Hoje Macau China / ÁsiaInformações da CIA evitaram atentado em S.Petersburgo [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] presidente russo Vladimir Putin agradeceu por telefone ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, as informações transmitidas pela CIA à Rússia que permitiram anular um atentado terrorista em S. Petersburgo, divulgou ontem o Kremlin. Vladimir Putin “agradeceu ao seu homólogo norte-americano as informações transmitidas pela CIA, que permitiram desmantelar um grupo terrorista que preparava atentados em São Petersburgo”, diz um comunicado do Kremlin, citado pelas agências russas de informação. “As informações fornecidas pela CIA foram suficientes para a detecção, busca e detenção dos criminosos”, revelou o Kremlin. O comunicado adianta que os terroristas planeavam colocar explosivos na Catedral de Nossa Senhora de Cazã e noutros locais muito frequentados da cidade. Os serviços de informações russos (FSB) anunciaram na quinta-feira o desmantelamento de uma célula do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), que se preparava para cometer os atentados em 16 de Dezembro, em S. Petersburgo. No total, foram sete as pessoas detidas na quarta e na quinta-feira devido ao seu envolvimento no plano terrorista. Segundo a FSB, que avança ter apreendido “grande quantidade de explosivos, de armas automáticas e munições”, o grupo planeou concretizar um “atentado suicida”, causando massacres e explosões em locais muito frequentados. Ao telefone, Putin pediu a Trump que “transmitisse a sua gratidão ao director da CIA e ao pessoal operacional dos serviços norte-americanos de informações”. O presidente russo acrescentou que, se os serviços especiais russos obtiverem informações sobre o risco de actos terroristas nos Estados Unidos ou contra os seus cidadãos, as transmitirão de imediato aos seus colegas norte-americanos. A Rússia foi atingida este ano por vários atentados, um dos quais em Abril, no metro de S. Petersburgo, que causou 14 mortos. Os serviços de informações russos estão preocupados com o regresso de ‘jihadistas’ que combateram na Síria, onde o Estado Islâmico perdeu posições, com o apoio militar prestado pela Rússia ao regime de Damasco.
David Chan VozesAutomatização taxada [dropcap style≠‘circle’]R[/dropcap]ecentemente, o canal noticioso HKTVB difundiu uma notícia algo peculiar. É possível que futuramente o trabalho robotizado venha a ser taxado. Realmente a questão coloca-se; se os robots substituírem os trabalhadores quem vai pagar os impostos ao Governo? Por enquanto, esta pergunta continua sem resposta. Mas, é provável, que de futuro a utilização de robots venha a ser taxada. Este imposto servirá para contrabalançar os custos sociais derivados da automatização. Já que os robots não pagam impostos salariais, os seus proprietários deverão suportar uma taxa pela substituição de trabalhadores por andróides. O “Imposto de automatização” pode vir a ser uma nova fonte de rendimento para o Governo. A CNBC anunciou que numa entrevista recente à Quartz, Bill Gates, co-fundador da Microsoft, afirmou defender a aplicação de taxas sobre o uso de robots na produção. A afirmação de Bill Gates surgiu na sequência das declarações de Jane Kim, membro da Câmara de Supervisores de São Francisco. Jane Kim tinha-se declarado a favor da automatização. Mas esta evolução tem obviamente um senão; a dispensa do trabalho humano. Jane Kim prevê a multiplicação do trabalho robotizado e para tal criou o “Fundo para o Trabalho do Futuro”. As empresas deverão contribuir para este fundo, que se destina à reeducação dos trabalhadores. Será uma forma de suavizar a transição para o futuro e para a automatização que se adivinha. Kim afirmou que este fundo pode apoiar a formação de trabalhadores para funções difíceis de automatizar, como por exemplo tomar conta de crianças. Neste contexto, Bill Gates advoga que a criação de uma taxa sobre o trabalho robotizado obrigará os patrões a pagar a restruturação da força de trabalho, actualmente empregue em funções que estão a ficar obsoletas. Mas esta ideia foi objectada pelo Comissário da UE, Andrus Ansip, que defende a entrada da Europa na era digital. O Comissário adiantou que, a criação de uma taxa de automatização irá deixar a Europa para trás em termos competitivos. Para resumir, parece ser ridículo desincentivar o esforço de empresas que adoptam tecnologias de ponta na produção. O website “telegraph .co.uk” já tinha anunciado, em Agosto último, que a Coreia do Sul vai ser o primeiro país a implementar a taxa de automatização. A nova proposta de lei sul-coreana prevê a limitação dos incentivos fiscais para empresas com trabalho automatizado. Estas políticas pretendem compensar a perda do retorno contributivo decorrente da automatização. Na altura, era esperado que a lei entrasse em vigor no final deste ano. O trabalho automatizado tem consequências e pode criar mais desigualdade entre os seres humanos. Potencialmente gera mais desemprego porque, em certas funções menos especializadas, dispensa a acção do Homem. O fosso entre os rendimentos de quem tem uma especialização e de quem não tem, deve vir a aumentar exponencialmente devido à automatização da produção. É óbvio que a grande desigualdade de rendimentos será consequência do desemprego. A automatização reduz os custos de produção. O Homem não pode competir com a máquina. De momento, o uso de andróides na produção ainda está a dar os primeiros passos e alguns economistas propõem a criação de impostos sobre a aquisição destes equipamentos. Ao mesmo tempo o Governo terá de aumentar as taxas sobre os salários mais elevados. Estas políticas fiscais poderão reduzir a introdução de andróides nas cadeias de produção. Podem também vir a minimizar as diferenças entre aqueles que ganham mais e os que ganham menos. A automatização irá mudar para sempre a natureza do trabalho. Num futuro próximo, parte do trabalho de rotina será desempenhado por robots. Os empresários e os políticos devem unir esforços para suavizar esta transição. Mutos trabalhadores não especializados vão perder o emprego. De futuro, as pessoas devem preparar-se para posições que envolvam a tomada de decisões. É a melhor forma de evitar o desemprego.
Sérgio Fonseca DesportoCorridas de carros de Turismo vão continuar por Zhuhai [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS na sigla inglesa) vai manter o mesmo formato na próxima temporada, tanto no que respeita ao calendário de provas, como ao regulamento técnico que rege as competições de automóveis do território. Apesar da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) não ter ainda divulgado publicamente o calendário de provas para 2018, o Circuito Internacional de Zhuhai já publicou o seu calendário de eventos para o próximo ano, onde constam dois fins-de-semana de corridas para o MTCS, tal como aconteceu nas épocas anteriores. O primeiro evento no circuito permanente da cidade chinesa adjacente a Macau será realizado de 25 a 27 de Maio, ao passo que a segunda prova está agendada para o fim-de-semana de 30 de Junho e 1 de Julho. Como é habitual, a AAMC deverá divulgar os critérios de selecção e apuramento para o 65º Grande Prémio de Macau mais tarde. Pela primeira vez este ano, a participação nas provas do MTCS foi obrigatória a todos os pilotos, não são apenas aos portadores de licença desportiva do território, que quiseram qualificar-se para a Taça CTM de Carros de Turismo de Macau do Grande Prémio, colocando frente-a-frente nas decisivas corridas de apuramento os pilotos de Macau, Hong Kong, Taipé Chinês e outras nacionalidades. Ao todo estiveram envolvidos no MTCS de 2017 setenta e sete pilotos. Regulamentos são para manter Quanto à regulamentação técnica do campeonato, os pilotos da RAEM foram informados durante o briefing de pilotos que antecedeu a edição deste ano do Grande Prémio de Macau que não haverá alterações de vulto, tanto em 2018, como em 2019. Uma nova regulamentação será apenas introduzida em 2020, o que irá permitir aos pilotos manter os carros que utilizaram este ano por mais duas temporadas, o que permitirá a vários pilotos rentabilizar os altos investimentos feitos este ano e em anos precedentes. Continuarão a existir duas classes, uma para viaturas com motores 1.600cc Turbo e outra para viaturas de motorização 1.950cc ou Superior. Em 2017, Paul Poon, piloto de Hong Kong, em Peugeot RCZ, venceu a categoria para viaturas com motores 1.600cc Turbo, seguido dos pilotos de Macau Leong Chi Kin e Célio Alves Dias. Entre os concorrentes da categoria para viaturas de motorização 1.950cc ou Superior triunfou Billy Lo, da RAEM, em Mitsubishi, que superou Yam Chi Yuen e Leong Ian Veng.
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasPoesia – Georg Trakl Na folhagem encarnada cheia de guitarras Na folhagem encarnada cheia de guitarras Das raparigas os cabelos amarelos flutuam Junto à cerca, onde estão os girassóis. Uma carruagem dourada atravessa as nuvens. Nas castanhas sombras, calam o silêncio Os velhos, que estupidamente se abraçam. Os órfãos cantam as vésperas com doçura. No vapor amarelo, zumbem moscas. No ribeiro, as mulheres lavam ainda a roupa. Ondulam estendidos os lençóis de linho. A pequena que há muito me agrada Vem de novo através da noite cinzenta. Do céu ameno, os pardais precipitam-se Na direcção de buracos verdes cheios de podridão. Iludem o faminto ante a convalescença O aroma do pão e ervas secas. Im roten Laubwerk voll Guitarren Im roten Laubwerk voll Guitarren Der Mädchen gelbe Haare wehen Am Zaun, wo Sonnenblumen stehen. Durch Wolken fährt ein goldner Karren. In brauner Schatten Ruh verstummen Die Alten, die sich blöd umschlingen. Die Waisen süß zur Vesper singen. In gelben Dünsten Fliegen summen. Am Bache waschen noch die Frauen. Die aufgehängten Linnen wallen. Die Kleine, die mir lang gefallen, Kommt wieder durch das Abendgrauen. Romance à noite O solitário, sob a tenda de estrelas, Caminha através da meia noite silenciosa, O menino acorda perturbado dos seus sonhos, O seu semblante decai cinzento ao luar. A louca chora com o seu cabelo desgrenhado À janela que está inflexivelmente gradeada. Ao largo do pequeno lago, num doce passeio, Andam à deriva os amantes tão maravilhosos. O assassino sorri pálido no vinho, O horror da morte agarra os doentes. A noviça reza ferida e nua À frente do sofrimento na cruz do salvador. A mãe canta baixinho a dormir. Muito tranquilo a criança olha para a noite Com olhos que são completamente verdadeiros. Na casa de putas, soltam-se gargalhadas. À luz da vela no buraco da adega O morto pinta com mão branca Um silêncio sorridente na parede. O adormecido sussurra ainda. Romanze zur Nacht Einsamer unterm Sternenzelt Geht durch die stille Mitternacht. Der Knab aus Träumen wirr erwacht, Sein Antlitz grau im Mond verfällt. Die Närrin weint mit offnem Haar Am Fenster, das vergittert starrt. Im Teich vorbei auf süßer Fahrt Ziehn Liebende sehr wunderbar. Der Mörder lächelt bleich im Wein, Die Kranken Todesgrausen packt. Die Nonne betet wund und nackt Vor des Heilands Kreuzespein. Die Mutter leis’ im Schlafe singt. Sehr friedlich schaut zur Nacht das Kind Mit Augen, die ganz wahrhaft sind. Im Hurenhaus Gelächter klingt. Beim Talglicht drunt’ im Kellerloch Der Tote malt mit weißer Hand Ein grinsend Schweigen an die Wand. Der Schläfer flüstert immer noch. (Traduções de António de Castro Caeiro)
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasA última garrafa [dropcap style≠‘circle’]R[/dropcap]AUL: Quer então dizer que para morrer com a vossa ajuda, tenho de provar que não querer viver é: 1º uma doença; 2º uma doença terminal; e 3º de insustentável sofrimento? (sentando-se de novo) DOUTOR: Isso mesmo! Não se pode chegar aqui e dizer que não se gosta de viver e, pronto, passa-se imediatamente a ajudar a morrer. Não sei se está a ver o alcance da coisa? Tínhamos bichas de adolescentes com corações despedaçados, à porta, todos os dias; donas de casa a quem os maridos não prestam atenção; mulheres e homens enganados pelos conjugues. Enfim, está a ver! Era um sem fim de gente a aparecer aqui, para ajudarmo-los a morrer. RAUL: Senhor doutor, compreendo perfeitamente o que me está a dizer. Mas o senhor é que não está compreender aquilo que lhe tenho vindo a explicar. Eu não tenho uma causa para querer morrer, senão não querer estar vivo. Mais nada. Estar vivo é horrível. Não se trata de uma consequência, mas sim de uma causa. Nada na minha vida é razão para o suicídio. Antes pelo contrário. Não tenho coração despedaçado, não tenho conjugue que me engane, nem sequer rejeições sexuais, para além do que é normal na existência humana, e nem sequer quaisquer problemas com a profissão que exerço ou onde a exerço. O meu problema é com a vida em geral, não com as suas particularidades. Por favor, não tome aquilo que lhe digo de ânimo leve. Julgo que fiz mal em vir aqui. (levanta-se e dirige-se para a porta) DOUTOR: Não se trata disso, homem. (também se levantando e seguindo-o; toca-lhe no ombro) Não se vá já embora. Sente-se, por favor! Vamos lá conversar. Olhe, você é o meu último paciente de hoje, até podemos estar aqui mais tempo. (dirigindo-se ambos para os seus lugares anteriores) Não me leve a mal. Estou tão somente a tentar compreendê-lo. E, ao mesmo tempo, também a tentar explicar-lhe como é que o seu caso é visto daqui deste lado. Você ponha-se no meu lugar! Entra-me um indivíduo por esta porta, que nunca vi mais gordo, e desata a dizer que quer morrer, e que quer eu ajude. Vamos lá devagar! Não se trata de uma gripe! RAUL: Compreendo, doutor. Sei que não é culpa sua. A situação não é muito ortodoxa. DOUTOR: (rindo) Não é muito ortodoxa? Você não brinque, homem! É uma situação inexistente. RAUL: O senhor tem razão. (preocupado) Mas gostaria que não me confundisse que os casos hipotéticos a que se referiu há pouco atrás. Porque a minha situação é completamente diferente. E bastante ponderada. Não é de ânimo leve que chego aqui e lhe peço o que lhe estou a pedir. DOUTOR: Já vi. Sossegue, homem. Vamos lá tentar perceber o que se passa. RAUL: Aí é que está, doutor! Não há nada para perceber. Se quiser, é um cancro na alma que vai corrompendo tudo o que sou. E nestes últimos tempos tem-se tornado insuportável. DOUTOR: Está bem, mas eu tenho de perceber isso. Não po… (batem à porta) DOUTOR: Sim? ENFERMEIRA: Posso, doutor? DOUTOR: Toda a licença. Diga! ENFERMEIRA: Queria saber se ainda vai precisar de mim. É que já passa da hora, ainda tenho de passar pelo colégio dos miúdos. DOUTOR: Não, não. Pode ir, claro. Até amanhã. ENFERMEIRA: Até amanhã, doutor. (fecha a porta) DOUTOR: (levanta-se e abre a porta de uma estante) Posso servir-lhe um whisky? RAUL: Se não for incómodo. DOUTOR: Não incomoda nada. Deseja gelo, água lisa ou bebe-o puro. RAUL: Como já vi a garrafa, bebo puro. É crime estragar tão bom whisky com água. DOUTOR: Lá isso é verdade. Eu também só bebo puro, sou pouco escocês. (volta à mesa e serve o whisky e propõe um brinde) DOUTOR: À sua! RAUL: Obrigado. À sua! DOUTOR: Então, aonde é que estávamos? RAUL: Estava a dizer ao senhor doutor que não me confundisse com os casos… DOUTOR: Sim, sim. Já me lembro. Pois e eu ia precisamente a dizer-lhe que tenho de perceber aquilo que se está a passar consigo. Já percebi que não é um homem vulgar. RAUL: Desculpe, doutor, mas vulgar sou. Sou um homem como os outros. DOUTOR: Quero dizer no tocante à sua decisão de pôr termo à vida. Não se trata de um impulso que teve ou de um acontecimento que o fez tomar essa decisão. Arriscar-me-ia a dizer que é algo de filosófico. RAUL: Isso de filosofia é que não! Não me venha com filosofias. Não se trata de filosofia, trata-se de doença, doutor. Julgo que não há muito o que perceber, senão que é uma doença que me está a causar um sofrimento insuportável. E… DOUTOR: A vida, portanto. RAUL: Perdão!? Não compreendi. DOUTOR: A vida. A doença a que se refere é a vida. RAUL: Sim, a vida. (silêncio) RAUL: Mas quando digo que se trata da vida, há que dizer também que não sei bem. DOUTOR: Não sabe bem? RAUL: Claro, doutor. É que se fosse só a vida, provavelmente haveria mais casos como o meu. Haveria imensos. DOUTOR: Estou a ver. RAUL: O que quero dizer é que a vida, para mim, não é vida. É e não é. É, porque estou vivo e tenho as minhas responsabilidades como todos os outros. Não é, porque, sem razão nenhuma, ela se torna insuportável. Está a compreender? DOUTOR: Estou, estou. Continue, por favor! RAUL: É isso, doutor. Em mim, a vida é uma doença. E, no entanto, para tantos outros, para o senhor, por exemplo, a vida é apenas a vida. DOUTOR: Sim, estou a ver. E, dizia-me há pouco, padece disso desde a adolescência, portanto. RAUL: Mais ou menos. DOUTOR: Diga-me uma coisa: também não foi sempre assim, pois não? RAUL: Assim como? DOUTOR: A intensidade da dor. RAUL: Não. Dor sempre houve. Por vezes atenuava, sem perceber bem porquê. Mas de há alguns anos para cá, uns oito talvez, tem sido pior. E os últimos dois são difíceis de descrever, doutor. DOUTOR: Deseja um pouco mais de whisky? RAUL: Por favor, doutor.
Hoje Macau China / ÁsiaGuangdong : dez executados por tráfico de droga após julgamentos públicos [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]ez pessoas foram executadas no fim de semana pelas autoridades da província de Guangdong, no sul da China, após terem sido julgadas publicamente e condenadas à morte por tráfico de droga, informou a imprensa estatal. Segundo noticiou no domingo o Global Times, jornal em inglês do grupo Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC), 12 acusados por venda de droga, assassínio e roubo foram submetidos, no sábado, a um julgamento público, realizado diante de milhares de pessoas, no estádio de Donghai, na cidade de Lufeng. Dois tribunais de Guangdong, o de Lufeng e o de Shanwei, encarregaram-se do processo, durante o qual condenaram à morte dez dos 12 acusados, os quais foram executados imediatamente depois da sentença. O portal chinês Beijing News publicou vários vídeos na sua conta oficial no Weibo, o equivalente chinês à rede social Twitter, que mostram os acusados a entrar no estádio num veículo policial descoberto, rodeados por vários agentes armados. Desconhece-se a forma como foram concretizadas as execuções, apesar de este diário ter indicado que foram feitas de forma privada ao contrário do que era habitual na China na década de 1990 – que efectivava as execuções em estádios de maneira pública -, uma prática que nos últimos anos parece ter sido abandonada. As autoridades locais defendem este tipo de prática como forma de demonstrar aos cidadãos a mão dura do Governo contra a droga, segundo destacou a agência de notícias oficial Xinhua. Em 2015 outras 13 pessoas foram julgadas publicamente e, posteriormente executadas em Lufeng, pelo mesmo delito, diante de mais de dez mil pessoas e apenas seis meses depois outras oito tiveram a mesma sorte. Esta cidade do sul da China é um dos principais focos de atuação do Governo no âmbito da sua campanha antidroga por ser uma zona de trânsito habitual de armazenamento e tráfico de substâncias ilícitas. Em 2014 a polícia apreendeu três toneladas de metanfetaminas e deteve aproximadamente 200 pessoas. O tráfico de droga em grande escala é um crime passível de ser punido com pena de morte na China, onde vários cidadãos estrangeiros foram executados pela justiça do gigante asiático depois de terem sido detidos na posse de estupefacientes.
Hoje Macau China / ÁsiaNovas directrizes para regular investimento privado no exterior [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] órgão para planeamento económico da China emitiu na segunda-feira directrizes para investimento privado no exterior para combater operações irregulares, entre outros problemas, que surgiram à medida em que as companhias chinesas expandem sua presença mundial. As directrizes pretendem guiar a operação offshore de negócios, disse Meng Wei, porta-voz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR). Reconhecendo a contribuição das empresas privadas nas exportações de bens e tecnologia e na Uma Faixa, Uma Rota, Meng disse que havia também efeitos secundários, citando tomada de decisão cega, competição maligna e negligência de qualidade e segurança. Para lidar com as questões, o documento foi compilado juntos por agências incluindo a CNDR, Ministério do Comércio e o Banco Popular da China, o banco central. “As empresas privadas devem melhorar as regras internas sobre tomada de decisão e administração financeira em termos do investimento no exterior, e fortalecer o controle de riscos usando medidas de segurança e planos de contingência”, segundo o documento. Os procedimentos nacionais e estrangeiros sobre investimento devem ser seguidos e as responsabilidades sociais, cumpridas. As empresas também devem obedecer as leis da protecção ambiental locais. Meng disse que regras semelhantes para as empresas estatais estão na fase de preparação. O documento faz parte dos esforço do governo para esfriar o frenesi de aquisições no exterior e controlar as saídas de capitais ilícitas. O Conselho de Estado disse em agosto que o país proibiria as compras de bens imóveis, hotéis e clubes desportivos no exterior, e incentivaria negócios em infra-estrutura e novas tecnologias. O investimento directo não financeiro realizado pela China no exterior caiu 33,5% em termos anuais de Janeiro a Novembro.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão planeia cooperar com iniciativa da China ‘Uma Faixa, Uma Rota’ [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Japão planeia aderir ao vasto projecto chinês ‘Uma Faixa, Uma Rota’, que ambiciona reavivar simbolicamente o corredor comercial que uniu o Oriente o Ocidente, revelaram fontes do Governo nipónico à agência Kyodo. “A nossa estratégia é alcançar a estabilidade e a prosperidade da sociedade internacional mediante a coordenação com os países dos oceanos Índico e Pacífico”, afirmou uma das fontes à agência de notícias japonesa. Os planos do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, de promover a cooperação no desenvolvimento do projecto de investimentos em infra-estruturas ‘Uma Faixa, Uma Rota’, configuram uma mudança na política diplomática que tem vindo a manter até agora. Tóquio expressou, em Maio, a sua intenção de ajudar outros países asiático a impulsionar o seu desenvolvimento, sem concretizar, porém, se seria no âmbito da iniciativa liderada pela China “Uma Faixa, Uma Rota”, versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”. O Governo japonês planeia agora, através da actividade de empresas de ambos os países, apoiar o desenvolvimento de infra-estruturas e da actividade comercial na região, assinalaram as mesmas fontes governamentais à agência Kyodo. A iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, que foi idealizada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, durante uma visita oficial à Ásia Central em 2013, ambiciona reavivar a antiga Rota da Seda, o corredor económico que uniu o Oriente o Ocidente, abrangendo mais de 60 países e regiões da Ásia, passando pela Europa Oriental e Médio Oriente até África. No início de novembro, Shinzo Abe tinha manifestado que “esperava uma boa cooperação com a China em relação à iniciativa da nova rota da seda, que seguia em paralelo com a sua estratégia de alcançar uma região do Indo-Pacífico livre e aberta”. O primeiro-ministro japonês considera imperativo melhorar a sua relação com a China face à crescente presença da segunda potência mundial na economia e segurança globais.
Hoje Macau China / ÁsiaGeely compra grande fatia da Mercedes A Geely, que já comprou a Volvo e a Lotus, tentou adquirir há três semanas uma grande fatia da Daimler, dona da Mercedes e Smart. E, ao que parece, à segunda tentativa, conseguiram. [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Geely parece cada vez mais o T-Rex da indústria automóvel. Isto no sentido que come – ou melhor, compra – tudo o que lhe aparece à frente, desde que se adapte à sua estratégia de crescimento. Adquiriu a Volvo Cars à Ford por 1,5 mil milhões de euros em 2010 e, mais recentemente, a London Taxi Company que constrói os táxis londrinos (em 2013 por 15,1 milhões de euros), a Lotus (51% por 55 milhões de euros) e uma fatia importante da Proton (49,9%). Nem os carros voadores da Terrafugia escaparam ao seu apetite voraz e bolsos, aparentemente, sem fundo. Em final de Novembro, os chineses (cuja denominação oficial é Zhejiang Geely Holding Group Co., Ltd) informaram a Daimler, o grupo que inclui a Mercedes e Smart, que pretendiam comprar entre 3% a 5% de novas acções, o que os alemães rejeitaram, porque isso iria diluir o valor dos títulos detidos pelos actuais accionistas. Mas desafiariam a Geely a adquiri-las no mercado aberto, indo ao ponto de revelar que viam com bons olhos a entrada de investidores com objectivos de longo prazo. E a Geely, o maior fabricante chinês sem ligações ou participação do Governo, terá feito isso mesmo, segundo a China Central Television. Em causa está um investimento de 4.000 milhões de euros, valor que corresponde sensivelmente a 5% das acções da Daimler, o que coloca a Geely na 3ª posição entre os que têm as maiores fatias do grupo germânico, logo atrás do Kuwait Investment Authority, que possui 6,8%, e dos americanos da Black Rock (5%), mas à frente da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que detém 3,1% na empresa alemã. Com esta aquisição, ainda não confirmada pelas vias oficiais, a Geely quer ter acesso à tecnologia da Mercedes, especialmente no que respeita às baterias, mantendo a estratégia habitual de Li Shufu, o chinês que fundou a Geely há 31 anos e que a tem feito crescer desde então, cada vez de forma mais rápida. Curiosamente, a estratégia da empresa liderada por Li Shufu sempre passou mais por aquisições do que pelos investimentos massivos que são necessários para manter qualquer construtor automóvel na crista da onda, no que às inovações diz respeito. Isso explica que enquanto a Geely investe muito pouco, ou mesmo nada, em investigação e desenvolvimento (I&D), a Daimler invista 8,4 mil milhões de dólares, no que é apenas ultrapassada pela Toyota (9,6 mil milhões) e pela Volkswagen, que é de longe quem mais investe em I&D (15,1 mil milhões de dólares). Renault e Nissan, juntas, atingem 7,1 mil milhões de dólares, quase tanto quanto a Ford (7,3), o quarto grupo que mais investe neste domínio.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteExposição | O legado de José Maneiras, o arquitecto da primeira geração Quando Manuel Vicente chega a Macau pela primeira vez, em 1962, José Maneiras acabava de se licenciar no Porto. Ambos foram os grandes responsáveis pela introdução da escola da arquitectura moderna do ocidente. A obra do homem que “não faz cedências ao comercialismo” e que, como tal, “é respeitado” será recordada em 2018 com uma exposição da Docomomo, intitulada “José Maneiras – Um Macaense Moderno” [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Maneiras, nascido em Macau em 1935, sabe que os seus colegas de profissão, ligados à associação Docomomo, vão recordar a sua obra em Março do próximo ano, com uma exposição, mas não quer falar sobre isso. Se o autor não fala sobre si mesmo, convidamos outros colegas a falar de si. Hoje mais afastado dos grandes projectos e encomendas, o trabalho de José Maneiras permanece importante por marcar a introdução da arquitectura moderna europeia em Macau e por fazer parte de uma primeira geração de profissionais vindos de Portugal. Maneiras licenciou-se em arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do Porto e chegou a Macau em 1962, numa altura em que não havia arquitectos profissionais. Sérgio Spencer, arquitecto ligado à Docomomo e um dos responsáveis pela exposição, disse ao HM que José Maneiras “é um dos principais actores daquilo que foi a modernização da cidade de Macau, com a introdução de um tipo de arquitectura.” “Ele é um homem da terra que vai fazer os seus estudos em Portugal e ganha essa dimensão das visões modernas e contemporâneas que se tinham implementado na Europa e nos Estados Unidos”, acrescentou Spencer, que adianta que essas correntes que então se notavam nos edifícios do ocidente visavam, sobretudo, o funcionalismo. “Ele fez muitos edifícios residenciais. O seu estilo de arquitectura está virado para o sentido funcionalista, pragmático, muito eficaz, na linha daquilo que era um dos princípios do movimento moderno: o de considerar um edifício como uma máquina”, frisou. Numa altura em que a maioria dos projectos eram desenhados por engenheiros ou outros profissionais de construção civil, José Maneiras soube fazer “uma relação interessante” entre aquilo que aprendeu na faculdade e o que era a cultura local ao nível da construção. “Ele tem um estilo muito próprio, mas soube integrar os princípios na prática local. Foi isso que nos moveu um bocado, tentar trazer esta exposição ao público”, referiu Sérgio Spencer. Num artigo da autoria da académica Ana Vaz Milheiro, em parceria com Hugo Morais Coelho, é referido que Maneiras foi dos poucos arquitectos que ficou em Macau em 1966, após uma vaga de saída de arquitectos portugueses, tendo fundado o seu atelier no ano seguinte. André Ritchie, arquitecto que também fez a sua formação superior no Porto, teve professores que foram colegas de José Maneiras. “Trata-se da primeira geração e foi um dos primeiros arquitectos que foram estudar para Portugal e que voltaram com o canudo na mão. Isto numa altura em que se ia para Portugal ainda de barco, e ainda hoje José Maneiras conta essa história. Como pessoa foi sempre uma espécie de ídolo.” Menos exuberante que Manuel Vicente Vindo de Goa, Manuel Vicente chegou a Macau em 1962, tendo vivido no território até 1966. O seu trabalho cruza-se com o de José Maneiras, mas jamais se diluem. “Antes do Manuel Vicente foi José Maneiras que deu a Macau edifícios bonitos e que pensou a cidade”, recordou Carlos Marreiros. Apesar de terem feito “alguns planos em conjunto”, “o legado de ambos é diferente”. “O Manuel Vicente era exuberante, tinha uma arquitectura bastante festiva, muito criativa. O José Maneiras é da escola do Porto, e era muito comedido, muito modernamente minimalista, tinha características dessa escola. A sua arquitectura era competente, funcional, bonita, mas não era muito festiva.” Sérgio Spencer afirma que “numa fase muito inicial a obra de Manuel Vicente aproxima-se, de alguma maneira, da obra de José Maneiras”. “Eram amigos, davam-se bastante bem um com o outro, e ainda hoje entendemos isso nas suas palavras, mas do ponto de vista da linguagem arquitectónica, a maneira como abordavam a arquitectura e a questão da construção, não creio que passasse muito da obra de um para o outro”, concluiu. A degradação inevitável Uma vez que José Maneiras começou a projectar a partir de meados dos anos 60, os seus edifícios têm hoje guardados as marcas do tempo, sem manutenção e com desgaste, à semelhança de outros exemplares da arquitectura modernista em Macau. Contudo, ainda têm o seu papel no tecido urbano. Isso acabou por dificultar a escolha das obras para mostrar ao público nesta exposição, pois José Maneiras não tem um espólio organizado. Visitas realizadas e conversas com o arquitecto ajudaram a Docomomo em todo o processo. “A maior parte das obras de José Maneiras estão muito destruídas. A arquitectura está um bocado delapidada, com gaiolas, e não tem a manutenção feita”, disse Sérgio Spencer. Tanto Carlos Marreiros como André Ritchie falam do complexo de edifícios habitacionais em frente ao Clube Militar, escondidos com a grandiosidade do Grand Lisboa. “Esse edifício merecia ser renovado porque é um exemplo do modernismo em Macau”, lembrou André Ritchie, que referiu também a maneira como José Maneiras incorporou a ventilação transversal nos seus edifícios. “Não havia a abundância do ar condicionado que há hoje. Essa preocupação reflecte-se depois na fachada dos exteriores dos edifícios”, adiantou. “Hoje é um edifício que está muito degradado e as pessoas nem reparam”, acrescentou Carlos Marreiros. “Com o que se construiu à volta deixou de ter leitura. É um edifício que conheço desde a minha juventude, tem um desenho contido mas com muita qualidade.” Maneiras trabalhou ainda, a título de exemplo, no projecto de requalificação da praça do Tap Seac, ao lado de Marreiros e do engenheiro civil José Chui Sai Peng, tendo também coordenado a equipa projectista do reordenamento viário da rotunda Carlos de Assumpção. Membro honorário da Ordem dos Arquitectos em Portugal, um dos fundadores da Associação dos Arquitectos de Macau, em 1987, José Maneiras teve também um papel político, tendo sido presidente da Câmara Municipal do Leal Senado, cargo que ocupou entre 1989 e 1993. Isso deu-lhe ferramentas para conhecer um outro lado do território. “Maneiras é um profundo conhecedor da cidade. Não é uma pessoa que faça cedências ao comercialismo, e como tal é respeitado”, frisou Carlos Marreiros. Carregando consigo inúmeras histórias da terra que o viu nascer, José Maneiras foi o responsável por transmitir a André Ritchie uma delas, no âmbito de um projecto recente em que ambos trabalharam. “Tivemos de deslocar um monumento da diáspora macaense, na sequência de uma obra do Gabinete de Infra-estruturas. Esse monumento celebra a diáspora macaense e quando os macaenses saíam de Macau iam de barco, não de avião, tal como José Maneiras o fez, e saía-se da Barra. A última coisa que um macaense via era o Templo de A-Má”, contou o arquitecto. O trabalho de uma vida de José Maneiras poderá ser visto em Março no pavilhão do jardim Lou Lim Ieok. Sérgio Spencer garantiu que o objectivo é mostrar a importância do seu trabalho a todos. “Gostaríamos que não fosse [uma exposição] muito direccionada para arquitectos, que fosse uma coisa virada para o público e até para a comunidade chinesa. Batalhamos um pouco para ter um espaço expositivo que não fossem os sítios tradicionais das exposições onde só vão turistas e gente erudita. Estamos contentes por termos feito a exposição no pavilhão do Lou Lim Iok”, rematou.
Hoje Macau SociedadeJovens | Estudo mostra fraco amor à Pátria [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s jovens não amam tanto a China como os mais velhos e Macau não tem uma sociedade justa, são algumas das conclusões de um estudo realizado pela Associação dos Jovens de Macau Oriundos de Jiangmen que pretendia abordar o valor do trabalho e da sociedade para os jovens do território. Os resultados mostraram que no âmbito de identidade e sentimento de pertença, os sujeitos mais velhos tendem a identificar-se com “eu sou chinês” e com “amo a China”. Já com os jovens acontece o contrário. De acordo com o Jornal do Cidadão, o inquérito contem opiniões de 1035 jovens de Macau entre os 18 e os 39 anos. Já no que diz respeito às representações que têm da sociedade, a maior percentagem dos jovens considera que Macau é um território multicultural e que respeita as leis, no entanto não considera que a sociedade local seja justa. De acordo com o presidente da associação, Ha Chon Ieng, a faixa mais nova da sociedade sente uma grande dificuldade em ascender profissionalmente e de ter um rendimento capaz de superar as dificuldades em arranjar habitação o que faz, considera, com que tenham baixas expectativas em relação ao futuro.
João Santos Filipe Manchete SociedadeObras viárias | Um total de 617 projectos em marcha no próximo ano Apesar de uma redução no número de pedidos para obras nas estradas, o Território vai ter 617 obras viárias em 2018, com artérias como a Avenida do Almirante Lacerda, Avenida do Conselheiro de Ferreira e Almeida e Avenida da Ponte da Amizade a ficarem condicionadas [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o próximo ano as estradas de Macau vão receber 617 obras viárias, de acordo com os pedidos recebidos pelo Grupo de Coordenação de Obras Viárias, por parte dos serviços públicos e concessionárias. Os números foram revelados, ontem, numa conferência de imprensa do Grupo de Coordenação de Obras Viárias. Segundo os dados apresentados, há uma redução de 13,2 por cento em relação aos projectos para obras, uma vez que o número de trabalhos realizados na rede viária foi de 711, ao longo deste ano. Contudo, este número de obras não é definitivo, porque ao longo do próximo ano podem surgir outros pedidos para a realização de mais obras. Mesmo assim, o Grupo de Coordenação de Obras Viárias promete implementar medidas para minimizar o impacto junto da população e encurtar os períodos das obras. Estas medidas podem passar por multas para atrasos e bónus para quem completar os trabalhos antes dos prazos definidos. Em 2018, as obras de grande dimensão vão afectar algumas das principais estradas do território, nomeadamente: Avenida do Almirante Lacerda, Avenida do Conselheiro de Ferreira e Almeida, zona da Areia Preta, Avenida da Ponte da Amizade e Estrada do Reservatório. Também a Avenida de Guimarães, Avenida dos Jogos da Ásia Oriental, Estrada de Pac On e Rotunda da Piscina Olímpica da Taipa vão sofrer condicionamentos. Sobre os trabalhos apresentados pelos serviços públicos e concessionárias estão principalmente relacionados com “fornecimento de energia eléctrica, construção e reordenamento da rede de esgotos, ligação da rede viária da NAPE, substituição de canalizações de asbestos e construção de viadutos”, explicou o Governo, em comunicado. Elogios ao trabalho feito Por outro lado, o Grupo de Coordenação de Obras Viárias fez um balanço positivo das dez medidas implementadas ao longo deste ano, com o objectivo de evitar a pressão sobre o trânsito e os residentes. “Com a colaboração dos serviços públicos e das concessionárias, surtiram algum efeito nas obras viárias realizadas em 2017, tanto no controlo do número de obras e extensão da área das obras como a compressão do cronograma”, considerou o Governo, sobre as 10 medidas lançadas. “A par disso, a Divisão de Fiscalização da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego reforçou as suas acções de fiscalização sobre as medidas provisórias de trânsito das obras”, foi acrescentado. Ainda ao longo de 2017, o grupo da DSAT fez questão de referir que quando um empreiteiro não cumpriu as recomendações feitas, que as informações foram divulgadas online, para que houvesse conhecimento do público sobre os responsáveis.
João Luz Manchete SociedadeSexualidade | Jovens de Macau com comportamentos de risco muito cedo Um estudo da Associação Sheng Kung Hui revelou que 40 por cento dos jovens inquiridos tiveram a primeira experiência sexual aos 14 anos. Além do uso de métodos contraceptivos inadequados, o inquérito revelou que 10 por cento pensa em suicídio e consumo de drogas quando termina uma relação [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Sheng Kung Hui realizou um inquérito a jovens da zona norte e da Taipa, que revelou que 40 por cento dos inquiridos tiveram a primeira experiência sexual aos 14 anos. “Naturalmente é muito cedo até porque, hoje em dia, a maturidade é adquirida cada vez mais tarde um bocado como consequência da vida que os jovens têm”, explica o psicólogo Pedro de Senna Fernandes. O estudo foi realizado em colaboração com o Centro de Pesquisa de Macau e com o apoio do Instituto de Acção Social e recolheu entrevistas de 207 jovens assistidos pela Associação Sheng Kung Hui. De acordo com o psicólogo ouvido pelo HM, o início de vida sexual tão precoce pode ser reflexo de “primeiras responsabilidades e autonomias adquiridas tardiamente” e do exercício de “actividades muito orientadas”. A sexualidade para ser vivida na sua plenitude requer uma estrutura emocional sustentada, capacidade que os jovens de 14 anos não possuem. Além da tenra idade, o inquérito revelou que os métodos de contracepção usados são desadequados. Pedro de Senna Fernandes acrescenta que a forma precoce em que se inicia a vida sexual pode fazer com que a experiência perca significado. “A experiência sexual envolve uma multiplicidade de emoções inerentes à própria experiência. A libido e tudo o que constitui o prazer requer uma estrutura emocional que estes jovens ainda não adquiriram”, explica. Juventude irrequieta Aos 14 anos, os jovens ainda têm pouco conhecimento do seu próprio corpo, uma dimensão física que começa a ser explorada depois da explosão hormonal e neuronal que ocorre nos dois anos antes do início da adolescência. Em contraste com os números avançados pela Associação Sheng Kung Hui, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude está a promover até Fevereiro de 2018 a Actividade Promotora da Educação Sexual na Comunidade – Amor e Acompanhamento. Segundo nota da DSEJ, as actividades pretendem “criar um relacionamento agradável entre dois sexos, ter cuidado com as armadilhas de amizade na internet e elevar a capacidade de autoprotecção”. Outro dado preocupante relevado pelo estudo foi o número de jovens que pensaram em suicídio, automutilação e abuso de drogas na sequência de fins de relações. Pedro de Senna Fernandes explica que o “ideário suicida pode ser espoletado por experiências frustrantes, numa altura em que emocionalmente há uma flutuação muito forte entre os campos da euforia e da tristeza”. Nesse aspecto, o psicólogo considera que em Macau, “embora tenha melhorado um bocadinho, as crianças são super-protegidas e têm a satisfação de todas as vontades que manifestam”. Algo que “a partir do momento em que têm de combater uma frustração emocional, como o parceiro não querer terminar a relação, ou não querer aprofundar, degenera numa gestão de frustração que pode conduzir a ideários não desejáveis”. Para Pedro de Senna Fernandes, o facto de 10 por cento dos jovens inquiridos terem respondido desta forma é algo muito preocupante. Também no que diz respeito ao consumo de estupefacientes, a propensão para este comportamento de risco é algo com dimensão hormonal. “O comportamento de risco dos jovens está ligado à amígdala, que é o centro do impulso e prazer, muito mais desenvolvido que o hipotálamo bio córtex, que é o centro da razão”. Além disso, a pressão de pares e o medo dos ostracismo também aumentam a probabilidade de se incorrer em comportamentos de riscos.
Andreia Sofia Silva PolíticaFestival de Gastronomia | Pereira Coutinho exige concursos públicos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde critica a organização do Festival de Gastronomia, apontando a falta de stands de comida genuinamente portuguesa e macaenses. Além disso, o deputado pede que sejam realizados concursos públicos para a atribuição de stands, para “diminuir as suspeitas de conluio entre entidades públicas e privadas”. “Realizou-se a 17ª edição do Festival de Gastronomia que mais uma vez peca sistematicamente pela falta de exposição de géneros alimentícios e restaurantes genuinamente portugueses e macaenses”, começou por escrever o deputado. “Muitas das queixas que temos recebido dos cidadãos e alguns responsáveis de restaurantes portugueses e macaenses tem a ver com a enorme falta de espaços para exposição de comidas, além de que muitas comidas expostas não são mais do que ‘gato por lebre’, induzindo os consumidores em erro, pois pensam que se trata de comida genuinamente portuguesa ou macaense”, escreveu Coutinho. O deputado fala ainda de situações em que muitos dos proprietários de restaurantes só conseguem “espaços através de ‘cunhas’ e de pedidos via pessoas muito influentes, o que não devia ser assim”. Além disso, “a comida macaense e portuguesa nunca esteve devidamente representada, salvo duas excepções”. Pereira Coutinho faz ainda acusações ao financiamento atribuído pela Fundação Macau (FM). “Apesar do evento ser ‘alimentado’ financeiramente pela FM e a Direcção dos Serviços de Turismo, a organização privada escolhe a seu ‘bel prazer’ os expositores, favorecendo uns e prejudicando outros sem que tenha de dar quaisquer satisfações a quem quer que seja, e tudo isto à conta do erário público”.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaOffshores | Governo deve ter medidas para evitar sanções, aponta Au Kam San Evitar que Macau venha a sofrer sanções por estar na lista negra da União Europeia é o objectivo de Au Kam San que pede ao Governo medidas para evitar a evasão fiscal no território [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado pró-democrata Au Kam San quer explicações concretas por parte do Governo que justifiquem a classificação de Macau pela União Europeia como paraíso fiscal e o que pretende o Executivo fazer para que esta denominação não venha a ser causa de sanções para o território. Apesar do Governo ter respondido de imediato, após saber da classificação dada pela Europa, Au Kam San considera que o que foi dito não é suficiente e que dado o contexto actual do território, caso não se tomem medidas concretas, a situação só pode vir a piorar. Para o deputado, Macau por ser uma zona franca e como tal permitir a entrada e saída de capitais e de mercadorias e “é muito provável que alguns indivíduos consigam encontrar eventuais lacunas nas leis e se aproveitem de Macau como a sua base para a evasão fiscal”, explica Au Kam San. O crescente número de empresas offshore no território, que poderá ter contribuído para a nota negativa europeia, é também uma situação que só tende a aumentar. “[As empresas offshore] vão ser cada vez mais devido à iniciativa “uma faixa, uma rota” e como a fiscalização destas empresas é muito difícil as mesmas constituem o melhor instrumento para a evasão fiscal”, aponta o deputado em interpelação. Au Kam San questiona ainda se este factor não é a causa “da má designação do território enquanto paraíso fiscal”. Para o deputado, é fundamental que o Governo esclareça esta situação e torne públicos vários dados, tais como o número de empresas offshore em Macau, as fiscalizações que lhes são feitas , em que actividades trabalham e qual é a sua dimensão. Por outro lado Au Kam San quer ainda claras as medidas que o Governo tenciona por em prática para deixar de constra na lista negra de paraísos fiscais da União Europeia. Macau foi um dos nomes da lista negra da União Europeia dos territórios considerados paraísos fiscais conhecida no início do mês. Com Macau foram ainda mais 18 territórios classificados na mesma lista e que podem vir a ser alvo de sanções. Segundo a agência noticiosa Bloomberg, as jurisdições enfrentam “a possibilidade de lhes serem aplicadas sanções” pelo facto das práticas fiscais não estarem ao nível das adoptadas no bloco europeu. Além de Macau, estão na lista Cabo Verde, Coreia do Sul, Panamá, Tunísia, Bahrain e Emirados Árabes Unidos. Também Barbados, Samoa, Granada, Ilhas Marshall constam entre as 19 jurisdições. A lista não é definitiva e pode sofrer alterações, dependendo de decisões políticas dos ministros da União Europeia, destacava ainda a Bloomberg. Negar até ao fim Em resposta a esta situação, o Governo emitiu um comunicado em que nega ser “um alegado ponto de fuga e evasão fiscal ou um paraíso fiscal”. “Macau não é de forma alguma um alegado ponto de fuga e evasão fiscal ou um paraíso fiscal, e tem vindo a cooperar de forma activa com a sociedade internacional, incluindo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a UE, no sentido de combater, em conjunto, a fuga e evasão fiscal transfronteiriça e de promover a justiça tributária”, defendeu-se o Executivo, numa nota do secretário para a Economia e Finanças. “Actualmente, o Governo da RAEM está, também, a fazer trabalhos de acompanhamento da extensão da Convenção Multilateral sobre Assistência Mútua Administrativa em Matéria Fiscal para ser aplicada na RAEM. Por outro lado, o Governo da RAEM está a estudar o aperfeiçoamento do regime jurídico aplicável à actividade offshore”, acrescentou.
Sofia Margarida Mota PolíticaAssistentes Sociais | Comissão vai reunir com associações do sector A 2ª comissão permanente vai solicitar reuniões com pelo menos cinco associações locais com trabalho na área para ter mais informações acerca das necessidades dos assistentes sociais. Nasceu inda um novo conceito no território, uma profissão dois sistemas, que representa um problema a resolver quando se fala da desigualdade nas carreiras dos assistentes sociais entre o público e o privado [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 2ª comissão permanente vai reunir com as principais associações do território. O obejctivo, disse ontem o presidente da sede de comissão onde o a proposta de lei sobre o regime de credenciação e inscrição para o exercício de funções de assistente social está a ser analisada na especialidade, Chan Chak Mo, é conseguir perceber, do lado de quem trabalha no sector, quais as maiores necessidades. De acordo com Chan Chak Mo, vão ser convidadas para um encontro a associação de assistentes sociais de Macau “que congrega mais de 200 membros, a Cáritas, pelo trabalho que tem realizado na área e representatividade que tem, a união de moradores, a associação das mulheres e os operários”. “Apesar destas associações já se terem pronunciado por escrito no período de recolha de opiniões uma reunião com elas neste momento permite com que a comissão possa a ficar a saber mais acerca do sector”, justificou Chan Chak Mo. Do que foi deixado na recolha pública de opiniões, as associações revelaram qeu as suas maiores preocupações têm que ver com “o regime de inscrição profissional, o código ético e deontológico que vai regular a profissão e a própria calendarização para todo o processo de revisão da lei”, referiu o presidente da sede de comissão. Uma profissão, dois regimes O conceito de um país dois sistemas está a ser aplicado às várias áreas do território e foi ontem discutido na reunião de análise na especialidade da revisão do regime dos assistentes sociais, agora sob o conceito de uma profissão, dois regimes. De acordo com Chan Chak Mo, outra das preocupações expressas pelas associações que se manifestaram na recolha de opiniões tem que ver com a clarificação daquilo a que chama de uma profissão, dois sistemas, ou seja se o regime vai ser aplicado tanto aos funcionários do privado como aos da função pública visto que até agora é uma profissão que não tem carreira definida e em que o profissionais auferem de diferentes regalias consoante o sector, publico ou privado, em que trabalham. Os anónimos Há ainda três grupo de pessoas desconhecidas que pediram para ser ouvidas pela 2ª Comissão. Para Chan Chak Mo a ideia é para ser ponderada mas antes, há que ter mais informações acerca destes grupo de pessoas. “Não sabemos quem são, o que fazem, nem o que querem, e como tal, antes de nos encontrarmos com eles, queremos ter mais informações para perceber a sua relevância para o assunto”, disse. As reunião irão ter lugar, em princípio, no mês de Janeiro, referiu o responsável aos jornalistas após a última reunião de análise na especialidade desta matéria. Por definir ainda está a constituição do Conselho Profissional dos Assistentes Sociais (CPAS), responsável pela acreditação profissional dos assistentes sociais do território. O conselho será constituído por 11 membros que no primeiro mandato serão, na totalidade, nomeados pelo Governo, inclusivamente o presidente. Passados dois anos, e no segundo mandato, o regime prevê que seis membros se mantenham nomeados pelo Executivo, sendo que os assistentes sociais pedem que os restantes cinco sejam eleitos.
João Luz PolíticaNg Kuok Cheong pede subsídios para transição do salário mínimo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado pró-democrata interpelou o Executivo para que se estude a possibilidade de mobilizar recursos para facultar um subsídio aos baixos rendimentos, como mecanismo transitório para a implementação do salário mínimo. Ng Kuok Cheong considera que no primeiro ano de aplicação, caso os empregadores apenas garantam 70 por cento do montante do salário mínimo, os trabalhadores deveriam receber esta compensação. A ideia do deputado é apoiar empresas pequenas e, por exemplo, pequenos proprietários de prédios habitacionais. Ng Kuok Cheong considera que para compensar a bonificação salarial, os empregadores devem comprometer-se a aumentar os ordenados, no mínimo, em 6 por cento ao ano, até que se atinja o salário mínimo. O deputado entende que este tipo de mecanismo pode funcionar como “amortecedor dinâmico” durante um período de oito anos de forma a aliviar a pressão sobre os salários pagos pelas pequenas e médias empresas. Ng Kuok Cheong recordou na interpelação escrita que o período em que discutiu o salário mínimo para a administração predial, em 2014, o Governo prometeu que o salário mínimo universal seria uma realidade em três anos. O pró-democrata menciona na interpelação que durante as Linhas de Acção Governativa da área da economia e finanças, Lionel Leong revelou preocupações que seja o Executivo a responder maioritariamente pela implementação do regime do salário mínimo.
Victor Ng Manchete PolíticaDemocratas aconselham delegados de Macau à APN a investigar o massacre de Tiananmen Investigação acerca dos acontecimentos de 4 de Junho de 1989, eleições universais para os delegados de Macau à APN e pressão para a revisão das leis que restringem a liberdade no continente são algumas das sugestões deixadas por Au Kam San e Ng Kuok Cheong aos 12 representantes de Macau eleitos no passado domingo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]u Kam San e Ng Kuok Cheong querem que os representantes de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) investiguem a massacre de Tiananmen de 4 de Junho de 1989. A lista dos 12 delegados de Macau à APN foi conhecida no domingo e dois dos membros que fizeram parte do colégio eleitoral para os 12 representantes, Au Kam San e Ng Kuok Cheong, pediram que investiguem os acontecimentos na manifestação de Tiananmen, a 4 de Junho de 1989. Para os deputados trata-se de uma questão de justiça para com as vítimas e de uma acção em prol da democracia. Au Kam San e Ng Kuok Cheong revelaram ainda que pretendem uma mudança no método de eleição dos delegados locais. Para os deputados, tratando-se de representantes do território no continente, deveriam ser eleitos por sufrágio em que todos os residentes de Macau pudessem “votar para poderem eleger os candidatos que preferissem”. Os dois deputados da ala pró-democrata consideram ainda que cabe aos delegados locais o esforço para terem uma acção efectiva no que respeita a levar as opiniões dos residentes a Pequim. Para Ng Kuok Cheong e Au Kam San, os representantes de Macau na APN devem criar centros de atendimento para responder às necessidades dos residentes que se encontram a residir na China continental. O objectivo, sublinham é “revolver as questões dos cidadãos e levar as suas vozes junto do Governo Central”. Continente desigual Por outro lado, os tribunos apontam ainda o dedo à China acusando o país de não estar a dividir os benefícios trazidos pelo desenvolvimentos dos últimos anos pela população. O resultado pode ver-se, dizem, nas desigualdades sociais e económicas do país com mais habitantes do mundo. Mas, para manter uma transparência absoluta é necessário ainda que o Governo Central não colabore nestas desigualdades. Os membros do colégio eleitoral desafiam também o Executivo local a elaborar uma proposta de lei que preveja a declaração de prioridades de acção do Governo Central algo que, consideram, continua sem concretização há mais de 20 anos. No comunicado enviado à comunicação social por Au Kam San e Ng Kuok Cheong, são ainda mencionados os casos do vencedor do prémio Nobel da Paz, Liu Xiaobo, e da sua mulher Liu Xia. Para os deputados, este tipo de situações é reflexo da inadequação das leis do continente à actualidade. Por isso, sugerem aos delegados de Macau na APN que abordem Comité Permanente da APN de forma a que leis que restringem a liberdade possam vir a ser revistas. Participação activa Já Nelson Kot, ex-candidato à APN, alertou para a falta de meios para recolher as opiniões dos cidadãos para serem levadas ao Governo Central. As declarações feitas ontem no fórum organizado pela Rede de Convergência de Sabedoria de Macau, o ex-candidato apela também ao alargamento do número de membros do colégio eleitoral local para que, desta forma, possam existir mais pessoas com direito a voto. Além disso, Nelson Kot sugere que os delegados de Macau reforcem a sua interacção coma população e para o efeito sugere que sejam desenvolvidas plataformas virtuais neste sentido.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGoverno | Contradições e discursos vistos como falta de coordenação interna Um Chefe do Executivo com um discurso e um Secretário para a Economia e Finanças com outro. Dois Secretários que não se entendem sobre os atrasos no Hospital das Ilhas. O Governo fala a várias vozes e os deputados ouvidos pelo HM entendem que se trata de um sintoma de uma descoordenação geral, existente no Governo liderado por Chui Sai On [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s Linhas de Acção Governativa (LAG) chegaram ao fim, mas o que fica é uma imagem de descoordenação geral do Governo. O exemplo mais demonstrativo foi dado pelo secretário para a Economia e Finanças, quando disse, em resposta às perguntas dos deputados, que o controlo dos preços no mercado imobiliário passaria pelo aumento da oferta. No entanto, em Pequim, o Chefe do Executivo desmentiu Lionel Leong e prometeu implementar mais medidas para controlar o imobiliário. Também durante a apresentação das LAG, Alexis Tam, secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, e Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, recusaram, ambos, assumir responsabilidades sobre os atrasos na construção no Hospital das Ilhas. Raimundo do Rosário apontou que não há calendário para a conclusão dos trabalhos porque o projecto dos edifícios não estava concluído. Depois, sublinhou, que essa responsabilidade era dos Serviços de Saúde, que estão sob a tutela dos Assuntos Sociais e Cultura. Por sua vez, Alexis Tam justificou que não é ele que controla os tempos para a realização dos concursos públicos das empreitadas nem define os calendários para as obras. Para os deputados ouvidos pelo HM, Agnes Lam e José Pereira Coutinho, o discurso governativo a várias vozes reflecte a descoordenação existente no Executivo. “Os diferentes discursos [do Chefe do Executivo e Secretário para a Economia a Finanças] demonstram a falta de uma acção política orientada para o desenvolvimento sustentado da habitação. Ora dizem uma coisa aqui, ora dizem uma coisa ali… Como não há uma definição clara sobre o futuro de Macau, eles contradizem-se”, afirmou José Pereira Coutinho, em declarações ao HM. “São trapalhadas que demonstram falta de coordenação e de comunicação. Essas duas falhas são muito nítidas, principalmente entre as diversas tutelas. Mas não é só com a pasta da Economia e Finanças, também entre as outras tutelas e a área da Administração e Justiça, principalmente ao nível das propostas de lei”, acrescentou. Preocupação recorrente Para Agnes Lam a descoordenação entre o Executivo, principalmente na altura de comunicar com a população e responder às perguntas dos deputados, tem sido um dos grandes temas das suas intervenções na Assembleia Legislativa. “As diferentes respostas e, por vezes, contraditórias têm sido um tema recorrente das minhas intervenções. Acontece frequentemente que os diferentes secretários nos fornecem informações contraditórias, parece que não há de todo coordenação”, afirmou Agnes Lam, ao HM. “Claro que é um aspecto que me preocupa muito por ver sinais contraditórios nos discursos de secretários do mesmo Governo. Por exemplo, a resposta de Raimundo do Rosário [sobre a falta de calendarização para o Hospital das Ilhas por ausência de projecto] deixou-me muito chocada. Só que não tinha tempo para fazer questões”, admitiu a deputada. Para os dois membros da Assembleia Legislativa a passagem do Tufão Hato por Macau, em Agosto do ano passado, foi a grande prova de desorganização existente e da ausência de uma resposta organizada. “O Hato mostrou que não há coordenação nem responsabilidade neste Governo. As pessoas não precisaram de assumir responsabilidades porque não se sabe muito bem quem tomou as decisões. Isso é muito claro”, apontou Agnes Lam. “Quem é que foi o responsável pelas medidas de resposta? A passagem do Tufão Hato mostrou muito claramente que não havia uma pessoa a chefiar a resposta de emergência”, considerou. “A situação mais clara da descoordenação deste Governo foi a passagem do Tufão Hato. Nessa altura, não houve liderança no apoio e na ajuda à população de Macau. Isso foi a prova dos nove”, defendeu José Pereira Coutinho. Falhas nas reuniões do Executivo A ausência de um discurso coordenado levanta questões, para os deputados, sobre o funcionamento do Governo. Segundo José Pereira Coutinho, o Chefe do Executivo afirma que se reúne com os secretários para abordar os diferentes temas. “O Chefe do Executivo diz na AL que se reúne frequente com os secretários. Mas reunir-se e resolver os problemas, já é outra questão. Duvido muito que essas reuniões tenham os resultados desejados pela população”, sublinhou. No entanto, Agnes Lam entende que deveriam ocorrer reuniões frequentes entre o Chefe do Executivo e os secretários, para que houvesse uma maior comunicação. “O Chefe do Executivo e os secretários deviam ter reuniões frequentes, semanais, para trocarem informações e saberem o que se passa nas diferentes tutelas. Actualmente, existem as reuniões do Conselho Executivo, mas estamos a falar de um órgão com uma constituição estranha, e que apenas tem com dois secretários”, disse Agnes Lam, “Quando o Conselho Executivo toma medidas muito importantes, acontece que há secretários que não sabem dessas decisões. Pode acontecer mesmo que não tenham qualquer decisão sobre o que vai ser decidido”, frisou. A deputada considera, assim, que o Conselho Executivo devia ser reformado, porque, defende, é um órgão herdado da administração portuguesa e que tem traços muito específicos do tempo colonial, em que era utilizado pelo Governador para ouvir a comunidade chinesa. Mesmo assim, diz que é possível o Governo melhorar este aspecto sem alterações profundas: “Devia haver um encontro entre secretários para que soubessem o que está a acontecer nas outras tutelas. Era algo que evitava a existência de mensagens contraditórias, assim como o desenrolar de várias consultas públicas ao mesmo tempo. Às vezes temos cinco consultas públicas ao mesmo tempo, também dá uma imagem que não há coordenação”, apontou. “Às vezes parece que os secretários não estão informados e que precisam de ler os jornais para saber o que se está a passar no Governo”, considerou. Outras prioridades Por outro lado, o economista e colunista José Isaac Duarte considerou, em declarações ao HM, que a comunicação não está entre as prioridades do Governo. “Não é normal que isto aconteça [falta de coordenação na comunicação do Executivo]. Penso que esse ponto não tem sido a principal preocupação da Administração”, justificou. José Isaac Duarte considerou que o Governo de Macau não considera necessário preocupar-se muito com a forma como comunica, porque tem outras alternativas para resolver os problemas existentes, nomeadamente com a distribuição de fundos. “Para o mal e para o bem é uma Administração que tem muito dinheiro e, portanto, acaba sempre por tentar resolver os problemas com mais dinheiro ou medidas avulsas”, frisou. “Existe alguma falta de consistência de orientação política. As questão são resolvidas mais caso a caso do que em resultado de uma visão ou orientação geral”, acrescentou. Problema vindo do passado Para José Pereira Coutinho o problema da falta de comunicação entre os membros do Governo não é novo e já se verificava durante os mandatos de Edmundo Ho: “Com o Edmundo Ho também não houve uma liderança forte, que evitasse estes problemas. Acredito que é algo que tenha continuado deste Governo para este”, disse José Pereira Coutinho, ao HM. Para o membro da AL ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, poderia haver uma melhor imagem do Executivo, mas devido à existência de outras condições: “Talvez fosse uma liderança um bocado melhor do que a de Chui Sai On, mas eram outros tempos e com outras condições que não se verificam hoje”, considerou. Habitação como prioridade Para Agnes Lam, Chui Sai On fez bem em focar-se no mercado de habitação, durante a viagem a Pequim, porque é um dos principais problemas da população. A deputada admitiu ainda que tinha ficado desiludida com a resposta de Lionel Leong, quando o secretário afirmou que as soluções para o controlo dos preços das habitações passavam pelo aumento da oferta: “Fiquei surpreendida quando o secretário Lionel Leong disse que não tinha medidas para o mercado do imobiliário. Espero que o Governo implemente as políticas necessárias para combater o aumento dos preços”, disse Agnes Lam, ao HM. “Agora, é uma das minhas prioridades. Os cidadãos não querem falar de outros problemas sem verem este resolvido”, admitiu a legisladora. Habitação? Mais do mesmo O economista José Isaac Duarte afirmou ontem ao HM que não espera que as políticas referidas em Pequim tenham um verdadeiro impacto no controlo dos preços do mercado. Para o economista, o Governo de Chui Sai On vai limitar-se a fazer o que tem feito até agora e que não tem resultado: “Vão fazer mais do mesmo, dentro daquilo que já não funcionou no passado. As medidas que foram sugeridas, o tipo de intervenções referidos nos órgãos de comunicação social, são mais do mesmo e não toca na questão essencial, que é a necessidade de mais oferta”, apontou.
Hoje Macau China / ÁsiaFuga do casal Guerra pode afectar relações bilaterais [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] primeiro-ministro timorense advertiu ontem o Governo português que a sua atitude em relação ao caso do casal português que fugiu de Timor-Leste pode ferir as relações bilaterais e apelou a “um gesto” de Lisboa para esclarecer a situação. Mari Alkatiri disse estar preocupado com o facto de a embaixada portuguesa em Díli ter emitido os passaportes que Tiago e Fong Fong Guerra tinham quando fugiram do país, apelando a Lisboa para que faça “um gesto” em relação a esta situação. “Estou preocupado com a própria atitude da embaixada portuguesa ter emitido os passaportes portugueses. Isso pode ferir as relações entre dois países irmãos, e dentro da CPLP. Temos que gerir como deve ser esta situação”, disse. Nesse sentido, Mari Alkatiri deixou um “apelo directo” ao Governo Português para “encontrar formas de fazer um gesto” para convencer as autoridades timorenses de que “isto foi um caso isolado que dificilmente poderá voltar a acontecer”. O caso de Tiago e Fong Fong Guerra tem marcado um dos momentos mais tensos das relações bilaterais recentes entre Portugal e Timor-Leste nos últimos anos, provocando uma onda de críticas na sociedade timorense. Condenados a oito anos de prisão em Díli – o caso ainda não transitou em julgado porque foi alvo de recurso – Tiago e Fong Fong fugiram para a Austrália, onde chegaram, de barco, a 9 de Novembro, tendo chegado a Lisboa a 25 de Novembro. Comunidade alvo de insultos e perseguição Mari Alkatiri admitiu ainda estar preocupado que a comunidade portuguesa em Timor-Leste esteja a ser alvo de insultos e possa agora ser “alvo de perseguição” da justiça na sequência do caso. Um português e dois timorenses já foram detidos e dois deles, incluindo o português, estão em prisão preventiva na prisão de Becora, acusados de envolvimento na fuga do casal. A entrega de passaportes ao casal pela embaixada portuguesa em Díli foi criticada em Timor-Leste, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, garantiu que a legislação portuguesa foi respeitada, conclusão de um inquérito urgente que tinha ordenado. Apesar disso, as críticas aos portugueses e a Portugal têm-se multiplicado em Timor-Leste com vários portugueses a relatarem terem sido insultados na rua. Nas redes sociais têm também aumentado os comentários críticos e insultos contra Portugal e os portugueses por parte de alguns timorenses, muitos deles com dupla nacionalidade e alguns dos quais ainda a receber pensões e apoios do Estado português. “A segunda maior preocupação que tenho é com a comunidade portuguesa em Timor-Leste. Espero que isto não se generalize”, afirmou. “A partir de agora se houver algum português que seja suspeito de qualquer coisa dificilmente terá Termo de Identidade e Residência. Porque há perigo de fuga, tem que ir a prisão preventiva e seria péssimo que isso acontecesse. Essa é a minha maior preocupação: começar a colocar cidadãos portugueses como alvo de uma perseguição da justiça”, disse o chefe do Governo. Chuva de críticas Mari Alkatiri considerou que se corre o risco de “criar uma situação em que portugueses que eram considerados como irmãos passam agora a ser pessoas sempre alvos de críticas, ou de outro tipo de atitudes”. Por isso, deixou um apelo à sociedade timorense “para não generalizar esta questão”. A situação actual tem sido exacerbada pela tensão que se vive, semanalmente, em frente à embaixada de Portugal em Díli onde se reúnem centenas de timorenses que estão a tratar dos seus pedidos de passaportes. A pressão é tão grande, com ameaças e insultos, que a embaixada já teve que fechar várias vezes o atendimento ao público, tendo a polícia timorense sido chamada. Jornalistas timorenses juntam-se às críticas acusando em artigos na imprensa ou em ‘posts’ no Facebook, a embaixada de cumplicidade na fuga do casal, afirmando que vários pedidos de informação ou declarações feitas à missão diplomática estão sem resposta. A missão diplomática está a aguardar que o novo embaixador, José Pedro Machado Vieira, apresente as suas credenciais, mas a data ainda não foi marcada.
João Santos Filipe DesportoCoreia do Sul vence Torneio da Soberania A Coreia do Sul conquistou o Torneio da Soberania, após vitória por 5-2, na final, diante Cantão. Macau terminou no sexto lugar e Portugal, representado pelo Sporting, ficou em terceiro [dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]om uma vitória por 5-2 frente a Cantão, a selecção da Coreia do Sul conquistou ontem o Torneio da Soberania, para equipas de veteranos. O pódio ficou completo com Portugal, que derrotou Hong Kong por 2-1, num dia marcado pelas baixas temperaturas que se fizeram sentir no Canídromo. Em relação à final, a formação de Gangdong entrou melhor no encontro e aos 10 minutos já se tinha colocado na frente do marcador. A vantagem durou pouco e passados cinco minutos, os coreanos empataram 1-1, tendo feito, ainda antes do intervalo, aos 35 minutos, o 2-1. Já na segunda parte, a Coreia do Sul continuou a acelerar e fez o 3-1, pouco minutos depois do recomeço. Nessa altura, começou a sentir-se uma equipa de Cantão mais cansada, tendo também o 4-1 chegado sem surpresas. Até ao final, Cantão reduziu para 4-2, mas acabou por sofrer o 5-2 a dois minutos do fim do encontro. Já o Sporting, em representação de Portugal, finalizou a competição no último lugar do pódio, com uma vitória por 2-1, frente a Hong Kong. No final, o capitão da equipa, Romeu Silva lamentou a derrota de Sábado frente à Coreia do Sul, por 1-0, que impediu a passagem à final. “Queríamos participar com espírito de competição e com fair-play, mas tudo é mais bonito quando se ganha. Nós gostamos de competir, brincar de forma séria, mas gostamos muito mais de ganhar. Infelizmente sofremos um dissabor”, disse Romeu Silva, capitão do Sporting, ao Hoje Macau. “A Coreia do Sul era a equipa mais forte, tem demonstrado ao longo dos anos com as participações neste torneio ser uma equipa muito competitiva, com outro valor em relação às outras selecções. Ombreámos com a mesma valia que eles e o resultado foi uma lotaria e nesta lotaria só ganhou um”, acrescentou. Romeu Silva deixou ainda o desejo da equipa do Sporting de Portugal regressar a Macau no próximo ano, se a equipa for convidada por parte da organização: “Sinceramente, para nós é muito agradável estarmos presentes e gostaríamos de voltar no próximo ano, se for essa a vontade da organização. Queremos ganhar”, admitiu. Balanço positivo Por sua vez, Francisco Manhão, fundador e antigo presidente da Associação de Veteranos de Futebol de Macau, fez um balanço positivo da competição. “É um balanço muito positivo porque os jogos realizados mostraram um nível muito equilibrado. Antigamente havia um desnivelamento entre as equipas, mas os resultados mostram que houve uma boa preparação para este torneio. Não podia ser melhor”, afirmou Francisco Manhão, ao HM. Em relação à edição do próximo ano, Manhão explicou que ainda não está nada decidido: “Há equipas garantidas como Macau, Taipé Chinês, Hong Kong e Interior da China. São equipas com lugares cativos, sem elas não fazia muito sentido fazer o Torneio da Soberania. Mas fazemos sempre questão de ter uma equipa portuguesa. Ainda vamos pensar como vai ser para o ano”, explicou.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasA Vinda [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]sperar por quem partiu é uma actividade da ordem da expectativa redentora: erguer o que caiu, reerguer, tornar a levantar. Nascer de novo. Toda a nossa existência tem o ciclo da ilusão rotativa ampliada a uma esperança que supera em muito o nosso comedimento temporal e racional e amplia a vida para lá das fronteiras do possível. Desmesuradamente construímos a esperança como um doce sacrifício a manter mesmo quando a única que se nos é dada viver seja o momento, que sabiamente vivido é a mais bela casualidade de todos os factores. Não diferimos aqui das grandes desovas marítimas em bandos de vida animal, nem nos falta o canto de amor das baleias, nem o banquete ártico dos ursos, nem o construir em cima do já feito voltando ao mesmo ninho. O que difere um pouco da frase pré-socrática que é o não nos banharmos duas vezes nas mesmas águas, o que, entenda-se, pode designar que o pensamento é um exercício relativamente recente na esfera da vida. Tudo se move pela memória, ou nos parece que ela é tão avantajadamente mais lata que o pensamento fica entorpecido nas suas malhas. Ora, em princípio, quem nasceu já não volta a nascer, a menos que figuradamente e aí acrescenta então mais espaço ao conceito de nascituro. Mas nós, que pensantes e a soçobrar de sonhos queremos que nasça alguém já nascido, prosseguimos um estranho caminho configurado de lenta transformação sem recurso a singularidade. Neste momento todos os ânimos se ateiam no Médio Oriente devido a um agente incendiário que irracionalmente governa o mundo, pois ele achou que à beira da “desova” natalícia o melhor presente seria fazer perigar o instante, o que não é de todo oposto a uma certa animalidade atávica de configuração dinâmica; aquele local é uma masmorra em forma de dinamite planetária que um ligeiro toque remete para as enguias em pleno Mar dos Sargaços. Ora, aqueles povos inteligentes em vez de inteligir o óbvio, imediatamente respondem sem freio a um estímulo de causa-efeito: imaginai os não inteligentes, como se comportarão?! Abaixo de um qualquer enxame de vespas. Naquela terra tudo espera vindas a duplicar… a triplicar: a vinda de Cristo, a vinda do segundo e terceiro Templo, a vinda de Elias, mas quem ali se instalou, enquanto uns morriam e outros eram desterrados, não quer abrir a sua mão nem para acenar do outro lado da rua onde deslizam com as fortes correntes de ar da cidade os que estão nas tendas, uns ao relento, outros atrás de um sudário, enquanto eles, os do usucapião, se instalaram no melhor dos locais, que os outros dizem que é seu, mas que também é deles, porque também um outro ali subiu aos céus. Aquela gente estava sempre a ascender. E para que se saiba do arfar do movimento, aquele é o ponto mais fundo da Terra. E assim, entre memória e conflito, a tensão faz do cérebro um grande órgão de fogo. Efectivamente, e à medida que fomos desenvolvendo capacidades, instalámo-nos em terrenos muito estranhos para a frágil anatomia transportada: já nada nos lembra a primeira lava de extração da raça dos gigantes que casavam com as filhas dos Homens, e aquelas personagens de crânios ovais, tudo o que circula na nossa corrente sanguínea do nascer de novo se assemelha descomunalmente. Esta rotatividade imparável faz-nos um atordoamento simbólico mas muito belo pois que somos feitos desta fórmula composta. Quando os grandes ciclos se festejam, eles não sabem já o que seja a festa, mas, chegados ali, como o corpo tem memória ele segrega a mesma baba Pavloviana. É interessante ver que não diferimos em nada de um cachorro. Em Jerusalém preparam-se as festas, Hanukkah, Natal, uns julgam que o Messias vai a qualquer hora nascer – que não é aquele – mas nada é aquilo que estamos à espera, é sempre outra coisa, ou não será? Que vão reerguer o Templo e já há quem esteja a fazer utensílios com madeiras do Líbano e tudo… enfim, Deus é total, sim, e onde ele estiver, saibamos que não morremos de monotonia, pois que o cérebro humano tem o dom maior que é o de fazer, refazendo, aquilo que já estava feito. Lembro-me de Arafat em pranto quando desejou passar o Natal em Belém e não deixaram, lembro-me da morte de Isaac Rabin, dos ortodoxos russos na Igreja da Natividade com as cadeiras pelos ares e, de facto, quando olho tudo isto é como se fosse pela primeira vez. Depois penso que a forma de vida cultural é tudo o que não é passível de mudança. Para se mudar um homem, sem dúvida que a única mudança possível é matá-lo. E mesmo assim, ele volta, reergue-se, ressuscita, elevam-se as pedras, erguem-se os altares, tudo o que algures radicalizámos, volta. Mas não nasce, nascer é outra coisa. Nós ainda não nascemos. Estamos configurados até ao fim das provas para este desastre em permanência e até ele tem o seu labor e os seus equilíbrios a manter. Vamos aqui, e já que ainda aqui vamos, para a semana é de novo Natal e até os Orientes se embebedaram desta seiva dos mais loucos da Terra para finalmente deles extraírem um propósito que também nos ultrapassa. A vir então que venham todos, pois que para sairmos da Roda há que não deixar nada e ninguém para trás, há que salvar todas as vidas como se fosse a nossa e deixar de pensar que voltar é tornar a existir. Ascensionais vamos à Ceia. Muda o mundo os seus ângulos e da recta parada nascerá a vertical subida. O Espírito e a Esposa dizem: «Vem!» Diga também o que escuta: «Vem!» O que tem sede que se aproxime; e o que deseja beba Gratuitamente da água da vida.» Apocalipse- Epílogo- 17
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaAustrália acorda assinar novo tratado de fronteiras marítimas com Timor-Leste [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo australiano acordou esta semana assinar o tratado de fronteiras marítimas com Timor-Leste, documento cujo conteúdo está concluído e que vai ser assinado na presença do secretário-geral da ONU, disseram à Lusa fontes próximas ao processo. “A Austrália acordou assinar o tratado. O calendário vai ser agora acordado com o secretário-geral da ONU para definir exactamente quando será a assinatura”, disse a fonte, que destacou o progresso conseguido nas negociações esta semana. As fontes explicaram que essa era a notícia mais positiva saída da ronda negocial mantida na última semana em Singapura por delegações de Timor-Leste e da Austrália, sob auspícios de uma Comissão de Conciliação das Nações Unidas. Presente esta semana em Singapura, confirmaram as fontes, estiveram ainda representantes das petrolíferas que fazem parte da Joint Venture que controla o importante poço de Greater Sunrise. “Foi a quinta vez que os representantes da Joint Ventura participaram nas rondas negociais”, explicou a fonte ouvida pela Lusa, que referiu que houve reuniões a sós da Comissão de Conciliação com as petrolíferas e reuniões informais das delegações. O tratado é um dos elementos centrais do acordo negociado ao longo do último ano que além “elementos centrais” da delimitação de fronteiras marítimas entre os dois países – centrada, tudo indica, na linha mediana sempre reivindicada pelos timorenses -, inclui o estatuto legal para o desenvolvimento do poço de gás de Greater Sunrise no Mar de Timor. O único assunto pendente tem a ver com a forma como o gás será explorado: se com um gasoduto para Darwin, no Território Norte da Austrália, se para a costa sul de Timor-Leste. O destino desse gasoduto determinará a forma como as receitas serão divididas entre os dois países. As fontes ouvidas pela Lusa explicaram que a comissão solicitou às duas partes informação “detalhada” sobre as opções que defendem para que se possa avançar e concluir este aspecto mais “bicudo” do diálogo. Nesse sentido, e para reforçar a informação, o negociador principal da delegação timorense, Xanana Gusmão, viaja ainda este fim de semana para a Papua Nova Guiné onde vai conhecer o projecto de gás natural do país. Ausente de Timor-Leste desde 11 de Setembro, Xanana Gusmão tem estado a liderar as negociações com a Austrália sobre esta questão, crucial para o futuro de Timor-Leste e que merece consenso nacional entre os timorenses. Recorde-se que as reuniões decorrem no âmbito do processo de conciliação entre Timor-Leste e Austrália, conduzida por uma Comissão de Conciliação, nos termos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e sob os auspícios do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA) em Haia. A comissão está a avançar na preparação do seu relatório sobre o processo negocial que deverá ser finalizado e publicado no início de 2018. Recorde-se que a comissão de conciliação, constituída em 25 de Junho de 2016, iniciou-se em 11 de Abril de 2016, através do envio por Timor-Leste da “Notificação de Instituição da Conciliação, nos termos da Secção 2 do Anexo V da Convenção” à Austrália. A comissão é composta por cinco membros, dois escolhidos por cada um dos países e presidida pelo embaixador Peter Taksøe-Jensen.
João Luz SociedadeExtradição | Sónia Chan negoceia acordos com Cabo Verde e Timor [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça anunciou que se encontra em negociações para assinar acordos de extradição para transferência condenados com países de língua oficial portuguesa. Sónia Chan apenas revelou Cabo Verde e Timor Leste, mas acrescentou que há outros países que usam a língua de Camões em processo de negociações. A novidade foi veiculada no final da cerimónia de assinaturas para o acordo de transferência de condenados entre Macau e a Mongólia. O documento assinado por Samdan Erdene, Cônsul-Geral do Consulado Geral da Mongólia na Região Administrativa Especial de Hong Kong e a secretária para a Administração e Justiça entrará em vigor 30 dias após a sua assinatura. Este protocolo irá abrir a possibilidade dos cidadãos de ambos os territórios cumprirem a pena a que foram condenados nos seus locais de origem. Tal realidade apenas será possível caso haja acordo entre o condenado e as autoridades de ambos os territórios. Sónia Chan revelou que actualmente estão encarcerados em Macau dez pessoas com nacionalidade mongol, não havendo, contudo, informação sobre o número de residentes de Macau presos na Mongólia. Convém recordar que Macau já tem um acordo de extradição com Portugal e que estão a decorrer negociações com as autoridades do Vietname para assinar um semelhante acordo brevemente. Sónia Chan acrescentou que está prevista a assinatura “de dois acordos no próximo ano, mas que bilateralmente “há vontade de celebrar este tipo de acordos com vários países”.