Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Imagens de Macau no Grémio-Clube Sesimbrense Inaugurou, no último sábado, uma nova exposição de imagens de Macau da autoria de Jorge Veiga Alves, antigo residente no território. Ao todo são 30 imagens que mostram a Macau do antigamente e que podem ser vistas no Grémio-Clube Sesimbrense Chama-se “À Procura de Macau” e é o nome da nova exposição de fotografia da autoria de Jorge Veiga Alves, economista reformado e fotógrafo amador que viveu no território nos anos 80 e 90. Inaugurada no sábado, no Grémio-Clube Sesimbrense, entidade sócio-cultural em Sesimbra, onde vive actualmente Jorge Veiga Alves, a mostra apresenta um total de 30 imagens que, muitas das vezes, revelam elementos sociais e urbanos que já desapareceram do dia-a-dia da cidade. A exposição pode ser visitada até 22 de Junho. “À Procura de Macau” já esteve patente no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) em Lisboa, sendo que grande parte das imagens estão incluídas em duas exposições digitais permanentes do CCCM e Fundação Macau, com o mesmo nome. De frisar, que a mostra digital do CCCM conta com fotografias mais actuais, capturadas por Jorge Veiga Alves em Macau nos anos de 2005 e 2016, quando o fotógrafo visitou o território. O HM conversou, em Dezembro do ano passado, com Jorge Veiga Alves sobre as imagens que capturou ao longo dos anos, tendo este declarado que, acima de tudo, este espólio fotográfico constitui um exercício de memória da Macau antiga. “Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Mas andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.” Captar vivências Profissionalmente, Jorge Veiga Alves foi director de um departamento da Autoridade Monetária e Cambial de Macau entre 1986 e 1994, sendo que, nesse período, se dedicou a fotografar as ruas de Macau e as suas vivências nas horas vagas. A pandemia trouxe-lhe a oportunidade de trabalhar no restauro e digitalização das suas fotografias e filmes analógicos. Um dos exemplos da Macau antiga que pode ser encontrada nas imagens de Jorge Veiga Alves é os estaleiros navais de Lai Chi Vun, em Coloane, espaço actualmente em fase de recuperação por parte das autoridades. “Tenho muitas imagens sobre a construção naval nos estaleiros, e essa é uma actividade que já não existe”, adiantou o fotógrafo. Em relação ao espaço de exposição, o Grémio-Clube Sesimbrense existe em Portugal há 170 anos, tendo sido fundado em 1853 com o nome “Sociedade Philarmónica” e, depois, “Grémio Philarmónico Cesimbrense”. Neste espaço, a população podia assistir a concertos, peças de teatro, bailes, palestras e conferências. Actualmente o Grémio dedica-se a promover actividades de cariz sócio-cultural.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Exposição de Pamela Chan abre “Quinteto de Arte” O programa anual da ARK – Associação de Arte de Macau inaugura com a exposição de fotografia de Pamela Chan, intitulada “Back to Basic”, onde se exploram os meandros das ruas mais tradicionais de Macau. Entre Maio e Setembro, a ARK proporciona a oportunidade de ver o trabalho de cinco artistas locais Pamela Chan, embaixadora cultural e vice-presidente da Associação Cultural Vila da Taipa, inaugurou, no sábado, a sua nova exposição de fotografia, intitulada “Back to Basic”, e que pode ser vista até 18 de Junho no Café Voyage, situado na Rua do Padre António Roliz. “Back to Basic”, com imagens do lado mais icónico e tradicional de Macau, com as suas ruelas e becos antigos, dá o pontapé de saída ao programa anual da ARK – Associação de Arte de Macau, que revela o trabalho de cinco artistas locais inspirado na filosofia dos cinco elementos – Metal, Madeira, Água, Fogo e Terra. O programa intitula-se “Quinteto de Arte”. Assim, o trabalho de Pamela Chan traz-nos a sua visão de “Terra”, observando-se, nas imagens, os bonitos pavimentos que povoam as ruas de Macau ou as suas paredes cheias de cores, entre outros símbolos. Com o elemento Terra temos as ideias de estabilidade, lentidão, permanência ou solidez, remetendo para um estilo de vida calmo e tranquilo, com bases sólidas. Pamela Chan pega nestas ideias para revelar fotografias que mostram as suas raízes, uma vez que nasceu e cresceu em Macau, lugar marcado pela interculturalidade e pela presença das culturas chinesa e portuguesa, que coexistem num pequeno território. Daí que as imagens de Pamela Chan remetam para uma urbanidade onde o antigo e o novo se confundem, sempre com pedaços de história por detrás. “Através de diferentes cenários realistas, Pamela dá-nos uma sensação de vida no presente, seguindo o nosso coração e mantendo uma vivência plena, deixando que os pensamentos se transformem em atitudes e no ritmo das nossas vidas”, explica a ARK. As fotografias de Pamela Chan retratam ainda um território que, apesar do enorme desenvolvimento urbano que sofreu nos últimos anos, soube manter “a harmonia entre a natureza e a cultura, algo que se reflecte na paisagem e arquitectura da cidade, bem como no estilo de vida das pessoas e na preservação cultural” em matéria de património. Quinteto maravilha Não são ainda conhecidos os restantes quatro artistas que farão parte do “Quinteto de Arte” proposto pela ARK. Mas a verdade é que este programa pretende “mostrar a diversidade criativa dos artistas em torno dos cinco elementos com uma multitude de interpretações e meios artísticos”, levando também à ocorrência de “um intercâmbio artístico entre os artistas e o público através das mensagens transmitidas pelas obras de arte. Assim, embora a fotografia seja o meio escolhido para inaugurar este quinteto, poderão ser esperadas outro tipo de manifestações artísticas. A ARK, além de organizar exposições, propõe-se ainda criar seminários e workshops, a fim de estabelecer um canal de comunicação entre o mundo da arte e os residentes, revelando o melhor do talento local.
Hoje Macau EventosCreative Macau | Mostra de fotografia a partir de amanhã A Creative Macau apresenta, a partir de amanhã, uma nova exposição, desta vez de fotografia, intitulada “Capture the Light and Images [Capturar a Luz e a Imagem], com trabalhos de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, André Lui, Leo Fan, Alan Ieong, Alex Chao Io Chong e Stefan Nunes. A mostra pode ser vista até ao dia 6 de Maio. Esta pretende ser uma mostra com temas diversos, um reflexo da chamada “fotografia contemporânea”, que começou a desenvolver-se a partir dos anos 60 do século XX, retratando a vida real diária das pessoas. Assim, os seis fotógrafos “trazem muitas histórias que intersectam em si várias linguagens que emergem de espaços temporais comuns, em composições de luz e sombra, associados aos espaços físicos existentes e abstracções do imaginário”. São espelhadas “questões sociais, momentos íntimos ou expressões de retrato”, numa tentativa do fotógrafo em comunicar e “transmitir algumas singularidades da sociedade”. A nota da Creative Macau aponta ainda que a fotografia “documenta sempre verdadeiros momentos do nosso tempo, mas são escolhas do fotógrafo, cujas escolhas influenciam a nossa leitura que, mais tarde, diverge das definições do público”. A Creative Macau destaca também o papel que os smartphones têm desempenhado na área da fotografia, em que qualquer pessoa pode captar o imediato e publicar a imagem nas redes sociais ou em plataformas digitais. “Observar os trabalhos em exposição permite-nos distinguir a auto-expressão do artista, o estilo e a estética visual, dando-nos um enorme prazer em contemplar as imagens e os cenários que nos oferecem”, remata a mesma nota.
Hoje Macau EventosLivraria Portuguesa | Nova edição da Halftone lançada hoje O quinto volume da revista de fotografia Halftone será apresentado hoje, a partir das 17h, na Livraria Portuguesa. No novo número, a publicação da reúne trabalhos de Pascal Pun, Alexandre Marreiros, André Ritchie, João Miguel Barros e Nino Bártolo. Segundo a associação Halftone, os projectos apresentados são “de grande consistência pela sua forma particular de ver o mundo”. A publicação conta ainda com duas apresentações especiais. A primeira diz respeito ao projecto “Allegory of Dreams”, do colectivo YiiMa, grupo artístico formado em Macau por Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que representou Macau na Bienal de Veneza em 2022. A segunda apresentação, inserida na secção “Photobook peek-a-boo”, explora o surpreendente livro-álbum “Autoportrait” de Martin Parr, que teve a sua primeira edição em 2000, revisto e aumentado em 2016. Publicada desde 2021, a revista é produzida pela associação Halftone, com base em Macau, com o objectivo de promover a fotografia contemporânea nos seus mais diversos aspectos. A organização acrescenta que com o lançamento de mais uma edição, “a Halftone pretende continuar o trabalho de divulgação dos trabalhos dos seus associados, estando aberta a todos os que pretendam integrar o colectivo e divulgar os seus projectos”.
Andreia Sofia Silva EventosARTM | Exposição de fotografia de Lúcia Lemos inaugurada este domingo A galeria Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), inaugura, este domingo, a exposição de fotografia “20 Artistas de Macau”, da autoria de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau. Mais do que recordar um projecto exposto em 2001, este é também um exercício expositivo que celebra o Dia Internacional da Mulher Em 2001, tinha a RAEM pouco tempo de vida, Lúcia Lemos expôs 20 retratos de mulheres artistas de e a viver em Macau, como é o caso de Anabela Gralhados, Elisa Vilaça, Fernanda Dias, Margarida Cheung Vieira e Wong Lai Chi, entre outras. Entre a pintura, a performance ou as palavras, são várias as artes que dominam as mulheres destes retratos. Agora, 22 anos depois, é altura de estas imagens saíram da gaveta para onde voltaram e serem de novo expostas na galeria Hold On To Hope, em Ka-Hó, Coloane, espaço sócio-cultural gerido pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM). A inauguração acontece no domingo às 16h. Além de recordar um projecto antigo, esta mostra visa também celebrar o Dia Internacional da Mulher que se comemora na próxima quarta-feira. Lúcia Lemos mostrou o material à ARTM que prontamente disponibilizou o espaço para a exposição. No entanto, as fotografias não estarão à venda, por se tratar de “retratos pessoais”, contou Lúcia Lemos ao HM. “Na altura convidei várias mulheres, mas muitas não se quiseram expor porque é uma coisa muito pessoal. Uma das condições é que elas só veriam o seu retrato no dia da exposição, porque não queria nenhuma influência. Tive inteira liberdade e fiz por isso. Quis contribuir para a divulgação de muitas artistas que as pessoas, por vezes, não conhecem”, disse. Alguns nomes já deixaram Macau, outros permanecem, como é o caso de Elisa Vilaça, que continua a desenvolver um trabalho ligado ao teatro de marionetas com a Casa de Portugal em Macau. Neste projecto, Lúcia Lemos fotografou sempre com recurso ao analógico e usando diversas máquinas fotográficas, nomeadamente a Rolleiflex, Canon, Nikon, Pentax. O trabalho de edição das imagens foi feito no laboratório do artista Wong Ho Sang. Captar emoções Lúcia Lemos não sabe precisar porque decidiu fotografar apenas mulheres artistas. “Já fiz trabalhos com homens também, e com várias pessoas, e talvez um dia os exponha. Simplesmente interessou-me fazer um trabalho sobre mulheres, talvez por eu ser mulher e ter contacto com esse meio artístico. Não tem nada de particular. Algumas artistas foram fotografadas no local onde fazem a sua arte, como o estúdio, enquanto outras foram fotografadas em minha casa. É um trabalho de filme, analógico.” Na hora de fotografar foi dada total liberdade à pessoa fotografada para ser ela própria ou, por exemplo, criar um personagem para a câmara. “Elas sentavam-se, faziam o que lhes apetecia enquanto conversavam comigo, mas sempre quis captar um olhar que transmitisse o seu interior. Sempre quis captar as emoções”, rematou Lúcia Lemos. Estas imagens mostram ainda mulheres para quem a arte “tem uma importância maior para a sua vida”. “Algumas delas faziam parte da arte e do ensino da arte a sua profissão. Todas elas se libertaram na criação artística”, acrescenta-se numa nota, que diz que Lúcia Lemos ainda hoje “se revê nessas fotografias pela intuição estética e espontaneidade que apresentam”, por “gostar de ler nos olhos e gestos das pessoas e adivinhar o que lhes vai lá dentro”. Neste tipo de fotografia há sempre “uma tensão que define a obra e a torna especial”, pelo que Lúcia Lemos considera “o seu trabalho não convencional”. No final da mostra as fotografias poderão voltar ao seu lugar de origem ou ficar nas mãos da pessoa fotografada.
Andreia Sofia Silva EventosHold On to Hope | Fotografias de Gonçalo Lobo Pinheiro expostas de 5 a 26 de Fevereiro Mostrar a Macau antiga, mesclada com lugares do presente, é o mote da mostra de fotografia “O que foi não volta a ser”, do fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro. Depois da exposição inaugural na Fundação Rui Cunha, as imagens regressam à galeria Hold On to Hope, na antiga leprosaria de Ka-Hó a convite da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau “O que foi não volta a ser…”, exposição de fotografia de Gonçalo Lobo Pinheiro, poderá ser vista novamente na galeria Hold On to Hope, nas casas amarelas da antiga leprosaria de Ka-Hó, a convite da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), entre os dias 5 e 26 de Fevereiro. A inauguração acontece dia 5 de Fevereiro às 16h. De frisar que 50 por cento da venda das fotografias reverte para a ARTM. Esta exposição resulta de um trabalho desenvolvido pelo jornalista e fotojornalista durante mais de um ano, em que se estabelece um contraste entre o passado de várias zonas icónicas de Macau e o presente. Em cada imagem, surge uma fotografia antiga da mesma zona fotografada, podendo ver-se as alterações que o tempo e as transformações sócio-económicas ocorridas no território provocaram em cada local. Além da mostra, foi também editado um livro com o mesmo nome. O autor pretende, com este projecto mostrar as mudanças sofridas por Macau nos últimos 50 anos. Esta exposição, conforme disse Gonçalo Lobo Pinheiro, aquando da primeira inauguração na Fundação Rui Cunha, no final do ano passado, representa “um encontro entre o passado e o presente”. Sobre o regresso da mostra, Gonçalo Lobo Pinheiro disse ao HM que sempre teve o objectivo de tornar esta exposição itinerante, além de abraçar um projecto solidário. “Não vai ser possível colocar toda a exposição em Ka-Hó porque as molduras são muito grandes, mas uma grande parte estará exposta. É com muito orgulho que, uma vez mais, me junto à ARTM com um carácter solidário. O meu livro também estará à venda no local.” O fotojornalista adiantou ainda que está na fase de negociação para levar a mostra a Hong Kong e Portugal. Uma adaptação “A ideia, que não é pioneira no mundo, acaba por ser em Macau. E o entusiasmo começou por aí. Durante pouco mais de um ano fui recolhendo imagens antigas do território, captadas entre os anos de 1930 e 1990, a preto e branco, com diferentes formatos. Adquiri em leilões, na Internet, a particulares, em lojas e até em Portugal”, explicou. O fotojornalista diz ter sido “ambicioso nos primeiros meses de execução do projecto”. “Idealizei um trabalho final que contemplasse, pelo menos, 100 fotografias. Não consegui, assumo. Ou melhor. Consegui ter em minha posse cerca de 100 imagens, mas, dessas, apenas optei por editar e publicar 40, expondo 20”. E o autor explica que, se há cenários que ainda são reconhecíveis, outros simplesmente já não existem. “Tudo mudou. Por isso, na maioria dos casos, o que foi não volta a ser…”. Gonçalo Lobo Pinheiro é um fotojornalista português, nascido a 4 de Abril de 1979 e radicado em Macau há mais de 12 anos. Começou por estudar Engenharia Geológica, mas formou-se em Ciências da Comunicação, variante Jornalismo, na Universidade Autónoma de Lisboa. Passou por várias publicações portuguesas e estrangeiras como colaborador, incluindo A Bola, o I, o Público, Correio da Manhã, O Comércio do Porto, Expresso, Washington Post, BBC, The Guardian, entre outros. Em Macau ingressou no jornal Hoje Macau, onde trabalhou como redactor, fotojornalista e editor entre 2010 e 2014. Vencedor de vários prémios ao longo da sua carreira, publicou também diversos livros de fotografia. Actualmente faz parte da redacção do jornal Ponto Final e tem uma colaboração com a agência noticiosa portuguesa Lusa.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM inaugura hoje biblioteca e exposição de fotografia É hoje inaugurada a nova biblioteca do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, depois de um longo período de obras e reestruturação dos serviços. O evento de abertura contará com a presença de Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, além de incluir a inauguração da exposição de fotografia “À Procura de Macau”, da autoria de Jorge Veiga Alves, às 18h (hora de Lisboa). O projecto de uma nova biblioteca foi, desde o início do mandato, um projecto primordial de Carmen Amado Mendes à frente da presidência do CCCM. Até à data, a biblioteca localizava-se num edifício externo ao Centro, sujeito ao pagamento de renda. Numa entrevista ao HM, concedida em Fevereiro, a académica dava conta da vontade de mudar esta situação e reduzir despesas. “Temos ainda a questão das instalações provisórias, pois durante todos estes anos de vida do CCCM temos pago renda pelo espaço onde tínhamos a biblioteca e o arquivo, e isso não fazia qualquer sentido. Finalmente conseguimos concluir as obras no nosso edifício onde fica o museu, o que nos permitiu mudar a biblioteca, e deixar de pagar renda. Com isso promovemos o uso de salas de aula para as formações que disponibilizamos e gabinetes para investigadores. Estou contente por estarmos já numa fase final.” Recordar Macau Quanto à exposição de fotografia, trata-se de mais uma oportunidade para ver o trabalho de Jorge Veiga Alves, ex-residente em Macau e que há muito se dedica à fotografia nos tempos livres, nomeadamente sobre a Macau antiga, as suas gentes e culturas locais do período anterior à transição. Apresentam-se, assim, 30 fotografias tiradas entre os anos de 1986 e 1994, no formato analógico, e que foram digitalizadas e incluídas no projecto pessoal do fotógrafo também intitulado “À Procura de Macau”. Esta mostra pode ser vista até final de Janeiro. De frisar que desde Janeiro que as imagens e vídeos do espólio pessoal de Jorge Veiga Alves estão à guarda do CCCM e disponíveis para consulta na biblioteca digital da entidade. O fotógrafo confessou ao HM, em Janeiro, que grande parte do seu espólio serve de exercício de memória de uma Macau que já não existe. “Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Às vezes andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.”
Hoje Macau EventosObras de António Júlio Duarte reunidas em livro Um livro que reúne uma retrospectiva do trabalho fotográfico de António Júlio Duarte, nas suas deambulações pelos espaços urbanos, com imagens inéditas, vai ser lançado na sexta-feira, em Lisboa, pela Imprensa Nacional. “Ph.10 António Júlio Duarte” dá título ao novo livro da Série Ph. dedicada à fotografia portuguesa contemporânea, que já contemplou artistas visuais como Helena Almeida, Jorge Molder, Paulo Nozolino, Fernando Lemos, José M. Rodrigues, Ernesto de Sousa, Jorge Guerra, Daniel Blaufuks e Alfredo Cunha. A obra, que reúne imagens inéditas e tem texto de Sofia Silva, é uma edição da Imprensa Nacional. De Hong Kong aos Estados Unidos da América, de Portugal ao Japão, da Guiné-Bissau à Rússia, de Cabo Verde a Itália, são alguns exemplos dos percursos urbanos do fotógrafo nascido em Lisboa, em 1965. O livro tem uma estrutura marcadamente cronológica, onde o fotógrafo revisita alguns conceitos e formas identitárias do seu trabalho, descrito por Sofia Silva, num ensaio publicado na obra intitulada “O Teatro desperto da imaginação”, como, não um jogo de geometrias entre o quadrado e o circular, mas “uma fotografia de contacto, um combate, que se traduz em composições cruas e rigorosas”. Passagem por Macau António Júlio Duarte estudou fotografia no AR.CO, em Lisboa, e também no Royal College of Art, em Londres, e foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Oriente. Expõe com regularidade desde a década de 1990, tem publicado ao longo dos anos diversos livros de fotografia, e o seu trabalho está representado em coleções de referência nacionais e internacionais. Macau fez também parte do seu trabalho, onde esteve nos anos 90 para fotografar um território cuja administração estava à beira da transição de Portugal para a China, e depois para retratar a campanha eleitoral de Chui Sai On para o cargo de Chefe do Executivo, em 2009. Iniciada em 2017, a Série Ph. é uma coleção de monografias bilingues – em português e inglês – dedicada à fotografia portuguesa contemporânea, que tem por objectivo dar a conhecer a obra de diversos autores, com textos de especialistas.
Andreia Sofia Silva EventosRota das Letras | “Macau, A Minha História” apresentado este domingo no Art Garden Chama-se “Macau, A Minha História” e é um livro que mistura fotografia e histórias sobre as várias perspectivas que o território apresenta aos seus autores. João Rato, fotógrafo amador, é um dos editores de uma obra que conta com 13 autores e 12 histórias. O lançamento, incluído no cartaz do festival literário Rota das Letras, faz-se este domingo no Art Garden “Macau, A Minha História” não é apenas um livro de fotografia, tem também histórias das diversas visões e percepções que o território pode proporcionar a quem cá vive. O lançamento acontece este domingo, às 17h, no café Art Garden, e está inserido no programa da 11.ª edição do festival literário Rota das Letras. “Macau, A Minha História” é editado em chinês e português e conta com quatro editores: João Rato, fotógrafo amador e co-fundador da associação Halftone, ligada à fotografia; José Manuel Simões, coordenador do curso de comunicação na USJ, Paris Pei e Guan Jian Sheng. A USJ é responsável pela edição do livro. A ideia para editar este livro surgiu em finais de 2020, de uma conversa entre João Rato e Pei Ding An, seu colega de trabalho. À medida que o tempo passava, mais editores e colaboradores foram-se juntando ao projecto. “O livro tem uma componente visual adicional ao texto, e isso dá uma maior profundidade e riqueza à obra. Não é apenas um livro de fotografia, permitindo essas duas leituras”, contou João Rato ao HM. “Macau, A Minha História” acaba por reflectir “a diversidade de Macau e a ideia de que o território é um ponto de encontro de culturas”. “Pode parecer algo muito visto e falado, mas a verdade é que a síntese de Macau é isso mesmo. É um ponto de passagem desde há centenas de anos. Temos Macau e as histórias, que podem incluir a geografia, arquitectura, fantasia, um pouco de romance, poesia ou literatura. O livro trata percepções, sensações e opiniões que cada um dos autores tem sobre Macau. Nós, como editores, não criamos nenhuma restrição em termos temáticos.” Da diversidade As histórias começam a contar-se com “A História escolheu Macau e Macau também fez História”, um texto escrito por Guan Jian Sheng, acompanhado das imagens de Cecília Vong. Segue-se “Macau, nascida e criada”, de Marjolene Estrada, que faz a fotografia e o texto. “Ela faz o retrato de uma Macau contemporânea, de quem acabou de sair da universidade e que está cheio de dúvidas sobre o futuro. O trabalho dela versa sobre o período da sua adolescência, os concertos ao ar livre, o mundo da moda”, descreve João Rato. Ou Tian Xing escreve e fotografa sobre a “Arquitectura de Macau em Luz e Sombra”, seguindo-se depois João Monteiro com “Um passeio fotográfico pelo Património de Macau”. Há, nestas páginas, muitas histórias que se vão contando, e outras que já terminaram, mas das quais ainda existem rastos nas ruas. Há, portanto, imagens de “pequenas alfaiatarias, lojas que vendem côco, algumas que já desapareceram devido ao crescimento desenfreado da cidade”. João Rato, por sua vez, escreveu “Macau em profundidade”, que mais não é do que uma “deambulação”, algo que lhe interessa fazer também na fotografia. “Os textos, neste livro, têm a ver com as marcas indeléveis e com aquilo que Macau, na sua intensidade, permite vivenciar a quem se deixa levar e a queira descobrir.” O co-editor da obra não tem dúvidas de que “a passagem do tempo vai conferir ao livro uma importância maior, porque é o registo da mudança pela qual o mundo e Macau estão a passar”.
João Luz EventosFotografia | Mostra de Francisco Ricarte na residência consular quarta-feira “EmCasa / HomeLand” é o somatório de duas dezenas de fotografias que evocam paisagens emocionais e o sentimento de pertença a uma terra. A exposição de Francisco Ricarte, inaugurada na quarta-feira, estará patente até público na residência Consular de Portugal até 16 de Dezembro A ideia de retorno é uma unidade de medida emocional constituinte da alma portuguesa e um dos elementos inspiradores da exposição “EmCasa / HomeLand” de Francisco Ricarte, que será inaugurada na quarta-feira, às 18h30, na residência Consular no edifício do antigo Hotel Bela Vista. A mostra reúne 20 fotografias que evocam um retorno emocional através da introspecção visual de “territórios redescobertos pelo autor em diversas viagens ao país que o viu nascer e acolheu, previamente à sua fixação em Macau”, é indicado no comunicado que apresenta o evento. “EmCasa / HomeLand” vai além da recolha fria de evidências documentais e propõe o registo emocional que condensa num fotograma um testemunho temporal e espacial. “Mais que ‘momentos decisivos’, a série procura registar momentos emocionais decisivos, registando, não só o que se vê, mas também o que se sente”, indica o autor. A mostra organizada pela Casa de Portugal em Macau, com o apoio da Fundação Macau e o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong é composta por duas dezenas de fotografias a cores, impressas nos formatos 90 x 90 cm e 90 x 50 cm, obtidas entre 2017 e 2019. Cores e balanço Além da captura de retratos emocionais, o processo de elaboração de “EmCasa / HomeLand” foi para Francisco Ricarte uma viagem de redescoberta marcada pela “nostalgia visual e a procura de um tempo de equilíbrio e pausa”. Ao longo das 20 fotografias, o autor assume as emoções sentidas nos locais fotografados, “onde o equilíbrio das formas naturais e edificadas singulares conformam a identidade desses espaços, ainda e sempre sentidos como a sua casa”. A quietude e paleta de cores evidenciada nas obras de “EmCasa / HomeLand” estabelecem um contraste com a realidade visual vibrante de Macau, com fotografias que interpretam espaços em Portugal, como a Serra da Arrábida, Aveiro e Açores. A mostra pode ser visitada a partir de quinta-feira, nos dias de semana entre as 15h e as 18h. Aos fins-de-semana, a exposição pode ser visitada entre as 11h e as 18h.
Andreia Sofia Silva EventosZine Photo | Penúltimo número com homenagem a um avião O número 11 da Zine Photo, publicação de fotografia de autoria de João Miguel Barros, faz uma homenagem ao Pipeta Saratoga, um pequeno avião de apenas seis lugares propriedade de um amigo. O curador, fotógrafo e advogado pretende abrir a Ochre Space, uma galeria de fotografia em Lisboa, na Primavera do próximo ano Está quase a fechar-se o capítulo da Zine Photo, um projecto editorial de fotografia com apenas 12 números lançado pelo fotógrafo, curador e advogado João Miguel Barros. A 11ª edição acaba de sair e tem como título “Saratoga”, sendo uma homenagem ao avião Pipeta Saratoga, que era de um amigo de João Miguel Barros. “Este número tem como foco uma situação muito concreta. Tenho um amigo que tinha um avião, com um único motor e apenas seis lugares, que estava em Tires [zona de Sintra]. Ele convidou-me algumas vezes para dar uns passeios. Ele tinha o avião há várias décadas e todos os fins-de-semana tratava dele com grande zelo e carinho.” “O meu amigo é médico, mas também piloto, e andava de avião aos fins-de-semana. Era quase como um filho para ele”, lembrou o autor do projecto. De máquina fotográfica em punho, João Miguel Barros fez a última viagem no Pipeta Saratoga antes de este ser vendido, devido à partida do seu proprietário foi para Itália. “Esta zine acaba por ser um tributo a isso. As fotos têm como base o avião propriamente dito e essas duas viagens. Tentei, acima de tudo, levar para a história o meu olhar. Penso que as pessoas já identificam o meu tipo de fotografia como sendo um pouco diferente. Quis fugir ao lado turístico de uma pessoa que vai andar de avião e faz fotografias. Gosto das imagens e acho que acabou por ser um número bem conseguido”, adiantou ao HM. Todas as Zine Photo contém dentro de si “histórias muito simples”, que “não têm nada de transcendente ou de revelador”. “Esta revista é quase uma homenagem a um filho que se vai embora. Para mim também foi uma experiência interessante, pois embora esteja habituado a andar de avião, sempre andei em aviões comerciais, com outro tipo de segurança. Às vezes sentimos uma certa fragilidade do que é a nossa vida quando andamos num avião daqueles.” Depois das revistas, os livros João Miguel Barros não quer ficar por aqui no que diz respeito à fotografia e aos projectos artísticos. Em Dezembro, sairá a 12ª edição da Zine e depois o autor pondera começar a editar livros de fotografia “com histórias mais consistentes e desenvolvidas”. Ao mesmo tempo, a Ochre Space, uma galeria de fotografia, livraria e espaço de investigação, situada em Lisboa, deverá abrir portas na Primavera do próximo ano. “É muito difícil, e às vezes as pessoas não compreendem o esforço que é preciso fazer para conjugar várias dimensões e facetas no mundo da fotografia. Além de ter o lado artístico, como produtor artístico e fazendo fotografia, faço curadoria do trabalho de outras pessoas.” Com tantas facetas profissionais dentro de si, João Miguel Barros confessa sentir, por vezes, um certo conflito interior, por “tentar fazer muita coisa com papéis tão distintos”. “Continuo a achar que tenho pouco tempo para o muito que quero fazer e tenho uma ambição enorme para valorizar a fotografia. Não quero abdicar de nenhuma destas componentes”, rematou.
Hoje Macau EventosFotografia | Revista da Halftone volta a sair este sábado Será lançado este sábado, às 18h30, na Livraria Portuguesa, o terceiro número da revista de fotografia da Halftone – Associação Fotográfica de Macau. Esta edição conta com trabalhos fotográficos de José Sales Marques, Pedro Benjamim, Stefan Nunes, António Bessa Almeida e Nuno Veloso, prestando ainda homenagem a Frank Lei, falecido em Maio deste ano. O editorial desta edição intitula-se “Uma espécie de magia”, sendo as fotografias publicadas um retrato do sentimento “muitas vezes contraditório” do amor que se tem por Macau, ainda que haja “aspectos que se odeiam e outros que se gostam demasiado”. Recorde-se que este é um projecto que visa dar a conhecer trabalhos de fotografia de fotógrafos amadores, sendo a revista publicada a cada três meses e com edições limitadas de 300 exemplares cada. A revista é editada com a orientação do Grupo Editorial da Halftone composto por António Duarte Mil-Homens, João Palla Martins, João M. Rato e Sara Augusto.
Andreia Sofia Silva SociedadePJ | Fotojornalistas do Ou Mun vencem prémios em concurso A edição deste ano do concurso de fotografia “A Polícia Judiciária – Vista pelos Olhos da Imprensa” premiou, na sua maioria, fotojornalistas do diário Ou Mun, atribuindo três primeiros prémios e seis menções honrosas de um total de 57 trabalhos apresentados a concurso. O primeiro lugar foi atribuído a Ho Chin Hang, do jornal Ou Mun, com uma fotografia sobre a detenção de Alvin Chau, ex-CEO do grupo Suncity, actualmente em julgamento pela acusação dos crimes de burla e branqueamento de capitais. O trabalho fotográfico do jornal Ou Mun obteve também o segundo e terceiro lugares. Por sua vez, as seis menções honrosas foram atribuídas a Ho Chin Hang, do Ou Mun, Lam Seng Chou, do jornal Sengshi Kuai Pou, Vong Weng Kuong, do Today Macau Journal, Zheng Weixin do jornal Hou Kong Daily e Kwan Wing Yin, do Ou Mun. Os prémios foram escolhidos na segunda-feira e visam implementar o conceito de “policiamento de proximidade”, a fim de melhorar a colaboração entre a polícia e a imprensa. A Polícia Judiciária adianta ainda que “o objectivo deste concurso é evidenciar, através de imagens captadas durante o trabalho diário dos jornalistas, todos os aspectos do dia-a-dia da polícia, nomeadamente a investigação, recolha de provas e o trabalho de cooperação entre a polícia e a população”. A PJ realizou, desde 2006, 16 edições do concurso de fotografia, à excepção do ano de 2020, quando surgiu a pandemia da covid-19.
Hoje Macau EventosFotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro expõe no Brasil O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há mais de 12 anos, volta a estar presente no Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia de Paraty (PEF 2022) cuja 18.ª edição arrancou ontem. Depois de se ter estreado em 2019 na exposição principal com a fotografia “Hope and belief” que retrata Ratna Khaleesy, uma imigrante indonésia residente em Macau, desta vez Gonçalo Lobo Pinheiro apresenta-se com duas fotografias inserido na mostra colectiva “Fotografia Arte Plural” promovida pela Icon Artes Galeria e com curadoria de Angela Magalhães e Nadja Peregrino, que estará patente no anexo do Sandi Hotel, no Largo do Rosário, em pleno centro histórico de Paraty até domingo. Segundo o director de arte Paulo Salgado e as curadoras Angela Magalhães e Nadja Peregrino, responsáveis pela mostra, o público do Paraty Em Foco “poderá apreciar ali processos criativos fecundos que espelham o vigor da fotografia contemporânea”. “A ressignificação de imagens apropriadas; a dinâmica do movimento em formas abstractas; a presença do corpo feminino como afirmação de múltiplas subjectividades; a inter-relação entre fotografia e texto e a linguagem videográfica como lugar de uma perspectiva multimédia”, pode ler-se no manifesto da exposição, publicado no site oficial do festival. O fotojornalista disse estar satisfeito com o regresso. “É com muito agrado que volto a um lugar que muito me diz, não só do ponto de vista profissional, mas também familiar. Apesar desta vez não poder estar presente fisicamente, espero que o festival seja um enorme sucesso e que a mostra ‘Fotografia Arte Plural’ agrade todos os visitantes do certame.” Gonçalo Lobo Pinheiro é o único fotógrafo estrangeiro escolhido para a mostra, sendo representado no mercado brasileiro pela Icon Artes Galeria.
Andreia Sofia Silva EventosAntónio Mil-Homens, fotógrafo e artista: “Comunidade portuguesa deveria ser mais unida” É mais uma das figuras da comunidade portuguesa que deixa Macau ao fim de um punhado de anos. Depois de dar cartas nas áreas da fotografia, arte e poesia, António Mil-Homens regressa a Portugal onde pretende desenvolver workshops e residências artísticas. Para trás deixa inúmeras exposições e projectos culturais, lamentando que a comunidade portuguesa não dê mais apoio às associações de matriz portuguesa Deixa Macau ao fim de 15 anos, onde se afirmou como fotógrafo e artista. Foram anos fundamentais na construção de um percurso criativo? Sem dúvida. Aqui as possibilidades são diferentes em relação ao que se consegue fazer em Portugal. Na prática, não tive apoios, além da cedência de espaços. De todas as exposições tive o apoio efectivo, em 2009, por altura do 10º aniversário da RAEM, quando a Amélia António decidiu a vinda para Macau da minha exposição “Macau para Sempre” e a edição do livro. As outras exposições saíram-me do bolso, mas eu tenho uma má relação com os pedidos, porque as poucas vezes que pedi apoios foram-me recusados ou tiveram respostas tardias. Macau foi importante, mas está na hora de inverter a lógica dos últimos 15 anos. Regressa a Portugal, onde já tem projectos culturais pensados. Sim, tenho condições para os desenvolver e virei a Macau sempre que se justificar. Desde 2018 que tenho casa própria no Alto Alentejo e investi em infra-estruturas que me vão permitir desenvolver projectos na área cultural e ecológica. O cerne será a organização de workshops nas mais variadas áreas, irei convidar pessoas para ministrarem esses workshops nas áreas que não domino e disponibilizo alojamento. Pretendo também criar condições para fazer residências artísticas nas áreas da pintura e da escultura, por exemplo. O meu regresso tem também a ver com uma série de factores, o facto de estar aqui sozinho e de o trabalho na área da fotografia ter caído quase para zero. A fotografia tem evoluído em Macau de forma positiva? Houve uma evolução incrível, em prejuízo da fotografia como profissão e modo de vida. Entraram mais fotógrafos no mercado e o digital causou uma certa depreciação que o digital trouxe à forma como a fotografia é olhada, veio democratizar a fotografia. Aponto, o ano passado, a criação da associação Halftone que está a angariar cada vez mais associados, além da existência de outras associações chinesas. Quando foi para Macau já tinha planos definidos na área cultural? Tinha estado cinco meses e meio em Macau em 1996, antes da transição. Tinha voltado para fazer a cobertura da transição para a Revista Macau, que na altura era dirigida por Rogério Beltrão Coelho, e também colaborei com um outro projecto, o livro de José Pedro Castanheira, “Os Últimos Cem Dias do Império”. As fotografias não são todas minhas porque quando me juntei ao projecto ele já estava em marcha. Já tinha uma certa ideia de Macau em termos culturais. Claro que nunca me passou pela cabeça que seria em Macau, já numa fase recente, de desenvolver as valências da pintura e da poesia. Em 2010 decidi que os projectos poéticos que tinha na gaveta iam começar a sair, e foi quando editei o meu primeiro livro, uma edição de autor. Em 2020 comecei a pintar, sem qualquer formação ou experiência na área. Foi um processo que sinto como estranho, pela forma e intensidade como aconteceu. Como foi fotografar a transferência de soberania de Macau? Foi desafiante? Sim, na medida em que as situações que foram acontecendo eram as mais diversificadas. O projecto implicava que José Pedro Castanheira escrevesse um texto por dia, nos últimos cem dias da Administração portuguesa, e era necessária uma imagem para ilustrar cada texto, e aí foi um desafio. Mas sem modéstia digo que foi fácil na medida em que, odiando a rotina, nunca me especializei num determinado tipo de fotografia. Isso dá-me a capacidade de analisar qualquer tipo de fotografia que me seja solicitado. Foi exaustivo na fase final, pois estavam cá centenas de fotógrafos. Esperava a permanência desta cultura de matriz portuguesa no território? As iniciativas culturais que acontecem são representativas dessa cultura portuguesa? Diria que sim, embora mais pudesse ser feito. Não digo da parte da Casa de Portugal em Macau, que tem desenvolvido um trabalho ímpar, apesar dos apoios que cada vez são menores e dos encargos cada vez maiores. Mas falo da comunidade em si e das pessoas que a compõem. Teria sido importante essa demonstração de vitalidade cultural fosse ainda mais vincada. Esta é uma crítica construtiva, pois há muita gente que tem muito para dar e remete-se ao seu cantinho e não deita cá para fora a sua capacidade criativa. A pandemia está a mudar profundamente a comunidade portuguesa, mesmo em termos culturais? Sim. Nós, humanidade, nos chamados países desenvolvidos, habituámo-nos a um certo facilitismo no dia-a-dia, do que fazemos e não fazemos, do que gostamos ou não. Quando surge algo com impacto, como é o caso da pandemia, as pessoas perdem a capacidade de reagir pela positiva e de entender todas as implicações, a mudança que tem de passar a haver para encararmos o dia-a-dia e a relação com os outros. À conta dos direitos individuais esqueceram-se os deveres colectivos, a solidariedade, o respeito. Temos de aprender a virar a moeda e, com os olhos da esperança, podemos tirar lições destes maus momentos e descobrir algo positivo, apesar de tudo. O trabalho das entidades de matriz portuguesa está mais dificultado? Penso que sim, mas muitas vezes o trabalho diplomático, sobretudo se as pessoas não têm uma personalidade mais dinâmica ou para o exterior, passa despercebido ou nem é considerado. Colocamos o voto na urna e achamos que a nossa parte está feita, mas acho isso errado como cidadão, pois todos temos um papel no dia-a-dia. O mesmo se passa com a comunidade portuguesa, que deveria ser mais unida e dar mais apoio às instituições que a representam. Ficámos com um certo comodismo. Para os próximos anos como será a divulgação cultural a nível local? Haverá espaço para uma maior aproximação entre comunidades? Poderá haver a profissionalização de algumas áreas, por exemplo? Penso que sim, assim as pessoas consigam perceber as oportunidades e as dificuldades também. É aquilo que na maior parte das vezes não acontece. Houve uma transição em Macau, temos um período até 2049, mas quem pensaria que este seria um período imutável e que só 50 anos depois é que se viraria a página, é não conhecer minimamente a cultura chinesa. Esta é uma cultura de preparação e programação a longo prazo. É isso que temos de entender. Macau já não vai ser como era antes da pandemia, nem nenhuma outra parte do mundo. Aqui, com a queda acentuada do peso do jogo, que não vai voltar mais ao que foi, com a abertura para a Grande Baía, vão surgir desafios muito maiores, mas imensas oportunidades também. A competitividade será cada vez maior, pois vamos competir com Cantão, Hong Kong ou Shenzhen, e isto tem de obrigar a uma mudança de postura e de actividade.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | “ASIA.FAR”, de Francisco Ricarte, inaugurada este sábado Um total de 80 fotografias tiradas por Francisco Ricarte desde 2007 em Macau e vários locais da Ásia compõem a nova exposição que estará patente na Casa Garden a partir de amanhã. “ASIA.FAR” revela o olhar sensorial do fotógrafo e que constitui, acima de tudo, um exercício de memória e de reflexão Um olhar não é sempre igual, muito menos a memória. Quantas vezes voltámos a pousar os olhos em imagens tiradas num outro tempo, que hoje têm outro sentido? Este foi o ponto de partida para a nova exposição que Francisco Ricarte, arquitecto e fotógrafo, apresenta, a partir deste sábado, na Casa Garden. “ASIA.FAR” é o nome da mostra e espelha a sua essência: o olhar de Francisco António Ricarte (FAR) sobre Macau e os diversos locais da Ásia que tem visitado desde 2007. Francisco Ricarte deixa de antemão um aviso: esta não é uma exposição com fotografias turísticas, mas sim imagens que revelam uma outra sensibilidade. É, acima de tudo, uma “interpretação da Ásia aos olhos de um indivíduo”, contou ao HM. “Este exercício de memória sofre alterações e há aspectos que adquirem um outro significado, e é essa ideia que eu quis trabalhar, fazendo uma releitura dos registos fotográficos que fiz desde 2007 até este ano. Seleccionei um conjunto de imagens em que procurei demonstrar a minha sensação e percepção dos vários espaços visitados e como me marcaram inicialmente e ao fim de uns anos. Este foi o ponto de partida para esta exposição”, acrescentou Ricarte. Macau é, como não poderia deixar de ser, ponto de destaque para esta mostra. Há “duas linhas principais”, revelando-se “o foco na natureza, o património natural muito rico do ponto de vista visual” e depois a densidade populacional, o urbanismo intenso, os prédios altos. “Há também elementos físicos e mais contemporâneos, ligados à densidade e nas visões correntes que temos de Macau. Essa é uma série que designei como ‘Conheça os vizinhos’, e que traduz essa hiper-realidade que temos à nossa volta”, destacou. Uma Ásia “especial” “ASIA.FAR” revela também os locais que mais marcaram Francisco Ricarte, contando-se imagens de lugares como Hue, no Vietname. “Outro é um lugar fantástico e soberbo que é Angkor Wat, no Cambodja, que deixa qualquer pessoa sensibilizada. Mas há também outros locais como Banguecoque, uma primeira viagem que fiz ao Tibete, quando fui ao norte do Vietname, a Sapa. Não posso deixar de referir Japão e a cidade de Quioto que é uma lição de estética e de beleza.” Francisco Ricarte já nos habituou a apresentar muitas das suas fotografias a preto e branco, mas desta vez revela-se a cor, numa exposição que não tem um tema específico. “A exposição anterior que fiz foi mais temática, baseada num determinado contexto e realidade. Revelava uma visão muito particular e pontual. Este é um exercício sobre a memória dos espaços que me marcaram.” “Ao mesmo tempo que reconhecemos na Ásia a vibração da cor, também podemos reconhecer a intensidade dos negros, do claro e do escuro, dos contrastes, as sombras, o que é mais percebido e não visto. Esta exposição poderá dar lugar a esse entendimento”, adiantou Ricarte. Ao olhar para o trabalho fotográfico que fez nos últimos anos, Francisco Ricarte reconhece que evoluiu como fotógrafo, apesar de não ter pretensões. “Mal seria se assim não tivesse acontecido. Não tenho a pretensão de fazer coisas perfeitas mas a preocupação de fazer o exercício do olhar, a forma como vejo as coisas. Essa é a preocupação que foge da visão imediatista daquilo que é só curioso e típico. Procuro fugir disso e que as minhas fotografias traduzam algo mais emotivo e sensorial. Não são fotografias turísticas mas traduzem, sim, sentimentos sobre determinados aspectos.” É por isso que, em “ASIA.FAR”, as imagens “vão variando, no sentido em que no início somos contaminados quando chegamos à Ásia e a Macau, pelas cores e pelos cheiros, pela exuberância do que vimos, mas lentamente assimilamos esses factores e procuramos transformá-los e criar uma outra percepção”. A exposição é inaugurada amanhã às 17h30 e poderá ser vista até ao dia 19 de Junho.
Hoje Macau EventosFotografia | Pátio da Eterna Felicidade recebe exposição de Chan Hin Io Foi inaugurada, na passada sexta-feira, a exposição “Vizinhança: Fotografia Documental por Chan Hin Io”, organizada pelo Instituto Cultural (IC). Até ao dia 24 de Julho podem ser vistas fotografias que retratam os modos de vida dos vários pátios antigos localizados na zona do Porto Interior, estando a exposição aberta ao público, de forma gratuita, no número 10 do Pátio da Eterna Felicidade. O público poderá ver de perto 26 obras de fotografia documental da autoria do fotógrafo de Macau Chan Hin Io, que, entre 2004 e 2021, se dedicou a fotografar locais perto da Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens e Rua de Cinco de Outubro. O destaque vai para o Pátio da Eterna Felicidade, onde Chan Hin Io reside e trabalha. Estas fotografias, com o tema “Vizinhança” revelam “momentos amigáveis e harmoniosos no ambiente de convívio comunitário” tendo sido registadas, “de forma simples e natural, a vida quotidiana dos residentes das zonas antigas, o aspecto das ruas e travessas, os edifícios de habitação, lojas tradicionais e vendilhões”. Desta forma, esta mostra “demonstra a capacidade minuciosa de observação do autor”. Um maior conhecimento Com esta exposição, o IC pretende “estreitar os laços entre os moradores do Pátio da Eterna Felicidade com a sua comunidade”, além de “aprofundar o conhecimento do público sobre o Pátio da Eterna Felicidade e as zonas contíguas, no sentido de transmitir a história, a cultura e a memória colectiva de Macau”. Residente em Macau desde 1999, o fotógrafo Chan Hin Io tem sempre a lente da sua câmara apontada para a paisagem cultural e urbanística de Macau. O IC descreve que os seus trabalhos são “dotados de interesse artístico, histórico e cultural significativos”, sendo também “sinónimos da memória colectiva de Macau” ao captarem “a fisionomia desta cidade e as vicissitudes de todos os sectores dos bairros antigos do território”.
Andreia Sofia Silva EventosAssociação Halftone cria Clube do Foto Livro É já este sábado que a Livraria Portuguesa acolhe a primeira sessão de um novo projecto da associação Halftone. Trata-se do Macau Photo Book Club [Clube do Foto Livro de Macau], que visa reunir fotógrafos e amantes de fotografia para que possam debater as edições que se fazem na área. O novo foto livro de António Leong apadrinha a estreia da iniciativa Discutir imagens, conceitos, cores e formatos à frente da câmara, bem como ideias e projectos dos fotógrafos locais são os principais objectivos do novo projecto da associação Halftone. O Macau Photo Book Club [Clube do Foto Livro de Macau] pretende discutir a fotografia que se edita em formato livro e dar a conhecer ao grande público livros de fotografia anteriormente editados. A nova obra do fotógrafo local António Leong, intitulada “Daily Impermanence” foi a escolhida para a estreia desta actividade, que acontece este sábado às 17h, na Livraria Portuguesa. Francisco Ricarte, arquitecto, fotógrafo e um dos fundadores do colectivo Halftone, contou ao HM que a ideia de criar um clube do foto livro foi “aproximar o autor do leitor, e o leitor do autor, com vantagens e sinergias mútuas”. A ideia de criar clubes de debate em torno de livros de fotografia nasceu em 2009 com Matt Johnston, tendo estes marcado presença em numerosas cidades de todo o mundo. Ele “pretendeu contribuir para o que chama de ‘economia do livro’, no sentido de optimizar a ligação entre a sua produção e os potenciais leitores”, frisou Francisco Ricarte. Neste sentido, “a nossa estratégia está em consonância com este movimento”, sendo objectivo dar a conhecer a outros clubes do foto livro no mundo o que de melhor se na faz na fotografia em Macau. A escolha de António Leong acabou por se revelar “natural”, estando outros nomes de fotógrafos locais na lista da Halftone para convites posteriores. “Ele vive em Macau e tem uma prática profissional muito interessante e regular. Nesse sentido, não se justifica este nome que não seja pela qualidade do seu trabalho e disponibilidade que manifestou. Há outros fotógrafos em Macau de igual valor, mas o António Leong surgiu como uma escolha natural, até porque publicou recentemente o seu livro, que se trata de um exercício interessante da sua visão sobre Macau, com fotografias a preto e branco”, adiantou Francisco Ricarte. Movimento crescente O evento de sábado coincide também com o lançamento do número dois da revista de fotografia da Halftone, embora o clube do foto livro e a associação sejam projectos diversos. “Estão previstas mais duas sessões do Macau Photo Book Club, serão quatro por ano. Este será o primeiro ponto de desenvolvimento e de acção, complementado com a divulgação de outros livros nas redes sociais que estejam publicados há mais tempo”, adiantou Francisco Ricarte. A ideia é mostrar estes projectos mais antigos de fotógrafos que residem ou que têm uma ligação ao território. O arquitecto e fotógrafo destaca que o movimento do foto livro é cada vez mais notório em vários países, nomeadamente na China. “Os foto-livros são um nicho de mercado que, ao contrário das outras edições de papel de livros, tem tido um crescimento muito expressivo, nomeadamente na China. Tem aumentado o interesse na produção e aquisição [de obras]. Esta nossa acção insere-se também na estratégia de promover o foto-livro como um veículo de divulgação da obra fotográfica de diversos autores e um melhor entendimento e conexão entre o autor e o leitor”, adiantou o membro da Halftone. António Leong começou a interessar-se por fotografia em 2010, após realizar uma viagem a Guilin. A nota da Halftone dá conta que “gosta de fotografar em viagem, mas o que domina é a sua prática fotográfica quotidiana em Macau”. “Com uma câmara de pequeno formato, que transporta diariamente, percorre as ruas e becos de Macau, fotografando a beleza da cidade. Sem olhar ao clima, percorre a cidade para revelar os locais e as pessoas através da sua lente. Desde sítios bem reconhecidos, classificados como Património Mundial pela UNESCO, às zonas menos conhecidas de Macau, a pessoas comuns nos bairros, ou gatos brincando em becos indistintos, todos têm sido fotografados por si”, lê-se. A partilha do seu trabalho tem sido feita nas redes sociais, nomeadamente na página de Facebook “Antonius Photoscript”. Nos últimos anos, António Leong participou em diversas competições de fotografia, “dando a conhecer imagens da cidade e promovendo Macau enquanto destino turístico, realizado sessões fotográficas voluntárias para várias instituições de caridade e eventos e colaborado com outros artistas em vários projectos”.
Hoje Macau EventosFotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro representa Macau no festival iNstantes A convite da organização do iNstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes, o fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há 12 anos, representará o território na nona edição do evento. O profissional apresenta-se em Portugal com a série a preto e branco intitulada “Perto de mim”, captada em 2021. “Em tempos de pandemia de Covid-19, a ideia inicial seria captar a loucura matinal com os meus filhos que acordam todos os dias entre as seis e as sete da manhã, frescos, prontos para mais um dia cheio de energia. O facto é que, na hora de dormir, as coisas acabam não sendo muito diferentes em alguns aspectos e acabei misturando os dois momentos do dia, começando, por enquanto, pela noite”, refere o autor. A mesma série, entretanto premiada e finalista em alguns concursos internacionais de fotografia, foi realizada para o seu mestrado em Nova Fotografia Documental na Labasad – School of Arts & Design, em Barcelona, Espanha, que espera terminar em Maio próximo. A exposição de Gonçalo Lobo Pinheiro, pode ser visitada na Academia Sénior de Vilar de Andorinho. Para além do residente de Macau, a lista inclui ainda nomes como Ana Robles, do Brasil, João ferreira, de Portugal, Jorge Velhote, também de Portugal, Queila Fernandes, de Cabo Verde, André Motta, do Brasil, Clara Delrio, da Argentina, Jurate Vaiciukaite, da Lituânia, Larry Dunn, dos Estados Unidos da América, Orlando Azevedo, do Brasil, Zoltan Vanczo, da Hungria, Maria Tudela, de Espanha, entre muitos outros. Música e livros O festival, organizado pela iNstantes – Associação Cultural em parceria com os Municípios de Vila Nova de Gaia e de Arcos de Valdevez, bem como da Junta de Freguesia de Avintes, entre outros apoios, também terá uma componente musical que começa logo no primeiro dia, 29 de Abril, com o violinista albanês Florian Vlashi. Depois, no dia 7 de Maio, no auditório da Casa da Cultura de Avintes, toca José Pereira e o grupo Sim Somos Capazes. Antes do encerramento do festival, a 29 de Maio, haverá ainda lugar ao lançamento do livro “Comunidades, Emigração e Lusofonia” da autoria de Daniel Bastos, no auditório da Casa da Cultura de Avintes e, também no mesmo espaço, mas a 28 de Maio, Franklim Cardoso declama poesia. A edição deste ano do iNstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes conta com fotógrafos de 14 países ou regiões e vai acontecer entre os dias 29 de Abril e 29 de Maio. Terá ainda, pela primeira vez, um pólo em Cabo Verde.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM | Imagens de Macau em exposição a partir da próxima segunda-feira A antropóloga Marisa Gaspar fotografou entre 2010 e 2018 os recantos de Macau à medida que ia fazendo trabalho de campo para as suas investigações. O resultado pode agora ser visto numa exposição que estará patente no Centro Cultural e Científico de Macau, em Lisboa, entre a próxima segunda-feira e 22 de Abril “Macau em contrastes”, a exposição de fotografia Marisa Gaspar, é a primeira iniciativa do género desenvolvida pela antropóloga. Inaugurada na próxima segunda-feira em Lisboa, a fim de acompanhar o ciclo de conferências da primavera que o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), a exposição junta um conjunto de imagens do território capturadas entre 2010 e 2018, os anos em que Marisa Gaspar esteve em Macau a fazer trabalho de campo para a sua investigação. “Sou amadora e não tenho pretensões de ser outra coisa”, adiantou ao HM. “Esta é uma visão muito minha sobre a cidade e as suas vivências. O título da exposição ‘Macau em contrastes’ traduz muito isso, a minha experiência pessoal à medida que ia descobrindo a cidade”, adiantou. A mostra conta com curadoria de Rui Dantas, director do Museu de Macau associado ao CCCM, e da Fundação Casa de Macau, em Lisboa. “São imagens de lugares e não de pessoas. É uma visão sobre a cidade e não tanto sobre a comunidade macaense ou coisas concretas do meu trabalho. É uma viagem pela minha descoberta de Macau ao longo dos anos”, contou. Marisa Gaspar deparou-se, em 2010, “com vários pedaços” que depois se foram “descobrindo numa malha urbana”. “Houve uma mudança na configuração física da cidade e é isso que a exposição retrata. Macau é muito fotogénica e é natural que as pessoas a fotografem muito e que existam muitos pontos de vista pessoais sobre esse espaço. Não são as fotografias mais bonitas de Macau, mas são as fotografias reais”, frisou. Depois do CCCM, Marisa Gaspar pretende levar a exposição para outras paragens. Investigação suspensa Marisa Gaspar, investigadora no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa, está neste momento com um projecto de pós-doutoramento suspenso devido às restrições impostas pelas autoridades de Macau no âmbito da pandemia, que a impedem de viajar até ao território. Ainda assim, a académica tem alargado a pesquisa a Macau como espaço de turismo e património, sem ter apenas o foco na comunidade macaense, mas também em determinados factos históricos. “Sendo o meu objectivo o turismo, não consigo imaginar Macau sem turistas. As últimas políticas [previam] uma maior abertura de Macau ao mundo, com o desenvolvimento de várias parcerias. A ideia era uma projecção maior aos turistas internacionais. Estou apreensiva, porque tenho um projecto de investigação embargado”, confessou. Ainda assim, Marisa Gaspar destaca o facto de a comunidade se ter vindo a destacar, nos últimos anos, “como comunidade patrimonial”, tendo em conta que “a gastronomia e o patuá foram reconhecidos como património chinês e foi levada à Assembleia Popular Nacional a possibilidade de a comunidade ser considerada mais uma etnia chinesa”.
Hoje Macau EventosCURB | Escolhidos vencedores de concurso de fotografia de arquitectura Já são conhecidos os vencedores do Concurso de Fotografia de Arquitectura de Macau organizado pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo. As imagens foram seleccionadas de um total de 470 fotografias a concurso. Na categoria “Open Group” [Grupo Aberto] o vencedor foi Lei Heong Ieong com uma imagem detalhada do hotel Morpheus, no Cotai, desenhado pela arquitecta, já falecida, Zaha Hadid. Na categoria “Estudantes Universitários” Kingsley Leong ficou em primeiro lugar com uma imagem a preto e branco, intitulada “The Axes”. Destaque ainda para a menção honrosa atribuída a Ho Chi Kin, que capturou a essência dos incensos dos templos tradicionais chineses. Rickson Lam foi também distinguido com uma menção honrosa ao fotografar, à noite, a estátua da deusa A-Má em contraste com os edifícios luminosos e a Torre de Macau. O prémio organizado pelo CURB destacou também os trabalhos fotográficos de estudantes do ensino secundário, sendo que a imagem vencedora é de um bairro antigo, com as suas ruelas e becos. Dylan Chan ficou em terceiro lugar com uma imagem da ponte Sai Van iluminada à noite. A cerimónia da entrega dos prémios acontece este sábado.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | “Matéria Escura”, de Francisco Ricarte, a partir de amanhã na Macau Art Garden “Dark Matter” [Matéria Escura] é o nome da nova exposição de fotografia do arquitecto Francisco Ricarte que abre amanhã na galeria Macau Art Garden. Com curadoria de Alice Kok, a mostra apresenta uma série de imagens captadas nos trilhos de Coloane que representam a sensação de isolamento e de incapacidade de fuga A sensação de isolamento e de incapacidade de viajar para lugares outrora tão acessíveis, como Hong Kong ou Zhuhai, é o tema central da nova exposição de fotografia do arquitecto Francisco Ricarte. “Dark Matter” [Matéria Escura] abre portas amanhã na galeria do Macau Art Garden e pode ser visitada até 11 de Abril. A curadoria está a cargo de Alice Kok. A mostra consiste numa série de 12 fotografias recolhidas nos trilhos de Coloane, um lugar que representa para Francisco Ricarte um “refúgio” e de onde é possível avistar cidades que estão tão próximas de Macau, mas, ao mesmo tempo, tão distantes, graças às medidas impostas pelas autoridades no combate à pandemia. “Este é um conjunto de fotografias que me deu muito gosto. Foram tiradas em Janeiro e Fevereiro de 2021. Graças à pandemia, os trilhos de Coloane adquiriram um outro significado para quem vive em Macau”, contou Francisco Ricarte ao HM. “De repente, vimo-nos confrontados com a existência de uma barreira que nos impede de usufruir de outros espaços. Comecei a entender que existia um mundo lá fora, por oposição ao mundo cá dentro. Nos trilhos de Coloane olhamos para esses territórios próximos com a perspectiva de que não é possível lá chegar, quase como era a realidade de Macau há cerca de 50 anos, ou seja, uma verdadeira ilha com comunicações limitadas.” Francisco Ricarte confessa que, quando fez este trabalho, tinha “uma alma mais carregada”, que ainda hoje se mantém. “Coloane tem sido sempre um sítio de refúgio, quase como um ponto de contraste à híper densidade que a cidade contém. É um sítio onde o ambiente natural, os trilhos e praias nos permitem um reencontro com a natureza. O que traduzo com estas fotografias é uma carga excessiva num contraste com a natureza, moldada por qualquer coisa que não vimos, mas sentimos.” Tons escuros Habituado a apresentar ao público imagens mais urbanas, Francisco Ricarte enveredou agora por diferentes perspectivas fotográficas, onde é dado maior relevo ao que é perceptível, em oposição ao de facto se vê na imagem. “É mais importante o sentimento que emana destas fotos do que a visão de determinados objectos”, explicou, acrescentando que as imagens evocam “uma matéria escura, que não se percebe de imediato o que é”. “As fotografias traduzem essa percepção de qualquer coisa que nos carrega e que ainda está a moldar-nos a percepção do espaço e de Macau, e do modo como o utilizamos. O que tentei traduzir visualmente foi o recurso ao escuro, ao que é apenas percebido, mas não visto”, adiantou. Os tons “bastante carregados”, quase sempre a preto e branco, fazem parte do imaginário fotográfico do arquitecto. “Aqui continuo com essa expressividade que traduz um estado de espírito e uma matéria que não existem fisicamente, mas que são perceptíveis. Neste caso é a situação da pandemia, do isolamento e do confinamento”, rematou.
Hoje Macau EventosArquitectos de língua portuguesa lançam segunda edição de concurso de fotografia O Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP) lançou, após três anos de interregno, a segunda edição de um concurso de fotografia, para arquitetos e estudantes, dedicada ao tema “Ser Sustentável no Espaço Lusófono”, foi anunciado. Em comunicado, o CIALP sublinha que o concurso é este ano um “duplo desafio de reflexão sobre os conceitos de sustentabilidade e de lusofonia”. A sustentabilidade, “de tão obviamente necessária à vida, à nossa e à das coisas, parece muitas vezes ser quase esquecida”, lamentou o conselho. A arquitectura “tem um papel fundamental” na procura das soluções “para os muitos problemas com que a humanidade está confrontada”, disse o CIALP. As inscrições estão abertas até 17 de março, sendo que os premiados serão anunciados durante o mês de abril. O júri inclui arquitetos de Angola, Brasil, Macau, Moçambique e Portugal. Os autores da melhor fotografia nas duas categorias – arquiteto e estudante – receberão um prémio no valor de 400 euros. A imagem vencedora da categoria estudantes será ainda exposta na próxima Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cuja 10.ª edição deveria ter acontecido em julho de 2021, na cidade da Praia, capital de Cabo Verde. A primeira edição do concurso de fotografia do CIALP, organizado em 2019, recebeu 97 candidaturas. O vencedor entre os arquitetos foi o português Nuno Simão Gonçalves, com uma fotografia da Fortaleza São Sebastião, na Ilha de Moçambique. Entre os estudantes o premiado foi o brasileiro Gabriel Guerra Konrath, com uma imagem da Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre. O CIALP tem como membros as ordens ou organismos profissionais de arquitetos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A organização não-governamental representa “mais de 230 mil arquitectos”, o que corresponde “a 18% dos arquitectos mundiais”, disse à Lusa em julho o presidente do CIALP, Rui Leão, arquiteto radicado em Macau. O CIALP, fundado em 1991, é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, com sede em Lisboa, é parceiro institucional da União Internacional dos Arquitectos (UIA) e observador consultivo da CPLP.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Exposição de Ricardo Meireles abre portas este sábado O arquitecto e fotógrafo Ricardo Meireles expõe, a partir de sábado, no espaço Hold On to Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. O público poderá ver, em “Social Distance”, uma série de fotografias de Macau, Hong Kong, Tóquio e Taiwan que servem como uma memória dos movimentos urbanos pré-pandemia, mas também dos tempos actuais de menor contacto humano Chama-se “Social Distance” [Distância Social] e é a nova exposição individual de Ricardo Meireles, fotógrafo e arquitecto que abre ao público no próximo sábado, 12, às 15h, na galeria Hold On to Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM). Poderão ser vistas imagens não apenas de Macau mas de regiões como Hong Kong, Tóquio e Taiwan, onde impera a captura do movimento, a relação entre as pessoas no espaço urbano, mas também o contraste face aos tempos actuais, onde a pandemia ditou uma menor expressão de relações e movimentos de pessoas. Inicialmente a ARTM pretendia realizar esta exposição no ano passado, mas o tema do movimento das cidades levou Ricardo Meireles a adiar o evento e a necessitar de mais tempo para escolher as imagens que pretendia expor. Desta forma, “Social Distance” terá fotografias mais recentes mas também imagens de arquivo. Há, portanto, “uma captura do movimento e do aglomerado”, embora seja também captado “o oposto, a ideia da espera, do isolamento, a noção de que o tempo parou”. “Estas fotografias tentam abordar a ideia de um percurso mais orgânico entre as pessoas e o movimento da cidade”, disse ao HM. Um “diálogo visual” Ricardo Meireles, que não sai de Macau há dois anos, nota, na qualidade de fotógrafo, as alterações que a pandemia trouxe face à impossibilidade de capturar imagens de outras realidades. “Tive a ideia de capturar a essência do movimento de uma cidade onde, numa situação de pré-pandemia, conseguíamos absorver mais esta relação [entre pessoas] e este movimento. Há a captura destas realidades muito simples e sintéticas.” Criou-se, em “Social Distance”, um “diálogo visual” para traçar este percurso em que o tempo parece ter estagnado e as mudanças se tornaram demasiado visíveis. “ Esta exposição tem também um cariz social, uma vez que a venda das imagens irá reverter para os projectos da ARTM. A mostra está patente até ao dia 2 de Março, sendo que a galeria Hold On to Hope se situa junto à Igreja de Nossa Senhora das Dores, na povoação de Ka-Hó, Coloane.