Reformulação governativa | Chan Tsz King assume ter pouca experiência na área

O novo secretário para a Segurança, Chan Tsz King, assumiu ontem ter pouca experiência para o cargo que ocupa desde ontem, em substituição de Wong Sio Chak. “Para mim este é um desafio muito grande porque nunca tive contacto com a área de segurança e tenho uma experiência fraca neste âmbito”, disse, segundo declarações reproduzidas pela TDM. O novo secretário salientou a qualidade da equipa com que vai trabalhar, que tem “pessoal com experiência”, nomeadamente o director-geral dos Serviços de Alfândega e dos Serviços de Polícia Unitários.

De resto, Chan Tsz King salientou que “a questão da segurança nacional é muito importante para a sociedade de Macau”, esperando-se “desenvolvimentos a longo prazo e diplomas legais que estão a ser produzidos”.

Sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, para esta tutela, Chan Tsz King disse que já estão a ser preparadas. “Da minha parte o principal é ajustar-me a esta área e dominar os pormenores.”

Chan Tsz King foi comissário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), entre os anos de 2019 e 2024, mas começou a carreira na função pública na qualidade de delegado do procurador do Ministério Público em 1997. Foi depois promovido ao cargo de procurador adjunto em Março de 2000, tendo sido destacado para exercer funções no Serviço do Ministério Público junto dos Tribunais de Segunda e Última Instâncias de Janeiro de 2012 a Dezembro de 2019.

O novo secretário para a Segurança nasceu em Hong Kong em 1970 e tem formação superior feita em Portugal, nomeadamente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa de Portugal, terminado em 1989, e um curso de Direito feito na Universidade Autónoma de Lisboa de Portugal em 1995.

MP | Tong Hio Fong fala “grande responsabilidade”

Tong Hio Fong, que assumiu ontem o cargo de Procurador do Ministério Público (MP) da RAEM, no âmbito da reforma governativa, agradeceu a “confiança do Governo Central e do Chefe do Executivo” no assumir de um cargo “importante e com grande responsabilidade”. O responsável adiantou ainda que vai “contribuir para o desenvolvimento da RAEM”, descrevendo o território um exemplo bem-sucedido da prática de um país, dois sistemas, sendo que “a estabilidade e prosperidade a longo prazo são assegurados pelo Estado de Direito”. Por sua vez, Tong Hio Fong disse que o MP “é uma instituição importante para defender o Estado de Direito, sendo responsável por defender a dignidade da lei, proteger os direitos dos cidadãos e combater as actividades ilegais”. Como Procurador, prometeu focar-se “no princípio do Estado de Direito, aplicar a lei de forma rigorosa e justa e reforçar a inspecção às actividades judiciárias”, bem como “aumentar a eficiência judiciária”.

Administração | Wong Sio Chak recolhe opiniões em mercados

Ao assumir uma vasta pasta, a da Administração e Justiça, Wong Sio Chak, ex-secretário para a Segurança, prometeu que, nas próximas semanas, irá auscultar as opiniões da população no que diz respeito ao funcionamento dos mercados. “Nos próximos tempos vou visitar as comunidades, em particular os mercados. Vou continuar a fazer isto [ouvir opiniões]. Os meios para acolher as opiniões do público estão sempre desimpedidos”, disse à imprensa.

Aos jornalistas, Wong Sio Chak agradeceu o trabalho realizado pelo seu antecessor, André Cheong, garantindo que vai agora focar-se em quatro áreas que entende serem prioritárias, tal como a reforma da Administração Pública, o reforço da construção de “Um país, dois sistemas”, a maior eficiência na governação e promover a integração na Grande Baía e na Zona de Cooperação Aprofundada de Hengqin.

“Independentemente dos serviços governamentais ou dos locais, é fácil aparecer maus hábitos, como sectarismo, burocracia ou actuações isoladas. Em Macau também acontecem estas situações e precisamos mudar isso. Precisamos facilitar a comunicação horizontal [dentro da Função Pública] e elevar a eficácia da cooperação”, acrescentou ainda.

Wong Sio Chak defendeu que é necessário “aumentar a capacidade do pessoal, explorar o seu potencial e aproveitar bem os talentos, optimizando a afectação de funcionários”. Desta forma, o governante considera que “é preciso criar mais acções de formação concretas, sobretudo na capacitação dos serviços”.

Wong Sio Chak, nasceu na província de Guangdong em 1968 e é licenciado em Direito pela Universidade de Pequim. Depois de uma longa carreira na Polícia Judiciária foi indigitado, em 2014, secretário para a Segurança.

17 Out 2025

Assembleia Legislativa | André Cheong eleito presidente por unanimidade

Cheong Weng Chon, Cheong Weng Chon e Cheong Weng Chon… foi o nome repetido pelos 33 deputados nos boletins de voto, inclusive do próprio, que confirmou a escolha do novo presidente da AL

“Tenho a vontade de assumir este cargo”, foi desta forma que André Cheong reagiu após ter sido eleito o novo presidente da Assembleia Legislativa. Mais tarde, o ex-secretário para a Administração e Justiça lembrou aos jornalistas que a nova sessão legislativa terá “novos deputados oriundos de diferentes indústrias” e que terá em conta “as experiências bem-sucedidas das últimas sete legislaturas”. “Espero que haja avanços no trabalho legislativo e de supervisão, para que a governação da RAEM seja feita com maior cooperação da Assembleia Legislativa (AL)”, acrescentou.

André Cheong disse também esperar que “os projectos e propostas de lei e as políticas [do Executivo] correspondam às opiniões da população e à esperança social através da AL, sendo esta uma plataforma importante”.

Na sessão de ontem, antes da eleição, José Pereira Coutinho, o deputado mais velho com 67 anos, foi responsável por conduzir os trabalhos do primeiro plenário, como tradicionalmente acontece. Falando exclusivamente em cantonês, o português propôs que os votos sobre o futuro presidente do hemiciclo fossem contados pelos deputados mais jovens Chan Lai Kei e Loi I Weng. A proposta foi aprovada por todos os deputados, depois de uma votação com o braço no ar.

Seguiu-se uma nova votação, secreta e com boletim de voto, para escolher o futuro presidente da Assembleia Legislativa. Um procedimento ordenado, com os deputados a levantarem-se de acordo com o lugar nas filas do hemiciclo, e em que apenas destoaram as dificuldades do futuro presidente em dobrar o boletim de voto, o que teve de fazer quando já estava à frente da urna, e depois de uma primeira tentativa falhada.

Terminada a votação, Chan Lai Kei e Loi I Weng leram o seu sentido de voto e o dos colegas e por 33 vezes foi repetido o nome Cheong Weng Chon, o que confirmou que aquele que era até ontem o número dois do Governo, enquanto secretário para a Administração e Justiça, seria o novo presidente do hemiciclo.

Consagrada a unanimidade, José Pereira Coutinho dirigiu-se ao agora deputado nomeado pelo Chefe do Executivo e perguntou-lhe se aceitava a nova posição: “Tenho a vontade de assumir este cargo”, respondeu André Cheong.

Resultados distintos

A votação de ontem marcou também uma diferença face ao que aconteceu em 2019 e 2021, quando Kou Hoi In foi eleito o presidente do hemiciclo.

Em 2019, Kou foi escolhido presidente a meio de uma Legislatura, depois de Ho Iat Seng ter abdicado da posição de deputado para concorrer a Chefe do Executivo. Nessa votação, quando o hemiciclo estava a funcionar apenas com 32 deputados, dado o lugar deixado livre por Ho, Kou foi eleito com 29 votos a favor, José Pereira Coutinho teve um voto e houve dois votos em branco.

Em 2021, Kou Hoi In foi reeleito, num parlamento que pela primeira vez tinha visto vários candidatos a deputados excluídos por motivos políticos. Ainda assim, e apesar de haver 33 votantes, Kou teve 32 votos, uma vez que José Chui Sai Peng também reuniu um voto.

Caso inédito

Em quase 25 anos da RAEM, esta é a primeira vez que um deputado estreante passa directamente para presidente da Assembleia Legislativa. Após a transição, Susana Chou foi eleita como presidente, mas tinha uma longa experiência como deputada, que acumulou durante a Administração Portuguesa. Desempenhou o cargo de presidente entre 1999 e 2009.

Saída do hemiciclo, a empresária foi substituída por Lau Cheok Vá, que tinha sido vice-presidente da AL entre 1999 e 2009. Antes disso, o ex-deputado dos Operários foi deputado entre 1984 e 1999, durante a Administração Portuguesa.

A situação mais próxima da de André Cheong é a de Ho Iat Seng. O ex-Chefe do Executivo foi eleito deputado pela primeira vez em 2009. E nessa altura foi votado como vice-presidente do hemiciclo. Contudo, o também empresário só chegou à presidência em 2014, após a saída de Lau Cheok Vá e depois de cumprir pelo menos um mandato como deputado.

Passado na Administração

Nascido em Pequim em 1966, e licenciado em Língua Portuguesa pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim e em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Macau, André Cheong tem um passado na Administração Portuguesa como Conservador da Conservatória do Registo Predial e de Director da Direcção dos Serviços de Justiça. Após a transição, assume o cargo de Director da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça entre 2000 e 2014, assumindo depois a liderança do Comissário contra a Corrupção de Dezembro de 2014 a Dezembro de 2019.

Em 2019, foi eleito secretário para a Administração e Justiça e de membro do Conselho Executivo, cargos que desempenhou até ontem.

Ho Ion Sang eleito vice-presidente

No dia de ontem, os deputados da Assembleia Legislativa procederam também à eleição do vice-presidente, escolhendo, por unanimidade, Ho Ion Sang, deputado eleito pela via indirecta e ligado aos Moradores de Macau. Si Ka Lon e Ella Lei foram escolhidos como primeiro e segundo secretários da AL, também com 33 votos cada. A escolha aconteceu depois do juramento e tomada de posse de André Cheong como presidente da AL, que presidiu à sessão.

17 Out 2025

Taiwan | Residentes seduziam pessoas para burlas

Foram detidos, esta segunda-feira, seis residentes suspeitos de estarem ligados a um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas, e que terão recrutado nove residentes para extorquir dinheiro a vítimas. A investigação começou em Setembro do ano passado, sendo que a Polícia Judiciária ainda está a investigar os montantes envolvidos

 

A Polícia Judiciária deteve, esta segunda-feira, seis residentes de Macau alegadamente envolvidos com um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas. Segundo noticiou o jornal Ou Mun, o caso começou quando a Polícia Judiciária (PJ) iniciou uma investigação após receber pedidos de ajuda de familiares de nove residentes de Macau desaparecidos.

As autoridades perceberam mais tarde que estes nove residentes tinham sido detidos pela polícia de Taiwan e condenados a penas de prisão de três a oito meses pela prática do crime de burla. O papel destes residentes foi o de receber e entregar o dinheiro extorquido às vítimas de burla, sendo que quatro destes residentes regressaram depois a Macau após cumprirem a pena. Estima-se que os nove residentes tenham recebido de milhares a dezenas de milhar de renminbis como pagamento para estas funções.

A PJ de Macau percebeu então que os nove residentes julgados em Taiwan terão sido recrutados pelos seis detidos desta segunda-feira, com promessas de salários elevados para a realização de actividades ilegais na antiga Formosa.

Montantes por calcular

A PJ percebeu também que dois dos seis detidos serão os autores principais do grupo criminoso de Taiwan, tendo recebido pagamentos ilegais de 1 a 3 por cento por cada montante de burla extorquido pelos nove residentes detidos em Taiwan. No entanto, a PJ disse precisar de investigar os montantes concretos recebidos por estes dois autores principais do crime, bem como a remuneração ilegal recebida pelos outros suspeitos. O caso foi encaminhado para o Ministério Público para posterior investigação, existindo suspeitas da prática de crime de associação criminosa.

16 Out 2025

Aeroporto | Expansão garante capacidade para 13 milhões de visitantes

Ainda antes do aumento da capacidade para passageiros, o aeroporto vai receber uma maior área de estacionamento das aeronaves, com o número de lugares a subir para 56 face aos actuais 36

 

Até ao final de 2030, o Aeroporto Internacional de Macau vai ter capacidade para receber por ano 13 milhões de passageiros. Os números foram apresentados por uma representante da Autoridade de Aviação Civil (AACM), na mais recente reunião do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, que ocorreu na segunda-feira.

O balanço da reunião foi feito ao jornal Ou Mun pelos conselheiros Li Yongjian e Ieong Weng Kuong, que citaram as respostas do encontro da AACM.

Segundo as explicações citadas, as obras de expansão estão em curso, depois de terem arrancado em Abril. A nova zona de estacionamentos deverá ficar terminada em 2028, o que vai fazer com que os lugares de estacionamento para aeronaves passem dos actuais 36 para 56 lugares, um aumento de 55,6 por cento.

Ao mesmo tempo, foi indicado que as estimativas apontam para que as obras de expansão fiquem totalmente terminadas em 2030, dentro de cerca de cinco anos, e que nessa altura o aeroporto vai ter capacidade para lidar com mais dois milhões de viajantes, face à capacidade actual de 11 milhões por ano.

No ano passado, o aeroporto recebeu 7,6 milhões de viajantes, menos dois milhões do que o recorde de passageiros, alcançado em 2019, ainda antes da pandemia, quando houve 9,6 milhões viajantes a utilizar a infra-estrutura. No entanto, o número parece ir apresentar uma nova redução. Entre Janeiro e Outubro deste ano, foram contabilizados cerca de 5,5 milhões de passageiros. No ano passado, nos primeiros dez meses, registaram-se de 5,7 milhões de passageiros.

Maior área

Com as obras em curso, a área total do aeroporto vai ser aumentada para 325 hectares, face aos actuais 177 hectares. Na reunião, os conselheiros abordaram ainda outras questões relacionadas com o aeroporto como os assuntos relacionados com a segurança e o transporte de passageiros entre o cais de embarque e os aviões.

Neste sentido, foi garantido aos conselheiros que face às actuais limitações no número de mangas de embarque disponíveis, que o transporte dos passageiros entre o cais de embarque e as aeronaves vai continuar a ser feito através de autocarros. Esse será também o meio utilizado para os futuros lugares de estacionamento dos aviões.

Durante o encontro, segundo Li Yongjian e Ieong Weng Kuong, houve ainda conselheiros a apelar para o desenvolvimento de mais instalações complementares do aeroporto, assim como uma especial atenção para que o centro de transportes esteja preparado para lidar com o fluxo de passageiros que acontece em eventos de grande dimensão, como os recentes jogos de pré-temporada em Macau da NBA.

16 Out 2025

Hainão | Aproveitar Macau para importar produtos lusófonos

Numa visita ao Fórum Macau, o governador Liu Xiaoming afirmou querer criar sinergias com a RAEM para que os produtos lusófonos consigam entrar no Interior

 

O líder da ilha de Hainão afirmou ontem que quer ajudar os produtos lusófonos a entrar no mercado chinês, defendendo sinergias com Macau e os países de língua portuguesa. O governador Liu Xiaoming apontou como meta “a construção de Hainão como núcleo entreposto para a entrada dos produtos dos países de língua portuguesa no interior da China”.

Liu falava durante uma visita às instalações do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum de Macau. Segundo o Fórum de Macau, o líder de Hainão pediu apoio à organização, também para ajudar as empresas da ilha “a aprofundar os conhecimentos sobre as regras dos mercados e os ambientes de investimento das nações lusófonas”.

De acordo com um comunicado, Liu defendeu a aposta em um “desenvolvimento sinérgico entre Hainão, Macau e os países de língua portuguesa” e lembrou que a ilha irá tornar-se um porto franco antes do fim do ano. A partir de 18 de Dezembro, os produtos importados que sejam processados em Hainão – com um valor acrescentado de pelo menos 30 por cento – podem entrar na China continental sem pagar taxas alfandegárias.

Aposta nas vantagens

Na segunda-feira, ainda antes da deslocação ao Fórum Macau, Liu Xiaoming teve um encontro com Sam Hou Fai. De acordo com um comunicado do Governo de Macau, Sam defendeu que pode haver “complementaridade de vantagens” entre o porto franco de Hainão e a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau.

Esta zona económica especial, gerida conjuntamente pela província de Guangdong e por Macau, foi lançada por Pequim e 2021 e abrange cerca de 106 quilómetros quadrados na ilha da Montanha, adjacente a Macau. A China estabeleceu Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.

O organismo integra, além da China, os nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde 2022, Guiné Equatorial. As exportações dos países de língua portuguesa para a China caíram 11,3 por cento, para 86,6 mil milhões de dólares nos primeiros oito meses do ano, de acordo com dados oficiais.

16 Out 2025

AL | Deputados tomam posse esta manhã

Os deputados da Assembleia Legislativa tomam posse esta manhã para o início da VIII Legislatura. O juramento está agendado para as 11h, na sala de reuniões do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

À tarde, para as 15h, está agendada a primeira sessão do Plenário da Assembleia Legislativa que vai servir para eleger os futuros presidente, vice-presidente, primeiro secretário e segundo secretário. Feita a reunião, haverá mais uma sessão de juramento, logo no mesmo dia, às 16h, e tomada de posse do presidente da AL. A sessão também decorre no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Na sequência da remodelação governativa, Wong Sio Chak e Chan Tsz King vão realizar a cerimónia de juramento e tomada de posse esta manhã, pelas 10h, na sede do Governo. Wong Sio Chak vai assumir as funções de secretário para a Administração e Justiça, enquanto Chan Tsz King vai ser o novo secretário para a Segurança. Na sessão das 10h, a primeira das três que vão ocorrer amanhã, está igualmente prevista a cerimónia de juramento e tomada de posse de Tong Hio Fong como Procurador da RAEM e dos novos membros do Conselho Executivo. A cerimónia não é aberta à população.

AMCM | Chan Kuan I nomeada para Conselho de Administração

Chan Kuan I foi nomeada vogal do Conselho de Administração da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). A medida entra em vigor na próxima segunda-feira, de acordo com um despacho de Sam Hou Fai, publicado ontem no Boletim Oficial. Licenciada em Comércio (Contabilidade) na Monash University da Austrália e com um mestrado em Administração Pública ministrado pela Peking University e Chinese Academy of Governance, Chan faz parte dos quadros da AMCM desde Agosto de 2001, embora com um interregno entre 2006 e 2009, quando desempenhou funções no Gabinete de Informação Financeira. Após o regresso à AMCM, a nova vogal desempenhou as funções de técnica, directora-adjunta e directora do Departamento de Supervisão de Seguros.

DSSCU | Chan Hoi Ieng nomeada subdirectora

Raymond Tam nomeou Chan Hoi Ieng, umas das assessoras do seu gabinete, como subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). A nomeação foi revelada ontem através do Boletim Oficial. Chan Hoi Ieng é licenciada em Engenharia pela Universidade de Tsinghua e tem um mestrado em Administração Pública, pela Universidade de Peking. A nível profissional foi técnica superior entre Dezembro de 1999 e Novembro de 2016 no então Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Entre 2016 e 2022, desempenhou o mesmo tipo de funções nos Serviços de Alfandega, até Dezembro do ano passado, altura em que foi promovida a assessora. Também em Dezembro do ano passado, foi nomeada assessora do Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas. É agora escolhida para subdirectora da DSSCU.

16 Out 2025

DSAT | Chiang Ngoc Vai assume o cargo de director

Após quase 20 anos à frente da direcção responsável pelo trânsito, Chiang foi promovido ao topo da hierarquia. Desde Julho, que desempenhava as funções, como substituto, depois da saída de Lam Hin San

 

Após três meses como director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Chiang Ngoc Vai assumiu ontem a pasta a título próprio. A informação foi revelada através de um despacho publicado no Boletim Oficial, assinado por Raymond Tam, secretário para os Transportes e Obras Públicas.

Além dos três meses como director substituto, Chiang Ngoc Vai conta com uma carreira de quase 20 anos na DSAT, serviço em que ingressou pela primeira vez em 2008, logo para assumir as funções de subdirector. Desde essa altura, até Julho deste ano, Chiang manteve-se como subdirector e foi nessa condição nos últimos meses que assumiu as funções de director, após a saída do antecessor, Lam Hin San.

A promoção confirmada ontem, e o afastamento de Lam Hin San, mostram também uma ruptura de Raymond Tam com o passado, dado que o antecessor de Chiang tinha sido nomeado pelo anterior secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, merecendo a confiança deste durante cerca de 10 anos.

No despacho não são indicadas razões particulares para a nomeação, além do pro-forma a indicar que Chiang Ngoc Vai “possui competência profissional e aptidão para o exercício do cargo” e do currículo do nomeado. Como acontece nas nomeações em comissão de serviço, a escolha do secretário é válida durante o período de um ano.

Da engenharia

Em termos académicos, o despacho indica que Chiang Ngoc tem duas licenciadas em Engenharia Civil e em Ciência (Topografia Cadastral e Ordenamento do Território). As instituições de ensino das licenciaturas não são referidas.

A nível profissional, o director da DSAT conta com um longo percurso na Administração Pública, com mais de 30 anos. Chiang ingressou na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes em Outubro de 1990, desempenhado as funções de técnico.

Em Março de 1992, é promovido dentro da mesma direcção, para assumir as funções de chefe de sector. Ainda antes da transferência, em 1995, Chiang Ngoc Vai é novamente promovido internamente para assumir as funções de técnico superior e também de chefe de Departamento. Manteve-se nestas funções até 2008, durante mais 13 anos, altura em que nomeado para a DSAT.

16 Out 2025

Prostituição | Acção de cooperação policial detém 18 pessoas

Uma acção policial conjunta entre Macau, Hong Kong e Guangdong levou ao desmantelamento de um grupo de controlo de prostitutas, tendo sido detidas 18 pessoas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, oito das pessoas detidas são residentes de Macau. Foram interceptados, nesta operação conjunta, 58 prostitutas e 44 clientes.

O caso remonta a Maio, quando a Polícia Judiciária (PJ) iniciou a investigação, percebendo que havia várias prostitutas a procurar clientes através do mesmo website com alegadas ligações a um grupo criminoso com membros da província de Guangdong, Macau e Hong Kong.

Esta segunda-feira, teve início a operação policial conjunta, com detenções de suspeitos em várias cidades da China e nas duas regiões administrativas especiais. A PJ acredita que este grupo terá iniciado o negócio das prostitutas através do website em Janeiro deste ano, tendo sido feita publicidade a mais de 2500 prostitutas, que trouxeram um lucro de 750 mil renminbis. A PJ descreveu ainda que cada prostituta tinha de pagar ao grupo 300 renminbis para ter publicidade e, assim, atrair clientes.

15 Out 2025

JP Morgan | Semana Dourada com resultados abaixo do esperado

A passagem de dois tufões, a proximidade do Festival do Bolo Lunar e o Grande Prémio de Fórmula 1 em Singapura são indicados como os factores que afectaram negativamente a indústria do jogo

 

As receitas do jogo ficaram aquém do esperado durante a Semana Dourada e até Novembro a situação não deve melhorar. O cenário foi traçado pelo banco de investimento JP Morgan, no relatório mais recente assinado pelos analistas DS Kim, Selina Li e Lindsey Qian. De acordo com o conteúdo, divulgado pela Macau News Agency, as receitas no início de Outubro não “foram assim tão douradas”, com uma redução de cinco por cento em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo os analistas, para a diminuição das receitas contribuíram os impactos do tufão Ragasa, que obrigou ao encerramento dos casinos durante algumas horas, e também do tufão Matmo, que apesar de não ter encerrado os locais de jogo levou a que os transportes fossem seriamente afectados. E também o facto de o Festival Lunar ter sido celebrado perto da Semana Dourada. Enquanto data de encontros familiares, o festival poderá ter contribuído para que os jogadores ficassem menos tempo nas mesas dos casinos.

No entanto, Macau também terá sofrido com a competição regional e a organização do Grande Prémio de Fórmula 1 em Singapura. Os analistas acreditam que o evento ocorrido entre 3 e 5 de Outubro contribuiu para afastar do território alguns dos maiores apostadores.

Face a estes fenómenos, a JP Morgan fez uma revisão das estimativas das receitas do jogo em baixo, apontando para um crescimento anual em Outubro de 3 a 6 por cento. A estimativa anterior apostava para um crescimento de 11 a 13 por cento, no que se esperava que fosse a melhor Semana Dourada desde os tempos da pandemia.

Sinal positivo

Apesar de reduzirem as estimativas, os analistas deixaram um sinal de confiança aos analistas no mercado do jogo de Macau: “Não estamos a atirar a toalha ao chão. Vemos estes factores como lombas no caminho e não como bloqueios, pelo que apesar de reduzirmos as nossas estimativas acreditamos no valor do mercado”, foi apontado.

Face a este contexto, os analistas acreditam que a valorização das acções dos casinos deverá apresentar fortes variações nas próximas semanas, até a indústria voltar a apresentar um crescimento de pelo menos 10 por cento. A JP Morgan acredita que esse crescimento deve acontecer a partir de Dezembro e durante o primeiro trimestre do próximo ano. Em Setembro, o sector do jogo arrecadou 18,3 mil milhões de patacas, mais 6 por cento face a Setembro do ano passado.

Em termos de receita bruta acumulada, os primeiros nove meses de 2025 registaram um aumento de 7,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 181,3 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com receitas totais de 226,8 mil milhões de patacas, mais 23,9 por cento do que no ano anterior.

15 Out 2025

Coimbra | Vice-reitor aponta China como factor de “certeza”

João Nuno Calvão da Silva afirma que a China é uma força da paz no mundo e que contribui como um factor “de certeza” na ordem internacional, numa altura em que existem “tantos factores de incerteza”, alguns dos quais provenientes do mundo ocidental

 

O vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Nuno Calvão da Silva, considerou que a República Popular da China tem conferido “uma componente de certeza” no mundo actual, em contraste com os factores de incerteza que tem surgido “no mundo ocidental”. As declarações do vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da UC foram prestadas à margem da cerimónia de abertura de uma conferência conjunta entre a Universidade de Macau (UM) e a UC.

Quando questionado sobre a crescente utilização do direito em áreas como o patriotismo, a segurança nacional e a convivência com o Estado de Direito, dadas a recente detenção de um ex-deputado e as exclusões cada vez mais frequentes de eleições, João Nuno Calvão da Silva destacou o papel assumido pela China no mundo actual.

“Na ordem internacional em que vivemos temos tantos factores de incerteza, mesmo de onde nós menos esperávamos, no mundo ocidental, por exemplo, que apraz-me registar essa componente de certeza que a República Popular da China vem conferido ao mundo”, afirmou o dirigente da UC, de acordo com o Canal Macau. “Também devemos salientar o cumprimento que tem feito com que seja possível à comunidade portuguesa continuar aqui, aos jornalistas fazerem as perguntas que entendem ao vice-reitor da Universidade de Coimbra, neste momento, e isso também tem a ver com o cumprimento desta matriz de um direito que foi esculpido por grandes juristas portugueses sobretudo da Universidade de Coimbra”, acrescentou.

Além 2049

De acordo com a Lusa, o académico “recusou-se a comentar questões políticas específicas”, mas destacou um grau de compreensão promovido pela China. “Como em tudo no mundo, a perfeição não existe. Mas é este grau de compreensão e este factor de certeza que a mim apraz registar e que continua a ser muito importante e para a aproximação das relações”, apontou. “Não apenas entre Portugal e a China, mas de todo o mundo de língua portuguesa e da República Popular da China, como factor inestimável de conteúdo para a paz na humanidade”, sublinhou.

João Nuno Calvão da Silva manifestou também a esperança de que Macau mantenha o legado jurídico português após os 50 anos de validade da Lei Básica e da Declaração Luso-Chinesa. “Depois de 2049, se [Macau] sai desse tratado internacional, deste período de transição, obviamente nós esperamos que este trabalho que foi sendo feito, as pessoas que vão sendo criadas, este capital humano, fique aqui com uma cultura jurídica em que este ADN de Portugal e de Coimbra se vá manter”, afirmou Calvão da Silva.

O vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da UC explicou que actualmente existe um direito que “está a ser cumprido”, uma “Lei Básica” e um “conjunto de diplomas com uma matriz muito específica do direito português”.

“Em processo penal, (…) estamos a ter um cumprimento desse ordenamento jurídico, sabemos que até 2049 assim será, é assim que tem sido desde 1999”, considerou.

15 Out 2025

Diplomacia | Liu Xianfa pediu fim de “ataques” dos EUA à RAEM

O Comissário do MNE em Macau mostrou a sua insatisfação à cônsul-geral dos Estados Unidos em Hong Kong e Macau, Julie Eadeh, com os “chamados relatórios anuais” publicados pelos Estados Unidos sobre a RAEM que afirmou conterem “ataques e difamações”

 

O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, Liu Xianfa, apelou à cônsul-geral dos Estados Unidos em Hong Kong e Macau, Julie Eadeh, para acabar com “os ataques e difamações” contra Macau nos relatórios anuais. O pedido aconteceu durante uma chamada telefónica feita por Julie Eadeh a Liu Xianfa, a 10 de Outubro, de acordo com uma publicação na rede social Facebook, na página do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros na RAEM. Em Agosto, Julie Eadeh foi escolhida pelos Estados Unidos como a nova cônsul-geral em Hong Kong e Macau, sucedendo a Greg May.

Como parte das novas funções, e dado que a área de acção também inclui Macau, a representante americana fez uma “chamada telefónica de cortesia” a Liu Xianfa. Durante o telefonema, o comissário disse a Eadeh que espera que os Estados Unidos assumam um papel construtivo no desenvolvimento de Macau e que acabem os “os ataques e difamações”.

“O Comissário Liu apelou à parte norte-americana a acabar com os ataques e difamações contra Macau nos chamados relatórios anuais, a não comprometer a segurança e a estabilidade de Macau e a não impedir a prosperidade e o desenvolvimento de Macau”, consta no comunicado.

Em causa, estão os relatórios publicados anualmente pelo Departamento de Estado sobre direitos humanos, liberdade religiosa ou tráfico humano.

Liu Xianfa também terá indicado a Julie Eadeh a esperança de que ela “aja de forma a promover o intercâmbio e a cooperação entre Macau e os EUA” e que “desempenhe um papel construtivo no desenvolvimento estável, sólido e sustentável das relações entre a China e os EUA”.

Salvaguardar cooperação

De acordo com a versão do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, durante a chamada telefónica, Julie Eadeh destacou que “o envolvimento e a cooperação com Macau no comércio, investimento e intercâmbio entre os povos são importantes para os EUA” e que ela vai desempenhar um “papel activo” para concretizar esse intercâmbio.

Julie Eadeh é licenciada em Ciências, pela Universidade do Leste do Michigan e tem um mestrado em Estudos Árabes Contemporâneos pela Universidade de Georgetown. Fez parte do Departamento de Estado dos EUA, até ingressar nos Serviços Consulares americanos em 2004.

Ao longo da carreira teve passagens por embaixadas no Médio Oriente, em países como a Arábia Saudita, Líbano ou Iraque. Em 2010, tornou-se cônsul-geral dos EUA em Xangai, lugar que ocupou até 2012. Também desempenhou funções de chefe da secção política do Consulado dos EUA em Hong Kong, que agora vai liderar.

15 Out 2025

Cooperação | Sam Hou Fai recebeu governador de Hainão

O líder do Governo de Macau e o Governador de Hainão discutiram a possibilidade de aprofundar a cooperação entre as duas regiões. Sam Hou Fai espera o apoio da região conhecida como o Hawai da China para diversificar a economia

 

O Chefe do Executivo destacou contar com o apoio de Hainão para criar mais oportunidades de desenvolvimento para a RAEM. A mensagem foi deixada durante um encontro entre Sam Hou Fai e Liu Xiaoming, governador da província de Hainão, que esteve de visita a Macau.

Segundo a versão do Governo de Macau sobre o encontro de segunda-feira, Sam Hou Fai e Liu Xiaoming “trocaram opiniões sobre o fomento da cooperação cultural e económico-comercial” entre as duas partes e discutiram “o reforço da articulação na promoção de actividades turísticas e de exposições e convenções”.

Na reunião, Sam Hou Fai disse a Liu Xiaoming que “a RAEM e a província de Hainão se situam na região do Grande Delta do Rio das Pérolas” e que têm “acesso ao vasto mercado do Interior do País, como também estão ligados ao mercado do Sudeste Asiático”.

O dirigente de Macau apontou também que Macau e Hainão têm mantido “um intercâmbio frequente e profundo, e uma base sólida de cooperação em áreas como no turismo, na cultura, nas exposições e convenções”. E sobre esta parceria Sam Hou Fai apontou que foram alcançados “resultados notáveis”.

Ganhos mútuos

O líder da RAEM afirmou ainda que desde que as partes começaram a apostar na “promoção conjunta do modelo de uma viagem de multi-destinos” que a cooperação subiu para um novo nível e está a gerar “ganhos mútuos”.

Sam também frisou que “através do incentivo à reciprocidade de fluxos turísticos, promover-se-á o desenvolvimento dinâmico da indústria turística de ambas as regiões, alcançando benefícios recíprocos”.

Durante o encontro, cuja duração não foi divulgada, o líder de Macau adiantou a Liu Xiaoming que a RAEM está a adoptar políticas de “diversificação adequada da economia, promovendo com total empenho um desenvolvimento socioeconómico de alta qualidade”. E, neste processo, o Chefe do Executivo afirmou esperar “contar com o grande apoio de Hainão, e através da cooperação pragmática entre as duas partes, aproveitar plenamente as vantagens de cada uma”. Sam Hou Fai prometeu também “explorar mais modelos de colaboração para criar oportunidades de desenvolvimento mais amplas” para Macau e Hainão.

Além de Sam Hou Fai representaram Macau no encontro o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Chan Kak, o director do Gabinete de Estudos de Políticas e Desenvolvimento Regional, Cheong Chok Man, e o director dos Serviços de Assuntos Administrativos da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, Cao Jin Feng.

15 Out 2025

Óbito | António Coelho morre com 77 anos, mas deixa legado na gastronomia portuguesa

O fundador do Restaurante António morreu no domingo em Macau, devido a problemas de coração. Para trás, deixa uma marca e um conceito inovador de promoção da comida portuguesa na Ásia

Um pai, um amigo e um dos grandes embaixadores da gastronomia portuguesa na Ásia. O chef António Coelho morreu no domingo, com 77 anos, devido a problemas de coração, mas deixa para trás um percurso profissional de quase 40 anos e uma influência que se faz sentir em vários restaurantes e cozinheiros de comida portuguesa em Macau.

Nascido em Portugal em 1948, o primeiro contacto de António Coelho com Macau aconteceu em 1970, quando teve de cumprir o serviço militar obrigatório de quatro anos. Após dois anos, a terra ficou na memória, mas o futuro cozinheiro optou por regressar à Europa.

Em Portugal, começa por trabalhar na Segurança Social, mudando, mais tarde, para num laboratório de análises clínicas. Foi nesta área que desenvolveu o gosto pela gastronomia, não pelo trabalho, mas pelos vários almoços e jantares em diferentes restaurantes. Cada vez mais interessado na cozinha, António decide empregar-se, em 1984, num restaurante, onde admitiu ter aprendido a cozinhar, de acordo com uma entrevista ao jornal South China Morning Post, de 2018.

Os primeiros anos da nova carreira de António Coelho são passados em Portugal, onde desempenha diferentes funções como gerente-administrador do restaurante Botequim do Rei ou director do departamento de restauração do Grande Hotel da Curia. Em 1996, tem a primeira experiência internacional, como director do departamento de restauração do Hotel Trópico, em Cabo Verde. A experiência prolonga-se um ano.

Criação de um legado

Regressado a Macau em 1997, António vai trabalhando durante 10 anos em diferentes espaços, como os restaurantes Frol de la Mar, Lusitano, Lisboa, tendo ainda uma breve passagem por Hong Kong, em 2002, no Restaurante Inn. No entanto, o passo decisivo para a sua afirmação como um dos chefs mais influentes de gastronomia portuguesa na Ásia surge em 2007, com a abertura do Restaurante António.

E o êxito que se seguiu não foi obra do acaso, como contou Edgar Rodrigues, chef que veio para Macau para trabalhar no lançamento do projecto: “O sucesso teve por base as receitas, a qualidade da comida, mas também o muito profissionalismo”, afirma Edgar Rodrigues, ao HM. “Ele estava muito atento aos clientes. Se houvesse um pedido de amêijoas à bolhão pato, ele tinha receitas diferentes adaptadas à nacionalidade. Por exemplo, os coreanos não gostam de coentros, a receita para eles não tinha coentros. Os clientes chineses gostam de pouco sal, eram servidos com pouco sal, e os locais gostam da receita mais tradicional. Num único prato havia várias formas de cozinhar, só para satisfazer os diferentes clientes”, recorda.

Também Cristiano Tavares, actualmente chef do restaurante Macalhau, veio para Macau para trabalhar no Restaurante António. Considera que o chef encontrou um posicionamento para a comida portuguesa que ainda hoje influencia outros restaurantes. “Acho que o sucesso se deveu à maneira de ser, era uma pessoa politicamente correcta, tinha uma forma de trabalho que agradava tanto a turistas chineses, coreanos como japoneses”, explicou Cristiano Tavares, ao HM. “Éramos um restaurante de rua com quatro ou cinco cozinheiros. Ele conseguiu fazer o que ainda hoje muitos restaurantes grandes não conseguem fazer. Hoje em dia há muitos restaurantes com comida portuguesa que que abrem em Macau, mas seguem o exemplo do que ele fez”, considerou.

Qualidade e espectáculo

Além da comida, os clientes Restaurante António deixavam seduzir-se pelo “espectáculo”. É esta a visão de Marcelino Marques, amigo de António e músico que durante vários anos animou as noites do espaço, com música tradicional portuguesa.

“A qualidade da comida fazia com que o espaço fosse popular. Ele tinha muito cuidado na escolha da comida e das bebidas servidas. Ia a Portugal escolher vinhos de várias regiões, como o Douro ou o Alentejo, todos com muita qualidade, que eram engarrafados com a marca António. As pessoas sabiam que não iam pagar pouco, não que fosse um espaço com preços de luxo, não era, mas a quantidade servida não era pouca”, recordou Marcelino Marques.

Todavia, o músico considera que o sucesso também se deveu a um conceito em que a refeição também era um espectáculo: “As pessoas gostavam de ouvir a música portuguesa, mas também de estar com o António. Ele era uma pessoa afável, grande e aparecia com aquela jaqueta branca com as bandeiras de Portugal, China e Macau e as pessoas gostavam da presença dele e pediam-lhe para tirar fotografias” conta. “Ele também abria uma garrafa champanhe com uma espada. Fazia toda uma cerimónia e as pessoas gostavam muito disto. Era um espectáculo e uma festa ver a rolha a voar da garrafa. Funcionava bem”, lembrou.

Marcelino Marques recorda que a comida e o espectáculo faziam com que o restaurante fosse muito famoso, principalmente entre turistas japoneses, coreanos e de Hong Kong. O músico revela que as marcações dos turistas nipónicos aconteciam com dias de antecedência. E para este factor também contribuiu o facto de António oferecer no final das refeições um cálice de vinho do porto, o que também levou ao reconhecimento da Confraria do Vinho do Porto.

O sucesso do Restaurante António fez com que o chef vendesse o espaço a um fundo de investimento, passando a embaixador do espaço. A ruptura com o fundo aconteceu em 2020, quando foi despedido sem justa causa. O caso acabou nos tribunais, com António a vencer a causa. Nos últimos anos, António assumiu a posição de chef executivo no Angela’s Café and Lounge, no Hotel Lisboeta.

Um pai, um amigo

Devido ao trabalho em Macau, António foi distinguido, em 2013, pelo Governo da RAEM com a Medalha de Mérito Turístico da RAEM. Também em 2015, recebeu a medalha de mérito das comunidades portuguesas do Governo Português. No entanto, para quem trabalhou com ele o mais importante foi a relação que ultrapassou o campo estritamente profissional.

“Ele teve um grande impacto em Macau e para mim foi como segundo pai. Quando vim para Macau não tive uma vida fácil e ele sempre me deu a mão”, confessou Rodrigues. “Foi sempre uma pessoa que esteve presente para mim. E sempre o encarei como um homem de ferro. Em tudo o que ele fazia havia ali uma grande vontade”, apontou.

Este é um sentimento partilhado por Cristiano Tavares. “O António é o meu pai em Macau. Ele trabalhou até ao último dia, sempre com seriedade, honestidade e integridade. É um exemplo para todos os chefs que estamos nesta área”, indicou.

Para Marcelino Marques a morte de António é a perda de um amigo. “O António foi a pessoa que me acolheu em Macau e era capaz de o fazer o mesmo com toda a gente. Ele era rigoroso e exigente, mas era uma pessoa excelente”, descreveu. “Toda a gente o conhecia. Era uma pessoa afável e recebia como ninguém”, completou.

14 Out 2025

Obras | Comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de impacto

Apesar do planeamento e avisos antecipados do Governo, os comerciantes da Rua dos Mercadores consideram que as novas obras estão a afastar os clientes, levantar poeiras e a causar muito ruído

 

Os comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de estarem a ser afectados pelas obras para a futura instalação de tubagens. Os trabalhos iniciaram-se na semana passada, mas as lojas relatam que já estão a sentir que os clientes evitam aquela zona.

Ao jornal Ou Mun, um comerciante de apelido Chao afirmou que por causa dos incómodos causados pelas obras os clientes não têm vontade de ir às lojas nem sequer de frequentar a zona. Chao criticou as obras devido ao barulho elevado e frequente, assim como devido à poeira levantada pelas escavações.

O comerciante também criticou a sinalética no local, e afirmou que alguns clientes ao passarem no local ficaram com a ideia de que as ruas estavam fechadas à circulação de peões.

Além da redução do número de clientes, as queixas visam o facto de os veículos terem deixado de poder circular na estrada. Com os veículos a descarregarem longe das lojas, é necessário carregar os materiais. No entanto, o processo implica que as portas das lojas fiquem abertas, o que faz com que a poeira das obras penetre nos espaços e acabe por afectar todo o interior.

Apesar de o Governo ter alargado alguns passeios, Chao confessou que o alargamento tem efeitos limitados na atractividade daquela rua, porque os passeios continuam a ser estreitos.

As obras em curso visam instalar condutas para, no futuro, passarem tubos de outros edifícios, sem haver necessidade de voltar a escavar a estrada. No entanto, Chao considera que a obra não se justifica porque não tem benefícios para os comerciantes, apenas inconvenientes. Por isso, o empresário espera que o Governo apoie financeiramente os negócios afectados: “Em vez de estarem a pedir desculpas e compreensão, dado que não temos outra escolha, prefiro que apresentam medidas de apoio”, afirmou.

Males por bem

As obras foram igualmente criticadas por um trabalhador de uma loja de apelido Cheong. Este funcionário indicou que os trabalhos incomodam os transeuntes, fazendo com que a circulação nos passeios seja mais difícil, além de ser feita com um barulho incessante, que se prolonga todo o dia, e com nuvens de poeira.

No entanto, Cheong considera que a obra pode ser aceitável se servir, como prometido pelo Governo, para reduzir o número de intervenções rodoviárias no local. Segundo o Governo, a execução das obras visa abrir e instalar as condutas para que no futuro seja possível fazer as ligações de tubagens e drenagem a quatro novos edifícios naquela área, sem necessidade de voltar a escavar as ruas.

14 Out 2025

Macau | Dança folclórica portuguesa inscrita como Património Cultural Intangível

Macau anunciou ontem a inscrição de 12 manifestações, incluindo a dança folclórica portuguesa e os pastéis de nata locais, inspirados pelo pastel português, na Lista do Património Cultural Intangível da região semiautónoma chinesa. A inscrição foi confirmada num despacho, assinado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, com data de 26 de Setembro, mas que só foi hoje publicado no Boletim Oficial de Macau.

A Lista do Património Cultural Intangível do território passa a incluir também a confecção de massas Jook-Sing (uma rara especialidade feita com ovos de pato), biscoitos de amêndoa, bolos de casamento tradicional chinês e pastéis de nata. Os pastéis de nata de Macau, inspirados pelo pastel português, foram inventados por um britânico radicado na cidade, Andrew Stow (1955-2006).

A lista inclui ainda a crença e costumes de Tou Tei (o deus chinês da Terra), o festival e a regata de barcos-dragão, a dança do dragão, a dança do leão, o Festival da Primavera (que inclui o Ano Novo Lunar) e a arte marcial Tai Chi.

14 Out 2025

IAS | Famílias vulneráveis com segundo subsídio este mês

O Instituto de Acção Social (IAS) irá conceder, este mês, a segunda concessão de um subsídio de apoio às famílias vulneráveis, o “Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade”, a fim de “ajudar a aliviar a pressão de vida dos três tipos de famílias em situação vulnerável”, tal como famílias monoparentais, famílias com membros deficientes e famílias com doentes crónicos.

As famílias que sejam beneficiárias deste apoio do IAS podem receber este mês, em simultâneo, “o subsídio regular e o subsídio especial através de transferência bancária ou pela forma anteriormente fixada, sendo de 1.283 o número total de famílias beneficiárias” com os dois subsídios. No total, há 6.128 famílias que preenchem os requisitos do “Regulamento do Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade”, que implica uma despesa aproximada de 42,92 milhões de patacas.

Em relação às famílias beneficiárias que apresentaram o pedido ao IAS ou às associações ou instituições colaboradoras, e cujo pedido foi deferido, o subsídio especial ser-lhes-á atribuído a partir desta quarta-feira, 15, através de transferência bancária ou em dinheiro, sendo de 4.845 o número total de famílias beneficiárias neste contexto.

Numa família monoparental, o subsídio especial terá o montante de 2.650 patacas, enquanto que numa família de três pessoas o apoio é de 5.500. Numa família com oito ou mais pessoas, o valor sobe para 10.100 patacas.

14 Out 2025

Comércio China-PLP | Si Ka Lon pede melhoria de serviços

Recentemente reeleito deputado, Si Ka Lon interpelou o Governo sobre a plataforma de serviços “Conduta China-Países de Língua Portuguesa”, pedindo que o serviço melhore, nomeadamente com a criação de um sistema de certificação, a fim de levar mais marcas locais lá para fora

 

O deputado Si Ka Lon, recentemente eleito pela via indirecta pelos sectores industrial, comercial e financeiro, enviou nova interpelação ao Executivo onde defende uma melhoria de serviços prestados pela plataforma “Conduta de Comércio China-Países de Língua Portuguesa”, que visa “fornecer uma série de serviços de ligação e apoio às empresas, instituições e indivíduos com interesse em explorar e desenvolver os mercados da China e dos Países da Língua Portuguesa”, tal como “consultoria e encaminhamento de negócios”, entre outros serviços.

Na interpelação, Si Ka Lon questiona a eficácia dos serviços prestados até à data e pede que sejam criadas novas estruturas de apoio. “Actualmente os serviços da ‘Conduta do Comércio China-PLP’ focam-se nas questões administrativas e no fornecimento de informações, mas o Governo pode estudar o lançamento de medidas complementares mais avançadas e atractivas, como o estabelecimento de um regime oficial de certificação”, sugeriu.

Si Ka Lon acrescentou ainda a ideia de criação de um serviço de “incubação de marcas e apoios publicitários”, para que “os serviços sejam actualizados a fim de dar a esta plataforma um maior grau de capacitação, para elevar a atractividade e competitividade das marcas locais quando entrarem no mercado estrangeiro”.

O deputado ligado à comunidade de Fujian quer saber que estratégias dispõe o Governo para atrair marcas de elevado valor para o mercado de Macau e como se pode aproveitar o mercado local para explorar os mercados externos.

Incubadoras precisam-se

Si Ka Lon destacou que, tendo em conta a conjuntura de “dupla circulação” de bens e serviços com o país e a estratégia de abertura ao exterior da China pode levar ao desempenho eficiente das vantagens específicas de Macau no apoio a marcas de excelência no Interior da China, para que possam ter mais presença nos mercados internacionais. O deputado considera que este é um meio essencial para que Macau diversifique a sua economia e possa explorar novos pontos de crescimento.

Quanto à incubação de marcas locais, o deputado quer saber mais pormenores. Si Ka Lon recordou que o Governo terá dito que o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa de Sociedade Limitada estaria a realizar um estudo e a visitar empresas locais com vista a explorar o grau de excelência destas, sobretudo as empresas que começam negócios com os países da língua portuguesa. “Quais são os planos e ideias? Como será estabelecido uma ligação mais estreita com associações e entidades industriais para que seja implementado um desenvolvimento coordenado entre as marcas de Macau e do interior da China para a entrada no mercado estrangeiro?”, interpelou.

14 Out 2025

NBA | Paz retomada e regresso a Macau após seis anos

A Venetian Arena foi o palco do histórico regresso da NBA à China. E ao longo do fim-de-semana, várias celebridades como David Beckham, Jackie Chan ou Jack Ma estiveram nas bancadas para assistir os jogos de pré-época

 

Cerca de 14 mil pessoas assistiram na sexta-feira ao primeiro jogo entre equipas da liga norte-americana de basquetebol (NBA) na China após seis anos de ruptura.

Mais de hora e meia antes do arranque da partida entre os Brooklyn Nets e os Phoenix Suns, já centenas de adeptos faziam fila para entrar na Venetian Arena, que irá receber durante cinco anos jogos da pré-época da NBA. Apesar do basquetebol ser um dos desportos mais populares na China, a principal motivação para quem veio mais cedo foram as várias actuações de grupos musicais do Interior da vizinha Hong Kong antes do apito inicial.

Nenhuma das duas equipas é apontada para suceder aos Oklahoma City Thunder como campeões da NBA, mas, nas bancadas, completamente cheias, parecia haver mais fãs dos Nets, que contam no plantel com Zeng Fanbo. O jovem de 22 anos deixou os Beijing Ducks, da capital chinesa, para assinar em Agosto com os Nets, detidos pelo presidente da gigante tecnológica chinesa Alibaba, Joe Tsai Chung-Hsin.

Zeng foi escolhido para falar com os adeptos antes do início da partida e recebeu uma das maiores ovações da noite quando entrou pela primeira vez, quando faltavam três minutos na primeira parte. Com a bola a rolar, foram os Nets a dominar, chegando ao intervalo em vantagem (71-59), num encontro morno, apesar do muito ruído feito pelos adeptos, sobretudo a cada ‘afundanço’ ou lançamento triplo.

Assistência de luxo

A organização fazia os possíveis para manter o ambiente a ferver, chegando a lançar do tecto da arena recordações presas a míni pára-quedas e o mundo do futebol deu uma ajuda, com o antigo internacional inglês David Beckham sentado na primeira fila, ao lado do actor de Hong Kong Jackie Chan, de Joe Tsai e do fundador da Alibaba, Jack Ma.

Os descontos de tempo eram usados para trazer ao soalho celebridades chinesas, incluindo membros da mais famosa banda de Hong Kong, os Mirror, ou antigas lendas da NBA, incluindo dois antigos rivais: Shaquille O’Neal e o chinês Yao Ming. “Lembro-me de ver o Yao Ming a jogar pelos [Houston] Rockets quando era pequena. Mas esta foi a primeira vez que vi a NBA ao vivo. Foi de loucos!”, disse à Lusa Fang, de 33 anos.

Esta adepta dos Suns, que voou dois mil quilómetros de Pequim, ainda estava rouca depois de ver a equipa a recuperar na segunda parte e vencer por 132-127, após tempo extra, ao final de mais de três horas. Os Nets têm uma oportunidade para conseguir a desforra no domingo, quando as duas equipas se voltarem a encontrar, na mesma arena.

Mais importante do que o resultado foi mesmo o regresso à China. A NBA não disputava jogos na China desde 2019, quando Daryl Morey, então director-geral dos Houston Rockets, demonstrou nas redes sociais apoio aos protestos antigovernamentais em Hong Kong.

“A maioria destes adeptos infelizmente não teve a oportunidades de ver jogos [da NBA], mas demos-lhes aqui um espectáculo e sentimo-nos apoiados”, disse, depois do jogo, o treinador dos Nets, o espanhol Jordi Fernández. A NBA recusou-se a punir Daryl Morey, mas a televisão estatal chinesa CCTV deixou de transmitir jogos da liga norte-americana, um hiato que custou 400 milhões de dólares em receitas perdidas. Mas a paixão pelo basquetebol na China não esmoreceu, garantiu a estrela dos Suns, Devin Booker: “Há muito tempo que não sentia este nível de paixão (…). Foi importante a NBA voltar cá”.

13 Out 2025

Saúde | Tentativas de suicídio entre crianças duplicam até Junho

Entre Janeiro e Junho, um total de 14 crianças com idades até aos 14 anos tentaram acabar com a vida. Neste período, houve pelo menos 101 tentativas de suicídio

 

Pelo menos 14 crianças até aos 14 anos tentaram pôr fim à vida na primeira metade do ano, o dobro do número registado no mesmo período de 2024, avançou o Canal Macau. Entre Janeiro e Junho, registaram-se pelo menos 101 tentativas de suicídio, incluindo 14 crianças dos 5 aos 14 anos, noticiou na quinta-feira à noite a Teledifusão de Macau.

De acordo com dados do gabinete do secretário para a Segurança, o maior número de tentativas de suicídio (30) aconteceu na faixa etária entre os 15 e os 24 anos, enquanto dois terços (67) foram levadas a cabo por mulheres. Apesar disso, os números divulgados pelo gabinete de Wong Sio Chak revelam uma diminuição, uma vez que, na primeira metade de 2024 tinham sido registadas 125 tentativas de suicídio.

Durante todo o ano passado houve 249 tentativas de suicídio, menos oito do que em 2023. Na primeira metade do ano passado, os Serviços de Saúde de Macau (SSM) registaram 44 mortes por suicídio, menos três do que no mesmo período de 2023, incluindo um jovem de 12 anos. Na altura, os SSM disseram que “as possíveis causas do suicídio são principalmente resultantes de doenças mentais e de problemas relacionados com o jogo ou finanças”.

Dados desconhecidos

A chefe de Divisão de Prevenção e Tratamento do Jogo Problemático do Instituto de Acção Social (IAS) recordou na sexta-feira aos jornalistas que está quase a terminar um inquérito sobre a participação dos jovens em jogos de fortuna ou azar.

A organização social Sheng Kung Hui lançou em Junho um inquérito entre jovens com idades entre 13 e 35 anos, que está a decorrer até 17 de Outubro, disse Bonnie Wu I Mui. À margem de um fórum académico sobre o vício do jogo, a dirigente admitiu que o IAS não tem “o número exacto de suicídios relacionados com o jogo compulsivo” e encaminhou a pergunta para os Serviços de Saúde (SSM).

Mas ainda de acordo com a TDM, desde que foram revelados, no final de Maio, os dados sobre suicídios entre Janeiro e Março, os SSM não voltaram a divulgar esta estatística, habitualmente publicada de forma trimestral. No mais recente balanço, Macau registou 18 mortes por suicídio, menos quatro do que nos primeiros três meses de 2024.

De acordo com uma contagem feita pela TDM, com base em mensagens enviadas à imprensa pela Polícia Judiciária da região, houve pelo menos 60 mortes que podem ser atribuídas a suicídio até ao início de Outubro. Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.

13 Out 2025

Restauração | Novas classificações e multas maiores

A legislação sobre o licenciamento do sector da restauração vai ser reformulada, levando ao aumento de multas e à uniformização da classificação destes espaços, que passam a ter o único nome de “estabelecimentos de restauração e bebidas”. Destaque para o aumento de multas e maior flexibilização para a realização de obras

 

O Conselho Executivo terminou na sexta-feira a discussão de uma nova proposta de lei a dar entrada na Assembleia Legislativa (AL), intitulada “Lei da actividade de restauração e bebidas e estabelecimentos relacionados”, e que tem por objectivo principal a simplificação de serviços de licenciamento, bem como “a junção da descentralização de poderes com a gestão e optimização dos serviços”.

Esta proposta de lei vem reformular a legislação que existia desde 1996. Na prática, propõe-se a simplificação da classificação dos estabelecimentos de restauração, anteriormente classificados como “restaurantes”, “bares”, “estabelecimentos de bebidas” e “estabelecimentos de comidas”. Com a proposta de lei, usa-se apenas uma única classificação, “estabelecimentos de restauração e bebidas”, cabendo a supervisão ao Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). As “salas de dança” continuam autonomizadas e a pertencer à tutela da Direcção dos Serviços de Turismo.

Além disso, propõe-se criar “o regime de registo para os estabelecimentos de restauração e bebidas” e a “reformulação de diplomas legais complementares”, nomeadamente ao nível dos licenciamentos. Pretende-se também “flexibilizar os requisitos técnicos que os estabelecimentos estão sujeitos a observar”.

Multas a doer

Outro destaque nas alterações, vai para o “aumento dos montantes das multas”. Neste ponto, o Governo diz atender “à evolução social e mudanças económicas”, sendo, assim, “actualizados os montantes das multas aplicáveis às infracções administrativas correspondentes, com vista ao reforço dos efeitos dissuasores”.

Além de novas disposições transitórias, faz-se ainda a “flexibilização das restrições impostas às obras que se realizem em zonas de protecção e em zonas de protecção provisória”. Na prática, as obras a realizar “nos edifícios fora das ruas pitorescas publicadas ou nos lotes não imediatamente adjacentes aos imóveis classificados ou em vias de classificação não carecem do parecer prévio do Instituto Cultural”, o que permite “flexibilizar as restrições impostas às obras” e acelerar as remodelações.

Na sexta-feira o Conselho Executivo concluiu também a análise da proposta de lei “Regime de comercialização do ouro e da platina”, tendo em conta que a última legislação datava de 2003 e já não conseguia “satisfazer as expectativas dos consumidores em relação aos tipos e à qualidade dos artigos de ourivesaria”. Uma das mudanças passa pelo aditamento de “novas definições de platina, ouro chapeado e artigos revestidos a ouro”.

13 Out 2025

IAM | Funcionários sujeitos ao ETAPM

O Governo quer revogar o estatuto do pessoal próprio do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e aplicar-lhes o regime geral da função pública. A proposta foi apresentada na sexta-feira, na conferência de imprensa do Conselho Executivo.

“Face à uniformidade do regime de gestão de pessoal, a proposta de lei propõe a revogação do estatuto do pessoal próprio do IAM, passando este a reger-se pelo regime geral da função pública [Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau]”, foi revelado.

Se as mudanças forem aprovadas pela Assembleia Legislativa, os trabalhadores do IAM com “contrato individual de trabalho” também vão ter de assinar novos contratos, neste caso “contratos administrativos de provimento”. Apesar das alterações, o Executivo afirma que “a contagem do tempo de serviço anteriormente prestado e a validade das acções de formação frequentadas” destes trabalhadores não vão ser afectadas.

Além desta alteração, também o IAM vai ver serem transferidos para outros departamentos algumas competências, consideradas sobrepostas. O IAM vai assim deixar de exercer os poderes de “denominação de espaços públicos”, “atribuição de numeração policial” e “manutenção e reparação de vias e de redes de drenagem”. Estas funções serão transferidas para a tutela dos transportes e obras públicas.

13 Out 2025

Governo | Remodelação está a correr “muito bem”, diz André Cheong

O ainda secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, acredita que com Wong Sio Chak na liderança a secretaria Administração e Justiça “vai ficar cada vez melhor”

 

A dias de deixar o Governo para se tornar deputado, André Cheong garantiu que a remodelação do Executivo está a correr “muito bem”. As declarações do ainda secretário para a Administração e Justiça e porta-voz do Conselho Executivo foram prestadas na sexta-feira, após uma reunião do órgão consultivo.

No final do mês passado foi revelado que Cheong vai ser deputado a partir de quinta-feira e que o seu cargo vai passar a ser desempenhado pelo actual secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. A pasta da segurança vai ser assumida por Chan Tsz King.

Na sexta-feira, na sessão de perguntas e respostas do Conselho Executivo, André Cheong abordou as mudanças e deixou um sinal de confiança para o seu sucessor. “Sobre a transferência de trabalhos para o secretário Wong, tanto ao nível dos planos de trabalho como do pessoal, tudo está a correr muito bem”, afirmou.

O secretário que poderá ser o futuro presidente da Assembleia Legislativa, dependendo da eleição dos deputados, que acontece na quinta-feira, elogiou também Wong Sio Chak, não só devido à experiência, mas também devido ao mecanismo de protecção civil. “Como sabem o secretário Wong Sio Chak tem uma longa experiência administrativa e é muito competente a nível de gestão e liderança”, começou por indicar André Cheong. “Por exemplo, nestas funções actuais, a nível da protecção civil, durante a passagem do tufão Ragasa ele trabalhou muito bem. Creio que esta tutela [Administração e Justiça] com a liderança dele vai ficar cada vez melhor”, realçou.

Mais agradecimentos

Na sessão de sexta-feira, André Cheong deixou também agradecimentos a Ho Iat Seng, ex-Chefe do Executivo, e Sam Hou Fai, actual líder do Governo, pela confiança depositada e as nomeações para o cargo de secretário para a Administração e Justiça. Esta é uma posição que Cheong desempenha desde 2019.

Além de secretário, desempenhou as funções de porta-voz do Conselho Executivo. Nesta condição, Cheong afirmou ter apresentado mais de 350 diplomas legais, entre leis e regulamentos, um facto que mencionou não ir esquecer.

Perspectivando as funções de deputado, o ainda secretário prometeu ir utilizar a sua experiência política na Assembleia Legislativa, para promover “uma maior interacção e comunicação entre os poderes Executivo e Legislativo”.

13 Out 2025

Biblioteca Central | Recebidas 30 propostas para criação de superestrutura

Terminada a construção das fundações e caves do projecto desenhado pelo atelier Mecanoo, a edificação da superestrutura da Nova Biblioteca Central de Macau deve acontecer até ao final do ano

 

O concurso público de atribuição das obras da superestrutura da Nova Biblioteca Central de Macau resultou na apresentação de 30 propostas. A abertura dos documentos apresentados ontem pelos candidatos foi realizada ontem, na sede da Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP).

O concurso público foi lançado a 21 de Agosto e define 620 dias como o período máximo para a construção desta fase do projecto localizado no Tap Seac. As obras da superestrutura deverão também arrancar até ao final do ano, depois de ficar concluída a construção das fundações e caves.

De acordo com o Governo, o novo projecto vai permitir “resolver” o “problema da falta de espaço da actual biblioteca central”, além de cumprir a “missão de promover a leitura para toda a população, o intercâmbio cultural e mostrar as características locais”.

As propostas vão ser avaliadas com base no preço (um critério com um peso de 50 por cento na decisão, prazo de execução (15 por cento), experiência e qualidade em obras (20 por cento), programa de execução (10 porcento) e ainda tendo em conta o plano do programa dos recursos humanos e proporção de trabalhadores residentes em cargos de gestão (5 por cento).

A futura biblioteca vai ocupar uma área de cerca de 2.960 metros quadrados e o projecto prevê a construção de quatro pisos de altura e cave, com uma área bruta de construção de cerca de 13.800 metros quadrados. De acordo com os dados oficiais, esta área de construção é “dez vezes superior à da antiga biblioteca central”, localizada no lado oposto da Praça do Tap Seac.

O rés-do-chão e os pisos superiores da construção vão receber instalações como auditórios, zona de leitura de jornais e revistas, bibliotecas para adultos e crianças, salas de reuniões e espaços multimédia dedicados ao ensino.

Projecto atribulado

A construção da nova biblioteca de Macau está pensada há mais de 10 anos com os processos da escolha do local e da elaboração do projecto a ficarem marcados por várias polémicas.

Inicialmente, durante o segundo mandato de Fernando Chui Sai On como Chefe do Executivo, foi revelado um convite ao arquitecto português Álvaro Siza Vieira para desenhar a futura biblioteca. Contudo, devido à pressão de grupos de interesses locais, o convite ao arquitecto português foi retirado, o que levou à realização de um concurso público.

No âmbito do primeiro concurso, foi escolhido um projecto do atelier do arquitecto Carlos Marreiros, com um preço de 18,68 milhões de patacas. A biblioteca estava planeada para o antigo tribunal. No entanto, as obras nunca chegaram a arrancar, porque face às críticas sobre a localização planeada, o Executivo optou por escolher um novo local, o actual, localizado na Praça do Tap Seac e que implicou a demolição do antigo Hotel Estoril.

As mudanças levaram à realização de mais um concurso público, desta feita internacional que terminou com a escolha do atelier holandês Mecanoo. É este projecto que está a ser agora construído.

10 Out 2025

Estudo | Jogo é factor de estabilidade

O trabalho publicado no início do mês destaca a importância do jogo para a economia local e alerta contra aventuras de diversificação económica que possam colocar em causa a estabilidade local

 

Uma indústria susceptível de ser afectada por incertezas políticas e económicas regionais e globais, mas também altamente resistente e que deve ser encarada como um factor de estabilidade no território. São estas algumas conclusões do estudo com o título “Incerteza Regional e Global e os Impactos na Indústria do Turismo e do Jogo de Macau”, publicado na revista Cogent Economics & Finance da autoria do académico Tang Chi Chong.

Na investigação, publicada a 3 de Outubro, é reconhecido que as incertezas regionais e globais “podem influenciar as receitas de jogo” em Macau, e alterações nos ambientes económico e político terão impacto nas receitas de jogo. Este impacto é esperado ao nível das apostas nos casinos, principalmente se as incertezas acontecerem em locais como o Interior, Hong Kong, Taiwan ou Coreia do Sul, os principais mercados de turistas da RAEM. “A indústria do jogo de Macau não está isolada do mundo exterior”, é reconhecido.

Todavia, o estudo também conclui que o turismo de Macau apresenta uma grande resistência face a impactos negativos em comparação com os mercados tradicionais de turismo, onde o jogo tem menos importância. “O sector hoteleiro de Macau é menos sensível aos riscos e incertezas globais em comparação com os sectores hoteleiros tradicionais, em grande parte devido à presença da indústria do jogo”, é justificado. “No entanto, os impactos da incerteza regional e global não são significativos para a indústria pilar de Macau. O sector do jogo da cidade demonstra uma forte resiliência face à instabilidade económica e política, tanto a nível regional como global”, foi acrescentado.

Proteger a galinha

Face a estas conclusões, o estudo defende que a indústria do jogo deve ser protegida, mesmo num ambiente em que se tenta diversificar a economia de Macau.

“É evidente que a integração da indústria do jogo no sector do turismo de Macau aumenta a resistência geral da indústria do turismo e da hotelaria da cidade. A diversificação económica tem sido uma política fundamental do governo de Macau. No entanto, deve ser dada uma atenção especial à sensibilidade das diferentes indústrias em comparação com o sector do jogo”, foi avisado. “Se a indústria do jogo demonstrar uma elevada resiliência à incerteza, mantê-la poderá ser uma estratégia viável para estabilizar a economia. Além disso, a resiliência à incerteza pode servir como um critério fundamental para o governo na selecção de indústrias para desenvolvimento, uma vez que contribui para a estabilidade económica num contexto de crescente incerteza económica e política global”, foi acrescentado.

Tang Chi Chong está ligado à Universidade Politécnica de Macau, Universidade de Turismo de Macau e à Universidade Politécnica de Hong Kong.

10 Out 2025