Golfo de Omã | Arrancam manobras navais conjuntas entre China, Rússia e Irão

O poderoso tridente militar já navega nas conturbadas águas que têm sido palco recente de acções dos rebeldes Huthis

 

As marinhas da Rússia, China e Irão começaram ontem exercícios navais conjuntos, denominados “Maritime Security Strip 2024”, nas águas do Golfo de Omã, uma área afectada por ataques dos rebeldes Huthis do Iémen contra navios.

“Os navios da marinha russa, da marinha chinesa e da marinha iraniana iniciaram as tarefas relacionadas com as manobras navais internacionais ‘Maritime Security Strip 2024’, no Golfo de Omã”, confirmou o Ministério da Defesa russo, num comunicado divulgado na rede social Telegram.

Segundo a nota do Ministério russo, “durante as manobras, os navios de guerra dos três países realizarão exercícios conjuntas e dispararão contra alvos aéreos e terrestres, além de praticarem a libertação de um navio capturado por piratas”.

Neste sentido, o comunicado dos militares russos referiu que “mais de 20 navios, embarcações de apoio e embarcações de combate” estarão envolvidos nos exercícios conjuntos.

A força naval russa é liderada pelo cruzador de mísseis “Variag”, navio-almirante da Frota do Pacífico, acompanhado pela fragata antissubmarino “Marshal Shaposhnikov”.

O porta-voz iraniano para estas manobras navais, almirante Mostafa Tajaddini, declarou à televisão estatal iraniana que os exercícios conjuntos visam “promover a segurança e a cooperação multilateral”, bem como mostrar a boa vontade e as capacidades navais dos aliados.

Tajaddini também referiu que os exercícios conjuntos têm, entre outros, o objectivo melhorar o comércio, enfrentar “a pirataria e o terrorismo, apoiar actividades humanitárias e trocar informações na área de resgate”.

Representantes das marinhas do Azerbaijão, Índia, Cazaquistão, Paquistão, Omã e África do Sul participarão nos exercícios como observadores. Trata-se dos quintos exercícios navais russo-chineses-iranianos realizados no Golfo de Omã.

Troca súbita

A chegada dos navios russos ao porto iraniano de Chabahar na segunda-feira coincidiu com notícias publicadas na imprensa da Rússia sobre a demissão do comandante-chefe da Marinha, almirante Nikolai Yevmov, na sequência do afundamento de vários navios por ‘drones’ navais ucranianos.

O diário Izvestia e o portal Fontanka noticiaram no domingo que Yevmov foi substituído pelo comandante-chefe da Frota do Norte, almirante Alexander Moiseyev. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se na segunda-feira a comentar as notícias. “Existem decretos confidenciais. Não os posso comentar. Não houve decretos públicos sobre este assunto”, justificou Peskov.

A nomeação de um novo comandante da frota russa é normalmente anunciada por decreto presidencial. A confirmar-se a substituição, trata-se de uma importante remodelação no seio do comando militar russo.

13 Mar 2024

Idosos | Deputados pedem aumento da pensão

Os deputados Zheng Anting e Ella Lei defendem que o Governo deve aumentar o montante de pensão para idosos, um apoio social que não sofre qualquer ajustamento desde 2020.

Ouvido pelo jornal Exmoo, Zheng Anting lamentou que o valor da pensão para idosos seja apenas de 3.740 patacas por mês, inferior ao montante que o Governo considera necessário para sobreviver no território, o chamado “valor do risco social”. Este valor está actualmente estabelecido em 4.230 patacas.

O deputado indicou também que apenas 29.855 idosos recebem o montante completo da pensão, pelo que há uma parte muito significativa da população a receber apenas uma fracção das 3.740 patacas por mês.

O deputado ligado à comunidade de Jiangmen justificou ainda a necessidade de aumentar o valor da pensão porque o índice de preços no consumidor, nos produtos mais consumidos pela população idosa, levou ao aumento contínuo do custo de vida. Entre os produtos mais caros, Zheng indicou a comida, bebidas, produtos de saúde e serviços domésticos. Segundo o deputado, ao longo do ano passado, estes preços subiram mais de três por cento, o que representa o empobrecimento real das pessoas que dependem da pensão para idosos.

Por seu turno, a deputada Ella Lei defendeu que como a economia mostra melhorias face aos anos anteriores, o Governo tem nova margem para aumentar o valor da pensão e corrigir o congelamento que vigora desde 2020.

13 Mar 2024

Oficiais de justiça | Coutinho quer reestruturação de carreiras

O deputado José Pereira Coutinho considera que o Governo deve “proceder à reestruturação das carreiras dos oficiais de justiça”. A opinião do deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública Macau (ATFPM) foi partilhada, através de uma interpelação escrita.

Coutinho pretende assegurar que os “direitos e interesses” destes trabalhadores estão “alinhados com a complexidade, volume e horas de trabalho realizadas”, e também com o que diz serem os “níveis de exigência e celeridade que influenciam directamente e indirectamente todo o sistema de administração da justiça”.

Neste sentido, o legislador quer saber como vai ser feita esta reestruturação: “Que medidas irá o Governo da RAEM adoptar para reestruturar as carreiras dos trabalhadores da Justiça, e como irá esta reestruturação afectar os benefícios e progressões na carreira dos trabalhadores da Justiça?”, pergunta o deputado.

Ao mesmo tempo, o deputado quer saber que métodos vão ser utilizados “para atrair e reter talentos qualificados” nesta área. Dentro destas políticas, Pereira Coutinho pretende que o Executivo explique como pode actualizar os salários destes trabalhadores e os critérios que serão adoptados para essa alteração.

Ao mesmo tempo, o deputado defende a necessidade de “recrutamento, selecção e formação para ingresso e acesso às carreiras de oficial de justiça judicial, e de oficial de justiça do Ministério Público”.

13 Mar 2024

Cinema | “Oppenheimer” é o grande vencedor dos Óscares 2024

“Oppenheimer”, de Christopher Nolan, arrebatou sete óscares em 13 nomeações, nas categorias mais relevantes: melhor filme, melhor realização, melhores actores principal e secundário. “Pobres Criaturas” colecionou quatro estatuetas, com destaque para o óscar de melhor actriz para Emma Stone

 

Depois da primeira nomeação para melhor realizador com “Dunkirk”, Christopher Nolan teve a sua noite na 96.ª edição dos Óscares que se realizou na madrugada de domingo para segunda-feira, no Dolby Theatre, em Los Angeles. “Oppenheimer” foi o grande vencedor da noite, arrecadando sete óscares em 13 nomeações nas principais categorias. Nolan levou para casa o óscar de melhor realizador, melhor filme, Cillian Murphy venceu o óscar para melhor actor principal e Robert Downey Jr. Melhor actor secundário.

“Oppenheimer” venceu ainda nas categorias de melhor montagem, melhor fotografia e melhor banda sonora.

Na categoria de melhor filme, a película baseada na vida do “pai da bomba atómica”, o físico teórico J. Robert Oppenheimer, competia com “American Fiction”, “Anatomia de uma queda”, “Barbie”, “Os excluídos”, “Assassinos da lua das flores”, “Maestro”, “Vidas passadas”, “Pobres criaturas” e “Zona de interesse”.

A coroação de “Oppenheimer” como melhor filme foi anunciada de uma forma pouco ortodoxa por Al Pacino, que nem apresentou a lista dos nomeados, limitando-se a abrir rapidamente o envelope e a dizer: “os meus olhos veem ‘Oppenheimer’”. O anúncio algo precipitado do vencedor apanhou a audiência de surpresa, e a própria realização da noite dos óscares não estava preparada para focar os vencedores.

Os sete óscares colocam “Oppenheimer” ao nível do palmarés de “O Bom Pastor” (1944), “Os Melhores Anos das Nossas Vidas” (1946), “Eva” (1950), “A Ponte do Rio Kwai” (1957), “Lawrence da Arábia” (1962), “Patton” (1970), “A Golpada” (1973), “África Minha” (1985), “Danças com Lobos” (1990), “A Lista de Schindler” (1993), “A Paixão de Shakespeare” (1998) e o vencedor do ano passado, “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” (2022).

Os campeões continuam a ser “Ben-Hur” (1959), “Titanic” (1997) e “O Senhor dos Anéis – O Regresso do Rei” (2003), todos com 11 estatuetas, mais uma do que “West Side Story” (“Amor Sem Barreiras”, 1961).

No polo oposto, os grandes derrotados da noite foram as plataformas de streaming da Apple e Netflix, nomeadamente com o filme de Martin Scorsese “Assassinos da Lua das Flores”, com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, que não ganhou nenhum óscar. No total, as produções da Apple e Netflix receberam 32 nomeações, mas apenas conseguiram o prémio de melhor curta-metragem com “A Incrível História de Henry Sugar”, de Wes Anderson.

Apesar de apenas ter vencido quatro óscares em 11 nomeações, “Pobres Criaturas” valeu a Emma Stone o óscar de melhor actriz, distinção que repetiu depois de ganhar a mesma categoria em 2017 pelo papel no musical “La La Land”. Stone conseguiu contornar algum favoritismo de Lily Gladstone e a sua poderosa interpretação em “Assassinos da lua das flores”, que poderia simbolizar o primeiro óscar atribuído a uma actriz nativo-americana.

Por sua vez, Da’Vine Joy Randolph venceu o óscar de melhor actriz secundária pelo desempenho em “Os Excluídos”. Com Da’Vine Joy Randolph competiam Emily Blunt “Oppenheimer”, Danielle Brooks em “A Cor Púrpura”, America Ferrera em “Barbie” e Jodie Foster em “Nyad”.

Os discursos

Um dos discursos da noite foi protagonizado pelo vencedor estreante Christopher Nolan, que fez alusão à história da sétima arte, depois de receber a estatueta das mãos de Steven Spielberg. “À Academia, só dizer que os filmes têm pouco mais de 100 anos. Imaginem estar há 100 anos na pintura ou no teatro. Não sabemos para onde vai esta incrível jornada a partir daqui. Mas saber que pensam que sou uma parte significativa disso significa muito para mim.”

Antes da categoria de melhor realizador, foram anunciados os óscares de representação. Ao sexto filme com Nolan na realização, e na sua primeira nomeação, o irlandês Cillian Murphy recebeu das mãos de Paul Giamatti a estatueta para melhor actor. Murphy agradeceu à dupla pela “jornada” e a toda a equipa, terminando a recordar o tema do filme: “Fizemos um filme sobre o homem que criou a bomba atómica. E para o bem ou para o mal, todos nós vivemos no mundo de Oppenheimer. Portanto, realmente gostaria de dedicar este prémio a todos os pacifistas.”

Outra das ovações da noite no Dolby Theatre foi para Robert Downey Jr, que aos 58 anos venceu o primeiro óscar, enquanto melhor actor secundário, pela sua interpretação de Lewis Strauss, culminando um percurso pessoal enquanto “bad boy” de Hollywood depois de décadas de dependência de drogas, até ao topo da indústria.

“Gostaria de agradecer à minha infância terrível e à Academia, por esta ordem”, começou por dizer, provocando o riso dos colegas. “Gostaria de agradecer à minha veterinária – quero dizer, à minha esposa, Susan Downey, que está ali. Encontrou em mim um animal de estimação resgatado e amou-me de volta à vida. É por isso que estou aqui”, acrescentou.

O actor não esqueceu Nolan e a produtora Emma Thomas, dizendo que “precisava deste trabalho mais do que ele precisava de mim”.

Robert Downey Jr teve como colegas nomeados na mesma categoria Sterling K Brown, por “American fiction”, Robert De Niro, por “Assassinos da lua das flores”, Ryan Gosling, por “Barbie”, e Mark Ruffalo, por “Pobres Criaturas”.

Outras bombas

O filme “20 days in Mariupol”, do jornalista ucraniano Mstyslav Chernov, sobre o cerco à cidade ucraniana durante a invasão militar russa, venceu o óscar de melhor documentário. “Sou o único realizador aqui que gostaria de nunca ter feito este filme”, disse Mstyslav Chernov ao receber a estatueta, afirmando que preferia que a Rússia nunca tivesse invadido a Ucrânia e ocupado as suas cidades, e que nunca tivesse feito reféns civis e militares. “Mas não posso alterar a História nem o passado”, prosseguiu Chernov. “Todos juntos, porém, podemos fazer com que a História tome o rumo devido e que a verdade perdure”.

O jornalista e realizador apelou ainda a que os habitantes de Mariupol jamais sejam esquecidos. E concluiu: “O cinema cria memória e a memória faz a História”.

O óscar de melhor documentário é o primeiro conquistado por um cineasta ucraniano e é também o primeiro a distinguir o trabalho de uma agência de notícias, no caso a Associated Press, que soma 178 anos de história. “20 Days in Mariupol” competia com “Bobi Wine: The People’s President”, “The Eternal Memory”, “Four Daughters” e “To Kill a Tiger”.

Na categoria de melhor filme estrangeiro, a academia distinguiu “A zona de interesse”, do realizador britânico Jonathan Glazer, que alertou para os riscos da desumanização, num discurso em que lembrou as vítimas da guerra entre Israel e o Hamas.

“A zona de interesse”, inspirado no romance homónimo do escritor britânico Martin Amis, aborda o Holocausto através da banalidade da vida quotidiana da família de Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz durante a II Guerra Mundial, sem esconder os sons que vêm do campo de extermínio nazi, mesmo ao lado.

O realizador dedicou o Óscar a Alexandria, uma mulher de 90 anos que tinha feito parte da resistência polaca à ocupação nazi, que conheceu durante as filmagens. Alexandria tinha 12 anos, quando aderiu à resistência. Glazer lembrou a sua coragem.

“A zona de interesse”, uma produção independente britânica, competia com “Eu, Capitão”, de Matteo Garrone, de Itália, “Dias perfeitos”, do realizador alemão Wim Wenders, candidato pelo Japão, “A sociedade da neve”, de J. A. Bayona, de Espanha, e “A sala de professores”, de İlker Çatak, da Alemanha.

Protestos na carpete vermelha

A cerimónia arrancou com algum atraso devido a protestos de manifestantes pró-palestinianos que receberam as estrelas de Hollywood nomeadas para os Óscares gritando “ganhem vergonha”, para recriminar a realização da 96.ª edição dos prémios enquanto contínua o conflito em Gaza.

Ovações, cânticos de “vergonha” e cartazes a pedir o “fim da ajuda a Israel” ou “Palestina livre” foram ouvidos e vistos à entrada do Dolby Theatre, no Passeio da Fama de Hollywood, a poucas horas do início da 96.ª edição dos prémios da Academia.

O acesso à entrada do Dolby Theatre é protegido por dezenas de polícias e seguranças, mas os manifestantes são autorizados a aproximarem-se das vedações, pelo que tanto actores como realizadores conseguem ouvir os protestos.

Uma fonte avançou ao Deadline que o acesso chegou a estar fechado e ‘centenas de pessoas estão presas’ no trânsito sem conseguir chegar, optando por se deslocar a pé a distância que faltava. Margot Robbie foi uma das que chegou em cima da hora. Vários outros manifestantes, hasteando bandeiras palestinianas, percorreram as ruas próximas do local onde decorre a cerimónia.

12 Mar 2024

Seul avança com suspensão de licenças de médicos em greve

O Governo da Coreia do Sul anunciou ontem o início dos procedimentos para suspender as licenças de mais de 4.900 jovens médicos, em greve há quase três semanas em protesto contra uma reforma do sector.

Um dirigente do Ministério da Saúde sul-coreano, Chun Byung-wang, disse que, até sexta-feira passada, foram enviadas notificações administrativas a mais de 4.900 “médicos estagiários que desafiaram as ordens de regresso ao trabalho”. Estas notificações formais são o primeiro passo antes de uma suspensão administrativa de três meses.

Esta medida poderá ainda atrasar em mais de um ano o curso de especialização e quaisquer formações posteriores na carreira, já que os processos dos médicos vão ficar com a medida disciplinar e o motivo registados, o que vai afectar na procura de trabalho.

O ministro da Saúde sul-coreano, Cho Kyoo-hong, prometeu ser tolerante com os médicos que abandonem a greve antes de concluídos os procedimentos de suspensão.

Cerca de 12 mil estagiários, ou 93 por cento do total, permaneciam ausentes dos postos, de acordo com os mais recentes dados oficiais do Ministério da Saúde, divulgados esta manhã. Quase 70 por cento dos 13 mil médicos residentes do país entregaram cartas de demissão numa centena de hospitais universitários.

Braço-de-ferro

A 3 de Março, cerca de 30 mil médicos – 15 mil, indicou a polícia local – manifestaram-se nas ruas de Seul. No mesmo dia, os estagiários receberam ordem para regressarem ao trabalho, mas apenas 565 o fizeram. De acordo com a lei sul-coreana, os médicos, considerados trabalhadores essenciais, não podem fazer greve.

A greve por tempo indeterminado foi lançada em protesto contra a reforma do sector promovida pelo Governo da Coreia do Sul, que inclui o aumento do número anual de licenciados em medicina de 3.000 para 5.000. A Associação Médica Coreana (KMA) denunciou que estas medidas implicam uma carga insustentável para as universidades e não resolvem a falta de incentivos para escolher as especialidades mais mal pagas, como a pediatria, ou para preencher vagas em locais remotos.

Na semana passada, a polícia convocou ainda cinco actuais e antigos responsáveis da KMA para testemunhar em relação à greve, emitindo mesmo ordens para não deixar quatro funcionários da organização sair do país, tendo, entretanto, realizado buscas à sede do organismo.

A 3 de Março, a Associação Médica Mundial emitiu uma declaração de apoio ao direito à greve dos médicos sul-coreanos e apelou para “condições de trabalho razoáveis” e um “plano estratégico para o desenvolvimento da educação médica”. A greve perturbou o funcionamento dos hospitais da Coreia do Sul, obrigando a cancelar tratamentos cruciais e cirurgias.

12 Mar 2024

APN | Sessão termina com demonstração de apoio a Xi Jinping

A Assembleia Popular da China encerrou ontem a sessão anual com a habitual demonstração de apoio aos planos do líder do Partido Comunista, Xi Jinping, para o país. A agenda de ontem não incluiu a habitual conferência de imprensa com o primeiro-ministro, que no passado era responsável pelos assuntos económicos enquanto líder número 2 do Partido Comunista (PCC).

Em matéria de política externa, a China manteve Wang Yi como ministro dos Negócios Estrangeiros, que voltou a ocupar o cargo no Verão passado, depois de o seu sucessor, Qin Gang, ter sido demitido sem explicação.

Os analistas pensavam que o Partido Comunista ia utilizar a sessão anual da APN para nomear um novo chefe de diplomacia e encerrar uma série de eventos políticos recentes, que também se traduziram no despedimento de um novo ministro da Defesa após alguns meses no cargo.

A Lei Orgânica do Conselho de Estado está a ser revista pela primeira vez desde a sua adopção em 1982. A revisão prevê que o Conselho de Estado “defenda a liderança do Partido Comunista da China”.

Fazendo eco de praticamente todas as propostas, leis e discursos proferidos actualmente na China, o Conselho de Estado afirma que os mais altos responsáveis do governo chinês devem aderir à ideologia orientadora do partido, que remete para o marxismo-leninismo e o pensamento de Mao Zedong e culmina na filosofia de Xi sobre o “Socialismo com características chinesas para uma Nova Era”.

A força do líder

Citado pela AP, Alfred Wu, especialista em governação chinesa da Universidade Nacional de Singapura, afirmou que a revisão institucionaliza as alterações anteriormente efectuadas, tornando mais difícil a sua reversão. Wu descreveu a sessão da APN como um “espectáculo de um homem só” que mostrou a determinação de Xi em criar um sistema em que o Partido Comunista lidera a política, diminuindo o papel do Conselho de Estado e do órgão legislativo.

O desenvolvimento de “forças produtivas de nova qualidade” – um termo cunhado por Xi em Setembro passado – emergiu como palavra de ordem na sessão deste ano. O termo sugere que se dê prioridade à ciência e à tecnologia, numa altura em que a China enfrenta sanções comerciais e restrições no acesso a semicondutores e noutras áreas que os EUA e outros países consideram ser um risco para a segurança nacional.

À medida que o PCC defende a inovação e a auto-suficiência em tecnologia como formas de construir uma economia moderna, está a apoiar-se fortemente numa ideologia mais abertamente comunista. Xi reforçou o papel do partido em todo o espectro, desde a cultura e educação à gestão empresarial. As ordens aprovadas pela APN incluem apelos para garantir a segurança nacional e a estabilidade social.

12 Mar 2024

Habitação | Kevin Ho pede flexibilização de uso de fundo nacional

O membro de Macau na Assembleia Popular Nacional (APN) Kevin Ho quer maior integração do Fundo de Previdência para Habitação do Interior da China na realidade de Macau.

No final das “Duas Sessões” em Pequim, o responsável defendeu que os residentes de Macau que trabalham no Interior da China, e que já contribuem para o Fundo de Previdência para Habitação, deviam poder usar as contribuições para comprar ou remodelar um imóvel em Macau.

Além disso, o membro de Macau na APN e empresário considera que estes contribuintes locais para o fundo público chinês deveriam ter a possibilidade de contrair empréstimo do fundo de previdência através de bancos de Macau.

Este nível de compatibilidade poderia colmatar aquilo que Kevin Ho designou como “a falta de entusiasmo em contribuir ao fundo no Interior da China”, algo que na sua óptica “afecta a integração dos residentes de Macau na Grande Baía”.

Para tal, deveria ser elaborado um sistema unificado para todas as cidades da Grande Baía, que de momento têm sistemas diferentes, além de fixar e uniformizar o tipo de despesas que podem ser financiadas pelo fundo em todas as cidades da Grande Baía.

12 Mar 2024

Receitas públicas mais do que duplicam nos dois primeiros meses do ano

A receita corrente de Macau mais que duplicou nos dois primeiros meses de 2024, em termos anuais, graças à recuperação dos impostos sobre o jogo, com o Governo a aumentar a despesa pública em 49 por cento. A receita corrente em Janeiro e Fevereiro foi de 18,3 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde 2020, no início da pandemia da covid-19, de acordo com dados publicados ‘online’ pelos Serviços de Finanças do território.

Desta receita corrente, o Governo arrecadou 14,8 mil milhões de patacas em impostos sobre o jogo, indicou o mais recente relatório da execução orçamental, divulgado na sexta-feira. Nos dois primeiros meses de 2024, Macau recolheu 18 por cento da receita corrente projectada para 2024 no orçamento da região, que é de 102 mil milhões de patacas.

No final de Dezembro, o Centro de Estudos e o Departamento de Economia da Universidade de Macau previu que as receitas do Governo podem atingir 109,6 mil milhões de patacas, mais 7,5 por cento do que o estimado pelas autoridades. Com a subida nas receitas, a despesa pública também aumentou 49 por cento para 10,6 mil milhões de patacas, graças ao investimento em infraestruturas, que cresceu seis vezes para 3,3 mil milhões de patacas.

Apoios sociais subiram

A despesa corrente também subiu 4,9 por cento para 7,29 mil milhões de patacas, devido a um aumento de 4,1 por cento nos apoios sociais e subsídios dados à população e um crescimento de 4,3 por cento nos salários dos funcionários público.

O orçamento de Macau para 2024 prevê o regresso dos excedentes nas contas públicas, “não havendo necessidade de recorrer à reserva financeira”, depois de três anos de crise económica devido à covid-19. Desde 2020 que Macau só conseguiu manter as contas em terreno positivo – algo exigido pela Lei Básica– devido a transferências da reserva financeira, que em 2023 atingiram 10,5 mil milhões de patacas.

Em Janeiro e Fevereiro, a cidade teve um excedente de 7,75 mil milhões de patacas nas contas públicas, mais 49 por cento do que no mesmo período de 2023 e o valor mais elevado em quatro anos.

12 Mar 2024

“Miminhos da Di” de Timor-Leste para aprender e brincar em português

Um alfabeto corporal, cores que fugiram para as ruas de Díli, contar os números até 10 e canções são alguns do “Miminhos da Di”, um canal de YouTube, feito em Timor-Leste, para aprender e brincar em língua portuguesa.

A ideia foi criada por Diana Abrantes, educadora de infância, e Nuno Murinelo, produtor de conteúdos audiovisuais, dois portugueses a residir em Díli, Timor-Leste, depois de perceberem a ausência de conteúdos em língua portuguesa de Portugal para as crianças.

“A ideia foi recente. Eu tentava procurar conteúdos na Internet para mostrar aos meus filhos e também para mostrar em contexto de sala aula com os meus meninos e só encontrava em outras línguas ou então em brasileiro e nada em português de Portugal e estava sempre a dizer o mesmo”, explicou Diana Abrantes.

É quando Nuno Murinelo desafia e insiste com Diana Abrantes para começarem a produzir os conteúdos. Se, numa primeira fase, Diana Abrantes achou que não conseguia fazer, porque tinha vergonha, numa segunda resolveu aceitar o desafio e tentar.

“Gostei muito de fazer e correu bem e comecei a ganhar aquele gosto de começar a escrever ou fazer o plano do tema que queria tratar e depois falar com o Nuno e discutirmos as ideias até ao plano final do vídeo. Quando via o vídeo final, aquilo era maravilhoso, ou seja, ficava deslumbrada como as crianças e foi assim”, disse Diana Abrantes, a principal protagonista dos vídeos.

Além de divertir as crianças e os pais, os “Miminhos da Di” pretende igualmente ser uma “ferramenta útil de trabalho para professores e educadores”. Diana Abrantes já utilizou alguns “Miminhos da Di” em contexto de sala de aula e o feedback “foi muito positivo”.

A educadora de infância explicou que muitos daqueles vídeos são depois vistos em família e visionados pelos irmãos mais novos, os primos, os vizinhos, ajudando as crianças a adquirir vocabulário em português.

“Ter um canal educativo em português de Portugal vai ser uma mais-valia para as crianças, não só em Timor-Leste, mas para os portugueses e crianças e pais e professores e educadores que estão pelos espalhados pelo mundo”, afirmou. O canal de YouTube já tem milhares de visualizações e seguidores, o que apanhou Diana e Nuno de “surpresa”.

“Não estávamos rigorosamente nada à espera deste impacto. Nós tivemos um impacto demasiado grande para o que estávamos à espera. Temos dois meses e meio de canal. Há, portanto, uma média muito simpática para quem estava a pensar que ia fazer só uma coisa para, não era para brincar, mas descomprometida, quanto mais não seja”, afirmou Nuno Murinelo.

Com mais de 20 vídeos já divulgados, o canal de YouTube “Miminhos da Di” é feito apenas por Diana e Nuno, que assumiram como primeiro compromisso fazer pelo menos um vídeo por semana para não perder o contacto com os seguidores e que estão abertos a parcerias e mais sugestões.

11 Mar 2024

Hong Kong | Dois detidos após serem encontrados corpos de bebés em frascos

Duas pessoas foram detidas em Hong Kong, depois de terem sido encontrados num apartamento os corpos de dois bebés dentro de frascos de vidro, anunciou ontem a polícia. Um homem, de 24 anos, e uma mulher, de 22, foram detidos por suspeita de eliminação ilegal de cadáveres e estão a ser interrogados, noticiou a emissora local RTHK.

Os frascos tinham 30 centímetros de altura e os corpos não apresentavam sinais evidentes de ferimentos, disse, aos jornalistas, o inspector-chefe Au Yeung tak, da divisão dos Novos Territórios Norte, na parte continental da região especial chinesa. O responsável indicou que vai ser realizada uma autópsia para tentar determinar a idade dos bebés e se estavam mortos à nascença.

Au Yeung disse que os dois detidos viviam no apartamento. Os frascos foram encontrados por pessoal da limpeza, enviado na sexta-feira pelo senhorio ao apartamento, depois de os inquilinos se terem mudado. A RTHK informou que os corpos, aparentemente com menos de um ano de idade, estavam “embebidos em líquido e guardados em frascos”.

11 Mar 2024

China | Anunciadas medidas para aumentar emprego

A ministra dos Recursos Humanos e da Segurança Social da China, Wang Xiaoping, anunciou uma série de medidas para “impulsionar o emprego” face às “contradições estruturais ainda por resolver”. Wang falava numa conferência de imprensa, no sábado, à margem da Assembleia Popular Nacional (APN), o mais alto órgão legislativo do país, cuja reunião anual está a decorrer em Pequim.

O Governo chinês vai lançar medidas de estímulo para “estabilizar o mercado de trabalho” e “melhorar o bem-estar da população”, tendo a responsável destacado a continuação das políticas preferenciais de segurança social e apoio financeiro e o alargamento dos canais de emprego através de apoios às micro, pequenas e médias empresas, de acordo com a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

A ministra admitiu que “alguns trabalhadores ainda enfrentam problemas de emprego” e “são necessários mais esforços” para estabilizar a situação, lembrando que “a pressão sobre o emprego ainda não diminuiu” no país.

Metas definidas

Na abertura da sessão anual da ANP, na terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, anunciou o objectivo do Governo de criar 12 milhões de novos postos de trabalho nas zonas urbanas. Em Junho passado, o último mês em que foram publicados os números do desemprego para o grupo etário dos 16 aos 24 anos, a taxa de desemprego no gigante asiático era de 21,3 por cento, um recorde desde que os registos oficiais começaram em 2018.

No entanto, Wang disse que o mercado de trabalho “teve um bom começo este ano”, especialmente em sectores como a inteligência artificial, acrescentando que foram realizadas 32 mil feiras de emprego até agora. A China deverá registar 11,79 milhões de novos licenciados este ano, acrescentou.

No início da sessão parlamentar, o primeiro-ministro fixou o objectivo oficial de 5,5 por cento para a taxa de desemprego urbano este ano, e afirmou que, depois de três anos da política restritiva “zero covid”, “muitas dificuldades (…) continuam por resolver” a nível económico.

11 Mar 2024

Hong Kong | Projecto de lei prevê penas duras para dissidência

Hong Kong divulgou sexta-feira uma proposta de lei que ameaça com prisão perpétua residentes que “colocam em risco a segurança nacional”. O líder de Hong Kong, John Lee, exortou os legisladores a aprovarem a Lei de Salvaguarda da Segurança Nacional “a toda a velocidade”.

Prevê-se que seja facilmente aprovada, possivelmente em semanas, numa legislatura repleta de partidários pró-Pequim, na sequência de uma revisão eleitoral. A proposta de lei alargará o poder do governo para reprimir os desafios à sua autoridade, visando a espionagem, divulgação de segredos de Estado ou o “conluio com forças externas” para cometer actos ilegais.

Isto inclui penas mais pesadas para as pessoas condenadas por colaborarem com governos ou organizações estrangeiras para violar algumas das suas disposições.

A lei prevê a prisão durante 20 anos de pessoas que danifiquem infraestruturas públicas com a intenção de pôr em perigo a segurança nacional – ou prisão perpétua, se forem coniventes com uma força externa para o fazer. Em 2019, manifestantes ocuparam o aeroporto e vandalizaram estações ferroviárias. Quem cometer sedição pode enfrentar prisão de sete anos, mas o conluio com uma força externa para realizar tais actos aumenta a pena para 10 anos.

Na quinta-feira, um tribunal de recurso confirmou a condenação por sedição de um activista pró-democracia por ter entoado palavras de ordem e criticado a Lei de Segurança Nacional de 2020, imposta por Pequim, durante uma campanha política.

A definição abrangente de forças externas da legislação inclui governos e partidos políticos estrangeiros, organizações internacionais e “qualquer outra organização num local externo que busca fins políticos” – bem como empresas que são influenciadas por tais forças.

11 Mar 2024

Baterias eléctricas | CATL mantém liderança mundial

A empresa chinesa Contemporary Amperex Technology (CATL) manteve este ano a liderança no mercado mundial de baterias, seguida da compatriota BYD e da sul-coreana LG Energy Solution, indica um relatório da consultora SNE Research. O relatório foi sexta-feira citado no jornal chinês Yicai.

A CATL tem actualmente uma quota de mercado global de 39,7 por cento, um acréscimo de 5,8 por cento, face ao ano passado. A BYD tem 14,4 por cento e a LG Energy Solution 11,4 por cento. No total, a China controla 64,7 por cento da quota de mercado mundial de baterias para veículos eléctricos, sendo que seis das 10 maiores empresas do sector são chinesas.

Na China, o principal mercado mundial de veículos elétricos, a CATL controla uma quota de quase 40 por cento, com clientes como a Tesla, a BMW, a Mercedes-Benz e a Volkswagen.

Dois em cada cinco veículos vendidos na China são eléctricos e estas vendas representam 60 por cento do total mundial. O banco suíço UBS estimou que, até 2030, três em cada cinco veículos novos vendidos na China vão ser alimentados por baterias em vez de combustíveis fósseis.

11 Mar 2024

APN | Estabilidade financeira e sector privado em destaque

O presidente da Assembleia Popular Nacional (APN) da China, Zhao Leji, anunciou sexta-feira que o país vai formular uma lei para a estabilidade financeira e outra legislação para promover o sector privado.

O Comité Permanente da APN, composto por cerca de 170 membros, realizou sexta-feira a sua segunda sessão plenária, antes do encerramento da reunião política mais importante do país esta segunda-feira. Durante a reunião, Zhao disse que os legisladores estão a preparar uma lei para a estabilidade financeira e outra para promover o sector privado, sem dar mais detalhes.

A proposta surge depois de Pequim ter fixado o objectivo de crescimento económico para este ano em “cerca de 5 por cento”.

Li reconheceu problemas de longa data, como a queda da procura, externa e interna, a crise que afecta o setor imobiliário há mais de dois anos, os problemas de endividamento dos governos locais e regionais e o impacto das catástrofes naturais.

Os legisladores estão também a preparar um projecto de um novo código ambiental para deliberação, disse Zhao. Com o objectivo de “melhorar o bem-estar público e garantir a estabilidade e a harmonia social”, o órgão vai formular ainda “uma lei de execução civil obrigatória e uma lei de bem-estar social”, acrescentou.

Zhao, o terceiro mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês (PCC), prometeu no seu relatório “reforçar a legislação nos domínios relacionados com os assuntos externos” e “desenvolver um sistema de leis de aplicação extraterritorial”.

O responsável afirmou que o país vai formular uma lei sobre os direitos aduaneiros e rever outra legislação, como a lei sobre a saúde e a quarentena nas fronteiras e a lei contra o branqueamento de capitais.

“Utilizaremos os meios legais para defender o nosso país na arena internacional e salvaguardar a nossa soberania, segurança e interesses de desenvolvimento com toda a determinação”, afirmou Zhao, referindo que a China deve “consolidar as bases legais” para “proteger a sua segurança em todos os aspectos”.

Outros combates

Na semana passada, a APN aprovou uma revisão da sua lei de “protecção de segredos”, depois de ter lançado várias investigações contra empresas de consultadoria estrangeiras que operam no país, suscitando preocupações no sector.

De acordo com os órgãos de comunicação locais, o país está a tentar combater “novas ameaças”, como as fugas de informação cibernética, a transmissão ilegal de dados transfronteiriços, o comércio de “activos cinzentos” e dispositivos de monitoramento ilegais.

A China também reviu a sua lei contraespionagem no ano passado, que, segundo Pequim, “não afectará as actividades comerciais normais e os investimentos e operações legítimos” das empresas estrangeiras. Tudo isto enquanto o PCC continua a intensificar a sua campanha anticorrupção, lançada há anos por Xi, que consolidou o seu poder durante o 20.º Congresso realizado pelo partido em 2022.

11 Mar 2024

Cruzeiros | DST dá boas-vindas a visitantes internacionais

Para dar as boas-vindas a Macau a visitantes internacionais de cruzeiro, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) realizou ontem uma cerimónia no Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior, que contou com a presença do subdirector da DST, Cheng Wai Tong. A comitiva de boas-vindas recebeu “perto de 90 visitantes internacionais de cruzeiro participam em excursões a Macau”.

A operação de charme faz parte dos “esforços em várias frentes para abrir novos mercados de turismo, incluindo mediante o lançamento de medidas de incentivo direccionadas aos visitantes internacionais de cruzeiros com potencial de consumo atracados no terminal de Hong Kong, para visitarem Macau em excursões”. A DST pretende também impulsionar a diversificação das fontes de visitantes e expandir o mercado internacional, assim como promover o desenvolvimento do turismo de ligação entre Hong Kong e Macau.

O Governo ofereceu algumas lembranças aos turistas oriundos de países como “Estados Unidos da América, Suíça, Canadá, Austrália, Inglaterra, Turquia e Laos”, antes de visitarem em excursão o Centro Histórico de Macau, o Museu de Macau, a Torre de Macau e as instalações dos grandes resorts.

11 Mar 2024

Ensino | Turmas menores não beneficiam resiliência dos alunos

Um estudo realizado em Macau e no Japão concluiu que a aposta em bons professores é a melhor forma de dotar os alunos de competências para resistirem a adversidades e terem bom desempenho escolar

 

Um estudo realizado em Macau e Japão por investigadores chineses, publicado na sexta-feira, concluiu que turmas escolares mais pequenas não estão a conseguir aumentar a resiliência das crianças de famílias com baixos rendimentos. Dados relativos a 2.708 alunos de Ciências do secundário, de contextos familiares desfavorecidos, em Macau (1.114) e no Japão (1.594), mostraram que a redução do número de alunos por sala de aula não produz melhor desempenho escolar.

Aliás, a redução das turmas pode mesmo diminuir as probabilidades de as crianças obterem melhores resultados, afirmou o estudo realizado por investigadores das instituições de ensino superior chinesas Universidade de Taizhou, Universidade Normal do Noroeste e Universidade do Sudoeste e publicado no International Journal of Science Education.

Por outro lado, o estudo concluiu que o número de professores também não aumenta as probabilidades de os alunos de meios mais desfavorecidos obterem bons resultados, apesar das preocupações com a falta de pessoal nas escolas.

Os investigadores afirmaram que a resiliência é garantida pela qualidade dos professores, nomeadamente os que têm elevados padrões de disciplina e utilizam os conhecimentos para melhorar a aprendizagem.

Neste sentido, foi deixado um apelo aos decisores políticos para que invistam mais em professores de elevada qualidade e não desperdicem recursos na redução do número de crianças por turma.

“Este estudo apoia o ponto de vista de que a qualidade dos professores, mais do que a quantidade, é a principal garantia da resiliência dos alunos”, afirmou o autor principal, Tao Jiang, da Universidade de Taizhou.

“A ênfase na redução das turmas nas escolas pode não beneficiar a resiliência. As turmas mais pequenas ou não tinham relevância para a resiliência ou eram desvantajosas”, referiu.

Olhas para a floresta

Tao Jiang defendeu, por isso, que “a ênfase excessiva” na redução das turmas “é desnecessária, pois é prejudicial para o aparecimento de alunos com elevados níveis de resiliência”.

Os participantes, com idades entre 15 e 16 anos, inseridos em turmas com menos de 15 alunos e mais de 50, participaram todos no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2015.

De acordo com os resultados agora publicados, os professores de Ciência e os métodos por eles aplicados “desempenham um papel crucial” no desenvolvimento da resiliência dos alunos.

No Japão, o indicador mais forte de resiliência de alto nível foi o ensino baseado na investigação, enquanto em Macau foi a instrução dirigida pelo professor.

As turmas mais pequenas não tiveram qualquer impacto na resiliência, em Macau, ou tiveram um efeito negativo, no caso do Japão, concluiu a investigação.

A resiliência académica é definida como a capacidade de um indivíduo resistir às adversidades e ter um bom desempenho escolar, não sendo algo permanente, pelo que pode ser melhorada, escreveram os autores do estudo. A investigação não analisou as mudanças na forma como as salas de aula são geridas actualmente, em comparação com antes da pandemia da covid-19.

11 Mar 2024

Hengqin | Lei Chan U quer melhor política de entrada de carros

O deputado Lei Chan U quer saber como vai o Governo melhorar a política de circulação de carros com matrícula de Macau em Hengqin, para incentivar a construção do projecto da Grande Baía. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, divulgada pelo gabinete do legislador.

Actualmente, caso os condutores estejam inscritos no programa para entrarem de carro na Ilha da Montanha, não podem circular nas outras zonas da província de Guangdong. Se estiverem inscritos para circular na província vizinha, não pode circular em Hengqin. Como consequência da separação em duas zonas, desde que os veículos de Macau começaram a circular em Cantão houve 6.052 pedidos de cancelamento das autorizações para circular na Ilha da Montanha. Também desde essa altura, só houve 2.662 pedidos novos para circular na Ilha da Montanha.

Como as autoridades de Hengqin revelaram estar a estudar a possibilidade de permitir aos proprietários de apartamentos no Novo Bairro de Macau, em Hengqin, circularem com carros com matrícula de Macau tanto em Cantão como em Henqing, o deputado dos Operários quer saber quando a medida pode ser concretizada.

11 Mar 2024

Economia | Fitch mantém rating de Macau em AA e elogia finanças “robustas”

Com uma notação de AA, Macau recebeu a terceira classificação mais alta da escala da agência de rating. A nota prova a confiança na economia do território, embora o impacto seja reduzido, uma vez que a RAEM não tem emitido dívida

 

A agência de notação financeira Fitch Ratings decidiu manter a avaliação sobre a qualidade do crédito de Macau em AA, com perspectiva de evolução estável, equilibrando as finanças públicas “excepcionalmente robustas” com a dependência do turismo.

“O rating de Macau é sustentado nas finanças externas e públicas excepcionalmente robustas e pela prudência orçamental, mesmo durante períodos de choques económicos, (…) e reflecte também a estreita base económica do território, elevada concentração de turistas do jogo da China continental e vulnerabilidade às mudanças públicas que podem afectar o tratamento do turismo de jogo por parte da China”, lê-se no comunicado enviado à Lusa.

A Fitch Ratings prevê que Macau cresça 15 por cento este ano, desde que as receitas do jogo cresçam para quase 80 por cento do nível de 2019, o que compara com um crescimento que levou as receitas para 62,6 por cento, no ano passado, face ao total das receitas de 2019, o ano anterior à pandemia de covid-19.

Depois da contracção de 21,4 por cento em 2022, a economia recuperou fortemente no ano seguinte, com uma taxa de crescimento de 80,5 por cento, com a perspectiva de evolução do jogo a ser impulsionada por um aumento do turismo e dos investimentos dos operadores de jogo em actividades externas, como parte das obrigações da concessão até 2033, conclui a Fitch Ratings.

Volta da vitória

Horas depois de ter sido anunciada a notação financeira, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) divulgou uma nota de imprensa em que destacou que a decisão da Fitch Ratings “se deveu, principalmente, à situação financeira estável e da balança de pagamentos da RAEM, bem como à circunstância de o Governo da RAEM ter vindo a cumprir rigorosamente a disciplina financeira no período de ajustamento económico”.

A AMCM também sublinhou que a agência de rating previu que “a recuperação estável do sector do turismo e o investimento não relacionado com o jogo possam reforçar as perspectivas económicas” do território.

A análise da agência de notação financeira surgiu no dia seguinte ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ter previsto um crescimento de 13,9 por cento este ano e um regresso em 2025 aos níveis anteriores à pandemia de covid-19.

O FMI disse esperar que, depois de uma subida de 80,5 por cento em 2023, “o forte crescimento” do Produto Interno Bruto (PIB) da região continue este ano e não apenas devido à recuperação no sector do jogo, de acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira, no final de uma missão de duas semanas a Macau.

A organização internacional acrescentou que também os “sólidos investimentos privados”, em parte ligados ao compromisso das operadoras de casino em investir em áreas não ligadas ao jogo, vão ajudar o PIB a voltar em 2025 ao nível registado antes da pandemia.

11 Mar 2024

Conselho Executivo | Casa Sun Yat-Sen passa a património protegido

O processo de classificação como património protegido da Casa Comemorativa Sun Yat Sen, propriedade de uma empresa controlada pelo Governo de Taiwan através do Conselho para os Assuntos do Interior de Taiwan, deve ficar concluído nos próximos dias, com a publicação no Boletim Oficial da lista de novos imóveis classificados. A lista foi aprovada pelo Conselho Executivo e deverá ser publicada no Boletim Oficial hoje ou na próxima semana.

“Após uma audiência prévia dos respectivos proprietários e uma avaliação do valor cultural de cada item, os mesmos bens imóveis foram objecto de um parecer do Conselho do Património Cultural e de uma consulta pública. Concluídos os procedimentos de classificação, o Governo da RAEM elaborou o regulamento administrativo”, foi anunciado.

A classificação faz com que em caso de intenção de venda do imóvel, o Governo da RAEM fique com direito de preferência, ou seja, pode comprar o imóvel pelo preço de venda que tiver sido negociado com qualquer outro interessado.

Na lista dos novos imóveis classificados constam ainda os seguintes edifícios: Casa da Família Chio, na Travessa da Porta, o antigo Matadouro Municipal, na Rua de S. Tiago da Barra, o Posto Alfandegário do Porto de Coloane e de Ká-Hó (Antigo Posto de Saúde de Coloane), no Largo da Ponte-Cais de Coloane, e dois conjuntos de edifícios na Avenida do Coronel Mesquita.

11 Mar 2024

Chefe do Executivo | Secretários recusam comentar eleição

Os secretários André Cheong e Wong Sio Chak recusaram comentar a possibilidade de se candidatarem à posição de Chefe do Executivo, indicando que estão focados nas pastas actuais. A escolha do futuro líder da RAEM tem de ser tomada até ao final do ano, e os secretários foram questionados sobre o assunto na sexta-feira.

“Eu não pensei [sobre esse assunto] e preciso de me focar no meu trabalho, nesta área”, afirmou André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, durante a conferência de imprensa do Conselho Executivo, na sexta-feira.

Também Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, adoptou uma postura semelhante. “Os órgãos de comunicação social, e os jornalistas têm liberdade para fazer comentários que entendem. Mas eu não vou comentar essas opiniões”, começou por responder, quando confrontado com a possibilidade de ser o futuro Chefe do Executivo. “Gostaria de dizer que, sendo secretário para a Segurança, o trabalho-chave deste ano é garantir a segurança e estabilidade do território”, acrescentou.

Wong acrescentou que a prioridade do seu trabalho para este ano é celebrar o 75.º aniversário da República Popular da China e o 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM. “Sabemos que este ano marca dois aniversários importantes, pelo que vai haver uma série de trabalhos que exigem preparações prévias. Portanto, vamos fazer esses trabalhos”, concluiu.

11 Mar 2024

Nova obra quer contribuir para estudos sobre mulher na literatura em Macau e Timor-Leste

O investigador Pedro D’Alte, que apresenta hoje uma obra sobre a representação da mulher na literatura em português em Macau e Timor-Leste, espera que esta possa servir de base para futuros estudos sobre o tema.

“Imagótipos femininos nas literaturas em português a Oriente”, um projecto da Casa de Portugal em Macau, apresentado por ocasião do Dia Internacional da Mulher, reúne material resultante de um pós-doutoramento em Estudos Portugueses concluído pelo investigador na Universidade Aberta.

A colectânea pretende “tornar explícitas” representações associadas à mulher nas obras literárias em português a Oriente ou que falam sobre o Oriente, com Macau e Timor-Leste a partilharem “toda a atenção”, explica o investigador à Lusa. Outro dos objectivos, observa Pedro D’Alte, passa por inspirar novas pesquisas na área.

“No caso de autores de Macau, estamos a falar de perspectivas que, não sendo inaugurais, têm vindo a ganhar maior fulgor, e falo dos estudos associados ao universo feminino e que nas sociedades patriarcais não têm tido muita visibilidade (…). A grande contribuição deste livro é permitir que outras pessoas que se interessam por esses estudos tenham aqui uma primeira base de estudo para eventualmente lançar outros estudos”, explica.

Em relação a Timor-Leste, D’Alte nota que alguns dos artigos são “pioneiros e efectivamente os primeiros” a abordar a obra do timorense Luís Cardoso, vencedor do prémio de literatura lusófona Oceanos 2021, “mas que infelizmente ainda não recebe a atenção da crítica literária que merecia”.

No que toca à representação da mulher na literatura em português nestes dois territórios, o investigador considera “evidentes as coordenadas patriarcais que tentam limitar logo desde o nascimento os papéis sociais da mulher”.

Refere que é um universo onde “imperam grandes restrições”, em geral estipuladas pelo homem, e que, mesmo quando a mulher tem alguma liberdade, “outras mulheres eventualmente já forjadas nesta sociedade também limitam toda a acção femina”.

Apesar de tudo, disse o autor, nas literaturas mais recentes em Timor-Leste, começam “a existir disrupções”. E aqui, D’Alte regressa a Luís Cardoso, com obra literária onde “objectos ou relações padronizadas são completamente obliteradas”.

“Isto é feito propositadamente de forma a que se perceba um certo feminismo, de forma a que se perceba que é possível à mulher ter outras funções autónomas do homem”, diz.

Escassez de contributos

Já na literatura em Macau, não é tão visível essa autonomia em relação à figura masculina. Neste sentido, o investigador chama à atenção que, no território chinês, “as grandes sumas ficcionais” em língua portuguesa “não são tão actuais”, com edições a completarem agora cerca de 30 ou 40 anos, havendo, por isso, “um certo desfasamento temporal”.

“Existem mulheres como Maria Ondina Braga, Deolinda da Conceição, Fernanda Dias, que vão dando contributos no feminino para que a literatura se renove. Agora efectivamente, dentro do universo produzido, nota-se uma escassez e, pior, nota-se um decréscimo em relação àquilo que se produzia e ao que se faz hoje. Temos todos de estar um pouco preocupados”, concretiza.

Pedro D´Alte, professor na Escola Portuguesa de Macau e docente na Universidade Politécnica local, vive no território há seis anos. Natural do Porto, o autor já leccionou em Portugal, Timor-Leste e Angola.

Pouco português

Pedro D’Alte disse à Lusa que a falta de literatura infantojuvenil “que seja marcante” em português, em Macau e Timor-Leste, tem implicações na criação de leitores e na produção local de obras nesta língua.

A questão da literatura em Macau e Timor-Leste, onde o português é língua oficial, “é sempre complexa”, diz. “[Macau e Timor-Leste] não têm, por exemplo, uma literatura para a infância que seja marcante, temos um conjunto de crianças em idade escolar que têm que ler outros livros que não são produzidos localmente”, afirma à Lusa.

No caso de Timor-Leste, observa o investigador, o problema não é exclusivo do português, existindo narrativas tradicionais que depois “são relativamente adaptadas para um público mais jovem”. “Temos agora outros livros que foram lançados mais recentemente, mas no seu total, penso que numa dezena conseguimos referir todos os livros que têm Timor como pano de fundo associados a um universo infantojuvenil”, analisa. Em Macau, D’Alte fala de uma situação semelhante, com poucos autores a produzirem em língua portuguesa, o que torna difícil “a emergência de um público leitor em português utilizando ou recorrendo a uma literatura local”.

“Depois, efectivamente, estamos dependentes do que estas zonas consigam fazer pelo ensino do português e das culturas, porque, só quando tivermos pessoas capazes de usufruir de objectos literários é que podemos perspectivar ter produtores de literatura em português”, nota.

8 Mar 2024

Ucrânia | Pequim diz ter “posição imparcial” e quer “pôr termo ao conflito”

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou ontem que a China sempre manteve uma posição “objectiva e imparcial” sobre a guerra na Ucrânia e o objectivo de Pequim é “parar” o conflito.

“Promovemos conversações de paz. O nosso Presidente falou com todos os líderes mundiais, incluindo os da Rússia e da Ucrânia, e temos um representante especial que se deslocou à região para mediar. Todos os nossos esforços visam um objectivo: abrir caminho para acabar com o conflito e iniciar conversações de paz”, disse Wang Yi, numa conferência de imprensa, à margem da Assembleia Popular Nacional (APN), cuja sessão anual decorre esta semana, em Pequim.

Wang acrescentou que a China “apoia a realização, em devido tempo, de uma conferência internacional de paz que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia e que garanta a participação igualitária de todas as partes”.

De acordo com o diplomata chinês, começam a estar reunidas as condições para explorar uma “saída para a crise”, uma vez que “cada vez mais pessoas começam a ver um resultado vantajoso para todos”.

“A experiência passada mostra que um conflito, quando prolongado, tende a deteriorar-se e a escalar até um ponto impensável para as partes envolvidas. Na ausência de conversações de paz, as percepções e os erros de cálculo acumulam-se e podem conduzir a uma crise ainda maior”, defendeu.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês reiterou que “todos os conflitos têm de terminar na mesa das negociações” e que “quanto mais cedo as conversações começarem, mais cedo a paz chegará”. Wang afirmou que Pequim e Moscovo gozam de “confiança política mútua” e os dois países “vão aprofundar” a cooperação, o que “mostra um novo paradigma de cooperação entre grandes potências que é completamente diferente da era da Guerra Fria”.

8 Mar 2024

Hong Kong | Rejeitado recurso de activista condenado a 40 meses de prisão

Um tribunal de Hong Kong rejeitou ontem o recurso numa condenação por “discurso sedicioso”, decidindo não ser necessário provar a intenção de incitar à violência para condenar por sedição. Em 2022, o activista Tam Tak-chi foi condenado a 40 meses de prisão por “discurso sedicioso”, ao abrigo de uma lei da era colonial britânica.

Os juízes rejeitaram o recurso de Tam, que também foi apresentador de rádio, e decidiram que não era necessário provar a intenção de incitar à violência para condenar por sedição. “A experiência actual mostra que os actos ou actividades sediciosas que põem em perigo a segurança nacional assumem agora uma grande variedade de formas”, escreveram no acórdão.

“Para responder eficazmente a actos ou actividades sediciosas que ameaçam a segurança nacional, a intenção sediciosa deve ser definida de forma ampla para abranger uma miríade de situações”, indicaram.

Tam, que participou nos enormes e por vezes violentos protestos antigovernamentais em Hong Kong, em 2019, faz parte de um grupo de 47 activistas acusados de subversão no caso de segurança nacional mais importante do território.

Esta decisão vai ser juridicamente vinculativa para os tribunais inferiores em casos semelhantes, incluindo os julgamentos em curso de dois meios de comunicação social da oposição, Stand News e Apple Daily, agora encerrados, sob a acusação de “publicação de material sedicioso”.

A decisão vai também abrir um precedente numa altura em que o executivo do território está a trabalhar numa segunda lei sobre segurança nacional, que pune novas infracções – como traição, insurreição e espionagem – além das punidas pelo texto de 2020. O novo texto prevê também penas mais pesadas para os crimes de sedição.

8 Mar 2024

Israel | Pequim apoia “reconhecimento total” da Palestina e insiste na solução de dois Estados

O representante da diplomacia chinesa, Wang Yi, volta a erguer a voz contra o conflito israelo-palestiniano que diariamente continua a provocar vítimas civis e apela à implementação da solução de dois estados de modo a restaurar a justiça para o povo palestiniano

 

A China apoia o “reconhecimento pleno” da Palestina como Estado na ONU, afirmou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. Wang Yi acrescentou que a China “vai insistir” na solução de dois Estados para garantir a “coexistência pacífica” entre israelitas e palestinianos.

“O actual conflito israelo-palestiniano já causou mais de 100 mil vítimas civis. Esta catástrofe humanitária é uma tragédia para a humanidade e uma vergonha para a civilização. Nada justifica a morte de civis e a comunidade internacional deve actuar para promover um cessar-fogo imediato”, afirmou o responsável, à margem da Assembleia Popular Nacional (APN), a decorrer esta semana em Pequim.

O diplomata chinês afirmou que a assistência humanitária “deve ser garantida” em Gaza, “uma calamidade” que mostra que “a longa ocupação dos territórios palestinianos é um facto que não deve continuar a ser ignorado”.

“A aspiração dos palestinianos a um Estado independente não pode continuar a ser ignorada. Não se pode permitir que a injustiça histórica com os palestinianos fique por corrigir. Restaurar a justiça para o povo palestiniano e implementar plenamente a solução de dois Estados é a única forma de quebrar o círculo vicioso dos conflitos israelo-palestinianos”, considerou.

Palavras de paz

Wang garantiu que a China vai continuar a “apoiar firmemente” a “causa justa do povo palestiniano”, bem como o pleno reconhecimento como Estado na ONU.

“Apelamos a alguns membros do Conselho de Segurança para que não se coloquem no caminho para alcançar este objectivo. Acreditamos que a Palestina e Israel devem retomar as conversações de paz o mais rapidamente possível para atingir o objectivo final de uma coexistência pacífica como dois Estados e para que os povos árabe e judeu vivam em harmonia como dois grupos étnicos”, afirmou.

A China está empenhada no “compromisso e na solução política para resolver desacordos e disputas” e evitar “o uso da força ou de pressões e sanções”.

“O que é necessário é o diálogo com a máxima paciência, procurando um terreno comum que satisfaça as necessidades de todas as partes em todas as questões polémicas. A China promove sempre as conversações para a paz. A China nunca atira achas para a fogueira”, sublinhou.

Nos últimos meses, o país asiático apelou para “todos os esforços possíveis para proteger os civis e evitar uma catástrofe humanitária ainda mais grave”.

Pequim manifestou igualmente o apoio à “causa justa do povo palestiniano para restaurar os seus direitos e interesses legítimos” e à “solução dos dois Estados”, tendo responsáveis chineses realizado numerosas reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou tentar fazer avançar as conversações de paz.

8 Mar 2024