Hoje Macau SociedadeKevin Ho diz que solução para Global Media ainda está longe A solução para as dificuldades financeiras do Global Media Group (GMG), que inclui o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e a TSF, ainda está longe, disse ontem o accionista Kevin Ho King Lun. Um acordo “está ainda numa fase muito prematura”, disse Kevin Ho aos jornalistas em Macau, à margem de um evento na Fundação Rui Cunha. “Estivemos muito perto de assinar um memorando de entendimento, mas ainda estamos longe de um acordo”, explicou o empresário. Na sexta-feira, o empresário Diogo Freitas, da Officetotal Food Brands, disse à Lusa que o acordo para a compra de alguns jornais e revistas do GMG e da rádio TSF “está fechado”, mas que faltava ainda ser assinado. Diogo Freitas lidera um grupo de investidores e empresários de Portugal que tinha manifestado interesse em 12 de Janeiro em comprar o Jornal de Notícias (JN), O Jogo, JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta do Mundo, assim como a maioria do capital da Sociedade Notícias Direct, bem como a TSF. Kevin Ho não confirmou esta informação, sublinhando que “há muitas diferentes opções” em cima da mesa, que serão discutidas “ao longo das próximas semanas”. O empresário garantiu, no entanto, que os actuais accionistas pretendem “continuar fortemente envolvidos nas marcas” do GMG. Por outro lado, Ho não garantiu que os salários em atraso seriam pagos até quarta-feira, 07 de Fevereiro. “Esperamos até amanhã”, disse o empresário. Na sexta-feira, Ho e os outros accionistas do GMG, Marco Galinha, Mendes Ferreira e José Pedro Soeiro tinham dito que estava “previsto o pagamento dos salários até ao dia 07 de Fevereiro, estando a ser avaliados mecanismos para a regularização do subsídio de Natal”. Na sexta-feira, a assembleia de trabalhadores da TSF discutiu a “possibilidade da suspensão dos contratos de trabalho” caso o pagamento dos salários não for efetuado nos prazos previstos. Face à promessa dos accionistas, os trabalhadores do Diário de Notícias suspenderam, até 07 de Fevereiro, uma greve que estava marcada para a passada sexta-feira, 02 de Fevereiro. Por outro lado, Kevin Ho negou ontem que o GMG tenha uma dívida no valor de 2,1 milhões de euros em Macau. “Temos simplesmente, como qualquer empresa, fornecedores a quem é preciso, empréstimos de accionistas”, disse. Outros passos A 10 de Janeiro, o presidente da Comissão Executiva do GMG, José Paulo Fafe, disse na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto que o grupo tinha dívidas no valor de 2,1 milhões de euros em Macau e de 700 mil euros em Malta, “em empresas de jogo ‘online’ que nunca funcionaram, ou melhor, de licenças de jogo ‘online'”. Em 31 de Janeiro, Fafe apresentou a demissão por considerar “estarem esgotadas” as condições para exercer as funções. Está marcada para 19 de Fevereiro uma assembleia-geral extraordinária de accionistas do GMG, a pedido da KNJ, empresa de Kevin Ho, e de José Pedro Soeiro, com cinco pontos na ordem de trabalhos, entre eles a destituição do actual Conselho de Administração e um aumento de capital de cinco milhões de euros. O empresário Marco Galinha detém uma participação efetiva de 50,25 por cento no GMG, através da Páginas Civilizadas (41,51 por cento) e da Grandes Notícias (8,74 por cento), enquanto a KNJ detém 29,35 por cento e José Pedro Soeiro 20,4 por cento.
Hoje Macau China / ÁsiaBolsa | Acções disparam após fundo soberano prometer apoiar mercados O anúncio do apoio chegou como um bálsamo ao mercado financeiro a negociar em mínimos de cinco anos As acções em Xangai e Hong Kong subiram ontem após um fundo soberano chinês, que detém bancos estatais chineses e outras grandes empresas controladas pelo governo, ter prometido apoiar o mercado através da compra de fundos de índices. O Central Huijin Investment intensificou a compra de acções de grandes bancos estatais e de outras empresas para contrariar a forte pressão de venda nos mercados chineses, que estão a negociar em mínimos de cinco anos. O índice Shanghai Composite subiu 3,2 por cento e o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 3,9 por cento. O índice Shenzhen A-Share registou uma subida de 4,6 por cento. Os maiores ganhos em Hong Kong foram registados em acções de grupos de tecnologia, como as dos gigantes do comércio electrónico Alibaba, que subiu 7,8 por cento, e JD.com, que subiu 7 por cento. A medida foi tomada na sequência de avisos da autoridade reguladora do mercado da China de que vai combater a manipulação, o abuso de informação privilegiada e outras infracções, visando proteger os pequenos investidores, que normalmente representam a maioria das transacções nos mercados chineses. A Comissão de Regulação dos Valores Mobiliários da China, que supervisiona o mercado bolsista, congratulou-se com o anúncio do fundo de investimento, afirmando que os preços das acções a um “nível historicamente baixo” constituem uma oportunidade a médio e longo prazo. “Apoiamos firmemente a Central Huijin para que continue a aumentar a escala e a intensidade das suas participações, e criaremos condições mais convenientes e canais mais suaves para as suas operações de entrada no mercado”, afirmou em comunicado. O regulador prometeu “envidar todos os esforços para manter o funcionamento estável do mercado”. Medidas críticas Na segunda-feira, os índices de referência em Xangai e Shenzhen oscilaram entre pequenos ganhos e grandes perdas, enquanto os preços das acções dos bancos estatais e de outras grandes empresas subiram. O regulador afirmou ainda que vai facilitar a aquisição de acções por parte de investidores institucionais, tais como fundos públicos, fundos de investimento privados, empresas de valores mobiliários, fundos de segurança social, instituições de seguros e fundos de pensões, e encorajar as empresas a aumentarem as recompras de acções. Não é claro se estas medidas serão suficientes para inverter a tendência que levou os mercados a atingir mínimos de cinco anos, apesar de uma série de medidas destinadas a incutir confiança e a apoiar as construtoras imobiliárias, cujos problemas financeiros, depois de o Governo ter reprimido o endividamento excessivo, têm sido um grande entrave à economia.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim diz que condenação de Yang Hengjun está de acordo com a lei A China afirmou ontem que a decisão de um tribunal do país de punir com pena de morte suspensa o escritor australiano de origem chinesa Yang Hengjun, acusado de espionagem, está “de acordo com a lei”. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, confirmou a sentença por espionagem proferida por um tribunal de Pequim contra o escritor, que o governo australiano já tinha comunicado algumas horas antes. De acordo com Wang, o tribunal tratou o caso “estritamente de acordo com a lei” e “protegeu os direitos processuais de Yang” durante o julgamento. A sentença inclui também a confiscação de todos os objectos pessoais do escritor, afirmou. As autoridades chinesas “permitiram que os representantes australianos estivessem presentes durante a sentença”, acrescentou o porta-voz. A ministra australiana dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, disse ontem que convocou o embaixador chinês na Austrália, Xiao Qian, para protestar contra a sentença, que poderá ser comutada para prisão perpétua se Yang não cometer nenhum crime grave no prazo de dois anos. “O governo australiano está chocado com o facto de o cidadão australiano Yang Hengjun ter recebido hoje (ontem), em Pequim, a pena de morte suspensa”, afirmou Wong numa declaração ontem, acrescentando que se tratava de uma decisão “desoladora” e “chocante”. A Austrália apelou a Pequim para a sua libertação “em todas as oportunidades e ao mais alto nível” e “apelou sistematicamente à aplicação de normas básicas de equidade, justiça processual e tratamento humano a Yang”, em conformidade com “as normas internacionais e as obrigações legais da China”, afirmou Wong. Revés nas relações Yang, que nasceu na China em 1965 e obteve posteriormente a cidadania australiana em 2002, residia com a sua família em Nova Iorque quando foi detido na cidade chinesa de Cantão, no início de 2019, durante uma escala a caminho da Austrália. O escritor e activista pró-democracia, antigo funcionário do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, manifestou em Agosto passado, numa carta, o receio de que as autoridades de Pequim o deixassem morrer na prisão, depois de lhe ter sido diagnosticado um enorme quisto renal. A detenção de Yang e de outros cidadãos australianos tem sido uma fonte de tensão entre a Austrália e a China, que cimentaram um degelo diplomático e comercial com a visita do primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, a primeira de um líder australiano à China desde 2016. A sentença do escritor é um revés após meses de melhoria nas relações bilaterais sob o governo trabalhista australiano, com a retirada de algumas tarifas por Pequim e a libertação, em Outubro passado, do jornalista sino-australiano Cheng Lei, detido em 2020.
Hoje Macau China / ÁsiaTempo | Pequim aumenta fornecimento de energia face a vaga de frio O frio não dá tréguas e as autoridades de diversas províncias do país, como Henan e Shandong, lutam para garantir aquecimento às populações durante o período festivo do Ano Novo Lunar Várias localidades chinesas intensificaram os esforços para assegurar o fornecimento de electricidade durante as férias do Ano Novo Lunar, face às vagas de frio que atingiram parte do país. O chefe da Administração Nacional de Energia (NEA), Zhang Jianhua, sublinhou, durante uma visita a uma central eléctrica, a importância de “garantir o fornecimento de electricidade e calor, bem como a segurança da produção” durante os próximos feriados, informou o portal oficial da NEA. A província de Henan, onde vivem cerca de 98 milhões de pessoas, vai ser o “centro” desta vaga de chuva, neve e geada, com acumulações de neve que deverão bater recordes, informou o jornal local Global Times. O sector eléctrico local reforçou a protecção das instalações de abastecimento de água, aquecimento e gás natural e deu prioridade ao “abastecimento das estações de comboios e autocarros e dos hospitais”, a fim de “assegurar um abastecimento de electricidade regular e fiável”, afirmou o jornal. A província de Shandong também foi atingida por uma vaga de temperaturas negativas, o que levou cidades como Weihai, Dongying e Zibo a mobilizar equipas especializadas em descongelamento. Os meteorologistas prevêem que as temperaturas negativas nestas regiões se mantenham até sexta-feira. Milhões em movimento Esta situação meteorológica adversa ocorre na mesma altura em que se celebra o Ano Novo Lunar, durante o qual se espera um número recorde de 9 mil milhões de deslocações internas. A imprensa local apontou um desafio “sem precedentes” devido a este número e recordou que desde 2008 não se registava uma previsão tão adversa que coincide com o período de pico das viagens para o Ano Novo Lunar, que se prolongará até 5 de Março. Peritos citados pela imprensa afirmaram que a China fez preparativos suficientes para garantir um abastecimento estável de carvão, a principal fonte de energia do país, do qual a China importou um total de 474,4 milhões de toneladas em 2023, mais 61,8 por cento do que no ano anterior, um recorde histórico, de acordo com os dados aduaneiros chineses. Até 2024, a capacidade instalada acumulada de produção de novas energias na China deverá exceder a do carvão pela primeira vez, afirmou o Conselho de Electricidade da China em Janeiro. Em Setembro de 2020, a China comprometeu-se a atingir o pico das emissões de CO2 até 2030 e a neutralidade carbónica até 2060.
Hoje Macau SociedadeLucros da banca em Macau caem para menos de metade em 2023 Os bancos de Macau registaram lucros de 6,14 mil milhões de patacas em 2023, menos 53,5 por cento do que no ano anterior, de acordo com dados oficiais divulgados ontem. Segundo dados da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a queda deveu-se a um desempenho negativo no último trimestre do ano passado, período em que a banca da região chinesa perdeu 4,09 mil milhões de patacas. Nos primeiros nove meses de 2023, os bancos de Macau tinham acumulado lucros de 10,2 mil milhões de patacas, mais 10,2 por cento do que em igual período do ano anterior. A principal razão para a diminuição dos lucros foi uma queda de 11,4 por cento, para 19,5 mil milhões de patacas, na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos. Isto apesar da AMCM ter aprovado três aumentos da principal taxa de juro de referência em 2023, a última das quais uma subida de 0,25 pontos percentuais, introduzida em maio, seguindo a Reserva Federal norte-americana. Os empréstimos ao sector privado em Macau, a principal fonte de receitas da banca a nível mundial, diminuíram 14,2 por cento em comparação com o final de 2022, fixando-se em 1,09 biliões de patacas. Também os depósitos junto dos bancos do território caíram 3,1 por cento durante o ano de 2023, para 1,22 biliões de patacas. Em recuperação O Produto Interno Bruto (PIB) de Macau cresceu 116,1 por cento nos primeiros nove meses de 2023, em comparação com igual período de 2022, após quase dois anos consecutivos em queda, uma recuperação “impulsionada pelo desempenho” do turismo e do jogo. Ainda assim, a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos sublinhou em Novembro que a economia da região administrativa especial chinesa ainda só representa 77,4 por cento dos níveis registados antes da pandemia de covid-19. A região administrativa especial de Macau tem dois bancos emissores de moeda: a sucursal local do banco estatal chinês Banco da China e o Banco Nacional Ultramarino (BNU), que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos. O BNU anunciou em Outubro lucros de 459,9 milhões de patacas nos primeiros nove meses de 2023, um aumento homólogo de 102 por cento, apesar de “incertezas no crescimento económico”.
Hoje Macau China / ÁsiaDireitos Humanos | Timor-Leste enfrenta “enormes desafios” Virgílio Guterres, provedor dos Direitos Humanos e da Justiça, alerta para o muito que ainda está por fazer em matéria de direito económico, social e cultural O provedor dos Direitos Humanos e da Justiça de Timor-Leste, Virgílio Guterres, afirmou à Lusa que o país continua a enfrentar “enormes desafios” ao nível dos direitos humanos, defendendo que para os ultrapassar é preciso “mudar mentalidades”. “Temos um índice muito bom na região quando se fala de democracia e liberdade, de direitos civis e políticos, mas quando se entra num outro nível e falamos de direito económico, social e cultural começamos a enfrentar desafios enormes”, disse Virgílio Guterres. Um dos exemplos dados pelo provedor dos Direitos Humanos timorense são os casos relacionados com a violência doméstica, que considera estarem directamente ligados com a “ausência de direitos económicos, sociais e culturais na família”. “Nas queixas que recebemos anualmente temos um número muito elevado de violência doméstica. A violência doméstica envolve elementos de todas as franjas da sociedade. Surge por causa das condições de vida da família”, salientou Virgílio Guterres. Mas, disse, por outro lado, há também o fator educação. “Já instaurámos a independência há 22 anos e podemos dizer que falhámos em investir com seriedade na educação. Não só nas escolas, mas também a informal, que também forma o caráter das pessoas”, disse, salientando que só vê avanços nas escolas privadas. Em transição Segundo o Comité para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, mais de metade das mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos já sofreu violência. Para Virgílio Guterres, os timorenses ainda estão na fase de transição para uma “nova mentalidade”. Questionado sobre se a “nova mentalidade” já se começa a sentir nas mulheres mais jovens, o provedor dos Direitos Humanos afirmou que em Díli as “coisas já começaram a mudar” e que “já têm coragem” para questionar e discutir assuntos como o “barlaque” (dote dados pelas famílias das mulheres às famílias dos homens com quem vão casar). Outro assunto que contribui para essa abertura, segundo o provedor dos Direitos Humanos, foi a questão do abuso sexual por parte de um elemento da igreja. Segundo Virgílio Ferreira foi “uma campanha aberta”, com muitas ameaças, principalmente a jornalistas, mas um “passo importante para a abertura”, com os jovens a questionarem coisas do passado que eram tabu, tradições e costumes e práticas religiosas. Salientando que também recebe críticas dos “colegas da igreja”, que o consideram um “liberal”, Virgílio Guterres defende que a actual sociedade não é a “1945 ou 1975”. “Antigamente o que Roma falava só chegava aqui ao fim de 10 anos. Agora não, os jovens acompanham melhor o que o Papa está a fazer em Roma, do que os padres aqui. Penso que a Igreja Católica tem de continuar a envolver-se na formação e educação dos jovens, mas deve ajustar-se às novas mentalidades e valores e princípios do mundo novo”, defendeu o provedor. Para Virgílio Guterres um dos exemplos da “nova mentalidade” passar pela alteração da lei do planeamento familiar, que só dá direitos às mulheres casadas e não às mulheres solteiras. “E as casadas têm de ter autorização do marido para usar contracetivos e isto é uma violação dos direitos humanos. A mulher é que tem o direito de defender o seu corpo. Não é freira, nem o padre. A igreja tem de estar aberta à discussão”, salientou. Questionado sobre a comunidade LGBTI+, Virgílio Guterres disse que “felizmente em Timor-Leste há uma pessoa corajosa como Bella Galhos”, referindo-se a uma activista daquela comunidade, que se “levantou contra a família, publicou os maus-tratos que sofreu” e organizou aquela comunidade. “Isto significa que mesmo que aqui a igreja católica não fale, está a reconhecer a existência. Creio que algum dia a igreja tem de falar, porque estas pessoas também são parte da igreja e cidadãos de Timor e têm o direito de gozar os direitos que a Constituição lhes dá”, afirmou o provedor. Timor-Leste, com cerca de 1,3 milhões de habitantes a maior parte dos quais católicos, já tem várias organizações não-governamentais que defendem os direitos daquela comunidade, que ainda é olhada com bastante preconceito e alvo de críticas.
Hoje Macau China / ÁsiaEvergrande | Liquidação é teste para investidores estrangeiros A ordem de liquidação da imobiliária Evergrande por um tribunal de Hong Kong constitui um teste para investidores internacionais expostos a activos na China continental via territórios ‘offshore’, sem jurisdição no país, consideram analistas. Embora as acções e as obrigações em dólares da Evergrande sejam transaccionadas em Hong Kong, a esmagadora maioria dos seus activos, avaliados em 242 mil milhões de dólares, estão no continente chinês. A liquidação ordenada pela juíza Linda Chan depende assim da vontade das autoridades chinesas. “Boa sorte na execução”, reagiu Anne Stevenson-Yang, fundadora da J Capital Research, empresa de pesquisa de mercado focada na China, citada pelo jornal The Guardian. Um resultado desfavorável para os investidores estrangeiros arrisca-se a exacerbar o pessimismo em relação à China e a comprometer o papel de Hong Kong como praça financeira de referência para as empresas chinesas angariarem fundos. O lançamento por Pequim de uma campanha regulatória contra a indústria privada, incluindo os sectores imobiliário, educação ou tecnologia, suscitou já preocupação entre os investidores de que os seus interesses serão sempre secundários em relação aos planos do Partido Comunista. O índice da Bolsa de Valores de Hong Kong que reúne empresas do continente chinês, o Hang Seng China Enterprises, caiu esta semana para o seu nível mais baixo desde 2005. As vendas por investidores estrangeiros de acções cotadas na China continental ascenderam, em 2023, a 29 mil milhões de dólares, uma queda de 87 por cento no investimento estrangeiro líquido. Em Janeiro as vendas ascenderam a 2 mil milhões de dólares. Queda do gigante George Magnus, economista e associado da Universidade SOAS de Londres, advertiu que os detentores de obrigações estrangeiros vão ser “deixados ao abandono”. O Governo chinês “não quer certamente dar prioridade à compensação das perdas dos credores estrangeiros em detrimento dos cidadãos nacionais”, considerou Magnus. “Na medida em que alguém vai pagar um preço, serão os detentores de obrigações estrangeiras”, disse. Citado pela agência Bloomberg, Brock Silvers, director executivo da empresa de capitais privados Kaiyuan Capital, considerou também que a “ordem de liquidação deve ter um impacto imediato muito limitado nas operações ou nos activos da Evergrande situados no continente chinês”. “Embora o liquidatário possa provavelmente exercer controlo sobre activos ‘offshore’, a sua autoridade não será reconhecida ‘onshore’”, disse. O termo ‘offshore’ refere-se a uma zona financeira que não está sujeita à legislação do país onde a empresa tem os seus activos e operações. Na década que se seguiu à entrada da Evergrande na bolsa, as suas acções subiram 800 por cento. Em 2021, no entanto, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, visando desalavancar o sector. Isto suscitou uma crise de liquidez. Com um passivo de 300 mil milhões de dólares – superior ao Produto Interno Bruto de Portugal – o grupo perdeu acesso ao crédito e entrou em incumprimento.
Hoje Macau China / ÁsiaChinesas culpam expectativas tradicionais pela queda da natalidade Uma maior consciência sobre desigualdade de género e os altos custos associados a criar um filho explicam a queda abrupta no número de nascimentos na China, apesar dos esforços de Pequim para incentivar a natalidade. “As mulheres estão mais conscientes”, explicou Zhao Hua, uma chinesa de 28 anos natural de Pequim, à agência Lusa. “A desigualdade de género continua a ser profunda na China: os homens querem uma família tradicional, na qual a mulher toma conta dos filhos e das tarefas domésticas”, acrescentou. Várias jovens mulheres chinesas ouvidas pela Lusa sublinharam essa discrepância nas expectativas, numa sociedade que se modernizou a um ritmo sem paralelo na História moderna. Segundo o Banco Mundial, em 1980, apenas 19,4 por cento da população chinesa vivia em zonas urbanas. Em 2023, a taxa ascendeu a cerca de 66 por cento. As expectativas sobre o papel da mulher na sociedade, no entanto, mantiveram-se. “Muitas das minhas amigas que casaram e têm filhos queixam-se que acabam por ter que criar os filhos e o marido”, explicou Yang Qian, chinesa natural da província de Hebei, adjacente a Pequim, à Lusa. “Mas as mulheres têm agora a sua própria carreira e rendimentos e não querem desempenhar esse papel”, notou. Outra razão “importante” é uma maior sensibilização sobre o desgaste físico causado pela gravidez e trabalho de parto, disse à Lusa uma chinesa natural da província de Guangdong, no sudoeste da China. “Com as redes sociais as mulheres passaram a partilhar mais informação sobre o impacto da gravidez. É um tema de grande importância”, vincou. Declínio inevitável Segundo dados oficiais, em 2023, a população chinesa diminuiu em dois milhões de pessoas, a segunda queda anual consecutiva, face à descida dos nascimentos e aumento das mortes, após o fim da estratégia ‘zero casos’ de covid-19. O número marca o segundo ano consecutivo de contracção, depois de a população ter caído 850.000 em 2022, quando se deu o primeiro declínio desde 1961. A queda e o envelhecimento da população estão a preocupar Pequim, à medida que privam o país de pessoas em idade activa necessárias para manter o ímpeto económico. A crise demográfica, que chegou mais cedo do que o esperado, está já a afectar o sistema de saúde e de pensões, destacaram observadores. A China acelerou o problema com a política do filho único, que reprimiu a taxa de natalidade, entre 1980 e 2015. “Era inevitável”, comentou à Lusa o funcionário de um órgão estatal chinês sobre o fim daquela política, aludindo à crescente pressão no sistema de pensões do país, fruto do rápido envelhecimento da sociedade. “A questão é saber quem é que tem tempo e dinheiro para criar duas crianças”, acrescentou. O fim da política de filho único resultou num leve repique no número de nascimentos em 2016, mas, nos anos seguintes, as cifras continuaram a cair. O número de nascimentos no país asiático caiu de 17,86 milhões, em 2016, para 9,02 milhões, em 2023, uma queda superior a 50 por cento. Estas tendências demográficas tornam duvidosas as perspectivas económicas a longo prazo da China, indicou num relatório o grupo de reflexão (‘think tank’) Peterson Institute for International Economics, que tem sede em Washington. “Até que ponto é credível aumentar o consumo das famílias chinesas quando o número real de consumidores está a diminuir em milhões todos os anos e o grupo de consumo mais intensivo, os recém-nascidos, está a diminuir tão rapidamente”, questionou. “A longo prazo, as perspectivas de que a China ultrapasse a dimensão da economia dos Estados Unidos devem ser descartadas”, vincou.
Hoje Macau China / ÁsiaAngola | Alteração no investimento chinês gera oportunidades O investimento chinês na antiga colónia portuguesa está a virar-se para fontes de energia limpas em detrimento do financiamento de projectos de combustíveis fósseis Analistas defendem que a reconfiguração do modelo de financiamento ao exterior pela China, visando reduzir riscos de incumprimento e apoiar a transição energética, resultou numa queda no investimento em África, mas pode gerar oportunidades para Angola. No âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, a China cimentou a sua posição como credora dos países africanos, através do financiamento e construção de portos, aeroportos, linhas ferroviárias ou autoestradas. No entanto, a crise de dívida entre os países em desenvolvimento, as alterações climáticas e o abrandamento da economia chinesa, levaram Pequim a mudar o paradigma, com apostas em projectos mais pequenos e nas energias renováveis. Investigadores do Global China Initiative (GCI), no Centro de Política de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, apontam um declínio persistente dos novos empréstimos por entidades chinesas a mutuários governamentais africanos, que se acentuou nos últimos anos. O valor dos novos empréstimos caiu de um pico de 28,5 mil milhões de dólares, em 2016, para pouco menos de mil milhões de dólares, em 2022 – o segundo ano consecutivo em que os empréstimos caíram abaixo dos dois mil milhões de dólares. “A iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ parece estar num período de reconfiguração”, observou Oyintarelado Moses, analista de dados no GCI, à agência Lusa, numa entrevista por escrito. Também Michael Pettis, professor de teoria financeira na Faculdade de Gestão Guanghua, da Universidade de Pequim, apontou um formato de pirâmide no gráfico do investimento chinês a nível mundial, com uma ascensão repentina que atinge o pico em 2016 e regista, logo de seguida, uma descida abrupta. O ponto de viragem foi a entrada em incumprimento da Venezuela, explicou Pettis à agência Lusa. Segundo diferentes estimativas, Caracas deve actualmente 10 mil milhões de dólares a diferentes instituições chinesas. “Isto foi um choque muito grande para Pequim”, referiu o economista, que vive no país asiático há mais de duas décadas. “Foi a primeira vez que [a China] percebeu que conceder empréstimos a países em desenvolvimento é bastante arriscado e que, quando há uma expansão demasiado rápida, é provável que surjam problemas”. A pandemia da covid-19 e o aumento das taxas de juros nos últimos anos, em resposta à inflação galopante na economia mundial, terão tornado a China ainda mais cautelosa. “A maior mudança que temos de reconhecer é que a era das taxas de juro baixas e do dinheiro barato que saía da China para estes países acabou”, disse Ammar A. Malik, investigador da unidade de investigação AidData do Instituto de Investigação Global de William & Mary, nos EUA. “O desafio [para a China] é agora garantir que estes países têm liquidez suficiente e que estes projectos são suficientemente funcionais para que [Pequim] possa cobrar os seus reembolsos com juros e atempadamente”, afirmou. Aposta verde Nos últimos anos, vários governos beneficiários solicitaram aos credores, incluindo a China, um adiamento ou alívio da dívida. No caso de Angola, um dos principais mutuários da China em África, a queda no investimento pode estar associada à decisão das autoridades chinesas de reduzir o financiamento de projectos de combustíveis fósseis e direccionar o dinheiro para fontes de energia mais limpas. O Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou, em 2021, que a China vai passar a apoiar “fortemente” o desenvolvimento verde nos países mais pobres. “Este compromisso provavelmente resultará em apoio financeiro ao desenvolvimento das energias renováveis em Angola”, frisou Oyintarelado Moses. “Futuras oportunidades de financiamento da China podem apoiar a transição energética de Angola e diversificar a sua economia, altamente dependente das exportações de petróleo”, disse.
Hoje Macau Manchete SociedadeSMG | Temperaturas devem subir 1,3 graus entre 2041 e 2060 Com a temperatura em Macau a aumentar, os SMG prevêem que os “fenómenos meteorológicos de temperatura elevada” também se tornem mais frequentes. As previsões foram realizadas com base no relatório sobre alterações climáticas 2023, do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas As temperaturas médias máximas anuais em Macau, em meados do século XXI (2041-2060), devem subir cerca de 1,3°C e 1,6°C, respectivamente, em relação à média de 1995-2014, de acordo com as autoridades locais. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) de Macau afirmaram que a temperatura global em Macau vai continuar a aumentar e os fenómenos meteorológicos de temperatura elevada vão tornar-se mais frequentes no século XXI. Os serviços de meteorologia basearam-se no relatório sobre alterações climáticas 2023, do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), para projectar as alterações climáticas de Macau no século XXI sob diferentes cenários de emissões, de acordo com a informação publicada no ‘site’ da DSMG na quinta-feira. Assim, no futuro, o número de dias muito quentes em Macau vai aumentar à medida que a temperatura global subir. “No cenário de emissões médias, o número de dias muito quentes em meados do século XXI (2041-2060) vai aumentar para 77,7 dias por ano, em comparação com a média de 27,8 dias por ano em 1995-2014, e o número de dias muito quentes no final do século XXI (2081-2100) deverá ultrapassar os 100 dias por ano”, indicaram. Menos CO2 só após 2050 Os SMG previram ainda que, com base nas actuais medidas globais de redução de emissões, se verifique um declínio gradual das emissões de CO2, depois de um pico em meados do século XXI. “No entanto, se o público for pró-activo na redução das emissões de gases com efeito de estufa e atingir os objectivos do Acordo de Paris o mais rapidamente possível, ainda é possível limitar o aquecimento futuro de Macau a um nível mais baixo”, consideraram. O Acordo de Paris é um tratado internacional juridicamente vinculativo sobre as alterações climáticas. Foi adoptado por 196 Partes na Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP21), em Paris, França, a 12 de Dezembro de 2015, tendo entrado em vigor a 4 de Novembro de 2016. O objectivo global é manter “o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2°C” em relação aos níveis pré-industriais. No entanto, nos últimos anos, os líderes mundiais têm sublinhado a necessidade de limitar o aquecimento global a 1,5°C até ao final deste século, de acordo com a ONU.
Hoje Macau China / ÁsiaTecnologia | Xi Jinping pede mais esforços na inovação O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem à direcção do Partido Comunista (PCC) mais esforços para promover a inovação nos domínios da ciência e tecnologia, para que sirvam de motores de crescimento e garantam a auto-suficiência do país. Xi, que é também o secretário-geral do PCC, presidiu a uma reunião do Politburo, o mais alto órgão de decisão do partido, na qual apelou a “novas forças produtivas” impulsionadas por “avanços tecnológicos revolucionários”. “Precisamos de fazer uma profunda transformação e modernização industrial”, afirmou Xi, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, acrescentando que a inovação deve “melhorar a vida dos trabalhadores” e gerar “um aumento substancial da produtividade”. “A inovação nos domínios da ciência e da tecnologia vai gerar novas indústrias, novos modelos e novos motores de crescimento”, disse o Presidente, que reiterou o seu compromisso de “acelerar em direcção à auto-suficiência”. Xi reiterou o seu empenho em “acelerar o processo de auto-suficiência” e instou o PCC a trabalhar “arduamente” para alcançar “avanços nas tecnologias de base” e “promover firmemente um desenvolvimento de alta qualidade”. “Ainda existem muitos factores que limitam o desenvolvimento de alta qualidade, que deve ser orientado por uma nova teoria da produtividade. A inovação deve desempenhar o papel de liderança”, disse. Sem dependências Nos últimos anos, perante relações tensas com Washington e muitos dos seus aliados, a China sublinhou a necessidade de aumentar a auto-suficiência em sectores tecnológicos de ponta, especialmente aqueles em que está dependente de países terceiros, como os ‘chips’ semicondutores. A China também assumiu um forte compromisso de liderar a inovação tecnológica com investimentos em sectores como a supercomputação, o desenvolvimento de redes de quinta geração (5G), a inteligência artificial (IA), o armazenamento em nuvem e os grandes volumes de dados, a corrida espacial, a tecnologia militar, as soluções para veículos inteligentes e a energia limpa, que são vistos como sectores que favorecerão o seu crescimento numa época de estagnação económica. Alguns dos avanços levantaram suspeitas em Washington de que as empresas chinesas estão a colaborar com as Forças Armadas do país, o que levou à criação de listas negras para impedir o Governo chinês de adquirir ou ter acesso a tecnologia desenvolvida por indivíduos ou empresas norte-americanas. Para fazer face a este problema, Xi rodeou-se, no 20.º Congresso, em 2022, de uma nova equipa de homens da sua confiança para alcançar a “auto-suficiência tecnológica” e garantir “a estabilização das cadeias industriais e de abastecimento”, afirmou na altura.
Hoje Macau SociedadeAno Novo Lunar | Previstos 111 mil passageiros e 860 voos A companhia China Southern Airlines planeia lançar, no primeiro trimestre de 2024, duas ligações, uma desde Istambul e outra desde Moscovo O Aeroporto Internacional de Macau prevê processar cerca de 860 voos e 111 mil passageiros durante o período do Ano Novo Lunar, de 10 a 14 de Fevereiro, informou ontem a empresa gestora da infra-estrutura. Num encontro com os jornalistas, o director do departamento de Marketing da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, Eric Fong, disse acreditar que “cerca de 24 mil passageiros viajem através do Aeroporto Internacional de Macau durante o período de pico num único dia” e que sejam operados “80 voos adicionais durante os cinco dias de férias”. O Ano Novo Lunar celebra-se este ano a 10 de Fevereiro, e inaugura o Ano do Dragão. Durante este período de férias, dá-se a maior migração anual do mundo, com milhões de pessoas na China a viajarem para celebrar a ocasião com família e amigos. Ao prever 860 ligações e 111 mil passageiros durante a época festiva, Fong notou que os números representam uma subida de 110 por cento e 140 por cento, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado, e uma recuperação de 77 por cento e 74 por cento dos valores de 2019, antes do início da pandemia de covid-19. Actualmente, o aeroporto só tem ligações para o Interior e outros destinos asiáticos. Em termos de passageiros, 46 por cento e 16 por cento são provenientes do Interior e de Taiwan, respectivamente, enquanto outras regiões e países asiáticos representam os restantes 38 por cento, números “semelhantes a 2019”, declarou Fong. No primeiro trimestre de 2024, o aeroporto irá operar 271 voos adicionais, cobrindo 11 destinos internacionais e regiões do Interior, incluindo Seul, Hanói, Banguecoque, Phnom Penh, Taipé e Xangai, nomeadamente “para atrair ainda mais os viajantes internacionais”, afirmou. Alta cooperação Ainda de acordo com o responsável, a CAM “está a cooperar proactivamente com o Governo da região administrativa especial para desenvolver um turismo abrangente e uma indústria de lazer”, além de “expandir as fontes de passageiros aéreos do Sudeste Asiático e do Nordeste Asiático”. Neste sentido, frisou o director, a companhia aérea China Southern Airlines planeia lançar, no primeiro trimestre de 2024, duas ligações, uma desde Istambul e outra desde Moscovo, em direcção a Pequim e com transferência para Macau. Já a AirAsia Camboja planeia, na mesma altura, inaugurar um voo diário entre Phnom Penh e Macau. Em Novembro, Ho Iat Seng garantiu que o aeroporto vai lançar “mais voos internacionais directos”. Já as obras de aterro e ampliação da infra-estrutura, serão lançadas na segunda metade deste ano. O aeroporto, actualmente com uma pista, tem capacidade para receber até 9,6 milhões de passageiros, mas a taxa de utilização é de “apenas 60 por cento”, lamentou Ho Iat Seng. “Espero que a Air Macau possa adquirir aviões maiores, para realizar voos de longo curso”, sublinhou o Chefe do Executivo, referindo-se à companhia aérea de bandeira do território. Em Junho, a directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, descreveu o lançamento de voos directos entre Macau e Portugal como “um sonho”, mas lembrou também ser possível trabalhar com os aeroportos vizinhos de Hong Kong, Cantão e Shenzhen.
Hoje Macau Manchete SociedadeJogo | Receitas nos casinos sobem 67% em Janeiro Com uma receita mensal de 19,3 mil milhões de patacas em Janeiro, a indústria do jogo registou o melhor resultado dos últimos três anos, à excepção de Outubro do ano passado As receitas do jogo atingiram no primeiro mês do ano 19,3 mil milhões de patacas, mais 67 por cento do que em igual mês de 2023, anunciaram ontem as autoridades. Em Janeiro do ano passado, as receitas dos casinos tinham sido 11,6 mil milhões de patacas, de acordo com a informação da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Apesar do aumento em termos anuais, o valor de Janeiro de 2024 representa ainda 77,5 por cento do registado em igual mês de 2019, antes do início da pandemia de covid-19. Em Dezembro, as receitas do jogo tinham atingido 18,6 mil milhões de patacas, o segundo valor mais elevado desde o início da pandemia. O recorde pós–pandemia, 19,5 mil milhões de patacas, foi fixado em Outubro, na chamada ‘semana dourada’ do 1.º de Outubro, quando se assinala o aniversário da implementação da República Popular da China, um dos picos turísticos do país. Macau fechou 2023 com receitas totais de 183,1 mil milhões de patacas, quatro vezes mais do que no ano anterior, mas apenas 62,6 por cento da receita acumulada registada em 2019, de acordo com os dados do regulador do jogo. No ano passado, o território recebeu mais de 28,2 milhões de visitantes, cinco vezes mais do que no ano anterior e 71,6 por cento do registado antes do início da pandemia. A crescer Macau, que à semelhança do Interior seguiu a política de ‘zero casos de covid’, reabriu as fronteiras a todos os estrangeiros, incluindo turistas, em Janeiro de 2023, depois de quase três anos de rigorosas restrições. Contudo, o principal motor da recuperação da maior indústria da RAEM foi o fim das restrições de circulação no Interior, que permitiram que os jogadores voltassem ao território. Entre Fevereiro de 2020, quando se começaram a sentir os efeitos da pandemia, e Dezembro de 2022, quando foram levantadas as restrições contra a covid no Interior, apenas por uma vez as receitas brutas do jogo ultrapassaram os 10 mil milhões de patacas, o que aconteceu em Maio de 2021. Também entre Março de 2022 até Dezembro as receitas mensais nunca foram superiores a 3,7 mil milhões de patacas. Contudo, com o fim das restrições no Interior, o cenário mudou dramaticamente, e as receitas nunca mais ficaram abaixo de 10 mil milhões de patacas. O recorde mensal das receitas de jogo foi estabelecido em Fevereiro de 2014, antes de uma campanha contra o segmento VIP. Nesse mês, que coincidiu com as celebrações do Ano Novo Chinês, os casinos registaram receitas brutas de 38 mil milhões de patacas.
Hoje Macau Eventos“Fai Chun – Oferta de Papéis Votivos” começa hoje na FRC Decorre hoje e amanhã, na Fundação Rui Cunha (FRC), o tradicional evento relacionado com a chegada do Ano Novo Chinês, “Fai Chun – Oferta de Papéis Votivos”. O público poderá deslocar-se à galeria da FRC entre as 10h e as 17h e ficar, gratuitamente, com estes papéis que contêm mensagens de boa sorte escritas em caligrafia chinesa. Trata-se de um evento co-organizado pela Associação de Poesia dos Amigos do Jardim da Flora e é orientado por 37 mestres locais de caligrafia chinesa, nomeadamente Ung Choi Kun, Hong San San ou Choi Vai Keng, que se juntam a Ng Pio (Yum Fung Chan), o presidente da associação. Poetas como Ko Tak Kong, Chong Iat Fai e Yun Wing On também irão estar presentes ao longo dos dois dias para criar dísticos de versos, no âmbito das celebrações do Novo Ano Lunar do Dragão. Boa Onda Fai Chun (揮春) é uma decoração tradicional usada durante o Ano Novo Chinês, que marca a chegada da época primaveril. Em português poderá traduzir-se por Onda de Primavera. As pessoas colocam os Fai Chun nas portas para criar uma atmosfera alegre e festiva, já que as frases caligrafadas significam boa sorte e prosperidade. Normalmente, os Fai Chun tradicionais são de cor vermelha, com caracteres pretos ou dourados inscritos a pincel, que visam proteger as casas com votos de bons auspícios para o ano que se segue. Hoje em dia são mais frequentes as versões impressas e produzidas em larga escala. Podem ser quadrados ou rectangulares e pendurados na vertical ou na horizontal, geralmente aos pares. Não existem apenas na China, mas também na Coreia, Japão e Vietname. 2024 é o Ano do Dragão de Madeira, que se inicia a 10 de Fevereiro de 2024 (primeiro dia do Novo Ano Chinês) e dura até 28 de Janeiro de 2025. A FRC descreve, em comunicado, que “o Dragão é o único dos 12 signos do zodíaco chinês que se baseia num animal imaginário”, o que faz com que os dragões “sejam tão carismáticos e grandiosos na vida”. “Na cultura chinesa, o Dragão pode ser descrito como um ser focado e motivado. Os nativos deste signo têm uma personalidade repleta de confiança, sem qualquer problema em serem assertivos e assumirem papéis de liderança. Prevê-se que 2024 seja um ano caracterizado pela inovação, visão e crescimento”, aponta-se ainda na mesma nota.
Hoje Macau China / ÁsiaNarcotráfico | Pequim espera que EUA valorize trabalho conjunto As autoridades chinesas aplaudem a retoma da cooperação bilateral no combate ao tráfico de fentanil A China reconheceu ontem que houve dificuldades em retomar a cooperação com os Estados Unidos na luta contra o opióide fentanil, mas espera que Washington “valorize a oportunidade” de “trabalhar lado a lado” com Pequim. “Retomar a cooperação na luta contra os estupefacientes não tem sido fácil, mas esperamos que os EUA valorizem o lançamento de um grupo de trabalho como uma oportunidade de trabalhar lado a lado com a China”, disse ontem o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, em conferência de imprensa. De acordo com Wang, Washington deve “trabalhar de forma pragmática e com base na igualdade” no grupo de trabalho anti-drogas, que reuniu na terça-feira em Pequim para abordar os mecanismos de combate à entrada de fentanil em território norte-americano. A imprensa oficial chinesa referiu ontem que os EUA mudaram o seu foco “da culpabilização da China para a procura de cooperação”, e que este é “o caminho a seguir para os dois países resolverem os seus problemas”. “A atitude condescendente dos Estados Unidos não beneficia a cooperação entre os dois países em matéria de luta contra a droga”, afirmou ontem o académico Sun Chenghao, citado pelo jornal oficial Global Times. Sun acusou Washington de ser “incapaz de controlar o tráfico de droga, do qual a China não é culpada”. “As recentes conversações não são apenas um gesto de boa vontade, mas também um favor aos Estados Unidos nos seus esforços para combater esta crise. Em vez de criticar a China, os Estados Unidos deveriam concentrar-se em melhorar a sua própria governação”, afirmou Sun. No bom caminho Os Estados Unidos saudaram na terça-feira a promessa da China de cooperar numa maior coordenação contra a distribuição e exportação de precursores químicos utilizados na produção de fentanil, mas salientaram que ainda há muito trabalho a fazer. De acordo com a Casa Branca, o grupo é “um mecanismo fundamental para coordenar os esforços bilaterais para combater o fabrico e o tráfico global de drogas sintéticas ilícitas, incluindo o fentanil”. Segundo a presidência norte-americana, as duas partes sublinharam a necessidade de coordenar as acções de aplicação da lei em questões que vão desde a “utilização indevida” de precursores químicos até ao financiamento ilícito de organizações criminosas. A reunião de terça-feira marca o recomeço da cooperação bilateral sobre o tráfico de droga entre as duas potências, que teve início com o encontro entre o Presidente norte-americano Joe Biden e o seu homólogo chinês Xi Jinping, em Novembro do ano passado, em São Francisco.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Associação espera um ano melhor face a 2023 Luís Herédia, presidente da Associação de Hotéis de Macau, disse à TDM Rádio Macau, disse esperar um ano ainda melhor no que ao turismo diz respeito, dizendo mesmo que se pode esperar “um ano à Dragão”, com alusão ao signo do zodíaco chinês de 2024. “A cidade continua animada mesmo nos dias de semana, com bastante gente, e se continuar assim o Ano Novo Chinês irá constituir um pico alto [em termos de turismo]. Aí os preços sobem, mas também os recursos. Esperemos que comece assim [um ano à ‘Dragão’].” O responsável adiantou ainda que 2024 poderá ser um ano mais positivo em termos turísticos, face a 2023, pois “há mercados que vão voltar”, além de que se vão “estabelecer alguns transportes aéreos e vamos ter mais entretenimento, pelo que o produto se torna mais completo e mais atractivo, e acreditamos que será ainda melhor [o ano]”. Contudo, Luís Herédia diz que vão sempre faltar quartos “para alguns segmentos”, ainda que haja um aumento face a 2019, mas que pode não corresponder totalmente à procura, dada a pequena dimensão do território. Isso explica o aumento dos preços dos quartos por noite. “Pode acontecer haver falta de quartos para alguns segmentos, mas a área de Macau é assim. Temos mais sete mil quartos em relação a 2019 e, mesmo assim, vendem-se. Temos um produto muito atractivo, não só como destino em si, com oferta cultural e de entretenimento, e temos quartos de qualidade. Falta-nos ainda mais entretenimento e, aí, faltam-nos quartos.”
Hoje Macau PolíticaGIF | Chu Un I reconduzida como coordenadora Chu Un I foi nomeada em comissão de serviço coordenadora do Gabinete de Informação Financeira (GIF) dos Serviços de Polícia Unitários. Segundo o despacho do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, publicado ontem no Boletim Oficial, a nomeação vigora a partir de hoje por um período de um ano. A nomeação não é uma surpresa, uma vez que Chu Un In era a anterior Coordenadora do Gabinete de Informação Financeira, que desde hoje passou a integrar os Serviços de Polícia Unitários. Chu é licenciada em gestão de empresas pela Universidade de Macau e tem um mestrado na mesma área, pela Universidade de São José. A nível do currículo profissional, ingressou em 2001 o Departamento de Auditoria, Inspecção e Justiça Tributária da Direcção dos Serviços de Finanças, onde permaneceu até 2006. Nesse ano, tornou-se técnica do Departamento de Administração da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau até se mudar, em 2007, para o GIF, como técnica superior. Entre 2015 e 2017 desempenhou as funções de ordenadora-adjunta até ser promovida. Além de Chu Un I, também Fong Iun Kei foi nomeada coordenadora-adjunta do GIF, funções que desempenhava anteriormente, desde 2020, antes da integração do GIF nos Serviços de Polícia Unitários.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim critica interrogatórios e deportações de estudantes à chegada aos EUA A China apresentou ontem um protesto formal às autoridades norte-americanas contra o tratamento dado aos chineses que chegam para estudar nos Estados Unidos, denunciando deportações, interrogatórios que duram horas e o revistar de portáteis e telemóveis. Xie Feng, embaixador chinês em Washington, disse que dezenas de chineses com vistos válidos foram impedidos de entrar nos últimos meses nos Estados Unidos quando regressavam à universidade após viajarem para o estrangeiro ou visitarem familiares na China. “Após aterrarem no aeroporto, foram submetidos a um interrogatório de oito horas por parte de agentes que os proibiram de contactar os pais, fizeram acusações infundadas e até os repatriaram à força e proibiram a sua entrada”, descreveu, durante um evento na embaixada sobre intercâmbios de estudantes. “Isto é absolutamente inaceitável”, disse. O protesto surge numa altura em que os EUA e a China tentam impulsionar os intercâmbios de estudantes e outras trocas, visando reforçar as relações, que se tornaram conflituosas nos últimos anos, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica, questões de Direitos Humanos ou disputas sobre o estatuto de Taiwan, Hong Kong ou o mar do Sul da China. Cerca de 290.000 chineses estão a estudar nos EUA, compondo um terço da totalidade dos estudantes estrangeiros no país, de acordo com diferentes estimativas. Com 1,3 milhões de pessoas a estudar no estrangeiro, a China é o maior emissor de estudantes do mundo. Num comunicado separado, a embaixada da China disse que apresentou “protestos solenes” ao Governo dos EUA sobre o tratamento de estudantes que aterraram no aeroporto de Dulles, em Washington. A mesma nota pediu aos estudantes chineses para terem cuidado quando chegassem ao aeroporto. Não ficou claro se os comentários de Xie se referiam a casos apenas em Dulles ou também noutros pontos de entrada nos Estados Unidos. Exames minuciosos Desde Novembro, os órgãos de comunicação social estatais chineses noticiaram pelo menos três casos em Dulles em que estudantes chineses viram os seus vistos de estudante válidos serem cancelados, foram repatriados após longas horas de interrogatórios e interditados de entrar nos Estados Unidos durante cinco anos. De acordo com as notícias, foi-lhes perguntado se os seus estudos eram financiados pelo Governo chinês, se eram membros do Partido Comunista Chinês e se os seus estudos e pesquisas estavam ligados ao Governo chinês, ao exército chinês ou a laboratórios estatais do país asiático. Os estudantes dirigiam-se, respectivamente, para o Instituto Nacional do Cancro, a Universidade de Yale e a Universidade de Maryland. Pelo menos oito chineses que entraram nos Estados Unidos com documentos válidos foram repatriados desde Novembro, de acordo com a imprensa estatal. Segundo o comunicado da embaixada da China, os estudantes tiveram os seus aparelhos electrónicos controlados, foram proibidos de comunicar com o exterior e, nalguns casos, detidos durante mais de 10 horas.
Hoje Macau EventosConcerto | “O Imperador de Beethoven” este sábado na Universidade de Macau “O Imperador de Beethoven, por Haochen Zhang” é o nome do concerto que irá ter lugar este sábado na Aula Magna da Universidade de Macau, contando com a presença do aclamado Christopher Warren-Green. O evento é organizado pelas seis operadoras de jogo e pelo Instituto Cultural É já este sábado que se pode ouvir música clássica no campus da Universidade de Macau (UM) em Hengqin. Isto porque o concerto “O Imperador de Beethoven, por Haochen Zhang” decorre na Aula Magna da UM às 20h, contando com a Orquestra de Macau dirigida pelo reputado maestro britânico Christopher Warren-Green, num evento promovido pelas seis operadoras de jogo e pelo Instituto Cultural (IC). Segundo um comunicado do IC, o espectáculo será marcado por uma série de peças clássicas, acompanhadas pelas notas tocadas pelo pianista de renome internacional Haochen Zhang. Este, irá interpretar “Concerto para Piano e Orquestra N.º 5 em Mi bemol Maior, Op. 73 ‘Imperador'”, de Beethoven, proporcionando ao público “uma experiência deslumbrante e inesquecível”. Este espectáculo integra-se na temporada de concertos 2023-2024 da OM e terá cerca de 1h30 de duração, sendo que os bilhetes já se encontram à venda. Quem é quem? As duas grandes figuras deste concerto mantêm, há muitos anos, uma carreira fulgurante na área da música clássica. No caso do maestro Christopher Warren-Green, é actualmente director musical da Orquestra de Câmara de Londres e maestro laureado da Orquestra Sinfónica de Charlotte do Estado da Carolina do Norte, nos EUA. Além disso, tem servido, por diversas vezes, como maestro em várias celebrações da Família Real Britânica. No concerto de sábado irá interpretar, juntamente com os músicos da OM, obras que representam “o auge criativo de vários compositores de renome”, que não apenas Ludwing van Beethoven, nomeadamente a dinâmica composição “Abertura do Festival Académico, composta por Johannes Brahms em 1880. Destaque ainda para a apresentação de “Variações Enigma”, um trabalho do compositor britânico Edward Elgar estreado em 1899. Por sua vez, Haochen Zhang foi também convidado para ser solista no “Concerto para Piano e Orquestra N.º 5”, de Beethoven, uma peça descrita como “majestosa com uma distinta aura de nobreza”, e que foi composta entre 1809 e 1811. Segundo o IC, “este concerto levará certamente o público numa memorável viagem musical”. Nascido em 1990, Haochen Zhang é um dos mais conhecidos pianistas chineses da actualidade, apesar da sua juventude. Natural de Xangai, Haochen venceu, em 2009, a medalha de ouro na 13.ª edição do Concurso Internacional de Piano Van Cliburn, tendo sido o mais jovem músico a consegui-lo. Desde então que tem recebido aclamações dos vários públicos por onde passou, nos EUA, Europa ou mesmo na Ásia. É descrito como um pianista com “uma combinação única de profunda sensibilidade musical, imaginação destemida e um virtuosismo espectacular”. Os prémios repetiram-se em 2017, quando recebeu a prestigiada bolsa Avery Fisher Career Grant, concedida a músicos com potencial para construir uma carreira musical importante.
Hoje Macau China / ÁsiaBYD | Aumento dos lucros estimado em 80 por cento A chinesa BYD, maior fabricante mundial de veículos eléctricos, estimou ontem um lucro líquido entre 29 e 31 mil milhões de yuan, em 2023, uma subida homóloga de cerca de 80 por cento por cento. Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada, a empresa atribuiu este valor ao “rápido crescimento” no sector eléctrico, onde a BYD atingiu um novo recorde de vendas e destronou a norte-americana Tesla como a maior vendedora mundial de eléctricos no último trimestre. “Apesar de a concorrência cada vez mais feroz no sector, a empresa alcançou melhorias significativas na rentabilidade e demonstrou uma forte resiliência através das suas melhorias contínuas na força da marca, do rápido crescimento do volume de vendas no estrangeiro, do aumento constante da vantagem de escala e da forte capacidade de controlo dos custos na cadeia industrial”, referiu a BYD. Estes números são uma estimativa provisória e a BYD vai publicar os resultados para o exercício financeiro de 2023 no final de Março. Tomando estas estimativas como referência, alguns analistas defenderam que os resultados do quarto trimestre da BYD deveriam ser um pouco melhores, o que fez com que as acções da empresa caíssem ontem 5,48 por cento durante a parte da manhã da sessão da bolsa de Hong Kong. Actualmente, dois em cada cinco veículos vendidos na China são eléctricos, representando estas vendas 60 por cento do total mundial. Segundo estimativas do banco suíço UBS, até 2030, três em cada cinco veículos novos vendidos no país asiático serão movidos a baterias e não a combustíveis fósseis. A BYD indicou recentemente que as vendas de todos os seus automóveis aumentaram quase 62 por cento em termos anuais até 2023, para mais de três milhões de unidades.
Hoje Macau China / ÁsiaJordânia | Pequim apela a que se evite “círculo vicioso” de retaliações A China apelou ontem à contenção, após um ataque com drones na Jordânia, atribuído a grupos pró-iranianos, ter resultado na morte de três militares norte-americanos. Na segunda-feira, os Estados Unidos prometeram uma retaliação “adequada”, enquanto o Irão negou qualquer envolvimento, num contexto regional já explosivo devido à guerra entre Israel e o Hamas. “Esperamos que todas as partes envolvidas mostrem calma e contenção (…) para evitar serem apanhadas num círculo vicioso de represálias e impedir uma nova escalada das tensões regionais”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, em conferência de imprensa. “A situação actual no Médio Oriente é extremamente complexa e sensível”, sublinhou o porta-voz, acrescentando que a China “tomou nota”, tanto das vítimas norte-americanas como do desmentido do Irão. O ataque ocorrido no domingo teve como alvo uma base logística dos EUA no meio do deserto da Jordânia, na fronteira com o Iraque e a Síria. Três pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas, de acordo com o exército norte-americano. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que procura um segundo mandato, está a ser pressionado internamente para responder à morte dos militares, correndo o risco de exacerbar as tensões. Na segunda-feira, o Irão negou qualquer envolvimento e disse que não estava a tentar expandir o conflito no Médio Oriente. Desde meados de Outubro, mais de 150 ataques com drones e mísseis atingiram soldados norte-americanos e da coligação internacional no Iraque e na Síria.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Iniciado processo de aprovação de lei de segurança nacional O diploma irá complementar a actual lei implementada por Pequim em 2020 Hong Kong irá criar “o mais rapidamente possível” a sua própria lei de segurança nacional, que se juntará à actual legislação, imposta por Pequim em 2020, anunciou ontem o líder da região chinesa. O texto irá abranger cinco crimes, incluindo traição, insurreição e espionagem, disse o Chefe do Executivo do território do sul da China, John Lee Ka-chiu, numa conferência de imprensa de apresentação do processo de consulta pública. “Devo enfatizar que a legislação [nos termos do] artigo 23 da Lei Básica deve ser feita (…) o mais rápido possível”, disse Lee, referindo-se ao artigo da mini-Constituição de Hong Kong, que prevê que a cidade aprove uma lei de segurança nacional relativamente a sete crimes. “Esta é uma responsabilidade constitucional (…) que não foi assumida 26 anos após a entrega” do território à China pelo Reino Unido em 1997, lamentou. Lee prometeu também que a lei não permitirá que suspeitos sejam transferidos para julgamento na China continental, ao contrário da lei imposta por Pequim em 2020. O processo de consulta sobre a nova lei será “aberto” e o documento com as novas disposições será tornado público, garantiu o Chefe do Executivo de Hong Kong. No entanto, isso só irá acontecer depois do final do período de consulta pública, a 28 de Fevereiro. A lei seguirá depois para o parlamento de Hong Kong, onde tem a aprovação garantida, uma vez que a oposição está ausente, após uma revisão do sistema eleitoral da região. Fantasmas do passado Em 2003, uma proposta de lei da segurança nacional teve de ser abandonada devido a uma série de protestos, que chegaram a reunir cerca de meio milhão de pessoas, em oposição. Manifestações, de uma dimensão ainda maior, voltaram a abalar o centro financeiro asiático em 2019. Em resposta, Pequim impôs uma lei de segurança nacional que abrange quatro crimes – secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras – puníveis com uma pena máxima de prisão perpétua. Embora “a nossa sociedade como um todo pareça calma e muito segura, ainda precisamos de estar atentos a possíveis sabotagens e correntes ocultas que tentem causar agitação, particularmente algumas das ideias sobre a independência de Hong Kong que ainda estão enraizadas nas mentes de algumas pessoas”, disse John Lee. “Alguns agentes estrangeiros ainda podem estar activos em Hong Kong”, acrescentou. “As ameaças à segurança nacional são reais, nós vivemo-las e sofremos muito (…) não queremos reviver esta experiência dolorosa”, alertou o chefe de Governo. Desde que Pequim impôs a lei de segurança nacional em 2020, 290 pessoas foram presas ao abrigo da mesma. Mais de 30 pessoas foram condenadas por crimes contra a segurança nacional.
Hoje Macau Via do MeioO despertar das mulheres chinesas e o declínio da natalidade Académicos reflectem sobre a baixa natalidade e o papel das mulheres hoje na China YIXIU WEI, WENDY WU, E JIA YUXUAN Wang Xianqing: Nos últimos anos, a taxa de natalidade na China registou um declínio acentuado. Será esta uma consequência normal de uma determinada fase do desenvolvimento económico, como quando o PIB per capita de um país atinge os dez mil dólares americanos e há um aumento simultâneo da educação das mulheres e das taxas de conclusão dos estudos universitários? Ou existem factores específicos exclusivos da China que estão a influenciar este fenómeno? Zhao Yaohui: Na minha opinião, a economia não é o único factor. As noções tradicionais de discriminação contra as mulheres ainda persistem, mas em comparação com as mulheres dos anos 70 e 60, as dos anos 80 e 90 sofreram mudanças significativas. Os seus conhecimentos, o seu nível de educação e as suas competências no local de trabalho ultrapassaram os dos homens. Há cem anos, nos Estados Unidos, as mulheres com formação superior podiam escolher a carreira em detrimento da família, sob forte discriminação de género, mas as mulheres chinesas escolheram sempre a família, mesmo as que tinham formação superior, o que indica a enorme pressão imposta pela cultura tradicional. No entanto, as mulheres nascidas nos anos 80 e 90 entraram numa nova fase: já não estão limitadas pela tradição e sentem-se obrigadas a escolher a família face à desigualdade de género. Este conflito entre as noções tradicionais e as capacidades e valores da mulher moderna marca uma das características desta geração e creio que é a principal razão para o declínio da taxa de natalidade feminina. Lei Xiaoyan: Concordo com o Professor Zhao. Não são apenas os factores económicos que levam ao declínio das taxas de natalidade; o desenvolvimento socio-económico trouxe também muitos outros factores que, colectivamente, contribuem para o declínio. No entanto, o declínio para níveis tão baixos é algo anormal. Os Estados Unidos também registaram um declínio das taxas de natalidade, mas não tão baixo como o da China, numa fase semelhante do PIB per capita. É claro que a política de planeamento familiar acelerou o declínio das taxas de natalidade. Além disso, os conflitos entre grupos sociais e os custos da maternidade são também factores-chave para o rápido declínio das taxas de natalidade para um nível tão baixo. Zhao Yaohui: De facto, as regiões com as taxas de natalidade mais baixas a nível mundial situam-se na esfera cultural da Ásia Oriental, incluindo a China, a Coreia do Sul e Singapura. Um ponto comum entre estas regiões é a prevalência da discriminação contra as mulheres e os sistemas patriarcais enraizados na cultura oriental. É essencial reconhecer o profundo impacto que estas normas sociais têm nas escolhas familiares das mulheres e considerar estratégias para enfrentar eficazmente estes desafios culturais. Huang Wei: Também concordo com o Professor Zhao. Não é exacto dizer que o crescimento económico conduz invariavelmente a uma redução das taxas de natalidade. A investigação indica que, em alguns casos, as taxas de natalidade aumentam com a melhoria das condições económicas, o que indica que as pessoas continuam a querer e a gostar de ter filhos. Isto demonstra que não existe uma relação directa e uniforme entre o crescimento económico e a diminuição das taxas de natalidade. Por exemplo, os Estados Unidos têm um nível económico relativamente elevado, mas não têm uma taxa de natalidade particularmente baixa. Alguns países europeus, economicamente mais avançados do que os países da Ásia Oriental, também mantêm níveis de natalidade mais elevados. Analisando os dados históricos e os dados transversais globais, a relação entre o crescimento económico e as taxas de natalidade não está diretamente correlacionada. De facto, existe uma relação positiva entre o crescimento económico e a promoção das mulheres. Numerosos economistas investigaram extensivamente esta área e, nos últimos anos, a relação causal entre o crescimento económico e a emancipação das mulheres tornou-se cada vez mais clara. No entanto, a relação causal entre o crescimento económico e as taxas de natalidade permanece relativamente ambígua. Zhao Yaohui: O principal factor é a melhoria do nível de educação das mulheres. Wang Xianqing: Porque é que os países da esfera cultural confucionista, como a China e outras nações da Ásia Oriental, apresentam taxas de natalidade relativamente baixas? Tradicionalmente, as mulheres chinesas dão grande importância à família. Será possível que, depois de receberem educação e de se tornarem esclarecidas, considerem o facto de não terem filhos como um dos indicadores significativos da sua independência? Zhao Yaohui: “Tenho o direito de escolher não casar” era quase inconcebível há um século atrás, quando o casamento era muitas vezes essencial para a sobrevivência de uma mulher. No entanto, a situação hoje é totalmente diferente. Actualmente, as mulheres já não precisam de depender de outra pessoa para a sua subsistência. Podem viver e trabalhar de forma independente, o que está intimamente relacionado com o facto de os níveis de educação das mulheres terem ultrapassado os dos homens. Wang Xianqing: Professor Zhao, referiu que os Estados Unidos entraram agora na quinta fase, em que muitas pessoas conseguiram um equilíbrio entre a família e a carreira. Mas, actualmente, na China, cada vez mais mulheres optam por não casar nem ter filhos para se concentrarem nas suas carreiras. Como explica este fenómeno? Zhao Yaohui: Nos Estados Unidos, embora o fenómeno das mulheres abandonarem o trabalho para cuidar da família após o parto ainda exista, em geral, as mulheres americanas conseguem equilibrar melhor a carreira e a família do que as gerações anteriores. Em comparação com as americanas, há mais mulheres chinesas que optam por concentrar a sua atenção na vida familiar, um fenómeno que se mantém até hoje. Apesar de algumas mudanças subtis, a situação geral permanece a mesma em termos absolutos. As mulheres americanas lutaram durante décadas ou mesmo séculos para encontrar formas de equilibrar a carreira e a família. A primeira fase envolveu a escolha entre as duas. Nas décadas de 1920 e 1930, as normas sociais não permitiam que as mulheres trabalhassem depois do casamento, pelo que só podiam trabalhar antes de se casarem. Na terceira fase, as mulheres deram prioridade ao cuidado da família e regressaram à carreira depois de os filhos terem crescido. Embora estas mulheres tivessem um período de carreira mais longo e pudessem trabalhar até à reforma, também perderam muitas oportunidades no local de trabalho devido às responsabilidades familiares. Tendo testemunhado a experiência infeliz das suas mães, as mulheres da quarta fase decidiram desenvolver primeiro as suas carreiras e adiar o parto. O adiamento do parto levou a que algumas mulheres não conseguissem conceber naturalmente, perdendo assim a oportunidade de ter filhos. Agora, na quinta fase, as mulheres americanas começam a equilibrar a família e a carreira e, graças a tecnologias como a reprodução assistida e o congelamento de óvulos, as mulheres podem equilibrar melhor estes dois aspectos. Na China, as mulheres, mesmo as que possuem diplomas universitários, têm sido historicamente obrigadas a casar e a ter filhos. Após a década de 1950, um número significativo de mulheres foi mobilizado pelo Estado para integrar a força de trabalho. No entanto, as noções tradicionais continuaram a ter um impacto profundo nas mulheres profissionais chinesas. Muitas vezes, enfrentavam o duplo fardo de gerir as suas carreiras e, ao mesmo tempo, serem responsáveis pelas tarefas domésticas, pelos cuidados com os filhos e pela assistência aos maridos após um dia de trabalho. Durante a era da economia planificada, as empresas disponibilizavam creches para ajudar as mulheres trabalhadoras a cuidar dos seus filhos, o que significava que as mulheres podiam regressar ao trabalho após alguns meses de licença de maternidade. No entanto, as creches foram basicamente canceladas após a reforma das empresas públicas em 2000. Apesar da eliminação deste tipo de apoio, continuou a ser convencional as mulheres não abandonarem os seus empregos para cuidarem dos filhos em casa. Na ausência de serviços de acolhimento de crianças, as mulheres tendem a escolher empregos mais flexíveis. Por exemplo, na década de 1990, havia muitas professoras nas universidades chinesas, o que é difícil de compreender para os americanos, porque nos Estados Unidos ser professor é altamente competitivo. Mas nessa altura, na China, os salários universitários eram baixos, pelo que muitos professores do sexo masculino optavam por exercer actividades comerciais, enquanto que, para as mulheres, o facto de não terem horário fixo de trabalho era conveniente para cuidar da família. No entanto, empregos fáceis significam muitas vezes um rendimento mais baixo e uma promoção mais lenta na carreira. Lei Xiaoyan: A tendência que acabámos de mencionar – de as mulheres optarem por ficar em casa em vez de trabalhar – tem de ser vista sob dois aspectos. Por um lado, algumas mulheres optam voluntariamente por ficar em casa e, por outro lado, algumas são obrigadas a fazê-lo. Nos anos anteriores, era mais uma questão de serem obrigadas a ficar em casa para cuidar dos filhos. Em anos anteriores, tratava-se mais de serem obrigadas a ficar em casa para cuidar dos filhos, enquanto atualmente se trata mais de uma escolha voluntária. Para que as mulheres optem voluntariamente por ficar em casa e renunciar ao trabalho profissional em favor dos cuidados com os filhos, é necessário satisfazer duas condições fundamentais: Em primeiro lugar, a sociedade deve reconhecer e respeitar os assuntos domésticos e os cuidados com os filhos como tendo a mesma importância que o trabalho profissional, valorizando assim os contributos das mulheres dentro de casa. Em segundo lugar, as mulheres que optam por ficar em casa não devem ter medo de se sentirem subordinadas aos seus maridos nem correr o risco de pôr em risco os seus casamentos devido à ausência de uma carreira. Só quando estas duas condições estiverem reunidas é que a decisão de as mulheres ficarem em casa para a educação dos filhos se tornará uma verdadeira escolha, livre da percepção de que é uma penalização. Wang Xianqing: O Professor Lei salientou o ritmo notável das mudanças nas taxas de natalidade, na educação dos filhos e nos níveis de educação das mulheres chinesas. No entanto, durante este processo, é essencial ter em consideração as áreas que foram bem tratadas e as que não o foram, em especial as que requerem uma reformulação cultural. Lei Xiaoyan: A China fez um excelente trabalho ao registar progressos significativos na educação das mulheres chinesas, permitindo-lhes atingir um nível de capital humano comparável ao dos homens. No entanto, a questão de saber se as mulheres podem garantir a igualdade de remuneração após o ensino requer uma análise mais aprofundada. Apesar de receberem a mesma educação e formação em termos de capital humano, as mulheres continuam a enfrentar desigualdades de género no local de trabalho. A discriminação de género e os preconceitos no local de trabalho dificultam o acesso a oportunidades e recompensas iguais. Estas questões exigem esforços contínuos para que se registem mudanças. Pergunta do público: Gostaria de fazer uma pergunta sobre a discriminação inversa do género. A discriminação inversa do género refere-se a situações em que a discriminação tradicional contra as mulheres por parte dos homens faz com que os homens sejam discriminados em determinados contextos sociais. Um exemplo notável é o serviço militar obrigatório exigido aos homens em muitos países, um mandato que não é alargado às mulheres. A discriminação inversa em função do género pode, em certa medida, conduzir a uma perda de benefícios para os homens. Como o professor mencionou anteriormente, os homens são sobrecarregados com a tarefa de apoiar financeiramente a educação dos filhos. Mas se os salários das mulheres forem mais elevados, isso pode aliviar um pouco a pressão sobre os homens para sustentarem a família, o que pode ser mais benéfico para os homens. Esta questão é causada por estereótipos de homens que pensam que as mulheres são mais vulneráveis, ou existem razões subjacentes mais profundas? Ou será que esta questão é, ela própria, uma falsa proposição? Huang Wei: Na verdade, penso que a discriminação de género e a questão que mencionou são duas coisas diferentes. Na minha opinião, a discriminação na investigação académica é diferente da discriminação na vida real; a discriminação na investigação académica refere-se a um fenómeno a outro nível. Por exemplo, na análise estatística, é frequente identificarmos resultados significativos negativos ou positivos e classificá-los como casos de discriminação. No entanto, a discriminação de que está a falar é mais parecida com a discriminação na vida real. Penso que não há nada que deva ser feito exclusivamente por homens ou mulheres. Trata-se mais de negociar para resolver problemas em pé de igualdade. Isto introduz outro conceito: a vantagem comparativa. Quem estiver mais apto para uma tarefa deve assumi-la, pois isso pode melhorar a eficiência. Por exemplo, eu sou uma pessoa descuidada, enquanto a minha mulher é mais meticulosa. Quando o nosso filho não está suficientemente agasalhado, posso esquecer-me de fechar o fecho do casaco. Mas quando chegamos a casa, a minha mulher chama a atenção para o facto, perguntando como é que eu me podia esquecer e se a criança se constipava, algo em que eu não tinha reparado. Penso que a divisão social do trabalho surge da necessidade de desenvolvimento económico, tornando mais eficientes as várias tarefas. O mesmo se aplica às famílias; as tarefas devem ser divididas de acordo com as características de cada pessoa. Através desta divisão do trabalho, podemos eliminar a discriminação e tornar toda a família e a sociedade mais eficientes e cheias de amor. Penso que esta é a direção correcta. Lei Xiaoyan: O que mencionou deve-se provavelmente a diferentes divisões de trabalho. Na nossa discussão, concentramo-nos na disparidade causada apenas pelo género em condições idênticas. Se não for esse o caso, a discriminação é causada por outros factores, como as diferenças nos níveis de educação. O Professor Zhao e eu realizámos um estudo sobre as diferenças cognitivas baseadas no género. A nossa investigação revelou que, entre a população idosa da China, as mulheres apresentam capacidades cognitivas mais limitadas e menos avançadas do que as suas congéneres internacionais. Em contrapartida, a nível mundial, quando avaliadas com base nos mesmos indicadores cognitivos, as diferenças entre os níveis cognitivos dos homens e das mulheres são mínimas, sendo que as mulheres demonstram frequentemente capacidades cognitivas mais elevadas. Explorámos as razões para este facto e descobrimos que um dos factores é a diferença nos níveis de educação e não a discriminação entre os sexos. No entanto, após uma investigação mais aprofundada, descobrimos que estas disparidades educativas têm origem no tratamento desigual de rapazes e raparigas durante a sua educação infantil, o que aponta, de facto, para práticas discriminatórias. Este facto sublinha a importância de não nos concentrarmos apenas nos resultados, mas de procedermos a uma análise exaustiva e científica para compreendermos os factores causais mais profundos. Pergunta do público: A Professora Zhao referiu que um dos principais obstáculos à participação das mulheres modernas na força de trabalho é o custo de oportunidade da participação laboral, especialmente em condições de mercado de trabalho difíceis. Os empregadores podem preferir contratar homens para evitar as implicações da licença de maternidade. Este é o maior custo de oportunidade para as mulheres. Embora políticas como a licença de maternidade alargada na China pareçam favorecer as mulheres, inadvertidamente elevam o custo da participação das mulheres na força de trabalho, tornando os homens uma opção mais rentável para os empregadores. A maternidade é uma responsabilidade conjunta do marido e da mulher. Como podemos fazer com que os homens suportem os mesmos custos que as mulheres de uma perspetiva económica? Como podemos garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de emprego que os homens quando procuram emprego? Huang Wei: A literatura existente oferece várias avaliações de políticas como a licença de maternidade. Por vezes, as políticas destinadas a proteger determinados grupos podem, inadvertidamente, prejudicá-los. Por exemplo, a regulamentação que impõe um salário mínimo para as pessoas com deficiência pode levar a que menos empregadores estejam dispostos a contratar pessoas com deficiência. O mesmo se pode aplicar às leis sobre o salário mínimo para todos os trabalhadores. Muitos académicos têm discutido a questão das políticas de licença de maternidade, mas ainda não existe consenso. O prolongamento da licença de maternidade revelou-se benéfico em alguns países e menos positivo noutros. Na China, alguns propuseram que os homens também fossem obrigados a gozar uma licença de paternidade igualmente longa quando as mulheres tiram a licença de maternidade. A questão da duração da licença de maternidade exige uma avaliação objetiva e realista, e a resposta mudará com o tempo. Penso que a resposta dos Estados Unidos a esta questão tem variado ao longo das últimas cinco fases. Por conseguinte, a questão da licença de maternidade continua a necessitar de um debate aprofundado. Zhao Yaohui: Esta questão envolve o tema de como reduzir a penalização da maternidade, que se refere à perda de oportunidades de emprego e de rendimento para as mulheres devido à maternidade. Afinal de contas, só as mulheres podem dar à luz filhos. É um facto inegável e um papel que os homens não podem substituir. O parto em si não é o problema, uma vez que as mulheres podem continuar a trabalhar até ao parto sem quaisquer problemas físicos. O que importa é depois do parto – se as mulheres são desvalorizadas no local de trabalho, se se tornam menos importantes ou se se tornam um fardo para os seus empregadores. As políticas devem centrar-se em aliviar os encargos das mulheres para facilitar o equilíbrio entre as suas responsabilidades profissionais e pessoais, tornando-as assim mais atractivas para as empresas. Por exemplo, há uma falta significativa de serviços de acolhimento de crianças dos 0 aos 3 anos, período durante o qual as mulheres dedicam muitas vezes um esforço substancial aos cuidados infantis, enfrentando desafios como o de arranjar uma ama. Este facto pode ter um enorme impacto no seu trabalho. A disponibilização atempada de serviços de acolhimento de crianças permite que as mães enviem os seus filhos para uma creche pouco tempo depois da licença de maternidade, o que aumenta a possibilidade de um melhor desenvolvimento da carreira dessas mães orientadas para a carreira. Por conseguinte, é importante minimizar o impacto negativo do parto nas mulheres, permitindo-lhes equilibrar eficazmente o trabalho e as responsabilidades do parto. Perspectivas para a nova geração de mulheres chinesas Tradicionalmente, as mulheres chinesas, mesmo face à discriminação, tinham poucas opções para além de casar e ter filhos. A situação das mulheres chinesas solteiras e sem filhos era historicamente mais difícil do que a das suas congéneres americanas. No entanto, nas últimas três décadas, registaram-se progressos consideráveis no estatuto das mulheres no local de trabalho. A proporção de mulheres que atingiram o ensino superior ultrapassou a dos homens, graças à universalização da Lei do Ensino Obrigatório e à expansão das matrículas nas universidades na década de 1990. A adesão da China à OMC provocou uma forte expansão dos empregos de colarinho branco, proporcionando muitas oportunidades de emprego para as mulheres. Apesar disso, as atitudes discriminatórias tradicionais em relação às mulheres ainda prevalecem na sociedade chinesa. Persistem fenómenos como a violência doméstica, os preconceitos de género que favorecem os homens e o grave desequilíbrio dos papéis de género nos agregados familiares. Mesmo as mulheres que ocupam posições de topo no local de trabalho são frequentemente sobrecarregadas com a maior parte das tarefas domésticas. As práticas discriminatórias contra as mulheres são ainda mais comuns nas zonas rurais. Além disso, o fenómeno do “funil de carreira” limita severamente o desenvolvimento das mulheres no local de trabalho. Tomando as universidades como exemplo, há muitas mulheres com doutoramento, mas uma proporção menor de mulheres entre os professores, ainda menor entre os professores associados e extremamente rara entre os professores catedráticos. O mesmo se passa nos serviços públicos. O número de mulheres diminui à medida que se passa para o nível de secção, de gabinete e mesmo de ministro. Este fenómeno merece a atenção e a investigação das pessoas. Pessoalmente, a situação actual das mulheres chinesas é semelhante à quarta fase de desenvolvimento das mulheres americanas mencionada anteriormente. As capacidades das mulheres foram reforçadas sem precedentes, mas a discriminação e os constrangimentos contra as mulheres continuam a existir. Perante esta contradição, muitas mulheres poderão optar por permanecer solteiras e sem filhos, uma tendência que poderá intensificar-se no futuro. Para ajudar as mulheres chinesas a alcançar um equilíbrio entre a carreira e a família, é necessário criar um ambiente social verdadeiramente equitativo. Para o conseguir, é fundamental defender três mudanças fundamentais: 1. Alterar as percepções discriminatórias e reformular a cultura tradicional. Os homens mais velhos e outros membros da família também devem adotar o conceito de igualdade de género. As sogras devem encorajar os filhos a fazer mais tarefas domésticas e a partilhar os encargos domésticos das noras. 2. A sociedade deve criar um ambiente de trabalho propício ao desenvolvimento familiar, proporcionando horários de trabalho o mais flexíveis possível. 3. A sociedade deve esforçar-se por oferecer serviços de acolhimento de crianças de elevada qualidade e a preços acessíveis, colmatando a lacuna substancial que existe atualmente, em especial para as crianças dos 0 aos 3 anos. Esta lacuna obriga frequentemente muitas mulheres a abandonar oportunidades de carreira promissoras em profissões com rendimentos elevados e a optar por empregos menos competitivos para cuidar das crianças. A nossa convicção é que os avanços tecnológicos e do mercado podem eventualmente retificar numerosos preconceitos e distorções cognitivas e comportamentais relacionados com o género. No entanto, este processo requer um período de tempo significativo. Por conseguinte, é imperativo que a sociedade no seu conjunto trabalhe proactivamente para criar um ambiente mais favorável às mulheres. In Pekingology
Hoje Macau SociedadeCrimes graves | Taxa mantém-se baixa em 2023 A Polícia Judiciária considera que a ocorrência de crimes graves em Macau se manteve num nível baixo, durante o ano passado. Em 2023, a PJ registou quatro casos de homicídio, 45 de fogo posto e 33 de roubo, não havendo registos de ofensas corporais graves ou de rapto, foi indicado num comunicado. “Na maior parte dos crimes, tais como aqueles ligados ao jogo, aos estupefacientes, a roubo e furto, entre outros, embora se tenha registado um aumento do número de processos face ao ano anterior, este número ainda é inferior ao de 2019”, referiu. No pólo oposto, as burlas que envolvem telecomunicações e crimes cibernéticos mantiveram “uma tendência de aumento gradual”, superior ao do período antes da pandemia de covid-19, informou a força policial. No ano passado, a PJ instaurou 12.390 processos criminais, uma subida de 43,9 por cento relativamente a 2022, de acordo com a mesma nota. Em comparação com 2019, registou-se uma descida de 20,5 por cento, salientou. Dos 12.390 processos, “6.804 são inquéritos e denúncias, o que representa uma subida de 52,2 por cento face a 2022, também uma subida de 7,1 por cento em relação a 2019”. Em 2023, 2.516 indivíduos foram encaminhados para os órgãos judiciais, de acordo com o documento “Trabalho da PJ – instauração de processos, trabalhos de execução da lei e policiamento de proximidade em 2023”. “Face às alterações da situação criminal, a PJ (…) com foco no melhoramento das acções em resposta ao aumento dos riscos da criminalidade transfronteiriça, o reforço do combate aos crimes relacionados com o jogo e o aprofundamento multidimensional do trabalho anti-burla, lançou muitas medidas de prevenção e controlo e conquistou alguns resultados, conseguiu-se assim salvaguardar a segurança da comunidade e proteger os direitos e interesses da população”, destacou no comunicado.