Reitora da Universidade de Évora diz que Chan Meng Kam é “uma personalidade ímpar”

É atribuído amanhã o grau de doutoramento honoris causa a Chan Meng Kam na qualidade de presidente do Conselho da Universidade Cidade de Macau. Ana Costa Freitas, reitora da Universidade de Évora, garante que a distinção não é somente fruto dos projectos que as duas academias têm em conjunto, mas acontece também por ser “pertinente dar a conhecer uma personalidade ímpar da RAEM sobejamente reconhecida e respeitada”

 

[dropcap]C[/dropcap]han Meng Kam, presidente do Conselho da Universidade Cidade de Macau (UCM), vai receber amanhã o grau de doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora (UE), disse à Lusa a instituição de ensino superior portuguesa.

A cerimónia está agendada para as 15h30 e será marcada pelo discurso de Chan Meng Kam, com o título “My greatest mission in life is to serve society” (A minha grande missão de vida é servir a sociedade). Sou Chio Fai, director do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior estará presente no evento.

Em declarações ao HM, Ana Costa Freitas, reitora da UE, garantiu que o elo que junta as duas universidades não é a única justificação para atribuir o grau de doutor honoris causa a Chan Meng Kam.

“A distinção agora conferida a Chan Meng Kam não procura reforçar qualquer parceria. Resulta tão só do entendimento da UE em distinguir o estadista, o empresário e o filantropo Chan Meng Kam, que tem dedicado a sua vida ao bem público da Cidade de Macau e das suas gentes, contribuindo decisivamente para a imagem, reputação e desenvolvimento da RAEM.”

Além disso, a reitora considerou que “numa altura em que Portugal apoia a iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, entendeu a UE ser pertinente dar a conhecer, uma personalidade ímpar da RAE de Macau, sobejamente reconhecida e respeitada, o Sr. Chan Meng Kam”.

A UE atribui esta distinção meses depois de ter sido assinada uma parceria na área da tradução com a UCM. Em Novembro, foi notícia o facto de estar a ser desenvolvido um novo sistema de tradução automático chinês-português que deverá estar pronto este ano. A infra-estrutura ficará na cidade de Évora e terá um custo de cerca de um milhão de euros.

A reitoria da UE garantiu que Chan Meng Kam nunca fez quaisquer donativos financeiros “ou de qualquer outra espécie” à instituição que dirige “ou de qualquer outra espécie”.

Projectos na calha

Depois da criação do Instituto Confúcio na UE, seguem-se mais parcerias com a UCM, cuja ligação com a universidade alentejana aconteceu há três anos. “Neste período, a ligação entra as nossas universidades tem sido fortalecida pelos diversos contactos, directos e indirectos que se têm desenvolvido”, declarou Ana Costa Freitas.

Na resposta ao HM, a reitora explicou que “decorrem dois projectos bilaterais financiados pela UCM”. Um deles versa sobre a área da História e Património, e um outro na matéria da tradução Português-Mandarim.

“Em paralelo deu-se início a um programa de intercâmbio de docentes das duas universidades e, em breve, iniciar-se-á na UE uma Summer School na área da Arquitectura Paisagista. Outras iniciativas de colaboração mútua terão o seu início em breve”, frisou.

Para a UE, a ligação à UCM é “muito especial, dadas as ligações históricas e culturais que unem Portugal a Macau”.

“Não obstante os contactos directos e regulares que mantemos com a China, encaramos Macau e a sua universidade como um apoio efectivo das nossas relações com o País do Rio das Pérolas.

Com esta parceria antecipamos benefícios e o aprofundamento das nossas relações ao nível do ensino, da investigação e da transferência de conhecimento, área que começa a dar os primeiros passos”, apontou Ana Costa Freitas.

A reitoria da UE destaca ainda o facto de “a China ter vindo a ser encarada como parceira prioritária”, até porque a universidade “tem efectuado uma aposta muito forte na internacionalização dos seus ensinos e da sua investigação, enquanto pilar fundamental da sua estratégia de crescimento e de afirmação no panorama internacional”.

O grau de doutoramento honoris causa será também atribuído a António Galopim de Carvalho, professor catedrático jubilado.

8 Abr 2019

Eleições legislativas | Comissão quer limite para valor de “lembranças” das campanhas

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa quer um limite máximo para as lembranças dadas aos eleitores, segundo o relatório final sobre as legislativas de 2017. Outro ponto sublinhado é a necessidade de aumentar o tempo da campanha, devido ao maior número de listas participantes no acto eleitoral

 

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) defende a necessidade estabelecer um limite para as ofertas durante a campanha eleitoral, de forma a evitar “lembranças” com valor demasiado elevado que possam ter impacto nos resultados. Esta é uma das recomendações do relatório final da CAEAL sobre as legislativas de 2017, que foi publicado na sexta-feira.

“Para evitar situações de ofertas de lembranças de valor consideravelmente elevado de modo que venham influenciar o sentido de voto dos eleitores […] entende a CAEAL que se poderá, através de instruções vinculativas, regulamentar o valor máximo das ofertas de materiais de propaganda ou de lembranças das candidaturas aos cidadãos ou eleitores”, é recomendado. “A CAEAL considera que poderá acrescentar um número ao artigo 70.º da Lei Eleitoral, […] fixando o valor máximo dos materiais de propaganda ou das lembranças que as candidaturas pretendam oferecer ao público”, é frisado.

O objectivo passa ainda por evitar que as candidaturas com mais recursos financeiros possam fazer ofertas que levem os eleitores a vender os votos. Esta preocupação já tinha sido partilhada anteriormente pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) face à prática comum da campanha de oferecer brindes, como abanadores ou peças de vestuário.

A sugestão aparenta ser uma medida preventiva, uma vez que no relatório da CAEAL não é dado nenhum exemplo sobre “lembranças” que tenham atingido um “valor consideravelmente elevado”.

Campanha mais longa

Outro dos aspectos focados pela comissão liderada pelo juiz Tong Hio Fong é a duração da campanha eleitoral. Com o aumento de participantes, a CAEAL considera que faz sentido haver um período mais longo para partilhar ideias e dar a conhecer os candidatos. Actualmente o prazo é de duas semanas para campanha e a CAEAL não sugere uma alternativa.

“De facto, registaram-se mais candidaturas nestas eleições do que nas anteriores e prevê-se uma tendência de aumento, pelo que se afiguram insuficientes as duas semanas de propaganda para que os leitores possam ter pleno conhecimento sobre os candidatos e respectivos programas políticos”, reconhece a CAEAL. Porém, é defendido que a campanha não deve ser muito extensa: “o período de propaganda também não convém ser demasiado longo, dado o incómodo causado nos cidadãos em virtude de actividades de propagada”, é frisado.

Em relação à campanha, a CAEAL explica que são necessários mecanismos para punir quem comece a promover as respectivas listas, ainda antes de haver candidaturas definitivas. Segundo a comissão eleitoral esta tendência pode enganar os eleitores.

“Nestas eleições, algumas listas que pretendiam candidatar-se iniciaram a realização de ‘propaganda’ logo a partir do dia em que o Chefe do Executivo anunciou a data das eleições, o que é, sem dúvida, uma injustiça para as candidaturas que cumpram a lei”, é apontado.

“Não obstante, devido às restrições legais, a CAEAL não pode sancionar aqueles que realizam antecipadamente a propaganda antes da publicação das candidaturas definitivamente admitidas”, é sublinhado. Outra das desvantagens desta campanha antecipada é o facto da CAEAL considerar que pode enganar os eleitores.

Em relação às medidas necessárias para punir este tipo de condutas, a CAEAL não avança com propostas.

Apoios para todos

Também o financiamento das campanhas das diferentes listas é um dos assuntos que merece recomendações para implementar melhorias. Uma das revelações do relatório é a existência de candidatos de listas que financiaram concorrentes. A prática é ilegal, aconteceu nas últimas eleições, mas a CAEAL não identifica os infractores.

Esta situação é explicada, em parte, com o facto das campanhas começarem a receber financiamento, ainda antes das listas e os membros das comissões de candidatura serem conhecidos por todos. Segundo a comissão é necessário fazer modificações à lei eleitoral: “A resolução, entende a CAEAL, é criar, por lei, mecanismos legais que permitam às candidaturas fazer a correcção a posteriori [das contribuições ilegais]”, é apontado. Ou seja, a comissão quer um mecanismo para que os financiamentos sejam devolvidos, caso contrário, serão aplicadas sanções.

Outro aspecto que preocupou a comissão é o financiamento por parte do exterior, o que é visto como uma ameaça à “defesa da estabilidade política de Macau e da soberania do país”. Contudo, a actual lei não prevê “qualquer sanção para as infracções”. Neste capítulo não é indicada a existência de casos.

Desistir ou perder?

Segundo a lei das eleições, as listas pelo sufrágio directo que tiveram uma votação inferior aos 300 membros da comissão de candidatura perdem a caução paga na formalização da lista. Este cenário aconteceu com duas listas nas legislativas de 2017 e uma chegou a pedir a recontagem dos votos. No total foram perdidas 50 mil patacas para a RAEM, o que representou 25 mil patacas por lista.

No entanto, este cenário apenas afecta quem vai a votos e não se aplica aos desistentes. Assim a lista “Cor de Rosa, Amar a população”, encabeçada pelo promotor de jogo Lei Kit Meng, não perdeu a caução. Esta é outra situação que a CAEAL diz ter de ser corrigida.

“O regime de caução foi introduzido com o objectivo de reforçar a seriedade das eleições […] De acordo com a lei vigente, pode-se desistir da candidatura apresentada até ao terceiro dia anterior ao dia da eleição, porém, não está previsto nenhum efeito na lei”, é reconhecido. “A CAEAL sugere a não restituição da caução que seria perdida a favor da RAEM, na desistência da candidatura apresentada”, é incluído no texto.

8 Abr 2019

China admite “novo consenso” nas negociações sobre fim da ‘guerra’ comercial com EUA

[dropcap]O[/dropcap] vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, disse que as negociações comerciais entre Pequim e Washington “chegaram a um novo consenso”, informou hoje a agência estatal de notícias Xinhua.

Numa reunião com o Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, Liu disse que as equipas negociadoras dos dois países “realizaram reuniões frutíferas e chegaram a um novo consenso em questões importantes como o texto do acordo económico e comercial”.

O vice-primeiro-ministro chinês, que lidera a delegação de Pequim nas negociações que decorrem nos EUA, disse que ambas as partes “continuarão com as consultas para alcançar maiores progressos em questões de interesse mútuo, de forma a concluir as negociações o mais rápido possível”.

O Presidente norte-americano declarou-se na quinta-feira optimista quanto à possibilidade de chegar a acordo comercial com a China, sem todavia anunciar uma cimeira com o seu homólogo chinês para formalizar o fim da ‘guerra’ comercial.

“Estamos muito perto de assinar um acordo. Os progressos estão a ser muito rápidos (…) Há boas hipóteses de que isso aconteça e seria muito bom para toda a gente”, afirmou o Presidente dos Estados Unidos na sala oval.

“Se tivermos um acordo, faremos uma cimeira. Saberemos provavelmente durante as próximas quatro semanas”, acrescentou.

Para obrigar Pequim a alterar as suas práticas consideradas “desleais”, Washington impôs, em 2018, taxas adicionais de 10% a 25% a mais de 250 mil milhões de dólares de mercadorias e Trump ameaçou taxar a totalidade das importações provenientes da China (539,5 mil milhões em 2018).

Pequim respondeu taxando os cerca de 120 mil milhões de importações norte-americanas.
Para obrigar Pequim a alterar as suas práticas consideradas “desleais”, Washington impôs, em 2018, taxas adicionais de 10% a 25% a mais de 250 mil milhões de dólares de mercadorias e Trump ameaçou taxar a totalidade das importações provenientes da China (539,5 mil milhões em 2018). Pequim respondeu taxando os cerca de 120 mil milhões de importações norte-americanas.

5 Abr 2019

Chan Meng Kam distinguido com doutoramento honoris causa em Portugal

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Évora anunciou hoje a atribuição, na terça-feira, de doutoramentos ‘honoris causa’ ao professor universitário jubilado António Galopim de Carvalho e ao presidente do Conselho da Universidade da Cidade de Macau (UCM), Chan Meng Kam.

A cerimónia, segundo um comunicado da academia alentejana enviado à agência Lusa, está agendada para as 15h30 de terça-feira e vai ter lugar na Sala dos Actos, no Colégio do Espírito Santo, principal edifício da universidade.

O Conselho Científico da UÉ considerou a atribuição de idêntico doutoramento a Chan Meng Kam, na mesma cerimónia, está ligada “ao valor da personalidade em si, ao papel que tem tido no fortalecimento efectivo das relações da UE com Macau e China”.

E relaciona-se também com a “recente iniciativa lançada pelo governo da China, em estreita colaboração com Macau, sobre a ‘nova Rota da Seda’, a qual tem tido um impacto enorme que, sendo económico é também cultural e tecnológico”, sublinhou a academia alentejana.

Natural da província chinesa de Fujian, Chan Meng Kam cresceu em Macau, onde se tornou num dos mais influentes políticos e homem de negócios, tendo sido deputado à Assembleia Legislativa durante muitos anos. Nas últimas três décadas, “prestou importantes serviços sociais à população e comunidades em Macau, na China e pelo mundo”.

António Marcos Galopim de Carvalho, professor catedrático jubilado, doutorou-se em Sedimentologia (Universidade de Paris, 1964) e em Geologia (Universidade de Lisboa, 1968), tendo leccionado na Faculdade de Ciências de Lisboa (1961-2001) e na Faculdade de Letras de Lisboa (1965-1981).

Dirigiu o Museu Nacional de História Natural (1992 a 2003), assinou “vasta bibliografia científica, de divulgação e de ficção”, com 30 livros publicados e centenas de artigos em revistas científicas e jornais, tendo ainda recebido diversos prémios e condecorações.
O investigador promoveu a divulgação e preservação do património geológico nacional e impulsionou em Portugal e ao nível da UNESCO o estudo científico dos dinossauros.

5 Abr 2019

Pensão San Tung Fong levanta críticas de arquitectos

Uma construção que não respeita o modelo das fachadas na Avenida Almeida Ribeiro e que altera as escalas da rua. É desta forma que Mário Duque encara o edifício da Pensão San Tung Fong. Já para Carlos Couto a construção é uma “aberração” na “jóia da coroa de Macau”

 

[dropcap]U[/dropcap]ma aberração na jóia da coroa de Macau. É a descrição do arquitecto Carlos Couto do edifício da Pensão Comercial San Tung Fong construído na Avenida Almeida Ribeiro, onde estava um parque de estacionamento de superfície, e que teve licença de utilização em 2017.

“Na realidade, não se entende como é possível fazer-se tamanha aberração na Av. Almeida Ribeiro, a ‘jóia da coroa’ de Macau. Não é só falta de gosto, é acima de tudo muita estupidez e uma verdadeira afronta à preservação do Património”, afirmou Carlos Couto, em declarações ao HM.

No entanto, o arquitecto defende que o que está mal não é a introdução de novos estilos na Avenida Almeida Ribeiro, mas a falta de harmonia com a zona envolvente. “Admito o novo como uma necessidade cultural, pois há que ‘escrever’ arquitectura actual em todo e qualquer parte do tecido urbano da cidade”, começa por sublinhar. “Mas o ‘novo’ a ser feito tem de, acima de tudo, ter grande qualidade para se integrar, harmonizar, respeitar o passado e ser o contributo da arquitectura contemporânea, como peça nova, e que também será antiga no futuro próximo, sendo assim o contributo do nosso tempo na construção do património edificado da cidade”, acrescentou.

Contudo, para Carlos Couto a qualidade foi algo que não ficou garantido no projecto este edifício. “A fazer-se um novo edifício, há que exigir-se uma arquitectura de grande qualidade. Agora isto que foi feito, pela falta de qualidade, é inqualificável, aberrante e uma afronta à qualificação do Património de Macau”, acusou. “Onde estão as autoridades que deviam zelar pelo bom que temos nesta cidade? Não sei, não as vejo. É triste e vergonhoso”, apontou.

Fora de lugar

Já para o arquitecto Mário Duque a principal questão com o edifício prende-se com a fachada, nomeadamente com o facto de por cima das arcadas este edifício ter três andares, enquanto os restantes têm dois andares com uma altura maior.

“A escala tem por cima da arcada dois pisos altos. É uma constante da rua porque na altura se construía com aquelas medidas mais altas para haver maior circulação de ar e manter os espaços frescos”, explicou Mário Duque. “Na Avenida Almeida Ribeiro os edifícios são todos diferentes e é essa a sua génese. Mas havia uma escala, com um andar de rés-do-chão e depois dois pisos altos por cima”, acrescentou.

A emergência dos ares-condicionados trouxe novas possibilidades à arquitectura e em vez de replicar as fachadas da restante rua, o edifício da pensão já reproduz esta alteração, o que faz com que a fachada divirja do restante. “Hoje em dia, como os ares-condicionados arrefecem os espaços, as novas regras da construção permitem uma maior ocupação, com pisos com menor altura. É isso que acontece neste edifício. Mas quando se passa de dois pisos altos para três pisos baixos, a escala da rua altera-se”, defendeu.

Foco na arcada

Ao HM, o Instituto Cultural (IC) explicou que as recomendações se focaram na altura da arcada e o reboco. O número de pisos imediatamente acima da arcada não foi focado.

“Quando o IC respondeu à consulta sobre as Plantas de Alinhamento Oficial, emitiu um parecer sobre a altura do conjunto de edifícios, a colunata e o material da fachada, incluindo a construção da arcada, a sua altura que deve estar em correspondência com a dos edifícios adjacentes, e o reboco pintado nas paredes”, foi explicado. “Ao mesmo tempo, o material das portas e janelas de madeira ou metal de novos prédios também é especificado”, acrescentou o organismo.

O edifício em questão, no que diz respeito ao hotel, é propriedade da empresa Fomento Predial e Desenvolvimento Dong Kin Cheong Limitada, que tem como um dos principais accionista o empresário Chong Siu Kin.

A concessão do terreno, que inclui cinco parcelas, foi cedida em 2014 durante um período de 25 anos. O objectivo passava pela construção de uma pensão, que foi respeitado.

A Avenida Almeida Ribeiro é considerada uma zona protegida, como conjunto, devido ao “seu interesse cultural relevante, a sua arquitectura, a sua unidade e a sua integração na paisagem”.

4 Abr 2019

AACM | Relatório recomenda revisão de procedimentos de segurança no Aeroporto

O relatório da Autoridade de Aviação Civil de Macau sobre o caso das aterragens falhadas do Airbus da Capital Airlines conclui que o Aeroporto de Macau deve rever alguns procedimentos de segurança. Entre outras propostas, é sugerida a instalação de um sistema de detecção de condições meteorológicas adversas para aterragem e de detritos na pista

 

[dropcap]C[/dropcap]omo se previa, as condições meteorológicas estiveram na origem do incidente que forçou o Airbus A320-214 da Capital Airlines a aterrar no Aeroporto de Baoan em Shenzhen, depois de duas tentativas falhadas de aterragem no Aeroporto Internacional de Macau.

Esta é uma das conclusões do relatório final elaborado pela Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) sobre o incidente da aeronave da companhia do Interior da China, ocorrido no passado dia 28 de Agosto.

Em primeiro lugar, a AACM entende que o aeroporto local deve “instalar equipamento apropriado para detectar condições meteorológicas adversas”, incluindo as ondulações de fluxo de ar que fizeram a aeronave da Capital Airlines perder altitude subitamente quando se preparava para tocar na pista do Aeroporto Internacional de Macau.

Além disso, é também sugerida uma revisão das operações e procedimentos que verificam a existência de objectos estranhos, ou destroços, na pista. Esta recomendação ganha particular relevo tendo em conta que na sequência da segunda abordagem ao Aeroporto de Macau, o Airbus da Capital Airlines ficou com o trem de aterragem destruído, espalhando destroços pela pista. Aliás, a AACM indica que a Companhia de Aeroporto de Macau (CAM) deve aferir a necessidade de instalar um equipamento de detecção automática de detritos na pista.

Simuladores e fiscais

Parte dos detritos do trem de aterragem viriam a atingir o motor esquerdo da aeronave. Quando o avião voltou a ganhar altitude, depois da segunda aterragem falhada, a torre de controlo do Aeroporto de Macau comunicou com o Airbus informando a tripulação da existência de fogo no motor esquerdo da aeronave. Segundo o relatório da AACM, ambos os pilotos não perceberam a comunicação da torre de controlo e perguntaram que motor estava em chamas.

Depois das tentativas falhadas de aterrar em Macau, o avião seguiu em direcção a Shenzhen onde aterrou em segurança, tendo sido accionado o mecanismo de resposta de emergência. A pista do Aeroporto de Baoan teve de ser temporariamente fechada devido à detecção de detritos de dois pneus do Airbus da Capital Airlines.

Os mais de 160 tripulantes do avião não sofreram ferimentos graves, excepto cinco feridos leves que foram imediatamente socorridos, sem que tenha havido necessidade de internamento hospitalar.

Como o avião pertence a uma companhia chinesa e aterrou em Shenzhen, o relatório ao incidente foi elaborado pela AAMC em conjunto com a congénere chinesa.

4 Abr 2019

Preocupação com China vem mais de países com maior investimento chinês, diz António Costa

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro, António Costa, apontou ontem que os países europeus que mais têm manifestado preocupação com o investimento da China na Europa são aqueles “onde há mais investimento chinês”.

“Tenho visto que essas preocupações existem sobretudo nos países onde há mais investimento chinês. Se comparar o investimento chinês em Portugal com o investimento chinês noutros países, verá que Portugal infelizmente não tem sido o principal destino”, disse António Costa numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo holandês, Mark Rutte.

O primeiro-ministro português respondia a uma pergunta de um jornalista holandês sobre as reservas manifestadas por alguns países da União Europeia e pela própria Comissão Europeia à entrada do investimento chinês, designadamente no desenvolvimento das redes 5 e 5G.

“Não somos ingénuos quanto às dimensões geoestratégicas do nosso relacionamento”, frisou, aludindo a uma tradição de Portugal “de projectar o [seu] relacionamento internacional de forma global e encontrar os equilíbrios necessários entre ser um país europeu, mas sempre aberto ao mundo”. “E não vamos mudar”, assegurou.

António Costa afirmou que quaisquer investimentos estrangeiros “têm, claro, de cumprir as leis portuguesas e as leis da UE” e frisou que os processos de privatização em Portugal “foram processos de mercado”, lançados pelo anterior Governo, em que “puderam participar todas as empresas que quiseram participar”.

“Não escolhemos os investidores em função da nacionalidade e o mercado escolhe em função das melhores condições”, insistiu, sublinhando que várias das empresas “estão cotadas na Bolsa”, pelo que “têm o capital aberto ao reforço da presença de investidores chineses, holandeses, britânicos, alemães, indianos, americanos”.

O primeiro-ministro holandês colocou-se ao lado de António costa, afirmando, logo na primeira intervenção frente à imprensa, que “a Europa tem de manter-se aberta, ter boa-fé com o resto do mundo e ser um continente de comércio”.

Mark Rutte evocou a estreita relação comercial entre a Holanda e a China para afirmar “confiança completa na forma como Portugal está a lidar com esta questão”, tanta quanta a que tem no seu próprio governo.

“Está absolutamente certo. A solução passa por cumprir a lei, não ser ingénuo e manter o diálogo”, frisou.

4 Abr 2019

Carrie Lam insiste em lei da extradição apesar das críticas de Joseph Lau

Em resposta à contestação de Joseph Lau às futuras alterações à lei que permite entrega de foragidos à justiça com jurisdições como Macau, Carrie Lam manteve-se firme. A Chefe do Executivo de Hong Kong evocou o interesse público para não adiar a iniciativa legislativa

 

[dropcap]”N[/dropcap]a realidade, o Governo enfrenta desafios legais diariamente, mas isso não significa que iremos adiar trabalho importante do interesse público de Hong Kong”, referiu Carrie Lam, citada pelo South China Morning Post.

Foi assim que a Chefe do Executivo de Hong Kong reagiu ontem à posição tomada por Joseph Lau. O empresário submeteu na segunda-feira um pedido num tribunal superior de Hong Kong para garantir que a futura lei que irá regular possíveis pedidos de entrega de fugitivos não tem efeitos retroactivos. A primeira audiência do processo interposto por Joseph Lau está marcada para o próximo dia 17 de Abril.

Recorde-se que o magnata foi condenado em 2014 a uma pena de 5 anos e 3 meses pela prática de um crime de corrupção activa para acto ilícito e de um crime de branqueamento de capitais.

Ao responder às críticas dos advogados de Lau quanto à avaliação caso a caso de propostas de transferência de fugitivos com jurisdições como Macau, Carrie Lam não se dirigiu directamente ao magnata. Em declarações antes de uma reunião no Conselho Legislativo, a Chefe do Executivo da região vizinha afirmou que “quanto a acções individuais tomadas em relação a esta alteração legal, uma vez que um processo judicial deu entrada em tribunal”, não iria tecer qualquer comentário.

Todos os ouvidos

A Chefe do Executivo de Hong Kong adiantou ainda que espera que o Conselho Legislativo forme uma comissão para discutir a alteração legal, acrescentando que o Governo que lidera está disposto a ouvir sugestões da população. “Se a opinião pública não violar os nossos princípios básicos, e se tiver o intuito de melhorar as coisas, de uma forma geral, estamos dispostos a ouvir. Mas isso não significa que vamos aceitar todas as opiniões, sob pena de não conseguirmos fazer nada.”

As alterações à lei propostas pelo Governo de Carrie Lam motivaram protestos de vários quadrantes políticos e sociais, em particular do sector comercial que argumentou que a reputação de Hong Kong, enquanto porto seguro para negócios, poderia ser colocada em causa. O facto é que o Executivo de Hong Kong, depois da pressão de que foi alvo, acabou por retirar da proposta nove crimes de colarinho branco de uma lista de 46 crimes passíveis de extradição.

Questionada se o Governo estaria a considerar abrir mais excepções, Lam referiu que está disposta a ouvir pontos de vista diferentes, mas que isso não significa que iria atender a todas as sugestões, porque “assim seria muito difícil fazer qualquer coisa”. Carrie Lam adiantou ainda que o Executivo de Hong Kong vai tentar reunir o maior consenso possível em torno da alteração legal.

Advogados ao ataque

A Ordem dos Advogados de Hong Kong acusou a Chefe do Executivo do Governo da RAEHK, Carrie Lam, de estar a “enganar” as pessoas quando diz que a ausência de acordos de extradição com o Interior da China é uma “falha” na lei. Num comunicado emitido ontem, os advogados da RAEHK sublinham que esta ausência foi uma decisão tomada em 1997 de forma consciente e que teve em conta “as diferenças fundamentais entre o sistema criminal no Interior da China e principalmente o histórico do Interior da China no que diz respeito à protecção de direitos fundamentais”.

3 Abr 2019

Residentes vão poder abrir contas bancárias na China usando apenas o BIR

[dropcap]F[/dropcap]oi ontem assinado um protocolo de cooperação entre o Governo e o Banco da China, acordo que constitui mais um passo na integração regional do território. De acordo com um comunicado oficial, os portadores de bilhete de identidade de residente de Macau passam a poder abrir contas nas sucursais do Banco da China no continente.

“Seguindo-se a premissa do respeito pelas leis, regulamentos e requisitos de fiscalização da China, os residentes de Macau podem utilizar nas instituições do Banco da China na Grande Baía o seu bilhete de identidade como documento legal para tratar de abertura de contas bancárias, de cartões, de registos e de transacções, usufruindo de serviços financeiros rápidos para pagamentos, bem como de créditos e serviços para empresas e particulares.”

O acordo de cooperação inclui também as mais de 500 instituições do Banco da China no exterior, nas quais os residentes “podem usar os bilhetes de identidade como documento legal para tratar de abertura de contas, cartões, registos e transacções no estrangeiro”. O Banco da China vai ainda permitir uma gestão integrada de tesouraria e pagamentos transfronteiriços para as empresas locais, “abrindo canais de circulação de capitais entre Guangdong, Hong Kong, Macau e para o mundo”.

De acordo com o mesmo comunicado, os residentes de Macau “podem, apenas com o BIR, gerir negócios financeiros na Grande Baía ou até nas sucursais dos bancos comerciais estatais nos países participantes da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

Além disso, esta medida “permitirá aos residentes usufruir de um ‘tratamento equitativo em comparação com os residentes da China interior’, referido nas Linhas Gerais do Planeamento para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, e poderão aceder mais facilmente aos serviços financeiros dos bancos da China interior”.

O Governo considera que, com este protocolo, “poder-se-á verdadeiramente promover a circulação de pessoas na Grande Baía, com facilidade e conveniência, o que terá um impacto positivo e profundo na participação da RAEM na estratégia de desenvolvimento nacional”.

3 Abr 2019

Fiscais do Metro Ligeiro ‘perdem’ poder de autoridade pública

O Governo cedeu aos deputados e retirou a norma que dotava os futuros agentes de fiscalização do Metro Ligeiro de poderes de autoridade pública

 

[dropcap]O[/dropcap]s fiscais vão perder os poderes de autoridade pública que lhes eram atribuídos na proposta de lei do sistema do Metro Ligeiro. A mexida foi revelada ontem pelo presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) que analisa o diploma na especialidade.

Trata-se de uma das principais cedências do Governo aos deputados que anteriormente tinham manifestado “preocupações” a esse respeito, recordou Vong Hin Fai. Retirado do diploma foi também o capítulo relativo à expropriação, que tinha sido igualmente colocado em causa pelos deputados que questionaram as razões que levaram o Governo a prever expressamente uma possibilidade já contemplada no Regime de Expropriações por Utilidade Pública.

Situação idêntica tinha sido sinalizada no capítulo relativo à responsabilidade penal que, segundo alertou a assessoria da AL, prevê normas semelhantes às já existentes, designadamente quanto à violação das regras de operação e segurança. “Essas normas relativas às infracções deixaram de constar, porque há remissão ao Código Penal”, indicou Vong Hin Fai.

A retirada de normas nas três ‘frentes’ referidas, que fizeram a proposta de lei encolher de 66 para 47 artigos, marcou o ponto final na discussão entre deputados e Governo. “Acabou. Agora segue-se a redacção final, toques e retoques, não há mais reuniões”, afirmou o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, aos jornalistas, à saída da reunião.

Nomeações para breve

Já questionado sobre quem vai administrar a recém-constituída Metro Ligeiro de Macau, a sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, que vai ser responsável pela operação do sistema de metro ligeiro, Raimundo do Rosário escusou-se a adiantar pormenores. “É o que há-de vir a seguir”, respondeu.

A empresa, que nasce a meses da entrada em funcionamento da linha da Taipa, prevista para a segunda metade do ano, vai implicar a extinção do Gabinete de Infra-estruturas e Transportes (GIT) como, de resto, era conhecido. Algo que deve acontecer “talvez no espaço de semanas, poucos meses”. “Temos um conjunto bastante grande de coisas a fazer, quer em termos legislativos, quer no que diz respeito à constituição da empresa, à extinção do GIT e à passagem das pessoas e dossiês, portanto, há imensa coisa para fazer”, argumentou.

A relação entre a nova empresa e a MTR, de Hong Kong, à qual foi entregue as operações do Metro Ligeiro nos primeiros cinco anos de funcionamento da linha da Taipa também tem gerado dúvidas, nomeadamente no seio da 3.ª Comissão Permanente da AL. Ora, como explicou Raimundo do Rosário, quem vai dirigir, operar e coordenar tudo o que diz respeito ao Metro Ligeiro será a nova sociedade de capitais públicos que tem ao seu dispor três formas de o fazer: “fazer ela própria [essa tarefa], através de uma subconcessão, dado que vai ser concessionária ou por via da aquisição de serviços”.

No caso concreto, complementou, o Governo firmou um contrato de prestação de serviços com a MTR que vai passar para a Metro Ligeiro, assumindo a posição contratual do Governo. Não obstante, no futuro, como ressalvou Raimundo do Rosário, existem as três possibilidades sobre a mesa.

3 Abr 2019

Gestão privada da TAP “não tem sido a mais correcta”, diz Observatório da China

[dropcap]R[/dropcap]ui Lourido, presidente do Observatório da China (OC), disse ao HM que a gestão privada da companhia aérea portuguesa TAP não tem sido a mais correcta, quando questionado sobre a mais recente saída da chinesa HNA da estrutura accionista.

“Em todos os negócios a rentabilidade é a alma. Quando atribuímos a privados empresas que são fundamentais para a expansão de uma imagem da economia nacional, há sempre esse risco. Portugal decidiu dar a nossa empresa bandeira mas este Governo não conseguiu privatizar tudo. Mas não me parece que a gestão privada da TAP seja a mais correcta.”

O responsável defendeu, por isso, a continuação da aposta numa parceria chinesa na área da aviação, mas com outra empresa.

“Talvez a escolha da empresa chinesa não tenha sido a mais pertinente. Deveríamos ter uma parceria chinesa, sem dúvida, e Portugal deve lutar por essa parceria com uma grande empresa de transporte aéreo, para que faça as rotas directas com Pequim e Cantão. Há outras empresas interessadas. O Estado português deveria ter encontrado um parceiro chinês sólido e não estar apenas dependente do lucro”, frisou.

Foi a 28 de Março que se soube que o representante da HNA na estrutura accionista da TAP ia sair, depois da empresa ter vendido a sua participação de 20 por cento no grupo que detém 45 por cento da TAP, a Atlantic Gateway, por 55 milhões de dólares americanos. Com o Governo de

António Costa, primeiro-ministro português, o Estado voltou a ter 50 por cento das acções da TAP, sendo que os privados possuem 45 por cento e os trabalhadores os restantes cinco por cento.

O negócio, anunciado à bolsa de valores de Xangai, aconteceu devido a problemas de liquidez que a HNA enfrenta há cerca de um ano.

2 Abr 2019

Novo julgamento de Scott Chiang marcado para 30 de Abril

[dropcap]A[/dropcap] repetição do julgamento de Scott Chiang, que tinha sido condenado pela prática de um crime de reunião e manifestação ilegal, foi agendada para 30 de Abril. No início, o deputado Sulu Sou também era arguido no mesmo processo, relacionado com a manifestação contra a doação da Fundação Macau à Universidade de Jinan, mas como não recorreu da sentença – opção tomada para regressar mais rapidamente à Assembleia Legislativa – não é afectado.

Segundo o HM conseguiu apurar, Scott Chiang vai enfrentar uma acusação por ter infringido o artigo 14 da Lei de Reunião e Manifestação, ou seja vai acusado do crime pelo qual tinha sido condenado com uma pena de multa de 120 dias, que correspondeu a 27.600 patacas.

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) mandou repetir o julgamento porque inicialmente os arguidos eram acusados de um crime de desobediência qualificada e foram condenados por outro crime, sem que houvesse direito ao contraditório. Só quando a juíza Cheong Weng Tong condenou Scott Chiang e Sulu Sou é que foi referida pela primeira vez a possibilidade de serem condenados por reunião e manifestação ilegal. Por este motivo, o TSI considerou que foi feita uma “‘alteração da qualificação jurídico-penal’ sem que ao recorrente tenha sido dada a oportunidade de sobre ela exercer o contraditório, requerendo o que por bem entendesse em sua defesa”.

Por seu turno, Sulu Sou foi condenado com uma pena de multa de 120 dias, que corresponde a 40.800 patacas, num processo que levou a que o seu mandato de deputado fosse suspenso pelos outros membros da Assembleia Legislativa. Para colocar um fim à suspensão, o legislador abdicou do recurso e aceitou uma condenação, apesar de manter a versão de que é inocente.

Aviões de papel

Foi a 15 de Maio de 2016 que a Associação Novo Macau organizou um protesto contra a doação de 100 milhões de yuan por parte da Fundação Macau à Universidade de Jinan. Em causa estava não só o montante, mas um eventual conflito de interesses do Chefe do Executivo, Chui Sai On, que ocuparia o cargo de vice-presidente do Conselho Geral da universidade e de presidente do conselho geral de Curadores da fundação.

No dia da manifestação, Scott Chiang, Sulu Sou e um grupo de activistas atiraram aviões de papel para dentro da residência oficial de Chui Sai On, onde pretendiam entregar uma carta, após terem sido impedidos de passar pela polícia. Durante o julgamento, a defesa apontou que a manifestação já tinha terminado por esta altura. No entanto, a juíza Cheong Weng Tong considerou que a manifestação nunca tinha terminado e que os activistas sabiam que não podiam aceder à área, uma vez que esse percurso tinha sido sugerido e rejeitado, no pedido inicial da manifestação.

2 Abr 2019

Joseph Lau quer que tribunais evitem extradição para Macau

Os advogados do empresário fizeram entrar um pedido em tribunal para evitar a possível entrega para cumprimento de pena em Macau. Lau foi condenado por corrupção activa para acto ilícito e branqueamento de capitais e tem uma pena de 5 anos e 3 meses por cumprir

 

[dropcap]O[/dropcap] empresário Joseph Lau quer garantias de que não poderá ser entregue a Macau ao abrigo da nova proposta de lei de extradição em Hong Kong, que vai permitir o envio de fugitivos para o Interior da China, Macau e Taiwan. A revelação foi feita ontem pelo escritório de advogados Sit, Fung, Kwong e Shum, em representação de Lau, que fez entrar um pedido na primeira instância do Tribunal Superior de Hong Kong, para que sejam feitas alterações à proposta de lei.

Joseph Lau foi condenado em Macau a uma pena de 5 anos e 3 meses devido à prática de um crime de corrupção activa para acto ilício e de um crime de branqueamento de capitais. Como o empresário está actualmente em Hong Kong e não há acordo de entrega de fugitivos, não pode ser enviado para Macau, onde é procurado para cumprir pena.

No entanto, com o Governo de Carrie Lam a querer aprovar uma lei para que a entrega de fugitivos possa ser feita com jurisdições com as quais não há este tipo de acordos, onde se incluem Macau e o Interior da China, a porta para a transferir Lau pode mesmo abrir-se. É este o cenário que os advogados do multimilionário pretendem afastar.

Segundo o pedido, cujo conteúdo foi publicado na integra pelo portal Hong Kong Free Press, os representantes legais do magnata pretendem assegurar algumas garantias. A primeira é que se declare que a entrega do empresário é contrária à Carta dos Direitos de Hong Kong. Em causa está o artigo número 10, que define o direito à “igualdade perante os tribunais e a um julgamento justo e aberto ao público, mas também o artigo 5, que define o direito à liberdade e à prisão dentro de condições justas e pré-definidas.

Sem retroactivos

Mas no caso da proposta do Governo de Hong Kong ser aprovada sem alterações ao texto actual, os advogados de Joseph Lau querem uma declaração dos tribunais a dizer que não se aplica de forma retroactiva, ou seja, que apenas incida sobre casos que se registem após a entrada em vigor da lei.

A primeira sessão de discussão do diploma está agendada para amanhã no Conselho Legislativo, o órgão legislativo de Hong Kong. Também a secretária da Justiça do Executivo de Hong Kong, Theresa Chang, recebeu uma cópia dos pedidos que entraram em tribunal.

O Executivo de Hong Kong decidiu apresentar esta proposta de extradição em resposta ao alegado homicídio cometido por um residente de Hong Kong que terá assassinado a namorada, que estava grávida. O crime aconteceu em Fevereiro do ano passado e o suspeito conseguiu regressar a Hong Kong, escapando à justiça taiwanesa.

Apesar dos pedidos das autoridades taiwanesas, e face à inexistência de acordo de extradição entre as duas regiões, o adolescente de 19 anos não foi enviado para Taiwan. A proposta de alteração legal que será apreciada pelos legisladores de Hong Kong visa colmatar estas lacunas de cooperação judiciária.

2 Abr 2019

Hospital de Reabilitação de Ká-Hó abre hoje, sem se saber número de profissionais de saúde

[dropcap]O[/dropcap] Hospital de Reabilitação de Ká-Hó entra hoje em funcionamento, mas os Serviços de Saúde falharam em responder com quantos médicos ou enfermeiros ao serviço ou em facultar estimativas sobre o número de pacientes que a nova valência pode receber.

“Vamos ter em consideração as necessidades [e] o ponto de situação actual. Precisamos de ter um número suficiente de pessoal de enfermagem, por exemplo, e depois precisamos de ver ainda se há doentes que precisam de ser transferidos para este hospital novo”, afirmou o subdirector dos Serviços de Saúde, Kuok Cheong U, garantindo que há “um plano”.

“Claro que precisamos de considerar se os doentes do CHCSJ precisam ou não verdadeiramente do serviço de reabilitação e também consultar os [seus] familiares para saber se querem transferir”, complementou o também director do CHCSJ. Não obstante a insistência dos jornalistas, Kuok Cheong U não avançou com números: “Vamos pensar no número de doentes e só depois número exacto de profissionais necessários, mas um enfermeiro pode servir seis camas”.

O Hospital de Reabilitação de Ká-Hó disponibiliza 188 camas, das quais 100 vão ser geridas pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). No entanto, numa primeira fase, apenas “são precisas” 20, adiantou o mesmo responsável. Os Serviços de Saúde subsidiam há 13 anos o Centro de Reabilitação, na Taipa, subordinado à FAOM, destinado especialmente aos pacientes encaminhados pelo CHCSJ, que se transfere agora para a nova unidade em Ká-Hó, em Coloane.

Nova fase

Para o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, o facto de “serem criadas em Macau, pela primeira vez, instalações médicas independentes de reabilitação” marca a entrada “numa nova fase” dos serviços médicos existentes no território.

“O Hospital de Reabilitação de Ká Hó destina-se a dar resposta à procura de serviços médicos integrados para idosos e, portanto, nesse mesmo edifício serão integradas as essenciais subunidades funcionais e disponibilizados equipamentos e serviços de qualidade para desenvolver serviços complexos mais adequados”, afirmou Alexis Tam, no discurso que proferiu durante a cerimónia de inauguração, que contou com a presença do Chefe do Executivo, Chui Sai On.

Neste âmbito, Alexis Tam destacou a quantidade, mas também a qualidade de que estará dotada a nova valência em Coloane: “A enfermaria de reabilitação do CHCSJ dispõe de 88 camas – mais do dobro das existentes na área de reabilitação do hospital” e “de uma equipa médica especializada, proporcionando tratamentos complexos aos doentes, em especial, tratamento clínico, fisioterapia, terapia ocupacional, gestão da dor, aconselhamento psicológico, entre outros”.

2 Abr 2019

Líder da Associação de Feiras e Comércio de Macau defende taxa turística

[dropcap]A[/dropcap] presidente do Conselho da Associação de Feiras e Comércio de Macau, Synthia Chan, defendeu ontem a criação de uma taxa turística no território, considerando que será uma importante receita adicional.

“Acho que a criação de uma taxa turística é uma boa ideia” e vai “ser importante porque vai dar mais uma receita adicional”, disse Synthia Chan, à Lusa, à margem de uma conferência, organizada pela Fundação Rui Cunha, sobre o turismo em Macau.

As declarações da presidente do Conselho da Associação de Feiras e Comércio surgem após a entrevista da responsável pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, à agência Lusa, em meados de Março, na qual revelou que o Governo está a efectuar um estudo para a possível aplicação de uma taxa turística no território, à semelhança de outras cidades fora da China.

Helena de Senna Fernandes disse à Lusa que não existe uma data limite para conclusão do estudo, mas que a intenção da DST é que seja realizado no mais curto espaço de tempo.

“Temos muitos turistas a entrarem [em Macau] e já há a discussão se são ou não turistas a mais”, afirmou, por seu turno, Synthia Chan, acrescentando que “em vários países já há taxa turística” e isso não afectou o sector.

O turismo em Macau cresceu 211% entre 1999 e 2018, passando de 11,5 para 35,8 milhões de pessoas, segundo as autoridades.

Questionada sobre se esta taxa poderia afectar o sector de convenções e exposições (MICE), Synthia Chan defendeu que isso não será um problema para aquele sector.

“Se o destino é bom e o conteúdo da feira ou da exposição é bom acho que a taxa não é um problema”, disse.

Em relação à especificidade de Macau enquanto plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, instou as autoridades de Macau a “aumentar as relações MICE com os países de língua portuguesa”.

Em Macau, disse Synthia Chan durante a conferência, existe “uma relação única China/Portugal que não existe por exemplo em Hong Kong, com os britânicos”, enfatizou.

Na mesma ocasião, o professor da Universidade de Macau e especialista em ‘resorts’ integrados, Glenn McCartney, um dos três oradores da conferência, mostrou alguma desconfiança com a ideia do governo de Macau, pois, na sua opinião, “as taxas normalmente são um desincentivo”.
“A minha preocupação prende-se com o efeito que a taxa turística possa ter”, disse o docente, à Lusa.

“Não estou a dizer que é uma má política (…) mas tem de assegurar que não afasta os turistas e que faça o que é suposto fazer: trazer qualidade turística a Macau”, defendeu.

Acrescentou que as receitas “devem ser alocadas para apoiar os bairros que lidam com grandes quantidades de turistas, para melhorar os museus e a requalificação arquitectónica”. Ou seja, “o dinheiro ser usado pela razão para que foi recolhido”.

2 Abr 2019

Suspeita de matar meio-irmão de Kim Jong-un condenada a mais de três anos de prisão

[dropcap]U[/dropcap]m juiz malaio condenou hoje a três anos e quatro meses de prisão a vietnamita acusada de matar o meio-irmão do líder norte-coreano por “causar dano voluntário com arma perigosa”.

Doan Thi Huong pode ser libertada na primeira semana de maio, em resultado da redução de um terço da pena por bom comportamento, adiantou o seu advogado, Hisyam Teh Poh Teik.

A mulher encontrava-se detida há mais de dois anos, na sequência da morte de Kim Jong-nam, em 13 de Fevereiro de 2017, com VX, um agente neurotóxico e uma versão altamente letal do gás sarín. Após ouvir a sentença, Huong levantou-se do banco dos réus e, através do tradutor, agradeceu ao juiz, aos promotores e aos governos da Malásia e do Vietname.

Aos jornalistas, quando abandonava o tribunal, disse que estava feliz e espera ser cantora e actriz quando regressar ao Vietname.

O tribunal malaio tinha rejeitado a 14 de Março a libertação de Doan Thi Huong, poucos dias depois de ter deixado cair a 14 de Março as acusações sobre a outra ré, Siti Aisyah, uma indonésia.

O episódio fatal teve lugar num terminal do aeroporto em Kuala Lumpur. As duas mulheres alegaram estarem convencidas de que se encontravam a participar numa brincadeira para um programa de TV.

As acusadas disseram às autoridades que toda a situação tinha sido orquestrada por um grupo de quatro homens, identificados como cidadãos norte-coreanos pela polícia malaia. Os homens pagaram 80 dólares a cada uma das suspeitas.

De acordo com a polícia, os quatro embarcaram, na sequência do ataque, num avião com destino a Pyongyang.

Desde o primeiro momento que os serviços secretos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos atribuíram o crime a agentes norte-coreanos, mas Pyongyang argumentou que a morte foi provocada por um ataque cardíaco e acusou as autoridades da Malásia de conspirarem com os seus inimigos.

As autoridades da Malásia nunca acusaram oficialmente a Coreia do Norte e deixaram claro que não querem que o julgamento seja politizado.

Kim Jong-nam, que viajava com um passaporte com o nome de Kim Chol, ia embarcar para Macau, onde vivia exilado. Era o filho mais velho da actual geração da família governante da Coreia do Norte e vivia no exterior há anos.

Vários analistas consideraram que Kim Jong-nam poderá ter sido visto como uma ameaça ao líder norte-coreano, Kim Jong-un.

1 Abr 2019

Antigo Novo Banco Ásia incluído nas mais de 100 buscas do Ministério Público

[dropcap]A[/dropcap] falência do Grupo Espírito Santo continua a ser investigada pelas autoridades portuguesas e os números mais recentes dão conta da existência de 41 arguidos, bem como um arresto de mais de 122 milhões de euros e de 477 imóveis. Macau, onde funcionou durante anos o Banco Espírito Santo do Oriente (BESOR), mais tarde transformado em Novo Banco Ásia, e que foi posteriormente vendido ao grupo Well Link de Hong Kong, está a ser alvo das investigações por parte do Ministério Público (MP) em Portugal.

De acordo com um comunicado emitido pela Procuradoria-geral da República na quinta-feira, foi accionada uma linha de cooperação judiciária com Macau “para obtenção de dados bancários, audições, arresto de bens e outros actos de recolha de prova”. O território foi também incluído nas 111 buscas realizadas, bem como Portugal, Espanha e Suíça.

“O produto de buscas abrange, além de suportes documentais em papel, cerca de 100 milhões de ficheiros informáticos relativos a sistemas operativos bancários, sistemas de contabilidade, contratos, documentos contabilísticos, documentos de natureza bancária e transmissão escrita de comunicações entre Portugal, Suíça, Luxemburgo, Panamá, Dubai, Espanha, e redigidos em inglês, francês e espanhol”, lê-se no comunicado de imprensa. Quanto aos bens arrestados, o comunicado não específica se tais acções ocorreram também em Macau.

O comunicado do gabinete da PGR diz apenas que “foram suscitados 16 incidentes de arresto, alguns dos quais concretizados no Brasil e Suíça”. No total, “estão arrestados ou apreendidos cerca de 120 milhões de euros em numerário e aplicações financeiras”, acrescenta.

Os 30 milhões

O caso do antigo Grupo Espírito Santo baseia-se na investigação sobre a possível prática dos “crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, corrupção activa e passiva no sector privado, corrupção com prejuízo no comércio internacional, branqueamento de capitais, infidelidade e associação criminosa”.

O accionamento da linha de cooperação judiciária entre Portugal e Macau foi notícia em Julho do ano passado, tendo sido pedida uma carta rogatória às autoridades locais para se saber o paradeiro de 230 milhões de patacas (30 milhões de euros), que Ricardo Salgado, ex-CEO do BES, terá depositado numa conta em Macau.

O jornal Ponto Final citou passagens do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, citado também pelo diário português Correio da Manhã. “O arguido [Ricardo Salgado] não apresentou justificação para um conjunto de inscrições na sua agenda de 2013, do qual aparentemente se extraem movimentos com destino a uma conta em Macau”.

Quando foi ouvido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de Lisboa, em 2015, Ricardo Salgado não conseguiu explicar o conteúdo de uma anotação da sua agenda pessoal que continham as expressões “Chegaram a Macau 30 m €”, “com valores de 39 OK” e “saldo Suisse”.

Salgado disse que essas expressões poderiam “dizer respeito a movimentos de clientes”, mas o MP apresentou outra opinião. “Resta explicar por que razão é feita alusão a esta operação na sua agenda pessoal”, lia-se no acórdão.

Estas explicações terão de ser dadas pelos actuais administradores do banco Well Link Macau.

1 Abr 2019

DSAL investiga existência de salários em atraso na MTEL

O presidente da MTEL, Michael Choi, nega a falta de pagamentos e defende-se com rumores espalhados na Internet. Já em Abril de 2017 tinham circulado informações semelhantes, que na altura foram prontamente negadas pela operadora

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) está a investigar a alegada existência de salários em atraso na empresa de telecomunicações MTEL. “A DSAL está preocupada com a alegada falta de pagamento de salários aos empregados e tomou as medidas de acompanhamento da situação,” respondeu, quando questionada pelo HM, sobre o assunto.

“Se for detectada qualquer irregularidade a situação vai ser tratada dentro das competências da DSAL, de forma a proteger os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores”, foi ainda acrescentado.

O número de queixas por parte de trabalhadores, que poderá ter dado início aos procedimentos, não foi adiantado.

Por sua vez, o presidente da empresa, Michael Choi, negou o cenário de ordenados em atraso. Importa referir que a MTEL compete com a CTM no fornecimento de serviços de internet através de rede fixa.

“Não há salários em atraso. Também fui informado por empregados que essa informação estaria a circular online, mas não há qualquer pagamento em atraso. Não é a primeira vez que este tipo de informação é posta a circular, mas não corresponde à verdade”, sublinhou.

Em Abril de 2017, o portal Macau Concealers revelou um alegado caso de salários em atraso que afectavam cerca de 100 trabalhadores. No entanto, na altura, não foram apresentadas queixas por parte de trabalhadores da MTEL. O artigo, que citava uma fonte anónima no interior da empresa, justificava esta falta de queixas com ameaças internas, que em caso de reclamações haveria despedimentos.

Cobertura de 99 por cento

Por outro lado, o responsável pela MTEL considera que a empresa está a fazer o percurso normal, para alguém que se estabeleceu há poucos anos e que tem um parceiro melhor instalado no mercado.

“As coisas estão correr dentro da normalidade para a nossa companhia. Não temos problemas desse género [de pagamentos]. Nesta altura, estamos a optimizar a nossa rede pouco a pouco. Este negócio não é como a compra de um hotel ou de uma refeição, em que as coisas ficam logo prontas, precisamos de tempo para instalar as redes e depois optimizá-las”, sustentou.

Sobre o número de clientes ao nível da linha fixa da internet, Michael Choi revelou que o número está nos 6 mil clientes. Já a cobertura da rede em todo o território, em termos de edifícios residenciais, está nos 99 por cento.

1 Abr 2019

Prostituição | Abertura económica soltou “demónio social” antigo na China

Por João Pimenta, da agência Lusa

 

[dropcap]S[/dropcap] ituado no centro de Pequim, o Bali SPA recebe os clientes com chá e tangerinas. Nos corredores, música étnica do sudoeste chinês alterna com solos de piano. Mapas de acupuntura e reflexologia enfeitam as paredes.

Um cheiro doce a incenso enche o ar. Os quartos, recentemente renovados, ostentam soalhos em madeira, luz ambiente e quadros decorativos. Mas, por detrás da fachada de SPA de luxo, mulheres de 20 e poucos anos, oriundas do interior pobre da China, oferecem serviços sexuais.

No país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, estima-se que haja dez milhões de prostitutas. Em hotéis, casas de massagens ou bares de karaoke, serviços “extra” são sugeridos aos clientes. Altos quadros do Partido Comunista Chinês (PCC) caídos em desgraça são acusados de manter várias amantes, através de avenças e prendas de luxo, numa versão moderna do concubinato.

A vasta indústria, no entanto, raramente é referida na imprensa estatal ou em documentos oficiais.
“Para o PCC, a prostituição está associada às sociedades capitalistas, e, portanto, não existe na China”, ironiza à agência Lusa Lijia Zhang, autora de um livro sobre o tema.

Inspirada pela descoberta de que a sua avó foi vendida a um bordel na adolescência, Lijia narra em “Lotus” o percurso de uma trabalhadora migrante que cai na prostituição em Shenzhen, uma das mais prósperas cidades chinesas, usada como laboratório à abertura do país à economia de mercado, nos anos 1980.

Considerada um “demónio social”, a prostituição foi imediatamente combatida pelo PCC após assumir o poder, em 1949, através do encerramento de bordéis e proibição do concubinato. A perspectiva feudal sobre o papel da mulher foi igualmente contrariada sob a máxima maoista “as mulheres seguram metade do céu”.

As reformas económicas pós-maoismo, porém, levaram à migração de centenas de milhões de trabalhadores rurais para as cidades do litoral, alimentando o ‘boom’ na construção e indústria que permitiu à China converter-se na segunda maior economia do mundo, a um ritmo sem paralelo na História moderna mas que rompeu com o tecido social do país.

O restrito sistema de residência das cidades, conhecido como ‘hukou’, priva ainda estes trabalhadores de serviços básicos, como o acesso à educação ou saúde pública.

“As pessoas nos estratos inferiores da sociedade vivem numa luta constante pela sobrevivência: não existe qualquer tipo de assistência social ou apoio”, descreve Lijia. “São sobretudo mulheres oriundas dos meios rurais, sem educação ou capacidades que as preparem para a vida na cidade”, conta.

A prostituição na China é punida com pena administrativa, sem passar pelos tribunais: em caso de evidência, as mulheres são enviadas para centros de “abrigo e educação”, por um período máximo de dois anos.

Críticos dizem que os centros têm pouco a ver com educação e denunciam maus-tratos, trabalho forçado e a obrigação de pagar por subsistência e exames médicos a preços proibitivos.

“A conversa sobre reabilitação ou formação ideológica é treta, serve apenas para extorquir dinheiro em nome do Estado e da polícia”, refere uma das ex-detidas, citada num relatório da Asia Catalyst, organização que defende grupos marginalizados na região.

Lijia nota, porém, que apesar das dificuldades, a profissão surge como alternativa a empregos mal pagos e monótonos em linhas de montagem ou restaurantes.

“Não é uma vida totalmente miserável”, diz. “Elas passam a desfrutar do dinheiro e tempo livre, de um estilo de vida urbano: compram roupas, produtos de beleza ou experimentam cozinhas diferentes”, conta.

Xiaowu, de 25 anos e natural da província de Henan, centro da China, começou a trabalhar no Bali SPA há dois meses. Apesar de não gostar da ocupação, admite desfrutar da vida em Pequim.

“Quando era mais nova, na minha aldeia natal, pela amanhã, havia apenas ‘mantou’ [pão cozido a vapor]; à noite, jantávamos sempre ‘tofu’ [alimento produzido a partir da soja]”, recorda. “Hoje, detesto comer tofu”, diz.

31 Mar 2019

Assembleia da República portuguesa preocupada com liberdades no Tibete

[dropcap]O[/dropcap] parlamento português aprovou ontem um voto em que manifesta a sua preocupação pelo respeito das liberdades no Tibete e pede empenho à China na protecção dos direitos humanos.

Partido Socialista (PS), Partido Social Democrata (PSD), Bloco de Esquerda (BE) e CDS-PP votaram a favor do texto, que recebeu os votos contrários do Partido Comunista Português e do PAN – Partido Animais Natureza, registando-se a abstenção do Partido Ecologista os Verdes e de três deputados centristas (Telmo Correia, Ana Rita Bessa e João Almeida).

No voto, apresentado pela bancada do PS, manifesta-se “preocupação pela subsistência de situações em que não são asseguradas as liberdades fundamentais no território do Tibete”.

Por outro lado, apela-se “às autoridades da República Popular da China que assegurem, em diálogo com a sociedade civil e na linha dos padrões internacionais de protecção dos direitos humanos de que é signatária, no quadro da Organização das Nações Unidas, a sua plena efectivação”.

No voto, reconhece-se que, “apesar de várias iniciativas de diálogo e concertação”, continuam a existir “motivos para preocupação sobre a situação no território do Tibete”.

“Em particular, no que concerne à necessidade de garantir plenamente a identidade cultural dos tibetanos, a liberdade de expressão e religião, o exercício da liberdade religiosa e o acesso de viajantes estrangeiros ao território”, afirma-se no texto.

30 Mar 2019

Jack Ma quer premiar melhores empreendedores de África com um milhão de dólares

[dropcap]O[/dropcap] prazo de candidaturas para o Africa Netpreneur Prize Iniciative (ANPI), concurso lançado pelo bilionário chinês do sector tecnológico Jack Ma, arrancou esta semana, visando encontrar empreendedores do continente com impacto positivo nas suas comunidades.

Segundo o portal oficial do prémio (https://www.netpreneur.africa/), o concurso destina-se a empreendedores de todos os países africanos, género e grupos etários, e inclui um prémio monetário de um milhão de dólares.

O prazo de candidaturas encerra a 30 de Junho. Depois de um processo de revisão, dividido em duas etapas, dez finalistas vão apresentar, em Novembro, as suas ideias a Jack Ma, e entres estes será escolhido o vencedor.

A política e activista dos Direitos Humanos moçambicana Graça Machel e Ban Ki-moon, ex-secretário-geral da ONU, fazem parte do conselho consultivo da ANPI.

Graça Machel elogiou a abordagem inclusiva do programa. “Eu especialmente encorajo as mulheres a candidatarem-se. Cabe a vocês serem os heróis que conduzirão o continente ao próximo estágio de desenvolvimento, crescimento e prosperidade”, disse.

Ma é o segundo homem mais rico da China e o fundador do grupo Alibaba, que revolucionou o consumo na China, através dos ‘sites’ de comércio electrónico Taobao e Tmall.

Licenciado em língua inglesa, o empresário fundou o Alibaba em 1999, num apartamento em Hangzhou, na costa leste da China, para ligar exportadores chineses a retalhistas além-fronteiras.

Hoje, o grupo é a maior empresa de comércio electrónico do mundo. Além de operar as plataformas Taobao e Tmall, que dominam grande parte das vendas ‘online’ na China, passou a investir, nos últimos anos, em plataformas ‘online’ para financiamento (P2P, na sigla em inglês), computação em nuvem e outros serviços.

A competição vai-se realizar anualmente, ao longo dos próximos dez anos.Todos os dez finalistas vão ainda receber financiamento da Fundação e serão integrados na comunidade Netpreneur, para impulsionar e partilhar as respectivas experiências.

“Até 2030, esperamos identificar e distinguir 100 empreendedores africanos que vão inspirar o continente”, disse Beth Yu, secretário executivo geral da Fundação Jack Ma.

Sam Gichuru, fundador do Nailab, uma das maiores incubadoras de ‘startups’ do Quénia e parceiro da ANPI, considerou que “a iniciativa vai ajudar a consolidar ainda mais os laços sino-africanos”.

Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Gichuru disse que o prémio visa recompensar os empreendedores de todos os sectores da economia que têm um impacto positivo nas suas comunidades.

Além do Nailab, a Fundação Jack Ma conta com a 22 em Sloane, o maior campo de ‘startups’ da África do Sul, a NINE, a maior rede de incubadoras da Nigéria, e a RiseUp, plataforma que liga ‘startups’ e financiadores, para promover a iniciativa nas respectivas regiões.

30 Mar 2019

Macau desliga luzes este sábado pela “Hora do Planeta”, incluindo casinos

[dropcap]M[/dropcap] acau vai desligar este sábado, durante 60 minutos, todas as “luzes desnecessárias”, juntando-se mais uma vez à Hora do Planeta, iniciativa global que se estende aos casinos do território.

Entre as 20:30 e as 21:30, Macau vai cumprir o “apagão mundial” de uma hora promovido pelo Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza (WWF), apoiando a “conservação de energia e a redução de emissões”, indicou o Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético, em comunicado.

Este ano, juntam-se à iniciativa as três pontes que ligam a península de Macau à ilha da Taipa, as seis operadoras de casinos, os edifícios dos serviços governamentais e alguns dos “edifícios mais emblemáticos da cidade”.

O Governo, que se junta pela 11.ª vez ao movimento global, apelou ainda à participação de todos os cidadãos e das empresas dos sectores industrial e comercial.

A Hora do Planeta começou há 12 anos em Sydney, onde se estima que mais de dois milhões de pessoas colaboraram com o apagão para uma poupança de 2% a 10% da energia consumida na cidade.

No entanto, a Hora do Planeta converteu-se “num movimento que vai muito mais além” do que apagar a luz, explicou à agência de notícias Efe Miguel Ángel Valadares, da WWF, entidade que espera voltar a envolver milhares de cidadãos em todo o mundo.

A novidade este ano inclui três apelos adicionais para todo o dia: não comer carne, não consumir plásticos e não emitir CO2, como contributos particulares para ajudar a reduzir a perda de biodiversidade.

Este sábado, estima-se que milhares de autarquias e empresas de quase 190 países juntar-se-ão a este apagão mundial de uma hora que se realiza desde 2007.

30 Mar 2019

Turista de Macau morre no Grand Canyon

Um turista de 50 anos escorregou e caiu de uma altura de mais de 300 metros quando tirava uma selfie. A família foi informada e a agência de turismo está a tratar das formalidades para enviar o corpo para Macau

 

[dropcap]U[/dropcap]m homem de 50 anos morreu, na quinta-feira, numa viagem turística ao Grand Canyon, nos Estados Unidos. O turista, residente em Macau, caiu de uma altura superior a 305 metros no miradouro Eagle Point. Enquanto tirava uma selfie, desequilibrou-se e acabou por cair da plataforma para o desfiladeiro.

O turista local foi aos Estados Unidos numa excursão com mais 11 pessoas. O grupo tinha partido de Hong Kong numa viagem organizada pela agência Hong Thai Travel Services. As férias começaram no dia 26 de Março, na passada terça-feira, e incluía igualmente passagens por São Francisco, Las Vegas e Los Angeles.

Horas depois do ocorrido, o Governo de Macau foi informado do acidente, através do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, pela agência de viagens, que pretendia informar os familiares do ocorrido.

“Esta manhã fomos contactados pela agência de viagens a informar-nos do acidente com o turista de Macau. Pediram-nos ajuda para entrar em contacto com a família do falecido”, contou fonte do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT), ao HM. “Por enquanto, a agência de viagem não pediu outro tipo de auxílio por parte do Governo. Só nos pediram auxílio para entrarem em contacto com a família”, foi acrescentado.

Após o acidente, a directora da Travel Industry Council of Hong Kong, Alice Chan Cheung Lok-yee, explicou que o turista acidentado estava coberto por seguro e que a situação aconteceu quando tentava tirar uma selfie. A responsável assegurou também que o guia turístico tinha dado indicações, em cantonês, às 12 pessoas do grupo para que tivesse cuidado e respeitassem as normas de segurança.

Tribo Hualapai

O acidente aconteceu numa área que faz parte da reserva Hualapai, uma tribo de nativos norte-americanos, que foi estabelecida em 1883. Este segmento, integrado no Parque Natural do Grand Canyon, é uma das sete maravilhas naturais do mundo e recebe em média de um milhão de visitantes por ano. Já o Grand Canyon em toda a sua extensão recebe cerca de 6,4 milhões de turistas por ano.

Após ter acontecido o acidente, o porta-voz do Parque Natural do Grand Canyon, David Leibowitz, anunciou o encerramento daquela zona de visitas e afirmou que a tribo Hualapai ia rezar pelo residente de Macau, assim como pela sua família. Ainda nos Estados Unidos, o óbito foi igualmente confirmado pelo Consulado-Geral da China em Los Angeles.

Esta foi a segunda morte no Grand Canyon no espaço da mesma semana. Já na terça-feira as autoridades norte-americanas haviam encontrado um corpo, que se acredita ser de um cidadão dos EUA a residir no estrangeiro.

29 Mar 2019

Vacina contra o sarampo só através de marcação

Desde ontem foram diagnosticados mais três casos de sarampo, um deles contraído por outro enfermeiro do Hospital Kiang Wu, elevando para 26 os números de infectados este ano. A corrida às vacinas está a causar impacto no funcionamento dos centros e postos de saúde ao ponto de terem passado, desde ontem, a ser administradas apenas por marcação

 

[dropcap]A[/dropcap] propagação do sarampo continuar em Macau e Hong Kong. Apesar dos alertas, as autoridades tentam ao máximo evitar o alarme social. Ainda assim, “a emergente situação epidémica de casos de sarampo nas regiões vizinhas e o aumento de casos em Macau fez afluir, nos últimos dias, aos Centros de Saúde, centenas de pessoas à procura de vacinas”, referem os Serviços de Saúde de Macau (SSM).

Devido à corrida à vacinação, e à subsequente dificuldade dos postos de saúde para lidar com a afluência de utentes, os SSM estabeleceram que a partir das 8h30 de ontem “o acesso à vacina contra o sarampo só será possível através de marcação – pessoalmente ou por via telefónica”. A medida visa manter o funcionamento normal dos centros de saúde.

Crianças com menos de 2 anos de idade, pessoal de creches e profissionais de saúde estão isentos de marcação, sendo exigidos às duas últimas categorias exibição de cartão de funcionário ou documento comprovativo da profissão.

Nos últimos dias, mais de oito centenas de utentes deslocaram-se aos postos de saúde para serem imunizados contra o sarampo, um número anormal face à procura habitual de 30, o que representa um aumento de 25 vezes. A “procura causou um forte impacto no regular funcionamento dos Centros e postos de Saúde”, demorando a aplicação da vacina mais tempo que o habitual.

Ida a casa

De forma a responder à procura, os SSM “aumentaram a encomenda de vacinas contra o sarampo, rubéola e parotidite epidémica para 15.000 doses, o primeiro lote de 5.400 doses chegará na próxima semana”, referem os serviços em comunicado.

Entretanto, ontem, os SSM revelaram mais três casos diagnosticados de sarampo importado. Um deles referente a uma trabalhadora não residente, natural das Filipinas, que trabalha num restaurante. No domingo passado, a doente manifestou os primeiros sintomas (febre e tosse) e passados dois dias começaram as erupções cutâneas. Na sequência do quadro clínico, a doente deslocou-se ao Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde lhe foi diagnosticado sarampo, encontrando-se em isolamento no Centro Clínico da Saúde Pública.

A trabalhadora não residente esteve nas Filipinas entre 6 de Janeiro e 15 de Março e regressou a Macau no dia 16 e alegou ter sido vacinada no país de origem.

De acordo com os SSM, as pessoas que moram com a paciente não apresentaram sintomas semelhantes. A paciente esteve a trabalhar mesmo após ter tido sintomas de febre. Os Serviços de Saúde estão a monitorizar o estado de saúde das pessoas que foram expostas a esta paciente durante a fase inicial da doença.

Vírus formoso

O outro novo caso de sarampo incidiu sobre um residente de Macau, enfermeiro no Hospital Kiang Wu. De acordo com comunicado dos SSM, o paciente terá visitado Taiwan, entre 3 e 9 de Março, onde acompanhou um amigo numa consulta médica.

Após a manifestações dos sintomas do sarampo, o doente recorreu aos serviços do Kiang Wu, onde é enfermeiro e, de momento, encontra-se igualmente em isolamento no Centro Clínico da Saúde Pública. Apesar de ter sido vacinado, o residente contraiu a doenças, mas a febre desapareceu e o seu estado clínico é considerado normal.

O terceiro caso diz respeito a um homem de 28 anos, treinador de futebol americano, que esteve em contacto com um dos infectados no Hospital Kiang Wu, no dia 6 de Março.

Até agora, dos 26 casos de pessoas diagnosticadas com sarampo em Macau 15 já tiveram alta.
Em Hong Kong, os casos de sarampo chegaram ontem às três dezenas, afectando particularmente trabalhadores de companhias aéreas e do aeroporto.

29 Mar 2019