Hoje Macau SociedadeBurla | “Polícia de Fujian” leva 2 milhões de HKD Um homem foi burlado em 2,2 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) depois de ter acreditado que estava a ser contactado pelas autoridades do Interior. O caso foi revelado pela Polícia Judiciária ontem e citado pelo jornal Ou Mun. Os primeiros contactos com o homem foram feitos em Dezembro do ano passado, quando a vítima recebeu uma chamada de alguém que se apresentou como empregado da China Mobile. Nessa conversa, o burlado fpoi informado de que tinham sido detectadas várias chamadas fraudulentas com origem no seu telemóvel. Face a essa informação, o falso empregado da China Mobile encaminhou a chamada outra pessoa, que se apresentou como parte da polícia de Fujian. Esta segunda pessoa disse à vítima que estava em curso uma investigação e que era necessário depositar dinheiro em contas bancárias do Interior e de Hong Kong, para que a origem dos fundos fosse verificada. Sem suspeitar de que estava a ser burlado, o homem foi fazendo várias transferências até chegar à quantia de 2,2 milhões de dólares de Hong Kong. Além disso, a vítima tinha ainda de ligar à “polícia de Fujian” todos os dias para declarar o seu paradeiro, o que também fez. Sem mais dinheiro, o homem recusou continuar com as transferências bancárias. Foi também nessa altura falou com amigos sobre o caso, e lhe foi indicado que possivelmente tinha caído num esquema de burla. O homem ainda tentou voltou a ligar alegadamente para Fujian, mas como não conseguiu estabelecer o contacto acabou por apresentar queixa junto das autoridades.
Hoje Macau PolíticaHengqin | Escola quer abrir mais uma turma de ensino infantil Iao Tun Ieong, director-geral da Escola de Hengqin Anexa à Escola Hou Kong (Para Filhos dos Residentes de Macau), confirmou ontem que foi feito um pedido à Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude para a abertura de mais uma turma de ensino infantil de nível 1 na Ilha da Montanha. Segundo o jornal Ou Mun, o pedido foi justificado com o grande número de inscrições. Iao Tun Ieong também apontou que a escola poderá abrir já no ano lectivo de 2024/2025, que começa em Setembro, e que a escola já está a receber inscrições de alunos até ao segundo ano do ensino primário. Cada nível de ensino deverá ter uma turma com um máximo de 35 crianças. O director da instituição adiantou também que são necessários mais docentes de Macau, do Interior da China ou mesmo de países e regiões do exterior, pois a escola pretende ter uma abrangência internacional. Contudo, os professores do Interior da China irão constituir a maioria do corpo docente. O também director da Escola Secundária Hou Kong prevê que seja necessária uma preparação entre um e dois anos para que a escola comece a aceitar inscrições de ensino secundário para o ano lectivo de 2026/2027.
Hoje Macau PolíticaPIB | Riqueza de Hengqin não conta para Macau O director dos Serviços de Estatística e Censos, Vong Sin Man, revelou de acordo com o modelo actual, a riqueza gerada na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin não é contabilizada no Produto Interno Bruto (PIB) de Macau. A informação consta de uma resposta a uma interpelação escrita do deputado Lei Chan U, ligado à Federação das Associações do Operários de Macau. O responsável explicou que o cálculo do PIB segue os “critérios internacionais previstos”, ou seja, respeita o princípio da territorialidade. Todavia, Vong Sin Man garante que mantém a comunicação com os responsáveis da Zona de Cooperação Aprofundada para melhorar a recolha de dados sobre a riqueza gerada pelas empresas na Ilha da Montanha com sede em Macau. Estes dados, explicou Vong, podem ser contabilizados para o Rendimento Nacional Bruto (RNB) de Macau e permitem à sociedade conhecer “o fluxo das receitas entre Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada”. A questão tinha sido levantada pelo deputado, depois de anteriormente, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, ter proposto ao Governo Central que os investimentos das empresas registadas em Macau na Zona de Cooperação Aprofundada fossem integrados no PIB da RAEM.
Hoje Macau SociedadeBalança comercial | Défice cresce quase dois mil milhões O défice da balança comercial, em 2023, foi de 128,11 mil milhões de patacas, o que constitui um aumento de 1,82 mil milhões de patacas face ao ano de 2022, quando o défice se cifrou nos 126,29 mil milhões de patacas. Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o comércio externo de mercadorias foi, no ano passado, de 154,78 mil milhões de patacas, um crescimento de 0,9 por cento face ao montante de 153,33 mil milhões de patacas registados em 2022. No ano passado, o valor exportado de mercadorias foi de 13,34 mil milhões de patacas, uma quebra de 1,3 por cento face a 2022, enquanto as importações se situaram nas 141,44 mil milhões de patacas, mais 1,2 por cento em termos anuais. As exportações de Macau para o Interior da China foram de 975 milhões de patacas, enquanto para Hong Kong foram de 9,53 mil milhões de patacas, uma quebra de 25,5 e 7,5 por cento, respectivamente. Macau exportou apenas produtos no valor de 151 milhões de patacas para a União Europeia, menos 8,8 por cento em relação a 2022. Destaque para o facto de o valor de mercadorias exportadas para os países que pertencem à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” ter sido de 772 milhões de patacas, mais 47,8 por cento.
Hoje Macau EventosFRC | Exposição de poesia e cultura de Xue Rongxuan a partir de hoje A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, às 18h30, a exposição “A Poesia e Cultura Chinesa de Xue Rongxuan”, tratando-se de uma homenagem póstuma ao mestre calígrafo e poeta também conhecido pelo pseudónimo ‘Lau Pi’ (陋筆 ou caneta ruim), recentemente desaparecido em finais de 2023. Este artista participou, nos últimos anos, em exposições colectivas e conferências promovidas pela FRC, com co-organização da Associação de Poesia dos Amigos do Jardim da Flora. A exposição reúne um conjunto de cerca de 40 obras de caligrafia e poesia, representativas do percurso literário e da experiência artística ao longo da vida de Xue Rongxuan. De acordo com os Amigos do Jardim da Flora, ele “não era apenas um estudioso versátil e muito eloquente, tinha também grande talento para citar as escrituras e criar belas frases, especialmente em dísticos, o que o tornou notável no campo da literatura e da poesia”. Segundo os Amigos do Jardim da Flora, Xue Rongxuan “nunca poupou esforços para promover a cultura tradicional chinesa, e usou os seus anos de experiência pessoal a pesquisar e a elevar o conhecimento das elites da cultura chinesa”. A FRC descreve ainda que Xue Rongxuan sempre foi “modesto quanto às suas capacidades de escrita”, sendo uma “pessoa de pensamento rápido, um indivíduo com extensa sabedoria”. Além disso, respeitava muito a cultura chinesa e tinha um “profundo conhecimento da sua história, língua, geografia e tradições, bem como de poesia, canções antigas e dísticos”. A mostra vai estar patente até ao dia 17 de Fevereiro.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Marcos acusado de querer abolir limite de mandatos presidenciais O ex-Presidente das Filipinas Rodrigo Duterte acusou o actual chefe de Estado de querer abolir o limite de mandatos presidenciais e avisou que Ferdinand Marcos Jr. poderá ser deposto como o pai, o falecido ditador Ferdinand Marcos. Num discurso no domingo à noite, Duterte alegou que os deputados apoiantes de Marcos estão a subornar autoridades locais para alterarem a Constituição de 1987 e remover o limite de mandatos presidenciais. Actualmente, os presidentes das Filipinas só podem cumprir um mandato de seis anos. Membros da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento do país, têm discutido uma possível alteração da Constituição, que inclui várias salvaguardas para tentar prevenir novas ditaduras. Mas o líder da Câmara, Martin Romualdez, primo de Ferdinand Marcos Jr., garantiu que a intenção é apenas rever a Constituição para remover as restrições ao investimento estrangeiro. Marcos disse estar aberto a alterar as disposições económicas, mas opõe-se à remoção de restrições à propriedade estrangeira de terras e outras indústrias consideradas críticas, como a comunicação social. A Constituição de 1987 entrou em vigor um ano depois do ditador Ferdinand Marcos, acusado de pilhagem e atrocidades contra os direitos humanos, ter sido deposto por uma revolta popular apoiada pelo exército. O discurso de Duterte, perante alguns milhares de apoiantes na região natal do político, em Davao, trouxe a público uma aparente fissura política com o sucessor, embora a filha, Sara Duterte, seja vice-Presidente de Marcos, na sequência de uma vitória eleitoral esmagadora em 2022.
Hoje Macau China / ÁsiaASEAN | Myanmar participa em reunião pela primeira vez desde golpe de Estado Desde o golpe que levou a junta militar ao poder, em 2021, que a antiga Birmânia não tinha qualquer representante na reunião que junta várias das nações mais relevantes do Sudeste Asiático Um representante da junta militar no poder em Myanmar participou ontem numa reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), pela primeira vez desde o golpe de Estado de Fevereiro de 2021. A secretária permanente do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Myanmar, Malar Than Htike, esteve na reunião anual dos ministros dos Negócios Estrangeiros que está a ser realizada na cidade de Luang Prabang, no Laos. De acordo com fotos partilhadas nas redes sociais por um jornalista da televisão de Singapura Channel News Asia, a representante de Myanmar pode ser vista juntamente com os restantes ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco regional. Desde o golpe de Estado de 2021 que os líderes do regime militar, incluindo o chefe da diplomacia, Zin Mar Aung, e o líder da junta militar, Min Aung Hlaing, estão excluídos das reuniões de alto nível da ASEAN. A ASEAN só permite que Myanmar se faça representar em reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros por enviados não políticos, algo que a junta tinha recusado nos últimos quatro encontros anuais. Pelo contrário, outros ministros da junta militar, como os da Defesa ou dos Transportes, têm participado regularmente em reuniões do bloco regional. De acordo com analistas, o Laos, que detém a presidência rotativa da ASEAN este ano, mostrou-se mais próximo da junta de Myanmar do que outros países da região. Min Aung Hlaing recebeu a 10 de Janeiro o enviado da ASEAN, Alounkeo Kittikhoun, natural do Laos, em Naypyidaw, a capital construída pela junta militar no interior da selva birmanesa. Os dois dirigentes discutiram os “esforços do Governo para garantir a paz e a estabilidade”, informou o jornal estatal The New Global Light of Myanmar. Sem avanços Até agora, a ASEAN não conseguiu fazer progressos substanciais na resolução do conflito em Myanmar. Um plano de paz de cinco pontos acordado há três anos não passou do papel, embora a Indonésia, que detinha a presidência, tenha saudado conversações “positivas” com as principais partes do conflito em Novembro. O golpe militar de 1 de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência com novas milícias civis que exacerbaram a guerra de guerrilha, que o país já vivia há décadas. Uma coligação de grupos armados étnicos lançou uma ofensiva no norte do país em Outubro, tendo conseguido tomar várias posições militares e controlar áreas do estado de Kachin, junto à fronteira com a China. Pelo menos 4.331 pessoas, incluindo activistas pró-democracia e civis, morreram devido à repressão da junta militar, enquanto outras 19.911 foram detidas por razões políticas desde o golpe, segundo dados da organização não-governamental birmanesa Associação para a Assistência de Presos Políticos.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Aberta investigação ao vice-governador do Tibete A agência anticorrupção do Partido Comunista da China (PCC) abriu ontem um inquérito ao vice-governador da região autónoma do Tibete, Wang Yong, por motivos disciplinares, informou ontem a imprensa local. A Comissão Central de Inspecção e Disciplina do PCC iniciou a investigação por suspeita de “graves violações da disciplina do Partido e da lei” por parte de Wang, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. A agência não especificou que tipo de violações o alto funcionário terá cometido, embora a maioria das investigações deste tipo resultem em acusações de corrupção que normalmente incluem aceitar subornos e abuso de poder, que são depois processadas. Depois de chegar ao poder em 2012, o actual secretário-geral do PCC e Presidente do país, Xi Jinping, iniciou uma campanha anticorrupção que resultou na punição de milhares de altos quadros chineses, tanto governamentais como de empresas públicas. A 9 de janeiro, o Presidente instou o PCC a avançar com a auto-reforma e a redobrar a luta contra a corrupção, argumentando que continua a representar uma situação “grave e complexa”. Cerca de 470.000 casos de corrupção foram investigados pelas agências de supervisão e disciplinares do país nos primeiros nove meses de 2023 e resultaram na acusação de 45 funcionários do Comité Central do PCC, a liderança máxima do país, o número mais elevado numa década.
Hoje Macau China / ÁsiaImobiliário | Chinesa Evergrande liquidada representa o fim do crescimento assente na construção A crise da gigante imobiliária arrastava-se desde 2021 quando a China resolveu pôr termo a um modelo de crescimento assente no investimento em activos não produtivos A liquidação da Evergrande, ordenada ontem por um tribunal de Hong Kong, ilustra a crise prolongada no imobiliário chinês, principal veículo de investimento para as classes abastadas do país, à medida que Pequim tenta eliminar o “crescimento fictício”. Dezenas de construtoras chinesas entraram em colapso nos últimos dois anos, à medida que os bancos reduziram o financiamento e o valor dos imóveis sofreu forte correcção. O incumprimento da Evergrande foi um momento decisivo para a indústria: desde então, mais de 50 construtoras entraram em incumprimento e milhares de trabalhadores do sector perderam os seus empregos. A crise começou quando, em 2021, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património. Em entrevista à agência Lusa, Michael Pettis, professor de teoria financeira na Faculdade de Gestão Guanghua, da Universidade de Pequim, considera que a campanha para desalavancar o sector imobiliário faz parte dos esforços da China para pôr termo a um modelo de crescimento assente no investimento em activos não produtivos. “Há muito crescimento fictício na China”, notou Pettis. “O excesso de investimento em todo o tipo de projectos de construção inflaciona o crescimento há vários anos”, descreveu. Após a crise financeira mundial de 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas. Isto gerou, no entanto, “crescimento fictício”, termo usado pela primeira vez pelo Presidente chinês, Xi Jinping, num ensaio publicado em 2021, que frisou a importância de o país alcançar um crescimento “genuíno”. “A maioria das estimativas coloca a contribuição do sector imobiliário para o PIB [Produto Interno Bruto] da China entre 25 por cento e 30 por cento. Isto é duas a três vezes superior ao de outros países”, observou Pettis. Para o economista, a alocação de capital para investimentos não produtivos na China ascende a uma “escala sem precedentes” na História. “Normalmente, quando os economistas querem falar sobre um caso proeminente de grande quantidade de investimento não produtivo, eles apontam para o Japão na década de 1980”, indicou. “O meu palpite é que em 10 ou 20 anos vão estar a falar da China”, acrescentou. Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas – cerca de nove vezes a população portuguesa. Empresa demolida A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas. A Evergrande já foi a maior construtura da China em termos de vendas. Mas, sobrecarregada com um passivo de cerca de 300 mil milhões de dólares, deixou de pagar as suas dívidas há mais de dois anos e, desde então, tem vindo a negociar uma reestruturação com os seus credores. A decisão do tribunal vai dar aos credores o controlo da empresa-mãe da Evergrande e permitir-lhes-á liquidar todas as suas actividades. O liquidatário vai ter poderes para assumir o controlo de todas as filiais da Evergrande em todo o mundo, incluindo na China, e vender os activos da empresa para pagar a sua dívida. Uma questão por resolver é o alcance do poder legal do liquidatário de Hong Kong na China continental. Os tribunais chineses começaram recentemente a reconhecer a autoridade jurídica dos liquidatários de jurisdições como Hong Kong, onde a empresa-mãe da Evergrande está cotada. Novos dados sobre o desempenho do sector imobiliário na China em 2023 revelaram um quadro negativo e os economistas afirmaram que a recessão – agora no seu quarto ano – está prestes a agravar-se. As vendas de casas recém-construídas na China caíram 6 por cento no ano passado, regressando a um nível que não se registava desde 2016, segundo dados oficiais. Os preços também estão a cair, mesmo nas cidades mais ricas do país.
Hoje Macau Eventos“Analectos” e Mêncio”, lançados na Fundação Rui Cunha, encerram a publicação de “Os Quatro Livros” do cânone confuciano Decorreu ontem na Fundação Rui Cunha o lançamento, pela editora Livros do Meio, dos dois últimos volumes d’ “Os Quatro Livros” do cânone confuciano, “Analectos” e “Mêncio”, traduzidos e anotados, respectivamente por Carlos Morais José e Ana Maria Saldanha, que assim se seguem ao “Estudo Maior” e à “Prática do Meio”. Na sessão intervieram os tradutores que falaram das obras em questão. Carlos Morais José, que também é o editor responsável pela Livros do Meio, arguiu as razões que levarão a sua editora a enveredar pela publicação destes volumes que, segundo afirmou, são um marco incontornável e fundamental da cultura e da civilização chinesa. Assim, durante cerca de uma década, explicou ao público presente, foram traduzidos “Os Quatro Livros” que, a partir da dinastia Song se tornaram na base dos exames para o mandarinato, ou seja, para o acesso a cargos públicos. Até então, desde a dinastia Han que os exames eram realizados com base nos chamados Cinco Clássicos ou Pentateuco chinês, a saber, o “Livro das Odes”, o “Livro dos Documentos”, o “Livro dos Ritos”, os “Anais da Primavera-Outono” e o “Livro da Música”. Ainda segundo o tradutor, esta mudança operou uma transição entre um estudo dedicado essencialmente ao ritual e aos ritos para uma abordagem mais interna e pessoal, ou seja, no sentido da construção de um sujeito ético. Além disso, a emergência deste chamado neo-confucionismo, liderado pelo filósofo Zhu Xi, surge também como reacção à crescente influência do budismo na sociedade e nos círculos do poder chinês, o que desagradava sobremaneira aos letrados confucionistas, sendo inclusivamente invocada a necessidade de se abandonar as doutrinas estrangeiras, como o budismo, cujas teoria, por vezes, anti-sociais desagradavam particularmente aos seguidores de Confúcio para quem o homem, animal gregário por excelência, deve-se preocupar sobretudo na gestão das suas relações sociais e do governo e menos em questões cosmológicas ou metafísicas que, em geral, os confucionistas preferem ignorar, centrando-se exclusivamente no ser humano. Carlos Morais José começou, aliás, por fazer uma introdução ao trabalho da sua editora que, no ano passado, abriu uma “filial” em Portugal e que, desde então, para lá transportou a revista “Via do Meio”, a primeira publicação regular sobre cultura chinesa que se publica em língua portuguesa, e deu ainda à estampa quatro livros. Três são de cultura chinesa, incluindo o inédito “Poemas de Su Dongpo, com tradução de António Graça de Abreu, “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, e “Textos Clássicos sobre Pintura Chinesa”, com tradução de Paulo Maia e Carmo. O outro livro é o primeiro volume de uma “Antologia da Literatura Oral Timorense – Oecusse”, da autoria de Anabela Leal de Barros. Por seu lado, Ana Maria Saldanha abordou o livro de Mêncio numa perspectiva mais sociológica a partir de considerações sobre a questão agrária, em Confúcio e em Mêncio, destacando o facto dos dois filósofos terem dado um especial ao assunto, na medida em que as relações de produção naquele tempo se encontravam basicamente dependentes da agricultura, da posse dos meios de produção e da terra. Segundo afirmou, a virtude do governante, central no pensamento político confuciano, também se demonstrava no modo como eram divididas as terras e o seu produto, para além de também ser importante a organização do trabalho. A escravatura, apesar de existir, em grande parte fruto das guerras, não constituía de modo nenhum a parte principal da massa trabalhadora que era essencialmente formada por camponeses livres que tinham inclusivamente o direito de se deslocar para onde quisessem, inclusivamente mudar a sua casa e família para um outro estado onde a vida lhe fosse mais sorridente. Assim, ao contrário da Europa feudal, onde os servos da gleba, como o nome indica, pertenciam à terra e ao senhor dessa mesma terra, na China dos Estados Combatentes, os senhores viam-se obrigados a proporcionar boas condições de vida aos camponeses não fossem estes abandonar o seu estado por um outro que lhes proporcionaria condições mais benéficas. Ana Maria Saldanha explicou ainda a uma atenta audiência as quatro principais virtudes que Mêncio considerava como fundamentais, a saber, benevolência (ren), rectidão (yi), cumprimento dos ritos (li) e sabedoria (zhi) e como despendeu a sua vida tentando inculcá-las, a maior parte das vezes sem sucesso, nos governantes do seu tempo, acabando por fundar uma escola privada onde recebia discípulos. Seja como for, foi o livro de Mêncio que Zhu Xi escolheu para completar “Os Quatro Livros”, entre dezenas de outros confucionistas que, após a morte do Mestre, criaram mais de Cem Escolas, cujas divergências se tronaram célebres, tendo proporcionando algumas das discussões mais interessantes do pensamento clássico chinês. A partir de hoje, estes livros e a revista Via do Meio podem ser comprados na Livraria Portuguesa ou no Pátio da Sé 22, RC-B, a sede do jornal Hoje Macau, ou ainda encomendados através do email graofalar@gmail.com. Neste caso o porte é gratuito.
Hoje Macau SociedadeGripe | Número de casos dispara em 2023 Em Dezembro de 2023, os casos de gripe cresceram 179,2 por cento para 1.793 ocorrências, de acordo com as estatísticas dos Serviços de Saúde (SS) publicadas ontem, sobre as doenças de declaração obrigatória. Em Dezembro de 2022, quando o território estava a lidar com vários surtos de covid-19, após a política de transição para a coabitação com o vírus, apenas foi declarada uma infecção por gripe. No que diz respeito à covid-19, o cenário é bastante diferente. Em Dezembro do ano passado, registaram-se seis casos de covid-19, o que em comparação com Dezembro de 2022 mostra uma redução de 99,7 por cento das ocorrências. Nesse ano, quando se começou a viver com o vírus tinham sido registadas 1.827 ocorrências. Também Em Dezembro do ano passado, os SS anunciaram mais quatro infecções pelo vírus do VIH. Entre os quatro casos, dois eram de VIH sem manifestação dos sintomas da doença, enquanto os outros dois casos tinham evoluído para SIDA. Segundo estes dados, em relação a 2022, houve uma redução do número de novos casos. Em Dezembro de 2022, os SS tinham anunciados seis quatro infecções pelo vírus do VIH, dos quais quatro eram casos de VIH sem manifestação dos sintomas da doença e dois tinham evoluído para SIDA. No que diz respeito à varicela foram identificados mais 26 casos no território, o que significa um aumento de 160 por cento face a 2022, quando tinham sido registadas 10 ocorrências.
Hoje Macau SociedadeCPSP | Operação de Prevenção de Inverno leva 43 agentes para as ruas O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) detectou uma pessoa em excesso de permanência no território, durante a Operação de Prevenção de Inverno 2024. Entre 28 e 29 de Janeiro, as autoridades enviaram 43 agentes para fiscalizar diferentes estabelecimentos, como casas de massagens, e também para interceptarem “pessoas suspeitas” em várias zonas de Macau. Como resultado destas operações, foram interceptadas 164 pessoas, entre as quais 116 homens e 48 mulheres. Um dos homens estava em excesso de permanência e foi encaminhado para o “departamento relevante”. Além disso, a Operação de Prevenção de Inverno 2024 envolveu várias operações stop, com 34 veículos a serem interceptados. Estas intercepções levaram a 10 infracções de vários tipos, como falta de seguro, ausência de espelhos, falta de registo de licença internacional de condução ou transporte ilegal de passageiros. Face às ocorrências registadas, o CPSP prometeu “continuar a prestar atenção à situação da segurança em Macau e ajustar o envio de agentes para a ruas, de forma atempada, para prevenir e combater as várias actividades ilegais”. O CPSP comprometeu-se também com a “protecção da vida e da prosperidade dos residentes e turistas” e a “manutenção da ordem pública”.
Hoje Macau SociedadeHotelaria | Taxa de ocupação sobe 43,1% face a 2022 A taxa de ocupação hoteleira no ano passado foi de 81,5 por cento, mais 43,1 por cento face a 2022, apontam dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) ontem divulgados. Destaque para o facto de a taxa de ocupação de hotéis de baixo custo, com duas estrelas, ter sido bastante elevada, com 85,1 por cento, mais 36,3 por cento face ao ano anterior, enquanto a taxa de hotéis de cinco estrelas cifrou-se nos 82,5 por cento, mais 48,3 por cento. No total, registaram-se em Macau, em 2023, 142 estabelecimentos hoteleiros, mais 19 face ao final de 2022, com um total de 47 mil quartos, mais 23,5 por cento. No que toca ao perfil de hóspedes, no ano passado registaram-se 13.573.000 indivíduos, mais 165,4 por cento relativamente a 2022, registando-se uma recuperação de 96,2 por cento face ao número de hóspedes de 2019, antes da pandemia. O número de hóspedes de Hong Kong foi de 2.219.000, registando-se um aumento notável de 876,3 por cento, bem acima do número de hóspedes do interior da China, com um aumento de apenas 154,6 por cento. No que diz respeito às excursões, no ano passado Macau recebeu um total de 1.276.000 visitantes do exterior que viajaram neste formato, enquanto o número de residentes que compraram viagens em agências para o exterior foi de 418 mil, mais 796,3 por cento face a 2022.
Hoje Macau PolíticaDSAT | Recusada passadeira na Av. Tamagnini Barbosa A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) excluiu a hipótese de instalar uma passadeira na Avenida Artur de Tamagnini Barbosa, nas imediações de uma ponte para peões existente no local. A proposta para instalar uma passadeira na estrada tinha partido da deputada Lo Choi In, que se mostrou preocupada com as dificuldades de acesso à passadeira aérea para as pessoas com mobilidade reduzida. “Não está prevista, actualmente, a instalação de equipamentos de travessia pedonal terrestre”, respondeu a DSAT, à deputada. Contudo, a posição do director da DSAT, Lam Hin San, indica que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) está a trabalhar para eliminar as barreiras arquitectónicas destes acessos e responder aos problemas indicados por Lo Choi In. “Para satisfazer as necessidades de circulação livre de barreiras nas zonas próximas do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, o IAM realizou, no ano passado, os trabalhos de renovação da passagem superior para peões que o liga ao lado leste da Praça das Portas do Cerco, optimizando os passeios adjacentes e melhorando as instalações sem barreiras”, foi indicado. “Em articulação com o sistema de trânsito e o planeamento urbanístico dos bairros vizinhos, o IAM irá aperfeiçoar, em tempo oportuno, as instalações de travessia pedonal da zona da Tamagnini Barbosa”, acrescentou o director da DSAT.
Hoje Macau PolíticaMacaenses | Ho Iat Seng recohece “contributos” da comunidade O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, participou ontem num encontro com representantes da comunidade macaense, tendo referido, num discurso, “reconhecer profundamente os contributos da comunidade macaense para promover a recuperação socioeconómica de Macau”. O governante disse ainda esperar que a comunidade macaense “agarre com determinação o ‘pulso’ dos tempos, tirando pleno proveito das oportunidades de desenvolvimento”. Foram também destacados “os esforços incessantes da comunidade macaense nas esferas da educação, dos serviços sociais, das actividades culturais, da restauração, do Direito e de outras”, confirmando-se, para Ho Iat Seng, “a resiliência, a força, o profissionalismo e o empenho desta comunidade”. A propósito da celebração dos 75 anos da implantação da República Popular da China e do 25.º aniversário da transferência de administração portuguesa de Macau para a China, Ho Iat Seng destacou que a “a comunidade macaense é uma parte importante da sociedade”.
Hoje Macau PolíticaAssociações | Menos 41 pessoas colectivas recenseadas O número de pessoas colectivas recenseadas com inscrição válida registou uma quebra de 41 associações entre o ano passado e o actual, de acordo com os dados revelados ontem pelo Governo. Segundo a informação mais recente, estão actualmente registadas de forma válida 777 pessoas colectivas com capacidade eleitoral. Entre estas, 107 fazem parte do sector industrial, comercial e financeiro, 68 do sector do trabalho, 62 do sector profissional, 5 do sector dos serviços sociais, 8 do sector cultural, uma do sector educacional e 31 do sector desportivo. Quando a comparação é feita com o comunicado emitido no ano passado pela Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (DSFP) verifica-se uma redução no recenseamento de 41 pessoas colectivas. O sector mais afectado foi o do desporto, no qual há menos 27 pessoas colectivas registadas. A nível do sector educacional há menos uma pessoa colectiva registada, no sector cultural menos três, no sector dos serviços sociais menos duas pessoas colectivas, no sector profissional menos uma pessoa, no sector do trabalho menos cinco e no sector do industrial, comercial e financeiro menos duas inscrições válidas. As pessoas colectivas podem votar para os membros da Assembleia Legislativa, através do sufrágio indirecto.
Hoje Macau PolíticaConta Única | Aumento de peso associado a falha de reconhecimento facial Um residente de Macau indicou ontem durante o programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau que deixou de conseguir entrar na Conta Única de Macau depois de ter ganho 10 quilos e falhar várias vezes o acesso à aplicação devido a erros no reconhecimento facial. “Já tentei vários ângulos diferentes, mas a identificação facial falhou sempre na aplicação. Isso pode estar relacionado com o meu aumento de peso. Ganhei cerca de 10 quilos e, se calhar, o meu rosto ficou mais gordo”, referiu o ouvinte à emissora pública. Além disso, o ouvinte acrescentou ter mudado de número de telefone, o que também obrigou ao reconhecimento facial, com o mesmo resultado negativo, apesar de ter usado o nome de identificação e palavra-passe para entrar na aplicação. A aplicação móvel Conta Única de Macau tem mais de 520 mil pessoas inscritas, e quase três centenas de modalidades de serviços electrónicos e funções, abrangendo áreas diversas como benefícios sociais, emprego, transporte, cuidados de saúde, educação, cultura e recreação, empreendedorismo e negócio, registo e notariado, assuntos judiciais e pagamento de despesas domésticas.
Hoje Macau China / ÁsiaAgência da ONU diz garantir sobrevivência de dois milhões de habitantes O responsável da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (Unrwa), Philippe Lazzarini, advertiu ontem que mais de dois milhões de habitantes de Gaza dependem da ajuda humanitária, que pode estar em causa perante a suspensão dos fundos de nove países doadores. “Nove países suspenderam temporariamente o seu financiamento à Unrwa. Estas decisões ameaçam o nosso trabalho humanitário em curso em toda a região, incluindo e especialmente na Faixa de Gaza”, alertou Lazzarini em comunicado. Os Estados Unidos, o Canadá, o Reino Unido, a Alemanha, a Itália, os Países Baixos, a Suíça, a Finlândia e a Austrália anunciaram este fim de semana a suspensão do financiamento à Unrwa, depois de a agência ter rescindido os contratos de vários funcionários por alegações do seu possível envolvimento com o movimento extremista islâmico Hamas nos ataques de Outubro. “É chocante ver uma suspensão de fundos em reacção a alegações contra um pequeno grupo de funcionários, especialmente tendo em conta as medidas imediatas que a UNRWA tomou ao rescindir os seus contratos e ao pedir uma investigação independente e transparente”, lamentou Lazzarini. O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu uma investigação, que já está a ser conduzida pelo Gabinete de Serviços de Supervisão Interna da organização. Da sobrevivência O comissário da UNRWA alertou para o facto de quase toda a população da Faixa de Gaza depender da assistência da agência para “a sua mera sobrevivência”: a agência fornece abrigo a mais de um milhão de pessoas e alimentos e cuidados primários a mais de dois milhões, “mesmo no auge das hostilidades”. “Muitos estão a passar fome à medida que o relógio avança para a fome iminente”, afirmou. Desde que Israel autorizou a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza, de forma gradual, no final de Outubro, a Unrwa tem sido a principal responsável pela sua distribuição. Lazzarini recordou que o Tribunal Internacional de Justiça apelou na sexta-feira, no âmbito do processo de genocídio contra Israel, à importância de aumentar o fluxo de ajuda humanitária para o enclave, para o qual a estrutura da Unrwa é indispensável. “Seria imensamente irresponsável sancionar uma agência e toda a comunidade que serve por alegações de actos criminosos contra algumas pessoas, especialmente em tempos de guerra, deslocações e crises políticas na região”, afirmou. Israel agradeceu aos países que suspenderam o financiamento da Unrwa e apelou a que outros se juntem à acção contra a agência, que acusa de ser um “refúgio para terroristas”, enquanto o Hamas negou categoricamente que o pessoal humanitário colabore com eles em acções militares.
Hoje Macau EventosEça de Queiroz | Autorizada trasladação para o Panteão Nacional O Supremo Tribunal Administrativo (STA) em Portugal rejeitou o recurso dos seis bisnetos do escritor Eça de Queiroz, que contestam a sua trasladação para o Panteão Nacional, permitindo que a homenagem apoiada pela maioria dos descendentes se concretize. No acórdão, datado de 25 de Janeiro, o colectivo de juízes do STA decidiu “negar provimento ao recurso e, em consequência, manter o acórdão recorrido”, ou seja, negou dar razão aos seis bisnetos que contestam a vontade da maioria, favorável à trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, uma homenagem ao escritor aprovada pela Assembleia da República. No acórdão a que a Lusa teve acesso, o colectivo de conselheiros do STA contesta a argumentação dos autores do recurso, rejeitando, por exemplo, a alegação de que possa ser considerada uma presumível vontade anteriormente expressa pelos netos do escritor, em 1989, contrária à trasladação. “(…) Tal direito, no caso dos herdeiros ou familiares, compete exclusivamente àqueles que se encontram vivos no momento em que se coloca (…) e o seu exercício traduz-se na manifestação de uma vontade actual, e não na ‘representação de uma vontade anteriormente expressa’”, lê-se no acórdão. Os seis bisnetos de Eça de Queiroz que tinham avançado com uma providência cautelar para impedir a trasladação dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional anunciaram ainda em Outubro recurso da decisão, depois de conhecida a primeira decisão do tribunal. Dos 22 bisnetos do escritor, 13 concordaram com a trasladação para o Panteão Nacional, havendo ainda três abstenções. Também a Fundação Eça de Queiroz, presidida pelo escritor Afonso Reis Cabral, é favorável à trasladação, tendo sido a primeira a avançar para este processo. Eça de Queiroz, autor de grandes obras da literatura portuguesa como “Os Maias” ou “O Crime do Padre Amaro” morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa.
Hoje Macau EventosPintura de Klimt desaparecida durante 100 anos vai a leilão em Viena O “Retrato de Fräulein Lieser”, pintura de Gustav Klimt (1862-1918) redescoberta após quase 100 anos desaparecida, vai a leilão em Abril, na Áustria, com uma estimativa de 49 milhões de euros, pela leiloeira vienense im Kinsky. O retrato, que era propriedade privada de um cidadão austríaco, desconhecido do público, foi redescoberto e é considerado “um dos mais belos do último período criativo de Klimt”, artista-chave da Arte Nova vienense, um movimento modernista da época. O “Retrato de Fraulein Lieser” – indica a leiloeira em comunicado – pertenceu a uma família judia na Áustria e foi visto em público pela última vez em 1925, “com um destino desconhecido desde essa altura, mas a família austríaca dos actuais proprietários tem o quadro desde a década de 1960”. A leiloeira estima um valor de 54 milhões de dólares para a venda do retrato. Leilão em Hong Kong A obra de Gustav Klimt é conhecida em particular pelos retratos de mulheres bem-sucedidas da classe média-alta do início do século XX, e esta é uma das últimas criações, assinalou a casa de leilões, destacando que “há décadas que um quadro de tal raridade, significado artístico e valor não está disponível no mercado de arte da Europa Central”. Antes de ser apresentado a leilão, marcado para 24 de Abril, na leiloeira im Kinsky, em Viena, o “Retrato de Fräulein Lieser” irá viajar por todo o mundo em cooperação com o LGT Bank, nomeadamente pela Suíça, Alemanha, Grã-Bretanha e Hong Kong. Após o regresso a Viena, o quadro será leiloado “em nome dos actuais proprietários, juntamente com os sucessores legais de Adolf e Henriette Lieser, com base num acordo em conformidade com os Princípios de Washington de 1998”, indicou o mesmo comunicado da leiloeira, referindo-se ao acordo internacional de devolução de obras de arte aos descendentes dos espoliados durante o período nazi. Em Junho de 2023, um dos últimos retratos criados por Gustav Klimt foi vendido em leilão, em Londres, por 85,3 milhões de libras, atingindo um recorde para uma obra de arte leiloada na Europa. Vendido a um colecionador de Hong Kong acima da estimativa de 65 milhões de libras, o quadro “Dama com Leque” ultrapassou assim o recorde anterior, da escultura “Walking Man I”, de Alberto Giacometti, também vendido na Sotheby’s, em 2010.
Hoje Macau China / ÁsiaEspionagem | Confirmada condenação de empresário britânico A China confirmou na passada sexta-feira que um empresário britânico que vive no país há cerca de quatro décadas foi condenado a cinco anos de prisão em 2022, acusado de espionagem. Ian J. Stones foi condenado por fornecer informações a “forças externas”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, quando questionado sobre o caso. Wang não forneceu mais pormenores sobre as acusações. O Reino Unido e os Estados Unidos, entre outros países, alertaram já para o risco de detenção ao abrigo das leis de segurança nacional da China. No ano passado, um funcionário de uma empresa farmacêutica japonesa foi detido por suspeita de espionagem. Uma nova versão da lei, que entrou em vigor a 1 de Julho de 2023, aumentou as preocupações entre empresários, jornalistas e académicos na China. O caso de Stones não era conhecido até ser noticiado na quinta-feira pelo The Wall Street Journal. O empresário, que tem 70 anos, trabalhou na China durante cerca de 40 anos. Entre os seus empregadores contavam-se a General Motors e a Pfizer, antes de criar uma empresa de consultoria, a Navisino Partners, há cerca de 15 anos. No ano passado, organizações empresariais e governos estrangeiros pediram maior clareza sobre o que as empresas estrangeiras estão autorizadas a fazer ao abrigo da lei de contraespionagem. As rusgas aos escritórios de três empresas estrangeiras, duas consultoras e uma empresa de diligência prévia, deixaram ainda mais inquieta a comunidade empresarial. “Poderá ser detido sem ter tido intenção de infringir a lei”, afirma o governo britânico no seu guia de viagem para o estrangeiro. Stones recorreu da sua condenação, mas um tribunal confirmou a decisão original em Setembro, disse Wang. Segundo o tribunal, o caso foi tratado “de acordo com a lei, garantindo os direitos e interesses legítimos das partes chinesas e estrangeiras envolvidas”.
Hoje Macau China / ÁsiaDeslizamento | Declaradas mortas as 44 pessoas soterradas em Yunnan As 44 pessoas que ficaram soterradas na sequência de um aluimento de terras ocorrido na semana passada, na província de Yunnan, no sul da China, foram declaradas mortas, informou a agência noticiosa oficial Xinhua, na passada sexta-feira. Segundo informações anteriores, o número de mortos ascendia a 34 e o número de desaparecidos a dez. As autoridades locais anunciaram o fim dos trabalhos de resgate na quinta-feira à noite, segundo a agência. No total, 918 pessoas foram retiradas para um local seguro, informou o Governo. As autoridades afirmaram que vão intensificar os esforços de alerta e o controlo para evitar futuras catástrofes. O incidente ocorreu às 05:51 horas locais da passada segunda-feira no condado de Zhenxiong, situado no norte da região, e afectou cerca de 18 famílias na zona baixa entre duas montanhas. De acordo com uma investigação preliminar, citada pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, a massa de terra que desabou tinha cerca de 100 metros de largura, 60 metros de altura e uma espessura média de seis metros. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a um esforço “total” para procurar e resgatar as pessoas soterradas, disse a Xinhua. O aluimento de terras ocorreu pouco mais de um mês depois de o terramoto mais forte dos últimos anos ter atingido a China a noroeste, numa região remota entre as províncias de Gansu e Qinghai. Pelo menos 149 pessoas morreram no terramoto de magnitude 6,2 na escala de Ritcher, registado a 18 de Dezembro. Cerca de 1.000 pessoas ficaram feridas e mais de 14 mil casas foram destruídas, na sequência do sismo mais mortífero dos últimos nove anos na China.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Xi Jinping elogia laços com França face às “incertezas globais” O Presidente da China saudou na passada sexta-feira os laços com a França, no 60.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas, e apelou para o estreitamento das ligações entre Pequim e Paris em resposta às tensões globais. “As duas partes devem desenvolver incessantemente as relações bilaterais e responder às incertezas do mundo com relações estáveis”, afirmou Xi Jinping, numa mensagem vídeo transmitida durante uma cerimónia em Pequim para assinalar o aniversário. Em 1964, por iniciativa do general Charles de Gaulle, a França tornou-se o primeiro grande país ocidental a estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China. Esta decisão, ousada na altura, é regularmente citada pelos responsáveis chineses como um exemplo de diplomacia independente. Os Estados Unidos esperaram até 1979 para estabelecer relações diplomáticas com Pequim. No regresso de uma visita à China, em Abril, o Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu à UE “para não seguir” Washington na questão de Taiwan, posição que suscitou críticas no Ocidente, mas foi muito bem acolhida na China.
Hoje Macau China / ÁsiaHuthis | EUA pedem a Pequim para pressionar Irão devido aos ataques no Mar Vermelho As autoridades de segurança americanas tentam que a China use a sua influência para atenuar o clima de tensão cada vez maior que se vive no Médio-Oriente. Para breve, ficou agendada uma conversa telefónica entre Xi e Biden O conselheiro nacional de segurança dos EUA, Jake Sullivan, pediu no sábado ao ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, durante conversações na Tailândia, para usar a influência chinesa junto do Irão para desanuviar as tensões no Médio Oriente. Os dois responsáveis também concordaram em garantir para breve uma conversa telefónica entre o Presidente dos EUA Joe Biden e o líder chinês Xi Jinping. Os encontros que decorreram entre sexta-feira e sábado em Banguecoque, na sequência das discussões entre os dois Presidentes em Novembro na Califórnia, seguiram-se às eleições em Taiwan e ao reinício do diálogo entre responsáveis militares dos EUA e China, que se mantinha congelado. O encontro também coincide com os ataques dos Huthis do Iémen apoiados pelo Irão e que ameaçam o comércio marítimo do mar Vermelho. Um alto responsável norte-americano, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), disse que Sullivan insistiu na importante influência económica da China no Irão e enfatizou sobre o efeito desestabilizador dos ataques dos Huthis no comércio internacional. O mesmo responsável sublinhou que a China já apelou à redução das tensões, mas considerou ser demasiado cedo para saber se Pequim pretende utilizar o seu “músculo diplomático” para pressionar Teerão. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês indicou ainda que Wang disse a Washington para manter o compromisso em não apoiar a independência de Taiwan. Wang disse que as eleições taiwanesas, que deram a vitória a Lai Ching-te, não alteram a posição chinesa de que a ilha é parte integrante da China, e que o maior desafio nas relações EUA-China reside na questão da “independência de Taiwan”, de acordo com um comunicado do ministério. Biden assinalou que não apoia a independência, mas os EUA dizem permanecer comprometidos na defesa de Taiwan face a eventuais ameaças. A mesma fonte oficial admitiu ainda que a próxima conversa entre Biden e Xi poderá ocorrer nos próximos meses. Momento de reflexão Wang e Sullivan encontraram-se previamente na ilha mediterrânica de Malta e em Viena em 2023, antes do encontro Biden-Xi na Califórnia. Em Novembro passado, os dois lados promoveram modestos acordos para combater o tráfico ilegal de fentanil e restabelecer os contactos militares, impedindo um agravamento das relações. Na manhã de sábado, as autoridades de Taiwan disseram que a China enviou mais de 30 aviões e um grupo de navios em direcção à ilha durante um período de 24 horas, incluindo 13 aviões que cruzaram a linha divisória do Estreito de Taiwan. Wang também indicou que a China e os EUA vão utilizar o 45.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas bilaterais, em 2024, como uma oportunidade para reflectir sobre experiências do passado e promover um tratamento igualitário entre os dois países, evitando uma atitude condescendente. Conversas frutíferas A China descreveu como “francas” e “substanciais” as discussões entre o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Os dois responsáveis estiveram reunidos em Banguecoque, na Tailândia, e abordaram a questão de Taiwan. “As duas partes mantiveram discussões estratégicas francas, substanciais e frutuosas” sobre “a forma de gerir adequadamente as questões importantes e sensíveis das relações sino-americanas”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado.