Táxis | Infrações cometidas por taxistas caem 48,2% em 2019

Desde 3 de Junho com a aplicação da nova lei dos táxis, e até ao final de 2019, as infrações cometidas por taxistas caíram drasticamente. Segundo dados da PSP, o número de casos de cobranças excessivas caiu mesmo 96 por cento comparando com o mesmo período de 2018

 
[dropcap]D[/dropcap]epois da entrada em vigor do “regime jurídico do transporte de passageiros em automóveis ligeiros de aluguer”, a chamada lei dos táxis, o número de infrações cometidas pelos taxistas diminuiu quase para metade (48,2 por cento) em termos anuais, em relação a 2018, revelou na passada sexta-feira, a Polícia de Segurança Pública (PSP). Assim, em 2019 foram registados, no total, 3,172 casos, uma descida de 2,954 casos em relação a 2018, ano em que se registaram 6,126 infrações de taxistas.
Já quando confrontado o período compreendido entre 3 de Junho e 31 de Dezembro de 2019 e o mesmo período do ano anterior, os números divulgados da PSP, citados pelo Macau News, mostram uma descida de infrações ainda mais notória, fixando-se nos 85,1 por cento. Segundo a mesma fonte, durante esta janela temporal foram registados 475 casos, uma descida de 2,708 infrações em relação a 2018, quando a polícia registou um total de 3,183 ocorrências. Segundo a PSP, dos 475 casos, 73 disseram respeito a cobranças excessivas, 121 a situações de recusa de serviço e 281 a outras situações.
Especificando o impacto da nova lei por tipo de irregularidade, o relatório da PSP refere que o número de casos de cobranças excessivas desceu 96,4 por cento de um ano para o outro, quando comparado o período visado entre Junho e Dezembro. Já o número de casos referentes à recusa de serviço caiu 81,8 por cento, face ao mesmo período de sete meses entre 2018 e 2019.

Vida nova

O aumento significativo das multas terá estado assim na base da diminuição do número de ocorrências. Com a entrada em vigor da nova lei dos táxis, a multa para a cobrança excessiva subiu de mil patacas para um valor entre as 6 mil e as 15 mil patacas, dependendo do dinheiro cobrado. Já em relação à recusa do serviço, está actualmente em vigor uma multa de 3 mil patacas, que representa um aumento de mil patacas.
Segundo informações citadas pelo Macau Post Daily, a PSP registou ainda uma diminuição de 26 por cento nos casos de taxistas sem licença, passando assim de 165 (2018) para 122 (2019). De acordo com a nova lei os casos de táxis a operar sem licença incorrem num multa de 90 mil patacas, ao passo que antes a multa era de 25 mil patacas.

Sacos de plástico | Coutinho pede aperfeiçoamento do regime legal

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre a necessidade de melhorar a legislação que restringe o fornecimento gratuito de sacos de plástico por lojas ou outros estabelecimentos comerciais, que entrou em vigor no passado dia 28 de Novembro.

Afirmando que a legislação “está ainda repleta de deficiências”, o que leva os residentes a sentir que “o Governo quer despachar o assunto”, o deputado lembrou na interpelação escrita que, em 2018, Macau “utilizou mais de 100 toneladas de sacos de plástico”, ultrapassando o número registado em cidades como Pequim ou Xangai, de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

José Pereira Coutinho aponta ainda que existem empresários que se estão a aproveitar da situação para “ganhar mais”, obrigando os clientes a adquirir sacos de plástico, mesmo quando não há necessidade e que a lei deixa de fora outros objectos como “palhinhas de plástico, caixas de esferovite e talheres de plástico”. Além disso, para o deputado, o dinheiro cobrado deveria ser aplicado “noutras medidas de protecção ambiental”.

Acusando o Governo de não ter avançado com “medidas concretas para reduzir, na fonte, a utilização de objectos de plástico”, o deputado sugere que seja regulamentada a disponibilização por parte de empresários de sacos ecológicos e de papel e a “redução do uso de películas aderentes para embrulhar frutas (…) milho, cebola e outros vegetais”.

Sacos de plástico | Coutinho pede aperfeiçoamento do regime legal

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre a necessidade de melhorar a legislação que restringe o fornecimento gratuito de sacos de plástico por lojas ou outros estabelecimentos comerciais, que entrou em vigor no passado dia 28 de Novembro.
Afirmando que a legislação “está ainda repleta de deficiências”, o que leva os residentes a sentir que “o Governo quer despachar o assunto”, o deputado lembrou na interpelação escrita que, em 2018, Macau “utilizou mais de 100 toneladas de sacos de plástico”, ultrapassando o número registado em cidades como Pequim ou Xangai, de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).
José Pereira Coutinho aponta ainda que existem empresários que se estão a aproveitar da situação para “ganhar mais”, obrigando os clientes a adquirir sacos de plástico, mesmo quando não há necessidade e que a lei deixa de fora outros objectos como “palhinhas de plástico, caixas de esferovite e talheres de plástico”. Além disso, para o deputado, o dinheiro cobrado deveria ser aplicado “noutras medidas de protecção ambiental”.
Acusando o Governo de não ter avançado com “medidas concretas para reduzir, na fonte, a utilização de objectos de plástico”, o deputado sugere que seja regulamentada a disponibilização por parte de empresários de sacos ecológicos e de papel e a “redução do uso de películas aderentes para embrulhar frutas (…) milho, cebola e outros vegetais”.

Vítor Sereno ganha prémio de diplomata económico do ano em Portugal

Vítor Sereno, ex-cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, actualmente a desempenhar funções de embaixador no Senegal, ganhou o prémio de diplomata económico do ano de 2019. Para Sereno, o prémio representa “uma mudança de paradigma geracional”

 

[dropcap]O[/dropcap] embaixador Vitor Sereno recebeu ontem o Prémio da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) para o diplomata económico do ano, premiando o trabalho em sete países da África Ocidental, incluindo Costa do Marfim e Senegal.

“É uma honra e uma responsabilidade, sou o mais novo de sempre a receber este prémio, é uma responsabilidade acrescida receber o Prémio Francisco de Melo e Torres enquanto embaixador responsável pelo Senegal, Gâmbia, Guiné-Conacri, Serra Leoa, Burkina Faso e Libéria”, disse Vítor Sereno, em declarações à Lusa.

Para o diplomata, a entrega do prémio mostra “uma mudança de paradigma geracional” e o reconhecimento do trabalho de “lóbi” feito pela embaixada.

“Nós trabalhamos o lóbi institucional, nós, representações internacionais de Portugal, não temos de ter medo de dizer que fazemos lóbi todos os dias pelas empresas portuguesas na região”, defendeu Vítor Sereno, que antes de ir para Dacar, em Setembro de 2018, já esteve destacado nas missões portuguesas em Roterdão, Macau e Hong Kong e Estugarda, entre outras.

A relação comercial entre Portugal e estes países africanos aumentou significativamente nos últimos anos, segundo o diplomata, que destaca as “enormes oportunidades para as empresas portuguesas” que queiram apostar na região.

“Entre 2018 e 2019, o investimento directo português nestes países passou de 74 milhões de euros para 180 milhões de euros, representando um aumento de 143 por cento, e o volume de negócios aumentou de 80 milhões de euros em 2018 para 190 milhões no ano passado, ou seja, subiu 237 por cento”, destacou o diplomata.

Os riscos

Apesar de destacar as oportunidades, Vítor Sereno não esconde os riscos existentes nos países para onde foi destacado. “Há quatro grandes riscos na minha zona, desde logo a presença em força de grandes economias, como a China, a Turquia e a França, que é incontornável, as dificuldades aduaneiras em certos produtos, como o vinho, o elevado preço do crédito bancário e um desconhecimento generalizado destes mercados pelas empresas portuguesas.”

Vítor Sereno pretende melhorar este aspecto com a organização de missões empresariais e a presença em feiras e exposições de carácter comercial.

Sobre o Senegal, país onde reside, o embaixador destaca que é um país muito apetecível, sendo uma das economias em mais rápido crescimento e com estabilidade política e segurança jurídica.

“A Costa do Marfim e o Senegal são das economias mais fortes do continente, o Senegal em 2019 foi a quinta maior a crescer em África e vai entrar no top 3 de certeza”, disse, destacando que “como diz o ministro dos Negócios Estrangeiros local, no Senegal vota-se ao domingo e trabalha-se normalmente à segunda-feira”.

Além da estabilidade política, Vítor Sereno salienta ainda os 12 mil milhões de euros em investimentos ao abrigo do plano Senegal Emergente, “que são oportunidades para os empresários portugueses na construção e obras públicas, agro-indústria, metalomecânica, energia e infra-estruturas logísticas”.

Metro ligeiro | Sulu Sou acusa DSAT de não seguir a lei

[dropcap]E[/dropcap]m relação às avarias verificadas desde o início da operação do sistema de Metro Ligeiro, o deputado Sulu Sou acredita que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) não reagiu de acordo com a “lei do sistema de transporte de metro ligeiro”.

“Considero inaceitável quando o director substituto da DSAT, Lo Seng Chi inventou um novo termo, descrevendo os três casos como ‘problemas menores’ dado que, de acordo a Lei, só existem duas hipóteses: acidente ou incidente”, apontou o deputado. Assim sendo, Sulu Sou considerou que a DSAT deve começar por esclarecer qual a natureza dos três casos. “Caso sejam incidentes, então a DSAT tem de esclarecer dois pontos: a necessidade de investigação técnica e a divulgação do relatório de investigação. No entanto, caso não haja necessidade de realizar uma investigação técnica, a DSAT também precisa de produzir um relatório que fundamente essa decisão”, explicou Sulu Sou.

Questionado sobre a resposta do Corpo de Bombeiros (CB) e facto de o organismo não ter notificado a comunicação social acerca da mais recente avaria do Metro Ligeiro, Sulu Sou afirmou que este tipo de informações deve ser divulgadas apenas por uma entidade. “Pelo que conheço, o CB tem um mecanismo muito eficaz para notificar os órgãos de comunicação social, por isso, não considero que o Metro Ligeiro seja um caso especial. O CB não deve criar excepções porque isso pode causar confusões entre departamentos e até ter consequências na opinião pública”, respondeu Sulu Sou.

Metro ligeiro | Sulu Sou acusa DSAT de não seguir a lei

[dropcap]E[/dropcap]m relação às avarias verificadas desde o início da operação do sistema de Metro Ligeiro, o deputado Sulu Sou acredita que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) não reagiu de acordo com a “lei do sistema de transporte de metro ligeiro”.
“Considero inaceitável quando o director substituto da DSAT, Lo Seng Chi inventou um novo termo, descrevendo os três casos como ‘problemas menores’ dado que, de acordo a Lei, só existem duas hipóteses: acidente ou incidente”, apontou o deputado. Assim sendo, Sulu Sou considerou que a DSAT deve começar por esclarecer qual a natureza dos três casos. “Caso sejam incidentes, então a DSAT tem de esclarecer dois pontos: a necessidade de investigação técnica e a divulgação do relatório de investigação. No entanto, caso não haja necessidade de realizar uma investigação técnica, a DSAT também precisa de produzir um relatório que fundamente essa decisão”, explicou Sulu Sou.
Questionado sobre a resposta do Corpo de Bombeiros (CB) e facto de o organismo não ter notificado a comunicação social acerca da mais recente avaria do Metro Ligeiro, Sulu Sou afirmou que este tipo de informações deve ser divulgadas apenas por uma entidade. “Pelo que conheço, o CB tem um mecanismo muito eficaz para notificar os órgãos de comunicação social, por isso, não considero que o Metro Ligeiro seja um caso especial. O CB não deve criar excepções porque isso pode causar confusões entre departamentos e até ter consequências na opinião pública”, respondeu Sulu Sou.

Saúde | Sulu Sou: “as informações de Wuhan têm demorado a chegar”

[dropcap]À[/dropcap] margem da entrega da petição Sulu Sou comentou ainda as medidas tomadas pelo Governo no seguimento do aumento do número de casos da doença respiratória não identificada em Wuhan, no Interior da China. Segundo o deputado, apesar de considerar que “a principal responsabilidade está agora nos ombros das autoridades da China continental, pois são quem está a recolher a informação em primeira mão sobre os casos em Wuhan”, os Serviços de Saúde (SS) de Macau “têm a obrigação de obter essa informação”.

“Pedi aos SS que considerem o envio de representantes à região para contactar directamente com o problema, pois as informações de Wuhan têm demorado a chegar e acho que deveriam existir actualizações diárias sobre o assunto”, explicou o deputado. Sulu Sou referiu ainda que, por ser uma região pequena, a situação pode ser muito perigosa para Macau se não for controlada. “Ninguém quer assistir a uma situação como a que já tivemos de lidar com a SARS, lembrou.”

Saúde | Sulu Sou: “as informações de Wuhan têm demorado a chegar”

[dropcap]À[/dropcap] margem da entrega da petição Sulu Sou comentou ainda as medidas tomadas pelo Governo no seguimento do aumento do número de casos da doença respiratória não identificada em Wuhan, no Interior da China. Segundo o deputado, apesar de considerar que “a principal responsabilidade está agora nos ombros das autoridades da China continental, pois são quem está a recolher a informação em primeira mão sobre os casos em Wuhan”, os Serviços de Saúde (SS) de Macau “têm a obrigação de obter essa informação”.
“Pedi aos SS que considerem o envio de representantes à região para contactar directamente com o problema, pois as informações de Wuhan têm demorado a chegar e acho que deveriam existir actualizações diárias sobre o assunto”, explicou o deputado. Sulu Sou referiu ainda que, por ser uma região pequena, a situação pode ser muito perigosa para Macau se não for controlada. “Ninguém quer assistir a uma situação como a que já tivemos de lidar com a SARS, lembrou.”

Associação Novo Macau volta a pedir lei para regular capitais públicos

Na primeira petição submetida pela Novo Macau ao novo Governo, Sulu Sou pediu a Ho Iat Seng que cumpra o que foi dito sobre a utilização cautelosa do erário público e que sejam dadas explicações sobre o novo Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos

 

[dropcap]A[/dropcap] Associação Novo Macau (ANM) entregou ontem uma petição endereçada ao novo Governo a pedir legislação destinada a controlar e regular os gastos das empresas de capitais públicos e de fundos com autonomia administrativa e financeira.

Com o objectivo de optimizar a “eficácia e a gestão” destas empresas, Sulu Sou, deputado e vice-presidente da associação, recordou as palavras de Ho Iat Seng quando venceu as eleições e mais tarde, no primeiro dia em funções (26 de Dezembro), quando se referiu à necessidade “de controlar as despesas da Admininstração”, e deu o exemplo “despesista” do ex-secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam.

“Acho que o novo Chefe do Executivo deve ter presente o que disse quando venceu as eleições. Na altura, disse que devemos usar os recursos financeiros do Governo de forma cautelosa porque além do caso de Singapura não há mais casos de sucesso referentes à criação de fundos de investimentos”, explicou o deputado.

Para justificar a necessidade de fiscalização das empresas de capitais públicos, Sulu Sou fez ainda referência à polémica proposta do anterior Governo, entretanto retirada, que previa transferir 60 mil milhões de patacas para um fundo soberano sem divulgar qualquer informação acerca do assunto. “O nosso pedido é muito simples: queremos supervisionar a questão relativa às empresas de capital público. Isto porque em Agosto do ano passado o Governo foi forçado a retirar a lei que previa o financiamento de um fundo de investimento no valor de 60 mil milhões de patacas”, esclareceu Sulu Sou.

Sulu Sou defendeu ainda que, nesta fase, antes de avançar para a criação do Fundo de Investimento e Desenvolvimento, o Governo deve interromper a criação de outras empresas de capital público enquanto não for criada a devida legislação específica. “É importante ter a legislação pronta o quanto antes porque o Governo tem vindo a criar desde 2011 inúmeras empresas de capital público e, até hoje, não existe nenhuma lei específica para as monitorizar. Estas são empresas que consomem todos os anos uma enorme quantidade de dinheiro ao erário público. Acho que esta é uma oportunidade para o novo Governo resolver a questão rapidamente”, explicou Sulu Sou.

Sobre a legislação específica dedicada a empresas de capital público, Sulu Sou lembrou ainda que até hoje a sua criação continua a ser uma “promessa por cumprir” feita em 2019 pelo ex-secretário para a Economia e Finanças Lionel Leong. “Eu e outros deputados pedimos esta legislação mais de três vezes, na Assembleia Legislativa – mas ainda não obtivemos resposta”, sublinhou.

Gabinete levanta dúvidas

O vice-presidente da ANM referiu ainda que a petição entregue na manhã de ontem visava também apelar à maior transparência do novo Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos anunciado pelo Governo de Ho Iat Seng no passado dia 20 de Dezembro.

Coordenado pela ex-secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, o novo organismo visa precisamente fiscalizar as empresas de capitais públicos e de fundos com autonomia administrativa e financeira, mas, segundo Sulu Sou, carece ainda de muitos esclarecimentos, nomeadamente sobre os seus poderes e âmbito de actuação. “Esperamos que o novo Chefe do Executivo possa dar mais explicações assim que possível sobre os princípios e a missão do novo Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos”, referiu.

Irão-EUA | As lágrimas no funeral de Qassem Soleimani e a urgente reunião da NATO

Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, chorou e rezou ontem no funeral do general Qassem Soleimani, em Teerão. A morte causada pelas tropas norte-americanas está a provocar uma verdadeira tensão a nível mundial, que obrigou a NATO a reunir ontem de emergência. A China pede “calma e razão” no que diz respeito ao acordo nuclear, que os EUA já abandonaram

Com agências 

 

[dropcap]A[/dropcap] situação política no Médio Oriente está num limbo difícil de decifrar depois da morte do general Qassem Soleimani por parte de tropas norte-americanas. O líder supremo do Irão, ‘ayatollah’ Ali Khamenei, orou e chorou ontem próximo dos caixões do general Qassem Soleimani e de outros mortos no ataque norte-americano em Bagdad na sexta-feira, durante as cerimónias fúnebres em Teerão.

O sucessor de Soleimani na força de elite iraniana Al-Quds, Esmail Ghaani, ficou ao lado de Ali Khamenei, assim como o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, e outros líderes da República Islâmica durante as cerimónias fúnebres. Centenas de milhares de pessoas presentes no acto fúnebre também choraram a morte do general iraniano. A filha de Qassem Soleimani, Zeinab, ameaçou directamente um ataque às forças armadas dos EUA no Médio Oriente enquanto falava diante de multidão em Teerão.

“As famílias dos soldados norte-americanos no oeste da Ásia (…) passam o dia esperando a morte de seus filhos”, disse Zeinab. A TV estatal iraniana falou numa multidão de “milhões” de pessoas, embora esse número não possa ser verificado.

O líder do grupo militante palestino Hamas, Ismail Haniyeh, está em Teerão e assistiu também às cerimónias fúnebres de Soleimani. Ismail Haniyeh, num discurso aos iranianos, descreveu o general Qassem Soleimani, como “o mártir de Jerusalém”.

O responsável do Hamas prometeu que grupos militantes palestinianos – incluindo o seu grupo, que controla a Faixa de Gaza -, seguirão o caminho de Soleimani “para confrontar o projeto sionista e a influência norte-americana”.

A reunião da NATO

A escalada da tensão na região teve início quando o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No mesmo ataque morreu também o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras oito pessoas.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Donald Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O incidente obrigou os embaixadores dos 29 países da NATO a reunir ontem de forma extraordinária para discutir a crise entre o Irão e os Estados Unidos, disse um porta-voz da organização à agência de notícias AFP. “O secretário-geral [Jens Stoltenberg] decidiu organizar esta reunião de embaixadores da NATO depois de ter discutido com os aliados.”

No sábado, a NATO anunciou que suspenderia as operações de treino no Iraque após a morte do general iraniano Qassem Soleimani durante um ataque norte-americano a Bagdad, no Iraque, na sexta-feira. A missão da NATO no Iraque, que tem algumas centenas de militares, treina as forças do país desde outubro de 2018, a pedido do Governo iraquiano, para impedir o retorno do Estado Islâmico (EI).

A posição da China

Entretanto as autoridades chinesas consideraram ontem que a “pressão máxima” exercida pelos Estados Unidos está na raiz das renovadas tensões com o Irão. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang respondeu assim, em conferência de imprensa, a uma questão sobre a decisão de Teerão de abdicar das limitações impostas ao seu programa nuclear pelo acordo de 2015.

Pequim apelou aos outros participantes do acordo – Rússia, França, Reino Unido e Alemanha – que “mantenham a calma e a razão”. Para a China, o acordo só poderá sobreviver através de uma solução “política e diplomática”, o fim de interferências externas e evitando “qualquer medida que possa complicar ainda mais a situação”. A Europa tentou tomar medidas para salvaguardar o acordo, mas o canal de pagamentos especiais, que visava contornar as sanções, ainda não foi lançado.

Wang Jianwei, professor de ciência política da Universidade de Macau, declarou ao HM que “a China deverá manter uma posição forte durante um eventual conflito entre os EUA e o Irão”. “Em termos gerais, a China procura sempre evitar o uso de força. Um conflito na região entre os EUA e o Irão não interessa aos assuntos da China. Por isso acho que a posição da China será no sentido de apelar aos dois lados que tenham calma (…) para a tensão não escalar na região”, acrescentou o académico.

Japão e companhia

Outros países asiáticos também já manifestaram os seus receios sobre a escalada de violência, nomeadamente Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão. “Quero pedir às partes implicadas que se esforcem para evitar uma escalada destas tensões”, afirmou Shinzo Abe, na primeira conferência de imprensa do ano, durante uma visita à prefeitura de Mie, a sudoeste de Tóquio.

O chefe do Governo japonês manifestou “profunda preocupação” com a actual situação e lembrou que o Japão importa a quase totalidade do petróleo que consome do Irão e de outros países do Médio Oriente.
“Vamos desenvolver esforços diplomáticos para aliviar as tensões e para estabilizar a situação”, sublinhou Abe. O Japão e o Irão mantêm uma relação estreita, reiterada pelos dois Governos nos últimos meses.

Por sua vez o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, ordenou que os militares preparassem as suas aeronaves e os seus navios para retirar, “a qualquer momento”, milhares de trabalhadores filipinos do Iraque e do Irão.
Duterte realizou uma reunião de emergência com o seu secretário de Defesa e altos oficiais militares e policiais no domingo para discutir os planos de retirada dos seus nacionais naquela região.

“O Presidente Duterte ordenou que as Forças Armadas das Filipinas estivessem preparadas para deslocar activos militares para repatriar filipinos no exterior, principalmente do Irão e do Iraque, a qualquer momento”, disse o senador Christopher Lawrence Go, um aliado próximo do Duterte que esteve na reunião.

O chefe de gabinete militar de Duterte, tenente-general Felimon Santos Jr., disse que as forças filipinas identificaram possíveis rotas para a retirada dos seus nacionais não apenas do Iraque e do Irão, mas de outros pontos críticos, como Israel. “Existem estas probabilidades e estamos a melhorar os nossos planos para cobrir tudo, caso algo aconteça”, disse Santos aos jornalistas em Manila.

Existem mais de 7.000 trabalhadores filipinos e dependentes no Iraque e no Irão, incluindo muitos que trabalham para os EUA e em outras instalações estrangeiras e estabelecimentos comerciais em Bagdad, disse o Departamento de Defesa Nacional.

Outras nações asiáticas com grandes populações de mão-de-obra expatriada podem enfrentar decisões semelhantes perante a escalada da tensão entre os Estados Unidos e o Irão. O Governo sul-coreano já está a discutir o fortalecimento da protecção para os quase 1.900 sul-coreanos no Iraque e no Irão.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Raveesh Kumar, disse que a Índia “ainda” não planeia retirar cidadãos daquela região. Os asiáticos representam 40 por cento dos migrantes do mundo e os países do Médio Oriente são um destino comum.

Os migrantes africanos também são mão-de-obra comum no Médio Oriente, embora a possibilidade de seus países de origem organizarem uma retirada seja incerta.

Os países árabes do Golfo abrigam mais de sete milhões de expatriados indianos que ajudam a impulsionar a economia da região e a manter as suas cidades repletas de médicos, engenheiros, professores, motoristas, trabalhadores da construção civil. Nos Emirados Árabes Unidos, os indianos superam os nacionais em três para um.

As ameaças de Trump

No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.
Entretanto, Donald Trump prometeu ontem “enormes represálias” caso ocorram ataques iranianos contra instalações norte-americanas no Médio Oriente.

“Se eles fizerem alguma coisa, haverá enormes represálias”, declarou ontem Donald Trump a bordo do avião presidencial Air Force One, no regresso a Washington após duas semanas de férias na Florida.
Trump deixou também a ameaça de atacar locais culturais iranianos. “Eles têm o direito de matar os nossos cidadãos (…) e não temos o direito de atingir os seus locais culturais? Isso não funciona assim”, declarou.
Trump reagia assim à aprovação pelo parlamento iraquiano de uma resolução que pede o fim da presença das tropas norte-americanas no país, pondo fim ao acordo com os Estados Unidos, estabelecido em 2016.

Irão-EUA | As lágrimas no funeral de Qassem Soleimani e a urgente reunião da NATO

Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, chorou e rezou ontem no funeral do general Qassem Soleimani, em Teerão. A morte causada pelas tropas norte-americanas está a provocar uma verdadeira tensão a nível mundial, que obrigou a NATO a reunir ontem de emergência. A China pede “calma e razão” no que diz respeito ao acordo nuclear, que os EUA já abandonaram

Com agências 
 
[dropcap]A[/dropcap] situação política no Médio Oriente está num limbo difícil de decifrar depois da morte do general Qassem Soleimani por parte de tropas norte-americanas. O líder supremo do Irão, ‘ayatollah’ Ali Khamenei, orou e chorou ontem próximo dos caixões do general Qassem Soleimani e de outros mortos no ataque norte-americano em Bagdad na sexta-feira, durante as cerimónias fúnebres em Teerão.
O sucessor de Soleimani na força de elite iraniana Al-Quds, Esmail Ghaani, ficou ao lado de Ali Khamenei, assim como o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, e outros líderes da República Islâmica durante as cerimónias fúnebres. Centenas de milhares de pessoas presentes no acto fúnebre também choraram a morte do general iraniano. A filha de Qassem Soleimani, Zeinab, ameaçou directamente um ataque às forças armadas dos EUA no Médio Oriente enquanto falava diante de multidão em Teerão.
“As famílias dos soldados norte-americanos no oeste da Ásia (…) passam o dia esperando a morte de seus filhos”, disse Zeinab. A TV estatal iraniana falou numa multidão de “milhões” de pessoas, embora esse número não possa ser verificado.
O líder do grupo militante palestino Hamas, Ismail Haniyeh, está em Teerão e assistiu também às cerimónias fúnebres de Soleimani. Ismail Haniyeh, num discurso aos iranianos, descreveu o general Qassem Soleimani, como “o mártir de Jerusalém”.
O responsável do Hamas prometeu que grupos militantes palestinianos – incluindo o seu grupo, que controla a Faixa de Gaza -, seguirão o caminho de Soleimani “para confrontar o projeto sionista e a influência norte-americana”.

A reunião da NATO

A escalada da tensão na região teve início quando o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No mesmo ataque morreu também o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras oito pessoas.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Donald Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
O incidente obrigou os embaixadores dos 29 países da NATO a reunir ontem de forma extraordinária para discutir a crise entre o Irão e os Estados Unidos, disse um porta-voz da organização à agência de notícias AFP. “O secretário-geral [Jens Stoltenberg] decidiu organizar esta reunião de embaixadores da NATO depois de ter discutido com os aliados.”
No sábado, a NATO anunciou que suspenderia as operações de treino no Iraque após a morte do general iraniano Qassem Soleimani durante um ataque norte-americano a Bagdad, no Iraque, na sexta-feira. A missão da NATO no Iraque, que tem algumas centenas de militares, treina as forças do país desde outubro de 2018, a pedido do Governo iraquiano, para impedir o retorno do Estado Islâmico (EI).

A posição da China

Entretanto as autoridades chinesas consideraram ontem que a “pressão máxima” exercida pelos Estados Unidos está na raiz das renovadas tensões com o Irão. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang respondeu assim, em conferência de imprensa, a uma questão sobre a decisão de Teerão de abdicar das limitações impostas ao seu programa nuclear pelo acordo de 2015.
Pequim apelou aos outros participantes do acordo – Rússia, França, Reino Unido e Alemanha – que “mantenham a calma e a razão”. Para a China, o acordo só poderá sobreviver através de uma solução “política e diplomática”, o fim de interferências externas e evitando “qualquer medida que possa complicar ainda mais a situação”. A Europa tentou tomar medidas para salvaguardar o acordo, mas o canal de pagamentos especiais, que visava contornar as sanções, ainda não foi lançado.
Wang Jianwei, professor de ciência política da Universidade de Macau, declarou ao HM que “a China deverá manter uma posição forte durante um eventual conflito entre os EUA e o Irão”. “Em termos gerais, a China procura sempre evitar o uso de força. Um conflito na região entre os EUA e o Irão não interessa aos assuntos da China. Por isso acho que a posição da China será no sentido de apelar aos dois lados que tenham calma (…) para a tensão não escalar na região”, acrescentou o académico.

Japão e companhia

Outros países asiáticos também já manifestaram os seus receios sobre a escalada de violência, nomeadamente Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão. “Quero pedir às partes implicadas que se esforcem para evitar uma escalada destas tensões”, afirmou Shinzo Abe, na primeira conferência de imprensa do ano, durante uma visita à prefeitura de Mie, a sudoeste de Tóquio.
O chefe do Governo japonês manifestou “profunda preocupação” com a actual situação e lembrou que o Japão importa a quase totalidade do petróleo que consome do Irão e de outros países do Médio Oriente.
“Vamos desenvolver esforços diplomáticos para aliviar as tensões e para estabilizar a situação”, sublinhou Abe. O Japão e o Irão mantêm uma relação estreita, reiterada pelos dois Governos nos últimos meses.
Por sua vez o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, ordenou que os militares preparassem as suas aeronaves e os seus navios para retirar, “a qualquer momento”, milhares de trabalhadores filipinos do Iraque e do Irão.
Duterte realizou uma reunião de emergência com o seu secretário de Defesa e altos oficiais militares e policiais no domingo para discutir os planos de retirada dos seus nacionais naquela região.
“O Presidente Duterte ordenou que as Forças Armadas das Filipinas estivessem preparadas para deslocar activos militares para repatriar filipinos no exterior, principalmente do Irão e do Iraque, a qualquer momento”, disse o senador Christopher Lawrence Go, um aliado próximo do Duterte que esteve na reunião.
O chefe de gabinete militar de Duterte, tenente-general Felimon Santos Jr., disse que as forças filipinas identificaram possíveis rotas para a retirada dos seus nacionais não apenas do Iraque e do Irão, mas de outros pontos críticos, como Israel. “Existem estas probabilidades e estamos a melhorar os nossos planos para cobrir tudo, caso algo aconteça”, disse Santos aos jornalistas em Manila.
Existem mais de 7.000 trabalhadores filipinos e dependentes no Iraque e no Irão, incluindo muitos que trabalham para os EUA e em outras instalações estrangeiras e estabelecimentos comerciais em Bagdad, disse o Departamento de Defesa Nacional.
Outras nações asiáticas com grandes populações de mão-de-obra expatriada podem enfrentar decisões semelhantes perante a escalada da tensão entre os Estados Unidos e o Irão. O Governo sul-coreano já está a discutir o fortalecimento da protecção para os quase 1.900 sul-coreanos no Iraque e no Irão.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Raveesh Kumar, disse que a Índia “ainda” não planeia retirar cidadãos daquela região. Os asiáticos representam 40 por cento dos migrantes do mundo e os países do Médio Oriente são um destino comum.
Os migrantes africanos também são mão-de-obra comum no Médio Oriente, embora a possibilidade de seus países de origem organizarem uma retirada seja incerta.
Os países árabes do Golfo abrigam mais de sete milhões de expatriados indianos que ajudam a impulsionar a economia da região e a manter as suas cidades repletas de médicos, engenheiros, professores, motoristas, trabalhadores da construção civil. Nos Emirados Árabes Unidos, os indianos superam os nacionais em três para um.

As ameaças de Trump

No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.
Entretanto, Donald Trump prometeu ontem “enormes represálias” caso ocorram ataques iranianos contra instalações norte-americanas no Médio Oriente.
“Se eles fizerem alguma coisa, haverá enormes represálias”, declarou ontem Donald Trump a bordo do avião presidencial Air Force One, no regresso a Washington após duas semanas de férias na Florida.
Trump deixou também a ameaça de atacar locais culturais iranianos. “Eles têm o direito de matar os nossos cidadãos (…) e não temos o direito de atingir os seus locais culturais? Isso não funciona assim”, declarou.
Trump reagia assim à aprovação pelo parlamento iraquiano de uma resolução que pede o fim da presença das tropas norte-americanas no país, pondo fim ao acordo com os Estados Unidos, estabelecido em 2016.

O crente

[dropcap]N[/dropcap]ão precisa fazer sentido, aliás, apenas funciona sem cabimento, desprovida de razoabilidade. A fé continua a dominar os homens, nas suas instâncias mais primárias, nos recessos da condição humana, substituindo a luz nos recantos mais escuros onde nem um raio de razão brilha.

Na ausência de resposta, o crente não se contenta com a digna e edificante ignorância, com o ponto de partida. O conhecimento virá de cima e de forma imediata, a rendição total é o preço a pagar. A ideologia funciona através de mecanismos semelhantes. Fundada em asserções sobre o indivíduo, o grupo social, o mundo e o além, a ideologia é um corpo musculado por doutrinas orientadoras. Tal como a sua mística irmã, a fé, os ideários políticos impõem-se de cima para baixo, numa verticalidade esmagadora da razão e do bom-senso, na aniquilação da máxima de Descartes “penso, logo existo”. Neste domínio, “sigo, logo existo” é a essência do crente e do ideólogo. A subjugação às palavras do líder funda a sua existência.

Até o homem mais temperado, sob a influência alucinogénica da ideologia acredita nas mais bárbaras monstruosidades. Precisa delas, precisa do sentimento de pertença a algo maior que si. Precisa da redenção gnóstica dos crentes.

Ambas as irmãs (fé e ideologia) actuam perversamente no mais belo e inexplorado enigma que a natureza nos ofereceu: a consciência. Algo que está muito para além da compreensão, que seduz os místicos, que confunde a ciência e que é um empecilho aos líderes espirituais e políticos.

Só com fervoroso dogma se pode acreditar nas mais estapafúrdias teorias, um intoxicante tão poderoso ao ponto de mascarar a mais óbvia e assumida propaganda numa verdade inabalável.
Hoje não quero sujar as mãos nesse lodaçal que é a política local/regional, mas apenas dirigir-me aos factores entorpecedores da razão que poluem os nossos dias.

A polarização política chegou a um ponto tão extremo que as intenções e acções de grupos antagónicos se confundem em alianças magnéticas, como dois imãs esquizofrénicos que se abraçam repudiando-se ao mesmo tempo.

Sem nuance de teatralização política, vemos teorias de neonazis que lutam por representação democrática, teses de comunistas que defendem com unhas e dentes cartelizações capitalistas rebentando recordes de pequena-burguesia, moderados a salivar por infinitas penas de morte por infrações de trânsito, pacifistas a encher os bolsos nos mercados do armamento pesado, vampiros a limpar o sangue dos queixos enquanto gritam slogans vegans.

O mundo virou-se de pantanas e a crença voltou a predominar lançando-nos, outra vez, para uma idade de trevas. Nada de bom pode surgir daqui, apenas ganância desmedida, sangue e morte. Até chegarmos a um novo iluminismo, será feita farinha dos ossos esmagados dos mais pequenos. Nada sobreviverá à autofagia deste monstro místico de duas cabeças. Polos sul e norte magnéticos unidos num abraço homicida/suicida.

Este é o fruto da era da ultra-ideologia, a atracção entre extremos e a asfixia de tudo o que está no meio.
A minha postura hoje é de niilista contemplação. Que se esmaguem, “que esta quilha rompa e me engula o oceano”, que ateiem todos os fogos e nos sepultem em mil sarcófagos de estrelas. Sinceramente, não me interessa. Se não posso viver em verdade, viverei feliz em alucinação, livre de amarras, sem dogmas ou crenças a ditar sabedoria suprema ou pertença tribal.

Se querem acreditar no que vos dizem, força nisso, fiem-se na supremacia da vossa verdade, na superioridade do dogma que habita debaixo da vossa pele, no mundo bipolar do irmão Karamazov caído em desgraça porque na ausência de Deus tudo é permitido. Vivam nesse sistema binário de 0s e 1s, preto e branco, norte e sul e multipliquem-se na demência de serem 0 e 1 ao mesmo tempo.

Por mim, tudo bem. Mas façam-me um favor: poupem-me a evangelizações, projeções absurdas e limpezas encefálicas. Há muito que deixaram de ter piada.

Ai, o Irão!

[dropcap]A[/dropcap]i, o Irão. Tudo aflito com Hão Cão mas, afinal, quem está mal é o Irão. Até onde é que irão?, é a pergunta nas mentes e que faz tinir os dentes. E a Rússia, meu deus, e a China, gentil Confúcio, até onde é que eles irão? Dar-se-á uma explosão?

Vem aí o apocalipse, pse, pse? Ou talvez não? É perguntar ao Irão, à capital Teerão e, porque não, a Hão Cão? E já agora ao vizinho, ao que chamam Paquistão, cujas armas são das boas e estão ali mesmo à mão.

Isto é uma maravilha: nada se passa, tudo se enrodilha. A massa vai p’rá pandilha, a do costume, que das gentes faz curtume. E depois, perguntam os bois? E depois nada, a mesma e triste maçada, até me tocar na pele.

Aí é dor a granel, ai que queima, ai que se vai o papel. Não era nada comigo, menos com o meu umbigo, esta guerra de alto-ar: américas vermelhuscos, iranianos patuscos, tudo de pernas pr’ó ar. Vem daí, anda brindar, é tempo de alvorecer. Que neste mundo aziago já só nos falta morrer. Então para espairecer que esteja o copo na mão. Bota acima e bota abaixo. Quero lá saber do Irão! Vou mas é para Hão Cão!

O ofício da memória

[dropcap]E[/dropcap]sse curioso e imparável tecer subliminar. Que não se resume a arrumar colecções em gavetas distintas. No contínuo ofício da memória, se transcende o objecto da vontade, que na sua resignação própria, se sabe dever ser humilde e aceitar o que que dali nasce. E o que morre e o que se transforma no laborioso elaborar. Um fio subterrâneo de água invisível aos olhos, mas que nunca deixa o seu correr no sentido da nascente. Aquele momento em que se lembra, em que se esquece, ou em que se lembra que se esqueceu. Ou se lembra de uma outra forma. Ou se vê como uma desvanecida poalha de realidade o que foi forte e nítido e se lembra a curiosa dor de uma dor sem sentir. Ou se sente com toda a violência um baque como o de outro momento somente de lembrar.

Com erro de paralaxe. Que o retorno da memória não pode deixar de ter. Viajamos todos os dias para pontos diferentes de nós. Mesmo que subtilmente. Somos o observador observado. Mas, espectadores, ao mudar de posição retemos do observado uma localização diferente. Sempre em erro, porque não há uma medida universal para o ponto certo do que somos e onde nos situamos ao revisitar a memória. Estamos em trânsito. Amanhã, logo se vê. Os anos vão passando por nós, nós neles, não se sabe de quando, para quando ou onde. Que rio, este.

A Física explica tanto e no entanto não oferece o sentido. Porque é a paralaxe impossível à alma como ângulo rigoroso, mesmo momentâneo e pontual, e porque não é a memória matéria de rigor? E nem toda a matéria é diáfana ao ponto de o que vemos ser, ser exactamente o que é. E os raios dessa luz que nos chega da memória, refractados, a elaborar as imagens fílmicas do que vivemos, e sempre quebradas de uma alteração da forma. Como através de um líquido. Talvez não seja, a memória, um tecido sólido e subaquático. Mas em si, um filtro líquido.

Ser uma espécie de multidão, com aquela característica de uma multidão em que ninguém conhece nenhum dos outros, até onde a vista alcança. E onde, mesmo se lá bem no meio houver gente conhecida, não se sabe que ali está. Ou uma multidão de conhecidos não íntimos, sem vidas cruzadas, sem síntese e sem compromissos. O que seríamos sem essa rede da memória a estruturar cada um que fomos no dia anterior ou no que o antecedeu. E assim até ao fim dos tempos que vivermos. Como uma manta tecida de todas as matérias que fomos sendo. Os dias em que estivemos e as noites que esquecemos, todos os lugares que fomos e os minutos que falhamos, todas as portas fechadas e todas as feridas abertas. Ou então, o contrário.

Obra. Memória é tempo. É o tempo moldado como por arte de um ofício, com toques de genialidade ou profundos defeitos. Ambas as coisas, talvez. O tempo reelaborado, vivido e organizado. Ou desarrumado. Se a perdêssemos, o alívio que seria. A leveza do eterno presente. A vulnerabilidade. E cada informação, cada notícia que nos tomasse de súbito, que dano voltaria a fazer, sem essa rede de construção que vai progressivamente amenizando mesmo as dores que perduram, e amortece cada retorno. Toda a dor, uma pujança intacta acabada de nascer. De novo cada amor e cada luto, o primeiro impacto de uma grande emoção, a mesma desilusão de uma desilusão, o mesmo golpe de uma palavra cortante. O mesmo susto. A mesma pessoa que fomos. Dessa multidão, de que na memória se faz síntese. Às vezes, as palavras saem-me deixando um golpe doloroso desde lá do fundo e por onde me passam. (E são feitas de quê?). E deixam-me sem fôlego para outras por mais que doces. Produzem rasgos no tecido. Um xaile de lã macia delicada e protectora. Às vezes frágil. Às vezes uma rede do cabelo, às vezes uma de circo. A aparar o erro do trapezista nas acrobacias do sentir. E a queda, mesmo rápida e semelhante, pára naquele ponto suportada pela rede. Que não deixa cair até ao fim. Como um efeito lateral da memória, a quantificar e a comparar nesse confronto da queda, dados, como duas equipas num jogo. Solteiros contra casados, aquele clássico de domingos, no terreiro da vila. Quem ganha? O passado ou o presente? Estabilidade ou expectativa, maturidade ou juventude. Fica-se para saber ou por saber.

Que bom, afinal, sermos tocados de mortalidade desde que nos lembramos. E mesmo antes. Já os genes a zelar por esse saber-nos mortais e pela sobrevivência.

Se não fôssemos mortais. Seríamos mais insuportáveis. E mais sós. Assim, não há tempo para tudo. Lá vamos deitando fora algum lastro. Não se pode ter melhor amigo do que o tempo que tudo leva. Ou maior inimigo, porque o tempo tudo demonstra ter traído. Claro e transparente no seu lugar próprio – contudo – nem antes nem depois.

Tenho visita assídua da memória. Talvez porque gosto de tecidos, de malhas, de estruturas celulares. Mas às vezes o que me apetece é dormir e esquecer. Quero tanto esquecer e tanto. Todas as noites eu custo a ir para a cama como quem não quer morrer. Talvez seja o temor de me esquecer – sei lá – a mim.
Somos tão dados ao vazio.

Mas não é a memória repleta de ausência e passado, o que melhor o preenche. Somente uma rede de suporte. De baloiço melancólico. Ou de apanhar borboletas. Só o labor do momento. O sim. O agora. Que esse, se não preenche uma parte densa de vazio, é como se não se existisse.

Pequim nomeia novo representante para resolver crise de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Governo da China anunciou ontem a substituição do seu representante em Hong Kong, numa decisão que parece ilustrar a vontade de Pequim em resolver o conflito com manifestantes pró-democracia que se arrasta há vários meses.

Wang Zhimin, de 62 anos, foi destituído do cargo de director do Gabinete de Ligação para os assuntos de Hong Kong, sendo substituído por Luo Huining, de 65 anos, informou ontem o Governo chinês, num comunicado emitido pela televisão pública CCTV.

Por sua vez, a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong explicou que Zhimin foi destituído por “julgar erroneamente a situação de Hong Kong”.

A mudança na liderança do Gabinete acontece dois meses depois de o Comité Central do Partido Comunista Chinês ter pedido medidas para “garantir a segurança nacional” em Hong Kong. Wang Zhimin tornou-se, assim, no primeiro funcionário governamental a perder o emprego, depois de sete meses de protestos, sendo substituído por um oficial sénior do Partido Comunista, Luo Huining com um currículo que inclui a resolução de problemas difíceis em várias regiões da China.

No final de Dezembro, Luo Huining foi promovido a vice-presidente do Comité de Assuntos Financeiros e Económicos do parlamento chinês, após a sua saída como representante do Governo na província de Shanxi (no centro da China).

Antes, Luo foi responsável pela ligação do Governo Central com algumas das regiões mais desfavorecidas, sobretudo no interior do país, o que lhe valeu um currículo que tem sido elogiado pelo Partido Comunista Chinês.

O que diz Carrie

A Chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, reagiu à nomeação, num comunicado em que diz não ter dúvidas de que o novo representante do Governo chinês promoverá “a integração da região no desenvolvimento geral do país” e será capaz de estabelecer uma relação positiva entre o continente e Hong Kong.

Carrie Lam também agradeceu a Wang Zhimin pelo “apoio inabalável” que deu durante estes meses de crise do território autónomo, atormentado desde Junho por actos de violência sem precedentes.

Hong Kong | Dezenas de detidos em protesto contra comerciantes chineses

Milhares de pessoas de Hong Kong voltaram ontem às ruas da cidade para protestar contra os comerciantes da China continental perto da fronteira, uma acção que terminou com dezenas de detidos pela polícia

 

[dropcap]E[/dropcap]mbora o protesto tenha começado pacificamente, ao final da tarde alguns manifestantes saíram da rota combinada e lançaram coquetéis molotov contra os agentes, o que os levou a retaliar com gás lacrimogéneo. A intervenção terminou com dezenas de detidos, noticiou a imprensa local.

Os manifestantes reuniram-se em Sheung Shui, a apenas alguns minutos de carro da fronteira chinesa, onde os moradores locais se queixam há anos dos transtornos causados pelos comerciantes da China continental que compram ali produtos para revender.

A prática, conhecida como “comércio paralelo”, permite que os comerciantes lucrem com as diferenças de preços entre a China continental e Hong Kong, que, ao contrário da China continental, não cobra impostos sobre bens e serviços. Como consequência, os moradores locais ficaram em pior situação, já que o distrito foi inundado por esse comércio e muitas lojas antigas fecharam, sendo substituídas por farmácias e lojas de cosméticos que atendem os comerciantes.

O protesto passou pelas principais ruas do distrito, onde os manifestantes entoaram slogans contra os compradores, que durante a última década têm cruzado a fronteira para recolher itens do dia-a-dia, de leite em pó para bebés até cosméticos e bombons de chocolate, revendendo-os na China. “Devemos dizer a estes comerciantes que esta é a nossa casa”, disse um morador ao jornal South China Morning Post.

Antes da festa

Os manifestantes instaram o Governo a limitar o número de turistas chineses que visitam a cidade para evitar o custo dos produtos vendidos no distrito, especialmente antes do Festival da Primavera ou do Ano Novo Chinês, que este ano se assinala em 25 de janeiro.

O conselheiro distrital pró-democrático Chan Yuk-ming, um dos organizadores dos protestos de ontem, disse ao mesmo jornal que os moradores locais foram forçados a sair às ruas porque o Governo não está a tomar medidas para resolver o problema. “Deveria ser sua responsabilidade regular os comerciantes, mas todo o peso recai sobre nós”, disse Chan.

Os meses de protestos colocaram a economia de Hong Kong em recessão pela primeira vez em uma década, depois de se contrair 2,9 por cento no terceiro trimestre, afectada pelas quedas das importações e exportações, das vendas a retalho e pelos números decrescentes do turismo.

Hong Kong | Dezenas de detidos em protesto contra comerciantes chineses

Milhares de pessoas de Hong Kong voltaram ontem às ruas da cidade para protestar contra os comerciantes da China continental perto da fronteira, uma acção que terminou com dezenas de detidos pela polícia

 
[dropcap]E[/dropcap]mbora o protesto tenha começado pacificamente, ao final da tarde alguns manifestantes saíram da rota combinada e lançaram coquetéis molotov contra os agentes, o que os levou a retaliar com gás lacrimogéneo. A intervenção terminou com dezenas de detidos, noticiou a imprensa local.
Os manifestantes reuniram-se em Sheung Shui, a apenas alguns minutos de carro da fronteira chinesa, onde os moradores locais se queixam há anos dos transtornos causados pelos comerciantes da China continental que compram ali produtos para revender.
A prática, conhecida como “comércio paralelo”, permite que os comerciantes lucrem com as diferenças de preços entre a China continental e Hong Kong, que, ao contrário da China continental, não cobra impostos sobre bens e serviços. Como consequência, os moradores locais ficaram em pior situação, já que o distrito foi inundado por esse comércio e muitas lojas antigas fecharam, sendo substituídas por farmácias e lojas de cosméticos que atendem os comerciantes.
O protesto passou pelas principais ruas do distrito, onde os manifestantes entoaram slogans contra os compradores, que durante a última década têm cruzado a fronteira para recolher itens do dia-a-dia, de leite em pó para bebés até cosméticos e bombons de chocolate, revendendo-os na China. “Devemos dizer a estes comerciantes que esta é a nossa casa”, disse um morador ao jornal South China Morning Post.

Antes da festa

Os manifestantes instaram o Governo a limitar o número de turistas chineses que visitam a cidade para evitar o custo dos produtos vendidos no distrito, especialmente antes do Festival da Primavera ou do Ano Novo Chinês, que este ano se assinala em 25 de janeiro.
O conselheiro distrital pró-democrático Chan Yuk-ming, um dos organizadores dos protestos de ontem, disse ao mesmo jornal que os moradores locais foram forçados a sair às ruas porque o Governo não está a tomar medidas para resolver o problema. “Deveria ser sua responsabilidade regular os comerciantes, mas todo o peso recai sobre nós”, disse Chan.
Os meses de protestos colocaram a economia de Hong Kong em recessão pela primeira vez em uma década, depois de se contrair 2,9 por cento no terceiro trimestre, afectada pelas quedas das importações e exportações, das vendas a retalho e pelos números decrescentes do turismo.

Cinema | Extensão a Macau do Festival DocLisboa arranca amanhã

[dropcap]O[/dropcap] filme “Macau 20 anos”, de Carlos Fraga, abre amanhã a sétima edição da extensão a Macau do DocLisboa, uma iniciativa organizada pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), foi ontem anunciado.

Até 11 de Janeiro vão ser exibidas nove obras de realizadores portugueses, apresentadas no 16.ª edição do Festival Internacional de Cinema DocLisboa 2018, indicou em comunicado o IPOR.

Além destas nove obras de cinema documental, serão também apresentadas duas produções locais, “uma no âmbito da colaboração com a Creative Macau e uma outra sobre os 20 anos de Macau após a transição” da administração do território de Portugal para a China, em 20 de Dezembro de 1999, referiu.

Os filmes de Amaranta Cesar, André Guimar, Leonor Teles, Gonçalo Magalhães, Carlos Miranda, Manuel Botelho, Melanie Pereira, Mariana Santana, e da realizadora de Macau Lam Kin-Kuan, vencedora dos prémios Melhor Realizador, Melhor Filme Local e Melhor filme da competição Identidade Cultural de Macau do Sound & Image Chalenge de 2018, vão marcar esta edição que pretende colocar “em diálogo expressões artísticas oriundas” de Portugal e Macau.

Laura Marques, realizadora de “Vacas e Rainhas”, distinguido com uma menção honrosa do júri da competição portuguesa do Doc Lisboa e com o prémio da Fundação INATEL para melhor filme de temática associada a práticas e tradições culturais e ao património imaterial da humanidade, vai estar em Macau para uma conversa com o público, após a exibição do filme, adiantou o IPOR.

A mostra termina, no sábado, com “Vádio”, de Stefan Lechner, vencedor do Prémio do Jornal Público para Melhor Filme Português da edição do Doclisboa’18. As sessões, com entrada livre, têm início às 19h, no auditório Dr. Stanley Ho, do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. No sábado, dia 11, são feitas duas sessões, com início às 17h e às 19h.

Cinema | Extensão a Macau do Festival DocLisboa arranca amanhã

[dropcap]O[/dropcap] filme “Macau 20 anos”, de Carlos Fraga, abre amanhã a sétima edição da extensão a Macau do DocLisboa, uma iniciativa organizada pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), foi ontem anunciado.
Até 11 de Janeiro vão ser exibidas nove obras de realizadores portugueses, apresentadas no 16.ª edição do Festival Internacional de Cinema DocLisboa 2018, indicou em comunicado o IPOR.
Além destas nove obras de cinema documental, serão também apresentadas duas produções locais, “uma no âmbito da colaboração com a Creative Macau e uma outra sobre os 20 anos de Macau após a transição” da administração do território de Portugal para a China, em 20 de Dezembro de 1999, referiu.
Os filmes de Amaranta Cesar, André Guimar, Leonor Teles, Gonçalo Magalhães, Carlos Miranda, Manuel Botelho, Melanie Pereira, Mariana Santana, e da realizadora de Macau Lam Kin-Kuan, vencedora dos prémios Melhor Realizador, Melhor Filme Local e Melhor filme da competição Identidade Cultural de Macau do Sound & Image Chalenge de 2018, vão marcar esta edição que pretende colocar “em diálogo expressões artísticas oriundas” de Portugal e Macau.
Laura Marques, realizadora de “Vacas e Rainhas”, distinguido com uma menção honrosa do júri da competição portuguesa do Doc Lisboa e com o prémio da Fundação INATEL para melhor filme de temática associada a práticas e tradições culturais e ao património imaterial da humanidade, vai estar em Macau para uma conversa com o público, após a exibição do filme, adiantou o IPOR.
A mostra termina, no sábado, com “Vádio”, de Stefan Lechner, vencedor do Prémio do Jornal Público para Melhor Filme Português da edição do Doclisboa’18. As sessões, com entrada livre, têm início às 19h, no auditório Dr. Stanley Ho, do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. No sábado, dia 11, são feitas duas sessões, com início às 17h e às 19h.

Circum-navegação | Joaquim Magalhães de Castro participa na expedição do navio Sagres

Joaquim Magalhães de Castro, jornalista freelancer, fotógrafo e autor com ligações a Macau, irá participar na expedição que a tripulação do navio Sagres iniciou ontem para celebrar os 500 anos da viagem de circum-navegação comandada por Fernão de Magalhães. A viagem termina em Julho, no Japão

Com Lusa 

 

[dropcap]O[/dropcap] navio Sagres vai realizar a sua quarta e mais longa viagem de circum-navegação. Deve atracar em Tóquio a 18 de Julho, onde será “a casa de Portugal” durante os Jogos Olímpicos 2020.

A missão está enquadrada no programa das comemorações do V Centenário da Circum-Navegação do navegador português Fernão de Magalhães, que arrancou ontem após a cerimónia de largada, que contou com a presença do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa entregou à tripulação a bandeira que os atletas portugueses irão utilizar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde o navio atracará em 18 de Julho.

Joaquim Magalhães de Castro, jornalista freelancer, autor e fotógrafo irá participar na expedição, mas embarcará apenas em algumas tiradas, embarcando em Moçambique. Neste momento, o autor encontra-se na Indonésia, não tendo sido possível, até ao fecho da edição, estabelecer contacto.

De acordo com a agência Lusa, os afazeres foram muitos até à preparação da viagem, com constantes sons de martelos e berbequins, a par com ensaios de discursos e revisões de procedimentos.

O comandante do navio Sagres, Maurício Camilo, não escondeu a ansiedade destes dias que antecederam uma viagem que pretende fazer num ano o que o navegador português fez em três, há cinco séculos, e que percorrerá 41.258 milhas náuticas em 6.782 horas de navegação. “Estamos num frenesim na preparação do navio, no abastecimento do navio e, ao mesmo tempo, a tentar deixar as nossas vidas em terra o mais organizadas possível. Juntando tudo é um frenesim terrível até à largada”, disse o comandante à Lusa, na sexta-feira.

Desafios da viagem

Para Maurício Camilo, o principal desafio da missão é “a própria dimensão da viagem que vai demorar um ano e seis dias, 41 mil milhas, e que vai exigir das pessoas e ao navio algum esforço e, em determinadas alturas, bastante esforço”.

O comandante elege como ponto alto desta missão a presença em Tóquio durante os Jogos Olímpicos, como Casa de Portugal, e a comemoração dos 500 anos da entrada da esquadra de Magalhães no Estreito de Magalhães, em 20 de Outubro. Esta será, de resto, a tirada mais complicada, não só porque é muito longa (32 dias), das maiores que o Sagres já navegou, mas também porque é feita “numa área em que as condições meteorológicas normalmente não são muito favoráveis”. Este deverá ser “o maior desafio em termos de meteorologia”, até porque é esperado mau tempo, adiantou.

Ao leme do navio estará a tenente Diana Azevedo, 29 anos e na Marinha desde 2008, que à Lusa sublinhou a particularidade do navio Sagres: “Além da navegação a motor, temos a componente vélica que nos caracteriza na navegação, nomeadamente oceânica”.

Se, em termos logísticos, o maior desafio passa por preparar o navio, em termos humanos, o repto é manter o espírito de coesão a bordo. “Em termos de convivência, o mais importante é manter uma coesão, um espírito a bordo. Isso ajuda bastante”, disse, sublinhando que as comunicações disponíveis a bordo e nos portos onde o navio vai atracar ajudam a matar as saudades.

Próxima paragem: Espanha

O navio fará a primeira paragem esta sexta-feira, em Tenerife, Espanha. Para Diana Azevedo, este será sem dúvida o seu maior desafio profissional. “Como chefe de serviço de navegação, é um grande desafio. Vou aprender muito na minha área – meteorologia. Vai ser uma experiência totalmente diferente do que estávamos habituados, principalmente pela duração da missão”, explicou.

À volta com as compras anda o primeiro sargento Vítor Rafael, despenseiro no navio Sagres e que tenta assegurar que nada falte na mesa dos 144 tripulantes. Há cerca de um mês que os armazéns começaram a encher-se de secos, como arroz, massa, enlatados. Seguiram-se os congelados – cerca de 12 mil quilos de carne e peixe. Ovos, verdes e fruta também estão assegurados, pelo menos até à próxima paragem em terra.

De acordo com Vítor Rafael, para esta missão foram adquiridas duas toneladas de bacalhau, 3.000 quilos de batatas e 1.000 quilos de cebolas, além de 360 ovos, água, charcutaria, entre outros produtos alimentares, que deverão ser repostos durante as paragens nos 22 portos de 19 países que a viagem contempla.

Miguel Vítor, 25 anos, segundo marinheiro e operador de comunicações, tem consciência que esta é uma viagem histórica e foi por isso que se voluntariou. Acredita que estes últimos dias antes da largada são “os mais complicados”, não só ao nível do trabalho, como a nível pessoal, que “é ainda pior”. “Vai ser um desafio trabalhar com vários tipos de equipamentos e de frequências, mas o importante é que a mensagem chegue a bom porto”, apontou, em relação à sua área profissional.

Para Miguel Vítor, a grande vantagem do navio Sagres, em termos de comunicações, é o satélite que transporta e que, em caso de emergência ou para uma comunicação mais rápida, pode ser utilizado para contactar seja com quem for e para que nível for. E nem as saudades que diz serem complicadas de gerir refreiam o entusiasmo deste navegador. “É para isto que um marinheiro português é feito: para estar no mar e conhecer o mundo”, atirou.

A primeira viagem do navio Sagres com a bandeira portuguesa realizou-se em 25 de Abril de 1962. Já realizou três viagens de circum-navegação em 1978/79, 1983/84 e 2010, mas nenhuma tão longa como a que começou ontem.

Circum-navegação | Joaquim Magalhães de Castro participa na expedição do navio Sagres

Joaquim Magalhães de Castro, jornalista freelancer, fotógrafo e autor com ligações a Macau, irá participar na expedição que a tripulação do navio Sagres iniciou ontem para celebrar os 500 anos da viagem de circum-navegação comandada por Fernão de Magalhães. A viagem termina em Julho, no Japão

Com Lusa 
 
[dropcap]O[/dropcap] navio Sagres vai realizar a sua quarta e mais longa viagem de circum-navegação. Deve atracar em Tóquio a 18 de Julho, onde será “a casa de Portugal” durante os Jogos Olímpicos 2020.
A missão está enquadrada no programa das comemorações do V Centenário da Circum-Navegação do navegador português Fernão de Magalhães, que arrancou ontem após a cerimónia de largada, que contou com a presença do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa entregou à tripulação a bandeira que os atletas portugueses irão utilizar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde o navio atracará em 18 de Julho.
Joaquim Magalhães de Castro, jornalista freelancer, autor e fotógrafo irá participar na expedição, mas embarcará apenas em algumas tiradas, embarcando em Moçambique. Neste momento, o autor encontra-se na Indonésia, não tendo sido possível, até ao fecho da edição, estabelecer contacto.
De acordo com a agência Lusa, os afazeres foram muitos até à preparação da viagem, com constantes sons de martelos e berbequins, a par com ensaios de discursos e revisões de procedimentos.
O comandante do navio Sagres, Maurício Camilo, não escondeu a ansiedade destes dias que antecederam uma viagem que pretende fazer num ano o que o navegador português fez em três, há cinco séculos, e que percorrerá 41.258 milhas náuticas em 6.782 horas de navegação. “Estamos num frenesim na preparação do navio, no abastecimento do navio e, ao mesmo tempo, a tentar deixar as nossas vidas em terra o mais organizadas possível. Juntando tudo é um frenesim terrível até à largada”, disse o comandante à Lusa, na sexta-feira.

Desafios da viagem

Para Maurício Camilo, o principal desafio da missão é “a própria dimensão da viagem que vai demorar um ano e seis dias, 41 mil milhas, e que vai exigir das pessoas e ao navio algum esforço e, em determinadas alturas, bastante esforço”.
O comandante elege como ponto alto desta missão a presença em Tóquio durante os Jogos Olímpicos, como Casa de Portugal, e a comemoração dos 500 anos da entrada da esquadra de Magalhães no Estreito de Magalhães, em 20 de Outubro. Esta será, de resto, a tirada mais complicada, não só porque é muito longa (32 dias), das maiores que o Sagres já navegou, mas também porque é feita “numa área em que as condições meteorológicas normalmente não são muito favoráveis”. Este deverá ser “o maior desafio em termos de meteorologia”, até porque é esperado mau tempo, adiantou.
Ao leme do navio estará a tenente Diana Azevedo, 29 anos e na Marinha desde 2008, que à Lusa sublinhou a particularidade do navio Sagres: “Além da navegação a motor, temos a componente vélica que nos caracteriza na navegação, nomeadamente oceânica”.
Se, em termos logísticos, o maior desafio passa por preparar o navio, em termos humanos, o repto é manter o espírito de coesão a bordo. “Em termos de convivência, o mais importante é manter uma coesão, um espírito a bordo. Isso ajuda bastante”, disse, sublinhando que as comunicações disponíveis a bordo e nos portos onde o navio vai atracar ajudam a matar as saudades.

Próxima paragem: Espanha

O navio fará a primeira paragem esta sexta-feira, em Tenerife, Espanha. Para Diana Azevedo, este será sem dúvida o seu maior desafio profissional. “Como chefe de serviço de navegação, é um grande desafio. Vou aprender muito na minha área – meteorologia. Vai ser uma experiência totalmente diferente do que estávamos habituados, principalmente pela duração da missão”, explicou.
À volta com as compras anda o primeiro sargento Vítor Rafael, despenseiro no navio Sagres e que tenta assegurar que nada falte na mesa dos 144 tripulantes. Há cerca de um mês que os armazéns começaram a encher-se de secos, como arroz, massa, enlatados. Seguiram-se os congelados – cerca de 12 mil quilos de carne e peixe. Ovos, verdes e fruta também estão assegurados, pelo menos até à próxima paragem em terra.
De acordo com Vítor Rafael, para esta missão foram adquiridas duas toneladas de bacalhau, 3.000 quilos de batatas e 1.000 quilos de cebolas, além de 360 ovos, água, charcutaria, entre outros produtos alimentares, que deverão ser repostos durante as paragens nos 22 portos de 19 países que a viagem contempla.
Miguel Vítor, 25 anos, segundo marinheiro e operador de comunicações, tem consciência que esta é uma viagem histórica e foi por isso que se voluntariou. Acredita que estes últimos dias antes da largada são “os mais complicados”, não só ao nível do trabalho, como a nível pessoal, que “é ainda pior”. “Vai ser um desafio trabalhar com vários tipos de equipamentos e de frequências, mas o importante é que a mensagem chegue a bom porto”, apontou, em relação à sua área profissional.
Para Miguel Vítor, a grande vantagem do navio Sagres, em termos de comunicações, é o satélite que transporta e que, em caso de emergência ou para uma comunicação mais rápida, pode ser utilizado para contactar seja com quem for e para que nível for. E nem as saudades que diz serem complicadas de gerir refreiam o entusiasmo deste navegador. “É para isto que um marinheiro português é feito: para estar no mar e conhecer o mundo”, atirou.
A primeira viagem do navio Sagres com a bandeira portuguesa realizou-se em 25 de Abril de 1962. Já realizou três viagens de circum-navegação em 1978/79, 1983/84 e 2010, mas nenhuma tão longa como a que começou ontem.

Trânsito | Governo anuncia número de obras viárias semelhante a 2019

[dropcap]O[/dropcap] Grupo de Coordenação de Obras Viárias, constituído por representantes de vários serviços públicos, anunciou esta sexta-feira a realização de um total de 301 projectos de obras viárias para este ano, mais três face a 2019. De acordo com um comunicado oficial, “destas obras, 55 são de grande dimensão e têm a ver com as artérias principais”, ocorrendo menos dois projectos deste tipo este ano.

O grupo apontou que “embora número de obras deste ano seja semelhante ao do ano passado, prevê-se que constituirá uma certa pressão para o trânsito”, prometendo continuar a coordenação dos trabalhos. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) efectuou cerca de três mil inspecções o ano passado, “incluindo inspecção conjunta com os donos de obras e os respectivos serviços públicos, no sentido de verificar se as medidas provisórias de trânsito correspondem ou não aos padrões”.

Trânsito | Governo anuncia número de obras viárias semelhante a 2019

[dropcap]O[/dropcap] Grupo de Coordenação de Obras Viárias, constituído por representantes de vários serviços públicos, anunciou esta sexta-feira a realização de um total de 301 projectos de obras viárias para este ano, mais três face a 2019. De acordo com um comunicado oficial, “destas obras, 55 são de grande dimensão e têm a ver com as artérias principais”, ocorrendo menos dois projectos deste tipo este ano.
O grupo apontou que “embora número de obras deste ano seja semelhante ao do ano passado, prevê-se que constituirá uma certa pressão para o trânsito”, prometendo continuar a coordenação dos trabalhos. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) efectuou cerca de três mil inspecções o ano passado, “incluindo inspecção conjunta com os donos de obras e os respectivos serviços públicos, no sentido de verificar se as medidas provisórias de trânsito correspondem ou não aos padrões”.

Acção social | Caritas Portuguesa visita Macau com colaborações na manga

Eugénio Fonseca, presidente da Caritas Portuguesa, inicia amanhã uma visita de vários dias ao território para discutir eventuais colaborações com a entidade congénere de Macau, liderada por Paul Pun. Estão também agendados encontros no Consulado-geral de Portugal em Macau e com Florinda Chan, ex-secretária para a Administração e Justiça

 

[dropcap]D[/dropcap]epois da visita a Portugal do secretário-geral da Caritas Macau, Paul Pun, é a altura de a Caritas Portuguesa visitar o território. Inicia-se amanhã a visita oficial desta entidade, presidida por Eugénio Fonseca, cuja agenda inclui vários encontros com entidades e personalidades do território ligadas à acção social. Paul Pun decidiu não tecer comentários ao HM antes da visita, por preferir que a Caritas Portuguesa conheça primeiro o trabalho social que é desenvolvido em Macau.

A agenda de amanhã consiste numa visita a vários centros da Caritas Macau, como é o caso do centro de serviços de fornecimento temporário de alimentos, o centro de apoio aos carenciados trabalhadores não residentes e ao centro de serviços integrados de apoio a família – fonte de alegria de energia.

Para quarta-feira está marcada uma reunião no Consulado-geral de Portugal em Macau com o cônsul Paulo Cunha Alves, seguindo-se uma reunião com a Caritas Macau para “debater futuras colaborações”, aponta o programa oficial.

Reunião com Florinda

Na agenda de Eugénio Fonseca consta também um encontro, na sede da Caritas Macau, com Florinda Chan, ex-secretária para a Administração e Justiça. Na sexta-feira está marcada uma visita às mulheres reclusas do Estabelecimento Prisional de Coloane, sem esquecer um encontro com Fátima dos Santos Ferreira, da Associação de Reabilitação Fuhong, que trabalha com portadores de deficiência.

Em Outubro do ano passado, na sequência da visita de Paul Pun, foi assinado um acordo entre a Cáritas de Macau e a Cáritas Portuguesa, que visa a “colaboração em actividades de ajuda humanitária e de causas humanitárias”, bem como a “exploração de oportunidades de colaboração no trabalho para a protecção dos direitos dos refugiados, pessoas deslocadas e migrantes e tráfico de seres humanos”, explica um comunicado oficial.

O mesmo documento dá conta que este protocolo abrange a “colaboração em iniciativas para promover as orientações estratégicas da Caritas Internationalis na construção de uma sociedade inclusiva e equitativa de modo a proteger a dignidade humana”. Outro dos propósitos é a aproximação e o apoio aos países lusófonos, nomeadamente, através da participação da Cáritas de Macau, como observador, no Fórum das Cáritas Lusófonas e a colaboração em projectos de cooperação para o desenvolvimento nos países lusófonos, através da rede Cáritas.