“Duas Sessões” | Sam Hou Fai promete “acções concretas” Andreia Sofia Silva - 14 Mar 2025 O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, promete a realização de “acções concretas” em Macau para “transformar o espírito das ‘Duas Sessões'” e as palavras dos dirigentes chineses em acções práticas, defendeu ontem num discurso proferido na Sessão de Transmissão do Espírito das “Duas Sessões” da Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) deste ano. Sam Hou Fai disse que as mensagens transmitidas nas “Duas Sessões” irão “abrir de forma incansável novos horizontes de desenvolvimento para Macau no contexto de participação e apoio à modernização ao estilo chinês, contribuindo, assim, de maneira ainda mais significativa para a construção de um grande país e para a revitalização nacional”. Pretende-se, por exemplo, “introduzir novos conceitos de governação, aperfeiçoar as formas de acção governativa e intensificar a comunicação e cooperação com a sociedade”, implementando “plenamente o princípio de ‘Macau governada por patriotas'”. O governante adiantou ainda que serão tiradas ilações para “aprofundar a reforma da Administração pública, reforçar a coordenação e a concertação, e elevar de forma abrangente a eficácia governativa”. No tocante à economia, a diversificação continua a ser o principal objectivo. “Iremos adoptar uma nova mentalidade com esforços mais intensificados e medidas mais pragmáticas que acelerem e promovam a diversificação adequada da economia, a fim de alcançar novos avanços e novos resultados”, disse.
Economia | Lei Chan U pede explicações sobre turismo de saúde João Santos Filipe - 14 Mar 2025 O deputado dos Operários pede ao Executivo que apresente as medidas que vai adoptar para fomentar a indústria do turismo de saúde, que é vista como um dos pilares da diversificação económica O deputado Lei Chan U pretende que o Governo apresente as medidas que vão ser adoptadas para concretizar a política de exploração do turismo de saúde. A pergunta faz parte de uma interpelação escrita, e surge depois do Hospital das Ilhas ter entrado em funcionamento, em Setembro do ano passado. Segundo o deputado, o Executivo indicou que o caminho para explorar o turismo de saúde passava pela criação de parcerias entre as autoridades, as concessionárias de jogo e os diferentes serviços médicos. Contudo, legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) considera que é necessário disponibilizar mais informação sobre o que realmente se pretende para o sector e como se vão concretizar os objectivos: “Qual é o ponto de situação sobre o aproveitamento do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital como catalisador para atrair mais turistas de saúde e promover o desenvolvimento deste sector em Macau?”, questiona o deputado dos Operários. “E que medidas concretas foram adoptada pelo Governo para efectivamente aplicar esses planos?”, acrescenta. Segundo o entendimento de Lei Chan U, com o Hospital das Ilhas em funcionamento desde Setembro de 2024 é necessário “reforçar gradualmente o seu papel e as suas funções na promoção do desenvolvimento do sector”. Hospitais de dia Além de pedir na interpelação escrita que se passe do papel à realidade, Lei Chan U questiona o Executivo sobre os planos para criar os chamados “hospitais de dia”. Inicialmente apresentada no ano passado, a ideia passa por criar novas unidades de saúde no sistema de licenciamento, que ocupem uma função intermédia, entre as clínicas e os hospitais. De acordo com os moldes apresentados, e citados por Lei Chan U, a criação das novas unidades de saúde implica a alteração do regime de licenciamento das instituições de saúde. E o Governo prometeu uma nova consulta pública neste sentido. Porém, ainda não se verificaram desenvolvimentos. Como tal, Lei pede um ponto da situação: “A Administração indicou que vai lançar uma consulta pública sobre o aumento do número de licenças para os hospitais de dia no primeiro trimestre de 2025. Qual é o ponto da situação dos trabalhos preparatórios da consulta pública? Quando está previsto o início da consulta pública?”, interroga. Apresentado como um dos grandes projectos na área da saúde em Macau, o Hospital das Ilhas abriu no ano passado, em Setembro. No entanto, ao contrário do que chegou a ser esperado não é um hospital público, e a gestão foi entregue a uma entidade privada, o Peking Union Medical College Hospital. Quando pretendem utilizar estes serviços, os residentes têm de pagar como qualquer turista ou outro cliente. A única forma de serem atendidos em condições iguais às do sector público acontece quando os residentes são encaminhados para este hospital pelos Serviços de Saúde.
IC | Lançado livro sobre as raízes históricas da Rua das Estalagens Andreia Sofia Silva - 14 Mar 2025 “In Search of Its Roots – An Illustrated History of Rua das Estalagens” é o nome da obra bilingue, lançada em formato digital, que conta a história desta rua histórica de Macau, revelando os negócios que sobreviveram à passagem do tempo. A produção esteve a cargo da Sociedade de Artistas de Macau, com o apoio do Instituto Cultural e da Sands China A história serpenteia pela Rua das Estalagens desde finais do século XIX. A estreita artéria sempre foi palco de um intenso reboliço social e comercial e foi onde Sun Yat-sen, considerado o pai da China moderna e da revolução republicana, abriu farmácias e drogarias, sobretudo a partir de 1893. Ao longo dos anos, a Rua das Estalagens, no Porto Interior, foi um exemplo vivo do comércio, sendo que os governadores portugueses foram, progressivamente, expandindo a rua, composta por edifícios do estilo chinês e templos, como o Templo do Bazar e Templo da Deusa Noi Wo. Todos estes pedaços de história se contam agora na publicação digital “In Search of Its Roots – An Illustrated History of Rua das Estalagens”, obra produzida pela Sociedade dos Artistas de Macau e de autoria de Siguo Chen nos textos e ilustrações de Shirley Lu. Os responsáveis pela edição são o Instituto Cultural (IC) e a operadora de jogo Sands China. Segundo uma nota de imprensa da Sands China, o livro, em chinês e inglês, pretende “destacar o passado fascinante da histórica rua de Macau e a beleza do seu legado”, contendo entrevistas com figuras ligadas à rua, sejam comerciantes ou moradores. Pretende-se, deste modo, levar “residentes e visitantes a redescobrir a preciosidade das lojas centenárias e o património cultural da rua através de histórias lendárias”, para que estes possam “alargar a sua compreensão sobre a transformação do bairro e dos seus habitantes”. O conteúdo do livro resulta de “conversas próximas com representantes de associações, entidades empresariais e residentes do bairro”, tendo como fonte dezenas de histórias orais que facilmente se podem perder se não forem registadas. Esta obra não fica encerrada no mundo digital, tendo sido impressa para constar nas bibliotecas públicas de Macau e escolas, a fim de “promover o sentido do património cultural e realçar os laços mútuos entre as pessoas de Macau”, pretendendo ser “um recurso comunitário valioso para aprofundar a compreensão e a apreciação de Macau e da rua”. 200 anos de história Um dos destaques dado no livro é ao sector têxtil que sempre predominou na Rua das Estalagens. No capítulo intitulado “Two Centuries of Prosperity: Spinning a Legacy in the Textiles Trade” [Dois séculos de prosperidade: A construção de um legado no comércio de têxteis], lê-se que “a Rua das Estalagens sempre foi um centro para a indústria têxtil”. Nos anos em que o sector têxtil tinha uma maior presença no território, entre as décadas de 70 e 90, “a rua albergou mais de 20 lojas com produtos de fábrica, incluindo três espaços da Loja de Fazendas Veng On”. “Em seu redor existiram 30 negócios relacionados com estas lojas, como alfaiates, lojas de roupa, lojas com produtos ocidentais e lojas de ornamentos para funerais, o que trouxe reputação à rua”, lê-se ainda. Na Rua das Estalagens “o comércio de tecidos tem mais de 200 anos”, aponta o mesmo texto. Outros capítulos do livro falam da presença do revolucionário republicano em Macau, em “The Starting Point of Sun Yat-sen’s Story” [O Ponto de Partida da História de Sun Yat-sen] ou estórias de personalidades ligadas à rua e ao seu comércio. Na conclusão da obra, refere-se que depois da transição, a rua “enfrentou novos desafios: a crise financeira global, a epidemia da SARS, a covid-19 e a incerteza da economia, deixando novamente a necessidade de renovação”. “No passado, os negócios floresceram, por si só, graças ao trabalho árduo e resiliência. Mas hoje em dia a comunidade junta-se com uma visão partilhada, planeando de forma activa [o desenvolvimento da rua] com o apoio do Governo de Macau e as empresas de resorts integrados. Com estes esforços, existe um sentido de esperança que a Rua das Estalagens recupere brevemente a sua antiga vitalidade, estando pronta para uma nova era de prosperidade”, é apontado. Visão institucional A presidente do IC, Deland Leong Wai Man, apontou que o livro resulta do “esforço ponderado para alargar a discussão em torno da preservação e revitalização [da rua]”, segundo a mesma nota de imprensa. “Espera-se que a renovação da rua inspire mais pessoas a tomar conhecimento dos bairros históricos de Macau e a participar na sua preservação, combinando ideias e recursos para garantir que a cultura e a história da cidade continuem a prosperar durante gerações”, disse ainda. Por sua vez, Wilfred Wong, presidente-executivo da Sands China, defendeu que “a Rua das Estalagens é um microcosmo da própria Macau, um lugar onde uma história rica se encontra com um futuro moderno”. “As paredes das suas ruelas testemunharam a transformação de Macau, e as suas histórias e pessoas merecem ser recordadas, pois são fontes preciosas do património cultural de Macau. O nosso esforço para publicar o livro foi possível graças à colaboração da nossa equipa local para realizar entrevistas com proprietários de lojas históricas, criar ilustrações e tirar fotografias, entre outros trabalhos”, frisou. Fachadas novas Recorde-se que esta publicação surge depois de ter sido anunciado pelo Governo a actuação da Sands no plano de revitalização da Rua das Estalagens, nomeadamente com o “Programa de Recrutamento de Empreendedores para a Rua das Estalagens”, lançado em Abril do ano passado. A operadora de jogo explica que os sete negócios seleccionados para a iniciativa “têm vindo a abrir por fases, trazendo energia para a zona juntamente com outros novos negócios, proporcionando uma plataforma para jovens empresários ambiciosos poderem realizar os seus sonhos”. Além disso, a operadora de jogo pretende revitalizar as fachadas das lojas “com desenhos que realçam as suas características, ressoando a história da rua e da cidade”. Para esta iniciativa, a Sands também tem colaborado com a Sociedade de Artistas de Macau, sendo que os desenhos serão criados por dois jovens artistas locais, Lei Chek On e Sit Ka Kit. “O objectivo é que, com um esforço colectivo como este, a comunidade possa redescobrir a história da rua e aprender sobre as suas histórias e lojas passadas através das interpretações visuais destes artistas locais de Macau e das suas percepções do território”, lê-se. Siguo Chen, o autor do livro, é um jornalista veterano com uma carreira de mais de 60 anos que tem estado profundamente ligado à área de media tanto em Macau como em Hong Kong.
EUA | Japão lamenta imposição de tarifas sobre o aço Hoje Macau - 13 Mar 2025 O Japão lamentou ontem ser alvo das tarifas aduaneiras de 25 por cento sobre o aço, impostas pelos Estados Unidos, alertando que as barreiras alfandegárias podem ter um impacto considerável nas ligações económicas. O porta-voz do Governo de Tóquio, Yoshimasa Hayashi, disse “ser lamentável” que o Japão não tenha conseguido a isenção nas tarifas sobre o aço e o alumínio, em vigor desde ontem, marcando uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os principais parceiros comerciais. Além do Japão, União Europeia, Canadá, China e Austrália são afectados por esta medida, e o objectivo declarado do Presidente norte-americano, Donald Trump, passa por proteger a indústria siderúrgica dos EUA, que tem visto a produção diminuir de ano para ano face a uma concorrência cada vez mais forte, particularmente da Ásia (ver página 11). Os Estados Unidos importam cerca de metade do aço e do alumínio utilizados no país, para sectores tão variados como as indústrias automóvel e aeronáutica, a petroquímica e os produtos de consumo básicos, como os enlatados. Hayashi disse ainda que o aço e o alumínio japoneses não comprometem a segurança nacional dos Estados Unidos e que os produtos japoneses são de alta qualidade, difíceis de substituir, reforçando a competitividade da indústria transformadora norte-americana. “As medidas de restrição comercial adoptadas pelos Estados Unidos vão ter provavelmente um impacto considerável nas relações económicas entre o Japão e os Estados Unidos, bem como no sistema comercial multilateral”, advertiu ainda o porta-voz, sem mencionar eventuais represálias. Sem escape No início da semana, o ministro do Comércio japonês, Yoji Muto, deslocou-se a Washington para tentar obter uma isenção da Administração norte-americana, mas sem êxito. O Japão exportou 31,4 milhões de toneladas de aço em 2024, incluindo 1,12 milhões de toneladas para os Estados Unidos, de acordo com dados das autoridades japonesas. Este valor corresponde a 4 por cento das importações de aço dos Estados Unidos, sendo Tóquio o sexto maior fornecedor, atrás do Canadá, do Brasil e do México. Até 2022, o Japão obteve a isenção sobre os direitos de exportação, para os Estados Unidos, de 1,25 milhões de toneladas de aço, por ano. Donald Trump ameaça também agravar as taxas sobre as importações de automóveis a partir de Abril. Trata-se de uma questão importante para Tóquio visto que, no ano passado, a indústria automóvel representou cerca de 28 por cento de todas as exportações japonesas para os Estados Unidos. Durante o primeiro mandato, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já tinha imposto direitos aduaneiros de 25 por cento sobre o aço e de 10 por cento sobre o alumínio, numa tentativa de proteger a indústria americana sobretudo do centro e oeste norte-americanos.
Geogastronomia e a Inteligência Artificial Jorge Rodrigues Simão - 13 Mar 2025 A complexa interacção destas perspectivas reflecte os debates mais amplos no mundo da culinária, abordando a forma como os sistemas alimentares podem evoluir respeitando as identidades culturais. A relação entre a geogastronomia e a IA é ilustrada através de vários estudos de caso inovadores. Um exemplo convincente é o domínio da nutrição personalizada. As tecnologias emergentes utilizam a IA para analisar as preferências alimentares individuais, as métricas de saúde e as predisposições genéticas. Empresas como a Nutrigenomix utilizam a IA para adaptar os conselhos nutricionais com base na análise do ADN, dando ênfase a uma abordagem mais individualizada da alimentação que tem em conta tanto o contexto geográfico como a saúde pessoal. Outro esforço notável é o desenvolvimento de cozinhas inteligentes. Empresas como a Samsung e a LG introduziram aparelhos de cozinha baseados em IA que ajudam na preparação de refeições e na sugestão de receitas. Estes dispositivos inteligentes podem oferecer receitas personalizadas com base nos ingredientes disponíveis, melhorando a experiência culinária e reduzindo o desperdício alimentar. Esta inovação não só simplifica a preparação de refeições, como também incentiva os consumidores a explorar ingredientes locais e sazonais. Além disso, as plataformas baseadas em IA, como a Tock, permitem que os restauradores de cozinha analisem os dados dos clientes para melhorar o serviço e adaptar os menus à evolução das preferências. Esta adaptabilidade, impulsionada pela percepção dos dados, ilustra a forma como a IA pode transformar os modelos de negócio tradicionais no sector da culinária, ao mesmo tempo que os enquadra no contexto geográfico da experiência gastronómica. Apesar dos desenvolvimentos promissores na intersecção entre a geogastronomia e a IA, persistem desafios e limitações significativos. As preocupações com a privacidade dos dados levantam questões éticas relativamente à informação dos consumidores. À medida que a IA analisa os hábitos alimentares pessoais, a protecção destes dados torna-se fundamental. Existe também o risco de exacerbar as desigualdades no acesso aos alimentos se a tecnologia se tornar demasiado centralizada ou se os produtores mais pequenos não tiverem recursos para competir. Além disso, a dependência de abordagens baseadas em dados pode ofuscar a importância da criatividade humana na cozinha. Embora os dados possam orientar a inovação culinária, a arte de cozinhar é muitas vezes uma questão de experimentação e instinto. À medida que os chefes de cozinha adoptam ferramentas de IA, devem manter-se vigilantes para preservar a essência e a alegria da criatividade culinária. O futuro da geogastronomia e da IA depende de uma abordagem sinérgica que respeite tanto os avanços tecnológicos como as tradições culinárias. As iniciativas educativas centradas na integração dos estudos alimentares com a tecnologia podem abrir caminho a uma nova geração de profissionais de culinária equipados para navegar nesta paisagem em evolução. As universidades e as escolas de culinária podem incorporar a formação em IA juntamente com a educação culinária tradicional para produzir chefes de cozinha bem preparados e familiarizados com ambos os domínios. Além disso, os esforços de colaboração entre os criadores de tecnologia, os chefes de cozinha e os agricultores podem conduzir a práticas mais sustentáveis. Ao utilizar a IA para abordar o transporte de alimentos, a gestão de resíduos e as estratégias de aprovisionamento, as partes interessadas podem criar um sistema alimentar mais eficiente que respeite os sabores e as culturas locais. Finalmente, a implementação da IA na agricultura comunitária é promissora. As iniciativas de IA localizadas podem oferecer aos agricultores informações sobre dados climáticos, padrões de rotação de culturas e tendências de mercado, promovendo assim a resiliência contra os desafios ambientais. Ao melhorar as redes alimentares locais, as comunidades podem tornar-se mais auto-suficientes, promovendo simultaneamente o rico património agrícola exclusivo das suas regiões. A intersecção entre a geogastronomia e a IA é um domínio dinâmico e cheio de oportunidades. Ao compreender a forma como os factores geográficos influenciam a cozinha e ao integrar tecnologias de IA, podemos promover a inovação culinária, respeitando simultaneamente o património cultural. A sinergia entre tradição e tecnologia tem o potencial de redefinir a nossa paisagem culinária, abrindo caminho a práticas sustentáveis e a experiências gastronómicas melhoradas. Em última análise, à medida que este diálogo interdisciplinar prossegue, o mundo da culinária está na vanguarda da mudança transformadora, combinando o sabor com a tecnologia de uma forma que enriquece a nossa cultura alimentar global.
CCCM | Arranca nova edição do Ciclo de conferências sobre Macau, China e Ásia Hoje Macau - 13 Mar 2025 O Centro Científico e Cultural de Macau recebe mais uma edição das “Conferências da Primavera”, ciclo de conferências com oradores e académicos sobre Macau, China e Ásia, que visa apresentar os estudos mais recentes nas áreas da ciência política, história ou antropologia, entre outras. A abertura oficial ao grande público acontece esta sexta-feira É já amanhã que arranca oficialmente mais uma edição do programa de palestras “Conferências da Primavera”, que vem sendo apresentado, nos últimos anos, pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa. Esta quinta-feira o arranque oficial faz-se com uma série de convidados ligados ao meio académico e governamental, como é o caso do próprio ministro da Educação, Ciência e Inovação português, Fernando Alexandre, ou Florbela Paraíba, presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua. Este ciclo de conferências, que se estende pelas próximas semanas, visa apresentar a um público mais vasto as mais recentes investigações sobre Macau, China e Ásia, com as sessões dedicadas a Macau a arrancarem esta semana. Destaque para a apresentação, na próxima segunda-feira, da palestra por Hugo Pinto, ex-jornalista da TDM Rádio Macau e doutorando da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que irá falar sobre o padre Benjamim Videira Pires e a “visão ecuménica de uma transculturação em Macau”. Segue-se Celina Veiga de Oliveira, que recentemente venceu o Prémio Identidade, com uma apresentação sobre a figura de Fernando Lara Reis, “um leiriense que amou Macau”. Esta apresentação decorre numa altura em que passam 75 anos sobre o aniversário da sua morte. De resto, esta semana decorrem algumas apresentações com jovens bolseiros do CCCM que também abrangem temas ligados às áreas da ciência política e relações internacionais, como é o caso da apresentação de Tiago Santos, do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, que aborda “O impacto da China e da Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota nas dinâmicas regionais sul-asiáticas: o papel da ‘Sino-Pakistani axis'”. Thaysa Cunha, também do ISCTE, irá falar das relações entre a China e Moçambique e o papel do Fórum Macau nesta conexão. Destaque ainda para algumas palestras sobre a língua portuguesa na China, nomeadamente a de Li Guofeng, doutorando da Universidade de Lisboa, que irá falar da diplomacia chinesa em torno da língua portuguesa como “ferramenta de soft power”. Memórias de um país O cartaz das Conferências da Primavera fica também preenchido com palestras sobre as memórias de vivências na China. Na terça-feira, 18, António Graça de Abreu, poeta e tradutor, apresenta “À Descoberta de Xangai”, enquanto o antigo embaixador José Manuel Duarte de Jesus fala dos “Mais de 40 mil anos de sociedade clânica matriarcal na China”. No painel “Poesia, Contemplação e Memórias” cabe ainda a palestra com Sara Costa, da Universidade do Minho, sobre “a tradução da poesia chinesa para o português: desafios, estratégias e perspectivas”. As sessões exclusivamente sobre Macau terminam na próxima segunda-feira, sendo que na terça-feira começam as palestras sobre a China, com fim agendado para 21 de Março. O ciclo dedicado à Ásia decorre entre os dias 25 e 27 de Março, véspera do fim anunciado para as Conferências da Primavera, dia 28 de Março. Destaque ainda para a inauguração, esta sexta-feira, da exposição de José Manuel Duarte de Jesus, intitulada “A China Multisecular vista através de formas e cores”.
Paquistão | China condena desvio de comboio Hoje Macau - 13 Mar 2025 A China condenou ontem o desvio do comboio Jaffar Express pelo grupo rebelde Exército de Libertação do Baluchistão (BLA), que é responsável por vários ataques contra as forças de segurança paquistanesas e os investimentos chineses na região. “A China condena firmemente este ataque e opõe-se a qualquer tipo de terrorismo, independentemente da sua forma. Continuaremos a apoiar firmemente o Paquistão na luta contra o terrorismo, bem como a manter a estabilidade e a proteger os civis”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa. A porta-voz acrescentou que a China está “pronta a trabalhar em operações anti-terroristas com o Paquistão para manter a região segura e estável”. Mais de 150 passageiros foram resgatados numa complexa operação de segurança na província paquistanesa do Baluchistão, na sequência do sequestro do comboio Jaffar Express por membros do BLA, informaram ontem fontes militares. As forças de segurança prosseguem a operação para libertar os restantes reféns detidos pelo BLA, que se apoderou do comboio com mais de 400 passageiros a bordo, quando este se dirigia de Quetta para Peshawar. O BLA, que procura a independência do Baluchistão, a maior província do Paquistão, tem uma longa história de insurreição, com ataques contra as forças de segurança paquistanesas e os investimentos chineses na região.
China | Esperado choque limitado das taxas sobre aço e alumínio Hoje Macau - 13 Mar 2025 A Associação do Ferro e do Aço da China previu ontem um impacto limitado das taxas de 25 por cento impostas pelos EUA sobre as importações de aço e alumínio, mas advertiu para o efeito adverso para a indústria mundial. Nas bolsas chinesas, nove das dez maiores empresas siderúrgicas chinesas registaram ontem perdas, mas no caso do alumínio, a Chalco e a China Hongqiao, as duas principais empresas deste sector, ganharam 4,63 por cento e 2,2 por cento, respectivamente. No que diz respeito a esta medida imposta pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, que entrou ontem em vigor, a associação chinesa prevê um impacto “limitado”, já que as exportações de aço da China para os EUA “representam uma pequena percentagem”. No entanto, “a longo prazo, pode levar outros países a seguir o exemplo, reduzindo a competitividade das exportações de aço da China”. O vice-secretário-geral da organização, Zhang Longqiang, disse à estação estatal CCTV que a medida é “um acto de proteccionismo comercial” e manifestou “firme oposição” às novas taxas porque “não são conducentes a um comércio saudável e justo e à concorrência no mercado”. “O aumento das taxas não vai, em última análise, proteger a indústria siderúrgica dos EUA – pelo contrário. Além disso, numa perspectiva de médio e longo prazo, as taxas terão um impacto adverso na cadeia industrial e na cadeia de abastecimento da indústria siderúrgica mundial, incluindo a da China”, afirmou. A porta-voz para o Comércio, He Yongqian, sublinhou ainda que “muitos países se opuseram explicitamente”. Pequim protestou na altura contra as taxas de 25 por cento impostas pelos EUA sobre as importações de aço e alumínio, sublinhando que não há vencedores em disputas comerciais. Embora os EUA não estejam entre os seus principais compradores – importaram cerca de 1,8 por cento das compras de aço do país asiático – a China exporta estes materiais para outros países como o Canadá e o México, que por sua vez os vendem ao país norte-americano. Efeito dominó Segundo os especialistas, alguns produtos são comprados por outros países e reenviados para os Estados Unidos, o que afectaria o aço semiacabado chinês, que é transformado em países como o México ou o Vietname antes de ser exportado para os Estados Unidos. Os especialistas preveem também um efeito dominó, uma vez que as taxas aumentarão os preços do aço e do alumínio, em especial nos EUA, o que conduzirá a aumentos generalizados a nível mundial. Outros consultores sugerem que as medidas se destinam a impedir a evasão das taxas, através do transbordo de aço e alumínio através de países terceiros, no que é conhecido como comércio “triangular”. Na segunda-feira, entraram em vigor novas taxas chinesas sobre os produtos agrícolas dos EUA, em resposta às taxas anteriormente impostas por Washington sobre produtos chineses.
Gás | Mais de dois terços de casas inspeccionadas com risco de fuga Hoje Macau - 13 Mar 2025 Entre Julho de 2019 e o mês passado, o Corpo de Bombeiros inspeccionou 1.742 apartamentos para detectar potenciais riscos de fuga de gás, e verificou que menos de um terço das habitações, 30,4 por cento, passou no teste. A informação foi revelada ontem pelo segundo comandante do Corpo de Bombeiros, Lam Chon Sang, aos microfones do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Entre as mais de 1.200 fracções onde foram encontrados problemas, o responsável adiantou que os riscos mais frequentes eram ligações defeituosas entre botijas de gás a fogões e esquentadores, falta de ventilação ou instalação em locais inapropriados, e mangueiras danificadas ou fora do prazo de validade. “Começámos as inspecções em habitações desde Julho de 2019, porque havia imensos casos de intoxicação por monóxido de carbono não só em Macau, mas também nas zonas vizinhas. Até Fevereiro deste ano, fizemos 1.742 inspecções e apenas cerca de 530 tinham condições perfeitas”, revelou Lam Chon Sang. O segundo comandante do CB colocou água na fervura e relativizou o que “parece ser o grande número de casas” com perigo de fuga de gás, destacando que os moradores ou proprietários não marcam inspecções com os fornecedores de gás ou manutenção. Lam Chon Sang aproveitou a oportunidade para apelar aos residentes a utilização da linha aberta, ou o contacto na página oficial dos bombeiros, para marcar inspecções às instalações de gás.
Medicamentos | Detectada loja envolvida em distribuição ilegal João Santos Filipe - 13 Mar 2025 A acção das autoridades decorreu na quarta-feira, e resultou na apreensão de mais de 500 caixas de medicamentos antivirais para a hepatite B e injecções hipoglicemiantes. Os visados arriscam uma multa que pode chegar às 700 mil patacas As autoridades anunciaram ter detectado uma loja, nas Portas do Cerco, que se dedicava à distribuição de medicamentos importados para o território sem autorização legal. O caso foi revelado na noite de quarta-feira, através de um comunicado do Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica (ISAF) e dos Serviços de Alfândega (SA). De acordo com a informação divulgadas, as autoridades “realizaram uma acção conjunta e apreenderam mais de 500 caixas de medicamentos antivirais para a hepatite B e injecções hipoglicemiantes que não tinham sido registados e aprovados para importação pelo ISAF”. As injecções hipoglicemiantes são utilizadas por pessoas com diabetes, uma condição que se caracteriza por níveis muito elevados de açúcar no sangue. A hepatite B é uma doença viral, que tende a afectar o fígado e que pode evoluir para outras doenças como cirrose ou até cancro do fígado. Pode ser transmitida através da partilha de seringas, relações sexuais e outros contactos sanguíneos. A loja, identificada como uma “agência comercial na zona das Portas do Cerco”, estava “envolvida no fornecimento de medicamentos sem licença e na importação ilegal de medicamentos”. Após a operação, o ISAF abriu um processo para investigação deste caso, enquanto os SA “procederam à acusação contra o responsável da loja em relação à violação das disposições da importação de produtos”. Multa até 700 mil patacas Após a divulgação do caso, o ISAF e os SA fizeram um comunicado a garantir que “combatem em conjunto as actividades ilegais através da partilha de informações, comunicação e colaboração interdepartamentais”. Além disso, foi deixado um alerta aos infractores que podem se obrigados a pagar multas, e até assumir responsabilidade criminal. “Segundo a legislação em vigor relativa às actividades farmacêuticas, só podem fornecer medicamentos os estabelecimentos com licença concedida pelo ISAF”, foi explicado. “Além disso, a importação de medicamentos também está sujeita à autorização prévia e licença de importação concedidas pelo ISAF. O infractor poderá ser punido com multa de até 700 mil patacas e para circunstâncias graves, o infractor poderá assumir responsabilidade penal”, foi acrescentado. O ISAF pediu também aos residentes que tenham conhecimento da existência de locais de venda não autorizados de medicamentos, ou de quando estes são vendidos sem a licença de importação, que denunciem as situações às autoridades.
Ex-terreno de Stanley Ho no mercado por 88 milhões de dólares de Hong Kong João Santos Filipe - 13 Mar 2025 Um terreno em Hong Kong, que faz parte do património deixado aos familiares por Stanley Ho, foi colocado à venda por 88 milhões de dólares de Hong Kong, de acordo com o portal HK01. O terreno fica localizado na Rua Kimberley, em Tsim Sha Tsui, Kowloon, e os administradores da herança do magnata pretendem receber cerca de 55.800 dólares de Hong Kong, por cada um dos cerca de 1.572 metros de construção permitidos no local. A venda foi decidida pela empresa de serviços financeiros KPMG, nomeada gestora do património deixado pelo magnata. A escolha desta companhia foi feita por Pansy Ho, filha de Stanley com a segunda mulher, Lucina Laam. Contudo, a decisão esteve longe de ser pacífica, e acabou contestada nos tribunais por Angela Ho, filha de Stanley Ho com Clementina Leitão, a primeira mulher, que pretendia ser igualmente nomeada como uma das administradoras do património. No entanto, os tribunais de Hong Kong acabaram por recusar a intenção de Angela Ho, com a justificação de que a gestão por parte da empresa KPMG, e sugerida por Pansy Ho, contava com o apoio da maioria dos beneficiários do património de Stanley. Controlo em 1970 Quanto à venda, está a cargo da agência de imobiliário CBRE, e vai decorrer de forma privada, sem que o terreno, actualmente sem construção, vá ser alvo de qualquer intervenção. A localização é tida como atractiva, uma vez que fica perto da saída B2 da Estação de Metro Tsim Sha Tsui, uma zona com várias opções de comércio, entretenimento e de refeições, além de atrair vários residentes de Hong Kong e turistas. De acordo com a informação do portal HK01, o terreno que agora vai ser vendido era controlado, inicialmente, por Stanley em parceria com Rogério Lobo, empresário e ex-deputado de Hong Kong, nascido em Macau. No entanto, em 1970, Ho comprou a totalidade da propriedade por 82.500 dólares de Hong Kong. Mais recentemente, em Março de 2023, o terreno foi entregue à KPMG para tratar da venda.
Centros comerciais | Galaxy e Sands com quebras de receitas em 2024 João Luz - 13 Mar 2025 A Galaxy e a Sands China tiveram quebras nas receitas líquidas nos centros comerciais tanto no quatro trimestre de 2024, como em todo o ano passado. No caso da Galaxy, as receitas líquidas do ano passado caíram 10,8 por cento, enquanto a Sands China registou quebras de quase 4 por cento Os últimos resultados financeiros das concessionárias Galaxy Entertainment Group e Sands China revelam diminuições nas receitas líquidas dos seus centros comerciais no Cotai no ano passado. Os resultados financeiros de 2024 mostram que as grandes superfícies do Cotai não escaparam ao clima de contracção que assola o sector do comércio e retalho em todo o território. No caso do principal resort integrado da concessionária que tem Francis Lui ao leme, o Galaxy Macau, o seu centro comercial registou no último trimestre de 2024 receitas líquidas superiores a 348 milhões de dólares de Hong Kong, um desempenho semelhante aos três meses anteriores. Porém, em termos anuais as receitas líquidas do centro comercial do Galaxy Macau no quatro trimestre de 2024 caíram 4,4 por cento face ao mesmo período de 2023. Tendo em conta os resultados anuais, em 2024, o shopping do Galaxy Macau facturou 1,39 mil milhões dólares de Hong Kong, total que representou uma descida de 10,8 por cento das receitas líquidas. Porém, as receitas do ano passado foram 13,1 por cento superiores ao registo de 2019, quando o centro comercial do Galaxy Macau apurou 1,23 mil milhões de dólares de Hong Kong em receitas líquidas, de acordo com o portal GGRAsia. Frutos ímpares Em relação aos cinco centros comerciais que a Sands China tem no Cotai, a empresa registou resultados financeiros díspares no ano passado. No cômputo das cinco propriedades, as receitas líquidas no último trimestre de 2024 totalizaram 136 milhões de dólares norte-americanos, um aumento de 8,8 por cento face aos três meses anteriores, mas uma quebra de 12,8 por cento em relação ao mesmo trimestre de 2023. Já quanto ao resultado do ano inteiro, as receitas líquidas dos centros comerciais da Sands China foram de 492 milhões de dólares, menos 3,9 por cento em relação aos 512 milhões apurados em 2023, e também menos cerca de 7 por cento do registo de 2019. Recorde-se que no último ano antes da pandemia, 2019, a operadora ainda não tinha inaugurado o shopping The Londoner Macao. Entre o portfolio de centros da Sands China, o The Venetian e o centro combinado do The Plaza e Four Seasons foram os que facturaram mais receitas, com 230 milhões de dólares e 158 milhões de dólares, respectivamente. Porém, se as receitas líquidas do The Venetian tiveram um aumento anual de 1,3 por cento em 2024, enquanto o centro comercial combinado registou uma quebra anual significativa de 15,5 por cento face a 2023. A performance das grandes superfícies comerciais do Cotai não destoa dos dados estatísticos globais tanto no volume de negócio do comércio no território, como nos gastos per capita dos turistas relativos ao ano passado. No que diz respeito aos gastos dos visitantes, no ano passado cada um gastou em média 2.387 patacas em Macau, menos 7,3 por cento face a 2023 e menos 1,2 por cento em comparação com o registo de 2019. Por outro lado, o volume de negócios dos estabelecimentos do comércio a retalho registou em 2024 uma redução de 14,9 por cento face ao ano anterior, de acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, com as quebras a estenderem-se aos supermercados, que normalmente escapavam às tendências negativas. Os negócios das lojas de relógios e joalharia foram os que mais sofreram no ano passado, com quebras anuais de 25,3 por cento.
Envelhecimento | Alvis Lo promete mais recursos Hoje Macau - 13 Mar 2025 O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, prometeu um aumento do investimento nos cuidados de saúde, de forma a lidar com o envelhecimento da população. A promessa foi deixada durante uma reunião do Conselho para os Assuntos Médicos, em que Alvis Lo participou na condição de presidente. De acordo com o comunicado oficial, o presidente do conselho indicou que “os Serviços de Saúde continuam a investir mais recursos, começando pela cadeia de serviços de prevenção, tratamento e reabilitação, através da prestação de serviços médicos especializados, de cuidados de saúde comunitários e de serviços médicos de proximidade”. Desta forma, Alvis Lo acredita que será possível disponibilizar serviços mais “abrangentes e adequados aos idosos”. Por outro lado, Alvis Lo indicou que os SS estão apostados em “promover activamente a implementação do Plano de Acção para Macau Saudável”, para “apoiar os idosos na formação de um estilo de vida saudável, elevando a sua qualidade de vida e o seu nível geral de saúde”. O responsável acrescentou ainda que é necessário “reforçar a cooperação interdepartamental do Governo e de incentivar a participação das associações”, para melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados.
Ambiente | Qualidade do ar em Macau piorou no ano passado João Santos Filipe - 13 Mar 2025 Entre os países ou regiões analisadas, Macau é o 52.º com pior qualidade do ar, um registo pior do que em 2023, quando estava na 64.ª posição do ranking mundial No ano passado, o ar em Macau ficou mais poluído, e o nível médio da concentração das partículas 2,5 ultrapassou em três vezes os valores recomendados. A informação consta do ranking mundial da qualidade do ar, elaborado pela da empresa suíça IQAir. Em termos da poluição do ar, as partículas PM2,5, também conhecidas como partículas finas, são altamente perigosas, porque podem entrar no sistema respiratório e alojar-se nos alvéolos dos pulmões, contribuindo para o desenvolvimento de várias doenças, inclusive algumas mortais. Segundo a empresa IQAir, no ano passado a média anual de concentração das partículas 2,5 foi de 17,7 microgramas por metro cúbico. O valor excede em mais de três vezes as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Em comparação, a avaliação de 2023 mostrava que a concentração média das partículas 2,5 tinha sido de 16,2 microgramas por metro cúbico, o que prova a deterioração da qualidade do ar. Os dados detalhados mostram que os meses mais perigosos para a saúde da população ocorreram em Dezembro do ano passado, quando a média da concentração de partículas foi de 39 microgramas por metro cúbico, um valor que excede em pelo menos sete vezes os valores considerados seguros para a saúde. Janeiro de 2024 foi outro mês preocupantes, com a concentração média a ser de 30,2 microgramas por metro cúbico, valor que excede em cinco vezes os valores saudáveis. No pólo oposto, Junho, Julho e Agosto foram os meses com o ar mais saudável, com concentrações de a variar entre 5,1 microgramas por metro cúbico e 9,8 microgramas por metro cúbico, valores que excedem uma a duas vezes os valores seguros. A subir no ranking Com a qualidade do ar em Macau a ficar pior entre 2023 e 2024, a RAEM conseguiu subir 12 lugares no ranking da 64.ª posição para a 52.ª posição. No entanto, quanto mais alto se está no ranking pior é a qualidade do ar. Por sua vez, a China surge no 21.º lugar, com uma concentração de 31.0 microgramas por metro cúbico. Enquanto o Chade é o país com a pior qualidade do ar, com uma concentração de 91,8 microgramas por metro cúbico. A região de Hong Kong surge no 63º lugar, com uma concentração de 16,3 microgramas por metro cúbico. Quando a comparação é feita apenas tendo em conta a Ásia Oriental, a China domina em toda a linha, ocupando os 15 primeiros lugares do ranking das cidades com o ar menos saudável. Hotan, no sudeste de Xinjiang, alcançou o pior registo e apresentou uma concentração de 84,5 microgramas por metro cúbico, o que excede em mais de 10 vezes os valores saudáveis. No pólo oposto, o Japão ocupou os 15 lugares das cidades com o ar mais puro, com Suzu, cidade na Península de Noto, a ser a mais saudável com uma concentração de 5,1 microgramas por metro cúbico. Nenhuma cidade da Ásia Oriental cumpriu os padrões recomendados.
Retalho | Número de trabalhadores com subida ligeira Hoje Macau - 13 Mar 2025 No fim último trimestre do ano passado, o número de trabalhadores no sector do comércio a retalho totalizava 68.554 profissionais, total que representou uma ligeira subida de 0,3 por cento face ao mesmo período de 2023, revelou ontem a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Já o número de pessoas ao serviço do ramo dos “transportes, armazenagem e comunicações” cresceu 4,1 por cento para um total de 15.110 trabalhadores. O sector do tratamento de resíduos sólidos e líquidos públicos empregava 933 trabalhadores no final do quarto trimestre de 2024, mais 1,5 por cento do que nos últimos três meses de 2023. No ramo das “actividades de segurança”, trabalhavam no período em análise 12.920 pessoas, mais 1,3 por cento em termos anuais. Em relação a salários no último mês de 2024, todos os ramos de actividade abrangidos por este inquérito da DSEC registaram aumento, excepto o sector que mais pessoas emprega, o comércio a retalho, onde as remunerações caíram 0,1 por cento para uma média de 14.730 patacas mensais. Nas actividades analisadas pela DSEC, destaque para as “actividade de segurança” que tiveram um aumento anual de salário em Dezembro de 6,7 por cento para uma média de 14.090 patacas, seguido dos trabalhadores dos “transportes, armazenagem e comunicações” que registaram um aumento de 2,6 por cento para uma média de 22.440 patacas.
Ecologia | Sam Hou Fai planta árvore na Taipa Pequena Hoje Macau - 13 Mar 2025 Para comemorar o “Dia Nacional de Plantio de Árvores da China”, o Chefe do Executivo plantou ontem uma árvore Machilus chinensis no Trilho da Taipa Pequena. Segundo um comunicado divulgado ontem pelo Governo, a acção teve o objectivo de promover a apreciação pela vegetação, a conservação de espaços verdes e demonstrar o respeito pela natureza. Além da apreciação e protecção ambiental, a plantação também se revestiu de um simbolismo nacionalista. No local onde foi plantada a árvore, o Chefe do Executivo inaugurou “uma lápide esculpida com a seguinte inscrição: ‘Da mesma raiz brotam os ramos frondosos, da mesma medula crescem os círculos concêntricos’, o que significa que a pátria e Macau têm as raízes e uma origem comum, mantendo-se numa relação íntima, progridem e prosperam em conjunto, traçando os círculos concêntricos da China”. A Machilus chinensis é uma árvore da família da laurácea, de vida longa, é originária do sul da China e uma espécie nativa de Macau. A sua plantação tem sido uma tradição cumprida por todos os chefes do Executivo da RAEM.
DSAL | Chan Un Tong escolhido como próximo director João Santos Filipe - 13 Mar 2025 Ao fim de 13 anos, Wong Chi Hong vai deixar o cargo de director da DSAL. A saída está marcada para a próxima semana. Chan Un Tong é o homem que se segue naquela que é uma das cadeiras “mais quentes” da Administração da RAEM Chan Un Tong foi promovido a director da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). A escolha do secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, foi revelada ontem, através do Boletim Oficial, e produz efeitos na terça-feira da próxima semana. A decisão representa uma promoção para Chan Un Tong, que era desde 2016 subdirector da DSAL. As mudanças foram justificadas pela “vacatura do cargo”, embora o actual director, Wong Chi Hong, se vá manter em funções até ser substituído, e ainda com o facto de o secretário ter considerado que Chan tem “competência profissional e aptidão para o exercício do cargo de director”. Chan Un Tong é Licenciado em Direito Económico na Faculdade de Economia da Universidade de Jinan, em Cantão. Além disso, frequentou um curso de Introdução ao Direito de Macau na Faculdade de Direito da Universidade de Macau. Em termos profissionais, Chan foi adjunto-técnico da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça entre Agosto de 2002 e Agosto de 2005. Foi neste ano que transitou para a DSAL, assumindo o cargo de técnico, até Maio de 2007. Antes de chegar a subdirector da DSAL, Chan desempenhou ainda as funções de técnico do Gabinete para os Recursos Humanos, técnico superior do Gabinete para os Recursos Humanos, coordenador-adjunto do Gabinete para os Recursos Humanos até 2016. Fim do percurso A informação divulgada ontem significa igualmente que o tempo de Wong Chi Hong à frente da DSAL chegou ao fim, depois de praticamente 13 anos. Esta é uma direcção de serviço sempre muita dada a críticas de deputados e associações locais devido às competências de autorização na contratação de trabalhadores não residentes. O motivo da substituição ainda não foi indicado, mas Wong estará em condições de se reformar. Em 2012, quando assumiu as tarefas actuais, Wong Chi Hong era Coordenador do Gabinete para os Recursos Humanos, depois de ter sido durante vários anos assessor do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam. Ainda durante a Administração Portuguesa, tinha desempenhado diferentes funções na então da Direcção dos Serviços de Trabalho e Emprego, que mais tarde foi rebaptizada de DSAL. Com a promoção de Chan Un Tong ficou um cargo disponível como subdirector da DSAL que vai ser ocupado por Chan Tze Wai. Licenciada em economia pela Universidade de Jinan, Chan era desde 2021 subdirectora da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, onde trabalhou directamente sob o controlo hierárquico de Tai Kin Ip, secretário que a nomeou para as novas funções.
Sun Yat-sen | Assinalado centenário da morte do “pai da China moderna” Andreia Sofia Silva - 13 Mar 2025 Sun Yat-sen faleceu a 12 de Março de 1925. Figura incontornável da história política da China moderna e pai do movimento que levou à queda do regime imperial, Sun Yat-sen foi ontem celebrado em Guangzhou, onde nasceu, Pequim e Taiwan O primeiro presidente da China pós-imperial e considerado o pai da era moderna do país, Sun Yat-sen, foi recordado ontem na China continental e em Taiwan, no 100.º aniversário da sua morte. Em Pequim, realizou-se uma “breve e solene cerimónia” de homenagem a Sun no parque de Pequim que tem o seu nome. Autoridades e “pessoas de todos os sectores da sociedade” estiveram presentes, guardaram silêncio e fizeram três vénias em frente à sua estátua, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. A Academia Chinesa de História elogiou o vulto político na sua conta de Weibo, descrevendo-o como “um grande herói nacional, um grande patriota e um grande precursor da revolução democrática da China”. A cidade de Guangzhou, capital da província de Guangdong, onde Sun Yat-sen nasceu, inaugurou na terça-feira uma exposição de objectos antigos relacionados com o homem que foi um dos promotores da revolução que derrubou a dinastia Qing (1644-1911). O edifício memorial de Sun Yat-sen na cidade acolheu a primeira apresentação de um musical baseado na juventude do revolucionário. Em Guangzhou, onde também existe uma universidade com o nome de Sun Yat-sen, exibe-se essa exposição, que inclui objectos como o relatório do exame de graduação de Sun Yat-sen no College of Medicine for Chinese, em Hong Kong, do ano 1892. Destaca-se ainda a certidão de casamento entre Sun Yat-sen e Soong Ching-Ling, em 1915, mulher que seria, mais tarde, vice-presidente da China durante o Governo de Mao Tse-tung, abraçando o comunismo. Na mesma exposição pode também ver-se o busto em bronze do próprio Sun Yat-sem, feito por ordem do amigo japonês Umeya Shokichi, em 1929. O “pai” da China moderna foi também recordado em Taiwan, com uma cerimónia junto ao memorial de Sun Yat-sen, em Taipé, onde foram depositadas flores e manifestar respeito. Duplas lembranças Apesar de ter fundado, em 1919, o Kuomitang, que viria a ser o principal rival do Partido Comunista Chinês (PCC), Sun é lembrado tanto na China continental como em Taiwan. O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado declarou que Sun Yat-sen “procurou a unidade nacional e a revitalização da China ao longo da sua vida”, apelando ao mesmo tempo aos “compatriotas de Taiwan para se juntarem a nós na herança do seu legado” e para se “oporem à secessão” da ilha. Nascido em 1866, Sun estudou medicina em Hong Kong – então uma colónia britânica – e, depois de liderar várias revoltas, ganhou notoriedade como líder revolucionário e como força motriz de uma tentativa de modernização do país. Em 1911, a Revolução de Xinhai conduziu à queda da dinastia Qing e Sun Yat-sen foi nomeado presidente provisório da nova República da China em Janeiro de 1912, mas rapidamente cedeu o poder ao principal líder militar do país, Yuan Shikai, que, longe de consolidar os ideais republicanos, dissolveu o parlamento em 1914 e proclamou-se imperador em 1915, anulando grande parte do progresso democrático pelo qual Sun tinha lutado. A partir de então, continuou a promover o seu ideal de uma China unificada e republicana, reorganizando o KMT e procurando apoio internacional para a sua causa. Em 1923, estabeleceu uma aliança com o recém-fundado PCC e recebeu o apoio da União Soviética para reforçar o movimento político. No entanto, não conseguiu consolidar um governo estável antes da sua morte em 1925. Uma vida de luta Na obra “As Irmãs Soong – A Mais Velha, a Mais Nova e a Vermelha”, da autoria de Jung Chang, descrevem-se alguns detalhes da vida de Sun Yat-sen antes de abraçar a causa revolucionária e a forma de como saiu da casa dos pais, em Guangzhou, em busca de uma vida melhor. O local de destino foi o Havai, que a 4 de Julho de 1894 se declarou como república, acontecimento que, segundo o livro, “ajudou a moldar a China de hoje”. “Um chinês radical, de 27 anos, Sun Yat-sen, desembarcou no arquipélago e entrou num mundo onde a palavra ‘república’ estava em todas as bocas”, descreve-se. Na China, a agitação contra o poder do império tornava-se forte. A república “era um novo conceito”, pois “a monarquia era o único sistema político que a China conhecia”. “Na época, o país era governado pela dinastia manchu”, sendo que os manchus “não eram naturais da China, mas tinham conquistado o território em meados do século XVII”. “Como não perfaziam mais de um por cento da população, eram considerados uma minoria de governantes estrangeiros e nunca lhes faltara oposição dos rebeldes nativos Han. Sun era um deles”, descreve-se na mesma obra. Sun Yat-sen era “um homem baixo, moreno e de traços bem proporcionados e agradáveis”. A sua aldeia natal, Cuiheng, tinha solos impróprios para a agricultura, o que proporcionava “uma vida de miséria extrema” a quem lá vivia. Como tal, a família do revolucionário não escapou as condições adversas. Na sua primeira fuga do contexto de pobreza, Sun foi para Hong Kong, encontrando abrigo junto da Escola Diocesana e Orfanato de Rapazes, aceitando depois um casamento arranjado pela família como chamariz para regressar à aldeia. Sun Yat-sen casou com Mu-zhen, teve filhos, mas foi uma figura ausente e algo despreocupada face às responsabilidades familiares, viajando pelo mundo a procurar apoios para a revolução que desejava para a China. A obra de Jung Chang descreve como o percurso de Sun se ligou ao pai das “três irmãs”, Ei-ling, May-ling e Ching-ling. Charlie Soong financiou e apoiou Sun Yat-sen nas suas causas revolucionárias, sendo que uma das filhas, Ei-ling, chegou a ser secretária do republicano. Este, apesar de casado, terá feito tentativas de aproximação amorosa e Ei-ling, mas acabou por ter uma relação com Ching-ling, que foi nacionalista, mas que mais tarde abraçou o comunismo, sendo conhecida como a “irmã vermelha”. Ching-ling foi também, conhecida como a “Madame Sun Yat-sen”, mas à altura da morte de Sun Yat-sen, já o relacionamento entre ambos tinha esfriado. Depois do estabelecimento da República Popular da China, Ching-ling foi vice-presidente do país, entre os anos de 1949 e 1954, e depois entre 1959 e 1975, além de ter sido vice-presidente da comissão permanente da Assembleia Nacional Popular. Passagem por Macau De resto, a vida de Sun Yat-sen cruzou-se com Macau várias vezes, onde viveu um curto período de tempo, ao contrário da mulher, Mu-zhen, e os filhos que permaneceram no território mais tempo. Para recordar o curto período em que o republicano viveu no território, à época sob administração portuguesa, foi construída a Casa Memorial do dr. Sun Yat-sen, onde se “testemunha a curta, mas significativa estadia em Macau no início do século XX quando, fugindo ao poder dos mandarins imperiais, tentava movimentar as forças suas apoiantes, a fim de implantar um novo regime na China”. “Em Macau recebeu apoio de alguns amigos que ao tempo eram ilustres e influentes figuras da vida social e política macaense”, lê-se ainda na descrição do museu. Outro detalhe interessante da revolução republicana de 1911 prende-se com a proximidade de datas face à instauração da República em Portugal, que aconteceu a 5 de Outubro de 1910. Macau, no meio dos acontecimentos na China e Portugal, só teve conhecimento de que a Monarquia Constitucional havia caído em Lisboa graças ao envio de um telegrama publicado em Boletim Oficial a 10 de Outubro de 1910, alterando-se o governador nesse contexto. Com Lusa
Ex-presidente filipino detido embarcou num avião para Haia, confirma advogado Hoje Macau - 12 Mar 2025 O ex-presidente filipino, Rodrigo Duterte, detido ao abrigo de um mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes contra a humanidade, embarcou esta terça-feira num avião com destino a Haia, disse o seu advogado. Duterte embarcou no Aeroporto Internacional de Manila com três outras pessoas cerca das 21:00 locais, disse Martin Delgra aos jornalistas, segundo a agência francesa AFP. “Não nos podemos aproximar do avião. O avião ainda está na pista com a porta aberta”, acrescentou na altura. Desconhece-se se o avião já descolou de Manila com destino a Haia, sede do TPI, nos Países Baixos. O Supremo Tribunal das Filipinas tinha anunciado horas antes que iria examinar uma petição apresentada pelo advogado de Duterte para suspender a detenção do ex-presidente. Duterte, 79 anos, foi detido hoje pela polícia filipina ao chegar a Manila proveniente de Hong Kong ao abrigo de um mandato do TPI, que o acusou de crimes contra a humanidade. Os alegados crimes terão sido cometidos durante a guerra antidroga da administração de Duterte (2016-2022), que vitimaram cerca de 6.000 pessoas, segundo a polícia. Várias organizações não-governamentais afirmam que o número de vítimas será de 30.000 mortos em operações antidroga e execuções extrajudiciais. O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU concluiu, num relatório publicado em 2020, que havia provas de violações generalizadas e sistemáticas dos direitos humanos, como execuções extrajudiciais e detenções arbitrárias. Na sequência da detenção de Duterte, famílias das vítimas de execuções extrajudiciais durante a guerra antidroga participaram numa missa de ação de graças em Quezon City, na região metropolitana de Manila. “Esta é uma missa de ação de graças por uma enorme surpresa, uma surpresa histórica, Duterte foi preso e o seu mandado de prisão foi cumprido”, disse o padre Bong Sarabia aos jornalistas, citado pela agência filipina PNA. “É possível que o caso no Tribunal Penal Internacional prossiga agora. Este é o ano do jubileu, da liberdade e da justiça, especialmente para as famílias que sobreviveram”, acrescentou. Alguns dos familiares disseram que a detenção de Duterte não substitui a dor pelos que foram mortos. “Pelo menos, [Duterte] só foi preso. Os nossos entes queridos foram mortos no local”, disse Amy Jane Lee, cujo marido, Michael, foi morto num tiroteio relacionado com droga em 2017.
Ucrânia | China espera “solução justa e duradoura” para a guerra Hoje Macau - 12 Mar 2025 A China disse ontem esperar que seja encontrada uma “solução justa e duradoura” para a guerra entre Ucrânia e Rússia, antes das negociações entre as autoridades norte-americanas e ucranianas na Arábia Saudita. “Esperamos que as partes cheguem a uma solução justa e duradoura que seja aceitável para todos”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, numa conferência de imprensa, em Pequim. “A China apoia todos os esforços que contribuam para uma resolução pacífica da crise”, continuou a porta-voz, quando questionada sobre as conversações. “A China está também pronta a continuar a trabalhar com a comunidade internacional para desempenhar um papel construtivo na resolução política da crise”, acrescentou. Pequim apresenta-se como uma parte neutra na guerra, afirmando não estar a enviar ajuda letal a nenhum dos lados, ao contrário dos Estados Unidos e de outros países ocidentais. Mas a China é um aliado político e económico da Rússia e os membros da NATO descreveram o país asiático como um “facilitador decisivo” da guerra, que nunca condenou. As conversações na Arábia Saudita serão as mais importantes desde a recepção do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, no mês passado.
Ex-líder filipino Rodrigo Duterte detido por ordem do TPI Hoje Macau - 12 Mar 2025 O ex-presidente filipino Rodrigo Duterte foi ontem detido no aeroporto internacional de Manila por ordem do Tribunal Penal Internacional, que o acusa de crimes contra a humanidade durante a sangrenta campanha contra a droga, anunciou fonte oficial. “Esta manhã, a Interpol de Manila recebeu a cópia oficial de um mandado de captura emitido pelo TPI [Tribunal Penal Internacional]”, declarou a Presidência das Filipinas em comunicado. “Encontra-se actualmente sob custódia”, referiu. Rodrigo Duterte (2016-2022) foi detido depois de chegar de Hong Kong e a polícia levou-o sob custódia por ordem do TPI, que tem estado a investigar os assassínios em massa que ocorreram durante a campanha repressiva do antigo dirigente contra a droga, referiu o gabinete do Presidente Ferdinand Marcos, em comunicado. O TPI lançou uma investigação sobre os assassínios relacionados com a campanha antidroga sob o comando de Duterte, entre 1 de Novembro de 2011, quando ainda era presidente da Câmara da cidade de Davao, no sul do país, e 16 de Março de 2019, como possíveis crimes contra a humanidade. Duterte retirou as Filipinas em 2019 do Estatuto de Roma, numa medida que os activistas dos direitos humanos dizem que teve como objectivo escapar à responsabilização pelos assassínios. O Governo de Duterte fez movimentações para suspender a investigação deste tribunal no final de 2021, ao argumentar que as autoridades filipinas já estavam a investigar as mesmas alegações e dizendo que o TPI – um tribunal de último recurso – não tinha jurisdição. Juízes do TPI decidiram em Julho de 2023 que a investigação poderia ser retomada e rejeitaram as objecções do Governo Duterte. Intermediário crucial Com sede em Haia, nos Países Baixos, o TPI pode intervir quando os países não querem ou não podem processar os suspeitos dos crimes internacionais mais graves, incluindo genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. O Presidente Ferdinand Marcos Jr., que sucedeu a Duterte em 2022 e se envolveu numa amarga disputa política com o antigo Presidente, decidiu não voltar a aderir a este tribunal universal. No entanto, a Administração de Marcos disse que cooperaria se o TPI pedisse à polícia internacional para levar Duterte sob custódia através do chamado “alerta vermelho”, um pedido para que as agências de aplicação da lei em todo o mundo localizem e detenham temporariamente um suspeito de crime.
Planeta X Amélia Vieira - 12 Mar 2025 – Cada homem tem diante do alfabeto o número exacto de filhos que deveria conceber antes mesmo de aprender a sua composição linguística. Mais tarde ao comunicá-los deveria ter direito a interjeições na nomeação progressiva dos petizes que não tiveram culpa dos ululantes efeitos que determinariam seus sistemas fonadores, mas como esta trapalhada se passa toda no tempo das luas, que tal em numerário? Por exemplo, 31! Há mesmo um fado assim, e só agora compreendemos tratar-se de um feto desenvolvido quase à beira do 39. – Mas está bem. Que seja X. – Quando falávamos com os deuses havia um altamente germinativo, Júpiter; ele era o rei do Olimpo e fecundava Gaia em todas as dimensões e por isso foi tido como o real e benigno ser da multiplicação, o rei dos deuses, um impetuoso expansionista que cegava as capacidades parentais e as alienava como se fossem ainda um dos seus dons. Nós estamos em crer que toda esta força foi depois incubar nos rebanhos guiados por gurus masculinos que trariam um grande reino de fraternidade para todos os irmãos, maravilhados por partículas e seivas com dispositivo de grande alcance que cobriria a Terra inteira em graus, sistemas, organizações e impérios, alargando-se em vasta irmandade. Só que não. – O delírio foi no entanto um alto representante desta estrutura procriativa que fez enjaular os fetos nas entranhas das mães para produzir gigantismos seminais que entorpeceriam ainda a fecunda liberdade do ser: o pai, a criatura ausente, vai plasmar-se no filho que numa sucessão de desesperos o clama e dele não terá resposta. No entanto a beleza deste mito subsiste, intriga, e dele se fez cânone. -Um pai que exibe um filho como mortalha para dizer que ele pode ser especial mas não é o único, só tem uma mãe que estará sempre no centro do seu coração como um selo, onde a transcendência é na sua carne o único vivo processo. Com ele fez caminho por entre o cordão de prata que será a corrente por onde o pai jamais pode passar. Um pai nomeia- X- a um filho, para o expor ainda distante das coisas dos homens, mas já nomeado para ser dele o cordeiro sacrificial de um emblema de passagem, um tributo da sua nova era germinal com robusta tendência para o infantilismo, e nesta perspectiva um velho enunciado se insurge – A. W- que filho deve ser mais notado enquanto interjeição que interrogação, podendo ser mesmo um acrónimo paterno. Somente as mães os chamam por seus nomes e “petit nom” que faz do filho um agente memorável de dicção fonética tão próximo do sentir poético. Elas dizem ainda: o meu Jesus, o meu João, o meu Simão, o meu Manuel, nunca lhes ocorrendo o ronco seco de qualquer signo alfabético. Ur! É muito bonito e seria perfeito o Pai lembrar. X é filho de um pai de Marte que já ultrapassou os nove rebentos, que este planeta é o nono do sistema solar, e ainda o ditado muito português que diz «ir a nove»: a sua existência já fora prevista a orbitar nos confins do sistema solar e foi rápida trazendo logo de seguida o planeta Y. Vamos supor que estamos diante de um representante dos planetas solares existentes que perfazem vinte e quatro como o alfabeto, querendo dizer com isso que o acelerador de transmissão genética ainda vai a meio e que o visionário homem de Marte espera alcançar. Nós, chegados aos doze, desde os Alfas e os Ómegas, andámos muito parados sem capacidade de resolução, e vem agora X e Y e Z, de um Marte recuado onde sonhamos colocar os pés sem delongas de complexas nomeações. Que todas estas órbitas só podem ser explicadas se tiverem sob a influência de um planeta desconhecido. O que vem aí pode ser mudo. – Há uma Estrela paralela ao Sol que é preciso descobrir. A sua linguagem será nos alvores da consciência, telepatia. Quando isso acontecer também estas palavras já serão ruido. Outrora havia ainda um gato chamado Chi, mas estávamos na presença de uma composição muito oriental que nos revertia para a harmonia. O das nove vidas.
FRC | Debate sobre língua portuguesa na próxima segunda-feira Hoje Macau - 12 Mar 2025 A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta na segunda-feira, 17, às 18h30, uma sessão do ciclo “Roda de Ideias”, intitulada “O potencial da língua portuguesa no mundo contemporâneo”, com a participação do antigo reitor do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Luís Reto, e o reitor associado da Faculdade de Negócios da Universidade da Cidade de Macau, José Paulo Esperança. O evento vai ser moderado por Marco Duarte Rizzolio, presidente da AEIMCP e co-fundador do programa de empreendedorismo “929 Challenge”. Os oradores convidados são co-autores do livro “Novo Atlas da Língua Portuguesa”, uma obra lançada pelo ISCTE-IUL em 2016, que procura ser um contributo para a afirmação do valor e potencial de um património único, numa abordagem multidisciplinar e integradora, espelho das múltiplas realidades dos seus falantes, descreve a FRC, em comunicado. Segundo a AEIMCP – Associação de Empreendedorismo e Inovação Macau – China e Países de Língua Portuguesa, co-organizadora do evento, a sessão irá abordar a importância histórica, cultural e geoestratégica da língua portuguesa no mundo contemporâneo. “A discussão abrangerá os factores históricos que moldaram a expansão da língua portuguesa, a sua influência económica e geoestratégica actual, bem como os desafios e oportunidades relacionados com a promoção e o ensino do português à escala global”, refere a associação, citada pela mesma nota. Além disso, “o seminário reflectirá sobre as possíveis trajectórias futuras da língua portuguesa no século XXI”, explorando ainda “o papel dos países lusófonos no cenário global, e como a língua portuguesa pode continuar a expandir sua relevância cultural, económica e educacional”, adianta a organização.
FAM | Portugal representado com espectáculo “Bate Fado” Hoje Macau - 12 Mar 2025 Foi ontem apresentado o cartaz de mais uma edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca em Abril, e que traz o espectáculo “Bate Fado” em representação da cultura portuguesa. Destaque ainda para mais uma produção teatral em patuá dos Doci Papiaçam di Macau, com “Cuza Tá Rena?”, que olha para a singularidade do território O espectáculo “Bate Fado”, da dupla portuguesa de coreógrafos Jonas & Lander, é um dos destaques da 35.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca no final de Abril, foi ontem anunciado. A presidente do Instituto Cultural de Macau (ICM) justificou o convite à dupla Jonas Lopes e Lander Patrick com a vontade de “incluir actividades ou grupos com características especiais”. “Nós conhecemos o fado e temos promovido espetáculos de fado”, disse Leong Wai Man, numa conferência de imprensa. A dirigente recordou as noites de fado com cantores portugueses, realizadas no Teatro D. Pedro V, na primeira metade de 2024, assim como a colaboração entre a fadista Mariza e a Orquestra Chinesa de Macau, na última edição do Festival Internacional de Música da região. “Esperamos que seja algo novo, uma vez que não é só fado, é uma performance corporal, que funde o canto e a dança”, sublinhou Leong. Durante a apresentação do programa do FAM, o ICM disse que “Bate Fado”, marcado para 17 de Maio, “combina a música emotiva com o sapateado, evocando antigas tabernas de Lisboa”. Num vídeo exibido durante a apresentação, a dupla Jonas & Lander disse que o espectáculo “resgata as extintas danças do fado” e sublinhou que irá ainda orientar um workshop para bailarinos e outro para famílias com crianças entre os 8 e os 12 anos. “Bate Fado” vai também fazer parte de uma mostra de espectáculos ao ar livre, de entrada gratuita, nos dias 16, 17 e 18 de Maio, no Jardim do Mercado de Iao Hon, cujo programa inclui também a associação Casa de Portugal em Macau. Em 2023, Jonas Lopes disse à Lusa que “Bate Fado” pretende recuperar a tradição oitocentista do fado batido, que consistia em ritmicamente seguir o compasso da melodia fadista, batendo um dos pés ou os dois ao mesmo tempo, possivelmente com uma coreografia. Com um orçamento de 23,4 milhões de patacas, menos seis por cento do que em 2024, o FAM vai apresentar, entre 25 de Abril e 31 de Maio, 15 espectáculos e 33 actividades de ópera, dança, música e artes teatrais, num programa que inclui sete grupos locais. No dia 24 de Maio o pequeno auditório do Centro Cultural de Macau recebe “A Batida do Xamã”, do grupo TAGO e direcção e coreografia de Soo-Ho Kook. Trata-se de um espectáculo com a “brisa fresca e jovem dos ritmos tradicionais” da Coreia do Sul, que se afasta da música pop. “A Batida do Xamã é uma magistral demonstração de precisão e movimento, uma representação de rituais antigos com um apelativo toque contemporâneo”, lê-se no programa. Nos dias 17 e 18 de Maio apresenta-se “Kiki, a Aprendiz de Feiticeira – O Musical”, com dramaturgia de Kouki Kishimoto. Este musical estreou em 2017 e desde então que já subiu ao palco mais de 70 vezes no Japão, tendo “um elenco jovem e enérgico”. Esta é a “primeira digressão fora de casa” do grupo, descreve-se no cartaz. Mais patuá Como é tradição, os Dóci Papiaçám di Macau, encerram o festival com a peça “Cuza Tá Rena?” (Que se passa?), em patuá. O teatro neste crioulo de origem portuguesa faz parte da Lista de Património Cultural Imaterial Nacional chinesa desde 2021, sublinhou Leong Wai Man. À margem da apresentação, o encenador dos Dóci Papiaçam, Miguel Senna Fernandes, disse que a peça, com um centro de explicações como fundo, será “uma chamada de atenção” para a importância de “manter as características de origem de Macau”. O encenador recordou que, durante uma passagem pela região em Dezembro, o Presidente chinês, Xi Jinping, sublinhou que Macau é “o único local do mundo que tem como línguas oficiais o português e o chinês” e defendeu que a cidade tem de aproveitar “a sua singularidade”. Num discurso durante a tomada de posse do novo Governo local, Xi disse que Macau tem a “vantagem única de ser a mistura de diferentes culturas”, mas alertou que o território precisa de “uma atitude mais tolerante, mais aberta”. No último FAM, os Dóci Papiaçam foram apanhados de surpresa quando, pela primeira vez, as autoridades locais pediram o guião da peça antes desta estrear, dando como justificação a necessidade de fazer a classificação etária do espectáculo. Leong Wai Man garantiu que esta é “essencialmente a razão” pela qual o guião de todos os espectáculos apresentados ao público ao Macau é avaliado por uma comissão, para “saber se pode ser vista por miúdos e graúdos”.