Core Studio, estúdio de fotografia | Nuno Veloso, director

Pouco mais de um ano depois de ter aberto a empresa de audiovisual Core Productions, o fotógrafo Nuno Veloso cansou-se de ter uma enorme sala vazia e decidiu abrir o Core Studio, que pretende proporcionar diferentes experiências no mundo da fotografia

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]uno Veloso sempre fotografou modelos, actores e o fabuloso mundo da moda e do entretenimento. Um ano após ter aberto uma empresa de fotografia e vídeo, a Core Productions, o fotógrafo português decidiu ir mais além e abrir o Core Studio, um espaço que faz lembrar o velhinho fotógrafo, virado para as pessoas.
“O Core Studio é um estúdio aberto ao público. Fotografamos pessoas individuais, não é para clientes ou negócios, no sentido de fotografar produtos ou serviços, mas fotografamos pessoas para fazerem os seus retratos, famílias, crianças, bebés, recém-nascidos. Aqui na Ásia as pessoas gostam muito de fotografar os seus cãezinhos e gatinhos, então o Core Studio é como um estúdio de produção, mas para pessoas”, disse ao HM Nuno Veloso.
A inauguração do espaço aconteceu na passada sexta-feira e o fotógrafo garantiu que no Core Studio não há lugar à fantasia. “É mesmo focado nas pessoas e é quase voltar ao fotógrafo antigo. Nós no Core Studio não queremos colocar as pessoas a serem retratadas na fantasia, mas queremos tirar o retrato delas próprias. Não vamos ter os vestidos e mil e quinhentas coisas em que a pessoa fica escondida no meio daquilo tudo. Se os nossos clientes quiserem ser fotografados assim, não vamos dizer que não, mas estamos mesmo a apostar no retrato da sua própria identidade e não de uma fantasia.” core studio2
O Core Studio apresenta-se como um filho da Core Productions, mas é uma espécie de prenda que Nuno Veloso quer dar a Macau, a terra onde cresceu. “A Core Productions, como produtora de audiovisual, só precisa de uma sala e já não aguentava estar sentado numa secretária e ter ali um espaço com tanto potencial e não fazer nada dele. E foi por aí que decidi abrir o Core Studio, sendo algo onde eu já tenho alguma experiência. Cresci aqui, considero-me uma pessoa de Macau e é uma forma de eu poder dar alguma coisa a Macau, tendo um serviço profissional para as pessoas serem fotografadas”, apontou.

Packs e cocktails

No Core Studio fazem-se retratos de pessoas, mas também de namorados e de famílias, de mulheres grávidas ou dos seus filhos recém-nascidos. Há até a possibilidade de fotografar animais de estimação. Tudo isso com base em pacotes com um preço pré-definido.
“O que eu quero que aconteça no Core Studio é um sítio onde as pessoas vão para serem fotografadas mas que para elas seja uma experiência também. Vai ser divertido de certeza absoluta, porque é essa a nossa forma de trabalhar, e vamos ter pequenas ofertas conforme os packs que vão escolher. Vão poder ter cocktails à entrada, alcoólicos ou não. Têm pequeninos luxos e vão sentir-se quase como estrelas durante aquele tempo em que estão ali para ser retratadas”, contou Nuno Veloso.
O Core Studio pretende ainda ser um espaço de partilha de experiências, já que serão feitos convites a outros fotógrafos para trabalhos. “Sou o dono do estúdio, mas conheço fotógrafos muito melhores do que eu, a fotografar mulheres grávidas ou recém-nascidos, por exemplo. O meu background é mais ligado ao mundo da moda e a fotografar actores e dançarinos e isso vai ser fotografado por mim. Mas nem tudo vai ser fotografado por mim.”
Nas paredes do estúdio de fotografia há ainda lugar para a exposição das fotografias de outros. “
Também temos uma área a que chamo de micro galeria para todos os outros fotógrafos que queiram expor as suas fotografias. De tempos a tempos vamos mostrando outros trabalhos”, explicou Nuno Veloso.
Com o Core Studio, Nuno Veloso quis aproveitar um nicho de mercado e proporcionar momentos diferentes na hora de fotografar, algo que não se consegue com um simples smartphone. core studio4
“Todos somos fotógrafos hoje em dia, e até podemos ter uma máquina muito boa, mas é uma experiência diferente ir a um estúdio profissional de fotografia. Eu chego a dizer que é como uma pessoa ir ao cinema, passar lá uma hora e meia e ficar com as imagens e o filme na memória. E ir a um estúdio de fotografia passa lá uma hora e o que traz consigo, além das memórias, são as fotografias para as poderem ver um dia mais tarde”, rematou.
O Core Studio tem uma página do Facebook com o mesmo nome e fica na Alameda Carlos de Assumpção, Kin Heong Long, 5A.

11 Nov 2015

Casa Garden | World Press Photo 2015 acontece em Outubro

Este ano, as problemáticas contemporâneas estão no centro do World Press Photo, o maior concurso de fotojornalismo do mundo. A 58.ª edição conta com transsexualidade, relações amorosas e trabalho fabril no pódio. A mostra vai estar em Macau entre 10 de Outubro e 1 de Novembro na Casa Garden

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Casa Garden é novamente palco da exposição itinerante do World Press Photo 2015, mostra de fotografia a nível mundial. O vencedor desta 58.ª edição é o dinamarquês Mads Nissen, um jornalista do jornal diário Politiken, representado pela Panos Pictures.
A exposição, organizada pela Fundação Oriente, acontece entre 10 de Outubro e 1 de Novembro. Este “concurso anual de fotografia jornalística” conta com o apoio da Casa de Portugal. Este ano, participaram na competição quase 5700 fotógrafos profissionais de 131 países, incluindo Austrália, Bangladesh, Dinamarca, China, Bélgica, Eritreia, França, Irlanda, Polónia, EUA, Reino Unido, Turquia e Suécia. world press photo
A fotografia vencedora mostra Jon e Alex, um casal homossexual, num momento íntimo em São Petersburgo, na Rússia. “As minorias sexuais enfrentam discriminações de ordem social e legal, assédio e mesmo ataques violentos de ódio por parte de grupos conservadores nacionais e religiosos”, explica a Fundação em comunicado. A fotografia seleccionada está integrada num projecto pessoal de Nissen, destinado à Scanpix. O dinamarquês ganhou ainda o primeiro lugar no prémio Contemporary Issues.
As películas premiadas são apresentadas em exposições numa centena de cidades por mais de 45 países. As pessoas têm ainda direito a fazer download de uma aplicação móvel gratuita, através da qual é possível aceder às fotografias em nove línguas, conhecer a história de cada uma delas, ter acesso a testemunho dos fotógrafos e outros trabalhos dos autores.

Mundo contemporâneo

As três obras principais inserem-se na temática da presente edição – “Problemáticas Contemporâneas”. Na exposição são assim abordados conceitos relacionados com a orientação sexual ou a fuga de países em guerra.
O segundo prémio foi atribuído ao fotógrafo chinês Ronghui Chen, por ter captado um trabalhador fabril em Yiwu, munido de um chapéu de Pai Natal. A cor encarnada do adereço funciona como acessório à própria fotografia, que coloca o jovem trabalhador numa luz também ela vermelha, junto ao material que utiliza.
O terceiro galardão foi parar às mãos do italiano Fulvio Bugani, fotógrafo há mais de 15 anos e com uma série de trabalhos feitos em associação com organizações não governamentais e de ajuda aos desfavorecidos, incluindo a Amnistia Internacional. A fotografia que valeu o prémio a Bugani faz parte de uma série que versa sobre a problemática da transsexualidade na Indonésia, onde este grupo é apelidado de “waria”, nome que aglutina “homem” e “mulher” na mesma frase. A película em questão não tem cor e mostra várias mulheres originárias daquele país à porta da Pesantren Waria Al Fatah, uma escola inteiramente dedicada aos transsexuais, em Java.

8 Set 2015

Fotografia | Artista paquistanês em galeria de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] artista de fotografia paquistanês Mo Shah expõe uma série dos seus mais recentes trabalhos na galeria Fabrik de Hong Kong. “Test Pattern” é inaugurada hoje e fecha portas a 21 de Setembro, com oportunidade para conhecer o artista às 18h30 desta tarde. Actualmente a viver na RAE vizinha, tem desenvolvido obras com conceitos alicerçados na adoração, na fé, em fragmentos da cultura pop e simbolismo obscuro. De acordo com a organização, esta trata-se de uma exposição de “composições que consolidam um sem número de interesses do artista nas narrativas que exploram a procura desesperada pela beleza”.

Vida errática

Mo Shah nasceu na cidade da Karachi, no Paquistão, mas cedo começou a sua jornada interior e artística, tendo estado na Coreia do Norte, no Bangladesh e vivido em Nova Iorque, Bruxelas, Londres e Hong Kong.Mo Shah O fotógrafo e artista visual licenciou-se na Universidade de Nova Iorque e foi nessa cidade que começou a fazer as suas experiências na área. “O extenso arquivo de viagens de Shah está bastante presente na sua arte, que explora a relação entre indivíduos e instituições enquanto representações da sociedade”, esclarece a organização. Há, ainda, uma clara adoração pelo mundo do cinema nos trabalho do paquistanês, com várias homenagens à sétima arte a tomarem forma junto de locais icónicos. “No seu trabalho prevalecem o fascínio pelo cinema, história, existencialismo, surrealismo, iconografia e o oculto”, frisa.

Técnicas televisivas

“Transmission Eternal” foi a primeira exposição a solo do artista e teve lugar em 2013 na sua terra-natal, na cidade de Lahore. Foi no mesmo ano que venceu o Prémio de Escolha dos Críticos na Exposição Nacional de Arte Fotográfica. Mais recentemente, Shah esteve presente para integrar a Exposição de Arte Contemporânea da Ásia, incluindo na edição deste ano. Três das suas produções podem ainda ser apreciadas no Museu de Arte Contemporânea de Seul, na Coreia do Sul. O museu adquiriu recentemente estas três peças para a sua exposição permanente.
A mostra que estreia amanhã deve o seu nome a uma técnica utilizada nos primórdios da televisão para testar a qualidade do sinal de transmissão, graficamente conhecido como uma série de risco paralelos de diferentes cores primárias. “A minha mais recente colecção de trabalhos vai buscar esta relíquia à história e transmite um mundo de possibilidades e realidades infinitas”, explica o próprio autor.

26 Ago 2015

Bruno Saavedra expõe fotografias em Portugal

O brasileiro, ex-residente em Macau, apresenta pela primeira vez em Portugal uma mostra do seu trabalho com a máquina fotográfica. “Flavors” chega à zona de Almeirim em Setembro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] fotógrafo luso-brasileiro Bruno Saavedra, ex-residente de Macau, expõe pela primeira vez em Portugal, em Setembro, apresentando fotografias de corpos envolvidos em ingredientes culinários. A mostra, constituída por 30 fotografias, intitula-se “Flavors” (Sabores), e é inaugurada no dia 5 de Setembro, na Galeria Municipal de Almeirim, no Ribatejo, ficando patente até ao final o mês.
Em declarações à Lusa, Bruno Saavedra afirmou que apresenta “fotografias de corpos envolvidos em ingredientes culinários, que se movem em torno do universo que cada modelo escolheu, naquele momento, para o tempero da sua carne”. “O seu olhar, a expressão do rosto, das mãos, do corpo são a apresentação de um ser feito alimento”, reforçou o artista.
“Num espaço branco como uma janela de luz, cada um e cada uma sente a sua pele – toca-lhe, cheira-a, prova-a. Com ela combina odores, texturas, sabores que a temperam e a transformam num objecto novo, sedutor ou apenas provocador, manchado ou abjecto, mas sempre sensual”, explicou o fotógrafo, de 28 anos.
A exposição desenvolve-se em torno dos sabores e alimentos do dia-a-dia, procurando “chamar à atenção, de uma forma artística, para todos desperdícios alimentares no mundo”. Na composição das fotografais foram utilizados alimentos como leite condensado, caldo verde, borras de café, mostarda ou puré de batata.

Fora de prazo

Todos “os alimentos utilizados estavam fora do prazo de validade”, realçou o fotógrafo à Lusa. “O projecto ‘Flavors’ começou a ser desenvolvido em Janeiro com pessoas de vivência comum que se mostraram disponíveis para fazer algumas experiências”, disse o fotógrafo.
“Numa tentativa de quebrar barreiras, convidei duas pessoas com deficiência auditiva para fazer parte do projecto – para mim foi um desafio e uma experiência inesquecível poder fotografar essas pessoas e perceber que a arte pode ultrapassar qualquer forma de linguagem”, contou Saavedra.
Questionado sobre a escolha de Almeirim para a sua primeira exposição, o fotógrafo, natural de Itamaraju, no Estado brasileiro da Bahia, afirmou que foi a primeira localidade que o acolheu quando chegou a Portugal, em 2004, e “daí fazia todo o sentido apresentar ali a primeira exposição”.
Para a cerimónia de inauguração, o fotógrafo afirmou que se realizará uma “performance” surpresa, “envolvendo sensações sabores e sons”. Em 2010, a convite da Casa de Portugal em Macau, Bruno Saavedra colaborou com a instituição nas programações cultural e artística, e, no ano seguinte, começou a estudar fotografia com o fotógrafo António-Mil-Homens.
Regressado a Portugal em 2014, e depois de uma formação em maquilhagem, na Make Up School, começou a desenvolver vários projectos artísticos. Em Maio último desenvolveu o projecto artístico para o espectáculo de homenagem à fadista Argentina Santos, “Gosto da Parreirinha”, levado à cena no Centro Cultural de Belém.

21 Ago 2015

Creative | Exposição de fotografia “Cities” inaugurada hoje

Trazer um olhar sobre outras cidades ao território é o objectivo máximo da exposição que começa hoje na Creative Macau. Cinco fotógrafos locais escolheram uma cidade e mostram-na em fotos muito pessoais

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura hoje às 16h30 na Creative Macau a exposição “Cidades: Fotografias a Preto e Branco”, que reúne o olhar de cinco fotógrafos locais sobre cinco cidades à sua escolha. Carmo Correia, Wilson Caldeira, Tang Kuok Ho, Marina Carvalho e Ieong Man Pan foram os fotógrafos convidados para mostrar um pouco mais “de outras cidades que não são Macau”.
“Queríamos quebrar um bocadinho o ciclo das exposições sempre sobre Macau e as coisas de Macau”, disse ao HM a directora da Creative, Lúcia Lemos.
A única imposição colocada ao artistas foi a de efectivamente não escolherem Macau como cidade a apresentar. “Quando se fala em exposição e fotografia pensa-se logo em Macau e ultimamente tem havido imensas exposições sobre Macau e o que envolve. Esta exposição serve para quebrar isso e oferecer ao público outras cidades”, rematou.

Foto de Marina Carvalho
Foto de Marina Carvalho

A maioria dos fotógrafos está representado por cinco fotografias, mas no todo são cerca de 28 as imagens em grande formato que compõem a mostra. Até 20 de Agosto, os interessados podem conhecer o olhar do outro sobre estes locais, que vão da Ásia aos EUA.
“Esta é uma partilha do que os fotógrafos querem mostrar, não só de tema, porque os fotógrafos foram livres de escolher o que queriam expor, respeitando o facto de ser a preto e branco”, continua Lúcia Lemos, indicando que da mostra fazem parte imagens “muito interessantes”, compostas por “retratos, detalhes, paisagens ou ruas”.

Contar uma história

Ao HM, o fotógrafo Wilson Caldeira explicou que escolheu a cidade de Melbourne, na Austrália, porque viveu lá nove meses. “As fotografias não contam nada de especial, eu fazia a minha rotina no subúrbio onde vivia e esse é mesmo o meu interesse: criar rotinas sem hierarquia a fotografar”, explicou. Sem disciplina, o trabalho de Wilson Caldeira é um “misto de qualquer coisa”. As cinco fotografias escolhidas fazem parte de um trabalho “com várias dezenas de imagens” que contam a narrativa da sua passagem pela cidade australiana.

Foto de Carmo Correia (Nova Iorque)
Foto de Carmo Correia (Nova Iorque)

Carmo Correia abraçou o convite e, juntando o útil ao agradável – porque partia numa viagem para Nova Iorque e Chicago – , decidiu fotografar a pensar na exposição.
“Tinha a hipótese de [escolher] estas duas cidades, mas como já conhecia Chicago e estava com vontade de fazer qualquer coisa nova, numa cidade que também para mim era nova, escolhi Nova Iorque”, contou ao HM.
As cinco fotografias pretendem mostrar a cidade mais conhecida do Estados Unidos. “Escolhi cinco imagens que no seu conjunto dizem: isto é Nova Iorque, é esta cidade. Que não pudesse ser outra coisa, ou seja, acabam por não ser monumentos, como a torre A ou B. Não quis que fosse óbvio”, justifica.
Para a fotógrafa é inquestionável a necessidade de Macau ver além de si próprio. “Acho que Macau devia olhar muito mais lá para fora, o território está sempre muito focado para olhar para dentro. É giro mostrar Macau para fora, mas nós devíamos olhar muito mais para o que está lá fora”, remata.
A capital portuguesa, Lisboa, está representada pelo olhar de Marina Carvalho. Já Ieong Man Pan escolheu a cidade chinesa Sichuan-Meigu e Tang Kuok Ho representa Nanquim. A exposição é de entrada livre e termina a 20 de Agosto.

23 Jul 2015