SCM | Melco Crown doou um milhão de patacas para reparar creche

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCM) recebeu um milhão de patacas da operadora de jogo Melco Crown para “apoiar as obras de reparação dos danos causados pelo tufão Hato nas instalações da sua creche”.

Segundo um comunicado, “os estragos causados pelo tufão obrigaram à substituição do pavimento de borracha especial anti-choque do pódio da creche, tendo havido ainda infiltrações nas paredes das salas de aula”.

“Os equipamentos de recreio e brinquedos destruídos serão também renovados com este apoio, tendo o Instituto de Acção Social (IAS) assumido os custos da substituição dos sistemas de alarme, video-vigilância e sonoro, igualmente afectados”, acrescenta a SCM.

Além dos montantes concedidos para a reparação do espaço educativo, a Melco Crown também atribuído donativos para o projecto do cabaz social, no âmbito da criação da Loja Social em 2013.

18 Dez 2017

Xi reúne com Governo para definir políticas económicas para 2018

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, vai inaugurar na segunda-feira, em Pequim, a conferência na qual o seu governo decidirá as principais políticas económicas da China em 2018, uma iniciativa que decorrerá à porta fechada.

Depois de consolidar o seu poder no XIX Congresso do Partido Comunista (PCC), que se realizou em Outubro, espera-se que o Presidente chinês decida o rumo económico da China, nomeadamente se avança com a abertura dos mercados que prometeu no Congresso.

Na opinião da Câmara de Comércio Europeia na China, seria “surpreendente” que este ano não houvesse “mudanças significativas” em relação às edições anteriores (esta reunião acontece anualmente desde 1994), ao tratar-se da primeira conferência económica que se celebra depois do XIX Congresso.

Esta organização explicou à agência noticiosa Efe que espera que “se estabeleça uma direcção mais concreta para a nova era” e que “se centrem fundamentalmente no excessivo nível de dívida da China, que se converteu na principal fonte de preocupação para muitos”.

Além de acordar reformas económicas, medidas financeiras e o rumo da política monetária e fiscal, o Governo fixará o objectivo de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2018, ainda que este número só seja divulgado em Março do próximo ano, quando o partido realizar o seu congresso anual.

Depois da cimeira, que não se sabe em que hotel da capital terá lugar e que se espera termine na quarta-feira, o Governo emitirá um comunicado com as principais conclusões, das quais se poderá deduzir o roteiro que a China seguirá no âmbito económico pelo menos no próximo ano.

Segundo a imprensa chinesa dos últimos dias, espera-se que depois de um primeiro mandato em que Xi teve como prioridade a luta contra a corrupção, agora se dedique nos próximos cinco anos a avançar na liberalização económica e realizar reformas estruturais nalguns sectores, como as empresas públicas.

Reduzir a alavancagem, baixar os níveis de dívida e manter um crescimento sólido, mas de qualidade, são os desafios principais do Governo nos próximos anos.

Os meios chineses referem que será o próprio Xi quem definirá a agenda da reunião, rodeada de secretismo, assessorado por Liu He (de 65 anos), um dos 25 membros do Politburo do partido e vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.

Apesar de teoricamente o país ir dar prioridade à qualidade do crescimento em vez de à quantidade, espera-se que Xi volte a fixar em 6.5% o crescimento do PIB em 2018.

O líder chinês, cujo poder foi aumentado em Outubro para o nível do de Mao Zedong, também prometeu no Congresso uma abertura dos mercados financeiros ao investimento estrangeiro, um caminho no qual já deu alguns passos, ao levantar algumas restrições no sector das gestoras de fundos, seguradoras e sociedades de valores e futuros. O sector financeiro internacional deu as boas vindas a esta vontade de abertura da China, ainda que se mantenha algo céptico sobre a eficácia e velocidade com que o país asiático empreenderá as reformas.

18 Dez 2017

Ministro da Ciência mostra interesse em cooperação científica com os Açores

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia dos Açores, Gui Menezes, admitiu o interesse da China em cooperar cientificamente com a região no âmbito do Air Center – Centro de Investigação Internacional do Atlântico, a instalar no arquipélago. “[Os chineses] têm demonstrado interesse em ser um dos países a participar no projecto. Até agora não entraram oficialmente no projecto Air Center, mas têm participado nos ‘workshops’ e têm sido convidados a dar contributos para este projecto, que, no fundo, é um projecto de cooperação científica no Atlântico”, adiantou Gui Menezes.

O secretário regional falava aos jornalistas após uma reunião que decorreu no Nonagon – Parque de Ciência e Tecnologia de São Miguel com elementos de uma comitiva do Ministério da Ciência e Tecnologia da China e da Academia de Ciência Chinesa, que esteve sexta-feira na ilha de São Miguel.

“Estas visitas servem para estreitar relações, servem para criar mecanismos de uma maior interligação entre, nomeadamente, a ciência que se faz cá e eventualmente com institutos chineses nestas áreas. É assim que se constroem as relações de cooperação científica e tecnológica e são sempre importantes estas visitas”, destacou.

Gui Menezes lembrou que a China “tem alguma cooperação com Portugal nestas áreas científicas” e que seria “uma mais-valia” que os Açores entrassem nesta interacção entre os dois países, admitindo “boas perspectivas” para o futuro.

“É naturalmente uma mais-valia. A China, pela sua dimensão e pelo seu ‘know-how’, será certamente um parceiro num projecto deste género muito importante, vamos ver como isso acontece e como pode acontecer”, ressalvou.

O titular da pasta da ciência nos Açores admitiu que “naturalmente existem alguns interesses económicos” e lembrou que esta “não é a primeira vez ” que uma comitiva chinesa vem aos Açores.

 

Ponto estratégico

“Provavelmente acham que os Açores são um ponto estratégico, e nós também sabemos que o somos – um ponto estratégico no meio do Atlântico, dada a nossa localização geográfica – e que temos potencialidades que lhes podem interessar. E a nós pode interessar essa cooperação com vista ao nosso desenvolvimento”, disse.

Gui Menezes lembrou que a visita serviu também para abordar a possibilidade de haver uma cooperação entre Açores e a China nas “questões do mar e da investigação no mar profundo”, bem como na área da aquacultura.

“A China também tem coisas em que nós podemos aprender, nomeadamente nas questões de aquacultura, em que nós estamos a dar os primeiros passos. Para nós também será importante perceber experiências chinesas, sobretudo com algumas espécies que eles produzem e que nós temos cá e que têm valor comercial elevado. Como estamos a começar, podemos tirar daqui proveitos para o nosso conhecimento e desenvolvimento desta área nos Açores”, sublinhou.

18 Dez 2017

Jogo | Macau encomenda dois estudos sobre futuro do sector

O Governo pediu à Universidade de Macau a realização de dois estudos para ter dados acerca das tendências do sector do jogo entre 2020 e 2030. O obejctivo é delinear políticas tendo os resultados como base

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Executivo encomendou dois estudos sobre o futuro desenvolvimento da indústria do jogo entre 2020 e 2030, período durante o qual expiram os contratos das seis operadoras, noticiou o portal GGRAsia.

Segundo o portal especializado em jogo, que cita a Direcção dos Serviços de Economia, os dois estudos devem ser concluídos no terceiro trimestre de 2018.

Pelo menos um dos estudos foi comissionado, no passado dia 5, a Davis Fong, membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico e director do Instituto de Estudos sobre a Indústria de Jogo na Universidade de Macau, além de deputado nomeado pelo chefe do Governo.

Ambos os estudos vão oferecer uma “análise quantitativa da exploração numa escala moderada da indústria do jogo (2020-2030)”: um vai partir de “aspectos económicos e sociais de Macau”, enquanto o outro de “perspectivas do desenvolvimento saudável e da concorrência regional”, indicaram os Serviços de Economia ao GGRAsia.

Futuro desconhecido

Estes estudos surgem numa altura em que permanece uma incógnita em torno do futuro do sector dos casinos de Macau face ao aproximar do termo dos contratos das actuais seis operadoras de jogo que expiram, em diferentes datas, entre 2020 e 2022.

O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, justificou o adiamento de informações por parte do Governo como forma de garantir que Macau se mantém competitiva em relação a outras jurisdições.

“Muitas pessoas estão preocupadas se temos tempo necessário para preparar esses concursos, se as operadoras têm de assumir mais responsabilidade social. (…) Temos de pensar qual o momento oportuno para lançar essas regras para garantir um desenvolvimento saudável deste sector”, disse Lionel Leong, em Novembro, aos deputados na Assembleia Legislativa.

Em Maio de 2016, o Governo publicou a chamada “revisão intercalar” da indústria do jogo, uma espécie de radiografia ao principal motor da economia, encomendada ao Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da Universidade de Macau.

Antes da divulgação do relatório, o primeiro do tipo, gerou-se a expectativa, nomeadamente entre analistas, que viesse a oferecer pistas sobre eventuais cenários após o termo dos contratos de exploração de jogo. Contudo, o documento, com 280 páginas na versão em português, pouco ou nada revelou.

À luz da actual legislação, tem de se realizar um concurso público após o termo dos contratos de exploração de jogo. Não obstante, a duração de cada concessão pode ser prorrogada, a título excepcional, por um período máximo de cinco anos.

O objectivo dos referidos estudos, encomendados à Universidade de Macau e à Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, é “propor recomendações cientificamente sólidas e justificáveis ao Governo da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] sobre a política de diversificação económica moderada”, explicaram os Serviços de Economia ao portal GGRAsia.

18 Dez 2017

Veterinários | Residentes mais atentos à supervisão dos serviços médicos

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá concluído o relatório relativo ao processo de consulta pública levado a cabo pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) no âmbito da elaboração do projecto da lei de controlo sanitário animal e médico-veterinária.

Segundo um comunicado, a maior parte dos residentes que participou neste processo, 38,7 por cento, deu opiniões sobre o processo de “supervisão dos médicos veterinários no exercício de actividade”. Os tópicos mais abordados no processo de consulta pública foram, por ordem decrescente, a “supervisão dos estabelecimentos de clínica veterinária”, com 24,9 por cento de respostas, e a “supervisão dos estabelecimentos de reprodução, venda e hospedagem dos animais de estimação”, com 20,2 por cento de respostas. Foi ainda dada atenção à questão da “supervisão da prevenção e tratamento de doenças infecto-contagiosas animais”.

O IACM não apresentou, para já, uma data para a conclusão do projecto de lei. “Este Instituto está atento e atribui grande importância às matérias que estão a ser objecto de discussão, opiniões e sugestões, para as quais irá manter a comunicação com o respectivo sector e cidadãos, aperfeiçoando o conteúdo do projecto de lei, por forma a elaborar uma lei que mais se adeque às necessidades de Macau.”

18 Dez 2017

Confúcio | Instituto em Macau permite o reconhecimento internacional

O primeiro Centro Confúcio no território pode entrar em funcionamento no próximo ano e tem como sede a Universidade de Macau. Se para os responsáveis da instituição de ensino se trata de uma concretização do território como centro bilingue e plataforma, para quem ensina mandarim em escolas particulares é uma forma da aprendizagem da língua ter mais facilmente acesso à certificação internacional

 

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai contar com o primeiro Instituto Confúcio na Universidade de Macau (UM) que deverá estar em funcionamento no início do próximo ano.

A importância da presença de um centro do Instituto no território é fundamental para a sua concretização enquanto centro bilingue capaz de funcionar em dois sentidos, tanto no ensino do português como do mandarim, referiu director do departamento de português da UM, Yao Jinming, ao HM. “Macau pretende tornar-se um centro bilingue e dentro desta perspectiva tem de ser feito em dois sentidos: na formação em português e em chinês para que se dominem ambas as línguas como se fossem línguas maternas”, disse.

Para o académico apesar de já existirem cursos em cultura e língua chinesa, o Instituto Confúcio “vai ajudar os portugueses e outros estrangeiros, além dos residentes que apenas falam cantonês que, desta forma, têm mais oportunidades de aprender a língua chinesa”, referiu.

Por outro lado, rematou o responsável, “quanto mais ensino do mandarim houver em Macau, mais as pessoas têm oportunidade de se formar nessa língua”.

Certificação internacional

Já para João Varela, proprietário de uma escola de línguas em que também é leccionado o mandarim, a importância de um Instituto Confúcio no território é clara. “É importante a presença de um Instituto Confúcio em Macau na medida em que é uma entidade com a particularidade de oferecer certificação internacional no domínio do mandarim”, apontou ao HM.

As certificações internacionais são prática comum em Macau no ensino do português, inglês ou mesmo francês, pelo que, reiterou, “faz todo o sentido que também exista uma certificação internacional para o mandarim”.

Por outro lado, tratando-se de uma cidade internacional onde vivem pessoas de várias origens que querem investir na formação linguística, esta é uma oportunidade de se certificarem oficialmente no que respeita a esta língua que não é a falada pela maioria dos que vivem em Macau. “Um documento dado pelo Instituto Confúcio é reconhecido mundialmente”, explica.

Para João Varela, o Governo tem as suas responsabilidades nas escolas e nas universidades para o ensino do mandarim “mas a certificação internacional através deste instituto faz já parte da autonomia pedagógica e de certificação do próprio instituto e que já é reconhecida em todo o lado”, mais do que um diploma universitário.

Todos pela rota

Em comunicado, a UM indicou ter recebido a aprovação do Conselho Internacional para a Língua Chinesa para estabelecer um Instituto Confúcio, “em resposta aos esforços do Governo da Região Administrativa Especial para participar na iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’” e para “tornar Macau numa plataforma internacional para o ensino da língua chinesa para países estrangeiros, especialmente os de língua portuguesa”.

O Instituto Confúcio vai funcionar sob a alçada da Faculdade de Artes e Humanidades, cujo diretora, Hong Gang Jin, foi escolhida para o liderar, indicou ainda a UM em comunicado.

“O Instituto vai tirar proveito do estatuto único de Macau como Região Administrativa Especial, da sua vantajosa localização geográfica, bem como da sua diversidade cultural e linguística para desenvolver uma plataforma internacional para o ensino da língua chinesa”, e para “a formação e intercâmbio de estudantes dos países de língua portuguesa e de outros com relações com Macau”.

Com sede oficial em Pequim, o Instituto Confúcio abriu, desde que foi fundado em 2004, um total de 525 delegações em 146 países e territórios, incluindo Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Angola.

18 Dez 2017

A fotografia documental de Alice Kok e os seus alunos

[dropcap style≠‘circle’]“D[/dropcap]ocumenting Impermanence: An Exhibition of Reportage Photography by Alice Kok and Students” é o nome da nova exposição patente no café do Instituto de Formação Turística (IFT) no espaço Anim’Arte, em Nam Van. A exposição, que estará patente até 31 de Março do próximo ano, visa retratar imagens do dia-a-dia em Macau num “passado recente”, pela lente da artista Alice Kok e dos seus alunos.
As 80 imagens foram tiradas no contexto de um curso de reportagem fotográfica que o IFT promove desde 2011. Segundo um comunicado, “os trabalhos expostos ilustram os conceitos e as técnicas da reportagem fotográfica aprendidos no curso e que foram depois aplicados pelos alunos, retratando a vida normal das pessoas de Macau”.
O curso de reportagem fotográfica é um dos muitos que têm sido promovidos pelo IFT no âmbito dos cursos profissionais e vocacionais. O IFT tem trabalhado em parceria com 20 entidades internacionais, disponibilizando junto do público um total de 80 cursos qualificados. Ao todo, já 20 mil pessoas participaram nestas iniciativas educativas.

18 Dez 2017

Imobiliário | Dois terrenos na Taipa vendidos por 3,51 mil milhões

Começou a corrida ao ouro. Empresa controlada pelo empresário William Kuan fecha negócio com valor recorde, em que cada metro quadrado custou 627,1 mil dólares de Hong Kong. Criação da Grande Baía e entrada de capital do Interior da China em Macau apontadas como as razões do recorde

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Fomento Predial San Kin Tai, detida a 40 por cento por William Kuan, vendeu dois terrenos na Taipa pelo preço recorde de 3,51 mil milhões de dólares de Hong Kong. A informação foi confirmada pela representação de Macau da Jones Lang La Salle (JLL), intermediária no negócio, que fala numa nova fase no mercado, com a entrada de capital do Interior da China motivado pela criação da Grande Baía.

Os dois terrenos ficam na Taipa, na Avenida Dr. Sun Yat-Sen, e estão identificados como Lote TN20 e Lote TN24. O primeiro tem uma área de 2.323 metros quadrados e o segundo 3.274 metros quadrados, o que dá um total de 5.597 metros quadrados. Por cada metro quadrado, a empresa do Interior da China pagou 627,1 mil dólares de Hong Kong. 

“No passado a maioria dos terrenos foi desenvolvida por construtores locais. Agora, com a conclusão de infra-estruturas como a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, a extensão férrea entre Guangzhou e Zhuhai e a criação da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, os construtores da China começam a procurar oportunidades na região”, afirmou Gregory Ku, director-geral da JLL Macau, em comunicado.

O grupo Jiayuan vai concluir o negócio através da representação em Macau, a empresa Xiangyuan, criada em Agosto deste ano, que tem como principal sector de operações o imobiliário.

Oportunidades de Grande Baía

“O Grupo acredita que a aquisição representa uma excelente oportunidade de investimento para a entrada no mercado do imobiliário de Macau e para melhorar a influência da marca na Zona Metropolitana do Delta do Rio das Pérolas”, explicou a Jiayuan, num comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, em Setembro, quando foi concluído o princípio de acordo para este negócio.

“A recente recuperação da indústria do jogo de Macau é um factor favorável no curto e médio prazo. Com o apoio do Governo Central e sob a política ‘Uma Faixa, Uma Rota, o Grupo acredita que a economia de Macau vai ser injectada com uma nova dinâmica, à medida que os mercados chinês e de Macau se integram”, foi justificado.

A empresa aponta também para uma corrida ao imobiliário nos próximos anos, motivada pela entrada no mercado de mais “investidores do Interior da China e do exterior”.

A empresa vendedora, a Companhia de Fomento Predial San Kin Tai, é controlada a 40 por cento pelo empresário William Kuan e ex-candidato derrotado à Assembleia Legislativa, pela lista de Angela Leong. Segundo o registo comercial da empresa, em 1999, a San Kin Tai tinha como proprietários os empresários Luo Zhihai, como sócio-gerente, e Liu Sjing, como sócio. Além disso, num comunicado em Boletim Oficial de 2001, Chen Wei e Tang Baoqin apareciam como directores da empresa.

Devido a acordos assinados previamente, a empresa vai ter de ceder uma área de 1.771 metros quadrados ao Governo da RAEM naquela zona para a construção de instalações públicas. No entanto, em troca, vai receber uma concessão, no mesmo terreno, que lhe permite construir em altura uma área bruta de 60.969 metros quadrados de fracções residenciais, comerciais e parques de estacionamento.

18 Dez 2017

MAM acolhe “Parada de Ouro – Armamento Imperial do Museu do Palácio”

[dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi inaugurada na passada sexta-feira a exposição “Parada de Ouro – Armamento Imperial do Museu do Palácio”, organizada pelo Museu de Arte de Macau, o Museu do Palácio, Fundação Macau, Direcção dos Serviços de Turismo e o jornal Ou Mun.
Trata-se de uma iniciativa que visa mostrar ao público o “armamento, equipamento e engenhos produzidos pelas oficinas imperiais, tributos das diferentes regiões da China e presentes oferecidos por outros países à corte chinesa”.
O objectivo é “dar a conhecer as grandiosas revistas de tropas pelo imperadores da dinastia Qing, as caçadas imperiais, os exercícios militares e o próprio sistema militar, entre outros.”
A exposição vai estar patente até ao dia 11 de Março do próximo ano e vai permitir aos visitantes “compreender aspectos políticos, militares e a vida dos imperadores no Palácio Imperial da dinastia Qing, bem como a importância atribuída pelos Qing ao poder militar”, aponta um comunicado.
Esta é a 19ª iniciativa realizada em parceria com o Museu do Palácio e exibe mais de 100 peças da corte imperial Qing. A exposição está dividida em três secções, nomeadamente “Porte Digno”, “Poderio Militar” e “Sistema Militar”. Na secção “Porte Digno”.
O comunicado refere que uma das peças mais importantes da exposição é a “Revista da Grande Parada das Tropas pelo Imperador Qianlong” Rolo 2: Tropas em formação. Trata-se de “um rolo mais de 17 metros de comprimento, mostrando com grande detalhe soldados dos Oito Estandartes que aguardam a revista das tropas pelo Imperador Qianlong”.
Quanto à secção “Poderio Militar” “inclui várias pinturas de caçadas de Qianlong em bosques e florestas e ainda equipamento de caça, revelando a importância que a corte atribuía ao tiro com arco a cavalo”.
Já a secção “Sistema Militar” apresenta “o sinete do comandante dos Oito Estandartes e o Registo e cobre inscrito, entre outras peças históricas, reflectindo o sistema de poder militar dos Oito Estandartes da dinastia Qing”.

No dia da inauguração da exposição, Chan Kai Chon, director do MAM, adiantou que esta entidade cultural pode vir a reforçar a cooperação com o Museu do Palácio, “procurando ambas as partes trabalhar em conjunto para promover conhecimentos e o reconhecimento da cultura chinesa por parte da população”.

18 Dez 2017

Preço do metro quadrado da habitação sudiu 11,5 por cento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] preço médio do metro quadrado das casas em Macau atingiu em Novembro 100.890 patacas, reflectindo um aumento de 11,5 por cento face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais. De acordo com as estatísticas publicadas no ‘site’ da Direcção dos Serviços de Finanças, em contrapartida, em termos mensais, o preço médio do metro quadrado diminuiu de 117.360 patacas para 100.890 patacas.

Em linha com o aumento anual do preço do metro quadrado, o número das fracções transaccionadas recuou em termos anuais (de 1.144 para 1.051), verificando-se o cenário oposto na comparação mensal: com queda do preço do metro quadrado subiu o número das fracções transaccionadas (foram vendidas mais 121 em relação a Outubro).

Das três áreas de Macau, Coloane era a mais cara, com o preço médio do metro quadrado a fixar-se em 133.871 patacas, seguindo-se a da Taipa, 114.499 patacas, segundo os mesmos dados respeitantes às transações de imóveis destinados a habitação que foram declaradas para liquidação do imposto de selo.

Com o preço médio do metro quadrado mais baixo, 95.592 patacas, a península de Macau registou o maior número de fracções transaccionadas em Novembro (888 contra 818 em novembro de 2016), seguindo-se a ilha da Taipa (143 contra 239) e Coloane (com 20 contra 87).

O preço médio do metro quadrado de frações autónomas destinadas a habitação em Macau (no território em geral, isto é, sem ser por zonas) galgou em Maio a barreira das 100.000 patacas pela primeira vez desde o início do ano. A última vez que tal tinha sucedido foi em Dezembro de 2016, mês em que atingiu as 103.805 patacas.

Desde a liberalização de facto do jogo, ocorrida em 2004, com a abertura do primeiro casino fora do universo do magnata Stanley Ho, o sector imobiliário tem estado praticamente sempre em alta.

Os preços caíram em 2015, um cenário apontado então como um efeito colateral da queda das receitas do jogo que teve início em Junho de 2014 e durou quase dois anos, terminando em Agosto do ano passado.

Desde então, os preços das casas foram registando flutuações, mas desde Outubro de 2016 têm-se verificado subidas em termos anuais homólogos.

Os elevados preços praticados no mercado imobiliário, tanto na aquisição como no arrendamento, constituem um dos principais motivos de descontentamento da classe média do território.

18 Dez 2017

Poluição | Ho Ion Sang quer medidas detalhadas para regular oficinas

As oficinas de reparação de automóveis continuam sem um regulamento que defina o seu funcionamento em conformidade com as normas ambientais. A acusação é feita por Ho Ion Sang que quer saber o que é feito do diploma que estava a ser elaborado em 1998 para o efeito. O deputado que ainda mais acção no que respeita a reciclagem de veículos abandonados

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, em 1998, iniciou a elaboração do projecto de Regulamento sobre o funcionamento e licenciamento das oficinas de manutenção e reparação de veículos automóveis. No entanto, e volvidos quase 20 anos, o diploma ainda não é conhecido. Mais, perante a questão levantada pelo deputado Ho Ion Sang no debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) na área da administração e justiça, o Governo terá afirmado que, agora, é necessário criar um regime próprio para estes estabelecimentos, não tendo dado seguimento a qualquer resposta referente ao atraso do documento em causa. Em causa, para o deputado Ho Ion Sang, está a necessidade de uma acção efectiva capaz de regulamentar o sector em causa, de forma a proteger o ambiente.

Em interpelação escrita, Ho Ion Sang alerta para os estragos causados pela sobrelotação de serviços das oficinas de reparação de automóveis e motociclos e, por outro lado, para a falta de detalhes no documento de consulta pública referente regime de condicionamento administrativo que diz respeito às oficinas. “O respectivo documento demonstra a vontade de resolver a poluição e a ocupação de espaços públicos pelas oficinas de automóveis através de medidas como proibir actividades de reparação fora das oficinas bem como prever que as oficinas necessitam de cumprir a lei de prevenção e controlo de ruído ambiental e as orientações e indicações emitidas pelo Corpo de Bombeiros em relação à conservação dos materiais inflamáveis, e que devem apetrechar-se com sistemas de ventilação para manter a circulação do ar”, lê-se na missiva. No entanto, de acordo com o deputado, estas medidas são correctas mas não apresentam detalhes suficientes.

Carros esquecidos

A acrescentar à situação das reparações está a incapacidade do território em tratar dos carros inutilizados.

“Em 2016 foram canceladas as matriculas de 13 000 veículos (…) mais 30 por cento do que em 2015”, aponta Ho Ion Sang. Nos primeiros três trimestres de 2017 os veículos com matrículas canceladas eram mais de 20 000 e “as sucatas do território estão cheias, e muitas delas já acomodam os veículos na via pública”, lamenta.

A carta dirigida ao Governo pede assim um regulamento detalhado e justificações para o atraso do diploma que começou a ser elaborado em 1998, bem como medidas efectivas que garantam a reciclagem dos veículos abandonados de modo a que não contribuam para o aumento da poluição no território.

18 Dez 2017

Premiados da 11ª Bienal conhecidos ao final do dia

Organizada desde os anos 90, a nova edição da Bienal de Design de Macau é hoje inaugurada na Galeria de Exposições Especiais do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. Exposição com as obras premiadas decorre entre 19 de Dezembro e 31 de Março do próximo ano

 

[dropcap style≠‘circle’]I[/dropcap]nstituto Cultural (IC), Associação de Designers de Macau e Fundação Macau. Três entidades que se juntaram para promover a 11ª edição da Bienal de Design de Macau. Hoje ao final do dia serão conhecidas as obras premiadas que estarão em exposição na Galeria de Exposições Especiais do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau a partir de amanhã, 19, e até 31 de Março de 2018.

Mais de quatro mil trabalhos, oriundos de 33 países ou regiões, chegaram às mãos dos organizadores do evento, sendo que vinte por cento deles passou à fase final de organização.

Segundo um comunicado do IC, “este ano o volume de trabalhos submetidos a concurso quebrou o recorde, sendo o nível global de qualidade superior ao de anos anteriores”.

O júri, composto por Guang Yu (Pequim), Céline Lamée (Amsterdão e Pequim) e Steffen Knöll (Alemanha), levou seis meses a avaliar todos os trabalhos, tendo sido seleccionados 80 vencedores e um total de 200 obras para integrar a exposição amanhã inaugurada.

O IC afirma que “os vencedores e os trabalhos seleccionados provêm do Interior da China, Hong Kong, Macau, Taiwan, Alemanha e Grã-Bretanha”.

A primeira edição da Bienal de Design de Macau arrancou em 1994, numa iniciativa da Associação dos Designers de Macau. Segundo o IC, “a Bienal acabou por tornar-se na única competição profissional no sector do design de Macau e num evento de design muito representativo das quatro Regiões dos Dois Lados do Estreito”.

“Várias exposições e competições profissionais têm contribuído para potenciar a imagem profissional do sector do design, granjeando reconhecimento a múltiplos designers e sensibilizando o público para a importância da criatividade na sustentabilidade económica, bem como para o valor criado pelo sector do design”, aponta o IC no mesmo comunicado.

18 Dez 2017

LAG | Jovens insatisfeitos com transportes e habitação

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]ovens locais não estão satisfeitos com as políticas apontadas pelas Linhas de Acção Governativa do ano que vem, na área dos transportes, habitação, e jogo. A informação é retirada das conclusões de um estudo levado a cabo pela União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong).

Ao mesmo tempo, as políticas apontadas para a educação, cultura, assistência social e saúde são aquelas que os residentes mais novos consideram mais satisfatórias. De acordo com o Jornal do Cidadão, forma recolhidas as respostas a um inquérito de 975 jovens locais com idades compreendidas entre os 18 e os 45 anos. Com estas conclusões os Kaifong sugerem que o Governo avance para a implementação de políticas que tenham em conta a melhoria dos transportes e proceda a um planeamento científico para as rotas de autocarros antes da renovação de contrato entre o Governo e três concessionárias de autocarros. No âmbito de habitação, os Kaifong aconselham que se aproveitem os terrenos em Macau e se acelere o ritmo da construção de casas públicas.

18 Dez 2017

Guangdong-Macau | Mak Soi Kun questiona funcionamento do parque

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Mak Soi Kun entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona o funcionamento do Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau, que, segundo dados de 2014, já teria dado acesso a 33 empresas.

“Desde essa até à presente data, quantas empresas entraram neste parque e se encontram em funcionamento? Qual é a produtividade dessas empresas? Já se atingiram os objectivos pretendidos, isto é, ‘promover a diversificação adequada das indústrias de Macau e alargar os espaços para o negócio das empresas e para o acesso dos residentes’?”, questionou.

Na sua interpelação, o deputado lembrou que, do grupo de 33 habitações, “já foram concluídos os procedimentos da hasta de terrenos em relação a quatro deles, e, em relação a dois deles, o processo encontra-se ainda em curso”.

Estes 33 projectos focam-se nas áreas criativa, cultural, turismo, lazer, logística, comércio e investigação científica, lê-se na interpelação. Mak Soi Kun lembrou, com base numa reportagem publicada em 2014, que, com esta parque, o Governo “espera, através do apoio dos maiores aos menores, que haja mais empresas de diversos tipos a entrar na Ilha de Hengqin, com vista a promover a diversificação adequada das indústrias de Macau e alargar o espaço para o negócio das empresas e para o acesso do emprego aos residentes”.

Mak Soi Kun lembrou que, nos últimos anos, “foram cada vez mais as empresas de Macau a instalarem-se no Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau, e os cidadãos também prestaram muita atenção ao ponto de situação da instalação e funcionamento dessas empresas”, bem como “à influência destas para a sociedade e economia de Macau”.

18 Dez 2017

APN | Ho Iat Seng foi o mais votado. Kevin Ho não foi eleito

Foram ontem eleitos os 12 delegados que vão representar Macau junto da Assembleia Nacional Popular, órgão legislativo da China. Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa, arrecadou 440 votos. Kevin Ho, novo accionista da Global Media, ficou de fora, tal como Fong Ka Fai e Wong Ian Man

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental foi ontem palco das eleições para a escolha dos delegados de Macau para a Assembleia Popular Nacional (APN). Um total de 466 membros (o colégio eleitoral é composto por 481 pessoas) elegeram os 12 delegados de um total de 15 candidatos. Quatro boletins de voto não foram validados, contra 462 válidos.

Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa (AL), foi o mais votado, tendo obtido um total de 440 votos. Seguiram-se Lao Ngai Leong (437 votos), o ex-deputado e empresário Dominic Sio (433 votos), Iong Weng Ian (432 votos), Lok Po (430 votos), o deputado à AL Kou Hoi In (422 votos), o deputado à AL Chui Sai Peng (420 votos), Ng Siu Lai (413 votos), Ho Sut Heng (394 votos), Paula Ling (382 votos), Lai Sai Kei (377 votos), e o deputado Si Ka Lon (316 votos).

Kevin Ho, patrão da KNJ Investment, sobrinho de Edmund Ho e novo accionista do grupo Global Media não conseguiu ser eleito, tendo obtido apenas 288 votos. De fora ficaram também Fong Ka Fai, com apenas 203 votos, e Wong Ian Man, com 157 votos. Estes ficaram numa outra lista, para que possam substituir algum delegado que eventualmente fique desqualificado.

Palavras de vencedor

Em declarações aos jornalistas, Ho Iat Seng agradeceu aos membros que o elegeram, tendo afirmado que os delegados de Macau precisam de assumir as suas responsabilidades e envidar esforços em prol do território e da China.

Questionado sobre os novos rostos eleitos, que são Ng Siu Lai, Si Ka Lon, Dominic Sio e Lai Sai Kei, Ho Iat Seng considerou que, apesar de terem experiência nos trabalhos da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), devem esforçar-se para garantir um bom desempenho na APN, por se tratarem de dois trabalhos muito diferentes.

“Da CCPPC para a APN há uma diferença grande porque a APN é um órgão com poderes máximos da China, que requer um nível de trabalho diferente. Sobretudo [os delegados] têm de saber o orçamento da China, porque precisam de analisá-lo”, exemplificou.

Si Ka Lon, um dos novos rostos na APN, disse que o seu trabalho vai servir como uma ponte entre o território e a China. Na sua agenda como delegado estarão o projecto da Grande Baía, os assuntos dos residentes de Macau a viver no continente e o desenvolvimento dos jovens.

Chui Sai Peng, também primo do Chefe do Executivo, Chui Sai On, disse estar satisfeito pela sua reeleição, tendo frisado que vai trabalhar em prol da população e trabalhar ao nível do fomento da integração do território no desenvolvimento do país.

Da economia aos assuntos sociais

Iong Weng Ian, delegada reeleita e ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau, disse que nos próximos cinco anos quer trabalhar em prol do fomento da economia chinesa, sem esquecer os assuntos relacionados com as mulheres, crianças e idosos.

Já Ng Siu Lai, presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (kaifong), prometeu lutar por mais facilidades dos residentes de Macau na China, sem esquecer o projecto da Grande Baía, para que Macau possa ter um maior desenvolvimento.

Dominic Sio lembrou que a sua experiência como delegado junto da APN permitiu-lhe conhecer melhor a realidade de Macau, tendo dito que é importante servir o país e o território.

Susana Chou avaliou votos

Antes da eleição dos delegados houve uma reunião do presidium, liderada por Chui Sai On, onde se elegeu os membros responsáveis pela fiscalização do processo de votação. Com 463 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção, foi definido que Susana Chou, a antiga presidente da AL, ficaria como responsável máxima pela fiscalização da contagem de votos, ao lado de vários supervisores.

Wang Chen, secretário-geral do Comité Permanente da APN, referiu que os delegados de Macau, nos últimos cinco anos, desempenharam rigorosamente as suas funções segundo a constituição e as leis.

18 Dez 2017

Chui Sai On | Governo prepara medidas para controlar mercado imobiliário

O Chefe do Executivo, Chui Sai On está a preparar medidas para controlar a especulação imobiliária no território. A informação foi dada directamente a Xi Jinping e a Li Keqiang num encontro em Pequim, na semana passada, onde Chui Sai On levou o balanço anual da actividade governativa de Macau

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau vai lançar em breve medidas para controlar o preço da habitação e promover um desenvolvimento saudável do mercado imobiliário local, anunciou o Chefe do Executivo, Chui Sai On, no final da visita a Pequim que fez na semana passada.

Chui Sai On apresentou ao Presidente chinês, Xi Jinping, e ao primeiro-ministro, Li Keqiang, um balanço anual das atividades do Governo de Macau, refere um comunicado do Gabinete de Comunicação Social (GCS) distribuído no sábado. O Chefe do Executivo de Macau referiu que estavam a ser estudadas medidas para controlar os elevados preços da habitação no território.

Em que ficamos?

A informação é deixada a Pequim menos de um mês depois de Lionel Leong, secretário para os assuntos da economia ter sublinhado que não haveria nada que o Governo pudesse fazer em relação ao mercado imobiliário.

Lionel Leong afirmou que há pouco que o Governo possa fazer para controlar as condições do mercado do imobiliário, perante a falta de oferta de novas habitações. A confissão foi feita no segundo dia das Linhas de Acção Governativa para a Economia e Finanças. “Temos alguns meios administrativos para definir medidas relevantes para o mercado da habitação. Mas sabemos que Macau é um mercado livre e dependemos muito da oferta e da procura. Se não temos uma oferta suficiente é difícil implementar medidas de controlo dos preços, porque mais tarde ou mais cedo o preço vai adaptar-se e vai aumentar”, explicou na altura o secretário.

Contudo, parece que a disposição do Governo de Macau em relação à habitação mudou durante a viagem de Chui Sai On a Pequim. Porquê? Nada é certo. Em Macau, especula-se que o Chefe do Executivo de Macau terá sido “apertado” na capital onde se teme que a questão possa causar desarmonia social na RAEM.

Actividades em continuidade

A Xi Jinping, Chui Sai On referiu também que o Governo vai começar a trabalhar, no próximo ano, na criação de um fundo de investimento e de um mecanismo a longo prazo para a distribuição das reservas fiscais, já proposto no relatório das Linhas de Ação Governativa.

Chui Sai On afirmou ainda que vão ser anunciadas, em breve, as quotas de circulação rodoviária da Região Administrativa Especial de Macau na nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que ainda estão a ser debatidas pelas três partes.

As quotas vão ser divididas pelas seguintes categorias: automóveis ligeiros, veículos oficiais, autocarros ‘shuttle’ e táxis.

O governante reiterou que “a acção governativa é feita de acordo com a lei de Macau e que procura, activamente, impulsionar o progresso do território de forma a promover as medidas necessárias para a concretização do Plano Quinquenal” chinês.

O Executivo de Macau também colabora no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, no âmbito da “integração no desenvolvimento do país” e da diversificação adequada da economia local, referiu.

Neste momento, o Governo da RAEM aguarda o lançamento do plano oficial do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para participar nos respectivos trabalhos, acrescentou.

Em relação à formação de quadros qualificados, Chui Sai On disse que o Governo “vai apoiar, em várias vertentes, os jovens que pretendam prosseguir os estudos, arranjar emprego e procurar oportunidades de empreendedorismo na China interior”.

De acordo com o comunicado do GCS, o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou, durante o encontro, que “o Governo central reconhece os resultados conseguidos”, reiterando que vai continuar a prestar um forte apoio ao desenvolvimento económico de Macau e à melhoria das condições de vida da população.

 

Pequim quer atrair pessoas para o interior do país

No âmbito da visita de Chui Sai On a Pequim foram ainda debatidas as “facilidades de que usufruirão os residentes de Macau no âmbito de aprendizagem, emprego e vida”, uma vez que o Governo Central está empenhado “em lançar políticas e medidas que facilitem aos residentes de Hong Kong e Macau aprender, procurar emprego ou prosseguir as suas vidas na China interior”.

Na área da educação, as crianças de Macau e Hong Kong que vivam em Guangdong, Fujian, Zhejiang, Xangai e Pequim “podem usufruir das mesmas políticas de ingresso escolar dos alunos da China interior, consoante as legislações nacionais, designadamente a ‘Lei Educativa’ e a ‘Lei da Escolaridade Obrigatória’”, aponta um comunicado. Na área do emprego, o Ministério do Comércio da China promete realizar “uma avaliação dos problemas que os serviços profissionalizados de Hong Kong e Macau enfrentam na China interior”, para “aumentar progressivamente o grau de abertura para com Hong Kong e Macau na área dos serviços especializados”.

É ainda objectivo de Pequim realizar o “aperfeiçoamento dos trabalhos na prestação de serviços no âmbito do emprego aos alunos finalistas de Hong Kong, Macau e Taiwan que frequentam estabelecimentos de ensino superior normais da China interior”. Tudo para que haja “mais facilidades para que os estudantes de Hong Kong e Macau consigam um posto de trabalho na China interior”.

Nesse sentido, será criado o chamado “acordo de emprego”, emitido a todos os licenciados que queiram trabalhar no interior da China e que “reúnam os requisitos exigidos”. Além desse documento, será emitida a esses licenciados uma “notificação de serviços de emprego para finalistas de estabelecimentos de ensino superior normais de todo o país” ou um “certificado de serviços de emprego para os finalistas e pós-graduados de todo o país”.

Na área do turismo, foram instalados equipamentos de venda e recolha automática de bilhetes que reconhecem o cartão salvo-conduto dos residentes de Hong Kong e Macau em 215 estações de comboio da China interior. O mesmo comunicado aponta ainda que foi emitido, pela Administração Nacional do Turismo, um aviso sobre a “prestação de serviços de maior facilidades no alojamento turístico para os compatriotas de Hong Kong e Macau”.

Este aviso visa garantir que todos os residentes das regiões administrativas especiais têm acesso a alojamento turístico, sendo “proibido criar obstáculos para rejeitar alojamento”.

18 Dez 2017

Xiaojiang Yu, professor de ciências geológicas da Universidade de Sidney: “O rio corria preto”

Xiaojiang Yu é um académico da Universidade de Sidney com um vasto currículo em ciências ambientais. Fez parte da Agência para a Protecção Ambiental da China no final dos anos 80 e estudou um afluente do Rio das Pérolas. Ao HM falou da forma como a deslocação da indústria de Hong Kong para o Interior da China prejudicou o ambiente de Macau. Xiaojiang Yu declara-se optimista que o mundo consegue abrandar os efeitos das alterações climáticas

 

Estudou os níveis de poluição do Rio Beipan, na província de Guizhou, um afluente do Rio das Pérolas. Quais as conclusões a que chegou?

Ao longo de 15 anos, e ao abrigo da estratégia nacional de desenvolvimento do oeste chinês, verificámos que as condições ambientais melhoraram bastante. Os principais problemas que a região enfrentou, e que ainda enfrenta porque é algo que demora o seu tempo, é o impacto humano em termos de geologia, solos, chuva e problemas como as alterações climáticas. Este impacto ainda precisa de ser endereçado, e o pior é não haver aplicação coerciva de leis de protecção ambiental em algumas regiões. Não se pune com eficiência.

Quais são as principais fontes de contaminação no Rio Beipan?

Hoje em dia diria que são, principalmente, resíduos urbanos e rurais originados pelo sector agrícola. Os resíduos industriais estão sob controlo porque o Governo actuou de forma muito séria nessa matéria, mas também esta fonte de poluição é mais fácil de ser controlada do que os resíduos urbanos e rurais. Esses dois focos de poluição ainda inspiram preocupação e há muito trabalho pela frente nessas áreas.

Portanto, as condições ambientais melhoraram.

Melhoraram bastante. Antes de visitar a região li um artigo de uma académica norte-americana sobre a gestão de resíduos na China que se focava, em particular, na poluição dos rios. O estudo dizia que o rio corria preto e que a China iria enfrentar desafios ambientais muito graves. Quando foi a Guizhou, foquei-me no Rio Beipan como meu case study, é um rio a montante do Rio das Pérolas, reparei que a água era bastante limpa. Então perguntei às pessoas se o rio havia sido sempre assim limpo e eles disseram que durante a década de 90 era muito sujo e que, de facto, corria preto e também com bastante lama, em especial quando chovia devido à desflorestação e desperdício de minas que era depositado no leito do rio. Os resíduos das minas de carvão eram, sobretudo, cinzas resultantes da lavagem do carvão.

Sofia Margarida Mota

Daí o rio preto.

Durante a década de 90 não havia ali sistemas de gestão eficazes, estamos a falar, sobretudo, de minas pequenas que se limitavam a deixar os resíduos ao ar. Então quando chovia e se davam cheias, as águas empurravam estes detritos para o rio. Este rio, assim como outros, vão desaguar no Rio das Pérolas.

Em Macau fala-se muito da importação de poluição, seja através do rio, seja transportada pelo vento do Interior da China. Há alguma validade neste argumento?

Com base no que sei, a poluição atmosférica tem origem, em grande parte, localmente, é um tipo de poluição que flui e que também pode subir para as regiões interiores, dependendo da direcção do vento. Esta discussão foi tida há uns anos em Hong Kong, dizia-se que a maioria da poluição vinha através do Rio das Pérolas mas, mais tarde, um académico de uma universidade técnica de Hong Kong descobriu que 40 por cento da poluição atmosférica era gerada localmente. Outro aspecto importante é que muita da indústria que está localizada perto do Rio das Pérolas tem origem em Hong Kong. Mudaram as fábricas para montante do rio para o Interior da China e não controlaram bem a produção de poluição atmosférica, mas também poluição fluvial. Estamos a falar de 80 mil fábricas de Hong Kong que foram deslocadas para norte. Passados uns anos começaram a queixar-se da poluição no Interior da China, mas não fizeram nada. Acabaram por perceber que para resolver o problema da poluição é necessário cooperação entre Hong Kong, Interior da China e Macau.

Esta deslocação de fábricas de Hong Kong para o Interior da China acabou por afectar mais Macau?

Sim, Macau e Hong Kong. Acho que agora melhorou bastante. O meu estudo foi realizado a dois mil quilómetros de distância de Macau, mas posso dizer que só com base no que vinha com o Rio Beipan a qualidade da água melhorou muito. Estão sempre de acordo com os standards de qualidade nacionais. Depois de 2003, a qualidade cumpriu sempre os standards e, por vezes, era mesmo muito melhor. Foi algo que o Governo chinês conseguiu através de políticas rígidas. Mas acho que também o Rio das Pérolas melhorou bastante porque desde 2006 o Governo da província de Guangdong exigiu parâmetros de gestão ambiental ao sector industrial. Ou as fábricas modificavam as operações de forma a cumprir os parâmetros, ou fechavam, ou mudavam as instalações para outro sítio. As fábricas que permaneceram tiveram de fazer uma modernização de equipamento e implementar métodos de gestão ambiental mais exigentes. Neste aspecto, o Governo deu apoios financeiros para procederem a estas renovações. Aconteceu com algumas indústrias receber o financiamento e não fizeram as devidas alterações até haver uma fiscalização por parte das autoridades.

No final dos anos 80 trabalhou na Agência de Protecção Ambiental da China. Nessa altura não se falava tanto de alterações climáticas, mas mais do buraco do ozono. Como analisa esta evolução?

Estamos a falar de altas esferas do Governo chinês. Creio que nessa altura começou-se a olhar mais seriamente para estes assuntos, algo que começou à volta de 1973, quando se começou a falar de desenvolvimento sustentável. Nessa altura, a China ainda estava na Revolução Cultural, o Primeiro-Ministro Zhou mandou 25 especialistas para uma conferência internacional, quando regressaram trouxeram avisos de que este assunto precisava ser endereçado com urgência. Nessa altura, as preocupações estavam mais viradas para a poluição atmosférica, então começaram a fechar caldeiras industriais porque não queimavam carvão de uma forma eficiente e criavam smog preto e muita poeira. Mas há que perceber que durante esse tempo, a China vivia uma situação económica muito má com muitas pessoas a viver em pobreza extrema. Era, portanto, muito difícil para o Governo fazer alguma coisa como a imposição rigorosa de padrões ambientais para a indústria, algo que poderia implicar a subida do desemprego.

Ultimamente, a China aumentou imenso a importação de carvão e continua a usar o carvão para produzir energia. Como vê esta situação?

Na China não se produz muito gás natural e também não existem muitos depósitos de carvão, que em termos qualitativos não é bom carvão, ao contrário da Austrália, por exemplo. Ao usar carvão australiano, por exemplo, pode-se reduzir a poluição. Portanto, foram fechadas muitas minas de carvão chinesas e aumentou-se a importação de carvão estrangeiro.

Mas isto não contradiz as metas ambientais ambiciosas de Pequim?

Entre 60 e 70 por cento da produção energética ainda é baseada na queima de carvão. É algo que não se consegue mudar em tão pouco tempo. Ainda há necessidade de usar carvão, ao mesmo tempo que se tenta reduzir emissões de gases que produzem efeito estufa e também poluição atmosférica. Portanto, cortou-se no carvão chinês, que causava mais danos no ambiente. Daí a decisão de importar carvão de qualidade, ao mesmo tempo que se aposta em energias renováveis como eólica, solar, hidráulica e nuclear. Outra das apostas passa por promover a eficiência energética, aspecto no qual acho que a China já ultrapassou os Estados Unidos, apesar do carvão ainda fazer parte substancial das políticas energéticas chinesas.

Vê essa realidade mudar brevemente?

Não, acho que ainda precisa de desenvolver, gradualmente, mais produção de energias renováveis. A China apostou muito na energia hidráulica, mas essa fonte custa agora muito em dinheiro e em efeitos ambientais. Com as alterações climáticas mudaram os padrões de chuva, aumentaram os períodos de seca e isso não é bom para este sector energético.

Em relação às alterações climáticas. Está optimista que podemos reverter o curso em que estamos?

Nos anos 80 e 90 enfrentámos o problema do buraco do ozono, mas desde da conferência internacional de 1996 para proteger a camada do ozono foram tomadas medidas globais com efeitos muito positivos e, hoje em dia, o buraco encolheu bastante. Algo que há 20 ou 30 anos era considerado impossível. Apesar da saída dos Estados Unidos do acordo de Paris, a maioria dos países quer agir de forma positiva. Não tenho a certeza que conseguiremos inverter totalmente o curso em que estamos, mas acho que devemos conseguir abrandar os efeitos das alterações climáticas.

18 Dez 2017

Prémios | Primeiro filme de realizadora italiana vence festival de cinema

Dos 11 filmes em competição, apenas seis saíram da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau premiados. A cerimónia decorreu ontem e o galardão para o melhor filme foi entregue à jovem realizadora Natalia Garagiola, com o filme “Hunting Seoson”. Os dramas familiares levaram a melhor no que respeita à angariação de estátuas, mas o juro fez questão de sublinhar a qualidade de todos os trabalhos cinematográficos seleccionados para competição

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] galardão para o melhor filme da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau foi para o drama familiar filmado na Patagónia, “Hunting Season”. A primeira longa metragem da jovem realizadora italiana, Natalia Garagiola conquistou o júri.

Para Natalia Garagiola, o facto de ter sido reconhecida em Macau pode vir a ter um papel de peso na sua carreira. Está neste momento a trabalhar no seu segundo filme, ainda sem nome mas que trata “da vida de uma médica que se debate entre o medo e a ciência e que pode vir a ter, com o reconhecimento, mais facilidade em ser financiado”, referiu aos jornalistas após a cerimónia de ontem de entrega de prémios”. A película vencedora conta a história de Nahuel que regressa a casa do pai, Ernesto, um respeitado caçador da Patagónia argentina. Nahuel é acolhido numa nova família que o despreza e está agora com um pai que o abandonou e não traz boas memórias do passado onde o filho se insere. É, no entanto, numa caçada que os dois, sozinhos na imensa Patagónia, têm oportunidade de se reencontrar. As filmagens, todas feitas em ambiente natural tiveram, as suas complicações, na sua maioria associadas às dificuldades em trabalhar com o frio que se fazia sentir, referiu a realizadora.

O filme em competição da China também foi destacado. “Wrath of silence” do realizador natural da Mongólia Interior, Yukun Xin arrecadou os prémios do júri e de melhor actor atribuído a Song Yang. Song Yang faz o papel de um pai mineiro que procura o filho desaparecido e acaba por se confrontar com o submundo ligado à corrupção da exploração mineira.

Sofia Margarida Mota

Prémios repetidos

Já o francês Xavier Legrand levou o prémio para o melhor realizador com “Custody”. A premiação não é uma novidade para Legrand que apesar de ser conhecido pelo seu trabalho de actor de teatro, com “Custody”, a sua primeira longa metragem, foi já galardoado com o prémio de melhor realizador no Festival de Veneza no passado mês de Setembro. O filme que trata dos dramas de uma criança filha de pais separados e que se vê como alvo de luta pela custódia. O papel interpretado por Thomas Goria, valeu ao jovem actor o prémio para o melhor actor jovem revelação da segunda edição do evento internacional.

“Beast” do britânico Michael Pearce, depois de ter créditos ganhos nos BAFTA ed estreado na secção “Plataforma” Toronto International Film Festival deste ano, leva também duas estatuetas para Inglaterra.

O filme que trata da história de Moll Huntford, uma jovem de 27 anos que vive na ilha de Jersey, ao largo da costa da Inglaterra e se apaixona por um suspeito de ser assassino em série, ganhou o prémio de melhor contribuição técnica e de melhor actriz. No que respeita à contribuição técnica, o sector premiado foi a fotografia de Benjamim Keacun, enquanto a actriz premiada foi Jessia Buckley.

O argumentista e realizador israelita Samuel Maoz ganhou o prémio de melhor argumento com o filme “Foxtrot”. Samuel Maoz aos 13 aos já filmava em 8mm e aos 18 anos contava com vários filmes feitos quando foi obrigado a integrar o exército e destacado para  a guerra no Líbano. O seu primeiro filme, “Lebannon” ganhou, em 2009 o Leão de Ouro em Veneza e “Foxtrot” arrecadou, este ano, também o prémio do júri no mesmo evento.

Já o público de Macau escolheu como vencedor do festival a história dos tenistas Björn Borg e Joe McEnroe. A produção sueca do realizador galardoado pela crítica em Cannes com o filme “Armadillo” em 2010, Janus Metz trouxe ao grande ecrã os bastidores do campeonato de Wimbledon de 1980.

É tudo bom

Uma selecção de filmes com muita qualidade, foi a afirmação do júri para descrever as 11 películas que estiveram em competição nesta segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau.

O cineasta francês que presidiu ao júri, Laurent Cantet, miostrou-se impressionado. “São filmes de realizadores muito novos e que já apresentam uma qualidade invulgar”, afirmou em conferência de imprensa após a entrega de prémios.

Já o escritor Lawrence Osborne manifestou um sentimento comum por parte do júri relativamente à escolha do filme vencedor. “Todos sentimos que “Hunting Season” trazia alguma coisa de particular, que estava muito bem construído e contava com interpretações incríveis por parte destes jovens actores”, referiu. Para o também membro do júri tratava-se de uma película que aborda de uma forma cuidadosa e original a relação entre um pai e um filho.

Apesar de mais de metade dos filmes em competição não arrecadar nenhum tipo de prémio, Cantet fez ainda questão de notar que “não foi por falta de qualidade”.

 

Udo Kier regressa como júri para o ano

O prémio de carreira foi dado ao actor que já conta com participação em mais de 200 filmes ao longo dos seus 50 anos de carreira. Udo Kier, não se mostrou surpreendido com o prémio mas sim, com a qualidade dos filmes a que assistiu no festival. Para o actor de “Blade”, “Armagedon” ou “Drácula”, “é bom estar num festival que salienta o talento de jovens realizadores e que aposta no cinema independente”, disse. Udo Kier adiantou ainda que para o ano vai regressar ao território e com funções definidas: vai integrar o júri da terceira edição do Festivalk Internacional de Cinema de Macau.

Festival vai ter novas secções

A próxima edição do Festival Internacional de Cinema vai ter novidades. Entre elas está a criação de uma secção dedicada ao cinema asiático e de países de língua portuguesa, A informação foi deixada pela directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, à margem da cerimónia de entrega de prémios da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. “Já tive uma reunião com o director artístico Mike Goodridge, e com o nosso embaixador deste ano, o realizador Shekar Kapur, e já estamos a preparar as edições futuras. Há a possibilidade de criar uma secção para a Ásia e uma para os países de língua portuguesa”, referiu a responsável. Por outro lado, estão na agenda melhorias. “Vamos ainda tentar perceber os pontos fracos em que ainda temos de fazer melhorias mas ouvi muitos elogios a esta edição”, apontou Helena de Senna Fernandes. Este ano o festival teve algumas alterações relativamente à edição anterior e a aposta em filmes de jovens realizadores vai se manter. “Fizemos uma grande mudança em termos de regulamento para os filmes em competição e a partir deste ano só podem entrar na corrida filmes que sejam o primeiro ou segundo trabalho do realizador”, começou por dizer, sendo que considera que a resposta a esta mudança foi muito positiva. “Esta acção teve um bom feed back por parte da indústria porque somos um evento novo é bom ter esta associação com os jovens realizadores”, apontou Helena de Senna Fernandes.

 

Vencedores

Melhor Filme – “Hunting Season” de Natalia Garagiola

Melhor realizador – Xavier Legrand com “Custody”

Melhor Actriz – Jessia Buckley em “Beat”

Melhor Actor – Song Yang em “Wrath of silence”

Melhor Jovem Actor/Actriz – Thomas Goria em “Custody”

Melhor Argumento – Samuel Maoz com “Foxtrot”

Melhor contribuição Técnica – Benjamim Keacun com “Beast”

Prémio do Júri – “Wrath of silence” de Yukun Xin

Prémio do Público – Borg McEnroe de anus Metz

17 Dez 2017

Michelle Yeoh foi a actriz em foco no Festival Internacional de Cinema de Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] actriz em foco da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau foi Michelle Yeoh, uma escolha estratégica da primeira Bond girl oriental que fez carreira com sucesso a ocidente e a oriente. Mestre de kung fu, Michelle Yeoh não se fica pela espetacularidade dos golpes personalizados que a tornaram famosa no cinema da região vizinha. A actriz orgulha-se da componente de representação que lhe tem sido reconhecida em filmes com “Memórias e uma gueixa”, “Crouching Tiger”, “Hidden Dragon” e “The Lady”, e mais recentemente, na série Startrek”.

Aos jornalistas Michelle Yeoh recordou a opção pelo cinema com uma forte componente física. “Quando comecei a fazer filmes, os que envolviam artes marciais e as comédias eram os mais populares nas salas de cinema. Pensei que não conseguia fazer comédia porque na altura o meu cantonês era muito mau e não lia chinê que, polo não conseguia ler guiões. Por isso pensei que o mais fácil para mim seria mesmo optar pelos filmes de artes marciais”.

Tratava-se de entrar num mundo essencialmente dominado por homens, mas Michelle Yeoh não se inibiu e optou por criar um estilo próprio. “Porque é que escolhi desenvolver os meus golpes? Porque podia. Não o fazemos só porque queremos, fazemos porque podemos. Comecei a treinar muito e como tinha um passado dedicado à dança o meu corpo era muito flexível”, começou por contar.

Por outro lado, a actriz considera que nos momentos de acção há que defender uma causa. “Tenho de ter uma razão pela qual lutar: Não é a mesma coisa uma mulher lutar para proteger um, filho, ou um amor, ou um inimigo do país, referiu. O estilo de luta vem também com a personagem”, referiu.

Em 1997 deu o pulo para Hollywood ao participar no filme do James Bond “Tomorrow nerver dies”. Este filme, assim como o “The Lady” marcam uma mudança no rumo de carreira em no reconhecimento enquanto actriz, pois deixou de ser apenas a “mestre de kung fu de Hong Kong”.

Uma actriz de causas

Na tela, Michelle Yeoh defende causas que têm essencialmente que ver com a igualdade de género. “Todos os papéis que fiz, são de alguma forma, inspirados em mulheres que conheço. Apesar de representar muitas mulheres diferentes, é como se fosse uma homenagem a todas elas, a todas as mulheres que lutam”, apontou.

“Não sou feminista, mas acredito em igualdade de oportunidades e que todos podemos contribuir para um planeta melhor”, referiu tendo em conta a participação activa que tem tido em diferentes organizações, nomeadamente ligadas à luta contra a pobreza. Mas, sublinhou, “cada um de nós pode fazer a sua parte no que respeita às mudanças climáticas, à pobreza e à violência”, rematou Michelle Yeoh.

17 Dez 2017

Laurent Cantet, cineasta e presidente do júri do IFFAM: “Adapto a minha forma de fazer cinema a cada história que quero contar”

Foi vencedor da Palma de Ouro, em Cannes em 2008, e nomeado para o melhor filme estrangeiro para os Óscares com “Entre Les Murs”. Laurent Cantet presidiu ao júri da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. Aos jornalistas, o realizador falou do que mais importa quando vê um filme e da paixão que tem pelo cinema japonês e coreano

 

Está no festival enquanto presidente do júri. Que critérios tem quando está a avaliar um filme?

Penso que não temos elementos precisos. Somos cinco e entre os cinco elementos do júri se calhar não pensamos todos da mesma forma, mas penso que o primeiro elemento que temos em conta é a forma como o filme nos toca. Depois disso podemos discutir a qualidade da representação ou dos guiões. Mas o que é importante para mim, quando estou num júri deste género é o facto de não sabermos nada do que vamos ver aqui. Os filmes em competição são os primeiros ou segundos filmes de cada um dos realizadores. Entramos aqui completamente virgens no que respeita aos filmes que vemos. Entramos na sala e é uma descoberta, o que também é um momento muito bom.

O que nos pode dizer dos filmes em competição?

Estou impressionado com a diversidade dos filmes que tenho visto, de diferentes partes do mundo e de diferentes géneros. É uma selecção muito boa. Penso que todos os membros do júri estão muito felizes com o que vimos. Tem sido uma boa surpresa.

Lembra-se quando é que descobriu que queria ser um contador de histórias através do cinema?

Comecei pela fotografia e com ela descobri que queria fazer cada vez mais séries fotográficas. O objectivo era poder contar pequenas histórias. Paralelemente também gostava de escrever e escrevia contos que muitas vezes acompanhavam os conjuntos de imagens. Penso que isso me levou, mais tarde, a optar por fazer filmes. Mas o momento mais importante para mim foi ter sido aceite numa escola de cinema. Quando lá entrei não sabia nada do que era fazer um filme. Três anos depois tinha feito cinco filmes e trabalhado em muitos mais. Foi ali que, realmente tudo ficou decidido.

Como é que é o seu processo de fazer um filme? O que quer dizer?

Quando faço um filme tento descrever o mundo onde vivo. Tento descrever e situar a história num contexto e todos os filmes têm uma forma própria de serem feitos. Não penso que tenha um estilo. Adapto a minha forma de fazer cinema a cada história que quero contar. Talvez a particularidade dos meus filmes, e que se poderá encontrar em todos eles, tenha que ver com o facto de serem feitos com actores profissionais e não profissionais. Para mim é importante ouvir o que as pessoas têm a dizer acerca da sua própria vida, da vida real e tento dar um espaço onde as pessoas que normalmente não têm voz, possam expressar-se, falar de si, das suas histórias e realidades.

É a primeira vez em Macau. O que acha a cidade?

Acho incrível a forma como os dois universos, ocidental e oriental, coexistem no mesmo espaço. Podemos ir ao centro histórico e sentir isso através, por exemplo, da arquitectura. Mas ainda conheço muito pouco.

O que pensa do cinema que está a ser feito actualmente na Ásia?

Alguns dos meus realizadores preferidos são japoneses e coreanos. Infelizmente não conheço tanto do cinema chinês, mas no que respeita a cinema coreano e japonês temos muito acesso a ele em França, especialmente nos últimos dez anos. Actualmente, faz mesmo parte da cultura cinematográfica francesa e já não nos podemos alhear do cinema asiático.

O que mais gosta nos filmes do Japão e da Coreia?

Talvez a sua ligação com o contexto em que são feitos. Também mostram, de uma forma muito particular, as relações entre as pessoas. São relações muito muito diferentes da nossa forma de nos ligar-mos uns aos outros. Penso que no cinema tanto japonês como coreano, há um exotismo humano e das relações entre as pessoas que é muito especial.

Como vê a situação do cinema francês?

Penso que, como em todos os lados, temos dificuldades em fazer filmes. Há muitos realizadores e, mesmo que se consiga fazer um filme, temos dificuldade em lança-lo e distribui-lo. A coisa mais importante é, se calhar, manter a diversidade do cinema francês viva. Também é difícil vender os nossos filmes a outros países. Mas, ainda assim, a França produz cerca mais de 200 filmes por ano o que é muito bom.

17 Dez 2017

Taiwan : Pequim expressa oposição às actividades secessionistas

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim opõe-se resolutamente às actividades secessionistas de “independência de Taiwan” sob qualquer forma, incluindo o chamado referendo, disse nesta quarta-feira um porta-voz da China continental. An Fengshan, porta-voz do Departamento dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, fez o comentário em resposta a uma pergunta sobre “o projecto da lei de referendo” aprovado pelo órgão legislativo de Taiwan.

“Opomo-nos firmemente à de-sinicização sob qualquer nome ou de qualquer forma. Os compatriotas dos dois lados devem ser vigilantes contra as forças secessionistas da ‘independência de Taiwan’”, disse An. An também mencionou livros escolares em idioma chinês conjuntamente compilados pelas instituições educacionais dos dois lados do Estreito de Taiwan, que as escolas secundárias de Taiwan usam a partir de Outubro deste ano.

O porta-voz chinês disse que a parte continental e Taiwan compartilham a mesma tradição cultural e os livros escolares impulsionarão a cultura nacional tradicional.

Segundo An, a parte continental da China dialogaria com qualquer partido político, organização ou indivíduo que seguir o princípio Uma Só China e o Consenso de 1992, e que se opõe à “Independência de Taiwan”.

An disse ainda que mais comunicação e confiança mútua entre o departamento e o Novo Partido podem impulsionar adiante o desenvolvimento pacífico das relações através do Estreito e avançar o processo em direcção à reunificação pacífica do país. A Parte continental também teve comunicação regular com o KMT, revelou o porta-voz.

An acusou a administração do Partido Democrata Progressista (PDP) de sempre obstruir a comunicação e a cooperação, e provocar a oposição e hostilidade entre as pessoas dos dois lados.

Depois de 30 anos de intercâmbios, comunicação, cooperação e desenvolvimento têm sido a aspiração comum das pessoas de ambos os lados do Estreito e nada pode inverter essa tendência, notou An.

“Mais taiwaneses perceberam a sinceridade da parte continental e viram a parte continental objectivamente. A parte continental forneceu oportunidades em vez de ameaças a Taiwan”, lembrou An. “O desenvolvimento pacífico das relações através do Estreito beneficiou as pessoas de ambos os lados enquanto a ‘independência de Taiwan’ causaria danos para as pessoas, especialmente as de Taiwan, concluiu An.

15 Dez 2017

Ma Iao Lai continua presidente da Associação Comercial de Macau

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ecorreu esta terça-feira a 80ª assembleia-geral da Associação Comercial de Macau (ACM), tendo sido eleitos os novos corpos sociais. Segundo o jornal Ou Mun, Ma Iao Lai continua a ser o presidente da direcção, tendo sido eleitos como vice-presidentes o empresário Liu Chak Wan, o presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, Chui Sai Cheong, vice-presidente da AL, Fong Chi Keong, ex-deputado, Ho Hao Tong, Ngan In Leng e a co-presidente da MGM China, Pansy Ho.

No discurso que proferiu, Ma Iao Lai destacou o sucesso da realização do 19º congresso do Partido Comunista Chinês, tendo lembrado que, de acordo com as palavras do presidente Xi Jinping, estão esclarecidas as perspectivas do Governo Central em relação ao território, que exigem a prática da política “Um País, Dois Sistemas”.

Na visão de Ma Iao Lai, deve-se garantir a compreensão da administração das duas regiões administrativas especiais, de acordo com a Lei Básica e a constituição chinesa.

O presidente reeleito da ACM disse que, no contexto da revisão da lei laboral e da implementação do salário mínimo universal, os patrões não estão contra os trabalhadores, tendo enfatizado que a garantia dos seus direitos e interesses podem elevar a moral e manter os profissionais nas empresas.

O problema da lei

Kou Hoi In, deputado à AL e membro da ACM, apresentou o relatório dos trabalhos já realizados pela associação nos últimos meses, tendo concluído que as opiniões dos sectores têm sido reveladas ao Governo.

O deputado acrescentou que a actual lei das relações do trabalho tem causado obstáculos ao desenvolvimento dos sectores comercial e industrial. Kou Hoi In lamentou ainda que a compensação, pela via do salário, dos feriados obrigatórios traga um impacto negativo para a construção de Macau como um centro mundial de turismo e lazer. Como tal, Kou Hoi In pede uma revisão em prol de uma lei científica e operacional.

15 Dez 2017

Pequim aumenta sua influência na América Latina graças à falta de estratégia dos EUA

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]nquanto Trump rompe acordos e questiona alianças, o gigante asiático impulsiona os laços políticos, culturas e sociais com a região.

Uma semana depois da eleição de Donald Trump, o presidente Xi Jinping viajou para a América Latina pela terceira vez em três anos para enviar uma mensagem clara: a China quer ser o principal aliado da região. “Se compartilharmos a mesma voz e os mesmos valores, podemos conversar e nos admirar sem que a distância importe”, prometeu o líder asiático à presidente chilena, Michelle Bachelet, em Santiago. Com quase um ano de Trump na Casa Branca, o Governo dos EUA está em retirada do plano internacional, questionando alianças e rompendo acordos. Na América Latina, a China, que há mais de dez anos é um importante parceiro comercial, aumenta agora a sua influência política, cultural e social para ocupar o vazio criado pela ausente estratégia norte-americana.

Trump chegou à Casa Branca utilizando uma retórica nacionalista e proteccionista no âmbito comercial. A América Latina observou o carácter imprevisível de um novo presidente anti-establishment com incerteza. Mas, em menos de um ano, o presidente norte-americano confirmou a lealdade à sua agenda antiglobalização “América Primeiro”. Trump retirou os EUA do Acordo de Paris – no qual estão todas as nações do mundo – e do Tratado Comercial com o Pacífico (TPP) com países asiáticos e latino-americanos. O presidente também ameaçou acabar com o Tratado de Livre Comércio (Nafta) com o México e o Canadá. Com essas e outras decisões, Trump distanciou os EUA de sua posição hegemónica mundial e forçou os seus aliados tradicionais a procurarem e reforçarem outras alianças. “Sempre colocarei a América primeiro, não podemos continuar participando de acordos nos quais os EUA não obtêm nada de bom”, afirmou o republicano na Assembleia Geral da ONU.

Além das repetidas sanções contra o Governo da Venezuela e o retrocesso nos pactos comerciais, a nova Administração não estabeleceu uma estratégia de aproximação com os seus vizinhos do Sul e ainda não nomeou os diplomatas dos postos de maior importância no Departamento de Estado. Os EUA, nas suas poucas referências à América Latina, centraram o seu discurso na mão firme contra a imigração e o narcotráfico. Em Agosto, o vice-presidente Mike Pence tentou suavizar os sinais que Washington envia com uma breve viagem por quatro países. Apesar de ter falado por telefone com a maioria dos presidentes, Trump optou pela Europa, Médio Oriente e Ásia nas suas primeiras saídas internacionais.

A viagem de Xi Jinping, recheada de simbolismo, sugeriu uma aceleração para aprofundar as relações entre a América Latina e o seu país, que há 15 anos aumentou exponencialmente os investimentos na região. Nesse tempo, o gigante asiático multiplicou por 22 vezes o volume do seu comércio com os países da região. Em 2016, investiu aproximadamente 90 mil milhões de dólares nesses países. A China hoje já é o principal parceiro comercial do Brasil, Chile e Peru. Mas sua marca na América Latina já ultrapassa os âmbitos económicos.

“Agora a China tenta conseguir influência política. Cada vez consegue penetrar mais nas esferas académicas, culturais, sociais assim como na imprensa. Têm milhares de iniciativas para conectarem-se com as elites e pessoas de influência, por exemplo líderes de opinião, diplomatas, jornalistas, para lhes levar uma visão positiva da China”, afirmou nessa semana o pesquisador e jornalista Juan Pablo Cardenal numa conferência organizada em Washington pelo think-tank Americas Society, Council of the Americas. Outros não acreditam nisso. “Só querem negócios, matérias primas e comércio”, defendeu o ex-embaixador mexicano na China, Jorge Guajardo.

Nos últimos anos, entretanto, o Governo chinês e as suas agências impulsionaram iniciativas afastadas do âmbito comercial. “Convidam pessoas para ir à China participar em conferências, expor uma imagem benévola do regime, e os ‘transformam’ em embaixadores de facto do Governo chinês. Frequentemente lemos colunas de opinião na imprensa da região que emulam o discurso feito pelo Partido Comunista da China”, explicou Cardenal, que pesquisou a influência da China em mais de 40 países.

Há um ano Xi Jinping anunciou que nos próximos anos o seu Governo dará as boas-vindas a mais de 10.000 jovens líderes, 500 jornalistas e até 1.500 representantes políticos para participarem em eventos. A China criou Institutos Confúcio em universidades de nove países, para promover a aprendizagem de chinês e da cultura do país, e programas de intercâmbio para estudantes.

Apesar de existir pouca liberdade de imprensa na China, o país e a América Latina forjaram uma estreita cooperação que todo ano realiza um congresso com os principais actores dos veículos de comunicação da região. “As associações, as empresas e o Governo chineses remam na mesma direcção: querem favorecer os objectivos nacionais estratégicos do país”, afirmou Cardenal.

Outras iniciativas são mais explícitas. O Panamá, um aliado tradicional dos EUA, reactivou em Junho as suas relações diplomáticas com Pequim e em Novembro, durante uma visita de três dias do presidente, abriu a sua embaixada na capital chinesa. Os dois países assinaram até doze acordos, alguns dos quais dedicados à promoção cultural e turismo.

Longe de diminuir, o crescimento da China na América Latina é visto como um fracasso da política norte-americana, como disseram os especialistas. Com o possível fim do Nafta, para muitos um acordo vital para a economia dos EUA, a China já se colocou como uma alternativa ao México. Se isso acontecer, a sua sombra surgiria na fronteira sul, aquela que Trump quer proteger com um muro.

15 Dez 2017

João Augusto da Rosa recorda o caso do rapto de Neto Valente

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-inspector da Polícia Judiciária recordou ao Jornal Ou Mun que quando se tornou investigador adjunto de 1ª classe foi um momento em que sentiu um sentimento forte para assumir as suas responsabilidades do cargo.

João Augusto da Rosa confessou que enfrentou episódios de grande dificuldade antes do período de transferência de soberania pela instabilidade e violência que fazia sentir no território. Nesse tempo, Macau era palco para muitos incidentes de tiroteios, atendados à bomba e homicídios, factores que procurou a família do ex-polícias momentos de grande aflição.

O adjunto do Comandante-geral deu alguns detalhes do caso do rapto de Jorge Neto Valente, que remonta a 2001. João Augusto da Rosa recorda o momento em que o caso começou, com um veículo abandonado com a porta aberta na zona de Nam Van, o que levantou imediatamente a suspeita de se estar na presença de um caso de rapto.

Como tal, iniciaram-se logo trabalhos de investigação e começou a caça ao homem na busca dos raptores, tendo sido criado um grupo específico para o caso.

No processo da investigação, João Augusto da Rosa destacou os contributos de Wong Sio Chak, elogiando a forma como conduzia operações de investigação e como era um activo policial com muitos conhecimentos. A investigação prosseguiu até se ter encontrado um toxicodependente que no final deu pistas sobre o local onde se encontrava o advogado. No final, tendo auxílio do grupo de operações especiais e das forças de polícias, tendo o advogado sido salvo numa altura em que duvidava muito que pudesse ser encontrado com vida.

O adjunto do Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, salientou ainda a importância do espírito da cooperação da equipa.

Recordando o seu início de carreira ao Jornal Ou Mun, João Augusto da Rosa disse que começou a trabalhar na Polícia Judiciária em 1981, quando tinha 21 anos, tendo completado 36 anos de serviço. O adjunto contou que no início escolheu o curso de contabilidade e que apesar de ter tido oportunidade de trabalhar na Companhia de Electricidade de Macau (CEM) por um ano, sentiu que não estava no sítio certo e acabou por escolher a carreira policial.

15 Dez 2017