Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteMiguel Gomes, realizador: “O cinema não é um tribunal” Molly e Edward têm casamento marcado, mas na hora de ir buscar a noiva ao comboio, Edward decide fugir, iniciando a “Grand Tour” pela Ásia. A película é um dos filmes de Miguel Gomes exibido no Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que está a decorrer até 13 de Dezembro, dia em que é exibido “Grand Tour” É um dos realizadores em foco neste festival de cinema que decorre em Macau. Como se sente pela oportunidade de mostrar o seu mais recente filme, “Grand Tour”, nesta região? Poder mostrar o filme em qualquer sítio do mundo é sempre um objectivo para alguém que quer fazer filmes, pois estes só existem a partir do momento em que são vistos. O filme tem uma relação com a Ásia e a China. Foi comprado para Hong Kong, e não sei se será exibido comercialmente no território e quais são os planos dos distribuidores. Independentemente deste festival em Macau, o filme terá visibilidade nessa parte da China. O filme é uma homenagem ao cinema antigo, pelo menos foi assim que o encarei. Não. Acho que o cinema não precisa de ser homenageado, pelo facto de a história do cinema ser um património que homenageamos vendo-a. É muito importante que essa memória continue a fazer parte das nossas vidas e que os filmes possam ser exibidos. Em Lisboa temos a sorte de ter uma cinemateca muito competente e forte e que cumpre essa missão. O cinema de hoje está vivo, apesar de não ter um papel social tão forte como teve no século XX, e acho que não precisa de homenagens. O “Grand Tour” é um filme de hoje, mas digamos que tem a memória de outros filmes que foram feitos. Não pretendo homenagear o cinema, mas sim explorar o potencial que ele tem, fazendo duas coisas muito diferentes. Quais são? Uma delas terá a ver, de facto, com a história do cinema e do seu património histórico, que ligo ao trabalho em estúdio. Isso é uma coisa que o cinema fez muito, inventar mundos que não são o nosso mundo real. Por outro lado, quis captar a realidade, pois o cinema também tem esse potencial de colocar a câmara à frente de pessoas, filmar acontecimentos, lugares e poder registar isso. Quando me refiro a essa homenagem ao cinema antigo refiro-me à presença de uma certa maneira de filmar que já esteve em voga. Queria misturar elementos cinematográficos antigos e contemporâneos? Queria trabalhar com a Ásia fabricada, que nunca existiu, que o cinema criou. Com a visão ocidental da Ásia. A visão que os americanos e europeus criaram. Grande parte do cinema americano foi inventado por europeus, gente como [Josef von] Sternberg, que saiu da Alemanha e terá sido o expoente máximo de um autor de cinema que trabalhou com uma imagem da Ásia romantizada. E filmou em Macau, inclusivamente. [O filme “Macao”, de 1952] Exacto. Queria trabalhar com esse imaginário, tentando criar um diálogo em que pudéssemos sair para fora do estúdio e estar numa Ásia que correspondesse a um tempo colonial em muitos daqueles países, mas que depois, noutros momentos, pudéssemos estar num tempo presente. Esse tempo seria o futuro das personagens, já num outro tempo histórico pós-colonial. “Grand Tour” era o nome dado ao percurso que então muitos ocidentais faziam para descobrir uma certa Ásia. Para fazer o filme presumo que tenha sido necessária alguma pesquisa histórica. Como foi esse processo? Não lhe chamaria uma pesquisa muito profunda, porque não era esse o objectivo. [O “Grand Tour”] não é um filme de cariz sociológico, é uma fantasia de cinema. Está mais desse lado do que do lado sociopolítico, digamos assim. O ponto de partida foram duas páginas de um livro de viagens [o conto ‘Mabel’, de W. Somerset Maugham], que nos deram esse itinerário. A situação descrita [no conto] corresponde àquilo que vemos no filme, com um casal de noivos, com ele a viver na Birmânia e ela a regressar de Londres. Ele entra em pânico e foge no dia em que é suposto ir buscá-la ao cais de Rangum. O casal faz então esse itinerário, sendo que no livro ela consegue apanhar o noivo e casam-se, mas no filme é diferente. Presumo que seja difícil comparar filmes. Mas entende que o “Grand Tour” marca uma viragem na sua carreira relativamente a produções anteriores? Acho que não. É um filme pessoal, como todos aqueles que tive oportunidade de fazer. É pessoal no sentido em que não me foram impostas limitações ou qualquer caderno de encargos do produtor. Pude fazer exactamente o que queria. Vejo elementos comuns deste filme a outros que fiz. Acho que se insere numa continuidade do meu trabalho. Houve depois a questão da recepção do filme e do facto de ele ter ganho um prémio em Cannes [o de Melhor Realizador], o que obviamente me ajuda a continuar a trabalhar e ter uma receptividade mais favorável neste momento. É um grande reconhecimento. Antes de fazer este filme estava a tentar fazer outro no Brasil, uma adaptação do livro de Euclides da Cunha, “Os Sertões”, e é um projecto complicado, que envolve uma grande logística de produção. No período em que estava a tentar fazer o filme foi difícil [continuar] por várias razões, e uma delas chama-se Jair Bolsonaro [ex-Presidente do país]. Hoje estamos a retomar esse processo, de voltar ao filme. Houve uma altura de desânimo, em que pensei que tinha mesmo de abdicar do projecto, e hoje o processo de refinanciamento do filme está a avançar muito mais rapidamente. As perspectivas são mais animadoras. Sente que o prémio ganho em Cannes é também do cinema português? Espero que sim. Da minha parte, não tenho dúvidas de que aquilo que faço devo-o ao esforço de outros realizadores que filmaram antes de mim, e alguns deles continuam a fazê-lo. Eles tiveram de se confrontar com as características do nosso mercado e sociedade, conseguiram filmar num país onde não há indústria porque não há mercado para isso. Tiveram de lutar muito para poder filmar e fazer os filmes que fizeram. Reconheço uma experiência de identidade nesses filmes, revejo-me nisso, apesar dos filmes serem todos muito diferentes. Há, de facto, essa identidade na história do cinema português, talvez a partir dos anos 60, com o Cinema Novo, com produtores e realizadores que lutaram muito para poderem filmar. Fizeram filmes que, para mim, são muito importantes. Hoje em dia, com o sistema criado com a luta deles, é mais fácil para mim e para os meus colegas do que terá sido nos anos 60 e 70. As condições políticas também eram outras, com menos investimento. As condições políticas foram mudando ao longo do tempo, mas a vida deles também não foi fácil a seguir ao 25 de Abril de 1974. A forma como o cinema português se conseguiu impor e ganhar espaço para que existisse foi sendo travada em tempos históricos e interlocutores diferentes. E foi difícil. Voltemos ao “Grand Tour”. Disse numa entrevista que a rodagem do filme foi “surrealista”. Que momentos que destaca dessa fase? Quando disse isso referia-me a um momento específico da rodagem, na China, que foi muito surrealista. Esta ocorreu a milhares de quilómetros, estava em Lisboa porque não conseguia entrar no país por causa da covid-19. Depois de dois anos de espera para poder filmar, decidi que a única forma de fazer o filme seria ter uma equipa chinesa e eu estar em Lisboa e fazer a rodagem à distância. Estava num Airbnb no Areeiro, rodeado de monitores e a discutir aquilo que se deveria filmar com a equipa chinesa. Aí foi tudo muito surrealista, sim. Alguma vez teve medo de não conseguir captar a essência do lugar, da cultura asiática, tendo em conta todas essas condicionantes? Achava que a coisa não ia funcionar. Desconfio muito da técnica, sou bastante analógico, e achava que não ia funcionar. Para resultar tinha de ter a imagem em directo, dar um “acção” e um “corta” em tempo real, que pudesse ter a imagem geral, o que estava à volta no lugar além da imagem da câmara. Precisava de ter um sistema de comunicação que funcionasse com o director de fotografia e o responsável de câmara para lhe poder dar indicações na altura em que estávamos a filmar. Isso tudo foi possível, e fiquei espantado com isso. Por outro lado, a ideia de captar a essência do lugar, ou uma coisa mais profunda da cultura de um destes países, neste caso na China, parece-me um fardo demasiado pesado. Não era essa a minha intenção no filme, porque é algo impossível. Acredito que um filme é sempre o resultado de uma negociação entre alguém que olha e aquilo que existe para ser olhado. Há um lado subjectivo. Aquilo que nos interessa, que nos apela, que dialoga connosco e nos suscita o desejo de filmar pode existir na China, no Vietname, em África ou aqui na esplanada do café onde estamos. Parti para a Ásia como parti para a zona de Arganil para fazer um filme anterior, “Aquele Querido Mês de Agosto”. Numa aldeia. Sim, uma zona rural de Portugal, e não sei se olhava de maneira diferente numa situação ou outra. Há sempre qualquer coisa que acho bonito ou que me toca de maneiras diferentes. O que se passa em “Grand Tour” é uma série de desencontros, o do casal, mas parece-me que há também um desencontro entre aquelas personagens europeias na relação com o território. Parece que estão sempre desconectados do espaço onde habitam. Vivem um bocado numa bolha. Mas o colonialismo também foi um pouco isso. Sim. Concordo, acho que há pessoas que podem ver isso no filme, essa dissociação entre aquilo que as personagens estão a viver e aquilo que se passa em redor delas. Muitas vezes optámos por não traduzir o que se passava à frente deles para que o espectador ocidental possa estar tão intrigado e perdido como as próprias personagens. Também acho que, hoje em dia, há uma ideia, da qual discordo totalmente, que o cinema existe para corrigir a história e as injustiças todas do mundo. É também tarefa demasiado pesada para o cinema. Parece-me profundamente desajustado, porque o cinema não é um tribunal para julgar nem um espaço para punir espectadores e personagens, é outra coisa. Os filmes não têm de ser denúncias, prisioneiros de uma expectativa. Tentei fazer um filme onde a questão colonial pudesse ser tratada, mas sem ter de punir nem os espectadores, nem as personagens. Qual era a sua relação com a Ásia ou a sua ideia de Orientalismo? Quis trabalhar a ideia de que houve uma Ásia inventada e fabricada pelo olhar europeu, e tinha consciência que isso existiu e que tinha de trabalhar com isso no filme. O mundo da ficção, por outro lado, tem como uma das vertentes essa ideia de exotismo, independentemente da questão sociológica, de ter havido um olhar ocidental sobre o Oriente, quase como uma visão superficial desse mundo. Mas a ficção trabalha com estereótipos, e isso não é mau. É o cimento para depois fazer qualquer coisa com esses estereótipos. Miguel Gomes na Cinemateca Depois da primeira exibição ontem de “Aquele Querido Mês de Agosto”, a Cinemateca Paixão será o local para ver os filmes de Miguel Gomes seleccionados para a edição deste ano do Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa. No próximo dia 8 é vez de “As Mil e Uma Noites – Volume 1, O Inquieto”, de 2015; seguindo-se “As Mil e Uma Noites – Volume 2: O Desolado” na terça-feira dia 10. Segue-se depois, na quarta-feira, 11 de Dezembro, o episódio da saga, com o nome ” As Mil e Uma Noites – Volume 3: O Encantado”. “Grand Tour” tem uma única exibição na sexta-feira, 13 de Dezembro.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeOceanos | Pedida flexibilidade no financiamento David Gonçalves, director do Instituto para as Ciências e Ambiente da Universidade de São José, defende uma canalização em Macau do investimento para a investigação científica sobre os oceanos e biologia marinha, a fim de flexibilizar projectos entre a China e países de língua portuguesa O director do Instituto para as Ciências e Ambiente da Universidade de São José (USJ), David Gonçalves, considera que o investimento público em investigação académica na área da defesa dos oceanos deve estar centrada em Macau e não apenas em Pequim, a fim de melhor assegurar o funcionamento das equipas de investigação. A ideia foi deixada ao HM no contexto da realização, na USJ, desde ontem, da quinta edição da SINOPORT Ocean Conference – Simpósio Anual para o Centro de Investigação Conjunta em Biologia Marinha [International Joint Research Center of Marine Biology], um encontro organizado pela Universidade do Algarve e a Shanghai Ocean University. O evento, que reúne académicos de Macau e de outras regiões, termina hoje. “A questão que se coloca é se o Governo Central e local querem, de facto, atribuir o papel de plataforma na cooperação científica a Macau. Se sim, têm de surgir os mecanismos necessários, de natureza financeira, que neste momento não existem. O Governo de Macau deverá querer chamar a sim o papel de centralização nos mecanismos de financiamento. Penso que deveria haver um entendimento directo entre o Governo Central e Macau sobre o verdadeiro papel de plataforma e que mecanismos devem ser criados”, disse. A ideia surge porque, neste simpósio, irá ser discutido o trabalho desenvolvido por dois laboratórios de investigação que são financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e que reúnem académicos da China, Europa e Portugal. “Quando o financiamento é dado por parte da China, torna-se difícil que chegue a todos os parceiros [de um grupo de investigação], o que faz com que a cooperação não seja eficaz. Macau teria mais facilidades nesse campo, de poder canalizar financiamento para outros parceiros, e do ponto de vista prático seria mais fácil progredir se Macau fosse esse motor de arranque”, acrescentou. David Gonçalves espera ainda que esta questão seja discutida no simpósio. “Actor natural” O evento culminou, para já, na assinatura de um memorando de entendimento entre a USJ, Universidade do Porto e a Shanghai Ocean University. Hoje é a vez de Gui Menezes, da Okeanos e Universidade dos Açores, falar na sessão “Explorando o desconhecido: A evolução e o futuro da investigação marítima nos Açores”. Joel Reis, da Universidade de Macau, apresenta o projecto ORVIS, que se trata de um “veículo robótico oceânico para a intervenção em águas pouco profundas”. David Gonçalves referiu ao HM que a USJ foi convidada para acolher este simpósio, o que faz todo o sentido, pelo facto de Macau “ser um actor natural no entendimento entre a China e os países de língua portuguesa”. “A única coisa que falta é haver luz verde do Governo Central e do Governo local para pôr em prática esses mecanismos de cooperação”, salientou. O financiamento já atribuído por Pequim levou à formação de dois laboratórios conjuntos virados para a investigação sobre os oceanos e vida marinha, que junta a USJ, a Shanghai Ocean University, a Universidade do Algarve, o Instituto de Oceanografia da China e o Instituto Português do Mar e Atmosfera, entre outras entidades. No simpósio que hoje termina pretende-se “debater a cooperação que tem vindo a ser feita neste âmbito e perceber se as diferentes iniciativas se podem agregar para juntar esforços e aumentar a cooperação entre a China com os países de língua portuguesa na área dos oceanos, além de se perceber o papel que Macau pode desempenhar no futuro”, rematou David Gonçalves.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIndonésia / Vistos | Residentes barrados após alteração de regras De acordo com o jornal Cheng Pou, desde 14 de Novembro que o país do sudeste asiático está a recusar emitir vistos à entrada para os titulares do passaporte de Macau. A medida apanhou alguns residentes desprevenidos Alguns residentes de Macau foram impedidos de entrar na Indonésia, depois do país ter deixado de emitir vistos à chegada para os cidadãos da RAEM. Segundo o jornal Cheng Pou, o caso foi denunciado online, com os residentes a queixarem-se de que os portais do Governo da RAEM não actualizaram a informação com as novas exigências. De acordo com o relato apresentado pela publicação, desde 14 de Novembro que a Indonésia deixou de emitir vistos à chegada para os residentes de Macau que se desloquem ao país do sudeste asiático. Este é um cenário diferente do que acontece para os cidadãos portugueses ou das Filipinas, aos quais ainda é permitido recorrerem a este tipo de visto à chegada. Contudo, a medida terá apanhado os residentes locais e o Governo desprevenidos, dado que online houve algumas pessoas a queixarem-se de terem sido impedidas de entrar, no domingo, por não terem visto, pelo acabaram por ser forçadas a regressar a Macau. Além disso, as fotografias captadas por estes residentes do portal da Direcção de Serviços de Identificação (DSI) mostram que a informação do Governo da RAEM não estava actualizada, indicando que era possível fazer o visto à chegada à Indonésia. O relato partilhado online também indica que depois de estes cidadãos terem pedido auxílio à Direcção de Serviços de Turismo (DST) a informação sobre o cancelamento da política de vistos à entrada foi actualizada no portal da DSI. Actualização a 25 de Novembro O Cheng Pou verificou os registos e adianta que a informação sobre as condições de entrada na Indonésia foi actualizada no portal da DSI a 25 de Novembro. Os portais da RAEM deixaram assim de indicar a possibilidade de fazer o visto à chegada na Indonésia, pelo que os residentes têm de tratar dos documentos necessários antes de viajarem. Apesar disso, há 147 países e territórios que concedem a isenção de visto ou a possibilidade de fazer visto à chegada aos titulares do passaporte da RAEM. No pólo oposto, o portal do Governo da RAEM indicava que os cidadãos da Indonésia podem entrar em Macau, sem necessidade de qualquer visto, podendo permanecer cerca e 90 dias na região. Actualmente, Macau tem um alerta de nível 1 em vigor para deslocações para a Indonésia, o que significa que existe uma “ameaça à segurança pessoal”. “Os residentes de Macau que planeiem viajar ou que se encontrem no destino, devem estar em alerta quanto à sua segurança pessoal. É sugerido que se mantenham atentos e que acompanhem o desenvolvimento dos acontecimentos”, é acrescentado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaProcriação assistida | Programa subsidiado arranca segunda-feira Os casais com problemas de infertilidade podem inscrever-se no programa de comparticipação de tratamentos de procriação assistida a partir de segunda-feira. O Governo espera que a medida ajude a inverter o declínio da taxa de natalidade Hoje em dia, cerca de 200 mulheres com problemas de infertilidade recebem tratamento no Hospital Conde de S. Januário. A partir de segunda-feira, os casais afectados por problemas de fertilidade podem inscrever-se no novo programa de comparticipação de tratamentos de procriação medicamente assistida. A medida anunciada na terça-feira enquadra-se nos planos de Governo para responder à tendência de baixa fertilidade e envelhecimento populacional. Os serviços de tratamento serão prestados no novo Hospital das Ilhas, depois da realização de uma avaliação prévia aos candidatos ao programa. Na apresentação do programa, o subdirector do novo centro hospitalar, Lei Wai Seng, sublinhou a importância de examinar de forma profissional as causas que estão na origem dos problemas. Como tal, os candidatos aceites no programa serão examinados pelo departamento de infertilidade do Hospital da Ilha. “Após uma consulta na clínica, os pacientes não serão imediatamente submetidos a cirurgia, pois podem ter outras doenças associadas, como diabetes ou outras situações que terão de ser tratadas antes da intervenção”, afirmou Lei Wai Seng, citado pela imprensa local. O programa permite aos casais elegíveis receberem até dois ciclos de serviços de tratamento de procriação medicamente assistida. Os tratamentos em questão são a fertilização in vitro, para problemas de infertilidade feminina (que afectam dois terços dos casais inférteis) e a injecção intracitoplasmática de espermatozoides para contornar a infertilidade masculina. A ajuda necessária O subdirector dos Serviços de Saúde, Kwok Cheong U, prevê que o número de novos pacientes que vão recorrer ao programa não ultrapasse uma centena. Para já, actualmente, cerca de 200 mulheres recebem tratamento na Clínica de Infertilidade do Hospital Conde de S. Januário. O dirigente das autoridades de saúde frisou a importância de proceder a uma avaliação cuidadosa das pacientes antes da transferência para a nova unidade hospitalar no Cotai. Em relação à duração do programa de tratamentos subsidiados, Kwok Cheong U afirmou que o Governo não está comprometido com uma data fixa. “Esperamos implementar a medida até que o declínio da taxa de natalidade possa ser controlado de forma eficaz”, indicou. Recorde-se que a lei que regula as técnicas de procriação medicamente assistida entrou em vigor a 11 de Fevereiro deste ano, estabelecendo um enquadramento legal que limita o recurso a estes tratamentos apenas em hospitais públicos ou em unidades autorizadas. No ano passado, nasceram em Macau 3.726 bebés, total que representou uma quebra de 15 por cento em comparação com 2022, que já vinha registando um declínio na taxa de natalidade.
João Santos Filipe Manchete PolíticaRevitalização | Ella Lei pede balanço do investimento das concessionárias A deputada da FAOM pede ao Governo um balanço dos primeiros meses de implementação dos planos de revitalização, a cargo de concessionárias de jogo, em seis zonas históricas da cidade. Ella Lei pergunta também que oportunidades foram criadas para as PME A deputada Ella Lei pretende que o Governo faça um balanço do projectos de investimento nas seis zonas históricas de Macau, de responsabilidade das concessionárias do jogo. O pedido surge no âmbito de uma interpelação oral, que vai ser apresentada no hemiciclo na próxima segunda-feira. Os planos preveem investimentos de curto, médio e longo prazo em áreas como a Barra (investimento da MGM China), Rua da Felicidade (Wynn Macau), Avenida de Almeida Ribeiro e Ponte-Cais n.º 16 (SJM), Zona das Pontes-cais nº 23 e 25 (Melco), Rua das Estalagens, zona da Fábrica de Panchões Iec Long e Casas da Taipa (Sands China) e Estaleiros Navais de Lai Chi Vun (Galaxy). Agora, a legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) pretende saber quais foram os resultados alcançados nos primeiros meses de desenvolvimento dos planos. “Qual é o ponto de situação do investimento e da execução dos projectos no âmbito do plano de revitalização das seis zonas?”, perguntou. “Quais foram os resultados obtidos na dinamização do desenvolvimento económico dos bairros comunitários e na melhoria do ambiente das respectivas zonas?”, acrescentou. Ella Lei pretende também que o Governo esclareça os deputados sobre o andamento dos planos de médio e longo prazo, que ainda não são conhecidos. “Recentemente, as autoridades afirmaram que os planos de médio e longo prazo para algumas zonas já estavam definidos. Então, quais são esses planos?”, interrogou. E as PME? Na interpelação, a deputada recorda que um dos objectivos dos planos passava pela criação de oportunidades de negócio para pequenas e médias empresas (PME). Segundo Ella Lei, o Governo tinha traçado como objectivo “impulsionar o sector da cultura de Macau e promover o desenvolvimento das PME locais, e através da experiência e da sensibilidade do mercado das empresas de jogo”, de acordo com uma filosofia de negócio em que “as grandes empresas abriam o caminho para as pequenas”. Como tal, a deputada pretende saber se essas oportunidades foram realmente criadas: “As autoridades disponibilizaram espaço suficiente e flexibilidade para as empresas participantes poderem desenvolver e ajustar os planos de acordo com as necessidades do mercado e a realidade das diversas zonas, para promover, de forma mais eficaz, a participação das PME e dos residentes?”, perguntou. “Que balanço as autoridades fazem quanto aos efeitos do aumento do fluxo de pessoas na promoção do desenvolvimento das PME, na sequência dos planos de revitalização já iniciados?”, interrogou.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteVera Paz e Ricardo Moura, directores “D’As Entranhas”, sobre “Home Sweet Home”: “Mais ácido que doce” A peça “Home Sweet Home”, uma produção da companhia d’As Entranhas, é apresentada hoje e sábado no Centro Cultural de Macau. Em entrevista ao HM, os directores artísticos Vera Paz e Ricardo Moura falam de um projecto sobre a mulher, a solidão, o espaço interior de cada um e os confrontos emocionais com que nos deparamos Como surge o projecto “Home Sweet Home”, que tem uma grande ligação à literatura portuguesa, com textos de Adília Lopes, Maria do Rosário Pedreira ou Dulce Maria Cardoso? Vera Paz (VP): Este espectáculo surgiu na pandemia, era para ter sido feito antes, a ideia surgiu quando estávamos todos confinados. Por várias razões o “Home Sweet Home” não foi executado na altura. É sobre uma mulher confinada em casa, que é uma casa prisão, um espaço íntimo e privado. Há uma transmutação desse universo [literário]. A escolha da Adília [Lopes] partiu sempre da obra dela, e depois temos a Dulce Maria Cardoso, que escreve sobre o lugar da mulher, com sentimentos e perdas, que é o que me interessa. [A peça] fecha um de três solos, que começa com o espectáculo “Medeia” [apresentado em 2020], depois “A Boda” [apresentado em 2021] e agora temos, em “Home Sweet Home” a completa solidão. A dramaturgia foi feita cozinhando os textos com estas obras, sendo uma ficção biográfica do meu universo como mulher e uma reconstrução das memórias da mulher na peça. Ricardo Moura (RM): No meu caso fui confrontado com o texto quase no final. No processo de construção do texto, nas últimas semanas, temos transformado algumas coisas e feito algumas mudanças. Adorei o texto e gosto do universo das mulheres. É sempre um desafio tentar entrar na vossa cabeça e pensar como se podem fazer as coisas. Idealizei logo uma série de imagens que, na minha cabeça, faziam sentido. VP: A mulher de “Home Sweet Home” é uma construção de várias. Mas mais do que uma peça sobre mulheres e o universo feminino, é uma peça sobre a configuração humana, o tempo, o que fica, o que vai e o que perdemos. RM: Esta é uma mulher que está fechada numa casa, mas essa casa somos nós. É sobre o processo de mergulharmos em nós e perceber que, muitas vezes, o que acontece é que estamos fechados em nós próprios. Ainda é mais interessante porque desde 2020 temos vivido a solidão das pessoas, que tentam fugir para a frente, com recurso às redes sociais, do “wannabe”. Aqui, nesta peça, é o inverso, o tentar mergulhar na densidade de uma mulher e perceber como está fechada. Não queremos contar nenhuma história nem deixar uma mensagem, mas simplesmente contar um pedaço daquela pessoa. Esta peça é escrita por mulheres e feita por uma mulher, mas eu vejo esta questão de forma transversal, com homens e mulheres, pobres e ricos que passam por estas “prisões”. Às tantas, somos nós a nossa própria prisão. Home sweet home antonio mil-homens VP: Nunca sabemos o que se passa no espaço íntimo de uma casa, mas no caso deste espectáculo é um espaço-prisão, do qual ela nunca consegue sair. RM: Mas o não sair dali não é uma coisa física. Não consegue sair das suas memórias, coisas, daquilo que gostaria de ter sido e feito, mas que não aconteceu. Tendo em conta o adiamento da apresentação de “Home Sweet Home” ao público, como foi a evolução do projecto? VP: Na pandemia tínhamos bastantes restrições, não conseguia ter os actores ou os encenadores em Macau. Mas o distanciamento [temporal] foi bom, porque na altura estávamos muito em cima do que estava a acontecer, e assim conseguimos ter uma certa respiração. O texto foi alterado, transmutado e foi sendo acrescentado, porque tinha uma certa dinâmica que agora já não fazia tanto sentido. Às tantas, a voz desta mulher é a mistura das vozes das mulheres [dos textos de Adília Lopes, Dulce Maria Cardoso e Maria do Rosário Pedreira], mas não se trata de um texto clássico com princípio, meio e fim. Não se percebe o que é da Adília Lopes ou da Maria do Rosário Pedreira, por exemplo. RM: Nos ensaios, no dia-a-dia, vamos alterando coisas. É o nosso processo de construção. Nós, na nossa companhia, temos uma linha de espectáculo que queremos desenvolver, e que se baseia na ideia de que antes de começar já começou, e quando termina é como se continuasse. Poderíamos continuar numa espécie de espiral. “d’As Entranhas” é a única companhia a fazer teatro de matriz portuguesa em Macau. Quais têm sido os maiores desafios? VP: É difícil. Somos a única companhia, ou associação, que, em Macau, faz teatro em português. Não traduzimos as peças porque o espectáculo não é só o texto, mas também a música. Há uma parte plástica muito marcada, é uma obra viva que é muito visual. O facto de assumidamente não traduzirmos as peças faz com que às vezes não seja [fácil]. A comunidade portuguesa em Macau é cada vez mais pequena, mas queremos continuar e vou continuar a insistir. Para este espectáculo integrámos dois actores da companhia em Portugal. Não é fácil a distância, e as pessoas têm as suas vidas. O Ricardo desenvolve projectos pontuais em Portugal, e tentamos manter um intercâmbio. Em 2018 fizemos uma parceria, mas com a pandemia ficámos num hiato imenso. Para o ano iremos continuar com dois projectos, com actores de Macau e de Portugal, e queremos manter este fio condutor. RM: Os nossos espectáculos vivem muito de um lado mais plástico, com imagens e emoções e daquilo que os actores provocam em nós. Se não existisse texto também seria possível fazer o espectáculo. Às vezes, as pessoas têm medo de arriscar e vir ao espectáculo por causa da barreira linguística. Nos anos em que não pude vir a Macau mantivemos a parceria e desenvolvi uma coisa que nos interessa, que é a junção de culturas. Os projectos que a Vera pensa desenvolver no futuro próximo giram muito em torno disso, em juntar actores de cá e lá. Agrada-me perceber como, face a um tema que queremos tratar, as várias culturas se juntam. Gostaria de trabalhar por Macau num futuro próximo. O próximo espectáculo vai ter bastantes pessoas. Home sweet home Como vai ser, em termos concretos? VP: Programei, para o próximo ano, um dueto com dois actores de Portugal e um colectivo, e vai ser uma espécie de baile. Como tem sido a ligação “d’As Entranhas” com os restantes grupos de teatro em Macau, de matriz chinesa? VP: Não tenho forma de chegar aos grupos de teatro chineses. É difícil a barreira e estão fechados nas suas próprias coutadas. Não há associações profissionais, é tudo amador, não existe uma continuidade. Há cada vez mais grupos de teatro com experiência, mas não existem companhias profissionais em Macau. Temos a Comuna de Pedra, a única, creio, que se dedica inteiramente a projectos culturais. Depois temos o Conservatório, existem iniciativas, mas não há uma profissionalização do sector. Este espectáculo terá algumas limitações em termos de idade. Alguma vez sentiram alguma pressão do Governo em relação aos conteúdos das peças que apresentam? VP: Este ano, pela primeira vez, a Comissão de Classificação de Espectáculos [do Instituto Cultural] pediu-nos o texto e classificou a imagem do espectáculo, que está aconselhado a maiores de 18 anos e interdito a menores de 13. Mas isso tem mais a ver com a linguagem do que com a imagem. Não sinto pressão. O que sinto é que existe um maior cuidado da parte de quem financia para perceber o que de facto vai financiar. Porquê o nome “Home Sweet Home”? VP: Não é um lar nada agradável. O nome original do espectáculo era “Estar em Casa”, com referência à obra de Adília Lopes. Depois adaptei, mas na verdade é mais “Home Bitter Home”, mais ácido que doce. É um nome enganador, mas não tem de ser tudo explicativo e taxativo para as pessoas. Pensei na ideia de que, quando estamos sozinhos, só nós é que sabemos, e o nome remete para isso. Tem várias leituras, e nunca gostamos de dar uma só leitura, para permitir que as pessoas criem as suas próprias histórias. RM: Para mim, o título surge como a ideia de “meu querido espaço”, o meu querido eu. O processo de isolamento das pessoas pode não ser mau e, às vezes, podemos perceber que temos uma fase boa em que somos nós próprios.
Hoje Macau Manchete SociedadeMercado de Coloane | Êxodo de portugueses explica encerramento No ano passado, quatro membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais lamentaram a saída dos portugueses da antiga vila piscatória, o que levou à redução da procura no mercado de Coloane A associação de vendedores de Macau disse à Lusa que o êxodo dos portugueses explica em parte a decisão de encerrar, em 16 de Dezembro, o mercado de Coloane, inaugurado há 130 anos. O Instituto de Assuntos Municipais (IAM) anunciou na segunda-feira que o Mercado Municipal da aldeia de Coloane, no sul de Macau, estava vazio há cerca de um mês, depois dos dois últimos vendedores terem abdicado das bancas, uma vez que “o fluxo de pessoas (…) continuou a diminuir nos últimos anos”. Num comunicado, o IAM justificou a falta de clientes com “o desenvolvimento de Coloane, as mudanças na estrutura populacional da antiga zona urbana de Coloane e as mudanças nos hábitos de consumo dos residentes”. Em Maio de 2023, quatro membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais apontaram a partida dos portugueses de Macau como uma das razões para o declínio do mercado de Coloane. “A maioria dos residentes portugueses que iam fazer compras no mercado regressaram ao seu local de origem para viver, tendo o número de clientes habituais diminuído significativamente”, disseram os membros. Um deles, o presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau, O Cheng Wong, disse à Lusa que o mercado costumava ser popular entre os portugueses que viviam na aldeia, mas que estes “foram partindo aos poucos”. “Sem portugueses em Coloane, há menos residentes”, lamentou O Cheng Wong. O dirigente admitiu que os turistas de Hong Kong e do Interior regressaram às ruas da antiga aldeia piscatória depois da pandemia, mas numa altura em que “já não havia nada para comprar” no mercado de Coloane. Ouvir a comunidade O IAM garantiu que a decisão de encerrar o mercado foi tomada depois de analisar “a distribuição de pontos de abastecimento de alimentos frescos” na aldeia e de “ouvir as opiniões da comunidade de Coloane”. “Há muito tempo, o IAM disse que queria renovar o mercado. Esteve em planeamento durante muitos anos, mas nada aconteceu”, lamentou O Cheng Wong. O IAM, liderado por José Tavares, garantiu que está a levar a cabo um estudo para revitalizar o edifício, inaugurado em 1893. De acordo com a página de internet “Memória de Macau”, o Mercado de Coloane, foi inaugurado a 5 de Março de 1893, com o nome Mercado Municipal Conselheiro Custódio Miguel de Borja, governador que esteve presente na cerimónia de inauguração. Durante a pandemia, Macau viveu três anos de crise económica, que levaram à subida do desemprego, e a cidade foi ainda afectada pela política ‘zero covid’, que incluía a restrição das entradas e quarentenas que chegaram a ser de 28 dias. Não há dados oficiais sobre o número de cidadãos portugueses que abandonaram o território durante a pandemia. A última estimativa dada à Lusa pelo Consulado-geral de Portugal em Macau apontava para mais de 100 mil portadores de passaporte português entre os residentes nas duas regiões de Macau e Hong Kong.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCaso MCB | Tribunal condena apenas Liu Wai Gui Liu tem pela frente uma pena de 18 anos, que só terá de cumprir se for encontrado e entregue a Macau. A ex-presidente do banco Yau Wai Chu e a empresária Bobo Ng foram absolvidas, e podem sair em liberdade Liu Wai Gui foi ontem condenado com uma pena de 18 anos de prisão, no âmbito do caso do Banco Chinês de Macau (MCB, na sigla em inglês). O Tribunal Judicial de Base (TJB) considerou que o empresário, julgado à revelia, foi o único a cometer crimes, absolvendo todos os restantes 14 arguidos. De acordo com o colectivo e juízes, citado pelo jornal Ou Mun, o arguido cometeu 13 crimes de burla consideravelmente elevado e três crimes de falsificação de documento. Apesar da pena de 18 anos de prisão, os juízes não deram como provado a existência de uma associação secreta que tinha como objectivo desviar fundos do dinheiro ligado às autoridades do Interior. De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), Liu Wai Gui e Yau Wai Chu, ex-presidente do Banco Chinês de Macau, tinham criado uma associação criminosa com a ajuda de familiares e amigos que teria desviado 456 milhões de patacas da instituição financeira, através de empréstimos a empresas privadas. Na leitura do acórdão, Lou Ieng Ha, presidente do colectivo de juízes, salientou que com base nas provas apresentadas pelo MP não era possível concluir-se ter existido uma associação criminosa para desviar dinheiro do banco. O tribunal também determinou que não houve provas de que os funcionários do banco tivessem agido de forma incorrecta na verificação da autenticidade dos documentos, nem se considerou ter havido negligência, porque não existam instruções internas de como fazer a verificação da autenticidade dos documentos. Ao mesmo tempo, os juízes indicaram não haver provas de que Liu Wai Gui tivesse pago ou prometido pagamentos aos funcionários do banco, a troco da aprovação dos empréstimos. Bobo Ng absolvida A decisão significa que a empresária Bobo Ng, ex-proprietária do jornal Hou Kong e amiga de Liu Wai Gui, foi absolvida das acusações, depois de ter passado mais de um ano em prisão preventiva. Após ter sido detida em Outubro de 2013, a empresária chegou a tentar levantar a medida de coacção, mas sem sucesso. No entanto, ontem, no final da cessão viu o tribunal decretar a libertação imediata, assim como dos restantes quatro arguidos que também estavam em prisão preventiva, entre eles Yau Wai Chu. De acordo com o Jornal Ou Mun, após ter sido lido o acórdão, vários dos seis arguidos presentes começaram a chorar e a abraçar os familiares. A decisão do colectivo liderado pela juíza Lou Ieng Ha admite recurso para o Tribunal de Segunda Instância, que deverá ser a escolha do Ministério Público, dado o grande número de absolvições. No caso do TSI transformar as absolvições em condenações, poderá ainda haver recurso para o Tribunal de Última Instância (TUI).
João Santos Filipe Manchete PolíticaAviação | Samuel Tong defende que sector depende do fim do monopólio O presidente do Instituto de Pesquisa das Políticas de Aviação Civil de Macau acredita que a maior utilização do Aeroporto Internacional de Macau tem de passar pela atracção de mercadorias e passageiros do Interior O presidente do Instituto de Pesquisa das Políticas de Aviação Civil de Macau, Samuel Tong, defendeu o fim do monopólio da Air Macau, como forma de desenvolver a aviação civil e aumentar a utilização do Aeroporto Internacional de Macau. A opinião foi partilhada em declarações ao Jornal do Cidadão. De acordo com Tong, apesar de Macau ter acordos bilaterais de aviação com mais de 40 países e regiões, muitas das rotas ficam por utilizar, principalmente no que diz respeito a ligações para os Estados Unidos e Europa, porque as condições para as companhias de aviação não são atraentes. Segundo as explicações do especialista, a abertura de novas rotas depende sempre das condições do mercado, e da possibilidade de as companhias poderem desenvolver um conjunto de rotas diversificadas. Tong apontou os exemplos da companhia Cathay Pacific, no Aeroporto de Hong Kong, e da Singapore Airlines, no Aeroporto de Changi em Singapura, que oferecem um conjunto de voos de curta, média e longa distância. Contudo, o também presidente do Instituto de Gestão de Macau admitiu que para atingir o desenvolvimento do sector, seguindo os exemplos de Hong Kong e Singapura, é necessário liberalizar o mercado, para que haja companhias dispostas a investir e desenvolver ligações no território tenham garantias de protecção dos investimentos. Reino da Air Macau Actualmente, a Air Macau tem o monopólio das ligações para Macau, tendo uma palavra a dizer sobre a abertura de novas ligações, assim como os horários que podem ser utilizados. Antes da covid-19, o Governo apontou a data de 2019 para o fim do monopólio, mas acabou por prolongar a ligação até 2026, o que foi justificado com o facto da nova lei da aviação civil ainda estar a ser discutida na Assembleia Legislativa. O diploma tem de ser aprovado até Agosto do próximo ano, caso contrário a proposta fica sem efeito e tem de ser novamente apresentada ao hemiciclo. A Air Macau tem como accionista maioritária a empresa estatal China National Aviation Corporation, que também controla a Air China, com uma participação de 67 por cento por cento. A RAEM é outra das accionistas com 21,5 por cento, assim como a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), com uma participação de 11,6 por cento. Ao jornal do Cidadão, Tong afirmou que com a abertura do mercado as companhias terão mais dispostas a investir porque tem garantias mais fortes para assegurar os investimentos feitos, em termos de gestão de recursos. Aproveitar a Baía Em termos de aproveitamento do aeroporto de Macau, Samuel Tong elogiou o plano de expansão e considerou que o desenvolvimento da aviação local tem de passar pela integração na Grande Baía. Segundo o especialista, tanto a nível do transporte de passageiros como de mercadorias, devem ser criados grandes centros para armazenamento de mercadorias e concentração de passageiros, principalmente na Ilha da Montanha, que depois vão utilizar o aeroporto local. Neste sentido, o académico defendeu a necessidade de melhorar as ligações entre o aeroporto e o Interior, para tornar as experiências mais rápidas e convenientes, o que afirmou até estar em curso, dando o exemplo da ligação do metro à Ilha da Montanha.
João Luz Manchete PolíticaIdosos | Aplicação de deslocações em fase experimental As residências para idosos construídas pelo Governo vão servir de tubo de ensaio para uma aplicação móvel que conta os passos dados pelos residentes, para confirmar a sua condição e segurança quando fazem deslocações fora do normal. O Governo vai também apostar em equipamentos de localização para acudir a emergências no exterior O envelhecimento da população na última década obrigou o Governo a prestar atenção às condições de vida e às necessidades de serviços dos idosos isolados e das famílias com casais de idosos. Em resposta a uma interpelação escrita de Leong Hong Sai, o presidente do Instituto de Acção Social (IAS) indicou que a Residência do Governo para Idosos será palco para a fase experimental de uma aplicação móvel que monitoriza os passos dos idosos. Quando a contagem de passos for anormal, refere o presidente do IAS, Hon Wai, o idoso será contactado para “confirmar a sua condição e segurança”. O responsável acrescentou ainda que, numa fase posterior, o serviço será gradualmente expandido para outras zonas de Macau. Outra ferramenta destacada pelo presidente do IAS para lidar com o problema dos idosos isolados, é o serviço de teleassistência “Peng On Tung”, que será actualizado, com a “introdução de dispositivos inteligentes vestíveis com funções de posicionamento”. Hon Wai indica que o serviço permite acudir a pedidos de “apoio emergente no espaço exterior aos utilizadores”. O responsável adianta ainda que, “actualmente, o IAS está a discutir com o Peng On Tung a introdução de mais programas inteligentes e tecnológicos inovadores para reforçar o apoio aos utilizadores”. Mobilizar a sociedade Além do apoio material e de cuidados, Leong Hong Sai apelou ao Governo para não descuidar a saúde mental. Neste aspecto, o presidente do IAS indica que tem cooperado com instituições sociais no sentido de desenvolver programas de apoio aos cidadãos seniores isolados, com o aumento da frequência das chamadas e visitas. O objectivo é “compreender em tempo útil as necessidades dos idosos e prestar a assistência necessária”. A intervenção social para apoiar os mais velhos pressupõe ainda a intervenção da comunidade, com o estabelecimento de uma rede de contactos com porteiros de edifício, vizinhos, lojas e organizações comunitárias “para ajudar a identificar os idosos ocultos na comunidade e fornecer-lhes apoios”. Segundo os últimos censos, realizados em 2021, a população idosa com idade igual ou superior a 65 mais do que duplicou no espaço de uma década, representando na última grande análise demográfica mais de 12 por cento da população do território. Esta nova realidade trouxe uma série de desafios com alguns efeitos chocantes, como as mortes e abandono de idosos isolados e o aumento dos suicídios nas camadas mais velhas da população.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteHistória | Último governador durante o Estado Novo tomou posse há 58 anos Chegou a Macau quando o “1,2,3” explodia nas ruas. Deu nome à primeira travessia entre a península e a Taipa e foi o último governador português em Macau durante o Estado Novo. Há 58 anos, José Nobre de Carvalho tomava posse. A sua esposa, Julieta, deu nome à habitação social que está hoje em processo de remodelação 1966 foi o ano de viragem no posicionamento da Administração portuguesa em Macau e palco temporal para talvez um dos episódios mais marcantes do século XX nas relações da China com Portugal. O movimento “1,2,3” explodiu a 15 de Novembro de 1966 com um acontecimento banal a servir de argumento para uma questão política muito maior: a falta de licenciamento para a construção de uma escola. Esse seria o rastilho para a expressão da Revolução Cultural em Macau, que quase pôs fim à Administração portuguesa no território. José Manuel de Sousa e Faro Nobre de Carvalho era o governador português do território nessa altura. O episódio é relatado no livro do jornalista José Pedro Castanheira, “Os 58 dias que abalaram Macau”: o novo governador chega a Hong Kong acompanhado da sua esposa, Julieta, sem fazer a mínima ideia de que, em Macau, a comunidade chinesa protestava. Nobre de Carvalho tomou posse exactamente dez dias depois do arranque dos protestos, a 25 de Novembro de 1966, fez na passada segunda-feira 58 anos. O Notícias de Macau era um jornal de perfil conservador, dirigido por Herman Machado Monteiro, quando notícia, em manchete, a chegada do “Novo Governador de Macau”. O tom do texto era elogioso, descritivo, parcial, conforme determinava a censura da época. “Macau recebe hoje, festivamente, o seu novo Governador e comandante-chefe das Forças Armadas – Sua exª o brigadeiro José Manuel de Sousa e Faro Nobre de Carvalho. A hora é de regozijo e de esperança. De regozijo pela chegada de um distinto oficial general do nosso Exército, com uma brilhante folha de serviços e larga experiência do Ultramar, nomeadamente no Estado português da Índia e em Angola, para assumir as rédeas da governação desta histórica parcela de Portugal no Oriente”, podia ler-se. A parcialidade era tanta que o próprio Notícias de Macau associava-se “ao regozijo da população, fazendo eco dessa sua esperança”, dando “a sua excelência [o governador] e exma. esposa respeitosas saudações de boas-vindas, com votos sinceros por um governo feliz, a bem da Nação e desta província”. No dia seguinte, o mesmo jornal publicava fotos que destacavam a chegada de Nobre de Carvalho. Nem uma só menção aos protestos na Taipa. “O novo Governador da província e a senhora de Nobre de Carvalho chegaram ontem, pelas 11h30, a Hong Kong vindos de Manila num avião da Philippine Air Lines. No aeroporto de Kai Tak via-se formada uma guarda de honra, constituída por uma força do 1º Batalhão “The Welch Regiment”. Eram 13h30 quando sua exª o Governador de Macau e a senhora de Nobre de Carvalho embarcaram no hidroplanador “Penha”, posto à disposição do ilustre casal pela STDM [Sociedade de Turismo e Diversões de Macau], acompanhados da comitiva de Macau e de individualidades como Teddy Yip, Ip Hon e Henry Fok e José dos Santos Ferreira”. Conforme era próprio na época, tendo em conta a vigência de uma administração sujeita às regras do Estado Novo, “a juventude da terra marcou a sua presença na recepção através da Mocidade Portuguesa e das escolas de língua portuguesa, chinesa e inglesa”. O Notícias de Macau destacava que “esta vetusta parcela de Portugal onde, há 400 anos, se entabulou o primeiro diálogo entre o Ocidente e o Oriente, diálogo esse que, não obstante as sucessivas convulsões por que o mundo tem passado, ainda se mantém harmonioso nos seus aspectos espiritual, humano, cultural, social e económico – vestiu ontem as suas melhores galas para receber condignamente o seu novo Governador e comandante-chefe das Forças Armadas”. Descrevia-se ainda, em jeito de perfil, que Nobre de Carvalho possuía “uma brilhante folha de serviços, tanto na metrópole como no Ultramar, não só no desempenho de altas funções de carácter militar como também em postos de grande responsabilidade na Administração Ultramarina”. Este tinha sido promovido ao posto de Brigadeiro a 15 de Dezembro de 1964, “depois de tirar o curso de altos comandos no Instituto de Altos Estudos Militares com a classificação de muito apto”. Sessão no Leal Senado Terminada a festa, foi a vez de Nobre de Carvalho se dirigir à população, realizando-se, no salão nobre do Leal Senado, a “cerimónia de entrega do Governo”. Mas nas ruas continuava a efusão: “Apesar da sua vastidão, o recinto parecia pequeno para conter a multidão das pessoas que ali afluíram para o acto. Como ao desembarque na ponte-cais, pode-se afirmar que ali estavam largamente representadas todas as forças vivas da província. No largo fronteira, incontável multidão contida à distância pela polícia. Um pouco mais ao fundo da Avenida Almeida Ribeiro, para os lados do Hotel Central, prestava a guarda de honra uma companhia da PSP, com bandeira nacional, guião da corporação e banda de música.” O jovem arquitecto José Maneiras era, à época, vice-presidente do Leal Senado, tendo feito um discurso “na velha casa que tão de perto acompanhou a vida de Macau, nos seus altos ou difíceis momentos históricos”, considerando-a “legítima representante da população portuguesa e chinesa desta cidade”. Para Maneiras, Macau, já com 400 anos de Administração portuguesa, constituía um testemunho do “glorioso passado histórico”, afirmando-se “como um exemplo vivo de paz e entendimento, de harmonia e respeito mútuo entre duas comunidades que se imanam num esforço comum de valorização, fomento da prosperidade e na promoção do bem-estar geral da população”. “Esta herança de quatro séculos, vividos numa comunhão de ideais, numa coexistência pacífica (praticada muito antes de estar em voga tal designação) e no culto dos mais elevados valores morais e humanos de duas civilizações distintas, mas não antagónicas (…)”, acrescentou. Governador “emocionado” Na hora de falar, o governador Nobre de Carvalho destacou “a grandeza do momento que passa”, sentindo-se “verdadeiramente emocionado [ao evocar] as nobres tradições desta casa e as decisões aqui tomadas, durante séculos, na administração desta terra (…)”. “Ao saudar a população de Macau, quero aproveitar referir-me especialmente à comunidade chinesa, pois de há muito que admiro o povo chinês, as suas finas sensibilidades, inteligência e qualidade de trabalho, qualidade que tão bem se enquadram com as do povo português e consagram a tradicional solidariedade luso-chinesa”, destacou o governante, que continuou os elogios à comunidade que, entretanto, protestava nas ruas e empenhava palavras de apoio a Mao. “A comunidade chinesa constitui um dos pilares em que assenta a economia de Macau pelas actividades e a forma que as exerce. Ao longo da história a comunidade chinesa de Macau e as gentes portuguesas sempre viveram verdadeiramente irmanadas por um espírito de compreensão e respeito mútuo, o que evidencia bem as qualidades cívicas dos respectivos povos.” Nobre de Carvalho destacou também alguns pontos sobre a economia do território. “Uma verdadeira solidez de ordem económica só se pode obter através da expansão do comércio e de certas indústrias básicas, isto, evidentemente, sem descurar o incremento do turismo nos moldes que se encontram já traçados e cujos resultados têm sido bem evidentes. Às importantes obras do Plano de Fomento, algumas já em curso, continuará a dar-se o necessário andamento.” Obra feita Nobre de Carvalho ficou para a história como um dos governadores que teve de enfrentar um dos períodos mais difíceis na história de Macau do século XX, em plena Revolução Cultural chinesa. Isto porque tomou a decisão de acatar todos os pedidos de Pequim. Desta forma, não só acalmou a tensão no relacionamento de Portugal com a China, como permitiu a manutenção da presença portuguesa em Macau. O militar imprimiu o seu nome nalguns grandes projectos de infra-estruturas no território, nomeadamente a primeira travessia entre Macau e a Taipa, erguida há 50 anos, e a habitação social mais dirigida para a comunidade chinesa. O tempo não perdoa e hoje o velho Edifício D. Julieta Nobre de Carvalho, situado no bairro do Iao Hon e com blocos de apartamentos, deverá ser alvo de requalificação, um projecto que gerou questões por parte do deputado Ngan Iek Hang. “Os blocos A, B e C do edifício D. Julieta Nobre de Carvalho, de habitação social, foram inaugurados entre os anos 60 e 70 do século passado, mas em 1995 o Governo fez alterações para os idosos lá residirem. O Governo mencionou em Abril que os blocos B e C estão em mau estado, estando a planear a sua reconstrução. Estamos em Novembro, mas não há novidades sobre a demolição destes blocos, sendo que o Governo não revelou como ia coordenar os terrenos ou planear as zonas próximas”, referiu. Para o deputado, os moradores estão preocupados, pois receiam que “sem um planeamento a longo prazo, os terrenos estarão desocupados durante muito tempo, o que pode causar problemas de higiene e segurança”. Com o 25 de Abril de 1974 e a queda do Estado Novo, Nobre de Carvalho fica com a imagem de governador do regime. Tudo fica resolvido numa questão de meses, sendo substituído pelo general Garcia Leandro logo no final de 1974. Mas a obra com a assinatura do último governador do Estado Novo em Macau ficou feita. (Com Nunu Wu)
João Luz Manchete SociedadeSida | Governo nega origem como factor de risco Depois de incluir “trabalhadores estrangeiros” entre os grupos prioritários de prevenção e combate à sida, que incluem homossexuais, pessoas com doenças sexualmente transmissíveis e toxicodependentes, o Governo indica que o risco de VIH “não está relacionado com a origem” das pessoas. Uma representante de trabalhadores migrantes não ficou surpreendida com a mensagem No passado dia 15 de Novembro, os Serviços de Saúde (SS) lançaram um comunicado sobre a reunião anual da Comissão de Luta Contra a Sida. Entre as tarefas realizadas, é salientado o financiamento e apoio “a organizações não governamentais na implementação de trabalhos de prevenção e controlo de grupos prioritários, tais como homens que têm sexo com homens, pessoas com doenças sexualmente transmissíveis, toxicodependentes e trabalhadores estrangeiros”. O HM contactou os SS para tentar perceber a razão para incluir trabalhadores estrangeiros nos grupos prioritários, sem lhes atribuir comportamentos, e que comunidades estão em causa. “Os Serviços de Saúde informam que os ‘trabalhadores estrangeiros’ são trabalhadores que não têm nacionalidade chinesa e que trabalham em Macau. O risco de infecção pelo VIH decorre, principalmente, de comportamentos de alto risco, como sexo inseguro, partilha de seringas e actividade sexual com múltiplos parceiros, e não está relacionado com a origem dos trabalhadores”, respondeu o organismo liderado por Alvis Lo. O esclarecimento das autoridades não responde à questão sobre que tipo de comportamentos praticados por trabalhadores estrangeiros determinam a inclusão na lista. Contactada pelo HM, a presidente da Associação dos Trabalhadores Migrantes Indonésios em Macau, Yosa Wari Yanti, não se mostrou surpreendida com este tipo de mensagem. “Isto aconteceu sempre. Sempre que há um assunto relacionado com trabalhadores estrangeiros, migrantes, somos vistos de forma diferente, algumas vezes de forma negativa”, comentou. Por outra via Recorde-se que, no tópico de doenças sexualmente transmissíveis, os trabalhadores estrangeiros que vivem em Macau sem estatuto de residente ficaram de fora da vacinação gratuita contra o vírus monkeypox, cuja inoculação com duas doses custa quase 3.500 patacas. Em relação à divulgação de material de sensibilização, os SS afirmaram ao HM a possibilidade de ser difícil chegar às comunidades estrangeiras com eficácia. “As campanhas publicitárias gerais para a prevenção do VIH podem não conseguir atingir eficazmente o grupo de trabalhadores estrangeiros e os canais disponíveis para obtenção de informações relevantes são relativamente limitados. Por conseguinte, os Serviços de Saúde fornecem aos trabalhadores estrangeiros informações e actividades promocionais em diferentes línguas, para que não haja discriminação contra qualquer grupo”, garantem os SS. Neste aspecto, Yosa Wari Yanti realça o trabalho realizado pela associação que dirige, sem apoio directo do Governo, no sentido de divulgar informações à comunidade de trabalhadores indonésios relativas à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. “Nós fazemos campanhas de sensibilização e disponibilizamos informação à nossa comunidade sobre SIDA e VIH. Também temos o objectivo de educar a comunidade. Mas trabalhamos em colaboração com organizações não-governamentais, como a Caritas – Macau e a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau.” Quanto a possíveis dificuldades em chegar às comunidades de trabalhadores estrangeiros, a dirigente salienta que é fácil contactar qualquer associação que represente estas comunidades. “Basta contactar-nos e nós responderemos. Se quiserem saber sobre as nossas vidas, o nosso quotidiano, basta falarem connosco, como empregadas domésticas ou trabalhadoras migrantes em Macau. Talvez assim não tenham uma má imagem nossa”, aponta. Entre Janeiro e Setembro deste ano, foram registados nove casos de residentes de Macau declarados como portadores de HIV, todos do sexo masculino. Entre eles, oito foram infectados por contacto homossexual ou bissexual e um por via desconhecida. Todos os novos casos foram encaminhados para o Centro Hospitalar Conde de São Januário para acompanhamento.
Hoje Macau Manchete SociedadeCabo Verde | Macau Legend contesta perda de hotel-casino A empresa ligada a David Chow e Levo Chan admitiu ir “contestar vigorosamente” as alegações de que violou “de forma flagrante e reiterada” as “obrigações” de construção de um hotel-casino A operadora de jogo Macau Legend Development (MLD) garantiu que vai contestar a decisão do Governo de Cabo Verde de recuperar a posse do hotel-casino inacabado na cidade da Praia. A 18 de Novembro, o Governo cabo-verdiano formalizou a reversão do hotel-casino e demais obras inacabadas da empresa, no ilhéu de Santa Maria e orla marítima da Gamboa, na capital. “Tendo em conta que a MLD violou, de forma flagrante e reiterada, as obrigações (…) não resta ao Estado de Cabo Verde outra saída que não seja a de proceder à resolução” dos contratos, lê-se numa decisão do Conselho de Ministros. A Macau Legend disse à bolsa de valores de Hong Kong que “pretende contestar vigorosamente estas alegações para salvaguardar o interesse da empresa e dos seus accionistas”. “A empresa está actualmente a procurar activamente aconselhamento jurídico em Cabo Verde sobre o curso de acção apropriado”, acrescentou a operadora, num comunicado divulgado na sexta-feira à noite. Em 2015, o empresário David Chow assinou um acordo para um investimento de 250 milhões de euros. Após revisões, há cinco anos e meio, a conclusão da primeira fase estava prevista para 2021. Nos últimos anos, há apenas guardas nos portões do recinto, uma área de cerca de 160 mil metros quadrados, que inclui o ilhéu de Santa Maria, parcialmente esventrado e, uma ponte asfaltada de poucos metros que o liga a um prédio de cerca de oito andares, vazio e vedado com taipais. Todas as oportunidades O Governo disse que deu à Macau Legend “todas as oportunidades para a retoma das obras ou para negociar a venda das acções ou a cedência da sua posição contratual a um potencial interessado na continuação do projecto”, mas não foram apresentadas alternativas. De acordo com o executivo, a empresa “violou também” o regime jurídico da exploração de jogos, “ao transferir, sem autorização do Governo de Cabo Verde, a propriedade de mais de 20 por cento do capital social”. O Governo cita ainda “condenações, pelos tribunais da Região Administrativa Especial de Macau, de accionistas, administradores e outros elementos com direitos e responsabilidades na MLD”, bem como “a situação económica e financeira da sociedade mãe”. Apesar da recuperação do jogo em Macau, a operadora registou um prejuízo de 109,9 milhões de dólares de Hong Kong na primeira metade deste ano. A Macau Legend disse não esperar que a decisão do Governo de Cabo Verde “deteriore materialmente a posição financeira do grupo”. A empresa disse que o empreendimento da operadora em Cabo Verde tinha um valor de 47 milhões de dólares de Hong Kong, estimado no final de Junho.
João Santos Filipe Manchete PolíticaColoane | Governo encerra mercado centenário e pondera alternativas Inaugurado a 5 de Março de 1893 como Mercado Municipal Conselheiro Custódio Miguel de Borja, a infra-estrutura vai encerrar a 16 de Dezembro. Segundo o IAM, há cerca de dois meses que não tinha vendedores O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou o encerramento definitivo do Mercado de Coloane, a partir de 16 de Dezembro. Através de um comunicado emitido ontem, foi indicado que as autoridades vão ponderar uma nova forma de reutilizar o espaço. “Depois de dois vendilhões do Mercado de Coloane terem devolvido, há alguns meses, as suas bancas ao IAM, já não há neste mercado bancas em operações”, foi revelado. “Tendo em conta a tendência de desenvolvimento de Coloane, a distribuição de pontos de abastecimento de alimentos frescos na zona, a eficácia dos serviços prestados pelo mercado nos últimos anos e as opiniões da comunidade local, o IAM iniciou um estudo sobre a reutilização do mercado para se enquadrar no desenvolvimento global de Coloane”, foi acrescentado. Como consequência, através de um despacho do Chefe do Executivo, publicado ontem, o mercado de Coloane deixou de integrar a lista dos mercados públicos, que ficou reduzida a oito espaços. O IAM justificou a falta de clientes com “o desenvolvimento de Coloane, as alterações na estrutura demográfica da antiga zona urbana de Coloane e as mudanças nos hábitos de consumo da população”. Mudanças em Coloane O encerramento do mercado é a segunda mudança em Coloane nos últimos dois meses. A primeira aconteceu com o encerramento da prisão antiga, com os prisioneiros a serem transportados paras as novas instalações, mais perto da vila de Ká Hó. O encerramento deverá acrescentar oportunidades para realizar obras na vila, cada vez mais virada para o turismo. “O IAM está agora a realizar um estudo sobre o desenvolvimento e posicionamento do local original do Mercado de Coloane”, foi explicado. “No futuro, o IAM irá ouvir os pontos de vista da comunidade através de vários canais, e irá considerar a direcção geral e o planeamento do desenvolvimento global de Coloane, optimizar a utilização dos recursos públicos, revitalizar os edifícios originais do Mercado de Coloane e irá apresentar a proposta à comunidade de forma atempada”, foi prometido. De acordo com a página de internet “Memória de Macau”, o Mercado de Coloane, foi inaugurado a 5 de Março de 1893, com o nome Mercado Municipal Conselheiro Custódio Miguel de Borja, governador que esteve presente na cerimónia de inauguração. Custódio Miguel de Borja tinha autorizado a construção do mercado a 24 de Janeiro de 1892, e, na altura, foi planeada uma área de construção de 15 metros por 20,5 metros, rodeada por um parapeito de pedra de altura de 1,7 metros, e com três saídas na direcção de Este, Sul e Norte. O pavilhão central tinha uma área de 5 metros por 12,5 metros, e uma altura de 3,4 metros. O planeamento foi semelhante ao do Mercado da Feira do Carmo da Taipa.
Hoje Macau Manchete PolíticaDSF | Receitas públicas sobem mais de um terço A receita corrente de Macau aumentou, em termos anuais, 34,9 por cento nos primeiros dez meses de 2024 graças à recuperação dos impostos sobre o jogo, com o Governo a aumentar a despesa pública em 10,5 por cento Nos primeiros dez meses deste ano, a receita corrente cresceu mais de um terço, 34,9 por cento, em relação ao mesmo período do ano passado e a despesa pública seguiu a mesma tendência, com um aumento de 10,5 por cento. A receita corrente entre Janeiro e Outubro foi de 89 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde 2020, no início da pandemia da covid-19, de acordo com dados publicados ‘online’ pelos Serviços de Finanças (DSF). Desta receita corrente, o Governo da cidade arrecadou 73 mil milhões de patacas em impostos sobre o jogo, indicou o mais recente relatório da execução orçamental. Macau já recolheu mais em taxação aos casinos do que em 2023, ano que fechou com um total de 65,3 mil milhões de patacas. As seis operadoras de jogo da cidade pagam um imposto directo de 35 por cento sob as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social de Macau e ao desenvolvimento urbano e turístico e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos. Nos primeiros dez meses de 2024, Macau recolheu 87,2 por cento da receita corrente projectada para 2024 no orçamento da RAEM que é de 102 mil milhões de patacas. Regresso ao excedente No final de Dezembro de 2023, o Centro de Estudos e o Departamento de Economia da Universidade de Macau previu que as receitas do Governo podem atingir 109,6 mil milhões de patacas, mais 7,5 por cento do que o estimado pelas autoridades. Com a subida nas receitas, a despesa pública também aumentou 10,5 por cento para 75,7 mil milhões de patacas, embora o investimento em infra-estruturas tenha caído 7,4 por cento para 13,2 mil milhões de patacas. Pelo contrário, a despesa corrente subiu 14,1 por cento para 61,7 mil milhões de patacas, devido a um aumento de 18,3 por cento nos apoios sociais e subsídios dados à população e a um crescimento de 4,5 por cento nas despesas com funcionários públicos. O orçamento de Macau para 2024 prevê o regresso do excedente nas contas públicas, “não havendo necessidade de recorrer à reserva financeira”, depois de três anos de crise económica devido à covid-19. Desde 2020 que Macau só conseguiu manter as contas em terreno positivo, algo exigido pela Lei Básica, devido a transferências da reserva financeira, que em 2023 atingiram 10,5 mil milhões de patacas. Entre Janeiro e Outubro, a RAEM registou um excedente de 13,8 mil milhões de patacas nas contas públicas, quase o dobro do registado no mesmo período de 2023.
Hoje Macau Grande Plano MancheteViolência doméstica | Uma mulher morre a cada dez minutos Um relatório da ONU divulgado ontem revela dados chocantes sobre a violência de género. Algures no mundo, a cada 10 minutos, uma mulher morre vítima de violência doméstica, sendo que nos continentes europeu e americano a maioria das mortes ocorre em casa. Mais de 51 mil mulheres morreram desta forma no ano passado Todos os dias, a nível mundial, morrem 140 mulheres ou raparigas às mãos dos seus companheiros ou de familiares mais próximos, o que representa uma morte a cada 10 minutos, avança um relatório da ONU – Organização das Nações Unidas divulgado ontem. Segundo os dados da organização internacional, no ano passado foram mortas intencionalmente 85 mil mulheres e raparigas em todo o mundo, das quais 51 mil (ou seja, 60 por cento) foram assassinadas pelos seus parceiros ou por outros membros da família. A nível mundial, estima-se que cerca de 1,3 mulheres por cada 100.000 habitantes do sexo feminino tenham sido mortas por um parceiro íntimo ou outro membro da família em 2023. O relatório divulgado a propósito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres conclui que o fenómeno continua generalizado e que a sua manifestação mais extrema, o femicídio, é universal, transcendendo fronteiras, estatutos socioeconómicos e grupos etários. Dados que indignam a directora-executiva da ONU Mulheres, o órgão das Nações Unidas dedicado à igualdade de género e à defesa do fortalecimento do poder das mulheres. “A violência contra as mulheres e raparigas é passível de ser prevenida e sabemos como fazê-lo”, garante Sima Bahous, citada no relatório. Para isso, defende a representante, “precisamos de legislação sólida, de uma melhor recolha de dados, de mais responsabilização governamental, de uma cultura de tolerância zero e de um maior financiamento para as organizações e organismos institucionais que defendem os direitos das mulheres”. Os números referentes a 2023 mostram um aparente crescimento do fenómeno de violência doméstica face ao ano anterior, já que em 2022 as estimativas apontavam para 48 mil vítimas. No entanto, como a disponibilização de dados a nível nacional foi muito diferente de país para país, a organização avisa que a alteração não é indicativa de um aumento real. Na introdução do relatório lêem-se sinais de alarme sobre os dados da violência doméstica a nível global. “Mais de duas décadas depois, e apesar dos esforços dos movimentos de defesa dos direitos das mulheres para exigir justiça e responsabilização, bem como alguns progressos notáveis na prevenção e resposta à violência contra as mulheres, a situação é ainda mais preocupante.” “Estamos alarmados com o facto de o número de assassinatos por membros da família e parceiros íntimos – a manifestação mais comum do femicídio – continuar a registar níveis assustadores a nível mundial. Cerca de 51.100 mulheres e raparigas foram mortas em casa por pessoas que lhes eram próximas em 2023, representando 60 por cento de todos os homicídios de mulheres. Em demasiados casos, as vítimas de femicídio tinham denunciado anteriormente a violência e os seus assassinatos poderiam ter sido evitados”, acrescenta-se ainda. O panorama africano No ano passado, África registou as taxas mais elevadas de femicídios causados por parceiros íntimos e familiares próximos relativamente ao tamanho da sua população (2,9 vítimas por 100.000 mulheres em 2023). Na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres foram mortas no contexto doméstico (64 e 58 por cento, respectivamente), vítimas dos respectivos parceiros, sendo nestas duas regiões geográficas que esta tendência é mais pronunciada. Noutros locais, os familiares são normalmente os principais perpetradores. “No resto do mundo (com base nos dados disponíveis), as mulheres e as raparigas têm maior probabilidade de serem mortas por membros da família (59 por cento) do que pelos seus parceiros (41 por cento)”, indicam os dados divulgados pela ONU. Segundo os analistas, a situação “sublinha a necessidade de garantir que a prevenção da violência doméstica aborda as relações íntimas, mas também os contextos familiares onde as mulheres correm maior risco”. Por outro lado, além do assassinato de mulheres e raparigas pelos seus companheiros (maridos, namorados) ou por outros membros da família, existem outras formas de femicídio, sem que nenhuma região do mundo está excluída. “Com uma estimativa de 21.700 vítimas de femicídio relacionado com o parceiro íntimo/família em 2023, África é a região com o maior número de vítimas em termos agregados”, lê-se. A Ásia surge logo a seguir a África com 18.500 vítimas de violência doméstica no ano passado, as Américas registaram 8.300 vítimas, a Europa 2.300 e a Oceânia 300. As Américas e a Oceânia também registaram taxas elevadas de femicídio por parceiro íntimo/familiar em 2023, com 1,6 e 1,5 por 100.000 pessoas, respectivamente. Os dados disponíveis para três países – França (2019-2022), África do Sul (2020-2021) e Colômbia (2014-2017) – confirmam que uma parte significativa das mulheres mortas pelos seus parceiros íntimos (entre 22 e 37 por cento) tinha anteriormente relatado alguma forma de violência física, sexual ou psicológica pelo seu parceiro. “Isto sugere que muitos assassinatos de mulheres podem ser evitados”, concluem os autores do documento, defendendo medidas como ordens de restrição contra os parceiros masculinos, que proíbem novos contactos entre eles e as vítimas da sua violência. A França e o femicídio Nos últimos anos, avança o relatório da ONU, alguns países começaram a quantificar outras formas de femicídio, dando como exemplo o caso de França. Neste país, durante o período de 2019-2022, quase 80 por cento de todos os homicídios de mulheres foram realmente cometidos por parceiros íntimos ou outros membros da família, mas outras formas de femicídio representaram mais de cinco por cento de todos os casos, menciona o relatório. Relativamente à evolução deste tipo de crime, a ONU refere, porém, que a falta de dados suficientes só permite identificar as tendências temporais de mortes de mulheres relacionadas com parceiros íntimos/família nas Américas e na Europa. No primeiro caso, essa taxa tem-se mantido relativamente estável desde 2010, mas, no caso da Europa, foi detectada uma diminuição (menos 20 por cento) entre 2010 e 2023, sobretudo pelo declínio destes actos nos países do norte, ocidente e sul da Europa. A menos de um ano de ser assinalado o 30.º aniversário da Plataforma de Acção de Pequim, documento assinado na IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, no qual os governos se comprometeram a garantir que a perspectiva de igualdade entre mulheres e homens é reflectida em todas as suas políticas e programas, a directora da ONU Mulheres defende ser tempo de os líderes mundiais se unirem. Para Sima Bahous, é preciso que os líderes da comunidade internacional tomem “medidas ousadas” e “deem prioridade ao compromisso, à responsabilização e aos recursos para pôr fim a esta crise”. Homens vs Mulheres É certo que também os homens são vítimas. Porém, a ONU destaca que o impacto da violência é proporcionalmente maior nas mulheres. O relatório dá conta que “embora homens e rapazes representem a grande maioria das vítimas de homicídio” no mundo, a verdade é que mulheres e raparigas “continuam a ser afectadas de forma desproporcional pela violência letal na esfera privada”. Assim, “estima-se que 80 por cento de todas as vítimas de homicídio em 2023 sejam homens e 20 por cento mulheres, mas a violência letal no seio da família afecta muito mais as mulheres do que os homens, com quase 60 por cento de todas as mulheres mortas intencionalmente em 2023 a serem vítimas de homicídio pelo parceiro íntimo/membro da família”. A ONU indica que “a violência na esfera familiar pode afectar ambos os sexos, mas apenas 12 por cento de todos os homicídios masculinos em 2023 foram atribuídos a mortes por parceiros íntimos ou outros membros da família”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTUI | Pena de 22 anos para homicida de prostituta O homicida de Hong Kong que esteve mais de um ano a dormir na rua em Macau pretendia ficar mais rico. No final, conseguiu roubar uma nota de 100 patacas O homem de Hong Kong que em Março do ano passado assassinou uma prostituta num hotel de Macau vai cumprir uma pena de 22 anos e seis meses. A pena foi confirmada pelo Tribunal de Última Instância (TUI) e revelada nos portais dos tribunais na sexta-feira. O caso aconteceu na Pensão Residencial Florida, e na altura foi avançada a hipótese de que o homicídio tivesse sido motivado por um comentário da mulher durante a prestação do serviço sexual. Todavia, a decisão mais recente do TUI, deu como provado que o homem planeou a morte da mulher por acreditar que esta teria muito dinheiro, como resultado dos serviços de prostituição. O homem e a vítima conheceram-se em Janeiro do ano passado, e nessa altura, depois de um encontro, a mulher recusou prestar qualquer serviço ao indivíduo, por considerar que o estado de higiene do homem não era aceitável. Além disso, como forma de desencorajar o homem, terá exigido um preço que foi considerado demasiado elevado pelo sujeito. O encontro levou o homem a formar a convicção de que a mulher teria consigo muito dinheiro, pelo que decidiu matá-la e ficar com o dinheiro. Segundo o TUI, após o primeiro encontro, o homem pesquisou na internet informações sobre as partes vitais do corpo humano, e guardou um ficheiro no seu telemóvel com a informação. No telemóvel do homem foi também encontrado um outro ficheiro, em que constavam uma lista com as tarefas a realizar, desde a compra da arma do crime, um martelo, aos passos para limpar o quarto e tentar não deixar provas. Quando o homem foi detido, as autoridades reconheceram que tinha estado durante um ano em Macau, a viver sem qualquer abrigo, pernoitando várias noites em jardins públicos. Com violência Concebido o plano, o homem foi tentando obter informações sobre a mulher, até que no dia 9 de Março soube que ela tinha arrendado um quarto na Pensão Residencial Florida. Nessa data, marcou um encontro para o dia seguinte, 10 de Março, com o objectivo de matá-la e ficar com o dinheiro que a mulher possuísse na altura. Após terem relações sexuais, a mulher foi tomar banho. E foi nesse momento que o homem pegou no martelo que tinha escondido na mala e a atacou causando-lhe a morte. Como resultado do crime, o homem conseguiu roubar uma nota de 100 patacas. A mulher era casada, mas não tinha filhos. Durante o julgamento na primeira instância, o homem, que na altura do crime tinha 45 anos, confessou a prática dos factos. No entanto, esperava uma pena mais leve, dado que terá praticamente 70 anos quando tiver cumprido a pena. O Tribunal de Última Instância veio agora confirmar a primeira pena aplicada, destacando que o crime tinha sido premeditado.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Banco de Investimento prevê 2025 forte para Sands e Galaxy A capacidade acrescida a nível dos quartos pela conclusão das obras no Hotel The Londoner e a abertura do Galaxy’s Capella servem de base às previsões da instituição financeira Jefferies No próximo ano, as concessionárias Sands e Galaxy vão apresentar o desempenho mais forte do mercado em termos de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês). A previsão partiu do banco de investimento Jefferies, de acordo com um relatório citado pelo portal GGR Asia, e é justificada com a nova oferta de hotéis. “Esperamos uma ligeira mudança na quota de mercado entre os seis operadores em 2025/26, com o Sands/Galaxy a ganhar quota com a reabertura da capacidade hoteleira do Londoner e a abertura do Galaxy’s Capella”, afirmou a instituição num relatório emitido na quinta-feira. “Com o número de visitantes em 2025 (provavelmente) a regressar a 94 por cento do nível de 2019, deve ser um bom presságio para os operadores com grande capacidade hoteleira, como a Sands China e a Galaxy”, foi acrescentado. O hotel-casino Londoner encontra-se em obras de renovação, mas recentemente reabriu um dos dois casinos, sendo que as obras também incluíram uma reorganização da oferta do número de quartos. Quanto ao hotel Capella, vai ser a nova aposta do hotel-casino Galaxy Macau, e deverá abrir a meio do próximo ano. De acordo com os números apresentados, a Sands China conseguiu garantir ao longo deste ano uma fatia de mercado de 24,4 por cento, que deverá subir para 25,7 por cento em 2025. Quanto à Galaxy, os dados do banco de investimento indicam que tem ao longo deste ano uma quota de mercado de 18,8 por cento, que se espera que suba para 20,0 por cento. Factores de mudança O banco de investimento estima também que no próximo ano as receitas de jogo aumentem 8 por cento, em comparação com 2024, para 245 mil milhões de patacas. Este aumento significa que o jogo vai estar a 84 por cento do valor pré-pandemia. Segundo a Jefferies, a previsão do aumento das receitas do jogo tem como justificação um crescimento de cinco por cento do número de turistas, o aumento da capacidade hoteleira do território e o impacto da organização de um maior número de espectáculos, uma das obrigações das novas concessões. Em relação ao número de quartos de hotéis em oferta, o banco de investimento destaca que o crescimento vai acontecer principalmente para atender aos jogadores do segmento de massas com mais dinheiro, denominado como massas premium. Nas últimas previsões, a instituição financeira teve ainda em conta o ambiente económico do Interior da China, ao destacar que a prioridade política passa por não deixar deteriorar o poder de consumo e a confiança dos consumidores, o que é entendido como uma grande vantagem para Macau.
João Luz Manchete PolíticaMUST | DSEDJ pede a alunos para não usarem intermediários O director da DSEDJ apelou aos alunos que queiram frequentar o ensino superior de Macau para não recorrerem a intermediários no Interior da China para se inscreverem. Kong Chi Meng prometeu melhorar o processo de admissão às universidades do território, na sequência do caso dos certificados de habilitações falsos recebidos pela MUST “Os alunos não devem fazer a inscrição através de intermediários no Interior da China, nem fazer a inscrição no ensino superior com documentos académicos falsos.” Foi desta forma que o director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) comentou na sexta-feira, em declarações à TDM – Rádio Macau, o caso dos certificados de habilitações falsos em admissões de alunos na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (na sigla em inglês MUST). Kong Chi Meng assegurou também que o processo de admissão de alunos a instituições de ensino superior de Macau será melhorado, sem apontar medidas concretas para evitar situações semelhantes à da MUST, que resultou, para já, na detenção de quatro suspeitos. “Vamos melhorar as medidas de admissão ao ensino superior. As instituições devem verificar as habilitações académicas no momento da inscrição. Fazemos o apelo para que todos os documentos sejam verificados”, referiu o director da DSEDJ, em declarações à margem do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Recorde-se que o caso da MUST envolveu 24 alunos suspeitos de terem falsificado diplomas de conclusão do ensino secundário, levando à detenção de quatro alunos oriundos de Hebei, Shenzhen, Zhejiang e Jiangxi. Além dos estudantes, também os pais estão a ser investigados, precisamente por suspeitas de terem recorrido a intermediários no Interior da China para obter os certificados de habilitações falsos. Escalada no ranking Apesar do caso da MUST, o director da DSEDJ salientou as prioridades educativas do Governo em providenciar condições às universidades para contratarem professores de elevada qualidade. A defesa da qualidade do ensino superior local foi um dos pontos fulcrais do discurso da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, na cerimónia de atribuição dos graus académicos de pós-craduação 2024 da Universidade de Macau (UM), no passado sábado. “Neste ano, com a conclusão bem-sucedida da avaliação da qualidade da UM, a qualidade pedagógica e a eficácia de funcionamento da universidade obtiveram, de novo, reconhecimento internacional. Nas classificações Times Higher Education World University 2025, a UM ascendeu ao 180.º lugar, o que revela a competitividade e a influência do ensino superior de Macau no panorama universitário mundial”, apontou a governante. No presente ano lectivo, as universidades de Macau receberam o maior número de inscrições de sempre, com mais de 62 mil alunos inscritos.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteChina-Portugal | Presidente da APN reúne com figuras do Estado português Multilateralismo e cooperação económica foram alguns dos pontos discutidos na visita de Zhao Leji a Portugal. O presidente da Assembleia Popular Nacional reuniu com José Aguiar-Branco, Luís Montenegro, e Marcelo Rebelo de Sousa. A visita do político chinês à Europa é uma “operação de charme” e um passo para a “normalização de relações”, dizem analistas Zhao Leji, que preside ao Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) da República Popular da China, visitou Portugal entre quinta-feira e sábado. Trata-se de uma viagem realizada no âmbito de um périplo de nove dias pelo sul da Europa, com o político, oficialmente o número dois da hierarquia política chinesa, a deslocar-se também a Espanha e à Grécia. O presidente da APN foi recebido, na sexta-feira, por José Aguiar-Branco. Os presidentes dos parlamentos de Portugal e China tiveram depois um encontro a sós, antes da reunião que juntou as delegações dos dois países. A visita de Zhao Leji ao parlamento português terminou com uma fotografia oficial tirada na Sala do Senado da Assembleia da República (AR). Durante a visita do “número dois” da hierarquia política chinesa, não houve declarações aos jornalistas. Na quinta-feira, Zhao Leiji foi recebido em São Bento pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro. No final da visita, na rede social X (antigo Twitter), Luís Montenegro escreveu que “Portugal e a China possuem uma relação de amizade com raízes sólidas, que passam também por Macau”. “Abordei com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular da República Popular da China, Zhao Leji, oportunidades para o reforço da nossa cooperação bilateral e multilateral em domínios de interesse comum”, adiantou o líder do Executivo português. Na Xinhua descrevem-se mais detalhes sobre estes encontros. Ao reunir com Luís Montenegro, Zhao Leji “disse que a China sempre encarou e desenvolveu os laços com Portugal numa perspectiva estratégica e de longo prazo”, estando pronta “a trabalhar com Portugal para apoiar firmemente os interesses fundamentais e as principais preocupações de cada um, e para cimentar a confiança política mútua”. A China espera assim, com Portugal, “uma cooperação mais estreita em domínios como a inteligência artificial, as energias limpas, a inovação tecnológica, a formação de pessoal e os intercâmbios culturais e interpessoais, encorajando as empresas dos dois países a expandir o investimento e a cooperação”. O primeiro-ministro português terá observado, segundo a Xinhua, que “Portugal adere sempre ao princípio de uma só China”, tendo Montenegro “elogiado a prática de ‘Um País, Dois Sistemas’ na RAEM”. “Sublinhando que a China é um parceiro económico importante para Portugal e que o seu país atribui importância à atracção de investimentos chineses, o primeiro-ministro português espera mais intercâmbios e cooperação com a China nos domínios da ciência e tecnologia, da economia marítima, da cultura e do desporto”, lê-se na Xinhua. AR e APN mais juntas A China tornou-se, na última década, o quarto maior investidor directo estrangeiro em Portugal. Empresas chinesas, estatais e privadas, detêm uma posição global avaliada em 11,2 mil milhões de euros na economia portuguesa, segundo o Banco de Portugal. A Xinhua escreve ainda que, no encontro com o presidente da Assembleia da República portuguesa, Zhao Leji “afirmou que a APN está pronta a reforçar o intercâmbio de experiências em matéria de legislação e supervisão, a fim de fornecer garantias jurídicas para promover a cooperação bilateral em vários domínios e criar um ambiente empresarial justo, equitativo e não discriminatório”. O presidente da APN “também expressou a esperança de que os legisladores portugueses no Parlamento Europeu continuem a apoiar a cooperação amigável entre a China e a UE”, sem esquecer “os progressos notáveis” relativamente a Macau nos últimos 25 anos com a prática de “Um País, Dois Sistemas”. Zhao Leji indicou que Pequim “irá continuar a aplicar de forma plena, fiel e inabalável, o princípio de ‘Um País, Dois Sistemas’, segundo o qual o povo de Macau administra Macau com um elevado grau de autonomia”, apoiando “Macau na integração no desenvolvimento nacional”. Aguiar-Branco terá afirmado que “os dois países respeitam-se mutuamente, aderindo à ideia de abertura e cooperação vantajosa para ambas as partes, tendo alcançado resultados positivos na cooperação em vários domínios”, referiu Aguiar-Branco. Uma normalidade Para a académica Cátia Miriam Costa, investigadora e professora auxiliar convidada do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, a visita de Zhao Leji a Portugal “constitui uma reafirmação de normalidade diplomática entre os dois países”. “Apesar de ser uma visita de uma alta figura do Estado chinês, tratando-se do representante de um alto cargo chinês, presidência da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular, é normal que passe despercebida aos meios de comunicação social que se focam em geral em visitas de representantes do poder executivo. Claro que esta visita representa uma oportunidade para reforçar laços, sobretudo, no que toca a aspectos da relação diplomática bilateral.” Uma vez que a visita decorreu pouco tempo depois da vitória de Donald Trump, Cátia Miriam Costa defende que, neste período, “espera-se alguma mudança na política norte-americana”. Porém, “poderá incrementar o interesse desta visita, nomeadamente, através da tentativa de manutenção de alguns projectos de cooperação comuns ou de reciprocidade de procedimentos como acontece com a ausência de necessidade de vistos para curtas estadas de cidadãos portugueses em território chinês”. Recorde-se que foi anunciado, na sexta-feira, por Pequim a extensão de 15 para 30 dias do período de estadia sem visto para cidadãos de países com isenção de visto em vigor, uma lista na qual Portugal foi integrado. Uma “operação de charme” Para Tiago André Lopes, professor de Relações Internacionais da Universidade Lusíada do Porto, a visita de Zhao Leji a Portugal, Espanha e Grécia “ocorre num tempo muito inteligente, do ponto de vista diplomático”. Trata-se de uma “clara operação de charme para acautelar os interesses económicos da China na Europa” após a vitória de Trump. “Parece-me que a preocupação de Pequim é compreender as razões pelas quais a União Europeia decidiu assumir uma postura economicamente defensiva face à China, com a discussão política em sede de Comissão Europeia sobre política concreta para a desacoplagem económica da Europa face à China. Ao mesmo tempo, Zhao Leji trará a argumentação de Pequim sobre as vantagens económica de fortalecer os fluxos comerciais dos países do Sul da Europa, com a China”. Tiago André Lopes destaca também algumas “preocupações” de Pequim no final deste ano, nomeadamente “a discussão, mais no Parlamento Europeu do que na Comissão, sobre a necessidade de ‘punir’ a China pela percepção de apoio, não apenas diplomático, à Rússia na incursão na Ucrânia”. Neste ponto, o académico crê que Zhao Leji “irá, seguramente, tentar recolher informação sobre que tipo de punição referem os oficiais europeus e se os líderes portugueses, espanhóis e gregos estão dispostos a travar essas medidas, bloqueando-as no Conselho Europeu”. “Não seria a primeira vez que Lisboa, ou Atenas, usariam o seu poder de veto para trancar decisões europeias avessas aos interesses de Pequim”, acrescentou. O regresso de Donal Trump à Casa Branca estará também na agenda do presidente da APN. “A equipa de Donald Trump tem vários ‘Falcões Orientais’ que parecem desejar uma confrontação, pelo menos diplomática, com a China. Ora, nesse sentido, é importante aferir se Lisboa, Madrid e Atenas irão seguir e dar respaldo a essa estratégia, ou se o ‘afastamento cauteloso’ com relação à Administração Trump permite uma aproximação a Pequim.” Destaque ainda para o posicionamento da iniciativa “Faixa e Rota” e os esforços da China de uma “maior inclusão do Sul da Europa”, tema que também estará na agenda de Zhao Leji. Chá com Marcelo Além dos encontros com Aguiar-Branco e Montenegro, a passagem de Zhao Leji por Lisboa incluiu uma reunião na quinta-feira com Marcelo Rebelo de Sousa. Na nota oficial deixada no portal da Presidência da República portuguesa, nada é adiantado sobre o conteúdo discutido, mas segundo a agência estatal chinesa Xinhua, Zhao Leji terá dito ao presidente português “que nos últimos anos, sob orientação dos dois chefes de Estado, a parceria estratégica abrangente China-Portugal tem vindo a aprofundar-se e a progredir solidamente, registando progressos constantes na cooperação ‘Uma Faixa, Uma Rota’, bem como ricos intercâmbios culturais e interpessoais.” No encontro de quinta-feira foi referido que a China “aprecia a longa adesão de Portugal ao princípio de “uma só China” e está disposta a dialogar com Portugal com base no respeito mútuo e na igualdade, reforçando os seus laços como bons amigos que se respeitam e confiam um no outro, parceiros fiáveis para o desenvolvimento comum e companheiros próximos na aprendizagem mútua entre civilizações”. Zhao Leji terá ainda indicado a Marcelo Rebelo de Sousa esperar que Portugal “continue a desempenhar um papel activo na União Europeia (UE) e a injectar mais energia positiva no desenvolvimento das relações China-UE”. A agência oficial chinesa refere que Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “Portugal e a China são bons amigos, com compreensão e afecto mútuos”, e que este ano “se assinala o 45.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e o 25.º aniversário do regresso de Macau à pátria chinesa”. Marcelo disse estar disposto “a reforçar os intercâmbios de alto nível com a China, aprofundar as trocas amistosas e fortalecer a cooperação em domínios como o comércio, as novas energias, a economia marítima e a economia digital”. “Portugal adere firmemente ao multilateralismo, salvaguarda o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) e a autoridade do direito internacional. É muito importante que a Europa e a China reforcem o diálogo, e Portugal está disposto a desempenhar um papel activo nesse sentido”, afirmou o presidente português.
Hoje Macau Manchete PolíticaChina alarga isenção de visto de 30 dias para dezenas de países, incluindo Portugal A China anunciou hoje a extensão de 15 para 30 dias do período de estadia sem visto para cidadãos de países com isenção de visto em vigor, uma lista na qual Portugal foi recentemente integrado. A medida, que visa impulsionar o intercâmbio cultural e económico, segundo as autoridades chinesas, vai ser aplicada a partir de 30 de novembro de 2024 e estará em vigor até 31 de dezembro de 2025. O ministério dos Negócios Estrangeiros informou ainda que a lista de países com esta isenção de 15 dias, que até agora contava com 29 Estados, será alargada para incluir a Bulgária, Roménia, Croácia, Montenegro, Macedónia do Norte, Malta, Estónia, Letónia e Japão. “A fim de facilitar ainda mais os intercâmbios com outros países, a China decidiu alargar a lista de países elegíveis para a política de isenção de vistos”, declarou hoje o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa. Com esta extensão, os cidadãos de um total de 38 países poderão entrar na China para negócios, turismo, visitas familiares, intercâmbios ou trânsito sem visto e com um período de permanência mais longo. Tong Xuejun, diretor do Departamento Consular do ministério dos Negócios Estrangeiros, salientou hoje também, durante uma conferência de imprensa do Conselho de Estado (Executivo), que a China assinou acordos mútuos de isenção de vistos com seis países no ano passado, incluindo Singapura, Tailândia, Cazaquistão, Antígua e Barbuda, Geórgia e Ilhas Salomão. Atualmente, o país tem acordos completos de isenção de vistos com 25 nações. Além disso, informou que, até à data, a China assinou acordos mútuos de isenção de vistos com 157 países e regiões, abrangendo vários tipos de passaportes. Em novembro de 2023, a China anunciou que os nacionais de França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha e Malásia beneficiariam de uma isenção de visto unilateral até dezembro de 2024, depois prorrogada até ao final de 2025, uma lista à qual as autoridades acrescentaram gradualmente mais países. Portugal passou a fazer parte desta lista em outubro passado. Nos últimos meses, o país asiático adotou uma série de medidas para ajudar os viajantes internacionais, incluindo a disponibilização dos serviços de pagamento eletrónico WeChat Pay e Alipay aos utilizadores estrangeiros que visitam a China. No primeiro semestre deste ano, os visitantes estrangeiros mais do que duplicaram para 14,64 milhões. Segundo dados da Administração Nacional de Imigração, as entradas sem visto ultrapassaram 8,5 milhões, equivalendo a 58% das viagens, que, ainda assim, estão ainda abaixo do nível pré-pandemia.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIC | Turistas impedidos de fotografar Centro Cultural de Macau A situação foi relatada por um residente local que convidou amigos do exterior a virem até Macau. “A sociedade de Macau aparenta estar a progredir, mas na realidade está em retrocesso”, desabafou, quando denunciou a situação no canal chinês da Rádio Macau Um grupo de três turistas, guiado por um residente local, foi impedido por seguranças de fotografar o Centro Cultural de Macau (CCM). O caso foi relatado pelo residente num telefonema para o Fórum Macau, programa do canal chinês da Rádio Macau, e citado pelo jornal Cheong Pou, o que levou o Instituto Cultural a pedir desculpas à população. De acordo com o relato apresentado, o residente convidou três amigos do exterior a virem a Macau por altura do Grande Prémio. Durante a estadia, os visitantes tiraram fotografias da cidade, algumas das quais nos Lagos Nam Van e Sai Van, e também no Centro Cultural de Macau. Foi neste último local que começaram os problemas. Após montarem um tripé para a máquina fotográfica e “suportes de luz” para aumentar a iluminação das fotografias à frente do CCM, o residente e os turistas foram imediatamente abordados pelos seguranças contratados pelo instituto público. Aos turistas foi dito que era ilegal tirar fotografias dos edifícios sem autorização, pelo que tinham de parar. O cidadão explicou também que as luzes utilizadas para iluminar a fotografia tinham uma dimensão reduzida, e que a máquina utilizada é “profissional”, mas bastante comum nos dias que correm. Foi desta forma que o residente recusou a hipótese do entrevistador da TDM, que sugeriu que os turistas podiam ter sido confundidos com uma equipa de filmagem profissional, e que os seguranças poderiam ter entendido que era necessária autorização do Governo para filmar em locais públicos. Como comentário face ao incómodo causado aos amigos, o residente ainda desabafou que “a sociedade de Macau aparenta estar a progredir, mas na realidade está em retrocesso”. O cidadão lamentou igualmente pensar que estava a contribuir para o turismo local ao convidar pessoas de fora a visitar Macau, mas que apenas contribuiu para lhes causar problemas. Pedido de desculpas Após o caso ter sido revelada em directo, o Instituto Cultural reagiu e em declarações à Rádio Macau pediu desculpa. Numa resposta transmitida pela TDM, o IC prometeu “reforçar a capacidade dos guardas de segurança de comunicar educadamente” com a população. O IC pediu ainda “desculpa pelo incómodo causado ao público” afectado pela situação e garantiu que vai assegurar a “capacidade dos seguranças para comunicarem com o público de forma cortês, de modo a que o público possa ter uma melhor experiência de turismo”. No entanto, defendeu a actuação dos guardas no sentido de garantir que os propósitos de filmagens e fotografias à porta do IC são compreendidos, para se poder impedir situações ilegais. O IC complementou também que as situações que exigem autorização de filmagem podem ser consultadas no seu portal online.
João Santos Filipe Manchete SociedadeNovo Bairro | Levantadas restrições para vender apartamentos Apesar de ter pago pelo terreno na Ilha da Montanha, a empresa Macau Renovação Urbana só conseguiu alterar as condições de venda aos residentes de Macau com a autorização das autoridades de Cantão A empresa Macau Renovação Urbana levantou várias restrições para tentar vender mais apartamentos no projecto em Hengqin. O anúncio foi feito na quarta-feira, através de um comunicado em língua inglesa, numa altura em que o mercado do imobiliário do Interior atravessa uma crise sem precedentes nos tempos mais recentes. “Os critérios para a aquisição de unidades residenciais no Novo Bairro de Macau (MNN) em Hengqin foram ajustados, incluindo a remoção do limite de idade, a remoção da restrição de revenda nos cinco anos após a compra e o ajustamento do limite à aquisição de unidades residenciais”, foi comunicado. Com a alteração ao nível da idade dos compradores, os menores possam a poder ser proprietários de um apartamento no Novo Bairro de Macau, o que até agora estava afastado. Outra alteração passa pelo facto de o período de congelamento da revenda ter sido eliminado. Anteriormente, os compradores estavam impedidos de revender as fracções num prazo de cinco anos após a compra. Em teoria, agora passam a poder fazer a revenda no dia a seguir à compra. No sentido de permitir um maior número de vendas, cada membro do casal pode ser proprietário de um apartamento no projecto construído com dinheiro público da RAEM. Esta é outra novidade, porque até aqui cada casal só podia comprar uma fracção. Em crise Construído no Interior, na chamada Zona de Cooperação Aprofundada entre Cantão e Macau, os apartamentos do Novo Bairro de Macau foram colocados à venda em plena crise do mercado imobiliário, que já resultou na falência de várias construtoras. Como consequência, a procura por habitações no outro lado da fronteira tem vindo a diminuir, o que levou as autoridades locais a adoptarem várias medidas de levantamento de restrições que antes serviam para arrefecer a procura. O Novo Bairro de Macau segue agora a tendência de levantamento das restrições, depois de ter conseguido a aprovação das autoridades do Interior. E no comunicado em que anunciou as mudanças, a Macau Renovação Urbana fez questão de agradecer à autoridade que supervisiona a Zona de Cooperação. Anteriormente, Peter Lam, presidente da Macau Renovação Urbana, admitiu na Assembleia Legislativa de Macau que a empresa não tem a opção de baixar o preço de venda, sem autorização prévia das autorizações de Cantão. De acordo com os números divulgados pela empresa em Setembro deste ano, até essa data, no espaço de praticamente um ano desde o início das vendas, tinham sido vendidos 1.300 apartamentos dos 4.000 construídos, o que representa um terço das fracções.
Hoje Macau Manchete PolíticaGoverno | Possível revolução na equipa de Sam Hou Fai Ainda sem a apresentação do elenco que irá formar o próximo Governo, o semanário Plataforma avançou ontem a possibilidade de uma “revolução” tecnocrata na equipa de Sam Hou Fai, com Wong Sio Chak a ser o único secretário actual a permanecer, mas a passar para a pasta da Administração e Justiça O seminário Plataforma avançou ontem uma lista com possíveis candidatos aos mais altos cargos do Governo que será liderado por Sam Hou Fai. Entre os nomes avançados, destaque para a ausência de grandes empresários e membros de famílias tradicionais de Macau. Segundo o semanário, a grande estrela em ascensão poderá ser o actual secretário da Segurança, Wong Sio Chak, que poderá passar para a pasta da Administração e Justiça e subir a número dois do Executivo. Cargo que não pareceu ser auspicioso para o futuro político de André Cheong que, segundo as previsões, poderá transitar para a liderança do Comissariado da Auditoria. O Plataforma refere que a possível passagem de Wong Sio Chak para a pasta da Administração e Justiça abre a porta para o Conselho Executivo e para substituir o Chefe do Executivo quando este se ausentar. A verificar-se o novo elenco, Wong Sio Chak será o único secretário do Governo de Ho Iat Seng a transitar para o próximo Executivo. Para o substituir na pasta da Segurança, foi avançado o nome de Chan Tsz King, o actual Comissário contra a Corrupção. Um nome que tem surgido repetidamente em várias previsões é O Lam, vice-presidente do Conselho de Administração do IAM e delegada de Macau no Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. A neta de Ke Lin, antigo director do Hospital Kiang Wu, tem sido avançada como possível substituto de Elsie Ao Ieong U, na pasta dos Assuntos Sociais e Cultura. Porém, o Plataforma coloca O Lam como possível secretária para a Economia e Finanças. Livro dos nomes A mesma fonte indica o forte apoio que Sónia Chan tem entre as associações tradicionais, em especial a Associação Geral das Mulheres de Macau, e que poderia avançar para a Economia e Finanças. Porém, a ex-secretária para a Administração e Justiça do Governo de Chui Sai On não terá intenção de abandonar o cargo que ocupa actualmente na liderança da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos. Outra possibilidade apontada para o lugar, é a actual directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, direcção Um previsão que se mantém, é a saída do Governo de Raimundo do Rosário. Para o seu lugar à frente da secretaria para os Transportes e Obras Públicas, poderá avançar o actual director dos Serviços das Obras Públicas, Lam Wai Hou. Um dos protagonistas preteridos na lista avançada pelo Plataforma é André Cheong, indicado para liderar o Comissariado da Auditoria. Recorde-se que o actual secretário esteve cinco anos à frente do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), antes de pegar na pasta que tem liderado no Governo de Ho Iat Seng. Por último, é indicado o nome da magistrada que preside ao colectivo de juízes dos Tribunais de Primeira Instância, Lou Ieng Ha, para liderar o CCAC.