GIF | Número de participações de transacções suspeitas foi o mais elevado da década

[dropcap]O[/dropcap]Gabinete de Informação Financeira (GIF) nunca tinha recebido tantas participações de transacções suspeitas de branqueamento de capitais e/ou financiamento de terrorismo como no ano passado, totalizando 3085. Apesar das crescentes denúncias – aumentaram um terço em termos anuais – os casos enviados para o Ministério Público para posterior investigação diminuíram (foram 135 contra 240 em 2016).

A indústria do jogo manteve-se como a actividade que deu origem ao maior número de transacções suspeitas reportadas (2.074 ou 67,2 por cento), seguindo-se o sector financeiro, que inclui a banca e as seguradoras, (746 ou 24,2 por cento) e outras instituições (265 ou 8,6 por cento).

O GIF atribui o “crescimento significativo” de transacções suspeitas aos “contínuos e crescentes programas de divulgação” que têm realizado no âmbito do combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo que, a seu ver, aumentaram “a consciencialização” e o sentido de alerta dos operadores de diferentes sectores.

Os sectores referenciados, como os casinos, são obrigados a comunicar às autoridades transacções financeiras que considerem suspeitas e todas as que incluem montantes de valor igual ou superior a 500 mil patacas.

O número de participações tem vindo a subir ao longo dos últimos anos, salvo pontuais descidas: aumentou de 725 em 2007 para 838 em 2008 e para 1156 em 2009. Em 2010 foram reportadas 1220, no ano seguinte 1.563 e em 2012 um total de 1840. Em 2013, o número diminuiu para 1595 denúncias, mas aumentou para 1.812 em 2014. Em 2015, caiu ligeiramente para 1807, voltando a subir para 2321 em 2016.

Para atender a padrões internacionais, o Governo avançou com a revisão da lei contra o branqueamento de capitais e da prevenção e repressão dos crimes de terrorismo (ambas de 2006), cujas alterações entraram em vigor em Maio. Também pôs em curso outras medidas, criando, por exemplo, um regime de execução de congelamento de bens, que surgiu com o reconhecimento da “insuficiência” de um mecanismo que permitisse uma execução eficaz do congelamento de bens decretado pelo Conselho de Segurança da ONU.

A 1 de Novembro entrou em vigor a lei sobre o Controlo do Transporte Transfronteiriço de Numerário e de Instrumentos Negociáveis ao Portador, que obriga à declaração nas fronteiras do transporte de dinheiro ou instrumentos negociáveis ao portador no valor igual ou superior a 120.000 patacas. O diploma visa responder a uma das 40 recomendações no âmbito do combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo emitidas pelo Grupo de Acção Financeira (GAFI).

5 Mar 2018

Alto de Coloane | Empresário diz que há novo investidor para terreno

Sio Tak Hong, empresário ligado à Win Loyal Development, empresa que comprou o terreno no Alto de Coloane, disse em Pequim que já há um novo investidor para o projecto. Isto apesar do CCAC defender que a concessão é ilegal e que o lote deve passar para a Administração

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] terreno que está a ser alvo de uma investigação por parte do Ministério Público (MP) continua, ainda assim, a gerar interesse por parte dos investidores. De acordo com a imprensa chinesa, o empresário Sio Tak Hong, ligado à empresa Win Loyal Development, que adquiriu o terreno no Alto de Coloane referenciado no último relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), garantiu que há um novo investidor, tendo negado que a empresa continue com o projecto já entregue à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT).

Sio Tak Hong encontra-se em Pequim onde participa nas reuniões da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), de que é membro. O jornal Ou Mun escreve que o empresário adiantou já nada ter a ver com o projecto habitacional (estava prevista a construção de uma torre de apartamentos com 100 metros de altura), tendo frisado que duvida da possibilidade de a empresa vir a ser acusada de ilegalidades. De facto, André Cheong, comissário do CCAC, frisou que, por enquanto, a empresa é “lesada” no caso, pois alegadamente nada sabia quando adquiriu o terreno.

Recorde-se que o terreno onde se localiza a fortaleza militar construída pelos portugueses há mais de 400 anos foi comprado em 1903 por Choi Lam, mas nunca foi desenvolvido até à sua morte. Em 1991, dois moradores da vila de Coloane, de nome Vong Tam Seng e Vong Tak Heng, conseguiram provar em tribunal, com base numa certidão passada pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) com dados falsos, que eram proprietários do terreno, por serem netos de Choi Lam. Conseguiram também a emissão de uma planta pela DSCC com base em dados falsos.

O CCAC, no decurso da sua investigação, chegou à conclusão que não só o parentesco não ficou devidamente provado como foi alterada a verdadeira dimensão do terreno, que na verdade não tinha 53.866 metros quadrados, mas apenas “algumas centenas de metros”. Por essa razão, o CCAC entende que a concessão deve ser anulada, bem como o projecto em curso na DSSOPT, e que o Governo deve reaver o terreno.

Preocupação parlamentar

Entretanto, o deputado Au Kam San interpelou o Governo sobre este caso, tendo defendido que o terreno deve passar para as mãos da Administração imediatamente, uma vez que o CCAC já considerou a concessão ilegal. Em relação à prescrição do caso (os dois moradores de Coloane que venderam o terreno a Sio Tak Hong já faleceram), Au Kam San defende que os factos devem ser apurados.

Na interpelação escrita que assina, o deputado faz também referência ao caso da Fábrica de Panchões, cuja permuta de terreno foi considerada ilegal pelo CCAC e que está também ligado ao empresário Sio Tak Hong.

Au Kam San frisou que, até ao momento, não foi divulgada qualquer decisão neste processo sobre uma eventual recuperação do terreno pela Administração ou pagamento de compensações. Por isso, o deputado exige esclarecimentos da parte do Governo.

5 Mar 2018

IAS anuncia creche com vagas para crianças com necessidades educativas especiais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) anunciou a abertura de uma nova creche, a operar pela Caritas, que vai disponibilizar vagas para crianças com necessidades educativas especiais. Será a primeira do género, apesar de ainda não haver data para começar a funcionar.

A creche, com capacidade para acolher cerca de 200 crianças, vai oferecer 12 vagas destinadas a crianças com necessidades educativas especiais. No entanto, tal vai suceder apenas numa segunda fase, ou seja, sensivelmente meio ano depois da entrada em funcionamento, explicou a chefe da Divisão de Serviços para Crianças e Jovens do IAS, Lao Kit Im, citada pela imprensa chinesa.

“Em Macau não há, neste momento, creches para crianças com necessidades especiais, essas crianças não frequentam as creches regulares, mas antes centros específicos. A ideia é, por isso, encorajar as pessoas a aceitar os meninos com necessidades especiais independentemente das suas limitações”, explicou o secretário-geral da Caritas, Paul Pun, ao HM.

Actualmente, decorrem as obras de renovação do espaço onde funcionará a creche, que fica localizado no NAPE, explicou Paul Pun, dando conta que, uma vez concluídas, vão ser pedidas as devidas licenças como, por exemplo, de segurança contra incêndios.

Neste momento, não há uma ideia concreta relativamente à data de abertura, embora Lao Kit Im tenha sinalizado a possibilidade de as matrículas abrirem no segundo semestre do ano.

A chefe da Divisão de Serviços para Crianças e Jovens do IAS indicou ainda que, com base nos resultados da experiência-piloto, analisar-se-á depois a hipótese de, no futuro, se aplicar o mesmo modelo a outras creches.

Macau conta com 55 creches (37 subsidiadas e 18 privadas) as quais disponibilizam mais de 10 mil vagas, de acordo com dados do IAS.

5 Mar 2018

Construção | Ministra e Câmara de Setúbal discordam quanto a investimento de David Chow

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Ministra do Mar de Portugal diz que a Macau Legend terá desistido do projecto de construção da marina de Setúbal, enquanto a autarquia afirma que os planos de investimento do grupo liderado por David Chow continuam de pé.

“Houve uma desistência dos interessados” na marina de Setúbal, afirmou na Sexta-feira Ana Paula Vitorino, em declarações ao Setúbal Mais. A informação foi, contudo, desmentida por fonte do gabinete da presidência da autarquia sadina que indicou, ao mesmo jornal, que Maria das Dores Meira se reuniu há dias com o empresário David Chow. Fonte da autarquia garantiu que o grupo “continua a manifestar o seu interesse” em participar do concurso público que será lançado para a construção da marina.

O caderno de encargos para o concurso, a que a Macau Legend terá de concorrer para poder concretizar o projecto, encontra-se actualmente em preparação.

A Macau Legend firmou, no Verão de 2016, um memorando de entendimento com a Câmara de Setúbal relativo a um projecto de turismo, lazer e entretenimento, cuja primeira fase inclui um hotel, área comercial e residencial, um pavilhão multidesportivo, um parque de estacionamento e uma marina, num investimento na ordem dos 250 milhões de euros.

5 Mar 2018

Protestos | Governo quer avisos de manifestação comunicados directamente à PSP

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP), através da figura do comandante, vai começar os receber directamente os avisos de manifestação, substituindo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) nas funções. A proposta de alteração à lei sobre o Direito de Reunião e de Manifestação foi apresentada, na Sexta-feira, pelo Conselho Executivo, através do porta-voz, Leong Heng Teng.

Segundo a proposta de lei, as pessoas organizadoras de uma manifestação passam a ter de avisar o comandante da Polícia de Segurança Pública, em vez do presidente do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, como acontece actualmente.

Em causa, defendeu Leong Heng Teng, está o facto de segundo a situação actual o presidente do IACM ter de informar imediatamente a PSP sobre os pedidos de manifestação. Com as alterações, as forças da autoridade são avisadas directamente, eliminando-se a necessidade de esperar pela comunicação do IACM.

“O Governo sugere que sejam passadas as respectivas atribuições do IACM para o CPSP, com vista a um melhor desempenho das respectivas tarefas, a garantir a ordem e segurança pública durante o período de reuniões e manifestações, bem como elevar a eficiência de execução”, afirmou o porta-voz do Conselho Executivo.

Diabo nos detalhes?

Após a apresentação das alterações, Leong Heng Teng fez questão de sublinhar que as modificações “são pouco complexas” e apenas “processuais”. O porta-voz do Conselho Executivo clarificou igualmente que não vai haver qualquer modificação face aos Direitos de Reunião e Manifestação.

“Não vai haver qualquer transformação ao nível dos direitos civis. É só a questão do aviso prévio que é alterada, os outros conteúdos mantêm-se inalterados. É uma questão de gestão, até porque o IACM já tinha de avisar o CPSP sobre os pedidos”, apontou.

Leong Heng Teng revelou que as alterações vão ser feitas nos artigos 5.º, 7.º e 8.º da lei actual. No entanto, e no âmbito da transferência de poderes do IACM para a PSP, neste assunto, o porta-voz não abordou o artigo 6.º. O ponto da lei em causa define que caso uma manifestação seja recusada por se considerar que tem “fins contrários à lei”, como legalmente estipulado, que a comunicação é feita pelo IACM.

A lei vai agora ser discutida na Assembleia Legislativa e entra em vigor 30 dias depois de ser publicada no Boletim Oficial.

5 Mar 2018

CCPPC | Chan Meng Kam e Ho Fu Keong fazem propostas a Pequim

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com o Jornal do Cidadão, Chan Meng Kam, membro da Conferência Consultiva da Política do Povo Chinês (CCPPC) e ex-deputado à Assembleia Legislativa de Macau, apresenta em Pequim uma proposta para que o Governo Central coordene a criação de um mecanismo de resposta às catástrofes e de salvamento nas regiões Guangdong, Hong Kong e Macau.

Nesse sentido, Chan Meng Kam sugere a criação de um canal na fronteira que funcione de forma mais rápida em caso de ocorrência de catástrofes, para que pessoal de salvamento e materiais cheguem mais depressa ao seu destino.

Ho Fu Keong, outro membro da CCPPC, vai também apresentar uma proposta sobre a formação de talentos jovens ligado ao projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Na sua proposta, Ho Fu Keong sugere o aproveitamento das vantagens de cada região para que se crie uma plataforma de formação, com a aposta em programas de intercâmbio.

5 Mar 2018

Pequim | “Elevado alerta” sobre ideias de independência de Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Chen Sixi, vice-director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, disse na capital chinesa que a RAEM tem vindo a implementar o princípio “Um País, Dois Sistemas” e que aqui não existem ideias que promovem a independência do território.

Chen Sixi afastou qualquer vestígio de semelhança entre o que se passa em Macau e Hong Kong, onde existe um movimento político dominado por partidos localistas. Um deles é o Demosisto, de Joshua Wong e Nathan Law.

Chen Sixi disse que o facto de não existir um movimento independentista em Macau deve ser reconhecido e mantido. De frisar que Sulu Sou, deputado suspenso temporariamente e pró-democrata, disse numa entrevista que não está a favor da independência de Macau e que essa é uma “falsa questão” no território.

O vice-director do Gabinete de Ligação em Macau acrescentou que tem sempre um elevado nível de alerta em relação à possível introdução do pensamento de independência de Hong Kong em Macau.

5 Mar 2018

APN | Cooperação na agenda do Chefe do Executivo em Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo partiu ontem para Pequim onde estará até Quarta-feira para participar na primeira sessão da 13ª Assembleia Popular Nacional (APN), que decorre hoje na capital chinesa.

De acordo com um comunicado oficial, Chui Sai On tem previstos vários encontros com responsáveis do Ministério do Comércio, da Administração de Alimentos e Medicamentos e da comissão de Desenvolvimento e Reforma. O mesmo comunicado aponta que “será assinado com a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma o acordo sobre a participação e apoio de Macau à programação geral para a concretização da iniciativa nacional ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong; o director do Gabinete de Comunicação Social, Victor Chan; a coordenadora do Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Exteriores, Lei Iut Mui; a presidente do Conselho de Administração da Macau Investimento e Desenvolvimento, Lu Hong, e o consultor principal do Gabinete de Estudo das Políticas, Mi Jian, entre outros responsáveis, integram a delegação. Em Dezembro do ano passado, Chui Sai On deslocou-se a Pequim para apresentar o relatório sobre os trabalhos desenvolvidos ao longo de 2017 e as prioridades governativas para este ano.

5 Mar 2018

Imobiliário | Chefe do Executivo garante não querer beneficiar construtores

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo foi ontem questionado pelos jornalistas sobre a eficácia das medidas de combate à especulação imobiliária tomadas nos últimos meses. Chui Sai On garantiu, antes de partir para Pequim, que “o mercado tem sofrido grandes oscilações” e prometeu continuar a lidar com os casos dos terrenos que devem passar para as mãos da Administração, que poderão originar mais habitações públicas.

Chui Sai On deixou ainda bem claro que não está a beneficiar os grandes construtores mas sim a população com estas novas medidas. “Quando me pronuncio, sou sincero. Na altura, estávamos a analisar as nossas informações para podermos impulsionar o desenvolvimento saudável do mercado. Também auscultamos muitas opiniões e queremos ajudar os jovens a adquirir a sua primeira habitação. Sou franco, não estamos a ajudar os construtores. Como Chefe do Executivo, nos últimos oito anos, fiz muito trabalho para impulsionar o mercado e ajudar os jovens.”

O Chefe do Executivo defendeu ainda que poderá não se pronunciar publicamente sobre o mercado. “Se acham que as minhas opiniões podem ser sensíveis não me irei pronunciar mais. Gostaria de sublinhar que não estou a ajudar os construtores e estou a trabalhar de acordo com a lei. Vemos que há uma grande oscilação no mercado imobiliário e ainda temos de acrescentar mais oferta de terrenos e impulsionar o desenvolvimento saudável do mercado”, frisou.

“Partimos do ponto de vista da população e servimos a nossa população. Porque é que divulgamos as informações? Porque queremos que a população tenha acesso a elas. Se acham que as informações que damos afectam o mercado, iremos rever as medidas que foram lançadas. Se acharem que eu, como Chefe do Executivo, não me devo pronunciar sobre esta matéria, a partir daí, posso não falar mais sobre essas informações. Mas se perguntarem, eu respondo”, concluiu ainda.

5 Mar 2018

Nam Van | Concessão de terrenos chegou ao fim. Governo ainda não fez nada

Há mais terrenos nas zonas C e D de Nam Van cujo prazo de concessão terá chegado ao fim há mais de um ano sem que tenha sido declarada a sua nulidade, para que se dê inicio ao processo de reversão. O Chefe do Executivo disse que existe uma ordem que está a ser cumprida pela tutela das Obras Públicas

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á muito que a zona onde se situa o lago Nam Van é pródiga em polémicas relacionadas com concessionários privados de terrenos e o Governo. Desta vez, ficou-se a saber que existem mais terrenos cujo prazo de concessão de 25 anos chegou ao fim há 20 meses, sem que o Governo tenha declarado a nulidade dessa mesma concessão.

Ontem, antes de partir para Pequim, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, foi questionado sobre este assunto, mas garantiu que todos os processos relacionados com terrenos estão a seguir uma ordem.

“Em termos de tratamento dos terrenos, estamos a efectuar os nossos trabalhos de acordo com a ordem. Iremos auscultar as opiniões dos nossos juristas para efectuar bem os trabalhos para o próximo processo administrativo e judicial. Iremos agir de acordo com a lei. Não se preocupem com este problema.”

Chui Sai On não adiantou um motivo particular para o facto de existirem terrenos que não só não terão sido aproveitados no tempo legal como ainda não estão nas mãos da Administração.

“Temos vários terrenos. Na Assembleia Legislativa todos os secretários, ao serem entrevistados pelos jornalistas, têm falado sobre a situação dos terrenos e a mudança de finalidade dos mesmos”, justificou apenas.

Reclamação empresarial

Um dos terrenos envolvidos neste caso foi concessionado à Imobiliária Tim Keng, sendo que o prazo de concessão chegou ao fim a 30 de Julho de 2016. A semanas do fim da concessão, a empresa emitiu um comunicado onde defendeu não ter a totalidade da culpa quanto à falta de aproveitamento do lote.

“Após a efectuação das fundações em estacas no ano de 2007, a Imobiliária Tim Keng Van, na esperança de ajustar a obra conforme o seu desenvolvimento, fez chegar sucessivamente à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes diversos pedidos, nomeadamente o da alteração do esquema de construção e do projecto das obras de estrutura da cave, mas nunca foram atendidos devidamente.”

Foi também exigido ao Governo que reinicie, “com a maior brevidade possível, o planeamento do desenvolvimento da Zona da Baía da Praia Grande”. “Após a controvérsia ao longo dos anos, todos os pedidos dos projectos em causa ainda ficaram por decidir. Ou seja, apesar da requisição ininterrupta, o Governo apenas alegou que ia dar todo o esforço para finalizar os respectivos planeamentos. Todavia, como é sabido publicamente, as autoridades nunca revelaram o novo planeamento, nem deram conhecimento do respectivo progresso”, sublinhou a empresa.

O Governo tornou público em 2015 que haveria um total de 48 terrenos cuja propriedade seria recuperada pela Administração, mas Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, já disse publicamente não ter a certeza se consegue reaver todos.

5 Mar 2018

Metro ligeiro | Governo vai recorrer da decisão que anula adjudicação. Chefe do Executivo confiante na data de funcionamento do segmento da Taipa

O Chefe do Executivo garantiu que o Governo vai recorrer da decisão do Tribunal de Segunda Instância que anula a adjudicação do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro. Chui Sai On mostrou-se confiante na entrada em circulação do segmento da Taipa em 2019

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, partiu ontem de Macau para Pequim para participar na abertura das reuniões da 13ª Assembleia Popular Nacional (APN). Antes de embarcar deu uma breve conferência de imprensa onde garantiu que o Governo vai recorrer da decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que anula o concurso público da adjudicação do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro. Recorde-se que a adjudicação foi feita à Companhia de Engenharia e de Construção da China por um valor superior de mil milhões de patacas e que todo o processo, que ganhou forma em 2016, foi aprovado por Chui Sai On.

“Respeitamos a decisão do tribunal e o caso está ainda em processo judicial. As informações que recebi é que estamos a tratar do processo de recurso e necessitamos de algum tempo para tratar disso.”

O representante máximo do Governo mostrou-se ainda confiante que a inauguração do segmento do metro ligeiro na Taipa acontecerá mesmo em 2019, apesar do funcionamento de todo o sistema de transportes estar dependente da obra do parque de materiais e oficinas.

“O secretário [para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário] tem feito muitas apresentações sobre o segmento do metro ligeiro na Taipa, que deverá entrar em funcionamento em 2019”, frisou.

Chui Sai On não precisou mais detalhes, nomeadamente se as obras do parque de materiais e oficinas terão ou não de ser suspensas. “Não sabemos se as obras terão ou não de parar depois da decisão do tribunal, têm de perguntar aos serviços em causa. O recurso pode ser apresentado e as obras ainda estão a decorrer, estas são as informações que obtive”, comentou.

Problema antigo

O acórdão do TSI, divulgado na passada Quinta-feira, dá conta que a comissão de avaliação das propostas apresentadas no concurso público falhou na apreciação das mesmas, de acordo com os critérios já definidos. Como tal, a obra terá de ser novamente adjudicada depois da realização de um novo cálculo de pontuação das empresas concorrentes.

O processo teve início pela mão da China Road and Bridge Corporation, empresa que ficou em segundo lugar no concurso público realizado em 2016.

Há muito que a obra do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro é uma dor de cabeça para o Governo e para quem trabalha no projecto, pois é a génese de todo o sistema de transportes. Primeiro foram os atrasos na obra, justificados pelo empreiteiro com a falta de pessoal, e depois foi o problema das carruagens, que já chegaram ao território mas que estão paradas a aguardar o arranque o segmento da Taipa.

Em Junho de 2016, o secretário Raimundo do Rosário mostrou-se confiante quanto à resolução do problema ligado ao parque de materiais e oficinas, tendo avançado com um orçamento inicial de 11 mil milhões de patacas, um valor que poderá agora ser maior, com uma nova adjudicação.

Este valor era, de facto, uma estimativa, e Raimundo do Rosário fez questão de explicar a importância do parque de materiais e oficinas para todo o metro ligeiro. “O Parque de Materiais e Oficina não serve só a linha da Taipa, servirá depois Coloane, e também em parte Macau. Entretanto, todo o custo do parque foi imputado nestes 11 mil milhões da Taipa”, indicou.

No concurso público de 2016 foi mesmo adoptada uma nova metodologia para os trabalhos, com a previsão de prémios e multas. Caso o empreiteiro cumprisse os 14 prazos definidos teria direito a um bónus de oito por cento, ou seja, 80 milhões de patacas. É comum adoptar-se este modelo nas obras privadas, disse o secretário.

5 Mar 2018

Novo Macau pede criação do órgão para queixas de assédio sexual

[dropcap style=’circle’]A [/dropcap] presidente da Associação Novo Macau, Kam Sut Leng pretende que se dê resposta aos casos de assédio sexual sem contacto físico. De acordo com um comunicado, a dirigente associativa entende que a legislação de Macau apenas contempla os actos de assédio em que tenha ocorrido contacto físico. Porém, considera que a lei deve contemplar igualmente o assédio verbal e os incómodos permanentes, áreas em que as vítimas continuam com dificuldade para acusar os agressores. Para isso, a presidente sugere que o Governo tome como exemplo as medidas adoptadas em Hong Kong e crie um órgão independente para mediação e dar seguimento às denúncias de assédio sexual que não envolvem actos de contactos físicos. Além disso, Kam Sut Leng considera que o Governo deve estabelecer um sistema para registar os números relativos às denúncias, processos iniciados, acusações e casos arquivados de assédio sexual para facilitar a futura alteração da lei e a elaboração de políticas.

5 Mar 2018

Os sítios entre sítios

[dropcap style≠‘circle’]H[/dropcap]á locais cuja função inerente lhes confere a estranha propriedade de se situarem entre mundos. Os hotéis e os aeroportos são alguns exemplos possíveis desses lugares. Não se destinam a ser permanentemente utilizados ou habitados por quem os frequenta. São pontos de passagem, apeadeiros, horizontes provisórios entre locais de partida e locais de chegada.

Devido à sua natureza transitória, acabam frequentemente por revelar propriedades confessionais. Como o estranho que conhecemos num bar e a quem entregamos a guarda dos segredos que seríamos incapazes de confiar a família e amigos, estes pontos tangenciais tornam-se numa espécie de refúgio onde a vida, deixada à porta, pode ser observada de longe como se fôssemos espectadores desinteressados da sua ocorrência.

Os hotéis são intervalos habitáveis. Nunca se destinando a um uso permanente e desprovidos da familiaridade que até numa casa de férias se obtém passado pouco tempo, a impessoalidade dos quartos de hotel permite criar um enclave entre a vida e aquele que vive semelhante a um instante de silêncio numa cidade ruidosa. A ausência de marcas pessoais, de cheiros e a higienização permanente a que são submetidos os quartos retiram, de algum modo, aquilo que de humano perpassa uma casa. E essa ausência de roupagem humana e da vida a que isso corresponde transforma de facto o modo como olhamos para a nossa própria vida e, de algum modo, cria um espaço especular onde o olhar do sujeito, incapaz de se deter no somatório das coisas anónimas que compõem e pontuam o espaço, acaba por regressar ao ponto de partida e incidir sobre o próprio sujeito.

As estadias prolongadas nestes espaços intersticiais acabam por alterar a coloração da vida. Esta parece menos intensa do que é, menos real. Tal como um sonho, no qual tudo é idêntico à realidade e só se distingue desta última quando se acorda, a vida nos quartos de hotel parece-se em tudo com a vida fora deles. Mas quando o sujeito regressa a casa, o seu millieu devolve-lhe não somente a familiaridade mas também a inteireza da vida. Chegar a casa depois de uma longa estadia num hotel é, de algum modo, acordar. E acordar pode ser um alívio ou uma desilusão. Tudo depende do sonho e da realidade para onde o sujeito regressa.

Amiúde, todos precisamos de um sítio onde possamos deixar os problemas à porta como se deixam guarda-chuvas molhados à entrada de um café. Eles não desaparecem – nem os guarda-chuvas nem os problemas – mas a sua influência diminui consideravelmente e respirar volta a ser possível. Um sítio onde, afastados da azáfama de uma rotina que erroneamente acreditamos ter escolhido e que, na verdade, nos calhou, possamos fechar os olhos sem ser para dormir. Um sítio onde tenhamos um vislumbre de nós mesmos. E, por vezes, os quartos de hotel são esse sítio, esse monastério possível da pós-modernidade.

5 Mar 2018

Novos valores de partos dividem opiniões no Fórum Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] proposta de aumento dos preços dos partos para trabalhadoras não residentes dividiu opiniões no programa do “Fórum Macau”, organizado pela TDM. Chan Tak Seng e Paul Pun, respectivamente, da Aliança de Povo de Instituição de Macau e da Caritas, estão preocupados com os resultados infelizes que pode acarretar, enquanto a deputada Wong Kit Cheng entende que a medida vai na direcção certa.

A vice-presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau, Wong Kit Cheng, defende que a proposta de aumento das taxas dos partos para trabalhadoras não residentes no hospital público segue na direcção certa. No programa “Fórum Macau”, da TDM, a deputada reproduziu queixas que lhe foram transmitidas por locais, que manifestaram a sua preocupação com o crescente número de parturientes não residentes devido aos baixos custos e ao serviço facilitado. Wong Kit Cheng também falou da elevada pressão exercida sobre os recursos humanos, e os efeitos na qualidade dos serviços prestados, considerando que, ao esbaterem-se as diferenças em termos de preçário entre o público e o privado, as não residentes terão mais opções, aliviando a pressão no Centro Hospitalar Conde de S. Januário.

Já Chan Tak Seng não discorda que haja um ajustamento, mas manifestou-se contra os novos valores propostos, alertando que pode levar as trabalhadoras não residentes a optarem pelo aborto ou por dar à luz em casa sem ajuda. “Os trabalhadores não residentes também fazem parte da nossa sociedade. Uma vez que vieram para aqui trabalhar legalmente, temos a responsabilidade de cuidar deles”, disse ainda o vice-presidente da Associação Aliança de Povo de Instituição de Macau.

O secretário-geral da Caritas de Macau também considera razoável que exista uma actualização das taxas dos partos, mas dado que o novo preçário pode “custar alguns meses de salário” às trabalhadoras não residentes, Paul Pun também alerta para a possibilidade de acontecer uma tragédia em Macau.

5 Mar 2018

Expat de Hong Kong

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]vanço pelas ruas da rainha de cabeça alta, debaixo dos meus ténis estende-se um Império perdido. Cada passo que dou é a afirmação do domínio intrínseco que tenho sobre este mundo.

Sou o protótipo do novo explorador, deslocado a meio mundo de distância da minha santa terrinha dos arrabaldes de Manchester, Joanesburgo, Toulouse ou Toronto. Trouxe as minhas raízes na bagagem, mas o meu coração ficou em Hackney, ou nos arredores de Paris, não interessa a proveniência porque palpito suburbanidade a cada batimento cardíaco. Como nunca cheguei a sair de casa, não consigo conceber o sítio onde estou, apenas o ténue arrebatamento do sucesso construído além-fronteiras.

A vaidade embriaga-me mais do que os rios de Prosecco a que me obriguei a gostar. Vivo na minha bolha sem compreender esta terra que me acolheu. O que querem estes milhões de pessoas que nem sequer têm a hombridade de falar uma palavra de inglês? Por que carga de água secam tanto peixe?

Não me levem a mal, gosto do exotismo, de mergulhar nele, mas só um dedinho de pé no largo oceno chinês. Para mim, a China é uma manhã louca na selvajaria mercantil de Mongkok e Sham Shui Po, onde barrigas de meia idade são exibidas ao sol enquanto digerem refeições em que entranhas são o ingrediente rei. Entranhas nas entranhas, interior no interior. Essa é a China que testemunho, em pequenas doses calculadas antes de me enfiar de novo num anónimo centro comercial.

Faço por não ver a realidade do dragão que plana sobre a minha cabeça, reduzindo-o apenas à crueza dos turistas chineses que inundam o Soho. Para mim, a China resume-se às hordas de turistas que cuspem catarro na calçada e compram toneladas de Chanel através do WeChat.

Apesar de terem bastante muito mais dinheiro que eu, jamais poderão chegar aos calcanhares da velha riqueza pós-imperialista que olha para todo o mundo como um aglomerado de camponeses iletrados.

A China é Central e Causeway Bay e todas as reminiscências europeias vincadas pela profusão de marcas que me aconchega como um abraço maternal. O meu lar é uma qualquer Starbucks que reconheça o meu cartão de cliente. Nunca estou só porque tenho o consumo para me fazer companhia, os laços estreitos de emotividade que estabeleci com marcas que vieram comigo para o oriente. O comércio multinacional é a minha família.

Hong Kong podia ser um bairro de Londres deslocado territorialmente, poderia ser trasladado para o meio do Índico, para o sopé dos Himalaias, para a brancura do Deserto do Atacama que seria igual. As mesmas Gucci, Macdonalds e todos os lugares comuns do comércio a cada esquina.

Mas, já que estou aqui, quero uma refeição vegan sem glúten, claro, um brunch eterno regado copiosamente a champanhe, quero uma tonelada de quinoa e pós de proteínas para me insuflar os bícepes depois do ginásio. Quero aparecer altaneiro em bares onde a pretensão se serve em copo alto, musicado por mau gosto que não consigo discernir. Anexada ao meu braço está a namorada desta semana, um híbrido genético local que mistura o sangue de um holandês com uma chinesa. Que se chame Cindy e que não seja demasiado oriental, nem branca demais para não me fazer lembrar as Jezebéis da minha terra.

Cena quente! Ela quer ser ocidental e eu sou o colonizador horizontal, louro, cosmopolita, com a alma mergulhada na alta finança que subjuga o mundo. Sou uma cópia do Patrick Bateman, o assassino higiénico do American Psycho. Uso o cabelo impecavelmente penteado para trás, projecto expoentes de superficialidade apurada, fato domingueiro a roçar o desportivo, botões de punho de ouro, sapatos feitos por medida.

A minha existência resume-se a um compêndio de gadgets que colecciono no meu cubículo de 15 mil dólares por mês. A minha existência não ficaria completa sem leasings e cartões de crédito por pagar. Quando partir desta terra não vou deixar nada, nem levar nada. O mistério do oriente permanecerá por desvendar, até porque nunca mergulhei verdadeiramente nele.

5 Mar 2018

Órgãos Municipais | Relatório da consulta pública sem números de opiniões

O relatório da consulta pública sobre a criação dos órgãos municipais sem poderes políticos omite o número de opiniões recolhidas. O Governo também não revela o número de opiniões a favor e contra a eleição dos membros do futuro IACM. No entanto, recusa ter havido medo de trazer os números a público

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo omitiu do relatório da consulta pública o número de opiniões a favor e contra o método de eleições para a escolha da constituição dos futuros órgão municipais. Além disso, e ao contrário do que é habitual, o relatório só foi apresentado na sexta-feira, às 15h00, numa altura em que já decorria a conferência de imprensa do Conselho Executivo sobre a apresentação da proposta de lei.

Em relação aos números, as únicas referências aparecem na página quatro do relatório da consulta pública, um documento com 35 páginas, na versão portuguesa. Através dos dados publicados, sabe-se que nas três sessões de consulta foram ouvidas 80 opiniões. Sobre o número de opiniões recebidas através da internet, correio, fax, ou semelhantes, nem uma palavra.

Por essa razão, o documento também não permite perceber a percentagem das opiniões a favor e contra a organização de eleições para escolher os membros dos órgãos municipais.

Presente na conferência de imprensa do Conselho Executivo, o director dos Serviços da Administração e Função Pública (SAFP), Kou Peng Kuan, não quis responder à questão e evitou avançar com uma percentagem do número contra e a favor de eleições.

“Recebemos mais de 1600 opiniões, metade são opiniões sobre a forma da constituição deste órgão. Também recebemos opiniões sobre as eleições, mas está muito claro. Este órgão municipal, segundo a nossa proposta, vai manter a nomeação pelo Chefe do Executivo”, disse Kou Peng Kuan, depois de ter sido questionado mais de três vezes sobre uma percentagem.

Depois de muita insistência dos jornalistas e de ter dito que tinha sido feita “uma análise profunda das opiniões”, Kou concedeu que talvez haja mais trabalho para fazer. “Quanto às eleições, ainda temos de fazer mais uma classificação, porque tivemos várias opiniões”, constatou.

Apesar da falta de números, o director dos SAFPM defendeu que o relatório dá uma visão correcta dos argumentos contra e a favor das eleições.

Sobre o facto do relatório ter sido revelado ao mesmo tempo que a conferência de imprensa, o representante do Governo afirmou que, legalmente, existe um prazo de 180 dias para o fazer, que foi cumprido. Por outro lado, Kou negou que tenha havido receio por parte das autoridades de revelar o número de opiniões pró-eleições: “Não, não, não. Não existiu essa situação. Quisemos conjugar os trabalhos com o Conselho Executivo”, justificou.

Imposição Central

Segundo as palavras de Kou, a adopção da realização de eleições nunca foi verdadeiramente considerada, mesmo durante a consulta pública. Em causa está o facto do Governo Central ter feito a interpretação que as eleições dotavam os órgãos municipais de poderes políticos.

“O relatório final inclui as opiniões da sociedade. Quer estejam de acordo, ou não. Este órgão municipal sem poder político tem de obedecer à Lei Básica e ao Desenvolvimento de Macau”, avisou o representante do Executivo.

“Nós recolhemos opiniões mas antes já tínhamos as interpretações do Governo Central. Considerámos que na questão da constituição dos órgãos municipais, temos de seguir a Lei Básica. Se for feita uma eleição dos membros, difere-se da Lei Básica”, explicou.

A versão da proibição pelo Governo Central face às eleições já tinha sido levada à Assembleia Legislativa, por Sónia Chan, a 5 de Janeiro deste ano. Antes da secretária para a Administração e Justiça ter falado, também o número dois do Gabinete Jurídico do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zhang Rongshun, tinha declarado, ao canal chinês da Rádio Macau, que as eleições eram vistas como uma violação da Lei Básica.

Lealdade ao Governo

De acordo com o relatório da consulta, os argumentos em prol da nomeação dos membros dos órgãos municipais pelo Chefe do Executivo sustentam-se em três pontos: 1) as eleições acarretam automaticamente poderes políticos; 2) as eleições comprometem a lealdade ao Governo;3) os órgãos distritais de Hong Kong têm eleições porque são meramente consultivos, enquanto em Macau vão ser administrativos.

No lado das opiniões a favor do sufrágio, defende-se que as eleições não acarretam poderes políticos, que o facto de um órgão ser eleito não coloca em causa a sua missão de agir em prol do Governo e, por último, a Lei Básica de Hong Kong permite eleições para órgãos sem poderes políticos.

Tendo em conta os argumentos, o documento conclui que como os órgãos municipais não são políticos não podem ser “representativos” nem ter “eleições”. O Governo defende ainda que caso houvesse eleições, a legitimidade dos “órgãos municipais para gerir os assuntos municipais” caberia aos residentes, em vez de pertencer ao Governo. O facto é visto como uma questão de representatividade, logo ilegal, diz o Executivo.

Por último, o Governo recusa comparar os órgãos distritais de Hong Kong com os órgãos municipais de Macau. O Executivo considera que os órgãos municipais devem ser comparados com o Urban Council e Regional Council, que o Governo da RAEHK quis extinguir, ainda antes transferência da soberania, em 1997, pelo facto dos membros serem eleitos por sufrágio directo.

Escolha do Chefe Executivo

Segundo a metodologia da escolha do Chefe do Executivo da RAEM, constante nos anexos da Lei Básicos, os órgãos municipais devem estar representados na Comissão Eleitoral, que é composta por dois membros. Na consulta pública foi sugerido ainda que os representantes na comissão eleitoral deviam ser dois e que fossem eleitos entre e pelos membros do conselho de administração e os membros do conselhos consultivo dos órgãos municipais. O Governo mostrou abertura à proposta e frisou que esta sugestão cumpre a Lei Básica.

 

 

Instituto para os Assuntos Municipais em 2019

Os órgãos municipais sem poderes políticos vão entrar em funcionamento a 1 de Janeiro de 2019, com o nome Instituto para Assuntos Municipais (IAM), que substitui o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). A proposta de lei foi ontem apresentada, em termos genéricos, numa conferência do Conselho Executivo, por Leong Heng Teng. O porta-voz do Conselho Executivo fez questão de sublinhar que os “direitos adquiridos” dos funcionários do IACM não vão ser afectados e que da transição não pode resultar “uma redução do seu vencimento e respectivos benefícios”.

 

Administração com oito membros

Segundo a proposta do Governo, a administração do Instituto para os Assuntos Municipais vai ter oito membros, um presidente, um vice-presidente e cinco administradores. Já o conselho consultivo vai ser constituído por 25 membros. Todas as pessoas vão ser nomeadas pelo Chefe do Executivo, um dos pontos que representa mais controvérsia. “Não faz mal que haja opiniões diferentes. A proposta de lei vai ser discutida na Assembleia Legislativa. Vai haver espaço para debater bem a questão”, afirmou Leong Heng Teng, sobre o assunto.

5 Mar 2018

Comércio externo de Macau sobe 31 por cento em Janeiro

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] valor total do comércio externo de mercadorias de Macau subiu, em Janeiro passado, 31 por cento para 9,65 mil milhões de patacas em relação ao mesmo mês de 2017.

Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), em Janeiro exportaram-se 1,23 mil milhões de patacas em mercadorias, ou mais 26 por cento do que no período homólogo.

No mês em análise, o valor da reexportação cresceu 34,8 por cento para 1,08 mil milhões de patacas, tendo sido registado também um aumento nas importações de 31,9 por cento (8,43 mil milhões de patacas) em termos anuais.

As exportações para a China continental atingiram, em Janeiro passado, 214 milhões de patacas, mais 92,4 por cento em termos anuais. O valor das exportações para as nove províncias do Delta do Rio das Pérolas, vizinhas de Macau, no sul do país, representou 99 por cento das exportações para o interior da China e cresceu 112,1 por cento em termos anuais.

Também as vendas para Hong Kong (810 milhões de patacas) registaram, no primeiro mês do ano, uma subida de 26 por cento, ao passo que os valores exportados para os Estados Unidos (15 milhões de patacas) e para a UE (13 milhões de patacas) desceram 30,8 por cento e 39,7 por cento, respetivamente, em termos anuais.

Em Janeiro passado, as importações da China continental (3,07 mil milhões de patacas) e da UE subiram 34,8 por cento e 16,7 por cento, respetivamente, em relação ao mês homólogo de 2017. Para os países de língua portuguesa, o valor importado de mercadorias cresceu, em Janeiro último, 17,4 por cento para 72 milhões de patacas.

O défice da balança comercial de Janeiro alcançou 7,20 mil milhões de patacas, de acordo com a DSEC.

2 Mar 2018

SS dizem que aumentos cobrem apenas parte das despesas

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) emitiram um comunicado a esclarecer o aumento das taxas moderadoras para partos realizados no hospital público, destinados às trabalhadoras não residentes (TNR) que não sejam casadas com residentes. No comunicado, os SS afirmam que “as taxas dos serviços de parto das TNR apenas representam metade do preço de custo”. “Para as parturientes TNR, com marido também não residente, e que são um grupo específico de pessoas, as taxas propostas são apenas metade do preço do custo do parto. Além de que os itens de serviços das taxas propostas incluem, apenas, parte da intervenção cirúrgica e operação durante o parto das parturientes.”

Os SS frisam ainda que “as taxas de alguns itens clínicos não foram ajustadas, como por exemplo: mantém-se as taxas relativas às despesas de análises, de imagem, de internamento e de material de consumo clínico”.

É ainda referido que as taxas moderadoras “não sofrem ajustamentos há quase 20 anos”, sendo que, entre 2015 e 2017, 28 por cento das mulheres que deram à luz no São Januário eram TNR. “Tem havido uma tendência de aumento da procura dos serviços de parto em Macau por parte de parturientes não residentes, o que constitui uma enorme pressão sobre os recursos de serviços médicos, tal como uma pressão sobre os recursos humanos”, pode ler-se.

Além disso, é referido que as grávidas não-residentes “nunca efectuaram exames pré-natal antes de virem para Macau”, o que “aumenta significativamente o risco durante o parto realizado no São Januário e afecta, ainda, os indicadores de saúde como a taxa de mortalidade neonatal e a taxa de mortalidade materna”.

Desta forma, “os SS esperam, através deste aumento de taxas, reduzir o número de parturientes não residentes de Macau que utilizam os serviços de parto do hospital público, com vista a poder centralizar os recursos na prestação de serviços às grávidas e parturientes locais, assegurando a saúde materno-infantil”.

2 Mar 2018

Presidente do grupo chinês que comprou Montepio Seguros sob investigação

[dropcap style≠‘circle’]Y[/dropcap]e Jianming, fundador e presidente do CEFC China Energy, que no ano passado adquiriu as seguradoras da Associação Mutualista Montepio, está “sob investigação” das autoridades na China, informou ontem a revista chinesa de informação económica Caixin.

Com sede em Xangai, o CEFC está no processo de compra das seguradoras do Montepio e a negociar a compra da Partex, petrolífera detida em 100 por cento pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Na China, onde o sector da energia é monopólio do Estado, o grupo privado CEFC constitui uma excepção: fundado em 2002, figura na 222.ª posição na lista das 500 maiores empresas do mundo da Global Fortune.

A firma tornou-se mundialmente famosa no ano passado, quando acordou pagar 7,4 mil milhões de euros por 14,16 por cento da petrolífera russa Rosneft.

O negócio pode estar agora ameaçado, segundo a Caixin, que cita fontes não identificadas e aponta relutância dos bancos em financiar aquela operação.

A Caixin, que é a principal publicação chinesa de informação económica, descreve o CEFC como uma “empresa que se destaca tanto pelo seu sucesso, como pela opacidade da sua estrutura”.

 

Bolsa reage

“A direcção é altamente dividida e a informação raramente circula entre diferentes segmentos do grupo”, acrescenta a revista, que cita fonte próxima da empresa.

No ano passado, uma proposta de 92 milhões de euros do CEFC pela empresa financeira norte-americana Cowen Group foi travada pelo Governo dos Estados Unidos por motivos de segurança nacional.

Também nos EUA, uma investigação anticorrupção chamou a atenção para o grupo, após Chi Ping Patrick Ho, que geria uma organização não-governamental em Hong Kong financiada pelo CEFC, ter sido acusado por um tribunal de Nova Iorque de corrupção e lavagem de dinheiro.

O Departamento de Justiça norte-americano acusa Ho de ter subornado funcionários do Chade e do Uganda em troca de contratos para uma empresa de energia chinesa. Registos públicos indicam que Ho representava a CEFC China’s China Energy Fund, em 2011.

Após as notícias de que Ye está sob investigação, as acções de várias subsidiárias do grupo afundaram. Na bolsa de Hong Kong, as ações do CEFC Hong Kong Financial Investment recuavam 22,8 por cento a meio da sessão de hoje.

O gigante chinês anunciou no final do ano passado a compra dos seguros do grupo Montepio e a transferência para Portugal da sede dos seus negócios financeiros. O CEFC está ainda em negociações para adquirir a Partex, petrolífera detida pela Fundação Gulbenkian com negócios no Médio Oriente, Angola e Brasil.

2 Mar 2018

Julien Jacob, chefe de pastelaria no restaurante Tasting Room

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]as suas mãos saem verdadeiras obras de arte de várias cores e formatos, que podem ser vistas na sua conta do Instagram. A elegância existe em cada bolo ou sobremesa que confecciona e este é o elemento mais importante para Julien Jacob no seu trabalho. Julien é francês e chefe de pastelaria no restaurante The Tasting Room, no City of Dreams, e adora o que faz. A sua ligação ao mundo do açúcar começou ainda em jovem, quando fazia bolachas e bolos com a mãe e as irmãs.

Nunca tinha estado na Ásia, até que foi convidado para integrar a equipa do restaurante localizado no Cotai, num dos muitos casinos que existem no território. “Decidi vir para Macau porque nos últimos anos temos visto que o sector hoteleiro e turístico tem-se tornado um dos mais conhecidos em todo o mundo, com grandes hotéis e restaurantes de cinco estrelas. O meu objectivo era ser chefe de pastelaria aqui e fui contactado por um dos melhores restaurantes em toda a Ásia. Convidaram-me para fazer parte de um projecto muito aliciante e foi aí que decidi vir”, contou.

Com a mente focada nos objectivos que cria para si próprio, e sempre a desejar testar receitas, Julien Jacob não tem dúvidas de que este é um bom lugar para trabalhar na pastelaria e experimentar coisas novas.

“Macau é um dos melhores lugares que mistura o mundo ocidental com o asiático, é um lugar bonito que nos deixa trabalhar.”

Antes de vir para a Ásia trabalhar, Julien passou por vários restaurantes no seu país de origem. Aqui pretende introduzir os seus conhecimentos de pastelaria francesa ao público chinês, mas sem os assustar com os sabores demasiado doces. O equilíbrio, garante, é o segredo.

“Cada país tem os seus próprios sabores no que diz respeito à pastelaria. Normalmente, buscamos o sabor doce e procuramos um equilíbrio entre a acidez e o sabor do açúcar. Como adaptamos isso ao mercado chinês? Estou a descobrir isso agora, porque na Europa incorporamos muitos sabores asiáticos na comida, trabalhamos com temperos japoneses, que podem ser picantes. Estou a lembrar-me do açafrão, por exemplo.”

Adaptar e ajustar são palavras que estão sempre presentes no vocabulário de Julien Jacob. “Quando faço a clássica pastelaria francesa tento sempre ajustar as minhas receitas ao mercado e às pessoas. Qualquer pessoa pode descobrir novos elementos, novas formas de cozinhar. Às vezes incorporamos outros ingredientes. Queremos trazer um equilíbrio em termos de sabores e manter sempre um toque asiático também,” conta.

Um dos grandes desafios que o chefe de pastelaria sentiu em Macau foi o clima, que torna mais difícil o seu trabalho. “O grande desafio que enfrentamos aqui é o clima, pois o tempo é muito húmido e isso influencia a forma como confeccionamos e mantemos as sobremesas. Quando vim para a Ásia todas as minhas receitas tiveram de ser ajustadas por causa disso. Macau , na verdade, é um mercado muito aberto e podemos ter acesso a ingredientes de todo o mundo, e o grande desafio é mesmo a humidade. Mas na verdade aprendi com isso”, frisou.

Algo “especial”

Julien Jacob poderia ter optado por ser um chefe de cozinha, mas a pastelaria seduziu-o desde cedo. “A pastelaria é especial porque existe em todo o tipo de gastronomias do mundo. Se formos à cozinha chinesa, temos pastelaria chinesa. Se formos à cozinha italiana, também encontramos sobremesas italianas. É um dos poucos segmentos da culinária que cobre todas as áreas.”

Em Macau já criou novas receitas com ingredientes famosos, como o matcha, um pó verde japonês muito em voga e que é usado em vários pratos e bebidas. “Já criámos imensas receitas. Podemos ser criativos em todo o lado.”

A adorar a sua experiência no território, Julien Jacob pretende ficar deste lado do mundo por mais um tempo.

“Traço os meus próprios objectivos, e posso mudar-me de acordo com o meu próximo objectivo. Para já, quero ficar aqui, neste restaurante, este ano. É a minha meta pessoal e estou a trabalhar para ela. Normalmente, fico três a quatro anos num sítio, gosto da minha vida aqui e da rede social que tenho. Não sei o que vai ser daqui a dois ou três anos, mas, por enquanto, quero ficar. Adoro Macau.”

2 Mar 2018

As leis da globalização (II)

“The BRI launched by President Xi Jinping in 2013, which is intended to promote economic development and exchanges between China and more than 60 countries, is gaining momentum. The revival of the ancient Silk Road economic ‘belt’, combined with the 21st Century sea lanes of communication known as the ‘road’, is intended to enhance global connectivity and increase commercial activity.”
Alessandro Arduino

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] comércio internacional pode realizar-se sem a multinacionalização, e muitos são os que acreditam ser a vaga do futuro. A revista “The Economist” prevê uma diminuição crescente de pequenas empresas que usam o comércio electrónico para comprar e vender, em uma escala global. O comércio “online”, ainda é significativamente menos internacionalizado, que o comércio “off-line”. É à luz das mudanças que se fazem no ambiente político, que parece ser o momento particularmente inoportuno, para pensar que se pode ser global, apenas criando um “site” ou juntando-se a uma plataforma “online”. Os que pensam que a sua empresa deve continuar a fazer negócios em uma diversidade de mercados, precisa de descobrir se deve mudar o tipo de estratégias que usa, em resposta às pressões proteccionistas.

As empresas usam a adaptação quando desejam ajustar-se às diferenças entre países para serem responsáveis localmente, e usam a associação de empresas para alcançar economias de escala e capacidade que se estende através das fronteiras nacionais, sendo que as estratégias de arbitragem são utilizadas para explorar as diferenças, como os baixos custos laborais em um país ou melhores incentivos fiscais em outro. As empresas devem usar essas estratégias, pelo que terão de mudar algo, mesmo que seja pouco, em um mundo proteccionista, mas talvez menos do que se pensa. O presidente da “General Electric (GE)”, Jeffrey Immelt, não está só quando fala do suporte arrojado da sua empresa distanciado da associação e dá importância à localização no ambiente actual. As empresas devem procurar oportunidades para ampliar os seus esforços de adaptação, porque tornarem-se mais sensíveis às diferenças pode ajudar a reduzir o impacto do proteccionismo.

A forma mais óbvia para uma empresa se adaptar é a multiplicidade de produtos, políticas e posicionamento no mercado para se adequarem aos mercados locais. No entanto, cada mudança aumenta os custos e a complexidade. Logo, a adaptação inteligente, geralmente, envolve a limitação da quantidade ou variedade de produtos, bem como encontrar formas de melhorar a eficácia e a eficiência de qualquer alteração introduzida. As empresas, por exemplo, podem projectar plataformas comuns sobre as quais as alterações locais são oferecidas, ou podem externalizar alguns dos custos da adaptação, através de franquias, empreendimentos conjuntos ou outros tipos de parcerias. Mas, enquanto uma maior adaptação pode ter sentido, as multinacionais não devem colocá-la automaticamente como prioridade, o que só prejudicaria as suas fontes de vantagem competitiva em relação aos concorrentes locais.

As empresas globais, especialmente as de economias avançadas, normalmente justificam as suas estratégias transfronteiriças principalmente com base na associação. Os casos mais clássicos, revelam investimentos em activos tecnológicos ou de “marketing” intangíveis que podem escalar através das fronteiras nacionais. Tais vantagens normalmente devem ser bastante grandes, para superar a vantagem do juízo doméstico dos concorrentes locais. A lógica económica para a associação não se evaporará para multinacionais que tenham construído um negócio saudável e lucrativo em mercados estrangeiros, mesmo que alguns países tornem mais caro operar dentro das suas fronteiras. Quanto à arbitragem, as oportunidades para que as multinacionais verticais se globalizem no lado da oferta, em vez do lado da procura, reduziram um pouco nos últimos anos, mas ainda permanecem imensas. Mesmo com o aumento da prosperidade nos grandes mercados emergentes, o PIB “per capita” dos Estados Unidos ainda é sete vezes maior que o da China e trinta e três vezes o da Índia.

As diferenças nos regimes fiscais entre países, também não vão desaparecer e continuarão a proporcionar oportunidades de arbitragem. Assim, e de acordo com a “Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)”, a dispersão das taxas de imposto sobre as empresas entre os países pouco mudou desde 2007, e o progresso na contenção dos paraísos fiscais tem sido lento. Além disso, as diferenças entre países em termos de segurança, saúde e ambiente continuam a persistir também, embora a exploração dessas diferenças suscite preocupações éticas. As multinacionais que saem dos mercados emergentes tendem a começar as suas vantagens com as primazias arraigadas em arbitragem, concorrentes no exterior com base em baixos custos domésticos. Tal estratégia continua a ser o motor que impulsiona o crescimento e a lucratividade e rentabilidade da indústria “offshore” de serviços de “Tecnologia de Informação (TI)” da Índia, que inspirou o “The World Is Flat: A Brief History of the Twenty-first Century” de Thomas L. Friedman, iniciando uma onda de interesse em estratégias de avaliação.

Após mais de uma década, os salários dos programadores na Índia, ainda são apenas uma fracção dos praticados nos Estados Unidos, e a redução de custos contínua sendo a principal razão pela qual as empresas optam por terciarizar. Os maiores fornecedores centrados na Índia, ultrapassaram os concorrentes ocidentais em termos de crescimento e rentabilidade e, a partir de Junho de 2016, os quatro principais vendedores concentrados na Índia, desfrutaram de arbitragens de mercado superiores a 50 por cento maiores, do que os seus quatro principais concorrentes ocidentais. À medida que as empresas de países avançados e emergentes se dedicam à liderança global, cada um deve reforçar a sua fraqueza tradicional, para os operadores históricos, a arbitragem e para os insurgentes, a associação.

Os donos do mundo desenvolvido em serviços de TI, como a Accenture e a IBM, expandiram os seus esforços na Índia, enquanto as empresas indianas estão a tentar fortalecer as suas marcas e capacidades tecnológicas. O alicerce de Immelt para a localização implica um impulso à sua estratégia de adaptação. A GE, como a maioria das outras multinacionais, não pode desistir da associação ou da arbitragem. As vantagens baseadas em associação da GE são o que sustentam a sua capacidade de competir em cento e setenta países. A sua máquina de “Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)” ou “Investigação e Desenvolvimento (I&D)” de quase seis mil milhões de dólares de investimentos anuais, produz inovações tecnológicas de destaque mundial, o valor da marca de trinta e quatro mil milhões de dólares abre as portas em todos os locais, os seus famosos programas de formação de gestão atraem e cultivam talentos, e o seu alcance em produtos, serviços e geografias contribui para o imenso potencial de intercâmbios de associação de fronteira, e enquanto as observações de Immelt minimizam a arbitragem salarial, tal como o fez na década de 1980, em contraste com a direcção focada, actualmente, na venda de mais produtos ao exterior, a arbitragem tornou-se suficientemente enraizada na empresa nas últimas décadas, que provavelmente não vai desaparecer e continuará a ser parte da sua estratégia de globalização.

É de entender que a estratégia de localização da GE é melhor entendida, como a que mantém uma força central na associação enquanto atenua a prioridade da empresa na arbitragem e torna-se mais adaptável. Quanto ao ajustamento com a sociedade, associar-se com, onde e como competir, são as questões principais, salientando como fundamental, o modo de como se deve envolver com a sociedade, que está a tornar-se cada vez mais proeminentes nas agendas dos líderes empresariais, excepto em indústrias altamente regulamentadas, as empresas historicamente tratam as interacções com os governos, a média e o público, como uma reflexão posterior na definição das estratégias. Mas, em muitos casos, as empresas estão a ter maiores impactos de factores políticos e macroeconómicos do que de considerações competitivas. Tais factores, incluem movimentos de taxas de câmbio impulsionados pelo “Brexit”, compartilham flutuações de preços em resposta às alterações de políticas e ao custo de mudança de planos de investimento à luz das modificações antecipadas na política comercial.

É de acrescentar à lista o aumento das ONGs, a proliferação das médias sociais e o aumento do sentimento anti-globalização. As empresas são constrangidas nas suas respostas a esses desenvolvimentos por uma série de factores. Em primeiro lugar, a reacção contra a globalização também é, em parte, uma reacção contra os grandes negócios. A reputação geral dos negócios está em um mínimo histórico. O “Pew Research Center”, em uma pesquisa recente, perguntou aos entrevistados nos Estados Unidos, o quanto as pessoas em dez profissões contribuíram para o bem-estar da sociedade. Os executivos de empresas classificaram o futuro, com excepção dos advogados, e apenas 24 por cento dos entrevistados disseram ter pensado que os líderes empresariais contribuíram muito. O “Barómetro de Confiança Edelman” de 2017, também relata um mínimo histórico para a credibilidade dos executivos empresariais e das decisões das empresas sobre como implantar o capital de reputação que possuem e que são dificultadas pelas tensões entre os cidadãos de um país e o seu governo.

O presidente executivo da Uber, Travis Kalanick enfrentou problemas com a percepção pública de se ter juntado ao conselho consultivo de negócios de Trump, pelas incertezas acerca de como evoluiria a situação económica e social nos Estados Unidos, acabando por renunciar ao cargo a 21 de Junho de 2017, depois de um conjunto de acusações, desde assédio sexual a sexismo na empresa, passando pelo uso de um programa de computador para enganar autoridades reguladoras de várias cidades no mundo, até suspeitas de roubo de propriedade intelectual para o fabrico de carros auto guiados. Assim e nesse contexto, é necessário falar mais sobre questões sociais e entender porque os líderes empresariais são muitas vezes instruídos a ter certos comportamentos, para não ser considerado como uma panaceia. Ainda que seja difícil oferecer instruções simples sobre como lidar com essas complexidades, a lei da semi-globalização sugere uma liminar e uma visão. Em primeiro lugar, a injunção é estar em consonância com o facto de os governos pensarem sempre que uma empresa que opera é uma actividade incerta, e que tal seja uma estratégia sustentável.

[continua]
2 Mar 2018

Da Medicina Antiga Iª Parte

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]e Prisca Medicina (Sobre a antiga arte médica) é um dos textos mais importantes para se compreender a raiz e o desenvolvimento do pensamento humano. Nem vou fazer a distinção entre pensamento ocidental e oriental, nem vou aceitar que há pensamento oriental mas não há filosofia oriental, porque a explicação até pode basear-se em ideologia. O ponto não me interessa aqui. O decisivo é que o pensamento clássico de Platão e Aristóteles, mas também o dos chamados filósofos Pré-socráticos (Anaximandro, Parménides, Heraclito, etc., etc..) e, ainda o de Tucídides se baseia num texto médico ou sobre medicina, tenha sido produzido por Hipócrates ou por alguém da sua escola. E isto é espantoso à primeira vista mas é compreensível, se formos suficientemente secundários.

 

Uma nota sobre o título: medicina traduz a palavra grega “arkhê”. Embora também no singular no original grego, medicina quer dizer o conjunto plural de saberes, gerais e especiais, ao serviço da identificação das doenças, das curas, dos tratamentos, que estão na base da possibilidade de obtenção da saúde. Ou seja, não há uma única perícia ou saber específico, mas todo o saber reúne um conjunto de disciplinas que colabora para a compreensão do seu objecto específico. Formalmente, podemos compreender que é assim que os compêndios científicos estão organizados. Em primeiro lugar, expõem-se os princípios elementares de uma ciência. O alfabeto de cada ciência, por assim dizer. As letras no caso da gramática, os números, na aritmética, os elementos da geometria: o ponto, a linha, o plano, as figuras simples, os elementos da química, etc.. Assim, também a medicina tem os seus elementos na antiguidade: quente e frio, líquido e sólido. Tal como nas restantes ciências, também a medicina tem operações elementares. A adição e a subtracção, na aritmética e a formação de sílabas e de palavras estudada pela gramática tem fenómenos paralelos que são estudados pela medicina: aquecimento e arrefecimento, assimilação de sólidos e de líquidos, excreção de elementos não nutrientes e assimilação de nutrientes, o meio específico em que ocorrem: condições climáticas, hora do dia, época do ano, região do globo, etc., etc..

 

O ser humano não é estudado na sua anatomia nem no interior delimitado pelas fronteiras epidérmicas do corpo humano. O ser humano é estudado em relação intrínseca com o seu habitat, a familiaridade ou não com o nicho ecológico que é o horizonte estrutural onde vive a sua vida, a exposição e vulnerabilidade aos elementos não apenas meteorológicos, mas que se encontram no seu meio ambiente: a sua dieta, regime alimentar, circuito vital, actividade física e actividade profissional, não só hora a hora, dia a dia, mas em cada estação do ano e nas diversas idades da vida. Ou seja, a medicina identifica os elementos complexos da relação do ser humano com outros seres humanos num meio ambiente que é estruturante da sua própria vida. Uma vida humana não é dissociável do meio em que vive e esta relação tem de ser compreendida já ao pé da letra. Assim: o romper da aurora, a manhã, o princípio da tarde e a tarde, anoitecer e noite, mas também, as estações do ano, as idades da vida: infância, adolescência, idade adulta e velhice, fogo, ar, água e terra, os fluídos: bílis amarela e negra, fleuma e sangue, são elementos, “letras”, de um alfabeto complexo que requerem a formação de compostos agregados resultantes de operações elementares para produzirem um corpo humano bem formado que sobreviva e se conserve a si mesmo homeostaticamente.

 

Palavras simples como “ideia”, “forma”, por exemplo, que perpassam o pensamento antigo não querem dizer apenas “manifestação” (idea) e “aspecto” (eidos). São palavras usadas no diagnóstico de sintomas, no esboço da etologia, na reacção programática ao problema que a doença põe: o tratamento, as fases do tratamento, a obtenção da cura. A curva clínica pressupõe não apenas uma relação múltipla e complexa com a dieta alimentar, mas também com a temperatura do quarto, descanso ou actividade, sono e insónia. A curva clínica pressupõe uma relação simbiótica com o tempo. Não é unilinear nem homogénea, pode admitir recidivas, recuos, como obviamente pode ter sucesso. Uma ideia ou uma forma são sempre plurais. Podem querer dizer o aspecto do rosto de alguém, como quando dizemos de uma criança que “está murchinha”, pode ter que ver com o palpar da temperatura através dos lábios que tocam a testa de uma criança. Mas há também elementos “reflexivos” de apuramento do estado clínico em que de cada vez cada um de nós se encontra. Temos uma apercepção contínua do estado em que nos encontramos, depois de comer uma refeição pesado ou se não comermos nada, se bebemos água a mais ou de menos, se estamos “a chocar” uma gripe ou se apanhamos “uma carraspana”. A “autopsia” é um olhar-se a si a partir do interior mas que não requer uma abertura reflexiva. Acontece sempre de cada vez. O perigo existe sem dúvida quando não temos percepção de fenómenos que são subliminares aparentemente. Podemos estar a desenvolver doenças que nos passam despercebidas e é por isso que o diagnóstico deve ser feito através de exames regulares, porque há doenças assintomáticas.

 

Um dos outros pontos fundamentais da medicina antiga e que faz luz sobre o projecto de constituição de uma filosofia é que não é meramente teórica, o que quer que isso queira dizer, mas eminentemente prática. Fazer é saber. Quem não faz não sabe.

 

[Continua].

2 Mar 2018

Funeral de Camilo Pessanha

[dropcap style≠‘circle’]À[/dropcap]s 8 horas da manhã do dia 1 de Março de 1926, o Dr. Camilo de Almeida Pessanha, solteiro com 58 anos, faleceu de tuberculose pulmonar em sua casa, na Rua da Praia Grande 75, freguesia da Sé. A morte do poeta do Simbolismo, autor da Clepsidra, ocorreu no terceiro e último dia em que os relógios eléctricos de Macau estavam parados para limpeza dos instrumentos.

No dia seguinte, 2 de Março, já com os relógios a funcionar, seguiu o funeral do que fora professor do quarto grupo do Liceu Central de Macau para o Cemitério de São Miguel, situado no meio da cidade, com entrada na Estrada do Repouso.

O enterro, “singelo e civil, por sua vontade, como singela decorrera a sua vida, foi enormemente concorrido por pessoas de todas as condições sociais que à última jazida o acompanharam, sempre descobertos, num significativo e compungido silêncio, vendo-se aí do Governador da Colónia, [Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães (1925-1926)] ao mais humilde e obscuro cidadão. A pedido de Pessanha foi transportado num armão militar, o qual, coberto pela bandeira nacional, foi conduzido por sargentos, cabos e soldados e ladeado pelos estudantes do Liceu onde era professor e por alunos de outras escolas”, segundo palavras do jornal O Combate. Refere ainda que, à beira da sepultura o Reitor do Liceu, Sr. Carlos Borges Delgado pronunciou algumas palavras, dizendo, “A tua vida foi o tablado erguido no meio de esperanças perdidas!… Morreste como vivestes… sonhando… idealizando! Nesse mundo do Além o teu sonho continuará. Serás, ali, o mesmo idealista! E tu, saudoso colega, o confessaste claramente quando, para os teus rapazes disseste: <Colocando-se fronteiros dois espelhos, duas imagens se formam; qual delas mais vazia? Dissolvendo-se água límpida em água límpida, ficam ambas duma mesma limpidez>. Adeus!”.

 

Homenagem dos alunos

 

Seguiram-se as palavras de Cassiano Fonseca, representante dos alunos do Liceu: <Diante do cadáver dos que baixam ao túmulo com a consagração do seu talento ou dum relevante serviço que prestaram à causa da humanidade, proclama-se sempre que a morte pouco pode, porque, precisamente esse dia é o dia da sua glorificação. É que os grandes homens não morrem nunca porque vivem cristalizadas nas suas obras. Porque morrer não é apagar-se; transpor os umbrais da eternidade não é extinguir-se para sempre porque há espíritos de eleição que refulgem, numa visão mais nítida nas sombras do mesmo túmulo que nem tudo consome… (…) Mas, mais do que isto e acima de tudo, foste nosso professor como poucos, como raros, um artista distinto na arte de modelar o barro humano… Um educador perfeito, um obreiro mais devoto porque, espírito clarividente, inteligência rutila, conheceis com aquele vosso sentido especial, que foi o vosso apanágio, o mal dos nossos tempos, o mal que nos espera surpreender além das brumas do futuro; (…) E nós, para quem ele não morreu, faremos com que o nosso professor não morra também para o nosso país que serviu e tanto amou, porque o seu nome representa-nos o facho da luz e a lição moral da sua vida pública é para nós o farol que há-se iluminar a vereda que nos há-de conduzir para a nossa finalidade>.

Ditas estas palavras, baixou o Dr. Camilo de Almeida Pessanha à terra no Cemitério de São Miguel, na sepultura de primeira classe número 918, segundo certifica José Francisco de Sales da Silva, Secretário-Geral do Governo interino e Encarregado do Registo Civil da Província de Macau, no registo de óbito. Era uma sepultura rasa com uma laje e o brasão da família, onde, muito mais tarde, em 1971 os netos colocaram a seguinte inscrição em chinês: <Aqui jaz o advogado Pessanha, o pai Yeong Pak San e a mãe Lei Ngoi Iong>. Isto é, Camilo Pessanha (cujo nome em chinês fora Pui-Sane-Ngá), o Pessanha filho (chamado em português João Manuel de Almeida Pessanha) e a sua esposa, nora de Camilo.

 

Elogio ao advogado dos advogados

 

Na secção de 3 de Março de 1926 do Leal Senado da Câmara de Macau o seu Presidente Dr. Luiz Gonzaga Nolasco da Silva, que fora aluno de Camilo Pessanha, propôs um voto de profundo pesar pelo passamento de tão ilustre cidadão e que fosse dado o seu nome a uma das vias públicas de Macau. E como não podia deixar, <em breves e sentidas palavras>, fez uma sentida homenagem ao seu professor de Filosofia. Camilo Pessanha dedicava-se <ao culto da poesia, tão delicados e subtis eram os seus pensamentos, expressos em versos modelarmente burilados com aquele inspirado estro e paciência técnica que só raros conseguem pôr em prática. Lembro-me muito bem do sucesso que tiveram uns sonetos de Pessanha publicados no Jornal Único, de Macau, em 1898… (…) Nesse mesmo ano parti eu para Portugal a cursar Direito na Universidade de Coimbra (a mesma que Pessanha se formara), onde tive ocasião de conhecer e conviver com um seu irmão, Manuel Luís de Almeida Pessanha, tão inteligente e tão sentimental como Camilo. Ao regressar a Macau, findo o meu curso, vim encontrar Camilo Pessanha feito Conservador do Registo Predial desta Comarca. Ele que tinha sido meu professor no Liceu, foi depois meu mestre na advocacia, pois foi Pessanha quem me ensinou a fazer a primeira petição inicial>.

Na advocacia, <Pessanha foi um modelo de saber profissional, dedicação, honradez e lealdade para com os adversários. Eram vastos os seus conhecimentos gerais, mas na cultura jurídica era um especialista, mormente em direito penal e processo criminal. Apaixonava-se pelas causas que defendia, e na defesa não distinguia entre ricos e pobres, da mesma maneira e com o mesmo afã dedicando-se às causas de uns ou de outros. Era já certo: questão defendida por Pessanha era questão ganha; tal a força da sua argumentação e a perspicácia do seu engenho!

Foi grande a lacuna aberta por sua morte nas fileiras dos advogados da Comarca. Pessanha era, com justo orgulho, um grande mestre na advocacia, e muitas vezes foi “o advogado dos advogados”.

2 Mar 2018

Treinador do Benfica de Macau pede concentração à equipa

Bernardo Tavares diz que o encontro com os Serviços de Alfândega vai ser muito importante porque permite à equipa treinar em condições de jogo, em vésperas da Taça AFC

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau e a formação dos Serviços de Alfândega entram em acção esta noite, às 21h, no Estádio de Macau. A partida que coloca frente-a-frente o líder e a formação que ocupa a 9.ª posição da Liga de Elite, dá início à sexta jornada do campeonato.

Em declarações ao HM, Bernardo Tavares, treinador das águias anteviu um encontro em que a formação vai ter muito espaço para jogar, com o adversário mais focado em defender.

“Estou à espera que assumam uma postura defensiva, que nos vai criar muito espaço, mesmo no meio-campo ofensivo. Vão fechar-se mais à defesa”, afirmou o técnico. “Estou à espera que joguem em 5-4-1 ou 4-5-1, como fizeram frente ao C.P.K.”, acrescentou.

Bernardo Tavares apontou que como a diferença entre as duas equipas é demasiado grande, os Serviços de Alfândega não se podem dar ao luxo de ter uma estratégia mais ambiciosa.

“As equipas têm de se adaptar às armas que têm e é o que eles fazem. Acho que devemos enaltecer os esforços que têm feito e o rendimento que colocam em campo”, apontou.

No entanto, o técnico sublinhou que é importante que os seus jogadores abordem a partida de forma responsável: “É fundamental que estejam muito focamos. É quando se tem uma postura displicente que se complicam os jogos e se permite que as coisas corram mal”, apontou.

 

Oportunidade de treino

Por outro lado, o treinador do Benfica de Macau considerou que o jogo com os Serviços de Alfândega são uma boa oportunidade para a equipa realizar um treino. Isto porque, à excepção dos encontros para a Liga de Elite, os encarnados não tem tempo de treino em campos relvados com as dimensões oficiais.

“Mais importante do que andarmos a questionar por quanto é que vamos ganhar é pensarmos em aproveitar o jogo de forma séria e ter uma boa oportunidade para treinar”, defendeu. “Mas não podemos facilitar e temos de ganhar porque no final de contas, se jogarmos bem e não ganharmos, as pessoas só se vão lembrar da derrota. Também se jogarmos mal e ganharmos, as pessoas só se vão recordar do resultado”, considerou.

A partida pode igualmente marcar o regresso de Carlos Lionel à titularidade. O avançado está a regressar de uma lesão e no último do jogo actuou 20 minutos, depois de começar o jogo no banco de suplentes. Porém neste encontro pode mesmo fazer parte do onze inicial, dependendo da sua evolução física.
Em relação às restantes partidas da jornada, no Sábado, pelas 18h30, defrontam-se C.P.K. e Monte Carlo. Depois, às 20h30, é a vez e Hang Sai e Ching Fung jogarem. No Domingo, às 18h30, defrontam-se Lai Chi e Polícia e, às 20h30, Ka I e Sporting.

 

 

Taça AFC em causa

Ao HM, Bernardo Tavares admitiu estar preocupado com a participação da equipa na Taça AFC. Em causa está o facto dos atletas do clube ainda não terem recebido as cartas do governo, que os autoriza a serem dispensados do trabalho, para participarem na competição. Segundo o técnico, quando a selecção de Macau joga, as cartas são entregues com quase um mês de antecedência. No entanto, quando falta cerca de uma semana para o Benfica de Macau enfrentar o Hang Yuen, as cartas não foram entregues. O treinador das águias diz que a participação na competição pode ficar mesmo em causa.

2 Mar 2018