à Casa Branca. “A China e a Europa são forças construtivas para a paz”, disse o porta-voz da Assembleia Popular Nacional (APN) da China, Lou Qinjian, em conferência de imprensa, antes de pedir a ambas as partes que “não permitam” que os seus laços “sejam afectados por acontecimentos temporários”. Defendendo que a China e a Europa podem ser “parceiros que contribuem para o sucesso um do outro” e que se “complementam em muitas áreas”, Lou Qinjian disse que as relações comerciais “não só impulsionam o crescimento económico de ambos, como também proporcionam estabilidade às cadeias de abastecimento industrial a nível mundial”. O porta-voz afirmou que o seu país “está pronto a trabalhar com a Europa” para “enfrentar conjuntamente os desafios globais”, “opor-se ao unilateralismo e ao proteccionismo” e “impulsionar os laços bilaterais numa boa direcção”. Na véspera da abertura da sessão anual da APN, o órgão máximo legislativo da China, Lou afirmou que as relações “estáveis e seguras” entre a China e a Europa “servem os interesses fundamentais e a longo prazo de ambas as partes” e satisfazem “as expectativas da comunidade internacional”. No bom caminho Nas últimas semanas, alguns analistas apontaram a possibilidade de maior aproximação entre a China e a Europa, face aos desentendimentos entre continente e os Estados Unidos, após o regresso de Trump à Casa Branca, embora persistam atritos comerciais significativos entre Bruxelas e Pequim, em torno de questões como os veículos eléctricos chineses, sobre os quais a União Europeia (UE) impôs taxas alfandegárias adicionais no ano passado. Na próxima semana, no encerramento da sessão plenária da APN, deve ser aprovada a primeira lei específica de apoio ao sector privado do país asiático, que visa aumentar a confiança das empresas e incentivar o investimento, com medidas como a proibição de multas excessivas ou a promessa de igualdade de condições face às empresas públicas no acesso ao mercado. Na segunda-feira, a Câmara de Comércio da União Europeia na China manifestou esperança de que Pequim aplique “plenamente” medidas para optimizar o ambiente empresarial e atrair o investimento estrangeiro durante o evento político.
Ucrânia | Pequim evita comentar a reunião Trump-Zelensky Hoje Macau - 4 Mar 2025 A China reafirmou ontem a sua posição sobre a guerra na Ucrânia e evitou comentar o tenso encontro entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, na passada sexta-feira. Questionado em conferência de imprensa sobre as declarações de Trump, que acusou Zelensky de arriscar a Terceira Guerra Mundial e de não estar pronto para a paz, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático, Lin Jian, limitou-se a salientar que “a China vai continuar a desempenhar um papel construtivo na procura de uma solução política para a crise na Ucrânia”. Quando questionado novamente sobre a reunião em Washington, o porta-voz reiterou a mesma resposta e acrescentou que a China “não é nem o criador da crise na Ucrânia nem parte envolvida no conflito”. Pequim apoia “todos os esforços que visam uma resolução pacífica” e espera que as partes em conflito encontrem “uma solução sustentável e duradoura que responda às suas respectivas preocupações”, realçou. Desde o início da guerra na Ucrânia, a China manteve uma posição ambígua em relação ao conflito, apelando ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção pelas “preocupações legítimas de todos os países”, numa referência à Rússia. Pequim opôs-se a sanções unilaterais contra Moscovo e apelou ao “desanuviamento e a uma solução política”. No entanto, o Ocidente acusou a China de apoiar a campanha militar da Rússia, algo que o país asiático sempre negou. A China tem enviado representantes diplomáticos para a região e apresentado iniciativas de paz, como o plano que elaborou com o Brasil, no ano passado, que não incluía a retirada das tropas russas e foi rejeitado por Kiev.
EUA | Pequim adverte que vai retaliar aumento de taxas Hoje Macau - 4 Mar 2025 A China advertiu ontem que vai tomar “todas as medidas necessárias” para defender os seus interesses, em resposta às taxas alfandegárias que os Estados Unidos planeiam implementar a partir de hoje. “A China opõe-se firmemente à decisão dos Estados Unidos de impor mais taxas sob o pretexto de alegadas ameaças à sua segurança”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa. “Tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os nossos interesses legítimos”, acrescentou. O porta-voz acusou Washington de “politizar questões económicas e comerciais” e disse que “numa guerra comercial não há vencedores”. “As acções dos EUA minam a cooperação económica normal e prejudicam a sua própria economia e credibilidade internacional”, disse Lin. Pequim também avisou ontem que “tentar desacreditar e confrontar a China não trará qualquer benefício para as relações bilaterais” e instou os EUA a regressar ao “caminho correcto do diálogo e da cooperação com base no respeito mútuo”. “Uma mentira, por mais vezes que seja repetida, nunca se tornará verdade”, concluiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. As tensões comerciais entre as duas potências voltaram a intensificar-se nos últimos dias, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado um novo aumento de 10 por cento das taxas sobre produtos chineses, para além dos 10 por cento já aplicados recentemente.
Japão | Maior incêndio em três décadas continua activo Hoje Macau - 4 Mar 2025 O maior incêndio florestal do Japão em três décadas já consumiu 2.100 hectares e mantém-se activo em Ofunato, província de Iwate, estendendo-se a uma floresta e arredores de bairros próximos da cidade de Sanriku. Perante a propagação do incêndio, a cidade emitiu novas ordens de evacuação às 07:00 locais de ontem, afectando 1.197 pessoas, que foram transferidas para 12 centros. “Estamos a trabalhar para extinguir [o fogo] o mais rapidamente possível, procurando ao mesmo tempo a segurança dos residentes”, afirmou ontem o porta-voz do Governo, Yoshimasa Hayashi, numa conferência de imprensa. A agência nacional japonesa de gestão de incêndios e catástrofes apelou este domingo aos bombeiros de todo o país para a união de esforços no combate ao fogo e, especialmente, no impedimento da “propagação do fogo na área dos residentes”, acrescentou Hayashi. Cerca de 1.700 bombeiros de 453 departamentos do arquipélago participam na operação, apoiando a força local no terreno e no ar, com helicópteros das Forças de Auto-Defesa. Desde o início do incêndio, na passada quarta-feira, foi confirmada, pelo menos, uma morte e o número de casas destruídas ascende a 84, mas as autoridades prevêem que os números aumentem quando for possível avaliar a verdadeira dimensão da catástrofe, uma vez que os esforços de combate ao fogo estão actualmente a ser priorizados. Más memórias A costa sul da província de Iwate, onde se situa a cidade de Sanriku, está em alerta de tempo seco desde 18 de Fevereiro, um fenómeno que favoreceu a propagação das chamas. O observatório meteorológico local previa a manutenção do tempo seco esta segunda-feira, embora as temperaturas tenham passado de quentes e primaveris, durante o fim de semana, para uma descida acentuada. O incêndio florestal, o maior no país desde há mais de três décadas, está a suscitar, entre os residentes, memórias do terramoto e do tsunami de 11 de Março de 2011, que devastaram a costa de Ofunato, fazendo mais de 500 mortos e desaparecidos, e destruindo um grande número de casas e edifícios. “É como se o tsunami viesse pela frente e o fogo por detrás”, descreveu um homem de 70 anos que viveu o terramoto de 2011, em declarações à estação pública de televisão NHK.
Aperfeiçoar a economia de Macau (II) David Chan - 4 Mar 2025 A semana passada, analisámos a questão de se encaminhar os visitantes das tradicionais atracções turísticas para as zonas comunitárias, aumentando assim as receitas do comércio local nas áreas onde os residentes vivem o seu dia a dia. Desta forma, mais pessoas poderiam beneficiar do consumo dos turistas e o número de lojas encerradas poderia ser reduzido. Para que este plano seja bem-sucedido, devemos começar a receber concertos e a criar carreiras de autocarros turísticos entre as salas de espectáculos e as áreas turísticas comunitárias. Os organizadores dos concertos terão de assinar contratos com os artistas. Se houver mais do que um artista a actuar deve assinar-se contratos com cada um deles. A sociedade de Macau deve decidir se os autocarros serão cedidos pelas empresas de transportes locais ou por outras empresas. A empresa que ficar encarregue deste serviço deve decidir se as viagens serão ou não gratuitas. Com os autocarros turísticos a fazerem a ligação entre os locais dos concertos e as áreas de turismo comunitário, os turistas podem facilmente ser transportados. Como já mencionámos, estes locais situam-se nas zonas onde os residentes vivem o seu dia a dia. Originalmente, estes locais não eram considerados turísticos. Portanto, a primeira tarefa é atrair turistas para estas zonas e a segunda é levá-los a fazer compras nas lojas locais. Esta segunda questão terá de ser abordada e resolvida pelos comerciantes interessados. A maior parte dos produtos que se encontram nas lojas de Macau vêm de Zhuhai, de Zhongshan e de outros locais. Actualmente, a maioria dos turistas que visitam Macau e Hong Kong provêm do Interior da China. Se encaminharmos turistas vindos da Área da Grande Baía para as zonas comunitárias e esperarmos que façam compras nas lojas locais não teremos grande êxito porque os produtos que aí se encontram à venda estão disponíveis nas cidades onde residem. Além disso, esses produtos são mais caros em Macau do que na Área da Grande Baía e ninguém vai querer comprar por preços mais altos o que pode comprar mais barato. É preciso não esquecer que desde que começou o movimento conhecido como “os carros que se dirigem para Norte”, ou seja, a deslocação em massa dos residentes de Macau para fazer compras nas cidades próximas do Interior da China, o consumo local caiu significativamente. Este foi também um dos motivos da redução do consumo local. Não é surpreendente que a queda no consumo tenha resultado no encerramento de várias lojas que ficaram incapacitadas de pagar os alugueres. Só existe uma forma de resolver o problema de os residentes saírem da cidade para fazer compras e também de levar os turistas do Interior da China a consumirem nas áreas comunitárias, e isso passa por ter produtos de maior qualidade, inovar e ter coragem para procurar a mudança. Existe um famoso restaurante de hot pot na China continental. Quando abriu, não passava de uma pequena loja desconhecida. Mais tarde, à medida que o negócio floresceu, foram abrindo cada vez mais sucursais. O restaurante de hot pot foi diversificando a sua oferta e passou a vender os seus produtos em supermercados, embalados em caixas de plástico que continham tudo o que era necessário para aquecer as refeições. Era um “hot pot portátil”. Os clientes podem adquirir a refeição sem terem de se deslocar ao restaurante. Além disso, quando as pessoas vão aos restaurantes de hot pot ficam impregnadas com um forte odor proveniente das refeições. Esta cadeia criou um serviço de lavagem da cabeça para que o odor desapareça. Todos estes serviços têm a ver com “inovação”. Em gestão, existe uma teoria que defende a inovação das empresas. Se a nossa empresa estagnar, mas os nossos concorrentes evoluírem, significa que os outros mudam enquanto nós não. Se o nosso concorrente for melhor, nós seremos eliminados. Para além de procurar corajosamente a mudança, o tipo de produtos vendidos deve também ser ajustado. Os turistas da área da Grande Baía não compram facilmente produtos que podem adquirir em casa. No entanto, se os produtos vendidos nas lojas de Macau tiverem elementos portugueses que representem a fusão cultural de Macau, tornar-se-ão mais atractivos. Produtos fabricados pelos jovens de Macau, como malas de mão e T-shirts, reflectem a mentalidade da juventude local e são um símbolo da sua forma de estar na vida, que é precisamente o que os adeptos do turismo imersivo procuram. Muitos dos imanes para frigoríficos vendidos nas lojas representam locais turísticos de Macau. E se em vez disso passássemos a fazer imanes com especialidades de Macau? Quando os turistas virem estas imagens nos seus frigoríficos vão naturalmente lembrar-se do tempo que passaram em Macau. Vão voltar a evocar estes sabores e reavivar as suas memórias, que estarão sempre frescas. Para resumir, criar uma carreira de autocarros especial para levar o público dos concertos a consumir nas zonas comunitárias é uma estratégia que vale a pena tentar. Mas é essencial que as lojas destas zonas tenham a coragem de mudar e disponibilizarem produtos e serviços únicos e de boa qualidade. Só desta forma o comércio pode verdadeiramente beneficiar da visita dos turistas. O consumo dos turistas nas lojas das zonas comunitárias é particularmente importante. Este consumo representa receitas para as lojas. À medida que estas receitas aumentarem, os impostos que pagarão ao Governo também irão aumentar. O Governo de Macau pode ter mais receitas criando novos impostos. Desta forma, podemos desfrutar dos benefícios de “um visto para fins múltiplos”. Neste sentido, toda a sociedade de Macau pode lucrar. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.
Jovem timorense quer ser o melhor chef e expandir culinária do país Hoje Macau - 4 Mar 2025 O timorense Melquirudi da Cunha começou a cozinhar com a mãe e hoje tenta concretizar o sonho de ser o melhor chefe de cozinha de Timor-Leste e promover a gastronomia tradicional do seu país no mundo. O jovem, de 19 anos, estuda culinária no centro de formação da Agência de Desenvolvimento de Timor-Leste (ETDA), onde, disse à Lusa, “ganhou mais interesse e paixão pela gastronomia”. Foi através daquele centro de formação que Melqui, diminutivo pelo qual é conhecido, representou o país na competição internacional de jovem cozinheiro, que decorreu no início de Fevereiro na Índia, acompanhado do seu mentor, Marcelino Freitas. “Embora Timor-Leste não tenha alcançado uma classificação elevada, aprendemos muitas coisas. Como gerir melhor o tempo, utilizar ingredientes de forma adequada e a apresentar pratos corretamente”, explicou Melqui. “Aprendi também muito com a troca de experiências com chefes de outros países e destaquei os pratos tradicionais de Timor-Leste para promover os produtos do nosso país a nível internacional”, salientou o jovem. À Índia, Melqui levou um pudim de café de Timor-Leste, considerado um dos melhores do mundo, e “kulu bafa”, fruta pão cozinhada com óleo de coco, um prato tradicional do município de Baucau. “Ficaram impressionados com o sabor e o com o facto de nunca as terem experimentado antes”, disse. O jovem, que quer ser um dos “melhores chefes de cozinha de Timor-Leste”, pretende também promover a gastronomia do país e os seus pratos tradicionais como o “tukir”, cabrito cozinhado em tronco de bambu, e “saboko”, peixe picante. Problemas nutricionais Apesar de uma cozinha rica e nutritiva, dados do Programa Alimentar Mundial referem que 47 por cento das crianças no país com menos de 5 anos estão com o crescimento comprometido, 8,6 por cento sofrem de desnutrição aguda e 23 por cento das mulheres em idade reprodutiva (entre os 15 e 49 anos) têm anemia. Questionado sobre as razões para os timorenses não fazerem uma alimentação saudável, o mentor e chef de cozinha Marcelino Freitas disse que uma das razões é cada vez mais consumirem produtos importados, em vez dos locais. “Se olharmos para as condições e a situação de Timor-Leste vemos que o país está repleto de produtos locais. Falamos de má nutrição em Timor, mas consumimos, na maioria, alimentos importados de outros países, que muitas vezes contêm açúcar e gordura em excesso”, afirmou o cozinheiro e também formador ETDA. “Temos muitos alimentos saudáveis, mas ainda não sabemos utilizá-los correctamente. Por isso, daqui para a frente, é fundamental desenvolver um pensamento mais produtivo”, disse. Segundo Marcelino Freitas, os timorenses têm de comer mais batata-doce, mandioca, e inhame e outros alimentos tradicionais e também aprender a inovar e transformar a forma como se cozinham os alimentos. O formador sublinhou ainda que os produtos locais são ricos em proteínas de qualidade, essenciais para uma alimentação saudável. “O desafio agora é transformar esses alimentos para que sejam mais saudáveis e possam responder às necessidades individuais e comunitárias”, disse, apelando à valorização dos produtos locais para que as pessoas possam ter uma melhor condição física e uma saúde mais equilibrada.
Cinemateca Paixão | Óscares e Coreia do Sul na tela deste mês Andreia Sofia Silva - 4 Mar 2025 “Emília Pérez”, filme com grande presença nos Óscares, e “Mickey 17”, o mais recente do realizador sul-coreano Bong Joon Ho, autor de “Parasitas”, são alguns dos grandes destaques que a Cinemateca Paixão traz para as salas do cinema para este mês Está aí “Encantos de Março”, a habitual escolha mensal de filmes da Cinemateca Paixão. E desta vez há mesmo “grandes encantos”, com o cartaz preenchido com o novo filme do realizador de “Parasitas” e com “Emília Perez”, um dos filmes internacionais que mais nomeações recebeu nos Óscares de Hollywood. “Emília Perez”, protagonizado pela actriz Karla Sofía Gascón, mas também com nomes como Selena Gomez, exibe-se amanhã, domingo, e depois nos dias 12 e 19 deste mês. São várias as oportunidades para ver um filme que também brilhou nos Globos de Ouro, onde arrecadou quatro prémios, incluindo o de “Melhor Filme” nas categorias de musical e comédia. “Emília Perez”, do realizador Jacques Audiard, conta a história de três mulheres mexicanas que se destacam pelas suas profissões e carisma, mas que buscam a sua felicidade. Se “Emília” é líder de um cartel, “Rita” é a advogada que a vai ajudar a fingir a sua própria morte para que possa viver o seu verdadeiro eu, descreve-se na sinopse. De resto, Jacques Audiard é um nome bastante conhecido do cinema francês, tendo sido premiado em vários festivais de cinema e competições. Da Coreia do Sul chega-nos então “Mickey 17”, de Bong Joon Ho, o homem que conseguiu colocar “Parasitas” nas bocas do mundo pela sátira social que representa e pela reviravolta na tela que deixou muitos presos ao grande ecrã. Em “Mickey 17” apresenta-se uma “experiência cinematográfica inovadora” protagonizada por Mickey Barnes, um “herói improvável” interpretado por Robert Pattinson, nome que ficou mais conhecido do grande público com o sucesso da trilogia “Crepúsculo”. Ecrã teatral Destaque ainda, em “Encantos de Março”, para “Prima Facie – National Theatre Live”, exibido nos dias 15, 22, 26 e 30 de Março. Exibido numa tela de cinema, este filme, interpretado e gravado ao vivo no Harold Pinter Theatre, no West End de Londres, mostra uma nova forma de contar histórias. “Prima Facie” conta-nos a história de Tessa, uma advogada de sucesso que subiu na vida a pulso e que tudo faz para jogar o jogo da vida à sua maneira. Porém, a sua vida muda com um acontecimento inesperado, levando-a a estar em confronto interno com a lei e o poder patriarcal, as provas de um caso e questões morais. Justin Martin, realizador inglês de televisão e teatro, é o autor deste projecto. Além de “Encantos de Março”, o público terá ainda oportunidade de assistir a outros ciclos de cinema que já estão na fase final, nomeadamente o que se dedica à actriz Kristen Stewart, com exibições ao longo deste mês. “Heretic”, que conta com Hugh Grant como principal protagonista, e que faz parte da selecção “Encantos de Fevereiro”, ainda pode ser visto esta sexta-feira, 7, e depois na terça-feira seguinte, dia 11. Eis a história mirabolante e aterradora de um homem céptico sobre todas as religiões do mundo que engana duas jovens que pertencem à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.