Patuá | Segunda edição de curso arranca amanhã no CCCM

Começa esta quinta-feira a segunda edição do curso de patuá promovido pelo Centro Científico e Cultural de Macau, e que conta com menos de uma dezena de alunos. Joaquim Ng Pereira, um dos formadores, acredita que a sobrevivência do dialecto se faz cada vez mais pela via da poesia e da literatura, ao invés do diálogo diário

 

Não são mais de dez os alunos que, este ano, participam na segunda edição do curso “Oficina de Patuá”, promovido pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e que começa esta quinta-feira, terminando a 4 de Novembro. Ainda assim, a data de arranque foi adiada devido à inicial falta de inscrições.

Ao HM, Joaquim Ng Pereira, um dos formadores, disse que os cinco ou seis alunos que, este ano, querem aprender um dialecto específico de Macau, que não terá mais do que algumas centenas de falantes em todo o mundo, são mais do que no ano passado.

“Em Portugal nunca houve este curso e vamos demorar algum tempo a conseguir angariar mais alunos. Temos esperança de que aos poucos isso venha a acontecer”, adiantou. O grande interesse dos que procuram aprender o dialecto é na vertente artística, com a poesia do macaense Adé [José dos Santos Ferreira].

“Isso é o que mais interessa às pessoas, que têm demonstrado muito interesse na parte de declamação de poesia. O diálogo no dia-a-dia [em patuá] já não existe, então é sempre na vertente artística que se desenvolve mais o interesse.”

Joaquim Ng Pereira acredita que a sobrevivência deste linguajar se faz precisamente pela parte artística, dando o exemplo de uma aluna que este ano vai repetir o curso porque gostou muito da parte da poesia.

De aluno a professor

Outra novidade do curso deste ano é a participação, como formador, de Raúl Gaião, linguista e aluno da primeira edição do curso. Formado em Filosofia, ciências literárias e estudos linguísticos, Raúl Gaião é autor do “Dicionário do Crioulo de Macau – Escrita de Adé em Patuá”, lançado em 2019, e da obra “Aspectos Lexicais na Obra de Autores Macaenses”, de 1999.

Raúl Gaião ficará encarregue de dar a parte linguista e gramatical do patuá, enquanto Joaquim Ng Pereira se dedica a ensinar as partes da declamação e fonética.

Entre quinta-feira e 29 de Junho será ensinado o enquadramento histórico, económico e social de Macau, bem como as origens do Patuá e o ensino e compreensão dos fonemas. De 4 de Julho a 27 de Julho, será realizada a introdução à fonética e dicção dos poemas e expressões do patuá, sendo ensinado ainda o módulo “Da palavra à frase – morfologia e sintaxe”.

De 5 a 28 de Setembro, serão ensinadas as “formas de falar” do patuá, sendo realizada a dicção de poemas de Adé e de outras expressões típicas do dialecto. Há ainda um período dedicado a aulas práticas e apresentações de trabalhos.

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