Data redonda com arestas João Paulo Cotrim - 16 Jan 2019 Horta Seca, Lisboa, 2 Janeiro [dropcap]C[/dropcap]ontagem, agora mesmo que nos fixamos no calendário, na tentativa de melhor o ver. Cem crónicas sem que a dúvida se dissipe: em negro pano de fundo, aquilo que aqui se vem desenhando chega a ser espelho? Horta Seca, Lisboa, 3 Janeiro Mau e frio, este tempo. O [José] Bandeira, há tantas décadas a fazer-nos pensar de sorriso nos lábios, foi posto fora das páginas do Diário de Notícias em silêncio. Merecia suplemento especial, que assinalasse devidamente o seu contributo, mas nem falo nisso; eu, leitor, pedia apenas um obrigado. O [Paulo] Barriga, que fez do Diário do Alentejo um jornal atento e criativo, singular, acaba de ser saneado de modo vil. Ele há frios mais gélidos que outros, que nos encolhem, nos tolhem. Horta Seca, Lisboa, 10 Janeiro Só mesmo Tintim saberia resolver este enigma: Quem é Tintim? O seu nome está algures entre a alcunha e um erro infantil de dicção. Não tem apelido, veio ao mundo despido de família. E de infância: nasce a 10 de Janeiro de 1929, logo como repórter aos quadradinhos do Petit Vingtième, suplemento infantil de um jornal conservador belga que levava o nome do século. Tinha 14 anos. Cinquenta anos mais tarde não passava dos 17. «C’est bizarre, mais c’est comme ça !…», confirmaria, Georges Prosper Remi Remi, o jovem belga que, aos 22 anos e sob o pseudónimo de Hergé, assinava aquele traço tosco que compunha um rosto com três pontos, enquadrados por um pequeno nariz e duas orelhas interrompendo um círculo. A popa era ainda mais cabelo que personalidade. Naquela aventura no País dos Sovietes, a primeira de 23, foi jornalista, mas nunca mais se lhe viu estilo ou texto ou reportagem. Quem é esse, então, risco tosco que, em 1930, Bruxelas em êxtase esperava como se fora herói de carne e osso? Quem foi o único rival confesso do general De Gaulle e inspirador de Warhol e de tanta arte moderna? Quem é esse nome sem sentido que continua a ser pronunciado em mais de 45 línguas e a brilhar na capa de mais de 170 milhões de álbuns de banda desenhada? Quem é esse pseudo-jornalista que desperta vocações e é das figuras da cultura popular mais estudadas? Tintim é perfeito. Destemido e incansável, o seu coração é tão grande como puro. Foi, à razão folhetinesca de duas páginas por semana, colonialista quando a Europa o era, mas nutria simpatia pelos índios pele-vermelha. Procurava a verdade a qualquer custo, o que, está visto, acaba sendo inocência simpática. O seu paternalismo equilibrava-se com forte disponibilidade para o outro. Não deixou nunca de defender os fracos e de combater as injustiças, mas sempre do lado do poder legítimo. No último dos álbuns, Tintim e os Pícaros, o ditador derrotado lamentava-se ao ditador vitorioso por não cumprir a tradição de fuzilar os vencidos, a pedido do nosso herói: «Um idealista, não é?… Infelizmente essa gente não respeita nada! Nem mesmo as mais antigas tradições!», responde-lhe o reposto Alcazar: «Sim, triste época esta…» Uma ironia, está bem de ver, que Tintim foi respeitoso da sua época, embora desconfiado de ideologias. Só um fortíssimo desejo de vergar o mal o fez cruzar a Terra, do Ártico à Indonésia, do Médio Oriente à Suiça, da América do Sul à África Negra, de Chicago ao país dos Sovietes, da China ao Tibete, de países inventados como a Bordúria a uma Lua tão premonitória que até tinha água. E nesse afã aventuroso de salvar amigos usou todos e cada um dos meios de transporte, do avião ao foguetão, embora tenham sido os barcos e o mar palcos especiais. Tornou-se nómada, mas por muito que viajasse, regressaria sempre a um apartamento incaracterístico que, apesar de tudo, não ficava longe do palácio de Moulinsart, onde um tesouro repousava escondido em globo terrestre. O dinheiro não entrou na vida de Tintim, cujos inimigos principais acabaram sendo os capitalistas, maquiavélicos manipuladores de políticos e causadores de guerras, patéticos génios do mal que enriqueciam com o tráfico de armas, drogas ou escravos. Tintim foi perfeito, insisto. Além de corajoso, era atlético e inteligente. Não bebia, nunca fumava, jamais vociferou. Para isso se multiplicaram personagens como o Capitão Haddock, esse iconoclasta senhor de gritante vocabulário, ou os gémeos Dupondt, desastrados e vigilantes, direi mesmo mais, vigilantes desastrados. (Na página, o comentário de Pedro Pousada). Sem sombra de pecado, nenhuma mulher conspurcou o seu mundo moralista, herdeiro dos códigos de honra medievais. Mas o cavaleiro solitário teve uma cadela, Milu, a fox-terrier que falava e tantas vezes o salvou quantas lhe fez perigar a vida? De pouco importava, para Tintim a amizade estava no tecto do mundo. Por ela, amizade, verteu a única lágrima, em Tintim no Tibete, quando julgou que o seu amigo Tchang, que não via desde O Lótus Azul, havia morrido. «Em Tintim pus toda a minha vida», cedia um Hergé de 76 anos, a um par de meses da sua morte, esmagado pelo peso do fenómeno. A perfeição do herói de papel tinha como reverso o humaníssimo percurso do seu autor. Do mesmo modo que a actualidade marcou o ritmo de cada uma das aventuras de Tintim, também a vida de Georges Remi se imiscuiu na obra de Hergé. «Muitos são os pontos que unem Hergé e Tintim», escreve Pierre Assouline, autor de uma biografia, Hergé (ed. Folio, 1998). «A começar pelo principal: são ambos produtos típicos das classes médias. Mas o que os separa é também notável. O repórter mete-se em tudo para o que não é chamado. Tem o carácter, o temperamento, o instinto de Hergé, mas sem as suas ideias. E depois tem um cão, ao passo que Hergé só gosta da companhia dos gatos.» O pensamento de Hergé tem a cor da sua infância: cinzento. Assumindo como divisa «toda a convicção é uma prisão», tratava-se de uma moral que misturava em doses iguais o espírito cavalheiresco, o gosto da acção e o sentido de humor, valores de um escutismo bem comportado, mas individualista, atento ao mundo, mas preconceituoso, cheio de generosidade ingénua e misógina virilidade. Para Hergé, mestre da «linha clara», a lisura há-de ser sinónimo de limpeza. Ora todo o homem, e o século XX encarregou-se de o escrever em sangue, tem os seus lados obscuros. George Remi enfrentou os seus demónios com a ajuda de figuras tutelares. Wallez, o padre reacionário e truculento, que se achava co-autor de Tintim, marca o período da formação. Tchang, o artista-estudante que lhe mudará a vida ao apresentar-lhe o Oriente espiritual e artístico é a do período (vermelho) da maturidade, que corresponde a’ O Lótus Azul. A descoberta, em Fanny, da mulher-amante, que o faz divorciar-se, marca um período depressivo (branco) de Tintim no Tibete. E ergueu uma obra, apesar dos seus tabus, fossem eles a dúvida acerca da identidade do seu avô paterno; ou a sua má relação com crianças e incapacidade física para ter filhos; as suas longas e profundas depressões na fase final da vida, ou o período do colaboracionismo na imprensa pró-alemã durante a Segunda Grande Guerra. De todos, talvez seja este o mais discutido, quando se limitou a sobreviver com algum oportunismo, obedecendo, afinal, à… amizade.
Missão chinesa faz brotar semente de algodão na Lua Hoje Macau - 16 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] missão espacial chinesa conseguiu fazer brotar uma semente de algodão na lua, informou ontem a imprensa estatal, num feito inédito, alcançado pelo Chang’e 4, a primeira sonda a aterrar do lado oculto da Lua. Segundo uma equipa de cientistas da Universidade de Chongqing, sudoeste da China, trata-se da primeira “mini experiência” na biosfera realizada com sucesso por um satélite. A sonda Chang’e 4, que é o nome da deusa chinesa da Lua, pousou na Lua, em 3 de Janeiro, e levou sementes de algodão, colza, batata, ovos de mosca da fruta e algumas leveduras, visando criar uma “mini biosfera simples”, segundo a agência oficial chinesa Xinhua. As imagens enviadas pelo Chang’e 4 mostram uma semente de algodão a brotar. Não é um feito simples: as temperaturas na superfície lunar podem exceder os 100 graus Celsius, durante o dia, e 100 negativos, durante a noite, para além de maior radiação solar e uma gravidade menor do que na terra. Citado pelo jornal South China Morning Post, o cientista chinês Xie Gengxin, encarregue pela experiência, afirmou que a sua equipa desenhou um recipiente capaz de manter a temperatura entre 1 e 30 graus, permitindo a entrada de luz natural, água e nutrientes. O fabrico do referido dispositivo, um cilindro de alumínio com 18 cm de altura e 16 de diâmetro, e que pesa 3 quilos, custou mais de 10 milhões de yuan. As primeiras plantas a germinar no espaço foram flores zínias, na Estação Espacial Internacional, em 2016. A China anunciou na terça-feira a sua intenção de continuar a expandir o seu programa de exploração do espaço, com o objectivo de colectar amostras na Lua, durante este ano, e em Marte, em 2020.
MGM Cotai | Esculturas de Ju Ming até 7 de Abril Hoje Macau - 16 Jan 2019 [dropcap]F[/dropcap]oi inaugurada esta segunda-feira uma exposição no MGM Cotai que apresenta as esculturas do artista Ju Ming, e que estará patente até 7 de Abril. De acordo com um comunicado divulgado pela operadora de jogo, as 40 peças em exposição revelam “a busca de Ju Ming pelas relações humanas com ênfase no conceito estético da emergência da arte na vida, e da vida na arte, algo que está em perfeita harmonia com a missão do MGM de fazer da arte algo mais acessível junto do público”. Os trabalhos expostos “são inspirados nas experiências multiculturais [do artista], e com 30 anos de desenvolvimento, Ju Ming aplica materiais tradicionais e contemporâneos, tal como madeira e aço inoxidável”.
USJ recorda em Novembro centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andreia Sofia Silva - 16 Jan 2019 Os cem anos do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner serão recordados pela Universidade de São José num colóquio agendado para Novembro. Vera Borges, coordenadora do departamento de português, destaca a importância dos poemas de Sophia pela sua ligação aos Descobrimentos [dropcap]N[/dropcap]asceu a 6 de Novembro de 1919 e será sempre recordada como uma das maiores poetisas da literatura portuguesa. Em Portugal já se preparam actividades que marcam o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner e em Macau também, graças à iniciativa da Universidade de São José (USJ). O colóquio “No centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2019) – Navegação a Oriente” acontece em Novembro e vai abordar três temáticas, que passam pela poética, questões de tradução e literatura na sala de aula, adiantou Vera Borges, coordenadora do departamento de português da USJ, ao HM. “Contamos com a colaboração de colegas de Macau, que trabalham em várias instituições de ensino superior, e contamos com pessoas de fora.” A ligação ao Oriente surge através dos escritos que a poetisa portuguesa dedicou aos Descobrimentos. “A Sophia tem uma série de poemas belíssimos, não só sobre o mar, mas sobre os Descobrimentos, a chegada dos portugueses às paragens do Oriente. É uma linha muito forte na poesia dela e que deixou seguidores. É algo particularmente interessante na literatura portuguesa.” Neste sentido, Vera Borges considera que nunca como agora fez tanto sentido discutir os poemas deixados por Sophia de Mello Breyner. “No momento em que se começa a discutir em Portugal, até com uma certa intensidade dramática, o colonialismo português, o racismo e o Império, pegar nos textos de Sophia de Mello Breyner pode ser uma perspectiva muito interessante para se perceberem certas questões.” Repto linguístico A autora de livros como “A Menina do Mar” e “O Cavaleiro da Dinamarca” representa, na visão de Vera Borges, um “desafio” em termos de tradução, pela contemporaneidade da sua linguagem. “Acho que os textos dela são um desafio, primeiro porque são belíssimos e depois pela temática que têm, e depois também pelo tipo de linguagem. É uma linguagem muito económica, concisa, exacta.” Em Macau, Vera Borges destaca o trabalho de tradução de Yao Jingming, actualmente o director do departamento de português da Universidade de Macau, que já traduziu autores portugueses como Camilo Pessanha e Eugénio de Andrade, entre outros. “A Sophia é um dos nomes mais traduzidos por todos aqueles que gostam de poesia, e há grandes tradutores que quiseram poemas da Sophia. Nestas paragens temos o professor Yao Jingming, que tem traduções belíssimas de textos da Sophia.” Vera Borges assegura que aqueles que, em Macau, se dedicam ao estudo da cultura e literatura portuguesas têm “particular interesse” nos escritos de Sophia. Esta, “pela visão que nos dá do percurso histórico dos portugueses, é uma autora particularmente interessante”. Sophia de Mello Breyner faleceu em 2004 e deixou cinco filhos, um deles o escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares.
Aeroporto quer cortar emissões de CO2 em 30% em dez anos Hoje Macau - 16 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] Aeroporto Internacional de Macau (AIM) anunciou ontem a “meta ambiciosa” de reduzir em 30 por cento as emissões de dióxido de carbono (CO2) por movimento até 2028. “Considerando o aumento constante do tráfego e a expansão futura do Aeroporto, temos uma meta ambiciosa de reduzir as emissões de carbono por movimento em 30 por cento em 2028 em comparação com [o nível] de 2018”, indicou o AIM, em comunicado. O AIM diz estar confiante de que irá alcançar essa meta ao pôr em marcha uma série de projectos de investimento e medidas operacionais de eficiência energética, de combustível, gestão de resíduos, entre outras. Na mesma nota, o AIM salienta que, até ao final do ano passado, obteve “conquistas assinaláveis”, como a poupança de 2,7 milhões de quilowatts de electricidade, nomeadamente graças à substituição de lâmpadas convencionais por LED, o que permitiu abater a factura em 2,3 milhões de patacas. Em paralelo, aproximadamente 40 por cento dos veículos de serviço do AIM são híbridos ou eléctricos e mais 310.000 quilogramas de diferentes tipos de resíduos foram reciclados, detalhou o AIM, indicando que, até ao final de 2018, a infra-estrutura reduziu em mais de 41 por cento as emissões de dióxido de carbono por movimento comparativamente aos valores de 2012.
Pensão Iegal | Pancadaria na Taipa entre senhorio e inquilinos acaba em tragédia João Santos Filipe - 16 Jan 201916 Jan 2019 Inquilinos eram pedintes nos casinos e foram atacados pelo senhorio com uma faca. Após o confronto, o homem responsável pela pensão ilegal sentiu-se mal e acabou mesmo por morrer [dropcap]O[/dropcap] senhorio de uma fracção que era utilizada como pensão ilegal morreu ontem de manhã, após uma luta com uma faca contra dois inquilinos. A revelação foi feita pelas autoridades, através de diferentes comunicados da Polícia de Segurança Pública (PSP) e Polícia Judiciária (PJ), que afastam a hipótese de homicídio. O caso aconteceu no Edifício Palácio do Sucesso, na Rua de Évora, na Taipa e os envolvidos são provenientes do Interior da China, inclusive o dono da pensão ilegal. Depois de uma luta com dois inquilinos, de 25 e 35 anos, o senhorio, de 47 anos, sentiu-se mal e teve de ser levado para o hospital. As autoridades foram chamadas ao local às 7h40. Foi no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) que o homem foi dado como morto, pelas 8h08, depois de ter havido tentativas de reanimação. As primeiras análises ao corpo excluíram a hipótese de homicídio, uma vez que o cadáver apenas apresentava como ferimentos escoriações numa mão, no lado direito do pescoço e da cara. Porém, de acordo com as autoridades, a ferida na mão direita deve-se ao facto de ter sido o próprio senhorio a utilizar uma faca para atacar os inquilinos. Ontem, a PJ contou ao HM que à noite ainda não havia confirmação sobre o que motivou a luta, mas que tudo aponta para que a causa não esteja relacionada com questões monetárias ou de pagamentos ligados às pensões ilegais. Contudo, a primeira autoridade a lidar com o caso foi a PSP, que antes de transferir o ocorrido para a PJ, informou que o senhorio tinha consumido álcool, antes da luta ter acontecido. Sangue nos corredores De acordo com o portal Exmoo, quando as autoridades chegaram ao local havia manchas de sangue na fracção utilizada como pensão ilegal e nos corredores. Ainda segundo as primeiras informações colocadas a circular, os dois inquilinos têm salvo-conduto para se deslocarem a Hong Kong e Macau. Ganhavam a vida no território como pedintes nos casinos. Quando foram analisados pelas autoridades, após a luta, os inquilinos apresentavam ferimentos na palma da mão direita, no peito do lado esquerdo e no ombro direito, que teriam sido causados pela faca do senhorio. Este é o segundo caso, em duas semanas, de morte em pensão ilegal, depois de domingo, dia 6, uma mulher ter sido encontrada morta, devido à inalação de monóxido de carbono. A inquilina tinha a cama instalada na cozinha e terá morrido, quando outro dos moradores utilizou a água quente, o que terá colocado em funcionamento o esquentador. A questão da criminalização das pensões ilegais está a ser investigada pelo Governo. Actualmente, esta prática é considera uma infracção administrativa, que é punida com uma pena entre 200 mil e 800 mil patacas.
Telecomunicações | Rede 5G poderá ficar disponível em 2020 Hoje Macau - 16 Jan 2019 [dropcap]D[/dropcap]erby Lau, directora dos Serviços de Correios e Telecomunicações, disse ontem que a entrada em vigor da rede 5G depende do processo legislativo, que está em andamento, prevendo-se que a rede possa estar disponível no próximo ano, noticiou a TDM. Questionada sobre o ponto de situação da criação de um regime de convergência dos diferentes serviços das telecomunicações, Derby Lau referiu que os trabalhos internos estão em fase final e que as operadoras deverão começar a ser ouvidas sobre este assunto no primeiro trimestre do ano.
Bombeiros | Drones vão ajudar nas operações de socorro já este ano Sofia Margarida Mota - 16 Jan 2019 O Corpo de Bombeiros vai contar, a partir deste ano, com a ajuda de “dois ou três drones” nas operações de socorro de acordo com o comandante Leong Iok Sam. Entretanto, em 2018 deflagraram mais 82 incêndios que no ano anterior, um aumento justificado pelas queixas de fumos em quadros eléctricos [dropcap]O[/dropcap] Corpo de Bombeiros (CB) vai adquirir drones para operar nas operações de socorro. A informação foi avançada ontem pelo comandante Leong Iok Sam em conferência de imprensa onde foram também divulgados dados relativos às actividades de 2018. “Este ano vamos adquirir dois ou três drones para o socorro de emergência,” para auxiliar nas operações que envolvam “o combate a incêndios e situações relativamente complexas”. A utilização destes dispositivos vai permitir ao CB “transmitir informações ao pessoal para ajudar nas tarefas de socorro”, acrescentou o responsável. Outra novidade prevista para Abril 2019 é a formação de jovens na área da assistência médica e prevenção de incêndios. A iniciativa intitulada “Guia Juvenil de emergência médica” está em fase preparatória e pretende facultar “entre 30 a 40 vagas destinadas aos estudantes das escolas secundárias”. O programa inclui palestras e algumas actividades práticas. Dados concretos Entretanto, no ano passado o CB registou um aumento no número de incêndios. No total, foram ocorreram mais 82 casos em 2018 relativamente ao ano anterior, o que corresponde a um acréscimo de quase 8 por cento, num total de 1116 incêndios. De entre estes casos, 235 começaram em cozinhas com “comida queimada”. Segundo Leong Iok Sam, o aumento da ocorrência de incêndios justifica-se com queixas relativas a “fumos que saem das caixas de electricidade”. Também em maior número em relação a 2017 foram as saídas de ambulância, com 39.883 casos, mais 270 que no ano anterior. No entanto, o número de pedidos de ambulância decresceu 4,54 por cento em 2018, menos 2525 que em 2017. A razão apontada pelo responsável do CB é a sensibilização crescente da população sobre o uso abusivo de ambulâncias, disse. “Após a divulgação da prevenção do uso abusivo de ambulâncias realizada em 2016, a saída total e ambulâncias entre os anos de 2016 e 2018 teve uma subida média anual de cerca de 2,5 por cento, o que teve um abrandamento significativo relativamente à subida média de cerca de 6 por cento da saída de ambulâncias entre os anos de 2011 e 2015”, acrescentou. No ano passado, o aumento a este nível não chegou a um por cento. Números abaixo No total, o CB registou menos ocorrências na ordem dos 1,27 por cento comparativamente a 2017. Em 2018, foram registadas 47 327, menos 609 se comparado em termos homólogos em que se registaram 47 936 casos. As operações de salvamento e os serviços especiais do CB também foram menos em 2018 com descidas de 2,4 e de 16,8 por cento respectivamente comparados com os dados de 2017. Fazendo a contabilidade final dos recursos, o CB conta com 1362 operacionais distribuídos por sete quartéis, 63 ambulâncias e 98 veículos de combate a incêndios e de socorro.
Medicina | Wong Kit Cheng elogia novo curso na MUST Hoje Macau - 16 Jan 2019 [dropcap]W[/dropcap]ong Kit Cheng mostrou-se satisfeita com a aprovação da primeira licenciatura em medicina do território que será administrada pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). Em declarações ao jornal Ou Mun, a deputada considerou que o curso constitui um bom início para a formação de talentos locais na área da saúde e irá levar a um desenvolvimento do sector. Wong Kit Cheng alertou ainda para a necessidade de ser feita uma articulação entre este curso e a Academia Médica, que será criada pelos Serviços de Saúde. Tendo em conta a política de cooperação da Grande Baía, a deputada defende também que é necessário olhar para a articulação entre a acreditação profissional no interior da China e os licenciados do curso.
Orçamento 2017 | Governo recusou dar informações de empresas com capitais públicos Hoje Macau - 16 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap]s deputados da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, encarregues da análise na especialidade do relatório de execução do orçamento de 2017, pediram ao Governo dados das nove empresas com capitais públicos mencionadas no documento, mas o Executivo recusou-se a dar a informação, referiu ontem o canal de rádio da TDM. A ideia foi dada no dia em que foi assinado o parecer sobre o relatório. No entanto, o presidente da comissão Chan Chak Mo salientou que não se trata de um documento completo. “O Governo apenas facultou as demonstrações financeiras relativas a quatro empresas porque as outras têm outros sócios, além do Governo. Por uma questão de confidencialidade comercial, não foram facultadas informações das restantes de empresas. Além disso, algumas matérias só podem ser divulgadas com aprovação da assembleia-geral”, revelou o deputado, citado pela mesma fonte. O Governo apenas forneceu dados acerca das quatro empresas constituídas exclusivamente por capitais públicos: a Macau Investimento e Desenvolvimento, a Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau, a Tedmev e a TDM.
Orçamento 2017 | Deputados questionam contas filiais de empresas públicas Andreia Sofia Silva - 16 Jan 2019 O hemiciclo questionou o Governo sobre a falta de informações quanto à situação financeira das filiais de primeiro e segundo grau das empresas com capitais públicos. O elevado volume de documentação levou a essa lacuna e o Executivo comprometeu-se a apresentar dados aos deputados sempre que sejam pedidos [dropcap]D[/dropcap]epois de analisarem à lupa os gastos e financiamentos das empresas compostas por capitais públicos, os deputados questionaram a situação financeira das suas filiais, exigindo mais dados. A questão surge no parecer de análise ao orçamento de 2017, que foi analisado na especialidade pelos deputados da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). “Se o Governo não fornecer as informações sobre a situação financeira das filiais de primeiro ou segundo grau, que são ambas totalmente financiadas pelo Governo, pode haver lugar a inexactidão ou lacunas na auditoria. Se assim for, o Governo vai ficar impedido de conseguir uma fiscalização eficaz?”, lê-se no documento. As perguntas surgiram quando os deputados se debruçaram sobre o relatório do exercício de 2017, nomeadamente depois de verificarem que “algumas sociedades de capitais públicos com participação superior a 50 por cento do Governo não apresentaram as demonstrações financeiras”. Por esse motivo, “questiona-se a razão do Governo não ter elaborado as demonstrações financeiras das empresas envolvidas”. O Executivo adiantou aos deputados que “como todos os serviços e organismos públicos têm de apresentar a sua conta geral, e existem mais de 100 serviços e organismos, o que tem sido feito, desde sempre, é apresentar os dados das contas gerais apenas internamente à Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) e não serem apresentados ao público”. Nesse sentido, o Governo optou por não fornecer todos os dados, pois tal “poderia acarretar dificuldades de tratamento”, dado o “tão grande volume de dados”. O Executivo compromete-se a esclarecer a AL sempre que necessário. “Caso os deputados precisem de discutir de forma aprofundada a situação financeira de qualquer uma das empresas, a DSF pode pedir à empresa comercial indicada o cumprimento da obrigação de entregar as demonstrações financeiras.” Cavalos com baixa execução Outra informação constante no parecer relativo ao orçamento de 2017 diz respeito à baixa taxa de execução das receitas provenientes dos contratos de concessão assinados com o Macau Jockey Club, Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) e TV Cabo Macau SA, que foi de apenas 30 por cento. No que diz respeito às receitas provenientes das corridas de cavalos, factores externos ditaram a “redução das competições, o baixo número de entradas, a diminuição das taxas de apostas e a diminuição gradual dos lucros”. Quanto aos contratos na área das telecomunicações, a baixa taxa de execução prendeu-se com uma questão técnica ligada à fusão entre a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações e Direcção dos Serviços de Correios. Relativamente à baixa taxa de execução do Plano de Investimentos e Despesas da Administração (PIDDA) da DSF, esta deveu-se a atrasos na construção do futuro edifício do Fórum Macau. Nesse sentido, a taxa de execução do PIDDA da DSF relativo a 2018 deve atingir os 86 por cento, uma vez que as obras aceleraram no último ano.
Imobiliário | Advogados obrigados a dar informações sobre transacções João Santos Filipe - 16 Jan 2019 Os Serviços de Finanças e Serviços de Justiça vão passar a poder exigir informações a advogados sobre transacções dos clientes, no âmbito da lei dos benefícios fiscais para reconstrução de fracções [dropcap]I[/dropcap]nstituições de crédito, advogados, solicitadores, auditores, contabilistas, mediadores e agentes imobiliários vão ficar obrigados a fornecer informações aos Serviços de Finanças e Serviços de Justiça. A situação resulta regime que garante isenções fiscais ao nível do imposto de selo e emolumentos notariais, quando há transacções de fracções habitacionais com o objectivo de reconstruir. “Ficam excluídos do dever de sigilo as instituições de crédito, os advogados, advogados estagiários, solicitadores, auditores, contabilistas, mediadores e agentes imobiliários quando lhes for solicitada, pela DSF e pela DSAJ, a disponibilização de elementos relativos ao pagamento de impostos e emolumentos na fiscalização do cumprimento da presente lei”, leu o deputado Chan Chak Mo. O legislador preside à 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa que se encontra a analisar o diploma. Estes pedidos de informação têm como objectivo comprovar as situações em que é necessário justificar os pedidos de isenção e as eventuais devoluções de impostos pagos. Contudo, o diploma não prevê penalizações para quem não cooperar com os pedidos de informações. Chan Chak Mo acredita que os diplomas que regulam os sectores já prevêem essas sanções. “Não há penalizações nesta lei, mas pode haver nos diplomas que regulam as actividades. Creio que as leis para cada sector vão ter as sanções a aplicar nestes casos”, informou o presidente da comissão. Chan Chak Mo admitiu também que o sector da advocacia não foi ouvido sobre as alterações, porque este tipo de obrigações “não é nada de novo”. Os advogados também não ficam obrigados a informar os clientes. O HM tentou contactar o presidente da AAM, mas até ao fecho da edição não foi possível. 3.ª versão entregue Os deputados analisaram ontem a terceira versão da lei entregue pelo Governo. Chan Chak Mo informou que com as alterações introduzidas as reconstruções sem transacção comercial ficam igualmente abrangidas pelas isenções fiscais. O deputado deu de seguida o exemplo do Edifício Sin Fong Garden, que foi construído com materiais que não garantem a segurança da estrutura. O edifício já está a ser demolido para ser reconstruído e os moradores poderão ser abrangidos pelas isenções. Na mesma reunião, o presidente da comissão explicou que o parecer sobre o documento, ou seja, o relatório com as questões levantadas pelos deputados, já está a ser elaborado e poderá ser assinado quinta-feira. Após esta fase, a lei pode ser votada no Plenário da Assembleia Legislativa.
Concessão da Air Macau não vai ser renovada depois de Novembro de 2020 Diana do Mar - 16 Jan 201918 Jan 2019 A companhia aérea de bandeira da RAEM vai deixar de operar em regime de monopólio. O contrato de concessão exclusiva de exploração da Air Macau, que expira em Novembro do próximo ano, não vai ser renovado, segundo apurou o HM. A decisão vem abrir a porta à liberalização do sector da aviação civil [dropcap]O[/dropcap] Governo não vai renovar o contrato de concessão exclusiva de operação com a Air Macau, que termina em Novembro de 2020, ao fim de 25 anos, apurou o HM. A informação foi confirmada pela Autoridade de Aviação Civil (AACM). A decisão foi tomada na sequência do estudo sobre o futuro planeamento do mercado de transporte aéreo, encomendado a uma consultora internacional, em 2017, segundo soube o HM. Não são, no entanto, públicas as principais conclusões do relatório submetido ao Governo que serviram de fundamento à opção pela abertura do mercado da aviação civil local. Fonte próxima do processo explicou que essa decisão carece de ser comunicada a Pequim. Ao abrigo da Lei Básica, o Governo “pode definir, por si próprio, os vários sistemas de gestão da aviação civil”, “quando autorizado especificamente pelo Governo Popular Central”. Um longo debate Após a liberalização de sectores-chave, como o jogo ou as telecomunicações, a possibilidade de abranger a aviação civil foi levantada ao longo dos anos, nomeadamente por deputados, sobretudo à boleia da insatisfação com a companhia aérea de bandeira da RAEM. Contudo, o Governo nunca se comprometeu, apesar de reconhecer que seria uma direcção inevitável. A AACM tem insistido que a concessão exclusiva da Air Macau não limita o desenvolvimento e a exploração de mais rotas, estabelecidas com recurso à assinatura de acordos aéreos bilaterais internacionais. O contrato de concessão, em regime de exclusividade, do serviço público de transporte aéreo de passageiros, bagagem, carga, correio e encomendas postais de e para Macau, foi firmado a 8 de Março de 1995. Tem validade de 25 anos contados a partir da entrada em exploração do Aeroporto Internacional de Macau (9 de Novembro de 1995). Um prazo que, à luz do contrato, “considerar-se-á tácita e sucessivamente, prorrogado por períodos a serem definidos se, pelo menos, dois anos antes do termo, uma das partes não notificar a outra de que deseja dar por finda a concessão”. Ora, também segundo apurou o HM, a Air Macau já foi notificada pela RAEM. Subconcessões falhadas O contrato de concessão prevê que a Air Macau possa ceder, total ou parcialmente, os direitos de tráfego, desde que obtenha autorização para tal. A partir de 2006, o Governo deu luz verde à Air Macau para celebrar contratos de subconcessão, designadamente com a ‘low-cost’ Macau Asia Express – fruto de uma ‘joint-venture’ entre a Air Macau, CNAC (China National Aviation Corporation) e Shun Tak – e com a Golden Dragon Airlines (detida maioritariamente por Stanley Ho). Ambas perderam a licença de subconcessão sem nunca terem levantado voo. A Viva Macau, declarada falida em 2010, foi pelo mesmo caminho, ao fim de aproximadamente três anos de operações. Constituída em Setembro de 1994, a Air Macau tem a Air China como accionista maioritária (66,8 por cento). Com uma frota composta por 18 aviões, todos Airbus, e perto de 1.500 trabalhadores, a companhia disponibiliza ligações principalmente para a China e Taiwan, mas também para o Japão, Coreia do Sul ou Tailândia, segundo dados publicados no portal da única transportadora aérea com sede em Macau. Receitas em alta A Air Macau fechou 2017 com lucros (78,76 milhões de patacas), um feito alcançado pelo oitavo ano consecutivo, após prejuízos acumulados superiores a 600 milhões de patacas entre 2005 e 2009. Os resultados do exercício financeiro do ano passado ainda não foram divulgados. Segundo o relatório intercalar submetido, a 1 de Novembro, pela Air China à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Air Macau registou lucros de 116 milhões de yuans (138,6 milhões de patacas ao câmbio actual) na primeira metade de 2018, contra perdas de 15 milhões de yuans (17,9 milhões de patacas ao câmbio actual) no período homólogo de 2017. Entre Janeiro e Junho do ano passado, a Air Macau transportou 1,5 milhões de passageiros, ou seja, mais 17,49 por cento do que nos primeiros seis meses de 2017. De acordo com dados divulgados ontem, a companhia aérea de bandeira da RAEM transportou 40 por cento dos 8,2 milhões de passageiros registados pelo Aeroporto Internacional de Macau ao longo do ano passado.
Yang Chen, professor da UM candidato a reitor da Universidade de Coimbra: “Seria interessante ser o primeiro estrangeiro” Diana do Mar - 16 Jan 201928 Jan 2019 Yang Chen, de 61 anos, professor de Matemática na Universidade de Macau desde 2012 decidiu tentar a sorte e candidatar-se a reitor da Universidade de Coimbra, que nunca visitou. Com um programa centrado no financiamento e na captação de estudantes chineses, ficou “agradavelmente surpreendido” por ser admitido à corrida, ao lado de quatro adversários [dropcap]P[/dropcap]or que razão decidiu candidatar-se ao cargo de reitor da Universidade de Coimbra? Toda a minha vida estive preocupado com a vida académica. Depois, dado que o meu contrato [na Universidade de Macau] termina em Agosto de 2020, pensei que seria boa ideia mudar e fazer algo diferente, como trabalho administrativo, e dedicar-me um pouco menos à investigação. Foi a primeira vez que apresentei uma candidatura à liderança de uma universidade. Qual a sua relação com Portugal e com a Universidade de Coimbra? Não tenho, de facto, grande ligação a Coimbra. Fui a Portugal quando era mais novo, quando ainda estava no Reino Unido [a ensinar], mas tenho colaborado com uma portuguesa [Maria das Neves Rebocho], de outra universidade. Mas nunca visitou a Universidade de Coimbra? Não. Nunca estive na Universidade de Coimbra. Estive apenas na universidade onde essa minha amiga trabalha [Universidade da Beira Interior], mas sei que tem uma grande história, que é uma universidade muito antiga e bastante reputada. Não teve curiosidade em lá ir pelo menos antes de se candidatar? Não. FOTO: Sofia Margarida Mota Como reagiu quando soube que tinha sido admitido como candidato, a par com mais quatro aspirantes ao cargo, incluindo outro estrangeiro? Estava à espera? Fiquei agradavelmente surpreendido por ter sido seleccionado, até porque pensei simplesmente que a universidade poderia ter já alguém em mente ou algo do género. Uma vez admitido à eleição, que tem lugar a 11 de Fevereiro, está confiante na possibilidade de ser escolhido para o cargo? Sim, sinto-me confiante, porque penso que reúno as condições, mas se não for escolhido está tudo bem na mesma. Dado que não falo português esse será um factor que provavelmente não joga a meu favor e posso até não chegar à fase da audição pública dos candidatos [marcada para o próximo dia 4 de Fevereiro]. Ainda não sei. Neste momento, estou a aguardar pela resposta a um e-mail que enviei à pessoa responsável pelo recrutamento, alertando para o facto de não falar português. Não há problema se entenderem que não é possível fazer a apresentação em inglês e que, portanto, não é adequado ir. Como olha para o perfil dos restantes quatro candidatos? Não sei bem quem são. Sei apenas que há outra estrangeira, uma brasileira da área da Física, que acredito ser muito forte, que há candidatos de Humanidades e que pertencem à Universidade de Coimbra. Não vi bem o perfil, mas tenho a certeza de que são inteligentes e bons no que fazem. Penso que vai depender do tipo de pessoa que estão à procura ou da área. Que mais-valia acredita poder oferecer se assumir a reitoria da Universidade de Coimbra? O que eu gostaria de fazer era expandir a população universitária, em particular, de fora da União Europeia, porque eles pagam propinas mais elevadas. Todas as universidades precisam de dinheiro. Também penso que poder-se-ia apostar mais na investigação científica de qualidade. O financiamento é, aliás, uma das prioridades do programa de acção que submeteu, em que promete um “fluxo mais estável” de recursos, nomeadamente proveniente de estudantes da China… Sim, porque tenho muitos contactos com a comunidade de matemáticos na China e devo ser capaz de abordá-los com vista a captar mais estudantes. Penso que pode ter algum impacto. O meu ponto é que a universidade precisa de estudantes, especialmente, de qualidade. De outro modo, para que serve? Que estratégia tem em mente para o fazer? Seriam estudantes mais focados na sua área em particular? Não. Os chineses têm revelado muito interesse em áreas como a administração e negócios, por exemplo. Como líder de uma universidade, não poderia apenas olhar para a minha área, mas para todas as que a universidade oferece, tentando impulsionar as mais fortes e melhorar as mais fracas. Há muitos chineses que querem ir estudar para fora e se forem para Portugal tanto melhor. No programa de acção relativiza o impacto do abrandamento económico da China na ambição das famílias chinesas de porem os filhos a estudar no exterior. Não antecipa mesmo qualquer efeito? Não. Os pais poupam a vida toda para que os filhos possam ir para universidade, procuram bolsas para o estrangeiro. Os números, de qualquer modo, são muito grandes… Em paralelo, penso que a actual conjuntura, da guerra comercial [entre a China e os Estados Unidos] vai beneficiar os países europeus. Os estudantes chineses normalmente procuram os Estados Unidos para prosseguir os estudos e, agora, será mais difícil. O mesmo deve acontecer no caso do Reino Unido devido à saída da União Europeia. Está ciente de que caso seja eleito tornar-se-á no primeiro estrangeiro a assumir a liderança da Universidade de Coimbra? Sim, seria interessante ser o primeiro estrangeiro. Seria fora do comum, atendendo sobretudo a que é uma universidade muito antiga. Quem é Yang Chen? Natural de Singapura, de origem chinesa, Yang Chen, de 61 anos, é licenciado em Física pela Universidade Nacional de Singapura, obteve o grau de mestrado no Instituto de Tecnologia do Illinois e doutoramento na Universidade de Massachusetts, na mesma área, ambos nos Estados Unidos. Durante 20 anos foi professor no Imperial College, em Londres, até entrar para Universidade de Macau, onde lecciona Matemática desde Agosto de 2012. Novo reitor da UC eleito a 11 de Fevereiro As eleições para reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vão decorrer numa reunião plenária do Conselho Geral, a 11 de Fevereiro. Antes, no dia 4, tem lugar uma audição pública dos candidatos e uma segunda sessão, apenas para membros do Conselho Geral, marcada para o dia seguinte. O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição. Existem cinco interessados em suceder a João Gabriel Silva, que cumpre, este ano, o seu segundo mandato à frente da Universidade de Coimbra, entre os quais dois estrangeiros (o singapuriano Yang Chen e a brasileira Duília Fernandes de Mello). O actual vice-reitor Amílcar Falcão, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, o docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e o director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, completam a lista de candidatos aceites. Durante o processo houve cinco candidaturas excluídas “por não-cumprimento dos requisitos formais estipulados”. Desde a entrada em vigor do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), no final de 2007, que a eleição do reitor é feita pelo Conselho Geral e que são aceites candidaturas externas à Universidade de Coimbra. Na primeira eleição, após a entrada em vigor das novas regras, em 2011, surgiram duas candidaturas internacionais, das quais uma foi aceite (o polaco Krzysztof Sliwa).
Fábrica de panchões | Governo realizou acção de despejo no terreno Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]U[/dropcap]m grupo de trabalho interdepartamental do Governo realizou ontem uma acção de despejo no terreno localizado na Taipa onde funcionou a Fábrica de Panchões Iec Long e cuja concessão foi anulada em 2017. De acordo com um comunicado ontem emitido pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, a acção foi feita porque o antigo concessionário não procedeu à desocupação voluntária do terreno. Além disso, “o pedido [para a desocupação] foi rejeitado”. Em meados de 2017 a DSSOPT notificou os ocupantes através da publicação de edital, tendo exigido a desocupação. Nesse mesmo ano, o Tribunal de Segunda Instância rejeitou o pedido de suspensão da execução do acto que tinha sido apresentado pelo concessionário. O terreno foi concessionado a uma empresa de Sio Tak Hong, conhecido empresário de Macau e que é membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. A concessão passou a ser polémica quando o Comissariado contra a Corrupção considerou ilegal uma acção de permuta de terrenos entre Sio Tak Hong e o Executivo.
Chui Sai On garante manutenção da liberdade de imprensa em almoço com os media Andreia Sofia Silva - 15 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, participou hoje almoço com representantes dos órgãos de comunicação social de língua portuguesa e inglesa, tendo garantido que o Governo respeita direitos como o da liberdade de expressão e de imprensa. “O Governo da RAEM respeita a liberdade de expressão dos residentes de Macau, respeita a liberdade de imprensa e de publicação e ouve as opiniões e as sugestões dos órgãos de comunicação social.” Além disso, o governante, que este ano termina o seu último mandato como Chefe do Executivo, afirmou que a actual Administração “continuará, como sempre o fez, a apoiar o sector no desenvolvimento da sua actividade”. Tudo para que “os profissionais do sector possam, num bom ambiente social, desempenhar cabalmente as funções de canal de comunicação entre o Governo e a população e proporcionar serviços informativos mais diversificados ao público, com o fim de juntos contribuirmos para o desenvolvimento da RAEM”. Chui Sai On deixou também claro que os media portugueses e ingleses desempenham um importante papel no contexto multicultural que existe no território. “Ao longo da história moderna da China, Macau permaneceu como um centro de intercâmbio cultural sino-ocidental, dando origem a esta sociedade multicultural com as características únicas que hoje conhecemos. Os órgãos de comunicação social de línguas portuguesa e inglesa integram esta multiculturalidade enquanto agentes de promoção do intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente.” Preparar as eleições No seu discurso, Chui Sai On fez também referência ao facto de 2019 ser um ano de eleições para o mais alto cargo político da RAEM. “Neste novo ano haverá mudança do Governo. Devemos empenhar todos os nossos esforços para executar da melhor forma todos estes trabalhos”, assegurou. Em jeito de balanço, o Chefe do Executivo garantiu que sempre cumpriu não apenas a Constituição chinesa como a Lei Básica de Macau. “O Governo deu prosseguimento à implementação dos princípios ‘Um País, Dois Sistemas’ e desenvolveu as suas acções no estreito cumprimento da Constituição e da Lei Básica.” Na visão de Chui Sai On, a actual Administração “aperfeiçoou a governação e fomentou a economia, concretizando o objectivo de melhorar o bem-estar da população”. Sobre 2018, o governante considerou que “a conjuntura sócio-económica manteve uma boa situação de estabilidade”, uma vez que a sociedade “permaneceu estável em todos os aspectos, as finanças públicas mantiveram-se sólidas, a economia continuou a crescer, a taxa de desemprego manteve-se num nível baixo e as condições de vida e o bem-estar da população registaram melhorias”. Para os próximos meses, o governante promete “elevar continuamente a capacidade e o nível de governação em prol dos interesses da sociedade”.
China condena “comentários irresponsáveis” após julgar canadiano à pena de morte Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] China pediu hoje ao Canadá que pare com “comentários irresponsáveis”, após o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, ter classificado de “arbitrária” a condenação à pena de morte de um canadiano, por tráfico de droga, no país asiático. A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, descreveu como um “erro” as declarações de Trudeau, que acusou ainda Pequim de usar o seu sistema judicial para pressionar o Canadá, no âmbito da detenção de Meng Wanzhou, directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei. Hua apelou a Otava que respeite a legislação da China. Um tribunal da província de Liaoning, nordeste da China, condenou à pena de morte o canadiano Robert Lloyd Schellenberg, por tráfico de droga, depois de, no final do mês passado, ter ordenado a repetição do seu julgamento. Schellenberg foi detido há mais de quatro anos e inicialmente condenado a 15 anos de prisão, em 2016, pelo Tribunal Popular de Dalian. No entanto, um mês após a detenção no Canadá de Meng Wanzhou, o Tribunal Popular Superior da província de Liaoning considerou a pena “incorrecta” e ordenou a repetição do julgamento. O mesmo tribunal agendou o julgamento para segunda-feira, com apenas quatro dias de aviso prévio, e, num único dia ditou a pena de morte. O tribunal revelou durante o julgamento que Schellenberg tentou transportar 222 quilos de metanfetaminas de Dalian para a Austrália. “É extremamente preocupante para nós, enquanto governo, como deveria ser para todos os nossos amigos e aliados, que a China tenha optado por começar a aplicar arbitrariamente a pena de morte”, afirmou Trudeau. O Canadá passou, entretanto, a avisar os seus cidadãos em visita à China para que tenham um “alto grau” de cautela devido ao “risco de aplicação arbitrária das leis locais”.
MGM | Anunciado bónus para funcionários sem funções de gestão Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo MGM anunciou ontem que vai pagar um bónus aos trabalhadores que não desempenham funções de gestão, e que será equivalente a um mês de salário. De acordo com um comunicado ontem divulgado, o bónus será pago em duas fases, no final deste mês e em meados de Fevereiro. Grant Bowie, CEO da MGM China, disse que o pagamento do bónus representa “uma apreciação e reconhecimento por parte da nossa equipa pelo seu trabalho árduo e reconhecimento, algo que nos fortalece diariamente enquanto organização”. “Este é o ano em que a MGM vai ter coragem para que haja uma mudança e inovação na construção das nossas relações com os trabalhadores, clientes e comunidade”, rematou.
Brexit: Acordo sujeito a “voto significativo” hoje dos deputados britânicos Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] parlamento britânico realiza hoje o chamado “voto significativo” ao acordo proposto pelo governo conservador da primeira-ministra, Theresa May, para a saída da União Europeia (UE) dentro de 73 dias, a 29 de Março. Os deputados vão começar perto das 12h00 horas [hora local] o quinto e último dia de debate sobre o acordo para o ‘Brexit’, que começou na passada quarta-feira, e que vai encerrar pelas 19h00 horas com uma declaração da chefe do governo. Depois desta intervenção, os parlamentares vão votar primeiro as alterações ao documento apresentadas pelos diferentes deputados e grupos políticos e só depois vão deliberar sobre o texto negociado com Bruxelas. A hora da votação do acordo dependerá do número de emendas aceites pelo presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, que até segunda-feira tinha recebido pelo menos 12, podendo cada uma demorar cerca de 30 minutos a discutir e votar. Na semana passada, Bercow causou controvérsia ao aceitar uma alteração a uma moção do governo que força à apresentação de um plano B no espaço de três sessões parlamentares. Para passar, o acordo precisa teoricamente de 320 votos a favor para contrariar mais de 300 votos esperados dos partidos da oposição, em particular do Partido Trabalhista, dos Liberais Democratas e do Partido Nacionalista Escocês. Porém, dezenas dos 317 deputados do partido Conservador e os 10 deputados do Partido Democrata Unionista ameaçaram reprovar o documento, muitos dos quais dispostos a aceitar uma saída sem acordo e desordenada. Uma aprovação desencadearia a ratificação pelo Parlamento Europeu e a introdução no parlamento britânico da legislação para a respectiva implementação do acordo, que oferece uma saída ordenada da UE e um período de transição até ao final de 2020, durante o qual serão negociadas as futuras relações entre as duas partes. Mas se, como é esperado, o documento for rejeitado, Theresa May tem de voltar ao Parlamento no máximo até segunda-feira 21 de Janeiro indicando os próximos passos a dar, sendo possível que a primeira-ministra responda ao resultado antes, seja ainda hoje à noite ou na quarta-feira. Entre as diversas opções motivo de especulação estão um regresso de May a Bruxelas para pedir mais concessões de forma a propor de novo o acordo aos deputados e a realização de uma série de votos para testar qual a solução mais consensual. Embora a saída sem acordo seja a opção por defeito, por a data estar escrita na lei, nos últimos dias a imprensa britânica deu conta da possibilidade de a data do ‘Brexit ser suprimida ou adiada ou de um grupo de parlamentares transversal aos diferentes partidos tentar ganhar o controlo do processo para determinar o seu curso.
Dois séculos de arte russa em exposição no Museu de Arte de Macau Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) vai acolher, a partir de sexta-feira, uma exposição de arte russa dedicada aos “principais estilos e tendências artísticas” da Rússia nos últimos dois séculos, anunciou o Instituto Cultural (IC). Cerca de 70 esculturas e pinturas a óleo compõe a mostra, “a primeira grande exposição de belas artes russas”, indicou o instituto em comunicado. “Através das diferentes obras, a exposição apresenta os principais estilos e tendências artísticas da Rússia desde finais do século XVIII até meados do século XX”, e reflecte “os hábitos de vida e características do povo russo nos últimos 200 anos”. Todas as obras integram o acervo da Galeria Tretyakov, em Moscovo, que organiza a exposição a par do Museu de Arte de Macau (MAM), do IC. Entre os vários artistas representados, o IC destaca nomeadamente os pintores realistas do grupo “Os Itinerantes”, do século XIX. A exposição vai estar patente no MAM até 22 de Abril.
Canadá pede “muita precaução” aos canadianos que viajam para a China Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] Governo canadiano pediu na segunda-feira “muita precaução” aos cidadãos que viajam para a China, perante o “risco de aplicação arbitrária da lei”, depois de um canadiano ter sido condenado à morte naquele país. No mesmo dia em que a justiça chinesa anunciou ter condenado à pena capital um homem canadiano, pelo crime de tráfico de droga, Otava reviu a classificação de risco em viajar para o gigante asiático, elevando para o segundo nível, numa escala de quatro. Os cidadãos canadianos devem ter “alto nível de precaução na China, devido ao risco de aplicação arbitrária das leis locais”, lê-se no ‘site’ oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros canadiano. A advertência de Otava surge após a China ter decidido aplicar a pena de morte a um cidadão canadiano, julgado e condenado naquele país por tráfico de droga, uma decisão descrita pelo primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau como “arbitrária e muito preocupante”. “É extremamente preocupante para nós, como Governo, como deveria ser para todos os nossos amigos e aliados internacionais, que a China tenha escolhido começar a aplicar arbitrariamente a pena de morte”, disse Trudeau. Inicialmente, Robert Lloyd Schellenberg, de 36 anos, foi condenado a uma pena de prisão de 15 anos, mas, no seguimento de um recurso, a justiça chinesa considerou que a sentença era muito branda. A imprensa chinesa divulgou o caso de Robert Lloyd Schellenberg em Dezembro passado, depois do Canadá ter detido, no início desse mesmo mês, a directora financeira e filha do fundador da empresa chinesa de telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos. Meng Wanzhou seria posteriormente libertada, sob fiança, por um tribunal canadiano. Desde o início de Dezembro, as autoridades chinesas detiveram pelo menos outros 13 cidadãos canadianos, numa aparente manobra de retaliação pela detenção da “número dois” da Huawei.
Pelo menos um morto em ataque com faca no sudeste da China Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]U[/dropcap]m ataque com faca a um grupo de pedestres, em Fuzhou, no sudeste da China, fez pelo menos um morto e dezanove feridos, informou hoje a televisão estatal chinesa CGTN. O ataque ocorreu às 21h30 de segunda-feira na capital da província de Fujian. O suspeito, um homem de 48 anos, está em fuga, após se ter atirado a um rio, na sequência do ataque. Um dos feridos está em estado grave e os restantes estão a receber tratamento médico e encontram-se fora de perigo. As primeiras investigações indicam que o suspeito discutiu com a ex-mulher antes de perpetuar o ataque, indicou a CGTN. Estes incidentes na China são normalmente protagonizados por pessoas com problemas psicológicos ou ressentimentos com a sociedade. Na semana passada, vinte crianças ficaram feridas num ataque perpetrado por um homem numa escola primária em Pequim. Em Abril passado, um homem armado com uma faca matou sete estudantes e feriu 19, quando os jovens regressavam a casa, no norte do país. A lei chinesa proíbe rigorosamente a venda e posse de armas de fogo, pelo que os ataques são geralmente feitos com facas, explosivos de fabrico artesanal ou por atropelamento.
Tribunal chinês condena canadiano à morte num caso de contrabando de drogas Hoje Macau - 15 Jan 201915 Jan 2019 [dropcap]U[/dropcap]m tribunal chinês anunciou ontem que condenou à morte um homem de nacionalidade canadiana num caso de contrabando de drogas. O tribunal de Dalian, na província de Liaoning, no nordeste do país, identificou o condenado como Robert Lloyd Schellenberg. Robert Lloyd Schellenberg foi preso em 2014 e inicialmente condenado a 15 anos de prisão em 2016, sob a acusação de envolvimento no contrabando de drogas. No mês passado, um tribunal de apelação concordou com os procuradores que alegaram que a sentença havia sido muito branda. Esta sentença foi anunciada depois de a China ter detido vários cidadãos canadianos em Dezembro, em aparente retaliação à prisão de uma executiva chinesa da área de tecnologia no Canadá. O Canadá deteve Meng Wanzhou, directora-financeira da gigante de telecomunicações chinesa Huawei, a 1 de Dezembro, a pedido dos Estados Unidos, aumentando as tensões entre os canadianos e a China. As autoridades dos EUA pediram ao Canadá que detivesse a executiva chinesa por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Meng Wanzhou foi, entretanto, libertada sob fiança por um tribunal canadiano. As autoridades chinesas detiveram 13 cidadãos do Canadá desde o início de Dezembro. Três casos de canadianos presos na China foram, entretanto, tornados públicos: Michael Kovrig, antigo diplomata do Canadá, e Michael Spavor, empresário com ligações à Coreia do Norte, ambos acusados de “prejudicarem a segurança nacional da China”, e Sarah McIver, professora que, entretanto, foi libertada e regressou ao Canadá. Kovrig e Spavor continuam presos e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o Presidente norte-americano, Donald Trump, já apelaram à China para os libertar. Canadá “extremamente preocupado” O primeiro-ministro do Canadá afirmou estar “extremamente preocupado” perante o facto de a China ter decidido aplicar “de forma arbitrária” a pena de morte a um cidadão canadiano, julgado e condenado naquele país por tráfico de droga. “É extremamente preocupante para nós, como governo, como deveria ser para todos os nossos amigos e aliados internacionais, que a China tenha escolhido começar a aplicar arbitrariamente a pena de morte, como neste caso que envolve um canadiano”, disse Justin Trudeau. “Continuaremos a estar presentes para defender os interesses de todos os canadianos (…) sujeitos à pena de morte”, indicou Trudeau, reforçando que “todos os países no mundo” deviam estar igualmente preocupados com a conduta de Pequim, cujo sistema judiciário opta por agir de forma arbitrária e sem respeitar práticas de longa data relacionadas com a imunidade diplomática. Citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), um antigo embaixador do Canadá na China, Guy Saint-Jacques, admitiu a possibilidade de as autoridades chinesas terem interrogado o antigo diplomata Michael Kovrig sobre o período em que este viveu no território chinês, o que representaria uma violação da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas. O antigo embaixador frisou a existência da imunidade diplomática residual, que significa que um país não tem permissão para questionar alguém sobre o trabalho que desenvolveu enquanto diplomata. Estes casos suscitaram uma crise diplomática entre Pequim e Otava. A declaração proferida hoje por Trudeau está a ser considerada como a crítica mais forte de Otava às autoridades chinesas desde o início desta crise, segundo as agências internacionais.
Elevados níveis de poluição do ar fazem soar alarmes na Ásia Hoje Macau - 15 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap]s elevados níveis de poluição atmosférica estão a aumentar o alarme na Ásia, levando Banguecoque a distribuir máscaras e preparar chuvas artificiais para limpar o ar poluído e Seul a reduzir a circulação automóvel e a produção industrial. “Admito que estas são soluções temporárias, mas temos de fazer isto. Outras medidas de longo prazo também serão implementadas”, referiu ontem o general da polícia de Banguecoque, Aswin Kwanmuang, numa reunião do exército, polícia do departamento de controlo da poluição. Uma nuvem de ‘smog’, uma combinação de poeira de construção, poluição automóvel e outros poluentes, permanece nos últimos dias sobre Banguecoque devido aos padrões climáticos predominantes, levando a qualidade do ar a níveis prejudiciais. O departamento tailandês de controlo da poluição indicou que estão a ser distribuídas cerca de 10.000 máscaras, pulverizadas águas para ajudar a assentar poeira e ainda um reforço do controlo de quando os camiões podem usar as ruas da cidade. Cerca de metade dos elevados níveis de PM 2,5, partículas minúsculas que podem obstruir os pulmões, foi devido às emissões de gasóleo, explicou aquele departamento. O departamento de produção real de chuva e aviação agrícola afirmou estar a preparar dois aviões para criar chuvas artificiais entre terça e sexta-feira, se as condições forem adequadas. O problema da poluição do ar na Tailândia tende a aumentar e a diminuir em parte dependendo da época do ano. Pralong Dumrongthai, chefe do departamento tailandês de controlo da poluição, disse que as soluções de longo prazo incluiriam a mudança para o uso de veículos eléctricos e gasolina de melhor qualidade, acrescentando que os padrões climáticos indicam que Banguecoque pode permanecer com má qualidade do ar até três meses. Mais do mesmo Também em Seul, capital da Coreia do Sul, registou-se um nível recorde de poluição atmosférica, após o índice PM 2.5 atingir 188 microgramas por metro cúbico, segundo dados recolhidos por estações de medição na capital sul-coreana. Este volume é o mais alto registado na cidade desde que as medições começaram em 2015, excedendo o recorde anterior (99 microgramas registados em 25 de março do ano passado) e mais do que sete vezes o nível de 25 microgramas recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a agência de notícias Yonhap, a poluição forçou o governo metropolitano a activar o protocolo por níveis prejudiciais, o que obrigou metade dos carros registados em Seul a não circularem, enquanto o Ministério do Meio Ambiente instruiu as fábricas termoeléctricas localizadas perto de Seul a reduzir sua produção para 80%. O governo indiano anunciou no domingo um programa de cinco anos para reduzir a poluição do ar em até 30% em relação aos níveis de 2017 nas 102 cidades mais afectadas do país. Os principais objectivos incluem a redução da queima de resíduos de campo, lenha e carvão, a limpeza da energia térmica e emissões de automóveis e a produção de tijolos, altamente poluente, e controlo da poeira da construção.