João Santos Filipe Manchete SociedadeCasinos-satélite | Promovida iniciativa para mitigar impacto do fecho A Associação Industrial e Comercial da ZAPE de Macau e cerca de 250 negócios investiram 3 milhões de patacas em formação online para promover nas redes sociais esta zona da cidade Cerca de 250 negócios do NAPE e ZAPE juntaram-se numa iniciativa liderada pela Associação Industrial e Comercial da ZAPE de Macau para mitigar o impacto económico nas zonas do encerramento de vários casinos-satélite. De acordo com a revista Macau Business, a iniciativa implica um investimento de 3 milhões de patacas. O objectivo passa por transformar a área num local atraente para tirar fotografias e publicar nas redes sociais, para trazer para aquela zona um novo tipo de turistas e criar um modelo mais virado ao consumo. O plano é visto como um caminho alternativo para a economia daquela zona, depois do encerramento forçado de vários casino-satélites que durante anos prosperaram naqueles locais da cidade. Também para tornar o comércio da zona mais competitivo, foram distribuídos apoios para o desenvolvimento de actividades de publicidade dos espaços comerciais online e ainda in loco. Sobre a iniciativa, Wu Tat Chong, presidente da Associação Industrial e Comercial da ZAPE de Macau, explicou que é motivada “pelas mudanças no mercado e nos hábitos de consumo das pessoas que fizeram com que os negócios no ZAPE e NAPE enfrentem novos desafios, como um número de clientes flutuante”. O responsável indicou também que devido à nova realidade a “competição tornou-se mais intensa” o que tem feito com que muitos negócios naqueles locais “estejam a lutar pela sua sobrevivência”. Apoios de fora A campanha promovida pela Associação Industrial e Comercial da ZAPE de Macau procura também chamar a atenção para as zonas, com campanhas online, incentivando depois experiências físicas. Numa primeira fase, as lojas participantes recebem agora formação sobre como explorar as plataformas de promoção online. Além disso, a campanha permite promoções baseadas em subsídios e esquemas de marketing específicos para aumentar a visibilidade das empresas. Além dos participantes do território, a iniciativa conta igualmente com o envolvimento de plataformas de entrega de takeaway de Hong Kong. Face à esperada sangria nos negócios daquelas zonas, imposta pelos deputados após uma proposta do Governo, o Executivo tem tentado apresentar acções para levar as pessoas para aqueles locais. Um dos eventos que se antecipa é a organização de um Festival de Natal, organizado como um complemento do Festival Iluminar Macau, entre Dezembro e o início do próximo ano.
João Luz Manchete SociedadeObras | Governo diz que trabalhos conjuntos aumentaram 20% No balanço de 2025, o Governo indicou que a taxa de execução conjunta de obras nas vias da cidade, para evitar escavações repetidas, aumentou quase 20 por cento. Por outro lado, até ao fim de Novembro, tinham sido iniciadas em 2025 cerca de 360 obras viárias, menos 30 por cento em termos anuais O Grupo de Trabalho para a Optimização da Coordenação de Obras Viárias apresentou ontem o balanço de 2025, numa reunião presidida pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam. Na apresentação, foi indicado que a taxa de execução conjunta das obras aumentou quase 20 por cento, comparado com o mesmo período do ano passado, o que trocado por miúdos significa a não repetição de escavações no mesmo local com objectivos diferentes. O grupo de coordenação categorizou o aumento das obras combinadas como uma demonstração de “resultados significativos”. Entre o início do ano e o fim de Novembro, foram iniciadas cerca de 360 obras nas ruas e estradas de Macau, volume que ainda assim representou uma redução superior a 30 por cento, face ao período homólogo, segundo os dados apresentados a Raymond Tam. Destas, “cerca de 120 foram executadas de forma conjunta, representando aproximadamente um terço do total”, demonstrando “a crescente eficácia do trabalho de coordenação”. O secretário deu instruções ao grupo de trabalho para serem adoptadas medidas que permitam reduzir ao mínimo o número de tampas de esgotos na via pública, para “garantir a segurança dos condutores de motociclos e ciclomotores”. Seguir exemplos Em relação ao próximo ano, o grupo apresentou a Raymond Tam os planos de obras viárias, que foram integradas em 47 zonas de coordenação, definidas de acordo com as respectivas áreas e períodos de execução. A divisão territorial das intervenções foi avançada como factor que irá possibilitar “a execução simultânea de várias obras na mesma área”, reduzindo escavações repetidas. O projecto de reserva de condutas da Rua dos Mercadores, obra que já foi concluída, foi apontado por Raymond Tam como exemplo a seguir, tendo em contra a “coordenação célere em resposta a situações imprevistas” e a eficácia na aprovação de obras nas imediações das condutas de gás. Aliás, foi sublinhado que a obra de instalação de condutas e de drenagem actualmente em curso na Rua do Volong adoptou a mesma solução de reserva de condutas aplicada na Rua dos Mercadores.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGP Macau | Che Sai Wang quer desmontagens mais rápidas O deputado está preocupado com as obras de remoção da pista e aponta que o atraso perturba o número de lugares de estacionamento, o transporte de crianças paras as escolas e dificulta a vida aos residentes Che Sai Wang defendeu a necessidade de o Governo acelerar os trabalhados de desmontagem das instalações do Grande Prémio de Macau. A posição do deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) foi tomada numa interpelação escrita. De acordo com a interpelação, Che mostra-se um apoiante do Grande Prémio que indicou ser “um marco da identidade de Macau, com impactos positivos no turismo, na economia e na visibilidade internacional”. “Continua a ser uma componente vital da estratégia do Governo para estabelecer Macau como uma ‘Cidade de Eventos’”, realçou. No entanto, ao contrário do que acontece com as montagens, Che espera que os trabalhos de remoção da pista e das instalações complementares sejam mais rápidos. “Embora o Governo demonstre uma elevada eficiência na construção pré-corrida, a remoção das barreiras e o restauro das estradas e das funções comunitárias após o evento decorrem frequentemente a um ritmo diferente – lento, demorado e sem uma comunicação clara”, relatou. O deputado indica também que esta posição tem como base a queixa da população: “Inúmeros residentes relatam que, dias após o fim do evento, troços das estradas permanecem parcialmente obstruídos por barreiras e as instalações temporárias não são removidas, com áreas ao redor do reservatório e perto da curva do Grande Lisboa a serem as mais afectadas”, contou. “As estradas não voltam totalmente ao normal e os lugares de estacionamento designados permanecem indisponíveis, perturbando gravemente as deslocações diárias, o transporte escolar, a recolha de crianças e as entregas comerciais. Isto agrava o congestionamento do trânsito e os desvios”, acrescentou. Mais informação Apresentado o problema, o deputado quer saber se o Governo vai começar a divulgar melhor a informação com o calendário dos trabalhos de desmontagem nas diferentes áreas do território. “Os serviços ponderam publicar um ‘Boletim de Progresso da Restauração Pós-Evento’ claro e acessível ao público no futuro?”, perguntou. “Este boletim deve detalhar o calendário dos trabalhos de desmontagem por secção rodoviária, sendo actualizado diariamente, mostrando claramente o progresso da desmontagem, os horários de reabertura, as disposições de estacionamento e explicações para quaisquer atrasos causados pelo encerramento de estradas”, indicou. O deputado questionou também o Executivo sobre a definição de prazos rígidos para os trabalhos de desmontagem, para combater o “fenómeno da ‘construção rápida, mas desmontagem lenta’”. Por último, Che Sai Wang questiona se a definição de prazos rígidos para a desmontagem pode ser aplicada nos contratos de adjudicação da montagem da pista a instalações complementares, para resolver o problema.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAndaimes | Governo admite substituir bambu por metal Sem uma posição de fundo sobre a questão, a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana admite avançar com alterações ao método actual se existir “um consenso social” entre a população e as construtoras A Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) admite ponderar a substituição dos andaimes de bambu por metal. A posição foi divulgada por Mak Tat Io, subdirector da DSSCU, ontem no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. A discussão sobre a utilização dos andaimes de bambu foi lançada na sequência do incêndio em complexo residencial em Tai Po, em Hong Kong, que resultou em pelo menos 159 mortos. “Os andaimes de bambu e os de metal têm as suas vantagens e desvantagens. O Governo da RAEM vai ter uma atitude de abertura e fazer as alterações necessárias, quando houver um consenso entre o sector da construção e a sociedade”, afirmou Mak Tat Io. Mak Tat Io ainda apontou que após o incêndio grave de Hong Kong, a DSSCU cooperou com as autoridades no reforço das inspecções às medidas de segurança e que nestas tarefas tem assumido critérios cada vez mais rigoroso. Sobre as inspecções, o responsável indicou a necessidade de garantir a segurança contra incêndios ainda antes da licença de construção ser emitida e que um dos aspectos especificamente visado foi a instalação dos andaimes e o cumprimento dos padrões de segurança. Desde o início do incêndio em Hong Kong que o Governo da RAEHK ligou a propagação das chamas ao bambu, pelo que propôs uma substituição total por andaimes de metal. Decisão pouco científica Por seu turno, a Associação dos Barraqueiros de Macau defendeu que a proibição de andaimes de bambu não tem base científica e alertou que vai ter um impacto indesejado no sector de construção. Em declarações ao jornal Ou Mun, o presidente da associação, Chio Tak Sio, argumentou que é necessário investigar a fonte do incêndio em vez de proibir de forma irracional os andaimes de bambu. Chio Tak Sio também alertou que a montagem de andaimes de bambu faz parte do património cultural intangível e tem lugar importante na história arquitectónica de Macau, e sugeriu ao Governo que opte antes por elaborar critérios de segurança. Além disso, o dirigente associativo apontou que o preço de andaimes de metal é três vezes superior aos de bambu, pelo que se for seguido este caminho as obras de manutenção de paredes exteriores dos edifícios vão ser mais caras. O responsável também sublinhou que actualmente apenas 30 lojas fornecem serviços de instalação de andaimes de bambu e somente 50 pessoas conhecem as técnicas de instalação. Por isso, Chio Tak Sio apontou que este sector está a enfrentar um problema grave de envelhecimento da população. Para salvar o sector, Chio indicou que muitas empresas querem formar aprendizes pelos seus próprios meios. Contudo, como os apoios do Governo são limitados, é difícil atrair jovens para o sector.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteIncêndio em Hong Kong | Equacionado futuro dos andaimes de bambu O incêndio em Tai Po gerou um debate em torno dos andaimes em bambu, uma tradição que já corria riscos de extinção devido à falta de novos trabalhadores especializados. O arquitecto Nuno Soares acredita que, antes de se questionar a segurança do bambu, é preciso reforçar a fiscalização do uso ilegal de materiais inflamáveis Pode uma indústria já de si em risco de extinção desaparecer mais rapidamente do que se julgava, devido ao trágico incêndio de Hong Kong? A questão tem-se levantado desde que, na passada semana, um grande incêndio num complexo residencial em obras, na zona de Tai Po, resultou em, pelo menos, 159 mortos, segundo o balanço mais recente. Os arranha-céus tinham andaimes em bambu e outros materiais inflamáveis usados no processo de construção. Na sexta-feira, as autoridades de Hong Kong concluíram que o incêndio foi agravado devido aos andaimes de bambu e painéis de isolamento de espuma inflamáveis. Além disso, o chefe dos bombeiros de Hong Kong, Andy Yeung, corroborou o que muitos testemunhos entrevistados pela AFP afirmaram. “Constatámos que os sistemas de alarme nos oito edifícios não estavam a funcionar correctamente”, afirmou. Segundo noticiou a agência Lusa, o relatório, ainda de peritagem preliminar, concluiu que os materiais utilizados em obras contribuíram para que as temperaturas fossem mais elevadas. “Com base nas informações iniciais que temos, acreditamos que o fogo começou na tela de protecção (material de plástico para proteger contra propagação de pós e queda de objectos) localizada na parte externa dos andares inferiores (…), e subiu rapidamente devido aos painéis”, que protegiam as janelas, disse o chefe de segurança da região administrativa especial vizinha, Chris Tang. Ao HM, o arquitecto Nuno Soares, ligado ao estudo da construção em bambu, e que tem lutado pela sua preservação, considera que antes de se apontarem culpas ao material, é preciso reforçar a fiscalização dos estaleiros. “Sabemos que o bambu é de difícil ignição. Ou seja, o bambu arde, mas é difícil de arder e, quando o faz, a combustão é lenta, e é fácil combater [um eventual incêndio]. Agora quando existe uma rede à volta, que não é à prova de incêndios, tudo incendeia muito rapidamente, não é? Já há dados conhecidos [do incidente], e sabemos que os andaimes eram, efectivamente, de bambu, mas existia uma rede de plástico à volta que não era à prova de incêndios, além do uso de esferovite para tapar as janelas, que é um material altamente inflamável”, destacou. Nuno Soares referiu ainda a ocorrência, em Tai Po, “de problemas com o sistema de detecção e combate aos incêndios no próprio edifício, feito nos anos 80, e que já estava desactualizado”. “Também são conhecidos vários problemas na fiscalização, e com os dados que temos não conseguimos concluir, de forma sumária, que o bambu foi o fio condutor desta situação, e temos de ser rigorosos nesse tipo de análise”, acrescentou. Desta forma, Nuno Soares considera que é preciso cautela e não entrar em análises simplistas ou precipitados. “Não podemos, com os dados que temos neste momento, dizer que o bambu não tem responsabilidade nenhuma”. “Se existisse aquela rede de nylon em volta de andaimes de metal teria acontecido uma situação muito semelhante, porque a propagação do incêndio se faria por essa rede e depois através da esferovite das janelas. Os regulamentos de segurança contra incêndios já são bastante rigorosos em Macau e Hong Kong, mas onde acho que há campo para melhorar, é na fiscalização”, disse. Uma questão material O jornal Global Times escreveu na segunda-feira sobre as dificuldades que existem em acabar, em pouco tempo, com a construção de andaimes em bambu. Num artigo intitulado “Tradição sob fogo”, lê-se que “alguns defensores argumentam que os andaimes em bambu, como técnica tradicional de construção, são de baixo custo, flexíveis de montar e desmontar, e especialmente adequados aos espaços apertados dos bairros urbanos antigos”, existindo “vozes contrárias que se focam nos riscos de segurança”. Citado pelo mesmo jornal, Lee Kwong-sing, presidente do Instituto de Profissionais de Segurança de Hong Kong, referiu que, dado as informações disponíveis, “os materiais inflamáveis nas paredes externas incendiaram as redes de segurança, e não o bambu em si”. Demonstrando uma posição semelhante a Nuno Soares, o responsável adiantou que “mesmo que tivessem sido usados andaimes metálicos, as redes de segurança seriam necessárias, e se os materiais inflamáveis não fossem removidos, o risco de incêndio não mudaria muito”. Zhao Shixing, engenheiro-chefe do Instituto Provincial de Design e Pesquisa Arquitectónica de Sichuan, disse ao Global Times que as fraquezas do bambu residem na sua segurança e estabilidade, pois o bambu cru e não tratado tem classificação de combustibilidade B2 segundo os padrões da China, e pode incendiar facilmente quando exposto a outros materiais inflamáveis. Zhao disse, portanto, que “essa vulnerabilidade ficou totalmente exposta nesse incêndio”. Segundo o jornal estatal, já em 1994 as autoridades da vizinha cidade de Shenzhen tinham proibido o uso de bambu, sendo que em Janeiro de 2022 o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural do país proibiu o uso de “andaimes de bambu (ou madeira)” em obras de construção e engenharia municipal em todo o país. Difícil apagar a tradição Nas regiões administrativas especiais, a construção de andaimes em bambu continua a ser uma realidade, apesar da alegada falta de pessoal mais jovem interessado em aprender a técnica. Nuno Soares destaca que a técnica “está muito enraizada”, por “existir há décadas em Macau e Hong Kong”, sobrevivendo devido à versatilidade e por ser adaptável às condições climatéricas locais. O arquitecto realça também entre os factores decisivos para o uso do bambu a “mão-de-obra e tipo de construções em elevada altura que se fazem em Macau e Hong Kong”. Logo nas horas a seguir ao acidente, as autoridades de Macau realizaram uma série de inspecções a estaleiros de obras, além de terem organizado dezenas de palestras a alertar para os riscos de incêndios. Tal postura foi “sábia e preventiva”. “Não se retiraram os andaimes em bambu, mas sim as redes que são inflamáveis e que estavam em vários prédios em Macau. O que temos de fazer é mais testes, ou seja, não basta termos o certificado do fabricante a dizer que aquele material é à prova de incêndio. A fiscalização tem de ser mais rigorosa.” “Um dos motivos pelos quais acho que os andaimes de bambu tiveram tanto sucesso ao longo da história recente de Macau e Hong Kong é por serem seguros, no sentido de resistirem bem a ventos e tufões, e protegerem os trabalhadores que usam elementos de protecção”, frisou o arquitecto. De modo geral, Nuno Soares diz que “não faz sentido” uma proibição súbita, e total, do uso do bambu na construção de andaimes. “Tendo em conta os dados que temos, essa medida de impedir a construção em bambu não faz sentido.” Quando o fogo ainda estava longe de ser extinto, a polícia já tinha anunciado a detenção de três suspeitos de “negligência grosseira” após a descoberta de materiais inflamáveis abandonados durante os trabalhos, que permitiram ao fogo “propagar-se rapidamente” devido ao vento forte. As investigações prosseguem. Citado pela CNN, Xinyan Huang, professor associado da Universidade de Hong Kong, declarou que o bambu é “definitivamente um material inflamável”. “Esta época é muito seca em Hong Kong, então a possibilidade de combustão do bambu é muito elevada. Uma vez a combustão feita, o fogo propaga-se muito rapidamente”, rematou. Numa nota conjunta do Corpo de Bombeiros, Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana, Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e Instituto para os Assuntos Municipais, de sexta-feira, o Executivo da RAEM disse estar “extremamente atento ao grave incêndio que ocorreu recentemente na região vizinha”, mas não revelou se vai ou não proibir o uso de bambu. “Após verificação dos equipamentos de combate a incêndios, gestão do armazenamento de substâncias perigosas e vias de evacuação de emergência, todos cumpram os requisitos de segurança aplicáveis.” Além disso, e mencionando dados estatísticos mais recentes, lê-se que “existem actualmente cerca de 566 estaleiros de obras em Macau, dos quais, mais de 60 envolvem obras com andaimes”, ficando a promessa de realização de “inspecções intensivas a todas as obras com andaimes, exigindo-se aos empreiteiros o cumprimento rigoroso das suas responsabilidades de prevenção de incêndios”. Porém, o Executivo admitiu ontem poder vir a substituir os andaimes em bambu pelos de metal, mas apenas se houver “consenso social” entre a população e as construtoras, disse Mak Tat Io, subdirector dos Serviços de Solos e Construção Urbana.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHIV | Macau acolhe conferência conjunta sobre o vírus e doença Um antigo flagelo mundial é hoje uma mera doença crónica, tratável com medicação. Porém, o vírus do VIH continua presente e é a pensar nessa problemática que Macau acolhe este fim-de-semana, no Grand Lisboa Palace, o 8.º Fórum sobre Sida de Pequim, Hong Kong, Macau e Taiwan, organizado por uma associação local A Associação de Cuidados da Sida em Macau [Macao AIDS Care Association] promove, este sábado e domingo, o 8.º Fórum sobre a Sida de Pequim, Hong Kong, Macau e Taiwan, a decorrer no Lisboeta Macau, no Cotai. Trata-se de um evento que pretende chamar a atenção para uma patologia que evoluiu para a doença crónica face ao flagelo de mortes que causou na década de 80, mas que continua a estar presente e a alertar as autoridades de todo o mundo. Segundo um comunicado enviado pela associação, pretende-se “reunir especialistas de renome para discutir questões críticas de prevenção, tratamento e apoio social do VIH”. O evento pretende cobrir temáticas como “a estratégia de saúde pública”, nomeadamente “os últimos desenvolvimentos em políticas e tecnologias relacionadas com o VIH, incluindo a aplicação da inteligência artificial”, ou ainda “questões sociais”, como “discussões importantes sobre a eliminação do estigma e o apoio às populações idosas que vivem com VIH”. Outros temas na agenda, prendem-se com o “impacto local”, nomeadamente o “papel de Macau como anfitriã e colaboradora neste importante diálogo inter-regional”. Combater o estigma A conferência tem como tema “Together wih Love, Not Alone in the Fight” e conta com o apoio de entidades como a The Home of Red Ribbon, Hong Kong Aids Foundation e Macau Association for Gender Diverse Community, que, como o nome indica, chama a atenção para a igualdade de género. Na descrição do evento, lê-se que “os avanços médicos não foram acompanhados por um nível proporcional de compreensão e aceitação social”, permanecendo “o estigma, a discriminação e o isolamento social [que estão] profundamente enraizados” e que “continuam a causar um grande impacto psicológico e a levar à marginalização sistémica, impedindo muitas pessoas de ter acesso a cuidados equitativos e de viver com dignidade”. Há, portanto, uma “lacuna crítica entre o progresso médico e o atraso no apoio social”, a que este fórum visa dar respostas. “Concentramo-nos em dois objectivos, ‘Eliminar o Estigma’ e ‘Construir Sistemas de Apoio Robustos’, traduzindo o conhecimento científico em práticas sociais tangíveis e inclusivas”, é descrito. Um dos oradores vem de Itália, nomeadamente da Universidade de Modena e Reggio Emilia. Giovanni Guaraldi vai falar, logo no primeiro dia, da “Abordagem centrada na pessoa nos cuidados do VIH: Porque importa e como fazê-la acontecer?”. A crescer Os dados mais recentes do VIH em Macau, divulgados em Novembro pelos Serviços de Saúde, falam de uma tendência de crescimento: entre Janeiro e Setembro deste ano, registaram-se 28 novos casos infecção pelo VIH, 14 dos quais em residentes e 14 em não residentes. Em comparação, entre Janeiro e Setembro do ano passado, tinham sido confirmados nove casos entre residentes, o que significa que ao longo deste ano houve um aumento de 55,6 por cento a nível de novos casos. No comunicado do ano passado, não havia referência a não residentes infectados. “Entre os novos casos confirmados em residentes de Macau, todos são do sexo masculino, sendo que 50 por cento tinham idades compreendidas entre os 18 e os 39 anos e 50 por cento tinham 40 ou mais anos”, foi comunicado pelas autoridades. Destes casos, 13 das infecções foram contraídas em relações homossexuais ou bissexuais, enquanto um dos casos indicou ter resultado de relações sexuais heterossexuais. “Todos os novos casos foram encaminhados para o Centro Hospitalar Conde de São Januário para acompanhamento e, actualmente, a taxa de tratamento e controlo dos residentes de Macau ultrapassa os 90 por cento”, foi acrescentado.
João Luz Manchete SociedadeHabitação | Vendas e preços com quebras anuais em Novembro Na primeira metade de Novembro, foram vendidas menos casas e a preços mais baratos, face ao mesmo período de 2024. As transacções caíram 18,6 por cento, enquanto os preços desceram 9,1 por cento. Também a área útil dos imóveis vendidos, diminuiu em termos anuais mais de 10 por cento O mercado imobiliário para habitação continuou em queda na primeira metade de Novembro. Segundos dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Finanças, na primeira metade de Novembro foram vendidas 118 fracções para habitação no território, menos 27 em relação ao mesmo período do ano passado, ou uma redução de 18,6 por cento. Os dados estatísticos baseados no imposto de selo por transmissão de bens revelam também que o preço médio do metro quadrado seguiu a tendência decrescente, com uma quebra de 9,1 por cento, para 66.315 patacas. Até a área útil das casas vendidas diminuiu 10,1 por cento para 71 metros quadrados No período em análise, as maiores quebras de vendas e preços verificaram-se na Taipa, com um total de 21 casas vendidas, menos 15 em relação à primeira metade de Novembro de 2024, representando uma quebra de 41,7 por cento. Também os preços dos imóveis para habitação na Taipa tiveram uma quebra de 10,2 por cento, fixando-se numa média de 64.510 patacas por metro quadrado. Na península, onde foram vendidas 90 do total de 118 fracções, as transacções registaram um decréscimo de 11,8 por cento. O preço também diminuiu de 72.613 patacas por metro quadrado para 66.476 patacas por metro quadrado, ou seja, menos 8,4 por cento. No mercado mais caro (Coloane) foram vendidos sete imóveis na primeira metade de Novembro último, o mesmo número em termos anuais. Porém, o preço do metro quadrado caiu 10 por cento para 75.946 patacas. Mais perto no tempo Em termos mensais, o valor dos imóveis segue a mesma tendência, apesar do maior número de vendas impulsionado pelo mercado da península. No total, a venda de casas aumentou na primeira metade de Novembro, em relação ao mesmo período de Outubro, 3,5 por cento, passando de 114 transacções para 118, com o mercado a “aquecer” ligeiramente na península com uma subida de 9,7 por cento. Não é de estranhar, uma vez que a península foi a zona de Macau onde os preços caíram mais em termos mensais: 13,4 por cento. Na Taipa, as vendas mantiveram-se (11) e os preços subiram 5,5 por cento, mas em Coloane a quebra mensal de vendas foi mais agravada (-36,4 por cento), apesar da descida dos preços do metro quadrado de 11,3 por cento. Tendo em conta todo o território de Macau, os preços sofreram uma variação mensal negativa de 9,9 por cento, caindo de 73.632 patacas para 66.315 patacas por metro quadrado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaBurlas | Pedido recurso a IA e mais cooperação internacional Chan Lai Kei, deputado ligado à Comunidade de Fujian, quer que a inteligência artificial possa aceder às hiperligações recebidas por utilizadores de telemóveis através de SMS, de forma a alertá-los para links fraudulentos O deputado Chan Lai Kei pede ao Governo que recorra às tecnologias mais avançadas, como a inteligência artificial, para identificar e evitar burlas online. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, do legislador ligado à comunidade de Fujian. Segundo Chan, os “os avanços tecnológicos” fazem com que “esquemas fraudulentos continuem a proliferar”, apesar da polícia em Macau ter “actualizado persistentemente os seus mecanismos antifraude”. De acordo com os dados da Polícia Judiciária (PJ) citados pelo deputado, entre 7 de Novembro e o meio-dia de 14 de Novembro, as autoridades receberam queixas sobre 280 tentativas de fraude em que os criminosos se faziam passar por diferentes serviços de apoio ao cliente e ainda queixas de 28 tentativas em que os burlões fingiam ser polícias, agentes do Ministério Público ou dos tribunais do Interior. As queixas foram recebidas através das aplicações disponibilizadas pelas autoridades. “Isto indica que tipos específicos de fraude continuam a ser prevalentes”, afirma o deputado. “Embora estas denúncias não tenham resultado em perdas reais, o número de casos indica que a publicidade antifraude e as medidas técnicas de intercepção precisam de ser melhoradas”, destaca. Mãos à obra Neste cenário, Chan pretende saber se as autoridades vão criar um sistema com recurso a inteligência artificial, para os cidadãos receberem “alertas instantâneos”, quando receberem mensagens SMS consideradas de “alto risco”. O legislador defende assim que as autoridades implementem um sistema com capacidade de detectar o conteúdo das SMS recebidas por todos os cidadãos. A defesa da medida é justificada com o que o deputado considera “o recente aumento de golpes com SMS falsos de atendimento ao cliente”, que no seu entender “indica a necessidade de aprimorar ainda mais os recursos de alerta proactivo do aplicativo”. Como parte da defesa da medida, o Chan Lai Kei aponta que o “Programa Antifraude”, que os residentes podem instalar na plataforma Wechat, bloqueou mais de 9.000 operações de alto risco desde o seu lançamento, em Abril de 2024. Ao mesmo tempo, o deputado mostra-se preocupado com as fraudes cometidas através de outros países, como acontece com o Myanmar, onde operam grandes centros de burlas, muitas vezes ligados às máfias do Interior da China. Sem mencionar os países mais envolvidos, Chan alerta que parte do fenómeno é exterior a Macau e por isso exige uma maior cooperação internacional, apesar de reconhecer a cooperação desenvolvida com Hong Kong e Singapura. O deputado apoiado pela comunidade de Fujian pretende assim saber como é que as autoridades vão detectar o local de origem dos crimes e reforçar a cooperação internacional.
João Santos Filipe Manchete PolíticaIncêndios | Nick Lei defende reforço das medidas de segurança Na sequência do incêndio de Tai Po, em Hong Kong, e das inspecções realizadas pelas autoridades de Macau, Nick Lei perguntou que medidas vão ser adoptadas para garantir a segurança, principalmente em estaleiros de obras O deputado Nick Lei espera que o Governo se mantenha alerta para as necessidades de segurança contra incêndios, e garanta a eficácia da supervisão nos estaleiros de obras. O assunto foi abordado pelo deputado ligado à comunidade de Fujian, através de uma interpelação escrita. A tomada de posição surge na sequência do incêndio no complexo residencial em Tai Po, em Hong Kong, que resultou em 156 mortos, de acordo com a contagem mais recente, numa altura em que ainda falta contabilizar vítimas de duas torres habitacionais. As causas preliminares da origem do incêndio foram relacionadas com os materiais instalados nas obras de renovação do complexo residencial. Agora, Nick Lei veio recordar que após o incêndio as autoridades inspeccionaram 60 estaleiros de construção com andaimes, por isso pretende saber o que vai ser feito, para corrigir falhas que tenham sido identificadas. “Em resposta às falhas descobertas durante as inspecções, como se estabelece um mecanismo permanente de revisão para garantir que os materiais de construção cumprem os padrões de segurança contra incêndios (…) com vista a elevar eficazmente o nível da segurança contra incêndios nos estaleiros de obras?”, pergunta o deputado. Lei também quer saber como se pode “resolver completamente a questão da instalação de obstáculos em corredores” utilizados como saídas de emergência. Planos mais específicos Além disso, o deputado ligado à comunidade de Fujian defende que os actuais planos de socorro têm de ser mais específicos para responder às necessidades da densidade populacional, tipos de construção locais e características ambientais das diversas áreas do território. Nick Lei também quer que o Governo esclareça os procedimentos de resposta a emergências, para garantir a segurança da população quando houver grandes catástrofes. Lei aponta ainda que Macau pode obter apoio das zonas vizinhas de forma oportuna, se tiver planos para tal. Quanto aos equipamentos avançados de resposta a emergências, Nick Lei quer saber quais vão ser os meios de alta tecnologia importados para auxiliar nos trabalhos de resgate, com o objectivo de melhorar a capacidade de combate a incêndios em ambientes específicos, como acontece nos edifícios altos e nos mais antigos. “O Governo deve reforçar a inspecção de segurança em espaços e lugares públicos, particularmente no que diz respeito à elaboração dos planos de combate a incêndios nos edifícios baixos em bairros comunitários e edifícios que não têm entidade de administração ou condomínios”, aconselhou. Nick Lei defendeu que desta forma “pode aumentar-se a eficiência da evacuação de edifícios em situação de emergência”, lê-se na interpelação escrita.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePlano Quinquenal | Economista destaca foco na resolução de problemas internos A economista Maria Fernanda Ilhéu entende que o 15º Plano Quinquenal do Governo Central visa consolidar aspectos económicos regionais e resolver “aspectos da economia chinesa que ainda são problemáticos”, como a “fraca procura interna”. A posição foi assumida num seminário promovido pela Embaixada da China em Lisboa Quais os objectivos propostos no 15º Plano Quinquenal da China, cuja consulta pública terminou no passado dia 14 de Novembro? Para a economista Maria Fernanda Ilhéu, ex-residente de Macau e presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS), o plano poderá dar resposta “a alguns aspectos da economia chinesa que ainda são problemáticos, como uma procura interna fraca”. A posição foi assumida num seminário, decorrido recentemente em Lisboa e promovido pela Embaixada da China em Portugal, intitulado “Interpretação do 15°Plano Quinquenal de Desenvolvimento Económico e Social Nacional da China. Perspectivas para a Futura Cooperação China-Portugal”. O discurso de Maria Fernanda Ilhéu, consultado pelo HM, foi divulgado pela própria nas redes sociais. Para Maria Fernanda Ilhéu, “apesar dos estímulos governamentais, o consumo interno continua baixo na sua contribuição para o PIB [Produto Interno Bruto]”, sendo que “alguns estrangulamentos e obstáculos estão a impedir os fluxos económicos, como o atraso na modernização agrícola e rural e a pressão sobre o emprego”. Neste ponto, a economista destacou os “licenciados que não encontram empregos à altura das qualificações”, além de que o país espera ainda concretizar “o crescimento do rendimento per capita, que se pretende mais acelerado e equilibrado em regiões ainda muito pobres”. Por sua vez, verificam-se ainda “algumas dificuldades nos serviços públicos e apoios sociais”, enquanto “o envelhecimento da população apresenta desafios ao desenvolvimento económico e à oferta de serviços próprios para o bem-estar da população com mais de 65 anos”. Maria Fernanda Ilhéu citou dados quanto a este aspecto, relativos a 2024, quando os idosos representavam 14,1 por cento da população, mais 4,7 por cento face a 2014. Com base no documento apresentado por Pequim, a economista referiu que o 15º Plano Quinquenal pretende também “projectar a economia chinesa para a autossustentabilidade e a competição global”, sendo que, na sua visão, o país enfrenta “três desafios”. São eles a “grande volubilidade” que é descrita pelas autoridades chinesas como “oportunidades estratégicas que existem ao lado de riscos e desafios, enquanto as incertezas e fatores imprevisíveis estão a crescer”. Um modelo em mudança Maria Fernanda Ilhéu destaca também que “o modelo de crescimento da China está a mudar, com mudanças populacionais, correções no sector imobiliário e a diminuição de retornos no investimento em infra-estruturas, sendo necessários novos factores para manter o ritmo de crescimento”. Além disso, “a tecnologia tornou-se fundamental no palco da competição global”, algo que “requer e pressiona a China para uma inovação autossuficiente e para a resiliência industrial”. A economista não esquece as questões regionais, onde Macau se integra, nomeadamente quanto ao “objectivo para algumas cidades e super regiões” e o “papel dinamizador do delta do rio Yangtze e a área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong – Macau”. Pretende-se, neste contexto, “conseguir progressos na industrialização, informatização, urbanização e modernização agrícola através de novas formas produtivas, e fomentando novos padrões de desenvolvimento”. A ideia é que haja uma “modernização da indústria”, em que os “sectores da linha da frente” serão a “inteligência artificial (IA), robótica avançada, computação quântica, semicondutores, biotecnologias e nova geração de tecnologia de informação e aeroespacial”. Para Maria Fernanda Ilhéu, estas áreas são “fundacionais numa estratégia de competitividade internacional, resiliência e efeitos multiplicadores de crescimento”. A importância da lusofonia A economista defendeu também que as linhas traçadas no 15º Plano Quinquenal aponta para o fomento do delta do rio Yangtze, incluindo-se a província de Zhejiang, “terra natal da maioria dos chineses ultramarinos que escolheram Portugal para viver e trabalhar”, ou ainda, na Grande Baía, que inclui Macau, “um dos vértices centrais, onde a presença centenária portuguesa é um activo estratégico na cooperação entre Portugal e China”. Para a responsável, as áreas “prioritárias de cooperação” devem centrar-se na energia verde, nomeadamente com a produção de baterias, hidrogénio verde e mobilidade, “sectores onde a China lidera”. A digitalização e IA, nomeadamente na construção de ferramentas de “saúde digital” e “cidades inteligentes”, ao nível da logística e portos. Outros pontos estratégicos são ainda infra-estruturas, saúde, biotecnologia e cooperação na investigação científica e produção industrial em IA, apontou. Aposta no consumo Segundo a análise do portal China Briefing, ligado à consultora Dezan Shira & Associates, a China está hoje em “condições muito diferentes” face ao último Plano Quinquenal. Hoje a pior fase e consequentes impactos da covid-19 parecem ter passado, existindo, porém, “pressão sobre indústrias domésticas” que vai continuar “a moldar a política económica nos próximos anos”. Além disso, é destacado o facto de Donald Trump estar novamente na Casa Branca, referindo-se os Estados Unidos como “o maior parceiro comercial individual e principal rival económico”. Desta forma, o Plano Quinquenal pensado para os anos de 2026 a 2030 “será elaborado com essas questões em mente”, sendo que “as prioridades provavelmente irão concentrar-se na melhoria da resiliência económica, incluindo a diversificação de parceiros comerciais e a redução da dependência das importações” de produtos e materiais considerados “críticos”. Pretende-se ainda “estimular o consumo doméstico e melhorar as capacidades internas em tecnologias-chave”. A mesma análise dá conta de um discurso proferido pelo Presidente Xi Jinping, em Abril deste ano, em que aponta que o 15º Plano Quinquenal deve “avaliar de forma practiva como as mudanças no cenário internacional afectam a China”, devendo ser feito um ajuste, “optimizando a estrutura económica do país”. A propósito do fomento do consumo interno, destaque para o anúncio, a 26 de Novembro, de um plano de acção apresentado pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, e que visa, segundo a agência estatal Xinhua, “a formação de sectores de consumo multimilionários nos próximos anos”. O recurso à inteligência artificial (IA) parece ser a norma, como frigoríficos inteligentes “que podem recomendar uma lista de compras e óculos que podem responder a vários comandos dos utilizadores”. Escreve a Xinhua sobre o referido plano que “a China pretende formar três sectores de consumo massivo, nomeadamente produtos para cuidados a idosos, veículos inteligentes conectados e electrónica de consumo, com uma escala de mercado que atingirá triliões de yuans até 2027”. Além disso, “serão promovidas dez categorias de bens de consumo de grande procura, no valor de 100 mil milhões de yuans (cerca de 14 mil milhões de dólares americanos), incluindo produtos para crianças e bebés, dispositivos vestíveis inteligentes, cosméticos, equipamentos de fitness e alimentos e produtos para animais de estimação”. Duplas novidades A quarta sessão plenária do 20º Comité Central do Partido Comunista Chinês, realizada em Outubro, adoptou recomendações para o Plano Quinquenal, que incidiram na manutenção da “estratégia de expansão da procura interna” com esforços “para garantir que a nova procura impulsione a nova oferta”, promovendo também “interacções positivas entre consumo e investimento e entre oferta e procura”. Nem de propósito, o portal China Briefing acrescenta que o 15º Plano Quinquenal “deverá dedicar um espaço significativo ao desenvolvimento da iniciativa ‘AI Plus’ e de sectores de suporte, com políticas voltadas para a promoção de investimentos, apoio fiscal, formação de talentos e colaborações público-privadas”. O 15º Plano Quinquenal deverá ainda “definir metas de emissão de carbono e realinhamento da estratégia de descarbonização”, sendo que o país “está a mudar a estratégia principal de descarbonização”, saindo “do foco na redução do consumo total de energia para concentrar-se na redução das emissões totais de carbono”. Destaque para o facto de a versão final do 15º Plano Quinquenal só ser apresentada durante as chamadas Duas Sessões de Março do próximo ano, da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, quando será adoptada e implementada pelas autoridades, em Pequim.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Portugueses entre vencedores de concurso de ‘starups’ A ‘startups’ portuguesa Complear, que ajuda empresas de saúde digital a cumprir exigências de reguladores, venceu a 5.ª edição da competição sino-lusófona 929 Challenge em Macau As ‘startups’ portuguesas Complear e Azores Life Science arrecadaram o primeiro e terceiro lugares, respectivamente, na quinta edição da competição sino-lusófona 929 Challenge em Macau. A Complear ajuda empresas de saúde digital a cumprir as exigências dos reguladores, enquanto a Azores Life Science produz cosméticos com recursos naturais do arquipélago dos Açores. Em segundo lugar na final do concurso, que decorreu no domingo, ficou a brasileira Phycolabs, que transforma algas em produtos têxteis. “A qualidade geral deste ano foi excepcional, em particular o desempenho das empresas dos países de língua portuguesa”, disseram os co-fundadores do evento, Marco Duarte Rizzolio e José Alves. “Destacaram-se os projectos de biotecnologia, alinhando-se positivamente com o foco estratégico da China na biotecnologia”, acrescentaram, citados num comunicado divulgado pela organização. Divididas em duas categorias, 16 equipas finalistas – oito ‘startups’ e oito de universidades chinesas e dos países de língua portuguesa, disputaram a final da quinta edição desta competição sino-lusófona. A Universidade de Hong Kong destacou-se na categoria universitária, com a Universidade de Macau e a Universidade do Porto a completarem o pódio. A equipa da Universidade do Porto venceu ainda o prémio de ‘Startup’ com Maior Impacto. Maioria lusófona Os países lusófonos estiveram pela primeira vez em maioria, representando cerca de 65 por cento das mais de 400 candidaturas. A competição atraiu 170 ‘startups’ dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, mais 73 por cento do que em 2024. A quinta edição do 929 Challenge incluiu, pela primeira vez, o prémio ‘Future Builder’ (Criador do Futuro), para a melhor ‘startup’ dos PALOP e de Timor-Leste. O galardão foi para o projecto de Moçambique Xa Nene, que usa larvas de moscas para tornar lixo orgânico em comida para animais. A empresa portuguesa Dermamatica, que usa inteligência artificial para o rastreio a três dimensões do cancro da pele, recebeu o prémio de ‘Startup’ Mais Promissora. A Dermamatica já tinha em Junho sido distinguida num outro concurso de empreendedorismo em Macau, para empresas de Brasil e de Portugal. A edição deste ano registou um montante total de prémios de 300 mil patacas e quatro mil dólares em serviços e ferramentas da Alibaba, de acordo com a organização. O 929 Challenge é co-organizado pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) e por várias instituições da região, incluindo todas as universidades.
João Santos Filipe Manchete SociedadeFestival da Gastronomia | Negócios terão subido 30% Apesar dos bons resultados, as vendas do festival estão, no melhor cenário, 20 por cento abaixo do que acontecia antes da pandemia. No entanto, não se esperam grandes alterações, dado que os restaurantes do exterior, que cobravam preços mais altos deixaram de ser convidados para o evento O Festival da Gastronomia terminou no domingo e terá resultado num aumento anual do volume de negócios de 30 por cento, de acordo com o presidente da Comissão de Organização do Festival da Gastronomia, Chan Chak Mo. O balanço do evento foi citado pelo jornal Ou Mun. Em relação ao balanço da 25.ª edição, Chan Chak Mo apontou para um aumento generalizado para todas as bancas, mas destacou que houve casos em que os vendedores conseguiram mesmo dobrar o volume de negócios, em comparação com o ano anterior. Segundo o presidente da associação, para o bom resultado contribuíram vários factores, como o bom tempo, o grande prémio para o consumo nas zonas comunitárias, que atribuiu cupões de desconto que puderam ser utilizados nas bancas do festival, e a organização de outros eventos que trouxeram gente para o território e coincidiram com o festival. Além disso, Chan Chak Mo afirmou igualmente que os comerciantes que participaram no festival tiveram uma maior vontade de investir no design das bancas, o que tornou os diferentes espaços mais atraentes. Em termos das tendências de consumo, o ex-deputado indicou que os jovens preferem a comida mais “inovadora” e que mostraram abertura para consumirem bebidas com preços entre 40 e 50 patacas. Este grupo de clientes também não se mostrou preocupado em pagar entre 30 e 40 patacas por doces e sobremesas, o que foi entendido por pelo dirigente associativo como um grupo que não se mostrou muito preocupado com os preços. Mudança, precisa-se Tendo em conta os padrões de consumo, Chan Chak Mo considerou ainda que as bancas que têm uma presença no festival mais antiga precisam de inovar nos seus pratos, para se tornarem mais atraentes. Além disso, esta foi a primeira vez que foi proibido fumar no festival, que é realizado ao ar-livre. No entanto, foi criada uma zona para fumadores e no total dos 17 dias as autoridades apenas detectaram duas infracções. Fazendo a comparação com as edições do festival no período pré-pandemia, Chan apontou que o volume de negócios está entre 70 a 80 por cento do que costumava acontecer. A redução do volume de negócios foi explicada em parte com o facto de desde a pandemia terem deixado de participar na iniciativa restaurantes que vinham de fora de Macau e que cobravam preços mais altos. Após a pandemia, as bancas passaram a ser integralmente ocupadas por negócios locais. Aposta local Quando questionado sobre a intenção de voltar a convidar comerciantes estrangeiros, o presidente da associação confessou que não existem planos nesse sentido, porque as pequenas e médias empresas locais têm grandes dificuldade para operar e precisam de todo o apoio possível. O responsável explicou também que esta mudança de postura tem a ver com o facto de o Governo ter sugerido uma maior aposta no comércio local, para apoiar os comerciantes da RAEM. No entanto, Chan Chak Mo revelou que em todas as edições a organizadora substitui entre 30 a 40 comerciantes cujos produtos tiveram pouca procura. A comissão visita depois potenciais candidatos a um convite, para avaliar se os produtos e os preços correspondem ao actual modelo de consumo dos visitantes do festival. Quanto à próxima edição do festival, o presidente da associação indicou que não existem grandes planos de inovação, mas admite que possa haver mais espectáculos no recinto.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Receitas de Novembro ultrapassaram 21 mil milhões Os casinos de Macau apuraram quase 21,1 mil milhões de patacas em Novembro, mais 14,4 por cento face a Novembro de 2024. Apesar da descida em comparação com o recordista mês de Outubro, nos primeiros 11 meses deste ano, a indústria do jogo arrecadou receitas de 226,5 mil milhões de patacas A indústria do jogo teve receitas brutas de quase 21,1 mil milhões de patacas em Novembro, segundo dados revelados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), registo que se traduz numa subida de 14,4 por cento face a Novembro de 2024, quando as receitas se ficaram por 18,43 mil milhões de patacas. Em termos mensais, as receitas brutas do mês passado caíram 12,4 por cento em comparação com o registo de Outubro, que teve a melhor performance mensal dos últimos seis anos, com 24,1 mil milhões de patacas. Importa salientar que Outubro é tradicionalmente um dos períodos de receitas mais elevadas, devido aos feriados nacionais da Semana Dourada. No cômputo geral, entre o início do ano e 30 de Novembro, as receitas brutas amealhadas pelos casinos ascenderam a 226,5 mil milhões de patacas, mais 8,6 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, que registou receitas de 208,6 mil milhões de patacas. Questões matemáticas Entre subidas e descidas nas estimativas para a performance da indústria dos casinos, as receitas amealhadas até ao fim de Novembro parecem apontar para a superação da previsão do Governo no orçamento inicial para 2025. Recorde-se que o Executivo começou por estimar receitas brutas anuais de 240 mil milhões de patacas, limite que será ultrapassado se em Dezembro os casinos de Macau registarem receitas superiores a 13,5 mil milhões de patacas. No mês mais fraco deste ano, Janeiro, o sector apurou receitas brutas de 18,25 mil milhões de patacas. Em Junho, o Governo adoptou uma posição mais conservadora em relação ao desempenho do sector e reduziu as estimativas das receitas anuais do jogo para 235,4 mil milhões de patacas num orçamento rectificativo. Os casinos do território sustentam mais de 83 por cento das receitas públicas da RAEM.
João Santos Filipe Manchete PolíticaProfessores | Alerta para cargas de trabalho “mais pesadas” A deputada e docente Ella Lei avisa que os professores estão sujeitos a cargas de trabalho que não se limitam ao ensino, mas também à aprendizagem de conteúdos educativos sobre as novas tecnologias, acompanhamento psicológico dos alunos e comunicações com os pais, fora das horas de trabalho A deputada Ella Lei defende a emissão de orientações pelo Governo para regular, com recurso às tecnologias de comunicação, a comunicação entre docentes e encarregados de educação no horário pós-laboral. A posição foi tomada através de uma interpelação escrita, sobre as cargas de trabalho “cada vez mais pesadas” dos docentes e que contribuem para uma “pressão crescente e sustentada” De acordo com a deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), os professores queixam-se que é cada vez mais comum terem de utilizar vários períodos do seu tempo de descanso para comunicarem com os encarregados de educação. A preocupação dos pais com as crianças é apreciada, no entanto, este aspecto contribui para que os docentes sintam que “o seu tempo de descanso” é “afectado. Face a esta matéria, deputada pretende saber se o Executivo estabeleceu “orientações sobre a utilização de software de comunicação após o horário escolar”. E se a resposta for positiva, a legisladora pretende que as autoridades expliquem a forma como está a inspeccionar as orientações e como se garante que estas asseguram o tempo de descanso dos docentes. Novos conteúdos Como parte do problema de excesso de trabalho, Ella Lei indica igualmente as reformas dos “conteúdos de educação tecnológica, como programação e inteligência artificial”. Com a integração das novas matérias, os professores tiveram de realizar formações e atravessar períodos de adaptação e aprendizagem: “Os professores devem aprender e dominar continuamente novas aplicações tecnológicas para atender às exigências de ensino em constante evolução”, apontou. No entanto, a membro da Assembleia Legislativa avisa ainda que as tarefas não se esgotam no ensino, e que se espera que os professores acompanhem o estado psicológico dos estudantes: “Além das funções de ensino, os educadores devem também zelar pelo bem-estar psicológico dos alunos e pelas suas diversas necessidades de desenvolvimento, o que aumenta significativamente os seus encargos”, apontou. Neste sentido, Ella Lei indica que “os professores esperam que as autoridades garantam a alocação de recursos educacionais que aliviem as pressões de trabalho”. Este aspecto deve passar não só pela “revisão da implementação das directrizes sobre a utilização de software de comunicação após o horário escolar”, mas também pelo “reforço contínuo do apoio às escolas e aos professores” e “a optimização do mecanismo de financiamento dos subsídios do pessoal docente”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTáxis | Governo promete mais licenças e não responde sobre TVDE Raymond Tam disse ontem que Macau vai ter mais táxis, passando dos actuais 1.400 para 2.000 graças a um novo concurso público. No debate sobre as Linhas de Acção Governativa para 2026, ficou ainda a garantia da reorganização gradual das carreiras de autocarros São mais 100 táxis a curto prazo e depois 700 com licença temporária. Foram estes os números apresentados pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam, para o sector dos táxis, a propósito do debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a 2026. O secretário declarou que dos actuais 1.400 táxis, Macau vai passar a contar com 2.000, sendo que, no caso dos táxis para pessoas com mobilidade reduzida, Raymond Tam disse que vai passar dos actuais sete para 28, a entrar em serviço no próximo ano. O secretário garantiu também que o Governo vai lançar uma consulta pública sobre a revisão do regulamento dos táxis. “Quanto ao serviço de chamadas de táxis, estamos a fazer a revisão do regime jurídico, permitindo ao serviço de chamadas melhores condições para a actividade”, indicou. De lado ficou uma resposta concreta quanto ao serviço de táxis disponíveis plataformas móveis, conhecido em Portugal como TVDE. “Temos de ter uma atitude de cautela ao rever o regulamento dos táxis face à possibilidade de introduzir a TVDE”, disse. Coube à deputada Ella Lei colocar esta questão. “Esperamos que no próximo ano seja revisto o regime de TVDE, mas temos de saber como o regime de empresas de táxi consegue satisfazer em número de veículos e na qualidade dos serviços.” Já Leong Sun Iok pediu mais licenças de táxis transfronteiriços que consigam viajar até ao Aeroporto Internacional de Hong Kong, dizendo que “não há nada de científico no planeamento” do sector. “Ao longo dos anos verificamos que há falta de táxis. Quantas licenças vamos emitir?”, questionou. Raymond Tam prometeu falar com as autoridades vizinhas. Melhorar gradualmente Outro assunto debatido foi a necessidade de ajuste das carreiras de autocarros. O secretário disse que o Governo vai “assumir uma postura prudente”, sendo que as carreiras 21A e 26A são “as que merecem prioridade no ajustamento”. No passado percebeu-se que havia muitas carreiras sobrepostas e, agora, “o próximo passo será seleccionar as carreiras viáveis, para que o impacto do ajuste seja menor. Trata-se de um trabalho que não pode ser feito de forma apressada, pois afecta a deslocação das pessoas”, rematou.
Hoje Macau Manchete SociedadeAir Macau | Actualizado ‘software’ de A320 após notificação de Airbus A Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) assegura que a Air Macau também procedeu à actualização do software para corrigir os problemas detectados a nível mundial A Autoridade de Aviação Civil de Macau anunciou no sábado que a Air Macau actualizou o ‘software’ de controlo de voo das aeronaves A320, após a Airbus pedir aos clientes para substituírem este ‘software’ vulnerável à radiação solar. “Na sequência da notificação da Airbus em 28 de Novembro de 2025, que solicitava actualizações de ‘software’ preventivas para as aeronaves da família A320, a Autoridade de Aviação Civil (AACM) instruiu imediatamente a Air Macau a avaliar e solucionar o problema”, lê-se num comunicado da autoridade. Após este pedido, continua-se na nota, a companhia aérea de bandeira de Macau “agiu prontamente, actualizando os ‘softwares’ necessários nas aeronaves afectadas” e “realizando os ajustes necessários na reprogramação de voos afectados, minimizando os transtornos aos passageiros”. A AACM vai “continuar a monitorizar a situação para garantir a segurança operacional dos serviços aéreos”, conclui-se. De acordo com o canal de rádio chinês da Teledifusão de Macau, 12 aeronaves da Air Macau foram afectadas, sendo esperados “pequenos atrasos nos voos”. A Airbus anunciou na sexta-feira a recolha de aproximadamente 6.000 aviões A320 para a substituição urgente do ‘software’ de controlo de voo, vulnerável à radiação solar, após um incidente no final de Outubro nos Estados Unidos. Em comunicado, a fabricante aeronáutica informou que solicitou a todas as companhias aéreas clientes que utilizam este ‘software’ que “suspendam imediatamente os seus voos” após a análise do incidente técnico. A empresa reconheceu que “estas recomendações causarão interrupções operacionais para os passageiros e clientes”. “Pedimos desculpa pelo incómodo causado e trabalharemos em estreita colaboração com os operadores, mantendo a segurança como a nossa prioridade absoluta e primordial”, acrescentou. Problema geral A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) indicou em comunicado que foi informada da situação pela Airbus. “Estas medidas podem causar interrupções de curto prazo nos horários dos voos e, consequentemente, transtornos para os passageiros. No entanto, como sempre acontece na aviação, a segurança é primordial”, referiu a EASA. O incidente ocorreu em 30 de Outubro, num voo da JetBlue entre Cancún, no México, e Newark, perto de Nova Iorque, quando uma aeronave teve de realizar uma aterragem de emergência em Tampa, na Florida. A análise do incidente “revelou que a intensa radiação solar pode corromper dados essenciais para o funcionamento dos controlos de voo”, informou a empresa europeia. Para a maioria das aeronaves, a actualização do ‘software’ da versão anterior demorará “algumas horas”. Mas, para cerca de mil aeronaves, implicará a troca do ‘hardware’ do computador, “o que levará semanas”, revelou à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo. O incidente envolve um dispositivo – ELAC – Elevator Aileron Computer – fabricado pela Thales. Este fornecedor da Airbus esclareceu à AFP que não era responsável pelo problema: “A funcionalidade em causa é suportada por um ‘software’ que não é da responsabilidade da Thales”, garantiu. A Airbus não especificou qual a empresa que concebeu e actualiza este ‘software’.
João Santos Filipe Manchete SociedadeWindsor Arch | Tribunal mandou confiscar 265 apartamentos O confisco de apartamentos está relacionado com o facto de a construção não ter respeitado o plano originalmente aprovado pelas autoridades. Apenas parte dos imóveis foi transaccionada com privados O Tribunal Judicial de Base (TJB) mandou confiscar 265 apartamentos no empreendimento no Windsor Arch, na Taipa, de acordo com informação revelada pelo jornal Ou Mu. Segundo a publicação, o confisco terá sido justificado com o facto de as unidades “excederem a área do projecto”. A maioria dos apartamentos ainda estava em nome da promotora, dado que nestas condições é difícil para os interessados obterem empréstimos bancários. Esta foi uma das razões que terá levado a que o promotor não tivesse colocado grande parte dos apartamentos no mercado. No entanto, o jornal Ou Mun indica que uma “pequena parte” dos imóveis confiscados terá sido transaccionada com privados, que foram surpreendidos com a medida. Citando fontes não identificadas de imobiliárias e de escritórios de advogados, a publicação indica que houve proprietários afectados pelo confisco a procurarem aconselhamento jurídico. Em algumas situações, apesar de os compradores se encontrarem na posse dos imóveis, não terá havido escritura pública, uma exigência da lei para que o negócio de compra e venda de imóveis seja válido. Os contratos de compra e venda poderão assim, na melhor das hipóteses, ser considerados contratos-promessa. Contudo, dado que não houve escritura pública, os apartamentos confiscados, apesar de eventuais pagamentos dos compradores, continuam em nome da promotora do projecto. O jornal revela também que estes privados estão “muito preocupados” com a situação e a possibilidade de ficarem sem os apartamentos. Caso Obras Públicas O projecto Windsor Arch esteve sob escrutínio judicial no âmbito do caso que resultou na condenação com penas de prisão de Jaime Carion e Li Canfeng, ex-directores das Obras Públicas. De acordo com a acusação do Ministério Público, os governantes terão recebidos vantagens patrimoniais, através das famílias, para aprovar as licenças de construção de diferentes projectos, entre os quais o Windsor Arch, promovido por William Kwan Wai Lam e Ng Lap Seng. Jaime Carion terá facilitado a aprovação do projecto, cujas características, dimensões e altura diferiam do estipulado no contrato de concessão e nos planos urbanísticos para a área. Neste caso, o MP alegou que Carion agiu de forma concertada com o seu, à altura, número dois na DSSOPT, Li Canfeng, pressionando técnicos dos serviços que dirigiam para dar luz verde a várias propostas de alterações ao projecto original. Como resultado, destas e de outras práticas relacionadas com outros projectos, Carion, julgado à revelia, foi condenado a 16 anos de prisão efectiva, por seis crimes de branqueamento de capitais e cinco crimes de corrupção passiva para acto ilícito. Li Canfeng foi condenado com uma pena de 17 anos de prisão por cinco crimes de corrupção passiva para acto ilícito, quatro de branqueamento de capitais, um de falsificação de documentos, um de abuso de poder e quatro de inexactidão dos elementos. Willian Kuan está a cumprir cinco anos e seis meses de prisão efectiva, por três crimes de corrupção activa e dois de branqueamento de capitais, enquanto Ng Lap Seng teve uma pena de 4 anos e 6 meses de prisão efectiva, por três crimes de branqueamento de capitais. Ilegalidades desconhecidas No entanto, o Ou Mun aponta que os compradores argumentaram desconhecer as ilegalidades na altura da compra e que, desde então, têm estado à espera do fim do caso judicial, para avançarem com a escritura pública dos negócios relativos aos imóveis. De acordo com a publicação, o projecto Windsor Arc tem 10 torres residenciais, cada uma com 45 pisos, divididos em 857 apartamentos, entre unidades T1, T2 e T3. Com excepção da torre n.º 7, houve confiscos em todas as outras e no caso das torres n.º 1 e n.º 4 a proporção do confisco terá atingido 85 por cento.
João Luz Manchete PolíticaTai Po | RAEM doa 30 milhões para recuperação após incêndio O Governo de Macau doou 30 milhões de dólares de Hong Kong para apoiar o Executivo de John Lee Ka-chiu na sequência do trágico incêndio em Tai Po. Sam Hou Fai salientou a “profunda amizade” entre as regiões e apelou à sociedade para se envolver. A Shun Tak, MGM, Galaxy e Cruz Vermelha de Macau, entre outras empresas juntaram-se à onda solidária O Executivo da RAEM doou 30 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), através da Fundação Macau, para apoiar o Governo de Hong Kong “a responder e acompanhar o trabalho de recuperação do incêndio grave ocorrido no complexo habitacional Wang Fuk Court em Tai Po nos novos territórios”, revelou o Gabinete de Comunicação Social (GCS) na sexta-feira. O Governo liderado por Sam Hou Fai salientou a “profunda amizade e relações humanísticas, económicas e comerciais de longa data” entre os dois territórios, e a forma conjunta como as populações das duas cidades enfrentam dificuldades e desafios. Além disso, Sam Hou Fai manifestou, “em nome do Governo da RAEM, o profundo pesar e as sentidas condolências aos familiares das vítimas do incêndio, apelando aos diversos sectores da sociedade local para tomarem iniciativas e apoiar a RAEHK. “Sam Hou Fai está convicto de que, sob o espírito das instruções importantes, atenção e apoio do Presidente Xi Jinping, assim como o apoio e empenho do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China, o Chefe do Executivo da RAEHK, John Lee Ka-chiu, e o seu governo, irão indubitavelmente liderar e unir os diversos sectores da sociedade e auxiliar os residentes afectados a ultrapassar as dificuldades, para que as suas vidas regressem à normalidade e as suas casas sejam recuperadas, o mais breve possível”, acrescentou o GCS. Respostas prontas O apelo do Governo de Macau foi ouvido, e desde o final da semana passada várias empresas e entidades locais juntaram-se à onda de solidariedade. A Fundação Henry Fok igualou a doação da Fundação Macau, o grupo Shun Tak (e principais figuras da direcção) contribuíram com 10 milhões de HKD, a MGM China e a Chef Nic Holdings doaram 5 milhões de HKD, enquanto o grupo Galaxy Entertainment e o seu líder Francis Lui contribuíram com 10 milhões de HKD. A Cruz Vermelha de Macau também aderiu com uma contribuição 500 mil HKD. A vaga de contributos de Macau constitui apenas uma parte de uma campanha de solidariedade transversal a vários grupos empresariais de Hong Kong e do Interior da China. Pelo menos 128 pessoas morreram em consequência do incêndio que deflagrou na quarta-feira à tarde, de acordo com o balanço das autoridades que deram conta de 79 feridos e cerca de uma centena e meia de pessoas incontactáveis.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTabaco | Prometidas mais proibições de consumo ao ar livre O director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, assegurou no debate de sexta-feira, no hemiciclo, que vêm aí mais proibições para quem fuma ao ar livre, nomeadamente em zonas de grande circulação de pessoas. “Já temos o controlo do tabaco em áreas fechadas e proibimos [o consumo] junto a escolas e infantários. No que diz respeito às pessoas que fumam enquanto caminham, pensámos em zonas de proibição de fumo, mas nas zonas em que haja muitas pessoas a circular vamos proibir [o consumo de tabaco]”, disse, sem adiantar mais pormenores sobre uma eventual data de revisão da lei. O director dos SS falou também no controlo dos cigarros electrónicos. “Em princípio não há mais cigarros electrónicos em Macau” tendo em conta a proibição de importação já decretada. “Mas em colaboração com os Serviços de Alfândega e a Polícia Judiciária vamos melhorar o trabalho e proibir o tabaco ilegal, mesmo em zonas públicas”, disse. O tema do tabagismo surgiu logo nas primeiras intervenções dos deputados, nomeadamente por Leong Pou I. “Nos últimos anos o Governo reforçou o combate e controlo ao tabagismo e os trabalhos surtiram efeitos. Foi alargado o âmbito da proibição em redor de creches e escolas, e as autoridades disseram que iriam fazer a demarcação de uma zona para consumo de tabaco em postos fronteiriços e aduaneiros. Que tipo de zonas vão ser incluídas na proibição?”, questionou. Leong Pou I levantou também a questão dos cigarros electrónicos. “Não sei se os turistas conhecem a lei de controlo do tabagismo e verificamos que eles usam os cigarros electrónicos em espaços e recintos fechados.” Também Leong Hong Sai levantou questões semelhantes. “No futuro vamos proibir o uso de cigarros electrónicos? Como podemos fazer com que as pessoas não fumem nas ruas, sobretudo em zonas mais movimentadas?”.
Hoje Macau Manchete PolíticaLAG 2026 | Alimentação saudável e exercício podem valer recompensas No debate das Linhas de Acção Governativa para a área dos Assuntos Sociais e Cultura, a secretária O Lam prometeu criar um programa de incentivo a estilos de vida saudáveis, a fim de prevenir o aparecimento de doenças crónicas Macau vai lançar em 2026 um programa que dará recompensas aos residentes que adoptem comportamentos de vida saudáveis, porque “mais vale prevenir do que remediar”, disse, na sexta-feira, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, no debate tutelar sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. O relatório das LAG prevê o lançamento, no segundo trimestre de 2026, de um programa de incentivos para gestão da saúde, através da plataforma electrónica ‘Minha Saúde 2.0’. “Os residentes que adoptem comportamentos como uma alimentação saudável, a prática de exercício físico regular, a realização de rastreios de doenças e a vacinação, poderão acumular pontos e trocá-los por recompensas”, refere o documento. O objectivo é “incentivar a adopção de bons hábitos de vida e concretizar uma autogestão da saúde proactiva”, explica o relatório. “Vamos fazer esse trabalho para avaliar a saúde e prevenir as doenças crónicas”, explicou O Lam aos deputados na Assembleia Legislativa, numa referência ao Inquérito sobre a Saúde de Macau. Dados em análise O Inquérito será lançado também no segundo trimestre de 2026 e irá, até ao fim do ano, recolher e analisar os dados de saúde de uma amostra dos quase 690 mil habitantes da cidade. A meta é “apurar a situação epidemiológica e as tendências de evolução das principais doenças crónicas, de algumas doenças transmissíveis e dos (…) factores de risco, estabelecendo-se bases científicas para a definição de políticas de saúde”, refere o relatório das LAG. Na quarta-feira, as autoridades já tinham lançado uma campanha que oferece recompensas aos residentes com peso a mais que consigam, nos primeiros cinco meses de 2026, perder pelo menos 3 por cento da massa corporal. A campanha faz parte da iniciativa nacional chinesa ‘Ano de Gestão de Peso’ e O Lam sublinhou no debate que a saúde preventiva faz parte do 15.º Plano Quinquenal chinês, que entra em vigor em 2026. Apostar “numa avaliação da saúde e fazer um rastreio das nossas doenças”, defendeu a secretária, “será muito importante para uma sociedade envelhecida” como a de Macau. Em Abril, na apresentação das LAG para 2025, O Lam já tinha alertado que a região vai “entrar numa fase de superbaixa taxa de natalidade” até ao final da década. Em 2024, os idosos (com 65 anos ou mais) representavam 14,6 por cento da população total de Macau. Até 2029 deverão ser 21,4 por cento e até 2041 quase um quarto da população (24,8 por cento), previu a dirigente. O Lam disse que Governo vai criar, num projecto-piloto um centro de serviços para a terceira idade em Seac Pai Van, o maior bairro de habitação social do território, em Coloane. No futuro, o objectivo é garantir que todos os idosos de Macau tenham “acesso a pelo menos um serviço de cultura, saúde, desporto ou apoio social numa caminhada de 15 minutos”.
João Luz Manchete SociedadeConsumo | Campanha de descontos acaba domingo A campanha de descontos para estimular o consumo termina no domingo, após 13 semanas de sorteio de cupões para gastar no comércio e restauração dos bairros comunitários. Até 16 de Novembro, foram gastos cupões de desconto num valor acumulado de 328 milhões de patacas Chega ao fim no domingo mais uma edição do Grande Prémio do Consumo, que arrancou no passado dia 1 de Setembro, que desta feita teve um orçamento reforçado de 458 milhões de patacas para distribuir em benefícios de consumo atribuídos ao longo das 13 semanas. O orçamento desta edição aumentou 190 milhões de patacas, em relação à edição que decorreu entre Março e Maio deste ano, o que representou um incremento de 64,4 por cento. A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) emitiu ontem um comunicado a revelar que entre o início de Setembro e 16 de Novembro (durante 11 das 13 semanas da campanha), “o valor acumulado dos benefícios electrónicos utilizados na actividade ultrapassou as 328 milhões de patacas”. Em relação aos descontos imediatos de 500 patacas atribuídos a idosos e/ou portadores de deficiência, o Governo alertou os residentes que ainda não carregaram os seus cartões antes da campanha terminar. Assim sendo, termina hoje o prazo para residentes portadores do Cartão de Registo de Avaliação da Deficiência carregarem o Cartão de Cuidados Sociais nas instituições e centros coordenados pelo Instituto de Acção Social. Para os residentes com mais de 65 anos, o prazo para carregar as 500 patacas no Macau Pass para Idosos termina no domingo, o último dia em que se podem usar os benefícios. A organização, conjunta entre a DSEDT e a Associação Comercial de Macau afirmou ontem que pretende “incentivar continuadamente os residentes a consumirem nos bairros comunitários durante os fins-de-semana, promovendo assim o ciclo de consumo local e reforçando a confiança das pequenas e médias empresas na sua operação”. O fim será mesmo o fim? O Grande Prémio do Consumo foi um dos mais frequentes pedidos de deputados, e de dirigentes associativos, durante os debates e depois da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Na passada segunda-feira, aquando da apresentação das LAG para a tutela da Economia e Finanças, o secretário Tai Kin Ip não respondeu directamente aos deputados que pediram a continuidade da campanha. Sem se comprometer, o governante afirmou que o Executivo terá de “analisar cuidadosamente o ambiente de negócios” e se a situação melhora até ao fim do ano.
João Santos Filipe Manchete SociedadeImobiliário | Centaline diz que visitas e pedidos de informação dispararam O director da agência imobiliária acredita que as novas medidas para o imobiliário vão ter impacto a curto prazo, impulsionando as vendas de casas. Contudo, admite a insuficiência para inverter a tendência negativa O director da Agência Imobiliária Centaline de Macau e Hengqin, Roy Ho, afirmou que desde a semana passada o número de visitas de potenciais compradores de casa triplicou. O responsável considera que o crescimento se deve às medidas anunciadas pelo Executivo no âmbito das Linhas de Acção Governativa (LAG). Segundo o Governo, na compra de imóveis para habitação os primeiros seis milhões de patacas vão ficar isentos do pagamento de imposto de selo, num limite máximo de 120 mil patacas. Ao mesmo tempo, o limite do valor dos empréstimos hipotecários para habitação vai subir de 70 para 80 por cento do valor do imóvel. Roy Ho considerou que o aumento das visitas a imóveis é positivo, porque mostra que há mais gente interessada e que os compradores procuram a oferta ideal. O agente imobiliário acrescentou também que, nesta altura, não se espera um aumento de transacções, porque a data de entrada das novas medidas ainda não foi anunciada. No entanto, após a entrada em vigor, espera-se que os interessados avancem para a concretização dos negócios. Roy Ho revelou que logo na semana do anúncio da primeira medida apresentada com as LAG, que o número de visitas duplicou. Porém, o fluxo continuou a subir na semana seguinte, com a segunda ronda de medidas. Recuperação lenta Apesar do maior optimismo, o director da imobiliária reconheceu que não deverá haver uma recuperação imediata do preço dos imóveis. Neste sentido, o responsável previu que as habitações que terão sofrido aquilo que definiu como “uma queda excessiva” de preços entrem finalmente numa fase de estabilização. Em relação ao próximo ano, Roy Ho espera que o número de transacções aumente, mas considerou difícil antever a flutuação de preços dos imóveis. Ho antecipou ainda que os vendedores recuperem parte do poder negocial, depois de “longos anos” em que se viram forçados a diminuir os valores pedidos e a ceder quase sempre nas negociações. Com estas medidas, Roy Ho antevê que os vendedores apenas tenham de ceder até 5 por cento face ao preço anunciado. Esperar para ver Quanto à duração do impacto das medidas mais recentes, o director da Agência Imobiliária Centaline de Macau e Hengqin mostrou-se cauteloso. Roy Ho duvida que as duas medidas alterem a tendência de queda no mercado imobiliário a longo prazo. O responsável exemplificou que no ano passado o Governo retirou algumas restrições à procura, como isenções fiscais, o que levou a melhorias de curto prazo no mercado, mas que os efeitos desapareceram passados três meses. Face a este contexto, o agente imobiliário defendeu que o Governo deve continuar atento à tendência dos preços dos imóveis e promover novos incentivos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSaúde Mental | Pedido reforço de psicólogos nas escolas Face ao grave problema da saúde mental dos jovens, a deputada das Mulheres, Loi I Weng, pede mais psicólogos nas escolas e alerta que se tem de se adoptar uma nova abordagem mais focada na prevenção Loi I Weng defende que o Governo deve reforçar o número de psicólogos, no âmbito das medidas de promoção da saúde mental dos jovens. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita da deputada ligada à Associação das Mulheres. Recorrendo aos resultados do estudo de 2018, a legisladora indica que na altura se chegou à conclusão de que era aconselhada a existência de um psicólogo por cada 21 a 40 estudantes nas escolas do ensino integrado. Este é o tipo de ensino que permite aos alunos com necessidades especiais frequentarem as escolas com outros alunos, sem este tipo de necessidades. Apresentando os dados mais recentes, Loi I Weng aponta que actualmente há cerca de 2.900 alunos do ensino integrado, pelo que são necessários 70 psicólogos para acompanhar estes estudantes. No entanto, Loi I Weng alerta que face às necessidades indicadas, restam apenas 330 psicólogos para lidar com 85 mil alunos do ensino não superior, o que gera uma média de um psicólogo por cada 258 alunos. “Face a uma procura por um serviço tão essencial, e embora a proporção global de psicólogos seja superior à das regiões vizinhas, a pressão da carga de trabalho sobre o pessoal da linha da frente não pode ser ignorada”, indica a deputada. “É imperativo que as autoridades planeiem proactivamente e dotem as escolas de recursos e uma melhor organização do trabalho, para optimizar tanto a quantidade como a qualidade destes serviços”, vincou. Mudar de estratégia Além de indicar que o número para acompanhar os alunos é insuficiente, a deputada pede uma nova estratégia no apoio às crianças e jovens, focada na prevenção. “As autoridades devem mudar as medidas de apoio, passando do ‘tratamento das condições existentes’ para a ‘prevenção de potenciais problemas’, estabelecendo um sistema de apoio à saúde mental mais proactivo, diversificado e voltado para o futuro”, escreve a legisladora. “Este esforço colectivo salvaguarda o bem-estar físico e mental dos adolescentes”, frisou. Por outro lado, a deputada espera que as autoridades recorram à Inteligência Artificial para anteverem problemas entre os jovens. “Com a crescente maturidade das tecnologias mais desenvolvidas, como a inteligência artificial, as autoridades vão considerar implementar ferramentas modernas para realizar exames regulares de saúde mental a todos os jovens em Macau?”, questiona. “Isto estabeleceria um mecanismo de monitorização psicológica frequente e um sistema de alerta, criando uma rede de apoio para a identificação e intervenção precoces”, indicou. Em 2024, entre um total de 91 suicídios, 13 foram cometidos por crianças e jovens com idades entre os 5 anos e os 24 anos. Além disso, no ano passado registaram-se 249 tentativas de suicídio, das quais 97 foram cometidas crianças e jovens com idades entre os 5 anos e os 24 anos. O problema da saúde mental tem sido identificado como uma das áreas de investimento do Governo nos últimos anos. No entanto, nos últimos meses os Serviços de Saúde deixaram de publicar dados. A informação passou apenas a ser actualizada com o relatório da Segurança.
João Santos Filipe Manchete PolíticaIncêndio | Governo apela a atenção redobrada e inspecciona andaimes Na manhã de ontem, enquanto em Hong Kong se contavam os mortos do maior incêndio desde a Segunda Guerra Mundial, em Macau o Governo pedia atenção às medidas contra incêndios e mandava inspeccionar os andaimes de bambu Após o gigantesco incêndio em Hong Kong, o Governo da RAEM apelou à “sociedade” para verificar a implementação das medidas locais de prevenção contra incêndios. A mensagem foi deixada na manhã de ontem, e horas depois foi acompanhada por várias campanhas de verificação dos estaleiros locais e das condições dos andaimes. No comunicado, o governo alertou que as “actuais condições meteorológicas de tempo seco” aumentaram “significativamente o risco de incêndio”, pelo que é esperado que “que a população e os diversos sectores da sociedade de Macau respondam ao apelo de reforço conjunto e de maior consciência contra incêndios na implementação de medidas preventivas”. O Executivo indicou igualmente que as medidas preventivas são importantes para “salvaguardar a segurança da vida e da estabilidade social”. Ao mesmo tempo, o governo descansou a população, porque apesar de indicar que o “Outono e o Inverno são considerados um período de alta incidência de incêndios” garantiu que os “serviços competentes […] efectuaram adequadamente as necessárias disposições de trabalho”. Apesar destas garantias, horas depois o Corpo de Bombeiros, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana e o Instituto para os Assuntos Municipais foram enviados para as ruas para “reforçarem as inspecções conjuntas nas obras com andaimes” de forma a “garantir a satisfação dos padrões de segurança”. Fogo e electricidade Na mensagem, o Executivo defende que “a população deve também elevar a consciência sobre a prevenção de catástrofes, prestar atenção à segurança do uso diário do fogo e da electricidade e familiarizar-se com as rotas de fuga na sua residência e local de trabalho”. “Caso detectem quaisquer potenciais riscos de incêndio, devem contactar de imediato as empresas de administração de condomínio e os serviços competentes para acompanhamento”, foi indicado. Finalmente, o Governo prometeu “reforçar o trabalho de sensibilização” para “aumentar a consciência das pessoas na prevenção de incêndios e catástrofes” e “reforçar a capacidade de resposta a toda a população de Macau”. Inspecções avançam O Executivo decidiu avançar com várias acções de inspecção a estaleiros de obras onde se utiliza andaimes em bambu, nomeadamente a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e o Corpo de Bombeiros (CB), no contexto do incêndio ocorrido em Hong Kong. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os responsáveis prometem mais acções de fiscalização a curto prazo. O chefe da Divisão de Fiscalização de Riscos da DSAL, Chan Ka Hou, apontou que actualmente existem cerca de 556 estaleiros de obras, sendo que, em cerca de 60, são usados andaimes em bambu. Chan Ka Hou disse também que será exigido aos empreiteiros as provas do uso de materiais resistentes ao fogo, enquanto o chefe da Divisão de Fiscalização da DSSCU, Lei Kin Fong, explicou que serão exigidas correcções imediatas em todas as obras em que as regras não sejam cumpridas nesse sentido. Já o chefe substituto da Divisão de Fiscalização de Higiene Ambiental e Licenciamento do IAM, Hoi Io Man, apontou que este organismo é responsável pelos pedidos de licença de vedação ou da colocação da rede de protecção de andaimes que ocupam os espaços públicos, sendo que os funcionários vão verificar se os materiais dos estaleiros correspondem aos pedidos feitos. Por seu turno, o chefe substituto da Divisão de Verificação de Instalações do Departamento de Prevenção de Incêndios do CB, Ieong Sai On, revelou que os Bombeiros já elaboraram estratégias de resgate para tratar a ocorrência de incêndios e fogos em diversos locais.