Joana Freitas BrevesTap Seac | Concurso público para remodelação da Casa de Vidro A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) abriu um concurso público para a remodelação da Casa de Vidro do Tap Seac. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, e assinado pelo director do organismo, Li Canfeng, é dado um prazo máximo de 330 dias para a remodelação do “Centro Comercial da Praça do Tap Seac”, conhecido como a Casa de Vidro, sendo que as empresas interessadas têm até 25 de Fevereiro para apresentar as propostas. A caução para as empresas é de 660 mil patacas mas não há um preço base para a remodelação. O Executivo diz que vai ter em conta o preço, o plano de trabalhos, a experiência e qualidade das obras e a integridade e honestidade para avaliar as empresas. Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultutal, disse na apresentação das Linhas de Acção Governativa que o espaço será usado para exposições e acolher obras do Macau Ideas, ficando também aberto a actividades de escolas e outras entidades.
Joana Freitas BrevesTemperaturas podem descer para 7ºC ou menos Os Serviços de Saúde alertam para a necessidade de prevenir a hipotermia, uma vez que as temperaturas mínimas deverão descer nos próximos dias para 7ºC ou menos, de acordo com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos. A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal do organismo cai abaixo dos 35ºC, sendo o principal motivo a falta de roupa quente adequada ou a exposição prolongada ao frio. Os outros factores de risco incluem doenças crónicas, traumatismo, infecção, consumo de álcool, abuso de medicamentos ou substâncias similares e permanência prolongada na água.
Joana Freitas BrevesFrederico do Rosário e John Lai continuam na TDM Foram renovadas as nomeações dos membros do Conselho de Administração da TDM Frederico do Rosário e John Lai. A decisão de renovar teve lugar em Dezembro passado e tem a duração de um ano. Ambos cumprem funções na direcção da TDM desde 2011, altura em que foram nomeados directores-executivos da empresa. A nomeação dos dois responsáveis tem sido renovada anualmente e o anúncio foi publicado em Boletim Oficial.
Joana Freitas BrevesEntrada de carros na Ilha da Montanha sem prazo Não está ainda definido um regime definitivo, nem fixado um calendário para a implementação do acesso de automóveis de Macau à Ilha da Montanha. Mais uma vez, e depois de tal ter acontecido anteriormente, as autoridades de Zhuhai avançaram esta semana que a medida será implementada em breve e que a proposta para tal foi já apresentada, mas o Executivo de Macau diz que nada está definido e que o Governo divulgará formalmente as informações quando estas forem definidas”.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEmprego | Grupos empresariais com vagas sem ninguém para as preencher A feira de emprego do IFT começou ontem e acaba hoje e as empresas representadas não têm dúvidas: há uma série de vagas, mas ninguém para as preencher. E a culpa é da “competitividade do mercado” [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á, na indústria hoteleira local, bastante procura de pessoal qualificado na área de Gestão, Culinária e Logística. No entanto, poucos têm disponibilidade para trabalhar a tempo inteiro e por isso mesmo as empresas começam a resignar-se e abrir vagas de part-time para atrair talento local. Mas nem sempre são bem sucedidas. É o que defendem alguns empresários ouvidos pelo HM. O Instituto de Formação Turística (IFT) organiza, desde ontem e até hoje à tarde, uma feira de emprego destinada à indústria hoteleira local que procura a fornada anual de recém-formados desta instituição. Em declarações à imprensa, a presidente do IFT, Fanny Vong, disse estar “confiante” de que uma iniciativa deste género possa ajudar à aproximação entre patronato e recém-licenciados. “Há mais hotéis a abrir no futuro e estes vão precisar de mão-de-obra. A acrescentar a isso está o facto de que a taxa de empregabilidade aqui ser muito reduzida”, começou por dizer. “Temos vários alunos do 3º ano a fazer estágios, o que lhes dá vantagem sobre aqueles que tentam entrar sem experiência.” Mas, a verdade é que são basicamente sete cães a um osso, de acordo com a explicação de Tommy Cheang, da empresa de retalho Richemont. Tanto este como um outro grupo hoteleiro presente na feira – que prefere não ser identificado – lidam com um problema imperceptível a olho nu. “Estamos à procura de estudantes que estejam a frequentar cursos relacionados com a indústria hoteleira e que pretendam integrar a nossa equipa. Esta é uma das áreas de mercado mais competitiva e, infelizmente, só o IFT é realmente profissional ao nível da Hotelaria”, começa por explicar. Além da esmagadora maioria dos jovens só terem o certificado na mão no Verão, poucos pretendem arranjar um emprego a tempo inteiro. O representante da empresa em anonimato confessa, por isso, que o público-alvo da feira são os estudantes com vontade de trabalhar a tempo parcial. “Por alguma razão que desconheço, é bastante difícil contratar pessoal a tempo inteiro, seja devido à baixa taxa de desemprego ou à posição oferecida”, lamenta. A opção de part-time vem, assim, trazer aos alunos “a oportunidade de conhecerem o mundo hoteleiro” e “engordarem o mealheiro”. Começar por baixo A experiência, confessam, é essencial para iniciar uma carreira na área, mas há muitas oportunidades e torna-se difícil escolher. Isso mesmo disse Angela Lo, finalista do curso de Gestão Hoteleira. “Para já, prefiro arranjar um trabalho que me permita conhecer a indústria, mas que não me ocupe a semana inteira”, confessou. Ao HM, disse ainda que procura trabalho na área administrativa, podendo ser em Comunicação, Eventos ou Relações Públicas. No entanto, de acordo com a gerente assistente de Recursos Humanos do Sofitel, Emily Tang, tal vontade pode constituir um problema. “Às vezes deparamo-nos com a falta de pessoal que não se importa de começar por baixo, em posições abaixo da administração. A ideia geral dos recém-formados é que os lugares de administração e gerência estão abertos para todos os qualificados, mas a indústria hoteleira não funciona assim”, explica. “É preciso começar por baixo, funciona muito com o esquema de promoção por reconhecimento”, remata. De recepcionista se torce o talento Na feira estavam presentes não mais do que 15 stands, a esmagadora maioria de grupos hoteleiros e relacionados com a indústria do Jogo. Exemplo disso são a Accor – que detém o Sofitel em Macau e vários outros hotéis a nível internacional –, a Galaxy, a Sands China, a Melco Crown, o Louis XIII, hotel ainda por inaugurar, e a Richemont, entre outras. Algumas pretendiam somente promover-se no seio de potenciais empregadores, não estando neste momento a contratar pessoal. Havia ainda quem preferisse conhecer os interessados primeiro e só depois proceder ao envio de um email com pedido de currículo. No entanto, grande parte estava a contratar pessoal através da entrega, no local, de currículo e outros documentos de identificação. Sarah e Anson chegaram juntos à feira e conheceram-se no IFT, onde completam agora o quarto ano. Finalistas, portanto. Ambos estavam ali para encontrar um “bom emprego”, mas, ao contrário do que Emily Tang explicou, nenhum se mostrou importado com o facto de ter que começar por baixo. “Estou à procura de emprego na área de assistente e administração, mas amanhã (hoje) quero apostar na entrega de currículos à Air Macau e ao St. Regis, para as posições de apoio ao cliente ou recepcionista”, afirmou Sarah, quando questionada pelo HM sobre o objectivo da visita à feira. O seu colega Anson está à procura de uma oportunidade a tempo inteiro, mas só depois de findo o curso. “Queria trabalhar na área de operações hoteleiras, desde recepcionista a empregado de F&B”, começa por dizer. Também o jovem considera que arranjar trabalho em Macau é “muito fácil”, já que “há sempre falta de pessoal qualificado”. Tal constitui uma mais-valia para ambos os lados: as empresas têm muito por onde escolher e os recém-licenciados vários endereços para onde enviar currículos. Língua inglesa é cada vez mais pioritária O Inglês é, cada vez mais, uma ferramenta essencial quando chega a altura de passar o currículo para as mãos da entidade empregadora. Isso mesmo confirmam candidatos e empresas. Tommy Cheang acredita que conhecimentos de inglês ao nível da fluência são sempre uma mais valia. O gerente de uma outra cadeia, que preferiu não ser identificado, confessa que é no IFT que se encontram os alunos com melhores qualificações linguísticas. “Vimos procurar aqui no IFT porque é a escola que mais conhecimentos passa aos alunos”, confessa, não descredibilizando, contudo, o ensino oferecido em instituições académicas como a Universidade de Macau ou o Instituto Politécnico. Ainda assim, várias das vagas que podem ser encontradas online dão prioridade ao Cantonês e ao Mandarim como línguas essenciais, muitas vezes colocando o Inglês como opcional. O mesmo profissional defende que o que interessa é o contrário. “Tudo na nossa empresa é feito em Inglês, incluindo comunicados de imprensa, notas de administração aos trabalhadores e outras formas de comunicação, pela simples razão de que o patronato é geralmente nativo de Inglês”, esclarece. Estes podem ser australianos, britânicos, norte-americanos, mas também da Malásia, Singapura e outros locais onde o Chinês não é a língua principal. O problema para a falta de falantes de língua inglesa em Macau está, na opinião do mesmo responsável, na falta de empenho das escolas básicas e secundárias. “Acho que deve ser uma aposta das próprias escolas, porque as únicas línguas são o Mandarim e o Cantonês. Não é que isto seja mau, mas deve ser reforçado o ensino da língua”, defendeu. O dialecto de Shakespeare passa então para terceiro e até quarto plano quando, na opinião de alguns profissionais da feira, deve ser essencial para promover Macau. Questionado sobre que trabalhadores devem saber Inglês, o gerente aponta uma necessidade premente para o pessoal de apoio ao cliente, porteiros, recepcionistas e pessoal de Comunicação. Empregabilidade máxima O Inglês é, para Sarah, a “primeira e mais importante língua” para quem pretender ocupar cargos de gestão e atendimento ao cliente, mesmo com uma percentagem maioritária de turistas do continente. “A segunda creio que seja o Mandarim, devido à quantidade de turistas da China”, continua. A finalizar a sua licenciatura, a aluna acredita que “é bastante fácil” encontrar emprego na região. A estudante atribui esta facilidade à quantidade avultada de casinos e hotéis. Alex Lu é das poucas empresas que ali está com efectiva intenção de contratar pessoal. Tanto para a empresa da qual é director-executivo, como para seus clientes. A Engage funciona como consultora de recursos humanos, agregando currículos e servindo de ponte entre empregados e empregadores. Até ao encerramento da feira, Lu prevê a entrega de cerca de centenas de currículos, mas apenas conta empregar cerca de dez pessoas. “Seis ou sete destas pessoas serão para a nossa empresa e os restantes, para empresas nossas clientes”, disse. Primeiro é preciso falar pessoalmente com cada um, depois proceder à selecção e perceber que posição se adequa a cada um.” Também aqui o Inglês desempenha um papel essencial. Lu aponta mesmo para uma importância “semelhante à do Mandarim”.
Flora Fong Manchete SociedadeEnsino Superior | Ideia de atrair estudantes estrangeiros divide opiniões Macau vai precisar de estudantes de fora se quiser preencher as vagas nas instituições superiores locais, mas é preciso pensar primeiro cá dentro antes de receber quem vem lá de fora, dizem analistas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para os Assuntos Socais e Cultura, Alexis Tam, quer atrair mais estudantes da China continental e de outros países para as universidades e instituições de ensino superior em Macau, mas académicos dividem-se quanto à ideia. Para Teresa Vong, da Universidade de Macau, há ainda dúvidas quanto à orientação e planeamento do ensino superior local como ele está actualmente. A professora aponta preocupações, enquanto o deputado Si Ka Lon diz que é necessário pensar-se primeiro em reforçar as características do ensino da RAEM. Seja como for, para Vong a ideia é capaz de ser positiva por um lado financeiro: mais alunos, menos custos. “Com a mudança do novo campus da UM para a Ilha da Montanha, o tamanho aumentou 20 vezes comparativamente ao espaço antigo e temos que admitir estudantes suficientes para corresponder aos custos de formar estudantes. Para manter o funcionamento normal [do espaço] vai ser necessário atrair mais estudantes porque cada vez menos estudantes locais vão frequentar universidades em Macau”, aponta ao HM. A académica não deixa de apontar, contudo, a questão “da orientação do ensino superior de Macau”. Ainda que, na sua opinião, a apresentação da medida de Alexis Tam seja apenas para corresponder à política “Uma faixa, Uma rota” do Governo Central, é preciso pensar se trazer mais alunos de fora não vai contrariar o ensino superior local. “Macau é um sítio tão pequeno que o desenvolvimento é facilmente afectado pelas regiões vizinhas. Preocupo-me, neste momento, com qual é o plano local. Se não sabemos qual é a perspectiva e o desenvolvimento de cá é perigoso [trazer mais alunos de fora] porque o ensino superior é o que suporta o desenvolvimento sustentável de Macau e fornece talentos profissionais”, diz, acrescentando ter dúvidas sobre se as instituições do ensino superior de Macau estão preparadas e atentas ao “desenvolvimento internacional e global”. Questão de equilíbrio O Secretário para os Assuntos Socais e Cultura afirmou recentemente que em cinco anos vão existir apenas 3500 finalistas de escolas secundárias ao ano, número que não satisfaz a necessidade de admissão de estudantes nas instituições do ensino superior da RAEM. O Governo apresentou, por isso, ao Ministério de Educação do Governo Central uma proposta para que sejam alargadas as vagas dedicadas aos estudantes do continente, até porque há universidades, como a de São José, onde esses alunos não podem entrar. Para Teresa Vong, contudo, é também preciso equilibrar a necessidade de globalização com a do desenvolvimento de Macau. “Temos de colocar este assunto no plano de desenvolvimento de cada universidade, porque se apenas abrimos mais a porta a estudantes estrangeiros, isso pode incomodar a aprendizagem dos estudantes locais e não trazer vantagens”, indicou. Segundo informações do Gabinete de Apoio a Ensino Superior (GAES), os estudantes estrangeiros nas dez instituições de ensino superior de Macau ocupam 36% do bolo total, sendo mais de dez mil. Mais rigor Si Ka Lon relembra que, actualmente, nas instituições públicas, a admissão de estudantes não residentes não pode ultrapassar 10% do total e nas instituições privadas não pode superar os 50%. Mesmo assim, cada ano Macau tem cerca de seis mil finalistas de escolas secundárias e 80% deles frequentam universidades – mas metade sai de Macau, o que faz com que menos de três mil estudem no território. O deputado elogia, por isso, a ideia de se aumentarem as vagas de estudantes estrangeiros e não apenas da China, para se “quebrar com a mesma fonte” de estudantes de sempre, que é, neste momento, o continente. “Actualmente 90% dos estudantes estrangeiros de Macau são da China continental e isso não é bom para o desenvolvimento dos estudantes, nem para criar um centro mundial de lazer e turismo”, diz. O deputado considera que Macau pode ter como referência Taiwan, onde o Governo tem um papel principal na atracção de estudantes de fora. Mas alerta. “É necessário reforçar as características de ensino em Macau, bem como ter rigor na qualidade do ensino”. Si Ka Lon considera ainda que, para já, é importante ter em conta como estão a ser atribuídos os subsídios às instituições de ensino superior. “Além das instituições públicas, as privadas podem ser também sem fins lucrativos? As propinas, os subsídios e as contas podem ser mais transparentes para que a sociedade as compreenda? Porque para formar um estudante, as despesas que cada instituição cobre é diferente, mas os subsídios atribuídos são sempre valores altos”, rematou. Recém-licenciados com salários inferiores aos croupiers Um inquérito realizado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior mostra que o primeiro salário dos recém-licenciados de Macau é, na maior parte dos casos, inferior à remuneração média dos trabalhadores do jogo ou mesmo dos croupiers, diz a Rádio Macau. Entre os licenciados, 29% têm um primeiro ordenado de dez mil e a 14 mil patacas, enquanto para 25% o rendimento mensal logo após a conclusão da licenciatura se situa entre as 14 e as 18 mil patacas. Segundo a rádio, os números ficam aquém da remuneração média do sector do Jogo, que se situa, segundo os dados mais recentes, nas 21.480 patacas. No caso dos croupiers, o salário médio ronda as 18.500 patacas. Entre os quase dois mil estudantes entrevistados, 85,4% disseram estar empregados enquanto 3,4% continuava a prosseguir os estudos, sendo que Educação, Administração Pública e Banca são os sectores com mais estudantes a trabalhar.
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaPresidenciais | Portugueses dividem-se entre vitória de Marcelo ou segunda volta Marcelo Rebelo de Sousa reúne uma maioria de 54,8% dos votos nas últimas sondagens, mas há quem acredite que uma segunda volta reúna consenso num dos candidatos de Esquerda. As opiniões dividem-se, mesmo face às evidências [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s eleições presidenciais portuguesas, que têm lugar este domingo, integram dez candidatos mas, na opinião de portugueses contactados pelo HM, apenas três reúnem condições para seguir em frente. As opiniões dividem-se: enquanto alguns acreditam na vitória clara numa primeira ronda do professor e jurista Marcelo Rebelo de Sousa, outros prevêem que haja uma segunda volta, com um dos candidatos de Esquerda na linha da frente. À Direita – mas com um apoio popular maioritário – está Rebelo de Sousa, com António Sampaio da Nóvoa em segundo plano e Maria de Belém em terceiro lugar, ambos com ligações ao Partido Socialista (PS). O Primeiro-Ministro e líder do PS, António Costa, também já confirmou liberdade de voto aos seus militantes. É que neste caso específico, os militantes do partido dividem-se em termos de apoio, com uma maioria a suportar a candidatura de Sampaio da Nóvoa. Embora Maria de Belém seja adjectivada como “uma figura pouco carismática”, tem um passado marcante na política nacional, tendo já sido Ministra da Saúde, Secretária de Estado portuguesa e administradora da TDM, entre 1986 e 1987. Poucos estão confiantes na figura feminina para Presidente da República, ainda que a maioria acredite numa segunda volta. Torna a virar Para Tiago Pereira, representante do PS de Macau, as campanhas “não trouxeram questões especialmente controversas” e decorreram sem altos e baixos. Chegada a altura de prever os resultados do próximo domingo, o socialista manifesta esperança em que se siga para uma segunda ronda. “Estou confiante”, declarou ao HM. “As sondagens indicam uma presumível vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, mas as estatísticas, especialmente no caso das Presidenciais, têm um grau de incerteza maior e, nesta altura, é perfeitamente possível que os resultados levem a uma eventual segunda volta”, continuou. As posições de Maria de Belém e de Sampaio da Nóvoa, acrescenta Tiago Pereira, são semelhantes. “Maria de Belém é uma figura do PS que comanda enorme respeito perto de todos os socialistas e Sampaio da Nóvoa é uma pessoa de quem a simpatia com o PS é conhecida, mas cuja candidatura é declaradamente independente”, avança. O PS, faz notar o representante da secção local, não apoia qualquer uma das candidaturas em termos formais. Há, no entanto, simpatizantes e militantes dentro do partido que se identificam com um dos dois. Filipa Rodrigues também se mostrou “confiante” numa segunda volta, estando no entanto indecisa sobre qual dos socialistas segue em frente. A residente local espera ainda que haja “menos abstenção” do que em eleições anteriores. Embora tenha confessado não saber ainda em que vai votar, Filipa defende que “é preciso uma nova forma de ver o mundo”, sendo “interessante para o país” que fosse eleita uma mulher para o cargo de Presidente. “Se Marcelo Rebelo de Sousa tiver entre 30% e 40% numa primeira volta, isso obrigá-lo-á a uma segunda com um dos outros dois candidatos com uma percentagem semelhante”, prevê. Como nos 80 A facção Socialista e simpatizante do sector da Esquerda acredita numa segunda volta, com uma maioria a crer que o frente a frente acontece entre o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e Sampaio da Nóvoa. Nesta próxima ronda deixam de ter presença todos os restantes candidatos, com Maria de Belém a perder força e dar espaço ao concorrente Socialista. O cenário que se segue é uma vitória, tal como em 86, quando Mário Soares destrona Freitas do Amaral pela simples razão de toda a Esquerda ter apoiado a candidatura do socialista numa segunda volta. Gonçalo Pinheiro é um dos residentes que acredita neste cenário: “A minha dúvida é se só existe uma volta e penso que há necessidade de uma segunda. Se numa primeira volta Rebelo de Sousa se apresentar como um candidato destacadíssimo dos outros, pode acontecer como nos anos 80, quando Mário Soares foi o vencedor. Ou seja, a Direita arrisca-se a perder, porque a Esquerda vai votar toda num só, não no Marcelo”, explica o jornalista e fotógrafo. Sem hipótese Sebastião Gomes (nome fictício) afirma que não foi uma opção inteligente, por parte do PS, lançar aos leões dois candidatos. “Só se devia ter candidatado um militante, porque os resultados seriam muito mais marcantes”, esclarece. “O PS está todo repartido e o que fazia sentido era haver só um candidato”, continua. Para o português, Marcelo Rebelo de Sousa não reúne apenas os votos da Direita, mas também de outras facções da população, devido à sua simpatia e presença. Já Maria de Belém não tem, a seu ver, “carisma”, nem é a pessoa indicada para subir à Presidência. “Maria de Belém não tem hipótese”, reitera, em declarações ao HM. O residente e advogado crê realmente numa vitória de Rebelo de Sousa à primeira tentativa. Se assim não for, “certamente” à segunda, mas na probabilidade remota de se seguir para um regresso às urnas. Professor ao poder Conhecido pelos seus comentários semanais – primeiro na rádio TSF e, mais recentemente, no canal televisivo TVI – Marcelo Rebelo de Sousa tornou-se não só uma voz conhecida, como querida da população portuguesa. A arte da oratória e os comentários públicos de crítica (positiva e negativa) a atitudes e situações da vida política e social de Portugal fizeram-no conquistar um lugar na televisão nacional. No entanto, como nota Sebastião Gomes, “pouco se conhece de Rebelo de Sousa político”, ficando-se a familiaridade pelos comentários de domingo à noite. É o jurista que mais consenso reúne nas mais recentes sondagens realizadas pelo canal SIC, vencendo com maioria numa primeira volta. Previsões há muitas, mas apenas duas são expressivas: ou Rebelo de Sousa vence à primeira volta, ou terá um frente a frente com Sampaio da Nóvoa numa segunda volta. Nessa altura, surgem duas outras hipóteses: ou a maioria insiste no professor de Direito, ou a Esquerda se une para votar, de forma massiva, em Sampaio da Nóvoa. No entanto, três dos cinco residentes contactados focam um problema eterno: a abstenção. É que se for alta, pode tramar a vitória de Rebelo de Sousa e aproximar Sampaio da Nóvoa da meta. Questionado acerca da votação em Macau, Tiago Pereira acredita que as urnas terão afluência, já que, ao contrário das Legislativas, estão são presenciais. “Faz muito mais sentido que seja presencial, simplifica a vida a muita gente”, ressalva. Campanha sui generis Para o militante Social-Democrata Óscar Madureira, houve na presente campanha uma certa “orfandade partidária”, no sentido em que nenhum candidato mostrou oficialmente as cores da sua vestimenta. O também jurista considera que “o número de candidatos é anormal”, o que não deu grande espaço para que cada um desse conta dos seus planos. Além disso, faz notar que os candidatos de esquerda são “fracos” e não têm a mesma presença de Rebelo de Sousa, com Maria de Belém a ser novamente caracterizada como não tendo “carisma suficiente”. Sampaio da Nóvoa teve uma máquina de campanha bem oleada, diz, mas não tem grande passado político e por isso, para Madureira, sobra o jurista da universidade alfacinha. Para o advogado, só um socialista podia ter feito frente ao professor: António Guterres. Portugal vai a votos no domingo. Perfis Maria de Belém Roseira A única mulher na corrida à Presidência da República, tornou-se figura conhecida dos portugueses quando ocupou o cargo de Ministra da Saúde. Mais tarde, em 2011, apresentou-se como mandatária de Manuel Alegre às Presidenciais desse ano, mas cinco anos antes, o seu apoio foi para o então adversário de Alegre, Mário Soares. Além disso, cumpriu funções como presidente do PS. Nascida em 1949, entrou nas lides políticas com tenra idade e tem estado, desde sempre, associada ao Partido Socialista. Marcelo Rebelo de Sousa Professor catedrático de profissão, lecciona Direito na Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa. No entanto, é como comentador político e social – agora na TVI e antes na rádio TSF – que os portugueses o conhecem. Rebelo de Sousa é figura emblemática, cujo voz e presença é querida de vários portugueses. Está neste momento à frente nas últimas sondagens e é militante do PSD. António Sampaio da Nóvoa Conhecido pelo apelido, o candidato à Presidência traz na sacola um doutoramento em Ciências da Educação e outro em História Moderna e Contemporânea, ambos tirados lá fora. Actualmente, lecciona Educação no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Nascido em 1954, tem mais de 150 publicações da sua autoria, contando com o apoio de António Costa para as eleições de domingo.
Flora Fong PolíticaWong Kit Cheng preocupada com falta de recursos humanos na Alfândega [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Wong Kit Cheng está preocupada com a falta de recursos humanos nos Serviços de Alfândega (SA) e por isso quer saber como é que as autoridades irão melhorar o regime de carreiras para preencher o que diz ser uma insuficiência. Numa interpelação escrita, Wong Kit Cheng lembrou que o Conselho de Estado da China confirmou, em Dezembro passado, a gestão a cargo de Macau de 85 quilómetros quadrados de águas marítimas, conotando-a como uma política que irá trazer grandes vantagens para o território. No entanto, o alargamento desse direito de gestão, diz, faz também aumentar a necessidade de mão-de-obra, instalações e regulamentos complementares. Segundo o quadro dos SA devem existir 1600 funcionários ao todo, algo que não acontece actualmente, pois de momento os Serviços contam com 1100 trabalhadores, menos 500 do que os necessários. Apesar de um aumento de 37 funcionários alfandegários, que entraram para o Departamento de Inspecção, a deputada considera ser difícil lidar com todos os novos trabalhos. É necessário, apontou, melhorar o sistema e os equipamentos do pessoal para atrair mais trabalhadores. “O subdirector dos SA, Sin Wun Kao, admitiu durante o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) a falta de mão-de-obra e necessidade de revisão do regime de promoção [nas carreiras]. Pergunto como é que o organismo vai melhorar o regime para preencher a insuficiência do pessoal alfandegário?”, indagou. Além disso, Wong Kit Cheng quer ainda saber como é que a Alfândega irá aumentar a formação do pessoal, assegurando a capacidade de cumprir todos os trabalhos com a nova gestão sobre as águas.
Flora Fong BrevesEstudante que matou gatos em Taiwan castigado pela universidade [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]estudante de Macau que foi acusado de matar gatos em Taiwan foi castigado pela Universidade Nacional da ilha, onde estudava, por “erros graves” cometidos na instituição. Apesar de mais de uma centena de estudantes terem pedido a expulsão do residente de Macau da universidade, tal não aconteceu. Segundo o Apple Daily de Taiwan, a Comissão de Prémios e Punições da Universidade Nacional de Taiwan decidiu castigar o estudante de Macau por “duas infracções graves” e “duas pequenas”. Isso quer dizer que o jovem não pode cometer mais erros ou será excluído da universidade. O estudante de 23 anos e de apelido Chan foi detido no final do ano passado pelas autoridades policiais da Formosa por matar vários gatos e violar a Lei de Protecção de Animais local. O jovem admitiu matar um gato mas não os outros e aguarda, agora, decisão do tribunal. A universidade referiu que vai organizar sessões de aconselhamento psicológico para o estudante. O jovem emitiu também um comunicado através da universidade onde pede desculpas ao público. Apontou ainda que matou o gato devido a um “descontrolo emocional”. Chan admite que “foi um acto cruel” e que lamenta. O estudante pediu ainda à sociedade uma oportunidade de correcção de comportamento.
Tomás Chio SociedadeDefendida protecção de zona onde vai nascer Centro de Doenças Não basta a polémica em torno do objecto do novo Centro de Doenças Infecciosas: agora, dois analistas e membros do CPU, dizem que os prédios que o Governo quer destruir para erguer o Centro deveriam ser preservados [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ois analistas defenderam ontem que a zona em redor do local onde vai nascer o novo Centro de Doenças Infecciosas deveria ser protegida. Manuel Wu Lok Pui Ferreira, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, sugere duas novas ideias para a construção do edifício, ao lado do São Januário, e Lam Lek Chit, planeador urbanístico, pede que haja um equilíbrio entre a construção do novo e a manutenção do que é velho. Para Manuel Ferreira, a demolição dos dois edifícios ao lado do hospital – que precisarão de ser deitados abaixo para que se erga o Centro – não só não vai agradar à sociedade, como aliás já tem sido demonstrado através de assinaturas -, como vai também prejudicar o ambiente. O analista sugere que o Governo aproveite as fachadas – também elas históricas – da mesma forma como fez com o prédio do BNU. “O Governo poderia imitar o caso da sede do Banco Nacional Ultramarino: manter a fachada dos edifícios e fazer a renovação por dentro ou cobrir as duas fachadas com vidros, de forma a conservá-las dentro do Centro”, refere Manuel Ferreira, que considera que as suas propostas não iriam afectar o funcionamento do Centro. O membro do Conselho do Planeamento Urbanístico avançou ainda que existem “algumas ruínas históricas ao lado desses edifícios [que vão abaixo]”, pelo que, defende, “a zona tem o seu valor histórico e o Governo deve preocupar-se com o design do edifício, além da avaliação do impacto ambiental” da construção. Lam Lek Chit, que também é o membro do mesmo Conselho, não se mostra satisfeito com a demolição e concorda com a preservação de parte dos edifícios. O responsável diz que a informação disponibilizada pelo Governo é “limitada”, que é normal que os residentes não concordem com a proposta de construção publicada pelo Governo. “Os cidadãos não podem participar, nem discutir, no plano de construção do Governo. É óbvio que se sentem nervosos e discordam da proposta. Se o Governo demolir os edifícios ao lado do Hospital e construir o novo edifício, a paisagem não se vai integrar e a decisão não vai ser harmoniosa”, defende, sugerindo que o Governo preserve as construções. Recorde-se, contudo, que a polémica contra a construção do Centro não se deve à preservação das fachadas em redor, mas sim ao tipo de espaço que ali vai nascer. Ontem, foi criada uma página no Facebook contra a construção, depois de ter sido entregue uma petição com mais de 700 assinaturas com o mesmo objectivo.
Filipa Araújo Manchete PolíticaEleições | Governo diz não ter condições para votos no exterior Zheng Anting pediu, mas o Governo diz que não. Os eleitores que não estão em Macau vão continuar sem poder votar, porque a Administração não tem condições para que isso aconteça [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s residentes de Macau que moram no exterior vão continuar sem poder votar nas eleições para a Assembleia Legislativa (AL), uma vez que não existe mecanismo para que isso possa acontecer e não há condições para tal. Quem o diz é o Governo, numa resposta ao HM. “Para colocar pontos de votação fora do território é necessário considerar o transporte de votos, número de pontos de votação, a escolha da localização e os recursos humanos”, diz o Executivo, que enumera ainda as despesas das eleições e a coordenação com as entidades de outras regiões, entre outros “factores incertos”, como justificações. “Antes de haver condições maduras, a RAEM não considera adicionar esse mecanismo na legislação eleitoral.” O esclarecimento dado ao HM surge depois de, numa interpelação escrita entregue no início do mês, o deputado Zheng Anting apelar ao Governo a implementação de um sistema que permita aos residentes de Macau no estrangeiro votar. O deputado chega mesmo a pedir que seja realizada uma consulta pública sobre o assunto antes de 2017, altura das próximas eleições para a AL. Direito de todos Existindo milhares de residentes de Macau a trabalhar ou estudar no estrangeiro, assim como idosos que se encontram a viver em lares do interior da China, o deputado argumentou os benefícios da implementação de um novo sistema de voto. Para Zheng Anting, estas pessoas usufruem dos mesmos direitos de eleger e ser eleitos, tal como dita a Lei Básica. “Já há muitas opiniões que apelam ao Governo para estudar o regime de votação à distância através da designação de locais de voto, para que os residentes possam participar nas eleições quando estão no estrangeiro. Actualmente vários países e regiões com sistemas mais democráticos usam este sistema”, lembrou o deputado. O Governo explica, na resposta, que “a legislação eleitoral tem regulamentos claros sobre os procedimentos de votação, para assegurar a justiça e equidade” e que “ não existe um mecanismo de colocar pontos de votação em regiões fora de Macau”, nem vai haver.
Joana Freitas BrevesMais cinco mil novos recenseados Em 2015 mais 5057 novos pedidos de inscrição no recenseamento eleitoral de pessoas singulares deram entrada nos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP). Destes, 304 foram pedidos de inscrição antecipada de residentes permanentes com 17 anos de idade. Foram ainda canceladas 1646 inscrições de eleitores singulares por falecimento, sentença judicial ou doença do foro psicológico. Os dados são dos SAFP, que indicam ainda que, no total, até 31 de Dezembro do ano passado encontravam-se recenseadas em Macau 285.999 pessoas singulares, um acréscimo de 1,21% em comparação com o número de inscritos registados até ao final de 2014. No que às pessoas colectivas diz respeito, foram adicionadas seis novas inscrições em 2016. Outras quatro serão suspensas e três foram canceladas. Este ano existem 840 inscrições válidas neste grupo. Os SAFP têm até ao dia 28 deste mês os cadernos de recenseamento eleitoral em exposição no do Edifício de Administração Pública para que os interessados os consultem e reclamem sobre eventuais erros ou omissões.
Arnaldo Gonçalves VozesAté mais Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito. Fernando Pessoa [dropcap style=’circle’]G[/dropcap]uardo para o mês de Janeiro o encerrar de um ciclo. O de anotador do quotidiano nas páginas do ‘Hoje Macau’. Um quotidiano por vezes frustrante, penoso, castrador de sonhos e utopias, mas também anunciador do dia novo e da esperança. Foram sete anos de escrita, muitas vezes intermitente, ao sabor da actualidade, a internacional que se me agiganta por mister académico e a nacional, do país distante, que deixei pela segunda vez já vão treze anos. Escrevi para mim, esperando que com as palavras que deixei espalhadas pela folha de Microsoft Word tocasse o dia-a-dia dos que tiveram a paciência de as ler, neste pequeno território do Mar do Sul da China. A escrita só faz sentido se convidar à reflexão, à opinião, à tomada de partido. A escrita que é conformista nada acrescenta, pactua, ajoelha, é redundante. O mister do intelectual – categoria em que porventura me visiono – é de incomodar e alertar. Não com o sentido de fazer processos de intenção ou de disparar recriminações, mas pôr os pontos nos iis. Por isso o intelectual convive mal com o poder. Seja ele qual for. Das duas uma ou ele é um escriba do poder, um porta-voz, um altifalante ou é uma voz crítica. Ser crítico não significa dizer mal, por sistema, apelando aos instintos maledicentes de quem nos lê ou ouve. Significa ver a floresta e não apenas as árvores, não tergiversar em questões de princípio ou de valores cardinais. Ter opinião, fundamentá-la, mas evitar ser um Cavalo de Tróia das oposições ou dos interesses corporativos organizados e instalados. Porque eles têm um objectivo interesseiro: serem um dia poder ou pelo menos condicionarem o poder instalado. Ao longo deste trajecto, perguntei-me por vezes se faz sentido ser cronista numa língua que apesar de oficial é estatisticamente minoritária. Li por aí que apenas 2.4% da população de Macau lê ou fala o português. É manifestamente pouco, o que me suscita a questão de qual é exactamente o auditório dos jornais e órgãos de comunicação social, em língua portuguesa. Confesso que não sei responder. Tive sempre a ideia, porventura romântica, que quando temos essa predisposição para a escrita faz sempre sentido porque acrescentamos algo à vida das pessoas, ao seu conhecimento, à percepção da realidade. É como a profissão de professor. Passam-nos pelas mãos dezenas de jovens com expectativas diferentes do que fazer da vida, com um conhecimento reduzido do que se passa no mundo e por vezes na comunidade que os circunda. Não é que seja falta de curiosidade mas uma maneira diferente de estruturarem o seu pensamento, de definirem as suas prioridades e projectos de vida. As novas gerações são muito diferentes, têm um imediatismo de objectivos, um sentido de competitividade que outras anteriores não tiveram, ou priorizaram. Costumo dizer que na nossa geração (nascida na década de 1950) sonhámos, imaginámos poder construir um mundo melhor e mais perfeito. Criámos uma contra-cultura na música, na escrita, na arte, no vestir, no sistema de crenças. Fomos, à nossa maneira, revolucionários e ateus quanto às verdades absolutas ouque nos quiseram transmitir. As novas gerações são diferentes. Têm de se fazer a um mundo onde rareiam as oportunidades, onde a competição nas universidades e nas empresas é feroz, onde já não existem empregos para toda a vida, onde a mobilidade é a regra. Hoje está-se aqui; amanhã acolá. Nada, ou pouco, prende ao cais de partida ou de arribação. Talvez apenas a saudade dos bons momentos passados com os amigos. Há que se fazer à vida sem olhar para trás. Pergunto-me também o que será Macau, dentro de décadas, à medida que nos afastamos da data da transição para a China. É difícil deixar de sentir alguma nostalgia por essa última década florescente do século que findou. Porque se imaginaram cenários de modernização e autonomia que não se concretizaram. Um pouco pelas circunstâncias, outro tanto porque a comunidade que é maioritária e que dirige Macau nunca o sentiu como fundamental. A ligação à Mãe-China foi sempre preponderante, definidora de uma maneira de estar e de uma convergência de destinos de que não imagino variação. E essa ancoragem é sempre lembrada, quando surgem dificuldades e hesitações. Confesso-me, a esse propósito, expectante e receoso. Expectante de que Macau consiga, por alguma forma, prolongar a situação de excepção que tem usufruído. Não falo na economia apenas. Falo na maneira de viver, nas condições de efectiva e valorizada liberdade. No pensamento, na escrita e na imprensa, na participação e organização cívica, na escolha de projectos de vida, na defesa do trabalho e de condições dignas de vida, na crítica aberta e não censurada. Seria lamentável que isso fosse perdido por mero cálculo e tacticismo imaginando-se que com o silenciamento das opiniões próprias se poderá servir “melhor” um qualquer senhor distante ou partido iluminado. O que é mais difícil é fazer cumprir o espaço de liberdade que se imaginou e que se alcançou com grande esforço e empenho. Existe sempre a sedução do poder querer domar a liberdade para não ser posto em causa por ela. Os homens são, nesse particular, seres imperfeitos, limitados. A magnanimidade não existe na sua esfera. Pelo menos nunca a encontrei. Guardo para o fim um agradecimento ao Carlos Morais José, proprietário do “Hoje Macau”, pelo convite que me dirigiu, há sete anos, para ser cronista no seu jornal e aos directores, editores e jornalistas com quem tive o prazer de conviver e trabalhar. Ser jornalista é das profissões mais honrosas que conheço e uma das mais difíceis. Está-se normalmente do outro lado dos interesses instalados. E isso gera desconfiança, senão animosidade. É tempo de interregno, de parar. São praticamente duas décadas de crónicas em jornais de Lisboa e de Macau, olhares que deixei pontuados aqui e acolá. Fecho com Fernando Pessoa. “Para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha. Porque alta vive”. Até mais.
Flora Fong SociedadeExposições | Director de empresa denuncia dificuldades para pedir subsídios [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ai Yee Lap, director geral de uma empresa de exposições local, diz que o Governo está a complicar o desenvolvimento do sector das indústrias de exposições (MICE, na sigla inglesa). Segundo o Jornal Ou Mun, o responsável afirmou que o Governo elaborou um novo regulamento para pedidos de subsídios, que exige a apresentação do pedido três meses antes da realização das exposições. Mas não fica por aqui: o Governo tem agora poder discricionário, podendo rejeitar os pedidos. Para Lai Yee Lap, o prazo obrigatório de três meses é demasiado alargado, tendo este explicado que, depois de se entregar a lista de empresas e de participantes em exposições, não são permitidas alterações nos nomes de convidados ou local, o que complica a situação, já que normalmente, os participantes só confirmam a sua presença um mês antes do evento em causa ter lugar. Lai Yee Lap acrescentou que o facto dos pedidos não corresponderem aos requisitos pode influenciar o montante de subsídio oferecido pelo Governo. Para exemplificar, fala de um caso específico de uma cerimónia de abertura, para a qual foram pedidas cem mil patacas e foram recebidas “apenas 20 mil”. “O sector está preocupado com o facto de poderem haver cortes grandes de apoio financeiro, sobretudo quando o Governo tem poder discricionário. O sector já não consegue ter certezas sobre o montante de subsídios que vai receber em função dos pedidos que faz”, critica. O dono da empresa espera que a apreciação de subsídios seja mais transparente e haja critérios para esclarecer o sector, que é uma das apostas do Executivo para a diversificação económica. Lai Yee Lap referiu que organizar exposições em Macau tem obstáculos como custos elevados de realização, que incluem o arrendamento de espaços e a contratação de mão-de-obra. Também o número de participantes se ressente, devido à falta de capacidade financeira para organizar uma iniciativa de maior envergadura. O director geral sugere que o Governo crie um mecanismo de avaliação de exposições, atribuindo mais subsídios para novas exposições e menos para as que já organizam eventos há vários anos.
Flora Fong Manchete SociedadeCaso Dore | Maioria dos investidores não pôs empresa em tribunal A “esperança” no Governo fez com que a maioria dos investidores da sala VIP da Dore – que ficaram sem dinheiro depois de um rombo de milhões – não tenha levado o caso a tribunal. A bola, dizem, está do lado de Paulo Chan [dropcap style’circle’]A[/dropcap]maioria dos investidores da sala VIP da Dore no casino Wynn optou por deixar o caso fora das barras dos tribunais. Isso mesmo confirmou o porta-voz dos investidores ao HM, dizendo ainda que estes se sentem ignorados pelo Governo. Ontem, mais de duas dezenas de investidores entregaram uma carta à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), pedindo informações sobre o ponto de situação da investigação. Os investidores afirmam querer encontrar-se com o novo director do organismo, Paulo Chan, até porque, dizem, as suas preces não têm sido ouvidas. “O caso já aconteceu há quatro meses e incomoda todos os lesados, que ainda estão à espera de uma resposta do Governo”, frisou Ip Kim Fong, porta-voz dos investidores que investiu um milhão de patacas na sala da Dore. “Um dos investidores sofreu um acidente cerebral por causa da perda do dinheiro. Espero ver esclarecida a verdade do caso e que se resolva a questão o mais rápido possível”. Seja como for, Ip Kim Fong afirmou ao HM que a maioria dos investidores não interpôs processo contra a empresa em tribunal. Ele próprio tomou essa opção, por considerar, apesar de tudo, que o Governo ainda vai tomar as rédeas do problema. “Acredito no Governo. E acredito que o director Paulo Chan esclarecerá as verdades e as mentiras do caso, protegendo os direitos de investidores”, explicou, admitindo contudo que “até ao momento nenhum departamento do Governo contactou as vítimas para esclarecer a situação”. “Nós temos recibos claros dos investimentos que fizemos na Dore, por isso devemos recuperar o dinheiro.” Com esperança Como Paulo Chan explicou na semana passada no programa “Macau Talk”, do canal chinês da Rádio Macau, a existência de uma parte das contas dos investidores já foi reconhecida pelo Governo e pela empresa Dore. O caso diz respeito a um rombo de mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong, valor que foi “depositado” na sala VIP controlada pela Dore dentro do casino Wynn. O dinheiro foi desviado pela então contabilista, que se encontra em parte incerta. A Dore já disse não ter a responsabilidade e esperança reside agora no Executivo. “Saí com [o meu irmão] para entregar a carta porque temos esperança no novo director da DICJ”, frisou uma das investidoras, de nome Tan, ontem ao HM. Esta é irmã de um outro investidor que sofreu um acidente vascular devido ao caso, segundo a família, que diz ter investido três milhões de dólares de Hong Kong desde Abril do ano passado.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasIntegração regional e multilateralismo BRICS: novas instituições financeiras multilaterais * por Rui Paiva [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mundo está gradualmente mais inseguro, havendo factores de desequilíbrio que colocam novos desafios de impacto global. Assimetrias (nas armas, nas guerras e nas vontades políticas e religiosas) que se transformam em impasses duradouros, como no caso das Primaveras Árabes, não trouxeram estabilidade, antes um maior desacerto à segurança internacional. Riscos de uma espiral securitária, ainda relativamente contida, mercê de atentados dispersos que vão da Europa ao Norte de África, e beligerâncias regionais que geram milhares de refugiados agravando as condições de vida de populações indefesas. Num outro plano, a queda drástica do preço do petróleo veio pressionar fortemente os países produtores, afectando significativamente quem faz depender a sua performance económica e financeira das exportações (Rússia em particular). A China (internamente a braços com problemas adstritos a um crescimento tendencialmente menor e com elevados riscos advindos de bolhas no imobiliário e nas bolsas de valores, e com correcção de assimetrias no foro social), que vem tornando mais assertiva a sua estratégia de domínio regional (vejam-se acontecimentos no mar do Sul da China – iniciativa ASEAN para debate do tema em Abril de 2015), defendeum certo “pan-asiatismo”. Recordemos que, pela voz do seu presidente Xi Jinping, vem falar na cimeira da APEC em Novembro de 2014 no Asia Pacific Dream, defendendo “a Ásia para os Asiáticos”, e construindo o novo conceito sobre características económicas, o que pode ser contraditório com a sua estratégia global, quando aumenta a sua presença noutros continentes como a América Latina e África, e mais cirurgicamente na Europa (v. g. sectores estratégicos). A serem bem-sucedidas as duas orientações, poderá haver um momento de clivagem de interesses, acaso não consiga concertar os seus anseios com os dos membros do BRICS; como maior potência do bloco, entra numa nova fase de integração financeira no mundo, levando os parceiros a dar passos que terão que ser decisivos para a afirmação do todo. Será pela via financeira que esse objectivo se poderá materializar, embora envolvendo o BRICS, mas fazendo parte de uma estratégia chinesa mais ampla e ambiciosa; daí ser relevante referir a criação de várias instituições financeiras, com maior relevo para dois bancos, um de desenvolvimento e outro especializado no financiamento de infraestruturas. Múltiplas envolventes financeiras de Pequim Defendendo uma forma de cooperação sul-sul, a China anuncia em 2012 a criação do NBD, numa vontade manifestada pela Índia. Logo em 2014, e com vocação específica, a mesma China lidera a criação do BAII, Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (AIIB). Pequim envolve-se em múltiplas vertentes, que estruturam a sua estratégia geopolítica pela via financeira internacional. Assim, no âmbito do BRICS, o Banco de Desenvolvimento, equiparado ao seu rival Banco Mundial (em que se integrou o BIRD), e ao Banco de Desenvolvimento Asiático, criado no seio do grupo e para os membros, ainda que o seu carácter global se vincule à diversidade de continentes a que pertencem os cinco países. Complementarmente surge o Fundo de Contingência de Reservas Cambiais, com a lógica de um fundo na esfera monetária, na prática um claro contraponto ao Fundo Monetário Internacional. Fora da esfera de acção do BRICS, Pequim cria um megaprojecto estratégico, o Silk Road Economic Belt and the 21st. Century Maritime Silk Road Initiative, conhecido também como One Belt, One Road, procurando criar uma malha de infraestruturas ligando o ocidente chinês através da Ásia Central, seguindo as míticas ‘rotas da seda’ até ao Médio Oriente. A visita de Xi Jinping ao Paquistão, poucos dias depois de fechado o processo de admissão ao BAII, dando início à formalização das promessas de investimento naquele país, demonstram a vontade de realizar o sonho idealizado. Será o primeiro passo da ambiciosa estratégia regional chinesa, juntando um investimento de trinta e quatro mil milhões de dólares em projectos de energia e onze mil milhões em vias rodoviárias, portuárias e outras infraestruturas de transportes, assim como o porto de Gwadar, onde começa um corredor que termina na região ocidental de Xinjiang (onde a China tem um dos principais focos de tensão interna); logo, para além de abrir uma via de comunicação fulcral para as trocas comerciais que se antecipam (aproximando ainda a região chinesa do Médio Oriente tão importante na perspectiva energética), estabelecerá, esperam, um mecanismo de segurança1 e estabilidade regional. O BAII ganha novo élan por conseguir juntar a maioria dos países asiáticos, muitos europeus, alguns do Médio Oriente, América Latina e África. Os EUA pressionaram os seus aliados no sentido da não-adesão, invocando a falta de confirmação do cumprimento de boas práticas internacionais, de transparência, de boa governance, mas não conseguiram suster a dinâmica chinesa. Mas uma (aparente) indecisão dos países aliados cai por terra porque no âmago da corrida está um Reino Unido que, aceitando o convite (ciente dos ganhos que assim poderia obter em negócios, o dossiê de cooperação nuclear, e, não menos importante, a sua aspiração a ser a plataforma de internacionalização do renmimbi), na prática abriu a porta aos outros países. Um alto funcionário americano criticou o que apelidou de “acomodação” britânica em declarações ao Financial Times. O Silk Road Fund (quarenta mil milhões de dólares) é um fundo de financiamento em infraestruturas e recursos, assim como para cooperação industrial e financeira, dado a conhecer aquando da Cimeira da APEC em Pequim, em 8 de Novembro de 2014, e destinado a investidores da Ásia. É um fundo complementar ao One Belt, One Road, vocacionado para o financiamento de eixos rodoviários e ferroviários, portos e aeroportos, com expressão na Ásia Central e do Sul, a partir da Rota da Seda, como eixo de acção. Para a SCO, a China avança com uma terceira instituição, o Banco de Desenvolvimento da Organização de Cooperação de Xangai. Medidas internas de reforço Na óptica interna, o governo chinês toma medidas de reforço de capitais e de gestão dos chamados policy banks, o China Development Bank (CDB), o Export-Import Bank of China (EIBC), e o Agricultural Development Bank of China (ADBC), bancos estatais que executam a política monetária e se viram para o financiamento de infraestruturas. De molde a garantir a capacidade financeira para o gigantesco projecto One Belt, One Road, destinou parte importante das suas reservas externas, sessenta e dois mil milhões de euros, para reforço de capital dos mesmos. Na óptica do BRICS é fundamental perceber como se articulam e qual a vantagem para a China em promover estes bancos, quando os membros têm os seus policy banks poderosos, mormente o China Development Bank, o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social brasileiro ou o South African Industrial Development Corporation, da África do Sul. A experiência será um valor acrescentado na implementação de políticas de ‘banca de desenvolvimento’, desta vez numa perspectiva mul-tilateral e com a vantagem de serem projectos novos, actualizados, renovados, demarcando-se o ascendente financeiro chinês, potenciando a dependência dos outros membros, e evitando o ónus de uma actuação bilateral mais aberta, ao aparecer integrada num grupo de países, diluindo assim o que poderia ser invocado como o seu domínio pelo seu peso desproporcionado, anulando eventuais críticas à sua acção enquanto potência dominante. A dança das adesões Dos acontecimentos de meados de Março de 2015 realça-se que, i) a China dá vantagem estratégica ao BAII, definindo um timing apertado; ii) o ministro das Finanças chinês a 15 de Abril anuncia a lista de cinquenta e sete membros fundadores, verificando-se que Taiwan e Coreia do Norte não foram aceites, enquanto EUA e Japão mantiveram-se firmes na decisão de não aderirem. Suécia, Israel, Polónia e África do Sul foram os últimos a ser aceites; iii) consegue assim um apoio alargado que transcende o âmbito geográfico, ao conseguir atrair para o seu projecto países europeus (Reino Unido, seguido da França, Itália e Alemanha) e de outros quadrantes geográficos; iv) não menos importante, provoca uma aparente “cisão”, pelo menos diplomática, entre os EUA e os seus aliados depois do lobbying para que não houvesse uma adesão significativa, mormente entre os países europeus e asiáticos. A 12 de Março, uma data marcante, o Reino Unido decide avançar, alegadamente contra a vontade do Foreign Office, numa decisão de David Cameron e do Chancellor do Exchequer, George Osborne. Porque se deu a sucessão em catadupa? Em primeiro lugar porque a China, bem avisada, definiu uma dead-line para meados de Março por pretender organizar um encontro de alto nível no fim-de-semana (28-29 de Março), em Almatai no Cazaquistão; em segundo, a solidariedade é sacrificada por um posicionamento de oportunidade, pretendendo assim marcar presença num futuro e vantajoso negócio, para mais podendo vir a ser parte substancial em divisa chinesa. A China mandatou Jin Liqun seu ex-vice-ministro das Finanças e alto quadro do ADB para realizar um road-show tentando convencer os eventuais candidatos; e, em terceiro, os países vão sabendo com alguma antecipação das sucessivas adesões. As decisões de adesão passaram essencialmente por um triângulo de questões em suspenso, a) escolha dos três membros ‘não regionais’ para o board (num total de quinze a vinte); b) quem acolherá o prestígio do escritório regional europeu?; c) a eventual caída de um poder de veto chinês. Este comportamento mostra a dependência económica e financeira face a Pequim e a falta de unidade e consenso entre os ‘ocidentais’ quando se perspectivam novas oportunidades financeiras, denotando sobreposição do sentido de negócio sobre o plano diplomático. É a primeira vez que a China questiona frontalmente a hegemonia dos EUA , e tem a possibilidade de gerir instituições financeiras internacionais, não obstante poder ter criado uma clivagem com impacto futuro entre os EUA e seus tradicionais aliados no processo de adesão ao BAII; mostra uma estratégia global clara e com ambição, enquanto agente de uma prática financeira, mas cimentando acima de tudo a sua projecção geopolítica, e revela complementaridade no funcionamento futuro dos três bancos, numa estratégia de reforma do sistema financeiro mundial. Notas 1 Note-se que deste acordo nasce o fornecimento de oito submarinos chineses (USD 4/5 mil milhões) e a venda de mais de trinta jactos de guerra FC-31, quando a Índia adquiriu a França 36 Rafale.
Filipa Araújo SociedadeHotel Estoril | Governo deverá contratar peritos internacionais mas não sabe quando nem quantos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) deverá convidar peritos internacionais para a apreciação da proposta de classificação do Hotel Estoril como património, apresentada por mais de uma centena de cidadãos. Mas, até ao momento, como confirmou o organismo ao HM, ainda não foram endereçados os convites e o número de peritos poderá ser alterado. “Temos peritos que vão chegar para ver se há realmente valor ou não. Depois de eles acabarem este trabalho, nós é que vamos tomar uma decisão”, afirmou o presidente do IC, Guilherme Ung Vai Meng, depois da cerimónia de tomada de posse dos novos dirigentes do Instituto de Acção Social (IAS), que aconteceu na passada segunda-feira. O presidente chegou ainda a indicar que em causa está o convite a três peritos de “nível internacional”, explicando que o ano passado o IC já tentara fazê-lo mas sem sucesso. Ontem, ao HM, o IC explicou que não existe convite oficial, para já e que está em aberto a possibilidade de virem mais ou menos peritos a Macau. “Temos planos para convidar, mas ainda não convidámos”, confirmou o IC ao HM, frisando: “para já queremos três, mas podemos mudar, depende dos convites”. Sem grandes certezas, permanece o mistério sobre o destino do Hotel Estoril. Uma vez mais, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indicou que a vontade do Governo é clara: construir um centro de actividades para jovens, um auto-silo e remodelar a piscina para que possa estar aberta todo o ano.
Tomás Chio SociedadeGoverno acusado de falta de fiscalização em caso de abuso sexual [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]presidente da Associação de Educação Chinesa de Macau, Ho Sio Kam, e o reitor da escola primária da Ilha Verde consideram que os casos de abuso sexual na Associação das Águias Voadoras só aconteceu devido à falta de supervisão a estas associações. Ho Sio Kam, também ex-deputada, disse ao Jornal Ou Mun, que o sector de educação está preocupado com a questão que envolve a Associação, onde um dos funcionários foi acusado de abuso sexual, e diz que a falta de supervisão às associações financiadas pelo Governo é um dos motivos para que casos destes aconteçam. “As actividades realizadas pela Associação são, normalmente, eventos fechados e é difícil que as escolas saibam os problemas que possam ter acontecido durante essas actividades”, diz, relembrando que quando aconteceram os abusos sexuais as crianças estavam num acampamento. A responsável sugere que as escolas possam garantir que casos destes não aconteçam através do envio de funcionários das próprias escolas com os alunos. Mas diz também que deve ser feita uma avaliação e supervisão às associações que ofereçam este tipo de serviços. A Associação Águias Voadoras, recorde-se, ficou sem o financiamento da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude depois de se ter descoberto o caso. Para o reitor da escola primária da Ilha Verde, contudo, o “corte dos apoios financeiros não é a melhor maneira de tratar do assunto, porque este caso envolveu o comportamento pessoal de um funcionário e não o da associação”. O reitor indicou ainda que a associação em causa “muito se dedicou ao sector da educação” durante o ano passado e, por isso, o Governo poderia dar mais uma oportunidade às Águias. O que existe, diz, é falta de supervisão dos departamentos governamentais às associações financiadas.
Flora Fong Ócios & Negócios PessoasCat Cave, café | Ivy Lei, sócia Diz-se que os animais ajudam a acalmar o stress e o “Cat Cave” proporciona isso mesmo: quem quiser almoçar ou tomar café pode fazê-lo na companhia de felinos “tranquilos”, mas com personalidade [dropcap style’circle’]É[/dropcap]um espaço para comer e tomar café, mas também dá para brincar com gatos. No “Cat Cave Café” os clientes nunca estão sozinhos: têm a companhia de animais simpáticos. Ivy Lei é uma dos três sócios do café. Ao HM, conta que o café está aberto há quatro meses, ainda que não tenha tido a inauguração oficial. A razão da abertura do café é, para a sócia, óbvia: Ivy adora animais e quer ter mais tempo para ficar junto dos seus gatos, mas não só. “Tenho o hábito de cuidar de animais e gosto muito deles. Aqui todos os gatos foram adoptados depois de serem abandonados. Além disso, também tentamos procurar mais adoptantes através do café, porque é provável que, quando os clientes cá vêm, comecem a gostar dos gatos e decidam adoptar uns. Assim, pelo menos ajudamos alguns animais abandonados”. Agora há sete gatos no “Cat Cave”. Ivy Lei é uma cuidadora experiente destes animais, algo que acontece desde que era criança e vivia com os avós. Tem dez gatos e um cão em casa. Mas os planos para o café que agora gere não eram apenas os de proporcionar companhia aos clientes. A ideia inicial de Ivy era abrir uma zona para venda de produtos para mães e bebés ao lado do café. No entanto, sem a concordância dos outros sócios, a ideia caiu. Ainda que, com no Cat Cave, o tema principal do café sejam os gatos, Ivy Lei diz que a vinda de clientes não é apenas por causa dos animais. “Aqui os clientes são também os moradores da zona, não só admiradores de gatos. Vêm os que não se importam ou que não tenham medo de gatos”, disse. Uma parte dos clientes, diz, chega ao café através da rede social Facebook. Localizado na Rua de Inácio Baptista, o “Cat Cave” é grande, tendo mais de 1400 pés quadrados. A entrada assemelha-se a uma caverna e nas paredes interiores estão desenhados cartoons de gatos – um está a vestir fato preto, outro tem um vestido branco. Outro está a fazer a rodagem de um filme. “Adopte em vez de comprar” é o slogan escrito na parede, para passar esta mensagem aos clientes. Ivy Lei confessa-nos que todos os desenhos são feitos por artistas locais. A renda mensal do espaço fica acima das 20 mil patacas, algo que, para a sócia, é aceitável. “Quando procurámos lojas para criar o café, vimos outras com rendas de 50 mil patacas na mesma zona”. A sócia refere ainda que o capital inicial do investimento foi grande, o que impede que, até agora, tenha sido recuperado o dinheiro investido. É necessário esperar mais meio ano, pelo menos, para equilibrar os custos e rendimentos, conta-nos Ivy. A jovem responsável trabalhava em Relações Públicas numa sala VIP de um casino desde os 18 anos, as decidiu sair por considerar que o sector não está estável. “Trabalhei muitos anos no sector do Jogo e quando surgiu a ideia de sair alguns amigos sugeriram que trabalhasse para outra empresa junket, mas já não me apetecia. Assim, pensei em criar um negócio. Quanto há riscos sou eu que os enfrento, são um problema meu, ao invés de estar sujeita a perder o meu salário porque a sala VIP fechou ou algo assim”, conta. Quando pensou em desistir do trabalho, Ivy Lei não tinha decidido que negócio abrir. Foi aí que surgiu a ideia: a jovem adora ir a cafés com amigos e adora animais. A ideia do “Cat Cave Café” surgiu pela sua cabeça em conjunto com os dois sócios. O “Cat Cave” é mais do que cafés e gatos: tem saladas, sopas, pratos de massa ou arroz, bem como sobremesas. Existe também um menu de almoço, com preços mais baratos. Ivy Lei confessa ao HM que a serradura é a sobremesa favorita de muitos clientes. As horas do lanche e os fins-de-semana são as mais procuradas pelos clientes. Ivy Lei observa que existem famílias que trazem os filhos de propósito para eles brincarem com os gatos. Outros tentam procurar o lado de mais lazer do café, lendo livros calmamente. Algo que podem fazer, assegura Lei. “Os nossos gatos são tranquilos, não gostam de chatear os clientes”. A responsável diz-nos que cada um gato tem a sua característica: uns gostam de se aproximar das pessoas, outros só gostam de se sentar nos seus lugares e esperar pela atenção dos clientes. Assim, cada um tem os seus fãs. “Muitos clientes vêm ao café por gostarem de determinados gatos. Uns gostam de se sentar nas pernas de clientes, outros só deixam tocar-lhes. Mas o mais famoso é o ‘Fat Boy’, o gato cinzento mais velho e gordo daqui”. Como existem tantos gatos no café, a parte da limpeza é essencial. “Temos de fazer limpeza e esterilização todos os dias quando abrimos e fechamos o café. O mais importante é limpar a caixa da areia dos gatos. Esses trabalhos são essenciais para manter o café higiénico.” O café dedica ainda um espaço à recolha de doações para a Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA.
Filipa Araújo Manchete SociedadeÓbito | Almeida Santos relembrado como peça importante para Macau António Almeida Santos, presidente honorário do PS, morreu aos 89 anos deixando para trás uma marca de “espírito jovem”, “diplomacia” e “integridade”. O socialista foi uma peça importante para Macau na “pequena revolução” trazida pela elaboração do Estatuto Orgânico [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]inha 89 anos de idade mas um “espírito muito jovem”. António Almeida Santos, figura histórica do Partido Socialista (PS) e um dos presidentes honorários do partido, morreu na noite de segunda feira, deixando para trás um exemplo de “diplomacia” e “integridade”. “Era uma pessoa muito íntegra, com valores muito fortes, um negociador e apaziguador que deixa um lugar que nunca será ocupado no Partido Socialista”, disse ao HM Vítor Moutinho, assessor, que trabalhou juntamente com o político. “Ele era presidente na altura em que trabalhei com os governos de [António] Guterres e José Sócrates. Em alguns congressos e campanhas, era uma voz sempre ouvida, sempre opinativa”, apontou, relembrando que “sempre que era necessário contar com uma opinião mais política e mais sensata [Almeida Santos] era sempre ouvido”. O assessor chega a dizer que em “situações extremas”, em que era necessário “bom senso político” e “diplomacia política”, Almeida Santos “era uma voz sempre auscultada e respeitada”. Pequena revolução Em Macau, Almeida Santos teve um papel importante, nomeadamente em 1974, como Ministro da Coordenação Interterritorial durante os II, III e IV Governos Provisórios. “[Almeida Santos] teve a seu cargo a recolha de informações em relação à situação de Macau. Reuniu em Pequim para perceber [a situação]”, relembra Tiago Pereira, líder do PS Macau. “Foi peremptório quando declarou que Macau não era considerada uma colónia”, apontou. O presidente honorário socialista assumiu ainda um “papel fundamental” na elaboração do Estatuto Orgânico do território. “Conjuntamente com figuras locais, Almeida Santos teve um papel fundamental na elaboração deste Estatuto, que foi uma pequena revolução, acto muito significativo, porque trouxe à luz um conceito novo e uma nova forma de encarar a situação em Macau, no sentido em que estabeleceu uma reforma profunda da Assembleia Legislativa (AL), com a sua democratização parcial”, referiu, frisando que o valor desse trabalho viu-se na sua duração, mantendo-se – apesar das ligeiras alterações – até 1999, altura da transição da soberania de Macau para a China. “Foi sem dúvida um trabalho muito bom”, remata. A sua ligação à empresa Geocapital, sediada em Macau, foi alvo de muitas críticas, tendo o ex-bastonário dos advogados, Marinho e Pinto, acusado Almeida Santos de ser um dos advogados “que mais negócios fizera à custa do que é público”. O socialista disse, na altura, ter muito orgulho na sua participação da constituição da Geocapital. De apontar a participação dos empresários Stanley Ho e Ambrose So na empresa. Referência incontornável “Com muita emoção.” Foi assim que Anabela Ritchie, ex-presidente da AL, recebeu a notícia. “Ainda há dois dias o víamos na campanha de Maria de Belém [candidata à Presidência da República] e estava muito bem. Custa muito saber da morte dele, uma figura para Portugal absolutamente incontornável, um ponto de referência”, defendeu. Para a ex-presidente da AL, Almeida Santos “teve um papel muito importante para Macau, não só nas diversas funções oficiais em que esteve envolvido, mas também a nível de amizades”. “Como tive uma carreira bastante comprida, pude acompanhar a disponibilidade e a dedicação que Almeida Santos tinha para com Macau e as suas questões, desde antes do 25 de Abril, como depois”, apontou. O conhecimento dos estatutos das antigas províncias ultramarinas permitiu ao socialista ter uma forte capacidade na elaboração do Estatuto Orgânico de Macau. “Sabia muito sobre as competências em que Macau estava investido e das competências que Macau devia adquirir com o Estatuto, com vista a uma autonomia desejável, com que ele sonhava e nós também”, argumentou. Uma pessoa sempre disponível sobre a qual Anabela Richie lamenta a “grande perda”. Aprender com o exemplo Vítor Moutinho relembra o exemplo que Almeida Santos foi para a sua – e de tantos outros – aprendizagem. “É quase como quando estamos na escola e gostamos sempre de aprender com os mais velhos. Era uma aprendizagem de comportamentos. Há que diga que a velhice é um posto, mas neste caso os anos não passaram por Almeida Santos. Foi alguém que sempre aprendeu com os mais novos e gostava de estar a par das novas informações e de como funcionavam as novas tecnologias. Até podia não as usar muito, mas era interessado”, ilustrou. Ideia também partilhada por Tiago Pereira, que diz que esta “figura história do PS e da própria democracia portuguesa” carregava em si um “espírito jovem”. “Isso notava-se até pelas suas posições políticas mais recentes. Isto reflecte uma consciência clara da nova realidade, dos novos tempos e da forma como o mundo mudou. Espelha o entusiasmo pela vida política que nunca perdeu”, rematou. Almeida Santos, licenciado em Direito, pela Universidade de Coimbra, faria no próximo mês 90 anos. Morreu em sua casa, em Oeiras, depois de se ter sentido mal no final do jantar. Foi assistido no local, mas sem sucesso. Maria de Belém cancelou a campanha até ao funeral de Almeida Santos, que ainda não tem data marcada.
Joana Freitas Manchete SociedadeMUST | Arrendamento do hospital custa mais de 50 milhões em cinco anos Durante cinco anos de arrendamento, foram pagos mais de 50 milhões de patacas à MUST devido à utilização dos espaço pelo São Januário. O valor da renda não subiu e o espaço é para continuar até existir um hospital público nas ilhas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) garantiram ao HM que o valor da renda do espaço hospitalar na Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST, na sigla inglesa) se mantém igual desde 2011. Numa resposta ao nosso jornal, o organismo assegura que o preço pelo arrendamento do espaço – que causou polémica – não se alterou ao longo dos anos. “A área arrendada é de cerca de 37 mil pés quadrados, sendo a renda mensal de 910 mil patacas, uma média de aproximadamente 24,62 patacas por pé quadrado. Somos a informar que os valores se mantêm inalterados”, pode ler-se na resposta ao HM. Fazendo as contas desde Fevereiro de 2011, data de assinatura do contrato, até Janeiro deste ano, o espaço do Posto de Urgência das Ilhas do Centro Hospitalar Conde de São Januário – a funcionar sob dependência da MUST ainda que seja do Governo – custou aos cofres públicos 54,6 milhões de patacas. Os SS e a MUST celebraram um acordo de cooperação para a abertura do Posto em 2011, devido ao atraso na construção do novo hospital público das Ilhas, que ainda não começou sequer a ser construído. “Antes da conclusão e inauguração das instalações do hospital público nas Ilhas, o Hospital Universitário concorda em proporcionar aos SS instalações, permitindo ao Centro Hospitalar Conde de São Januário a criação, a gestão e o funcionamento dos serviços de urgência e do serviço hospitalar de reabilitação”, justificou na altura o organismo. Valores polémicos Apesar da MUST providenciar os espaços físicos, instalações médicas e equipamentos médicos – e destes estarem incluídos na renda paga pelo Governo – o valor pago levantou polémica. Entre outras razões, pelo facto do hospital estar dentro de uma universidade privada controlada por figuras políticas de Macau, como Liu Chak Wan, membro do Conselho Executivo, e por o terreno onde fica o hospital universitário ter sido cedido gratuitamente à MUST pelo Governo. Na altura do acordo, o Executivo disse que a escolha se deveu à “melhor conveniência geográfica”, além de “as instalações ao redor do Hospital Universitário serem relativamente mais completas” e dos vários apetrechamentos e equipamentos médicos existentes.
Hoje Macau EventosMDMA une-se a Pacha para festa underground e prepara festival de música São dos mais antigos na quase inexistente cena musical de Macau e querem continuar a tentar mudar a forma como se faz e sente música no território. Os membros da MDMA organizam este sábado uma festa no Pacha e já se preparam para apresentar por cá um festival internacional de música [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]arka, D-Hoo e Erick L. vão fazer a noite do próximo sábado no recentemente inaugurado Pacha, no Macau Studio City. Todos são Djs e pertencem ao colectivo local Macau Dance Music Association (MDAM). Não só prometem uma noite diferente para este fim-de-semana, como já têm na manga planos para trazer mais ao público de Macau. “Vai ser um grande desafio”, diz-nos Derek, ou D-Hoo, justificando com o facto do seu som não ser, normalmente, tão comercial como o que passa neste clube internacional. Os que se deslocarem ao Studio City no sábado devem esperar um lado mais profundo da música house, que progredirá para uma versão de estilo tech, batido com pitadas, aqui e ali, de trechos techno, para ver como o público reage. Desde 1999 D-Hoo, em conjunto com Roberto Osório, o seu “parceiro de crime” como o próprio define, são dos mais antigos organizadores de festas em Macau. Tudo começou em 1999, como diz D-Hoo ao HM: tinha vivido uns anos em Londres e, ao voltar para Macau, em 97, deparou-se com uma cena vibrante em Hong Kong e um deserto no território. Começaram, por isso, a tentar organizar festas por estas bandas, com a primeira a acontecer em 1999. “Correu muito bem”, assegura D-Hoo, que nos diz que, depois houve mais umas quantas que não correram exactamente assim. Alguns anos de inactividade, até que, em 2012, os dois músicos resolveram constituir a MDMA – desde então as coisas têm começado a acontecer. O grande objectivo da associação é o de juntar as pessoas através da música e criar experiências para aliviar a tensão através da dança, já que “a vida em Macau é tão stressante nos dias de hoje”, como desabafa Derek. Mas, acima de tudo, o que pretendem é criar uma plataforma para expor artistas locais. Festival Internacional em preparação Um dos grandes objectivos da MDMA é o de organizar um festival de música electrónica ao ar livre com músicos internacionais, DJs e bandas com um pendor alternativo. Ainda não sabem se será possível já em 2016, mas em 2017 esperam que a ideia venha mesmo a tornar-se realidade, assim que consigam os apoios públicos necessários. Entretanto, a MDMA pretende continuar a colocar os seus DJs em eventos importantes da região: Derek classifica como exemplos a Secret Island Party e o Clockenflap, em Hong Kong, ou o One Love Festival (Shenzhen), Labyrinth 2016 (Japão) e o Wonderfruit (Tailândia). Cena local? Qual Cena? O pior mesmo para Derek é a cena de música local. Quando confrontado com o seu potencial calibre, o Dj não foi de meias medidas: “Qual cena? A dos casinos? Ou a dos karaokes? Não há cena de clubbing. Uns andam demasiado ocupados a fazer dinheiro nos casinos e os outros a assinarem e a jogarem esses jogos estúpidos das salas de karaoke… Claro que existem pessoas que gostam de ir a um clube e eu vejo potencial de crescimento. Mas a cena mesmo, a real, ainda é muito fraca por aqui”, diz ao HM. EDM? Cox e Sascha! Nos últimos anos tem ganho terreno junto de uma geração mais jovem um novo conceito de música de dança designado por EDM (Electronic Dance Music), um significado provavelmente abusivo pela caracterização genérica que apresenta. Mas a realidade é que define um estilo que, para Derek, se explica mais ou menos assim: “Se fizermos uma pesquisa no Google por EDM vamos descobrir falsos DJs a tocarem barulho puro para uma nova geração de ‘clubbers’, a destruírem-lhes ouvidos e mente apenas para fazerem paletes de dinheiro. Uma música sem profundidade, sem história, mesmo sem qualidade.” Seguramente, isso não irá acontecer no próximo sábado. Para D-Hoo, a qualidade descobre-se mais a montante em personagens como Carl Cox que, diz-nos o DJ, “mesmo aos 53 anos continua forte com uma grande adesão”. Cox, recorde-se, foi grande estrela em Portugal na época das ‘rave parties’, tocando para milhares de pessoas em lugares icónicos como o Castelo de Vila da Feira ou os estaleiros navais de Figueira da Foz durante o mundial de surf aí organizado em 1996. Mas as influências de D-Hoo não ficam completas sem uma referência especial a um galês DJ, produtor, vencedor de vários Prémios Internacionais de Música de Dança e nomeado para os Grammies: Sascha. “Ele é mesmo o meu exemplo. Fez muito… Foi chamado ‘Filho de Deus’ em tempos e ouvir as suas misturas é pura alegria. Oiço-o há 20 anos e, de vez em quando, ainda me consegue surpreender. Assim sejamos também nós surpreendidos este sábado no Pacha. Até lá!” A entrada na festa da MDMA no mais novo clube de Macau custa 200 patacas e começa às 22h00. Para os “amigos do MDMA”, os bilhetes ficam a metade do preço.
Joana Freitas BrevesMais duas subestações para fornecer electricidade Vão ser construídas mais duas subestações de electricidade em Zhuhai para o fornecimento de energia a Macau. Segundo a agência Xinhua, o departamento do fornecimento de energia de Zhuhai afirmou ontem que vai criar uma rede de electricidade com duas subestações com mais de 500 quilovolts, que se vão interligar às redes das cidades de Zhongshan e Jiangmen. Com estas duas, um total de nove subestações passarão a fornecer electricidade a Macau.
Joana Freitas SociedadeNam Van | Orçamento das obras aumenta em mais de meio milhão [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]orçamento da remodelação da zona E dos Lagos Nam Van vai ter um aumento de 8%, num total que ascende às 792 mil patacas. O anúncio foi feito pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que relembra que o espaço vai ser transformado num centro de lazer, arte e cultura. Segundo o IACM, as obras iniciais já estão concluídas mas o orçamento irá sofrer um aumento devido a reparações. O anúncio surge numa resposta a uma interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang. A deputada quis ter, da parte do Governo, uma justificação para o atraso das obras daquela que era conhecida como a zona de bares, depois da abertura de um concurso público para tal em Agosto de 2014. Existiam seis bares na zona, mas o período de arrendamento com o Governo acabou em 2012 e desde então o espaço voltou a ser da gestão do IACM. O instituto começou a fazer testes ao espaço e às instalações, sendo que já estão também pensadas várias actividades e espectáculos. O presidente do Conselho de Administração, Alex Vong, afirmou que as obras das lojas estão “praticamente concluídas”, mas como foi descoberto um problema de insuficiência de electricidade, terá de haver uma expansão nas obras e no dinheiro investido. Além do orçamento inicial de 9,9 milhões de patacas, vão então ser pagas mais 792 mil à AD & C Engenharia e Construções Companhia Limitada, a empresa responsável pelas obras. O HM não conseguiu apurar quem é o responsável pela empresa, mas esta tem estado constantemente envolvida em obras públicas. Alex Vong afirma ainda que a falta de recursos humanos não ajudou ao atraso das obras, que deveriam estar concluídas em “quatro meses” em 2014, mas prevê que tudo possa estar pronto no final do ano. O presidente do IACM afirmou ainda na resposta que as obras também foram prorrogadas devido a uma infiltração de água no tecto do espaço que cobre a zona dos bares. Esta zona vai ser reutilizada para um teatro de pequena dimensão, uma de partilha de livros, uma sala de exposição e um pequeno restaurante. “Usamos portas de vidro na entrada do espaço para criar a sensação de espaço, criando um ambiente de troca e partilha de arte e cultura”, explicou ainda Alex Vong.