Rota das Letras | Da Mongólia às antigas colónias portuguesas: as exposições

O festival literário Rota das Letras apresenta três exposições de fotografia, duas delas patentes até Abril, que apresentam uma diversidade de temáticas e estilos criativos. João Miguel Barros colaborou na curadoria de todas elas: “Tempo Nómada: Uma Introdução”, de Jessie Rao; “O Vento Sopra na Pradaria”, de Wang Zhengping; e “Novas Independências”, com imagens do fotojornalista Alfredo Cunha. Eis uma viagem por três mundos distintos

 

Se fotografar é contar, ou transmitir sem palavras, compreende-se então a aposta do festival literário Rota das Letras em apresentar três exposições distintas, que vão desde os cenários distantes da Mongólia até às antigas colónias portuguesas em África. João Miguel Barros, curador, também ele fotógrafo, ajudou a fazer a curadoria de todas elas, e ao HM revela um pouco dos detalhes de cada projecto.

No caso de “O Vento Sopra na Pradaria”, com trabalhos de Wang Zhengping, a curadoria foi feita em parceria com Na Risong. Disponível até ao dia 28 de Abril na Galeria do Tap Seac, esta foi, “de longe, a exposição mais desafiante em termos curatoriais”, confessou.

“Tive de partir de um conjunto de cerca de 300 ficheiros com imagens e escolher a narrativa principal. Optei por centrar a exposição no projecto dos cavalos da Mongólia, que é o que mais me fascina, dando-lhe mais espaço, e complementei-o com o outro projecto das comunidades”, disse João Miguel Barros, explicando ainda que “poderia ter sido ao contrário, pois ele [Wang Zhengping] tem duas componentes muito bem desenvolvidas ao longo de décadas de trabalho”.

Além disso, o curador teve de criar “um diálogo entre o tamanho das imagens e a sua colocação no espaço da galeria, criando grupos com identidade própria”. “Fiquei muito contente com o resultado final e o acho que consegui surpreender o artista, que me confessou não estar à espera deste resultado”, adiantou.

Wang Zhengping é, além de fotógrafo, etnógrafo, sendo actualmente conhecido como um dos grandes fotógrafos contemporâneos da China, sobretudo pela sua vertente artística. Começou a obter reconhecimento internacional a partir de 2015, sendo considerado um dos dez principais pioneiros da fotografia asiática no ranking da revista fotográfica Pixel. Tem um trabalho muito virado para os cavalos que habitam nas estepes da Mongólia, na Região Autónoma da Mongólia Interior, região que tem marcado bastante o seu trabalho.

Da descolonização

Para um campo criativo e temático completamente diferente, João Miguel Barros organizou “Novas Independências”, com imagens do fotojornalista Alfredo Cunha, que pode ser vista no Antigo Matadouro Municipal até domingo.

“A mostra de Alfredo Cunha é um abrir de apetite para a exposição de grande fôlego que está a ser construída de raiz para vir a Macau no próximo ano”, anunciou.

Com a temática da descolonização portuguesa, que arrancou depois do 25 de Abril de 1974, “Novas Independências” foca-se nos países africanos de língua portuguesa, que viveram de forma mais intensa este processo de descolonização. Porém, o curador quis retirar-lhe “a carga institucional e política”, seleccionando “centenas de imagens enviadas pelo Alfredo para mim a partir de um critério mais pessoal e humanista”.

O curador decidiu, então, agrupar essas imagens em cinco conjuntos, intitulados de “Lugares”, “Pessoas”, “Às armas”, “Chegadas e Partidas” e “Rituais”. “As imagens são muito significativas e revelam o grande talento de um dos grandes nomes da fotografia portuguesa do pós-25 de Abril”, acrescentou João Miguel Barros.

Alfredo Cunha começou a trabalhar em fotografia em 1970, tendo entrado para os jornais no ano seguinte, começando no Notícias da Amadora. Desde então colaborou com os mais importantes jornais portugueses, como O Século, já desaparecido; o Público ou o Jornal de Notícias, tendo sido também editor da secção de fotografia.

Foi fotógrafo oficial dos presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares, recebendo a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique em 1996. O seu trabalho sobre a Revolução dos Cravos, no 25 de Abril de 1974, e a descolonização portuguesa, contam-se entre os seus trabalhos fotográficos mais conhecidos.

Nómadas no Albergue

A terceira mostra integrada no festival literário Rota das Letras é “Tempo Nómada: Uma Introdução”, inaugurada esta segunda-feira no Albergue SCM e que fica patente até ao dia 10 de Abril.

“Trouxe a Jessie [Rao] a Macau no contexto deste festival por ser discípula de Wang Zhengping e pelo facto de o seu projecto ser também sobre a Mongólia. O trabalho que está exposto, que é todo a cores, ao contrário da mostra de Wang, que é totalmente a preto e branco, mostra uma visão diferente, e mais vivencial, das comunidades e das pessoas”, explicou.

Embora Jessie Rao não seja natural da Mongólia, a verdade é que acabou por captar algo da cultura da região, demonstrando, na visão do curador, “um enorme talento”. “Este projecto [Tempo Nómada] obteve o prémio de excelência, que é o prémio principal, no prestigiado Festival Internacional de Fotografia de Pingyao, em finais do ano passado. Ele capta o lado humano das pessoas com uma densidade única, e as suas fotografias são lindíssimas”, acrescentou.

26 Mar 2025

“Para Além do Olhar”, de Frank Lei, apresentado hoje na FRC

A Fundação Rui Cunha (FRC) e o Clube do Livro Fotográfico de Macau acolhem hoje, a partir das 18h30, a apresentação do livro “Beyond the Gaze”, uma obra póstuma do fotógrafo Frank Lei que foi uma referência na prática e no ensino da fotografia no território.

A apresentação será conduzida por Francisco Ricarte, um dos fundadores da Associação Halftone e impulsionador do Clube do Livro Fotográfico – Photobook Club Macau –, contando com a presença de Jane Lei, irmã do homenageado Frank Lei, e de Alan Ieong, editor da obra. Segundo uma nota da FRC, “a conversa entre amigos pretende lembrar o trabalho do autor e destacar a sensibilidade visual deste para a composição fotográfica, percorrendo as imagens que marcaram o seu tempo e testemunharam este lugar”.

“Beyond the Gaze” resume a visão de Frank Lei sobre Macau, uma cidade que tanto estimava. “Frank Lei viveu numa época de grandes mudanças sociais, económicas e urbanas em Macau, realizadas não só através de um processo de expansão – extensos aterros –, mas também através da demolição de assentamentos urbanos informais existentes, ou de edifícios antigos, que moldavam a cidade tradicional e o seu modo de vida”, recordou Francisco Ricarte, citado na mesma nota.

Frank Lei “foi capaz de retratar estas transformações com um profundo sentimento de pertença, de humanidade, mas também de perda”, acrescentou.

Um registo documental

A fotografia de Frank Lei foi muito além de um registo documental das mudanças físicas de um lugar. “A sensibilidade visual de Frank para a composição, escala e equilíbrio de luz e sombra (por vezes transmitindo sombras profundas e dramáticas), para retratar Macau como uma terra de mudança perpétua (…), permite-nos compreender melhor esta cidade e a sua identidade humana. Na fotografia de Frank, o espaço é sempre transmitido por uma escala humana, o que realça o seu significado e papel”, explica ainda Francisco Ricarte.

Frank Lei nasceu em Pequim em 1962, mas veio viver para Macau ainda muito jovem. Após concluir os seus estudos académicos em Cinema e Vídeo na Universidade de Paris III, e em Fotografia na ENSAD de Paris, voltou para Macau onde se estabeleceu. A sua actividade profissional passou pelo “Macau Daily News”, foi curador do Albergue e mais tarde curador do Armazém do Boi, publicou vários livros de fotografia, realizou exposições individuais em Macau e França, e conquistou importantes prémios fotográficos. Frank Lei faleceu em 2022, após um longo período de doença.

7 Mar 2025

Fotografia | Conhecidos finalistas dos Sony World Photography Awards

Já são conhecidos os finalistas da nova edição dos Sony World Photography Awards, considerados os mais prestigiantes prémios do sector. As distinções, incluindo na categoria “Fotógrafo do Ano”, serão conhecidas a 16 de Abril numa cerimónia em Londres. Segundo um comunicado, os “projectos fotográficos foram reconhecidos pelo domínio técnico e uma abordagem original à narrativa”, sendo os finalistas apresentados numa exposição na Somerset House, patente de 17 de Abril a 5 de Maio deste ano.

Existem, assim, 30 finalistas nesta 18.ª edição, dos quais resultarão dez vencedores, tendo sido submetidas a concurso mais de 419 mil imagens de mais de 200 países e regiões. Um dos destaques desta edição dos Awards é a criação de uma nova categoria, o “Prémio Profissional do Japão”, que dá destaque “à criatividade e dinamismo da cena fotográfica contemporânea do Japão” e que “reconhece um vencedor e uma lista restrita de séries impressionantes de fotógrafos japoneses”.

Monica Allende, presidente do júri dos prémios da Sony, disse que a equipa ficou “impressionada com a força e variedade dos trabalhos submetidos em 2025. É sempre um verdadeiro desafio seleccionar as listas restritas e os finalistas, e, enquanto júri, considerámos que as candidaturas mais alargadas não eram menos vitais e inspiradoras”.

Na categoria “Architecture & Design” destaca-se a imagem “Twilight in San Ignacio”, de Andre Tezza, do Brasil, que “explora a resiliência da vernacular arquitectura do Belize”. Ulana Switucha, do Canadá, apresenta “Tokyo Toilet Project”.

Na categoria “Creative” constam nomes como o da ucraniana Irina Shkoda, com “I Am Here for You”, que conta a sua própria experiência como refugiada. Em “Documentary Projects” inclui-se o trabalho do francês Alex Bex, com “Memories of Dust”, que “explora o vocabulário visual de um comboio, considerando-se novas formas de apresentação do arquétipo masculino”.

2 Mar 2025

FRC | Imagens de Alex Chao sobre Macau expostas a partir de hoje

É hoje inaugurada na galeria da Fundação Rui Cunha a exposição de fotografia “Macau in My Heart”, uma ode ao território de onde Alex Chao Io Chong, o autor das imagens, é natural. Até ao dia 1 de Março podem ser vistas, de forma gratuita, 30 imagens sobre vários lugares que mostram o lado único do território

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura hoje, a partir das 18h30, a exposição de fotografia “Macau in My Heart”, de Alex Chao Io Chong, conhecido artista local e fotógrafo profissional há mais de 30 anos, que reúne esta colecção de 30 fotografias da cidade, explorando diferentes temas, estilos e técnicas de abordagem. A curadoria está a cargo de David Sit, crítico de arte, pintor e professor universitário.

Citado por uma nota de imprensa da FRC, Alex Chao descreveu que iniciou “uma viagem fotográfica de décadas quando era adolescente”, tendo recorrido à lente e à máquina fotográfica “como um poeta utiliza uma caneta, para transformar emoções tão profundas numa linguagem visual, captando momentos distintos como a transformação desta cidade, de uma vila piscatória numa próspera cidade internacional, e registando imagens poéticas ao entrelaçar história e modernidade”.

As imagens captadas ilustram a arquitectura da cidade, antiga e recente, o movimento urbano, os brilhos e as cores, o ritmo da população. “Aqui, a arquitectura histórica portuguesa e os modernos edifícios altos complementam-se, enquanto as tradições e a inovação andam de mãos dadas”, disse o fotógrafo e artista.

“O rápido desenvolvimento económico trouxe prosperidade à cidade e também fez de Macau uma atracção turística e um centro de entretenimento mundialmente famoso. Ao longo deste processo, testemunhei muitos momentos importantes: a abertura de casinos internacionais, a construção de novos marcos e o fogo de artifício anual”, registos que fazem parte de alguns exemplos na exposição.

Ligação às artes

Alex Chao formou-se na Universidade Politécnica de Macau, com especialização em Artes Visuais (educação artística). Nos primeiros anos, estudou e dedicou-se à fotografia profissional e à educação de artes visuais. Foi fotógrafo de profissão no ex-Hotel Mandarin Oriental em Macau, durante muitos anos, e também director do estúdio de fotografia do então Instituto Politécnico de Artes de Macau, com décadas de investigação e prática no desenvolvimento da fotografia.

Alex Chao possui ainda uma vasta experiência nas áreas do design visual, edição de livros, impressão, multimédia e planeamento de exposições.

Foi um nome integrante de várias exposições realizadas na galeria da Creative Macau, por exemplo, tanto a título colectivo como individual. A última realizou-se no ano passado, intitulando-se “Unique Vision – Creativity and Aesthetics of Photography”.

18 Fev 2025

Fotografia | Imagens de Gonçalo Lobo Pinheiro expostas em Lisboa

Será inaugurada na próxima semana, quinta-feira, a exposição “Poética Urbana – Deambulações pelo quotidiano de Macau”, do fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, que estará patente na Galeria Malangatana do ISPA – Instituto Universitário. Esta exposição nasce do livro do fotojornalista que reside em Macau há mais de 14 anos

 

Gonçalo Lobo Pinheiro vai expor o seu trabalho em Lisboa a partir da próxima semana, quinta-feira 20. Trata-se da mostra “Poética Urbana – Deambulações pelo quotidiano de Macau”, que ficará patente na Galeria Malangatana, no ISPA – Instituto Universitário.

Segundo um comunicado, a mostra surge na sequência do lançamento do seu mais recente livro homónimo, apresentado em Dezembro do ano passado, em Macau. Radicado na região há mais de 14 anos, o fotógrafo tem-se destacado pelo registo sensível e poético da vida urbana, captando fragmentos do quotidiano que evocam memórias e emoções universais.

No prefácio da obra, a fotojornalista norte-americana Andrea Star Reese descreve Pinheiro como “um poeta visual” cuja lente nos transporta para histórias que ecoam dentro de nós. “O Gonçalo Lobo Pinheiro é um homem incondicionalmente apaixonado pelas ruas que percorre e pelas pessoas que descobre. Todos os fotojornalistas contam histórias, mas alguns fotografam com uma graça lírica. Gonçalo Lobo Pinheiro é um poeta visual.”

Andrea Star Reese descreve ainda que nesta exposição, tal como no livro, o fotojornalista nos leva “a um lugar que guarda pedaços de vidas que nos lembram de nós mesmos, de outros que vimos ou conhecemos, de sentimentos que temos, tivemos, desejamos ter ou esquecemos”.

Em declarações ao jornal Público, aquando do lançamento do livro, Gonçalo Lobo Pinheiro descreveu o conteúdo do livro, pautado por imagens dos bairros antigos e de um território que tem estado em permanente mudança nos últimos anos. “As mudanças são visíveis no ritmo da cidade, nas dinâmicas entre turistas e residentes, mas existem também numa camada mais interna das pessoas.”

Nos rostos de quem vive em Macau, referiu ainda, há sinais de introspecção, “de uma tentativa de encontrar significado em tempos de incerteza”. “Ao serem vistos por outro ângulo, os momentos aparentemente banais [que captei] podem revelar a poesia de que tanto gosto; esses momentos reflectem humanidade e suscitam reflexão”, destacou.

Longa carreira

Gonçalo Lobo Pinheiro nasceu em Lisboa, mais precisamente no bairro de Alfama, precisamente onde se situa o ISPA. Em Macau já foi jornalista, editor do HM e tem mantido a sua carreira de fotojornalista que começou na imprensa desportiva em Portugal. Actualmente colabora com a agência Lusa.

Vencedor de vários prémios ao longo da sua já longa carreira, Gonçalo Lobo Pinheiro realizou também várias exposições, em nome próprio e colectivamente. Publicou em 2015 o seu primeiro livro intitulado “Macau 5.0 • 澳門 5.0 • Macao 5.0”. Em 2019, apresentou “Myanmar: o retrato de um povo”. Em 2021, apresenta dois livros: “Desvelo • 關愛 • Zeal”, editado em Macau, e “Tonle Sap”, lançado no Brasil. “O que foi não volta a ser…”, publicado em 2022, foi até ao momento o seu livro de maior sucesso, tendo alcançado a segunda edição.

Em 2023, edita uma caixa de coleccionador com a retrospectiva de 20 anos de profissão com o título “Um vislumbre de luz • 一瞥光亮 • “A glimpse of light”. Este ano, publicou ainda “Perto de Mim • 離我很近 • Close to Me”, uma edição intimista e inusitada. Está representado, no Brasil, pela Icon Artes Galeria e, em Macau, pela Galeria Amagao. A sua fotografia faz parte da colecção contemporânea do MA-g – The Museum of Avant-garde que abrirá portas na Suíça, em 2025.

13 Fev 2025

Fotografia | Religião e crenças são tema de novo concurso

Arranca hoje a sexta edição do concurso de fotografia promovido pela Somos – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa, e que desta vez tem como tema principal as religiões e crenças que existem no mundo de falantes de português. “O Homem e o Divino” é o tema que os fotógrafos candidatos devem seguir em nome de uma “maior compreensão de diferentes ideologias”

Imagem de António Mil-Homens 

 

A sexta edição do concurso fotográfico da associação de Macau Somos! – Associação de Comunicação de Língua Portuguesa (ACLP) quer contribuir para uma “maior compreensão das diferentes ideologias e credos” entre as regiões onde se fala português, disse à Lusa a organização.

“A questão da compreensão está intimamente relacionada com o desconhecimento que persiste entre as diversas ideologias e credos nos países e regiões da Lusofonia. Através da fotografia, pretendemos explorar essa diversidade cultural e religiosa”, indicou a presidente da Somos! – ACLP, Marta Pereira. Sob o tema “O Homem e o Divino”, o concurso, que arranca hoje e decorre até 10 de Março, quer “promover o diálogo coexistente entre religiões ou crenças tradicionais locais”, notou.

“As imagens devem capturar a essência da devoção, da contemplação e da profunda conexão entre a humanidade e o divino ou o transcendente”, referiu a responsável, acrescentando que “é fundamental” que os trabalhos “permitam uma contextualização histórica, refletindo as diversas influências culturais e religiosas que moldam as experiências espirituais nas diferentes regiões”.

Marta Pereira lembrou que, em Macau, “a ‘religião’ mais praticada é o budismo, frequentemente associado a elementos de outras crenças e filosofias tradicionais chinesas, como o confucionismo e o taoismo”. Também há uma forte presença do “cristianismo, trazido para Macau por missionários católicos e protestantes”.

“Se olharmos para o Brasil, o candomblé, uma religião de origem africana, baseia-se na adoração da natureza e da sua alma, sendo, por isso, considerada anímica. Em Timor-Leste, a população ainda se mantém enraizada no culto dos antepassados e na crença em espíritos”, exemplificou.

A quem se destina

O concurso, define o regulamento, destina-se “a todos os cidadãos dos países e regiões da Lusofonia ou residentes de Macau” com trabalhos realizados em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Goa, Damão e Diu.

A avaliação das obras candidatas cabe a um júri presidido pelo fotojornalista português radicado em Macau Gonçalo Lobo Pinheiro e que conta ainda com António Leong (Macau), Samba M. Baldé (Guiné-Bissau) e José Sena Goulão, Reinaldo Rodrigues e Alexandre Coelho Lima (Portugal).

Às três imagens vencedoras vão ser atribuídos prémios no valor de dez mil patacas, sete mil patacas e cinco mil patacas, podendo ainda ser conferidas menções honrosas. Além do prémio pecuniário, o primeiro lugar vai ser contemplado com a viagem e estadia em Macau – caso não resida no território -, para participar na cerimónia de inauguração da habitual exposição da Somos – ACLP, a ser organizada ainda este ano, e em ‘workshops’ organizados localmente.

Além das imagens vencedoras, completam a exposição outras fotografias selecionadas pelo júri “pela sua relevância ou valor” para o tema do concurso e para “o propósito da associação de projetar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países/regiões de língua portuguesa”, lê-se num comunicado da associação.

9 Fev 2025

Fotografia | Ochre Space com mostra inédita sobre Hosoe Eikoh

Fundada por João Miguel Barros, advogado e residente de Macau, a galeria Ochre Space, em Lisboa, continua a mostrar alguns dos grandes fotógrafos contemporâneos. Desta vez é Hosoe Eikoh, o protagonista da nova exposição da galeria disponível até 8 de Fevereiro

 

Falecido a 16 de Setembro de 2024 em Tóquio, Hosoe Eikoh é homenageado com a nova exposição na galeria Ochre Space, em Lisboa, disponível até ao dia 8 de Fevereiro. Fundada por João Miguel Barros, advogado, curador e residente de Macau, a Ochre apresenta agora uma exposição inédita com um dos nomes mais conhecidos da fotografia japonesa contemporânea, mas também da história de arte feita no país.

Segundo uma nota de imprensa, esta mostra “é a primeira em Portugal e no mundo após a morte de Hosoe”, tendo sido planeada um ano antes, “ainda com o conhecimento do artista”.

Trata-se, assim, de uma exposição que “celebra a vida e o legado de um verdadeiro visionário da fotografia”, tido como “o mestre dos mestres”. “Hosoe Eikoh destacou-se pela sua abordagem única, que elevou a fotografia a uma forma de arte performativa e colaborativa. Trabalhos como ‘Barakei’, criado com Mishima, e Kamaitachi, em parceria com o dançarino butoh Tatsumi Hijikata, exploram os limites entre corpo, identidade e desejo, capturando momentos de intensidade visceral e beleza simbólica”, descreve-se na mesma nota.

A escolha da data para a inauguração da mostra, 14 de Janeiro, deveu-se ao simbolismo que esta acarreta, pois marca “o centenário do nascimento de Yukio Mishima, icónico escritor japonês que inspirou um dos projectos mais emblemáticos da carreira de Hosoe, ‘Ordeal by Roses’ (Barakei)”. Este trabalho é mesmo o grande destaque da exposição na Ochre Space, onde Hosoe usou “a lente para reinterpretar a vida e a obra de Mishima, criando composições carregadas de força estética, e emoção”.

Em 1961 Yukio Mishima, conhecido dramaturgo japonês, convidou Hosoe para o fotografar para um livro de ensaios que ia publicar. Mishima “pretendia uma fotografia de capa menos convencional”, mas segundo João Miguel Barros, Hosoe perguntou se “o podia fotografar à sua maneira”, ao que Mishima respondeu afirmativamente.

“A série de fotografia tiradas foram totalmente inesperadas: Mishima envolto numa mangueira em diversas posições, de pé ou deitado no jardim de sua casa. Uma dessas fotografias acabou por ser a capa do livro de ensaios publicado em 1961, com o título ‘The Attack of Beauty’. E esse foi também o começo de ‘Barakei’, sendo essa fotografia e essa série uma parte importante do início do livro”, descreveu o fundador da Ochre Space.

Assim, na galeria, o público pode ver uma selecção de imagens do livro “Barakei”, editado pela primeira vez no Japão em 1963, e que originalmente teve como nome “Killed by Roses”.

Legado intemporal

A galeria descreve ainda o facto de, ao longo da sua vida, Hosoe ter sido “amplamente reconhecido pela sua contribuição para a fotografia mundial, tendo recebido, entre outros, o Prémio de Realização de Vida da Sociedade Fotográfica do Japão (1963) e a Ordem do Sol Nascente, atribuída pelo governo japonês em 2017”.

Esta mostra visa mostrar esse legado intemporal do fotógrafo e o “impacto duradouro de Hosoe na arte contemporânea, celebrando a sua capacidade de transcender barreiras culturais e temporais, desafiando e inspirando gerações futuras”.

No dia 8 de Fevereiro, a partir das 16h, a exposição encerra com uma conversa em torno da obra do fotógrafo, sob o tema “Hosoe e Mishima juntos na Imortalidade”. Esta conversa reúne José Bértolo, professor na Universidade Nova, Tânia Ganho, autora e tradutora da obra de Yukio Mishima em Portugal, e João Miguel Barros.

Promete-se “a exploração de diferentes ângulos da obra e legado de Hosoe”, nomeadamente as várias edições de “Barakei”, “a visão literária de Mishima e a potência da fotografia de Hosoe enquanto arte performativa e simbólica”. Trata-se, segundo a organização, de “uma oportunidade única para celebrar a intersecção entre artes visuais e literatura, no espírito visionário do mestre japonês”.

21 Jan 2025

Óbito | Morreu o fotógrafo Olivero Toscani, autor das polémicas campanhas da Benetton

O fotógrafo italiano Oliviero Toscani, responsável pelas campanhas publicitárias consideradas revolucionárias para a marca de roupa Benetton, morreu ontem aos 82 anos após uma longa doença, anunciou a família.

“É com imensa tristeza que anunciamos que hoje, 13 de janeiro de 2025, o nosso querido Oliviero iniciou a próxima viagem”, escreveu a família nas redes sociais. Nascido a 28 de fevereiro de 1942 em Milão, norte de Itália, Oliviero Toscani construiu a carreira com base na provocação, destacando-se as campanhas para o grupo italiano de vestuário Benetton a partir de 1983.

Estas campanhas, que tiveram escala mundial, mostravam uma mulher negra a amamentar uma criança branca (1989); um homem a morrer de SIDA e uma freira a abraçar um jovem padre (1992); reclusos no corredor da morte nos Estados Unidos (2000) e uma jovem que sofria de anorexia (2007).

“Detesto a fotografia artística”, afirmou Toscani em 2010. “Uma fotografia torna-se arte quando provoca uma reacção, seja ela de interesse, curiosidade ou atenção”, disse Toscani sobre os trabalhos fotográficos apontados como polémicos. Várias das campanhas “United Colors of Benetton” foram proibidas em Itália, mas também em França.

Questionado recentemente sobre qual a fotografia que escolheria se tivesse de destacar apenas uma, respondeu que as várias colecções funcionaram como uma unidade. “Pelo conjunto e pelo empenhamento, não é uma foto que faz história, é a escolha ética, estética e política”, disse.

O fotógrafo revelou em Agosto de 2024 que sofria de amiloidose, uma doença rara e incurável que cria depósitos de proteínas insolúveis nos tecidos. “Não tenho medo de morrer. Não tenho medo de morrer, desde que não seja doloroso”, disse numa entrevista ao jornal de Milão, Corriere della Sera.

14 Jan 2025

Fotografia | Novo livro de Gonçalo Lobo Pinheiro lançado sábado

Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista português há muito radicado em Macau, lança este sábado um novo livro de fotografia. Trata-se de “Poética Urbana”, com uma centena de imagens captadas no dia-a-dia de Macau, revelando-se o lado contemporâneo e urbano da cidade. A sessão de lançamento, que começa às 18h30, decorre na Livraria Portuguesa

 

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há 14 anos, prepara-se para lançar o seu mais recente livro, intitulado “Poética Urbana”, no próximo dia 7, sábado, pelas 18h30, na Livraria Portuguesa.

Segundo um comunicado, trata-se de um livro que é resultado de um projecto iniciado há cinco anos, “três dos quais em plena pandemia”, em que o fotógrafo divagou pelas ruas de Macau e descobriu o lado mais urbano do território.

“De manhã à noite, com sol ou com chuva, com mais ou menos luz, estas 100 fotografias representam a escolha final da minha visão do quotidiano contemporâneo citadino do território que me acolheu há mais de 14 anos”, disse Gonçalo Lobo Pinheiro, citado na mesma nota.

Com design de Marta Gregório, a obra contém a centena de imagens que “revelam o olhar sensível e artístico do autor sobre a vida urbana do território chinês”, além de que o prefácio do livro, da autoria da reconhecida fotojornalista norte-americana Andrea Star Reese, descreve o trabalho de Gonçalo Lobo Pinheiro como “uma exploração poética do quotidiano”.

“O Gonçalo Lobo Pinheiro é um homem incondicionalmente apaixonado pelas ruas que percorre e pelas pessoas que descobre. Todos os fotojornalistas contam histórias, mas alguns fotografam com uma graça lírica. Gonçalo Lobo Pinheiro é um poeta visual. Em ‘Poética Urbana’, ele leva-nos a um lugar que guarda pedaços de vidas que nos lembram de nós mesmos, de outros que vimos ou conhecemos, de sentimentos que temos, tivemos, desejamos ter ou esquecemos”, escreveu.

Em simultâneo ao lançamento, será inaugurada uma exposição fotográfica com 20 imagens seleccionadas do livro, também na galeria da Livraria Portuguesa. A exposição estará patente ao público até ao dia 29 de Dezembro de 2024.

Lançamento em Lisboa

O fotojornalista destaca ainda que “Poética Urbana” é um livro que reúne “momentos diversos, maioritariamente vividos e captados nos bairros antigos do território, onde ainda se consegue sentir aquele pulsar especial de uma Macau que pouco ou quase nada existe, mas que, ainda assim, teima, e bem, em desaparecer por completo”.

Numa altura em que a RAEM celebra 25 anos de existência, Gonçalo Lobo Pinheiro descreve que esta obra é também um sinal do seu “amor pelo território”.

Após o lançamento em Macau, o livro e a exposição terão também expressão em Portugal, com um evento agendado para Fevereiro do próximo ano, na Galeria Malangatana do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa.

“Poética Urbana” representa uma “celebração do instante capturado na rua, do quotidiano transformado em arte e do diálogo entre a fotografia e a emoção”, sendo que o seu autor convida “o público a descobrir a beleza inesperada da vida urbana através da sua lente”.

Gonçalo Lobo Pinheiro tem uma carreira na área do fotojornalismo há mais de 20 anos, colaborando actualmente com a agência de notícias Lusa, tendo trabalhado inclusivamente com a imprensa desportiva portuguesa.

3 Dez 2024

Fotografia | UM organiza exposição sobre Angola e Moçambique

No contexto de uma viagem de intercâmbio do Centro de Estudos Jurídicos e Judiciais da Universidade de Macau a Angola e Moçambique, o advogado e docente Miguel Quental retratou o dia-a-dia das populações destes países. As imagens podem agora ser vistas na UM até Dezembro numa mostra promovida pela própria instituição de ensino

 

Retratar a simplicidade e uma realidade bem diferente daquela que se vive em Macau. São estas as ideias transmitidas pelas fotografias tiradas por Miguel Quental, advogado e docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (FDUM), em Angola e Moçambique, e que podem agora ser vistas pelo grande público numa mostra promovida pelo Centro de Estudos Jurídicos e Judiciais da FDUM.

Ao HM, o causídico, que apenas faz fotografia em lazer, disse ter aceitado o repto do Centro para mostrar estas imagens que fez no contexto de uma visita de intercâmbio e cooperação às Faculdades de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, e Agostinho Neto, em Angola.

“Como gosto de fazer fotografia fui tirando algumas imagens durante essas viagens. Este é um Centro que se dedica ao estudo comparativo do Direito e às publicações que se fazem em língua portuguesa na sua relação com a China, e pensei que fosse interessante dar a conhecer a cultura e a forma de viver de Angola e Moçambique para os alunos da faculdade que nunca tiveram acesso a essa realidade.”

Para Miguel Quental, a ideia é também “levar pessoas à universidade, que é também um espaço de cultura”. E até se pode dizer que a mostra tem tido sucesso, pois logo no primeiro dia cerca de 50 pessoas visitaram o espaço.

Na exposição, inaugurada no passado dia 28 de Outubro e patente na entrada da FDUM, podem ver-se “fotografias com cenas de rua, miúdos a brincar na praia, vendilhões com o comércio tradicional, paisagens com barcos, a ria, o mar, a cidade e o campo”.

“Procurei fazer esse contraste, pois a realidade, em relação a Macau, é bastante diferente a todos os níveis, desde a alimentação, o tipo de comércio e a forma de vender os bens”, realçou.

Boa cooperação

Na inauguração, Miguel Quental destacou “estar longe” de ser fotógrafo, considerando-se apenas “um coleccionador de imagens que reflectem momentos de vida, uns bons, maus e outros mais felizes”.

“Procuro fotografar a vida e a nossa forma de viver, e fotografo o momento na esperança de o tornar eterno, pelo menos um pouco mais eterno. Quantas vezes olhamos e não vemos, ou vemos e não reparamos num pequeno pormenor, numa pequena forma, algo simples ou uma bonita cor”, disse.

Miguel Quental já tinha estado em Moçambique, mas, no tocante a Angola, esta foi a primeira vez. “Sempre tive o fascínio de ir a Luanda. Tive um sentimento misto, pois gostei de lá estar, mas senti muita tristeza, e pensei que talvez as pessoas não sejam realmente muito felizes. Procurei retratar um pouco disso e penso que consegui captar os miúdos na sua essência, a brincar na praia.”

Para o autor das imagens, foram captados “pequenos momentos” bem como a “tristeza” sentida em tantos rostos.

Sobre o resultado da presença do Centro de Estudos na FDUM nestes países, Miguel Quental destacou que “há muito trabalho a fazer” nestas universidades, tendo sido “muito importante” a visita da FDUM.

“Assinámos um protocolo com a Universidade Agostinho Neto e nos próximos anos vamos receber alunos e professores na UM. Vamos dar continuidade ao protocolo que mantemos há 25 anos com Moçambique. Cientificamente foram duas visitas que valeram a pena e procurei, com estas imagens, aliar a parte cultural à parte científica”, rematou.

13 Nov 2024

Centro UNESCO | Fotografias de Jorge Veiga Alves em exposição

Será apresentada amanhã a exposição digital “À Procura de Macau” de Jorge Veiga Alves, fotógrafo amador e autor desta mostra. O evento de apresentação decorre a partir das 15h no Centro UNESCO Macau, tratando-se de imagens feitas no período em que o autor viveu em Macau, nos anos de 1984 a 1994, e mais tarde de 2005 a 2016.

Jorge Veiga Alves, economista aposentado do Banco de Portugal, viveu em Macau entre 1986 e 1994, tendo sido requisitado para prestar serviços no antigo Instituto Emissor de Macau/Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM).

Entrou, no início da década de 70, no mundo da fotografia através do modo analógico, fez fotografia submarina e que foi totalmente conquistado pelo modo digital. Participou em exposições e apresentações audiovisuais de fotografia colectivas e individuais.

Assim, esta mostra abrange duas componentes, as fotografias analógicas dos anos 80 e princípios dos anos 90, e que foram depois digitalizadas e alvo de um processo de recuperação e tratamento, e depois as fotografias já feitas na era digital. A iniciativa tem o apoio da Fundação Macau.

8 Nov 2024

Solidariedade | Fotógrafo local angaria 16.500 patacas para bombeiros

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau desde 2010, conseguiu arrecadar um total de 16 500 patacas para ajudar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis (AHBVG) na compra de uma ambulância.

A venda das fotografias representou, segundo um comunicado, uma “humilde ajuda” aos soldados da paz que, ano após ano, enfrentam grandes dificuldades no combate aos incêndios florestais e, em particular, à entidade localizada naquele concelho português de onde é originária toda a família paterna do fotógrafo.

“Esperava ter chegado aos 2000 euros, mas já é uma boa ajuda. Como disse anteriormente, estarei sempre disponível para contribuir para Góis e para os goienses”, vincou, recordando que os Bombeiros Voluntários de Góis “estão a precisar adquirir uma ambulância que custa mais de 60 mil euros”.

Agora, as fotografias serão impressas em formato A4 e entregues ou enviadas aos compradores durante as duas últimas semanas de Outubro. “Nos próximos dias apresentarei os saldos publicamente e transferirei o valor final de 1890 euros para a conta bancária da AHBVG. Depois, os meus pais deslocar-se-ão a Góis em dia a combinar para, de modo formal, encerrar esta campanha. Ao mesmo tempo, de forma ordenada e até ao final do mês, pretendo entregar ou enviar por correio as impressões a todos aqueles que, solidariamente, as adquiriram.”

O fotojornalista agradece, ainda, às 23 pessoas solidárias de Macau, Portugal, Brasil, Hong Kong e Vietname que adquiriram por 500 patacas exemplares das três fotografias disponível na acção de solidariedade por si promovida no passado dia 19 de Setembro.

16 Out 2024

Fotografia | Criada campanha para apoiar bombeiros em Portugal

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau desde 2010, vai doar a receita da venda de fotografias à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis (AHBVG). Segundo um comunicado, o fotógrafo considera que esta é uma “humilde ajuda” para que os bombeiros possam comprar uma ambulância.

“Neste momento tão difícil para Portugal e para os bombeiros portugueses em particular, não posso (nem quero) ficar indiferente. Sempre que puder ajudar com o meu trabalho, ajudarei. Por isso, decidi fazer uma venda aberta de três fotografias minhas em tamanho aproximado A4, sem limite de impressões em papel mate, assinadas e datadas”. Assim, por 500 patacas, valor de cada fotografia, 75 por cento do valor das vendas irá reverter para a AHBVG, sendo que 25 por cento do valor servirá para custear as impressões das imagens.

Gonçalo Lobo Pinheiro escolheu ajudar os bombeiros de Góis por ser a terra da sua família paterna. Os bombeiros dessa região “estão a precisar adquirir uma ambulância que custa mais de 60 mil euros e, até ao momento, apenas conseguiram angariar pouco mais que cinco mil euros”.

A campanha de solidariedade está a decorrer até ao dia 15 de Outubro e o fotojornalista pode ser contactado através de diversos canais de comunicação como o seu website, em www.goncalolobopinheiro.com, mas também através das suas redes sociais, ou email: goncalo.lobo.pinheiro@gmail.com. As fotografias serão impressas e enviadas aos solidários durante as duas últimas semanas de Outubro.

19 Set 2024

Fotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro lança “Close to Me”

O fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro lança esta sexta-feira, na sede da Casa de Portugal em Macau, o livro “Close to Me”. Trata-se de uma obra “pessoal”, num “formato inusitado”, com “fotografias a preto e branco, numa edição tipo nicho, algo muito especial, a começar pelo surpreendente formato, em forma de carteira”, revela o autor

 

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há 14 anos, apresenta, esta sexta-feira, 13 de Setembro, pelas 18h30, na sede da Casa de Portugal, o seu livro “Close to Me”.

Este livro nasce do trabalho realizado para o mestrado em Nova Fotografia Documental na LABASAD – School of Arts & Design, em Barcelona, e também para a edição de 2021 do “24HourProject – Photographers for Social Change”, tendo “um formato invulgar, de carteira, e especial”, bem como “um número limitado de 150 exemplares, numerados e assinados”.

Gonçalo Lobo Pinheiro refere, num comunicado, que estas imagens são do dia-a-dia frenético com os filhos. “A ideia inicial deste projecto foi captar a loucura matinal com os meus filhos que acordam todos os dias entre as seis e as sete da manhã, revigorados, prontos para mais um dia cheio de energia. Facto é que, na hora de dormir, as coisas acabam por não ser muito diferentes em alguns aspectos e acabei por misturar os dois momentos do dia, começando à noite”, afirma.

Este é um projecto antigo, mas que só agora ganha forma. “Este livro, que queria ter lançado em 2022, apenas chega agora, mas chega com a sensação de que fiz um bom trabalho de casa na procura de uma edição diferente, muito diferente daquilo que têm sido os meus livros desde 2015, altura em que apresente ‘Macau 5.0’, o meu primeiro livro”, descreve.

Uma “bela surpresa”

Segundo a mesma nota, o fotojornalista declara que a edição de “Close to Me”, que não estava prevista para este ano, acaba por ser uma “bela surpresa”, pois é uma obra “muito pessoal” e “muito específica”.

“É a minha família que está ali retratada. Os meus filhos, a minha mulher. A edição, com fotografias a preto e branco, acaba por ser uma obra de autor, uma edição tipo nicho, algo muito especial, a começar pelo surpreendente formato, em forma de carteira”, refere.

A escolha deste formato é facilmente explicada por Gonçalo Lobo Pinheiro. “Este formato de carteira serve precisamente para manter as fotos perto de mim, perto de si que compra o livro, assim como quase todos nós, que levamos fotos dos nossos queridos familiares connosco, na carteira”, explica, acrescentando que tem novo livro para ser lançado em Dezembro, que versará sobre fotografia de rua em Macau e terá uma edição mais ao estilo daquilo que vem habituando quem segue os seus projectos ou compra os seus trabalhos fotográficos.

“Close to Me”, que é o seu sexto livro editado, estará à venda por 150 patacas no website oficial do fotojornalista e em algumas livrarias de Macau e Portugal. O livro conta com o design da ilustradora Yang Sio Maan e tem a chancela da Ipsis Verbis.

10 Set 2024

Fotografia | “Somos!” vai reavaliar imagens de concurso

A Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa vai avaliar novamente as fotografias submetidas ao concurso “Somos Imagens da Lusofonia 2023/24: Em cada rosto, um legado colectivo”, devido a um erro informático que “permitiu a pré-selecção, e consequente admissão a concurso, de fotografias que não cumpriam a totalidade dos requisitos estipulados no regulamento desta quinta edição”, é revelado em comunicado.

A associação acrescenta, assim, que será feita “uma rigorosa reavaliação de todos os resultados inicialmente divulgados”, sendo “verificada manualmente a data de cada uma das imagens para aferir as que respeitam na íntegra o regulamento do concurso”, pelo que “as fotografias que não cumpram as regras estabelecidas terão de ser excluídas”.

Recorde-se que uma das regras era a submissão de imagens captadas entre 1 de Janeiro de 2022 e 31 de Dezembro de 2023 em países e regiões como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Goa, Damão e Diu.

Os resultados serão anunciados “oportunamente”. A “Somos!” afirma “reservar-se ao direito de reavaliar os critérios e condições de admissão em cada uma das suas edições, os quais ficarão inequivocamente expostos no regulamento e que deverão ser estritamente cumpridos, sob pena de as imagens não serem admitidas a concurso”.

2 Ago 2024

Fotografia | José Carvalho vence 5.º concurso da associação SOMOS

Já são conhecidos os vencedores da quinta edição do concurso de fotografia da associação Somos, intitulado “Somos – Imagens da Lusofonia”. José Carvalho venceu com uma fotografia tirado em Moçambique e que retrata a difícil situação política e humanitária em Cabo Delgado. Timothy Lima e Luís Godinho foram também premiados

 

José Carvalho é o grande vencedor do concurso de fotografia da associação Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa, intitulado “Somos – Imagens da Lusofonia”, que já vai na quinta edição e que, desta vez, teve como tema “Em cada rosto, um legado colectivo”. O concurso decorreu entre 20 de Maio de 2023 e 10 de Julho deste ano.

O fotógrafo português venceu com um retrato tirado em Moçambique que personifica a tragédia humana vivida no Norte desse país, na sequência de ataques terroristas na província de Cabo Delgado. Timothy Lima e Luís Godinho completam o trio de premiados, com fotografias da Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, respectivamente.

A imagem de José Carvalho tem como título “A caminho de sítio nenhum”, e remete, segundo um comunicado da Somos!, para os “graves problemas vividos no norte de Moçambique, local em contínua mutação devido aos ataques armados recorrentes na província de Cabo Delgado, imputados ao grupo terrorista Daesh, que têm provocado a fuga em massa da população local. A Ilha de Moçambique acaba por ser o refúgio de muitas das famílias deslocadas”.

Na imagem de José Carvalho surge Manila, menina de 15 anos. “Na sala onde aprende a costurar com o avô, Ali, a menina de 15 anos surge no centro da fotografia a olhar para trás com um semblante apreensivo, iluminado pela cor bordô do seu hijabe. Este retrato de grande beleza estética, que ganha especial força pelo contraste luz e sombra que ilumina a face de Manila e espelha a sua alma e o legado que carrega, demonstra que o fotógrafo consegue aliar a destreza técnica e a boa composição à revelação da complexidade da natureza humana”, descreve a associação.

O primeiro prémio no concurso rendeu a José Carvalho dez mil patacas. O segundo prémio, no valor cinco mil patacas, foi conquistado pelo português Timothy Lima, autor da fotografia “Filhos da Luz”, captada no contexto de uma missão humanitária à Guiné-Bissau. O retrato de duas crianças a comerem num banco de rua, na região de Bolama, traduz o triunfo da esperança sobre a pobreza extrema e adversidades.

Já o português Luís Godinho, recebeu o terceiro prémio, no valor de 3.500 patacas, com a fotografia intitulada “São Tomé e Príncipe”, que pretende demonstrar a alegria sentida pelas crianças desse pequeno país, que tem uma população jovem cada vez mais instruída.

Segundo a organização, o retrato é de uma menina que, depois de ter chegado da escola e ajudado a sua mãe nas tarefas diárias, se deita a relaxar à sombra, numa antiga roça em São Tomé, num contraste de luz e sombra que dá dimensão ao seu estado de espírito”.

Menções honrosas

O concurso da Somos! atribuiu também três menções honrosas, através de certificado, a três concorrentes. São eles Jorge Bacelar, de Portugal, com “Momento de descanso”, que é “um retrato de um agricultor, sentado ao lado de uma das suas vacas de raça marinhoa e com os seus cães”. Bruno Pedro, também de Portugal, foi distinguido pela imagem “Paz em Cabo Delgado”, que é “o retrato de uma menina a sorrir no coração do bairro mais antigo de Pemba (Paquitequete), na província moçambicana de Cabo Delgado, que, segundo a organização, “mostra a capacidade humana de encontrar alegria mesmo nas circunstâncias mais difíceis”.

Destaque ainda para as menções a Raphael Alves, do Brasil, com a fotografia “Milena Kukama”, o retrato da líder indígena que sorri no meio das manifestações de povos indígenas em Manaus, Amazonas, Brasil.

A organização do concurso dá conta que foram submetidas mais de 200 imagens “com elevada qualidade”, tendo o painel de jurados sido composto por fotojornalistas que trabalham em Macau, Portugal, Brasil e Angola, tendo sido presidido por Gonçalo Lobo Pinheiro, representante da Somos – ACLP.

Este destaca, citado pelo mesmo comunicado, a “qualidade das imagens submetidas a concurso”, com mais uma “edição recheada de grandes imagens”.

“Este ano, com o tema centrado no retrato, o grande vencedor acabou por ser o fotojornalista português José Carlos Carvalho com um fantástico retrato captado em Moçambique. Em nome do júri, quero agradecer a todos os participantes que, ano após ano, são cada vez mais em número. Parabéns aos vencedores.”

No dia 27 de Setembro será inaugurada no Albergue da Santa Casa da Misericórdia uma exposição com os retratos vencedores do concurso e mais 40 imagens seleccionadas dos participantes.

Além disso, em jeito de celebração dos cinco anos do concurso, será editado um catálogo que reúne as melhores imagens das edições do concurso realizadas até este ano.

Trata-se de “imagens que capturam a essência e a diversidade do mundo lusófono, revelando a conexão humana e cultural que une Macau e os países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], servindo este catálogo de registo e de suporte para memória futura, no âmbito destas relações”, é descrito na mesma nota.

30 Jul 2024

Fotografia | Nona edição da revista “Halftone” lançada hoje

São muitos os que colaboram para mais uma edição da revista “Halftone”, publicação dedicada a mostrar o trabalho fotográfico realizado de forma profissional ou amadora no território. A revista, editada pela associação com o mesmo nome e que conta com diversos colaboradores, é hoje lançada na Fundação Rui Cunha

A associação Halftone apresenta hoje, a partir das 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC), a edição número nove da sua revista com os trabalhos de André Ritchie, arquitecto; Cecília Ho, Mide Plácido, José Luís Sales Marques, ex-presidente do Instituto de Estudos Europeus; Joana de Freitas, jornalista; e Haozheng Wu. A apresentação da sessão fica a cargo do fotógrafo Alan Ieon e contará com a presença de alguns membros.

A nova edição revela o trabalho destes seis fotógrafos, que abrangem um espectro fotográfico desde a fotografia documental até à expressão artística, a cores ou a preto-e-branco.

“Através da variada e rica tapeçaria de trabalhos fotográficos apresentada nesta edição #09, podemos explorar a forma como a fotografia incorpora a essência das diferentes formas de arte e narrativas culturais. Aaron Scharf, em ‘Arte e Fotografia’, afirma que ‘a fotografia sempre desempenhou um papel na expansão e enriquecimento da linguagem da arte’”, refere, citada num comunicado da FRC, a equipa editorial formada por Alan Ieon, João Palla Martins, Nuno Tristão, Sara Augusto e Stephan Nunes, no texto introdutório da publicação.

Da diversidade

A diversidade de olhares e de abordagens na arte fotográfica é o que tem vindo a caracterizar os membros da Halftone desde a sua criação em 2021. Esta publicação é mais uma prova de que não há fronteiras na fotografia, desde que cada imagem seja “escrita com luz”, descreve a FRC.

“Esta perspectiva reforça a ideia de que os fotógrafos, ao expandir e sobrepor estas linguagens simbólicas, têm a oportunidade de transcender a representação visual imediata e imbuir os seus projectos com níveis elevados de ressonância cultural e significado social.

As diferenças nas abordagens tecnológicas, nos temas e nos estilos estéticos realçam ainda mais a capacidade da fotografia para reflectir a natureza multifacetada da experiência humana, solidificando o seu estatuto como uma forma de arte dinâmica e profunda”, refere ainda a equipa editorial.

A Halftone é uma associação cultural, sem fins lucrativos, criada em Macau, que tem por objectivo a promoção da fotografia contemporânea em todas as suas vertentes. Trata-se de uma associação inclusiva e abrangente, e está aberta a todos aqueles que tenham interesse na fotografia como expressão artística ou documental, independentemente da sua experiência ou da sua prática. Por isso, propõe-se promover o trabalho fotográfico dos seus associados, bem como organizar exposições, publicar uma revista, livros e monografias, organizar debates e desenvolver projectos pedagógicos e educativos.

16 Jul 2024

Fotografia | Roberto Badaraco protagoniza exposição sobre natureza de Macau

O fotógrafo macaense Roberto Badaraco é o autor da próxima exposição de fotografia patente no Auditório do Carmo, junto às Casas Museu da Taipa, com organização do Instituto Internacional de Macau (IIM). Trata-se da mostra “Natureza de Macau: Aves e Flores”, que será inaugurada no dia 5 de Junho a partir das 18h30.

Conhecido por “Bobby”, Roberto Badaraco é, desde a infância, um entusiasta da fotografia. Depois de se reformar da Polícia Judiciária, após uma carreira de mais de 30 anos, o macaense passou a dedicar-se quase inteiramente às imagens, nomeadamente fotografias sobre a natureza.

Segundo o IIM, “as flores e os pequenos insectos constituem o seu especial interesse”, sendo que “de há uma década para cá as aves têm também atraído a sua atenção”. Roberto Badaraco tem partilhado muito do seu trabalho nas redes sociais, destacando que prefere fazer fotografia para os mais próximos.

O seu trabalho já foi exposto em diversos locais, nomeadamente durante o Encontro dos Macaenses em 2016, também numa iniciativa do IIM. Esta nova exposição “pretende não só promover esta arte, na pessoa e na obra de um natural da terra, como também divulgar a rica variedade de aves que existe em Macau, de um conjunto de mais de 400 espécies, bem como as suas características distintas da natureza”.

A Fundação Macau apoia financeiramente esta iniciativa, sendo que o trabalho de identificação das espécies de aves presentes nas fotografias expostas teve o apoio do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). A exposição estará patente até ao dia 14 de Junho deste ano.

16 Mai 2024

Foshan | Nova exposição com trabalhos de fotógrafos de Macau

“The Land of Transcendence” é o nome da nova exposição de fotografia em Foshan que junta profissionais ligados a Macau. Nomes como João Miguel Barros, Francisco Ricarte ou António Duarte Mil-Homens juntam-se a Xu Pei Wu, Xu Nochuan, Yan Chen, Yu Tao e Ye Xiangang para exibir as imagens de um projecto com um cunho internacional

 

É mais um episódio na carreira de João Miguel Barros como fotógrafo e também na curta vida da galeria Art on Space em Foshan, sobretudo na ligação com artistas e fotógrafos internacionais. “The Land of Transcendence” [A Terra da Transcendência] é a nova exposição patente na cidade chinesa de Foshan a partir deste sábado e até 19 de Maio. João Miguel Barros foi convidado a participar como autor pelos curadores Iion Ho e Wing Wong, apresentando, ele próprio, um tríptico de imagens, ao lado de nomes bem conhecidos da fotografia de Macau, como é o caso do também arquitecto Francisco Ricarte e António Duarte Mil-Homens, que recentemente comemorou, no festival literário Rota das Letras, 50 anos de carreira.

Numa publicação da autoria dos curadores da exposição publicada no WeChat, lê-se que esta mostra “apresenta a fotografia como um meio que transcende o eu individual, explorando o significado filosófico da fotografia em relação ao eu sem forma e com interconexão de todas as coisas”.

Desta forma, o público é convidado a entrar “numa realidade que vai além da realidade concreta”, que “explora temas profundos da emoção humana, da realidade social e da paisagem natural, permitindo experimentar uma sensação de beleza e poder que transcende o eu”.

Olhares e alucinações

Barros escolheu para esta iniciativa o tríptico “Entre o Olhar e a Alucinação” [Between Gaze and Hallucination”, com cães no paredão deserto, que se apresentam no formato original.

Na descrição das imagens fala-se do “paredão imenso, cheio de pessoas, numa quantidade por vezes insuportável, outras nem tanto, mas quase sempre cheio”, enquanto os animais, “alguns de estimação, outros, vadios”, vagueiam junto a esse paredão, anónimos, perdidos, observadores.

“Hesitei na proposta a apresentar, mas acabei por voltar às origens, tal como fiz no início do meu mais recente livro, ‘Incidental Moments’. Sei que há uma variedade de propostas, e sei que também vão estar patentes trabalhos de Xu Pei Wu, que neste momento tem uma fantástica exposição em Macau, na Casa Garden, sobre os lugares percorridos por Li Bai [poeta chinês]. É algo que, só por si, é razão de qualidade deste projecto”, contou.

Esta é, para Barros, uma “exposição de ‘individualidades'” dentro de um colectivo, onde as imagens de Francisco Ricarte ou António Mil-Homens são bastante diferentes.

No caso de Francisco Ricarte, a participação faz-se pela via das imagens intituladas “EmCasa / HomeLand” # 1 & #2″, que não é mais do que uma “invocação emocional e visual introspectiva dos territórios” redescobertos pelo autor nos últimos cinco anos em viagens realizadas em Portugal.

Trata-se de “registos de um tempo e de um espaço imprecisos”, onde se regista “não só o que se vê, mas também o que se sente”.

Ligações e conexões

“Land of Transcendence” é a mostra que marca a segunda colaboração de Barros com a Art on Space. Da primeira vez, houve não só uma colaboração com o fotógrafo e advogado português, radicado há vários anos em Macau, como também uma ligação à associação local Halftone que, assim, também transpôs as fronteiras do pequeno território.

“Correu muito bem e [a colaboração] suscitou muita curiosidade”, declarou João Miguel Barros ao HM. “A galeria tem tido a preocupação de juntar nas exposições que organiza nomes internacionais com artistas chineses. Como é um espaço novo, a capacidade de captação ainda é limitada, vivendo muito do dinamismo da sua curadora e proprietária. Essa preocupação tem o sentido de permitir diálogos multiculturais e a troca de experiências que não podem deixar de se louvar.”

Para João Miguel Barros, Macau, ao ser um espaço multicultural por excelência, como também a associação Halftone, são lugares “de recrutamento importante” em termos de autores e artistas participantes. Coube aos curadores chineses a decisão de incluir imagens de Francisco Ricarte e Mil-Homens, além do tríptico de João Miguel Barros.

Apesar de considerar que esta relação não é ainda significativa para uma verdadeira internacionalização do universo fotográfico de Macau, a verdade é que, segundo o fotógrafo “os artistas de Macau precisam de sair deste espaço minúsculo”, sendo que alguns “têm-no feito pelo esforço e méritos individuais”.

João Miguel Barros entende também que “as instituições de Macau têm feito pouco pela fotografia, podendo fazer bastante mais com uma verba pouco significativa”. “A fotografia é uma forma de arte que atrai muita gente e que é muito popular. Bastava que o Instituto Cultural alocasse um espaço ou galeria só vocacionado para a fotografia, que permitisse mostrar o trabalho de gente nova e onde se fizessem exposições de artistas consagrados, com um programa curatorial dividido por pessoas de várias comunidades. Este espaço podia ser um bom impulsionador para levar a fotografia de Macau para o exterior”, sugere.

Barros fala sobretudo da falta de uma “visão estratégica” ou uma “dinâmica acertada com os grandes centros internacionais” para que isso não tenha ainda acontecido. “Gastam-se rios de dinheiro em exposições que por vezes não têm o retorno adequado em termos de relevância social e que servem apenas para inscrever acções no programa de actividades do Governo. E com muito menos dinheiro poder-se-ia fazer muitas outras coisas e ter mais eficácia na afirmação de artistas de Macau”, remata.

21 Mar 2024

Fotografia | MAM revela trabalho de Candida Höfer “Olhar Épico”

“Candida Höfer – Olhar Épico” é a nova exposição de fotografia acolhida pelo Museu de Arte de Macau a partir da próxima terça-feira. Esta é a oportunidade para o público admirar 60 imagens da fotógrafa alemã, um dos grandes nomes da fotografia contemporânea

 

O Instituto Cultural (IC) promove, a partir da próxima terça-feira, 5, uma nova mostra de fotografia acolhida pelo Museu de Arte de Macau (MAM). Trata-se de “Candida Höfer – Olhar Épico”, que revela um total de 60 obras fotográficas da fotógrafa contemporânea “de renome mundial”, aponta o IC em comunicado.

No primeiro andar do MAM poderão ser vistos “trabalhos representativos das últimas duas décadas e alguns dos seus trabalhos mais recentes”, que são uma apresentação “de diferentes tipos de arquitectura cultural ocidental em diferentes períodos”. Desta forma, pretende-se que o público possa “reflectir sobre a forma como estes espaços continuam a moldar e a influenciar a memória colectiva das gerações vindouras”.

Candida Höfer é considerada uma das mais importantes fotógrafas conceptuais da segunda metade do século XX, tendo vencido vários prémios internacionais, incluindo o Prémio de Belas Artes de Colónia, o Prémio de Extraordinária Contribuição para Fotografia dos Sony World Photography Awards e o Prémio Lucie de Mérito em Arquitectura.

Ainda segundo o IC, Höfer é conhecida pelas suas perspectivas ortogonais, ao nível dos olhos, e por fotografar interiores arquitectónicos de espaços públicos desprovidos da presença humana.

Assim, esta mostra “apresenta uma selecção variada de obras da autoria de Höfer criadas ao longo dos últimos 20 anos”, organizando-se em seis temas principais, nomeadamente “Passagens”, “Teatros”, “Museus”, “Bibliotecas”, “Visão do Mundo” e “Obras Inéditas”. A mostra é ainda complementada pela projecção do vídeo intitulado “Espaços Silenciosos”, que se destina a “inspirar os espectadores a reflectir sobre o significado destes espaços que manifestam a fé religiosa, a estética e o espírito cultural”.

Arte do diálogo

Além da mostra propriamente dita, o MAM organiza ainda duas sessões com o público sobre a obra da autora, a decorrer no auditório do museu. Uma das palestras intitulada “Candida Höfer: Diálogo Artístico em Macau”, decorre em inglês no dia 6, quarta-feira, entre as 19h e as 20h. Nesta sessão, a fotógrafa irá apresentar “as ideias criativas e as técnicas fotográficas da artista e os significados das suas obras, através do intercâmbio e diálogo com o crítico de arte Herbert Burkert e os curadores João Ó e Rita Machado”.

Por sua vez, no dia 9 de Dezembro, entre as 16h e as 17h, João Ó e o fotógrafo local Wong Ho Sang apresentam as suas ideias sobre a relação entre fotografia e arquitectura em cantonense e inglês, numa conversa intitulada “Fotografia x Arquitectura: Diálogo sobre o Mundo da Arte de Candida Höfer”. Estas sessões estão sujeitas a lugares limitados e a inscrições na plataforma da “Conta Única de Macau”.

“Candida Höfer: Olhar Épico” pode ser vista no MAM até ao dia 3 de Março do próximo ano, estando disponíveis visitas guiadas em chinês aos sábados, domingos e feriados a partir do dia 16 de Dezembro, sempre às 15h.

1 Dez 2023

Fotografia | “Seeing the Light” é o novo livro de Francisco Ricarte

“Seeing the Light”, novo livro de fotografia de Francisco Ricarte, foi apresentado no domingo no festival literário Rota das Letras, que já terminou. A obra debruça-se sobre a importância da luz na fotografia. Ao longo de 80 páginas e 60 fotografias o autor materializa “um exercício de complementaridade e confronto”

 

O arquitecto Francisco Ricarte, que passou a fazer da fotografia um novo modo de vida, lançou no domingo, no festival literário Rota das Letras, um novo livro de fotografia, intitulado “Seeing the Light” [Vendo a Luz]. Ao HM, o autor revelou que a obra incide sobre um tema que o tem “fascinado na prática fotográfica e pesquisa estética – a luz”. A luz “pode ser entendida sob uma perspectiva metafórica – ver a luz, no sentido de entender ou compreender algo – ou “real”, designadamente se aplicada à fotografia, por nos permitir visualizar, ou tornar evidente o que nos rodeia”.

Além disso, frisou o autor, a luz pode “no sentido inverso, pela sua ausência, obscurecer ou esconder o que nos envolve”. Nas 80 páginas que contêm 60 imagens, reúne-se “um conjunto de registos elaboradas nos últimos três anos”, que mais do que se focar em “espaços ou objectos visíveis”, mostram o que Francisco Ricarte considera ser “a essência da luz e a sua identidade na fotografia: cromatismo, textura, ambiência, por exemplo, quer esta seja de origem natural, quer artificial, como reflectido no livro”. “A luz prevalece e sobrepõe-se relativamente ao objecto, aparentemente fotografado”, adiantou.

Uma diferença de lugares

O livro “Seeing the Light” lida “com espaços de natureza diferenciada, num possível equilíbrio entre locais naturalizados e estruturas edificadas, entre espaços de sacralidade e outros de mundanidade, ou ainda entre matérias perenes e outras de grande fragilidade”, disse o fotógrafo.

Relativamente à paginação da obra, “assume o negro como matéria essencial da luz”, visando “propor ao leitor diálogos visuais entre claridade e obscuridade, uma visão abrangente e visão sectorial, ou ainda a sua percepção pontual que nos faz adivinhar o que não é óbvio ou, aparentemente, visível”.

O autor entende que o livro de fotografia lançado no domingo funciona como um “exercício de complementaridade e de confronto entre o que nos é dado ver e aquilo que nos é dado intuir na fotografia”.

No lançamento da obra, Francisco Ricarte revelou que “há muito persegue o desafio da percepção da luz e dos seus significados através da fotografia”. O autor tenta entender essa luz através da fotografia também “como um sentido de iluminação e auto-expressão”.

Nascido em 1955, Francisco Ricarte tem exercido arquitectura no território nos últimos anos, depois de se mudar para Macau em 2006. Sempre se mostrou fascinado pela Ásia e tem trabalhado, através da fotografia, temáticas como a identidade, lugar, memória, cultura visual, literatura e poesia. Pertencendo à Associação Fotográfica de Macau, responsável pelo lançamento da revista “Halftone”, Francisco Ricarte participou em diversas exposições colectivas e individuais, nomeadamente “At Home”, apresentada no ano passado na galeria da Residência Consular, ou “ASIA.FAR”, exposta na Casa Garden, da Fundação Oriente. O livro “Seeing the Light” já foi apresentado em Portugal.

17 Out 2023

Fotografia | “Wing Shya +853”, uma mostra para ver na GalaxyArt

Fotografia, arte, cinema e moda conjugam-se no trabalho de Wing Shya, fotógrafo e cineasta de Hong Kong. A exposição “Wung Shya +853”, que pode ser vista até 29 de Dezembro na galeria GalaxyArt, tem Macau como o principal foco da lente do artista

 

A galeria GalaxyArt acolhe, até 29 de Dezembro, a primeira exposição individual do conhecido realizador de cinema e fotógrafo de Hong Kong Wing Shya, intitulada “Wing Shya +853 – Momentos em Macau”. Com curadoria de Sean Kunjambu, colaborador de longa data do fotógrafo, e apoiado pela revista Vogue de Hong Kong, a exposição sugere “uma viagem a Macau através da justaposição de cores vibrantes e intensas de décadas passadas com as paletas tranquilas e serenas das obras actuais de Shya”, refere a Galaxy.

Joanna Lui Hickox, directora executiva da GalaxyArt, considera que esta mostra vai de encontro “às convicções e intenções originais” da operadora de jogo em “organizar várias exposições com o compromisso de apoiar o desenvolvimento diversificado da cultura local, arte, desporto e turismo em Macau”. A responsável espera que quem visite a exposição possa ver “um lado diferente de Macau através da objectiva de Wing Shya”.

“Wing Shya +853 – Momentos em Macau” inclui três zonas diferentes que dispõem de efeitos multimédia e proporcionam “experiências imersivas” aos visitantes. Além de se apresentar uma selecção de fotografias de arquivo de Shya tiradas em Macau, a mostra tem ainda como destaques a criação de Shya e Kunjambu para a Vogue de Hong Kong, protagonizada pelo actor da série sul-coreana “Squid Game”, Lee Jung Jae, fotografado na Casa do Mandarim, um dos monumentos classificados como Património Mundial da UNESCO.

A exposição contém ainda imagens de arquivo tiradas por Shya a figuras icónicas da indústria cinematográfica, incluindo a actriz chinesa Gong Li, Gwei Lun-Mei, Du Juan e Huang Xiaoming.

Os mundos de Shya

Nascido na década de 1960 em Hong Kong, Wing Shya é um artista versátil que transita entre os domínios do cinema, arte, design e moda. Depois de completar os estudos em belas-artes no Canadá, o artista fundou o aclamado estúdio de design “Shya-la-la Workshop”. Em 1997 Shya iniciou a colaboração com o famoso realizador de cinema Wong Kar-Wai no filme “Happy Together”, parceria que estava destinada a continuar nas películas “In the Mood for Love”, “Eros” e “2046”.

Anos mais tarde, Wing Shya decidiu aventurar-se pelo mundo do cinema, tornando-se realizador e trabalhando em diversos videoclipes de músicos como Jacky Cheung e Li Yuchun. Além disso, o seu trabalho incidiu também na produção de vídeos de arte e publicidade em colaboração com diversas marcas do mundo da moda e da alta-costura, nomeadamente a Yves Saint Laurent. Wing Shya conseguiu ainda um grande êxito de bilheteira com a película “Hot Summer Days”.

Nos últimos anos, o artista tem colaborado com instituições e organizações de arte de renome internacional, como o Museu Mori Art em Tóquio, o Museu V&A no Reino Unido, a Galeria Louise Alexander em Itália e a Galeria +81 em Tóquio e Nova Iorque.

10 Out 2023

Fotografia | Edgar Martins distinguido nos International Photography Awards

O fotógrafo Edgar Martins, ex-residente em Macau actualmente radicado no Reino Unido, acaba de vencer mais um prémio internacional. Desta vez foi considerado o melhor fotógrafo na categoria de filme nos International Photography Awards nos Estados Unidos, distinção que no mesmo patamar de prestígio e importância que os prémios Sony, que em Abril deste ano distinguiu Edgar Martins como o fotógrafo do ano.

Nesta competição, Edgar Martins venceu na categoria de “Filme / Retrato Analógico” com uma selecção de imagens intitulada “Our War” [A Nossa Guerra], retiradas do novo projecto “Anton’s hand is made of guilt, no muscle or bone. He has two clinically depressed fingers and an angry thumb”.

Zhai Honggang, membro do júri, considerou que, neste trabalho, Edgar Martins “usa imagens ricas para expressar o seu tema”, além de que “cada fotografia é excelente e tem um elevado nível de conclusão”. Já Angelika Hala defende que se trata de uma série de imagens que ligam “lugares e pessoas dos últimos dias de vida de um amigo”, sendo um trabalho “triunfante na sua memória colectiva, memorializando uma existência, criando um monumento”.

Amizade e mistério

“Produzido na Líbia e no Norte de África, o meu trabalho tem como ponto de partida uma investigação especulativa sobre a morte e o desaparecimento do meu amigo próximo, o fotojornalista Anton Hammerl, durante a guerra da Líbia em 2011. Os seus restos mortais estão desaparecidos até aos dias de hoje”, descreve Edgar Martins.

Desta forma, “ao reconstituir os passos de Anton, os locais que visitou e onde encontrou o seu fim, ao interagir com as pessoas que conheceu ou fotografou e com outras pessoas envolvidas ou afectadas pelo conflito (combatentes, civis, dissidentes líbios escondidos), ao procurar intersecções significativas entre as nossas viagens, consegui pôr-me na sua pele, mesmo que momentaneamente”, acrescentou. De frisar que a entrega do prémio dos International Photography Awards decorre dia 30 de Outubro no Carnegie Hall, em Nova Iorque.

Este mesmo projecto sobre o desaparecimento de Anton Hammerl levou Edgar Martins a vencer na categoria “Juror’s Choice”, ou seja, o favorito do júri, nos Hariban Photography Prize, mais especializado e virado para a fotografia artística.

25 Set 2023

Fotografia | Livro “O que foi não volta a ser…” arrecada bronze em concurso

O mais recente livro do fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro “O que foi não volta a ser…” foi distinguido com Bronze na categoria de Livros Documentais na edição deste ano dos prémios “PX3 – Prix de La Photographie Paris”.

O livro, publicado em Novembro de 2022 e que já vai na sua segunda edição, revela o último projecto documental fotográfico. “O que foi não volta a ser…” é o resultado de um trabalho de mais de um ano em que o autor, radicado em Macau há 13 anos, procurou adquirir ou pedir emprestado fotografias antigas de Macau, captadas a preto e branco, entre os anos de 1930 e 1990, em diversos formatos.

Gonçalo Lobo Pinheiro recorda, uma vez mais, que fazer este trabalho não foi fácil, por inúmeras razões. “Estou muito feliz. É um concurso de fotografia importante, com muita visibilidade. Sempre disse desde que findei o projecto que não tinha sido fácil executá-lo, por isso, esta distinção deixa-me muito contente”, começou por dizer.

“Adquiri as fotografias em leilões, na Internet, a particulares, em lojas e até em Portugal. Poucas me foram dadas ou emprestadas. Aliás, acabei por fazer, por diversas vezes, vários apelos nas redes sociais para ter em minha posse imagens antigas de Macau, o que não aconteceu. As pessoas saudavam a iniciativa, mas quase ninguém me disponibilizou imagens. E depois, claro, estávamos em plena pandemia de Covid-19”, lamentou.

Livro bem recebido

O autor destaca o facto de o livro ter tido uma “óptima recepção” por parte das pessoas, algo que, assume, “não esperava” apesar de considerar que o tema e a abordagem “são atractivos”. Macau mudou muito nos últimos anos, é certo. “Imaginem fotografias captadas há 70 ou 80 anos. E agora, o que fazer com elas? Se, por um lado, ainda é possível recriar alguns cenários, por outro lado, é impossível obter pontos de contactos noutras fotografias, porque simplesmente as coisas já não existem no território. Tudo mudou. Por isso, na grande maioria dos casos, o que foi não volta a ser”, referiu, deixando a porta aberta para fazer nos próximos anos uma espécie de segundo volume do projecto com fotografias novas.

O livro, patrocinado pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU) e pela Fundação Rui Cunha, tem o prefácio da jurista e política portuguesa Maria de Belém Roseira, antiga Ministra da Saúde e Ministra para a Igualdade, igualmente deputada à Assembleia da República Portuguesa, que passou por Macau durante os anos de 1980, onde foi administradora da TDM – Teledifusão de Macau.

No mesmo concurso, Gonçalo Lobo Pinheiro arrecadou ainda uma menção honrosa na categoria Reportagem de Imprensa com o trabalho “O Último Tributo” que mostra a despedida da população de Macau à Rainha Isabel II na Capela Morrison, localizada junto ao Cemitério Protestante, publicado no jornal Ponto Final e na revista Macau Closer.

20 Ago 2023