Victor Ng Manchete PolíticaAlto de Coloane | Associação exige que CCAC investigue Obras Públicas A associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, dos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, entregou ontem uma carta na sede do Governo em que exige uma investigação às Obras Públicas por parte do Comissariado contra a Corrupção, no âmbito do caso do terreno localizado no Alto de Coloane [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] polémico caso do terreno situado no Alto do Coloane, denunciado por um relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), já está a ser investigado pelo Ministério Público (MP), mas a associação Iniciativa para o Desenvolvimento Comunitário, ligada aos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, considera que as investigações permanecem incompletas. Jeremy Lei, presidente da associação, dirigiu-se ontem à sede do Governo para entregar uma carta onde é pedido que o Chefe do Executivo ordene o CCAC para investigar a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). É também pedido que sejam investigados outros serviços públicos, para que se apure se outros funcionários públicos estiveram envolvidos em infracções administrativas ou se houve violação da conduta profissional. Jeremy Lei confessou que o caso do Alto de Coloane o deixou chocado por conter detalhes muito complicados e incompreensíveis, defendendo que, em prol da protecção os recursos públicos, o terreno seja recuperado pelas autoridades de acordo com os procedimentos legais. O responsável pela associação lembrou que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) também foram referidos no relatório, uma vez que concordaram com os relatórios da avaliação do impacto ambiental e do projecto do Alto de Coloane, submetidos pelo proprietário e aprovados pela DSSOPT. “Se a DSPA e o IACM não dispõem de base jurídica para darem parecer negativo a estes projectos, de forma vinculativa, os projectos podem prejudicar a paisagem e o meio ambiente. Achamos que existe uma grande confusão no seio da Administração”, defendeu. Neste sentido, o presidente da associação acha necessário que se revejam os regulamentos e as orientações administrativas, e que os responsáveis, sobretudo da DSSOPT, assumam a sua responsabilidade na sequência deste caso. O relatório do CCAC expôs um caso onde a propriedade do terreno foi falsificada por dois moradores de Coloane, mediante a apresentação de documentação com dados falsos. Na prática, o terreno localizado no Alto de Coloane, onde está a histórica casamata construída pelos portugueses, não terá mais do que umas centenas de metros. A sua venda à empresa Win Loyal Development aconteceu por 88 milhões de dólares e o CCAC vem agora defender que o terreno seja revertido para a Administração, além de pedir a anulação de todos os projectos aprovados pela DSSOPT.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaAssistentes Sociais | Conselho vai integrar profissionais do sector Está definida parte da composição para o segundo mandato do Conselho Profissional dos Assistentes Sociais. O organismo vai integrar onze elementos, cinco dos quais vão ser profissionais acreditados. A garantia foi dada ontem pela presidente do Instituto de Acção Social, Celeste Vong [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]e até agora existiam dúvidas quanto à composição do segundo mandato do Conselho Profissional dos Assistentes Sociais (CPAS), organismo a ser criado com a entrada em vigor do proposta de lei do regime de acreditação profissional e inscrição para assistente social, depois da reunião de discussção na especialidade realizada ontem, já há algumas certezas. O primeiro mandato do organismo será composto por elementos nomeados pelo Governo e o segundo integrará cinco assistentes sociais acreditados. A garantia foi deixada pela presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Celeste Vong, em declarações aos jornalistas depois da reunião de análise na especialidade em sede de comissão. “Muitos assistentes sociais têm demonstrado a sua preocupação no que respeita à constituição desta entidade, nomeadamente num segundo mandato que terá início daqui a três anos”, começou por dizer a responsável. “O CPAS vai integrar assistentes sociais e estes cinco membros vão ser de certeza profissionais registados. Garantimos isto”, sublinhou Celeste Vong. A sua integração pode ser por nomeação ou por eleição por parte dos profissionais do sector. A decisão cabe aos próprios assistentes sociais e a medida pretende dar aos profissionais a autonomia pedida. “Como é que estes cinco assistentes sociais farão parte do Conselho será uma decisão tomada por eles, queremos que sejam eles a decidir. Eles têm o direito de escolher a forma como querem atribuir estes lugares, se querem eleger ou nomear. Queremos respeitar as suas profissões e a sua independência, tal como eles estão a pedir”, referiu a responsável. De acordo com Celeste Vong, a medida vai ao encontro do que tem sido exigido pelos profissionais. “Penso que é o que eles querem”, disse, enquanto sublinhou que o Governo está sempre aberto a ouvir as opiniões ao mesmo tempo que procura um equilíbrio. “Esta lei não é só dirigida aos assistentes sociais mas também serve para proteger os utentes e as pessoas que se dirigem aos serviços de assistência social”, apontou. Reconhecimentos bem explicados Outro ponto discutido ontem na reunião da 2ª comissão permanente teve que ver com o reconhecimento de qualificações. Também aqui o diploma vai sofrer alterações de modo a integrar os licenciados locais que fizeram o curso no estrangeiro. O problema tem que ver com os títulos que, sendo diferentes, poderiam não corresponder à denominação aceite no território para o registo no CPAS. Para que isto não aconteça, a redacção do documento vai ser alterada e o título profisisonal não será o factor a ter em conta, mas sim o corpo curricular estudado. “Ás vezes os títulos são diferentes daquilo que o conselho possa exigir, mas partir de agora, vamos ajustar os conteúdos da proposta para que esta não seja uma preocupação”, referiu a presidente do IAS. A candidatura será considerada tendo em conta as disciplinas frequentadas e se não existirem falhas no que é considerado o núcleo de estudos fundamental, não haverá problema no registo profissional. Se existir a ausência de estudos em algum campo complementar, o candidato continuará a ser considerado, sendo que, garante a responsável, o próprio Governo tratará de dar formação nas áreas em falta. “Esta ideia já estava no diploma, mas agora vamos fazer com que este conteúdo esteja mais claro”, rematou. A diferenciação entre assistentes sociais do sector privado e do público continua a suscitar dúvidas entre os deputados, mas para já os assistentes sociais caso ingressem nos serviços públicos terão de mudar a nomenclatura da profissão e passar a ser considerados como técnicos superiores. Dea cordo com o presidente da 2ª comissão, Chan Chak Mo, trata.se de uma questão complexa e que interfere com os estatutos da função publica em geral. O medo dos TNR A proposta de lei do regime de acreditação profissional e inscrição para assistente social não prevê o registo de profissionais não residentes. A ideia foi deixada ontem pelo presidente da 2ª comissão permanente, Chan Chak Mo, que está a analisar, na especialidade, o diploma. “Por enquanto não há assistentes sociais que não sejam residentes e não estamos a pensar englobar TNR na posposta de lei porque não há necessidade, visto existirem profissionais locais suficientes”, disse. A questão foi levantada por deputados com ligação aos operários, adiantou Chan Chhak Mo. De acordo com o deputado, há a preocupação de que o diploma possa vir a considerar o registo de assistentes sociais que estejam no território enquanto TNR. “Houve opiniões por parte da FAOM que manifestavam receio de que se pudessem contratar TNR como assistentes sociais mesmo não existindo necessidade de o fazer”, referiu Chan Chak Mo. No entanto, apesar do diploma não o prever, o Governo terá afirmado que “no futuro podem existir assistentes sociais das Filipinas ou do Nepal para ajudarem os elementos das suas comunidades”.
Sofia Margarida Mota PolíticaProcriação medicamente assistida | Ng Kuok Cheong pede mais tratamentos naturais para a infertilidade [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] procriação medicamente assistida continua a ser alvo de polémica. Em interpelação escrita, o deputado Ng Kuok Cheong apela a um maior investimento em métodos naturais para o tratamento da infertilidade, ao invés da aposta em intervenções capazes de suscitar “dúvidas éticas e morais na sociedade”. De acordo com o deputado pró-democrata, é necessário saber que tipo de apoio o Governo tem prestado às famílias com dificuldades em ter filhos, sendo que, considera, o objectivo do Executivo deve ser “visar que estas famílias recebam tratamentos através de métodos naturais de controlo da natalidade”, lê-se. Para Ng Kuok Cheong, caso o Governo não consiga ter resultados eficazes no âmbito destas medidas, deve recorrer à ajuda de regiões vizinhas como Taiwan. A razão, aponta, tem a ver com o facto de ser um território “com muita experiência prática e resultados eficazes nesta área”. O deputado considera que se trata de uma questão a que o Governo deve dar a maior atenção, até porque “é um método que provoca menos controvérsias ao nível da ética e moral”. Diploma limitado O documento que visa legislar a procriação medicamente assistida esteve em consulta pública até 12 de Janeiro. A proposta pretende regulamentar quem pode fornecer o serviço e quem o pode receber. Além disso, acrescenta uma dimensão penal às sanções que, pelo enquadramento legal actual, têm apenas um regime sancionatório com multas. Na primeira versão, ainda antes da consulta pública, propõe-se uma pena máxima de oito anos para os casais que recorram a este serviço em circunstâncias irregulares. É de salientar que já existe uma moldura penal para os médicos que pratiquem este tipo de intervenções sem licença. Na mesma versão, apenas estão consagradas como aptas para a procriação medicamente assistida mulheres casadas. Os resultados da consulta pública ainda não são conhecidos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMGM Cotai | Grant Bowie confiante na renovação da licença de jogo depois de investimento de 3,4 mil milhões [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] CEO da MGM China, Grant Bowie, garantiu ontem não estar preocupado com a questão da renovação das licenças de jogo, tendo em conta o investimento que a concessionária fez no Cotai. “Não é motivo de preocupação. O Governo tem sido muito claro de que não vai dizer nada e não posso acrescentar mais nada. Merecemos a extensão do nosso contrato de concessão. Se investimos 3,4 mil milhões de dólares não vamos abandonar Macau e estamos a responder aos requisitos e estratégia do Governo.” “A renovação dos contratos não tem a ver com o sucesso dos casinos mas com a diversificação do sector, e quando Edmund Ho [ex-Chefe do Executivo] liberalizou o sector era esse o objectivo”, lembrou o CEO. Com um discurso francamente optimista, Grant Bowie adiantou que as salas VIP abrem portas em meados deste ano e de que serão operadas por cinco empresas junket. Quanto ao número de mesas, o MGM transferiu 77 das 100 mesas que já possuía no empreendimento da península. “Estamos a usar os bens que já tínhamos de forma efectiva, tal como todas as restantes concessionárias. Todos têm mesas sem utilização e temos cerca de 100 mesas. Pensámos em colocar 77 mesas de acordo com a nossa estratégia para o Cotai. Vamos gerar mais retorno com estas mesas no MGM Cotai do que aquele que estávamos a obter no MGM Macau”, frisou o CEO da operadora. Pansy Ho, directora-executiva da MGM China, defendeu que a concessionária deverá levar cerca de oito anos a ter o retorno do investimento feito no Cotai, e Grant Bowie não quis contrariá-la, apesar de não ter avançado números concretos. “Não vou desafiar as previsões de Pansy Ho, mas não tenho uma previsão especial em relação ao tempo que levará a termos o retorno do investimento. Com um investimento de 3,4 mil milhões de dólares teremos a oportunidade de satisfazer as necessidades dos nossos clientes. Os atrasos no projecto não levaram ao aumento do investimento e queríamos abrir na altura certa.” Tendo adiantado que ainda estão a ser feitas algumas reparações aos estragos que a obra sofreu aquando da passagem do tufão Hato, Grant Bowie garantiu que vai demorar algum tempo até que o novo empreendimento tenha uma presença forte mercado. “Não vou comprometer-me com nada e vai levar algum tempo para que o nosso empreendimento possa mostrar a posição face aos projectos das restantes concessionárias. Vamos fazer de tudo para termos o retorno do investimento para os nossos accionistas.” Hainão? “Já ouvi muitas histórias” O MGM viu-se obrigado a adiar a data de abertura do seu empreendimento no Cotai diversas vezes, mas Grant Bowie garantiu que o objectivo foi sempre o de inaugurar o novo resort na fase certa. “Este é um período mais forte para nós e não tenho grandes previsões a fazer em relação ao retorno que vamos ter. É muito importante abrir agora e pode ser um período muito sólido. Agora temos resorts integrados e muita gente vem com as suas famílias, não apenas para jogar. Investimos muito dinheiro e o retorno será elevado.” Grant Bowie lembrou que, numa altura em que o mercado começa a tornar-se mais maduro, todas as previsões devem ser feitas a longo prazo. “Não deveríamos fazer uma análise para daqui a um mês, porque Macau está a tornar-se num mercado maduro. Queremos fazer o reforço em termos de mercado do turismo e do entretenimento, que é onde estamos posicionados em Macau.” Questionado sobre o excesso de turistas, tendo em conta que uma das apostas da operadora é o mercado de massas para o jogo, Grant Bowie adiantou que o objectivo não é o de trazer uma maior pressão a quem vive no território. “Sou professor universitário na área do turismo e posso desenvolver uma dissertação sobre essa matéria. Não estamos focados no número de pessoas mas sim na qualidade. Queremos assegurar que não vamos trazer pressão para as comunidades locais. Esta é a estratégia que devemos desenvolver no futuro.” Questionado sobre as notícias de que o Governo Central estaria a ponderar a abertura de um empreendimento de jogo em Hainão, Grant Bowie não se mostrou preocupado. “Esta talvez seja a sexta ou a sétima vez que ouço essas histórias de haver jogo em Hainão. Vai continuar a haver este tipo de histórias com certeza. O jogo na China é um desafio e o Governo da China vai trabalhar sobre essa matéria. Claro que são pessoas com grande empreendedorismo que levantam essas questões”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMGM Cotai | Empreendimento “está bem integrado na cultura de Macau” Tem mais de 1300 quartos de hotel, promete trazer quatro dos melhores chefes de cozinha do mundo e pretende ser uma junção de entretenimento, jogo e arte. O MGM Cotai abriu ontem portas dez anos depois do primeiro momento em que começou a ser planeado [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a grande praça quase futurista cabe o restaurante do chefe Mauro Colagreco, que promete oferece os melhores bifes inspirados na cozinha mediterrânica. Há também espaço para a arte em forma de chocolates da chefe Janice Wong, natural de Singapura e conhecida em toda a Ásia pelas suas sobremesas originais. Há também o restaurante do chefe Graham Elliot, transformado em estrela de televisão. É com esta aposta na gastronomia, bem como na arte e no entretenimento, que o MGM Cotai pretende fazer a diferença no território, numa altura em que se encontram em construção a segunda fase do Studio City, a terceira e quarta fases do Galaxy e o empreendimento Lisboa Palace, da Sociedade de Jogos de Macau. O empreendimento abriu ontem portas às 19h30, mas antes os responsáveis máximos pela MGM China deram respostas sobre o resort integrado que começou a ser planeado há dez anos. Pansy Ho, directora-executiva da concessionária, disse que o dia de ontem “foi o mais importante”. “Estou muito orgulhosa deste projecto. Dez anos depois temos uma cooperação inovadora em termos de arte e entretenimento. Nos últimos dois anos a MGM China tem estado a trabalhar sem parar.” A empresária, filha do magnata de jogo Stanley Ho, lembrou que uma das grandes apostas da operadora do Cotai é a junção entre entretenimento de qualidade e arte. No empreendimento que foi desenhado para ser uma “caixa de joalharia” haverá lugar a várias exposições, de artistas da China e de Macau. “O MGM está bem integrado na cultura de Macau e vai assimilar a visão de futuro que existe para o entretenimento. Este é um dos maiores investimentos de toda a Ásia e podemos ter mais de 300 peças de arte expostas. Um total de 25 artistas da China virão apresentar as suas obras. Grant Bowie, CEO da MGM China, lembrou a atenção especial que a parceira de negócios dá ao mundo da arte. “Pansy Ho é uma grande patrocinadora de arte e demos esta oportunidade a artistas. Vamos criar novas oportunidades a jovens artistas que vão ter a oportunidade de expor os seus trabalhos e mostrarem a sua visão do mundo.” James Murren, director-executivo da MGM China e CEO da MGM Resorts International, sediada em Las Vegas, frisou o esforço pessoal que a filha de Stanley Ho colocou neste projecto. “Sei que a Pansy ama Macau e as suas pessoas. Todos os espaços foram desenhados para celebrar a cultura de Macau e da China. Esta será uma nova plataforma para o entretenimento global.” O empresário falou ainda da área da restauração como uma grande aposta. “No MGM Cotai vamos ter cerca de 400 opções para comidas e bebidas. Seria mais fácil continuar com os mesmos restaurantes que já tínhamos mas não iríamos agradar aos nossos visitantes.” Grant Bowie não deixou de dar destaque ao Spectacle, o primeiro teatro dinâmico da Ásia, que serve para dez configurações diferentes e que está preparado para receber duas mil pessoas. “Na última década procuramos fazer um resort integrado e para sermos competitivos tínhamos de melhorar. O entretenimento é a filosofia do MGM enquanto empresa. O teatro representa a No discurso proferido na conferência de imprensa, realizada horas da abertura oficial do MGM Cotai, Pansy Ho destacou os apoios governamentais que o projecto recebeu e a necessidade de estabelecer maiores ligações em termos de integração regional. “Temos de encontrar novas formas de competitividade e o MGM já está a preparar-se para a nova ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau, para fazer com que Macau se integre melhor na China. Haverá um fluxo cultural importante.” “Recebemos sempre o apoio do Governo de Macau e do Governo Central. Conseguimos ter um desenvolvimento extraordinário e uma nova visão”, concluiu a empresária.
Hoje Macau EventosRealizador Guillermo Del Toro preside ao júri do próximo festival de Veneza [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] realizador mexicano Guillermo Del Toro vai presidir ao júri da próxima edição do festival de cinema de Veneza, anunciou a organização. Del Toro foi o vencedor, em Veneza, do Leão de Ouro no ano passado para melhor filme com “A forma da água”, filme que conta, nas categorias dos Óscares de Melhor Guarda-Roupa e Melhor Montagem de Som, com dois nomeados de origem portuguesa. Segundo comunicado do festival de Veneza, onde Nuno Lopes venceu o Leão de Ouro para melhor actor em 2016, Del Toro disse que a presidência do júri da 75.ª edição do evento é “uma imensa honra e responsabilidade” que aceitava com respeito e gratidão. “Veneza é uma janela para o cinema do mundo e uma oportunidade para celebrar o seu poder e relevância cultural”, acrescentou. Por seu lado, o director do festival, Alberto Barbera, disse que Guillermo Del Toro “personifica a generosidade, um amor pelos filmes passados ou futuros e uma paixão pelo tipo de cinema que pode acender emoções, afectar pessoas e, ao mesmo tempo, fazê-las reflectir”. “A forma da água” lidera as nomeações da 90.ª edição dos Óscares, que serão entregues a 4 de Março, em Los Angeles, incluindo as categorias de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Actriz. “A forma da água” disputa a categoria de Melhor Filme com “Chama-me pelo teu nome”, “A hora mais negra”, “Foge”, “Lady Bird”, “Linha Fantasma”, “The Post”, “Dunkirk” e “Três cartazes à beira da estrada”.
Hoje Macau EventosMais um prémio para Leonor Teles com o filme “Balada de um batráquio” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] curta-metragem “Balada de um batráquio”, de Leonor Teles, venceu o grande prémio do festival alemão Stuttgarter Filmwinter, que terminou no domingo em Estugarda, Alemanha. Para o festival, que cumpriu a 31.ª edição, tinham sido selecionadas as curtas-metragens portuguesas “Penúmbria”, de Eduardo Brito, “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, e “Balada de um batráquio”, de Leonor Teles. O júri do festival atribuiu o prémio máximo da competição internacional a Leonor Teles pelo caráter experimental do filme e por conter uma declaração política, lê-se na página oficial. “Balada de um batráquio” aborda a prática comum em Portugal do uso de sapos de cerâmica por lojistas e proprietários de cafés e restaurantes, como forma de evitar a entrada de membros da comunidade cigana, que têm várias superstições ligadas ao animal. Num gesto simbólico contra o preconceito, Leonor Teles surge no filme a entrar em lojas e a destruir alguns desses sapos de cerâmica. A realizadora, que tem ascendência cigana, já se tinha focado na comunidade cigana em “Rhoma Acans”, primeiro filme feito em contexto escolar, e admitiu que a impotência sentida a inspirou a desenvolver uma nova abordagem em “Balada de um Batráquio”. A curta-metragem foi apresentada pela primeira vez em 2016 no Festival de Cinema de Berlim, onde ganhou o Urso de Ouro. Desde então, o filme já foi exibido em mais de 80 festivais e encontros de cinema em Portugal e no estrangeiro e recebeu vários prémios, nomeadamente no Festival de Curtas de Belo Horizonte (Brasil), Festival de Cinema de Hong Kong e Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.
Hoje Macau InternacionalNova Iorque | Procurador avança com processo contra Weinstein [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] procurador-geral do estado de Nova Iorque, Eric Schneiderman, anunciou este domingo que apresentou uma ação judicial contra Harvey Weinstein, o seu irmão Robert e a Produtora Weinstein por violação de direitos humanos, direitos civis e leis empresariais daquele estado. “A denúncia do procurador-geral garante que os executivos da empresa e da administração fracassaram reiteradamente em proteger os funcionários contra o assédio sexual, a intimidação e a discriminação do então presidente Harvey Weinstein”, indica a Procuradoria em comunicado. A acção judicial apresentada no Supremo Tribunal de Nova Iorque alega que os irmãos Weinstein permitiram que este ambiente se perpetrasse entre 2005 até Outubro de 2017. Este processo acontece no dia em que estava previsto ser consumada e finalizada a venda da sua produtora, de acordo com o The New York Times. “Todo o lucro da The Weinstein Company deve estar destinado à indemnização das vítimas, para que se proteja os funcionários daqui em diante; [servindo também] para que os responsáveis, nem aqueles os que permitiram tais actos, enriqueçam injustamente”, acrescenta Schneiderman no comunicado. “Cada nova-iorquino tem o direito a um ambiente de trabalho livre do assédio sexual, de intimidação e medo”, pode ler-se. Após uma investigação que durou quatro meses, a Procuradoria entrevistou vários funcionários da empresa, executivos e as supostas vítimas. Também reviu exaustivamente arquivos da empresa e e-mails. A acção dita que Weinstein ameaçava os seus empregados com frases como “vou te matar”, “vou matar a tua família” ou “sabes do que sou capaz”. O produtor também se vangloriava dos contactos políticos que tinha e assegurava ter ligações com os serviços secretos norte-americanos. A pedido de Weinstein, a empresa empregou um grupo de mulheres cuja principal tarefa era acompanhar o produtor em eventos e facilitar as suas conquistas sexuais, segundo revelou a investigação. Outro grupo de funcionários, quase todos mulheres, eram assistentes que tinham que criar espaço na sua agenda para actividades sexuais e adoptar medidas para aumentar a sua vida sexual, contactando os “Amigos de Harvey” por telefone ou mensagens de texto a seu pedido. Um terceiro grupo, também quase todo ele 100% feminino, foi forçado a facilitar as conquistas sexuais de Weinstein, de acordo com a acusação, embora tenham sido contratadas para ajudar a empresa a produzir filmes e projectos de televisão. “As funcionárias de Weinstein eram essencialmente usadas para facilitar conquistas sexuais de mulheres vulneráveis que tinham esperança que [lhes] conseguissem trabalhos no sector”, disse uma delas à acusação. A denúncia também refere que os motoristas de Weinstein, tanto em Nova Iorque, como em Los Angeles, deviam de andar sempre com preservativos e preparados com material para dar injecções para a disfunção eréctil. O produtor está a ser investigado em Nova Iorque por uma alegada violação cometida há anos, tendo sido despedido da empresa de cinema independente que co-fundou e foi também expulso da Academia de Hollywood.
Victor Ng SociedadeRastreios | Wong Kit Cheng pede mais divulgação [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng sustenta que com base nas técnicas médicas que se utilizam actualmente que vários casos de cancros podem ser prevenidos, descobertos e até tratados antecipadamente se forem feitos rastreios periódicos. Ao mesmo tempo, segundo o jornal Ou Mun, a deputada considera que existem vários estudos a apoiar a importância do rastreio no sentido da prevenção da doença. Ainda assim, Wong Kit Cheng salienta que com o recurso ao rastreiose pode reduzir no futuro a pressão dos cidadãos e do Governo sobre os recursos da área da saúde. No pólo oposto, Wong reconhece que o Executivo trabalhou na direcção certa nos últimos anos e conseguiu resultados positivos. No entanto, Wong Kit Cheng revelou que há cidadãos que lamentam que não tenham conseguido participar nos programas de rastreio avançados pelo Executivo. Entre as razões apontados para este facto referem a falta de informação. Por isso, a legisladora sugere que se reforce a promoção sobre os programas de rastreio. Além disso, a deputada propõe que as autoridades elevem o nível de formação do pessoal médico, as técnicas médicas, os métodos de tratamento, e a qualidade dos medicamentos para aumentar a probabilidade do tratamento dos doentes. Tendo em conta os vários factores necessários para os doentes ficarem curados, a deputada quer ainda aumentar apoios aos organismos que cuidam dos doentes, de forma a oferecer melhores serviços de aconselhamento aos utentes e às famílias.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesExame de mandarim II [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o meu artigo, publicado a 30 de Janeiro, analisei a situação dos estudantes da Universidade Baptista de Hong Kong que, devido à alta taxa de insucesso no exame de mandarim (70% de reprovações) ocuparam parte das instalações da Universidade. Este exame é condição necessária para a obtenção do grau de Bacharel, os estudantes têm de comprovar os seus conhecimentos de mandarim. A prova foi implementada há cerca de 10 anos atrás. Numa votação realizada em Abril de 2016, 90% dos estudantes manifestaram-se contra a realização deste exame como etapa necessária à graduação. Desde essa altura, a Universidade entrou em negociações com os estudantes e, finalmente, em Novembro de 2017 a prova regressou. Durante as várias reuniões que tiveram lugar antes da reactivação do exame, a Universidade garantiu que iria ser uma prova simples, os estudantes precisavam apenas de demonstrar que possuíam as competências para comunicarem em mandarim. Era esperada uma taxa de 90% de sucesso no exame. No entanto, verificou-se o contrário e só passaram 30% dos alunos. A causa do fracasso dos estudantes terá sido a seguinte: “Você fala mandarim fluentemente, mas o tom não corresponde ao que era pedido na pergunta, por isso não pode passar”. Este tipo de razões causou um grande descontentamento nos estudantes e deu origem à ocupação das instalações. O género de linguagem com que o presidente da Associação de Estudantes, Lau Tsz-kei, se dirigiu aos professores provocou muitas críticas, porque revelava falta de respeito pelos docentes. Foram também acusados de ter posto em risco a segurança dos funcionários. A Universidade reagiu de imediato e Lau Tsz-kei, Andrew Chan Lok-hang e outros colegas foram suspensos a 24 de Janeiro último. No dia 30, todos eles apresentaram formalmente desculpa aos professores do Centro de Línguas. A 1 de Fevereiro, na sequência do pedido de desculpas, a Universidade anulou a ordem de suspensão dos estudantes. No entanto, dois destes alunos foram sujeitos a um processo disciplinar, que terá lugar no próximo dia 15. Este incidente deu origem a grandes controvérsias. Em primeiro lugar, poucos dias após a ocupação do Centro de Línguas, apareceu escrito nas paredes “Mandarim, Não”. Os estudantes manifestaram-se para dar a conhecer os motivos do seu descontentamento. Os professores sentiam-se numa posição desconfortável. Mais de 100 docentes escreveram uma carta ao Reitor a testemunhar incómodo devido ao comportamento dos estudantes. Os que estiveram presentes no Centro de Línguas durante a ocupação, afirmaram que a sua segurança esteve em risco. Cheng Chung Tai, membro do Conselho Legislativo, escreveu à Comissão para a Igualdade de Oportunidades no dia 17 de Janeiro, salientando que as políticas adoptadas no exame de graduação poderiam estar em colisão com a lei contra a discriminação, porque os estudantes de Hong Kong são obrigados a estudar mandarim e os estudantes do continente não são obrigados a estudar cantonês. Além disso, os estudantes estrangeiros tanto podem aprender mandarim como cantonês. A partir destes exemplos, podemos verificar que os estudantes lutaram para defender os seus interesses. Também lhes tinha sido dada uma expectativa de 90% de resultados positivos. Como esta percentagem baixou dramaticamente para os 30%, sentiram-se defraudados pela Universidade. A revolta e a frustração estiveram na origem da ocupação do Centro de Línguas. Mas os comportamentos excessivos provocaram criticas por parte da sociedade. Será o mandarim uma língua difícil de aprender? A resposta será “provavelmente, não”, sobretudo, para os estudantes de Hong Kong. Eles já a escrevem, da mesma forma que os estudantes do continente. A questão aqui é saber pronunciá-la. Não parece ser muito difícil. A revolta destes jovens deve ter sido provocada pelo grande número de reprovações. Antes de se fazer o exame, ninguém pode saber ao certo qual vai ser a taxa de sucesso. Apesar disso a Universidade apontou para uma taxa de 90% de êxito. Mas era só uma previsão. Com apenas 30% dos alunos a passarem o exame, é necessário analisar as razões deste fracasso e decidir o que fazer a seguir. O descontentamento dos estudantes é compreensível, mas não justifica a ocupação das instalações. A ocupação perturbou a actividade do Centro e afectou outros estudantes que não estavam envolvidos nesta prova, o que não deixou de ser injusto. Em segundo lugar, estaremos perante um logro? Será que a Universidade quebrou uma promessa? Ou será que os estudantes falam mal mandarim? Até ao momento não existem respostas a estas perguntas. O melhor a fazer é procurar um entendimento entre a Universidade e os alunos. Os alunos terão de encontrar respostas a estas interrogações e decidir as medidas a tomar. Mesmo que os estudantes percebam que houve algum logro, devem tentar compreender os motivos e procurar um entendimento com a Universidade. Todos os problemas que ocorreram ficaram a dever-se à falta de comunicação e de negociação. E porque é que os estudantes não negociaram com a Universidade? Talvez porque hoje em dia os jovens são demasiados auto-centrados. A baixa taxa de natalidade em Hong Kong leva as escolas a tratarem os estudantes com mil cuidados. Desde a escola primária, passando pela secundária e, finalmente, pela Universidade, os estudantes são sempre um trunfo. Usam-nos para receber benefícios. Se alguma coisa lhes desagradar, convencem-se que estão a ser maltratados. É natural que existam comportamentos menos razoáveis quando as pessoas acreditam que estão a ser maltratadas. Mas este caso já assumiu contornos políticos. A carta que Cheng Chung Tai dirigiu à Comissão para a Igualdade de Oportunidades, apontando para uma possível infracção à lei contra a discriminação, pode causar problemas. Uma questão que poderia ter sido resolvida internamente está a complicar-se. Esta queixa não é bem-vinda. O Ano Novo Chinês está a chegar. Desejo a todos os meus leitores o melhor para este Ano do Cão. Feliz Ano Novo.
Sérgio Fonseca Desporto“Grid girls” continuarão a ser vistas no Grande Prémio Em plena altura do defeso, o Campeonato do Mundo de Fórmula 1 saltou para as capas dos jornais quando há duas semanas anunciou o fim das “grid girls” nos Grande Prémios, seguindo o exemplo de outros campeonatos sancionados pela FIA e até de outros desportos. Todavia, por cá, no Grande Prémio de Macau, tudo ficará como antes [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á décadas os pilotos encontrarem o seu lugar na grelha de partida através de uma placa com o seu nome ou número sustentada por uma modelo remunerada para o efeito. Contudo, esta tradição do “Grande Circo” chegou ao fim, numa decisão que não foi nada consensual, mas que para os novos donos da categoria principal do desporto automóvel é uma tentativa de melhorar a sua imagem perante uma sociedade que cada vez menos perdulária a qualquer manifestação menos politicamente correcta. O grupo americano Liberty Media, que tem os direitos comerciais da Fórmula 1 desde 2017, tenta reinventar a categoria e torná-la mais atrativa para o público jovem. Se muitos concordaram com a medida, outros mostraram-se efusivamente o seu desagrado, entre eles figuras proeminentes do paddock, como Niki Lauda, o ex-responsável máximo Bernie Ecclestone, os pilotos Max Verstappen e Sebastien Vettel e até algumas modelos. Para apaziguar os ânimos, os responsáveis pelos aspectos comerciais da Fórmula 1 revelaram uma solução para identificar o lugar de cada um dos pilotos na grelha de partida. Assim, crianças com uma carreira no automobilismo escolhidas por mérito ou por sorteio permanecerão na grelha de partida com o nome de cada um dos pilotos em todos os Grandes Prémios. Contudo, esta decisão, que trazia dinheiro aos cofres da Fórmula 1 e que também atingirá as categorias de suporte – Fórmula 2 e GP3 Series – acabará por afectar as centrais de modelos exclusivamente dedicadas às necessidades do desporto automóvel, que agora vão sentir um decréscimo progressivo de actividade, uma vez que as restantes categorias tendem seguir a Fórmula 1. O Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC) já tinha banido as “grid girls” e, depois da decisão da Fórmula 1, é de esperar que as restantes competições sob a égide da federação internacional sigam o exemplo a curto prazo. Contudo, e por agora, o Grande Prémio de Macau não vai seguir esse caminho. Imunes por cá A presença de modelos no paddock do Grande Prémio, representando as cores de patrocinadores e marcas associadas ao evento, sempre foi uma imagem forte do evento, recaindo nelas, e às vezes neles, muita da atenção de fotógrafos e curiosos. Esta tradição do evento do território irá continuar, pelo menos na próxima edição. Questionado pelo HM, o Instituto do Desporto disse que “a Comissão Organizadora do Grande Prémio está atenta às mudanças em termos da disposição de alguns dos maiores eventos de automobilismo no mundo”. No entanto, a entidade responsável pela organização da maior manifestação desportiva de carácter anual da RAEM esclarece que “de momento não tem planos para cancelar ou substituir o uso de “grid girls” e está concentrada nos preparativos gerais e organização do evento deste ano.” O Grande Prémio de Macau não é caso único a não seguir esta via restritiva. Os responsáveis do campeonato MotoGP, a competição mundial mais importante de motociclismo, deixaram bem claro que a tradição das “grid girls” é para manter e está totalmente fora de questão tocar nesse tópico, o mesmo acontecendo com o campeonato de carros eléctricos Fórmula E que também não abdicará do ritual. WTCR irá dialogar A Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) é uma das três competições FIA no programa do Grande Prémio. A competição de carros de Turismo, que este ano vai sofrer várias alterações em termos desportivos, também deixará de adoptar as “grid girls” na maioria dos seus eventos. Porém, a organização do WTCR deixa a última palavra para os promotores locais. “Como promotores do WTCR, o Eurosport Events não organizará qualquer “grid girls”, nem “grid boys”. Em vez disso vamos aumentar os nossos esforços em trazer sons e músicas às pré-grelhas, DJs e entretenimento para os nossos fãs e convidados”, explicou ao HM François Ribeiro, o CEO do Eurosport Events, salientando, no entanto, que o WTCR irá manter o hábito “de ter modelos na cerimónia do pódio para ajudar no protocolo”. Ciente que existe uma certa oposição a esta medida drástica, Ribeiro deixa, porém, a porta aberta ao diálogo. “Nós entendemos o facto que alguns promotores de eventos queiram continuar a tradição das ‘grid girls’ e iremos sentar-nos com eles para avaliarmos a situação e tomar as decisões adequadas”, elucida o dirigente francês. Com mais de sessenta anos de história, o carnaval do Grande Prémio deverá passar a curto prazo incólume às pressões da sociedade moderna, sendo a questão que se coloca – até quando?
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasHeráclito responde a Parménides [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] pensamento ontológico de Parménides mostra-nos a radical diferença entre a verdade e a opinião. A primeira alcança-se através do espírito, da consciência, e a segunda através dos sentidos. Por outro lado, o ser é uno, indivisível, imóvel, verdadeiro, ao passo que as coisas advindas dos sentidos são múltiplas e sempre numa relação com outras coisas. Parménides descobriu as coisas como entes, como algo que é; e, em consequência disso, teve de atribuir ao ente uma série de predicados que são contraditórios. E isto apresentava um problema. Reveja-se o exemplo clássico da vara nas águas do rio: a vara introduzida na água dobra, segundo a vista, segundo os sentidos, embora na realidade continue recta. Por conseguinte, fica-se perante uma situação embaraçosa, em que temos de dizer que há o ser e o há não-ser. Ainda que ele dissesse que esta era a via da opinião, que segundo os sentidos os entes poderiam ser e não-ser, acrescentando que só a via da verdade, da razão pode dizer o real, a verdade é que estávamos diante de um problema. A multiplicidade, que é onde os corpos vivem, que é onde a nossa vida acontece, está condenada a uma infinita aparência, uma infinita falsidade. O mesmo problema acontece com o movimento. O ser é imóvel, todos os entes na sua essência, isto é, todos os entes na sua verdade não mudam, aquilo que é, é de modo permanente. Parménides parecia ter aberto a porta para o interior das coisas, para o interior da essências das coisas, mas fora impotente para resolver a relação entre a essência das coisas e o modo como elas nos aparecem. No fundo, incapaz de ligar o mundo do que é verdadeiro, essencial, e o mundo onde nos movemos, o mundo das aparências. Será Heráclito que, primeiramente, irá tentar resolver esta aporia em que Parménides caíra. Vejamos então como Heráclito pensava. Heráclito nasceu em Éfeso, na Ásia menor, foi chamado a governar a cidade, mas não aceitou o cargo, de modo a poder dedicar-se por inteiro à filosofia. Xenófanes, Parménides e Heráclito eram contemporâneos, mas o primeiro era o mais velho de todos e o último o mais novo. Heráclito conhecia bem o pensamento de Parménides. Heráclito desprezava a multidão e condenava os cultos e ritos da religião popular. Os gregos deram-lhe o cognome de “o Obscuro”. Diz-se do oráculo de Delfos, que não manifesta, nem oculta o seu pensamento, indicando-o apenas por sinais, e isto poder-se-ia aplicar ao pensamento de Heráclito. Como grande conhecedor de Parménides, Heráclito identificara bem o problema da via da opinião e irá fundar o seu pensamento ontológico ou metafísico num conceito a que dará o nome, que importámos do latim Devenire, para o português Devir. Mas o conceito usado em grego por Heráclito é menos abstracto: panta rhei, tudo flui. Tudo flui, isto é, fluência é o conceito chave do filósofo de Éfeso. Veja-se alguns fragmentos de Heráclito: “Para aquele que entra no rio, é sempre outra e outra a água que flui.” “Tudo o que está a ser, move-se, nada permanece parado.” “Tudo muda, nada permanece igual” “Não se pode pisar duas vezes as águas do rio.” “A um mesmo tempo, pisamos e não pisamos o mesmo rio; somos e não somos.” Heráclito parece fazer dos sentidos o centro do seu pensamento, pois afirma repetidamente a impossibilidade da permanência e do não movimento do ser; afirma ainda que nós somos e não somos, ao mesmo tempo. Tudo é e não é, a um mesmo tempo, tudo é fluência. Estamos perante uma inversão completa do pensamento de Parménides. Mas para além da fluência, há mais dois conceitos fundamentais no pensamento de Heráclito: polemos (guerra) e logos (sentido). Afirma também que o fogo é o elemento primordial. Por conseguinte, dirá: “O mundo é um fogo sempre vivo; partes desse fogo são sempre extintas para formar as duas outras principais massas do mundo, o mar e a terra. As mudanças entre o fogo, o mar e a terra equilibram-se mutuamente; o fogo puro, ou etéreo, tem capacidade directiva.” (…) “Esta ordem do mundo, não a criou nenhum dos deuses, nem dos homens, mas sempre foi e é e será: um fogo sempre vivo, que se acende com medida e com medida se apaga.” A esta noção de medida viremos mais tarde, quando tratarmos do logos, vejamos agora como se acende e apaga o mundo, isto é, como se explica o movimento, que não existia para Parménides, se não como ilusão. Heráclito explica o movimento através da discórdia ou guerra, cuja palavra em grego épolemos. Chega mesmo a dizer que a guerra é a dikê, isto é, o caminho certo, a justiça. Esta guerra outra coisa não é senão a expressão da luta de contrários, existente em tudo o que é. A mudança do mundo é uma guerra. O mundo, tudo o que é, tudo o que há, está em constante guerra. A mudança é uma guerra. As coisas a mudarem é a face da guerra, da guerra a acontecer, não só no interior de todas as coisas, mas na própria essência de todas as coisas. Ser é ser em mudança. Dirá mais tarde Camões, “todo o mundo é composto de mudança / tomando sempre novas qualidades”. Poderíamos substituir mundo por ser, em Camões, que as contas batiam certas. Este poema de Camões, provavelmente o poema mais heracliteano que conheço, expressa bem a consciência da mudança, que tudo governa, como dizia Heráclito. Veja-se o poema de Camões, antes de avançarmos para uma análise do sentido da fluência em Heráclito. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança: Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem (se algum houve) as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto, Que não se muda já como soía. Mas vejamos a mudança em Camões à luz da guerra em Heráclito, pois no fundo não é outra coisa o que Camões canta. Assim, quando cada um de nós engorda, envelhece, fica careca, ou definha, tudo não passa de expressões da guerra que acontece em nós mesmos, a guerra a destruir-nos e a construir-nos, a mudar-nos. Quando nos tornamos mais inteligentes ou mais experientes, é a guerra, que aconteceu, que nos transformou. Quando tudo deixa de ser o que é para ser uma outra coisa, é a guerra ou, se preferirem, a discórdia a acontecer ou o resultado da mesma, o já ter acontecido. Nada pode ser permanente, se tudo está em mudança. Por conseguinte, tal como nós, que somos e não somos, também tudo o que é, é e não é. Ser e não ser, ao mesmo tempo, é a dikê, a justiça, o caminho recto de tudo o que há. Para termos uma noção mais precisa de sermos e não sermos ao mesmo tempo, basta mostrar um foto nossa, quando éramos criança, a uma criança. Ela não consegue entender, não consegue ver que nós fomos aqueles que estamos agora a mostrar como tendo sido. Para a criança nós somos o que somos e não o que não somos, que é o tempo de criança. Na verdade, esta experiência de mostrar uma foto nossa de criança, a uma criança, mostra claramente que somos e não somos ao mesmo tempo. Nós somos aqui e agora a mostrar a foto, mas também não somos aqui e agora naquele que fomos. A criança não consegue entender esse não ser, a criança não entende que não somos, pois é isso mesmo que o nosso passado é para a criança; passado, esse, sem o qual nós não seríamos aqui e agora. Ainda ontem, uma jovem mulher que cresceu comigo como se fosse minha filha, ao longo de quase dez anos, escrevia-me acerca do fim de semana dela, em família, aquela que também foi um dia a minha, dizendo: “Como é engraçado ver o quanto as coisas mudam. E o quanto elas não mudam também.” Esta condição, esta tomada de consciência levada a cabo por essa jovem, bem poderia ter sido um fragmento de Heráclito: tudo muda, mas nada muda também; embora neste não mudar haja mudança. É uma complexa dialéctica, onde Heráclito tenta dar conta do que nos acontece. Mas o mesmo acontece com a natureza. Veja-se o caso da borboleta. Ela é e não é. Quem ao olhar uma borboleta, sem que o saiba, consegue imaginar o casulo e a larva que ela também é? Tudo está em constante mutação, em constante mudança. E, contrariamente a Parménides, que reconhecia a existência de tudo isto, mas remetia tudo para a doxa, a opinião, a via da falsidade, pois todo este falso conhecimento chegava-nos através dos sentidos, que não são de fiar, Heráclito vai dizer antes que esta é que é a via da verdade, esta é que é a verdade do mundo, a verdade de tudo o que é. Tudo muda, tudo flui, tudo está numa contínua guerra. Mas, contrariamente ao que se possa pensar, não se trata de afirmar os sentidos acima do nous, do espírito, da consciência. Não é através dos sentidos que acedemos à guerra que acontece no mundo, a cada momento e em todo o lado, mas através do logos. O Logos, que podemos traduzir por sentido, embora seja comummente traduzido por palavra ou discurso, é aquilo que faz com que se entenda o que se entende. Aqui, tanto Parménides quanto Heráclito concordam, o ser do homem reside na palavra, isto é, na compreensão daquilo que é a sua situação no mundo. Em Heráclito, a palavra pode nem ser a palavra em sentido literal, isto é, a palavra escrita, a palavra falada, mas uma consciência particular, uma linguagem outra, mas que de algum modo entre em contacto com outros. Parménides pretende que a compreensão dessa situação seja toda ela espiritual, da razão, ao passo que Heráclito pretende que o sentido da situação do homem seja compreendido na mente e no tempo, isto é, na situação particular do homem de saber que tem de cuidar de si mesmo. Em Heráclito logos é simultaneamente palavra (discurso, como em todos os gregos), proporção e sentido. Mas o que entendemos por sentido? Usualmente, quando alguém faz uso da palavra, sentido quer dizer que algo é inteligível, isto é, que algo está a acontecer de tal modo que ele o consegue compreender. Aqui, sentido diz tão somente que alguém está a compreender o que se passa; aquilo que lhe está a ser dito, aquilo que está a ver, ou aquilo que está a pensar. Um texto em ideogramas chineses é incompreensível para a grande maioria dos ocidentais, esse texto não fará para nós qualquer sentido, assim como para a maioria das pessoas o verem uma fotografia da configuração electrónica de um átomo. De facto todos nós estamos a ver, mas o que vimos não nos é compreensível, não produz sentido. Mas sentido quer também dizer direcção, isto é, o caminho ou o percurso que se toma. Quando alguém, junto ao Largo de Camões, me pergunta onde é que fica o Teatro São Luís, eu indico-lhe (mostro-lhe) o sentido que ele quer: “O senhor segue sempre em frente, sempre por esta rua…” Em suma, eu dou-lhe a direcção, dou-lhe o sentido que ele procura. Por outro lado, ele ao não saber o sentido (direcção) que deveria tomar para chegar ao teatro São Luís, está deposto numa não inteligibilidade do caminho, isto é, ele não compreende a rua que tem diante dos olhos. Aquilo que para mim e para vós é mais do que evidente – ou seja, quando queremos ir ao teatro São Luís nem sequer pensamos nisso, quer dizer, não precisamos de nos pôr a pensar “ora, o que é que tenho que fazer para ir ao teatro São Luís?”, ou “e ainda fica longe?” –, para aquele senhor que me interpela pode ser tudo evidente, tudo menos isso. Porque aquilo que faz sentido é aquilo que sabemos. Este saber não é algo de erudito ou teórico, é algo que faz parte da vida a cada momento, como por exemplo cortar o pão ou saber a direcção do que se procura. E aquele que pergunta já sabe alguma coisa, pois por isso pergunta. A pergunta é um modo de saber em estado de nevoeiro, que no fundo é o nosso estado em relação à nossa vida. Mas quando alguém pergunta pelo teatro São Luís, ele sabe várias coisas: o que é um teatro, que ele fica em Lisboa, que fica próximo do Largo de Camões, onde ele pergunta pela direcção, etc.. Ele sabe várias coisas, mas não por aquilo que pergunta, não sabe como lá chegar. A este saber em forma de pergunta, esta consciência do que se quer saber, que se quer saber mais, é comum a todos e chama-se Logos. O Logos é comum a todos. Tentemos ligar então dois poderosos fragmentos de Heraclito, 89 e 45. No fragmento 45, Heráclito escreve: “Não é possível descobrir os limites da alma, mesmo percorrendo todos os caminhos: tão profunda medida ela tem.” No fragmento 89, escreve: “Os despertos (acordados) têm um mundo único e comum, e cada um dos adormecidos se vira para si mesmo.” Para Heráclito, a alma humana não se conhece a si mesma, pelo menos não no mesmo sentido que podemos conhecer as leis matemáticas. Por outro lado, ele traça uma linha fundamental, e original, entre os estados de vigília e de sono. Na vigília há um só mundo para todos, um mundo que é comum, mas quando se cai no sono ficamos enclausurados num outro mundo, que nos é próprio, que é de cada um de nós; no sono mantemo-nos desligados dos outros e do mundo, fechados em nós mesmos. O homem adormecido está preso em si mesmo, numa imaginação desenfreada, desligado da realidade comum. Aquele que dorme não conhece o outro. Mas ele não está somente longe da alteridade, está também longe da sua própria alma. Como uma criança, que passa a maior parte do tempo a dormir, a sonhar, desligado do pensar. A alma humana está ligada ao Logos comum, ao pensar. Quem dorme não pensa. Este sublinhar a necessidade do estado de vigília, é também o sublinhado, não só do ponto de vista ontológico, pois só acordados podemos pensar, como também o sublinhar de um ponto de vista ético, pois é no comum, na alteridade que o humano cresce, e não no próprio do sono, do sonho, da imaginação sem correspondência real. Não podemos esquecer que aquele que dorme, em sentido literal, não toma conta de si. No sono estamos entregues aos cuidados da sorte, e não aos nossos cuidados. É aqui que podemos dizer que o humano é aquele que sabe que tem de se cuidar, tem que velar pela sua própria vida. Há, evidentemente, uma primazia do saber em Heráclito, de tal modo que criticou Pitágoras, acusando-o de polimata, alguém que sabe muitas coisas, mas não aquilo que verdadeiramente importa. Por conseguinte, este saber que Heráclito privilegia, é o saber que não contraia o Logos, o saber que nos faça ver aquilo que somos e o que é o mundo. E não há nós sem mundo. Não há nós sem Logos. Enquanto Parménides traça uma ontologia centrada na razão, Heráclito irá traçar uma ontologia centrada no humano e, neste sentido, um pouco à imagem do que dois milénios e meio mais tarde Heidegger irá traçar no seu Ser e Tempo. Não se pode pensar, segundo Heráclito, partindo do pressuposto de que a nossa vida é falsa, que os nossos sentidos nos enganam. Nós somos, à imagem do mundo, fluência. Tudo é fluência, devir. Não se pode querer pensar como se nós fôssemos permanência absoluta, ainda que racionalmente possamos pensar essa hipótese. Para Heráclito, mais importante do que a distinção entre sentidos e razão é a distinção radical entre vigília e sono, que mostra claramente que o filósofo de Éfeso compreendeu a essência humana, isto é, a necessidade de ter de cuidar de si e a consciência dessa situação. Por outro lado, a compreensão de que é na vigília e na compreensão da situação humana, que podemos também traçar uma ética, porque na vigília participamos do Logos, do que é comum. Mais tarde, na sua derradeira crítica, a estética, Kant irá retomar este conceito de comum de modo a explicar os juízos estéticos. Também ele entenderá, como o filósofo de Éfeso, o arrazoado dos juízos fora da comunidade. Sem sensus communis, dirá Kant, não há juízos estéticos ou quaisquer outros. Sem sensus communis não há juízos, ponto final. É também assim que Heráclito entende o sentido da vida humana: sem comum não há verdadeiramente humanos, mas gente que dorme ou bêbados, expressões adormecidas da vida humana.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Empresas terão de divulgar accionista maioritário em investimentos estrangeiros [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s firmas chinesas terão que divulgar o accionista maioritário quando investem além-fronteiras, informou ontem a agência oficial Xinhua, após vários investimentos do grupo HNA, accionista indirecto da TAP, terem sido bloqueados pela dificuldade em perceber quem controla o grupo. Segundo a Xinhua, a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), organismo máximo chinês encarregado da planificação económica, estipulou que as empresas têm a partir de agora de fornecer detalhes sobre a estrutura accionista, que permitam identificar quem controla o respectivo grupo ou diferentes empresas, no caso de se tratar de um consórcio. A NDRC sublinha que a empresa deve fornecer informação adicional, quando a estrutura não permite perceber quem de facto controla o grupo. A decisão surge depois de nos últimos meses o grupo HNA ter falhado várias aquisições além-fronteiras, face à dificuldade em entender quem são os seus accionistas, ocultados por detrás de múltiplas empresas fictícias, subsidiárias e afiliados. No mês passado, as autoridades norte-americanas afirmaram que não vão aprovar mais investimentos do grupo, até que este forneça informação precisa sobre os seus accionistas. Em Dezembro passado, os reguladores da Nova Zelândia encarregues do investimento externo bloquearam a aquisição de uma sociedade financeira pelo HNA, apontando que a informação fornecida sobre a estrutura accionista do grupo “era insuficiente”. Em Julho passado, os reguladores suíços disseram também que o grupo forneceu informação “incompleta ou falsa” sobre a sua estrutura accionista, aquando da aquisição da Gategroup, líder no catering para o sector da aviação. A empresa detém indiretamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7% na Atlantic Gateway, e tem ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank. Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou este ano o primeiro voo direto entre a China e Portugal. O HNA, que nos últimos anos investiu um total de 33 mil milhões de euros além-fronteiras, tem dado sinais de escassa liquidez, com alguns bancos chineses a denunciarem as dificuldades de subsidiárias do grupo em saldar as suas dívidas. Actualizada lista de “sectores sensíveis” Entretanto, o organismo máximo chinês encarregado da planificação económica estipulou novas restrições no investimento das empresas chinesas além-fronteiras, que penalizam as áreas imobiliária, hoteleira e os fundos de investimento, e beneficiam os sectores da electricidade e telecomunicações. Segundo a actualização da lista dos “sectores sensíveis”, publicada pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), a partir de Março, as empresas chinesas que queiram investir em projectos de telecomunicação e redes eléctricas deixam de precisar de aprovação oficial. O investimento em imobiliário, fundos de investimento, armamento, hotéis, cinema, entretenimento e clubes desportivos passam a depender da aprovação do Governo. A NDRC manteve os sectores de recursos aquáticos e órgãos de comunicação na mesma lista. O ‘boom’ do investimento chinês no exterior dos últimos anos levou os reguladores chineses a emitir um comunicado conjunto, no qual advertem para investimentos “irracionais” além-fronteiras, em sectores em que abundam “riscos e perigos ocultos”. Em 2017, o investimento chinês não financeiro no exterior caiu 29,4%, face ao ano anterior, para 120.080 milhões de dólares. O país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.
Hoje Macau China / ÁsiaAtaque com faca em centro comercial de Pequim deixa um morto e doze feridos [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma mulher morreu e outras doze pessoas ficaram feridas, devido a um ataque com faca por um homem num dos centros comerciais mais movimentados de Pequim, informou a imprensa local. A mulher morreu no hospital, enquanto os feridos – três homens e nove mulheres – estão a receber tratamento e não correm perigo de vida, detalhou a polícia. Citada pela imprensa local, a polícia apontou como suspeito um homem de 35 anos, natural da província de Henan, centro da China, e identificado como Zhu. O homem, que foi detido no centro comercial, terá cometido o crime por motivos de “rancor”, afirmaram as autoridades, sem avançar com mais detalhes. O ataque ocorreu às 13 horas no centro comercial Joy City Mall, um dos mais concorridos da capital chinesa, e situado em Xidan, a cerca de dois quilómetros de Tiananmen, a famosa praça localizada no centro de Pequim. Um vídeo difundido ‘online’ mostra dois homens a atirar cadeiras e copos contra um outro homem, que corre em direcção a um cliente, que está a almoçar. Outro vídeo mostra pessoas a correrem para fora do centro comercial e pegadas de sangue no chão. A polícia, que bloqueou temporariamente as ruas à volta do centro comercial, não detalha se as doze pessoas que estão a receber tratamento hospitalar foram feridas pelo suspeito ou quando tentavam escapar. O ataque ocorreu a cinco dias do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, e um período em que a segurança é reforçada por toda a cidade, à medida que milhões de pessoas regressam às suas terras natais. A China tem registado vários incidentes do género, normalmente ligados a pessoas com problemas psicológicos ou com ressentimentos com vizinhos ou a sociedade no geral. No ano passado, um homem explodiu deliberadamente um cilindro de gás à porta de um jardim de infância e causou oito mortos. Em 2016, um ataque à faca nas imediações de uma escola primária, no norte do país, deixou feridos sete estudantes. Em Outubro do mesmo ano, um homem assassinou 16 pessoas, membros de cinco famílias diferentes, numa zona rural da província de Yunnan, no sudoeste da China.
Hoje Macau China / ÁsiaExtremistas católicos criticam negociações entre Vaticano e China [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de extremistas católicos, a maioria oriundos de Hong Kong, criticaram ontem um possível acordo entre a China e o Vaticano na questão da nomeação dos bispos, principal fonte de discórdia entre os dois estados. Numa carta dirigida aos bispos de todo o mundo, quinze extremistas afirmam estar “chocados” e “decepcionados” face à possibilidade de o Vaticano reconhecer bispos nomeados pelo regime de Pequim. “Caso [aqueles bispos] forem reconhecidos como legítimos, os fiéis no continente chinês serão mergulhados na confusão e dor, e criar-se-á uma divisão na igreja chinesa”, lê-se na carta. Os extremistas lembram que o regime chinês sempre praticou perseguição religiosa. “O Partido Comunista Chinês (PCC), sob a liderança de Xi Jinping, já destruiu em várias ocasiões cruzes e igrejas, e a Associação Patriótica mantém mão dura sob a igreja”, acrescenta. Pequim e a Santa Sé não têm relações diplomáticas, divergindo sobretudo na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. A China tem cerca de 12 milhões de católicos, mas as manifestações católicas no país são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica Católica Chinesa, a igreja aprovada pelo PCC e independente do Vaticano. Milhões de católicos chineses estão, porém, ligados às chamadas igrejas clandestinas, constituídas fora do controlo daquele organismo estatal e que juram lealdade ao papa. Uma nova medida do Governo chinês, aprovada este mês, reforça o controlo das autoridades sobre as actividades religiosas e estabelece novas responsabilidades legais e multas. Um dos objectivos desta medida é precisamente combater as igrejas “clandestinas”. “Xi deixou claro que o partido endurecerá o controlo sob as religiões. Não há possibilidade de a igreja desfrutar de mais liberdade. Além disso, o Partido Comunista tem um largo historial de promessas não cumpridas”, afirmam os extremistas. A carta apela à Santa Sé para que não cometa um “erro irreversível e lamentável”. Vários órgãos de comunicação próximos da Santa Sé afirmam que um acordo entre ambos os Estados está pronto e pode ser assinado nos próximos meses, mas não se sabe ainda como será resolvida a questão da nomeação dos bispos. No caso do Vietname, país vizinho da China e também governado por comunistas, um acordo assinado em 1996 estabelece que a Santa Sé propõe três bispos a Hanói, e o governo vietnamita escolhe um deles.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Apoio ao sector privado é “inabalável” [dropcap style≠’circle’]“A[/dropcap] China permanece inabalável no apoio ao sector privado e criará condições favoráveis ao seu desenvolvimento”, disse o vice-primeiro-ministro Wang Yang. “Os governos continuarão a melhorar o ambiente comercial, manter expectativas de política estáveis e proteger os direitos e interesses das empresas privadas”, referiu Wang a empresários durante uma reunião realizada para solicitar opiniões. O sector privado testemunhou um boom desde a reforma e a abertura, que começou há 40 anos, e tornou-se numa importante parte da economia. No final de 2017, existiam 65,8 milhões de negócios individuais e 27,3 milhões de empresas privadas, que empregavam 341 milhões de pessoas. Wang pediu às empresas privadas para aproveitarem plenamente as suas vantagens para contribuir para as “três difíceis batalhas ” do país nos próximos três anos: a prevenção do risco financeiro, a redução da pobreza e o controle da poluição. O vice- primeiro-ministro mostrou-se esperançado de que o sector privado possa melhorar o controlo de riscos, ajude a criar empregos, eleve os rendimentos nas áreas pobres e desenvolva uma estrutura industrial ecológica.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Pequim contra Lei de Viagens de Taiwan [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China apresentou “protestos solenes” ao governo dos Estados Unidos em relação a um projecto de lei relacionado com Taiwan, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros. O Comité das Relações Exteriores do Senado dos EUA aprovou na quarta-feira a Lei de Viagens de Taiwan, em que procura incentivar o intercâmbio de visitas de alto nível entre os EUA e a ilha. O projecto foi aprovado em Janeiro pela Câmara dos Representantes. “A China está extremamente insatisfeita e apresentou protestos solenes à parte americana”, disse Geng Shuang, porta-voz da Chancelaria, numa conferência de imprensa. “Algumas das cláusulas da lei, embora não sejam legalmente vinculativas, violam seriamente o princípio ‘Uma Só China’ e os três comunicados conjuntos entre a China e os EUA”, manifestou o porta-voz, acrescentando que a aprovação e a implementação da lei prejudicará severamente as relações China-EUA, bem como a situação através do estreito de Taiwan. “O princípio ‘Uma Só China’ é a base política dos laços sino-americanos”, indicou o funcionário. “Pedimos aos EUA que adiram ao seu compromisso sobre a questão de Taiwan, suspendam a deliberação da lei, dirijam de forma adequada os assuntos relacionados com Taiwan e mantenham a estabilidade nas relações China-EUA”, declarou Geng.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Actualizada lista de “sectores sensíveis” no investimento além-fronteiras [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] organismo máximo chinês encarregado da planificação económica estipulou novas restrições no investimento das empresas chinesas além-fronteiras, que penalizam as áreas imobiliária, hoteleira e os fundos de investimento, e beneficiam os sectores da electricidade e telecomunicações. Segundo a actualização da lista dos “sectores sensíveis”, publicada pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), a partir de Março, as empresas chinesas que queiram investir em projectos de telecomunicação e redes eléctricas deixam de precisar de aprovação oficial. O investimento em imobiliário, fundos de investimento, armamento, hotéis, cinema, entretenimento e clubes desportivos passam a depender da aprovação do Governo. A NDRC manteve os sectores de recursos aquáticos e órgãos de comunicação na mesma lista. O ‘boom’ do investimento chinês no exterior dos últimos anos levou os reguladores chineses a emitir um comunicado conjunto, no qual advertem para investimentos “irracionais” além-fronteiras, em sectores em que abundam “riscos e perigos ocultos”. Em 2017, o investimento chinês não financeiro no exterior caiu 29,4%, face ao ano anterior, para 120.080 milhões de dólares. O país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping | Erradicação da pobreza é a principal missão do PCC [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário-geral do Partido Comunista da China (PCC), Xi Jinping, transmitiu uma mensagem às regiões pobres na província de Sichuan. Xi realizou uma visita às famílias pobres numa região montanhosa em Sichuan, no domingo, onde falou com os aldeões sobre a erradicação da pobreza. O presidente viajou duas horas de autocarro para chegar de Xichang até às aldeias de Sanhe e Huopu, ambas no distrito de Zhaojue, na prefeitura autónoma da etnia Yi. Desde o 18º Congresso Nacional do PCCh, realizado em 2012, que Xi visita anualmente áreas empobrecidas nas proximidades do Festival da Primavera. “As medidas e trabalhos para aliviar e erradicar a pobreza têm de ser precisos, e as políticas devem ser feitas em conformidade com as necessidades das famílias e indivíduos”, reforçou Xi. O PCC assumiu o compromisso de permitir que todos os cidadãos que vivem abaixo do limiar da pobreza saiam da miséria até 2020. O número de chineses que saiu de situações de pobreza extrema no ano passado foi superior a 10 milhões, revelou Xi no seu discurso do Ano Novo de 2018. Na discussão com legisladores da província de Sichuan durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional, em Março do ano passado, Xi afirmou que é desolador que alguns alunos ainda tenham que correr riscos, como subir montanhas, para ir à escola todos os dias. O processo da erradicação da pobreza requer políticas adaptadas e medidas precisas, e às vezes, a paciência e precisão semelhante a “fazer um bordado”, disse Xi, aos legisladores de Sichuan. Entretanto, dados oficiais divulgados pela Xinhua revelam que a China criou mais de 66 milhões de empregos urbanos ao longo dos últimos cinco anos. Durante cinco anos, 90% dos graduados universitários encontraram empregos e mais de 1,1 milhão de trabalhadores que perderam o emprego por causa dos cortes de capacidade de produção em excesso do país foram recontratados, disse Yin Weimin, ministro dos Recursos Humanos e da Segurança Social. Até o final de 2017, a taxa de desemprego nas áreas urbanas ficou em 3,9%, o nível mais baixo desde 2002. Entre 2013 e 2017, mais de 13 milhões de empregos foram criados em cada ano nas áreas urbanas, apesar do efeito negativo da estruturação económica e do crescimento desacelerado, também segundo os dados oficiais. O ano passado teve 13,51 milhões de vagas criadas nas áreas urbanas. O governo central definiu um aumento de 11 milhões de empregos como meta para 2017. Para assegurar um emprego estável, a China elaborou uma série de políticas pró-emprego para graduados, trabalhadores redundantes, pessoas com deficiência e trabalhadores migrantes. Yin afirmou que a China continuará a implementar e melhorando o emprego e as políticas de empreendedorismo para criar mais empregos em 2018.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteRota das Letras | Jung Chang e JP Simões marcam abertura do festival literário [vc_row][vc_column][vc_column_text] Começa já no próximo dia 10 de Março o festival literário local “Rota das Letras”. Os nomes já começaram a ser divulgados há algumas semanas e ontem foi dada a conhecer a lista completa de convidados. O destaque vai para a presença na abertura do evento da autora de “Cisnes Selvagens”, Jung Chang e do concerto do português JP Simões [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão cerca de 60 os convidados da sétima edição do festival literário de Macau, “Rota das Letras”. Jung Chang, autora de “Cisnes Selvagens – Três Filhas da China”, considerado pelo Asian Wall Street Journal o livro mais lido sobre a China e que retrata uma centena de anos no país através dos olhos de três gerações de mulheres, tem presença confirmada na abertura da edição deste ano do evento. A informação foi dada ontem em conferência de imprensa pelo director, Ricardo Pinto. De acordo com o responsável a presença de Jung Chang merece especial destaque. “Na minha geração, eram os romances da Pearl S. Buck, hoje em dia talvez “Os Cisnes Selvagens” seja, de facto, essa porta de entrada na literatura chinesa e, sobretudo na história recente da China. É uma autora com uma dimensão enorme, popularíssima”, referiu. A autora é ainda conhjecida pelas obras “Mao: A História Desconhecida” e “A Imperatriz Viúva – Cixi, a Concubina que mudou a China”. As obras de Jung Chang estão traduzidas em mais de 40 idiomas, tendo vendido acima dos 15 milhões de exemplares. Vencedora de diversos prémios, incluindo o UK Writers ‘Guild Best Non-Fiction e o Book of the Year UK, foi distinguida com doutoramentos honoris causa por universidades no Reino Unido e nos EUA. Nascida na província de Sichuan em 1952, durante a Revolução Cultural (1966-1976), Jung Chang trabalhou como camponesa, “médica de pés descalços”, operária siderúrgica e electricista, antes de se tornar estudante de Inglês na Universidade de Sichuan. Mudou-se para o Reino Unido em 1978 e doutorou-se em Linguística pela Universidade de York, tornando-se a primeira pessoa da China comunista a obter tal grau numa universidade britânica. Vidas multiculturais Ricardo Pinto destacou ainda a presença de Li-Young Lee, poeta americano premiado e autor de várias colectâneas de poesia e da autobiografia “The Winged Seed: A Remembrance”. Nascido em Jacarta, filho de pais chineses, “Lee cedo aprendeu sobre a perda e o exílio”, refere a organizção. O seu avô, Yuan Shikai, foi o primeiro Presidente republicano da China logo após o período provisório de Sun Yat-sen, e o pai, cristão fervoroso, foi o médico de Mao Tse-Tung. Quando o Partido Comunista da China se estabeleceu, os pais de Lee mudaram-se para a Indonésia. Em 1959, o seu pai, depois de passar um ano como prisioneiro político do Presidente Sukarno, fugiu com a família para escapar à xenofobia contra os chineses. Depois de um périplo de 5 anos, passando por Hong Kong, Macau e Japão, fixaram-se nos Estados Unidos em 1964. Ricardo Pinto espera ainda que a presença em Macau do escritor durante duas semanas possa vir a inspirar os seus escritos futuros. “Espero que Li-Young Lee use estas duas semanas para escrever algumas histórias sobre o território”, disse. Por fim, o director do “Rota das Letras” sublinhou a presença de Marco Lobo. Com ligações a Macau, o escritor residente em Tóquio é conhecido pelo seu interesse na diáspora portuguesa. O facto de ter tido acesso a uma educação multicultural que teve início em Macau e Hong Kong, e se estendeu pela Ásia, Europa e pelas Américas permitiu-lhe observar de perto as diversas sociedades em que a cultura portuguesa se difundiu. Os seus romances históricos, “The Witch Hunter’s Amulet” e “Mesquita’s Reflections”, exploram a temática dos conflitos culturais envolvendo raça e religião, aponta o organizador. No que toca aos países lusófonos, a Rota das Letras traz ao território Rui Cardoso Martins, escritor e argumentista, autor das crónicas “Levante-se o Réu” e “Levante-se o Réu Outra Vez” — Grande Prémio APE/Crónica 2016 e dois prémios Gazeta. Tem ainda quatro romances publicados, com destaque para “Deixem Passar o Homem Invisível”, Grande Prémio APE, 2009. Também Isabel Lucas, jornalista, crítica literária e autora de “Viagem ao Sonho Americano” vai marcar presença no território. Com um pé na literatura e outro na música, vai estar em Macau Kalaf Epalanga, membro da ex-banda Buraka Som Sistema e autor de três romances. Juntam-se a estes, a historiadora e escritora Isabel Valadão, a professora catedrática, poeta, ensaísta e dirigente do projecto Literatura-Mundo Comparada em Português, Helena Carvalhão Buescu, a cabo-verdiana Dina Salústio, e Albertino Bragança de São Tomé e Príncipe. Outro dos convidados do festival deste ano é o romancista, jornalista e professor universitário filipino Miguel Syjuco. O seu romance de estreia, Ilustrado, foi NY Times Notable Book em 2010 e vencedor do Man Asian Literary Prize. Estes nomes vão juntar-se à dissidente e ativista dos direitos humanos norte-coreana Hyeonseo Lee, a Suki Kim, que passou seis meses infiltrada naquele país, aos lusófonos Maria Inês Almeida, Rui Tavares e Ana Margarida de Carvalho, Ungulani Ba Ka Khosa, de Moçambique, e Julián Fuks, do Brasil. Os autores locais terão também um papel importante no programa da Rota das Letras. A poetisa, catedrática e cronista Jenny Lao-Phillips, o catedrático e escritor de infanto-juvenil Paul Pang, o poeta Rui Rocha, o poeta e historiador Fernando Sales Lopes e a romancista Isolda Brasil participarão em várias sessões ao longo das duas semanas do evento. Outras artes No que toca às artes plásticas e visuais, o “Rota das Letras” volta a apresentar uma série de exposições. Uma mostra colectiva de artistas e arquitectos locais, com curadoria da arquitecta Maria José de Freitas traz nomes como Ung Vai Meng, Carmo Correia, Adalberto Tenreiro, António Mil-Homens, Chan In Io, João Miguel Barros, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro e Manuel Vicente numa exposição sob o tema “River Cities Crossing Borders: History & Strategies”, no Edifício do Antigo Tribunal. O artista local João Ó exibirá “Modelo para Impossível Tulipa Negra”, parte de um projecto maior intitulado Palácio da Memória. Apresentado inicialmente no Museu Nacional da História Natural e da Ciência, de Portugal, o projecto reflecte sobre a figura e feitos do sacerdote e cientista Matteo Ricci, jesuíta italiano do século XVI que se estabeleceu, via Macau, na China continental. O nome invoca a “Carta Geográfica Completa de Todos os Reinos do Mundo”, desenhado por Ricci em 1584 e impresso em xilogravura em 1602. Na Livraria Portuguesa de Macau, o “Rota das Letras” apresenta “Paisagens Literárias de um Viajante”, uma exposição do artista português Rui Paiva, que viveu em Macau durante vários anos. Juntamente com a sua obra e objectos de colecção, Rui Paiva irá lançar o seu livro recentemente publicado, “Nuvem Branca”, livro de artista e de vida. Duas outras exposições organizadas por parceiros de longa data do Festival, a Fundação Oriente e a Creative Macau, farão também parte do programa. “Rostos de Poesia”, do artista chinês Chen Yu, será inaugurada a 13 de Março na Casa Garden, seguida por uma sessão de poesia. “Pinacatroca”, pelo cartonista local Rodrigo de Matos, estará patente na Creative Macau de 22 de Março a 21 de Abril. Letras na tela São cinco os filmes apresentados pela sétima edição do festival literário de Macau. A realizadora portuguesa Rita Azevedo Gomes terá duas películas: “Correspondências”, baseado na troca de correspondência entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena, e “A Vingança de uma Mulher”. Ju Anqui traz a Macau o seu último título, “Poet on a Business Trip”. O escritor e realizador Han Dong irá mostrar “At the Dock”. Já o poeta Yu Jian apresentará o documentário “Jade Green Station”.[/vc_column_text][vc_column_text css=”.vc_custom_1518569357434{margin-top: 10px !important;border-top-width: 1px !important;border-right-width: 1px !important;border-bottom-width: 1px !important;border-left-width: 1px !important;padding-top: 8px !important;padding-right: 8px !important;padding-bottom: 8px !important;padding-left: 8px !important;background-color: #f9f9f9 !important;border-left-color: #777777 !important;border-left-style: solid !important;border-right-color: #777777 !important;border-right-style: solid !important;border-top-color: #777777 !important;border-top-style: solid !important;border-bottom-color: #777777 !important;border-bottom-style: solid !important;}”] Ritmos, canções e letras JP Simões apresenta-se actualmente sob o nome Bloom A edição deste ano conta ainda com a apresentação de dois concertos. No sábado, 10 de Março, pelas 21h, no Pacha Macau, JP Simões-Bloom subirá ao palco, seguido da DJ Selecta Alice. Bloom é o novo pseudónimo de JP Simões, músico e compositor português que esteve envolvido em vários projectos como Pop dell’Arte, Belle Chase Hotel e Quinteto Tati. De acordo com a organização, “a busca de uma nova sonoridade levou-o para caminhos musicais bastante distintos do seu trabalho habitual”. “Tremble like a Flower” é o nome do seu primeiro álbum a solo, que se move por ambientes próximos do folk e do blues atravessados por paisagens psicadélicas, e será apresentado em dueto com o músico, compositor e produtor Miguel Nicolau. Logo a seguir, a DJ Selecta Alice toma o controlo da pista de dança. Ela é uma das impulsionadoras e pioneira da World Music em Dj set em Portugal. Curadora do palco do Sacred Fire no Boom Festival, Selecta Alice homenageia nos seus sets a cultura da festa e da celebração da vida através da música e do ritual da dança. Os ritmos de África, América Latina, Balcãs e Índia são paragens obrigatórias nas suas viagens sonoras à volta do mundo. Domingo, 18 de Março, pelas 20h, é a vez de Zhou Yunpeng subir ao palco no Teatro D. Pedro V. Zhou é um cantor folk e poeta natural de Shenyang, que ficou cego aos nove anos. Aos 10 anos, começou a frequentar a Escola para Crianças Cegas de Shenyang e, posteriormente, o Instituto de Educação Especial da Universidade de Changchun (1991), onde estudou Língua Chinesa. Concluído o curso, mudou-se para Pequim e começou a sua carreira musical. Em 2011, recebeu os prémios de “Melhor Cantor Folk” e “Melhor Letrista” da Chinese Media Music, e o seu poema “The Wordless Love” foi considerado “Melhor Poema” pela revista People Literature. Também participou no filme Detective Hunter Zhang e assinou a banda sonora do mesmo – a película veio a ganhar o galardão de Melhor Filme no Festival de Cinema Golden Horse (Taiwan). Em 2017, foi responsável pela banda sonora do filme At the Dock. Contos com fartura A edição deste ano ao concurso de contos contou com uma adesão recorde. Foram um total de 190 textos recebidos nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa. “A maioria são em português com participantes de Portugal, Macau e muitos do Brasil”, referiu o director de programação, Helder Beja. Para o responsável, o aumento do número de trabalhos recebidos é visto com muito “bons olhos na medida em que é o reflexo do trabalho que o festival tem vindo a desenvolver ao longo dos anos”. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Casino da Suncity no Vietname reforça candidatura a sétima licença A promotora de jogo Suncity vai tornar-se numa operadora de casinos com a abertura de um empreendimento no Vietname, e o banco de investimento Union Gaming acredita que este facto reforça as hipóteses da empresa receber uma licença de jogo em Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] construção de um hotel e casino em Hoi An, no Vietname, é um trunfo para o Grupo Suncity, caso haja uma corrida para atribuição de uma sétima licença de jogo em Macau. É esta a opinião expressa no último relatório do banco de investimento Union Gaming, publicado ontem. “No que diz respeito ao concurso público para a atribuição das novas licenças em Macau, o empreendimento da Suncity em Hoi An coloca o grupo numa melhor posição (no caso de um sétima licença ser atribuída)”, é defendido. “Não só porque o grupo Suncity se vai tornar num verdadeiro operador de empreendimentos turísticos com raízes em Macau, mas porque a atribuição de uma licença à Suncity faria com que fossem enviados dólares do mercado VIP para Macau, que poderiam beneficiar a economia local”, é acrescentado. O relatório foi publicado depois de uma visita ao Vietname de Grant Govertsen, analista em Macau do banco de investimento, onde acompanhou os trabalhos de construção do hotel com casino. O empreendimento que o Grupo Suncity está a construir no Vietname, em parceria com o grupo de jóias Chow Tai Fok e o fundo de investimento VinaCapital, é composto por sete fases, que serão abertas ao longo de 20 anos. Vai ter um total de 140 mesas de jogo e 1000 slots e máquinas electrónicas de jogo. As previsões apontam para que a primeira fase comece a operar em meados do próximo ano e o investimento será de 650 milhões de dólares americanos, o equivalente a 5,23 mil milhões patacas. Ameaça a Macau Se por um lado o relatório realça que a atribuição de uma licença de jogo à Suncity em Macau pode ser benéfica, por outro é avançada a hipótese do sector VIP no território ver as suas receitas afectadas com a abertura do novo casino da empresa, que tem como figura de proa Alvin Chao. “A realidade é que a Suncity vai estar em posição de desviar um montante real do volume de apostas VIP de Macau para o Vietname a partir do próximo ano. Claro que nem todo o montante [gerado pela promotora] vai ser desviado de Macau (por exemplo, parte virá de outros mercados do Sudoeste Asiático), mas apesar disso, pode ter um impacto no jogo VIP de Macau, a começar em 2019”, é explicado. De acordo com as contas apresentadas, a quota de mercado no segmento VIP de Macau da Suncity fixa-se nos 50 por cento, o que, segundo a Union Gaming, corresponde a 20 por cento das receitas totais brutas dos casinos de Macau. Neste sentido, a promotora do jogo foi responsável por 53,2 mil milhões de patacas do total de 265,7 mil milhões gerados nos casinos de Macau, durante o ano passado. Além do casino no Vietname, a Suncity está a abrir mais salas de jogo em casinos no Camboja e Filipinas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEUA | Activista de Macau ainda luta pela residência no país Há um ano Justin Cheong, nascido em Macau e com passaporte português, saía do centro de detenções onde esteve preso em risco de ser deportado. Saiu mediante fiança e continua a aguardar pela última fase do processo em busca do green card, que só deverá acontecer em Abril do próximo ano [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]idera a BAMN, uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos dos emigrantes sem cidadania nos Estados Unidos. Justin Cheong, nascido em Macau e detentor de passaporte português, há muito que trava uma batalha com o Governo norte-americano pela cidadania, uma vez que é casado com uma natural do país. Em Fevereiro do ano passado o HM conversou com Justin Cheong no dia em que este conseguiu sair do centro de detenção onde estava, e que acolhe imigrantes em risco de deportação. Saiu mediante o pagamento de uma fiança de 1500 dólares, mas o caso ainda não chegou ao fim. “A minha situação nos Estados Unidos teve novos avanços”, contou ao HM. “O próximo julgamento relativo ao meu caso acontece em Abril de 2019. Se ganhar, vou finalmente receber o meu green card [residência] e vão retirar-me a ordem de deportação. Mais importante do que isso é que vou ficar a salvo da deportação e junto da minha mulher e da minha família.” “A minha mulher e os meus amigos, e eu também, vamos continuar a lutar pela liberdade de ficar nos Estados Unidos devido à perseguição levada a cabo pelo Governo chinês que tem sido feita a artistas políticos e activistas”, acrescentou ainda. Há um ano, quando conversou com o HM, Justin Cheong dizia acreditar que a sua detenção não passava de um acto meramente político, que corria o risco de se agravar com a vitória de Donald Trump nas eleições. “Creio que não foi um processo legal, mas sim totalmente político. O juiz, desde o primeiro dia, sabia que eu era um activista político, que estava a desafiar as autoridades na luta pelos direitos dos imigrantes. Ele não concordava comigo e, há sete meses, decidiu não me atribuir uma fiança. Fiquei preso no centro de detenção, em risco de ser deportado. Mantivemos a luta e mantivemos contacto com a nossa coligação irmã, sediada no Reino Unido.” O activista lembrou o apoio que obteve fora das grades para que a sua liberdade fosse uma realidade. “Tivemos um grupo de imigrantes organizado dentro do centro de detenção e também um grupo de amigos cá fora a apoiar-nos. Tínhamos maiores possibilidades de sermos soltos e foi isso que aconteceu. Organizaram um grupo de apoiantes à minha volta e, graças a isso, o juiz e o próprio sistema legal sentiram que tinham de me deixar sair. Foi por ser quem sou, um activista político, que tive um mau momento. Tal também se deve à campanha de Donald Trump contra os emigrantes, que está a fazer com que cada vez mais emigrantes sejam deportados, sobretudo os chineses.” Um perigo a aumentar Um ano depois, Justin Cheong continua a ter o mesmo receio em relação às políticas anti-emigração do presidente Donald Trump. Nem a recente notícia de que o presidente norte-americano poderá rever o sistema de atribuição de green cards a chineses que tenham profissões qualificadas faz mudar a opinião do activista. “O perigo de deportação de cidadãos chineses continua a aumentar à medida que a tensão política cresce entre a China e os Estados Unidos. A situação piorou bastante desde que a Administração Trump tomou posse. As relações inflamadas com a Coreia do Norte faz franzir o sobrolho e aumentar as preocupações quanto uma potencial III Guerra Mundial. Simplesmente não é seguro para nenhum cidadão chinês ser deportado neste momento”, explicou Justin Cheong. Nos Estados Unidos não é fácil ter acesso a um green card pelo período de cinco anos, e que permite ao imigrante levar consigo alguns familiares. Um artigo do jornal South China Morning Post, de 1 de Fevereiro, fala de potenciais benefícios para estes imigrantes qualificados chineses, mas Justin Cheong não está optimista. “Esta ‘nova política de imigração’ não vai trazer benefícios aos trabalhadores chineses. É óbvio que uma pequena minoria destes trabalhadores qualificados podem ou não ter uma oportunidade de trabalho nos Estados Unidos, enquanto a maioria dos trabalhadores chineses, milhões, vão continuar a sofrer numa situação de miséria extrema”, concluiu.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTáxis | DSAT rejeita críticas contra o lançamento de táxis eléctricos Lam Hin San acredita que existem condições para a implementação de táxis eléctricos em Macau e sublinha que a própria DSAT tem um conjunto desse tipo de veículos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) rejeita as críticas dos taxistas contra os veículos eléctricos e reitera que vai dar uma “passo verde” com as novas licenças. O director da DSAT, Lam Hin San, sublinha também que só devem concorrer ao concurso públicos as empresas que cumprem os requisitos. “Não percebo as razões que levam algumas vozes no sector argumentarem que não conseguem comprar os veículos eléctricos a tempo. Até a DSAT tem carros eléctricos e o custo por quilómetro é de 40 avos”, disse ontem Lam Hin San, à saída da primeira reunião do ano do Conselho Consultivo do Trânsito. “Os interessados têm de avaliar muito bem as suas capacidades para concorrer ao concurso público. Os critérios foram definidos com base num estudo feito por uma instituição. Por isso, não vamos definir a marca do veículo que as operadoras devem comprar. Mas no mercado há pelo menos duas marcas de carros eléctricos e há cada vez mais carros eléctricos que cumpre os nossos critérios”, sustentou. Para Lam Hin San está na altura da DSAT dar um “primeiro passo verde”, mesmo que no início possa haver alguns problemas: “No início não vai ser tudo perfeito, porque também estamos a aprender, mas este passo com medidas mais amigas do ambiente é um bom começo. Sabemos que o público vai apoiar-nos”, defendeu. Até 8 de Março a DSAT está a aceitar propostas para a concessão de 100 licenças de táxis. Os veículos têm de ser eléctricos. Mais passageiros De acordo com os números que emergiram da reunião do Conselho Consultivo de Trânsito, no ano passado os autocarros de Macau transportaram 211 milhões de passageiros. O valor é um novo recorde. “Em 2017 registámos 211 milhões de passageiros. É um novo recorde. O dia com mais passageiros atingiu a marca de 680 mil pessoas por dia e a média diária rondou os 400 mil passageiros”, começou por dizer Lam Hin San. “Mas em Janeiro deste ano houve um novo aumento de 7 por cento nos passageiros, face ao ano passado”, acrescentou. Apesar deste aumento, o director da DSAT não está à espera de um aumento significativo do número de carros a circular em Macau. Segundo o responsável, a aposta passa por aproveitar melhor os recursos existentes. “Neste momento temos cerca de 900 autocarros em Macau. Em comparação com o ano de 2016 trata-se de um aumento de 4 por cento. Foi um número que cresceu na mesma proporção do número de passageiros, que também foi de 4 por cento. Acredito que temos uma abordagem equilibrada”, explicou. “O nosso objectivo é aproveitar os autocarros da melhor forma. Principalmente através da carreiras rápidas, que têm mostrado ser muito eficazes”, frisou. Em relação à possibilidade do aumento do preço dos bilhetes de autocarros entrar em vigor durante este ano, Lam Hin San não limitou-se a dizer que não há nada de novo para acrescentar. A mesma postura foi adoptada perante as perguntas sobre o reconhecimento mútuo das cartas de condução com o Interior da China. Contudo, sobre este ponto, o director sublinhou que a medida é para beneficiar os residentes de Macau que visita em têm casas no Continente. Empresas com multas mais caras O Governo está a equacionar aumentar as multas para as exploradoras dos parques de estacionamento que não cumprem as suas obrigações. A revelação foi feita por Lam Hin San, ontem. “Em 2017 aumentámos as inspecções junto dos parques de estacionamento. As fiscalizações passaram a acontecer com intervalos de quatro a cinco dias. Quando foram verificadas irregularidades, as companhias de gestão foram sancionadas”, informou. “Mas vamos ponderar aumentar as multas, porque temos ouvido vozes na sociedade a dizer que os valores são baixos”, justificou.
Andreia Sofia Silva PolíticaFundo de Garantia de Depósitos | Deputados temem mais dívidas A nova lei relativa ao Fundo de Garantia de Depósitos já está em vigor, mas os deputados que analisaram o diploma temem que a nova fórmula de cálculo da compensação aos depositantes leve ao aumento das dívidas para com os bancos [dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]magine-se um indivíduo ou empresa que tem uma dívida num banco no valor de dois milhões de patacas e um depósito de 300 mil patacas. No caso desta entidade bancária entrar em falência, a nova lei relativa ao Fundo de Garantia de Depósitos prevê que o depositante receba primeiro a compensação de 300 mil patacas, mantendo-se a dívida. O exemplo consta no parecer da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) que analisou a proposta de lei do Fundo de Garantia de Depósitos na especialidade. A lei já está em vigor e manteve-se esta nova forma de cálculo, como propunha o Governo, mas, ainda assim, os deputados mantém reservas sobre esta matéria. “O método de ‘Gross Payout Approach’, introduzido pela proposta de lei, não vai resultar na resolução das dívidas cujo reembolso o depositante ainda não efectuou na entidade participante em causa. Se houver lugar ao accionamento da garantia, teoricamente haverá incumprimento contratual das dívidas por parte do depositante logo que este tenha recebido a respectiva compensação.” A comissão, presidida pelo deputado Ho Ion Sang, lembrou, de acordo com o parecer, que existe a “eventualidade de a adopção deste método resultar no aumento de casos de incumprimento contratual de dívidas”. O Governo garantiu, contudo, que esta questão não está directamente relacionada com a nova fórmula de cálculo. “Segundo os esclarecimentos, o facto de o depositante receber a compensação do fundo não resulta em incumprimento contratual das dívidas, pois tal depende da vontade do depositante em cumprir o contrato no sentido de reembolsar as dívidas, e não do método que se adopta para o cálculo do valor da compensação.” Os deputados referiram ainda que há sempre outros métodos para reaver o dinheiro que esteja em dívida, tal como recorrer aos tribunais. “Seja qual for o método de cálculo da compensação ou até no caso de não existir a garantia de depósitos, se o depositante optar por não pagar as dívidas, também necessita de enfrentar as acções judiciais intentadas pelo liquidatário ou a reclamação das dívidas por parte deste.” Além disso, “isto vai ainda resultar em histórico de incumprimento de pagamento das dívidas, o que afectará a capacidade de depositante para contrair empréstimos noutros bancos”. Casos improváveis Os deputados lembraram ainda as consequências desta medida para os bancos falidos, apesar de terem concordado com as explicações do Executivo. “A comissão concorda com a afirmação de que o facto de o depositante ter recebido a compensação não resulta necessariamente em incumprimento contratual das dívidas, no entanto, está preocupada com a possibilidade de tal vir a acontecer.” “Se não for possível a reclamação de dívidas por causa do incumprimento contratual das mesmas, surgido depois de um individuo ou pessoa colectiva não local ter recebido a compensação do fundo, os bens do banco falido – quando o número dos casos de incumprimento contratual for significativo e em circunstâncias extremas – poderão ficar reduzidos, o que pode acabar por afectar a satisfação de créditos do fundo”, lê-se ainda no documento. Apesar da preocupação dos deputados, o parecer da 1ª Comissão Permanente dá conta da baixa possibilidade de ocorrência destes casos no território. “É de crer que não seja muito frequente a ocorrência de situações em que o depositante decide não reembolsar as dívidas por ter sido compensado em virtude do método de ‘Gross Payout Approach’. Na prática, mesmo que se verifique o incumprimento contratual das dívidas por parte do depositante, o liquidatário pode adoptar diversos tratamentos para reaver as dívidas em causa.” O Fundo de Garantia de Depósitos deverá ter um total de 486 milhões de patacas no final deste ano.