Hoje Macau EventosFRC | “Equinox Jam + Jazz Young Good Men” ao vivo no sábado A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta no sábado, a partir das 21h, a tradicional noite de jazz com a actuação dos Equinox Jam e Jazz Young Good Men. Em comunicado, a fundação indica que esta será a última sessão do ano da “Saturday Night Jazz” na Galeria da FRC. Os Equinox Jam vão apresentar um repertório repleto de sonoridades que vão variar entre o blues e a música latina. A recém-formada banda é composta pelo saxofonista Ricardo Porto, o guitarrista Adonis K Lee, o pianista Joviz Lee, o baixista Mars Lei e o baterista Roy Tai. Para fechar as noites de jazz de 2022 na FRC, o público será prendado com a actuação da banda Jazz Young Good Men, liderada por Ao Fai no trompete, com Chio Song Meng na guitarra, Joviz Lee no baixo e Meng Fai Che na bateria. A banda juntou-se recentemente ao jovem e talentoso pianista Thomas Catalão, com quem irá interpretar influências japonesas de bebop e músicas de Miles Davis. A Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA), co-organizadora do evento desde 2014, orienta e ensaia regularmente grupos formados por amantes do jazz, que exploram diversos estilos dentro deste género musical, no âmbito de projectos vocacionados para a juventude local e para o intercâmbio regional de talentos. A entrada é livre, mas sujeita às recomendações de saúde implementadas pelas autoridades locais.
João Luz EventosCinemateca Paixão | Dezembro com “Elvis” e selecção internacional Retratos de intimidade à japonesa, o filme biográfico “Elvis” e um punhado de películas europeias são os ingredientes principais da Selecção de Dezembro da Cinemateca Paixão. “A Hundred Flowers” do japonês Genki Kawamura e a produção búlgara “Women Do Cry” são sugestões imperdíveis Mais um mês, mais um rol de propostas cinematográficas da equipa da Cinemateca Paixão. A Selecção de Dezembro arranca com meia dúzia de filmes nas antípodas das óbvias programações recheadas por insípidos super-heróis, animação recauchutada até ao infinito e os habituais clichés natalícios. A programação do próximo mês começa no dia 1, às 21h30, com a exibição de “Women Do Cry”, um drama realizado por Mina Mileva e Vesela Kazakova. A produção búlgara tem como epicentro Sonja, uma adolescente de 19 anos que é diagnosticada com HIV, quando o seu futuro enquanto compositora promissora começava a despontar. Obrigada a abandonar o conservatório, Sonja torna-se numa causa de apoio incondicional de duas gerações de mulheres lutadoras que face à luta da protagonista voltam ao campo de batalha contra traumas antigos. Após a estreia no Festival de Cannes, “Women Do Cry” reuniu a unanimidade da crítica internacional e fez as rondas dos festivais dedicados à sétima arte, incluindo o Festival Internacional de Cinema de Bruxelas, o Glasgow Film Festival, South by Southwest, Sofia International Film Festival, entre outros. Chega agora a Macau, e será exibido na Cinemateca Paixão em mais duas sessões, no dia 7 e 10 de Dezembro às 21h30. No dia 2 de Dezembro, é a vez de “A Hundred Flowers” tomar conta da Travessa da Paixão, às 21h30, um filme do realizador japonês Genki Kawamura. Uma bomba emocional, “A Hundred Flowers” assenta na relação entre filho e a mãe diagnosticada com demência. Entre memórias perdidas e recuperadas, o passado da mãe do protagonista começa a ser revelado de forma fragmentada. “A Hundred Flowers” volta ao ecrã da Cinemateca Paixão no dia 4 de Dezembro, às 19h e no dia 8 de Dezembro às 19h30. Pessoal e intransmissível No dia 3 de Dezembro, às 21h, é exibida a segunda parte de “Intimacies”, do realizador japonês Ryusuke Hamaguchi que destilou para filme parte da psique nipónica. A ambiciosa obra que o autor criou enquanto leccionava na Escola de Teatro e Cinema de Tóquio, está dividida em três partes. A primeira roupagem é uma espécie de documentário teatral, um vislumbre de bastidores, a segunda parte é a peça em si e a terceira parte um epílogo que encerra a acção onde o núcleo é a poesia e o uso da palavra. O filme é exibido de novo no dia 11 de Dezembro, às 18h30, depois da primeira parte de “Intimacies”, cuja sessão começa às 16h30. “Murina”, da realizadora croata Antoneta Alamat Kusijanović é a obra que se segue no cartaz da Cinemateca Paixão. Com a primeira sessão marcada para o dia 4 de Dezembro, às 21h, será uma oportunidade única para viajar pela costa do Mar Adriático até à pequena ilha onde a acção se desenrola. A base do guião é o projecto familiar de vender a terra onde vivem, numa ilha paradisíaca a um empresário com o objectivo de ali instalar um resort de luxo. Com estreia em Cannes, “Murina” arrebatou o prémio Caméra d’Or e conquistou a crítica internacional. O filme de estreia da realizadora croata volta a ser exibido no dia 8 de Dezembro, às 21h30, e 12 de Dezembro às 19h30. Ancas não mentem No dia 6 de Dezembro, às 19h30, a Cinemateca Paixão apresenta “Elvis”, o filme biográfico baseado na vida de um dos maiores ícones da cultura pop do século passado. Realizado por Baz Luhrmann, “Elvis” explora a vida e obra de Elvis Presley, numa jornada pessoal carregada de melodrama, percorrendo os recantos da obscuridade, passando ao sucesso, até finalmente atingir um patamar inigualável de estrelado. “Elvis” segue a natural exuberância cénica de Luhrmann, que tem no currículo filmes como “Strictly Ballroom”, “Romeo + Juliet”, “Moulin Rouge!” e “The Great Gatsby”. O filme começa com o colapso do manager de Presley, o Coronel Tom Paker, um personagem dúbio e misterioso interpretado por Tom Hanks que face à hipótese de morrer com uma reputação de ladrão decide contar a verdadeira história da ascensão de Elvis Presley. “Elvis” será exibido seis vezes, até à véspera de Natal. Finalmente, a encerrar a Selecção de Dezembro, é exibido no ecrã da Travessa da Paixão a produção internacional “A Chiara”, no dia 7 de Dezembro, às 19h. Realizado pelo cineasta italiano Jonas Carpignano, “A Chiara” é um drama familiar que começa a ser deslindado no aniversário de uma adolescente, marcado por um incidente violento que dá a primeira pista para ligações familiares ao crime organizado. “A Chiara” volta a ser exibido nos dias 10 de Dezembro, 19h, e no dia 15 de Dezembro às 21h30. Os bilhetes custam 60 patacas.
Hoje Macau EventosFestival das Luzes | Portugal representado com grupo “Ocubo Criativo” A nova edição do Festival de Luz de Macau acontece entre os dias 3 de Dezembro e 1 de Janeiro e promete trazer muitos espectáculos de vídeo mapping à cidade. Este ano, Portugal faz-se representar com o grupo “Ocubo Criativo – Actividades Artísticas e Literárias” Uma equipa de Portugal vai participar na oitava edição do Festival de Luz de Macau, que irá decorrer entre 3 de Dezembro e 1 de Janeiro, anunciou ontem o Governo. Segundo a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), o grupo português Ocubo Criativo – Actividades Artísticas e Literárias criou uma das quatro obras de ‘vídeo mapping’ em três dimensões que farão parte do festival. Numa apresentação à imprensa, a DST disse que a obra da equipa portuguesa, chamada “Ponto de partida da integração”, irá ser exibida na fachada da Igreja de São Francisco, na ilha de Coloane, e “irá apresentar a história de Macau”. A Ocubo Criativo já participou em outras edições do festival e foi convidada a desenhar uma obra alinhada com o tema principal deste ano, “Inverno Deslumbrante”, disse à Lusa a directora da DST. A empresa, com sede em Agualva-Cacém, “tem experiência em eventos em Portugal e não só” e “sempre que participa trazem ideias muito inovadoras”, disse Maria Helena de Senna Fernandes. A Ocubo Criativo já apresentou trabalhos em França e na Finlândia e foi responsável pela cerimónia de inauguração em 2019 do Al Janoub, o primeiro estádio construído de raiz para o Mundial de futebol de 2022, a decorrer no Qatar. O grupo português não estará presente em Macau “por causa da situação epidémica”, pelo que a obra será entregue pela Internet, com a DST a fornecer “equipamento e pessoal técnico para ajudar na projecção”. “Esperemos que no futuro possamos convidá-los a vir presencialmente em Macau”, disse Senna Fernandes. Para todos os gostos O festival, que este ano tem um novo nome, “Iluminar Macau 2022”, irá estender-se a oito zonas do território, incluindo a hotéis-casinos na península de Macau e no Cotai, uma vez que as seis operadoras de jogo foram “convidadas, pela primeira vez, para colaborarem”, disse a DST. A cooperação com as empresas permite ao governo “controlar o orçamento” do festival, que este ano é de 17,4 milhões de patacas, menos 8,4 por cento do que em 2021, disse a directora da DST. “Temos que ver a realidade”, sublinhou Senna Fernandes. Na conferência de imprensa a directora da DST disse, citada por um comunicado, que o festival tem, nos últimos anos, mostrado “empenho na inovação e no aumento da eficácia do evento”. Este ano, e pela primeira vez, foram convidadas seis empresas de Macau ligadas às áreas do turismo e do lazer, tendo sido seleccionados “novos pontos nas zonas comunitárias”, a fim de expandir ainda mais o festival pela cidade. Desta forma, o evento cobre este ano oito zonas do território, nomeadamente a zona Norte, zona Centro, zona da Praia do Manduco, zona de Nam Van, zona Nova dos Aterros do Porto Exterior (NAPE), Taipa, Cotai e Coloane, num total de 28 locais. “Percorrendo ruas e ruelas da cidade, o evento adiciona um programa de entretenimento nocturno, com o objectivo de atrair os residentes e visitantes a visitarem e consumirem nos diferentes bairros comunitários, beneficiando as pequenas e médias empresas, promovendo a economia nocturna e dinamizando a economia comunitária”, aponta o mesmo comunicado. O evento integra exposições de vídeo mapping com temas como “Imersão · Metaverso”, “Património Mundial · Estética” ou “Percorrer · Natureza”, entre outras, além de que o público poderá ver de perto diversas instalações de luz e participar em jogos interactivos. Destaque para a exibição de “A Porta dos Píxeis” e “Universo dos Píxeis” nas zonas históricas como a Calçada do Amparo, o Pátio de Chôn Sau ou a Rua dos Ervanário, entre outros bairros antigos.
Andreia Sofia Silva EventosArte | Primeiro leilão digital em Macau conta com artistas locais Chama-se “NFT Against Poverty” [NFT Contra a Pobreza] e é o primeiro leilão totalmente digital de obras de arte de artistas locais com o objectivo de apoiar a Oxfam na luta contra a pobreza. O projecto é dirigido por Manuel Correia da Silva e conta com co-organização da associação AFA – Art For All Society Será lançado esta quinta-feira o primeiro leilão de obras de arte digital totalmente composto por obras de arte de artistas locais, como é o caso de Alexandre Marreiros, Álvaro Barbosa, Anny Chong, Dave Shao, Vicent Cheang, Miguel Rosa Duque e Kit Lee, num total de 20 jovens artistas. “NFT Against Poverty” [NFT Contra a Pobreza] é um projecto dirigido por Manuel Correia da Silva e que é posto em prática graças às associações BEAT, recentemente criada para promover tecnologias com base na plataforma de blockchain, co-fundada por Manuel Correia da Silva, e pela AFA – Art For All Society. A plataforma que lhe dá corpo é o portal Artsbite.io, também co-fundada por Manuel Correia da Silva. De frisar que a sigla NFT significa, em português, “Token Não Fungível” [Non-Fungible Token]. O primeiro projecto de leilão de arte digital, com curadoria de Alice Kok, vai funcionar exclusivamente com pagamentos em patacas, e não em criptomoedas, sendo que todas as receitas das vendas revertem para a Oxfam, uma organização não governamental (ONG) dedicada a combater a pobreza em todo o mundo. Esta quinta-feira decorre ainda, às 18h30, um evento de apresentação desta iniciativa no Macau Art Garden Café. As obras de arte disponíveis para venda vão da pintura à fotografia e até ao design, passando dos formatos artísticos mais tradicionais para os virtuais. Ao HM, Manuel Correia da Silva explicou que o objectivo primordial deste leilão não é apenas a compra e venda de obras de arte, mas sim “poder, acima de tudo, dar a oportunidade de terem mais um canal de promoção do seu trabalho” além de organizar a Oxfam, uma ONG internacional com representação em Macau e Hong Kong. “Queremos mostrar que estas iniciativas podem, de alguma maneira, contribuir para causas como a pobreza. Temos noção que estes três anos foram difíceis para todos e achamos que é pertinente podermo-nos associar a esta possibilidade de apoio a uma organização que se dedica a minorizar a pobreza no mundo”, adiantou. Este é o primeiro passo de um projecto que poderá crescer e até apoiar outro tipo de ONG. “Estamos a trabalhar passo a passo e a ver como é que Macau vai reagir a esta iniciativa. Claro que depois apoiaremos outras colaborações”, frisou. Explorar a tecnologia O “NFT Against Poverty” pretende, acima de tudo, explorar as novas tecnologias não apenas para promover o trabalho de jovens artistas, mas também apoiar causas solidárias. “Procuramos desenvolver e explorar cada vez o que são as tecnologias relacionadas com esta nova evolução da Internet, a chamada Web3, incluindo os NFT e as soluções metaverso. São soluções que estamos a ponderar e a desenvolver para o futuro, no sentido de criar galerias virtuais que complementem o que é a plataforma e o esforço dos artistas de explorarem o seu trabalho.” Expandir é sempre a palavra de ordem, pretendo que a comunidade de artistas não fique apenas cingida a Macau. “Queremos que seja o mais abrangente possível e, na verdade, a China e Portugal serão de certeza os dois pontos onde vamos investir para que possamos estar presentes nesses dois universos. A plataforma online permite-nos isso”, adiantou o director do projecto. “Os NFT, pela tecnologia em que são baseados, são transacções no mundo digital que permitem que os produtos artísticos sejam únicos, tal como são no mundo real. Procuramos explorar esta tecnologia no máximo das suas possibilidades. É uma tecnologia recente e, como fundadores desta plataforma, também queremos saber mais sobre ela e até onde podemos ir, além de tentar perceber como é que o trabalho pode ser promovido nesta plataforma no formato de NFT [o Artsbite.io]”, rematou Manuel Correia da Silva.
Hoje Macau Eventos“Young Chef Young Waiter” | Dois profissionais locais alcançam finais no Mónaco William Wang Weicheng e Mondass Velauntham competiram na final do “Young Chef Young Waiter” [Jovem Chef, Jovem Garçon] que decorreu na última quarta e quinta-feira no Mónaco. Os dois jovens não venceram, mas, segundo a Direcção dos Serviços de Turismo, trouxeram muita experiência na bagagem A final da competição “Young Chef Young Waiter” [Jovem Chef, Jovem Garçon], que decorreu na última quarta e quinta-feira no Mónaco, contou este ano com dois jovens profissionais do sector da restauração de Macau, de nome William Wang Weicheng e Mondass Velautham. Segundo uma nota da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), os dois jovens, apesar de não terem arrecadado qualquer prémio, “competiram contra 12 profissionais de restauração de vários países e regiões”, além de terem elevado “as suas aptidões profissionais através de um dia de formação organizado pela organização”. Os dois jovens “trocaram ainda trocaram experiências e alargaram os seus horizontes com os participantes de outros países e regiões, obtendo experiências valiosas durante o concurso, o que ajudará a melhorar os seus conhecimentos e técnicas profissionais nos serviços de culinária e restauração”, aponta a mesma nota. Os profissionais oriundos do País de Gales venceram a competição, enquanto as equipas de Singapura e Inglaterra ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Ser internacional As semi-finais e finais do concurso “Young Chef, Young Waiter Macao 2022” tiveram lugar em Setembro e Outubro deste ano. William Wang Weicheng, formando de gestão culinária do Wynn Macau, venceu o prémio de “Melhor Chef” de Macau, enquanto Mondass Velautham, director do restaurante “Pronto”, do Wynn Palace, foi galardoado com o prémio de “Melhor Garçon”. A competição reuniu 14 jovens chefs e empregados de mesa oriundos de Inglaterra, Ilhas Caimão, Irlanda, País de Gales, Canadá e Singapura, a par com Macau, num total de sete países e regiões, com idade inferior a 26 anos e pelo menos três anos de experiência, que competiram entre si pelo galardão mundial. Os 14 concorrentes foram divididos em sete equipas, constituídas por um chef e um empregado de mesa dos países e regiões participantes, sendo que cada uma concebeu, em conjunto, um menu com características próprias para ser avaliado pelo júri. Cada chef teve de preparar almoço para cinco pessoas com entrada, prato principal e sobremesa, dentro do tempo indicado, que foi depois avaliado por um júri. Foram ainda colocadas perguntas sobre a preparação do cocktail de vodka, a colocação da mesa e outros preparativos da colocação da mesa. O júri das duas competições do concurso mundial integrou 12 membros, entre os quais se destaca Jason Atherton, conhecido chef com estrelas Michelin. Após esta experiência, a DST espera que mais jovens de Macau possam integrar o sector da restauração, além de elevarem o seu nível de competitividade no contexto internacional.
Hoje Macau EventosZheng Guanying | Espectáculo na Casa do Mandarim em Dezembro A Casa do Mandarim acolhe, nos dias 3 e 4 de Dezembro, às 19h e 20h30, respectivamente, quatro sessões do espectáculo de dança e teatro ambiental “Noite de Espectáculo”, uma iniciativa que visa comemorar o 180º aniversário de Zheng Guanying. Os bilhetes estão à venda desde ontem e custam 200 patacas. O espectáculo tem como conceito a Casa do Mandarim e o conhecido intelectual e industrial da China moderna, Zheng Guanying, que também deu o nome a uma escola em Macau. Será feita uma interpretação da sua história e preocupação com o país depois de desistir do cargo e de regressar de Xangai à Casa do Mandarim, uma casa construída em Macau pelo seu pai Zheng Wenrui. A peça retrata diversos momentos da sua vida, tal como o momento em que “numa noite cheia de estrelas, uma escola privada na Casa do Mandarim desperta com o claro e alto som da leitura, um cenário que lhe traz de volta as memórias de uma infância marcada pelo cumprimento dedicado dos valores familiares e pelas visitas regulares entre familiares”. Quantas foram as noites silenciosas em que Zheng Guanying, com o desejo de “não deixar ficar desonrado por outrem”, se debruçou sobre a redacção de “Advertências em Tempos de Prosperidade” na Casa do Mandarim, uma obra de grande influência na revolução da história moderna da China. Liu protagoniza Neste espectáculo, “o público irá apreciar esta história através da dança, pela qual se demonstram actos de amor, bondade, prosperidade e decadência”. As actuações de dança prometem combinar-se com o cenário real, “levando o público aos cenários históricos e a apreciar a beleza dos edifícios do património mundial”. O personagem de Zheng Guanying é interpretado pelo actor Liu Ying Hong e por vários dançarinos, num evento que promete trazer uma “combinação de iluminação moderna e tecnologia de projecção”, que promete criar “efeitos visuais requintados”. Desta forma, o público poderá “assistir ao desenvolvimento de Macau através da perspectiva do património histórico e sentir o encanto cultural do território enquanto desfruta do espectáculo de dança-teatro ambiental”. A ideia desta iniciativa, segundo o Instituto Cultural, é “enriquecer a experiência do turismo cultural e promover a imagem cultural de Macau”.
Hoje Macau EventosAlbergue SCM | Arquitectura moderna e bambu em discussão amanhã O Albergue SCM acolhe amanhã uma discussão sobre a aplicação do bambu na arquitectura moderna e as questões identitárias colocadas por um contexto de globalização. Conduzida pelo arquitecto e médico austríaco Markus Roselieb, a palestra irá incidir sobre o papel da arquitectura na preservação da natureza e na promoção da sustentabilidade Amanhã, a partir das 14h30, o Hall D1 do Albergue SCM acolhe a palestra “Que Identidade? Num mundo globalizado, que papel tem a identidade numa cultura arquitectónica específica? Aplicação do bambu na arquitectura moderna”, evento patrocinado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura. Conduzida em inglês pelo arquitecto austríaco Markus Roselieb, a palestra propõe a dissecação do uso do bambu enquanto material de construção natural aplicado a uma perspectiva contemporânea de arquitectura e design. A organização do evento, que cabe ao Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, escreve em comunicado que o bambu é material natural, “um tubo reforçado e altamente funcional quando usado correctamente”. “Pode ser usado em estruturas de grande dimensão, num sistema de vigas cruzadas em áreas vastas, ou para criar tectos com formas orgânicas que permitem ventilação natural. Tem elevada durabilidade e é agradável aos sentidos, gerando um ambiente acolhedor”, é acrescentado. Radicado na Tailândia, Markus Roselieb é fundador da Chiangmai Life Architects and Chiangmai Life Construction, que aposta na “arquitectura como via para colocar as pessoas em contacto consigo próprias e com o ambiente contruído”, missão para a qual o bambu é uma ferramenta de conexão. O arquitecto defende que o bambu tem características que lhe conferem a capacidade de substituir o aço em muitas aplicações estruturais, tendo em conta a maior elasticidade e resistência à tração, ao mesmo tempo que é muito mais leve que o aço. “A nossa identidade visual é moldada pelas formas que podemos observar na natureza, por longas e fluídas curvas e arcos. Conexão e combinação são conceitos importantes. Ligar uma pessoa a um lugar, ao planeta, mas também ligar a natureza à modernidade”, refere Markus Roselieb em comunicado, lançando premissas para a palestras de amanhã. Do corpo à casa Formado em medicina na Universidade de Viena, na Áustria, Markus Roselieb é um arquitecto autoditacta, que aprendeu através da observação de micro-estruturas, como o esqueleto humano, mas também pela via empírica, com experiências registadas desde os tempos de estudante na construção de estruturas. Roselieb viria a especializar-se em arquitectura sustentável e com sensibilidades ecológicas, focando-se também em projectos arquitectónicos virados para a educação, comércio e habitação de luxo. O arquitecto ajudou também a fundar a Panyaden International School, em Chiang Mai no norte da Tailândia, que promove uma nova abordagem educativa focada na criatividade, proximidade com a natureza e ciências ambientais. A entrada para a palestra é livre, mas requer inscrição prévia. Os interessados têm até hoje às 13h para se inscreverem através do site https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdGKQAU86lDk9ftqMhobPeBsUOfk-A-Z2EQtLExP0tF7cZFVg/viewform. Não há lugares marcados e a organização vinca que os lugares sentados são limitados.
Andreia Sofia Silva EventosPoesia | Yao Jingming volta a traduzir Nuno Júdice em “O Peso do Mundo” Yao Jingming, poeta, tradutor e académico, é o autor da segunda antologia de poemas de Nuno Júdice traduzida para chinês, intitulada “O Peso do Mundo”. O poeta português confessa-se emocionado por mais um projecto literário desta envergadura que prestigia não só a sua carreira como todo o universo da língua portuguesa Do leque variado de autores portugueses traduzidos para mandarim, muitos deles clássicos, mas também contemporâneos, Nuno Júdice é o mais recente. Após a tradução para chinês de uma primeira antologia de poemas, em 2018, surge agora, também pela mão de Yao Jingming, poeta, tradutor e académico, uma segunda antologia, intitulada “O Peso do Mundo”. Este projecto literário nasce do 1573 – Prémio Internacional de Poesia atribuído em Sichuan a Nuno Júdice, tendo sido também patrocinada a edição do livro. Em “O Peso do Mundo”, Nuno Júdice explicou ao HM que é feita “a perspectiva de toda a minha poesia”. “Tem poemas que vêm dos meus primeiros livros até aos mais recentes. Tentei que desse uma visão do meu universo poético nas suas várias fases, mas pondo um acento numa fase mais recente. A intenção foi que o leitor chinês me compreendesse como poeta na totalidade”, adiantou. Confessando sentir muita emoção por ver mais uma obra sua editada com poemas traduzidos para mandarim, que traz consigo “um mundo cultural completamente diferente” do português, Nuno Júdice sente que este é também um passo importante numa carreira que começou em 1972, com “A Noção do Poema”. “A China tem uma longa tradição poética e há uma curiosidade e interesse pela poesia do mundo. Neste momento calhou-me a mim ter este prémio, o que dá mais relevo à minha carreira, sendo também prestigiante para a mim e para toda a poesia portuguesa. Portugal tem uma longuíssima relação com a China, e tendo em conta que estamos afastados, ter esta difusão da nossa literatura volta a formar o interesse na relação entre Portugal e a China.” O nome do livro foi uma decisão do autor e do tradutor e é também o título de um dos poemas, um dos preferidos de Nuno Júdice. “Foi escolhido devido à situação do mundo actual, em que sentimos o peso das coisas que estão a acontecer.” O poeta-tradutor Yao Jingming não respondeu em tempo útil às nossas questões sobre este trabalho de tradução, mas Nuno Júdice fala de uma relação cúmplice na hora de transformar palavras em caracteres chineses. “Há poemas [no livro] que são da primeira fase [da minha carreira], com imagens e uma linguagem mais complexa, mas sempre estabelecemos um diálogo para resolver todas as dúvidas. Tenho absoluta confiança no meu tradutor, que ainda por cima é poeta, e um poeta, ao traduzir poesia, tem uma maior sensibilidade para o entendimento da nossa língua e da musicalidade do português.” O poeta português diz que “há também tradutores que não são poetas que conseguem ter essa sensibilidade, mas um tradutor ‘normal’, muitas vezes, tem mais dificuldades, sobretudo em fazer passar aquilo que é a música da nossa língua”. “É preciso que o poema chinês também tenha um ritmo que permita ver e ouvir o poema original”, confessou. Assumindo que Bei Dao é um dos seus poetas favoritos, além de já ter feito algumas traduções de poesia chinesa para português, partindo da versão inglesa, Nuno Júdice continua também a publicar novos textos. “Este ano saiu em Portugal uma antologia chamada ‘50 anos de Poesia’, em que escolho poemas que foram publicados em vários livros, e terminei também um livro de poesia que vai sair em Março, ‘Uma Colheita de Silêncios’”. Este é um livro “com um certo lado de memória, sobretudo de poetas que conheci”, existindo, assim, uma “homenagem a alguns deles, como é o caso de Ruy Belo e Pedro Tamen”. “Há também uma lembrança desses anos 60 e 70 que eu vivi, mas depois há também uma série de poemas sobre a natureza, a pintura na natureza, a partir de quadros que trabalhei numa secção do livro. É uma obra ampla e várias temáticas, incluindo a do amor”, concluiu.
João Luz EventosCinemateca Paixão | Novembro com histórias no feminino A Selecção de Novembro da Cinemateca Paixão é marcada por uma lista eclética de cinco filmes que variam entre produções europeias, africanas e asiáticas. As obras escolhidas têm como epicentro personagens femininas e foram todas reconhecidas em festivais internacionais de cinema Cannes, Palm Springs, Toronto, Hong Kong, Sundance e mais um rol de festivais de cinema reconheceram os seis filmes que fazem a Selecção de Novembro da Cinemateca Paixão. A primeira película a ser apresentada na Travessa da Paixão é “1982”, do realizador libanês Oualid Mouaness, no próximo sábado às 19h30. Celebrado em Cannes, Hollywood e Singapura, “1982” tem como pano de fundo o início da guerra da Líbano. Protagonizado pela actriz Nadine Labaki, que atingiu um patamar mundial com o filme “Caramel”, e que em “1982” dá o corpo a uma professora de uma escola de Beirute. A docente vê-se envolvida numa cândida estória de amor entre dois alunos, que esparra em timidez infantil, enquanto as forças militares israelitas invadem o Líbano. O filme reflecte a infância do realizador e a escola em que estudou, num cenário montanhoso e pitoresco. Escrito e realizado por Oualid Mouaness, “1982” levou oito anos a ser produzido, enquanto o autor trabalhava noutros projectos. “1982” volta a ser exibido na próxima terça-feira, às 19h30, na quinta-feira 25 de Novembro, às 21h, e depois no dia 27 de Novembro, às 19h. A obra que se segue no cartaz da Cinemateca Paixão é “Anaïs in Love” da realizadora francesa Charline Bourgeois-Tacquet, que é apresentada no próximo domingo, às 19h30. A inquietação e extrema emotividade são os pilares da obra de Charline Bourgeois-Tacquet, que retrata a vertiginosa vida de Anaïs, um turbilhão de pessoa, que no fim de uma relação amorosa acaba por despertar o interesse de outro homem, comprometido. Adicionando gasolina ao fogo, a protagonista acaba por se envolver com a mulher do seu novo interesse amoroso. O charme efervescente de Anaïs suaviza o comportamento narcisista e a busca incessante pela próxima nova excitação. “Anaïs in Love” é um bom filme para ver no Inverno, pois faz brilhar um sol cinematográfico onde quer se seja projectado. Com uma cadência dramática suave, apesar das desventuras da protagonista, a produção francesa flui de uma forma estranhamente positiva para um filme repleto de circunstância dramáticas. A obra volta a ser exibida na próxima terça-feira, 21h30, no dia 24 de Novembro às 21h30 e no dia 25 de Novembro às 19h. Corpos e sacrilégios Também na próxima terça-feira, às 19h30, estreia “Gentle”, uma produção húngara que tem como epicentro a vida de Edina, uma das mais conceituadas culturista da Hungria, enquanto se prepara para competir num campeonato de culturismo. O seu namorado, Adam, é também o treinador que a puxa até aos limites físicos e psicológicos, não aceitando outro resultado que não seja a vitória, apesar dos elevados custos económicos que a prática do culturismo implica. Sem margem para erro, e com as despesas e sacrifícios a amontoarem-se, a desportista acaba por se prostituir para continuar a competir. Realizado por László Csuja e Anna Nemes, “Gentle” volta a ser exibido no dia 26 de Novembro, às 21h, e no dia 2 de Dezembro, às 19h30. Da Hungria para o Chade, a Selecção de Novembro da Cinemateca Paixão propõe um drama familiar, que coloca uma jovem mulher no centro da discussão secular entre fé religiosa e autonomia e independência. “Lingui, The Sacred Bonds” tem a primeira exibição agendada para o dia 23 de Novembro, às 21h30. Realizado pelo cineasta do Chade Mahamat-Saleh Haroun, este filme centra-se em torno da vida frágil de Amina, que vive sozinha com a filha de 15 anos na capital N’Djamena. A gravidez inesperada da filha adolescente lança a já instável vida familiar numa espiral descendente cuja a mais óbvia solução é o aborto, caminho doloroso num país cujas leis e religião se opõem determinantemente contra a interrupção da gravidez. A luta contra forças desmesuradamente superiores, a coragem de Amina, a intensidade dramática que se esbate na vastidão de planos de grande-angular, são alguns dos ingredientes que dão sabor a “Lingui, The Sacred Bonds”. A filme de Mahamat-Saleh Haroun volta a ser exibido no dia 26 de Novembro, às 19h, e no dia 1 e Dezembro às 19h30. Finalmente, no dia 24 de Novembro, às 19h30, a tela da Cinemateca Paixão exibe “Rehana Maryam Noor”, uma produção do Bangladesh realizada por Abdullah Mohammad Saad. O título do filme é o nome da protagonista, uma professora de 37 anos de idade que lecciona numa faculdade privada de medicina. Apesar do cargo profissional, a vida de Rehana é um somatório de dificuldades. Um dia, vindo do nada, um facto aleatório coloca uma pedra na engrenagem existencial da Rehana: testemunha um colega de profissão a abusar de uma aluna. O incidente muda a vida da protagonista, que decide denunciar o comportamento do colega, levando Rehana para uma batalha por justiça. O filme volta a ser apresentado no dia 27 de Novembro, às 21h, e no dia 30 de Novembro, às 19h30. Como é habitual, o preço dos bilhetes é 60 patacas.
Hoje Macau Eventos“Há mais leitores e carinho por Saramago do que supúnhamos”, diz Pilar del Rio No centenário de José Saramago, Pilar del Rio surpreendeu-se por descobrir que há “mais leitores e carinho pelo escritor” do que supunha, e destaca a sua actualidade, quando fala da cegueira da sociedade, da perversidade das guerras, da injustiça social. Em vésperas de celebrar o centenário de José Saramago, que se assinala no dia 16 de Novembro, Pilar del Rio, companheira do escritor por “quase 30 anos”, e com quem continua a viver através da memória, trabalhando para perpetuar a sua obra e pensamento, fala à agência Lusa da descoberta de uma universalidade do escritor maior do que imaginava. Fazendo o balanço de um ano de comemorações do centenário, que arrancaram oficialmente no dia 16 de Novembro de 2021, quando o escritor faria 99 anos, Pilar del Rio, que preside à Fundação José Saramago, diz que “há mais leitores” do que imaginava e mais carinho pelo escritor” do que supunha, e que “a sociedade é generosa quando se trata de agradecer a um homem que compartilhou o que tinha, as suas reflexões, a sua capacidade de efabular, o seu olhar e até a sua casa”. Questionada sobre se ainda há muito trabalho a fazer na divulgação de José Saramago e da sua obra, Pilar del Rio respondeu, numa entrevista por escrito, afirmando ter dúvidas de que “em Portugal existam muitas casas onde não haja pelo menos um livro de José Saramago”. “Sei que há casas sem livros, isso é uma dor, porque se não há livros é sinal de que há outras carências, inclusive de comida. Mas nas casas com livros seguramente há um exemplar de José Saramago, é um bem português, os leitores de Portugal sabem-no e cuidam-no”. Diálogos com a actualidade Apesar de já terem passado 12 anos sobre a morte do escritor, a sua obra mantém-se actual, porventura mais ainda, considera Pilar, assinalando que José Saramago é “um autor contemporâneo que reflecte sobre a cegueira da sociedade, sobre as mentiras e as ocultações da história, ou sobre a perversidade das guerras”. E questiona: “O seu livro publicado, inacabado, ‘Alabardas’, diz que se existem fábricas de armas é preciso criar outras fábricas que gerem conflitos, é o que vemos hoje. É ou não actual?”. “Sem dúvida, é um contemporâneo que fala das nossas perplexidades como seres humanos, das sociedades em que vivemos e nos movimentos que se projectam para trazer e levar a massa humana de um lugar ao outro, muitas vezes parece que em direção ao precipício. Quando vemos como o número de excluídos aumenta no mundo e em Portugal, gente que nasce pobre e pobre morrerá, é justo fazer a pergunta que Saramago fazia: quem assinou isto em meu nome? Milhões e milhões de excluídos no mundo, isso é democracia? Perguntava-se Saramago. É ou não actual essa pergunta?”, acrescenta Pilar. Para a presidente da Fundação José Saramago, as ideias e o pensamento do escritor, presentes em obras como “Ensaio sobre a cegueira”, “A caverna”, “Ensaio sobre a lucidez” e “As intermitências da morte”, continuam a dialogar com os dias de hoje. “Penso que a cidade dos cegos, a do voto em branco, a das intermitências da morte, é o mundo: em todas as partes há cegos que vendo, não veem, há gente com vontade de fazer um mundo melhor, que é o que se conta no ‘Ensaio sobre a Lucidez’. E em todos os lugares queremos que o amor nos salve da dor da morte: com amor a morte é menos selvagem”. Manter a obra Refletindo sobre os anos vividos sem a presença de Saramago, mas com o sentimento de que continuam “juntos” e uma dedicação ao enorme legado do Nobel, que ajudou a construir, Pilar explica que a fundação tem “o ‘mandato Saramago’ como trabalho e também como vocação”. “Continuamos, todos os dias, a obra de José Saramago, a literatura e o pensamento, as ideias humanistas e de progresso que eram suas e que assumimos como nossas ao trabalharmos nesse projecto que é a fundação”, disse, garantindo ser sua intenção continuar, “seguir adiante, agora com força renascida ao ver tantas pessoas no mundo todo que lêem e valorizam a obra de José Saramago”. “A nossa função é preservar esse legado, e também o legado do carinho”, acrescenta. Sobre a possibilidade de virem ainda a encontrar-se inéditos de José Saramago, como aconteceu com algumas notas, teatro e até um romance, Pilar é taxativa ao afirmar que já “não há surpresas”. “Há inéditos da juventude que serão publicados em edições de estudo para que se conheça melhor o autor, mas não há obras acabadas que não foram publicadas, nem outro ‘Caderno de Lanzarote’ ou outra ‘Claraboia’. Lamentavelmente, José Saramago não tinha uma arca como [Fernando] Pessoa, mas mesmo assim deu-nos muito, deu-nos a vida toda”, esclarece aquela que foi a companheira do escritor desde 1988 [apesar de se terem conhecido em 1986] até à sua morte, em 2010.
João Luz EventosAssociação dos Macaenses | Chá Gordo de Natal no dia 26 de Novembro A sede da Associação dos Macaenses acolhe no próximo dia 26 de Novembro o “Chá Gordo” de Natal, o último evento gastronómico do género realizado este ano. Com cerca de 40 pratos tradicionais servidos aos convivas, o grande destaque vai para as iguarias natalícias, como o tacho, presunto China e alua Afinal, a tradição continua a ser o que era. Abriram ontem as inscrições para o “Chá Gordo – O Natal”, a celebração gastronómica organizada pela Associação dos Macaenses que antecipa no dia 26 de Novembro, entre as 17h30 e as 20h30, a chegada das festividades natalícias. O evento está marcado para a sede da associação, que fica no 4º andar do nº 103 da Rua do Campo e é a terceira e última mostra de Chá Gordo de 2022. Cumprindo o espírito da época, os participantes poderão experimentar uma autêntica consoada macaense, típica da véspera de Natal, e o “jantar típico do Dia de Natal, um dos mais importantes celebrados pelas famílias macaenses”, indica em comunicado a organização. Os cerca de 40 pratos tradicionais servidos no dia 26 serão confeccionados por uma equipa de chefs composta por Marina de Senna Fernandes, Armando Sales Richie, Florita Alves, Gito de Jesus, Joyce Barros, Ivone Nogueira, Mena Pacheco Silva, Mário Novo, Paula Borges, Ivone de Senna Fernandes e Wilma Marques. Porém, apesar da oferta variada, a Associação dos Macaenses destaca os pratos típicos de um Chá Gordo natalício, como são o tacho, o presunto China, e a alua. Plataforma de afectos Num território que assume como prioridade política o desempenho do papel de plataforma entre Oriente e Ocidente, uma mesa recheada com acepipes que resultam de múltiplos cruzamentos culturais, servidos num ambiente familiar é a metáfora perfeita para os desígnios de Macau. Seguindo a boa tradição macaense, a ementa que irá representar a consoada típica é constituída por sopa lacassá, marisco e peixe, para abrir a ceia. De seguida, chega uma interpretação do jantar de natal, “com pratos conhecidos como o peru e o lombo assado, a perna de carneiro e o bacalhau, mas também os tradicionais ade cabidela, o caril de badana e o diabo – um guisado que, em rigor, era servido uma semana após as festas, com base nas sobras das refeições festivas anteriores”. A entidade organizadora refere que ao longo da ceia será possível “verificar não só a influência portuguesa na ceia de Natal, como também a inglesa, devido às comunidades macaenses em Xangai e Hong Kong, especialmente nas sobremesas”. Assim sendo, para fechar em beleza, o “serão de Natal antecipado” culmina num “desfile” de uma dezena de sobremesas. Os bilhetes custam entre 280 e 330 patacas para adultos e 150 patacas para crianças entre 3 e 11 anos. E, como o pretexto para o convívio gastronómico é o Natal, a organização indica que todos os participantes receberão uma lembrança. Festas familiares A organização destaca que o Chá Gordo é uma tradição macaense centenária, que acontecia principalmente nas casas típicas das antigas famílias macaenses, normalmente para celebrar feriados católicos, como a Páscoa e o Natal, mas também datas comemorativas como casamentos, aniversários e baptizados. Com os tempos, acabou por se popularizar como uma refeição volante, onde as pessoas se movimentam num ambiente descontraído. Na base do Chá Gordo, está a arte de bem receber e da hospitalidade e, apesar do conceito familiar deste convívio, a indumentária é algo importante, denota o comunicado da Associação dos Macaenses. “Tradicionalmente, os convidados apareciam vestidos a rigor para petiscar numa mesa farta e variada, também decorada de forma aprumada. O Chá Gordo é uma das mais apreciadas tradições da cultura macaense, mas tornou-se cada vez mais raro, sendo, nos dias de hoje, organizado tipicamente sob forma de mostras, para manter viva a memória dos velhos tempos”, é indicado.
Hoje Macau EventosFRC | Desenvolvimento de Hengqin em discussão A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe amanhã a conferência “Hengqin: Investimento e Desenvolvimento Económico”, um evento em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa. A palestra, que começa às 18h30, conta com a presença de António Lei Chi Wai, director interino da Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. O responsável irá fazer “uma breve apresentação de todas as oportunidades e respectivas orientações de investimento planeado para toda a Zona de Hengqin, assim como de todas as oportunidades já disponíveis para todos os residentes de Macau e demais interessados”. O debate será moderado pelo jornalista Paulo Rego. António Lei ingressou na função pública em 1994, tendo desempenhado diferentes cargos em vários serviços públicos do Governo. A partir de 2012 passou a assumir os cargos de director adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Residência, tendo sido ainda director do Centro de Apoio Empresarial de Macau e Director do Departamento de Promoção Económico e Comercial com os Mercados Lusófonos junto do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). A palestra de amanhã insere-se num novo ciclo de conferências promovido pela FRC, intitulado “Hengqin Series”, que visa ajudar “a acompanhar de perto todo o desenrolar daquele que é um projecto chave para a diversificação económica e integração de Macau na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau”.
Andreia Sofia Silva EventosCasal cria o “Owl Man”, o primeiro gin produzido em Macau Rebeca Fellini e o marido acabam de criar a primeira marca de gin “Made in Macau”, intitulada “Owl Man”. A bebida é totalmente produzida no território, numa destilaria localizada na Taipa, e pretende mostrar o nome de Macau ao mundo. A produção é recente e, para já, as garrafas são vendidas online e em alguns pontos de venda presenciais “Owl Man” é o nome da nova marca de gin totalmente produzida pela mão de Rebeca Fellini e do marido. A destilaria fica na Taipa e a ideia do negócio começou há cerca de dois anos, durante a pandemia. “O meu marido já produzia cerveja apenas pelo gosto de o fazer. Quando apareceu a pandemia fechou tudo, ficámos presos em Macau e um dia disse-me que, como eu não gostava de cerveja, queria fazer gin. No aniversário dele dei-lhe um kit”, contou Rebeca Fellini ao HM. Começava então uma viagem atribulada, com muita burocracia e desafios por enfrentar por se tratar do estabelecimento de uma nova marca de uma bebida alcoólica no território. Finalmente com uma licença de produção obtida há poucas semanas, já se podem encontrar as primeiras garrafas de “Owl Man” no mercado. “Não exportamos ainda. Este mês estamos em exclusividade num centro comercial em Macau. No próximo mês estaremos num supermercado para venda online e depois em alguns bares e restaurantes.” O confinamento acabou por fomentar a ideia deste negócio. “Na pandemia começamos todos a beber mais, por estarmos presos em casa, mas houve uma coisa boa, que foi o facto de muitos serviços terem passado a funcionar online. Para nós foi muito positivo. O meu marido começou a pesquisar sobre destilarias e o mundo maravilhoso do gin e eu também comecei a pesquisar mais sobre esta área.” Há dois anos, um dos primeiros desafios foi encontrar água tónica no mercado, algo que hoje já se consegue encontrar com maior facilidade. Depois, iniciou-se uma viagem pelos sabores do gin e pela aprendizagem de todo o processo de destilação. “Ficámos fanáticos, e eu gosto muito de gin. Foi aí que percebemos que poderíamos produzir o nosso próprio gin. Um dia o meu marido resolveu enviar um email para o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM). Muitas pessoas disseram-nos que seria impossível fazer gin em Macau. Foi muito difícil, foram dois anos gastos na criação de um lugar, em encontrar uma destilaria, a tratar do processo de importação e exportação. Queríamos que fosse um produto de Macau”, adiantou Rebeca Fellini. Fazer a diferença Uma vez que Rebeca Fellini é professora e formada em linguística, o nome do produto acabou por nascer de uma brincadeira com as línguas, pois Macau, em mandarim, é “Aomen”, palavra que, quando dita, é semelhante a “Owl Man”. “Tentámos que quem não soubesse falar Macau em chinês conseguisse dizer a palavra com este trocadilho. Queremos representar Macau em mandarim brincando com a fonética, para que a pessoa consiga ler ‘Owl Man’ e dizer ‘Macau’ em mandarim.” Rebeca Fellini confessa que pretendem apostar num produto diferenciador face a outros gins que já existem no mercado. “Quisemos que o gosto do gin pudesse, com uma simples água tónica, ser apreciado por pessoas que não sejam especialistas em gin. Há quem tenha de misturar o gin com diferentes águas tónicas para conseguir um paladar. Além disso, só existem dez exemplares no mundo da máquina que usamos para fazer a destilação.” A bebida é feita, na maioria, com produtos locais, embora o casal também importe algumas especiarias. Rebeca Fellini confessa que, para já, a produção de gin é a aposta principal, mas a porta não está fechada à produção de outras bebidas alcoólicas. “A destilação pode ser aplicada a outros processos, como o whisky. Queremos fazer outras bebidas, mas isso são planos para o futuro”, concluiu.
Carlos Morais José Eventos VozesA pintura de Yuen e a cidade metamórfica Leo Yuen Wai Ip é um pintor de Macau e a sua obra desvela a cidade, nos traços executados a óleo e no plano íntimo da sua sensibilidade. Nesta pintura, que a crítica classificaria de “narrativa”, não se conta apenas uma cidade, mas o modo como esse lugar, esse espaço que oscila entre um real mutante e um imaginário excessivo, se apresenta e inscreve ao longo do tempo, como paixão e como doença, num processo artístico, ao mesmo tempo que o canibaliza e consome. Retratos de um coração, de uma alma e do corpo de uma cidade em constante e bizarra mutação, em que as personagens, incluindo o próprio pintor, surgem como coalho numa superfície fascinante e arisca, cada quadro procura responder a uma questão cujos contornos se pressentem, mas que a razão tem dificuldade em formular rectilineamente e em que a única certeza é a presença da morte feita pássaro (como em Bruegel), presença nómada mas constante, grasnar formidável ou discreto, fim exposto ou disfarçado, sempre horizonte de um novo dia e fantasma celebrado ao cair de cada noite. “5 a.m.” foi o título escolhido para esta exposição, que abrange mais de duas décadas de trabalho. Cinco horas da manhã ainda por haver, “a hora fria”, de que nos fala o poeta francês Charles Cros (1842-1888), quando o calor que, ao longo noite, a terra ainda irradia finalmente se esgota e mentes insones se contorcem no sobressalto da iminência de uma outra madrugada. Em breve, vindas de leste, as mãos claras da aurora rasgarão o manto protector da noite e a alma pergunta-se se terá ainda ânimo para enfrentar aquele dia, que se adivinha desfeito de sentidos. E aqui, quadro após quadro, assistimos às metamorfoses que, nos últimos vinte anos, assombraram a cidade e aos efeitos produzidos na arte de Yuen, como se as respostas que a criatividade encontra para o indefinível absurdo de “ganhar algo e algo perder” fosse o único caminho para a possibilidade de enfrentar cada despertar para um novo dia. Da cidade distante dos anos 90, de vibrações semi-adormecidas, quase sonho de ópio, à expectativa gerada nos primeiros anos deste século, até ao irromper desmesurado do progresso, da invasão das cópias desalmadas, fora de outro lugar que não seja a ironia, ao estabelecer excessivo das luzes, das marcas, dos templos modernos a que chamamos casinos, gigantescas feiras e mercados, da invasão de tudo e do seu excesso, das multidões vazias de outra fé além do lucro fácil e na busca de deslumbramentos sazonais, Yuen retrata sobretudo como tudo isto transforma, retorce, anula, vivifica e reconstrói modos de ser e de sentir, tudo recriando sob a égide do esboroamento contínuo de valores. Se a isto juntarmos a digitalização da vida, das trocas, das relações interpessoais, da sexualidade, pouco encontraremos do “humano”, além da dor de uma sensibilidade insatisfeita, onde a culpa emerge irremediável, como no auto-retrato, que leva o revelador título de “Inimigo”. Esse “humano”, cercado e mergulhado em várias excessividades até lhe ser escassa a respiração, encontra esporadicamente um “paraíso”, já quase só longínqua memória, nos gestos proibidos e malditos, ilhas onde talvez ainda seja possível o reencontro consigo e com o outro. Talvez um dia se escreva a história destes nossos tempos e desta cidade metamórfica, a partir da arte enquanto exorcismo e magia, ou seja, enquanto capacidade de leitura e intervenção no real. Talvez. Mas enquanto a humanidade não for capaz de adquirir a coragem de se olhar nos espelhos que pintores como Yuen nos proporcionam e assumir as questões que perpassam nas suas obras, dificilmente teremos uma imagem aproximada do que somos e naquilo em que lentamente nos tornamos. Tal como a “salvação” de Yuen reside na sua arte, no seu esplendor redentor e criativo, na ironia que enforma também muitas das suas obras (pois não é o riso um privilégio dos deuses?), também cada um de nós deveria exigir essa difícil escalada que é a compreensão do mundo, sem mediações fúteis nem barreiras mercantis. Além do seu conteúdo, da sensibilidade lúcida demonstrada, a pintura de Yuen assenta, antes de mais, na qualidade da sua técnica, na lenta sobreposição de traços a óleo sobre um desenho particular, onde a mão adquiriu uma personalidade própria e inimitável, algo que vai sendo cada vez mais raro nos tempos imediatistas em que vivemos. “5 a.m.” por Leo Yuen Wai Ip Galaxy Art, por cima do Jade Lobby
João Luz EventosLivro | “Macau’s Historical Witnesses” lançado amanhã no Tap Seac O livro “Macau’s Historical Witnesses”, da autoria de Christopher Chu e Maggie Hoi, é apresentado amanhã, a partir das 16h no Pavilhão Polidesportivo Tap Seac. Editado pela chancela “Os Macaenses Publicações, LTD”, a obra propõe uma viagem no tempo através das histórias de 22 locais emblemáticos, que toda a gente conhece, da cidade. “O nosso livro procura desafiar o mantra genérico do ‘encontro entre oriente e ocidente’ muitas vezes usado para descrever Macau e a sua história, ao adoptarmos as perspectivas de vários pontos de referência da cidade em vez das nossas perpectivas. Assim sendo, perguntámos a edifícios, estátuas e ruas as experiências porque passaram nos últimos 400 anos e como as mudanças alteraram as cidades e aqueles que cá vivem”, afirma Christopher Chu em comunicado. O autor acrescenta que espera que o livro seja útil a quem estiver interessado em compreender a história de Macau. “Macau’s Historical Witnesses” conta ainda alguns detalhes sobre a chegada dos primeiros portugueses à cidade, e outras individualidades como Camilo Pessanha. “A história de Camilo Pessanha foi acrescentada ao livro como um suplemento, mas a sua vida em Macau foi tão fascinante que decidi escrever um segundo livro dedicado exclusivamente à sua estada em Macau”, indica Christopher Chu.
João Luz Eventos MancheteFotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro sobrepõe o passado e presente de Macau Uma das ideias mais repetidas sobre Macau é a sua natureza de mudança permanente e acelerada. O novo projecto fotográfico de Gonçalo Lobo Pinheiro coloca em camadas o passado e presente do território onde vive há 12 anos. Seguindo o conceito de justaposição, o projecto “O que foi não volta a ser…” é apresentado na terça-feira, às 18h30, na Fundação Rui Cunha em formato duplo: livro e exposição fotográfica, que pode ser visitada até dia 26 de Novembro. Durante mais de um ano, Gonçalo Lobo Pinheiro lançou-se numa busca de fotografias antigas de Macau que pudesse sobrepor às paisagens actuais da cidade. O resultado foi um somatório de diferentes épocas numa fotografia, onde preto e branco do passado contrasta com as cores do presente. Porém, apesar de Macau ser uma cidade amplamente retratada, as fotografias acabavam por incidir sempre sobre os mesmos locais ou sobre sítios que pura e simplesmente deixaram de existir. O autor conta ao HM as oscilações de entusiasmo porque passou à medida que ia encontrando e ultrapassando barreiras. “Não foi um processo fácil. Parti do meu catálogo de fotos antigas. Colecciono fotografias antigas de vários temas, como 2ª Guerra Mundial, basquetebol das décadas de 80 e 90 e também tenho fotografias antigas de Portugal e Macau. Foi aí que tudo começou, com cinco fotografias”, conta. “Ao início fui muito ambicioso, quis fazer um livro com 100 fotografias e uma exposição com 50”, conta o autor. Porém, o ímpeto acabou por ser travado pelas dificuldades para encontrar matéria-prima. “Podia ter resolvido o assunto indo ao arquivo histórico de Macau, mas a ideia era trabalhar fotografias de particulares.” Começava assim a jornada, com apelos online em grupos de Facebook dedicados a fotografia antiga da cidade, busca em lojas de velharias. O destino final acabou por ser a compra de fotografias no eBay. “Com os apelos no Facebook, as pessoas ficaram muito contentes com o projecto, mas ninguém me ajudou com fotografias”, conta. A realidade acabou por limitar o escopo do projecto. “Comecei a ver que tinha muitas fotos sempre dos mesmos locais. Por exemplo, é fácil encontrar fotos das Ruínas de São Paulo”, revela o fotojornalista, que acabou por limitar o livro a 40 fotografias e a exposição a 20. O que foi e o que é Além da dificuldade em encontrar fotografias, a evolução e erosão da cidade acrescentou outro factor. “Se Macau mudou muito desde que cheguei em 2010, imagine a diferença que faz em comparação com 1950 ou 1960. Muitas das fotografias antigas eram impossíveis de replicar porque os lugares não existem. Por exemplo, tenho uma foto lindíssima de um jardim que já lá não está”, conta ao HM. A fantasmagoria dos locais da cidade alarga-se a instalações, como o cais das embarcações que ligavam Macau às ilhas. Mas um sítio que Gonçalo Lobo Pinheiro realça do levantamento temporal que fez para este projecto é a Avenida Almeida Ribeiro e as suas múltiplas vidas. O que foi, o que é e o que poderia ter sido. “Fotografei a Avenida desde o BNU até à Ponte 16, quase a cada cinco metros tirava uma foto. Acabei por acompanhar muito a evolução da Almeida Ribeiro com este trabalho. Foi, de facto, uma das zonas da cidade que mais perdeu com o tempo”, reflecte o autor, que imagina o que seria da velhinha San Ma Lo se as autoridades lhe reservassem o cuidado e a preservação de que foi alvo a vizinha Rua da Felicidade. “Hoje poderíamos ter uma Almeida Ribeiro fechada ao trânsito, bonita, cheia de esplanadas”, uma Almeida Ribeiro que honrasse o charme e a vida que tinha nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado. Porém, o que foi não volta a ser e o que não é, jamais será. O livro, patrocinado pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU), terá o prefácio da jurista e política portuguesa Maria de Belém Roseira, antiga Ministra da Saúde e Ministra para a Igualdade, igualmente deputada à Assembleia da República Portuguesa, que passou por Macau durante os anos de 1980, onde foi administradora da TDM – Teledifusão de Macau.
João Luz Eventos MancheteExtensão a Macau do DocLisboa em exibição entre 15 e 19 de Novembro Está aí a Extensão a Macau do festival DocLisboa, com a exibição de dez filmes entre os dias 15 e 19 de Novembro no auditório Dr. Stanley Ho, do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. “Meia-Luz”, de Maria Patrão, é a película de abertura do evento e a obra que arrebatou o prémio de “Melhor Filme Português” no Festival Internacional de Cinema Doclisboa Na próxima semana, entre 15 e 19 de Novembro, regressa a Extensão a Macau do XIX Festival Internacional de Cinema DocLisboa, o evento que foi ganhando paulatinamente visibilidade no panorama do filme documental. Este ano, serão exibidas 10 obras de realizadores portugueses e estrangeiros da selecção do DocLisboa e duas produções de realizadores locais no auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A sessão inaugural da mostra, que contará com a presença de alguns realizadores dos filmes do dia, está marcada para 15 de Novembro, cabendo as honras de abertura ao filme “Meia-Luz”, de Maria Patrão, que conquistou o prémio “Melhor Filme Português” no Festival Internacional de Cinema Doclisboa. No mesmo dia serão exibidos os filmes “Empty Sky”, realizado por Chian Kun Ieong, vencedor do Prémio do Público no Festival Internacional de Curtas de Macau, e “Unsettled”, de Ho Cheok Pan, vencedor do prémio Melhor Filme Local também no Festival Internacional de Curtas de Macau. O filme de estreia, “Meia-Luz”, é inspirado nas imagens que a autora, Maria Patrão, descobriu no primeiro filme de António Reis. O resultado é uma reflexão sobre o cinema, através de imagens, sons, silêncios e a luz. O dia de estreia espelha bem a maratona de cinema que se espera para a próxima semana, se bem que todas as obras apresentadas no primeiro dia de Extensão a Macau do DocLisboa são curtas-metragens. Às 21h do dia 15 de Novembro, é ainda exibido “O Resto”, do jovem cineasta brasileiro Pedro Gonçalves Ribeiro, que está radicado em Portugal. “O Resto” conta a estória macabra de Iolanda Bambirra, que foi declarada morta por engano e que vive uma existência fantasmagórica entre a vida e a morte. O filme tem como pano de fundo Belo Horizonte, a metrópole no centro do Estado de Minas Gerais, um dos mais abastados do Brasil, mas que ainda assim é uma cidade em ruínas, onde o tempo perde fluidez. A fechar o primeiro dia de cinema no auditório Dr. Stanley Ho, é exibido “O Alto do Mártir”, da portuguesa Carolina Costa. Mantendo a toada temática, este filme conta a história de um velho casal que viu o seu bairro inteiro transformar-se num cemitério. De Alcindo a Eunice No segundo dia do evento, marcado para a próxima quinta-feira, é exibido apenas um filme: “Alcindo”, de Miguel Dores. A sessão começa às 19h. O documentário recorda a trágica morte de Alcindo Monteiro, um português de origem cabo-verdiano brutalmente assassinado em 1995 por skinheads. A tragédia aconteceu a 10 de Junho de 1995, quando “para celebrar o Dia da Raça e a vitória na Taça de Portugal do Sporting, um grupo de etno-nacionalistas portugueses sai às ruas do Bairro Alto, em Lisboa, para espancar pessoas negras. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal”, descreve a organização. Num artigo de opinião escrito no podcast de jornalismo Fumaça, o cineasta e antropólogo Miguel Dores explicou o processo como nasceu o documentário “Alcindo”. “Aos 14 anos, levado pelo meu irmão pela primeira vez ao Bairro Alto com um grupo de amigos mais velhos, foi-me contada a história de Alcindo Monteiro, in loco, com o dedo indicador apontado às esquinas onde não deveria passar sozinho, para o caso de estarem por lá grupos nacionalistas”, indicou Miguel Dores. Na sexta-feira, 18 de Novembro, são exibidos três filmes. Às 19h, o ecrã do auditório Dr. Stanley Ho projecta “Fora da Bouça”, de Mário Veloso, seguido de “Paz” de José Oliveira e Marta Ramos. O “prato principal” do dia é servido por último, com a exibição de “Eunice ou Carta a Uma Jovem Actriz”, de Tiago Durão. A obra revisita a vida de Eunice Muñoz através das memórias privadas da sua casa. A organização da mostra de documentários indica que a obra revela “o lado íntimo da actriz, que aqui não representa nenhum papel que não seja o de ser quem é ao lado de quem ama”. Fim de festa A culminar a Extensão a Macau do DocLisboa, são exibidos no último dia do evento dos filmes “Meio Ano-Luz”, do brasileiro Leonardo Mouramateus, “Distopia” de Tiago Afonso e “Arquitectura em Português – Diálogos Emergentes”, filme que conta com a organização do Conselho Internacional de Arquitectos de Língua Portuguesa e coordenação de Rui Leão. O evento é uma iniciativa do Instituto Português do Oriente (IPOR), com o apoio do Instituto Cultural. Numa nota divulgada à imprensa, o director do IPOR, Joaquim Ramos, destaca a importância da realização de eventos como a mostra documental, em particular num momento como este. “O ano de 2022 assinala mais um ano de pandemia cujas limitações teimam em não nos deixar – isto apesar do desenvolvimento de vacinas, das novas abordagens profiláticas e terapêuticas conhecidas e de uma cada vez maior normalização da vida, reconhecidamente aceite a nível internacional”, contextualiza o responsável. Joaquim Ramos prossegue realçando o papel da cultura neste panorama. “No contexto de apatia expectante em que, forçosamente, estamos plantados, a cultura e as artes são balões de oxigénio que vão permitindo uma respiração um pouco menos forçada, um pouco menos angustiante. É neste panorama – e também com esta intencionalidade de serviço à comunidade – que emerge a edição 2022 do DocLisboa – extensão a Macau”. As sessões têm entrada livre.
João Luz Eventos MancheteExposição de Nino Bartolo inaugurada hoje na Taipa Village Vision Through My Eyes” é o nome da exposição de fotografia de Nino Bartolo que é inaugurada hoje na galeria Taipa Village Living Space, na Taipa Velha. Com uma longa carreira de cabeleiro, o artista local mistura a tradicional fotografia de moda com arrojadas produções de estúdio A perfeição não se atinge por acaso. O cuidado com o mais ínfimo detalhe é uma das características da fotografia do cabeleireiro Nino Bartolo, como é evidente na sua exposição de estreia, intitulada “Vision Through My Eyes”, que é inaugurada hoje na galeria Taipa Village Living Space. A mostra estará patente ao público até 9 de Dezembro, no espaço sito no número 53 da Rua Correia da Silva. “Vision Through My Eyes” resulta do somatório entre a industrialização estética e criação artística através da sensibilidade fotográfica do artista e a sua experiência enquanto cabeleireiro. A organização do evento refere que “cada trabalho é o produto de uma mistura mestria no domínio da fotografia de moda e cabeleireiro, sem descurar o papel da maquilhagem, iluminação, encenação, design de roupa e acessórios, até ao casting de modelos.” Todas estas variantes se conjugam para dar vida a fotografias etéreas, que captam momentos e gestos fora do mundo físico em imagens “visualmente marcantes e repletas de cores vibrantes, humor e equilíbrio”. “Temos a honra de mostrar a paixão, domínio de técnica e profissionalismo de Nino Bartolo através desta colecção de fotografia artística de moda”, refere o curador e presidente da Associação Cultural Taipa Village, João Ó. “Dentro da indústria da moda, o cabeleireiro é uma profissão particularmente artística. Cada penteado pode ser encarado como uma escultura efémera que amplia a personalidade das pessoas, fazendo da fotografia um meio crucial para imortalizar esse momento”, acrescentou. O curador adianta também que a exposição inaugurada hoje pode ser interpretada como a génese de uma série de mostras no Taipa Village Living Space com o objectivo de unir indústria e arte, dando espaço a talentos que consigam aliar profissionalismo e paixão artística. “Modéstia à parte, reconhecemos que por vezes surgem raros encontros com certos indivíduos que suscitam excelentes conversas e pensamento criativo. O é caso de Bartolo, que é alguém impelido por ideais e que não se deixa prender pela rotina do quotidiano”, declara João Ó. Até às raízes Nascido e criado em Macau e com raízes portuguesas, Nino Bartolo tem construído uma carreira de cabeleireiro recheada de reconhecimentos em competições internacionais. Antes de se mudar para Londres, onde ingressou na Sassoon Academy (que frequentou durante cinco anos), Bartolo viveu e trabalhou em Estocolmo um ano. O passo seguinte foi a entrada na escola de cabeleireiros Allilon, onde esteve quatro anos, antes de dar início a uma série de colaborações com revistas internacionais de moda e em anúncios publicitários Desde então, a carreira profissional levou a viver em Xangai e a aprofundar a sua paixão pela moda, cabeleireiro e fotografia. O culminar desta jornada profissional e criativa pode ser apreciado até 9 de Dezembro no Taipa Village Living Space.
João Luz Eventos MancheteCUT organiza Kino Macau para celebrar cinema alemão até 20 de Novembro Até ao próximo dia 20 de Novembro, o Cinema Alegria e o espaço da CUT acolhem o Kino Macao 2022, o festival que celebra o cinema alemão. A edição deste ano exibe uma selecção de filmes que retratam o período de profunda convulsão entre o final da 2.ª Grande Guerra e a queda do Muro de Berlim Arrancou no sábado a sétima edição do Kino Macao, a grande festa do cinema alemão, co-organizado pela Associação Audio-Visual CUT, em parceria com o Goethe Institut de Hong Kong, que irá exibir filmes de autores germânicos até dia 20 de Novembro no Cinema Alegria e no espaço da CUT, no andar acima da Livraria Pin-to, na Rua de Coelho do Amaral. “2022 ainda é um ano cheio de desafios e incertezas, e talvez uma retrospectiva seja o melhor que podemos fazer agora. Este ano, o festival irá apresentar vários filmes de um dos mais importantes períodos históricos da Alemanha: entre o final da 2.ª Grande Guerra Mundial e a reunificação da Alemanha. Sugerimos ao público um passeio por este período histórico através de películas que retratam o quotidiano de pessoas normais e das circunstâncias de pessoas ‘especiais’, para aferir como o povo alemão trabalhou arduamente durante uma longa e sombria época”, descreve a organização do evento, que conta com a curadoria e coordenação de Rita Wong. Na próxima sexta-feira às 21h30, a sala 2 do Cinema Alegria acolhe a estreia de “Great Freedom”, obra realizada por Sebastian Meise que fez furor no Festival de Cinema de Cannes no ano passado e que foi seleccionada pela academia que atribui os óscares como um dos 15 melhores filmes internacionais. Protagonizado por um dos actores alemães mais aclamados na actualidade, Franz Rogowski, “Great Freedom” conta a história de quem ficou de fora da libertação trazida pela vitória dos Aliados na 2.ª Grande Guerra Mundial. O personagem desempenhado por Rogowski é então acusado de um crime que nada tem a ver com o conflito ou política: ser homossexual. Ainda de acordo com o velho Código Penal alemão, que datava do século XIX, a homossexualidade era um crime punido com pena de prisão. Depois de décadas de vigilância, o protagonista acaba por ser detido múltiplas vezes, acabando por desenvolver uma relação muito próxima com o companheiro de cela condenado pelo crime de homicídio a pena perpétua. “Great Freedom” é uma história de tenacidade e resistência do espírito humano, de amor que nasce de violência sistémica e do tempo que escapa veloz sem que ninguém dê por isso. Adeus a uma Era No sábado, às 21h, também no Cinema Alegria é exibido “Dear Thomas”, do realizador Andreas Kleinert, filme centrado na ascensão de um poeta rebelde que luta pela liberdade no cenário de censura imposta pelo regime comunista da Alemanha de leste. “Dear Thomas” é um filme biográfico baseado na vida e obra de Thomas Brasch, que vai além de um tributo fílmico ao poeta que foi continuamente sabotado por um Governo omnipotente, que recupera uma época histórica e repõe o valor e a coragem do autor. A película que se segue no cartaz deste ano do Kino é “Transit”, o drama de 2018 realizado por Christian Petzold, apresentado no domingo, às 16h30. Também com Franz Rogowski no principal papel, este filme recupera a atmosfera estética do cinema noir através da sufocante paranoia e perseguição kafkiana de um homem traumatizado por opressão e violência política, que tenta escapar às forças nazis durante a ocupação de França. À noite, às 20h, o cinema germânico invade as instalações da CUT com “Coming Out”, de Heiner Carow, filme que retrata a luta de um jovem professor, que vive na Alemanha de leste, com a sua homossexualidade reprimida. Na segunda-feira, às 19h30, a CUT acolhe a exibição de “The Bicycle”. No dia 18, sexta-feira, pelas 21h30 o Cinema Alegria apresenta “The Last Execution”, de Franziska Stünkel, que conta a história de um ambicioso cientista que passa da academia para os serviços de inteligência da República Democrática Alemã. Depois de prestar lealdade à Stasi, o académico acaba por integrar a máquina de opressão e perseguição de dissidentes, num crescendo de violência que irá esbarrar nos limites da moralidade do personagem. No último fim-de-semana do Kino, dias 19 e 20 de Novembro, serão exibidos “Undine” e o já clássico “Goodbye Lenin!”.
João Luz Eventos MancheteFestival entre China e PLP celebra 7.ª arte até 18 de Novembro Arrancou na sexta-feira o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que durante duas semanas irá apresentar cerca de 30 películas em chinês e português. Até 18 de Novembro, o cinema será a ponte entre culturas e linguagens, no ecrã e fora dele através de seminários e palestras O tema “Todos os Rios Correm para o Mar” é mote para o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, evento organizado ao abrigo do 4.º Encontro em Macau, que começou na sexta-feira e decorre até ao próximo dia 18 de Novembro. Além da apresentação de cerca de 30 projectos cinematográficos em chinês e português, o evento organizado pelo Instituto Cultural (IC), com o apoio do Galaxy Entertainment Group (GEG), irá também realizar palestras e workshops. O epicentro da exibição de filmes é a Cinemateca Paixão, que apresenta amanhã, a partir das 19h30, “The Calming”, da autoria da realizadora chinesa Fang Song. A narrativa do filme centra-se no papel protagonizado pela popular actriz chinesa Xi Qi, que dá corpo a uma jovem realizadora de documentários. Depois de terminar a relação com o namorado de longa data, a cineasta embarca numa penosa crise emocional. A personagem opta por lidar sozinha com as suas mágoas, apesar de continuar a ter uma vida social aparentemente normal. Ao longo do filme, as feridas emocionais começam a sarar. A recuperação é o fim condutor do filme de Fang Song, que transporta para o grande ecrã toda a sensibilidade dos temas que aborda. A língua das imagens A sessão seguinte está marcada para quinta-feira às 19h30, também na Cinemateca Paixão, com a exibição de três curtas-metragens: “The Mountain Sings” e “A Short Story”, dos realizadores chineses Yang Xiao e Bi Gan, respectivamente, seguido de “O Velho do Restelo” de Manoel de Oliveira. De seguida, às 21h, a película brasileira “Fogaréu” irá ocupar o ecrã da Cinemateca Paixão. Realizado por Flávia Neves e com Bárbara Colen no principal papel, “Fogaréu” vive algures na fronteira entre o real e o fantástico, entre o passado colonial e a esmagadora modernidade da agricultura moderna. Esses são os palcos conceptuais onde uma jovem se reencontra com as suas raízes secretas, quando regressa a casa do tio abastado, no Estado de Goiás, depois da morte da sua mãe adoptiva. A jornada da protagonista acabará por implodir as certezas que tinha em relação ao seu passado e revelar a dolorosa verdade sobre a sua origem. No dia seguinte, sexta-feira, 11 de Novembro, a partir das 21h30, é exibida mais uma série de curtas metragens, com destaque para “House on the Sea” e “Sea” dos realizadores locais Chang Seng Pong e Chan Chon Sin. Duas horas antes, a Cinemateca Paixão acolhe o “Seminário sobre as Perspectivas de Desenvolvimento e Tendências da Indústria das Curtas-Metragens Chinesas”. O evento “contará com a participação do vencedor da ‘Palma de Ouro da Curta-Metragem’ no Festival de Filme de Cannes deste ano e produtor executivo de um dos filmes de exibição do presente Festival, ‘The Water Murmurs’, Shan Zuolong. Além deste seminário, o Festival de Cinema será acompanhado por duas actividades de extensão, designadamente, o “FAROL DA GUIA – 3d Printing Workshop” e o “Workshop de Jogo de Sombras do Património Mundial”, que serão realizadas no 1.º andar do “Broadway Macau” e conduzidas em cantonense, com entrada livre.
João Luz Eventos MancheteExposição | Armazém do Boi acolhe mostra fotográfica de Yao Feng Imagine que alguém congela um momento, entre espaço e indivíduo, onde serenidade e contemplação se encontram com a interpretação lírica. Este conceito assenta como uma luva no ideário da exposição de fotografia de Yao Feng, que é inaugurada na próxima segunda-feira, pelas 18h30, no Armazém do Boi e que estará patente ao público até 27 de Novembro. A mostra, intitulada “Somente a alma é profissional”, reúne um total de 80 fotografias captadas em viagens por vários países e regiões, compilando uma espécie de jornada fotográfica. Em comunicado, o académico, poeta, tradutor e personificação local do que será um homem da renascença nos dias que correm, conta o processo instintivo de fixar numa fotografia pedaços de significado. “Quando ando pela rua ou viajo por um qualquer local, mantenho o olhar atento e vigilante para ver o que possa ser significante, e se o descobrir, levanto a minha câmara fotográfica ou telemóvel, que uso na maioria dos casos, para fotografar”, revela Yao Feng. O acto de preparar o disparo fotográfico é “uma reacção psicológica ou da alma causada instintivamente pelo acto de ‘ver ‘, uma espécie de emoção de encontrar algum significado no meio da mediocridade”. Ieong Man Pan, o curador da mostra, indica que as fotografias que compõem “Somente a alma é profissional” revelam “um estilo altamente pessoal, caracterizado pela quietude, sugestão e lirismo, conduzindo as pessoas a um mergulho num mundo onde se cruzam o vazio, o absurdo, a depressão, o desamparo, a tristeza, a contradição e a fragilidade dos seres humanos em destaque”. Apesar do aspecto melancólico, o curador salienta também “a compaixão e o carinho” que respiram através das imagens. Dizer muito com pouco Não é a primeira vez que Yao Feng se aventura pelo mundo da fotografia, aliando-o frequentemente a dimensões oníricas e poéticas. “A linguagem da poesia é altamente refinada, e podemos dizer que a fotografia de Yao Feng está em conformidade com a sua criação poética que segue sempre o princípio de que ‘menos é mais’, aponta Ieong Man Pan. A fugacidade dos instantes obriga a acções rápidas para capturar o momento, um movimento instintivo que o curador da mostra refere como conceito absolutamente distinto da cadenciada prática na produção poética. “Ao contrário da escrita, que pode ser produzida lentamente, a fotografia é uma linguagem visual, caracterizada pela sua própria limitação, a qual requer a sensibilidade do fotógrafo em termos de deter um instante exacto para pressionar o obturador”, refere Ieong Man Pan. Sem esquecer ou relativizar a importância do domínio das técnicas fotográficas e da equação de imensas variáveis de luz, enquadramento, abertura de diafragma e jogo de lentes, o curador destaca a sensibilidade das fotografias de Yao Feng. “Ver sem sentir, não vai produzir bons trabalhos. Quando o fotógrafo sente, vê brilhar a faísca da inspiração que vem da sua experiência acumulada, da sua tendência estética, da sua reflexão, bem como do seu dom. Sem dúvida, a criação fotográfica de Yao Feng corresponde a todas estas características, pois ele sabe como usar uma linguagem original para transformar as palavras em imagens que espelham a alma”.
João Luz Eventos“NFT Against Poverty”, a mostra solidária e leilão de arte Duas dezenas de artistas locais transformaram a sua criatividade numa arma na luta contra a pobreza. Uma colecção eclética de obras é apresentada hoje no Art Garden. As receitas do leilão revertem para a Oxfam, num esforço criativo de luta contra a pobreza Dois acontecimentos históricos acontecem hoje pela primeira vez em Macau, num só acto: A primeira venda pública de NFTs no território e o primeiro evento de beneficência com base em NFT. Organizada pela Macau Art For All Society (AFA), é apresentada hoje no Art Garden, pelas 18h30, a exposição “NFT Against Poverty” – Online Charity Art Exhibition. A mostra solidária reúne trabalhos de 20 artistas locais que vão a leilão na plataforma ArtsBite, com as verbas apuradas a reverterem para a Oxfam, a conhecida confederação internacional que congrega mais de duas dezenas de organizações de caridade centradas no alívio da pobreza. A exposição é o somatório dos trabalhos de 20 artistas de Macau que responderam ao repto criativo de partir da história inspiradora da Oxfam no combate à pobreza. A AFA indica que o objectivo da iniciativa é aliar arte e tecnologia num esforço concertado para ajudar quem mais precisa. A lista de artistas que participam na mostra é composta por Alex Marreiros, Álvaro Barbosa, Anny Chong, Dave Shao, Ellison Lau, Fan Sai Hong, Gloria Wong, Karen Yung, Kiko Lam, Kit Lee, Kun Wang Tou, Lai Sut Weng, Pundusina, Leong Chon, Miguel Rosa Duque, Pakeong Fortes Sequeira, Tiger Statics, Tun Ho, Vincent Cheang e Yolanda. Apesar de existir um tema transversal a unir todos os trabalhos, as formas de expressão artísticas são variadas, indo da tradicional pintura a óleo à arte digital e a imagens geradas por computadores. Do que estamos a falar A organização da mostra indica que a lista de criadores conta com “artistas gráficos e digitais” com grande experiência, designers de som, pintores, fotógrafos e artistas que trabalham com imagens geradas através de software e que representam várias gerações de criatividade artística. “Através de uma plataforma tão desafiante como o NFT e dos conceitos de ‘humanidade como um todo’ e ‘mútua valorização’, apresentamos trabalhos de uma nova geração de criadores de arte contemporânea de Macau que têm os olhos postos no futuro”, indica a AFA. A associação sublinha que os NFTs vendidos no leilão serão comprados em patacas e que não será possível usar criptomoeda. Este aviso aponta uma pista para o que é um NFT. A sigla inglesa non-fungible token dá algumas dicas sobre a diferença na forma como o NFT se distingue da moeda e outros itens fungíveis passíveis de troca e que se gasta ou consome. Ao contrário das criptomoedas, os NFTs não são intercambiáveis, mas tratados como exemplares únicos como obras de arte e objectos raros.
Hoje Macau EventosLiteratura | Obra da poetisa afegã Nadia Anjuman, morta pelo marido, chega a Portugal A obra completa da poetisa afegã Nadia Anjuman, assassinada há 17 anos pelo marido, vai ser publicada em Portugal no início deste mês, naquela que será a sua primeira edição numa língua que não a persa. “Flor de fumo e outros textos” tem tradução da poetisa Regina Guimarães, a partir da versão inglesa de Diana Arterian e Marina Omar (ainda não editada), e chega às livrarias na primeira quinzena de Novembro, pela Editora Exclamação. Este lançamento acontece por ocasião da morte da poetisa – sobre a qual passam 17 anos no dia 6 de Novembro -, às mãos do marido, por ciúmes pelo seu sucesso enquanto poeta. Nascida em Herat, cidade próxima do Irão, em 1980, Nadia Anjuman frequentou uma escola de literatura camuflada de aula de costura, que dava pelo nome de Escola da Agulha Dourada. Em 2001, quando os talibãs foram derrotados no Afeganistão, após a invasão americana, e as mulheres puderam ir à escola, Nadia saiu da clandestinidade, para em pouco tempo entrar na universidade, tornando-se numa aluna dedicada e brilhante. Três anos depois, porém, Nadia Anjuman viria a morrer, apenas com 24 anos, espancada pelo seu marido, que alegou depois que ela se suicidara. “Hoje, as mulheres afegãs estão de novo amordaçadas e esta obra é mais actual do que nunca. No Irão, as mulheres lutam pela sua autodeterminação e em muitas partes do mundo os seus direitos não estão assegurados. Por isso, este é um grito de desespero de Nadia Anjuman e também um grito de liberdade de todas as mulheres oprimidas”, declara a editora. Abarcando o período que vai de 1997 até 2005, a obra completa de Nadia Anjuman, é uma edição bilingue, português/dari, o dialeto do afegão, sendo a primeira vez que é editada em língua que não o dari ou pashto (as duas línguas oficiais do Afeganistão).
João Santos Filipe Eventos MancheteLusofonia | Miguel de Senna Fernandes aponta cancelamento como “falta de senso” Encomendas para o lixo, perdas financeiras para associações e frustrações para quem fica sem qualquer escape para fazer face ao isolamento causado pelas medidas de controlo da pandemia. Foi este o cenário traçado por Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), num comentário deixado na rede social Facebook. Segundo o presidente da associação, o peso do cancelamento não só se faz sentir ao nível económico, mas também para quem ficou privado de um dos poucos escapes para fazer face ao isolamento imposto nos últimos três anos. “Trata-se de um evento em que as associações, apertadas com imensos problemas de sobrevivência, se esmeraram por fazer da Lusofonia um evento bem sucedido, de orgulho para a RAEM, para as nossas culturas. Trata-se de um evento que veio para afogar as amarguras da frustração, da erosão comunitária, da perda de tino e do isolamento quase doentio”, afirmou. “Sim, muito se esperou desta Lusofonia, para que pudéssemos respirar e desforrar do sacrifício em prol de todos. E retiram-nos isso”, considerou. Porém, Miguel de Senna Fernandes também lamentou as perdas para as associações, que nos últimos anos foram privadas do financiamento dos anos anteriores. “É verdade, estávamos no último dia, e gozámos sexta e sábado; é verdade que nos subsidiaram; mas bolas, o que cada associação envolveu para isso vai muito além do que um subsídio. Muitos de nós empataram mais do que um subsídio, tudo a bem da Lusofonia. E retiram-nos isso. Encomendas feitas, para o lixo, expectativas tidas, para o lixo”, desabafou. Dualidade de critérios Outro dos aspectos apontados pelo macaense prende-se com a dualidade de critérios que impera, entre os eventos públicos que tiveram de ser cancelados, por decisão do Governo, e os privados, que puderam continuar a realizar-se. “Não, isto não é birra nem amuo de quem não vê o seu desejo satisfeito. Isto é ira de quem já não entende a falta de senso disso tudo. É ira de quem sabe de uma festa de Halloween ainda em curso na Doca dos Pescadores, sem ser cancelada, só porque é feita num local privado”, argumentou. O também advogado questionou ainda se o Governo teria a coragem de cancelar outros eventos públicos, no caso de ocorrerem situações semelhantes. “Só falta saber se cancelariam o Festival da Gastronomia e o Grande Prémio, nas mesmas condições”, indicou. Por último, Senna Fernandes admitiu haver um apoio à governação e medidas pandémicas que aparenta não ser correspondido. “ASSIM NÃO DÁ! Se estamos todos com a RAEM, como temos estado sem reservas e com indubitável sentido cívico e de solidariedade, a RAEM também tem que estar connosco…sem reservas”, finalizou. Além de Miguel de Senna Fernandes, também Amélia António, presidente da Casa de Portugal, se tinha mostrado desiludida com a decisão do Governo de cancelar o último dia da Lusofonia.