Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA China e a geopolítica global “The world is entering a demographic transformation of historic and unprecedented dimensions. The coming transformation is both certain and lasting; there is almost no chance that it will not happen-or that it will be reversed in our lifetime. The transformation will affect different groups of countries at different times. The regions of the world will become more unalike before they become more alike. In the countries of the developed world, the transformation will have sweeping strategic, economic, social, and political consequences that could hamper the ability of the United States and its allies to maintain security. Throughout the world, the 2020s will likely emerge as a decade of maximum geopolitical danger.” The Graying of the Great Powers: Demography and Geopolitics in the 21st Century Richard Jackson and Neil Howe [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mundo estranha a época não tão longínqua em que apenas uma super potência como os Estados Unidos, determinava o rumo da economia global, e entretinha-se a prevenir e a conjurar as crises financeiras. Os problemas, por vezes, eram enormes e os Estados Unidos recorriam à Europa e ao Japão, e entre si fixavam um roteiro. Os tempos que vivemos não permitem que tal aconteça. Os Estados Unidos estão muito concentrados em reactivar a sua economia de modo sólido, depois da crise, a verdadeira Grande Depressão de 2008, não a de 1930 e a firmado pelo presidente americano no seu sétimo e último discurso sobre o Estado da Nação. A Europa luta por salvar o Euro e toda a arquitectura da Eurozona. O Japão não consegue superar os seus problemas e a política de “Quantitative Easing (QE) – Flexibilização Quantitativa”, que trata de injectar recursos líquidos no mercado, mensalmente, comprando obrigações e títulos, que não estão a funcionar e o estancamento permanece. Pode ser a China a grande esperança? Tudo indica que não, pois o seu crescimento desacelera, houve desvalorização, queda bolsista e menor procura de produtos mundiais. Mas, e sobretudo não tem o menor interesse em enfrentar os problemas que virão, convertendo-se em líder mundial no campo económico e financeiro. O mundo não conhece uma relação tão importante como têm os Estados Unidos e a China, repleta de tensões, como compete a uma superpotência que até há pouco tempo foi hegemónica, e outra que ameaça disputar-lhe essa posição, num futuro não tão distante. O mais evidente é a luta pelo controlo do Oceano Pacífico? O novo cenário onde os americanos reconstituíram o “Acordo de Parceria Aliança Transpacífico”, celebrado a 5 de Outubro de 2015, e que terá como membros a Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname, representando cerca de 40 por cento da economia mundial, tem por objectivo conter o seu rival e testar o seu poderio bélico nas águas circundantes à costa chinesa. A concorrência estende-se de forma global no plano comercial. A luta contra os piratas informáticos chineses que endoidecem as empresas e as instituições governamentais dos Estados Unidos, foi um tema importante durante a recente visita do presidente da China à América, sem esquecer a enorme presença chinesa na África e na América do Sul, anteriormente reserva de caça americana. A luta que se trava tem como fim definir a potência hegemónica em todas as áreas. Durante setenta anos, desde o final da II Guerra Mundial, os Estados Unidos têm-se apresentado, e em grande parte têm sido os donos do mundo. O seu poder militar trazia segurança ao mundo, o seu poder económico movimentava os mercados do mundo ocidental, e a força da sua cultura e do seu nível de vida, foram o modelo que mais de metade da população do planeta procurava imitar e que se vai desvanecendo. O poderio americano enquanto durou a Guerra Fria, teve na União Soviética um oponente que o desafiava, ameaçava e controlava. A queda do Muro de Berlim, em 1989, simbolizou a desintegração do mundo comunista, e parecia que finalmente, os Estados Unidos eram de novo líderes únicos, com as bandeiras bem erguidas da democracia, livre mercado e liberdade de expressão, sem que nenhuma outra potência lhe disputasse a liderança do mundo. Desde que terminou a Guerra Fria, o esmagador poder militar dos Estados Unidos foi o núcleo central na política global. Os Estados Unidos continuam a deter um poder militar incrível, com bases navais e aéreas espalhadas por todo o mundo para sossegar os seus aliados e intimidar os rivais. Os Estados Unidos suportam 75 por cento dos custos da NATO, que garante o território dos seus membros, gastando quatro vezes mais em defesa que a China. A marinha americana controla os mares e o exército e tem tropas em todos os continentes. As forças armadas americanas tornaram-se dominantes desde o início do século XX. A sua decadência será muito lenta. A China questiona os Estados Unidos acerca do seu direito de navegar nas águas do Mar da China, como se fosse seu. A marinha americana, no sudeste asiático está habituada a tratar o Oceano Pacífico como se tratasse de um lago americano, garantindo a liberdade de navegação e oferecendo segurança aos seus aliados. A Rússia que necessita de recuperar a sua auto-estima ignora a advertência dos Estados Unidos para não escalar a tensão existente com as operações na Síria. A intervenção da Rússia na guerra civil da Síria mostra que os Estados Unidos já não controlam o Médio Oriente, e têm-se mostrado receosos em intervir, enviando de novo infantaria. A Rússia encontrou uma brecha para se introduzir e poder intervir. A Europa viveu, em 2014, a primeira anexação forçada de território desde a II Guerra Mundial, (Crimeia e a cidade de Sevastopol) mantendo vivo o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Os países bálticos ficaram temerosos e a NATO está alerta e reforçou a sua presença militar na região, tendo os Estados Unidos e a União Europeia imposto sanções económicas à Rússia. A construção na Ásia de ilhas artificiais chinesas pela acumulação de areia transportada desde o continente, no Mar Meridional da China, transformou a reclamação teórica da China sobre as suas águas territoriais, a quilómetros da sua costa, numa realidade. Os Estados Unidos ainda que não se possam intrometer nas disputas entre países vizinhos, asseguram que protegerão a navegação no Pacífico, mostrando que não vivemos num mundo sem fronteiras. As fronteiras existem e os países estão dispostos a lutar para as defender, o que significa que a ordem mundial depende da ordem territorial. Se nada se souber sobre quem detém a soberania de um território, nada se pode saber sobre a ordem internacional. A nova China é um país poderoso, com uma economia forte e forças armadas muito bem equipadas. O seu orçamento da defesa tem apresentado um aumento de dois dígitos nos últimos vinte e cinco anos. As suas forças armadas estão equipadas com aviões de guerra, helicópteros de ataque e mísseis intercontinentais. A China, poucos dias antes da visita do presidente chinês aos Estados Unidos, realizou um desfile de doze mil militares na Praça de Tiananmen para celebrar o septuagésimo aniversário da rendição do Japão aos aliados na II Guerra Mundial, tendo convidado todos os líderes mundiais. O presidente dos Estados Unidos, aproveitando o facto de o seu país estar a meio de uma campanha presidencial, em que os candidatos criticavam a China, escusou-se a assistir. Os que se interrogavam sobre a direcção da liderança chinesa, encontraram resposta durante a recente visita do presidente chinês aos Estados Unidos, dada num jantar, em que ensaiou alguns argumentos entre eles, o de que a China está comprometida com um crescimento em, e pela paz. A China aprendeu a lição da II Guerra Mundial e reconhece que a hegemonia militar não é uma opção, estando comprometida com a ordem multilateral e a Carta da ONU. O presidente chinês referindo-se à ideia de que o crescimento do poderio da China provocaria temor aos Estados Unidos e conduziria a uma eventual futura guerra, insistiu na ideia de criar um novo tipo de grandes relações de poder, que evitem a concorrência militar na procura de métodos mais criativos de cooperação que permitam a todos lucrar. Que tipo de pessoa é o presidente chinês? Quando iniciou o seu mandato foi considerado como débil, medianeiro de consensos e conservador da velha guarda, e ninguém previa que se pudessem dar grandes mudanças durante os primeiros tempos, porque tinha de consolidar o poder, tendo no entanto, surpreendido o mundo, sendo descrito como o líder mais forte que a China teve nos últimos anos, tendo implementado alterações profundas e desmantelado a tradição do governo colectivo e politicamente é considerado como conservador, e em termos económicos como liberal.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaBIR | Conselho das Comunidades pede intervenção de Sereno As exigências salariais e registos bancários que estão a ser pedidos no processo de atribuição do BIR levou o Conselho das Comunidades Portuguesas a pedir a intervenção do Cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno. Este promete abordar o assunto no próximo encontro com o Secretário [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s portugueses que pretendem obter o seu Bilhete de Identidade de Residente (BIR) pela primeira vez, ou que visam apenas renovar a residência, têm sido confrontados pelas autoridades com a obrigatoriedade de apresentação de extractos bancários, para além de serem exigidos salários superiores a 25 mil patacas para garantir a permanência no território. Tais requisitos levaram o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) a pedir ontem ao Cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno, uma intervenção junto do Executivo. Segundo José Pereira Coutinho, um dos três Conselheiros, a situação acontece desde 2014, ano em que Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, visitou o território. “Chegou a altura do Cônsul-geral intervir e fazer um ponto de situação sobre esta matéria. Temos recebido dezenas de pedidos de apoio dos portugueses e sabemos que estas situações só se podem resolver a nível diplomático junto das autoridades locais, para que o sistema seja mais transparente e para que todas as pessoas percebam quais são os requisitos, para que estes sejam iguais para todos”, disse José Pereira Coutinho ao HM. Desbloqueámos vários casos junto do Secretário para a Segurança [Wong Sio Chak], mas achamos que com o novo Governo [em Portugal] essas questões têm de ser resolvidas de uma vez para sempre, para que as pessoas que vêm trabalhar para Macau mantenham a confiança”, disse ainda o Conselheiro do CCP. Ilegalidades? Para o Conselheiro, as exigências dos extractos bancários e dos salários são ilegais. “Nada vem na lei que as pessoas, para determinadas profissões, tenham de ter um determinado salário e os salários que estão a ser exigidos são extremamente elevados, na medida em que há várias profissões em que os salários são inferiores a 25 mil patacas”, referiu. Para além disso, diz, apresentar os movimentos bancários não é a forma mais correcta de controlo das pessoas. “Não temos casos de pessoas que se tenham aproveitado do sistema para permanecer em Macau e que tenham tido problemas sociais com a sua sobrevivência”, apontou Pereira Coutinho. Na carta, o CCP pede que a intervenção do Cônsul-geral ajude “a proceder de uma forma mais expedita os pedidos de autorização de permanência e acabar de vez com os pedidos de movimentos bancários e salários exagerados aquando da análise dos pedidos”. Confrontado com esta questão, Vítor Sereno garantiu ao HM que vai abordar o assunto no próximo encontro com Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança. “Tenho mantido contactos regulares com o Gabinete do Secretário para a Segurança e feito avaliações periódicas sobre tudo o que diz respeito à comunidade portuguesa. Temos tido [do Secretário] a maior abertura e simpatia para a resolução dos nossos problemas. Este tema de [ontem] na carta será seguramente um dos assuntos que será colocado no próximo encontro”, disse o Cônsul-geral de Portugal em Macau. Numa recente entrevista concedida à Rádio Macau, Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, também fez críticas às exigências burocráticas que têm sido feitas, considerando a situação um “exagero” e uma prática “ilegal”. O HM tentou obter mais esclarecimentos junto dos Serviços de Emigração e da Direcção dos Serviços de Identificação, mas até ao fecho da edição não foi possível obter respostas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaIniciativa para apresentação de Lei Sindical pelo Governo continua a ser “estudada” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo continua a não revelar uma posição clara quanto à possibilidade de apresentar uma proposta de Lei Sindical. Em resposta ao HM, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) afirma que o Executivo “tem vindo a manter uma atitude aberta sobre a elaboração da Lei Sindical”, mas não avança nada de concreto. O Governo acrescenta apenas que “irá auscultar, através de diferentes meios, as opiniões e sugestões dos sectores sociais sobre a elaboração da mesma”. É esta a posição oficial numa altura em que a Assembleia Legislativa (AL) se prepara para votar, pela sétima vez, um projecto de Lei Sindical apresentado pelos deputados. Ella Lei, Kwan Tsui Hang e Lam Heong Sang, todos ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), tiveram a iniciativa de apresentar o diploma. Anteriormente, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), através de Jorge Fão, quando deputado, e José Pereira Coutinho teve a mesma iniciativa, que registou sucessivos chumbos do hemiciclo. Aqueles que há muito esperam pela legislação de um dos direitos dos cidadãos consagrado na Lei Básica têm esperança que, desta vez, possam obter o apoio de todos os membros da AL. Numa recente entrevista ao HM, a deputada Kwan Tsui Hang admitiu já ter contactado os deputados para obter votos a favor e disse que cerca de metade dos membros admitiram apoiar o projecto de lei. “Não tenho muita certeza, mas estamos a tentar ganhar apoio. Mas alguns já mostraram que não vão votar a favor”, alertou, contudo, a deputada. Kwan Tsui Hang frisou ainda que o Executivo não deverá apresentar o seu projecto de lei a curto prazo. “Creio que o Governo não vai apresentar [a lei] num futuro próximo, porque o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) ainda não discutiu sobre esse assunto, apesar dos constantes pedidos dos representantes dos trabalhadores”, rematou. José Pereira Coutinho garantiu ao HM que espera que os deputados nomeados possam votar a favor da lei no plenário de amanhã. “Vejo com grande esperança o facto de haver colegas que finalmente decidiram apresentar o projecto. Espero que reúna o consenso e os votos necessários para a sua apreciação na generalidade. Não vai ser fácil [obter o apoio], mas acredito que se houver da parte do Chefe do Executivo uma boa vontade, e se der indicações positivas para que os deputados nomeados tenham abertura em relação a este diploma, então não vejo razão para que continuemos a aceitar lacunas desta natureza”, frisou o deputado directo.
Leonor Sá Machado PolíticaRevisão a crimes Sexuais entra em processo legislativo este ano [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]proposta de lei que vai alterar o capítulo do Código Penal referente aos crimes sexuais no território vai entrar em processo legislativo entre Julho e Dezembro deste ano, de acordo com declarações de Anson Ham, um representante da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ). Foi no programa Fórum Macau da TDM que o chefe substituto do Departamento de Estudo do Sistema Jurídico e Coordenação Legislativa da DSAJ confirmou a vontade do organismo em ter estes crimes em processo legislativo no segundo semestre deste ano. “Será elaborado o relatório final de consulta pública e a proposta de lei, para que se possa iniciar o processo legislativo de revisão, no decurso do segundo semestre do corrente ano”, escreve a DSAJ em comunicado. Em cima da mesa está uma revisão parcial ao Código Penal, nomeadamente à parte que diz respeito aos crimes sexuais, como são o assédio sexual, o lenocínio e a introdução de novos crimes. A ideia é “fortalecer o combate à actividade de prostituição e a introdução do crime de recurso à prostituição de menor para melhor proteger os menores, a introdução da importunação sexual”, entre outras alterações”, escreve a DSAJ. Recorde-se que, como o HM noticiou o ano passado, na revisão aos crimes sexuais inscritos no Código Penal, o Governo quer também rever os artigos relacionados com lenocínio e prostituição, uma “deixaram de estar ajustados ao desenvolvimento e às exigências sociais”. O programa teve lugar no passado dia 17 e contou com a presença da deputada Wong Kit Cheng, o coordenador do departamento de Sociologia da Universidade de Macau, Spencer Li, e o advogado Leong Weng Pun. A DSAJ garante já ter ouvido a opinião dos Tribunais, do Ministério Público, de advogados e de associações académicas e sociais e estudado, “intensiva e cientificamente, as políticas criminais gerais de Macau, a realidade social, a opinião do público e as características e tipos de comportamentos criminais”, informa a mesma direcção. A revisão está na fase da consulta pública até dia 22 de Fevereiro.
Hoje Macau EventosNY Portuguese Short Film aceita candidaturas até final de Fevereiro [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s inscrições para a sexta edição do NY Portuguese Short Film Festival, a decorrer em simultâneo nos Estados Unidos e em Portugal, a 3 e 4 de Junho, estão abertas até ao próximo dia 29 de Fevereiro. O New York Portuguese Short Film Festival – festival de curtas-metragens portuguesas, em Nova Iorque – foi o primeiro certame de cinema português nos Estados Unidos. No ano passado, o evento chegou a 14 cidades em 11 países: Lisboa e Cascais (Portugal), Nova Iorque, New Bedford e São Francisco (EUA), São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil), Sidney (Austrália), Macau (China), Londres (Reino Unido), Luanda, (Angola), Joanesburgo (África do Sul), Maputo (Moçambique), Vancouver (Canadá) e Berlim (Alemanha). “Continuando à procura de novos e exigentes públicos para o que de melhor se faz entre a nova geração de realizadores portugueses, o NY Portuguese Short Film Festival chegou a mais cidades, a todos os continentes, a um ritmo sem precedentes. E com ele, chegou o cinema contemporâneo português”, garante o Arte Institute, que organiza o festival. A directora do Arte Institute, Ana Ventura Miranda, acredita que, nos últimos seis anos, o festival tem sido uma montra para o cinema contemporâneo português. “Tem aberto portas aos novos realizadores nacionais, em termos de promoção e divulgação das suas curtas-metragens, e até mesmo para participarem noutros festivais internacionais”, diz a responsável. Podem concorrer ao festival todos os realizadores portugueses, residentes no país ou no estrangeiro, que tenham produzido filmes, com menos de 18 minutos de duração, nos últimos três anos. As candidaturas serão seleccionadas e submetidas à apreciação de um júri composto por figuras do meio cinematográfico português, brasileiro e norte-americano. Não há um limite para o número de filmes que serão mostrados, sendo os critérios de escolha “o gosto pessoal do júri, a originalidade da história e a forma como foram filmados.” O regulamento e o formulário para submissão de candidaturas podem ser encontrados em www.arteinstitute.org/shortfilmfestival. LUSA/HM
Sérgio Fonseca Desporto Automobilismo | Época 2016 começou mais cedo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]temporada de automobilismo no delta do Rio das Pérolas começou como tradicionalmente encerra, com a realização dos 500 quilómetros de Zhuhai. A prova de resistência que habitualmente é a festa de encerramento de temporada foi este ano calendarizada para o segundo fim-de-semana do ano, isto por uma questão de disponibilidade do Circuito Internacional de Zhuhai, a entidade organizadora do evento. A corrida de três horas contou com a participação de um número recorde de quarenta e cinco viaturas, entre carros de Turismo, GT e Protótipos. Vários pilotos da RAEM marcaram presença num evento animado que pela primeira vez teve cobertura televisiva na íntegra. Kevin Tse foi o melhor classificado entre os pilotos do território, terminando no 2º lugar da geral. O piloto residente em Hong Kong, mas que corre com licença desportiva de Macau, aproveitou para fiabilidade do Porsche 991 GT3 Cup para obter um resultado surpreendente. Também em pista esteve o português Rodolfo Ávila. O vice-campeão do TCR Asia Series foi chamado à última hora para fazer equipa com o piloto chinês Yang Xi num dos dois SEAT Léon TCR da equipa Asia Racing Team. Ávila – pole-position da edição de 2012 com um Radical SR8 – não participou nos treinos livres, nem na qualificação, e viu o seu companheiro de equipa efectuar o primeiro turno de condução. Após ter partido do décimo segundo posto da grelha de partida, o duo luso-chinês terminou no sexto lugar da geral e terceiro da classe A (para viaturas com motorização 2.000cc ou superior), apenas atrás de um Caterham R500 e de um Lotus Evora, sendo o melhor dos muitos carros de turismo que participaram do evento. Aos comandos de um Honda Integra DC5, Kelvin Leong/So Ieng Hong/Chan Hei foram os 10º classificados e venceram a classe B. Jerónimo Badaraco liderou a ofensiva até ao 15º posto da geral do outro Honda Integra DC5 da David Group Racing Team, fazendo equipa com Chan Weng Tong, So Ieng Hong e Wong Kwai Wah. Com um carro igual, o trio composto por Miguel Kong/Henry Ho/Eurico de Jesus foi o 22º classificado. Já o Honda FD2, com as cores da MRT e Li Tak Wing ao volante, foi o 24º classificado. O veterano Rui Valente fez equipa nesta prova com dois pilotos chineses num Nissan Tiida, mas não terminou, pois um dos seus companheiros de equipa plantou a sua viatura na gravilha da última curva a duas voltas do fim. Filipe Souza esteve inscrito na prova, mas não participou porque um dos seus companheiros de equipa não foi autorizado a correr. Num final dramático, a corrida foi ganha pelo Lamborghini Húracan SuperTrofeo de Smart Tse e Zhang Jin, dois pilotos da Ilha Formosa, isto após o favorito Audi R8 LMS GT3 da Absolute Racing ter desistido com um problema de caixa-de-velocidades a quatro minutos da bandeirada de xadrez. Campeonato de Macau já tem datas Tal como aconteceu em 2015, o circuito permanente da cidade chinesa adjacente a Macau deverá receber as duas habituais provas que compõem Campeonato de Macau de Carros de Turismo (MTCS) em 2016. Apesar de não existir ainda uma confirmação oficial por parte da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), fazem parte do calendário de provas do Circuito de Zhuhai, publicado nas redes sociais, um “Festival de Corridas de Macau” no fim-de-semana de 28 e 29 de Maio e outro no fim-de-semana de 25 e 26 de Junho. Estes dois eventos, realizados pela primeira vez na época transacta, deverão novamente servir para o apuramento dos pilotos locais de carros de turismo para as provas de suporte da 63ª edição do Grande Prémio de Macau que este ano se disputa de 17 a 20 de Novembro.
Flora Fong PolíticaBilinguismo | Ho Ion Sang questiona medidas do Governo O deputado directo quer saber se o Governo vai reforçar acções para a formação de profissionais que dominem o Português e o Chinês no campo jurídico. Um sector, cuja situação, diz, é horrível [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Ion Sang entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona os planos de longo prazo para a formação de profissionais bilingues na área jurídica, bem como as medidas que serão adoptadas para melhorar os conteúdos das publicações de Direito de Macau. “No relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016 o Governo disse que vai formar mais profissionais bilingues. Quais os recursos que o Governo vai investir nesta área a curto e longo prazo? Será que existe um mecanismo para reforçar a formação de profissionais bilingues na área judicial?”, questionou o deputado directo. Ho Ion Sang lembrou que os departamentos governamentais são os que mais necessitam de profissionais que dominam o Português e o Chinês mas, segundo dados divulgados pelo Executivo em 2014, só 30% dos funcionários públicos falavam Português. “No futuro, a ideia de ‘Um Centro, Uma Plataforma’ vai continuar a desenvolver-se em Macau e a procura destes profissionais vai aumentar. Neste momento há algum tipo de formação disponível para os funcionários públicos? Será analisada a situação dos recursos humanos bilingues em Macau?”, acrescentou. O deputado à Assembleia Legislativa (AL) fala ainda da fraca participação nos cursos existentes. “De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, de 2014, só sete pessoas se inscreveram no curso de tradução e interpretação organizado pelo Governo. A situação dos funcionários bilingues na área jurídica é horrível, sendo que faltam 91% destes profissionais para o sector”, frisou.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesCorn Flakes e Masturbação [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]arece que o senhor Kellogg era uma activista pela cruzada anti-masturbação e foi isso que o motivou a criar os favoritos cereais de pequeno-almoço. Corn flakes são uma tentativa de criar uma alimentação nutritiva, mas isenta de luxúria. Porque a luxúria nos alimentos, ou seja, comida saborosa, aumentaria a energia sexual dos jovens, levando-os a tentar o prazer sexual, se não com os outros, com eles próprios. A guerra contra a masturbação sempre foi feroz. Com os mitos que gerações mais antigas tiveram que levar: masturbação faz crescer pêlos nas mãos (assim saberemos quem anda a gozar-se nos seus tempos livres) ou pode cegar. Se o acto sexual continua envolto em tabu, a masturbação parece que está em piores condições. A masturbação masculina parece que é um lugar mais comum, uma conversa mais frequente, e a feminina menos disseminada. Sim, sim, as mulheres masturbam-se. Aliás, a ideia de que os genitais trazem prazer pode ser entendida em muito tenra idade, e é muito normal. Contudo, mesmo que já não haja uma força tão grande a reforçar mitos sem sentido sobre a masturbação, ainda há um sentimento de condenação. Uma força de tradição judaico-cristã que não aceita a individual legitimidade para o prazer – o prazer sexual ainda menos. Mas a masturbação é importante. Os programas de educação sexual ou qualquer discussão sexual ainda não conseguem incluir a masturbação e as suas vantagens de uma forma mais integrativa ou abrangente. Os depoimentos e registos de terapeutas conjugais no mundo ocidental apontam para a relação entre as dificuldades sexuais do casal e a forma como a masturbação é vivida. Porque encontrar o parceiro das nossas vidas não garante o sexo das nossas vidas – se não soubermos comunicar sexualmente de uma forma eficaz. Praticar masturbação é perceber o mapa sexual e orgásmico do nosso corpo e assim, saber o que é preciso para ter prazer com o outro. Comunicar com o outro. E quando eu digo comunicar, não quero tirar todo o tesão da coisa ao sentar o casal em frente de uma mesa de centro a beber um chá enquanto verbal e mecanicamente se discute os caminhos para o orgasmo (pode resultar para alguns). Mas fica a sugestão de masturbarem-se à frente um do outro. À vez. Não? A anatomia masculina tem a vantagem de que está ali pendurada, à boa vista e de muito fácil exploração. A feminina está menos acessível, só uma mulher com uma flexibilidade extraordinária é que poderia olhar a sua vulva ‘nos olhos’, mas ao tocar-se, ao olhar-se ao espelho perceberá qual o seu aspecto – e ajudará a perceber as suas anomalias, em caso de doença. As vantagens da masturbação vão ainda para além de uma sexualidade saudável, está provado que ajuda relaxar, cura dores de cabeça, pode ajudar a descongestionar uma sinusite e ajudar mulheres a terem menos dores menstruais. Ademais, o uso de vibradores e das bolas Ben Wa ajudam no exercício das paredes da vagina que previnem problemáticas como incontinência. Masturbação é tudo de bom. O momento de descoberta sexual começa com a estimulação dos genitais, que continua com o exercício imaginativo daquilo que nos excita, agrada e entusiasma. Muitas vezes este processo é acompanhado por materiais mais visuais do que a simples imaginação (mas já escrevi que baste sobre a pornografia). Não há perigos reais de uma masturbação excessiva (para além de pele irritada, talvez). Mas se usados (constantemente) os mesmos padrões de fantasias para a excitação, podem levar a uma dependência psicológica que, quando se está finalmente com outra pessoa, podem ver as suas fantasias não correspondidas. O problema nunca será pela masturbação em si, mas pelas formas de excitação associadas. Mas se alguém se masturba sempre a pensar em pés, quando se apresenta para sexar e o parceiro não acha graça nenhuma que lhe toquem nessa zona do corpo, pode sentir-se alguma incompatibilidade/insatisfação de ambas as partes. A masturbação é vista como um acto individual, mas que na sua privacidade permite uma abertura bastante frutífera para a sexualidade no geral. A analogia que me foi descrita é de um atleta a praticar para uma competição desportiva. A masturbação é uma forma de prática para o derradeiro momento, portanto deverá ser ajustada entre a sexualidade individual e a sexualidade com o outro. A masturbação permite um tempo valioso de descoberta pessoal, mas também de descoberta do que gostamos no(s) outro(s), aquele admirável mundo novo do sexo que ainda por aí. Há quem ainda sugira momentos de masturbação ‘mindful’ onde deverá ser criado um momento de total intimidade connosco próprios. Se for preciso pôr velinhas, que se ponham velinhas e incenso e música romântica! A relação dos corn flakes com a masturbação é nula, com a excepção de que há por aí muitos comedores de corn flakes que provavelmente se masturbam. O senhor Kellogg que nunca o descubra.
Flora Fong PolíticaKwan Tsui Hang questiona falta de supervisão de espaços de entretenimento [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Kwan Tsui Hang está preocupada com a segurança das instalações de entretenimento de grande dimensão e pede uma fiscalização mais apertada no que diz respeito à manutenção e reparação destes espaços. A ideia foi sugerida numa interpelação escrita, redigida depois do incidente na roda-gigante do Studio City em Dezembro passado, que deixou uma série de visitantes presos dentro das cápsulas durante uma hora. Kwan Tsui Hang lembra que, embora o Governo tenha elaborado, em 2014, as Instruções para Apreciação, Aprovação, Vistoria das Instalações de Entretenimento de Grande Dimensão, estas apenas incidem sobre o design e a obras até que o espaço fique concluído. No entanto, faltam requisitos que obriguem à manutenção e reparação depois desta entrar em funcionamento. “Mesmo que a construção destas instalações seja devidamente fiscalizada, faltam normas que regulamentem o seu funcionamento futuro e que obriguem a certos critérios de manutenção e reparação”, explicou. A deputada duvida que o Governo consiga assegurar a segurança dos cidadãos e turistas sem a devida supervisão numa base de manutenção diária. “Que medidas é que o Governo tem para garantir a manutenção e reparação a um nível positivo, de instalações de entretenimento de grande dimensão?”, questionou. Além disso, Kwan Tsui Hang afirma ainda que o Governo criou, em 2012, um grupo de trabalho interdepartamental para a melhoria da supervisão de instalações mecânicas e eléctricas. O grupo é responsável por criar uma base de dados centralizada, um regime de formação e um exame para os trabalhadores. A deputada quer saber como está o processo desses trabalhos.
Filipa Araújo SociedadeDoenças Contagiosas | Alexis Tam defende urgência do Centro A localização do futuro Centro de Doenças Infecto-Contagiosas não agrada a todos, mas Alexis Tam reafirma que o projecto é urgente, além de já ser uma ideia antiga [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro de Doenças Infecto-Contagiosas que vai nascer em Macau é uma proposta que vem desde o tempo em que o actual Chefe do Executivo, Chui Sai On, era Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Arrancando nesta premissa, Alexis Tam, actual Secretário da pasta, atribui máxima prioridade à construção do novo espaço, que tem levantado polémica na sociedade. Reforçando que “é preciso ter uma coisa em mente”, como o facto de Macau ser um “destino turístico internacional”, que recebe anualmente “um grande número de turistas”, Alexis Tam diz que a RAEM tem todas as características que tornam urgente a necessidade de construir um “edifício de doenças infecciosas”. É preciso pensar, defende Alexis Tam, que uma epidemia pode afectar totalmente a nossa indústria turística, mas ao mesmo tempo também pode ameaçar a vida da nossa população. “Em Hong Kong, em 2003 aconteceu uma grande epidemia. Na Coreia do Sul, no ano passado, também. São situações muito graves e por isso Macau tem que tomar isto como referência, tem de aprender com essas lições. Temos de assegurar a vida e a saúde, da população. Por isso considero necessário construir o edifício da doenças infecciosas”, argumentou o Secretário. Vozes de fora Aprovado pelo Instituto Cultural (IC), o projecto de construção do edifício de doenças infecto-contagiosas situa-se ao lado do hospital Conde de São Januário e implica a demolição de dois edifícios. A questão tem sido muito discutida devido à necessidade de colocar abaixo os dois prédios que ocupam o lugar, havendo já vozes que pedem a classificação dos edifícios como património. Os Serviços de Saúde (SS) já se mostraram a favor da nova construção. “Sei que há residentes a reivindicar proteger essas duas casas, mas o que eu preciso de fazer é apelar ao vosso apoio. O que nós fazemos é ter em consideração a opinião das pessoas, mesmo que seja uma minoria a considerar que os seus interesses possam ser afectados. Posso dizer que a maioria apoia a nossa proposta”, frisou. Neste momento a secção das doenças infecto-contagiosas funciona dentro das próprias instalações do Hospital Conde de São Januário. “A entidade funciona dentro do hospital. O que vamos fazer agora é retirar esta entidade do hospital e colocar num novo edifício. Temos as condições para o isolamento”, assegurou. “Volto a salientar a necessidade de construir este edifício”, afirmou, adiantando que o mesmo irá cumprir certas regras ditadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), “sobretudo devido à sua altura”. Alexis Tam falava à margem da tomada de posse de dois novos vice-presidentes e de alguns cargos de chefia do Instituto de Acção Social.
Hoje Macau EventosArte | Mestres austríacos no Museu de Arte até Abril O MAM decide embarcar a sério na história universal da pintura e traz-nos uma mostra com o que de melhor existe no seio das da Artes Plásticas: a partir do fim do mês e até ao princípio de Abril vai ser possível admirar ao vivo obras de Klimt, Shiele ou Koshka, entre outros mestres austríacos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Museu de Arte de Macau (MAM) inaugura no próximo dia 29 de Janeiro pelas 18h30 a exposição “Um Século de Arte Austríaca 1860-1960”, que engloba obras de grandes mestres austríacos dos séc. XIX e XX, numa perspectiva panorâmica da arte daquele país deste período. A mostra, com entrada livre aos domingos e feriados e com um custo de cinco patacas nos restantes dias, inclui obras de Gustav Klimt, Egon Shiele e Oskar Kokoshka, entre outros, sendo que, ao todo, estarão em exibição 89 pinturas que fazem parte de colecções de 34 privados e entidades públicas. A evolução da arte austríaca aqui representada destaca-se, sobretudo, pelos trabalhos pós-Secessão de Viena (1827-1920), um movimento artístico nascido no seio da Künstlerhaus, que contestou o género de pintura tradicional da época e manifestou a pretensão de primar o carácter artístico por oposição a meras representações de interesses comerciais. A exposição que agora chega a Macau começou a sua itinerância na China, no Museu de Arte do Mundo de Pequim, em Abril do ano passado, seguindo-se o Museu Moderno de Dalian e o Museu Provincial de Hubei. A exibição, patente até 3 de Abril, é organizada conjuntamente pelo MAM, Instituto Cultural, Museu de Arte do Mundo de Pequim e pela Academia de Belas-Artes Sino-Austríaca. Revolucionando a tela Da selecção de mestres agora proposta pelo MAM, Gustav Klimt é, provavelmente, aquele mais conhecido da maioria, seja por via do quadro “O Beijo” ou ”O retrato de Adele Bloch-Bauer”, cuja recuperação depois de ter sido alvo de um saque nazi deu origem ao filme “Woman in Gold” protagonizado por Helen Mirren e lançado no ano passado. Mas Klimt é reconhecido acima de tudo por ser visto, como todos os grandes, como um homem à frente do seu próprio tempo, controverso, seja pelos temas eróticos escolhidos mais para o final da sua careira, seja pelo papel preponderante desempenhado na criação do movimento secessionista. Simbolista no seu âmago, mas nada subtil, pois as suas obras iam muito mais para além do que a imaginação da época sancionava como correcto, Klimt foi mais um a entrar no grande livro dos incompreendidos já que o seu trabalho, como é da praxe, não era muito bem aceite na altura. Depois de deixar o movimento secessionista em 1905, foi quando o seu trabalho feriu ainda mais susceptibilidades, tanto dos vienenses como dos próprios colegas pintores, devido ao retratar muitos nus femininos, em poses evocativas e eróticas que enfatizavam a sensualidade e o sexo. Imagens controversas que apelavam a uma nova sensibilidade, a uma celebração da sexualidade, a que não serão estranhos os ventos da época como o trabalho de Freud, também ele vienense e que nesse mesmo ano publicou “Três ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, um livro revolucionário que desafiava frontalmente as atitudes conservadoras da época em relação ao sexo. Após a sua morte em 1918, as vendas dos seus trabalhos aumentaram exponencialmente e são hoje obras de referência consideradas como das peças mais importantes e influentes alguma vez saídas da Áustria. Um dos seus últimos trabalhos leiloados, um raro retrato de corpo inteiro, foi adquirido no ano passado por um comprador desconhecido pela quantia 39 milhões de dólares.
Leonor Sá Machado BrevesTabaco | Fiscais agredidos por infractor Dois agentes de fiscalização dos Serviços de Saúde (SS) foram, neste passado sábado, agredidos por um indivíduo que estava a fumar num local onde o acto é proibido. O infractor encontrava-se de cigarro aceso dentro de um restaurante em São Lourenço, quando quatro agentes das rusgas anti-tabaco foram notificados do sucedido. Ao chegarem ao local, um outro homem que estava sentado com o infractor aconselhou-o a não apresentar os documentos de identificação e negar que tinha estado a fumar. Depois de alguns insultos, os restantes fiscais intervieram, mas o infractor não só continuou a insultá-los, como agarrou dois deles pelo pescoço e fez ameaças com uma garrafa de vidro em riste. Após terem conseguido controlar o indivíduo, chamaram a polícia, mas o fumador fingiu ter caído no chão para mais uma vez pontapear os agentes e aproveitar para fugir do local. O homem foi mais tarde detido pela PSP e sujeito a uma investigação, estando acusado de cometer um crime contra a integridade física e ameaça. Os agentes dos SS tiveram mesmo que receber tratamento no S. Januário. “Os SS repudiam os actos de violência e reafirmam que este tipo de comportamento não pode ser tolerado daí que este caso terá um acompanhamento rigoroso até ao apuramento da responsabilidade legal deste infractor”, afirmam os SS em comunicado.
Flora Fong BrevesPearl Horizon | Proprietários querem suspender pagamentos bancários Os proprietários do Pearl Horizon querem deixar de pagar os empréstimos bancários pelos apartamentos que compraram e cuja construção parou. O colectivo já pediu ajuda ao Grupo Polytec para resolver esta matéria e este já confirmou que deu início aos pedidos para isso mesmo aos bancos. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o presidente da União dos Residentes do Pearl Horizon, Kou Meng Pok, está a negociar com o Grupo Polytec, exigindo que haja uma comunicação com as instituições bancárias para que seja suspenso o pagamento de prestações mensais a que os proprietários têm procedido. Kou Meng Pok frisou que “tem confiança” que o Grupo chegue a acordo com as instituições bancárias. Ao mesmo canal, a empresa referiu que ainda não surgiu uma resposta por parte dos bancos, mas defende que vai aceder aos pedidos dos proprietários. No entanto, o presidente referiu que depois do Grupo Polytec apresentar acção ao Tribunal Administrativo, a empresa tem algum pudor em contactar os proprietários.
Joana Freitas BrevesMúsica | “Macaco da Sorte” para celebrar novo ano Foram oito os artistas locais que se juntaram novamente, desta vez para lançar o título musical “Macaco da Sorte”, em homenagem ao animal que representa este próximo ano do calendário chinês. Envolvidos na criação desta nova música estão David Chan, Anabela Ieong, Fanny Cheong, Hyper Lo, AJ, Josie Ho, Cherrie Ho e José Rodrigues no microfone, a cantar uma melodia escrita e composta por AJ e Hyper Lo. Esta conta com a produção da SP Entertainment e já foi lançada em várias plataformas. De acordo com o produtor Lo, a ideia foi “celebrar o ano novo chinês com música”, repetindo-se a experiência do ano anterior. “Esperamos que mais músicas locais possam ser reconhecidas”, continuou. O videoclipe da música deverá ser lançado em meados deste mês.
Filipa Araújo Manchete SociedadePorto Interior | Encerramento de terminal de Wanchai criticado As autoridades de Wanchai encerraram o terminal marítimo que fazia ligação com o Porto Interior e os residentes e associações não estão contentes com a decisão. Mais demoras, mais filas – tudo piora com a falta destas rotas, já para não falar da diminuição do comércio [dropcap style=’circle’]D[/dropcap style=’circle’]esde os usuários à empresa de Ferry Zhuhai-Macau, ninguém está contente com o encerramento sem aviso prévio do Terminal Marítimo de Wanchai, por parte das autoridades da China. As rotas até ao Porto Interior estão encerradas, mas eram uma alternativa que facilitava “em muito” a vida dos residentes tanto do lado de Macau como de Zhuhai. Lai Wai, usuária do serviço de transporte, caracterizou este encerramento como “ridículo”. “Este encerramento vem contra aquilo que o Governo tem vindo a desenvolver. Quer que haja uma distribuição das pessoas que passam as fronteiras, incluindo nas Portas do Cerco, Cotai e Porto Interior. Isto vem contra essa vontade”, apontou a utente. O encerramento foi justificado por uma falha na segurança depois das autoridades de Zhuhai levarem a cabo uma avaliação às instalações do terminal da região vizinha. “As autoridades apontam para um problema de segurança, mas então isto também quer dizer que o problema já existe há algum tempo, ou seja não é de agora”, argumentou ainda Lai Wai, que diz que nunca houve motivo de temer pela segurança. “Usei o barco e não senti que houvesse qualquer problema com a segurança. Os barcos são grandes e confortáveis, a distância em si é curta, demoramos no máximo cinco minutos”, registou. Para Kai, residente em Wanchai, junto ao terminal em causa, mas a trabalhar em Macau, o encerramento vem prejudicar muito a rotina de muitas pessoas. “Esta viagem era apenas de cerca de três minutos de barco, não existiam muitas pessoas, portanto não há aquele caos comuns noutras passagens. O horário da manhã também era bom e [os barcos eram] muito pontuais. O serviço não era de todo mau”, reforça. Negócio afundado A empresa de Ferry Zhuhai-Macau queixou-se que o encerramento influencia em muito o seu negócio e, por isso, vai pedir a reabertura do terminal e o prolongamento dos horários tanto ao Governo de Macau como ao de Zhuhai. Zhang Qinglan, presidente da empresa, citado pelo jornal Ou Mun, indicou que ontem, depois do anúncio de encerramento, “mais de 50 clientes estavam para usar o serviço para regressarem ao Porto Interior e mais de 200 para o regresso ao Porto de Wanchai”. A empresa critica a postura do Governo de Wanchai, que não só encerrou o espaço sem aviso prévio como não apresenta soluções para o futuro, deixando estes usuários sem transporte. “O terminal de Wanchai diminuiu a pressão das Portas do Centro e têm sido muitos os residentes que usam este porto para visitar Macau. A rota marítima é uma maneira bastante conveniente, rápida e que respeita a protecção ambiental. O tempo de percurso do ferry é muito curto, portanto é bom. O encerramento deste porto vai ainda influenciar as actividades comerciais do próprio Porto Interior”, argumentou. Diariamente, indicou o presidente, mais de duas mil pessoas usam a rota, através das várias empresas de transporte marítimo, sendo que anualmente os números ultrapassam um milhão de passageiros. No Ano Novo Lunar, no primeiro e segundo dia, passam mais de seis mil residentes e turistas por dia. “Nos terceiros e quatro dias, o número de turistas pode chegar aos dez mil ou mais por dia”, acrescenta. O presidente rematou que “a empresa irá discutir com os Governos sobre a reabertura do porto, bem como vai entregará um pedido de prolongamento dos horários”. “Caso os Governos respondem ao prolongamento, a nossa empresa vai adicionar mais barcos”, garantiu. Efeitos negativos Zhu Hong In, director da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores da Marginal indicou que, embora o encerramento não influencie em massa os moradores de Macau, a decisão irá ter consequências negativas para as actividades comerciais da zona do Porto Interior, especialmente nos primeiros dias do Ano Novo Chinês. O director sugere que os Governos criem um plano que possa ligar estes portos, como por exemplo uma ponte entre Macau e Wanchai. Apesar de Ieong Tou Hong, director da Associação Promotora da Economia de Macau, ter lançado uma proposta de renovação do terminal em 2012 ao Governo de Zhuhai, nada aconteceu. A proposta foi recusada e o terminal em causa nunca foi alvo de renovações ou reconstruções. Para o director, que também propôs a construção de uma ponte que ligue as duas zonas, é natural que as pessoas estejam descontentes com o encerramento da única forma de passagem naquela zona. Mais e melhor Para Kai, portadora do passe que lhe permite pagar, pelo bilhete diário, dez patacas em vez de 30, o serviço deverá ser restituído mas com nova cara. “A questão dos horários é problemática, porque o último ferry era às 16h30 e isto é muito cedo para quem trabalha em Macau e tem de voltar para Wanchai. A cobrança dos bilhetes é também um ponto negativo do serviço, porque, por exemplo, nas Portas do Cerco não pago nada”, argumenta. “Espero que o porto possa ser aberto novamente, mas com mais barcos e preços baratos, especialmente depois de todas as fronteiras oferecerem flexibilidade de horários. Não vejo porque é que este terminal marítimo deva funcionar de forma diferente”, registou. Lai Wai acredita que o encerramento desta alternativa vem dificultar e trazer mais problemas. “Isto vai fazer com que a pressão nas outras fronteiras, principalmente nas Portas do Cerco, aumente. Espero que o serviço abra rapidamente e que o horário seja alargado”, rematou.
Filipa Araújo PolíticaSecretário pede mais consciência a nova equipa do IAS [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ecorreu ontem a tomada de posse dos dois novos vice-presidentes do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai e Au Chi Keung, e de vários cargos de chefia do mesmo organismo. Depois da reestruturação que atribuíram ao organismo as funções de reinserção social, que eram dos Serviços dos Assuntos de Justiça, os novos vice-presidentes mostram-se confiantes com o futuro. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, presente no momento, apelou ao trabalho da nova equipa. “Gostaria de aproveitar o momento para alertar todos os colegas que no futuro têm de aumentar a vossa consciência no trabalho e perceber melhor quais as necessidades da população, bem como aumentar a vossa capacidade profissional. Peço-vos para trabalhar no futuro ainda mais activamente”, rematou. Hon Wai mostrou-se muito empenhado no desafio que agora abraça, garantindo esforços no atendimento das solicitações da sociedade. “Após o retorno de Macau à China, tem-se assistido ao rápido desenvolvimento político e económico e os problemas familiares e comunitários tendem não só a complicar-se como também a ficar camuflados. Irei desempenhar as minhas funções no sentido de conjugar forças das equipas do serviço social (…)”, discursou Au Chi Keung.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeMP arquiva investigação sobre Lai Man Wa A família já saberá a causa da morte da antiga directora dos SA, mas não quer revelar pormenores. A investigação foi arquivada pelo MP, que assume que a conclusão aponta mesmo para o suicídio de Lai Man Wa [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ai Man Wa suicidou-se mesmo. É isso, pelo menos, que conclui o agora arquivado processo de investigação à morte da então directora dos Serviços de Alfândega (SA). “Segundo todas as provas no processo, mostra-se que a morte de Lai Man Wa foi suicídio, não se tendo encontrado quaisquer indícios no processo que indicassem que o falecimento [estivesse] relacionado com actividade criminal”, afirma um despacho do Ministério Público (MP) enviado à Polícia Judiciária (PJ) no passado dia 5, mas que só agora foi dado a conhecer. O documento, assinado pelo delegado do procurador do MP, determina que o processo é então dado como arquivado. No comunicado enviado ontem à imprensa, a PJ fala de “rumores” que surgiram em volta deste caso e que geraram “alguma polémica”, referindo-se ao facto de terem sido questionadas as condições em que morreu a responsável e terem sido levantadas suspeitas de homicídio. Da privacidade Aparentemente, haverá já também uma conclusão sobre o motivo que terá levado Lai Man Wa a matar-se. O delegado do MP assegura no comunicado que “não se opôs a que fosse divulgado” o motivo do suicídio, mas a família é que não autorizou a sua divulgação. “De acordo com a lei para fazer respeitar a vontade da família e assegurar o direito da falecida à privacidade, a PJ não está autorizada a divulgar a causa do suicídio”, revela o mesmo comunicado, datado de 18 de Janeiro. A directora dos SA foi encontrada já sem vida numa casa de banho pública dos Oceans Gardens, na Taipa. Este era também o condomínio onde Lai Man Wa residia. Em Novembro passado, o Secretário para a Segurança afirmara que nada na investigação – ainda a decorrer – apontava para um possível homicídio, tendo o Governo sempre defendido a tese de que a ex-directora havia tirado a sua própria vida. “A Polícia Judiciária e os médicos forenses não encontraram quaisquer outras provas fortes que possam indicar que a morte não foi através de suicídio”, indicou Wong Sio Chak nessa mesma altura. No entanto, foram várias as vozes que se insurgiram contra o agora confirmado suicídio devido aos pormenores divulgados pelos peritos: Lai Man Wa tinha uma faca e comprimidos guardados na mala, um golpe no pescoço e um saco na cabeça. Estes elementos, juntamente com mensagens encontradas no seu telefone pessoal, levaram a que deputados como Au Kam San, José Pereira Coutinho ou a ex-presidente da Assembleia Legislativa, Susana Chou, levantassem dúvidas sobre os contornos do caso publicamente.
Flora Fong Manchete PolíticaLei Sindical | Ella Lei critica atitude passiva de Chui Sai On: “O Governo não pode não ter um papel a assumir” A Lei Sindical é fundamental e o Governo tem a “responsabilidade” de a fazer, mas está há anos a esquivar-se. É o que diz Ella Lei, que apresentou com Kwan Tsui Hang e Lam Heong Sang um projecto que vai a votos amanhã. Tudo se pode esperar de deputados nomeados, diz, habitualmente “contra” a protecção aos trabalhadores [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]orque é que decidiram apresentar agora o projecto da Lei Sindical? Não apresentámos o projecto de forma repentina mas, como temos vindo a dizer, a [criação] da Lei Sindical está fundamentada através da legislação de Macau. A Lei Básica regulamenta a liberdade de organizar e participar sindicatos, de fazer greve. A Convenção Internacional assinada por Macau [relativamente ao trabalho] tem artigos sobre os direitos de organização sindical. No entanto, ao longo dos anos, o Governo nem fez muitos estudos, nem impulsionou a criação da lei. Já consultámos as associações da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) e queremos apresentar o projecto e ganhar apoio, sendo que, se for aprovado [na generalidade], podemos discutir mais detalhes da lei. É mesmo preciso haver esta discussão neste território para que todos entendam porque é que necessitamos da Lei Sindical. Existem algumas diferenças entre este projecto e os anteriores apresentados pelo deputado Pereira Coutinho? Não comparamos, mas o projecto que elaborámos, fizemo-lo junto das associações e tendo em conta as suas opiniões. Tiveram ajuda de especialistas ? Agradecemos também aos assessores jurídicos da Assembleia Legislativa, porque eles apresentaram sugestões e eventuais problemas do projecto original para fazermos uma correcção. Acredito que cada associação tem o seu ponto de vista sobre a Lei Sindical e ouvimos diferentes opiniões. O que quero é apenas promover, discutir e implementar a lei. Os antigos projectos de Lei Sindical foram seis vezes chumbados. Acredita que desta vez os deputados vão votar a favor? Já contactaram alguns? Quando nos encontrámos com alguns deputados, ficamos com a esperança de que eles vão apoiar o projecto, mas não posso dizer agora quantos colegas do hemiciclo vão votar a favor. Cada deputado tem as suas opiniões. Só demos as nossas opiniões e razões para a necessidade da Lei Sindical. Quando há conflitos laborais, a parte laboral fica sempre em desvantagem face ao patronato, em qualquer situação económica. A Lei Sindical fará equilibrar esse problema e vai ajudar a resolver os conflitos laborais. Daí que tentemos ao máximo ganhar apoio. Mas pensa que a área que os deputados representam pode ter influência? Por exemplo, os deputados nomeados e da área comercial podem votar contra? Não apenas face à Lei Sindical, mas também quando discutimos a revisão de leis sobre o trabalho, metade de deputados tem opiniões contra. Agora é ver se nos apoiam no dia 20. Esses deputados poderão votar a favor apenas se Chui Sai On concordar com o projecto da lei? Não faço ideia se esse será o caso. O Governo declara sempre que tem uma atitude aberta perante a Lei Sindical, mas não concordo com isso. Em relação aos assuntos sociais, o Governo não pode não ter um papel para assumir. Por exemplo, quando as associações internacionais laborais pedem ao Governo que entregue um relatório para ver se está a pôr em prática o que diz a Convenção Internacional, o Governo diz apenas e sempre que “tem uma atitude aberta”. Para mim, isso não chega. O Governo deve ter uma ideia fundada, não apenas deixar os representantes dos trabalhadores e empregadores sozinhos face a um eventual consenso sobre a lei. Portanto, considera que tanto o Governo como o Chefe do Executivo ainda não têm uma opinião clara sobre a Lei Sindical? Considero que eles têm essa responsabilidade. Isto não é apenas uma política que mereça discussão, é um princípio consagrado na Lei Básica e é preciso esta lei para pôr em prática os direitos e liberdade dos trabalhadores e sindicatos. O Governo tem um grande papel nesta matéria mas, depois de tanto tempo, o Chefe do Executivo ainda não promoveu a implementação desta lei. Se este projecto de lei for reprovado, acredita que o Governo irá apresentar outro no futuro? Como já disse, o Governo tem essa responsabilidade e é também o que vamos solicitar [se o projecto reprovar]. O que nós vamos fazer é continuar a impulsionar a Lei Sindical, mesmo que possa demorar muitos anos, temos que nos esforçar. O vosso projecto de Lei Sindical também engloba os Trabalhadores Não Residentes (TNR). Quando elaborámos o projecto de lei não separamos a definição de trabalhadores locais e de TNR. O objecto da lei são os trabalhadores. Daí termos incluído os TNR propositadamente.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEstudo aponta para aposta na energia solar em Macau. Arquitectos de pé atrás Macau deveria apostar na energia solar para preservar o ambiente, defende um estudo de três investigadores chineses. Especialistas locais até concordam, mas apontam para a falta de espaço e poluição [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]instalação de painéis solares no topo de edifícios, em Macau, pode reduzir até 10% as emissões de carbono na região. É esta a conclusão de um estudo de três investigadores chineses da Universidade de Xangai em parceria com uma norte-americana – Zhengwi Li, Steve Quan e Perri Pei-ju Yang. Embora este tipo de mecanismo esteja a disseminar-se em vários países, Macau faz pouco uso dele e arquitectos contactados pelo HM estão divididos: é uma ideia inovadora, mas que pode não ser adaptável à vida urbana da cidade. Em cima da mesa estão problemas como a falta de sol devido à poluição e escassez de espaço para a instalação. O estudo teve em conta os bairros do Yao Hon (na zona norte) e os NAPE, onde se situam os casinos MGM, Wynn e StarWorld. A ideia seria aproveitar a “alta densidade” de edifícios construídos com recuo – prédios em que uma parcela de andares mais baixos é mais larga do que os mais altos – e em feitio de pedestal – condomínios com pódio, como os Nova City ou Nova Taipa – para instalar painéis solares e assim poupar energia. Aqueles construídos em recuo têm, de acordo com os autores do artigo, a vantagem de permitirem uma muito maior entrada de luz solar dentro dos apartamentos de baixo, já que existe menos sombra. Maldita poluição Tiago Quadros é um dos profissionais que concorda com a ideia, ainda que com reticências. O profissional defende que a instalação de painéis fotovoltaicos pode ser benéfica, não houvesse o problema da falta de espaço. É que esta é uma das questões com que urbanistas e arquitectos se debatem e que impossibilita a realização de projectos mais amigos do ambiente. Verdade é que o clima e a poluição também não ajudam. É o que diz também a arquitecta Ana Macedo e Couto. “[Seria interessante que o estudo] considerasse os dias onde o sol não está encoberto seja por poluição ou pela alta taxa de humidade no ar, pressupondo que tem impacto na eficácia da utilização de painéis solares”, começa por dizer ao HM. Não obstante, a profissional apoia a ideia defendida no estudo, acrescentando que também nos seus projectos se esforça ao máximo pela implementação de técnicas e materiais amigos do ambiente. “Alinho muito mais pela eficiência energética dos edifícios, tanto pelos materiais e técnicas utilizados como pela instalação de sistemas que permitam de alguma forma a produção de energia ou redução desta. Com painéis solares, por exemplo”. Também o engenheiro electrotécnico Francisco Carvalho faz a ressalva do problema da poluição, embora a ideia agrade. “Os painéis fotovoltaicos, para funcionarem com o seu rendimento máximo, necessitam de ter o sol a incidir directamente nas células fotovoltaicas. Macau, durante grande parte dos dias, está coberto por uma névoa de poluição ou por nuvens atmosféricas, o que iria dificultar bastante a produção de energia eléctrica”, explica o profissional. Ainda falta Para o engenheiro, os painéis fotovoltaicos só terão viabilidade “daqui a uns anos”, quando o seu custo for menor. Dessa forma, será possível “comprar” mais potência num espaço mais reduzido. “Para se ter uma instalação com uma potencia considerável, teremos de instalar muitos painéis solares. Este tipo de instalações necessita sempre de uma área grande e aqui não é coisa que se encontre com facilidade. Mesmo instalando no cimo dos prédios existentes, as áreas nunca são suficientes para se poder obter uma potência produzida considerável”, esclarece Francisco Carvalho. “Quando os painéis fotovoltaicos forem mais rentáveis, iremos obter uma maior potência/m2 e aí provavelmente será uma excelente solução para ser implementada em cidades como Macau.” Sombra que mata Para dois dos especialistas contactados pelo HM, a sombra também é um ponto negativo para a implementação deste tipo de práticas. Para Tiago Quadros, é preciso não esquecer que está em acção a Lei de Sombras – cálculo que define o ângulo do projecto de forma a minimizar a sombra nos passeios – que, feitas as contas com a escassez de terreno, deixa pouca margem para a implementação de energias renováveis. Se todos os edifícios de uma zona de construção altamente densa forem altos, coloca-se o problema do sol não ser capaz de chegar aos andares mais baixos e até ao passeio. Já Ana Macedo e Couto tem “sentimento ambíguos” quanto a esta norma. “Acho que se pode tornar impraticável, tendo em conta a alturas dos novos edifícios e a largura de ruas que deveriam impor para cumprir a lei, mas por outro lado, ter arruamentos excessivamente largos não tem em consideração a mobilidade pedonal”, defende a arquitecta. E tudo o resto Quando questionados acerca da redução da pegada de carbono, tanto Ana Macedo e Couto como Francisco Carvalho apontam para falhas noutros factores que não o do sol. Outra das razões para o aumento dos valores de energia consumida é, de acordo com a arquitecta, a “falta de eficácia com que todos os edifícios são ainda hoje construídos”, insistindo-se em janelas de vidro simples ou falta de isolamento térmico. “São coisas que considero que deviam ser requisitos mínimos nos dias de hoje e que, uma vez que não estão em prática no território, acabamos por ter edifícios que, do ponto energético, são muito pouco eficientes, exigindo o uso quase constante de equipamentos de ar condicionado para proporcionar temperaturas adequadas para a sua utilização praticamente durante o ano todo e não apenas nos meses extremos”, alerta. Francisco Carvalho lembra que “os grandes empreendimentos” como casinos e hotéis são quem mais oportunidades tem para instalar painéis fotovoltaicos e quem mais consome electricidade na região. No entanto, o mesmo especialista revela que a energia solar tem dois inconvenientes: é que não só faz uso de tecnologia “bastante dispendiosa”, como tem “pouco rendimento”, que aponta estar na ordem dos 15% a 20% quando comparada a outras que chegam aos 60%. “Não deveria ser possível fazer projectos sem considerações ambientais” Leis obsoletas dificultam melhorias, defende arquitecta [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara a arquitecta Ana Macedo e Couto, falta rever uma série de leis e regulamentos relativos à construção no território. Além da obrigatoriedade de utilizar determinados materiais e técnicas de poupança de energia, a profissional recomenda ainda que todas as renovações de prédios tenham em conta a protecção ambiental e seja criado um código especial para o ramo. “Hoje em dia, não deveria sequer ser possível submeter um projecto sem estas considerações [ambientais] e muito menos [sem haver] qualquer fiscalização de obra que garanta que tudo é feito correctamente”, atira Ana Macedo e Couto, quando questionada acerca das normas vigentes na região. No fundo, sobre quem recai a responsabilidade por estes males? A arquitecta atribui parte da culpa ao Governo e outra à “legislação obsoleta”. Para resolver o problema, sugere que se arrume a casa de alguns regulamentos que precisam de novas roupas. “É uma vergonha um território como o de Macau, que tem tido uma vaga de crescimento enorme, continuar com legislação obsoleta”, avança. Questionada sobre se a adopção de medidas de poupança pode ser um problema para os construtores na altura de fazer contas à obra, a arquitecta concorda, mas defende que é preço a pagar pela melhoria do ambiente. “É um custo que deve ser reflectido no valor do imobiliário, obviamente, mas no território oculto de um imóvel não reflecte nada mais que a especulação e a ganância”, critica. A fiscalização de obras na cidade é um tema sensível para Ana Macedo e Couto, que pede mudanças profundas no actual sistema de inspecção. “Deveria ser obrigatório os edifícios terem uma certificação de qualidade e que qualquer projecto de renovação contemplasse alguns mecanismos que ajudem a caminhar nessa direcção”, acrescentou. “Se houvesse um conjunto de exigências para os locais de construção e a seguir para a fiscalização, as coisas acabariam por, com certeza tomar o rumo certo.” A arquitecta vai mais longe e afirma mesmo ao HM que Macau até poderia ser um exemplo a seguir, mas falta vontade dos governantes e construtores. “Porque é que Macau não é o sítio onde se experimenta, o sítio que está no topo da inovação? Há dinheiro e o território tem dimensão para se poderem controlar as ‘experiências’”, sugere.
Boi Luxo h | Artes, Letras e IdeiasMarketa Lazarová, Frantisek Vlácil, 1967 [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]arketa Lazarová é o melhor filme que conheço que mais desconhecido parece das massas. Não encontro muitas pessoas que o tenham visto ou que sequer dele tenham ouvido falar. Não que essa ignorância me perturbe, antes pelo contrário. Se há algo que Markéta nos ensina é a permanecer impassíveis no cimo de um cavalo, bem armados, prontos a dispensar o golpe a quem cometer a imprudência de nos melindrar. Markéta arrasta-nos – brutalmente, desde o seu início invernoso belo a preto e branco – para a Idade Média. Numa história de contornos nem sempre bem definidos, seguimos os movimentos de vários grupos: um bando cruel, o dos Kozlík; os homens de Lazar, mercador medroso, pai da voluptuosa e virginal Lazarová; o regimento leal ao Rei e um grupo de alemães. É um daqueles filmes – são poucos os que o conseguem – que nos podem levar a pensar que, afinal, o cinema é uma arte para levar a sério e não apenas um entretenimento mais ou menos artístico para adolescentes ou intelectuais preguiçosos. A história passa-se no século XIII mas a sua estética é ousada, modernista, mesmo vanguardista – sem chegar nunca ao abstraccionismo. Os planos em câmara subjectiva e alguns zooms são particularmente eficazes. Não há nenhum outro filme de Frantisek Vlácil que mostre a tal ponto esta escolha experimentalista, uma que poderá ter sido promovida pela sua passagem pelo Czechoslovak Army Film Studio, onde se praticava um cinema (não ficcional) com estas características e pela sua ligação às artes plásticas. O próprio Vlácil confessa que chegou ao cinema um pouco por acaso (enquanto cumpria o serviço militar) e que os seus interesses primeiros se encontravam mais perto das artes plásticas, da arquitectura e da música. E também da literatura. Quem quiser pensar no realizador checo como um poeta que usa o cinema não deixaria de cair nas boas graças do autor. Certamente que no vivíssimo romance de Vladislav Vancura*, que serve de base ao filme de Vlácil, este encontrou inspiração visual. O próprio nos fala (num pequeno documentário) da sua dificuldade em encontrar textos para os seus filmes quando a sua preocupação é tão fortemente visual e não narrativa. Não ter frequentado escolas de cinema nem partir para o cinema através de uma apetência por ele permite uma originalidade e uma frescura que outros, poluídos pelo amor que lhe dedicam, não exibem. O amor pode originar a fraqueza. Se pensarmos que Vancura realizara alguns filmes de metragem longa informados pela estética vanguardista soviética podemos aqui identificar uma herança. O filme de Vlácil estrutura-se em vários quadros que espelham as opções narrativas, nem sempre de leitura fácil, do romance de que partiu. As loucuras são semeadas ao deus-dará é a primeira frase do livro. Para além destas circunstâncias, o ambiente estético da altura era propício ao experimentalismo. Mesmo que Markéta se não inscreva naturalmente no movimento da nova vaga checoslovaca, esta é uma época de ousadias. Sedmikrásky/Daisies, de Chytilová (já aqui admirado) é de 1966, assim como o enigmático, cómico e perturbador Ostre sledované vlaky/Closely Watched Trains. Do mesmo ano de Markéta é o famoso Hori, ma panenko/The Firemen’s Ball, de Milos Forman e de 1969 é um filme também há pouco tempo cronicado nesta página, Spalovac mrtvol/The Cremator, de Juraj Herz. Sem querer estar a procurar demasiadas semelhanças entre o livro (de difícil adaptação pela sua arrogância narrativa) e o filme, note-se que a velocidade de um é a velocidade de outro. A vantagem do filme reside também no modo excêntrico como usa o som, por vezes autónomo em relação à imagem – como se nos quisesse assustar. O bando Kozlík é um bando de bestas, um bando canídeo, vestido de peles e com uma crença profunda no poder da força. A sedução de Markéta Lazarová começa por ser a sedução do golpe mas passa por muitas outras, carnívoras, sexuais, religiosas, católicas e pagãs (as melhores) e paisagísticas. Até tem freiras e o destino primeiro de Markéta, antes da violação e da sua conversão ao amor por Mikolás, filho preferido do bandido, é o convento. É raro um filme de época atingir este nível de autenticidade. Quem estiver interessado poderá tentar saber em que condições de obsessiva clausura e imersão Vlácil manteve os seus actores. No fim das quase três horas que dura é difícil de afastar esta sensação de imersão total. Andrei Rublev causa um transporte semelhante mas o de Markéta é muito mais físico e muito mais brutal. Pensar em muitos outros filmes passados na mesma altura só pode causar irrisão. Se a violência do regime autoritário sob que se vivia na Checoslováquia nos anos 60 tem par neste filme não sei. O que interessaria é saber se é possível que a arte produzida sob um regime totalitário (e especialmente uma arte de massas como o cinema) não é sempre uma referência à clausura que aquele impõe. O que é certo é que Vlácil mais não conseguiu reunir o dinheiro e condições de liberdade que lhe permitissem fazer um filme semelhante. Quando as tropas do Capitão leal ao Rei atacam a fortificação de Kozlík, sob o olhar atento do frade, quem decide os destinos do homem não é Deus mas a guerra, a força bruta. Troça-se de tudo como o Capitão troça do alemão que é suposto proteger e ajudar a recuperar o filho. “mein sohn, mein sohn”, diz o estúpido do velho quando o vislumbra, branquinho e amaneirado, junto da paliçada dos bandidos sujos e vestidos de peles e armados para matar. – Deves ficar sabendo, velho alemão, que o teu filho, o Conde Kristián, se apaixonou por uma das filhas do bandido, Alexandra coberta de sujidade, cabelos emaranhados e sacerdotiza de amores pagãos, assim como Markéta, filha de Lazar, e assim Lazarová, não resistiu aos encantos de Mikolás Kozlík. Um filme de bandidos, é o que é. E o último filme de Alexei German? Trudno byt’ bogom/Hard to be a God, 2013, baseado num romance dos irmãos Strugatsky. * Markéta Lazarová existe em tradução portuguesa, feita directamente do checo por Anna e José de Almeida, editora Quidnovi.
Andreia Sofia Silva BrevesLGBT | Inquérito deverá chegar este ano Estava prometido para 2014, mas problemas técnicos atrasaram a realização do segundo inquérito à comunidade LGBT de Macau. Anthony Lam, presidente da Associação Arco-Íris de Macau, promotora da iniciativa, confirmou ao HM que o questionário à comunidade gay, lésbica, transexual e transgénera deverá ser feito ainda este ano. Em Abril de 2014, Anthony Lam explicou ao HM que foram convidados académicos para colaborar no projecto que pretende apresentar novas questões e ser mais abrangente quanto aos problemas existentes na comunidade gay. O primeiro inquérito, divulgado em 2013, revelou que cerca de 20% dos homossexuais em Macau pensou cometer suicídio.
Flora Fong SociedadeAssociação cria lar e aulas de formação em Seac Pai Van [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau vai criar um lar destinado ao cuidado de portadores de deficiência mental profunda. Situado em Seac Pai Van, o lar abre em Julho e veio, de acordo com notícia do jornal Ou Mun, para suprir a necessidade de lares para adultos com deficiências graves. O presidente da Associação, Chang Tak Toi, afirmou que o funcionamento experimental deste lar teve início há um ano, sendo o espaço subsidiado pelo Instituto de Acção Social. Usando as experiências do centro de serviços recreativos e de saúde da Associação, o lar vai fornecer formação de trabalhos domésticos aos deficientes, aumentando a capacidade de cuidados de vida pelos próprios. Terapia física e ocupacional, educação sexual e relação de géneros são outros serviços do lar. O presidente quer que o espaço ajude na questão de envelhecimento tanto dos portadores de deficiência como dos seus familiares. “Os pais de portadores de deficiência mental grave sofrem muita pressão no cuidado dos filhos e estes precisam especialmente de um lar. No entanto, faltam sempre lares no território”, indicou. Chang Tak Toi espera que o Governo reserve espaço nos novos aterros para construir lares destinados a esta fatia da população. Neste momento existem 45 vagas neste lar, mas o número aumentará depois da inauguração oficial. Chang Tak Toi referiu que, até ao momento, a mão de obra é suficiente. No entanto, acrescentou, é necessário melhorar o sistema de transportes públicos com acesso de Seac Pai Van à península, já que vários dos deficientes têm emprego do lado de Macau.
Andreia Sofia Silva BrevesDSEJ corta financiamento a associação por abuso sexual A Associação Águias Voadoras de Macau vai deixar de receber financiamento da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), depois da análise feita a um relatório entregue pela Associação, noticiou ontem a Rádio Macau. A causa para a suspensão do subsídio prende-se com o caso de suspeita de abuso sexual de diversas crianças, que terá sido praticado por um instrutor da associação num campo de treino militar. Mas a DSEJ não é a única entidade governamental a financiar esta associação. Segundo o Boletim Oficial (BO), a Associação Águias Voadoras recebeu cerca de três milhões de patacas desde o ano de 2011, tendo também obtido fundos da Fundação Macau (FM). A FM doou 120 mil patacas para o plano de actividades de 2014 da associação, tendo ainda concedido um milhão de patacas no terceiro trimestre de 2012 para a concretização do plano de actividades desse ano. Quanto à DSEJ, só no terceiro trimestre do ano passado concedeu, 1,67 milhão de patacas à associação. Até ao fecho da edição não foi possível questionar a FM sobre a continuação do apoio financeiro.
Joana Freitas BrevesProposta de aumento de alunos estrangeiros apresentada O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura já apresentou ao Ministério da Educação da China a proposta para a autorização de Macau poder ter mais alunos estrangeiros nas instituições de ensino superior. Alexis Tam quer aproveitar as vantagens da localização geográfica de Macau na rota marítima “uma faixa, uma rota” para que mais estrangeiros façam a universidade no território. A ideia, afirmou, já foi finalmente apresentada ao Governo Central e consiste permitir que mais estudantes dos países estrangeiros, nomeadamente os em redor de Macau, possam estudar aqui. Actualmente, há um limite nestas quotas e nem todas as instituições podem receber estes alunos, como é o caso da Universidade de São José.