Hoje Macau SociedadeConsulado | Pedidos de documentos nacionais sobem 90,6 %em 2023 O número total de cartões do cidadão e passaportes nacionais, pedidos nos serviços consulares de Macau e Hong Kong, aumentou, no ano passado, 90,6 por cento face a 2022, anunciou ontem o Consulado Geral de Portugal. Este número total de cartões do cidadão e passaportes “excedeu, pela primeira vez, a fasquia simbólica dos 30 mil (33.577), o que representa um aumento 90,6 por cento em relação a 2022 e mais 17,5 por cento do que o anterior recorde, em 2018”, indicou, em comunicado enviado à Lusa, depois da primeira reunião deste ano do Conselho Consultivo da área consular de Macau e Hong Kong. Na área do registo civil, foram feitos 1.059 registos de nascimento e 265 processos de aquisição de nacionalidade por via do casamento, “mais do que o somatório dos últimos dez anos”, acrescentou, na mesma nota de balanço da atividade consular. Na reunião do Conselho Consultivo, presidido pelo cônsul-geral, Alexandre Leitão, e com a presença de 11 dos 12 conselheiros que integram o órgão, foram ainda destacadas várias medidas de simplificação administrativa adotadas no ano passado, como o “aumento de 60 por cento das vagas diárias de atendimento no Consulado Geral para cartões do cidadão e passaportes abertas na plataforma, a triplicação das mesmas vagas no Consulado Honorário em Hong Kong”. Constituído em julho, o conselho consultivo da área consular de Macau e Hong Kong, o primeiro da região, tem a missão de emitir pareceres sobre matérias que afectem os portugueses locais.
Hoje Macau China / ÁsiaAviação | Pequim vai promover avião rival de Boeing 737 e Airbus A320 A aviação civil chinesa consolida o seu desenvolvimento com a apresentação no sudeste asiático do C919 destinado a competir com os modelos ocidentais Boeing 737 e Airbus A320 O construtor aeronáutico chinês Comac vai realizar voos teste do seu avião C919 no Vietname, Laos, Camboja, Malásia e Indonésia para promover a “sua eficácia” junto das companhias aéreas do Sudeste Asiático, informou ontem a empresa em comunicado. O avião, concebido para rivalizar directamente com os modelos Boeing 737 e Airbus A320, é a grande aposta da China no sector da aviação civil, uma vez que se insere no segmento dos aviões de fuselagem estreita, que representa actualmente mais de metade dos aviões comerciais em actividade no mundo. Depois da primeira exibição no estrangeiro, em Singapura, este mês, o C919 iniciou ontem a digressão, partindo do aeroporto de Van Don, no nordeste do Vietname. O modelo vai percorrer outros destinos nas próximas duas semanas para “lançar as bases para o desenvolvimento do seu mercado no Sudeste Asiático”. O C919 também vai ser acompanhado pelo primeiro avião regional desenvolvido pela China, o ARJ21, que garantiu o primeiro comprador internacional, a TransNusa, companhia aérea da Indonésia, no final de 2022, depois de vender mais de cem unidades a companhias aéreas chinesas. O C919, que levou mais de 14 anos a ser desenvolvido, fez o primeiro voo comercial em Maio de 2023, operado pela companhia estatal China Eastern, à qual foram entregues as primeiras quatro unidades, tendo já transportado mais de 130.000 passageiros nas rotas que ligam Xangai a Chengdu e Pequim. A aeronave pode transportar entre 158 e 192 pessoas e tem um alcance entre 4.075 e 5.555 quilómetros, e as autoridades do país pretendem alcançar uma quota de 10 por cento do mercado doméstico de aviação comercial até 2025, tendo já recebido mais de mil encomendas, principalmente de companhias aéreas chinesas. Modelo da casa A Administração da Aviação Civil da China (CAAC) disse no início deste ano que vai promover o reconhecimento internacional do C919, com o objectivo de obter certificações de organismos como a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA). No ano passado, a Comac afirmou que o seu objectivo é atingir uma produção anual de cerca de 150 destes aviões nos próximos cinco anos. Embora utilize componentes ocidentais, o C919 representa o esforço da China para reduzir a dependência dos fabricantes europeus e norte-americanos em termos de tecnologia aeronáutica. O objectivo a longo prazo é desenvolver uma cadeia de abastecimento totalmente autóctone. A Comac prevê que o número de aviões civis de passageiros duplique a nível mundial nas próximas duas décadas para mais de 51.000, com a procura na região Ásia Pacífico a aumentar de cerca de 3.300 unidades para cerca de 9.700 nesse período, algo que a empresa vê como uma oportunidade para se tornar uma “nova opção fiável” no mercado.
Hoje Macau EventosTeatro Dom Pedro V | “Noites de Fado” regressam na sexta-feira O Instituto Cultural volta a organizar os concertos “Noites de Fado” no Teatro Dom Pedro V a partir de sexta-feira. Os espectáculos vão encher de música a histórica sala todas as sextas-férias, sábados e domingos até ao dia 24 de Março, sempre entre as 19h e as 20h, num total de 12 apresentações. Para estes concertos, foram convidados os fadistas portugueses Tiago Correia e Bárbara Santos que se apresentarão a solo e também em dueto Além disso, a partir das 18h, em jeito de preparação para os concertos, os espectadores podem saborear petiscos e bebidas típicas portuguesas e apreciar concertos de artistas locais “que interpretarão temas instrumentais de música ligeira em guitarra portuguesa, guitarra clássica, violino, piano digital, clarinete, yangqin e saxofone. Na galeria do Teatro também estará patente uma exposição sobre a história e evolução do Fado ao longo dos tempos. Os bilhetes custam 200 patacas, com direito a uma bebida. Portadores de BIR, de cartão de professor de Macau, cartão de estudante, cartão de idoso e registo de avaliação da deficiência têm um desconto de 20 por cento.
Hoje Macau SociedadeUcrânia | Chang Kei escolhido para academia O académico local Chang Kei foi seleccionado como um dos 73 membros estrangeiros que integram a Academia de Ciências de Engenharia da Ucrânia. Esta academia foi criada nos anos 90 com o objectivo de unificar e consolidar o trabalho de vários profissionais em termos das ciências, educação e produção. De acordo com a informação disponibilizada por Chang Kei, recentemente recebeu o diploma de reconhecimento da sua posição na Academia de Ciências de Engenharia da Ucrânia, entregue por u emissário do instituto enviado para Pequim. Além de Chang Kei, de acordo com o portal da academia, foram seleccionados vários académicos chineses. A lista está disponível no portal da instituição. O actual presidente honorário da Academia de Ciências da Engenharia da Ucrânia é Petro Mihailovich Talanchuk, ex-ministro da Educação e da Ciência da Ucrânia, entre 1992 e 1994, e actual presidente da Universidade Nacional Técnica da Ucrânia, assim como membro da Associação Internacional dos Presidentes Universitários. Nos últimos anos, Chang Kei, ligado à Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), tem-se focado na área da medicina regenerativa.
Hoje Macau China / ÁsiaSanções | Pequim condena medidas dos EUA por trocas com Rússia Pequim critica veementemente as novas sanções dos Estados Unidos que atingem países como a China, Sérvia e Alemanha, entre outros, e defendem a continuação da sua política de cooperação económica com os vizinhos russos A China contestou ontem as mais recentes sanções impostas pelos Estados Unidos contra várias empresas chinesas, com o objectivo de, segundo Washington, “negar à Rússia os recursos de que necessita para apoiar a sua guerra brutal contra a Ucrânia”. “Opomo-nos firmemente a estas sanções unilaterais. A China e a Rússia têm uma cooperação económica e comercial normal, que não visa nenhum outro país nem está sujeita à interferência de outras partes”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa. De acordo com Mao, “a China vai continuar a tomar as medidas necessárias para proteger firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”. “A lição mais importante a retirar desta crise é que o confronto entre blocos não trará segurança. A China, como potência responsável, vai continuar a desempenhar um papel construtivo na busca de uma solução política. A China tem mantido sempre uma posição justa e objectiva sobre a crise na Ucrânia”, acrescentou. Retaliação total Os Estados Unidos lançaram na passada sexta-feira a maior vaga de sanções desde o início da guerra na Ucrânia, punindo meio milhar de entidades e indivíduos, com o objectivo de minar a capacidade financeira do Governo de Vladimir Putin e retaliar pela morte do líder da oposição, Alexei Navalny. Estas sanções não envolvem apenas empresas russas, mas afectam também um total de 26 empresas e cidadãos de países terceiros, de locais como a China, Sérvia, Alemanha, Liechtenstein e Emirados Árabes Unidos, com o objectivo de “negar à Rússia os recursos de que necessita para apoiar a sua guerra brutal contra a Ucrânia”. No ano passado, a porta-voz condenou sanções semelhantes impostas por Washington contra a Ucrânia, afirmando que não tinham “qualquer base no direito internacional” e não eram autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU. A China mantém uma posição ambígua desde o início da guerra, pedindo respeito pela “integridade territorial de todos os países”, inclusive a Ucrânia, e atenção às “preocupações legítimas de todos os países com a segurança”, referindo-se à Rússia.
Hoje Macau PolíticaTurismo | Governo reúne com parceiros da Grande Baía A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) reuniu ontem com o Departamento de Cultura e Turismo da Província de Guangdong e a Administração do Turismo de Hong Kong para reforçarem a cooperação regional e explorar em conjunto potenciais mercados. Na reunião, foi feito um balanço da situação da promoção turística conjunta entre Guangdong, Hong Kong e Macau no ano passado, e discutido o plano e acções de promoção para este ano, incluindo a instalação de um stand conjunto nas principais feiras internacionais de turismo das três regiões, assim como a produção de programas televisivos para o mercado do Sudeste Asiático. Um comunicado emitido ontem pela DST destaca que, pela primeira vez desde a pandemia, as autoridades das três regiões realizaram no passado mês de Outubro uma campanha de promoção turística no exterior da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau que se realizou em Banguecoque na Tailândia. As autoridades das três regiões promoveram produtos turísticos com itinerários “multi-destinos”. Foi também lançado um website que mostrou quase 90 pontos turísticos na área de Grande Baía, assim como roteiros turísticos seleccionados.
Hoje Macau Manchete SociedadeCosta Nunes | Língua e cultura de ensino atraem crianças chinesas A directora do infantário do D. José da Costa Nunes (DJCN) afirmou à Lusa que uma educação menos rígida e noutra língua atrai não falantes à instituição, embora a falta de prática do português fora da escola seja uma limitação. Para Felizbina Carmelita Gomes, a direcção do D. José da Costa Nunes (DJCN), única instituição pré-escolar de ensino exclusivamente em português de Macau, tem sido uma “experiência diferente”. Há um ano e meio à frente do infantário, a responsável serviu-se de uma comparação para explicar a afirmação. É que na escola primária luso-chinesa da Flora, onde foi directora por mais de duas décadas, a língua e cultura educativas eram diferentes. O DJCN tem “uma matriz mais portuguesa”, assumiu. Estas são, aliás, razões que pesam na hora de os pais de alunos não falantes de português – a maioria são chineses – optarem pela instituição: a possibilidade de os filhos aprenderem uma nova língua e tornarem-se bilingues, de conhecerem a cultura portuguesa, com “uma forte” presença no território, e mergulhar num projecto educativo diferente. “Especificamente para uma criança da faixa etária dos três até aos seis anos, ainda se pode deixar mais algum tempo a brincar, a desenvolver outras capacidades em vez de só estudarem”, disse a directora, avaliando que, no ensino chinês ou luso-chinês, escrita e leitura têm já nestas idades um papel central. No Costa Nunes, disse, “a descoberta é muito importante”. Trabalhos criativos em grupo ou a decoração da escola, com elementos ligados à cultura local, sejam envelopes ou lanternas vermelhos, símbolos do ano novo lunar que ainda agora se inaugurou, são alguns dos projectos recentes da instituição, referiu. “Numa escola chinesa, começam logo a pegar num livrinho, a folhear (…) a preparar a aula seguinte, mas aqui não acontece”, notou. Maioria absoluta No DJCN, as crianças que não falam a língua portuguesa quando ingressam no jardim-de-infância são neste momento a maioria, andando “à volta dos 60 por cento”, de um total de 255 inscritos. A maior parte prossegue, ao fim de três anos, uma educação ligada ao português. No entanto, há quem “não consiga ter sucesso na língua”, e acabe por se desviar para outro tipo de ensino, realçou a directora, declarando tratar-se de “uma minoria”. Algo que contribui para interromper o percurso em português é a dificuldade de imersão fora do espaço escolar: “Depende de cada criança e de qual é o apoio propriamente da família (…) para aprender uma língua – especialmente que não é falada em casa – é preciso mesmo uma forma de imersão para continuar”. De acordo com os censos de 2021, apenas 2,3 por cento da população em Macau fala fluentemente português. Também aqui, as diferenças culturais podem transformar-se em limitações: “Os chineses têm uma cultura diferente de aprendizagem e gostam de agarrar livros para aprender desde o jardim-de-infância. Nesta escola isso não acontece. Como é que os pais podem ensinar as crianças em casa? É muito difícil”. Alguns pais acabam por recorrer a centros de estudo fora do DJCN para dar apoio aos filhos, disse a responsável. O “reforço da língua portuguesa junto às crianças não falantes” é precisamente um dos trabalhos prioritários da instituição. A melhoria das instalações, já antigas, e do currículo, com a implementação de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), juntam-se à lista de trabalhos da directora. Lusa
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | PCC culpa política de defesa europeia pela guerra O artigo do Global Times acusa as políticas ocidentais de continuarem a alimentar um conflito que continua sem fim à vista Um jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC) afirmou na passada sexta-feira que a guerra na Ucrânia é consequência do desequilíbrio na arquitectura de segurança europeia, que “não respeita” as “legítimas preocupações” de segurança da Rússia. “Movidos por uma arrogância inerente, presunção e atitude egoísta, os Estados Unidos e o Ocidente promoveram a expansão da NATO para leste sem considerar as sensibilidades históricas e geográficas únicas da Rússia e da Ucrânia”, acusou, em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. O jornal defendeu que o conflito era evitável e que “houve inúmeras oportunidades para atenuar ou mesmo resolver a crise que foram desperdiçadas”. “Isto acabou por conduzir a uma situação incontrolável”, apontou. A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções contra Moscovo. O país asiático tem prestado importante apoio político, diplomático e económico ao país vizinho. O comércio bilateral registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3 por cento, para 240 mil milhões de dólares. Em Dezembro passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, voltou a frisar que manter relações robustas com a Rússia é uma “escolha estratégica” da China, durante uma reunião com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishoustin, em Pequim. Lições globais Na véspera do segundo aniversário do início da guerra, o Global Times lamentou que os EUA e a Europa ainda estejam a ponderar a imposição de sanções adicionais à Rússia, e que não tenha sido encontrada forma de parar os combates. “Lamentavelmente, apesar de dois anos de derramamento de sangue, as partes envolvidas continuam a não fazer uma introspecção suficiente”, afirmou. O jornal citou os princípios da Iniciativa para a Segurança Global, lançada por Xi Jinping, como potencial solução para o conflito. Promovida por Pequim nos últimos anos, a iniciativa traduz o esforço da China para se aproximar do centro da governação das questões internacionais, através da construção de uma arquitectura diplomática e de segurança que substituía o sistema de tratados e alianças liderado pelos Estados Unidos. “A Iniciativa salienta que as preocupações legítimas de segurança de qualquer país devem ser levadas a sério e devidamente abordadas, e não devem ser ignoradas ou sistematicamente violadas durante muito tempo”, lê-se no editorial. O Global Times acusou a “obsessão” e a busca pelos EUA e os seus aliados europeus por “políticas de grupo e confronto” por fazerem outros países sentirem-se “inseguros”. Isto reflecte preocupações de Pequim com a formação de parcerias de Defesa que buscam conter a ascensão da China no leste da Ásia. As reivindicações territoriais sobre Taiwan e o Mar do Sul da China suscitaram tensões entre Pequim e quase todos os países vizinhos, desde o Japão às Filipinas. A crescente assertividade da China no Indo-Pacífico levou já à formação de parcerias regionais lideradas por Washington, incluindo o grupo Quad ou o pacto de segurança AUKUS. “A maior lição que o conflito Rússia – Ucrânia ensinou ao mundo é que a segurança deve ser partilhada, caso contrário, conduzirá inevitavelmente a dilemas de segurança intratáveis”, afirmou o Global Times.
Hoje Macau SociedadeEntradas | Janeiro registou 2,86 milhões de visitantes Macau registou a entrada de 2,86 milhões de visitantes em Janeiro, mais 104,7 por cento do que em igual mês de 2023, indicam dados divulgados na sexta-feira. Apesar da subida, o número de entradas mantém-se ainda abaixo dos valores pré-pandemia: em Janeiro de 2019, visitaram o território 3,4 milhões de pessoas, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O número de excursionistas (1.480.098) e de turistas (1.381.511) subiram, em Janeiro, 154,5 por cento e 69,3 por cento, respectivamente, em termos anuais, afirma-se na nota. A maioria dos visitantes registados no mês passado continua a ser da China: 2.056.133 milhões, ou mais 107,3 por cento em termos anuais, ainda segundo a DSEC. Macau, que à semelhança da China seguia a política ‘zero covid’, anunciou, em Dezembro de 2022, o cancelamento gradual da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos de rigorosas restrições. O território reabriu as fronteiras a todos os estrangeiros, incluindo turistas, a partir de 8 de Janeiro de 2023. Nesse ano, Macau recebeu mais de 28,2 milhões de visitantes, cinco vezes mais do que no ano anterior e um valor que representa 71,6 por cento do registado antes do início da pandemia.
Hoje Macau SociedadeInflação | Preços caem pela primeira vez em mais de um ano O Índice de Preços no Consumidor caiu 0,17 por cento em Janeiro, em comparação com o mês anterior, pela primeira vez desde Novembro de 2022, numa altura em que a China regista mesmo deflação O Índice de Preços no Consumidor (IPC) desceu 0,17 por cento em Janeiro, face ao mês anterior, indicaram na sexta-feira à tarde os Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Esta é a primeira diminuição de preços a nível mensal desde Novembro de 2022. A descida verificada em Janeiro deveu-se, sobretudo, a uma queda de 3 por cento nos preços do entretenimento e cultura, uma descida de 1,8 por cento no custo dos transportes e um decréscimo de 0,9 por cento no preço das bebidas alcoólicas e tabaco, indicou em comunicado a DSEC. Em Dezembro, o IPC em Macau tinha aumentado 0,27 por cento em termos mensais, o valor mais elevado desde Janeiro de 2020, antes do início da pandemia de covid-19. A China continental, de longe o maior parceiro comercial de Macau, registou em Janeiro o quarto mês consecutivo de deflação, uma descida do IPC em termos anuais. O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. Comer fora Macau registou deflação durante 10 meses consecutivos, entre Setembro de 2020 e Junho de 2021, no pico da crise económica causada pela pandemia. Após este período, com a lenta retoma económica, o território registou mais de dois anos de consecutivos aumentos mensais da inflação. Apesar da descida mensal, a DSEC indicou que, em termos anuais, o IPC do território aumentou 1,01 por cento em Janeiro, menos 0,31 pontos percentuais do que em Dezembro, mês em que a inflação homóloga atingiu o valor mais elevado desde Abril de 2020. De acordo com os dados da DSEC, a principal razão para a desaceleração foi uma diminuição de 27,7 por cento no preço dos bilhetes de avião, depois de Macau ter reaberto as fronteiras a 8 de Janeiro de 2023, após quase três anos de rigorosas restrições devido à política ‘zero covid’. Em relação a bens alimentares, destaque para o preço da carne de porco decresceu 6,4 por cento em termos anuais em Janeiro. Pelo contrário, o preço das refeições adquiridas fora de casa subiu 3,4 por cento, o custo do vestuário e calçado aumentou 5,7 por cento e os gastos das famílias do território com saúde e com propinas do ensino superior cresceram 3,6 e 8,5 por cento, respectivamente.
Hoje Macau PolíticaAmbiente | Pedida publicação de “estudo confidencial” sobre aterro-lixeira O líder da associação Green Students Union, Joe Chan entregou uma petição ao Governo com mais de 1.600 assinaturas contra a chamada Ilha Ecológica, o aterro destinado a servir de lixeira junto às praias em Coloane Joe Chan, que na sexta-feira entregou uma petição contra a criação de um aterro para depósito de lixo, defende que o Governo deve tornar público um relatório científico sobre a vida marinha na área. Um estudo sobre golfinhos brancos nas águas de Macau, conduzido pelas autoridades do território e a Universidade de Zhongshan, na província de Guangdong, em 2018, atesta a existência destes mamíferos numa zona onde agora o Governo está a estudar a criação da chamada ilha ecológica, disse à Lusa o ambientalista Joe Chan Chon Meng. “Mantiveram alguma investigação confidencial, não a publicaram e consideramos inaceitável. Propõem algo, mas não há transparência (…) nós também recebemos o relatório, mas eles [Governo] não nos deixam divulgar junto do público, precisamos de autorização”, lamentou o líder da associação Green Students Union. Num documento que esteve em consulta pública entre 29 de Dezembro e a semana passada, com os planos para a gestão das áreas marítimas de Macau, as autoridades referem que, com o contínuo desenvolvimento do território, “haverá uma quantidade significativa de resíduos de construção que precisam de ser aterrados”. A “ilha ecológica”, a sul de Coloane, vai resolver “efectivamente o problema de disposição de resíduos urbanos”, afirma-se no documento. Mas Joe Chan, que lançou uma petição contra a construção desta ilha, defendeu que há falta de “provas, dados científicos ou investigação que sustentem a ideia”. Discussão às escuras Sem esses dados nem o “estudo confidencial” de 2018, o ambientalista acredita que a população não está devidamente informada sobre o que está em causa. “Dizem que não há golfinhos na área, que não vai ter impacto marítimo. É completamente falso. Não só académicos de Macau, mas também biólogos marinhos de Hong Kong fizeram investigação (…) naquela área aparecem muitos golfinhos brancos e este é um dos seus principais habitats”, assegura. A Lusa pediu um comentário ao Instituto para os Assuntos Municipais, mas não obteve uma resposta até ao momento. Ao Canal Macau da Teledifusão de Macau (TDM), o director dos Serviços de Protecção Ambiental, Raymond Tam Vai Man, disse no final de Janeiro que um estudo de impacto ambiental feito pelas autoridades concluiu que “os golfinhos brancos chineses reúnem-se sobretudo a sul do final da pista do aeroporto e não na área onde vai ficar a zona ecológica”. De acordo com a emissora pública, o Governo já anunciou que os estudos sobre o impacto ambiental e na navegação vão ser entregues ainda este ano ao Governo Central. Antes disso, apelou Joe Chan, deve ser realizada uma nova consulta pública “em que haja acesso a toda a informação” para “uma solução científica”. A petição entregue na sede do Governo ultrapassou as 1.600 assinaturas e é, segundo o responsável, o último acto desta campanha contra a zona ecológica. “Queremos apenas chamar a atenção das pessoas e que o Governo veja que na verdade há algumas pessoas que estão realmente atentas às suas acções e que também tomam medidas para tentar defender a natureza”, referiu. Decisão por tomar O secretário para os Transportes e Obras Pública, Raimundo do Rosário, garante que ainda não foi tomada uma decisão sobre a construção do aterro-lixeira, denominado Ilha Ecológica. “Quanto à Ilha Ecológica, estamos a fazer tudo de acordo com os procedimentos. Estamos a fazer estudos e na altura própria vamos dizer qual é o resultado dos estudos”, afirmou Raimundo do Rosário. “Faremos todo o tipo de estudos necessários com vista à construção desta ilha. Estamos na fase de elaboração de estudos e ainda não chegámos à conclusão. Os estudos vão servir para fundamentar a nossa decisão”, acrescentou o governante, aos microfones do Canal Macau. As declarações foram prestadas na sexta-feira, com Rosário a garantir que nessa altura ainda não tinha recebido a petição com mais 1.400 assinaturas contra o projecto. Por outro lado, o secretário recusou igualmente comentar a situação dos golfinhos chineses, ameaçados pelo projecto. “Tanto quanto me lembro ainda não me pronunciei sobre os golfinhos”, insistiu.
Hoje Macau China / ÁsiaChina pede que EUA não vendam armas a Taiwan A China pediu aos Estados Unidos que interrompam a venda de armas e o contacto militar com Taiwan, disse esta quinta-feira Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Segundo notícias que vieram a público, o Departamento de Defesa norte-americano informou num comunicado que o Departamento de Estado aprovou a venda de um sistema avançado de link de dados táctico para Taiwan no valor de 75 milhões de dólares norte-americanos, informa a agência estatal Xinhua. Em resposta, a porta-voz apontou numa conferência de imprensa que as vendas de armas dos EUA para a região chinesa de Taiwan violam seriamente o princípio de Uma Só China e as estipulações dos três comunicados conjuntos China-EUA, especialmente o Comunicado de 17 de Agosto de 1982. “Essas vendas minam a soberania e os interesses de segurança da China e prejudicam as relações China-EUA, bem como a paz e a estabilidade através do Estreito de Taiwan”, afirmou Mao, observando que Pequim se opõe firmemente a isso, acrescenta a Xinhua. O país pede que os Estados Unidos respeitem o princípio de Uma Só China e os três comunicados conjuntos China-EUA, interrompam a venda de armas e o contacto militar com Taiwan e parem de criar factores que possam aumentar as tensões através do Estreito. “A China tomará medidas resolutas e fortes para salvaguardar sua soberania e integridade territorial”, acrescentou a porta-voz. Congressistas de visita Uma delegação da comissão da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento dos Estados Unidos, chegou ontem a Taiwan para uma visita de três dias. A comitiva de cinco deputados é liderada pelo presidente da comissão, o republicano Mike Gallagher, e pelo democrata sénior na comissão, Raja Krishnamoorthi. A delegação irá permanecer em Taiwan por três dias e reunir-se com Tsai Ing-wen, com o líder eleito, William Lai Ching-te, e com o responsável dos Negócios Estrangeiros, Joseph Wu Jaushieh, disse a diplomacia taiwanesa, num comunicado.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia| China e Rússia têm posturas globais opostas – analistas A aproximação à Rússia é estrategicamente “benéfica” para a China, face à crescente volatilidade nas zonas costeiras do país asiático, segundo analistas chineses, que excluem uma aliança formal, face a visões “divergentes” do mundo. A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções contra Moscovo. O país asiático tem prestado importante apoio político, diplomático e económico à Rússia. O comércio bilateral registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3 por cento, para 240 mil milhões de dólares. Em Dezembro passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, voltou a frisar que manter relações robustas com a Rússia é uma “escolha estratégica” da China, durante uma reunião com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishoustin, em Pequim. Zhao Huasheng, professor do Centro de Estudos Russos e da Ásia Central da Universidade de Fudan, em Xangai, justificou a opção política com a “crescente pressão estratégica” que a China está a sentir no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China. “Boas relações sino-russas podem garantir que a China tem uma retaguarda estratégica relativamente estável”, escreveu Zhao, num ensaio, notando que os “enormes benefícios” da relação parecem ser irrelevantes em tempos de paz, mas que seriam “muito importantes” no caso de conflito com o exterior. As reivindicações territoriais sobre Taiwan e o Mar do Sul da China suscitaram tensões entre Pequim e quase todos os países vizinhos, desde o Japão às Filipinas. A crescente assertividade da China no Indo-Pacífico levou já à formação de parcerias regionais lideradas pelos Estados Unidos, incluindo o grupo Quad ou o pacto de segurança AUKUS. Manter boas relações com Moscovo é assim vista pelos especialistas em política externa da China como forma de assegurar estabilidade na fronteira terrestre com a Rússia, que tem mais de 4.300 quilómetros de extensão, e fornecimento estável de energia. Isto permite a Pequim concentrar recursos nas áreas costeiras e mares circundantes, onde os Estados Unidos mantêm várias bases militares em países aliados, concordaram analistas. A China quer afirmar-se como a principal potência no leste da Ásia e diluir o domínio geoestratégico norte-americano na região. A reunificação de Taiwan, localizado entre o mar do Sul da China e o mar do Leste da China, no centro da chamada “primeira cadeia de ilhas”, é um objectivo primordial no projecto chinês. “Se o continente for um dia obrigado a reunificar [Taiwan] por meios militares, a China encontraria então um ambiente internacional extremamente difícil e complexo”, escreveu Zhao. Ponto de ordem Pequim considera também a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos. Os analistas chineses destacaram o papel da Rússia na internacionalização da moeda chinesa, o yuan, e na procura por uma alternativa credível aos sistemas de pagamentos transfronteiriços ocidentais. “China e Rússia são ‘metade do céu’ para a segurança e o desenvolvimento uma da outra”, descreveu Wang Xiaoquan, especialista da Academia Chinesa de Ciências Sociais. Os analistas consideraram, porém, que o conflito na Ucrânia é negativo para Pequim. O economista Xu Mingqi observou, num artigo, que a guerra “dificultou a recuperação [pós-pandemia] da economia mundial; alimentou a tendência ideológica para a desglobalização e colocou em risco a governação económica global”. A estabilidade global continua a ser “fundamental” para sustentar o desenvolvimento económico da China, realçou. Os analistas reconhecem que a recusa de Pequim em distanciar-se do agressor é também prejudicial. Yan Xuetong, um dos maiores especialistas em relações internacionais do país, reconheceu que a “recusa em condenar a Rússia prejudicou as relações da China com alguns dos seus vizinhos e distanciou Pequim de muitas nações em desenvolvimento”. Zhou Bo, um conhecido antigo coronel do Exército chinês, lamentou o impacto que a guerra teve nas relações da China com a Europa. Nos ensaios e discursos dos académicos chineses constam também críticas à Rússia pelas suas alegadas “tendências imperialistas” e “imprudência”. Feng Yujun, director do Centro de Estudos Russos e da Ásia Central da Universidade de Fudan, sublinhou que “a lógica imperial subjacente tanto à rejeição da Ucrânia como entidade nacional como à pretensão manifesta de restaurar os territórios tradicionais [da Rússia] é alarmante”. Esta postura reflecte ressentimentos históricos face ao passado expansionista da Rússia no nordeste asiático. Em particular, a cedência da cidade de Vladivostoque à Rússia czarista, como parte dos “Tratados Desiguais”, que a China foi obrigada a assinar com as potências europeias no século XIX, é frequentemente lembrada com revolta no país asiático. No pico da Guerra Fria, o rompimento sino-soviético e disputas fronteiriças estiveram também perto de resultar numa guerra entre as duas potências. Apesar de os dois países se oporem à “hegemonia” norte-americana nas relações internacionais, os académicos chineses salientaram que a visão russa para uma nova ordem mundial difere muito da de Pequim. Posturas distintas Zhao Long, investigador no Instituto de Xangai para Estudos Internacionais, observou que “enquanto a China enfatiza a reforma cuidadosa e a melhoria da ordem mundial [actual], a Rússia almeja a sua completa desintegração”. Huang Jing, outro académico, acrescentou que o desejo de Moscovo de confrontar e enfraquecer o Ocidente não está de acordo com os interesses de desenvolvimento da China. Os analistas acreditam assim que uma aliança formal criaria riscos desnecessários para a relação, que continua a ser inerentemente frágil, e poderia exacerbar a bipolarização da política mundial, arrastando Pequim para conflitos que não são seus. A China está melhor com um quadro de cooperação mais vago e mais maleável, concordaram.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza | Pequim estima que veto dos EUA torne situação ainda mais perigosa Os EUA, apesar dos apelos a uma pausa humanitária na guerra em Gaza, continuam a dar luz verde ao massacre israelita A China criticou ontem o veto americano a um projecto de resolução da ONU que exige um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, o que, segundo Pequim, torna a situação “ainda mais perigosa” no território. “Os Estados Unidos distinguiram-se mais uma vez por se oporem com o seu veto, tornando a situação em Gaza ainda mais perigosa. As partes envolvidas, incluindo a China, expressaram a sua forte decepção e insatisfação”, disse durante um ‘briefing’ à imprensa, o porta-voz para a diplomacia chinesa, Mao Ning. Os Estados Unidos vetaram na terça-feira um projecto de resolução proposto pela Argélia no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza. A resolução, que teve amplo apoio dos países árabes, recebeu 13 votos a favor, um voto contra (Estados Unidos) e uma abstenção (Reino Unido). Trata-se da terceira vez que, desde o início da guerra, os Estados Unidos – um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto – bloqueiam uma resolução sobre Gaza. Dedos apontados A Faixa de Gaza está mergulhada numa situação humanitária catastrófica, na sequência dos ataques mortais israelitas. Quase um milhão e meio de pessoas, segundo a ONU, estão concentradas na cidade de Rafah, localizada no sul do território palestiniano, junto à fronteira fechada com o Egipto. Foi neste contexto que os Estados Unidos vetaram o projecto de resolução proposto pela Argélia. O veto norte-americano não apanhou o Conselho de Segurança da ONU de surpresa, uma vez que a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, já havia anunciado no domingo que iria votar contra o texto da Argélia, argumentando que a proposta apoiada pelos países árabes poderia interferir nas negociações em prol de um acordo pela libertação de todos os reféns detidos pelo movimento islamita palestiniano Hamas. Estas negociações, especificou, estão a ser levadas a cabo pelo seu país, juntamente com o Egipto e o Qatar, e incluem ainda uma pausa de seis semanas nos combates. A embaixadora norte-americana justificou o seu veto com o argumento de que o texto da Argélia “colocava em risco as delicadas negociações” em curso, considerando ainda que proceder à votação foi um ato “irresponsável”. O veto americano “irresponsável e perigoso” envia a mensagem de que Israel pode “continuar a fazer qualquer coisa impunemente”, criticou, por seu lado, o embaixador palestiniano, Riyad Mansour. Também numa reacção ao veto norte-americano, o movimento islamita Hamas considerou a posição dos EUA como uma “luz verde” para Israel realizar mais “massacres”. “A posição americana é um sinal verde para a ocupação [israelita] cometer mais massacres (…). Isto só aumentará o sofrimento do nosso povo”, afirmou o movimento islamita palestiniano num comunicado.
Hoje Macau China / ÁsiaAno Novo Lunar | Viagens e consumo superam níveis de 2019 As movimentações e os gastos dos chineses durante Ano Novo Lunar ultrapassaram pela primeira vez os registos do período pré-pandemia A China registou 474 milhões de viagens e gastos turísticos de 632,7 mil milhões de yuans durante as férias do Ano Novo Lunar, acima dos níveis de 2019. O Ministério da Cultura e Turismo chinês disse, no domingo, que as viagens realizadas durante a chamada ‘semana dourada’ de oito dias, terminada no sábado, subiram 34,3 por cento em termos homólogos e 19 por cento em relação a 2019. Esta foi a primeira vez desde o fim da política ‘zero covid, em Dezembro de 2022, e depois quase três anos de rigorosas restrições, que as viagens na China durante o Ano Novo Lunar excederam os níveis pré-pandemia. Já os gastos com o turismo aumentaram 47,3 por cento em termos homólogos e 7,7 por cento em comparação com o último ano antes do início da pandemia de covid-19, disse o Ministério. Entre os destinos mais populares estiveram a província de Yunnan e a ilha de Hainão, no sul, ou a cidade de Harbin, no nordeste do país, onde as reservas aumentaram 40 por cento graças ao popular festival de esculturas de gelo. “O mercado do turismo está vibrante e o consumo durante as férias aumentou. Impulsionado por políticas favoráveis, como a isenção mútua de vistos ou a retoma das rotas aéreas, o turismo (…) também acelerou a recuperação”, indicou. O Ministério acrescentou que os chineses realizaram cerca de 3,6 milhões de viagens ao estrangeiro durante as férias, enquanto a China continental recebeu cerca de 3,23 milhões de visitantes. No entanto, de acordo com o portal financeiro Yicai, os voos internacionais recuperaram apenas 69 por cento do nível pré-pandemia durante as férias. Por outro lado, a agência de viagens Trip.com destacou que os principais destinos estrangeiros, que incluem Singapura, Tailândia e Malásia, registaram um crescimento superior a 30 por cento nas reservas feitas por chineses. Turismo revitalizado O período do Ano Novo Lunar, o maior movimento de massas do mundo, é a principal festa tradicional das famílias chinesas e acontece em Janeiro ou Fevereiro, consoante o calendário lunar. Este ano, o primeiro dia do ano celebrou-se a 10 de Fevereiro. Depois de um Ano Novo Lunar de 2022 marcado por uma enorme vaga de covid-19, havia uma “considerável procura reprimida” em termos de consumo, disse Ting Lu, um analista do banco Nomura. Além disso, os feriados duraram oito dias este ano, contra sete em 2019, o que favorece a comparação. Isto “contribuiu para mais viagens”, sublinhou o banco de investimento Goldman Sachs. Mais de um milhão de chineses visitou Macau na semana do Ano Novo Lunar, entre 10 a 17 de Fevereiro, de acordo com dados publicados pela Direcção dos Serviços de Turismo do território.
Hoje Macau China / ÁsiaLondres | Pequim pede mais “comunicação estratégica” para “manter paz” mundial As diplomacias chinesa e britânica tentam encontrar pontos de convergência em defesa da paz global O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês pediu ao homólogo britânico que fortaleça a “comunicação estratégica” bilateral para “promover a segurança e manter a paz” mundiais, noticiou no sábado a televisão estatal chinesa CGTN. “Perante os actuais desafios globais, como a emergência de uma mentalidade de Guerra Fria, o proteccionismo desenfreado e a lenta recuperação económica, a China e o Reino Unido (…) devem reforçar a comunicação estratégica e desempenhar o devido papel na promoção da segurança e na manutenção da paz”, disse Wang Yi, de acordo com a CGTN. Sobre as relações bilaterais, Wang defendeu que Pequim e Londres devem “trabalhar em conjunto para alargar a convergência de interesses, reforçar os intercâmbios e a cooperação e gerir adequadamente as diferenças e os conflitos”. Para o responsável chinês, os dois países devem ir ao encontro “dos interesses fundamentais e a longo prazo” bilaterais, bem como “das expectativas da comunidade internacional”, tanto mais que ambos estão entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. No encontro, o chefe da diplomacia britânica, David Cameron, disse estar disposto a encarar as relações com a China “de uma perspectiva estratégica”, a desenvolver laços bilaterais “mais construtivos” e a gerir as diferenças e resolver os desacordos “de uma forma mutuamente respeitosa”. A televisão estatal chinesa referiu ainda que Cameron manifestou vontade de reforçar o diálogo com Pequim sobre questões como as energias renováveis, a economia, o comércio e a educação, e apelou aos dois países para “protegerem a paz e a segurança”. Inspiração oriental Na sexta-feira, antes da abertura da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, Cameron disse que existem “muitas coisas” que o Reino Unido e o Ocidente podem fazer com a China, como trabalhar para combater as alterações climáticas. “O que eu diria é que é importante estabelecer contactos com a China. Há muitas coisas em que discordamos (…) não há dúvida de que a China se tornou mais assertiva do que quando eu era primeiro-ministro. Isso não significa que não devamos tentar envolver-nos”, disse Cameron que, como primeiro-ministro britânico (2010-2016), manteve uma aproximação a Pequim. O actual chefe da diplomacia britânica acrescentou que o Reino Unido e os países ocidentais precisam de ter “conversas francas” com a China, quando esta representa um “grande desafio estratégico”. O encontro entre Wang e Cameron ocorreu, depois de a embaixada chinesa em Londres ter protestado contra uma declaração do chanceler britânico na Câmara dos Lordes, na qual incluiu o estreito de Taiwan e o mar Vermelho nas zonas onde defenderia a liberdade de navegação em encontros com as autoridades chinesas. “É completamente errado que o Reino Unido compare o mar Vermelho com o estreito de Taiwan. Opomo-nos firmemente a isso”, afirmou a representação diplomática, que reiterou a posição oficial de que “Taiwan é uma parte inalienável do território chinês” e “a China tem soberania, direitos legítimos e jurisdição sobre o estreito de Taiwan”.
Hoje Macau China / ÁsiaJustiça | Acordo Hong Kong-China positivo para portugueses O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong, Bernardo Mendia, mostrou satisfação face à medida que entrou em vigor no final de Janeiro e que, diz, facilita a protecção dos interesses portugueses em casos de disputas sobre propriedade intelectual Empresários disseram à Lusa que o reconhecimento recíproco de decisões civis entre Hong Kong e a China continental, em vigor desde o final de Janeiro, poderá beneficiar os portugueses, sobretudo em disputas sobre propriedade intelectual. Um decreto que permite que os tribunais da região semiautónoma chinesa adjacente a Macau reconheçam e executem decisões civis da justiça do interior da China e vice-versa entrou em vigor a 29 de Janeiro. O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong (PHKCCI, na sigla em inglês) disse à Lusa que a medida é positiva, embora restrita a danos civis em processos criminais e disputas sobre direitos de propriedade intelectual. Bernardo Mendia disse acreditar que o decreto vai permitir que os empresários portugueses “protejam os seus interesses” e executem dívidas “de forma eficiente”, tanto na China como em Hong Kong. Dos benefícios O representante da delegação da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) em Xangai, Diogo Garcês Reis, disse à Lusa que a medida pode ajudar empresários que assinaram contratos de importação ou exportação com empresas chinesas. O advogado disse conhecer casos em que o contrato foi assinado não com a empresa-mãe, mas com subsidiárias em Hong Kong, “normalmente por opção do próprio parceiro chinês e desconhecimento das diferenças por parte da empresa estrangeira”. “Depois em caso de litígio, quem está vinculado a determinado contrato não é a fábrica, por exemplo (…) mas sim a sua ‘holding’ ou subsidiária em Hong Kong, que muitas vezes não tem sequer ativos significativos”, explicou Garcês Reis. Neste cenário, um empresário português teria de primeiro recorrer aos tribunais de Hong Kong e só depois tentar reconhecer e executar a sentença na China continental, disse o representante da CCILC. Bernardo Mendia, também secretário-geral da CCILC, disse que o decreto “aumenta a flexibilidade na selecção da jurisdição” em caso de litígio e pode ajudar os empresários portugueses a “pouparem nas custas judiciais e acelerar a velocidade da decisão”. Isto porque o novo regime impede o surgimento de “litígios dos mesmos casos nos tribunais de Hong Kong e da China Continental, oferecendo maior protecção e previsibilidade nas transações transfronteiriças”, explicou o empresário. Mendia sublinhou, no entanto, que o acordo exclui decisões em áreas como “relações pessoais, sucessão, falência, qualificação de eleitores, validade de acordos de arbitragem e reconhecimento de sentenças arbitrais”.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Embaixador chinês reforça sentimento de amizade e entendimento entre as duas nações O representante da diplomacia chinesa em Portugal, Zhao Bentang, salienta a confiança política e a compreensão mútua entre os dois países de que Macau é um bom exemplo O embaixador da China em Portugal, Zhao Bentang, destacou à Lusa “a confiança sólida” entre os dois países, resultante da transferência pacífica da administração de Macau, e afirma que a “compreensão” prevalece mesmo na “mais crítica” situação global actual. “Temos uma confiança política bastante sólida entre os dois países porque o tema de regresso de Macau à República Popular da China é um exemplo de países que resolvem o problema da soberania através de negociações pacíficas”, considerou, em entrevista à agência Lusa. Por isso, adiantou, são mantidas relações de “intercâmbio, coordenação e apoio à estabilidade e desenvolvimento de Macau”. Além da avaliação positiva do processo de Macau, o diplomata elencou os contactos frequentes e visitas entre governantes dos dois países, como aconteceu na recente troca de mensagens entre presidentes e os chefes de Diplomacia no âmbito da celebração dos 45 anos de relações diplomáticas oficiais entre Lisboa e Pequim. “Podemos dizer que os 45 anos [de relações diplomáticas oficiais] têm tido resultados muito positivos. E agora, frente à situação mundial mais crítica, os dois países unem-se, comunicamos e compreendemo-nos para encarar desafios e temos uma estratégia parecida de desenvolvimento da economia. Mudança de velocidade A China, frisou, tem agora novos conceitos de desenvolvimento”, ao trocar o modelo antigo de “velocidade, de quantidade” por um de “qualidade”. O novo modelo inclui ainda inovação, de tecnologia e de recursos renováveis e, assim, há também “pontos de consenso para cooperar” com Portugal. O embaixador indicou as “mais de 30 empresas” chinesas em Portugal cobrem sectores de “quase todas as áreas, desde a energia à banca, e “há uma cooperação muito boa” no sector da cultura, como provam as actividades agora programadas no âmbito do Festival da Primavera (ano novo chinês), além de “três laboratórios conjuntos” ao abrigo da estratégia da “nova rota da seda”. As 40 universidades chinesas que ensinam a língua portuguesa e as “13 escolas portuguesas que ensinam chinês” também foram enumeradas. A China quer iniciativas para um “mundo de futuro compartilhado”, tendo Zhao Bentang recordado as propostas do Presidente Xi Jinping para a “multipolarização e globalização económica”. “Uma multipolarização [assente] sobre princípios da igualdade e ordem”, sublinhou o embaixador fazendo eco da visão chinesa de que “todos os países são iguais, pequenos ou grandes, pobres ou ricos” e que a globalização económica deve “respeitar princípios de benefícios mútuos e também deve ser inclusiva”. Lisboa e Pequim partilham visões comuns, segundo Zhao Bentang, sobre o “conceito de desenvolvimento económico” e acerca de “manter a amizade e cooperação com princípios reconhecidos por ambas partes”. “Temos um fundamento e uma complementaridade muito grande e acreditamos que o futuro de relações será ainda maior”, considerou.
Hoje Macau SociedadeMGM China bateu recorde de lucros no ano passado A operadora de jogo MGM China anunciou lucros recorde de 7,24 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2023, após três anos de prejuízos devido à pandemia. A empresa sublinhou que “o novo recorde histórico” de lucros antes de juros, impostos, depreciação, amortização e custos de reestruturação ou de arrendamento (EBITDAR, na sigla em inglês) bateu por 18 por cento o anterior máximo fixado em 2019. A MGM China sublinhou que inverteu um prejuízo de 1,27 mil milhões de dólares de Hong Kong registado em 2022, em comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong. Os dois hotéis-casinos operados pela MGM, o MGM Macau e MGM Cotai, registaram receitas de 2,44 mil milhões de dólares de Hong Kong em receitas, quatro vezes mais do que em 2022 e mais 9 por cento do que em 2019, antes do início da pandemia da covid-19. Seis concessionárias do jogo, MGM, Galaxy, Venetian, Melco, Wynn e SJM, operam em Macau, único local na China onde o jogo em casino é legal. Os casinos fecharam o ano de 2023 com receitas totais de 183,1 mil milhões de patacas, quatro vezes mais do que no ano anterior e 62,6 por cento do montante registado no mesmo período de 2019. Os casinos MGM Macau e MGM Cotai registaram receitas de 21,4 mil milhões de dólares de Hong Kong no mercado de massas, enquanto o chamado jogo bacará VIP atingiu 3,96 mil milhões de dólares de Hong Kong. As grandes apostas, que em 2019 representavam 46,2 por cento das receitas dos casinos de Macau, foram afectadas pela detenção do líder da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, em Novembro de 2021. O antigo director executivo da Suncity Alvin Chau Cheok Wa foi condenado, em Janeiro de 2023, a 18 anos de prisão por exploração ilícita de jogo e sociedade secreta, num caso que fez cair de 85 para 18 o número de licenças de promotores de jogo emitidas em Macau. Expansão global A MGM China disse que no ano passado abriu escritórios nas capitais da Malásia, das Filipinas e da Coreia do Sul e em Osaka, no Japão, e que apostou no turismo cultural ao colaborar com a artista portuguesa Joana Vasconcelos. A aposta em elementos não jogo e em visitantes estrangeiros foram algumas das exigências das autoridades de Macau para a renovação por 10 anos das licenças das seis concessionárias a operar no território, que entraram em vigor a 01 de Janeiro de 2023. A empresa sublinhou ainda que o volume de negócios “continuou a crescer em Janeiro”, com a média diária de receitas a subir 4 por cento em comparação com Dezembro e 67 por cento em relação ao mesmo mês de 2023.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Marcelo e Xi trocaram mensagens sobre relações sino-portuguesas Por ocasião do 45.º aniversário das relações diplomáticas entre Portugal e a China, os dois Presidentes trocaram saudações e salientaram a amizade secular que une as duas nações O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa lembrou as relações seculares com a China, enquanto o homólogo chinês Xi Jinping mostrou-se disponível para continuar a desenvolver as relações sino-portuguesas. Marcelo Rebelo de Sousa e Xi Jinping trocaram ontem mensagens de felicitações, por ocasião do 45.º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países, que foram divulgadas na página na Internet da Presidência portuguesa. O chefe de Estado português lembrou que este ano se evocam “quase cinco séculos de descoberta recíproca, quarenta e cinco anos de relações diplomáticas, vinte e cinco anos de solução acordada sobre Macau e vinte anos do Fórum Macau”. “Poucos Povos e Estados no mundo podem afirmar, como Portugal e China, que mantêm, ininterruptamente, há cinco séculos, uma relação de convivência territorial, cultural, económica, social e política, apesar da distância geográfica”, vincou. Marcelo Rebelo de Sousa apontou que as relações nasceram no tempo dos impérios e que as relações diplomáticas decorrem há 45 anos, lembrando que nestes anos decorreram visitas de todos os Presidentes de Portugal à República Popular da China e Presidentes da China à República Portuguesa. “Viram, em 1999, a negociada, pacífica e bem-sucedida transferência da soberania de Macau para a China. Viram o desenvolvimento de relações bilaterais e também envolvendo a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, nomeadamente através do Fórum Macau”, sublinhou o chefe de Estado português. O Presidente da República recordou também “áreas de actuação comum a nível multilateral, como a acção climática, os oceanos, as migrações, o desenvolvimento sustentável ou a atenção ao papel de relevantes organizações internacionais”. “Viram, é certo, perspectivas muito diversas em princípios fundamentais, sem desperdiçar as lições de séculos de partilha de vivências, bem como de décadas de diálogo constante”, destacou ainda. De mãos dadas O Presidente da China realçou, na sua missiva endereçada ao chefe de Estado português, as relações orientadas pelo “respeito mútuo, abertura e inclusão”. Xi Jinping salientou que estas relações permitiram resolver “de forma apropriada a questão de Macau através de consultas amigáveis, estabeleceram a Parceria Estratégica Global China-Portugal em resposta à situação na altura, conjugaram esforços para enfrentar a crise financeira internacional e os desafios de saúde pública global”. “Os dois países têm expandido a cooperação de benefícios mútuos entre as empresas, avançado de mãos dadas na cooperação Uma Faixa, Uma Rota, promovido em conjunto o desenvolvimento das relações China-União Europeia e salvaguardado o multilateralismo. Trata-se de uma vívida demonstração do caminho correcto de relacionamento entre os países”, frisou o governante chinês. Xi Jinping garantiu também que atribui “grande importância ao desenvolvimento das relações sino-portuguesas” e que está disposto a trabalhar em conjunto com Marcelo Rebelo de Sousa “para conduzir a Parceria Estratégica Global China-Portugal a aprofundar-se constantemente”, para melhor beneficiar os povos, fomentar o desenvolvimento saudável e estável das relações China-União Europeia e “contribuir para a paz, a estabilidade e a prosperidade do mundo”. “Que a amizade sino-portuguesa dure para sempre”, concluiu Xi Jinping, na sua carta.
Hoje Macau Entrevista ManchetePortugal-China 45 anos | Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM Há 45 anos, Portugal e a China estabeleciam relações diplomáticas. A data foi assinalada no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, num evento que teve como oradores os ex-embaixadores portugueses na China, José Duarte de Jesus e Jorge Torres Pereira, e o embaixador chinês em Portugal, Zhao Bentang. Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM, recordou ao HM episódios que levaram à estabilização das relações entre os dois países e o papel que Macau desempenhou no processo Há 45 anos, Portugal e a China estabeleciam relações diplomáticas. A data foi assinalada no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, num evento que teve como oradores os ex-embaixadores portugueses na China, José Duarte de Jesus e Jorge Torres Pereira, e o embaixador chinês em Portugal, Zhao Bentang. Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM, recordou ao HM episódios que levaram à estabilização das relações entre os dois países e o papel que Macau desempenhou no processo. Celebramos o 45.º aniversário das relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China (RPC). Foi um processo fácil? Não, pelo contrário. Foi um processo moroso e complicado. Na verdade, não estamos a falar do estabelecimento de relações diplomáticas com a China, mas sim do restabelecimento… ou, se quisermos, do estabelecimento de relações diplomáticas com a República Popular da China. As relações diplomáticas existiam há séculos, mas quando Mao fundou a RPC em 1949, o regime comunista esbarrou com o regime ditatorial de Salazar que, por motivos ideológicos, nunca aceitou formalizar o relacionamento com o regime comunista chinês, apesar das várias tentativas da parte chinesa, nomeadamente no seguimento do estabelecimento de relações diplomáticas sino-francesas em 1964. Depois de 1974, o novo regime português mudou radicalmente de postura e o Primeiro Ministro Mário Soares propôs o reatar das relações, mas nesta fase a China já não demonstrou grande receptividade. Porquê? A RPC ainda não tinha definido a política de reunificação nacional e não sabia bem como resolver a questão de Macau. Macau tinha um estatuto ambíguo desde os incidentes do ‘1,2,3’ de 1966… E havia expectativa sobre o processo de descolonização português e, principalmente, sobre a posição de Portugal em relação à União Soviética, numa altura de grande tensão nas relações sino-soviéticas. O início da guerra civil angolana no momento em que Pequim cancelou a ajuda militar aos movimentos de libertação e o apoio de uma das facções pela União Soviética, contribuiu para o alargamento da sua esfera de influência em África. O regime comunista chinês via com apreensão a influência soviética no nosso processo revolucionário e estava pouco disposta a normalizar relações com os comunistas portugueses. Os chineses não tinham informação suficiente sobre a esquerda portuguesa para conseguir entender a natureza da mudança de regime, mas com a formação da Aliança Democrática em 1979, perceberam que a União Soviética não tinha qualquer impacto no panorama político português. A candidatura portuguesa à CEE (1977) também ajudou, porque revelava as intenções de integração portuguesa na Europa Ocidental. Referiu há pouco a questão de Macau. Teve, de facto, influência no processo? Sem dúvida. O primeiro passo para a aproximação entre os dois países foi o reconhecimento, do Governo português, de que a questão de Macau poderia ser negociada quando ambos os governos considerassem apropriado. Nesta Nota Diplomática do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal de 6 de Janeiro de 1975, Portugal também reconhecia o Governo da República Popular da China como o único representante legítimo do povo chinês, sendo Taiwan uma parte integrante do território chinês. Foram duas concessões políticas unilaterais importantes, assumidas pelo novo regime português sem obter qualquer contrapartida chinesa, prova de que o estabelecimento de relações diplomáticas era bem mais importante do que a soberania de Macau. Não podemos esquecer que a posição chinesa da altura era que, sendo Macau parte integrante do território chinês, não deveria ser alvo de negociações com outro país. Zhou Enlai chegou a dizer que um dia a China iria libertar Macau dos portugueses. A RPC considerava-se soberana sobre Macau. Macau era território chinês e por isso não teria direito à descolonização. Mais tarde o processo seria descrito como uma transferência de administração. Macau não deveria ser um obstáculo para o reatar de relações? Exacto. Portugal não questionava a soberania da China sobre Macau: tratava-se de território sob Administração portuguesa. Isto é visível na Nota Diplomática que referi há pouco, mas também no Estatuto Orgânico de Macau, que foi aprovado no Conselho da Revolução em Lisboa em 1976, e na nova Constituição Portuguesa de 25 de Abril de 1976, que não considerava Macau como território português, mas sim “Território sob Administração Portuguesa”. O facto de não se debater a questão da soberania facilitou o relacionamento com a China. E, em bom rigor, convém dizer que Macau não era uma colónia. A retrocessão de Macau teria de passar sempre por alguma espécie de negociação e, naquele momento, a RPC não estava interessada em negociar. Mas depois mudou de ideias, não foi? O processo foi lento. A RPC confrontava-se com grandes mudanças internas. A crise de sucessão na liderança chinesa impedia a adopção de grandes iniciativas. Os líderes mais importantes, como Zhou Enlai e Mao, tinham falecido em 1976 e o Bando dos Quatro radicalizou a cena política chinesa. Hua Guofeng sucedeu a Mao e o Bando dos Quatro e outros Maoistas radicais foram presos. Só no final da década de 70 Deng Xiaoping traz a estabilidade, com uma postura mais pragmática e menos ideológica, pondo os objectivos nacionalistas acima de concepções marxistas ou maoistas. E delineou a estratégia para a retrocessão de Macau. Uma coisa é certa: a China não queria reatar relações diplomáticas com Portugal antes de ter a estratégia para Macau bem definida. Durante todo o processo negocial Macau foi considerada questão “prévia” pela parte chinesa, defendendo sempre a sua posição de princípio relativamente à soberania sobre o território. Portugal não se opôs, mas exigiu o reconhecimento da importância da história – Macau era “um problema herdado da história”. As duas partes chegaram a um entendimento: Macau era parte do território chinês, administrado pelos portugueses, e o status quo não poderia ser unilateralmente alterado; a questão seria unicamente resolvida pela via negocial. Este entendimento permitiu que as conversações para o estabelecimento de relações diplomáticas prosseguissem sem quaisquer condicionalismos, como se Macau não existisse. O comunicado conjunto sobre o estabelecimento de relações diplomáticas não faz qualquer referência directa ou indirecta a Macau, embora Macau fosse a questão mais delicada das negociações. As declarações sobre Macau foram impressas numa Ata, que, no fundo, foi um acordo entre dois Estados que reconheciam direitos e estabeleciam obrigações recíprocas, mas optou-se por usar a palavra “Ata” ao invés de “acordo” para minimizar a sua importância. A “Ata Secreta”, como ficaria conhecida na imprensa, permaneceria secreta por acordo de ambas as partes, invocando a manutenção da estabilidade de Hong Kong. O que dizia a “Ata Secreta”? Que Macau fazia parte do território chinês e seria restituído à China, no momento julgado oportuno, pelos governos dos dois países e por meio de negociações. Durante o período de negociações da Declaração Conjunta, entre 1986 e 1987, a existência da “Ata Secreta” gerou muita polémica, porque alguns dos líderes políticos nunca tinham tido acesso à Ata e alguns até duvidavam da sua existência. O próprio Governador de Macau Pinto Machado admitiu à imprensa que a Ata nunca lhe tinha passado pelas mãos. Só passado algum tempo se encontrou a Ata no Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Primeiro Ministro Cavaco Silva decidiu revelar parcialmente o seu conteúdo, evidenciando as responsabilidades assumidas pelos anteriores governos em relação a Macau. De facto, a “Ata Secreta” foi a base negocial da retrocessão de Macau. Voltando às negociações das relações diplomatas. Uma vez negociada a “Ata Secreta”, as conversações já decorreram sem sobressaltos? Mais ou menos. Depois de três anos de reuniões informais, a China propôs a abertura de negociações oficiais para o reatamento de relações diplomáticas luso-chinesas ao nível de embaixador, em Janeiro de 1978, e decorreram em Paris – local privilegiado de negociações com a China na Europa desde que em 1964 o General de Gaulle reconheceu a RPC. De Janeiro a Junho de 1978 decorreram conversações formais entre os embaixadores Han Kehua e Coimbra Martins, e as negociações ficaram praticamente concluídas. Mas em Portugal, a instabilidade política interna levou à formação de três governos diferentes no espaço de um ano (liderados, respectivamente, por Mário Soares, Nobre da Costa e Mota Pinto). E Coimbra Martins aguardava em Paris pela definição da política portuguesa relativamente à normalização de relações diplomáticas com a RPC. O comunicado conjunto sobre o estabelecimento de relações diplomáticas só seria assinado a 8 de Fevereiro de 1979. O Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa assinalou ontem o 45º aniversário das relações diplomáticas com um evento que moderou. Em que consistiu a sessão? O evento teve entrada livre e, para além do Embaixador da República Popular da China em Portugal, contámos com intervenções de dois diplomatas portugueses. O tema da intervenção de José Manuel Duarte de Jesus, embaixador de Portugal na República Popular da China entre 1993 e 1997, foi “45 Anos de novas Relações Diplomáticas e 5 séculos de Relações Amigáveis”. Jorge Torres Pereira, embaixador em Pequim entre 2013 e 2017, apresentou a comunicação “2029: Perspectivas para a comemoração do Cinquentenário das relações Portugal-República Popular da China”. E o Embaixador Zhao Bentang falou sobre os “45 Anos de cooperação em mãos dadas: a amizade China-Portugal cresce com resultados frutíferos”. O encerramento esteve a cargo da Senhora Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professora Elvira Fortunato. Recordo que o Centro Científico e Cultural de Macau é um Instituto Público que pertence ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e tem por missão divulgar em Portugal conhecimento sobre a Ásia, em particular sobre a China, com destaque para o papel de Macau.
Hoje Macau SociedadeBNU | Alerta para fraudes na internet O Banco Nacional Ultramarino (BNU) alertou para a existência de páginas fraudulentas na Internet e redes sociais que se fazem passar pelo banco para supostamente oferecer empréstimos na hora. Numa nota publicada no portal do BNU, o banco disse acreditar que estas páginas “publicitam serviços de empréstimo imediatos como meio de solicitação para atrair clientes”. O BNU aconselhou os clientes a ligarem para o banco ou pedirem ajuda à polícia, se encontrarem “‘websites’, anúncios ou mensagens suspeitas”. A Autoridade Monetária de Macau (AMCM), regulador financeiro local, indicou que o público deve “ter cuidado com páginas da Internet, redes sociais e comunicações bancárias falsas para evitar ser enganado e sofrer perdas desnecessárias”. As burlas com recurso às telecomunicações e à Internet em Macau subiram 59,4 por cento em termos anuais nos primeiros nove meses de 2023 e provocaram perdas superiores a 200 milhões de patacas. De acordo com dados divulgados, em Dezembro, pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, as autoridades policiais de Macau registaram 872 burlas cometidas através do telefone ou online entre Janeiro e Setembro, mais 325 casos do que em igual período de 2022. Grande parte das burlas (599, mais 29,7 por cento) aconteceram com recurso à Internet, embora o maior aumento tenha ocorrido nas burlas telefónicas (273), que mais do que quadruplicaram.
Hoje Macau Manchete SociedadeWynn Macau | De volta aos lucros em 2023 após três anos A concessionária de jogo Wynn Macau apresentou ontem os resultados financeiros referentes a 2023 com lucros de 465,7 milhões de dólares, registo que significou o retorno ao terreno positivo depois de prejuízos acumulados durante a pandemia. A empresa sublinhou que “um aumento das receitas operacionais” ajudou a inverter um prejuízo de 627,6 milhões de dólares em 2022, de acordo com um comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong. Os dois projectos operados pela Wynn Macau registaram receitas de 3,36 mil milhões de dólares em 2023, cinco vezes mais do que no ano anterior. Os casinos Wynn Macau e Wynn Palace foram responsáveis pela maioria do volume de negócios da empresa, arrecadando 2,44 mil milhões de dólares em receitas, seis vezes mais do que em 2022. Os casinos da região fecharam o ano de 2023 com receitas totais de 183,1 mil milhões de patacas, quatro vezes mais do que no ano anterior e 62,6 por cento do montante registado no mesmo período de 2019. Tendo em conta a análise aos segmentos de jogo, a Wynn Macau registou receitas por 2,28 mil milhões de dólares no mercado de massas, enquanto o bacará VIP atingiu 575,3 milhões de dólares. Recorde-se que em 2019 as grandes apostas geravam quase metade das receitas totais dos casinos do território. Estrelas no céu “O forte impulso que ganhámos ao longo de 2023 continuou durante o quarto trimestre”, disse, na mesma nota Craig Billings, o director executivo da empresa-mãe, a Wynn Resorts, que inclui propriedades nos Estados Unidos. “Estes resultados impressionantes realçam o compromisso incessante das nossa equipas em proporcionar um serviço de hospitalidade de cinco estrelas, que continua a elevar as nossas propriedades acima dos seus pares enquanto destino de clientes que procuram luxo em Las Vegas, Boston e Macau”, acrescentou o responsável da concessionária de jogo. Craig Billings sublinhou que o lucro da Wynn Resorts antes de juros, impostos, depreciação, amortização e custos de reestruturação ou de arrendamento (EBITDAR, na sigla em inglês) atingiu “um novo recorde histórico”. O EBITDAR da Wynn Macau atingiu 953,9 milhões de dólares em 2023, invertendo o prejuízo de 220,6 milhões de dólares no ano anterior. Os resultados das concessionárias de jogo no ano passado beneficiaram com grande empurrão do retorno à normalidade nas fronteiras. O território recebeu em 2023 mais de 28,2 milhões de visitantes, cinco vezes mais do que no ano anterior e um valor que representa 71,6 por cento do registado antes do início da pandemia de covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Pequim e EUA conversam enquanto questões comerciais aquecem As taxas alfandegárias e as restrições ao investimento bilateral continuam a ser temas centrais nas discussões entre as autoridades das duas nações à medida que as eleições norte-americanas se aproximam Autoridades chinesas e norte-americanas reuniram-se esta semana em Pequim para debater questões que dividem as duas maiores potências mundiais, numa altura em que o comércio bilateral é tema de destaque no debate eleitoral nos Estados Unidos. O ministério das Finanças da China afirmou que Pequim levantou objecções ao aumento das taxas alfandegárias sobre produtos oriundos da China, as restrições ao investimento nos dois sentidos e outras políticas que limitam o comércio e intercâmbio de tecnologia, durante as conversações do Grupo de Trabalho Económico dos dois países. Em comunicado, o ministério caracterizou as conversações de segunda e terça-feira como construtivas. As conversações enviaram um “sinal positivo”, afirmou o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista da China, num artigo publicado ontem. “Esta tendência positiva, apesar das disputas persistentes, oferece uma garantia muito necessária para as empresas dos dois países, bem como para a comunidade internacional, face aos crescentes desafios globais”, indicou. O departamento do Tesouro dos EUA disse que as autoridades norte-americanas reiteraram as preocupações com as práticas da política industrial chinesa e o excesso de capacidade, e o impacto resultante sobre os trabalhadores e empresas norte-americanas. Isto reflecte as preocupações de que, à medida que a economia chinesa abranda, em parte devido a uma crise prolongada no seu mercado imobiliário, mas também a tendências a longo prazo, como o envelhecimento da população, os seus líderes vão provavelmente depender mais do aumento das exportações para compensar a fraca procura interna. Dadas as já enormes quotas de mercado da China em muitas indústrias, isso poderia aumentar a capacidade para níveis insustentáveis e eliminar fabricantes estrangeiros de muitas indústrias, dizem alguns economistas. Na indústria dos painéis solares fotovoltaicos, por exemplo, um investimento maciço permitiu à China controlar cerca de 80 por cento da quota de mercado em todas as fases de fabrico, de acordo com um relatório recente da Agência Internacional da Energia. Caminho acidentado A rápida ascensão dos fornecedores chineses suscitou na Europa propostas para restringir as importações, mas estas poderiam atrasar os progressos da região no combate às alterações climáticas. As duas partes afirmaram que as conversações em Pequim também abordaram questões como os problemas da dívida dos países em desenvolvimento, a cooperação financeira e as políticas económicas. “As autoridades norte-americanas reafirmaram que os EUA não pretendem desassociar as duas economias e que, em vez disso, procuram uma relação económica saudável que proporcione condições equitativas para as empresas e os trabalhadores norte-americanos”, afirmou o Departamento do Tesouro. As duas partes concordaram em reunir-se novamente em Abril. Os intercâmbios entre as duas potências aumentaram no ano passado, ganhando impulso depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter reunido com o líder chinês, Xi Jinping, numa cimeira realizada em Novembro em São Francisco, na Califórnia. Mas, apesar da ligeira melhoria das relações, as tensões continuam elevadas, nomeadamente em relação a Taiwan. Biden manteve em vigor a maior parte das taxas alfandegárias sobre as importações chinesas que o ex-presidente Donald Trump impôs quando lançou uma guerra comercial em 2018. A sua administração também reforçou os controlos sobre o acesso chinês a ‘chips’ semicondutores avançados e à tecnologia para os fabricar, juntamente com outras tecnologias estrategicamente sensíveis. As notícias de que Trump aumentará ainda mais as taxas se for eleito abalaram o frágil sentimento dos investidores na China. A reunião do Grupo de Trabalho Económico foi a terceira desde a sua criação em Setembro e a primeira em Pequim. Uma delegação do Tesouro reuniu-se com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng em Pequim e transmitiu a mensagem de que Yellen esperava visitar a China numa “altura apropriada”.