Casa Garden | Instalação sobre nuvens inaugurada amanhã

Chama-se “4 Steps Into the Clouds II” e é a nova instalação promovida pela 10 Marias – Associação Cultural na Casa Garden. Da autoria de Mónica Coteriano, co-fundadora da associação, esta é uma instalação que explora o imaginário de todas as idades associado às nuvens

 

Amanhã, a partir das 18h30, a Casa Garden acolhe uma instalação sobre o universo imaginário das nuvens, promovida pela 10 Marias – Associação Cultural e da autoria de Mónica Coteriano, artista e co-fundadora da entidade. O público poderá explorar este imaginário e fazer uma espécie de passeio pelas nuvens até ao dia 25 de Janeiro.

Segundo uma nota de imprensa, “as nuvens são construídas para ocupar todo o espaço da galeria, proporcionando aos visitantes um passeio paradisíaco. Eles podem sentar-se, descansar, meditar ou simplesmente caminhar pelas nuvens. Dentro de algumas nuvens haverá aparelhos de som para que o público ouça uma voz que sussurra histórias em inglês, chinês e português”.

Depois de uma primeira exposição realizada na galeria da Creative Macau, entre Novembro de 2019 e Janeiro de 2020, chega agora a vez de voltar a apresentar este mundo tão específico com colaborações de artistas como Elis Mei, Nina Lee, Vera Paz, Luísa João Chambica, Kate Samozwaniec, Ines Trokovic, Steven Turner e de Alice Côrte-Real, que acrescenta a perspectiva de uma adolescente sobre as nuvens a este trabalho.

Sonhos de todas as idades

Ao HM, Mónica Coteriano adiantou que esta instalação nasce da idade de um sonho de criança que é desenvolvido na idade adulta, o de andar nas nuvens e poder senti-las. Na instalação cada nuvem conta uma história, sendo os textos escritos pela própria Mónica Coteriano que são depois incorporados com as intervenções dos artistas convidados.

“Inicialmente seriam só textos meus, mas depois pensei que seria interessante ter outras vozes e lancei o desafio a três pessoas que respeito imenso e que são artistas, como é o caso da Kate Samozwaniec [fotógrafa de Macau a residir na Polónia], Vera Paz [actriz e encenadora] e Steve Turner [escritor]. A Alice Côrte-Real escreve muito bem e tem um imaginário adolescente fantástico, e, assim, achei interessante juntar as três fases, a infantil, a adolescente e a fase adulta.”

Mónica Coteriano conta ainda que “há uma junção, em que as nuvens estão todas instaladas de forma estratégica para que o visitante tenha mesmo de se aproximar da nuvem para a poder ouvir”. “Fiz um investimento no chão para ter a sensação de uma área almofadada, criei uma estrutura de espuma, em que as pessoas sepodem sentar e deitar junto à nuvem e ouvir o texto. É um passeio pelas nuvens e faz-se uma escolha, pois o público deve identificar-se mais com umas do que com outras”, acrescenta Mónica, que diz querer “proporcionar uma experiência com base no meu imaginário, em que as pessoas fazem parte da própria instalação”.

15 Dez 2022

Casa Garden | Nova exposição de Eric Fok inaugurada esta sexta-feira

Chama-se “Hotel Oriental” e é a nova exposição do artista de Macau Eric Fok que abre portas esta sexta-feira na Casa Garden, delegação da Fundação Oriente no território. Esta é uma mostra que visa mostrar o trabalho do artista vencedor do Prémio para as Artes Plásticas da Fundação

 

Abre portas esta sexta-feira, às 18h30, na Casa Garden, a nova exposição individual de Eric Fok, um dos mais conceituados artistas de Macau da nova geração. “Hotel Oriental” visa dar a conhecer o trabalho de Eric que venceu uma das edições do Prémio para as Artes Plásticas da Fundação Oriente e que revela “a visão do artista sobre a história, a cidade, o ambiente, as pessoas e o mundo em geral”.
Vencedor da segunda edição do prémio, Eric Fok está neste momento a fazer um doutoramento em Taiwan.

Nas suas obras, Eric usa uma caneta técnica para desenhar no papel finos detalhes. As suas obras assemelham-se a mapas de estilo antigo que incorporam elementos contemporâneos. Partem da história dos Descobrimentos e incorporam as mudanças nas cidades causadas pelo desenvolvimento urbano bem como elementos dos fenómenos pós-coloniais.

De acordo com o artista, “a exposição pretende apresentar obras que constituem mapas representativos de diferentes épocas e que focam aspectos como a exploração humana, a divisão de terras, os registos do avanço da civilização e da fome de poder e, ainda, o projecto para a construção de um mundo ideal.”

Viagens e imaginário

Eric Fok faz ainda referência, nesta mostra, à literatura de viagens e a mapas de viajantes do Ocidente, aventureiros e missionários. O Oriente histórico é re-imaginado com base nas suas experiências, reinterpretando a origem das colónias na época dos Descobrimentos, examinando questões urbanas como o desenvolvimento e a migração populacional.

Os trabalhos do artista de Macau foram seleccionados para a “Exposição de Ilustração – Feira do Livro Infantil de Bolonha” (2013), tendo Eric recebido também o Prémio Soberano de Arte Asiática (2019). Foi ainda seleccionado para a “Bienal Internacional de Arte de Macau (2021).

Eric Fok realizou exposições individuais e feiras de arte nos EUA, Itália, Reino Unido, Portugal, Espanha, Japão, Coreia, Singapura, China continental, Hong Kong, Macau e Taiwan. As suas obras fazem parte da colecção da Fundação Oriente, da Universidade de Hong Kong, do Museu de Arte de Macau, do Macau Galaxy, do MGM Macau Cotai e de coleccionadores de Itália, Las Vegas (EUA), Reino Unido, China, Taiwan, Singapura, Hong Kong e Macau.

14 Dez 2022

Obras de António Júlio Duarte reunidas em livro

Um livro que reúne uma retrospectiva do trabalho fotográfico de António Júlio Duarte, nas suas deambulações pelos espaços urbanos, com imagens inéditas, vai ser lançado na sexta-feira, em Lisboa, pela Imprensa Nacional.

“Ph.10 António Júlio Duarte” dá título ao novo livro da Série Ph. dedicada à fotografia portuguesa contemporânea, que já contemplou artistas visuais como Helena Almeida, Jorge Molder, Paulo Nozolino, Fernando Lemos, José M. Rodrigues, Ernesto de Sousa, Jorge Guerra, Daniel Blaufuks e Alfredo Cunha.

A obra, que reúne imagens inéditas e tem texto de Sofia Silva, é uma edição da Imprensa Nacional. De Hong Kong aos Estados Unidos da América, de Portugal ao Japão, da Guiné-Bissau à Rússia, de Cabo Verde a Itália, são alguns exemplos dos percursos urbanos do fotógrafo nascido em Lisboa, em 1965.

O livro tem uma estrutura marcadamente cronológica, onde o fotógrafo revisita alguns conceitos e formas identitárias do seu trabalho, descrito por Sofia Silva, num ensaio publicado na obra intitulada “O Teatro desperto da imaginação”, como, não um jogo de geometrias entre o quadrado e o circular, mas “uma fotografia de contacto, um combate, que se traduz em composições cruas e rigorosas”.

Passagem por Macau

António Júlio Duarte estudou fotografia no AR.CO, em Lisboa, e também no Royal College of Art, em Londres, e foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Oriente. Expõe com regularidade desde a década de 1990, tem publicado ao longo dos anos diversos livros de fotografia, e o seu trabalho está representado em coleções de referência nacionais e internacionais.

Macau fez também parte do seu trabalho, onde esteve nos anos 90 para fotografar um território cuja administração estava à beira da transição de Portugal para a China, e depois para retratar a campanha eleitoral de Chui Sai On para o cargo de Chefe do Executivo, em 2009.

Iniciada em 2017, a Série Ph. é uma coleção de monografias bilingues – em português e inglês – dedicada à fotografia portuguesa contemporânea, que tem por objectivo dar a conhecer a obra de diversos autores, com textos de especialistas.

14 Dez 2022

Museu de História de Hong Kong prepara exposição sobre lusodescendentes

O Museu de História de Hong Kong está a preparar uma exposição sobre a centenária presença dos lusodescendentes na região chinesa, cuja inauguração está prevista para meados de 2023, disse hoje o coordenador do projeto.

A comunidade será a primeira a merecer destaque entre várias exposições temáticas rotativas que o museu está a preparar, desde 2017, no âmbito de uma renovação que originalmente estava prevista abrir ao público ainda este ano.

“O lançamento da exposição foi adiado por causa da covid-19”, afirmou à Lusa, em Hong Kong, o investigador Francisco da Roza. “Estamos a trabalhar para um lançamento previsto, de forma provisória, para meados do próximo ano”, acrescentou.

Num folheto sobre uma campanha de recolha de artefactos, documentos e fotografias para a exposição, o museu diz querer “trazer para a ribalta a excecional história da comunidade portuguesa em Hong Kong”.

O museu destaca ainda “a pitoresca diversidade” dos lusodescendentes, incluindo as tradições religiosas católicas, a gastronomia de fusão e o patuá, uma língua crioula de base portuguesa, em risco de extinção.

Os macaenses e membros da então numerosa comunidade portuguesa em Xangai, no leste da China, começaram a chegar logo depois da fundação da colónia britânica, em 1841, sublinha o museu. José Maria d’Almada e Castro foi um dos primeiros não chineses a mudar-se para a cidade, logo no ano seguinte.

Durante os primeiros anos do território, a comunidade eurasiática “aproveitou o talento para as línguas e o estatuto único de ‘nem chinês nem ocidental’ para servir de ponte entre os mercadores e funcionários do governo britânico e os chineses”, indica.

Os lusodescendentes “prosperaram em várias indústrias”, lembra o museu, como a impressão, a farmacêutica e a advocacia. Ainda hoje a presença da comunidade na justiça é visível através de Roberto Alexandre Vieira Ribeiro, um dos três juízes permanentes do Tribunal Superior de Hong Kong.

A comunidade deu também “o seu contributo ao desenvolvimento urbano de Hong Kong”. O empresário Francisco Soares foi o principal promotor, na década de 1920, do desenvolvimento da zona de Ho Man Tin, onde ainda existe a Avenida Soares.

O declínio da comunidade começou em 1967, quando a então colónia britânica sentia, inclusive através de atentados bombistas, o impacto da Revolução Cultural na China. A imigração dos lusodescendentes continuou depois da crise mundial do petróleo em 1973.

Para recolher artefactos, documentos e fotografias para a exposição, Francisco da Roza foi à Califórnia, nos Estados Unidos, e a Toronto e a Vancouver, no Canadá, entre a diáspora da comunidade eurasiática.

A pandemia impediu, no entanto, o coordenador do projeto de ir à Biblioteca Nacional da Austrália, em Melbourne, para investigar os documentos pessoais do jornalista, escritor e historiador lusodescendente José Maria Braga (1898-1988), que viveu em Macau e Hong Kong.

Entre as instituições da comunidade que ainda sobrevivem na região administrativa especial chinesa, contam-se o Clube de Recreio e o Clube Lusitano.

12 Dez 2022

Cotai | Novo evento gastronómico esta sexta-feira

É já esta sexta-feira que tem lugar um novo evento gastronómico em Macau, o “Crunch and Munch Fair Macao – Fiesta for Five”, que se realiza no Cotai Strip Park até ao dia 26 de Dezembro.

Segundo uma nota de imprensa, esta iniciativa contará com a representação de estabelecimentos de restauração e bebidas locais, além de serem convidados operadores de restauração das quatro Cidades Criativas de Gastronomia do Interior da China, nomeadamente Chengdu, Shunde, Yangzhou e Huai’an. A ideia é que possam ser apresentadas em Macau “várias especialidades gastronómicas dos cinco locais a fim de aprofundar a integração dos elementos ‘turismo+gastronomia’, aumentando a atracção de Macau enquanto cidade turística”. Pretende-se também “alargar as fontes de visitantes”.

A organização do evento está a cargo da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) em parceria com a Associação Industrial e Comercial da Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) e seis grandes empresas de turismo e lazer do território.

As autoridades classificam este como sendo “o primeiro grande evento culinário realizado ao ar livre na zona do Cotai”, reunindo áreas como o turismo, a gastronomia, compras, a promoção da cultura sino-lusófona ou as indústrias culturais e criativas, entre outras. Haverá um total de 106 stands divididos em várias zonas temáticas. O evento apresenta ainda espectáculos recreativos e musicais.

12 Dez 2022

Festival Internacional de Curtas | “Fantasma Neon” premiado como melhor filme

Terminou na sexta-feira mais uma edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau, promovido pela Creative Macau, que distinguiu o filme do brasileiro Leonardo Martinelli. Jose Pozo, de Espanha, foi considerado o melhor realizador. “Sea” do residente Jonhson Chon Sin Chan ganhou na categoria de melhor design de som

 

“Fantasma Neon”, do realizador brasileiro Leonardo Martinelli, conquistou na sexta-feira o prémio de melhor filme do 13.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau. O prémio de melhor realizador distinguiu Jose Pozo, de Espanha, com o filme “Plastic Killer”, enquanto a melhor edição foi para o espanhol Valentin Lopez, com “El Productor”, e a melhor cinematografia para Yorgos Giannelis.

A curta “Sea”, de Jonhson Chon Sin Chan, residente de Macau, arrecadou o prémio de melhor design de som e o de melhor música original foi para Juan Pablo e Villa Dan Zlonik, por “Hambre”, de Carlos Meléndez, do México.

“Maldita. A love song to Sarajevo”, de Amaia Remire e Raul de la Fuente Calle (Espanha/Bósnia-Herzegovia), venceu a categoria de melhor documentário, enquanto “The Rat”, de Zhantemir Baimukhamedov, do Cazaquistão, foi distinguido com o prémio melhor ficção.

O prémio de melhor filme local foi atribuído à obra de ficção “For-get”, de Jenny Wang, enquanto “Keep on rolling”, de Tainqi Zhao, conquistou o prémio “Identidade Cultural de Macau”. A ficção “Last day off”, de Mark Aguillon, de Macau, foi o melhor filme na categoria de escolha do público, indicou a organização.

Animação russa distinguida

A melhor curta de animação foi “The Encounter”, de Aleksandra Krivolutskaia, da Rússia, enquanto “Les larmes de la Seine”, realizado por Yannis Belaid, Eliott Benard, Nikolas Mayeur, Etienne Moulin, Hadrien Pinot, Lisa Vicente, Philippine Singer, Alice Letailleur, arrecadou o prémio melhor filme estudante.

Na competição “Volume”, os prémios de melhor vídeo do festival foi para “Can you hear me”, de Johnson Chon Sin Chan, com a banda FIDA e o de melhor canção foi “Remember me”, filmado por Bryan Chio, Macau, com Garcy Lam, cantora do território. Já “NPC” de Bruce Pun, de Macau, com a banda Experience, venceu na categoria de “Melhores efeitos visuais”.

Dos mais de quatro mil filmes e vídeos submetidos a concurso, de 123 países, foram escolhidos 111 para serem exibidos no Teatro Capitol, entre 1 de Dezembro e a passada quinta-feira, incluindo quatro filmes de Portugal.

“Carpinteiro de Papel”, realizado por Daniel Araújo Medina e Renata de Carvalho Pinto Bueno, competiu na categoria de documentários, enquanto “A Boneca de Kafka”, de Bruno Simões, “Polvo”, de Catarina Sobral, e “A Criação” de José-Manuel Xavier integraram a lista das curtas-metragens de animação.

O Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, que assinala 13 anos de vida, apresenta produções independentes de reduzido orçamento. Lançado em 2010, pela Creative Macau e pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, como um pequeno concurso audiovisual, a iniciativa expandiu-se pelos cinco continentes e, em 2015, evoluiu para um festival de curtas-metragens, mantendo o objectivo de motivar a participação de produções fílmicas e vídeos musicais locais e internacionais, a competir em Macau.

12 Dez 2022

Rota das Letras | Última edição da Zine Photo lançada no domingo

É já este domingo que o festival literário Rota das Letras acolhe, no café Art Garden, às 19h, o lançamento da 12.ª e última edição da Zine Photo, um projecto de revista periódica de fotografia da autoria de João Miguel Barros. Ao HM, o advogado e fotógrafo fala de um ciclo que se fecha e de uma publicação que “atingiu uma certa maturidade”.

“Fecha-se um ciclo para que se abram outros ciclos, porque eu não suporto a vida sem projectos no horizonte. O fim da Zine Photo, no final deste ano, decorre também, como é natural, do projecto maior que é começar a dar vida à Ochre Space a partir da Primavera do ano que vem.”

A Ochre Space é uma galeria que João Miguel Barros pretende abrir em Lisboa, sendo também um espaço que albergará exposições e lançamentos de livros, entre diversos projectos sempre em torno da fotografia.

A 12.ª edição da Zine Photo tem como tema “Ghost” [Fantasma], existindo “como que um regresso às origens, ou seja, ao Gana, o lugar que inspirou os primeiros números deste projecto”, adiantou o autor.

Venha o livro

Mesmo que a Zine Photo chegue ao fim, João Miguel Barros pretende embrenhar-se em mais projectos editoriais, existindo a ideia de editar um livro, no próximo ano, como resultado da edição desta revista.

“Gostava ainda de lançar um projecto editorial de fôlego, com a minha curadoria, com a publicação de portfólios de fotógrafos internacionais”, disse João Miguel Barros, que espera poder conciliar esta actividade com a sua profissão de advogado.

O penúltimo número da Zine Photo foi editado em Outubro e fez uma homenagem ao Pipeta Saratoga, um pequeno avião de apenas seis lugares propriedade de um amigo de João Miguel Barros.

9 Dez 2022

Turismo | Festival “Iluminar Macau 2022” arranca hoje à noite

Todas as noites, entre as 19h e as 22h, a luz do “Iluminar Macau 2022” irá brilhar em 28 locais espalhados pela Península de Macau, Taipa e Coloane. O evento organizado pelos Serviços de Turismo começa hoje à noite e culmina a 1 de Janeiro, com espaços públicos a serem tomados por instalações de luz, jogos interactivos, espectáculos de vídeo mapping e decorações luminosas

 

Depois de ter sido adiado uma semana, começa esta noite o evento “Iluminar Macau 2022”, organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), com o tema “Inverno Deslumbrante” a dar o mote às festividades. Todas as noites, entre as 19h e as 22h, o evento que substituiu o Festival da Luz irá apresentar espectáculos e actividades em oito zonas da Península de Macau, Taipa e Coloane, com exibições coloridas e jogos online.

A DST indica que o “o evento une artes em espaços públicos e tecnologias inovadoras, que oferecerão ao público instalações de luz, jogos interactivos, espectáculos de vídeo mapping e decorações luminosas com diferentes temáticas, criando uma experiência imersiva de iluminação nocturna”.

O festival espalha-se por 28 locais, entre a zona norte e centro da península de Macau, o Lago Nam Van, NAPE, Taipa, Cotai e Coloane.

O Iluminar Macau deste ano conta com a participação das seis concessionárias de jogo, que foram convidadas, pela primeira vez, para colaborarem, em mais uma expansão da área de realização do evento, instalando equipamentos de iluminação, espectáculos de iluminação, entre outros, nas instalações e nas fachadas dos seus edifícios em Macau e no Cotai, também a partir desta noite.

Vestir com luz

Um dos destaques do Iluminar Macau 2022 é a apresentação de quatro espectáculos de vídeo mapping a 3D, a cargo duma equipa local, de um grupo de actuação de Xangai e outro de Portugal, e ainda da Direcção dos Serviços de Assuntos de Subsistência da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Importa referir que o último espectáculo de vídeo mapping a 3D de cada noite começa às 21h50.

Outra novidade na edição deste ano, é o lançamento de um jogo online de Realidade Aumentada, que requer a ligação através da conta oficial da DST no WeChat. Os jogadores podem acumular pontos e concorrer em sorteios online, habilitando-se a ofertas ou descontos em lojas que aderiram ao programa. A DST indica que o objectivo da iniciativa é “encorajar os residentes e visitantes a consumirem nos bairros comunitários e assim beneficiar os comerciantes.

Por outro lado, os Serviços de Turismo acrescentam que durante o Iluminar Macau 2022, serão realizadas várias actividades comunitárias, multiplicando o efeito de “turismo + eventos”, de modo a dinamizar a economia dos bairros comunitários.

9 Dez 2022

Rota das Letras | “Macau, A Minha História” apresentado este domingo no Art Garden

Chama-se “Macau, A Minha História” e é um livro que mistura fotografia e histórias sobre as várias perspectivas que o território apresenta aos seus autores. João Rato, fotógrafo amador, é um dos editores de uma obra que conta com 13 autores e 12 histórias. O lançamento, incluído no cartaz do festival literário Rota das Letras, faz-se este domingo no Art Garden

 

“Macau, A Minha História” não é apenas um livro de fotografia, tem também histórias das diversas visões e percepções que o território pode proporcionar a quem cá vive. O lançamento acontece este domingo, às 17h, no café Art Garden, e está inserido no programa da 11.ª edição do festival literário Rota das Letras. “Macau, A Minha História” é editado em chinês e português e conta com quatro editores: João Rato, fotógrafo amador e co-fundador da associação Halftone, ligada à fotografia; José Manuel Simões, coordenador do curso de comunicação na USJ, Paris Pei e Guan Jian Sheng. A USJ é responsável pela edição do livro.

A ideia para editar este livro surgiu em finais de 2020, de uma conversa entre João Rato e Pei Ding An, seu colega de trabalho. À medida que o tempo passava, mais editores e colaboradores foram-se juntando ao projecto. “O livro tem uma componente visual adicional ao texto, e isso dá uma maior profundidade e riqueza à obra. Não é apenas um livro de fotografia, permitindo essas duas leituras”, contou João Rato ao HM.

“Macau, A Minha História” acaba por reflectir “a diversidade de Macau e a ideia de que o território é um ponto de encontro de culturas”. “Pode parecer algo muito visto e falado, mas a verdade é que a síntese de Macau é isso mesmo. É um ponto de passagem desde há centenas de anos. Temos Macau e as histórias, que podem incluir a geografia, arquitectura, fantasia, um pouco de romance, poesia ou literatura. O livro trata percepções, sensações e opiniões que cada um dos autores tem sobre Macau. Nós, como editores, não criamos nenhuma restrição em termos temáticos.”

Da diversidade

As histórias começam a contar-se com “A História escolheu Macau e Macau também fez História”, um texto escrito por Guan Jian Sheng, acompanhado das imagens de Cecília Vong. Segue-se “Macau, nascida e criada”, de Marjolene Estrada, que faz a fotografia e o texto.

“Ela faz o retrato de uma Macau contemporânea, de quem acabou de sair da universidade e que está cheio de dúvidas sobre o futuro. O trabalho dela versa sobre o período da sua adolescência, os concertos ao ar livre, o mundo da moda”, descreve João Rato.

Ou Tian Xing escreve e fotografa sobre a “Arquitectura de Macau em Luz e Sombra”, seguindo-se depois João Monteiro com “Um passeio fotográfico pelo Património de Macau”. Há, nestas páginas, muitas histórias que se vão contando, e outras que já terminaram, mas das quais ainda existem rastos nas ruas. Há, portanto, imagens de “pequenas alfaiatarias, lojas que vendem côco, algumas que já desapareceram devido ao crescimento desenfreado da cidade”.

João Rato, por sua vez, escreveu “Macau em profundidade”, que mais não é do que uma “deambulação”, algo que lhe interessa fazer também na fotografia. “Os textos, neste livro, têm a ver com as marcas indeléveis e com aquilo que Macau, na sua intensidade, permite vivenciar a quem se deixa levar e a queira descobrir.”

O co-editor da obra não tem dúvidas de que “a passagem do tempo vai conferir ao livro uma importância maior, porque é o registo da mudança pela qual o mundo e Macau estão a passar”.

7 Dez 2022

Rui Rocha: “Sabe-se muito pouco da cultura chinesa do chá em Portugal”

Chama-se “Uma Breve História Cultural do Chá da China”, tem a chancela da Praia Grande edições e é o novo livro de Rui Rocha a ser lançado no próximo domingo no âmbito do festival literário Rota das Letras. Ao HM, o autor, académico e antigo presidente do Instituto Português do Oriente, confessa o seu enorme interesse pela história da cultura do chá e a importância de dar a conhecer este universo ao público português

 

Como surgiu a possibilidade de lançar este livro?

A história cultural do chá é um dos tópicos da história cultural da China que me interessa desde há muitos anos, em resultado de a minha mãe, natural de Macau, ter sido uma apreciadora do chá e receber regulamente chá enviado de familiares de Macau designadamente, o chá preto Pǔ’ěr, o chá oolong Tiěguānyīn e o o chá floral Mòlihuā (chá de jasmim). A vinda para Macau, em 1983, reforçou este meu interesse, tendo tido a possibilidade de conhecer uma multiplicidade de variedades de chá, de visitar plantações e de ter acesso a livros sobre o chá publicados na China. Tive ainda o privilégio de aprender com mestres, amigos e proprietários de lojas de chá no Continente. Um editor em Portugal manifestou interesse em publicar o meu livro, mas tudo o que aprendi sobre a história e a arte do chá deveu-se a Macau, pelo que para mim, emocionalmente, faria mais sentido que este livro fosse publicado em Macau.

Quais os principais objectivos que pretende atingir com a edição deste livro?

Quero dar a conhecer aos falantes dos países de língua oficial portuguesa, interessados pelo chá da China, a imensa riqueza histórica e cultural da bebida do chá que faz parte integrante da história política, económica, social e cultural da China ao longo de, pelo menos, três mil anos. Além disso, quero contribuir para um maior interesse pela bebida do chá chinês nos países de língua oficial portuguesa, não apenas no plano meramente cultural ou estético, mas também pelas suas elevadas qualidades medicinais e terapêuticas. Mas pretendi também precisar conceitos quanto à origem, designação, classificação e propriedades dos chás chineses e caracterizar as etapas de preparação do chá ao longo da história da China. Este livro pretende também especificar os diferentes tipos de cerimónias de chá, bem como as respectivas filosofias, além de identificar os utensílios utilizados na arte do chá e critérios de preparação consoante o tipo de chá a utilizar. Friso ainda o facto da obra estabelecer a ligação íntima entre a bebida do chá e a tradição esotérica chinesa além de apresentar, de forma muito breve, a transmissão da arte do chá nos países culturalmente tributários da China, bem como a introdução do chá no mundo ocidental, designadamente na Europa e nos EUA.

Quais as principais histórias e chás que inclui nesta obra?

Era importante dar a conhecer a relevância política, social e cultural que o chá teve e tem ainda na vida do povo chinês que, de certo modo, se confunde transversalmente com a própria história milenar da China. A arte e a apreciação do chá na cultura chinesa manifestam-se na poesia, na pintura, na caligrafia, na tradição das óperas populares da recolha do chá e ainda nos eventos sociais e familiares, tais como casamentos e outras celebrações. O livro apresenta aspectos menos conhecidos como, por exemplo, a simbologia da numerologia na arte do chá, a começar pelo próprio caracter chinês que, decomposto dos seus radicais, significa o número 108, um número sagrado para várias correntes de pensamento orientais, como o hinduísmo, o budismo, o jainismo, o ioga ligado às práticas dármicas. Os dígitos individuais (1, 0, 8) representam uma coisa, nada e tudo (infinito), figurando, assim, a crença da realidade última do universo como sendo simultaneamente um, vazio e infinito. O livro revela outras particularidades interessantes como, por exemplo, a importância que novas plantações de chá tiveram na erradicação da pobreza em regiões pobres da China, criando melhores condições de vida para as populações.

Como foi o processo de pesquisa e investigação para este livro?

Este livro é o resultado de 30 anos de estudo sobre o chá, com base em obras publicadas na China a partir da década de 80 do século XX também de muitas conversas e contributos de mestres de chá, longas horas passadas em lojas de chá provando diferentes tipos de chá e aprendendo com quem vive o seu quotidiano da cultura do chá.

O que é que o público português pode aprender de novo sobre o chá chinês que não saberia até então?

Em Portugal sabe-se muito pouco sobre a cultura chinesa do chá, bem como sobre a história cultural chinesa em geral. E, como afirmou o geógrafo francês Vidal La Blache (1845-1918), “O chá é filho do meio chinês”. Isto significa que para as pessoas interessadas em conhecer a história do chá e da sua expansão para o mundo, cujas origens ancestrais estão recenseadas em solo chinês, o meu livro poderá ajudar um pouco a aprofundar este tópico.

Como se sente por lançar esta obra em mais uma edição do Rota das Letras?

É evidente que para uma pessoa que vive em Macau há cerca de 40 anos poder participar na 11ª edição da Rota das Letras é uma honra e o facto de o livro ser apresentado pelo Dr. Shee Va é igualmente muito gratificante. Desejo que a leitura do livro seja tão estimulante para os leitores como para mim foi investigar sobre a cultura do chá na China.

6 Dez 2022

DST | Festival de Luz adiado uma semana

O início da oitava edição do Festival de Luz de Macau, que estava previsto para sábado, foi adiado para 9 de Dezembro. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau indicou que o adiamento se devia a “assuntos ligados à preparação” do festival, que este ano tem um novo nome: Iluminar Macau 2022, de acordo com um comunicado.

O festival, que ia decorrer até 1 de Janeiro, inclui quatro obras de ‘vídeo mapping’ em três dimensões, uma delas criada pelo grupo português Ocubo Criativo – Actividades Artísticas e Literárias e outra por um grupo de Xangai, no leste da China.

Numa apresentação à imprensa, em Novembro, a DST disse que a obra da equipa portuguesa, chamada “Ponto de partida da integração”, ia ser exibida na fachada da Igreja de São Francisco, na ilha de Coloane, e “apresentar a história de Macau”.

A Ocubo Criativo já apresentou trabalhos em França e na Finlândia e foi responsável pela cerimónia de inauguração em 2019 do Al Janoub, o primeiro estádio construído de raiz para o Mundial de futebol de 2022, a decorrer no Catar.

O grupo português não estará presente em Macau “por causa da situação epidémica”, pelo que a obra será entregue pela Internet, com a DST a fornecer “equipamento e pessoal técnico para ajudar na projecção”.

O festival vai estender-se a oito zonas do território, incluindo hotéis casinos na península de Macau e no Cotai, uma vez que as seis operadoras de jogo foram “convidadas, pela primeira vez, para colaborarem”, disse a DST.

5 Dez 2022

Lawrence Lei, dramaturgo e autor: “Quis descrever o absurdo da vida na pandemia”

A pandemia e as relações humanas que se entrelaçam em torno de uma doença que mudou o mundo é o tema central do seu último romance. “Masked Faces” [Rostos Mascarados], da autoria de Lawrence Lei, um dos mais importantes dramaturgos de Macau, foi lançado na última sexta-feira no festival literário Rota das Letras. O autor diz-se satisfeito com a possibilidade de ser também conhecido pelo público português

 

O seu trabalho mais recente é “Masked Faces” [Rostos Mascarados]. Do que trata esta história?

“Masked Faces” é um romance, com o qual ganhei o 13.º Prémio de Literatura de Macau. A história começa assim: “As pessoas acordam um dia e descobrem que o mundo sofreu mudanças dramáticas, e todos os seres humanos podem apenas mostrar metade dos seus rostos em público…”. Esta é uma história sobre confiança, a traição no amor e a amizade sobre um médico que, a fim de analisar os contactos próximos dos casos de covid-19 dos seus pacientes, vê-se obrigado a entrar nos círculos da vida privada dos seus bons amigos e espiar o outro lado da sua vida pública.

Porquê o nome “Masked Faces”? Quais as principais ideias que quis partilhar com os leitores?

O título da história em chinês significa metade do rosto. “Masked Faces” tem dois significados, em que o mais evidente diz respeito à metade da cara que fica exposta depois de usar uma máscara e há depois o significado implícito que se refere à hipocrisia e à natureza humana mascarada. Ao escrever “Masked Faces”, quis descrever a realidade e o absurdo da vida em contexto de pandemia, e explorar a falta de confiabilidade do amor e da amizade.

O que sente ao ver este trabalho apresentado no festival literário Rota das Letras? O que pensa da importância deste evento para o panorama literário local?

É uma grande honra ver os meus trabalhos serem apresentados no festival Rota das Letras e ser conhecido tanto pelos chineses como pelos portugueses. O festival é uma importante plataforma para as publicações de Macau e serve como uma ponte para o intercâmbio cultural que existe entre a China e Portugal, permitindo que as culturas chinesa e portuguesa se misturem e comuniquem.

Até que ponto “Masked Faces” é diferente dos seus trabalhos anteriores?

O estilo de escrita é diferente. Desta vez decidi escrever recorrendo a uma estrutura de “meta-ficção”, desenvolvendo duas narrativas. Estas parecem não estar interligadas entre si, mas acabam por se influenciar. Os seus protagonistas escreveram as suas próprias histórias e decidiram os seus próprios destinos.

Quanto tempo levou até terminar “Masked Faces”?

Gastei mais de 200 horas de trabalho nesta novela, que incluem a pesquisa, entrevistas com especialistas médicos e no processo de escrita. Antes de começar a escrever esta história tinha de ter um bom entendimento da pandemia e de como se processava o ritmo de trabalho e as operações com as medidas de combate à covid-19.

É conhecido como um dos mais importantes dramaturgos de Macau. Como se sente face a este reconhecimento? Quais os principais tópicos que gosta de abordar na sua escrita?

Escrevo há mais de 40 anos e já escrevi mais de 50 peças de teatro, participando e testemunhando o processo de desenvolvimento do teatro local em Macau. É para mim uma grande honra contribuir para este desenvolvimento. Quanto aos meus trabalhos, os grandes temas que gosto de abordar, seja em guiões ou novelas, são centrados em temas sociais e questões relacionadas com a vida das pessoas.

Macau está em mudança em termos sociais e políticos. Gostaria de escrever sobre estas mudanças?

Desde a transição, em 1999, que Macau tem experienciado mudanças sociais, económicas, políticas e até em termos de valores de vida. A minha escrita, seja para peças de teatro ou para novelas, sempre reflectiu estas alterações, especialmente as mudanças dramáticas ocorridas nos valores sociais ocorridas aquando da liberalização do jogo.

O que pensa do panorama do teatro de Macau nos dias de hoje? Há muitas associações e pequenos grupos a trabalharem em projectos. Acredita que enfrentam mais dificuldades actualmente comparando com o passado?

O nível de performance melhorou muito graças ao facto de muitas pessoas ligadas ao teatro terem estudado no estrangeiro. No entanto, os grupos de teatro enfrentam hoje muitas dificuldades. A falta de salas de espectáculo sempre foi um problema, e tendo em conta as actuais medidas de combate à pandemia implementadas pelo Governo a situação piorou ainda mais. Não há estabilidade na organização de espectáculos neste momento e muitas vezes são suspensos devido à pandemia. Isso faz com que os custos de produção sejam muitos, com grandes perdas. A deterioração da economia social tem vindo a afectar a operação por parte destes grupos. O subsídio cultural concedido pelo Governo tem vindo a ser cada vez mais restrito, tornando a situação pesada, o que aumenta de forma crescente as dificuldades de operação dos grupos de teatro.

5 Dez 2022

André Carrilho premiado nos EUA com livro “Senhor Mar”

O autor português André Carrilho foi distinguido nos Estados Unidos, pela Society of Illustrators, pelas ilustrações para o livro “Senhor Mar”, foi quarta-feira comunicado aos vencedores.

Embora aquela organização norte-americana não tenha ainda divulgado os autores distinguidos na 65.ª competição anual “Illustrators”, os premiados foram notificados e André Carrilho partilhou nas redes sociais que recebeu a medalha de ouro na categoria de livro ilustrado pelo livro “Senhor Mar”.

O trabalho premiado fará parte da exposição anual de ilustração da Society of Illustrators, em Nova Iorque, em data a anunciar, e do catálogo anual do prémio.

“Senhor Mar”, publicado em Junho passado pela Bertrand, é o segundo livro ilustrado de André Carrilho para a infância. O livro é sobre uma menina que, na praia, quer saltar para as ondas, mas tem de ouvir os conselhos dos pais e respeitar o mar.

“Estava na praia com a minha filha e ela queria atirar-se para dentro do mar, com umas ondas muito grandes, sem se aperceber do perigo. E comecei a conversar com ela sobre as características do mar, sobre os perigos, as coisas boas, as coisas más. (…) Quando lhe disse que tinha de respeitar e ter cuidado, para não se atirar às ondas, ela disse: ‘Eu tenho cuidado, senhor mar'”, explicou André Carrilho, à agência Lusa.

Novos caminhos

“Senhor Mar” saiu dois anos depois de André Carrilho ter publicado “A menina com os olhos ocupados”, já distinguido com vários prémios, nomeadamente o Prémio Nacional de Ilustração e uma medalha de ouro também da Society of Illustrators.

Os dois livros têm pontos de contacto: ambos são protagonizados por uma menina, estão escritos em rima, há uma relevância maior da ilustração, feita em aguarela e trabalhada em digital, e uma temática subjacente à narrativa.

Com mais de duas décadas de trabalho na ilustração, em animação e sobretudo em caricatura e cartoon, áreas que lhe valeram vários prémios internacionais, André Carrilho encontrou no livro ilustrado um caminho novo de trabalho.

“Com o primeiro livro percebi que os leitores mais novos são leitores mais atentos e vivem os livros de uma maneira que acho muito interessante e gratificante. Foi um livro muito pessoal que fiz sem ter nenhuma espécie de expectativa de retorno. O que me fez pensar foi que quanto mais pessoal for, e quanto mais coisas fizer que me são caras, talvez seja um bom caminho de futuro, uma boa maneira de orientar a minha carreira”, disse.

2 Dez 2022

Rota das Letras | Nova edição de “O Livro dos Nomes” apresentada no sábado

A Livraria Portuguesa acolhe este sábado, a partir das 18h, o lançamento da nova edição de “O Livro dos Nomes”, com 88 textos da autoria de Carlos Morais José sobre sentimentos despertos por diversos locais do território. Os textos fazem-se acompanhar pelas fotografias de Sara Augusto

 

Há 12 anos a primeira edição de “O Livro dos Nomes”, de Carlos Morais José, director do HM, desvendava segredos e sentimentos do autor sobre cada recanto de Macau por si escolhido. O caminho volta a ser percorrido este sábado, pelas 18h, com o lançamento de uma nova edição da mesma obra, num evento inserido na programação do festival literário “Rota das Letras”.

Trata-se de 88 textos “de amor, ciúme, abandono e indiferença, entre outros sentimentos menos próprios para almas arredias das coisas desta cidade, que não cessa de existir como utopia e vício”, escreveu o autor nas redes sociais. A acompanhar os textos surgem imagens de Sara Augusto, académica que se dedica à fotografia nos tempos livres.

O primeiro contacto da autora das imagens com “O Livro dos Nomes” surgiu em 2016, ano da sua chegada a Macau, conforme contou ao HM. “Comecei desde essa altura a ler e a escrever sobre a obra de Carlos Morais José. Entretanto, durante estes anos, também ele foi conhecendo a minha actividade no campo da fotografia. E o convite surgiu da convergência de interesses comuns e vem a ser preparado desde há um ano e meio.”

Aliar as imagens às palavras “foi um desafio”, devido à distância temporal que separa as duas obras. “Já conhecia essa primeira edição, composta de textos em prosa poética, também traduzidos para chinês.

Desde essa altura que o meu imaginário de Macau também se foi preenchendo. Esta nova edição alcança os 88 textos em prosa poética e apresentam características muito particulares relacionadas com a relação que o sujeito poético estabelece com o espaço.”

Além disso, acrescenta Sara Augusto, “cada lugar apontado é tomado como lugar de experiência e de memória, como se de um lugar interior se tratasse”. Desta forma, “quando falamos dos textos, temos de invocar uma convivência longa e exaustiva do poeta com o espaço”, embora esse não tenha sido o caso de Sara Augusto, que tem “uma permanência muito mais breve em Macau”.

Construção de memórias

Ao trabalhar neste projecto, a autora das fotografias de “O Livro dos Nomes” acabou por “construir memórias pessoais sobre lugares de Macau já conhecidos ou ainda desconhecidos”.

“Esta diferente experiência de Macau está visível nas fotografias. Há circunstâncias em que o poema fala de uma determinada vivência ou memória e em que a imagem revela a minha atenção a determinado detalhe, claramente distinto. Não se pretendeu que as fotografias funcionassem como ilustração, nem os textos como legenda, mas que os dois discursos, mesmo que distintos, pudessem conviver e mesmo convergir”, disse.

Mesmo com 12 anos de distância entre os dois livros, estas edições acabam por se complementar, num fio condutor. “O Macau da edição anterior, transmitida através da poesia, prolonga-se para esta nova edição.

O espaço de Macau no livro não é o Macau turístico, mas é um espaço interior, quase mítico, fundador de memórias. Ora, esse espaço interior não sofre transformações externas tão bruscas, mas prolonga a sua melancolia, em gestos de amor e de abandono.”

A fotografia serve, assim, para transmitir “essa fluidez e um olhar subjectivo sobre espaços por todos vistos quase até à exaustão”. “Numa ou noutra circunstância a conjugação entre fotografia, lugar e texto, foi mais difícil de conseguir, ou pode mesmo ter sido menos bem conseguida. A razão é simples: a memória faz o lugar, E de alguns lugares eu tinha nem o conhecimento, nem a memória. Mas, como disse Baudelaire, ‘a imaginação faz a paisagem’, e a fotografia é também um acto de interpretação e de construção do imaginário”, contou.

Sara Augusto viveu “experiências distintas” com este livro. “Por um lado, havia a curiosidade pelos lugares desconhecidos, dos quais eu não tinha memória. Por outro lado, havia os lugares mais conhecidos em que havia necessidade de ultrapassar o lugar-comum e banal. O longo tempo passado nos templos espalhados por Macau foi dos mais interessantes, explorando os jogos de luz e de sombra.”

Questionada sobre os lugares mais icónicos que fotografou, Sara Augusto remata: “fotografar a fachada das ruínas de São Paulo é sempre um desafio”.

2 Dez 2022

Escolhida equipa que vai representar Macau na Bienal de Arquitectura de Veneza

Está escolhida a equipa que vai representar a RAEM na 18ª Bienal de Arquitectura de Veneza, que será composta por Jimmy Wardhana, Choi Wan Sun, Lin Ian Neng e Tong Tou U, de acordo com o anúncio divulgado na terça-feira pelo Instituto Cultural.

A selecção foi apurada através de um concurso de propostas intitulado “Exposição para a “18.ª Exposição Internacional de Arquitectura La Biennale di Venezia – Evento Colateral de Macau, China”, organizado pelo Museu de Arte de Macau (MAM), sob a tutela do IC e co-organizada pela Associação dos Arquitectos de Macau.

O IC indica que “o evento colateral, sob o tema ‘RECALIBRAGEM – Exploração da Cultura Arquitectónica Contemporânea de Macau’, visa abordar o desenvolvimento urbano e arquitectónico de Macau.

O júri que analisou as propostas foi composto pela presidente do Instituto Cultural, Leong Wai Man e por quatro arquitectos experientes de Hong Kong e Macau, incluindo o ex-Presidente da World Association Chinese Architects, Arquitecto Eddie Wong Yue Kai, o presidente do Conselho Geral da Associação dos Arquitectos de Macau, Carlos Marreiros. Contaram-se também entre os jurados o director da Macau Renovação Urbana, S.A., C. Y. Wong e fundador do Atelier Global Limited, o arquitecto Frankie Lui, realizou duas rondas de avaliação rigorosa das nove propostas de exposição apresentadas ao concurso.

Pódio local

O Prémio de Ouro foi entregue a Jimmy Wardhana pelo projecto “RECALIBRAGEM – Exploração da Cultura Arquitectónica Contemporânea de Macau”. Enquanto o Prémio de Prata e o Prémio de Bronze foram atribuídos respectivamente a Alexandre Leong Marreiros, pela proposta “Bamborella”, e a Sou Un Teng, pela proposta “Uma Polegada de Terra: Separação e Agregação”, afirmou o IC.

Criada em 1980, a Bienal de Arquitectura de Veneza é um dos mais importantes eventos da actualidade no âmbito da arquitectura. Desde 2014, o Instituto Cultural, sob a designação “Macau-China”, coordenou quatro participações de profissionais do sector arquitectónico de Macau e outros especialistas relacionados no evento, tendo colhido sempre comentários positivos. A Organização espera que o evento colateral de Macau, China continue a brilhar e mostrar ao público estrangeiro o encanto diversificado da arquitectura de Macau.

1 Dez 2022

Cinema | Festival Internacional de Curtas começa hoje no Capitol

A 13.ª edição do Festival Internacional de Curtas de Macau arranca hoje no Teatro Capitol. Durante uma semana, quase 130 obras vão ser apresentadas em formatos que variam entre filmes de acção, documental, animação e vídeos musicais, ao longo de cerca de 50 horas de cinema

 

Arranca hoje a 13.ª edição do Festival Internacional de Curtas de Macau, que decorre no Teatro Capitol até ao dia 8 de Dezembro. Num longo menu, com um total de 128 filmes e vídeos musicais, o público cinéfilo terá à sua disposição um cartaz com cerca de 50 horas de filmes de ficção, documentário, animação e vídeos musicais.

O programa está dividido em cinco categorias. A principal é SHORTS Ficção, que terá 14 sessões ao longo do festival, as SHORTS Documentário será apresentada ao longo de seis sessões, a SHORTS Animação conta com cinco sessões. A sessão dedicada a videoclips intitula-se “VOLUME”, a categoria “Cinema Expandido” terá quatro sessões com filmes convidados que prometem abrir janelas para histórias da Ásia, “incorporando a realidade de contextos históricos, geográficos e sociais. Os filmes convidados são provenientes do Camboja, China, Hong Kong, Indonésia, Japão, Cazaquistão, Macau e Taipé”.

No próximo fim-de-semana, serão apresentadas duas masterclasses que contam com a participação de cineastas locais. A primeira está marcada para sábado, às 19h, e será apresentada por Vicent Hoi e Keng U Lao, e tem como tema principal a persistência de continuar a filmar e aprender com os erros.

No domingo, à mesma hora, é a vez de Tracy Choi discorrer sobre a produção de cinema independente, alternativo, em Macau e as formas para superar dificuldades criativas e de produção.

Prémios e arranque

O filme alemão “Doce Liberdade”, da autoria de Dominic Wittrin, tem as honras de abertura do festival.
“A XIII edição do Festival Internacional de Curtas de Macau compreende cerca de 50 horas de ilusão e realidade a explorar diversos assuntos em pelicula cinematográfica, revelando mistérios, crimes, paixões e assuntos sociais actuais e mundiais, oferecendo à audiência momentos lúdicos”, afirma a directora do festival Lúcia Lemos.

No último dia do evento, 8 de Dezembro, são anunciados os vencedores da selecção oficial, divididos por quase 2 dezenas de categorias pelos quais serão distribuídas 84 mil patacas em prémios monetários.

O Festival Internacional de Curtas de Macau é organizado pelo Centro de Indústrias Criativas – CREATIVE MACAU e o Instituto de Estudos Europeus de Macau, com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura.

1 Dez 2022

Rota das Letras | Festival aposta em autores locais, celebra Saramago e “Romance dos Três Reinos”

A 11.ª edição do Rota das Letras decorre ao longo de dois fins-de-semana, entre 2 e 4 de Dezembro na Livraria Portuguesa, e entre 9 e 11 de Dezembro, no Art Garden, sede da Sociedade Arte para Todos (AFA). Esta é mais uma edição que volta a ser muito condicionada pelas medidas de controlo da pandemia da covid-19

 

O Festival Literário de Macau celebra este ano o centenário do nascimento de José Saramago e os 500 anos do clássico chinês “Romance dos Três Reinos”, numa edição “muito condicionada” pela pandemia e que aposta novamente nos autores locais.

A 11.ª Rota das Letras, que decorre entre esta sexta-feira e domingo, na Livraria Portuguesa, e entre 9 e 11 de Dezembro, no Art Garden, vai voltar a centrar-se nos escritores do território e a procurar “assinalar efemérides que sejam importantes para a literatura de Macau, literatura lusófona e literatura universal”, afirmou o director do festival, Ricardo Pinto, à Lusa.

Neste sentido, é dado destaque aos centenários do nascimento de José Saramago e de Maria Ondina Braga e aos 500 anos da primeira publicação integral do “Romance dos Três Reinos”, clássico da literatura chinesa.

As sessões de celebração dos autores portugueses vão decorrer no próximo domingo, durante a tarde. No tributo ao único português a ser distinguido com o Nobel da Literatura, vão ser apresentados trabalhos de Miguel Real e José Luís Peixoto que têm como referência a vida e a obra do escritor: “As Sete Vidas de Saramago”, uma biografia do autor; e “Autobiografia”, um romance em que Saramago é personagem central. Esta sessão terá também a participação da artista chinesa de Macau Kay Zhang, que em conversa com Carlos Marreiros vai falar do seu projecto artístico inspirado no “Ensaio sobre a Cegueira”.

Na noite de domingo, também na Livraria Portuguesa, os interessados vão ainda poder assistir à projecção de um documentário sobre Maria Ondina Braga, antecedida por uma evocação da autora, a cargo da Professora Vera Borges. O filme, “O que Vêem os Anjos”, tem realização de Tiago Fernandes, entrevistado agora por Hélder Beja.

Aposta local

A abertura do evento está agendada para esta sexta-feira, pelas 18h30, na Livraria Portuguesa, e aposta passa pela “prata da casa”, com a apresentação dos trabalhos mais recentes dos escritores locais Lawrence Lei, sobre a pandemia e com o título Rostos Mascarados, e de Cheong Kin Han, que em Ying aborda a interrupção da gravidez.

Ricardo Pinto, afirmou à Agência Lusa, que estes são alguns dos autores de Macau convidados a celebrar a literatura “com temas muito actuais, como a pandemia e a questão da interrupção voluntária da gravidez”, respectivamente.

Por volta das 19h30, os interessados vão poder assistir a uma performance apresentada por Wong Teng Chi, com base no conjunto da sua dramaturgia em que explora temas como a observância social e questões de identidade e género.

No dia seguinte, o primeiro sábado do evento, os autores locais voltam a estar em destaque. A manhã do segundo dia foi feita a pensar no “público infantil”, com a Livraria Júbilo a apresentar os trabalhos da ilustradora Yang Sio Maan.

As suas mais recentes ilustrações constam de Wild Words, um dicionário da natureza selvagem distribuído no Reino Unido. Logo depois, Tony Lam fará a apresentação de uma aventura para crianças que se passa em boa parte nos subterrâneos do Templo de A-Má

A tarde de sábado fica marcada pela celebração do 5.º centenário da primeira publicação integral do “Romance dos Três Reinos”, um clássico da literatura chinesa, numa sessão que vai ter como oradores Wang Di e Wang Sihao, académicos da Universidade de Macau, e como moderador Yao Jingming, académico e escritor.

Na noite de sábado, decorre ainda um dos momento altos do evento, nas palavras do director do festival, com o lançamento da segunda edição do ‘Livro dos Nomes’ de Carlos Morais José e fotografias de Sara Augusto. “Destacava em relação aos autores locais o lançamento da segunda edição do ‘Livro dos Nomes’ de Carlos Morais José, agora com fotografias de Sara Augusto. É uma segunda edição muito enriquecida e um livro que seguramente vai suscitar o interesse de muita gente”, afirmou Ricardo Pinto.

A 3 de Dezembro, o evento vira-se para autores de vários países de língua portuguesa, Krishna Monteiro, Manuel da Costa, Hélder Macedo, entre outros, juntam-se numa sessão online para falarem do seu contributo para uma nova antologia bilingue de contos lusófonos, traduzidos para chinês. Viagem, assim se intitula este projecto, é uma edição do IPOR e tem representados todos os países de língua portuguesa.

Continuação no Art Garden

No fim de semana seguinte, de 9 a 11 de Dezembro, o Festival Rota das Letras muda-se para o Art Garden, onde será apresentado o projecto plurianual “A Room of One’s Own”. Baseado na obra homónima de Virginia Woolf (“Um Quarto Só Seu”), o projecto inclui uma série de sessões de debate, seminários, concertos e performances que vão explorar o tema da Condição Feminina.

A primeira mesa-redonda do fim-de-semana, na sexta-feira, pelas 18h30, junta Agnes Lam e Glenn Timmermans, professores da Universidade de Macau, à psicanalista Natalie Si, num debate sobre o conceito de literatura feminina e as suas implicações psicológicas, a partir da obra de Virginia Woolf.

A sessão é seguida da apresentação de um concerto no terraço do Art Garden. O músico meditativo de Hong Kong Paul Yip, os poetas locais M. Chow e Isaac Pereira, e a bailarina de Macau Tina Kan inspiram-se na escrita poética de Virginia Wool para criarem um espectáculo onde se combinam a palavra, a música e o gesto.

Evento condicionado

Num balanço às 10 edições anteriores do Rota das Letras, Ricardo Pinto sublinhou que o festival se encontra “hoje muito condicionado pela situação da pandemia que se continua a viver em Macau e na China”. “Diria que estamos ansiosos para regressar a outros tempos em que tínhamos a possibilidade de ter connosco autores da lusofonia, da China, do mundo chinês em geral e de muitos outros países”, complementou o responsável.

Macau fechou as fronteiras em Março de 2020 e quem chega ao território – com excepção da China continental – é obrigado a cumprir quarentena em hotéis designados pelas autoridades, actualmente fixada em cinco dias.

Ricardo Pinto lamentou que com o formato actual, a habitual criação de antologias de contos, com textos dos autores convidados, e a organização de sessões literárias nas escolas e universidades do território, que eram para os organizadores “o segmento do festival mais relevante”, estejam ausentes do programa.

O Festival Literário de Macau foi fundado em 2012 pelo jornal em língua portuguesa Ponto Final, assumindo-se nos primeiros anos como “o primeiro grande encontro de literatos” da China e dos países lusófonos.

30 Nov 2022

Guia Michelin quer “colocar Portugal no mapa da culinária mundial”

A gastronomia portuguesa está a evoluir rapidamente e o Guia Michelin quer colocar Portugal no mapa da culinária mundial, disse o director internacional da publicação, justificando a decisão de passar a apresentar a selecção de restaurantes de forma independente.

“Os nossos inspetores têm vindo a acompanhar a evolução da paisagem culinária, há anos. A decisão que partilhámos de publicar uma selecção dedicada é porque não só acreditamos no potencial da actual cena culinária portuguesa, mas também porque estamos ansiosos e acreditamos definitivamente que mais irá acontecer”, afirmou, em entrevista à Lusa, o director internacional do Guia Michelin, Gwendal Poullennec.

O responsável anunciou na semana passada, na gala de apresentação da edição de 2023 do Guia Michelin Espanha e Portugal, que decorreu na cidade espanhola de Toledo, que as cerimónias de apresentação das selecções de restaurantes dos dois países passarão a ser realizadas de forma separada, algo inédito em mais de uma década.

Portugal, disse, “é um lugar cada vez mais atraente para jantar fora e o cliente será ainda mais exigente e isso contribuirá para elevar a fasquia”. “Para nós, o futuro da cozinha portuguesa parece muito brilhante, com um ritmo de desenvolvimento realmente forte”, sustentou Poullennec.

“Queremos colocar Portugal no mapa da culinária mundial, com um espaço de tempo e um evento dedicados para colocar o centro das atenções na identidade culinária portuguesa”, comentou o director internacional.

O facto de Portugal passar a ter uma selecção autónoma e um evento próprio para o anúncio não é sinónimo de que os restaurantes nacionais venham a conquistar mais distinções ou mesmo a classificação máxima de três estrelas (‘cozinha excepcional, merece uma viagem’) – algo que nunca aconteceu até agora.

“Aplicamos a mesma metodologia em todo o mundo, não temos números predefinidos, nem comprometemos os nossos valores ou a nossa abordagem”, salientou.

Boas notas

Na edição do próximo ano do guia ibérico, Portugal conquistou cinco distinções de uma estrela (‘cozinha de grande nível, compensa parar’), totalizando 31 restaurantes com esta classificação e sete com duas estrelas (‘cozinha excelente, vale a pena o desvio’).

Instado a comentar o que falta aos restaurantes portugueses para alcançarem a distinção máxima, Gwendal Poullenec respondeu: “Talvez aconteça e esperemos que aconteça um dia”. “Há muitos países no mundo sem restaurantes a nível de três estrelas. A Tailândia, por exemplo, que é uma potência culinária, não tem restaurantes com três estrelas”, comentou.

O guia de 2023 reúne um total de 1.401 restaurantes em Espanha, Portugal e Andorra, incluindo 13 com três estrelas, 41 com duas estrelas e 235 com uma estrela, além de 831 recomendados pela sua qualidade (135 novos, 15 em Portugal).

Os inspectores do Guia Michelin, que trabalham de forma anónima, valorizam a qualidade dos produtos, o domínio dos pontos de cozinha e das texturas, o equilíbrio e harmonia dos sabores, a personalidade da cozinha e a regularidade.

29 Nov 2022

FRC | Mostra da ARTM inaugura hoje com convite a viagens interiores

É inaugurada hoje a exposição a Mostra Anual da ARTM, “Atravessando as Fronteiras Interiores – É hora de viajar!”, na galeria da Fundação Rui Cunha. A exposição é composta por peças de cerca de duas dezenas autores, que variam entre pintura e cerâmica

 

A expressão artística pode funcionar por vezes como um exercício de autoanálise com efeitos terapêuticos e uma abordagem no processo de recuperação utilizado por instituições como o Centro de Serviços Integrados de Ká Hó da ARTM – Associação de Reabilitação de Dependências de Macau (ARTM).

Todos os anos, a instituição de acção social apresenta uma selecção de trabalhos que resultam dessa abordagem terapêutica. É nesse contexto que se inaugura hoje, às 18h30, a Mostra Anual de Artesanato “Atravessando as Fronteiras Interiores – É hora de viajar!” na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC).

A exposição reúne trabalhos de cerca de 20 participantes, em processo de recuperação, do Centro de Serviços Integrados de Ká Hó da ARTM.

Este ano, a selecção de trabalhos manuais inclui cerca de 20 pinturas a óleo, 10 aguarelas e 50 peças de cerâmica, muitas delas inspiradas no imaginário das festividades do Natal, não fugindo à quadra que se aproxima.

Em comunicado, a organização da mostra refere que “nos últimos anos, as artes têm sido uma componente essencial no quotidiano da comunidade terapêutica da ARTM, através de diferentes actividades e técnicas, com vista a promover a cura física, mental, emocional e espiritual dos pacientes, permitindo o seu crescimento ao longo do processo individual de mudança”.

Da auto-descoberta

O mote desta edição teve como base uma frase do escritor moçambicano Mia Couto: “A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores”. Partindo das palavras do incontornável autor moçambicano, a ARTM acrescenta: “A coragem ajuda a percorrer os lugares desconhecidos, que estão dentro de nós e que por vezes trazem à consciência desconforto, dor e medo daquilo que se vai encontrar. É uma viagem de descoberta do Eu, Tu, e do Nós. Uma viagem onde se aprende a caminhar devagar, ao ritmo de cada um e sem pressa de chegar”.

A mostra, que tem sido apadrinhada pela FRC desde 2020, é um momento importante de celebração dos resultados alcançados por cada participante no percurso de reintegração na sociedade local. A Associação de Reabilitação de Dependências de Macau é uma organização local sem fins lucrativos, que oferece programas terapêuticos para a recuperação da toxicodependência e outras dependências, como o jogo e o álcool. A instituição também desenvolve serviços de orientação e acompanhamento dos ex-dependentes, bem como serviços de prevenção primária para jovens, famílias, escolas e comunidade, num forte compromisso com a saúde pública e os direitos humanos.
A exposição vai estar patente até ao dia 3 de Dezembro e a entrada é livre.

29 Nov 2022

Ex-director do Museu do Palácio da Cidade Proibida em palestra em Macau

No próximo dia 12 de Dezembro, às 19h, realiza-se no Pavilhão Polidesportivo da Universidade Politécnica de Macau a palestra “Poder da Cultura – Atribuir Vitalidade aos Recursos do Património Cultural”. Organizado pelo Instituto Cultural, o evento conta com a presença do ex-director do Museu do Palácio da Cidade Proibida, Shan Jixiang, que irá discorrer sobre a “relação entre a colecção do Palácio e a vida quotidiana, de modo a permitir que o público sinta a parte prática do património cultural e possa perceber melhor o poder da cultura”.

Shan Jixiang irá também falar sobre a situação actual do património cultural mundial do Interior da China e partilhar a experiência do Museu do Palácio no âmbito da salvaguarda e gestão dos recursos culturais. Além disso, o responsável irá discutir as melhores formas de tirar proveito de “meios tecnológicos e tecnologias inovadoras para que os recursos do património cultural possam ser integrados de forma efectiva na vida da população”.

O objectivo desta interacção entre tecnologia e registos históricos visa ligar “o património com a realidade actual, de modo a conferir mais vitalidade à cultura tradicional e enaltecer a sua fruição e o seu valor”, aponta o IC.

Curriculum Vitae

Shan Jixiang é investigador, arquitecto sénior, e urbanista. É licenciado em Planeamento e Design Urbano pela Faculdade de Arquitectura da Universidade de Tsinghua e obteve o grau de Doutor em Engenharia, sob a orientação do Professor e membro da Academia de Ciências e da Academia de Engenharia da China, Wu Liangyong.

Actualmente, é presidente da Associação de Património Cultural da China, Investigador convidado do Instituto Central para o Estudo da Cultura e da História e director do Conselho Académico do Museu do Palácio da Cidade Proibida.

O IC acrescenta que o palestrante desempenhou diversos cargos de elevada importância, nomeadamente, como director da Administração Municipal do Património Cultural de Pequim, director da Comissão de Planeamento Municipal de Pequim, director da Administração Nacional do Património Cultural e director do Museu do Palácio da Cidade Proibida. Além disso, foi membro do Comité Nacional, respectivamente, na 10.ª, 11.ª e 12.ª Conferências Consultivas Políticas do Povo Chinês. A inscrição para a palestra, que será apresentada em mandarim, está aberta até 4 de Dezembro.

28 Nov 2022

Fotografia | Mostra de Francisco Ricarte na residência consular quarta-feira

“EmCasa / HomeLand” é o somatório de duas dezenas de fotografias que evocam paisagens emocionais e o sentimento de pertença a uma terra. A exposição de Francisco Ricarte, inaugurada na quarta-feira, estará patente até público na residência Consular de Portugal até 16 de Dezembro

A ideia de retorno é uma unidade de medida emocional constituinte da alma portuguesa e um dos elementos inspiradores da exposição “EmCasa / HomeLand” de Francisco Ricarte, que será inaugurada na quarta-feira, às 18h30, na residência Consular no edifício do antigo Hotel Bela Vista. A mostra reúne 20 fotografias que evocam um retorno emocional através da introspecção visual de “territórios redescobertos pelo autor em diversas viagens ao país que o viu nascer e acolheu, previamente à sua fixação em Macau”, é indicado no comunicado que apresenta o evento.

“EmCasa / HomeLand” vai além da recolha fria de evidências documentais e propõe o registo emocional que condensa num fotograma um testemunho temporal e espacial. “Mais que ‘momentos decisivos’, a série procura registar momentos emocionais decisivos, registando, não só o que se vê, mas também o que se sente”, indica o autor.

A mostra organizada pela Casa de Portugal em Macau, com o apoio da Fundação Macau e o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong é composta por duas dezenas de fotografias a cores, impressas nos formatos 90 x 90 cm e 90 x 50 cm, obtidas entre 2017 e 2019.

Cores e balanço

Além da captura de retratos emocionais, o processo de elaboração de “EmCasa / HomeLand” foi para Francisco Ricarte uma viagem de redescoberta marcada pela “nostalgia visual e a procura de um tempo de equilíbrio e pausa”.

Ao longo das 20 fotografias, o autor assume as emoções sentidas nos locais fotografados, “onde o equilíbrio das formas naturais e edificadas singulares conformam a identidade desses espaços, ainda e sempre sentidos como a sua casa”.

A quietude e paleta de cores evidenciada nas obras de “EmCasa / HomeLand” estabelecem um contraste com a realidade visual vibrante de Macau, com fotografias que interpretam espaços em Portugal, como a Serra da Arrábida, Aveiro e Açores.

A mostra pode ser visitada a partir de quinta-feira, nos dias de semana entre as 15h e as 18h. Aos fins-de-semana, a exposição pode ser visitada entre as 11h e as 18h.

28 Nov 2022

Livro de Annie Ernaux sobre morte dos pais reeditado depois de 20 anos esgotado

“Um lugar ao sol seguido de Uma mulher”, obra conjunta de dois textos de Annie Ernaux, em que a autora disseca as mortes dos pais, volta a estar disponível no final deste mês, depois de 20 anos esgotada. Esta republicação de uma das obras mais emblemáticas da mais recente Prémio Nobel da Literatura acontece no dia 30 de novembro, pela Colecção Dois Mundos, da Livros do Brasil, editora que publicou anteriormente “Os anos” e “O acontecimento”.

A obra aborda duas mortes, “infinitamente marcantes, digeridas pela autora através da escrita”, a primeira, publicada em 1984 e vencedora do Prémio Renaudot, sobre a perda do pai, e a segunda, lançada quatro anos depois, sobre a mãe.

Dois meses depois de passar nos exames finais para se tornar professora, o pai de Annie Ernaux morreu. Revisitando a memória da sua vida, no que ela teve de mais particular, repleta de confiança no trabalho árduo e igual dose de sonhos frustrados, complexos de inferioridade e vergonha, a filha procura preencher um vazio, traçando em simultâneo um retrato colectivo sobre uma época, um meio social e uma ligação familiar. Sobre este livro, a autora confessou que talvez o tivesse escrito, porque ela e o pai não tinham nada para dizer um ao outro.

Elo quebrado

Pouco depois, também a mãe desapareceu, após uma doença prolongada que lhe arrasou a existência, intelectual e física, e mais uma vez coube à filha restaurar, através da palavra escrita, a sua presença na História. Sobre aquela que considera ter sido “a única mulher que contou verdadeiramente”, Annie Ernaux confessou: “Parece-me que agora escrevo sobre a minha mãe para, por minha vez, a trazer ao mundo”.

“Um lugar ao sol seguido de Uma mulher” são “peças literárias fulgurantes, misto de biografia, sociologia e história, onde resplandece a ambivalência dos sentimentos que unem filhos e pais e o impacto doloroso da quebra desse elo vital”, descreve a editora.

A Colecção Dois Mundos lançou também recentemente uma nova edição do romance “Uma paixão simples”, que já tinha saído no ano passado pela Colecção Miniatura. Publicado originalmente em 1991, “Uma paixão simples” surpreendeu o panorama literário francês, quebrando os estereótipos do romance sentimental pelo seu erotismo e pela sua honestidade.

Esta obra foi adaptada ao cinema em 2020 por Danielle Arbid, num filme já exibido em Portugal. Nascida em Lillebonne, na Normandia, em 1940, Annie Ernaux estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, sendo formada em Letras Modernas.

Atualmente é considerada uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes.

28 Nov 2022

CCCM | Oficina “Histórias Chinesas com Pensamento” destinada a jovens

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, promove, nos dias 20 e 21 de Dezembro, uma oficina destinada a crianças e jovens dos oito aos 16 anos, intitulada “Histórias Chinesas com Pensamento”. As sessões abordam temáticas como “mitos cosmológicos chineses – Pangu, Nuwa e a tradição da corte celeste”, “As três tradições filosóficas através dos textos de quatro amigos-guias – Mêncio, Zhuangzi, Huainanzi, Hanfeizi e a estrutura do mundo” ou “Filosofia proverbial chinesa”, entre outros.

Com esta iniciativa, o CCCM pretende promover “a descoberta da tradição cultural chinesa através dos mitos e seus ideogramas”, “proporcionando um primeiro contacto com filosofias chinesas para crianças e jovens, centrando na narrativa de fábulas, parábolas e pequenas histórias que os filósofos chineses têm contado aos jovens ao longo da sua tradição filosófica, ilustradas por material audiovisual”.

Desta forma, “as teorias são apresentadas de uma forma acessível e espontânea, com uma forte componente prática e criativa, dando a conhecer as histórias através da caligrafia chinesa, que os participantes serão convidados a executar, absorvendo-as por meio da comparação de mitos chineses com os da sua própria tradição cultural”.

A oficina será ministrada por Ana Cristina Alves, doutora em Filosofia da História, Cultura e Religião pela Universidade de Lisboa desde 2005, com especialização na China, e coordenadora do sector educativo e da área de tradução chinês-português do CCCM.

Colabora ainda neste projecto Lisa Spinelli, bolseira de doutoramento na área da antropologia, sendo a sua área de especialização a diversidade da espiritualidade e cultura popular chinesa, expressas através de mitos, contos e formas artísticas, com maior enfoque nos grupos étnicos chineses.

25 Nov 2022

Religião | Lançada versão portuguesa de “Evangelho Diário para Jovens 2023”

Será hoje apresentado, no Centro Diocesano Juvenil, a versão portuguesa do “Evangelho Diário para Jovens 2023”, coordenada pelo padre Daniel Ribeiro. A obra nasce da iniciativa da Congregação dos Padres Claritianos e já existe em chinês e inglês. Daniel Ribeiro afirma que a versão em português dá resposta a uma comunidade religiosa cada vez mais reduzida

 

Chama-se “Evangelho Diário para Jovens 2023” e é a versão portuguesa de um livro já editado pela Congregação dos Padres Claritianos, em inglês e chinês, e que é lançado hoje, às 18h45 no Centro Diocesano Juvenil. A obra, elaborada por quatro leigos e coordenada pelo padre Daniel Ribeiro, pretende transmitir aos mais jovens, numa linguagem simples, os evangelhos da Bíblia.

“É um texto para crianças para que haja uma maior proximidade com a Bíblia. Todos os dias a Igreja tem um evangelho diferente que é lido na missa, então o objectivo era pegar nisso e traduzir os textos do evangelho numa linguagem simples, acrescentando uma simples explicação e algumas perguntas para ajudar a reflexão. Há ainda uma tarefa e uma reza para a pessoa fazer. Há um texto diferente para cada dia do ano.”

Na visão do padre Daniel Ribeiro, esta edição acontece numa altura particularmente especial para a comunidade portuguesa. “Existe um número grande de estrangeiros que deixou Macau, com maior destaque para os portugueses. Temos brasileiros e portugueses, então a comunidade portuguesa é cada vez mais estrangeira, isto desde 1999. Agora diminuiu mais ainda. A comunidade precisa de se organizar mais e ser mais sólida, caso contrário vamos ter dificuldades em continuar os trabalhos que vínhamos fazendo. Este texto tem como objectivo fortalecer os católicos de língua portuguesa que estão em Macau e ajudar a desenvolver a sua identidade como católicos e cristãos.”

Menos na catequese

As mudanças que a comunidade portuguesa enfrenta notam-se desde logo na catequese. Actualmente, há dois serviços de catequese em língua portuguesa, na Sé Catedral, com 75 crianças, e na Igreja da Nossa Senhora do Carmo, com 60 crianças. No caso da Sé, houve uma redução de cerca de dez por cento no número de crianças portuguesas.

No entanto, a tendência é de que mais crianças chinesas frequentem este serviço religioso para aprenderem o português. “Temos alguns chineses colocados pelos pais na catequese que desejam que eles aprendam português. A língua portuguesa está estabilizada e não vejo uma tendência de mudança. Na Escola Portuguesa de Macau acontece o mesmo, já cerca de metade dos alunos não são portugueses. Há muitos locais que querem aprender a língua. O português é como uma mais-valia, e a catequese é muito procurada por causa disso.”

Com este cenário, Daniel Ribeiro não tem dúvidas de que um dos maiores desafios no trabalho religioso é a ausência de portugueses no trabalho do dia-a-dia, além das celebrações habituais como o Natal ou Páscoa.
Há ainda “um número considerável de portugueses, de África, Brasil e Portugal, que deixaram Macau”, sendo necessários mais portugueses para fazerem “actividades pastorais, como o serviço de catequese ou visitas aos hospitais”.

25 Nov 2022