Dança do Leão | Competição e festival chegam ao templo de A-Má

A décima edição do campeonato internacional da dança do leão, promovido pelo MGM, acontece entre os dias 6 e 7 de Outubro, enquanto o festival com a mesma temática decorre a partir de 23 de Setembro e até 7 de Outubro. Esta é a primeira vez que os eventos decorrem ao ar livre, com a escolha a residir no icónico templo de A-Má

 

A operadora de jogo MGM, em colaboração com diversas entidades, volta a apresentar o campeonato dedicado à dança do leão, actividade bem representativa da cultura chinesa. Segundo um comunicado, o “10.º Campeonato Internacional de Dança do Leão 2023 – Torneio MGM” acontece entre os dias 6 e 7 de Outubro na zona da Barra, em frente ao templo A-Má. Está ainda prevista a realização do “Festival da Dança do Leão MGM”, agendado para os dias 23 de Setembro a 7 de Outubro.

A novidade prende-se com o facto de os dois eventos decorrerem, pela primeira vez, ao ar livre, “junto da comunidade”, sendo que a escolha do local, inserido na lista do património histórico protegido e classificado pela UNESCO, dá um novo significado ao evento.

O campeonato de dança do leão já existe desde 2010 e conseguiu estabelecer a sua marca a nível mundial ao longo dos anos, fazendo agora de Macau “uma paragem obrigatória” para este torneio. Espera-se, segundo o comunicado do MGM, grupos de dança do leão de mais de dez países e regiões, que vão apresentar as suas acrobacias junto ao famoso templo de A-Má, igualmente um dos mais proeminentes símbolos da cultura chinesa em Macau.

Por sua vez, o festival integra “uma série de danças do leão culturalmente temáticas”, criando-se “uma sinergia de desportos, arte e cultura que vão transformar a área [da Barra] num local privilegiado para [a expressão] da cultura da dança do leão de Lingnan e para promover este desporto chinês tradicional”. Com estes eventos, a operadora de jogo espera fomentar “a influência da cultura da dança do leão de Lingnan na comunidade local e também a nível global, reforçado a imagem de Macau como um destino turístico internacional e o desenvolvimento da diversificação” da economia.

A cultura Lingnan

Citado pelo comunicado da MGM, Kenneth Feng, presidente e director-executivo da MGM China, afirmou que este ano “marca o início de uma nova jornada para a MGM e para o novo e melhorado campeonato da dança do leão”. O evento em causa “exemplifica a dedicação [da empresa] em torno da promoção e transferência das tradições chinesas e cultura Lingnan”.

“Ao longo dos anos temos vindo a inovar e a reforçar a nossa competição constantemente com novos elementos, criando uma marca de eventos de assinatura ligados ao desporto, turismo e cultura mais diversificada do que nunca”, frisou o responsável, que destacou o lado internacional do evento.

Tratam-se de duas iniciativas “que não apenas promovem o turismo da cidade, mas também dão destaque ao templo de A-Má, a única atracção turística que reúne religião, cultura e turismo”. “Com uma competição desportiva internacional como plataforma, esperamos poder atrair mais visitantes e negócios para a comunidade local, ajudando a apoiar a diversificação económica de Macau”, disse ainda Kenneth Feng. Desde a primeira edição que o campeonato da dança do leão já trouxe a Macau mais de 120 grupos de 15 países e regiões.

22 Ago 2023

FRC acolhe mostra de artista oriunda da Mongólia Interior

A nova exposição da Fundação Rui Cunha (FRC) vai estar patente apenas cinco dias na galeria da entidade. Inaugurada hoje, a mostra “Uma Flor, Um Mundo” revela, pela primeira vez em Macau, o trabalho da artista NaHeYa, oriunda da Mongólia Interior e formada em arte chinesa em Pequim. Neste momento a artista encontra-se a fazer um doutoramento na Universidade da Cidade de Macau.

Em “Uma Flor, Um Mundo” podem ser vistas 28 pinturas chinesas, cada uma representando uma flor, criadas a partir de pigmentos tradicionais sólidos diluídos em água sobre papel especial e papel Xuan (de arroz), com técnicas de maior e menor detalhe, mais transparência ou saturação de cores.

Citado por um comunicado da FRC, Tam Chek Wun, curador da exposição, explica que “a rica formação académica de NaHeYa, experiência de trabalho e anos de dedicado esforço criativo, deram-lhe um olhar apurado e uma compreensão profunda da beleza da cor e da forma”.

Pétalas na tela

Defende ainda o curador que as flores dos trabalhos de NaHeYa “são obras de emoção e dedicação, impregnadas de espiritualidade transcendente”. “Com formação em pintura chinesa, ela prefere usar um pincel e aguarelas transparentes, mas altamente saturadas, criando uma colisão mágica de linhas de contorno que se cruzam e se fundem em pétalas ricas, luminosas, mas despretensiosas. Esses elementos combinam-se para construir um estilo de flor contemporâneo que é vibrante em cores, vivo na expressão e altamente pessoal na linguagem artística”, aponta o mesmo responsável.

NaHeYa nasceu na cidade de Tongliao, na Região Autónoma da Mongólia Interior, pertencendo à minoria étnica do povo Daur. As artes sempre estiveram presentes no contexto familiar e ela viria a estudar com o professor Li Kuizheng, um famoso pintor de flores e pássaros. Formou-se mais tarde pela Minzu University of China, em Pequim, com especialização e mestrado em Pintura Tradicional Chinesa. Actualmente trabalha no Departamento de Pesquisa do Museu Nacional de Arte da China, em Pequim, e em paralelo está a fazer o seu doutoramento em Estudos de Arte pela Universidade da Cidade de Macau, sob a orientação do Professor Chen Lysheng.

22 Ago 2023

Música | Festival KoolTai anuncia presença de Jessie J

A Chessman Entertainment Production anunciou mais uma ronda de artistas que vão actuar no Festival KoolTai Macao, agendado para 11 e 12 de Novembro. Apesar de o cartaz estar praticamente completo, o festival ainda não tem bilhetes à venda nem se conhece o local onde vai decorrer o evento

 

A cantora Jessie J é um dos nomes mais recentes anunciados pela organização do Festival KoolTai Macao, agendado para os dias 11 e 12 de Novembro. A revelação foi feita no final do fim-de-semana com a cantora britânica a ser cabeça de cartaz, em conjunto com os também britânicos Suede e a americana Corinne Bailey Rae.

Nascida em Londres, Jessie J tornou-se um nome conhecido do pop mundial com a música Price Tag, lançada em 2011, e integrada no álbum Who Are You. Com a venda de mais de 3 milhões de cópias a nível mundial, com cerca de 1,2 milhões no Reino Unido, a cantora chegou ao top dos rankings de venda em países como Reino Unido, Alemanha, Bélgica, França ou Hungria. O single chegou ainda ao topo três de alguns países asiáticos como Japão ou Coreia do Sul.

Desde o álbum Who Are You, Jessie J lançou ainda Alive (2013), Sweet Talker (2014), R.O.S.E. (2018) e This Christmas Day (2018), em que além do estilo pop, intensificou as incursões pelo R&B, também presentes no primeiro trabalho mais popular da cantora.

A participação de Jessie J no KoolTai Macao Fest acontece depois de a artista ter atravessado um dos períodos mais complicados da sua vida, em que foi diagnosticada com Doença de Ménière e sofreu um aborto, acontecimentos que levaram a que mandasse “para o lixo” um álbum gravado e pronto para ser lançado.

Novidades da Tailândia

Além de Jessie J, Chessman Entertainment Production, responsável pelo evento, anunciou igualmente a presença da banda Getsunova, vinda da Tailândia.

Em actividade desde 2008, o quarteto composto por Prakarn Raiva, Natee Osathanugrah, Panoth Khunprasert e Komkadech Sangwattanaroj caracteriza-se por um estilo que varia entre o pop rock e pop electrónico e conta com experiência internacional, com actuações em festivais conhecidos como o Summer Sonic Festival, no Japão.

Os Getsunova destacaram-se ainda como uma das bandas mais populares do país do sudeste asiático, com alguns êxitos do yotube, como as músicas Glai Kae Nai Kue Glai, Rearrange e Yoo Trong Nee Naan Kwa Nee, que entre 2012 e 2013 ultrapassaram os 100 milhões de visualizações na plataforma.

Entre os nomes mais recentes a serem anunciados para o festival, constam ainda os Schoolgirl bye bye, uma banda de indie rock/soft rock formada em 2015, no Interior, pelo duo Yang Yue e Geng Shengzai, e os Supper Moment de Hong Kong, um quarteto de Pop Rock que tem como membros Sunny, Martin, CK e Hugh.

A representação da música de Macau fica a cargo da banda de rockpop Daze in White, que ainda em Maio deste ano lançou o single Make Love, Not War. Eugene, Dennis, Dash, Felix e Michael vão assim participar num festival que conta com grandes nomes da música mundial.

Local por anunciar

Ainda sem um anúncio sobre o local onde se irá realizar o KoolTai Macao Fest, a organização acrescenta que o alinhamento do festival ainda não está totalmente encerrado. No entanto, para já, continua a não haver informação sobre o local onde o evento se vai realizar nem sobre o preço dos bilhetes.

Recorde-se que o cartaz do festival inclui bandas como Suede, Corinne Bailey Rae, a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se, a banda de Macau Scamper, entre outros.

22 Ago 2023

Hong Kong | Pinturas de Thomas Houseago para ver na galeria Gagosian

“ABUNDANCE”, a exposição de Thomas Houseago, pode ser vista em Hong Kong, na galeria Gagosian, a partir do dia 21 de Setembro. Esta é a segunda vez que o trabalho do artista britânico no território vizinho é exposto em Hong Kong, revelando, desta vez, novas pinturas feitas ao ar livre a partir do seu novo estúdio em Malibu, Califórnia

O trabalho do artista britânico Thomas Houseago volta a mostrar-se em Hong Kong depois de um interregno de oito anos. “ABUNDANCE” é o nome da exposição que estará patente na galeria Gagosian, em Central, a partir do dia 21 de Setembro, compondo-se de pinturas repletas de paisagens e de natureza morta captadas a partir do novo estúdio que o artista tem ao ar livre em Malibu, Califórnia.

Segundo um comunicado, esta mostra “reflecte sobre a interligação cósmica e espiritual e o poder transcendental da natureza”, sendo que os títulos dos quadros e as suas “imagens expressivas” acabam por evocar “as ondas do oceano e a flora de Malibu ao nascer e ao pôr do sol, com sóis, luas, rochas e céus representados em cores vibrantes e linhas ondulantes”.

Thomas Houseago acabou por ficar conhecido do grande público graças “à sua abordagem original e vigorosa em torno do tema do corpo humano”. “Utilizando meios associados à escultura clássica e modernista, a par de materiais menos tradicionais como o cânhamo, entre outros, [o artista] constrói figuras monumentais cujas superfícies e estruturas revelam os processos da sua feitura”, descreve ainda o comunicado.

Ao trabalhar sobre a tela e o papel, Houseago faz um cruzamento entre o desenho e a cartografia, explorando também “o poder emocional e espacial da cor saturada e de uma forma mais dinâmica”.

Influências várias

Os trabalhos que estarão expostos na Gagosian revelam ainda “a influência de artistas históricos e modernos da Europa de Leste e do Norte”, incluindo nomes como Edward Munch e Van Gogh, considerados os grandes pintores do chamado “século de ouro” na Holanda.

Revela-se, no trabalho de Thomas Houseago, uma “noção de espontaneidade”, sendo que o artista tem por hábito ouvir gravações de actuações ao vivo do artista de jazz John Coltrane enquanto trabalha. Além desta inspiração musical, destaque ainda para a influência das pinturas do monge budista do século XIII, Muqi Fachang, e do pintor chinês Ma Yuan, falecido em Hunan, China, em 1225. Houseago também foi buscar referências para o seu trabalho aos escritos dos poetas japoneses Saigyō Hōshi, que viveu entre os anos de 1118 e 1190, e ainda Matsuo Bashō (1644-1694), dos poetas chineses Li Bai (701-762) e Wang Wei (699-759) e do antigo filósofo chinês Laozi. A mostra de Thomas Houseago pode ser vista até ao dia 4 de Novembro.

20 Ago 2023

Fotografia | Livro “O que foi não volta a ser…” arrecada bronze em concurso

O mais recente livro do fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro “O que foi não volta a ser…” foi distinguido com Bronze na categoria de Livros Documentais na edição deste ano dos prémios “PX3 – Prix de La Photographie Paris”.

O livro, publicado em Novembro de 2022 e que já vai na sua segunda edição, revela o último projecto documental fotográfico. “O que foi não volta a ser…” é o resultado de um trabalho de mais de um ano em que o autor, radicado em Macau há 13 anos, procurou adquirir ou pedir emprestado fotografias antigas de Macau, captadas a preto e branco, entre os anos de 1930 e 1990, em diversos formatos.

Gonçalo Lobo Pinheiro recorda, uma vez mais, que fazer este trabalho não foi fácil, por inúmeras razões. “Estou muito feliz. É um concurso de fotografia importante, com muita visibilidade. Sempre disse desde que findei o projecto que não tinha sido fácil executá-lo, por isso, esta distinção deixa-me muito contente”, começou por dizer.

“Adquiri as fotografias em leilões, na Internet, a particulares, em lojas e até em Portugal. Poucas me foram dadas ou emprestadas. Aliás, acabei por fazer, por diversas vezes, vários apelos nas redes sociais para ter em minha posse imagens antigas de Macau, o que não aconteceu. As pessoas saudavam a iniciativa, mas quase ninguém me disponibilizou imagens. E depois, claro, estávamos em plena pandemia de Covid-19”, lamentou.

Livro bem recebido

O autor destaca o facto de o livro ter tido uma “óptima recepção” por parte das pessoas, algo que, assume, “não esperava” apesar de considerar que o tema e a abordagem “são atractivos”. Macau mudou muito nos últimos anos, é certo. “Imaginem fotografias captadas há 70 ou 80 anos. E agora, o que fazer com elas? Se, por um lado, ainda é possível recriar alguns cenários, por outro lado, é impossível obter pontos de contactos noutras fotografias, porque simplesmente as coisas já não existem no território. Tudo mudou. Por isso, na grande maioria dos casos, o que foi não volta a ser”, referiu, deixando a porta aberta para fazer nos próximos anos uma espécie de segundo volume do projecto com fotografias novas.

O livro, patrocinado pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU) e pela Fundação Rui Cunha, tem o prefácio da jurista e política portuguesa Maria de Belém Roseira, antiga Ministra da Saúde e Ministra para a Igualdade, igualmente deputada à Assembleia da República Portuguesa, que passou por Macau durante os anos de 1980, onde foi administradora da TDM – Teledifusão de Macau.

No mesmo concurso, Gonçalo Lobo Pinheiro arrecadou ainda uma menção honrosa na categoria Reportagem de Imprensa com o trabalho “O Último Tributo” que mostra a despedida da população de Macau à Rainha Isabel II na Capela Morrison, localizada junto ao Cemitério Protestante, publicado no jornal Ponto Final e na revista Macau Closer.

20 Ago 2023

Luís Cardoso, escritor: “É crucial desenvolver a literatura timorense”

O autor de “O Plantador de Abóboras” foi ontem condecorado com a Ordem da Liberdade em Timor-Leste, país de onde é natural. Em entrevista, Luís Cardoso considera que cabe aos jovens timorenses, e à população do jovem país, escrever a sua própria história, incluindo ao nível literário

 

O escritor timorense Luís Cardoso, condecorado em Díli com a Ordem da Liberdade, desafiou hoje os jovens timorenses a usar a literatura para contar a história do país e para “exorcizar o passado”.

“Timor teve várias fases da sua história. E é nossa obrigação, dever dos timorenses, escrever essa história. Eu faço-o através da literatura e outros podem fazê-lo de outras formas”, explicou Luís Cardoso, em entrevista à Lusa.

“É crucial desenvolver a literatura timorense, que pode ser um canal para isso. Passar a história para a literatura, como os escritores portugueses fazem tão bem, é muito importante para Timor. Isso é o nosso dever. Quando escrevemos estamos a exorcizar tudo, o nosso passado, o nosso presente e a projectar para o futuro”, vincou.

Luís Cardoso é o nome maior da literatura timorense, vencedor do Prémio Oceanos no ano passado, mas cuja obra ainda não é amplamente conhecida no seu próprio país, que não visitava há quase uma década, como contou em entrevista à Lusa.

“Timor é sempre a casa e por isso digo que estou a regressar a casa. Ausentei-me da casa há muito tempo e estou de regresso a casa. Continua a ser predominante o ser timorense, apesar de viver fora de Timor”, refere o escritor, conhecido como ‘Takas’.

O país é claramente o foco principal da sua escrita e das personagens que a habitam, e a obra que vai produzindo mistura vivências, memória e imaginário de um país que conheceu e que hoje acompanha à distância.

“É na memória que está todo o nosso imaginário. Estudei na escola do Fuiloro e relembro os nomes dos que passaram por lá. A minha memória desses companheiros, a maioria falecidos, é algo muito vivo”, recorda. “Parece que os estou a ver ainda hoje e isso às vezes cria-me um pavor tremendo. Estão presentes em mim, mas não os posso ir abraçar”, enfatiza.

Ritmos de escrita

Escreve todos os dias, muitas vezes apenas para si próprio, outras a pensar na nova obra que tem “na cabeça”, centrada no mítico Hotel Timor, em Díli, e que descreve como “um livro de exorcismo sobre o passado recente” e onde ainda está a procurar encaixar-se.

“Os escritores têm sempre na sua cabeça um Hotel Timor. O Hotel Timor é paradigmático porque passaram por lá a maioria das pessoas, foi porta de entrada das pessoas, cada um com as suas ideias e opiniões”, explica.

“Mas como já estou velho estou já naquela fase de ser o ‘velho que escrevia romances de amor’. Espero que seja também um romance de amor”, explicando sorrindo.

Fora da literatura é no Facebook que é mais prolífico, com pequenos textos em que vai comentando a construção do jovem país. “Isso é cidadania. Não podendo exercer essa cidadania aqui, de forma presente no país, com as pessoas que estão cá a construir o país, a melhor forma de exercer essa cidadania é, primeiro, a escrever os livros, que têm essa função, mas ao mesmo tempo tentar participar na vida colectiva, através destes pequenos textos que reflectem essa inquietação sobre o meu país, para onde vamos, como somos, e o que vai acontecer no nosso país”, explica. “Crítica, não no sentido de destruição, mas de contribuição para o que acha que o país pode aproveitar”, enfatiza.

Muitos dos textos apresentam essa voz crítica, em alguns casos olhando de forma jocosa para o que se vai passando na meia ilha, vincando que o seu país “está num caminho” e que mesmo erros e solavancos devem servir para inspirar e não para entorpecer.

“Há oportunidades perdidas e quando isso acontece lamentamos, mas a tristeza não é algo desesperante. Faz-nos reformular os caminhos. Há sim alguma desilusão, de timorenses, e até os protagonistas têm essa consciência de que é necessário reformular, ver o que podemos fazer de melhor, aproveitando a experiência má e boa – e há muitas coisas boas -, e ver o que podemos fazer para a frente”, explica.

Condecoração, algo “tremendo”

Um dos pontos altos da visita foi a sua condecoração pelo Presidente da República, José Ramos-Horta, “uma coisa tremenda”. “É algo grande demais para mim. Eu desapareço nas coisas. Não sou de grandes eventos. Um escritor quando escreve recebe prémios literários, mas um reconhecimento de um país é algo tremendo. Sentimo-nos pequenos”, disse.

“Não contribuí nada no dia a dia para o desenvolvimento do país, contribuí apenas com a minha literatura, e por isso esta condecoração faz-me sentir pequeno. Mas sei que muitos timorenses ficaram contentes com esta decisão e por isso vamos celebrar o momento, que espero marque um novo começo na literatura timorense”, disse.

É esse, aliás, outro foco importante da visita: os muitos contactos com jovens e estudantes previstos, oportunidades para conversar sobre o mundo da literatura, ainda pouco explorado em Timor-Leste. Luís Cardoso reconhece essa falta de “referências, de escritores, de poetas” e, por isso, afirma, quando escreve é como “pegar o touro pelos cornos”.

“Espero que os jovens, inclusive aqueles com quem vou falar durante esta minha visita, possam usufruir da minha experiência, para que possam também querer escrever. Há uma liberdade tremenda na escrita e cada um escolhe o que quer e como quer escrever”, disse.

“Vou partilhar o meu caminho. A literatura não se faz de um dia para o outro. Um dia escrevemos uma coisa que achamos fantástica e no dia a seguir voltamos a ler e dizemos: isto não presta para nada. É um trabalho contínuo”, disse.

Luís Cardoso nasceu em Kailako, no interior de Timor-Leste, que aparece por diversas vezes referenciada nos seus romances. É autor de romances como “Crónica de Uma Travessia” (1997), “Olhos de Coruja Olhos de Gato Bravo” (2001), “A Última Morte do Coronel Santiago” (2003), “Requiem para o Navegador Solitário” (2007) e “O ano em que Pigafetta completou a circum-navegação” (2013).

Com a sua mais recente obra, “O Plantador de Abóboras”, tornou-se no primeiro escritor timorense a vencer o prémio literário Oceanos, um dos mais importantes para os países lusófonos.

“Takas” condecorado

O Presidente timorense condecorou ontem o escritor Luís Cardoso com o Colar da Ordem de Timor-Leste, em reconhecimento pelo seu trabalho literário e pelo papel que teve durante a luta pela autodeterminação do país. José Ramos-Horta destacou o “privilégio e o prazer de trazer de volta a Timor-Leste, à sua terra natal, o grande escritor timorense ‘Takas’”, que comparou com “Mia Couto, o Pepetela e outros grandes escritores de Cabo Verde, Brasil e Portugal”.

“’Takas’ orgulha-nos e enriquece a cultura e a literatura timorense. Temos procurado incentivar a leitura e através do escritor ‘Takas’ queremos também tentar incentivar ainda mais a leitura entre os nossos jovens”, destacou. No decreto de condecoração, o chefe de Estado recorda, além do trabalho literário, o papel de Luis Cardoso durante a luta pela independência, período em que exerceu funções de representação do Conselho Nacional da Resistência Maubere (CNRM) em Portugal, quando trabalhou diretamente, entre outros, com o próprio Ramos-Horta.

18 Ago 2023

Pop | Festival de Música leva músicos, dançarinas e Kana Momonogi ao Lisboeta

Mandopop, pop alternativo, criadores de Youtube, as cheerleaders Rakuten Girls e a actriz pornográfica Kana Momonogi. O Festival WMW de Música DJ realiza-se amanhã e promete um dia de Verão com “diversão sem limites”

 

Um dia de Verão para “desfrutar dos sons cativantes e da diversão sem limites”. É desta forma que o Festival WMW de Música de DJ é apresentado. O evento realiza-se amanhã, pelas 18h, no espaço H853 do Hotel Lisboeta Macau, e além de DJs e cantores também traz ao território as cheerleaders profissionais Rakuten Girls e Kana Momonogi, popular actriz japonesa de filmes para adultos.

Em termos musicais, a animação fica de WINNI, Arrow Wei, Wendy Wander e WackyBoys, todos provenientes de Taiwan. WINNI é uma cantora que mistura o pop com rock melódico com três álbuns lançados, entre os quais “Wonder Girl, Problem Girl”, com o tema “If time paused”. Além disso, é conhecida por ser apresentadora em plataformas online com conteúdos sobre jogos electrónicos.

Por sua vez, Arrow Wei além de cantar é especialista em tocar guitarra e apresenta um estilo musical abrangente, que varia entre o folk indie, folk rock e o pop. Com cinco álbuns lançados, o mais recente em Abril deste ano com o título “Like Me”, a cantora licenciada em finanças tem como temas mais conhecidos “I still don’t understand it”, “How are you?” e “I don’t care who you kissed”.

Wendy Wander é uma banda independente que se caracteriza por um estilo alternativo, entre o pop indie, com músicas mais melódicas e suaves, e o bedroom pop, uma tendência mais recente, onde as criações têm lugar num ambiente mais íntimo, longe dos grandes estúdios, possibilitada pela era da digitalização e o acesso fácil ao software de produção musical através de um computador.

Activo desde 2018, o quinteto formado por Jiang Yang (vocalista e baixista), Zheng Ni (vocalista e guitarrista), Wei Xiang (guitarrista), Li Yaoru (teclas) e A Rui (baterista) lançou dois álbuns “Spring Spring”, em 2020, e “Lily”, em 2021, cujos temas vão poder ser ouvidos no espaço H853.

A outra aposta a nível musical é o grupo de youtubers WackyBoys, formado em 2012, e conhecido pela criação de vídeos com um teor cómico, cujo estilo pode variar entre o pop ou até o hiphop.

Com mais de 1,64 milhões de seguidores no youtube e 858 milhões de visualizações, o grupo inicialmente formado por Zhuang Yaoxuan, Yu Sunsheng e Lin Yizhen, goza de grande popularidade em Taiwan, entre os mais jovens.

Dança profissional

Além da música, uma das grandes atracções do Festival WMW de Música DJ são as Rakuten Girls, grupo profissional de cheerleaders ligado à equipa de Basebol Rakuten Monkeys, constituído por jovens provenientes de Taiwan, Japão e Coreia do Sul.

Inicialmente criado como LamiGirls, além de animarem o estádio de Basebol Taoyuan, o grupo dedica-se à produção de vídeos de dança e de apresentação das diferentes membros no youtube, onde conta com mais de 20,3 milhões de visualizações.

Em Macau, as Rakuten Girls vão contar com várias representantes, e a performance terá como líder Rina, que além de dançarina é igualmente modelo. Outras das presenças anunciadas entre o grupo são as de Yuhi, Galin, Linda, Aviva, Ava Wu, entre outras.

Por último, o festival promete ainda a presença da actriz pornográfica, cantora e criadora de conteúdos online Kana Momonogi, de 26 anos. A japonesa fazia parte do extinto grupo musical Ebisu Muscats 1.5, que tinha a particularidade de todas as 30 membros serem actrizes pornográficas. No entanto, Momonogi vem a Macau para apresentar os trabalhos a solo como cantora, que cria desde 2017.

Os bilhetes para o evento encontram-se à venda nos locais habituais e variam entre as 188 patacas e as 1388 patacas, sendo que os ingressos mais caros permitem tirar fotografias com os vários artistas.

17 Ago 2023

Décima edição da corrida da Oxfam acontece em Outubro

Estão abertas as inscrições para a décima edição da corrida “Oxfam TowerRun”, que decorre dia 22 de Outubro na Torre de Macau e que se destina a angariar fundos para as comunidades mais vulneráveis. Segundo um comunicado da organização não governamental, com representação em Macau desde 2012, os participantes terão de cumprir, de forma individual ou em equipa, o desafio de subir 1.298 degraus desde o rés-do-chão da Torre de Macau até ao 61.º andar.

A ideia é que, associado ao esforço físico e vontade de competir, exista também uma vontade de ajudar ao processo de recolha de fundos “para projectos de desenvolvimento e redução da pobreza da Oxfam, permitindo que as pessoas em situação de pobreza sejam mais resistentes face às alterações climáticas”.

Além dos participantes na corrida, a Oxfam desafia ainda o público a criar as suas próprias campanhas de recolha de fundos, tendo sido criados prémios para o efeito, apoiados por patrocinadores.

Seca e fome

No mesmo comunicado, a Oxfam fala um pouco da sua actuação em vários países do mundo numa altura em que as alterações climáticas “estão a provocar fenómenos meteorológicos extremos em todas as regiões do mundo”, sendo que “as pessoas mais pobres são frequentemente as mais atingidas durante as catástrofes”.

Só na África Oriental há cerca de 30 milhões de pessoas a passarem por períodos de crise sem comida. “A Oxfam respondeu rapidamente à crise alimentar na África Oriental, prestando ajuda imediata, mas há muito mais a fazer. Os participantes da ‘Oxfam TowerRun’ podem ajudar as pessoas que enfrentam uma seca grave e a crise alimentar, bem como as comunidades pobres de todo o mundo a combater as alterações climáticas, juntando-se ao evento”, aponta a organização.

Uma vez que este é o décimo aniversário do evento, a Oxfam vai ainda criar medalhas personalizadas para todos os participantes que consigam chegar ao topo da Torre de Macau.

No território, a Oxfam assume estar comprometida em “promover uma cidadania global no combate à pobreza e à desigualdade”. A ONG publica com regularidade relatórios que alertam para cenários de pobreza e catástrofes, além de desenvolver trabalho humanitário no terreno.

16 Ago 2023

ARK | Dophine Wong em exposição no Café Voyage

A artista local Dophine Wong apresenta, até ao dia 12 de Setembro, a exposição “Wooden Heart”, sendo esta a quarta mostra de uma série organizada pela ARK – Associação de Arte de Macau focada nos cinco elementos da natureza. Os trabalhos de Dophine Wong representam, assim, a madeira, chamando a atenção para a importância dos sentimentos

A partir deste sábado será possível ver, no Café Voyage, a quarta de cinco exposições temáticas que a ARK – Associação de Arte de Macau está a promover e que se focam nos cinco elementos da natureza, ou seja, o metal, a madeira, a água, o fogo e a terra. Os artistas participantes integram, assim, o programa “Quinteto de Arte”, nome da iniciativa.

Em “Wooden Heart – Collage Visual Art Exhibition” [Arte em Madeira – Exposição de Arte Visual de Colagem], Dophine Wong, artista local, trabalha a ideia dos sentimentos recorrendo à madeira. A mostra pode ser vista até ao dia 12 de Setembro.

A madeira é, aqui, utilizada como “conceito criativo”, sendo “um elemento indispensável na natureza”, descreve um comunicado da ARK sobre a exposição, que fala da “importância das árvores, que não só purificam o ar como também embelezam a natureza”.

Esta exposição combina técnicas de colagem em madeira e mosaico e tem como ideia central uma expressão chinesa que significa que “as pessoas não são ervas nem árvores”, que remete para a noção de que os seres humanos “têm pensamentos e sentimentos e são facilmente tocados por coisas externas, sendo diferentes das ervas e árvores sem vida, inconscientes e sem emoções”. Assim, as pessoas têm “amor no coração e esperam ajudar os outros e ouvi-los, estando dispostos a resolver problemas e a apoiar os desfavorecidos”.

Desta forma, “quais os elementos necessários para a continuação do amor?”, questiona-se. A ARK espera que, com esta mostra, “o público possa reflectir e inspirar, através das obras de arte, a sua compreensão do amor e, ao mesmo tempo, orientar o público para apreciar estas obras de vários ângulos”.

Nascida em Macau, Dophine Wong fez um curso profissional de colagem, formando-se também em educação artística. Artista nas horas vagas, Dophine Wong dedica-se actualmente à pintura a óleo, ao artesanato em madeira e à arte de colagem em mosaico, que dá mote a esta exposição.

Mentes criativas

Desde Maio que a ARK tem vindo a mostrar as exposições temáticas, com artistas locais, dedicadas aos elementos da natureza. A primeira exposição, da autoria de Pamela Chan, teve como tema central o elemento terra. Com a série de exposições do “Quinteto de Arte”, a ARK pretende “mostrar a criatividade diversa dos artistas em relação a cada um dos elementos [da natureza] através de uma multiplicidade de formatos e interpretações”. Pretende-se também “promover o intercâmbio artístico entre os artistas e o público através das mensagens transmitidas pelas obras de arte”. O Café Voyage situa-se na Rua do Padre António Roliz, em Macau.

16 Ago 2023

Cineasta Ali Ahmadzadeh vence Leopardo de Ouro em Locarno

O cineasta iraniano Ali Ahmadzadeh venceu o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, na Suíça, com o filme “Mantagheye bohrani (Critical Zone)”, “um hino à liberdade e resistência no Irão”, filmado em segredo, anunciou a organização.

No comunicado com a lista de vencedores desta edição do Festival de Locarno é referido que a obra foi filmada em segredo nas ruas de Teerão, sem a permissão das autoridades iranianas.

Nas restantes principais categorias do concurso internacional, o Prémio Especial do Júri foi para “Do not expect much from the end of the world”, do romeno Radu Jude, enquanto o prémio de Melhor Direção foi para a cineasta ucraniana Maryna Vroda.

As actrizes Dimitra Vlagopoulou (Grécia), em “Animal” de Sofia Exarchou, e Renée Soutendijk (Países Baixos), em “Sweet Dreams” de Ena Sendijarević, venceram os prémios de melhor performance.

O festival entregou ainda uma menção especial a “Nuit Obscure – Au revoir ici, n’import où, do francês Sylvain George.

A edição do Festival de Locarno que terminou no fim-de-semana tinha sete filmes portugueses ou com produção nacional em competição, que não obtiveram qualquer galardão.

Na competição internacional estiveram “Baan”, a primeira longa-metragem de ficção de Leonor Teles, e “Manga d’Terra”, uma longa-metragem do luso-suíço Basil da Cunha.

Rodado entre Lisboa e Banguecoque, “Baan” acompanha uma viagem emocional de L., uma jovem entre o fim de um relacionamento e a possibilidade de outro, e regista um tempo de gentrificação, imigração e precariedade laboral.

Também na competição internacional esteve “Manga d’Terra”, que Basil da Cunha voltou a rodar nos bairros clandestinos da Reboleira (Amadora, no distrito de Lisboa), desta vez centrando-se em Rosa, uma imigrante de 20 anos que deixa os filhos em Cabo Verde para procurar trabalho em Lisboa. Ameaçada por ‘gangsters’ e pela violência policial, Rosa procura solidariedade de outras mulheres, mas o escape encontra-o na música, indica a sinopse.

Outras fitas

Na secção “Pardi di Domain”, dedicada a novos valores do cinema, estiveram “Nocturno para uma floresta”, curta-metragem de Catarina Vasconcelos que sucede ao premiado “A metamorfose dos pássaros”, a curta-metragem de animação “De Imperio”, de Alessandro Novelli, e “Slimane”, de Carlos Pereira.

Por causa das greves dos argumentistas e dos actores em Hollywood, o Festival de Locarno registou algumas baixas de convidados internacionais, nomeadamente do actor Riz Ahmed, que iria receber um prémio de carreira, e do actor Stellan Skarsgard que decidiu renunciar ao prémio Leopard Club em solidariedade com as paralisações nos Estados Unidos. A 76.ª edição de Festival de Cinema de Locarno começou em 02 de Agosto e terminou sábado.

14 Ago 2023

Música | Corinne Bailey Rae junta-se ao cartaz do KoolTai Macao Fest

O KoolTai Macao Fest anunciou mais um punhado de bandas para o festival marcado para Novembro, com a cantora britânica Corinne Bailey Rae em lugar de destaque. Na segunda fornada de artistas anunciados constam ainda os locais Lavy, a artista malaia Zee Avi e a cantora japonesa Koresawa, que se juntam aos Suede, Joanna Wang e Lisa Ono

A organização do KoolTai Macao Fest anunciou mais uma leva de artistas que vão compor o cartaz do festival marcado para os dias 11 e 12 de Novembro. Depois de arrancar com estrondo ao anunciar a vinda dos Suede a Macau, o KoolTai Macao Fest acrescenta ao cartaz outra artista britânica, Corinne Bailey Rae, que conquistou o mundo com a sua interpretação das sonoridades R&B e a reinvenção da música soul.

Corinne Bailey Rae faz parte de uma rara categoria de cantoras que conquistou o número um de vendas no Reino Unido logo ao primeiro disco, em 2006 quando lançou o álbum “Corinne Bailey Rae”. Ainda nesse ano, na sua primeira tourné internacional, acompanhando John Legend, a cantora britânica actuou no Parque da Bela Vista em Lisboa, no Rock in Rio.

Depois do início de carreira fulgurante, conquistando Grammys, Brit Awards e outros reconhecimentos, a britânica foi cimentando a sua reputação enquanto artista que vai além do sucesso inicial.

O segundo registo, “The Sea” confirmou a trajectória que a artista iria seguir, transparecendo as influências musicais com que cresceu. Na edição japonesa de “The Sea”, Corinne Bailey Rae prendou os fãs com um EP de versões, onde despontam os clássicos “Is This Love” de Bob Marley e “Little Wing” de Jimi Hendrix.

No próximo mês está previsto o lançamento do seu quarto registo discográfico, “Black Rainbows”, disco que deverá ser suportado pela digressão que trará a artista britânica a Macau.

O mundo no Cotai

A malaia Zee Avi é outro dos destaques nas novidades do KoolTai Macao Fest, uma cantora e compositora que começou a carreira em pequenas bandas de rock em Kuala Lumpur ainda com tenra idade. A música passou para segundo plano, quando Zee Avi se mudou para Londres para estudar design de moda. Em 2007, a artista começou a publicar músicas e actuações intimistas no YouTube, acabando chamar a atenção de Ian Montone, manager de bandas como The White Stripes, The Shins, The Raconteurs e M.I.A.

E assim começava a carreira de Zee Avi, que conta entre as influências musicais Cat Power, Regina Spektor, Leonard Cohen, Tom Waits, Jolie Holland, Daniel Johnston, Velvet Underground e Led Zeppelin.

A cantora japonesa Koresawa foi outro nome avançado pela organização do KoolTai Macao Fest, uma misteriosa artista com raras aparições públicas, fazendo-se representar por um personagem de Anime.

O cartaz é completo pela incontornável banda local de rock Lavy e dois artistas de Hong Kong, Jason Kui e winifai.

Mistério local

Ainda sem um anúncio sobre o local onde se irá realizar o KoolTai Macao Fest, a organização acrescenta o alinhamento do festival ainda não está encerrado e, para já, continua a não haver informação sobre o local onde o evento se vai realizar e sobre o preço dos bilhetes.

Recorde-se que o cartaz do festival inclui bandas como Suede, a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se e a banda de Macau Scamper.

14 Ago 2023

Suzy Bila, artista: “A pintura não tem territórios”

A galeria AMAGAO associou-se à Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau e apresenta, até 6 de Outubro, a mostra “Paisagens Interiores”, da artista plástica Suzy Bila. Em entrevista, a artista, nascida em Moçambique, confessa que não faz arte para todos, sujeitando-se a múltiplas análises e olhares, deixando-se ainda influenciar artisticamente pelo mundo que a rodeia e as suas mudanças

 

Como se descreve enquanto artista?

É uma pergunta difícil (risos). É muito mais fácil falarmos dos outros do que de nós. Como artista vivo muito os processos dinâmicos. Sou uma pessoa que sente influências deste mundo e das suas metamorfoses. Não sou de territórios, porque acho que a pintura não tem territórios. Vivo muito de diálogos disciplinados que são influenciados por diferentes linguagens, e ao mesmo tempo gosto de trabalhar nelas. Gosto tanto de trabalhar na escrita como educadora de infância, ou como artista plástica. Também gosto de trabalhar em cerâmica. Sou uma pessoa que vivo entre processos que vão dialogando com a vida de uma maneira própria e que se vão permitindo [existir] sem serem forçados.

Que trabalhos poderemos ver nesta exposição em Macau?

Mostro 40 peças pintadas a acrílico sobre tela e outras em que usei tinta-da-china sobre papel. Na verdade, esta é uma exposição composta por poemas em diálogo, e é reflexo dessa minha relação com a vida, e da arte como um campo que se abraça a esta vida. A mostra acaba por ser uma viagem que traz peças com nomes como “Silêncio” ou a “Voz do Pássaro”. É uma metamorfose de todos esses poemas e daquilo que flui entre o passado e presente.

Mas quando fala desses poemas, são palavras escritas por si?

Não. São diálogos internos. Não fui buscar poemas de ninguém e nada está escrito. O que tenho aqui é mesmo a parte pictórica da vida.

Criar arte nasce então desse diálogo interior, das suas percepções em relação ao mundo.

É esta metamorfose da vida e de um mundo em mudança, e sou influenciada por isso. É a partir de tudo isso que depois nascem estes processos.

Que expectativas tem em relação a esta exposição?

Há um caminho, e esta exposição começou a ser planeada há dois anos. Ao longo deste caminho percebi também que estava a trabalhar com pessoas que percebiam de arte e esta sensibilidade acabou por criar uma relação, e é esse o meu cartão de visita em relação a Macau, porque já sei o que vou esperar e quais as pessoas que estão comigo neste processo. Acaba por ser algo positivo porque tenho essa bagagem positiva para esta exposição.

Nasceu em Moçambique, vive em Portugal desde 1996. Fale-me do seu percurso como artista.

Nasci em Maputo e na minha adolescência conheci um artista plástico que me despertou para a pintura. Nessa relação acabei por entrar em exposições. Ganhei um prémio em 1992 que me permitiu ir para Portugal, onde estudei cinco anos no AR.CO [Centro de Arte e Comunicação Visual], em Lisboa. Quando acabei entrei também na área da educação, e fiz uma licenciatura e mestrado nessa área. Estou agora a finalizar o meu doutoramento em educação artística, porque estas duas áreas, da pintura e da educação, sempre estiveram ligadas.

O nome desta exposição é “Paisagens Interiores”. O que significa?

A mostra tinha outro nome e depois optámos por este nome que acaba por abranger tudo isto, a ligação da arte e da construção das peças, e de parte delas serem todas este poema, este diálogo.

Quando disse que a pintura não tem territórios, quer dizer que não se identifica com um determinado estilo?

Identifico-me como uma artista do mundo, porque vou buscar coisas aos artistas de Moçambique, de Portugal, do Brasil. A arte é a comunhão de muita coisa. Não há mesmo territórios dentro de mim.

Como olha hoje para a ideia de lusofonia, palavra que se integra com várias áreas, incluindo as artes?

Nunca justifiquei essa palavra, vejo como algo que não é necessário justificar. Sinto que há uma forma de ser, de se assumir com o outro. Somos pessoas de relação, temos de sentir que temos de estar com os outros para podermos construir essas pontes, que são várias. Quando falo da arte, não falo da arte da lusofonia ou da Europa, por exemplo. Sou influência deste mundo, porque nasci em Moçambique, estou em Portugal, vou para o Oriente, para a América. Não posso separar estes sentimentos em termos artísticos. As pontes são importantes e temos de sentir que, em termos artísticos, não podemos ter territórios.

A sua arte pode, então, ser compreendida por todos?

Pode ser compreendida por quem sente algo por ela. Não vou fazer arte para toda a gente. A arte é aberta aos sentidos de cada um.


Exposição e workshop

Em “Paisagens Interiores”, a arte de Suzy Bila manifesta-se “em tons vívidos ou monocromáticos”, contendo em cada quadro “a essência da transcendência e da espontaneidade”, aponta um comunicado da galeria AMAGAO, situada no Artyzen Grand Lapa. Citada pelo mesmo comunicado, a artista referiu que a sua arte “reflecte as respostas às questões da vida”. “Cada momento tem a sua intensidade única, sem guião, [podendo ser um] imprevisto. A minha alma desperta num mundo de esperança, imersa num futuro em que as histórias do meu povo se entrelaçam com uma miríade de emoções. No meio das dificuldades da vida, somos transformados; e no silêncio absoluto, ouvimos os gritos agonizantes da terra. Neste lugar, permito-me sentir os meus sentidos, onde o céu encontra o mar.”

Assim, o visitante pode mergulhar num espaço repleto de “formas abstractas, das paletas, das emoções e da criatividade sem limites”. Além da mostra, decorreu no passado fim-de-semana um workshop com a artista, concebido para crianças dos 7 aos 14 anos. Para os organizadores desta iniciativa, a mostra de Suzy Bila “está aberta aos entusiastas da arte e às mentes curiosas”, sendo “um testemunho cativante da capacidade da arte em transcender os limites físicos e emocionais”.

14 Ago 2023

Bienal Arte Macau | Four Seasons acolhe exposição de três artistas locais

“Além as Formas: Estética da Arte Contemporânea” é o nome da exposição do trio de artistas Lei Ieng Wei, Leong Chi Mou e Lai Sio Kit, que integra o cartaz da Bienal Internacional de Arte de Macau. A mostra pode ser vista até Outubro na Sands Gallery

 

É mais uma iniciativa cultural integrada no extenso cartaz da edição deste ano da Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau. Inaugurada esta quarta-feira, a exposição “Além das Formas: Estética da Arte Contemporânea” é o nome da mostra com obras do trio de artistas Lei Ieng Wai, Leong Chi Mou e Lai Sio Kit. Esta iniciativa pode ser visitada até ao dia 15 de Outubro na Sands Gallery, no sexto piso do Grand Suites do empreendimento Four Seasons.

Com curadoria de Kitman Leong, esta exposição conta com a co-organização da Sociedade de Artistas de Macau e coordenação artística da Associação de Arte Juvenil de Macau.

Trata-se de uma mostra que pretende ser “uma plataforma para a promoção do intercâmbio e cooperação entre talentos locais e internacionais”, sendo que os três artistas “revelam o seu próprio entendimento sobre vários temas em torno do desenvolvimento económico de Macau”, nomeadamente no que diz respeito aos dados, valores e crenças, tendo em conta que o tema central da Bienal deste ano é “A Estatística da Fortuna”.

Com os trabalhos artísticos em exposição, os três artistas “mostram as memórias da sua terra natal, os sentimentos que possuem pelo país e ainda a paixão pela arte através de técnicas artísticas únicas”, revelando, ao mesmo tempo, uma ligação profunda ao “património cultural de Macau”.

Lok Hei, presidente da Sociedade de Artistas de Macau, afirmou que a aposta foi feita na reunião de artistas locais, “especialmente jovens, com o objectivo de promover o seu desenvolvimento, inspirando assim mais pessoas na cidade a envolverem-se em actividades espirituais que enriquecerão as suas vidas”. Esta mostra pretende ainda, segundo o responsável, “chamar a atenção para a importância das ideias por detrás das obras de arte, ao mesmo tempo que promove o crescimento dos artistas emergentes locais”.

Citada por um comunicado divulgado pela Sands, Lai Sio Kit declarou que tanto ele como os restantes artistas tiveram “total liberdade criativa na produção das obras”. “Tanto quanto sei, nas últimas duas edições da Arte Macau, foram apresentadas, sobretudo, obras de artistas estrangeiros. Por isso, estamos entusiasmados com o apoio dado aos artistas locais na edição deste ano”, apontou.

Formas e visões

No caso dos trabalhos de Lei Ieng Wai, o tema central é a “Luz”, demonstrando-se “espectros virtuais em telas repletas de cores e frequências deslumbrantes”. Já Lai Sio Kit resolveu contar “histórias de uma cidade através de azulejos gastos”, tendo recorrido à temática do “Tempo”. Leong Chi Mou, por sua vez, “visualizou a forma como as pessoas conferem um valor real à moeda em circulação” através da série “Projecto Alquimista”.

Lei Ieng Wai formou-se na Academia de Belas Artes de Guangzhou com um mestrado e licenciatura, possuindo uma especialização em pintura a óleo. As suas obras já estiveram expostas, além de Macau, na China, Hong Kong, Taiwan, Singapura, Malásia, Austrália, Estados Unidos, França e Portugal. As suas muitas exposições individuais incluem “Steal Into”, “Emptiness”, “Dimensional Sequence” e “Time Spectrum”. Actualmente, é vice-presidente da Associação de Arte Juvenil de Macau.

Por sua vez, Leong Chi Mou é artista a tempo inteiro e fundador do Estúdio Chi-Mou. Licenciado em pintura a óleo pela Universidade Politécnica de Macau, Leong começou desde a infância a aprender técnicas de pintura chinesa, sem qualquer orientação. Mais tarde, partiu para a exploração de diferentes técnicas da pintura ocidental e oriental. Actualmente, é também membro da Sociedade de Artistas de Macau e da Associação de Arte Juvenil de Macau.

Lai Sio Kit tem também formação superior em pintura a óleo pela Academia Central de Belas Artes de Pequim, tendo já exposto em países e regiões como a China, Hong Kong, Macau, Taiwan, Singapura, Portugal e Estados Unidos. Realizou mais de 17 exposições individuais, incluindo “Splashing Brilliance”, “Eternity in an Hour” e “The Secret Garden”.

11 Ago 2023

Entretenimento | “ART TOY CON 2023” regressa esta semana ao Venetian

Depois de dois eventos na Casa de Vidro, o “ART TOY CON 2023” decorre entre amanhã e domingo no espaço “Play Hub”, no Venetian. Dedicado ao tema do basquetebol e cultura de rua, esta é a oportunidade de ver um evento internacional dedicado aos brinquedos de arte

 

Chama-se “ART TOY CON 2023” (ATC Macau) e é um evento de cariz internacional dedicado aos brinquedos de arte, com exposições e workshops, que acontece entre sexta-feira e domingo no espaço “Play Hub”, no Venetian. Segundo um comunicado da organização, esta é a primeira vez que um evento de cariz internacional se realiza, em simultâneo, de forma presencial e online, em Macau e em nove regiões da América Latina e da Europa. A ideia é proporcionar “terreno para uma experiência verdadeiramente inovadora no mundo dos brinquedos de arte”.

Juntam-se, assim, pessoas ligadas ao mundo peculiar deste tipo de brinquedos, que podem valer verdadeiras fortunas, por serem trabalhos de autor. Assim, entusiastas da arte, criativos e coleccionadores de países como o México, El Salvador, Costa Rica, Colômbia, Argentina, Peru, Venezuela, Chile, Espanha e também Macau terão a oportunidade de estar num espaço dedicado a este tipo de arte.

O evento no Venetian será marcado por “dois dias consecutivos de criatividade e inspiração”, sendo que o ATC Macau promete ser “uma plataforma dinâmica para os talentos locais de Macau e Hong Kong mostrarem os seus [projectos] para uma audiência global e comunidades homólogas no Ocidente”, lê-se.

O ATC Macau é organizado pela Sociedade de Arte da Cidade de Macau, a Toy Academy [Academia do Brinquedo], representante do evento no território e em Hong Kong, e a UC Media Limited. A iniciativa tem como tema principal o basquetebol e a cultura de rua. Podem ser vistos trabalhos de “Bucket King”, artista natural de Macau, “CRU:ZFX”, de Munique, Alemanha; do “JAB 2020 Studio” e “Kilo One”, estúdio e artista dedicados aos brinquedos de arte de Guangzhou. De Hong Kong chega “Jim Dreams” e “Kwokin Workshop”, enquanto “Starman” chega do Ecuador e “Vastar” de Taipei.

Múltiplas personagens

Os artistas acima referidos apresentam os seus trabalhos na exposição “Slot & Shot”, onde podem ser vistas “reinterpretações únicas de brinquedos”, que “vão além dos limites da criatividade. Esta mostra tem como objectivo “trazer a Macau a cultura internacional de brinquedos artísticos”. Neste contexto, foi criado o personagem de um brinquedo artístico, “MACBALLZ”, sendo que os oito artistas convidados criaram desenhos personalizados para ele. Serão também criadas obras de arte criadas pela equipa da Nativo Workshop, além de ser realizado uma espécie de mercado de brinquedos de arte, o “Art Toy Mart”. A mostra no “Play Hub” inclui um total de quatro zonas que podem ser exploradas pelos amantes e coleccionadores deste tipo de brinquedos.

O ATC Macau revela ainda o trabalho de Bendito Calabazo, designer de brinquedos artísticos na Colômbia, sendo este o artista em destaque deste evento. Os brinquedos criados por Calabazo baseiam-se nos temas do mal e do grotesco, combinando com o lado cómico característico de um desenho animado. O artista espera, neste evento, revelar o seu trabalho nesta região do mundo, bem como “expandir horizontes” e partilhar algo que, para si, se tornou num passatempo e numa paixão.

Tanto a “Slot & Shot” como um debate sobre os brinquedos de arte decorreram no último fim-de-semana na Casa de Vidro do Tap Seac. A conversa contou com a presença de diversos artistas desta área que partilharam diversas experiências artísticas, com nomes como Eric So, Planet X e AfterWorkShop, de Hong Kong, ou ainda Chester Greenbag, da Argentina.

A Toy Academy apresenta-se como um “colectivo visionário movido pela partilha da paixão pelos brinquedos de arte”. Neste grupo estão amigos “com diversas origens criativas, incluindo o design de brinquedos, ilustração, arte de rua, graffiti e publicidade”. A criação deste colectivo partiu “de um sonho comum” com vista a criar “uma plataforma inovadora” que ligasse Macau ao mundo. A ideia foi, desde sempre, criar uma comunidade de entusiastas por brinquedos artísticos, explicam no mesmo comunicado.

9 Ago 2023

Óbito | Realizador do “Exorcista” morre aos 87 anos

O realizador norte-americano William Friedkin morreu esta segunda-feira, aos 87 anos, em Los Angeles, vítima de insuficiência cardíaca e pneumonia, confirmou a mulher, Sherry Lansing, à imprensa.

Friedkin fica na história do cinema pela assinatura em vários filmes na década de 1970, com particular destaque para “Os Incorruptíveis contra a Droga” (1971), que lhe deu o Óscar para Melhor Realizador (numa edição dominada pela obra, que ganhou Melhor Filme), e “O Exorcista” (1973), que lhe valeu outra nomeação na mesma categoria.

O seu último filme, “The Caine Mutiny Court-Martial”, tem estreia prevista para o Festival de Cinema de Veneza, que começa no final deste mês. Como recorda o jornal New York Times, “Os Incorruptíveis contra a Droga” foi filmado em Nova Iorque por menos de dois milhões de dólares, na altura, mostrando ao espectador algo pouco comum em filmes policiais: um realismo próximo do documentário e uma acção enervante. O diário recorda que a cena de perseguição do filme protagonizado por Gene Hackman é amplamente considerada a melhor de sempre do cinema.

Por seu lado, o filme que se seguiu, “O Exorcista”, facturou 500 milhões de dólares a nível global, como lembra a publicação Variety que lhe atribui, a par de “O Padrinho”, a responsabilidade pelo início da era do ‘blockbuster’ em Hollywood.

Nas redes sociais, os tributos multiplicaram-se, como o do actor Elijah Wood, que o rotulou de “mestre cinemático cuja influência se vai continuar a estender para sempre”.

9 Ago 2023

Creative Macau | Vinte anos de existência celebrados em “Quatro Estações”

A Creative Macau celebra 20 anos de existência no próximo dia 28 e, para assinalar a efeméride, convidou 40 artistas membros para exibirem as suas obras numa mostra intitulada “Quatro Estações”. Podem, assim, ser vistos trabalhos de nomes como Carlos Marreiros e Alexandre Marreiros, Adalberto Tenreiro e Yaya Vai, entre outros, estando ainda prevista a edição do livro “DOCUMENTA 2023”, relativo ao aniversário

 

É uma data redonda que não pode passar em branco. Os vinte anos de existência da Creative Macau, espaço dedicado às indústrias culturais e criativas estabelecido em Macau a 28 de Agosto de 2003, serão celebrados com uma exposição intitulada “Quatro Estações”, em que se poderão ver trabalhos de 40 artistas membros da Creative, nomeadamente os arquitectos Carlos Marreiros e Adalberto Tenreiro e os artistas Yaya Vai, Dennis Murell ou Justin Ung, entre outros, incluindo uma obra da própria directora da Creative Macau, Lúcia Lemos.

Além da exposição, que termina a 29 de Setembro, o aniversário celebra-se também com a edição do “DOCUMENTA 2023”, livro que será oferecido aos membros da Creative Macau.

Em comunicado, a Creative Macau aponta que estas têm sido “duas décadas de intensa actividade artística e cultural com a comunidade criativa”, sempre com a missão de “acolher profissionais consagrados e novos talentos em busca de reconhecimento”.

O tema “Quatro Estações” engloba “todas as variações vividas ao longo de duas décadas”. “Embora as Quatro Estações apelem aos sentidos sensoriais, a vida humana tem inúmeros significados no que respeita à sua capacidade criativa”, destaca a direcção da Creative Macau.

Estações na história

A Creative Macau aponta ainda nomes de personalidades ligadas ao meio artístico que, ao longo da história, foram retratando as quatro estações do ano, nomeadamente o Inverno, Primavera, Verão e Outono.

Assim, no período da Grécia Antiga, entre os anos 800 a 146 a.c., as quatro estações foram retratadas em esculturas, enquanto na China, no período da dinastia Tang, entre os anos de 618 a 907 d.c., o poeta Li Bai, que viveu entre os anos 701 e 762, escreveu as “Baladas das Quatro Estações”, enquanto os pintores Zhou Fang e Zhang Xua, entre outros, inspiraram-se nas estações para criar as suas obras imortais. Na época medieval, entre os anos de 476 a 1450, ou seja, até ao século XV, os europeus moralizaram as estações do ano através de ilustrações de virtudes e vícios, enquanto na época do período Edo japonês, entre os anos de 1615 e 1868, foram criados ritos ilustrativos através de xilogravuras.

Também no Japão, mas em 1832, Hokusai Katsushika retratou o Monte Fuji em “Trinta e seis vistas do Monte Fuji” dentro das quatro estações do ano e em diferentes locais com diferentes condições climatéricas.

No período do Renascimento italiano, o pintor italiano Giuseppe Arcimboldo pintou, entre os anos de 1503 e 1590, o busto alegórico da natureza com uma “extraordinária imaginação em interpretações simbólicas e acutilantes para a época”, tendo personificado “os frutos da terra e do mar de cada estação, revelando a essência da Humanidade”.

Desta forma, aponta a Creative Macau, “as estações do ano e os seus fenómenos alteram significativamente a concretização dos desejos e sonhos das pessoas, levando-as a crescer aprendendo e falhando até conseguir”.

9 Ago 2023

FRC | Inaugurada hoje exposição colectiva sobre banda desenhada

A Fundação Rui Cunha acolhe, a partir de hoje, duas exposições, sobre banda desenhada asiática de Macau e Manga, em cooperação com a Associação de Promoção de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau. O público pode ver 60 trabalhos, em datas diferentes, com curadoria de Howard Chan

 

Intitula-se “Exposição de Banda Desenhada Asiática de Macau + Exposição de Manga ArmourMan”, e são duas exposições que podem ser vistas a partir de hoje, em datas diferentes, na Fundação Rui Cunha (FRC). Em parceria com a Associação de Promoção de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau, a mostra sobre banda desenhada decorre entre hoje e 12 de Agosto, enquanto a exposição sobre Manga acontece entre os dias 14 e 19 deste mês.

Howard Chan, presidente da associação, é o curador da mostra que inclui, no total, mais de 60 obras, sendo que, na primeira semana, serão mostradas metade, da autoria de dez artistas asiáticos de banda desenhada, não só de Macau e Hong Kong, mas também de Singapura, Coreia e Japão. Serão depois exibidas as restantes 30 obras de banda desenhada de James Khoo, o autor da famosa série “ArmourMan” e nome de referência no meio artístico de Hong Kong.
Na primeira mostra, que é hoje inaugurada, revelam-se os mais recentes trabalhos de banda desenhada criados pelos membros da associação, incluindo nomes de artistas como Vincent Ho, Wing Mo, Greymon Chan, Leung Wai Ka, Z, Nasu, Hiroshi Kanatani, ST, Yeo Hui Xuan e Sean Kim.

Mestre de Hong Kong

Entre os dias 14 e 19 será a vez de ver de perto o trabalho mais recente do mestre de banda desenhada de Hong Kong, James Khoo Fuk Lung, considerado o pai de “ArmourMan” que se tornou num verdadeiro blockbuster da banda desenhada assim que foi lançado no território vizinho. As revistas semanais também conseguiram vendas record em Macau, com a maioria das bancas a esgotarem em 2 dias. James Khoo é um autor experiente de BD. A sua primeira obra-prima, “Iron Marshal”, vendeu 60.000 livros quando lançado. Mais tarde vieram sucessos de bilheteira como “Eastern Invincible”, “DragonMan” e muitos outros.

“ArmourMan” é o seu mais recente trabalho e tornou-se a revista semanal de BD mais vendida em Hong Kong. Por este motivo, James Khoo foi convidado para apresentar alguns dos seus trabalhos em Macau, com o objectivo de trazer até aos jovens locais e visitantes este super-herói da actualidade.

A Associação de Promoção do Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau surgiu em 2014 para apoiar o desenvolvimento profissional da indústria, o intercâmbio técnico e a cooperação entre ilustradores locais e estrangeiros, com vista a assegurar mais projectos de alta qualidade e em grande escala, bem como publicações, palestras e outras actividades que beneficiem a comunidade de Macau. A entrada é livre em ambas as exposições.

8 Ago 2023

CCCM com cursos sobre Direito e tradução em Setembro

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, está a aceitar inscrições para dois cursos livres que arrancam em Setembro. Um deles, com candidaturas até 18 de Setembro, é um curso sobre tradução criativa ministrado pelo tradutor de poesia chinesa António Graça de Abreu e Ana Cristina Alves, académica na área da filosofia chinesa e coordenadora da área formativa do CCCM.

Este curso, que inclui módulos como a tradução de provérbios filosóficos chineses, métodos na tradução entre o chinês e o português ou ainda as técnicas utilizadas na tradução de chinês para português na poesia chinesa, com recurso a autores como Shi Jing, Yang Lian, Gu Cheng e Bei Dao. Os formandos podem ainda aprender mais sobre a poesia na dinastia Tang, entre os anos de 618 e 907 a.c., com nomes como Li Bai, Du Fu, Wang Wei e Han Shan, entre outros.

Pretende-se, com este curso, “ensinar a traduzir de chinês para português e de português para chinês, com base em materiais literários e filosóficos já traduzidos ou a traduzir durante as várias sessões”. Assim, serão traduzidos e analisados poemas e pequenos contos, como as colectâneas poéticas de António Graça de Abreu e as antologias de contos da escritora Isabel Mateus, tendo por base pedagógica o manual “Culturas em Diálogo: A Tradução Chinês-Português”, lançado pela Universidade de Macau em 2016.

Ensinar Direito

Outra acção de formação que decorre no CCCM a partir de 15 de Setembro, acontece na área do Direito, com o curso intitulado “Introdução ao Direito de família em Macau e em Portugal numa perspectiva jus-comparatística”, ministrado por Paula Nunes Correia, ex-professora da Faculdade de Direito da Universidade de Macau.

Este curso livre tem por objectivo “tratar de diversos aspectos relacionados com o Direito da Família em Macau e em Portugal” numa perspectiva comparada. Assim, “serão introduzidos tópicos como os vários tipos de casamento, o divórcio e até a adopção”, a fim de garantir aos alunos “uma introdução abrangente, embora abreviada, destes importantes aspectos sócio-culturais”. O curso termina a 3 de Novembro e decorre mediante um número mínimo de inscrições.

7 Ago 2023

Lisboeta Macau | “To Cross” junta jovens artistas de diversas regiões

Pode ser vista até 10 de Setembro a exposição “To Cross” que mostra trabalhos de cinco jovens artistas asiáticos de Macau, Taiwan, Shenzhen e Banguecoque. Com curadoria de Hera Yang, este é mais um dos eventos culturais que integra o extenso cartaz da Bienal Internacional de Arte Macau 2023

Sik Ka Kit e Wong Weng Cheong, de Macau, Yun-Chu Chien, de Taipé, Taiwan, Zhao Ye Shi, de Shenzhen e Tanes Naipanich, de Banguecoque. São estes os nomes dos artistas integrantes da mais recente exposição do Espaço de Arte H853, no Lisboeta Macau, intitulada “To Cross – Exposição de Jovens Artistas Asiáticos” e que integra o programa da edição deste ano da Bienal Internacional de Arte Macau.

Esta mostra “apresenta obras de arte visuais contemporâneas de um grupo de jovens artistas asiáticos talentosos que exploram questões de destino comum e preocupações partilhadas”, tendo como curadora Hera Yang. Segundo um comunicado do Lisboeta Macau, a exposição “tem como objectivo levar o público a explorar a maravilhosa integração de diversas culturas e apreciar as diversas faces da arte contemporânea criada por uma nova geração de artistas asiáticos”.

Os jovens criadores produziram, assim, arte por diversos meios e formatos, incluindo “pinturas orientais, ocidentais, vídeos e instalações”, a fim de “mostrar estilos e técnicas criativas e explorar conjuntamente as emoções e pensamentos da humanidade face ao destino e às estatísticas, proporcionando ao público um espaço de reflexão e diálogo”.

Fórum artístico

Além da exposição propriamente dita, decorreu ainda, no sábado, o fórum “O Entrelaçar de Perspectivas: Explorando Perspectivas Multidimensionais da Arte Contemporânea”, que juntou oito artistas e académicos de todo o mundo a fim de “discutir as contradições visuais e os métodos práticos da arte contemporânea”, bem como “a interpretação da pintura por jovens artistas asiáticos e a identificação com a memória e a história”.

A organização espera que a mostra “To Cross” possa “promover o desenvolvimento e o intercâmbio da arte asiática, estabelecendo uma plataforma de diálogo entre o público e os artistas”.

A exposição pode ser vista entre as 10h e as 22h, de segunda-feira a domingo, no Espaço de Arte H853 no Hotel Lisboeta, no Grand Lisboa Palace, empreendimento da Sociedade de Jogos de Macau no Cotai.

6 Ago 2023

Duas exposições em Lisboa recordam centenário do nascimento de Mário Cesariny

Duas exposições sobre a vida e legado do artista plástico e poeta Mário Cesariny (1923-2006) vão ser inauguradas em Lisboa esta quarta-feira, data do centenário de nascimento, recordando ainda ligações a criadores seus contemporâneos.

“Primeira Pessoa” dá título a uma das exposições, a inaugurar na Casa da Liberdade – Mário Cesariny, com um conjunto de documentos provenientes dos vários espólios que a instituição alberga, anunciou a organização, em comunicado.

Entre pintura, fotografias, poemas e outras obras visuais de Cesariny, estará ainda patente correspondência com a escultora e poeta surrealista Isabel Meyrelles, e a trocada com Yoko Ono, na qual a artista lhe encomenda uma obra para homenagear John Lennon no Central Park, em Nova Iorque, obra essa também patente na exposição.

Na Perve Galeria, em Alfama, serão mostradas as relações estabelecidas entre Cesariny “… e os seus contemporâneos”, exposição que sublinha as suas colaborações com surrealistas portugueses e estrangeiros, “e a relação crítica, assertiva, com alguma da tradição nacional”, segundo o texto.

A organização quis salientar o impacto do autor, e do Surrealismo português, não só em Portugal como no contexto da Lusofonia, apresentando obras de artistas africanos que tinham afinidades com Cesariny, como Ernesto Shikhani, Inácio Matsinhe, Malangatana Ngwenya, Manuel Figueira e Reinata Sadimba.

As exposições “Primeira Pessoa” e “… e os seus contemporâneos”, com curadoria de Carlos Cabral Nunes, são inauguradas quarta-feira, às 18h, e estarão patentes até 26 de Novembro, dia em que se assinalam 17 anos volvidos sobre a morte de Mário Cesariny.

Recordações a norte

Em Julho, a Fundação Cupertino de Miranda (FCM), em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, detentora da maior parte do acervo pessoal, artístico e documental de Cesariny, anunciou um programa de comemorações do centenário do nascimento do pintor para decorrer a partir deste mês e durante um ano, com a realização de várias exposições, encontros, conversas, espetáculos, concertos e edições.

Nesse contexto, vai ser inaugurada no sábado, na FCM, a exposição “Mário Cesariny: Em todas as ruas te encontro”, que marca o início das celebrações e que vai estar patente até 8 de Setembro de 2024. O artista e poeta proporcionou à FCM a incorporação, por compra, doação e legado de uma grande parte da sua biblioteca e acervo artístico e documental.

As celebrações do centenário do nascimento de Mário Cesariny estendem-se a outras cidades do país, além de Lisboa, Amarante e Coimbra, e, também no estrangeiro, nomeadamente em França. Em Novembro, será apresentada, no Théâtre de La Ville de Paris, a antologia de poesia traduzida para francês, bilingue, com tradução de Bernardo Haumonte e prefácio de Emília de Almeida.

6 Ago 2023

Fotografia | Exposição “Bicicletas de Macau” patente em Castelo Branco

Regressado a Portugal há uns meses, o fotógrafo António Mil-Homens continua a mostrar Macau no país. O seu mais recente projecto é a exposição de fotografia “Bicicletas de Macau” que pode ser vista até 17 de Setembro na Casa do Arco do Bispo, em Castelo Branco. A mostra poderá dar origem a um debate sobre mobilidade urbana

 

Antes de regressar definitivamente a Portugal, depois de décadas a viver em Macau, o fotógrafo António Mil-Homens guardou dezenas de fotografias na bagagem prontas a expor. Um dos conjuntos diz respeito às “Bicicletas de Macau”, nome que titula a sua mais recente mostra, patente na Casa do Arco do Bispo, em Castelo Branco, Portugal, até ao dia 17 de Setembro.

As imagens mostram, assim, os raros sinais da mobilidade através da bicicleta nas ruas de Macau, tendo em conta as dificuldades de locomoção neste meio de transporte tendo em conta a poluição e o trânsito excessivo.

Ao HM, António Mil-Homens explicou as origens desta iniciativa. “Fazer esta exposição surgiu na sequência da colaboração que tenho mantido com o jornal ‘Regiões’ de Castelo Branco. Referi ao Fernando de Jesus Pires [fundador e director do jornal] que uma das exposições que tinha pronta a instalar em qualquer lado era esta, das bicicletas de Macau. Ele apresentou a ideia ao José Dias Pires, presidente da junta de freguesia de Castelo Branco, que ficou entusiasmado com a explicação do conceito da exposição.”

António Mil-Homens diz ter conseguido fazer o que sempre deseja para as suas exposições, ou seja, conciliar diversos formatos expositivos. Assim, além das fotografias coladas na parede, existem ainda aros com imagens dentro, a imitar as rodas das bicicletas, penduradas no espaço da exposição.

“Estou muito contente com o que consegui produzir em termos de instalação da exposição”, confessou o fotógrafo, que pretende expandir este projecto. “Ainda tenho a esperança de editar um livro, não apenas com as 35 fotografias de bicicletas que fazem parte desta exposição, mas com um total de 77. Esse projecto está em marcha e inclui ainda um texto meu e do José Luís Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus”, afirmou.

Relativamente ao texto introdutório de Sales Marques sobre esta mostra, este refere que as bicicletas captadas pela lente de Mil-Homens “espelham a identidade dos seus anónimos proprietários e utilizadores, e o meio em que se movimentam”. “Trazem algo do passado, parecem anacrónicas, estão estacionadas em passeios públicos da cidade antiga, ou temporariamente aprisionadas a postes de sinalização, sugerindo um modo de vida e um ambiente urbano circundante que só pode ser o de uma cidade com passado, onde as pedras das calçadas contam o tempo tomando o século por unidade”, escreveu ainda.

Tendo em conta que a cidade de Castelo Branco tem uma instituição de ensino superior – o Instituto Politécnico de Castelo Branco – a ideia é fazer ainda “uma apresentação em Setembro, para que possa haver um debate ou colóquio sobre mobilidade urbana e o uso da bicicleta como meio de transporte, uma vez que é nessa altura que muitos estudantes regressam a Castelo Branco”.

Imagens em movimento

“Bicicletas de Macau” vai ainda fazer um itinerário por outras cidades portuguesas, nomeadamente Coimbra, onde vai residir entre os meses de Janeiro e Fevereiro do próximo ano. Mil-Homens adiantou ainda que “já há contactos para a exposição ser apresentada também em Penamacor”.

O fotógrafo, que também se embrenha na poesia e pintura, pretende mostrar em Portugal todas as exposições e colecções que levou na bagagem. “No fundo, quero manter a ligação a Macau, sendo que mudei a minha base de trabalho.”

Debater o uso da bicicleta no espaço urbano é importante para António Mil-Homens, que em Macau sempre tentou deslocar-se desta forma, sem sucesso. No entanto, a esperança de que as autoridades venham a criar novas ciclovias e a introduzir mais viaturas eléctricas não morreu.

“Quer queiramos, quer não, o tráfego está cada vez mais intenso, tendo aumentado o nível de poluição, [pelo que é mais difícil andar de bicicleta em Macau]. Espero que a médio prazo isso vai sendo atenuado com a introdução de mais veículos e autocarros eléctricos”, rematou.

3 Ago 2023

Concerto | Suede ao vivo em Macau em Novembro

A banda britânica Suede será cabeça de cartaz do KoolTai Macao Music Fest, que está programado para os dias 11 e 12 de Novembro. Ainda com pouca informação disponível, como preço de bilhetes e local, a primeira levada de artistas inclui a cantora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, os Per Se de Hong Kong e a banda local Scamper

 

Na terça-feira, os Suede confirmaram na sua página oficial de Facebook, e contas de várias redes sociais, que vão dar um concerto em Macau em Novembro. “Os Suede têm o prazer de anunciar que vão estar no Kooltai Macao Music Festival, que acontecerá em Macao Cotai, China, nos dias 11 e 12 de Novembro de 2023”, pouco mais se sabe do enigmático festival, além de um site oficial e contas no Facebook e Instagram. Aí, não é indicado o local onde se realizará o festival, nem os preços dos bilhetes, mas são anunciados mais bandas e a promessa de que mais artistas se seguirão.

Para já, além da banda britânica, o cartaz inclui a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se e a banda de Macau Scamper.

Apesar das incertezas que ainda pairam sobre o evento, a vinda de Suede a Macau marcará o retorno de um grande nome da música pop mundial das últimas décadas ao cartaz cultural da cidade, há muito quase exclusivamente composto por artistas e bandas chinesas e asiáticas.

Formados em 1989, em Londres, a banda de Brett Anderson e companhia acabaria por lançar em 1993 o disco de estreia “Suede” que lhes valeu logo um público leal e aclamação crítica, de onde saíram singles como “Animal Nitrate”, “So Young” e “The Drowners”.

Porém, foi três anos depois que os Suede, com o álbum “Coming Up”, atingiriam o estrelato, com singles como “Beautiful Ones”, “Lazy”, “Filmstar” e “Trash”. “Coming Up” acabaria de não só tornar a banda britânica num sucesso à escala mundial como orientar o som e estilo dos Suede para áreas mais glam rock, a evocar imagens e conceitos sonoros de Roxy Music, T-Rex e David Bowie.

Com o primeiro disco a celebrar 30 anos do seu lançamento, os Suede chegam a Macau pela primeira vez depois de várias passagens por Hong Kong. Na bagagem trazem nove discos, o último lançado no ano passado (Autofiction) marcando mais uma viragem na evolução dos Suede para sonoridades mais orquestrais e cinematográficas.

Brasil japonês

Lisa Ono é outro dos destaques na primeira leva de artistas do KoolTai Macao Music Fest. A cantora, compositora e violinista brasileira, nascida em São Paulo numa família de origem japonesa, acabou por se tornar numa espécie de embaixatriz não oficial da bossa nova e música popular brasileira no Japão.

Apesar de só ter vivido no Brasil até aos 10 anos de idade, Lisa Ono tem uma longa carreira discográfica, em que a larga maioria dos discos são cantados em português.

Joanna Wang é o nome que se segue na lista de artistas apresentados pela empresa que organiza o festival. A cantora e compositora taiwanesa, que actuou em Macau há 10 anos no Rota das Letras, é conhecida pela sua poderosa presença de palco, dona de uma voz descontraída e cavernosa.

Nascida em Taipé, Joanna Wang cresceu em Los Angeles e aos 16 anos abandonou os estudos para mergulhar a fundo no mundo da música, rumo natural para quem sempre esteve a vida toda rodeada por discos e artistas, uma vez que o seu pai é produtor musical.

Joanna Wang teve um baptismo de fogo em termos discográficos, lançando em 2008 um álbum duplo, “Start from Here”, que lhe iria imprimir um rótulo inicial de cantora de jazz, valendo-lhe comparações a outras vozes como Astrud Gilberto e Diana Krall. O disco de estreia, cantado em inglês e mandarim foi um sucesso asiático, vendendo mais de 200 mil exemplares.

Apesar da curta carreira, Joanna Wang tem uma discografia vasta para uma artista de 35 anos, contando já com 11 discos.

Música local

Finalmente, o cartaz do KoolTai Macao Music Fest apresenta um duo de Hong Kong e uma banda de Macau. Os Per Se, oriundos da região vizinha, são constituídos por Stephen Mok na guitarra e Sandy Ip nos teclados. A banda descreve a sua sonoridade como “pop poético”, com músicas cantadas em cantonês e inglês. Antes de formarem os Per Se, Stephen Mok e Sandy Ip estudaram música clássica e tocaram numa banda de punk rock, até descobrirem um formato de composição que começa com um tema, uma ideia, antes de haver som.

Finalmente, os Scamper são uma banda de pop-punk de Macau que tem feito parte de várias edições do festival Hush e chegaram a fazer a primeira parte do concerto de Linking Park quando a banda norte-americana actuou em Macau, em 2009.

O HM contactou a organização do festival para tentar perceber em que local se irá realizar o evento, mas até ao fecho desta edição não recebeu resposta.

3 Ago 2023

Portugal repõe quota de música portuguesa em 30 por cento

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, assinou a portaria que repõe a quota mínima de música portuguesa na rádio nos 30 por cento, durante um ano, tendo o diploma seguido para publicação em Diário da República, anunciou segunda-feira o ministério.

“A programação musical dos serviços de programas de radiodifusão sonora é obrigatoriamente preenchida com a quota mínima de 30 por cento de música portuguesa”, lê-se no texto da portaria à qual a Lusa teve acesso. A portaria deve entrar em vigor a 01 de Setembro próximo, “produzindo efeitos pelo período de um ano”.

O ministério justifica a medida pela relevância que “a produção de música portuguesa apresenta hoje” e a “vitalidade que permite às rádios cumprir o regime de quotas, sem comprometer a diversidade e a coerência do projeto editorial de cada serviço de programas”.

O ministério salienta que o espectro radioeléctrico é um recurso público limitado, e “o Estado tem legitimidade para determinar o cumprimento de obrigações específicas, em nome do interesse colectivo”.

“Note-se que a rádio por via hertziana terrestre continua a ser o principal meio de escuta de música para um número elevado de pessoas e que a emissão radiofónica, apoiada por um sistema de quotas, contribui para a diversidade da oferta musical”, lê-se na portaria.

Conversas parlamentares

No início do mês, a 05 de Julho, no Parlamento, o ministro demonstrara disponibilidade para fixar a quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios em 30 por cento, enquanto se aguardava pela proposta de revisão da lei da rádio, a apresentar pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

Pedro Adão e Silva sugeriu então que o Parlamento aguardasse “pela proposta de revisão da Lei da Rádio da ERC”, já que o processo legislativo que se tinha iniciado dificilmente terminaria este mês, em que encerrou a actual sessão legislativa.

“O Governo, nos termos que a lei prevê, isto é, ouvindo e consultando o sector, pode fixar por portaria, e essa é a minha disponibilidade, os 30 por cento [quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios]”, adiantou então Pedro Adão e Silva.

A quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios, prevista na Lei da Rádio, entrou em vigor em 2009. Nessa altura, foi estabelecido que seria de 25 por cento, mas o valor subiu para 30 por cento em Março de 2021, como uma medida de resposta à pandemia da covid-19.

Um ano depois, em 2022, a quota mínima regressou aos 25 por cento e esta decisão do Governo acabou por ser criticada publicamente pelo sector, nomeadamente por dezenas de artistas portugueses.

2 Ago 2023

Art Space | Félix Januário Vong apresenta recriações de obras de arte

A galeria Art Space, na vila da Taipa, acolhe a partir de hoje a exposição “O Primeiro Museu de Arte Contemporânea de Macau”, da autoria do jovem artista residente Félix Vong. A viver em Portugal, o artista fez uma espécie de apropriação de obras de artistas conhecidos para lhes dar uma roupagem nova, muito sua. Vong colaborou ainda com artistas portugueses

 

Na sua primeira exposição a título individual, Félix Vong aventurou-se em dar novas perspectivas e interpretações a obras de arte bem conhecidas de todos. Assim, em “O Primeiro Museu de Arte Contemporânea de Macau”, apresenta-se, por exemplo, com algum bom humor e originalidade, uma nova versão de um quadro de pop art, com “Explosions (after Roy Lichtenstein)”.

Ao HM, o artista revelou que desde o primeiro momento queria “apresentar algo que nunca tivesse sido apresentado ou que não tenha existido em Macau, algo específico para a cidade onde nasci e cresci”.

Isto porque, na visão do artista, “não existe um museu em Macau puramente dedicado à arte contemporânea, ao mesmo tempo que o estudo das artes visuais, no meio académico, é muito escasso”, daí a opção pelos estudos superiores em Lisboa.

Nesta mostra, o artista coloca questões como o que é um museu de arte ou aquilo que podemos entender como arte contemporânea, ou até aquilo que pode, ou não, ser considerado arte. “Pensei em ‘fingir’ tudo, porque acho que é uma boa ideia permitir que as pessoas recomecem a pensar na arte contemporânea e na nossa cultura e história, ou ainda na nossa identidade, existência e futuro”, frisou.

Félix Vong não se inspirou num artista em particular, pois assume inspirar-se também na sociedade, política, dinheiro, Internet, conflitos bélicos ou mesmo nos seres humanos, animais e religiões. Ou seja, todas as componentes da vida humana e da sua existência. Como inspirações podem ainda incluir-se o cinema, a física ou a astrologia, entre muitos outros, adiantou.

Para esta mostra, colaborou ainda com 12 artistas portugueses, nomeadamente Ana Pessoa, Diogo Costa, Eduardo Fonseca e Silva, Gil Ferrão, Hugo Teixeira, João Fonte Santa, Martîm, Pedro Gramaxo, Rafael Raposo Pires, Samuel Duarte & Rita Anuar, bem como Sara Mealha.

Todos eles colaboraram numa obra de arte que não foi criada por Félix Vong, mas da qual ele se considera artista integrante. “Este gesto visa questionar a autoria das obras de arte. É algo desafiante, porque precisas de muito estudo e visitas para escolher quem vais convidar, quem é a melhor pessoa para o projecto e que tipo de trabalho pode enquadrar-se. Há muita comunicação e energia [gastos] neste processo.”

Para descrever este processo colaborativo, Félix Vong cita uma frase de Gavin Turk, artista visual: “A minha arte é sempre a arte dos outros, mas gostaria de dizer que a inevitabilidade da arte contemporânea é que é sempre, e também, um auto-retrato.”

Assumir a cópia

Convidado a descrever as suas próprias peças, Félix Vong refere-se a elas como, simplesmente, “obras de arte”, defendendo que caberá ao público definir aquilo que vai ver. No entanto, não deixa de citar Salvador Dali, grande nome do surrealismo: “Aqueles que não querem imitar nada, produzem nada”.

João Ó, arquitecto e dirigente da galeria Art Space, revela que o convite para esta mostra foi feito há cerca de um ano, e que o artista “aceitou de forma reticente porque ainda estava a estudar”. “Disse-lhe então que o meu papel enquanto curador é para incentivar a mostrar o trabalho de artistas locais, e a ideia era dar coragem à realização da sua primeira exposição a nível local”, acrescentou.

Para o curador, esta mostra constitui um exemplo de como “um aluno europeu interpreta a história de arte”. “Ele pega em todos os artistas que estudou e viu da arte contemporânea europeia e ocidental. Na minha perspectiva, está a aprender copiando os outros, mas ele dá a volta ao projecto visual desta exposição, pois copia e assume que faz essa cópia, apresentando-a como se fosse uma obra de arte. Há um assumir da cópia de forma descarada, mas com uma nova interpretação e novas questões”, adiantou. Esta é uma apresentação “não convencional” de um artista que se considera conceptual, descreve João Ó. A exposição pode ser vista até ao dia 22 de Setembro.

2 Ago 2023