Fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro representa Macau no festival iNstantes

A convite da organização do iNstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes, o fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há 12 anos, representará o território na nona edição do evento. O profissional apresenta-se em Portugal com a série a preto e branco intitulada “Perto de mim”, captada em 2021. “Em tempos de pandemia de Covid-19, a ideia inicial seria captar a loucura matinal com os meus filhos que acordam todos os dias entre as seis e as sete da manhã, frescos, prontos para mais um dia cheio de energia. O facto é que, na hora de dormir, as coisas acabam não sendo muito diferentes em alguns aspectos e acabei misturando os dois momentos do dia, começando, por enquanto, pela noite”, refere o autor.

A mesma série, entretanto premiada e finalista em alguns concursos internacionais de fotografia, foi realizada para o seu mestrado em Nova Fotografia Documental na Labasad – School of Arts & Design, em Barcelona, Espanha, que espera terminar em Maio próximo. A exposição de Gonçalo Lobo Pinheiro, pode ser visitada na Academia Sénior de Vilar de Andorinho.

Para além do residente de Macau, a lista inclui ainda nomes como Ana Robles, do Brasil, João ferreira, de Portugal, Jorge Velhote, também de Portugal, Queila Fernandes, de Cabo Verde, André Motta, do Brasil, Clara Delrio, da Argentina, Jurate Vaiciukaite, da Lituânia, Larry Dunn, dos Estados Unidos da América, Orlando Azevedo, do Brasil, Zoltan Vanczo, da Hungria, Maria Tudela, de Espanha, entre muitos outros.

Música e livros

O festival, organizado pela iNstantes – Associação Cultural em parceria com os Municípios de Vila Nova de Gaia e de Arcos de Valdevez, bem como da Junta de Freguesia de Avintes, entre outros apoios, também terá uma componente musical que começa logo no primeiro dia, 29 de Abril, com o violinista albanês Florian Vlashi. Depois, no dia 7 de Maio, no auditório da Casa da Cultura de Avintes, toca José Pereira e o grupo Sim Somos Capazes.

Antes do encerramento do festival, a 29 de Maio, haverá ainda lugar ao lançamento do livro “Comunidades, Emigração e Lusofonia” da autoria de Daniel Bastos, no auditório da Casa da Cultura de Avintes e, também no mesmo espaço, mas a 28 de Maio, Franklim Cardoso declama poesia.

A edição deste ano do iNstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes conta com fotógrafos de 14 países ou regiões e vai acontecer entre os dias 29 de Abril e 29 de Maio. Terá ainda, pela primeira vez, um pólo em Cabo Verde.

21 Abr 2022

CCCM | Imagens de Macau em exposição a partir da próxima segunda-feira

A antropóloga Marisa Gaspar fotografou entre 2010 e 2018 os recantos de Macau à medida que ia fazendo trabalho de campo para as suas investigações. O resultado pode agora ser visto numa exposição que estará patente no Centro Cultural e Científico de Macau, em Lisboa, entre a próxima segunda-feira e 22 de Abril

 

“Macau em contrastes”, a exposição de fotografia Marisa Gaspar, é a primeira iniciativa do género desenvolvida pela antropóloga. Inaugurada na próxima segunda-feira em Lisboa, a fim de acompanhar o ciclo de conferências da primavera que o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), a exposição junta um conjunto de imagens do território capturadas entre 2010 e 2018, os anos em que Marisa Gaspar esteve em Macau a fazer trabalho de campo para a sua investigação.

“Sou amadora e não tenho pretensões de ser outra coisa”, adiantou ao HM. “Esta é uma visão muito minha sobre a cidade e as suas vivências. O título da exposição ‘Macau em contrastes’ traduz muito isso, a minha experiência pessoal à medida que ia descobrindo a cidade”, adiantou.

A mostra conta com curadoria de Rui Dantas, director do Museu de Macau associado ao CCCM, e da Fundação Casa de Macau, em Lisboa. “São imagens de lugares e não de pessoas. É uma visão sobre a cidade e não tanto sobre a comunidade macaense ou coisas concretas do meu trabalho. É uma viagem pela minha descoberta de Macau ao longo dos anos”, contou.

Marisa Gaspar deparou-se, em 2010, “com vários pedaços” que depois se foram “descobrindo numa malha urbana”. “Houve uma mudança na configuração física da cidade e é isso que a exposição retrata. Macau é muito fotogénica e é natural que as pessoas a fotografem muito e que existam muitos pontos de vista pessoais sobre esse espaço. Não são as fotografias mais bonitas de Macau, mas são as fotografias reais”, frisou. Depois do CCCM, Marisa Gaspar pretende levar a exposição para outras paragens.

Investigação suspensa

Marisa Gaspar, investigadora no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa, está neste momento com um projecto de pós-doutoramento suspenso devido às restrições impostas pelas autoridades de Macau no âmbito da pandemia, que a impedem de viajar até ao território.

Ainda assim, a académica tem alargado a pesquisa a Macau como espaço de turismo e património, sem ter apenas o foco na comunidade macaense, mas também em determinados factos históricos.

“Sendo o meu objectivo o turismo, não consigo imaginar Macau sem turistas. As últimas políticas [previam] uma maior abertura de Macau ao mundo, com o desenvolvimento de várias parcerias. A ideia era uma projecção maior aos turistas internacionais. Estou apreensiva, porque tenho um projecto de investigação embargado”, confessou.

Ainda assim, Marisa Gaspar destaca o facto de a comunidade se ter vindo a destacar, nos últimos anos, “como comunidade patrimonial”, tendo em conta que “a gastronomia e o patuá foram reconhecidos como património chinês e foi levada à Assembleia Popular Nacional a possibilidade de a comunidade ser considerada mais uma etnia chinesa”.

23 Mar 2022

CURB | Escolhidos vencedores de concurso de fotografia de arquitectura

Já são conhecidos os vencedores do Concurso de Fotografia de Arquitectura de Macau organizado pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo. As imagens foram seleccionadas de um total de 470 fotografias a concurso. Na categoria “Open Group” [Grupo Aberto] o vencedor foi Lei Heong Ieong com uma imagem detalhada do hotel Morpheus, no Cotai, desenhado pela arquitecta, já falecida, Zaha Hadid.

Na categoria “Estudantes Universitários” Kingsley Leong ficou em primeiro lugar com uma imagem a preto e branco, intitulada “The Axes”. Destaque ainda para a menção honrosa atribuída a Ho Chi Kin, que capturou a essência dos incensos dos templos tradicionais chineses. Rickson Lam foi também distinguido com uma menção honrosa ao fotografar, à noite, a estátua da deusa A-Má em contraste com os edifícios luminosos e a Torre de Macau.

O prémio organizado pelo CURB destacou também os trabalhos fotográficos de estudantes do ensino secundário, sendo que a imagem vencedora é de um bairro antigo, com as suas ruelas e becos. Dylan Chan ficou em terceiro lugar com uma imagem da ponte Sai Van iluminada à noite. A cerimónia da entrega dos prémios acontece este sábado.

16 Mar 2022

Fotografia | “Matéria Escura”, de Francisco Ricarte, a partir de amanhã na Macau Art Garden

“Dark Matter” [Matéria Escura] é o nome da nova exposição de fotografia do arquitecto Francisco Ricarte que abre amanhã na galeria Macau Art Garden. Com curadoria de Alice Kok, a mostra apresenta uma série de imagens captadas nos trilhos de Coloane que representam a sensação de isolamento e de incapacidade de fuga

 

A sensação de isolamento e de incapacidade de viajar para lugares outrora tão acessíveis, como Hong Kong ou Zhuhai, é o tema central da nova exposição de fotografia do arquitecto Francisco Ricarte. “Dark Matter” [Matéria Escura] abre portas amanhã na galeria do Macau Art Garden e pode ser visitada até 11 de Abril. A curadoria está a cargo de Alice Kok.

A mostra consiste numa série de 12 fotografias recolhidas nos trilhos de Coloane, um lugar que representa para Francisco Ricarte um “refúgio” e de onde é possível avistar cidades que estão tão próximas de Macau, mas, ao mesmo tempo, tão distantes, graças às medidas impostas pelas autoridades no combate à pandemia.

“Este é um conjunto de fotografias que me deu muito gosto. Foram tiradas em Janeiro e Fevereiro de 2021. Graças à pandemia, os trilhos de Coloane adquiriram um outro significado para quem vive em Macau”, contou Francisco Ricarte ao HM.

“De repente, vimo-nos confrontados com a existência de uma barreira que nos impede de usufruir de outros espaços. Comecei a entender que existia um mundo lá fora, por oposição ao mundo cá dentro. Nos trilhos de Coloane olhamos para esses territórios próximos com a perspectiva de que não é possível lá chegar, quase como era a realidade de Macau há cerca de 50 anos, ou seja, uma verdadeira ilha com comunicações limitadas.”

Francisco Ricarte confessa que, quando fez este trabalho, tinha “uma alma mais carregada”, que ainda hoje se mantém. “Coloane tem sido sempre um sítio de refúgio, quase como um ponto de contraste à híper densidade que a cidade contém. É um sítio onde o ambiente natural, os trilhos e praias nos permitem um reencontro com a natureza. O que traduzo com estas fotografias é uma carga excessiva num contraste com a natureza, moldada por qualquer coisa que não vimos, mas sentimos.”

Tons escuros

Habituado a apresentar ao público imagens mais urbanas, Francisco Ricarte enveredou agora por diferentes perspectivas fotográficas, onde é dado maior relevo ao que é perceptível, em oposição ao de facto se vê na imagem. “É mais importante o sentimento que emana destas fotos do que a visão de determinados objectos”, explicou, acrescentando que as imagens evocam “uma matéria escura, que não se percebe de imediato o que é”.

“As fotografias traduzem essa percepção de qualquer coisa que nos carrega e que ainda está a moldar-nos a percepção do espaço e de Macau, e do modo como o utilizamos. O que tentei traduzir visualmente foi o recurso ao escuro, ao que é apenas percebido, mas não visto”, adiantou.

Os tons “bastante carregados”, quase sempre a preto e branco, fazem parte do imaginário fotográfico do arquitecto. “Aqui continuo com essa expressividade que traduz um estado de espírito e uma matéria que não existem fisicamente, mas que são perceptíveis. Neste caso é a situação da pandemia, do isolamento e do confinamento”, rematou.

16 Mar 2022

Arquitectos de língua portuguesa lançam segunda edição de concurso de fotografia

O Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP) lançou, após três anos de interregno, a segunda edição de um concurso de fotografia, para arquitetos e estudantes, dedicada ao tema “Ser Sustentável no Espaço Lusófono”, foi anunciado.

Em comunicado, o CIALP sublinha que o concurso é este ano um “duplo desafio de reflexão sobre os conceitos de sustentabilidade e de lusofonia”. A sustentabilidade, “de tão obviamente necessária à vida, à nossa e à das coisas, parece muitas vezes ser quase esquecida”, lamentou o conselho.

A arquitectura “tem um papel fundamental” na procura das soluções “para os muitos problemas com que a humanidade está confrontada”, disse o CIALP. As inscrições estão abertas até 17 de março, sendo que os premiados serão anunciados durante o mês de abril. O júri inclui arquitetos de Angola, Brasil, Macau, Moçambique e Portugal.

Os autores da melhor fotografia nas duas categorias – arquiteto e estudante – receberão um prémio no valor de 400 euros. A imagem vencedora da categoria estudantes será ainda exposta na próxima Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cuja 10.ª edição deveria ter acontecido em julho de 2021, na cidade da Praia, capital de Cabo Verde.

A primeira edição do concurso de fotografia do CIALP, organizado em 2019, recebeu 97 candidaturas. O vencedor entre os arquitetos foi o português Nuno Simão Gonçalves, com uma fotografia da Fortaleza São Sebastião, na Ilha de Moçambique. Entre os estudantes o premiado foi o brasileiro Gabriel Guerra Konrath, com uma imagem da Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre.

O CIALP tem como membros as ordens ou organismos profissionais de arquitetos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A organização não-governamental representa “mais de 230 mil arquitectos”, o que corresponde “a 18% dos arquitectos mundiais”, disse à Lusa em julho o presidente do CIALP, Rui Leão, arquiteto radicado em Macau.

O CIALP, fundado em 1991, é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, com sede em Lisboa, é parceiro institucional da União Internacional dos Arquitectos (UIA) e observador consultivo da CPLP.

8 Mar 2022

Fotografia | Exposição de Ricardo Meireles abre portas este sábado 

O arquitecto e fotógrafo Ricardo Meireles expõe, a partir de sábado, no espaço Hold On to Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. O público poderá ver, em “Social Distance”, uma série de fotografias de Macau, Hong Kong, Tóquio e Taiwan que servem como uma memória dos movimentos urbanos pré-pandemia, mas também dos tempos actuais de menor contacto humano

 

Chama-se “Social Distance” [Distância Social] e é a nova exposição individual de Ricardo Meireles, fotógrafo e arquitecto que abre ao público no próximo sábado, 12, às 15h, na galeria Hold On to Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM). Poderão ser vistas imagens não apenas de Macau mas de regiões como Hong Kong, Tóquio e Taiwan, onde impera a captura do movimento, a relação entre as pessoas no espaço urbano, mas também o contraste face aos tempos actuais, onde a pandemia ditou uma menor expressão de relações e movimentos de pessoas.

Inicialmente a ARTM pretendia realizar esta exposição no ano passado, mas o tema do movimento das cidades levou Ricardo Meireles a adiar o evento e a necessitar de mais tempo para escolher as imagens que pretendia expor. Desta forma, “Social Distance” terá fotografias mais recentes mas também imagens de arquivo.

Há, portanto, “uma captura do movimento e do aglomerado”, embora seja também captado “o oposto, a ideia da espera, do isolamento, a noção de que o tempo parou”. “Estas fotografias tentam abordar a ideia de um percurso mais orgânico entre as pessoas e o movimento da cidade”, disse ao HM.

Um “diálogo visual”

Ricardo Meireles, que não sai de Macau há dois anos, nota, na qualidade de fotógrafo, as alterações que a pandemia trouxe face à impossibilidade de capturar imagens de outras realidades. “Tive a ideia de capturar a essência do movimento de uma cidade onde, numa situação de pré-pandemia, conseguíamos absorver mais esta relação [entre pessoas] e este movimento. Há a captura destas realidades muito simples e sintéticas.”

Criou-se, em “Social Distance”, um “diálogo visual” para traçar este percurso em que o tempo parece ter estagnado e as mudanças se tornaram demasiado visíveis. “

Esta exposição tem também um cariz social, uma vez que a venda das imagens irá reverter para os projectos da ARTM. A mostra está patente até ao dia 2 de Março, sendo que a galeria Hold On to Hope se situa junto à Igreja de Nossa Senhora das Dores, na povoação de Ka-Hó, Coloane.

7 Fev 2022

Fotografia | Espólio de Jorge Veiga Alves no arquivo digital do Centro Científico e Cultural de Macau 

As imagens e os vídeos do espólio pessoal de Jorge Veiga Alves vão passar a estar disponíveis para consulta na biblioteca digital do Centro Científico e Cultural de Macau. Foi também assinado um acordo para preservar o material capturado pela sua esposa no período em que a família viveu em Macau. O fotógrafo amador destaca o facto de muitas das suas imagens retratarem vivências que já desapareceram

 

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, irá disponibilizar na sua biblioteca digital o espólio fotográfico e de vídeo do fotógrafo amador Jorge Veiga Alves, economista que viveu em Macau entre 1986 e 1994. Além das fotografias relativas a esse período, o acervo inclui ainda fotografias e vídeos dos anos 2005 e 2016, bem como de alguns países asiáticos que Jorge Veiga Alves visitou com a família. O acordo não é de exclusividade com o CCCM, uma vez que algumas destas fotografias também estão disponíveis no website da Fundação Macau. De frisar que o espólio pessoal de Margarida Gomes Branco, esposa de Jorge Veiga Alves, também vai ficar disponível para consulta.

“Tinha o gosto de preservar essas fotografias e a pandemia deu-me tempo para me dedicar a esse conjunto de imagens”, contou Jorge Veiga Alves ao HM. Hoje reformado, o fotógrafo amador tem publicado algumas destas fotografias nas redes sociais, tendo vindo a obter muitas reacções da parte de pessoas que viveram em Macau e não esquecem algumas vivências.

Depois de criar também duas exposições digitais, em formato vídeo, Jorge Veiga Alves teve a iniciativa de contactar diversas entidades ligadas a Macau, situadas em Portugal, para que alguns planos pudessem ser desenvolvidos com o seu espólio.

“Surgiu a possibilidade de uma das instituições fazer uma exposição este ano, e surgiu a proposta do CCCM, porque eles querem começar a ter uma biblioteca digital com imagens. E isso conjugou-se com a minha disponibilidade e com o facto de ter um arquivo com dezenas de fotografias e vídeos”, adiantou.

Outra Macau

Neste espólio podem ser encontrados retratos de uma Macau que já não existe, ou que se reconfigurou. “Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Às vezes andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.”

Jorge Veiga Alves considera, portanto, que este espólio tem sobretudo interesse do ponto de vista documental. Um dos exemplos de lugares em extinção é os estaleiros de Lam Mau e Lai Chi Vun, em Coloane, hoje ao abandono. “Tenho muitas imagens sobre a construção naval nos estaleiros, e essa é uma actividade que já não existe.” Mas há também lojas que desapareceram, sendo que as diferenças já são notórias mesmo em relação a 2005.

O fotógrafo amador gostaria de ver contadas as histórias da diáspora portuguesa de Macau, “de como [os portugueses] viviam e interagiam com o território”, sendo esta uma história que está por contar por oposição à da diáspora macaense em Portugal, defende o também ex-trabalhador na Autoridade Monetária e Cambial de Macau.

Já reformado, Jorge Veiga Alves não quer ficar por aqui no que à fotografia diz respeito. “Há outros temas que já estão a nascer e que estão relacionados com isto, como a percepção de que o tempo está a passar. Há sítios que já não são os mesmos, como ruas, lojas ou pessoas. Existem como há 20 anos, mas já são completamente diferentes.”

13 Jan 2022

Creative Macau | Exposição colectiva de fotografia começa quinta-feira

“Seeing the light in black and white” é o nome da exposição que será inaugurada na quinta-feira na Creative Macau. João Miguel Barros e Francisco Ricarte são os fotógrafos portugueses entre um colectivo que integra Rusty Fox, Tang Kuok Hou, Jason Lei e Ieong Man Pan

 

A fotografia a preto e branco, com os seus contrastes muito próprios, é o foco principal da nova exposição que a Creative Macau inaugura na quinta-feira, e que estará patente até 19 de Fevereiro. “Seeing the light in black and white” [Vendo a luz a preto e branco] conta com trabalhos de nomes locais que já são bem conhecidos do mundo da fotografia, tal como João Miguel Barros, Francisco Ricarte e Rusty Fox, num total de seis.

Ao HM, Francisco Ricarte disse que apresenta na exposição um conjunto de cinco fotografias tiradas em Shenzhen em finais de 2019. “Foram todas tiradas no mesmo local, a um edifício de arquitectura moderna que me fascinou do ponto de vista do seu conteúdo e da relação estabelecida com o interior, exterior e zonas de sombra”, contou.

O fotógrafo e arquitecto optou por “um preto e branco intenso”, onde as colunas do edifício sobressaem num forte jogo de sombras. “Há fotos em que praticamente está tudo negro e apenas se vê uma parte do edifício. As suas colunas, a branco, contrastam com a envolvência de tons mais escuros e carregados.”

Com estas imagens, Francisco Ricarte tentou demonstrar “como é a visão e a interpretação do ponto de vista da fotografia a preto e branco”, bem como “mostrar que é possível novas abordagens e ter uma visão interpretativa da luz quando ela não é directa”.

Fotografar com estas tonalidades, ao invés da cor, “é extremamente desafiante e uma questão de sobrevalorização de determinados contrastes cromáticos”, frisou.

“A cor está ausente e articula-se muito bem com determinados tipos de sentimentos e emoções”, adiantou Francisco Ricarte, que faz fotografia apenas nos tempos livres, mas que tem integrado várias exposições no território com os seus trabalhos.

Uma viagem de comboio

No caso de João Miguel Barros, que por norma privilegia a fotografia a preto e branco no seu trabalho, o público poderá ver imagens que integram a última edição do seu projecto Zine Photo, com o tema “Pendolino”, e que abordam “uma viagem de comboio feita entre as cidades de Lisboa e Porto, com regresso a Lisboa”. Nesse dia, João Miguel Barros capturou “um dia chuvoso e uma paisagem difusa”.

Estas são imagens impressas em película fotográfica e colocadas numa caixa de luz. A opção “permite evidenciar os rastos de chuva nos vidros da janela do comboio, acentuando o dramatismo que pretendi captar com este trabalho”, contou o fotógrafo e advogado.

A participação nesta mostra colectiva da Creative Macau é, para João Miguel Barros, como regressar às origens, ao lugar onde fez a sua primeira exposição individual, depois de muitos anos a trabalhar na advocacia.
“Desde então já tanta coisa aconteceu, e continua a acontecer, quer na produção autoral, quer na curatorial, quer até na editorial. E só passaram cinco anos!”, referiu.

A Creative Macau descreve que o trabalho dos seis fotógrafos pretendeu dar respostas à verdadeira essência da captura de imagens, e se há ou não verdade numa era em que a fotografia é bastante modificada com as novas tecnologias. Actualmente, as tonalidades e as cores do mundo que nos rodeia podem assumir novas perspectivas.

“Estes seis fotógrafos apresentam a arte da fotografia com o seu estilo muito próprio. Eles criaram algo novo e original, ao manipular a natureza da imagem ou não, para ‘mostrar a verdade’”.

10 Jan 2022

Ochre Space | João Miguel Barros aposta numa galeria de fotografia em Lisboa

Ainda sem data oficial de abertura, a Ochre Space, nome da galeria de fotografia fundada por João Miguel Barros na zona da Ajuda em Lisboa, começa a receber os primeiros eventos no próximo ano. A Ochre Space é composta por dois pisos cheios de imagens e livros e um lugar destinado à interacção entre fotógrafos de várias gerações

 

Radicado em Macau desde 1987, o advogado João Miguel Barros tem investido cada vez mais na fotografia com inúmeros projectos pessoais e curadorias de exposições. O seu mais recente projecto, que vai abrir portas na zona da Ajuda, em Lisboa, é a Ochre Space, uma galeria de fotografia contemporânea que quer estabelecer uma ponte com a Ásia, mas, acima de tudo, tornar-se num ponto de interacção entre novos e experientes fotógrafos e com todos os amantes da imagem.

O HM visitou este espaço composto por dois pisos que deverá ter uma livraria, um café e uma agenda de actividades com exposições e workshops. No entanto, nada está ainda definido. “Não vou abrir portas para já, talvez no Verão do ano que vem. Na parte de cima, que será pública, quero ter um ciclo de exposições regular, de conversas, de workshops. Quero criar uma dinâmica em torno da fotografia e da vídeo arte”, confessou João Miguel Barros ao HM.

Abrir uma nova galeria em Lisboa era uma tarefa primordial, por ser a terra natal do advogado e fotógrafo. A capital portuguesa “tem uma grande ligação a todos os centros europeus, está perto de uma vida cultural muito intensa”.

“Por outro lado, não vou ficar em Macau para sempre. Com a idade que tenho, gostava de ter um sítio que fosse mais acessível, e Lisboa é a minha terra. Macau foi uma terra que me acolheu”, disse.

A Ochre Space não será apenas “uma delegação de Macau ou da China”, apostando “numa relação identitária com a Ásia em termos de projectos”.

O trabalho do fotógrafo chinês Lu Nan, que já expôs em Portugal e que tem um intenso projecto fotográfico sobre doença mental na China, poderá ser a primeira mostra da Ochre Space. “Ele é uma pessoa pela qual eu tenho um enorme respeito”, confessou João Miguel Barros, que mantém uma amizade próxima com Lu Nan.

Um projecto pessoal

Há muito que João Miguel Barros queria fazer um projecto ligado à fotografia contemporânea chinesa. A juntar a esta vontade, começou a coleccionar, nos últimos cinco anos, centenas de livros de fotografia, essencialmente de fotógrafos asiáticos, mas não só. Nas grandes estantes, no andar de baixo, também cabem nomes como Sebastião Salgado, Josef Koudelka ou Cartier-Bresson.

“Tinha este sonho de ter os livros todos juntos, porque acho que uma biblioteca não pode estar desmembrada, é como um corpo humano. Este espaço dá-me uma alegria infinita. Nesta biblioteca há uma componente asiática muito forte.”

Assumindo já ter uma lista de nomes para exporem na Ochre Space, João Miguel Barros revela ter, neste ponto, uma enorme liberdade. “Vou trazer pessoas com as quais tenho uma identificação pessoal ou artística, porque este é um projecto pessoal. Não tenho interferências.”

A estadia de longos anos em Macau tem permitido a João Miguel Barros vários contactos com fotógrafos e galerias chinesas. A Ochre Space pode ser, neste sentido, mais um centro de ligação entre Portugal e a Ásia, a par das instituições que, em Lisboa, desempenham esse papel numa acepção mais institucional.

“Pode ser esse centro pelos livros que vamos ter à venda e pelas exposições. Queria muito fazer um intercâmbio de pessoas para trazer aqui. No futuro teremos uma videowall [parede com projecção de vídeo], pelo que a ideia é apresentar trabalhos em papel e fazer projecções de obras mais completas”, rematou.

30 Dez 2021

Fotografia | Associação Halftone promove o lançamento de livro e exposição

“This is My Street” é o nome do novo projecto da associação Halftone que se dedica a mostrar o que de melhor se faz na área da fotografia, mesmo por pessoas que não são profissionais. No próximo dia 13 será lançado um livro de fotografia e inaugurada uma exposição no Hotel Artyzen, sendo esta uma iniciativa que visa angariar fundos para uma instituição local de Macau que acolhe crianças com deficiências mentais e físicas.

A ideia para esta iniciativa partiu da criação de uma página no Facebook onde os interessados poderiam colocar uma foto das suas ruas, para que as pessoas pudessem partilhar o que estavam a viver nestes dois anos de pandemia.

A página tem participantes oriundos de mais de 130 países e recebeu mais de sete mil fotos tiradas em 2020 e 2021. É um projecto de Macau para o mundo. Outro dos objectivos do projecto “This is My Street” é “celebrar a humanidade, resiliência e arte de partilha através de uma acção filantrópica”. Além disso, “é um projecto que também pretende falar sobre a responsabilidade social e como as empresas de Macau podem contribuir para o bem-estar da sociedade de uma forma mais eficiente e mais orientada”.

Fundos com embaixadores

Para o processo de recolha de fundos foram nomeados seis embaixadores de Macau que vão apadrinhar uma foto da exposição colocando-a nas suas redes sociais e apelando às para adquirir a foto com uma licitação online. Quem oferecer o montante mais elevado irá receber a foto no dia de inauguração da exposição, dia 13 de Novembro.

Os embaixadores do projecto são personalidades locais de diferentes sectores da sociedade ligados ao mundo empresarial, artístico e não governamental. A mostra pode ser vista até ao dia 28 deste mês. “This is My Street” é apoiado ainda por entidades ou associações como o International Ladies Club of Macau e Zonta Club of Macau, bem como a creche Smart, gerida por esta associação.

3 Nov 2021

IIM | Exposição com imagens de concurso dia 26 no Lou Lim Ieoc 

É inaugurada na próxima terça-feira, dia 26, no pavilhão Chun Chou Tong, jardim Lou Lim Ieoc, a exposição de fotografias do concurso “A Macau que eu mais amo!”, promovido pelo Instituto internacional de Macau (IIM) em parceria com a Associação de Fotografia Digital de Macau, o Clube Leo Macau Central e a Associação dos Embaixadores do Património de Macau.

As imagens que integram esta exposição foram captadas pelos vencedores do concurso. Na categoria estudantes, venceram Cheong Man Hou, Ao Wai Ieng e Wang Jun Jing, enquanto que na categoria geral foram premiadas as fotografias de Cheong Chi Fong, Lei Heong Ieong e Lei Wai Leong.

Além disso, foi atribuída uma menção honrosa a uma dezena de obras, tendo sido também entregue um prémio especial a sócio da Associação de Fotografia Digital de Macau. Esta mostra estará patente até ao dia 30 deste mês.

Segundo um comunicado do IIM, o concurso contou com “uma participação significativa de jovens estudantes e do público”, tendo recebido mais de 222 imagens.

21 Out 2021

FOLIO | Exposição de Rosa Coutinho Cabral e Carlos Morais José em Óbidos

“Visto com os pés, escrito com os olhos” é o nome da exposição de rua que integra a edição deste ano do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, e que conta com fotografias de Rosa Coutinho Cabral e textos de Carlos Morais José. As imagens foram capturadas na Rua Direita, em Óbidos, e remetem para outras perspectivas da realidade

 

Serão poucas as vezes que olhamos para baixo e encaramos as coisas sob a perspectiva dos nossos pés, ignorando o que os nossos olhos vêem. Foi com este pensamento que a realizadora e encenadora Rosa Coutinho Cabral fotografou pedaços da Rua Direita, em Óbidos, imagens que podem agora ser vistas na rua principal da histórica vila portuguesa, numa exposição que integra a edição deste ano do Festival Literário Internacional de Óbidos (FOLIO) ontem inaugurada.

Carlos Morais José, director do HM e escritor, é o autor dos textos que acompanham as imagens. “Os textos não são explicativos mas sim alusivos às imagens que a Rosa captou, acrescentam coisas que não estão nas imagens mas que se podem imaginar a partir delas ou que se podem ver num outro plano. Quer seja um plano do realmente visível, ou um plano simbólico e imaginário”, referiu ao HM.

As imagens foram captadas na última edição do FOLIO, conforme contou Rosa Coutinho Cabral ao HM. “Fiquei atraída pelas texturas quase pictóricas das paredes, os restos e as marcas dos equipamentos, como caixas de electricidade e bueiros, as faixas de azul anil e amarelo. São marcas que conferem à Rua Direita de Óbidos uma fisionomia particular mas que é praticamente invisível aos olhos, porque está ao nível dos pés.”

A cineasta e encenadora descreve que, nesta exposição, “como em tudo na arte, não há uma mensagem em particular”, mas sim “uma forma de abordar o real ou aquilo que nos rodeia”. “Eu tive essa vontade de, de certa maneira, tornar visível uma matéria que é bastante invisível”, apontou.

Esta mostra nasceu também graças ao apoio da editora portuguesa Ler Devagar. Foi a própria Rosa Coutinho Cabral que convidou Carlos Morais José para a elaboração dos textos, dando continuidade a uma colaboração antiga.

“Pareceu-me, quando estava a fotografar, que seria muito interessante ter temas que não coincidissem com o que se via, mas com o que não se vê ao nível dos olhos”, afirmou.

O lugar do outro

A edição deste ano do FOLIO tem como tema “O Outro” e esta mostra pretende, aliás, ser o reflexo de isso mesmo, criando outras perspectivas. Até porque, como escreve Carlos Morais José a propósito da mostra, “em cada lugar há uma outra imagem”.

“A ideia que ficou desta experiência de escrita e de fotografia é que, de alguma maneira, cada uma das imagens é um outro a partir do outro, são experiências de produção artística e literária. Não só aquilo que se vê a partir dos pés é uma outra forma de ver, é um outro olhar, e depois há uma parte invisível que vem das próprias palavras”, disse a autora das imagens.

Acima de tudo, Rosa Coutinho Cabral diz ter ficado “muito feliz” pela aceitação do projecto e pela oportunidade de colaborar novamente com Carlos Morais José. O autor do texto acaba por ser “a outra pessoa, neste caso o meu outro, nesta proposta de alteridade entre as imagens e as palavras”.

Para Carlos Morais José, é sobretudo “muito gratificante” o facto de esta mostra estar patente na rua e não num espaço expositivo fechado.

Óbidos e Pessanha

Muito mais do que abordar os inúmeros outros, esta exposição acaba por também estabelecer uma ligação com a relação que o poeta português Camilo Pessanha tem com a vila de Óbidos, onde viveu e trabalhou antes de ir para Macau, nos primórdios do século XX.

“A memória da sua passagem pela cidade ficou registada, entre outros documentos, no poema ‘Castelo d’Óbidos’, incluído [na obra] Clepsydra. Mais recentemente, o FOLIO convidou-me, enquanto escritor de Macau, para estar presente. Este ano a nossa relação continuou. Seria interessante manter esta ligação entre as duas cidades, os seus escritores e talvez entre os seus festivais literários”, adiantou Carlos Morais José. A mostra “Visto com os pés, escrito com os olhos” está patente até 24 de Outubro.

Portas abertas

O FOLIO começou ontem e promete dar ao público 11 dias de literatura, música e arte com a presença de 175 autores e escritores. Esta edição marca o regresso do FOLIO aos eventos presenciais depois da pandemia, com um programa que inclui 160 actividades e 16 mesas de autor e debates, além de outras iniciativas.

A título de exemplo, a conversa de ontem juntou autores como Leïla Slimani e Juan Gabriel Vasquez e foi o ponto de partida para as mesas por onde passarão Isabel Lucas, Itamar Vieira Júnior, Jeferson Tenório, Paulo Scott, Fernando Rosas, Lilia Schwarcz e Richard Zimler.

A escritora chinesa Jung Chang também estará presente, juntamente com autores como Mário Lúcio, Mário de Carvalho, Alberto Manguel, Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira, Dulce Maria Cardoso, João Paulo Borges Coelho, Ana Margarida de Carvalho, Ana Luísa Amaral, Amália Bautista e Tatiana Levy, entre outros. O tema da edição deste ano é “O Outro”, com a inclusão de uma novidade: a banda desenhada. O programa celebra também a obra do escultor José Aurélio e os 50 anos da galeria Ogiva, em Óbidos, da qual foi fundador.

15 Out 2021

FRC | Fotografia aérea em exposição a partir de segunda-feira

Em conjunto com a Associação de Fotografia Aérea de Macau, a Fundação Rui Cunha (FRC) organiza a partir da próxima segunda-feira uma mostra fotográfica dedicada a imagens captadas por drones, pelos céus de Macau e outras cidades da Região da Grande Baía.

A iniciativa conta, no total, com 36 fotografias captadas por 17 membros amadores da associação que enveredaram por este tipo de imagens para promover o “desenvolvimento da arte e tecnologia da fotografia aérea”.

“O desafio é promover o desenvolvimento da arte e tecnologia da fotografia aérea, e criar uma plataforma de comunicação e de intercâmbio artístico e cultural para a impulsionar um interesse crescente nesta actividade”, pode ler-se na nota oficial da exposição.

Também na segunda-feira, pelas 16h00, será realizada uma palestra em cantonês, sobre o tema “Como fazer fotografia aérea popular e segura”. O evento conta com os oradores Andre Hong e Eric Ho e pretende ser uma plataforma de partilha de experiências e conhecimentos, não só sobre as técnicas de fotografia aérea, mas também os regulamentos em vigor em Macau e nos territórios vizinhos afectos à utilização de drones.

“Macau é uma plataforma de intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente. É também membro da Região da Grande Baía, onde muitos entusiastas de fotografia aérea costumam morar e viajar. Esperamos que, por meio desta exposição, mais cidadãos e turistas possam entender e vivenciar as características e belezas de cada uma destas cidades”, revela a Associação Fotografia Aérea de Macau. A exposição pode ser vista na FRC até ao próximo dia 14 de Setembro. A entrada é livre.

3 Set 2021

Exposição de fotografias assinala em Macau 100 anos do Partido Comunista Chinês

Uma exposição de quase 300 fotografias é inaugurada, na quarta-feira, em Macau para dar a “conhecer mais profundamente” o Partido Comunista da China (PCC), no 100.º aniversário da sua fundação, em Julho.

As 298 fotografias patentes “mostram o caminho que a nação chinesa percorreu (…) para dar o grande salto do fortalecimento do país após longos anos de sofrimento, permitindo à sociedade de Macau conhecer mais profundamente o passado, o presente e o futuro” do PCC, indicou, em comunicado, a Fundação Macau, um dos co-organizadores.

A exposição está dividida em quatro partes: “Estabelecimento do Partido Comunista da China, Obtenção da Grande Vitória na Revolução da Nova Democracia Chinesa”, “Fundação da República Popular da China, Revolução e Construção do Socialismo”, “Implementação da Reforma e Abertura, Desenvolvimento do Socialismo com Características Chinesas” e “Socialismo com Características Chinesas na Nova Era, Construção Integral de Uma Sociedade Moderadamente Abastecida, Nova Jornada da Plena Construção de Um País Socialista Moderno”, acrescentou.

Promovida pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China, pelo Governo da Região Administração Especial de Macau (RAEM) e pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, e organizada pela Fundação Macau e pela Nam Kwong União Comercial e Industrial, a exposição “Os 100 Anos do Partido Comunista da China – Exposição de Fotografias de Celebração do 100.º Aniversário do Partido Comunista da China” vai estar patente até 15 de julho, no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Em Fevereiro, no ano do centenário da fundação do PCC, o Presidente da China anunciou que o país concluiu a “árdua tarefa” de erradicar a pobreza extrema, apontando que 98,99 milhões de pessoas saíram desta condição nos últimos oito anos.

Desde que a China lançou o programa de reforma e abertura, no final de 1970, quase 800 milhões de pessoas saíram da pobreza, contribuindo assim para cerca de 70% na redução da pobreza extrema em todo o mundo, neste período. Em 2012, a China estabeleceu como meta erradicar a pobreza extrema até 2020, dez anos antes da data estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, lançados pela ONU.

22 Jun 2021

Fotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro lança novo livro sobre lago Tonle Sap no Cambodja 

O fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro acaba de lançar um novo livro de fotografia. Com o nome “Tonle Sap”, a obra retrata as vivências no lago com o mesmo nome, localizado no Cambodja, e que tem uma extensão de 2.590 quilómetros quadrados. Na estação das chuvas, o lago pode atingir os 24.605 quilómetros quadrados, tornando-se, desta forma, na maior extensão de água doce da região do sudeste asiático.

Gonçalo Lobo Pinheiro fotografou este local em 2015, sendo que algumas das imagens integraram a exposição colectiva “Photography Now”, que aconteceu em 2018 na Brick Lane Gallery em Londres, Inglaterra. Algumas fotografias foram também pré-seleccionadas para o Festival de Fotografia Paraty em Foco, também em 2018, e receberam menções honrosas em concursos internacionais de fotografia.

O lago, que na língua khmer significa água fresca, localiza-se na planície central do país. As províncias que o rodeiam são, ao norte, Siem Reap e Kompung Thom, e ao sul Battambang, Pursat e Kompung Chinang. Desde 1997 que o lago é Reserva da Biosfera da UNESCO, fazendo parte de um grande ecossistema hídrico, o maior do sudeste asiático.

O Tonle Sap é vital para a economia regional pela sua riqueza em pesca e a fertilidade das suas terras para o cultivo do arroz. Está intimamente associado ao complexo arqueológico e religioso de Angkor Wat, no qual se estende na sua área noroeste, próximo da cidade de Siem Reap, a segunda maior cidade do Camboja. A obra, com 28 páginas e fotografias a preto e branco, é editada pela Artisan Raw Books, editora brasileira.

2 Jun 2021

Associação Halftone quer acolher todos os amantes da fotografia

Chama-se Halftone e é a nova associação de fotografia que pretende revelar trabalhos de fotógrafos profissionais e amadores, e também organizar formações, tertúlias e debates. O pontapé de saída para o novo projecto é dado amanhã com a inauguração de uma exposição na Livraria Portuguesa

 

O mote foi dado por João Miguel Barros: e se a fotografia unisse um grupo de pessoas para fazer coisas e mostrar o que se vai fotografando no território, seja de forma profissional ou amadora? Foi assim que 18 associados se juntaram para formar a Halftone, uma nova associação de fotografia, que será oficialmente apresentada amanhã às 18h30 na Livraria Portuguesa, com a inauguração de uma exposição.

João Miguel Barros, advogado e fotógrafo, contou ao HM que os associados fundadores depressa perceberam que poderiam fazer muito mais do que simplesmente editar uma revista de fotografia. Esse é um dos objectivos, editar uma publicação três vezes por ano com portfólios de fotografias de associados. Mas existem mais ideias em cima da mesa.

“Fomos ambiciosos e este grupo criou uma dinâmica muito grande”, disse. “O site vai começar a crescer e vai ser alimentado com trabalhos dos associados. Vamos tentar criar um blogue para se falar de fotografia. Estamos a apostar muito nesta dinâmica de fazer coisas e uma das partes do programa que vai ser muito desenvolvido é a formação”, adiantou.

A ideia é “promover o debate em torno da fotografia e arranjar programas que possam ser pequenos workshops, dirigidos aos jovens e às escolas”, contou João Miguel Barros. Sobre a exposição que abre portas amanhã, o responsável adiantou que não tem um tema específico e que cada associado enviou uma imagem da sua autoria.

Aposta na diversidade

A Halftone, apesar de ser fundada por 18 associados portugueses, quer ser totalmente abrangente. “O nosso grande objectivo é fazer participar fotógrafos, artistas e pessoas interessadas da comunidade chinesa e macaense. Esta não é uma associação de portugueses e já temos um conjunto de pessoas que estão interessadas em participar. Temos vontade de crescer.”

Esta é, portanto, “das associações mais abertas e inclusivas que se possa imaginar”. “Hoje em dia é muito simples a facilidade da fotografia, pois qualquer bom telefone faz fotografias maravilhosas. A ideia é, dentro das tertúlias, falar de outros fotógrafos já consagrados, e isto pode ser um abrir de olhos”, considerou João Miguel Barros.

Criar a associação e não apenas lançar uma revista permite ao grupo “ter uma estrutura institucional para fazer outro tipo de coisas”. A Halftone pode, assim, “ter uma representação e aceitação junto da sociedade de Macau e ter uma maior credibilidade em relação aos seus próprios projectos”.

A diversidade é uma das ideias centrais por detrás da iniciativa. “Há uma identidade grande relativamente a objectivos comuns, apesar de os associados fundadores terem práticas profissionais completamente diferentes. Há fotógrafos profissionais, amadores, pessoas que gostam do preto e branco, outras que gostam da cor. Há quem goste de fotografia mais documental. Esta associação acaba por ser um ponto de encontro de muita diversidade”, rematou João Miguel Barros.

Além de João Miguel Barros, são membros fundadores da Halftone André Ritchie, António Duarte Mil-Homens, António Sotero, Catarina Cortesão, David Antunes, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro, João Palla Martins, João Rato, José Sales Marques, Nuno Martins, Nuno Sardinha da Mata, Nuno Tristão, Nuno Veloso, Pedro Benjamim, Ricardo Pinto e Sara Augusto.

26 Mai 2021

Aprender a andar na minha Holanda

A minha primeira perdição foi a fotografia aérea que dava a ver um dique com mais de trinta quilómetros no meio do mar. Constava de um dos livros de geografia que guardo ainda do liceu.

O dique, de nome Afsluitdijk, liga ainda hoje o norte da Holanda à Frísia e divide em dois o antigo Mar do Sul (Zuiderzee) que, há dois mil anos, era uma espécie de lago com origem num braço do rio Reno. A construção teve lugar entre 1920 e 1933 e passou a separar o novo mar interior, o Mar de IJssel, do Mar frísio (Waddenzee) que flanqueia as ilhas de Texel a Ameland. 

A palavra “perdição” é ambígua por natureza. Tanto se refere a uma pessoa ou coisa que desperta uma paixão irresistível por outrem como se refere a vício e até a condenação eterna. Por outro lado, designa ainda a figura da errância (uma pessoa perde-se, um pensamento perde-se, um mar perde-se, etc.). A palavra “perdição” ensina de facto a andar em muitas direcções. Por vezes ensina mesmo a voar.

E foi a voar muitas vezes sobre a Holanda que revisitei o abstracionismo geométrico de Piet Mondrian e as suas teosofias coloridas. Os campos, desenhados por polders de cromatismo sempre diferenciado e recortados por moinhos e canais, ilustram com concreta nitidez aquilo que é o neoplasticismo assim como o rasgo dos artistas que, a par de Mondrian, souberam cativar esta arte das raras proporções, casos de Theo Van Doesburg, Vilmos Huszar, Gerrit Rietveld, Georges Vantongerloo ou de Jan Wils. A paisagem é, de facto, uma enciclopédia de grande limpidez – que alimenta a errância, o vício e a própria paixão – e que sabe transformar o que parece abstracto em tangível, quase palpável.

Foi então que percebi que a minha Holanda é uma ilha. Incorporei-a, tal como a floresta incorpora a sua água, muito antes de ter conhecido o país com o mesmo nome. A minha Holanda é um conceito para a vida, um segundo perfil ou mesmo um contorno que me acompanha. Tudo começou no meu livro de geografia na pré-adolescência e, mais tarde, quando os aviões me levaram a sobrevoar (em ponte aérea de vários anos) o pequeno país onde haveria de viver durante uma década. O acaso e o fascínio atraem o nomadismo interior (a errância) e sabem convertê-lo em sedentarismo. 

O acaso tem o vigor das eclusas. São elas que permitem à água movimentar-se entre os diques sem que expluda para fora das margens. Pelo seu lado, o acaso permite que certas vivências aparentemente secundárias se esqueçam para que, depois, uma delas emerja e nos dê a sensação de uma coincidência ou até de uma surpresa. A minha Holanda começou por ser um puro acaso e, depois, porque nunca dele me esqueci, cresceu até se transformar num modo de me sentir em casa.

Sentir-me em casa foi-se tornando, ao longo dos anos, numa forma de realização que, hoje em dia, nada tem que ver com a geografia. Trata-se sobretudo de um território interior que foge aos encargos da confissão (malabarismo da cultura católica que transforma as pessoas em ecos palavrosos) e que desenha – com a geometria fina de um Mondrian amestrado – uma fronteira entre as correrias e as agendas correntes do mundo e o lugar onde eu sou.

Esta forma de liberdade é a minha Holanda. Ela advém de uma ideia de espaço que equilibra a água e a terra com as suas eclusas existenciais e que faz do tempo o sentimento misto próprio de uma perdição. Bem sei que o tempo é a passagem que funda o existir dos humanos no seu estado de devir e de transformação, mas o espaço, esse, é o esteio essencial que permite ao corpo sentir o seu peso sobre a superfície do planeta. 

Sentir a solidez do próprio corpo a vincar a terra é a comoção mais importante de uma vivência privada. Cada passo dado é sempre a metáfora da respiração toda de uma vida. E foi precisamente nesta minha Holanda interior que eu aprendi – e que ainda hoje aprendo – a andar.

20 Mai 2021

Fotografias de João Miguel Barros conquistam prémio do Instituto Cultural

“Brumas de Macau”, um conjunto de quatro imagens já publicadas na revista “Zine Photo 4” venceram a categoria “Prémio de Obras Especiais” do concurso promovido pelo Instituto Cultural (IC), ligado à “Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau”. Além deste grupo de imagens, foi também seleccionado pelo IC um outro conjunto de quatro imagens, intitulado “Akuapen”, mas que acabou por não conquistar qualquer prémio.

João Miguel Barros disse ao HM que participou nesta iniciativa “sem grandes expectativas”, por considerar que “a fotografia ainda não está suficientemente valorizada como uma categoria artística em exposições genericamente designadas de ‘Artes Visuais’”.

Com um “pequeno valor monetário”, o prémio é valorizado pelo advogado e fotógrafo “porque se trata de um reconhecimento de terceiras pessoas do trabalho que vou fazendo como criador”. “Tem sido essa a minha postura em relação a todos os prémios que tenho recebido ao longo destes últimos três ou quatro anos, de maior e assumida produção artística”.

Nesta categoria de “Prémios de Obras Especiais” foram também escolhidos trabalhos como “Fora do Mundo”, de Lam Sio Hong, ou “Paisagens Diminuídas”, de Kun Wang Tou, entre outros.

Os prémios foram entregues na última quinta-feira, tendo sido distinguidos pelo IC um total de 79 dos 300 projectos apresentados a concurso. Estes cobrem “uma ampla variedade de meios de expressão artística, que vão da pintura, fotografia, gravura, cerâmica, escultura, instalação, vídeo ou criações em interdisciplinaridade”. Algo que mostra “a diversidade e a criatividade do meio artístico local”.

Até Junho

A obra “Animus”, de Lo Hio Ieong, arrecadou o Grande Prémio do Júri, enquanto que “Impressões”, de Sit Ka Kit conquistou o “Prémio Jovem Artista”. “Animus” foi também um dos dez vencedores do “Prémio para Obras Excepcionais”, incluindo o trabalho “SEM TÍTULO #03”, de Ricardo Filipe dos Santos Meireles, entre outros.

A “Exposição Colectiva de Artes Visuais de Macau” pode ser vista até ao dia 13 de Junho no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 1 e no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Segundo o IC, o objectivo desta mostra é revelar ao grande público o trabalho desenvolvido por artistas locais tendo vindo, nos últimos anos, a promover “a criação de artes visuais locais e a identificação de talentos”. Para o IC, esta mostra tornou-se “num evento cultural icónico no sector das artes visuais e numa plataforma para os artistas de Macau mostrarem o seu talento e criatividade”.

4 Mai 2021

Fotografia | “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, de Gonçalo Lobo Pinheiro, lançado dia 29 

As fotografias captadas no lar da Santa Casa da Misericórdia de Macau e no Asilo de Santa Maria, da Caritas, estão agora compiladas no livro “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, de Gonçalo Lobo Pinheiro, que será lançado na próxima quinta-feira, dia 29, na Livraria Portuguesa. No dia seguinte, as fotografias estarão também expostas na cidade do Porto

 

Num território onde a pandemia da covid-19 tem estado plenamente controlada, o fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro teve de ver além do óbvio. Daí, a ter decidido retratar o dia-a-dia de um dos grupos de risco da pandemia, os idosos, e dos seus cuidadores, foi um passo. Vários prémios e distinções depois, esta reportagem fotográfica ganha nova dimensão com o livro “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, apresentado na próxima quinta-feira, dia 29, pelas 18h30 na Livraria Portuguesa. No dia seguinte será inaugurada uma exposição na cidade do Porto, em Portugal, no espaço Mira Fórum.

O trabalho realizado em 2020, no lar da Santa Casa da Misericórdia de Macau e no Asilo de Santa Maria, da Caritas, foi “o mais importante que fiz relacionado com a covid-19 em Macau”, disse ao HM Gonçalo Lobo Pinheiro.

“A pandemia não teve aqui grande expressão, felizmente, e tornou-se complicado para mim encontrar motivos de fotografar. Acabei por optar por ir aos lares, a par de fazer fotografia do quotidiano. Fui fazendo um levantamento possível, mesmo não havendo casos. Os Serviços de Saúde não permitiram que fizéssemos fotografias na linha da frente, então fui por outras vias, além de que os idosos são um dos grupos de risco desta pandemia.”

Neste ano as fotografias estiveram presentes em algumas exposições, além de terem ganho o primeiro prémio do concurso de fotografia da revista Macau Closer. Também obtiveram algumas menções honrosas em prémios internacionais.

O fotojornalista, que também escreve poesia, tendo inclusivamente publicado alguns livros, foi buscar à sua “alma poética” o nome deste livro. “Gosto de poesia e achei que [a palavra Desvelo], nesta óptica do cuidador, do cuidar dos idosos, pudesse ser mais poética para explicar, para não ser tão claro na minha abordagem.”

Na próxima quinta-feira, a apresentação da obra estará a cargo do arquitecto Francisco Ricarte, que também faz fotografia de forma amadora. Carlos Morais José, director do HM, assina o prefácio.

Portas abertas

Se Gonçalo Lobo Pinheiro não teve acesso aos hospitais para fotografar a covid-19 de perto, pôde fazê-lo com todo o apoio nestas instituições. “A primeira história foi captada a 29 de Abril de 2020, precisamente um ano antes do dia do lançamento do livro, no Lar da Nossa Senhora da Misericórdia da Santa Casa da Misericórdia de Macau. O lar abriu-me portas e pude testemunhar como os cuidadores estão, mais do que nunca, firmes no apoio aos idosos, muitos deles com várias deficiências.”

A segunda reportagem fotográfica foi feita no lar da Caritas a 8 de Maio de 2020. “A madre Louis Mary Sesu Ratnam conduziu-me numa visita ao asilo exclusivo para mulheres idosas. Louis Mary falou de como é ajudar no lar durante a pandemia. Explicou que os cuidadores são essenciais, principalmente nestes momentos. Se não fossem os cuidadores, quais curandeiros, estes idosos ficariam desamparados. ‘Fazemos o que podemos, mas fazemos com cuidado e seriedade’, confessou-me na altura”, adiantou o fotojornalista.

Gonçalo Lobo Pinheiro lembrou que as histórias captadas com a sua lente “falam de pessoas, de idosos e dos seus cuidadores”. “Os idosos são um grupo de risco da pandemia que assola o mundo e para o qual só agora começam a surgir esperanças para o seu combate efectivo, ainda que em diversas partes do mundo a doença não esteja controlada”, notou ainda o autor.

“DESVELO • 關愛 • ZEAL” é uma edição da Ipsis Verbis e terá uma edição em português, inglês e chinês. A obra conta com o apoio do projecto The Other Hundred – Healers, no qual este trabalho acabou por ser finalista, tendo sido publicado em livro na Malásia e já exposto em algumas cidades no mundo. Além disso, o fotojornalista contou com o apoio do Banco Nacional Ultramarino e do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

23 Abr 2021

Fotografia | “Living Among What’s Left Behind”, de Mário Cruz, inaugurada amanhã

Em Manila há uma comunidade a viver no meio do lixo nas margens do rio Pasig. Em algumas zonas o lixo é tão denso que se pode caminhar sobre ele de uma margem para a outra. “Living Among What’s Left Behind” é o nome da exposição sobre este projecto do fotojornalista português Mário Cruz, que pode reavivar o debate sobre poluição e pobreza

 

“Esta exposição tem um significado diferente”. É desta forma que Mário Cruz, fotojornalista, fala sobre “Living Among What’s Left Behind”, que nasce de um projecto seu feito no poluído rio Pasig em Manila, Filipinas, onde milhares de pessoas vivem do lixo e no meio dele, numa busca constante pela sobrevivência. A mostra é inaugurada amanhã na galeria do Instituto para os Assuntos Municipais, no edifício do Leal Senado, e estará patente até ao dia 2 de Maio.

“Devido à pandemia a exposição acabou por não ser feita em vários locais. Foi um ano em que o trabalho não foi discutido e apresentado, e Macau [permite] o reinício da conversa sobre um tema que é importante e que demorará imenso tempo a desaparecer”, disse ao HM.

Considerado biologicamente morto, o rio Pasig é hoje casa de milhares de pessoas que deixaram os campos para tentarem a sua sorte na capital das Filipinas, mas que não conseguiram mais do que viver da apanha do lixo e da sua reciclagem. Há pais que nasceram lá, que tiveram os seus filhos lá. Mário Cruz fala de uma problemática que já atravessa gerações e que está afastada do olhar da maior parte dos habitantes de Manila.

“É uma realidade muito complicada, foi um problema que se arrastou durante décadas. Para terminarmos com a poluição temos de realojar milhares de pessoas, é difícil [mudar algo]. Aquelas pessoas vivem no meio da poluição, mas é através da recolha de lixo que conseguem reciclar que têm algum sustento. É dramático por isso. É uma realidade muito dura e receio que dure mais décadas”, contou.

Habituado a fotografar sobre assuntos sociais ou ligados aos direitos humanos, Mário Cruz acabou por se deparar com uma realidade bem diferente da que tinha imaginado. “Quando comecei a fazer a investigação para este projecto não estava bem ciente da profundidade do problema, porque achava que estava concentrado em apenas um ou dois sítios mas a verdade é que devido ao trajecto do rio é um problema que está em todo o lado, sobretudo nos estuários.”

O choque no estuário de Madalena

Apesar de ter iniciado esta pesquisa em Portugal, Mário Cruz conseguiu viver durante meses nestas comunidades e contactar com as pessoas graças à ajuda de uma comissão ligada à preservação do rio e a várias organizações não governamentais.

“São comunidades muito fechadas, mas encontrei pessoas que acabaram por me receber muito bem e perceberam o que eu queria. Encontrei crianças e adolescentes com problemas de saúde gravíssimos, por passarem muitas horas no rio. Há uma pobreza extrema que não devia existir, até ao ponto de encontrar construções que não passam de toldos de madeira criados entre viadutos.”

Mário Cruz diz ter ficado mais sensibilizado com a situação no estuário da Madalena. “Uma coisa é estar lá e outra é preparar tudo a partir de casa. Foi um choque porque temos no nosso imaginário que um rio é um local com água, de lazer, mas em Manila não são poucas as zonas do rio onde não há água. Em algumas zonas o lixo é tão denso que é possível caminhar por cima dele, passar de uma margem para a outra. Isso chocou-me.”

Distinção no World Press Photo

Uma das fotografias incluídas na exposição deu ao fotojornalista o terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, no World Press Photo 2019. A imagem premiada mostra uma criança a recolher materiais recicláveis, para obter algum tipo de rendimento que lhe permita ajudar a família, deitada num colchão rodeado de lixo.

Com este trabalho, Mário Cruz venceu também a categoria Ambiente do prémio Estação Imagem 2019 Coimbra. Em Outubro do ano passado, “Living Among What’s Left Behind” conquistou o prémio de Melhor Trabalho de Fotografia, na categoria Artes Visuais, dos prémios Autores da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

A exposição esteve patente inicialmente no Palácio Anjos, em Algés, no concelho de Oeiras, Portugal, entre 6 de Abril e 30 de Junho de 2019, e deu origem a um livro, editado pela Nomad e desenvolvido pelo Estúdio Degrau. Entretanto, já passou também por Bruxelas.

Mário Cruz confessa que tão cedo não regressa à Ásia para um trabalho desta natureza, mas gostaria de voltar ao rio Pasig para concluir um projecto de colagens inserido na exposição. “Uma parte do projecto consistia em voltar a Manila e fazer fotografias em formato de colagens, como se fossem cartazes publicitários, e colocá-las nas ruas, para que as pessoas percebam o que se passa. Quem anda na metrópole não tem acesso à realidade do rio.”

O fotojornalista entende que a fotografia “deve estar nos sítios onde mais ninguém está, onde muitas vezes os temas estão escondidos”. “Interessa-me bastante a questão dos direitos humanos e problemáticas sociais porque acredito que a fotografia é uma ferramenta muito única para trazer a atenção para isso. Felizmente tenho tido sucesso neste e outros projectos, e se conseguirmos usar a fotografia como prova acho que a usamos de uma forma muito nobre”, rematou.

16 Abr 2021

Covid-19 | Fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro expõe no Brasil

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há mais de 10 anos, é um dos autores escolhidos para fazer parte da exposição “Olhares Sobre a Pandemia” que acaba de abrir na Mosaico Fotogaleria em Vitória, estado do Espírito Santo, no Brasil. São 20 os autores escolhidos para a mostra e Gonçalo Lobo Pinheiro é o único português que participa.

“Estou muito satisfeito por ter uma fotografia presente nesta exposição no Brasil. A convocatória foi muito forte. Alguns dos nomes fortes da fotografia do Brasil participaram, por isso estou muito feliz. Consegui ter duas fotografias nos 76 finalistas e agora uma na escolha final. Trata-se de uma imagem que fiz para uma reportagem publicada do jornal Ponto Final, assinado pela jornalista Catarina Domingues. Obrigado ao júri e à Mosaico Fotogaleria”, afirmou Gonçalo Lobo Pinheiro, citado por um comunicado.

A Mosaico Fotogaleria quis dar destaque a trabalhos produzidos por vários fotógrafos durante o período da pandemia da covid-19, dado o Impacto mundial que está a ter. “Desde o início da pandemia observamos uma grande difusão de imagens produzidas por diversos fotógrafos que abordavam esse momento histórico de maneiras bem particulares. Isso nos fez pensar em uma forma de criar um recorte dessa realidade por meio de uma coleção diversa e ao mesmo tempo um documento de uma época. Foi assim que surgiu a ideia da convocatória”, explicou Gabriel Lordello, sócio da Mosaico Fotogaleria.

“Além da exposição, a galeria planeia outros projectos para essas 304 fotografias recebidas pela convocatória, como a produção de um audiovisual, um livro, entre outras possibilidades que ainda estão sendo estudadas”, acrescentou o fotógrafo Tadeu Bianconi, também sócio da Mosaico Fotogaleria.

15 Abr 2021

Exposição | “Raízes”, de Jéssica Leão, revela imagens da Índia, Butão e Sri Lanka 

A Casa Garden acolhe, a partir desta sexta-feira, a exposição de fotografia “Raízes”, de Jéssica Leão. Natural de Goa, Jéssica habituou-se desde criança a viajar pelo sudeste asiático, não só na Índia mas também em países como o Butão ou o Sri Lanka. As imagens destacam sociedades repletas de contrastes e pessoas cuja força se reflecte no  olhar

 

“Raízes”, de Jéssica Leão, é a nova exposição de fotografia patente na Casa Garden até ao dia 12 de Abril. A inauguração acontece esta sexta-feira, dia 12. A mostra revela 79 fotografias que foram sendo captadas por Jéssica Leão ao longo de 30 anos em países como a Índia, Butão e Sri Lanka. Natural de Goa, Jéssica foi fotografando pessoas, animais e lugares destas regiões, onde contrastam diferentes nações e culturas.

Sempre de máquina na mão, percorreu lugares mágicos “do sossego de Pondicherry à caótica cidade de Bombaim, dos desertos do Rajastão às montanhas do Ladakh, passando pelas igrejas brancas e coqueiros de Goa e descendo aos vales do Butão …”.

Ao HM, Jéssica Leão confessou que estas imagens são o resultado não apenas de uma ligação familiar mas também da paixão que tem pela Índia e pelas suas gentes. “Tenho uma grande atracção pelo país, pelo Sri Lanka. Ao Butão só fui uma vez mas também me identifiquei imenso com o país.”

No Butão, onde esteve em 2012, Jéssica deparou-se com um país parado no tempo. “Foi uma experiência única porque é um país lindíssimo, com gentes espectaculares. São pessoas reservadas mas calorosas. Vê-se que há ali uma vivência muito genuína, não se vê muita interferência de coisas modernas, os miúdos com telemóveis. Vêem-se as pessoas nos jogos tradicionais, nas conversas, nos campos, é ainda um país muito genuíno. Está parado em um certo tempo, e isso encantou-me.”

Foi a própria Jéssica Leão que fez a selecção das imagens que integram esta mostra, não conseguindo destacar apenas uma. “Todas as imagens são especiais porque reportam a uma viagem, a um sítio, a um momento. O que sobressai mais são as pessoas, os olhares, a intensidade que as pessoas na Índia mostram nos seus olhares, naquilo que nos conseguem transmitir só com isso. É isso que me fascina na Índia, o poder do olhar. E tenho algumas fotografias que transmitem essa força e intensidade.”

Ideia concretizada

Jéssica Leão já tinha pensado em fazer uma exposição com as imagens que foi captando nos últimos anos, mas só quando a Fundação Oriente (FO) fez o convite é que o projecto se concretizou. Apesar de não fazer da fotografia a sua profissão, Jéssica Leão já fez vários cursos e está sempre com o olhar atrás da lente.

“É uma paixão que tenho e que gosto de exercer nos meus tempos livres, sobretudo em viagem. Mas mesmo em Macau gosto de estar sempre a fotografar e estou sempre atenta a pormenores, a luzes, a enquadramentos.”

Entre 1990 e 1993 Jéssica Leão frequentou cursos de fotografia na Academia das Artes Visuais de Macau e fez vários workshops. Publicou a sua primeira fotografia em 1993, na Revista Macau, integrada no Festival das Artes de Macau. Em 1995 participou na exposição colectiva “FM2”, na Galeria da Livraria Portuguesa de Macau. Também em 1995 integrou a 2.ª Bienal das Artes de Macau. Em 1996, participou na exposição colectiva “Regresso ao Futuro”, realizada no Instituto Português do Oriente. Em 1997 volta a integrar o conjunto de artistas da 3ª Bienal das Artes de Macau e, em 2000, participa na exposição “Mostra dos Artistas de Macau”, organizada pela Câmara Municipal Provisória de Macau, no Centro de Actividades Turísticas (CAT).

Para aqueles que visitarem a exposição, Jéssica Leão espera que “possam sentir um pouco a paixão que tenho pelas pessoas”. “Quem já esteve na Índia vai perceber, mas para quem não foi, gostava que as minhas imagens conseguissem transmitir essa beleza e serenidade que o país transmite a quem viaja por lá. É o contraste entre a alegria e as cores com a pobreza, a tristeza. É tudo muito presente para quem vive e viaja na Índia.”

10 Mar 2021

IIM | Inscrições abertas para concurso de fotografia

As inscrições estão abertas para mais uma edição do concurso de fotografia do Instituto Internacional de Macau (IIM) focado no território: “A Macau que eu mais amo”. Além do retrato de aspectos de Macau como monumentos históricos e edifícios classificados, os participantes podem submeter imagens relativas a manifestações de natureza cultural ligadas ao património imaterial, hábitos, costumes e crenças, eventos turísticos ou ainda festividades populares tradicionais e religiosas das culturas chinesa, portuguesa e macaense.

A página electrónica do IIM, indica que o concurso é lançado “no intuito de reforçar o sentimento de pertença, e promover um conceito de identidade radicado nos valores culturais e históricos de Macau”. “Destina-se a estimular o conhecimento da população, especialmente entre os jovens, das riquezas do Património Cultural, construído ou não, de Macau, e das tradições que enformam Macau”, descreve a entidade.

O concurso é dividido numa categoria para estudantes, voltada para jovens locais do ensino primário, secundário e universitário em Macau ou com estudos no exterior, e uma categoria geral destinada a titulares do BIR permanente ou não permanente. Em cada categoria há 1º, 2º e 3º prémios, cinco menções honrosas e um prémio especial a um trabalho apresentado por sócios da Associação de Fotografia Digital de Macau. O primeiro classificado recebe um troféu e 5.000 patacas.

Os trabalhos devem ser do período entre Setembro de 2020 e Agosto deste ano, e há um limite máximo de cinco fotografias por pessoa. Os interessados têm até 27 de Agosto para os entregar.

3 Mar 2021

Fotografia | João Miguel Barros lança novo livro e planeia abrir uma galeria em Lisboa

É o primeiro fotógrafo português com trabalho na Photo London Academy Publication sobre o seu trabalho. “João Miguel Barros – A Photo London Academy Publication” é o nome do livro baseado nesta monografia e o lançamento acontece na Livraria Portuguesa na próxima terça-feira, dia 23. João Miguel Barros refere que este “é um momento cuja importância vai além dos prémios” que já ganhou. Na calha está a abertura da galeria de fotografia contemporânea Ochre Space

 

Há quatro anos João Miguel Barros, advogado, realizava a sua primeira exposição individual de fotografia no espaço Creative Macau. Mal sabia que estava lançado o primeiro passo para uma carreira alternativa à advocacia. As suas fotografias já foram premiadas em vários concursos internacionais, mas um novo reconhecimento chegou recentemente, com a publicação de uma monografia pela Photo London Academy sobre o seu trabalho.

É o primeiro fotógrafo português a ver o seu trabalho distinguido por esta entidade, o que levou João Miguel Barros a transformar esta monografia em livro. “João Miguel Barros – A Photo London Academy Publication” será lançado na próxima terça-feira, dia 23, na Livraria Portuguesa. No mesmo evento, intitulado “Prestação de contas”, será também inaugurada uma exposição com imagens do autor.

“Este é um momento cuja importância vai além dos prémios que ganhei nos últimos anos”, confessou ao HM. “O convite que me foi feito no ano passado para o meu trabalho ser incluído nas monografias da Photo London deixou-me surpreso, porque não conhecia a curadora deste projecto editorial, nem ninguém que especialmente me recomendasse. Soube depois que o meu trabalho foi reconhecido pela exposição que fiz no Museu Berardo, em Lisboa.”

O fotógrafo destaca o facto de a Photo London estar “num patamar muito elevado”, além de ter “uma enorme credibilidade no mercado da arte e fotografia em especial”. “É um sinal de reconhecimento que tenho de valorizar. Não posso esconder que é algo que me deixa orgulhoso e me responsabiliza ainda mais”, adiantou.

Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, estará presente no lançamento do livro para assinalar a primeira exposição de João Miguel Barros. “Na altura disse, numa entrevista, que tinha dez anos para fazer coisas que pudessem ser significativas na fotografia. Dez anos não é muito tempo mas para mim, que comecei muito tarde, todo o tempo conta. Têm sido quatro anos de grande actividade, não só na criação mas também na curadoria. Levei a Portugal já quatro artistas chineses e um austríaco.”

Neste período, o fotógrafo assume ter vindo a construir “uma reputação, um caminho”. “Fico contente por perceber que muito do meu trabalho é já reconhecido, pelas temáticas e pelas características que tenho dado às fotografias, assentes num preto e branco bastante contrastado”, referiu.

Os novos projectos

João Miguel Barros tem novas ideias na manga. Uma delas é a exposição sobre o trabalho de Daido Moriyama, outra é a abertura de uma galeria de fotografia em Lisboa, adiada devido à pandemia.

“Comprei um espaço em Lisboa, junto ao Palácio da Ajuda, a que chamei Ochre Space, e onde pretendo instalar um pequeno centro de fotografia contemporânea. Esse espaço terá várias vertentes que se complementam: uma galeria de arte, uma livraria e uma editora especializadas em fotografia.”

A par disto será lançada a “Ochre Editions”, que terá o papel principal de publicar as imagens de Barros e de outros fotógrafos, tal como já acontece com a publicação Zine Photo. “Um dos projectos é o de estabelecer uma ligação privilegiada entre a criação e produção artística portuguesa e a asiática, em especial da China e do Japão, que são áreas geográficas que vou começando a conhecer. O projecto Ochre Space será a minha âncora institucional para tudo o que quero fazer”, concluiu.

A galeria Ochre Space será “um desafio enorme”, por se tratar não apenas de uma base para a produção artística e cultural mas também “uma aposta para criar uma marca que seja significativa no reconhecimento da fotografia como expressão artística e que possa servir de plataforma de afirmação de jovens artistas e de divulgação em Portugal de outros já consagrados”.

Mesmo com todas estas iniciativas, João Miguel Barros não esquece o trabalho fotográfico que começou no Gana. “Quero concluir a minha série Ghana Stories, que ocupou já 4 dos 5 números publicados da Zine Photo. E terminar o projecto do boxe com o Emmanuel Danso.”

19 Fev 2021