Espectáculos no Porto Interior e Taipa continuam a decorrer em Outubro 

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) decidiu prolongar a iniciativa “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas zonas do Porto Interior e da Taipa”, que começou em Junho. Desta forma, o público poderá continuar a ver, todos os sábados e domingos, a partir do dia 10, “várias actuações criadas por grupos artísticos locais e inspiradas em estórias e também na história destes bairros comunitários”, explica o IC em comunicado.

Estão agendadas 84 sessões de sete espectáculos que se realizam nos próximos três meses, e que incluem actuações de dança, visitas guiadas, peças de teatro e teatro de marionetas. Na zona do Porto Interior, o público poderá ver espectáculos como “Espaço Quadridimensional “Um Passeio pelo Porto Interior com Auguste Borget”, inspirado nas obras do artista francês que outrora permaneceu algum tempo em Macau. Com esta iniciativa, o IC pretende contar a história de um dos bairros mais icónicos do território.

Já com o espectáculo “Truz-truz, Quem Atracou no Porto Interior?”, da autoria do MW Dance Theatre, o IC dá a conhecer a zona do Mercado do Patane. Propõe-se, assim, “uma representação de ‘quadros vivos’ na zona que se estende desde a Rua da Praia do Manduco até à Barra, onde vários monstros chegam e iniciam uma exploração, resultando num espectáculo de dança interactivo que dará destaque ao ambiente local”. A história do Porto Interior é também contada com “Regresso de Barco”, da autoria da Associação de Dança Ieng Chi.

Murais na Nam Kwong

O programa de actividades estende-se à zona das Casas-Museu da Taipa onde, a partir do dia 24 deste mês, o público poderá ver, também aos sábados e domingos, em três sessões diárias de quatro programas, intitulados “Poema de Pedro e Inês”, da autoria do The Funny Old Tree Theatre Ensemble, “O Vendedor de Histórias”, da autoria da Associação Teatro de Sonho.

A Casa de Portugal em Macau apresenta “O Barbeiro” e “O Arraial”, dois espectáculos de teatro de marionetas português que contam “histórias de forma animada e descontraída”.

O mesmo comunicado dá ainda conta que o IC está a colaborar com a empresa Nam Kwong Logistics, subsidiária do grupo Nam Kwong, para lançar o programa “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas zonas do Porto Interior – Murais à frente da fachada dos armazéns da Nam Kwong”. A partir deste mês, os grafiteiros de Macau Lam Ka Hou e Anny irão pintar 25 murais baseados na vida quotidiana do Porto Interior na fachada dos armazéns da Nam Kwong, na Rua do Almirante Sérgio.

Teatro | “We Are (Q)Here” quer dar voz a minorias

Histórias reais de quem pertence a minorias foram adaptadas para serem contadas ao público, a partir de hoje, através do espectáculo “We Are (Q)Here”. Diferentes actuações vão passar por três locais distintos da cidade

 

[dropcap]O[/dropcap] espectáculo “We Are (Q)Here”, em que ganha voz a adaptação de histórias verídicas de minorias da sociedade, como membros da comunidade LGBT, pode ser visto entre hoje e domingo em diversas partes da cidade. Narrativas que saem da sala de teatro e tornam três locais diferentes de Macau no seu palco, cada um com uma actuação diferente. Acontecem no Mico (às 19h30), no Terra Drip Bar (às 20h30) e na Live Music Association (às 21h30).

Múltiplas histórias e actuações que pretendem dar a conhecer vozes de grupos “sem reconhecimento” e “rotulados negativamente”, explica a descrição do evento divulgado no facebook. “Com o desenvolvimento da sociedade, temos a oportunidade de ouvir mais histórias destas minorias. No entanto, devido ao excesso de informação no mundo moderno, as pessoas não têm tempo suficiente para a digerir e só vêem a superfície, o que leva a mais rotulagem”, pode ler-se.

O objectivo do espectáculo passa por criar um espaço em que a maioria ouça e compreenda histórias das minorias. “Estes jovens passaram todos por tempos difíceis. Por serem diferentes e não cumprirem a norma e as expectativas da maioria, são negativamente rotulados e rejeitados pela sociedade e até pelas suas famílias”, alerta a descrição.

“Com o teatro, com a arte, não devemos evitar nada”, respondeu ao HM a produtora, Jenny Mok, quando questionada sobre a aceitação do espectáculo. É organizado pela Comuna de Pedra.

Diferenças geográficas

Jenny Mok indicou que as histórias reais são transformadas em monólogos, e que os artistas se deslocam entre os três locais para as contar. Além disso, o espectáculo conta com outros elementos – cada local vai ter uma drag queen como anfitriã. “O local que se escolhe determina o espectáculo que se vai ver”, disse.

Apesar de haver algumas partes comuns, quem quiser ver todos os monólogos precisa de assistir a pelo menos duas actuações. Ainda assim, a produtora indica que a sensação de cada espaço vai ser única.

“É complicado no sentido de que não está a acontecer num teatro. No teatro há regras, mas vamos para a comunidade. E estamos a fazer três espectáculos numa noite, e a actuar quatro noites. Temos muito trabalho técnico e logístico pela cidade”, descreveu Jenny Mok. As actuações são em cantonense. Apesar de não estar a ser pensada a sua produção noutras línguas, a produtora disse que “tudo é possível”. A entrada é limitada a quem tem idade igual ou superior a 16 anos, e o bilhete custa 200 patacas.

Turismo | Projecto “um rio, duas margens” apontado como importante fonte de visitantes

[dropcap]A[/dropcap] directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes considera que a criação da zona de turismo e lazer “um rio, duas margens”, situado entre Macau e Zhuhai, poderá contribuir para captar mais visitantes e desenvolver a indústria turística de Macau. A informação foi avançada em resposta a uma interpelação escrita enviada por Lei Chan U a 21 de Agosto.

Na altura, além de questionar o Governo sobre o rumo que o plano está a tomar, o deputado perguntou ainda que mecanismos dispõe o Executivo para promover a comunicação e coordenação com Zhuhai e de que forma a construção conjunta do projecto poderá impactar a transformação de Macau num centro mundial de turismo de lazer.

Na resposta, a directora dos Serviços de Turismo apontou que, nos últimos anos, Macau e Hengqin têm mantido uma “cooperação plena” na área do turismo e desenvolvido produtos turísticos com características próprias “muito bem aceites pelos turistas”.

“Os contactos entre os dois territórios são cada vez mais estreitos, e espera-se que, através de instalações alfandegárias mais convenientes, cada um possa expandir o espaço de desenvolvimento do turismo de Macau e Hengqin, no sentido de aproveitar os efeitos da complementaridade mútua e oferecer mais fontes de visitantes, promover o desenvolvimento integrado da indústria turística de Macau e contribuir para a criação de uma marca turística de nível mundial na Grande Baía”, pode ler-se na resposta.

Helena de Senna Fernandes lembrou ainda que o Plano Director recentemente divulgado propõe a construção de uma “faixa de cooperação entre um rio, duas margens”, reforçar a coordenação regional e construir três centros de cooperação regional.

Já sobre a fusão da DST na área da Economia e Finanças, a responsável confirmou que processo estará finalizado até ao final e 2020.

Crime | Polícia envolvido em fraude com fichas no valor de 10 milhões

Aproveitando a dificuldade em trocar fichas de jogo por dinheiro, um polícia é suspeito de ter defraudado dois jogadores do Interior da China em 10 milhões de dólares de Hong Kong. Uma semana depois, as fichas evaporaram-se na mesa de jogo de uma sala VIP

 

[dropcap]P[/dropcap]or vezes, parece que é a vida que imita o cinema. A Polícia Judiciária (PJ) revelou ontem um caso que poderia, e deve ser, premissa para um guião de filme. Um agente do Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP), de 33 anos, e a sua esposa, de 25 anos, são suspeitos de uma fraude no valor de 10 milhões de dólares de Hong Kong (HKD).

O casal terá, alegadamente, aproveitado a actual dificuldade para trocar fichas de jogo por dinheiro para montar uma armadilha a dois jogadores do Interior da China. O agente abordou as vítimas argumentando que tinha uma forma de trocar fichas fora das salas VIP, conhecimento adquirido profissionalmente.

Assim sendo, foi assinado um título de dívida e os jogadores chineses entregaram 10 fichas no valor de 1 milhão de HKD cada ao agente da CPSP. Depois de devolverem 1,08 milhão de HKD em numerário, o casal desapareceu, assim como o resto das fichas.

Segundo a PJ, o agente da CPSP e a mulher ficaram uma semana numa sala VIP, onde gastaram todas as fichas que haviam prometido trocar.

Segundo informação da PJ, o suspeito já havia trocado com sucesso fichas no valor de 20 milhões de HKD, a troco de uma comissão de 6 por cento.

Grande preocupação

Depois de apenas terem recebido 1,08 milhão de HKD e sem hipótese para contactarem os suspeitos, as vítimas queixaram-se às autoridades policiais. O agente da CPSP foi detido no seu apartamento na zona do Toi San, enquanto a mulher foi interceptada quando tentava passar a fronteira nas Portas do Cerco.
Segundo a PJ, o casal de detidos recusou cooperar com a PJ e não revelou como trocou as fichas. O caso seguiu para o Ministério Público.

Em reacção à notícia avançada pela PJ, a CPSP expressou “grande preocupação com quem viola a lei” e revelou que vão ser iniciados procedimentos disciplinares contra o agente envolvido, que começam com a medida preventiva de suspensão.

Semana Dourada | Pouco mais de 120 mil turistas ao fim de seis dias

[dropcap]S[/dropcap]egundo dados publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), ao fim dos primeiros seis dias da Semana Dourada, Macau recebeu 120,165 turistas, uma queda de 86,6 por cento comparativamente com o sexto dia de celebrações do ano passado.

Detalhando, na passada terça-feira, dia 6 de Outubro, o território recebeu, no total, 21.573 visitantes, menos 82,7 por cento em relação ao ano anterior, constituindo-se, até agora, o segundo melhor registo desde o início da Semana Dourada, a 1 de Outubro.

O dia em que Macau recebeu mais visitantes foi na passada sexta-feira, dia 2 de Outubro, altura em que entraram 22.116 mil visitantes, traduzindo-se numa queda de 86,1 por cento quando comparado com o ano passado.

Até agora, o pior registo da Semana Dourada foi o primeiro dia, com 15.503 visitantes, ou seja, menos 88,5 porcento em relação ao ano passado. Ao final de seis dias, o segundo pior registo da semana foi no passado domingo, altura em entraram em Macau 18.747 visitantes. Nos restantes dias, o número de visitantes ficou pouco acima dos 20 mil visitantes.

Analistas acham pouco provável que concessionárias americanas percam licença

[dropcap]A[/dropcap]pesar da escalada de tensões entre Estados Unidos e China, que há muito extrapolou o universo comercial, analistas da corretora Sanford C. Bernstein consideram improvável que as concessionárias americanas percam licenças para operar em Macau. De acordo com uma nota da corretora divulgada ontem, citada pelo portal GGRAsia, a hipótese é praticamente inconcebível, “a não ser que a relação entre os dois países azede significativamente ao ponto de serem tomadas acções de retaliação directas contra negócios americanos na China, algo que iria aumentar o risco em Macau também”.

Os analistas perspectivam a renovação das licenças das seis concessionárias, sem novas entradas no mercado, como o cenário mais provável. Aliás, para a Sanford C. Bernstein, um dos aspectos-chave do próximo concurso será o impacto económico estabelecido pelas novas concessões e a posição de vantagem negocial do Governo que poderá alterar impostos, ou alargar a carga fiscal a dividendos. Esta possibilidade seguiria em linha com o que se passou noutros mercados asiáticos de jogo, como Singapura e Malásia.

Porém, as três concessionárias não estão em pé de igualdade em termos de envolvimento político, com a MGM Resorts International a não tomar uma posição tão vincada na política norte-americana como os rostos das suas congéneres.

Tanto o CEO da Las Vegas Sands (empresa mãe da subsidiária Sands China Ltd, que opera em Macau, Sheldon Adelson, como o ex-fundador e CEO da Wynn Macau Ltd, Steve Wynn, estiveram entre os doadores e apoiantes de maior peso na campanha que elegeu Donald Trump, e do Partido Republicano em geral.

A corretora destaca também que as acções retaliatórias de Pequim têm deixado de lado interesses negociais americanos que operam na China, ao contrário de empresas australianas, que sofreram consequências directas das relações entre os dois governos.

“Atacar directamente negócios americanos (especialmente, os que têm sido sólidos parceiros do Governo de Macau” seria uma solução pouco provável”, projectam os analistas.

SJM | Número de visitantes abaixo das expectativas

Angela Leong avançou ontem a possibilidade do Hotel Grand Lisboa Palace, a aposta da SJM para o Cotai, só abrir no próximo ano. Também o hotel Lisboeta, que está concluído, pode seguir o mesmo caminho

 

[dropcap]A[/dropcap] operadora Sociedade de Jogos de Macau (SJM) admitiu que o número de turistas que visitaram o território durante a Semana Dourada ficou abaixo das expectativas. A confissão partiu de Angela Leong, directora executiva da empresa, à margem das celebrações do Dia da Implementação da República Popular da China.

“Os últimos dias [da Semana Dourada] foram melhores do que os primeiros. Talvez nos primeiros dias tivesse havido mais problemas com a emissão de vistos turísticos ou com os transportes. Mas, nos dias mais recentes podemos ver que houve um aumento gradual de turistas”, afirmou Angela Leong. “Mesmo assim, o volume de visitantes diminuiu muito em relação ao ano passado e ficou abaixo das nossas previsões”, acrescentou.

Nos primeiros seis dias da semana dourada entraram em Macau 120.165 visitantes, uma quebra de 86,6 por cento face ao ano anterior.

Só desde Agosto é que o Interior voltou a emitir vistos de turismo individual para visitas a Macau. Numa primeira fase, a medida só era aplicável a pessoas de Zhuhai, tendo sido posteriormente alargada a Cantão e ao resto do país, no final de Setembro. Este cenário faz com que Angela Leong admita ser difícil fazer previsões sobre a eventual recuperação do sector do jogo. Porém, apontou que se os residentes de Macau e Zhuhai pudesse circular sem teste de ácido nucleico e se a validade dos testes fosse prolongada por 14 dias, que haveria benefícios.

Expectativa pelo Lisboa Palace

Angela Leong foi também questionada sobre a data de abertura do hotel e casino Grand Lisboa Palace, no Cotai, que teve um custo anunciado de 39 mil milhões de dólares de Hong Kong.

No entanto, a directora executiva da SJM foi incapaz de avançar data para a abertura, limitando-se a dizer que a direcção da concessionária tem debatido o assunto e que está atenta aos desenvolvimentos do mercado.

Além de membro da direcção da SJM, Angela Leong está envolvida na empresa Macau Theme Park and Resort (MTPR), responsável pelo hotel e casino Lisboeta, que homenageia Stanley Ho.

Sobre o Lisboeta, Angela apontou que as licenças foram todas aprovadas pelo Governo, mas que o ambiente económico torna cada vez mais provável que a abertura só aconteça no próximo ano. “Precisamos de olhar para o ambiente económico e o desenvolvimento em geral. Muitas lojas não vão ter condições para abrir devido à pandemia”, explicou. “Também não faz sentido abrir um hotel só por abrir, porque nesta altura não se pode abrir outros elementos não-jogo como o parque de diversões”, justificou.

Poder do Povo | Associação pede fim do abate de animais

[dropcap]A[/dropcap] Associação Poder do Povo entregou ontem uma carta ao Governo exigindo a manutenção do programa de comparticipação pecuniária e o fim dos abates dos animais por parte do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). Iam Weng Hong, presidente da associação, defendeu que só o Governo tem capacidade para abrigar e cuidar dos animais abandonados.

Alguns voluntários acompanharam a acção da Poder do Povo e disseram aos jornalistas que a lei de protecção dos animais deveria prever excepções sobre o abandono, uma vez que há pessoas que apenas alimentam os animais que vivem na rua. Além disso, a Poder do Povo pede a redução das multas aplicadas nestes casos, que variam entre as 20 e 100 mil patacas, alegando que esses montantes podem levar os donos dos animais a abatê-los em casa ao invés de os abandonarem.

Gritando “José Tavares [presidente do IAM], demita-se!”, os voluntários que acompanharam a Poder do Povo criticaram as multas que são aplicadas aos voluntários, acusando Tavares de falar sem conhecimento de causa.

Em Setembro, o presidente do IAM disse que alimentar animais abandonados pode ser equiparado ao crime de abandono, numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou.

Jogo | James Packer disse a regulador australiano ter saído de Macau à força

James Packer disse que foi obrigado a vender a participação na concessionária Melco Crown. Sem apontar nomes, o milionário afirmou que tudo surgiu como consequência da detenção no Interior de 18 empregados da empresa Crown, onde estavam a promover jogo VIP

 

[dropcap]O[/dropcap] milionário James Packer, principal accionista da Crown, acredita a sua saída da indústria do jogo de Macau resultou do envolvimento da empresa na promoção de jogo no Interior. A revelação foi feita na comissão de inquérito que decorre na Austrália, em que a Crown tenta provar ser uma empresa idónea para manter a licença para um casino em Sidney.

Em Outubro de 2016, 18 funcionários da Crown foram detidos no Interior por promoção de jogo VIP, uma prática ilegal na China. Meses depois, a Crown acabaria por vender, através de diferentes operações, todas as acções na concessionária Melco Crown, que tinha resultado da parceria com Lawrence Ho para o mercado de Macau. Actualmente, a empresa é a concessionária Melco Resorts, responsável pelos casinos Studio City, City of Dreams e Altira, em Macau.

Ontem, foi tornado público um email enviado por James Packer a um dos directores da Crown, Ishan Ratnam, com a data de 2018, em que o australiano associou a saída do mercado de Macau às detenções no Interior.

Numa mensagem em que é focada a situação financeira da Crown, surge uma breve menção à saída de Macau: “E isto aconteceu antes dos milhares de milhões perdidos pela Crown com a venda forçada da participação de Macau, consequência do nosso comportamento no mercado VIP da China”, pode ler-se.

Quando questionado sobre a mensagem, Packer reconheceu ter sido obrigado a vender a participação em Macau. No entanto, o australiano não elaborou sobre a imposição da venda que fez a Lawrence Ho, o principal accionista da concessionária. O inquérito australiano está focado num eventual comportamento incorrecto da Crown na promoção do negócio VIP no Interior, pelo que a entidade que terá forçado a venda não foi abordada.

O HM contactou ontem ao final da tarde a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) para perceber se tinha sido esta entidade a responsável pela venda forçada, mas até à hora de fecho não recebeu resposta.

Ligações com Stanley Ho

Finda a parceria com a Crown em Macau, Lawrence Ho mostrou a intenção de comprar 19,9 por cento da empresa australiana, numa operação que lhe permitiria entrar naquele mercado. O negócio foi posteriormente abortado, mas Lawrence Ho concretizou mesmo a compra de algumas acções, através da Melco.

Agora, o regulador australiano, a Autoridade Independente para o Álcool e o Jogo, está a investigar se o negócio com a Melco violou as condições definidas para que a Crown pudesse abrir um casino em Sidney.

Uma das principais cláusulas do contrato impedia ligações entre a Crown e Stanley Ho, um homem que era visto pelas autoridades australianas como associado às tríades. No entanto, um dos accionistas da Melco é um fundo de investimento com o nome Great Respect, ligado à família Ho e que tinha Stanley Ho como um dos beneficiários. Assim, a compra de acções pela Melco na Crown poderá ter violado a cláusula anti-Stanley Ho.

Sobre este assunto, Packer afirmou não ter considerado as ligações indirectas entre a Great Respect, a Melco e Stanley Ho: “Para mim, a Melco era uma empresa do Lawrence Ho e não do Stanley […] O Dr. Ho já estava muito doente, e isso fazia com que, na minha consideração, a Melco fosse uma empresa apenas do Lawrence Ho”, defendeu-se.

James Packer afirmou também ter deixado os detalhes legais da venda, que deveriam ter impedido a transacção, para a equipa de advogados.

Grande Amigos

Na audiência ficou-se ainda a saber que Lawrence Ho e James Packer chegaram a considerar uma fusão permanente entre a Melco e a Crown, para ir muito além do mercado de Macau. Porém, segundo as declarações proferidas ontem pelo australiano, nunca foram discutidos preços e a ideia foi abandonada porque os empresários chegaram à conclusão que ninguém ficaria a ganhar.

Outro dos assuntos abordados foi o negócio abortado da compra pela Melco de uma participação de 19,9 por cento na Crown. Sobre as razões que levaram a que a compra fosse terminada a meio, após a venda à Melco de algumas acções, James Packer disse não se recordar. “Não me lembro das razões. Aquilo de que me recordo é que o Sr. [Lawrence] Ho disse que a operação era demasiado complicada, ou algo semelhante”, apontou.

Na audiência, James Packer deixou ainda grandes elogios ao amigo Lawrence Ho. “De todas as parcerias que fiz ao longo da minha vida, esta é aquela que me faz sentir mais orgulhoso”, afirmou. “O Lawrence cumpre sempre a sua palavra, e nunca fez nada que me prejudicasse. Numa escala de um a dez, é um parceiro que merece nota 20”, concluiu.

Activos públicos | Governo retira participação no Centro Incubador de Novas Tecnologias

[dropcap]A[/dropcap] coordenadora do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos, Sónia Chan, revelou ontem que o Governo retirou a participação de 15 por cento que detinha na sociedade gestora do Centro Incubador de Novas Tecnologias de Macau, S.A..

À margem da entrega de prémios para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau que decorreu no Centro de ciência de Macau, Sónia Chan justificou a decisão de desistir da participação que detém no organismo, com a necessidade de investir apenas em “empresas relevantes”.

“Vamos olhar com atenção para os objectivos por trás da criação das empresas de capital público (…), pois nem todas têm fins lucrativos. As empresas que têm interesse social e são necessárias serão mantidas”, afirmou Sónia Chan.

A ex-secretária admitiu ainda que o Governo está a considerar retirar a participação de mais empresas de capitais públicos, após a conclusão da investigação que está a decorrer, com a intenção de descortinar quais os objectivos subjacentes à criação deste tipo de empresas.

“As empresas que o Governo considerar que não justificam o investimento público, por exemplo, que sejam incapazes de utilizar os recursos administrativos de forma eficaz, podem encerrar ou as suas funções serem transferidas para outros serviços”, vincou.

Contudo, a responsável fez ainda questão de dizer que, após analisar as contas das empresas de capital público, o Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos não detectou quaisquer irregularidades.

Por fim, Sónia Chan adiantou ainda que, ao nível legislativo, será criado, no futuro, um regime administrativo dedicado a supervisionar as companhias com capital público.

Ciência | “A tecnologia de Macau começou do zero”, secretário

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças Lei Wai Nong considerou ontem que desde o retorno à Pátria, “a tecnologia de Macau começou do zero”, sendo actualmente notório “um grande progresso no desenvolvimento científico e tecnológico”.

“A tecnologia de Macau começou do zero, tendo progredido passo a passo. A posição das instituições de ensino superior, em termos de ranking, continua a melhorar, com resultados de alto nível na investigação científica e tecnológica a emergir constantemente e o número de jovens talentos extraordinários na área das ciências e da tecnologia a aumentar significativamente”, afirmou o secretário durante o discurso de apresentação da Cerimónia de Entrega dos Prémios para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia.

Com a diversificação económica no horizonte, o secretário vincou ainda a importância de utilizar a ciência e tecnologia como ferramentas essenciais para reforçar a produtividade, nomeadamente através da “transformação de resultados da investigação em produtos industriais” e do desenvolvimento de sinergias entre a indústria, a Academia e a investigação.

Após três fases de avaliação, foram ontem premiados 16 projectos de ciência e tecnologia. Na categoria “Ciências da Natureza”, o primeiro prémio foi para o projecto de investigação dedicado à superfície lunar de Zhu Meng Hua e Zhang Ke Ke. Já na categoria de “Invenção Tecnológica” o primeiro prémio foi para o projecto dedicado à conectividade da internet das coisas com chips electrónicos avançados.

AL | Coutinho e Sulu Sou avançam com novo projecto de lei sindical

Pela oitava vez, Pereira Coutinho vai avançar com um projecto de lei sindical, legislação que considera necessária para equilibrar a balança da relação laboral. A iniciativa legislativa será feita em conjunto com Sulu Sou

 

[dropcap]O[/dropcap] deputado Pereira Coutinho anunciou ontem que vai levar pela oitava vez um projecto de lei sindical à Assembleia Legislativa, desta vez em conjunto com Sulu Sou. Recorde-se que na semana passada o Chefe do Executivo admitiu atrasos nos trabalhos da Lei Sindical. Para Pereira Coutinho, é urgente para o ordenamento jurídico de Macau uma lei sindical e os trabalhadores não podem continuar à espera.

“Existe uma situação de injustiça. E nas situações de injustiça e abuso da posição predominante do empregador, não podemos aceitar que o elo mais fraco da relação laboral continue a ser tão fraco. Achamos que devemos equilibrar um pouco a balança do elo de ligação laboral para que haja um pouco de justiça e as pessoas possam exprimir aquilo que sentem através de terceiros, sem serem objecto de retaliação”, comentou.

O deputado descreveu problemas como a falta de pagamento de subsídios de turnos e trabalho nocturno a trabalhadores das concessionárias, despedimentos sem justa causa, e falta de negociação justa entre entidades patronal e laboral. “Há necessidade de rapidamente e [urgentemente] ter uma lei sindical, para que as associações representativas possam negociar em termos mais justos e mais seguros, para evitar retaliações e vinganças por parte de algumas entidades patronais”, defendeu.

Para além disso, também defende a revisão global da lei das relações laborais. “A lei laboral está muito mal feita e prejudica os direitos fundamentais dos trabalhadores”, declarou.

A ideia é a partir de dia 16 de Outubro o projecto de lei ser agendado para debate em plenário. Comentando que o número oito é “bastante auspicioso”, por ser a oitava tentativa, Coutinho descreveu que está “esperançoso” de que proposta sobre a lei sindical vez seja aprovada e permita que as associações representem os trabalhadores em diferentes instâncias, nomeadamente judiciais e de administração pública.

Balanço dos trabalhos

Numa conferência de imprensa sobre os trabalhos da sessão legislativa que decorreram até 15 de Setembro, o deputado reiterou a “crónica falta de transparência dos trabalhos da Assembleia Legislativa (AL)”, um problema que se deve ao facto de a comissões de trabalho da AL funcionarem à porta fechada, algo que classifica como “inaceitável”.

“A opacidade das comissões da AL prejudica o desenvolvimento sustentável do sistema político e a fiscalização dos trabalhos dos deputados por parte dos cidadãos e dos meios de comunicação social”, explica em nota de imprensa.

A legislação sobre os direitos dos consumidores, aquisição de bens e serviços e as alterações à lei do jogo foram alguns dos diplomas que Pereira Coutinho entende precisarem de melhorias, frisando o “despesismo” a nível dos contratos públicos. O deputado mostrou-se a favor da continuidade do plano de comparticipação pecuniária, e defendeu que um reforço do apoio ao consumo no próximo ano, com mais oito mil patacas nos cartões.

A conferência serviu também para recordar que o prazo para o recenseamento eleitoral para as próximas eleições termina a 31 de Dezembro. Mas Pereira Coutinho não adianta se vai recandidatar-se, remetendo a decisão para mais tarde, depois de ouvir mais residentes.

Billy Chan, presidente da ANIMA: “Ter patrocínios vai ser cada vez mais difícil”

Com a saída de Albano Martins da presidência da ANIMA, Billy Chan, engenheiro civil, assume agora as rédeas da associação de defesa dos direitos dos animais. Até ao final do ano a ANIMA precisa de 1.5 milhões de patacas para se manter à tona, mas Billy Chan mantém um discurso optimista em relação à obtenção de apoios. O novo presidente da ANIMA quer promover a cooperação com outras associações para que juntos possam dialogar melhor com o Governo

 

[dropcap]C[/dropcap]omo nasceu a sua paixão pelos animais?

Há cerca de 12 ou 13 anos recebi um e-mail a pedir ajuda por causa de um cão que não conseguia andar. Senti uma mudança porque nunca tinha recebido nada do género, nem por parte de amigos. Fiquei curioso e liguei a um amigo que é fisioterapeuta, e naquela altura fomos a casa da pessoa que me pediu ajuda e descobrimos que tinha entre 10 a 20 cães em casa. Estava tudo uma confusão e os animais estavam muito magros. Nessa noite fizemos um tratamento ao animal. Repetimos o tratamento durante cinco noites e o dono depois disse-nos que o cão já conseguia andar. Senti-me muito bem com isso. Aí percebi que há pessoas que amam mesmo os seus animais. Comecei a trabalhar com estas pessoas e a ajudá-los, e eram pessoas que faziam parte da direcção da ANIMA. Foi a partir daí que decidi começar a ajudá-los e a trabalhar com eles. Descobri que é uma coisa com muito significado e agora tenho a oportunidade de liderar estes assuntos. A ANIMA não foi uma coisa que apareceu de repente.

Mas porque decidiu ter funções de gestão na associação e não ter uma posição apenas como voluntário?

Na altura, quando me convidaram, precisavam de ter mais opiniões por parte da sociedade. A ANIMA costumava ser uma associação com muitos estrangeiros, expatriados e portugueses, mas não havia muitos chineses, particularmente locais, e queriam que nós fizéssemos esse trabalho de chegar mais à sociedade. Agora temos mais pessoas a participar. Também temos mais ligações a outros grupos da sociedade. Pelo menos mais locais percebem o que é a ANIMA. Mas as minhas primeiras impressões foram essas, queríamos que a associação fosse mais local.

Esse objectivo já foi atingido?

O nosso trabalho é muito conhecido, mas a colaboração que temos com outras associações de defesa dos animais não funciona muito bem. Ainda estamos a trabalhar de forma individual. Não digo que isso seja bom ou mau, mas se queremos ser uma das mais importantes associações de Macau devemos cooperar com as restantes.

Mas há associações que são pró-Governo ou que têm uma posição diferente em relação à protecção dos direitos dos animais.

Estamos todos a trabalhar na protecção dos direitos dos animais, mas a forma como abordamos os problemas é diferente. Por exemplo, nós nunca colocamos os animais em jaulas, mas há associações, devido à falta de recursos, que adoptam outros métodos. Todas as associações estão a colocar todos os seus esforços em prol da defesa dos direitos dos animais, mas quando levamos a cabo uma campanha ou quando discutimos com o Governo algum assunto, estas acções não são suficientemente fortes. Se tivéssemos uma espécie de aliança com outras associações teríamos uma posição mais forte para falar com o Governo.

Com o fecho do Canídromo a ANIMA assumiu um papel de destaque. Considera que está mais preparada para discutir com o Governo face a outras associações?

Refere-se a privilégios?

Não, refiro-me ao facto de o Governo poder ouvir melhor a ANIMA em relação a outras associações devido ao trabalho já realizado.

Se olharmos do ponto de vista do apoio financeiro essa interpretação é correcta. As outras associações não recebem apoio financeiro do Governo. Mas em termos de políticas e discussão de leis, não vejo que a ANIMA seja tratada de forma diferente.

A Fundação Macau alterou os critérios de concessão de subsídios. Até que ponto isso pode afectar a ANIMA?

Temos vindo a ser patrocinados pela Fundação Macau nos últimos anos. Têm apoiado muito as nossas acções e acho que compreendem a nossa situação. Acredito que quando nos aproximarmos do fim do ano as respostas vão aparecer. Mantenho-me optimista em relação ao apoio do Governo.

A ANIMA está sempre a lutar pelo financiamento. Como está a situação financeira neste momento?

Albano Martins é o nosso presidente honorário e continua a dar-nos apoio em muitas áreas. Neste momento ele está mais focado nos patrocínios. Nos últimos meses temos reunido com representantes de casinos e estamos a ver como podemos obter patrocínios. Temos visitado também muitas pessoas. Mas falando do financiamento para este ano, recebemos o dinheiro da Fundação Macau e alguns patrocínios individuais, mas continua a não ser suficiente. Ainda faltam três meses para o final do ano e estamos a confirmar os donativos junto de algumas pessoas que nos prometeram apoio. Albano Martins acredita que conseguimos sobreviver, mas, de novo, ter patrocínios no futuro vai tornar-se cada vez mais difícil. Por isso temos de nos preparar.

Como?

A primeira forma é obtermos mais patrocínios, mas isso nem sempre é sinónimo de dinheiro. Pode também ser ajuda de pequenas entidades. Vamos tentar obter patrocínios de residentes e temos de arranjar uma forma de reduzir as despesas. Neste momento temos colegas a tempo inteiro e em part-time, gastamos dinheiro em vacinas e outro tipo de tratamentos. Também ajudamos outras pessoas que cuidam de animais. Mas estamos mais focados nas grandes tarefas da ANIMA.

Mas voltando ao financiamento, a pandemia dificultou as coisas, porque os casinos também atravessam um mau período.

Na primeira metade do ano normalmente obtemos o dinheiro da Fundação Macau e conseguimos sobreviver com ele. Mas na segunda metade do ano dependemos mais dos recursos dos casinos, e até agora os casinos ainda têm de confirmar quanto é que nos podem dar. Mas vamos acompanhar essa questão.

Quanto dinheiro necessitam até Dezembro?

Cerca de 1.5 milhões de patacas. A Fundação Macau já nos apoiou este ano. Procuramos ter a ajuda dos casinos e chegar a mais pessoas que nos possam ajudar. É importante que as pessoas saibam a situação em que estamos.

Se não obtiverem o dinheiro, quais são as alternativas?

Sem dinheiro não conseguimos fazer nada. Como alimentamos os animais, e fazemos outras coisas? Podemos sempre tentar chegar às pessoas para que nos emprestem dinheiro, ou junto dos bancos, mas não é uma solução definitiva.

Em relação à concessão definitiva do terreno onde estão situados, em Coloane, acredita numa resolução em breve?

Existe a questão dos esgotos que têm de estar ligados ao edifício da ANIMA. Temos um projecto para resolver esse problema, e por isso é que o assunto da concessão ainda não está concluído. Espero que esse trabalho fique feito este ano, mas ainda não sabemos se o Governo não vai alterar a sua posição. Só depois de concluído o projecto dos esgotos é que falaremos com o Governo para termos a concessão definitiva do terreno.

Como presidente qual é a sua estratégia principal para os próximos anos?

Não vão haver grandes mudanças. Vamos continuar a trabalhar como temos feito e penso que até agora conseguimos mostrar que a ANIMA faz um bom trabalho. No entanto, também precisamos de resolver algumas coisas. Uma delas é algo urgente, porque temos 800 animais nas nossas instalações. Estamos a 200 por cento da nossa capacidade (risos). Temos um grande número de animais e há coisas que não conseguimos fazer tão bem, como acções educativas ou discutir com o Executivo questões relacionadas com a lei de protecção dos animais. Quero reduzir o número de animais que temos nas nossas instalações. Não falo em abatê-los, mas podemos ter mais adopções ou dá-los temporariamente a famílias de acolhimento. Dessa forma poderíamos libertar parte das nossas instalações e ter menos despesas. As acções de educação são muito importantes e também queremos passar mais tempo nas escolas a falar com os alunos. Também queremos tornar a ANIMA mais local e ser mais cooperante com outras associações. Mas voltando ao financiamento, não nos devemos focar nas grandes entidades ou indivíduos.

Steve Wynn, por exemplo, é um dos parceiros da ANIMA, Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo também. A ANIMA pretende manter esses nomes, mas trabalhar mais com associações locais? 

Sim. Essas duas personalidades têm-nos apoiado muito no passado. Albano Martins mantém contacto com Steve Wynn sobre aquilo que se passa na ANIMA, o que está a mudar, mas também sobre o financiamento no futuro. Também mantemos contacto com Edmund Ho para o informar sobre o que se passa e também pedimos ajuda de várias formas. Essa ajuda faz as coisas funcionarem, mas temos de ter uma boa relação com diferentes entidades e temos de continuar a manter esta postura.

A ANIMA tem como objectivo o fim das corridas de cavalos. Que acções estão a ser planeadas?

Actualmente temos três grandes preocupações: a campanha para o fim das corridas de galgos em Portugal, o fim das corridas de cavalos e o encerramento do Matadouro. Ainda não lançámos nenhuma campanha sobre estes dois assuntos, estamos a fazer um levantamento da situação. Penso que neste momento não posso falar muito sobre isso porque estamos apenas no começo, mas esperamos avançar com algo em breve.

Em relação à lei de protecção dos animais, quais os problemas que se mantém e que deveriam ser resolvidos?

Antes da lei ser implementada a ANIMA sempre deu sugestões e apoiou esta lei. Mas quando o diploma foi implementado os comentários da ANIMA não foram tidos em conta e actualmente dizemos ao Governo que a lei não é suficiente. Tem muitas questões que não são práticas e faltam muitos detalhes. Por exemplo, temos poucos casos de abusos de animais, e a lei até determina pena de prisão para quem pratica esses actos. Mas como é que podemos acusá-las. Há também problemas com as lojas de animais, pois a lei não é clara. Como é que as lojas põem os animais em jaulas? Quem é que pode comprar um cão? Se comprar um cão e abandoná-lo, amanhã posso comprar outro sem problema. A lei funciona mais do ponto de vista da sociedade e menos do ponto de vista do bem-estar animal.

Como assim?

Se eu abandonar um animal na rua, estou a cometer uma ilegalidade, mas se o deixar no Instituto para os Assuntos Municipais já não. Temos de olhar para os animais e a sua relação com as pessoas. No futuro teremos a oportunidade de falar com o Governo sobre isto, mas se nos juntarmos a outras associações será melhor.

Acredita numa boa relação com o Governo de Ho Iat Seng?

Não sei dizer (risos). Neste momento estamos a trazer mais pessoas para a direcção, personalidades ou pessoas com posições de liderança na sociedade. Queremos pluralidade e assim teremos uma melhor ligação com o Governo. Temos de rever a lista dos membros da direcção. Até agora a nossa lista é muito boa comparando com outras associações, mas de tempos a tempos temos de fazer uma actualização.

Estudo mostra que opiniões negativas sobre a China aumentaram nos países democráticos

[dropcap]U[/dropcap]m inquérito, divulgado na terça-feira, mostrou um aumento acentuado de percepções negativas sobre a China em vários países democráticos, sobretudo na Austrália e no Reino Unido. A pesquisa do Pew Research Centre foi realizada numa altura em que o país asiático está envolvido em várias disputas comerciais e diplomáticas, motivadas em parte por uma abordagem diplomática mais assertiva.

O inquérito, que abrangeu 14 países democráticos com economias desenvolvidas, mostrou que a maioria das pessoas tem uma visão desfavorável sobre a China. A pesquisa foi realizada entre 10 de junho e 03 de agosto, por via telefónica, junto de 14.276 adultos. Na Austrália, 81% das pessoas disseram ter uma visão desfavorável da China, segundo a pesquisa, um aumento de 24% em relação ao ano passado.

Este aumento corresponde à tensão nas relações bilaterais, depois de Camberra ter apelado para uma investigação internacional sobre as origens do novo coronavírus responsável pela covid-19.

A China retaliou com a suspensão das importações de carne bovina australiana, aumento das taxas alfandegárias sobre a cevada importada da Austrália e uma investigação ‘antidumping’ sobre as importações de vinho australiano.

Outros países mostraram uma tendência semelhante: no Reino Unido, 74% dos inquiridos têm uma visão desfavorável em relação à China, um aumento de 19%, em relação ao ano passado; 71% na Alemanha (mais 15%); e 73% nos Estados Unidos (mais 13%).

Os 14 países abrangidos pela pesquisa são Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suécia, Reino Unido, Austrália, Japão e Coreia do Sul.

A margem de erro da pesquisa variou entre 3,1%, na Coreia do Sul, e 4,2% na Bélgica.

Na maioria dos países, a população com níveis de rendimentos mais elevados altos era tão propensa quanto aqueles com níveis de rendimento mais baixos a ter opiniões negativas sobre a China.

As opiniões negativas também ocorreram em todos os níveis de educação.

Em nove dos países pesquisados – Espanha, Alemanha, Canadá, Países Baixos, Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul, Suécia e Austrália – as opiniões negativas atingiram o nível mais alto em 12 ou mais anos, segundo a Pew Research Center.

Muitos países democráticos condenaram a China no início deste ano, quando Pequim aprovou uma nova lei de segurança nacional em Hong Kong que, segundo os críticos, infringe os direitos prometidos à antiga colónia britânica quando retornou à soberana chinesa.

Um dos factores mais importantes em relação à reputação da China no exterior é o novo coronavírus.

O vírus surgiu no final do ano passado na cidade chinesa de Wuhan (centro) e desde então espalhou-se pelo mundo. A China foi criticada por não ter sido suficientemente rápida na resposta inicial e por tentar encobrir os primeiros relatos sobre a doença.

Uma média de 61% dos inquiridos nos 14 países tinha uma visão negativa sobre a forma como a China lidou com o coronavírus SARS-CoV-2.

Aqueles que disseram que a China não geriu bem a pandemia mostraram mais probabilidades de ver o país sob uma luz negativa.

Os cidadãos dos países pesquisados também indicaram não confiar no Presidente chinês, Xi Jinping: uma média de 78% disse não confiar nele na gestão de assuntos internacionais.

Detido com 800 mil dólares de Hong Kong em notas falsas

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de 33 anos, suspeito de tentar trocar 800 mil dólares de Hong Kong, por 725 mil yuan com um residente do Interior da China que estava em Macau para jogar. O caso ocorreu num quarto de hotel, mas a fraca qualidade da impressão das notas acabou por denunciar a burla.

De acordo com informações divulgadas ontem pela PJ, tudo começou no passado sábado, quando a vítima se deslocou a Macau com o intuito de jogar. Encontrando-se sem dinheiro para apostar, o homem do Interior usou o contacto de um amigo para chegar à fala com uma pessoa que se mostrou disponível para fazer o câmbio de 725 mil yuan para 800 mil dólares de Hong Kong, sob a condição de que, antes de mais, o montante teria a trocar teria de ser transferido para duas contas bancárias.

Com a ajuda da família, a vítima assim o fez, ficando desde logo combinado que, no dia seguinte, iria encontrar-se com o suspeito num quarto de hotel. Contudo, quando o suspeito lhe passou para as mãos oito maços de notas de mil dólares de Hong Kong embrulhadas em plástico, o jogador do Interior não teve dúvidas de que se tratava de dinheiro falso, tendo alertado de imediato a polícia.

Segundo a PJ, no seguimento da detenção, foram apreendidas 763 notas falsas de mil dólares de Hong Kong, tendo o suspeito admitido que o “dinheiro” lhe foi entregue por um cúmplice do esquema na casa de banho do hotel. O suspeito, de apelido Cao, revelou ainda que recebia 500 patacas por dia, como pagamento por este tipo de trabalho.

Anos na prisão

De acordo com a PJ, o caso envolve ainda mais dois indivíduos, que se encontram a monte. O suspeito foi já presente ao Ministério Público, onde irá responder pelos crimes de passagem de moeda falsa e de burla de valor consideravelmente elevado, podendo, por este último, ser punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias, podendo ser agravada com pena de prisão entre 2 e 10 anos se fizer da burla modo de vida ou a pessoa prejudicada ficar em difícil situação económica. Já pelo crime de passagem de moeda falsa, o suspeito poderá vir a ser punido com pena de prisão até 5 anos.

O esguicho

[dropcap]O[/dropcap] esguichar, ou a ejaculação de quem tem vulva, tem sido objecto de grande interesse. Não é por acaso que a procura por estes conceitos tem aumentado de ano para ano em sites de pornografia, sobretudo por mulheres. Isto é provavelmente sintomático da dúvida que teima em insistir. Será que existe? O que é que é? Como se identifica? Certamente que existem mulheres que ejaculam porque têm pénis. E essa ejaculação não deixa mistério algum por desvendar. A ejaculação da vulva, por outro lado, não está tão bem explicada.

Certas vulvas vêem acontecer uma espécie de ejaculação, especialmente depois do orgasmo. Estima-se que isso pode acontecer em 10 por cento a 50 por cento das mulheres. Costumam descrevê-la como um libertar de líquido que pode molhar a superfície de contacto de forma mais ou menos intensa. Há quem o descreva como um esguicho (squirt), com alguma pressão, ou uma fonte, até 150 ml de líquido. A revisão histórica parece mostrar que há 2000 anos já se escrevia sobre esta possibilidade, tanto no ocidente como no oriente.

Em textos taoistas já se falava no poder libertador e regenerador da ejaculação da vulva.
A investigação aponta para várias teorias do que realmente se passa. Há quem diga que este esguicho é só urina – como um estudo mostrou que a bexiga estava vazia depois do orgasmo – ou que pode ser confundida com incontinência do coito, quando há perda de urina durante o sexo. Esta possibilidade, contudo, recebeu muita contestação e retaliação de quem esguicha. Não podia ser só isso. Uma análise mais cuidada mostrou que o liquido poderá ter uma percentagem de urina, sim, mas em pouquíssima quantidade. Na verdade, este líquido também terá quantidades variáveis de PSA, uma proteína comummente encontrada no sémen de quem tem pénis. Há mulheres que podem ter tecido de próstata na parede da frente da vagina que justifique a segregação desta proteína pela uretra. Chamam-se glândulas de Skene e nem toda a gente as tem.

Contudo, no imaginário contemporâneo do sexo, colocou-se o ejacular da vulva num pedestal. Consideram-na numa espécie de meta última para provar a capacidade de sentir prazer e proporcionar prazer – como se todas as pessoas tivessem a mesma propensão para fazê-lo. Só que ao mesmo tempo, para as vulvas ejaculadoras, há vergonha e desconforto por todo o aparato inesperado de molhar tudo à volta. Enquanto que algumas pessoas se sentem empoderadas por ejacular e fazer ejacular, outras enchem-se de complexos.

Isto tem chegado a um ponto que a indústria pornográfica tem procurado actrizes que consigam retratar o esguicho em filme. Há quem se veja forçada a encontrar formas criativas de compensar a dificuldade de ejacular com obrigatoriedade, o que torna o momento muito artificial e pouco fidedigno. Ao mesmo tempo, visto que é um suposto líquido com urina, os legisladores temem que se equipare com o urinar. Urinar, em contexto pornográfico já é demasiado “perverso”. Há países, como o Reino Unido, que censuram a ejaculação da vulva em vídeo por causa disso.

Ainda que a ejaculação da vulva traga uma conversa de milénios, só agora é que se renovou um interesse mais científico e popular sobre o tema. Como qualquer objecto sexual está envolto em discursos de libertação e vergonha que levam ao dualismo nosso conhecido do sexo. Ora é a prova máxima da lógica competitiva do sexo, ora mais uma forma de repressão e desconforto com o outro. Mas como tantas outras coisas no sexo, não há nada mais saudável do que explorar estas particularidades do corpo, individualmente e em conjunto, para a normalização da sensação de prazer, intimidade e entrega.

Da decência

I get the news I need from the weather report
The only living boy in New York, Paul Simon

[dropcap]D[/dropcap]e quando em vez vejo-me saudavelmente forçado a levantar os olhos dos livros e daqueles que estimo para olhar o mundo. E mesmo sabendo que muitos dos que estimo são por mim estimados por terem mundividências diferentes ou antagónicas da minha vejo que essa atitude, pessoal e involuntária, tende a desaparecer na generalidade.

Há muitos anos vi um programa de Sir David Attenborough em que o homem e a sua equipa avançaram pela floresta para filmar os únicos duzentos e cinquenta gorilas que restavam da sua espécie. Mal foi exibido a reacção foi espantosa: graças a esse episódio houve movimentos e dinheiro para salvar os animais, o que foi conseguido – hoje existem mais de mil gorilas no seu habitat e protegidos de todos os predadores.

Esta vinheta de abertura encaixa na perfeição nestes tempos em que muitas vezes a vida não humana vale mais do que os velhos Sapiens. Mas se aqui a resgato é pela analogia tão forçada como evidente. Há mais coisas à beira da extinção. Valores, atitudes, nós. Uma delas, tentarei dizer eu por aqui, é a decência.

Uma boa palavra. Por tanto tempo e agora ainda atribuída a comportamentos que a ortodoxia religiosa europeia associou a modos de ser e de estar e de mostrar. Isto terá atravessado os séculos e se por aqui ficássemos quase que poderíamos agradecer: toda a modernidade necessita de um confronto com que o há e houve e muitas vezes o que se julgou “indecente” (ou assim foi catalogado) é a primeira pegada do que irá acontecer.

Mas divago e quase deixo escapar a palavra e a polissemia. Esta decência de que vos falo não é a que obrigava a cobrir as pernas das senhoras até ao tornozelo. Trata-se de facto de algo ausente, culpa destes tempos. É uma categoria ética esvaziada da vida pública e logo por isso assustador. O étimo latino da palavra – decens – significa, entre outras coisas, airoso ou justo. Gosto de ambos mas vejo o segundo mais urgente.

Esforcei-me por assistir no devido tempo ao primeiro debate das eleições presidenciais americanas. Não esperava tamanha confirmação dos tempos em que vivemos: a confrontação de ideias destruída a argumentos ad hominem e sem sentido de – lá está – decência que parece ter sido retirada dos decisores públicos. E de nós. Culpa nossa.

A dúvida e o respeito pelas ideias são tão raros hoje em dia como os gorilas de Sir Attenborough. Não parece haver tempo para adversativas. O “sim” ou o “não” nunca estão acompanhados do “mas”. A dúvida morreu ou está escondida nos moderados que por sua vez fazem o que podem para fazer ouvir o seu fio de voz fora das arenas das redes sociais. É um combate justo, necessário e galante, em que me incluo. Mas custa, custa.

Sem dúvida não pode existir decência ou seja, justiça nas ideias. Sem curiosidade pelo outro ou confronto intelectual não pode haver progresso. Um truísmo? Talvez mas haja quem o pratique para eu não ter de o escrever. Agora mesmo estive a ver e a ler o que dois enormes amigos e rivais disseram um do outro, no caso Ruth Bader Ginsburg e Anthony Scalia, ambos nomeados para um dos cargos mais poderosos dos Estados Unidos da América – juízes do Supremo Tribunal – e amigos e adversários que sempre compreenderam a falta que as ideias de um fazia ao outro. Neste mundo de trincheiras só os moderados se lembraram de louvar Bader Ginsburg não apenas pelos valores que corajosamente defendeu mas também pela sua capacidade de ouvir o outro e – imagine-se – aprender com ele. Na maravilhosa elegia que fez a Scalia, homem do outro lado da rua política de Ginsburg, ela lembrou o que uma vez perguntaram ao seu adversário: “Como é que duas pessoas com ideias tão antagónicas podem ser tão amigas?” Scalia respondeu com o que agora parece em extinção: “Eu ataco ideias. Não ataco pessoas.”. E remata nessa altura Ruth: “Muitas boas pessoas têm muito más ideias”. A sala riu.

Se lembro isto é porque a memória me é mais próxima. Mas o que dizer, por exemplo, dos diálogos magníficos (e publicados) entre o então cardeal Ratzinger e o filósofo marxista Habermass em 1968?

Um mundo e um tempo não tão distante e não tão impossível em que as ideias são discutidas apenas por isso mesmo – serem ideias e logo motor de progresso. Tenho por crença e escolha uma forte resistência às utopias, sejam elas quais forem. Mas se este mundo passar a ser utópico e deixar de vez o pragmatismo e a decência estou bem tramado. Passo a seguir o conselho de Paul Simon e o estado da humanidade bastar-me-á no boletim meteorológico. Por mim há muito que estou preparado para a chuva.

Respirar fundo

Horta Seca, Lisboa, quarta, 30 Setembro

[dropcap]A[/dropcap]umenta com bruteza a lista dos meus mortos, íntimos de aqui longe. Não trouxe cada um, e razões havia, para evitar fazer destas entradas portas de cemitério, obituário constante. Neste ano miserável ficaram por evocar Pierre Guyotat e Rubem Fonseca e Claire Bretcher e Richard Sala e Maria Velho da Costa e Ernesto Cardenal e Juan Marsé. Ponho, em loop, a macieza de Juliette Gréco (1927-2020) de Bonjour Tristesse, ela que me foi mulher e cidade, promessa e acesso, voz e intensidade. «Tu es mon seul amour/ J’ai trop de faiblesse/ Pour te quitter/ Bonjour tristesse.» O sussurro de bons dias soa a conto de encantar os medos, um nada de conforto, pequeno sol de cada dia. O beijo da tristeza nem sempre morde. E assim trago mortos. Ou nem tanto assim, que estes souberam dar nós no tempo.

Quino (1932-2020) foi celebrado com justeza e em vida, raro caso de encontro de talento e popularidade. O seu desenho era rico e claro, mas tal clareza era de mil tons, alguns de profundo negrume. Foi extraordinário cronista do parvo quotidiano. Enfrentou deuses e demónios, escolhendo para maior o dinheiro, o negócio, o capitalismo. Mostrou, como poucos, o rosto da pobreza. E do seu espelho maldito, a riqueza. E da humana miséria, a dos sem sonho. Chicoteou com proverbial bonomia cada um dos poderes, pequenos e grandes.

Mistério, para mim, como consegue a mais extrema severidade sem perder a doçura. Tal como faz sínteses visuais onde se esconde grande complexidade. A política e a burocracia eram, mais do que alvos, objectos de fina análise. O bom humorista é cientista social, desenha ao microscópio. Execrava a censura, as milhentas com que ajardinamos as nossas cidades. Não se devia dar bem com o ar dos tempos, e não falo de poluição. A Mafalda esteve sempre por perto, daquele modo de único de ser tão crucial como o oxigénio sem ar de coisa importante. Por cada fase adolescente a bandeira foi um desenho de Quino, mas os ícones caem com facilidade das paredes porosas. O meu amor de sempre, e que de cada vez que me beija faz manhã, nublada, mas manhã, outro não é que o absurdo. Recordo um pequeno homem de chapéu de coco, mala clássica cruzando o viajante com o vendedor ambulante, em frente a um pedaço de linha de caminho-de-ferro esperando de olhar no vazio alinhavado pelo horizonte. Ou aquele, com todos os detalhes de classe média, outros dos seus queridos objectos, a sonhar-se no tecto espelhado tal e qual, sono profundo da sobrevivência mediana. (Outro exemplo, algures na página). O essencial sobre o essencial para nosso bel-prazer e não menos inquietação.

Espelho d’Água, Lisboa, segunda, 5 Outubro

Associámo-nos à Nova Mymosa para, por estes dias deslassados, marcar regressos lançando, presencialmente e via online, doze livros que deviam ser treze (claro!). No que à abysmo/arranha-céus diz respeito, ficou-nos a faltar «A Grande Dama do Chá» e o Fernando [Sobral], por força de circunstâncias que também afastaram alguns mais. A doença faz-se convidada destas nossas horas, e de mão dada o medo.

Antes dos três títulos que aguardavam lançamento em Lisboa desde Fevereiro, o Paulo [José Miranda] fez o favor de uma leitura do meu mínimo «Navalha no olho», que dediquei à Isabel, por todas as razões e mais uma: «Pudera/ o meu dia ser/ uma peça só/ de alegria/ o teu corpo:/ em que parte/ me encontro/ neste relâmpago?» Assinalou o leitor-maior dois «elementos enganadores», no título e no uso das palavras obscenas, pois, segundo ele, não se trata de livro surrealista nem de poesia erótica-satírica. Estou bem capaz de discordar, mas é preciosismo. Uma vez publicado, o gosto do autor deixou de ser chamado, mas agrada-me a classificação do José Emílio-Nelson: cubista. «Um olhar que se nega a abordar o acto sexual como ideia de realização plena, e o refere de diferentes ângulos num mesmo plano envolvidos.» De qualquer modo, o encontro do corpo e da palavra, das várias peles da língua, brilhando no olhar do Paulo sensibilizaram-me. «Há no livro a devolução do sentido às palavras que banalizamos e do modo como elas agem sobre nós, os corpos. À força de tanto banalizar, os corpos já não reagem às palavras e estas esqueceram-se de si mesmas. Neste sentido, é um livro político, como todos os livros que se debatam com a falência do sentido das palavras e com a falta de acção que isso carrega. O corpo e a palavra estão, e seria realmente assustador se nos déssemos conta disso, a ficar esvaziados de sentido. Assim, foder, subentende-se, não é um exercício espiritual, mas um exercício de salvação. Este livro alerta-nos para esta nossa situação através de um lirismo invejável, ao arrepio do que parecem ser os nossos dias.»

«Cálice», do Luís [Carmelo], que na tarde se deu a ler mais duas vezes em verso livre, «Adius», do Vasco [Gato], e «Aaron Klein», do Paulo, foram atravessados nas respectivas alegações pela assombração da relação entre vida e literatura, da impossibilidade de uma sem outra.

Em «Cálice», a viagem à memória, e que a usa como meio de transporte, servirá para reconstruir a figura do pai, afinal um lugar. «Desde a Poética de Aristóteles», afirma Miranda, «que sabemos que a poesia é precisamente este território móvel entre o sonho e a possibilidade, isto é, não um comboio em andamento, mas escrever num comboio em andamento, onde o presente passa depressa e, à medida que a viagem se alonga, o passado se torna mais apetecível. Alguns séculos antes de Aristóteles, Heraclito disse panta rhei, tudo flui, tudo é devir. Com este tudo flui, queria dizer que estamos junto com todas as coisas num tapete de tempo. O tempo leva-nos. Tudo flui. O mundo, o universo é um comboio imparável.»

Tenho para mim que «Adius» devia ser lido que nem comédia de enganos, se virmos nisso apenas exercício de destilada ironia. O escritor como personagem parece prometer romance de carácter diarístico mas será atravessado por sucessivos planos, espelhos que o rasgam e baralharão os modos e lugares da escrita.

Vasco pôs o narrador a afirmar que Vasco escreve: «não acho que a escrita tenha de obedecer a essa regra de ser a digestão da própria vida. No caso deste livro, foi de facto uma imagem forte que me impeliu, sem nada que a ligasse à minha história de vida». Ao ler para a assembleia as primeiras páginas do livro, em curioso efeito espelhado (ainda ele!), o que nelas se diz ali aconteceu: «A sala permanece em silêncio. A leitura demorou o tempo de trinta, quarenta pessoas se aperceberem que não conviria aplaudir, não conviria agir como se fosse um livro e fosse possível celebrá-lo».

E tudo acabou em paroxismo com «Aaron Klein». Com agudeza, escreveu a Rita [Taborda Duarte], que não pôde estar também por causa da sombra, que «sendo ficção, este livro é, também, um tratado, um ensaio, sobre o humano, a maldade, a ética, a lucidez da infelicidade, também sobre a responsabilidade, sobre a comunicação e sobre a literatura, numa dobra borgesiana acerca do que é a ficção e do que é a vida dentro e fora da literatura, da ficção. (…) É na lâmina da navalha da ficção, se quisermos no rebordo da página afiada, que nos fere o dedo, ao folheá-la, que nos apercebemos que a ficção é afinal vida e real. E Helder Macedo, a sua interpretação da personagem de Aaron, mas também seus poemas, o seu conhecimento ensaístico, tudo é convocado para o limbo que indistingue o que está dentro e fora do livro, dentro e fora do real.» Ora Helder, bem como outra personagem-maior, Ricardo Ben Oliel estavam presentes. E dialogaram com o seu autor. Palavra tangível, espanto lúdico, literatura em acção. Em directo, também na rede. Sem rede.

D2 Jazz Festival arranca este fim-de-semana com quatro bandas locais 

O D2 Jazz Festival arranca esta sexta-feira, uma iniciativa da discoteca da Doca dos Pescadores com produção e programação dos None Of Your Business. Bandas como os The Bridge, Yaya Quintet, Mars Lee Trio feat. Hon Chong Chan e The Hot Dog Express tocam num local onde habitam, por norma, os sons da música electrónica

 

[dropcap]E[/dropcap]sta sexta-feira e sábado, dias 9 e 10, vão ouvir-se sons de jazz num local bastante improvável para tal acontecer: a discoteca D2. Numa altura de pandemia em que os turistas e clientes escasseiam, os proprietários do espaço nocturno pretendem apostar em noites alternativas, tendo assim surgido o D2 Jazz Festival. A produção e programação está a cargo dos NOYB – None Of Your Business.

O festival promete proporcionar “um fim de semana de concertos marcados pelo jazz feito em Macau, com interpretações que vão dos clássicos do género às composições mais contemporâneas”, sempre com o objectivo de “celebrar o género musical nas suas diversas expressões”, lê-se num comunicado.

Ao HM, Manuel Correia da Silva, ligado aos NOYB, contou que esta é a oportunidade de levar o jazz a outros palcos do território. “É um desafio interessante ter a oportunidade de o espaço do D2 se abrir a este tipo de diversificação de oferta cultural e de entretenimento. Isso permite também que se aumente a oferta de espaços em que o jazz se apresenta à cidade.”

Macau é um território há muito familiarizado com este género musical, mas esta é a primeira vez em que este se apresenta ao seu público numa sala com outras dimensões. “O jazz tem estado presente em Macau há muitos anos, mas limitado a espaços muito específicos, e este é mais um espaço que se torna amigo do jazz, de alguma maneira. Para nós é a continuação de uma parceria, mas com um conteúdo diferente que é também inovador”, defendeu Manuel Correia da Silva.

O responsável da NOYB assegura que o D2 Jazz Festival acaba por ser “um bom resultado da crise gerada pela covid”, uma vez que existe a “necessidade de conseguir diversificar a oferta, uma vez que estão muito limitados, e há um tipo de clientes habituais que neste momento não estão em Macau”. Do outro lado, estão os músicos e bandas ávidos por tocar em público.

“Neste momento nós e muitas outras associações temos de nos virar para as bandas locais e conseguir o máximo de oportunidades. Isso tem trazido uma dinâmica interessante à cidade”, disse Manuel Correia da Silva.

The Bridge e companhia

O D2 Jazz Festival abre portas esta sexta-feira com os The Bridge, uma banda bastante conhecida no território criada em 1989 pelos músicos Phil Reaves e José Chan. Para este festival, o grupo faz-se acompanhar da voz de Yaya, que também actua com o Yaya Quintet.

A cantora Yaya tem mais de 10 anos de experiência de palco e fez parte da banda local Black Sheep durante sete anos. Além de interpretar clássicos do Jazz, Yaya compõe ainda os seus originais tendo sido seleccionada para integrar o projecto  “iBand Macau” – uma compilação de temas de bandas independentes, lançada desde 2009. Para o D2 Jazz Festival Yaya faz-se acompanhar do seu quinteto de músicos de diferentes géneros garantindo dar uma nova roupagem aos clássicos do jazz que vai interpretar. Depois das sonoridades jazz o público poderá dançar ao som do DJ Herbie Bangkok a.k.a. A Long.

No sábado, dia 10, é a vez de se ouvirem as sonoridades de Mars Lee Trio feat. Hon Chong Chan. Mars Lee é guitarrista e fundador da Associação de Promoção de Jazz de Macau.

Hon Chong Chan formou-se na The Collective School of Music de Nova York e na Beijing Contemporary Music Academy, tendo estudado guitarra e jazz com alguns dos grandes mestres enquanto adquiria experiência em apresentações internacionais. O músico tocou em Pequim, Guangzhou, Zhuhai e Nova Iorque.

Mais perto de casa, apresentou-se no Festival Internacional de Música de Macau, na Semana de Jazz de Macau, no Festival de Jazz de Guangzhou e no Festival de Jazz de Shenzhen. Para este concerto, o Hon Chong Chan vai apresentar não só alguns dos temas mais conhecidos do jazz como originais estreados no Festival Internacional de Música de Macau.

Os Hot Dog Express actuam também no sábado e deverão apresentar o jazz numa na sua versão electrónica contemporânea. A banda local é composta por músicos provenientes de Macau, Austrália, Canadá e Filipinas e traz a palco o resultado das suas diferentes origens e influências. O festival encerra com um DJ Set de Herbie Bangkok a.k.a. A Long. Os bilhetes custam 180 patacas e dão direito a duas bebidas.

Justiça | TSI dá razão ao Governo em caso de perda de residência 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Governo num caso de perda de residência. Tudo começou em Março de 2008, quando a requerente recebeu a residência temporária na qualidade de cônjuge, que foi depois renovada em Março de 2014. Aquando do segundo pedido de renovação, verificou-se que o cônjuge da requerente não tinha cumprido plenamente as obrigações tributárias, além de ter ficado sem trabalho. O então secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, proferiu um despacho, em Dezembro de 2016, que rejeitou o pedido de renovação. Como consequência desse acto, a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) cancelou o bilhete de identidade de residente não permanente da requerente. Esta apresentou recurso hierárquico junto da secretária para a Administração e Justiça, à data Sónia Chan, mas esta manteve a decisão da DSI.

A requerente apresentou então recurso junto do TSI, mas o tribunal entendeu que “o residente temporário na RAEM não passa a residente permanente pelo mero decurso do tempo, sendo necessário um acto administrativo expresso que verifique as condições de que depende o estatuto de residente permanente, designadamente, a residência habitual em Macau durante sete anos consecutivos”. No entanto, “o cônjuge de A [requerente], ao não cumprir plenamente o dever fiscal e ao não corrigir o respectivo erro depois de ser notificado, deixou de ter fundamento para requerer a renovação da autorização de residência temporária (extinção da relação laboral), e não cumpriu o dever de comunicação”.

Além disso, “com o indeferimento do pedido de renovação, caducaram a autorização de residência temporária da recorrente e o seu estatuto de residente não permanente (com efeito retroactivo até 27 de Março de 2014), pelo que a estadia da recorrente posterior à referida data não pode ser contabilizada nos sete anos consecutivos de residência habitual em Macau”.

Covid-19 | Pandemia afectou curso de tradução do IPL em parceria com o IPM 

[dropcap]A[/dropcap] pandemia de covid-19 limitou o desenvolvimento de projectos e as relações institucionais entre Portugal e a China, com impacto no intercâmbio de estudantes e no desenvolvimento de projectos e infra-estruturas. O presidente do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), Rui Pedrosa, destacou à Lusa o impacto que a pandemia teve no instituto, em particular no curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português (TIPC/TICP), que através de protocolos de cooperação permite que estudantes portugueses estudem na China ou em Macau, no Instituto Politécnico de Macau (IPM).

“Tivemos algumas condicionantes. Desde logo, antes da fase da pandemia chegar à Europa e a Portugal já nós estávamos em articulação, no início do ano, com os nossos estudantes que estavam particularmente em Pequim e também em Macau”, disse à Lusa, acrescentando que os estudantes do IPL regressaram a Portugal “mais ou menos de imediato”. “De facto, a grande diferença da nossa licenciatura, que é de quatro anos e que tem períodos de imersão não só do ponto de vista técnico e científico, mas também cultural na China, em Pequim e Macau, está limitada neste semestre”, afirmou o presidente do Politécnico de Leiria.

Devido às restrições e incerteza impostas, os estudantes do instituto não estarão em Macau ou Pequim, mas irão assistir, à distância, às aulas aí leccionadas. “A relação que temos também com o Politécnico de Macau neste semestre ainda não está 100 por cento fechada. Mas a ideia que temos agora é, em articulação com o Politécnico [de Macau], ter uma turma a funcionar presencialmente cá e uma turma à distância que estaria em Macau”, esclareceu.

Sobre a presença de alunos de Pequim ou Macau nas instalações do Politécnico de Leiria, Rui Pedrosa assinalou que é uma situação que “tem vindo a evoluir”.

Álcool | Proibição de consumo a menores de 18 anos em consulta

O documento de consulta pública sobre prevenção e consumo de bebidas alcoólicas indica que em caso de infracção, com vendas a menores, os estabelecimentos podem ser proibidos de vender álcool durante dois anos

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo propõe que a idade mínima para a compra e o consumo de álcool seja estabelecida nos 18 anos. É este o principal aspecto do documento de consulta pública elaborado pelos Serviços de Saúde, que visa criar a nova Lei de Prevenção e Controlo do Consumo de Bebidas Alcoólicas por Menores.

Segundo a visão do Executivo, existe “na comunidade uma ampla solicitação para restringir o consumo de bebidas alcoólicas por menores através da Lei”, o que faz com que o objectivo para implementar a redução aposte em três vertentes: a definição de uma idade mínima para “comprar ou obter bebidas”, limitar a “disponibilidade entre os menores” e alterar a publicidade para reduzir os incentivos ao consumo.

As pessoas com menos de 18 anos deixam de poder vender ou disponibilizar bebidas alcoólicas, ou seja todas as que têm uma percentagem de álcool superior a 1,2 por cento.

Quando houver dúvidas face à idade do comprador, os vendedores estão autorizados a pedir um documento de identificação.

Por outro lado, o Governo propõe que se deixe de vender álcool em vários locais, como as unidades prestadoras de cuidados de saúde, máquinas automáticas e sítios destinados a menores, como escolas, creches e jardins-de-infância.

Outro aspecto que vai sofrer alterações, é a publicidade à venda de álcool, onde vai ter de constar a mensagem “Consumir Álcool em Excesso Prejudica a Saúde”, em português, inglês e chinês.

SSM fiscalizam

À imagem do que acontece com a lei que regula o consumo e a venda de tabaco, também os Serviços de Saúde de Macau vão ser a entidade fiscalizadora de eventuais abusos.

Quando se verificar que a legislação não foi cumprida, o Governo propõe a aplicação de multas, além da apreensão do produto cuja venda foi ilegal. Os montantes propostos para punir os infractores não são ainda conhecidos. Em cima da mesa, está também a proibição de venda de bebidas alcoólicas por dois anos, caso se prove que um estabelecimento infringiu a lei.

Segundo os dados apresentados no documento de consulta pública, no ano escolar de 2017/2018, 82 por cento dos alunos do secundário afirmou já ter consumido bebidas alcoólicas. Entre estes, cerca de um terço disse ter tido o primeiro contacto com a bebida antes dos 13 anos, ou seja 27,8 por cento das pessoas ouvidas.

A aquisição de bebidas pelos estudantes foi feita principalmente em restaurantes, bares, karaokes (35,8 por cento), lojas (34,2 por cento) ou com a família (22,1 por cento). Apesar destes dados, o documento não apresenta números sobre o impacto da proibição para locais de venda de bebida, nem em termos de emprego. A consulta pública sobre esta lei está a decorrer desde ontem e vai prolongar-se até 4 de Dezembro.

DSEJ | Plataforma sobre a Grande Baía custou 85 mil patacas

Em resposta enviada ao HM, a DSEJ revelou que a plataforma de promoção da Grande Baía dirigida aos jovens de Macau custou 85 mil patacas e desde o seu lançamento recebeu apenas 3.500 visualizações. As contas de Facebook e Instagram continuam com pouca adesão, e o lançamento da conta no WeChat deve acontecer ainda este mês

 

[dropcap]A[/dropcap] elaboração da “Plataforma de Informação para Jovens da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, que entrou oficialmente em funcionamento a 26 de Dezembro de 2019, custou 85 mil patacas, revelou a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) em resposta enviada ao HM.

De acordo com a DSEJ, a plataforma em questão, que pretende dar a conhecer as oportunidades da Grande Baía aos jovens de Macau e que inclui também contas públicas no Facebook e Instagram, foi elaborada durante o segundo semestre de 2019 e conta até hoje com 3.500 visualizações.

Na mesma resposta, a DSEJ revelou ainda que, tendo em vista a disseminação da informação entre os jovens, desde Setembro, “iria proceder à optimização da plataforma”, com o objectivo de chegar a mais utilizadores. Já sobre o lançamento da conta pública da plataforma na aplicação WeChat, a DSEJ aponta que a mesma será lançada neste mês de Outubro.

Recorde-se que no passado dia 24 de Setembro foi feito o ponto de situação sobre a plataforma, por ocasião da terceira sessão plenária do Conselho de Juventude. Nesse mesmo dia o grupo de Facebook “Falar detalhadamente a Grande Baía” somava 20 “gostos” e 21 seguidores. As cinco publicações na página inicial não tinham qualquer “gosto” ou comentário. Já no Instagram, a conta “Bay Chit Chat” tinha apenas 12 seguidores, com três “gostos” atribuídos pela mesma pessoa.

À data de ontem, apesar de ser notório o aumento de publicações e seguidores nas redes sociais, os números continuam a parecer pouco auspiciosos. A conta de Facebook afecta à plataforma de promoção da Grande Baía contava ontem com 46 “gostos” (mais 26) e 51 seguidores (mais 30), com as publicações mais populares a conseguirem obter até quatro “gostos” ou partilhas, incluindo de funcionários da própria DSEJ.

Já o Instagram contava ontem com 25 seguidores (mais 13), continuando a existir publicações sem qualquer interacção e vídeos com menos de 10 visualizações.

Promover a integração

Segundo apontou a DSEJ no final de Setembro, a “Plataforma de Informação para Jovens da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” tem como objectivo dar a conhecer “a vida quotidiana, emprego, empreendedorismo e políticas importantes, entre outros conteúdos, de modo a promover, ainda mais, o conhecimento e a integração dos jovens na Grande Baía”.

Cheque pecuniário | Apoio tornou-se “subsídio de subsistência”, diz Cloee Chao

Cloee Chao defende que os trabalhadores do sector do jogo precisam do plano de comparticipação de pecuniária por motivos de subsistência, numa altura em que a economia está em baixo. Já Agnes Lam sugeriu que o valor do cheque esteja associado às receitas do Governo e se apoiem as famílias desfavorecidas

 

[dropcap]A[/dropcap] presidente da Associação de Direitos dos Trabalhadores de Jogo, entregou ontem uma carta ao Chefe do Executivo a pedir a continuidade do plano de comparticipação pecuniária. Cloee Chao reconheceu que no passado muitos residentes usufruíram do apoio para viajar ou fazer compras, mas que actualmente o cheque representa um “subsídio de subsistência”.

Ho Iat Seng anunciou recentemente que o Governo está a estudar o plano de comparticipação pecuniária para 2021, deixando em aberto a sua continuidade nos moldes actuais. “Depois de o Chefe do Executivo ter divulgado que vai estudar se continua ou não com o programa, os trabalhadores ficaram nervosos”, descreveu. A dirigente associativa indicou que os membros da associação não são trabalhadores ricos e estão contra o fim dos cheques pecuniários, sobretudo numa época em que a economia está mal.

Além disso, Cloee Chao indicou que mesmo sem despedimento de trabalhadores de empresas do jogo, é preciso ter em consideração os casos de subemprego. “Por exemplo, muitos croupiers estão com licença a receber metade do vencimento. Se nesta altura não houvesse cheques pecuniários, uma família com quatro pessoas perdia 40 mil patacas”, exemplificou.

Repensar o plano

Agnes Lam considera que devido à posição pouco clara do Governo no passado sobre a comparticipação pecuniária, pode ser difícil não dar este apoio no próximo ano, noticiou o jornal Cidadão. No entender da deputada, se o Governo cancelar o plano vai enfrentar grande oposição, devendo prestar atenção às repercussões na opinião pública.

A deputada indicou que o cheque tem sido considerado como um rendimento anual para as classes baixas. Já as pessoas com um rendimento estável podem ficar descontentes, mas não seriam afectadas do mesmo modo caso se decidisse o cancelamento do apoio.

No entanto, defendeu que o plano de comparticipação deve ser repensado. Agnes Lam sugere que o dinheiro seja dado em função das receitas do Governo, e que seja assegurado o apoio das famílias desfavorecidas. De acordo com o jornal Cidadão, a deputada frisou ainda que o plano deve ser redefinido antes de ser divulgado ao público.

Por outro lado, Agnes Lam argumentou que o Executivo pode manter as despesas que ajudam a impulsionar a economia e assegurar postos de emprego, podendo fazer primeiro cortes em gastos não essenciais, como banquetes e visitas governamentais, bem como oferta de lembranças.

Horas de trabalho

Clooe Chao apelou ao lançamento de mais uma fase de cartão do consumo. A presidente da Associação de Direitos dos Trabalhadores de Jogo defendeu a medida para aliviar o subemprego que começou em Março.

Além disso, quer que empregos como seguranças e trabalhadores de limpeza – que diz terem salário mais altos – sejam cedidos a residentes. A presidente criticou que os Trabalhadores Não Residentes (TNR) só possam trabalhar a tempo inteiro, enquanto os trabalhadores locais de vários departamentos de empresas do jogo viram os seus horários reduzidos a tempo parcial durante a pandemia.