Hoje Macau EventosArqueologia | Mostra “Rota Marítima da Seda e Macau” abre ao público sexta-feira É já esta sexta-feira que é inaugurada a exposição permanente “Rota Marítima da Seda e Macau” na área de conservação e exposição dos vestígios arqueológicos do fosso do Colégio de S. Paulo, situada na Rua D. Belchior Carneiro, atrás das Ruínas de São Paulo. Esta exposição, coordenada pelo Instituto Cultural (IC), tem como objectivo “dar a conhecer ao público a importância de Macau como um dos patos de trânsito da Rota Marítima da Seda”, bem como “divulgar e promover o valor patrimonial da própria Rota Marítima da Seda entre a sociedade local”. Através de textos e imagens, o público poderá saber mais sobre os locais históricos de Macau que integraram esta rota. No passado, o território era um dos importantes portos de trânsito para o comércio entre a China e o estrangeiro, tendo assumido durante o auge da Rota Marítima da Seda um papel relevante na exportação de vários produtos Chineses, tais como a seda e a porcelana, que chegavam à Europa, Japão ou América, entre outros destinos, a partir dos portos de Macau. Foi neste contexto que a região deu um contributo histórico fundamental, viabilizando não só a maximização do alcance do comércio mundial no contexto da Rota Marítima da Seda, mas também a promoção do diálogo e do intercâmbio entre diferentes civilizações. Nos itinerários de Ocidente para Oriente, a Rota Marítima da Seda contribuiu também para o desenvolvimento das características urbanas da cidade e para a consolidação da identidade multicultural de Macau. Ainda hoje, é possível reconhecer claros indícios do contexto da Rota Marítima da Seda no próprio tecido urbano, nos vestígios arquitectónicos e na dimensão cultural e espiritual da cidade, descreve o IC.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteObituário | Morreu Pedro Barreiros, grande divulgador da cultura macaense Filho do macaense Leopoldo Danilo Barreiros, divulgador de Camilo Pessanha e de Wenceslau de Moraes e presidente da Associação Wenceslau de Moraes, Pedro Barreiros faleceu este domingo vítima de doença prolongada. Quem com ele privou, descreve-o como um médico humanista e um importante divulgador da cultura macaense. Deixa por publicar uma autobiografia Morreu este domingo, vítima de doença prolongada, Pedro Barreiros, médico e um grande divulgador da cultura macaense, com uma enorme dedicação à divulgação dos escritos de poetas e escritores como Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes, bem como da memória do seu avô, José Vicente Jorge. Pedro Barreiros era filho do macaense Leopoldo Danilo Barreiros. Nascido em Macau em 1943, Pedro Barreiros formou-se em medicina em Lisboa, tendo ingressado no quadro de Oficiais Médicos da Força Aérea Portuguesa em 1968. Em 1997 foi promovido a Major General Médico e Director de Saúde da Força Aérea. Foi também professor de patologia entre 1982 e 2013, não apenas na Força Aérea, mas em várias universidades portuguesas. No entanto, a área das artes e cultura esteve sempre presente na sua vida. Pedro Barreiros, que foi também um dos convidados numa edição do festival literário Rota das Letras, esteve sempre ligado à pintura, que aprendeu ainda em criança com um mestre chinês. Em Macau, chegou a fazer algumas exposições individuais, entre os anos de 1990 e 2002. Em 2006, foi distinguido com a Ordem do Infante D. Henrique. Um comunicado da Associação Wenceslau de Moraes, à qual presidia, descreve-o como um “médico de aldeia e cidade, militar e civil, de guerra e de paz” que “a todos tratava com a devida atenção de quem sabe que a medicina é, antes de mais, uma ciência humana”. No entanto, Pedro Barreiros era “acima de tudo pintor”, e também “macaense, de alma, corpo e coração, filho de macaenses e de Macau”. Casado com Graça Pacheco Jorge, e ambos netos de José Vicente Jorge, Pedro Barreiros esteve ainda envolvido, juntamente com a sua esposa, na produção da fotobiografia “José Vicente Jorge – Um macaense ilustre”, editado pelo Albergue SCM. Tendo sido comissário das comemorações dos 150 anos do nascimento de Wenceslau de Moraes, foi nessa qualidade que Pedro Barreiros foi entrevistado, em 2005, pela RTP. Nessa conversa, desvendou um pouco do fascínio que sentia pelo percurso do escritor. “Wenceslau de Moraes foi uma das minhas paixões desde a juventude e o meu pai foi um dos biógrafos dele. Não apenas pelo seu aspecto literário, mas pela divulgação que me deu do Japão. Tinha também uma grande dimensão humana e disse, muito precocemente, que o ser humano amarelo era igual aos outros”, afirmou. Pedro Barreiros recordou a amizade íntima que uniu Camilo Pessanha a Wenceslau de Moraes e o facto de Pessanha ter sido “visita habitual da casa” do seu avô, Vicente Jorge. “Uma das minhas tias foi a primeira menina de Macau a ir estudar para Lisboa com uma bolsa paga pelo Camilo Pessanha e eles traduziram as oito elegias chinesas, oito poemas Ming descobertos por Camilo Pessanha numa caixa que ele teria comprado num antiquário”, exemplificou, numa outra entrevista concedida à RTP, desta vez em 2007. Ligado a Macau Ana Paula Laborinho, ex-presidente do Instituto Camões, e que trabalhou com Pedro Barreiros nas comemorações dos 150 anos do nascimento de Wenceslau de Moraes, recordou ao HM alguém “que primava pela solidariedade e pela atenção aos outros”. “Nunca deixou de querer visitar Macau e sempre se sentiu muito ligado a essa terra onde viveu muitos anos. Tinha uma relação muito especial com a comunidade macaense.” Tido como um “médico de excepção”, Pedro Barreiros “continuou a pintar e a desenhar, até aos últimos dias, porque essa relação com as telas e a sua paleta lhe trazia serenidade”. Ana Paula Laborinho destaca, neste aspecto, que “muitos dos trabalhos de pintura [de Pedro Barreiros] se fizeram em torno de poetas, quer chineses, como Li Bai, quer portugueses, como Camilo Pessanha”. “A relação entre a pintura e a escrita sempre esteve muito presente no seu percurso, feito de reflexão sobre a vida e as artes”, frisou. Ainda sobre o trabalho desenvolvido em torno da vida e obra de Wenceslau de Moraes, a actual directora em Portugal da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, Ciência e Cultura, lembrou que Pedro Barreiros “deu um impulso extraordinário para que conhecêssemos melhor Wenceslau de Moraes, que estava muito esquecido, e classificado praticamente como um escritor menor”. “Ele e a mulher tinham uma relação muito grande com uma figura [José Vicente Jorge] que teve contactos privilegiados com Camilo Pessanha. Têm um espólio notável que nos permite um conhecimento especial de Camilo Pessanha. Ele não deixou de trabalhar, de fazer exposições e de promover a obra deste poeta, dando um novo enfoque e permitindo que algumas ideias sobre Pessanha tenham sido alteradas.” Ana Paula Laborinho revelou ainda que Pedro Barreiros deixa por publicar uma auto-biografia, esperando que a família e amigos possam, a título póstumo, editar esse livro. “Estou certa que a comunidade de Macau se juntará a essa vontade.” Carlos Piteira, antropólogo macaense, recorda uma personalidade que fez “um trabalho essencial na divulgação dos princípios do que é a comunidade macaense, a sua identidade, e a própria singularidade de Macau”. “Pedro Barreiros é mais uma pessoa que perdemos e que nos faz falta para continuarmos a marcar a presença portuguesa e dos macaenses em Macau. Espero que as pessoas de Macau e em Portugal o recordem sempre como alguém que entregou parte da sua vida aos outros, essencialmente [em relação] ao que é a identidade macaense”, frisou ao HM. Perda de um amigo Mário Matos dos Santos, da direcção da Fundação Casa de Macau, em Lisboa, conta que perdeu “um grande amigo e promotor da cultura macaense”, mas também da cultura em geral. “Ele era um homem muito culto em todos os sentidos, muito equilibrado na sua visão da medicina. Fazia uma medicina quase social, porque era um excelente médico e muito humano. Tinha um consultório em Lisboa e outro ao pé de Mafra, onde também tinha uma biblioteca que punha à disposição dos doentes e dos visitantes, o que é notável do ponto de vista da divulgação cultural.” Pedro Barreiros tinha, sobretudo, “a humanidade de fazer medicina com preços acessíveis a muita gente, porque achava que era um veículo de apoio às pessoas”. Para Mário Matos dos Santos, o filho de Leopoldo Danilo Barreiros “transmitia com muita força as suas ideias e a visão da cultura macaense”. “Sabia respeitar o que tinham sido as suas raízes e dedicou muita da sua vida a continuar a obra do pai na recolha de testemunhos da cultura macaense, particularmente sobre Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes”, adiantou. Coração grande Também o arquitecto Carlos Marreiros diz ter perdido um amigo. Mas, na sua visão, Macau “ficou mais pobre e perdeu um filho ilustre”. “Ele era militar de carreira e médico, tendo-se dedicado muito à sociocultura de Macau e principalmente à investigação e divulgação de dois escritores da sua protecção, Wenceslau de Moraes e Camilo Pessanha”, acrescentou. Carlos Marreiros lembrou “o coração muito grande” de Pedro Barreiros, que “lutou com todas as forças contra a doença”. Em comunicado, a Casa de Macau em Lisboa também reagiu ao falecimento de Pedro Barreiros, recordando “um ser humano excepcional que dedicou toda a sua vida a outros como médico e homem multifacetado, que muito contribuiu para a divulgação e preservação da cultura macaense, quer através da arte, quer de outras formas expressivas”. As cerimónias fúnebres de Pedro Barreiros aconteceram no domingo, ao final do dia, com uma missa de corpo presente igreja da Força Aérea Portuguesa, sita junto do Palácio dos Marqueses de Fronteira – Pupilos do Exército. Ontem, decorreu a cerimónia de cremação no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
Hoje Macau EventosPinturas murais | Artistas locais espelham a sua arte em bairros antigos Sob proposta do Instituto Cultural (IC), vários artistas locais, como é o caso de Im Hok Lon, Ieong Man Hin, Sit Ka Kit e Lei Chek On, desenvolveram pinturas murais em vários espaços e bairros antigos de Macau, como é o caso da zona Anim’Arte Nam Van, a Escada do Coxo ou a rua de Tomás da Rosa. Este projecto foi desenvolvido em parceria com a Associação de Arte Juvenil de Macau. Estas pinturas “retratam a paisagem urbana do Bairro Horta da Mitra, recorrendo a imagens de pássaros que remetem para o nome chinês do bairro, onde outrora se caçavam pássaros”, explica um comunicado. “Com cores vivas e figuras expressivas, estas pinturas murais incorporam também elementos representativos do comércio existente na zona envolvente, aproveitando ainda a altura dos degraus para gerar um efeito tridimensional, que surpreenderá os visitantes à medida que sobem a escadaria”, lê-se ainda. O trabalho de Ieong Wan Si pode ser visto na zona Anim’Arte Nam Van. Intitulado “Quartos”, esta obra “resulta da combinação de técnicas convencionais da pintura a óleo e de cores modernas para representar, com diferentes composições cromáticas, as três fases de crescimento de uma rapariga, levando os visitantes a deambular pela memória e pelo espaço e como que a entrar em diferentes ‘quartos’ espirituais, à medida que percorrem o puzzle de quadros representativos de experiências e histórias de diferentes períodos da vida”. No caso do trabalho na Escada do Coxo, situada junto à Rua do Cunha, na zona da antiga vila da Taipa, este foi desenvolvido pelos artistas Vitorino Vong e Jane Ieng, ligados à Associação Cultural da Vila da Taipa. O mural retrata sardinhas coloridas que complementam as escadas decoradas com azulejos portugueses, apresentando a beleza vibrante da cultura portuguesa. Além disso, o IC concluiu a pintura mural na escadaria de pedra da Travessa da Boa Vista, tendo instalado antes um conjunto de instalações artísticas intitulado “Partilhar a Alegria com Mak Mak”, no Jardim Municipal da Taipa e nas Casas da Taipa. Desta forma, foram introduzidos mais elementos de turismo cultural nas ilhas.
Hoje Macau EventosEstudante chinesa vence primeira edição dos Prémios Fundação Jorge Álvares Zhao Zilin, aluna da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai (SISU, na sigla em inglês), venceu a primeira edição dos Prémios Fundação Jorge Álvares, para trabalhos sobre as relações entre Portugal e a China. Fernando Ilhéu, membro do Conselho de Administração da Fundação Jorge Álvares (FJA), confirmou à Lusa que a estudante chinesa venceu na categoria “Estudos lusófonos na linguística e na cultura e a sua influência na Ásia”. A investigação de Zhao Zilin analisa a forma como estudantes chineses de português aprendem os sons utilizados na língua portuguesa. A estudante do mestrado em Línguas e Literaturas Europeias (vertente Português) da SISU vai receber um prémio de mil euros e o trabalho será submetido para publicação na Revista do Instituto Politécnico de Macau. Os Prémios FJA foram criados em 2021 para encorajar estudantes de mestrado e doutoramento de universidades em Portugal, Macau e China continental a investigar os laços e a cooperação entre Portugal e a China. A fundação não recebeu qualquer candidatura às outras duas categorias dos prémios: análise das regras do investimento direto estrangeiro na China e nos países de língua portuguesa; e estudos comparativos sobre gestão empresarial na China e em Portugal. Segundo um comunicado da SISU, Zhao Zilin disse querer continuar a fazer pesquisas sobre as duas línguas, contribuindo para o desenvolvimento dos laços entre a China e Portugal nas áreas do ensino e da cultura. A FJA é uma estrutura criada em dezembro de 1999, no quadro da transferência da administração de Macau, que tem como objetivo promover o diálogo intercultural entre Lisboa e a região chinesa. Desde 2016 que o presidente da Fundação Jorge Álvares (nome do português que foi o primeiro europeu a chegar à China, por via marítima, no século XVI) é o general Garcia Leandro, que governou Macau entre 1974 e 1979. Cerca de 50 instituições chinesas de ensino superior têm cursos de língua portuguesa, disse à Lusa, em novembro de 2020, o coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, Gaspar Zhang Yunfeng.
João Luz EventosIPIM | Macau promove sector de convenções e exposições em Fujian O IPIM participou no China Expo Forum for International Cooperation, em Fuzhou na província de Fujian, dando a conhecer as vantagens de Macau na organização de convenções e exposições. Além disso, o organismo procurou fomentar a comunicação e cooperação entre empresas locais do sector e os seus homólogos no Interior da China Por vezes, mais do que ter um bom produto a chave do sucesso é saber promovê-lo. Foi com esse intuito que o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) organizou a participação da RAEM na 17.ª edição do “China Expo Forum for International Cooperation” (CEFCO 2022) realizada entre a quarta-feira passada e sexta-feira, 12 e 14 de Janeiro, na cidade de Fuzhou, província de Fujian. O IPIM formou uma delegação composta por 21 elementos dos sectores das convenções e exposições e do turismo, com a missão de “divulgar conjuntamente as condições privilegiadas de Macau na organização de actividades de convenção e exposição e de fomentar uma maior comunicação e cooperação entre o sector local de Macau e os seus homólogos no exterior do território.” Um dos oradores do evento foi o presidente do IPIM, Lau Wai Meng, que entrou numa discussão colectiva sobre o tema “soluções para a revitalização global do sector de convenções e exposições no período de pandemia da covid-19”. O dirigente partilhou com os seus homólogos a experiência de Macau na organização de actividades deste âmbito, durante o período pandémico. Lau Wai Meng afirmou que, devido à relativa instabilidade e imprevisibilidade da situação pandémica actual a nível global, a circulação de pessoas continua a sofrer restrições de diferentes graus. Por isso, definir normas de prevenção pandémica em convenções e exposições e integrar acções online e offline com vista ao desenvolvimento contínuo do sector são necessidades fundamentais dos tempos que vivemos. Montanha em Fujian O presidente do IPIM sublinhou ainda a importância estratégica da Ilha da Montanha nas ambições da RAEM, sendo essencial “aproveitar as oportunidades resultantes do desenvolvimento sinergético de Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” para estimular a recuperação do sector. Os representantes participaram numa reunião plenária e em sessões de intercâmbio onde deram a conhecer as vantagens de Macau na indústria das convenções e exposições e partilharam conhecimentos com entidades de gestão, organizadores especializados e profissionais do sector para “explorarem em conjunto oportunidades de cooperação”. Citados pelo IPIM, os profissionais do sector que marcaram presença no evento afirmaram ter actualizado conhecimentos e encontrado potenciais clientes. Organizado em conjunto pelo Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT), pela Associação Global da Indústria de Exposições (UFI), pela Associação Internacional de Exposições e Eventos (IAEE) e pela Sociedade de Organizadores Independentes de Eventos (SISO), o IPIM descreve o “China Expo Forum for International Cooperation” (CEFCO) como uma “iniciativa que costuma atrair, em todas as suas edições, a presença de figuras prestigiadas do sector de convenções e exposições de todo o mundo”.
Andreia Sofia Silva EventosFringe | Companhia teatral “Rolling Puppet” olha para passado e presente de Coloane “A Space of New and Old” é o nome do espectáculo que a companhia “Rolling Puppet Alternative Theatre” apresenta este fim-de-semana, integrado no festival Fringe. Este é o resultado de uma residência artística realizada no ano passado e que descreve Coloane como ela é através dos relatos dos seus moradores mais velhos, num exercício permanente de imaginação É já amanhã e domingo, às 15h e 17h, que acontece, no âmbito do festival Fringe, o espectáculo “A Space of New and Old” [Um Espaço do Novo e do Velho], protagonizado pela companhia teatral “Rolling Puppet Alternative Theatre”. Este evento acontece no espaço da companhia, “House of Puppets Macau”, em Coloane. E é precisamente sobre Coloane, o seu passado e o seu presente, que versa este espectáculo. A partir de testemunhos de moradores mais antigos é contada a história muito peculiar da ilha, onde permanece um ambiente ecológico único no território. Com este espectáculo dá-se uma “colisão entre a magia e a arte”, num caminho percorrido “entre o velho e o novo”, com o destaque para as histórias orais visualizadas através do storytelling e da magia. Na performance, um mágico leva o público a revistar histórias antigas e do presente, coisas reais e imaginárias, ambientes e pessoas. Kevin Chio, produtor, e co-fundador da companhia teatral, em parceria com Teresa Teng Teng Lam, fala ao HM de um espectáculo que nasceu de uma residência artística realizada no ano passado. De frisar que Teresa Teng Teng Lam é a responsável pela dramaturgia do espectáculo e Jason Fong o mágico em palco e criador do projecto. “Como mágico, Jason [Fong] sempre olhou para a oportunidade de combinar [o formato] de storytelling com a magia. Durante este período criativo, mostramos a zona de Coloane a Jason, que conheceu os moradores mais velhos e recolheu testemunhos orais de histórias e contos. Na sua performance, o Jason combinou todos estes materiais para nos lembrar as pessoas, os eventos e as histórias que caíram no esquecimento”, apontou. Para Kevin Chio, é importante esta presença no Fringe, pois permite que “A Space of New and Old” cresça “da nossa residência artística para uma plataforma maior”, chegando “a um maior público”. “Espero que isso nos ajude a desenvolver o espectáculo”, acrescentou o produtor. Um desafio O espectáculo pode ser visto por pessoas com mais de 13 anos e é apenas em cantonês, tendo a duração de 1h15. Um dos maiores desafios, confessa Kevin Chio, é levar os espectadores até Coloane, “um lugar que fica muito longe do centro da cidade”. “Por outro lado, é um lugar onde podemos desfrutar do sossego, paz, e da natureza, o que nos permite relaxar.” Mais do que procurar captar mais público, Kevin Chio destaca também o desafio de produzir este espectáculo no meio de tantos outros, o que se traduz num enorme cansaço das equipas. “Temos tido muitos eventos culturais desde Novembro. Uma das razões, foi a pausa que fizemos nos meses de Agosto e Setembro, e todas as organizações culturais têm de terminar os seus projectos antes do mês de Março. O facto de essas actividades organizadas pelo Governo terem de corresponder ao ano financeiro faz com que tenhamos, algumas vezes, seis a sete eventos diferentes num só dia. Todos nós, desde artistas, à organização e ao público, estamos exaustos.” Para Kevin Chio, tal pode “diminuir a intenção do público, de ver o espectáculo”. Festival | Ofertas de fim-de-semana Além da iniciativa da “Rolling Puppet Alternative Theatre” em Coloane, o festival Fringe apresenta, nos próximos dias, outros espectáculos que revelam diversas performances artísticas. Uma delas, é o teatro de som “Regresso a Casa”, um trabalho original do grupo Edinburgh Fringe Showcase, e que acontece até domingo, na antiga residência do General Ye Ting. Também este sábado e domingo, nos jardins do departamento de património cultural do Instituto Cultural, decorre o espectáculo “Flortitude”, do grupo Zero Distance Cooperative, que revela as pinturas florais da artista visual Jenny Lei, misturadas com uma performance teatral interactiva. As sessões acontecem às 12h, 14h e 17h. No domingo, estreia a peça teatral “Tenant”, da companhia Ku Ieng Un, que relata o panorama do mercado de arrendamento para habitação no bairro do Iao Hon. Os espectadores irão participar neste espectáculo como se fossem arrendatários de casas, onde deixam as suas memórias. Os próprios moradores deste ano integram a performance. O ponto de encontro é no Centro Cultural e Educacional Yizhen, estando programadas várias sessões até ao dia 22. Até domingo, decorrem as sessões do espectáculo de teatro e dança “Illegal Immigrant”, do grupo Un Iat Hou. Também aqui, o bairro do Iao Hon assume o protagonismo, com as suas histórias de emigrantes ilegais que vieram da China para Macau em busca de uma vida melhor. Ainda até domingo, pode ser vista a performance interdisciplinar “Lift Left Life Live”, do PO Art Studio. Durante 45 minutos é explorada a possibilidade imaginária de viajar, agora que a pandemia nos impossibilitou de o fazer livremente. O público é, assim, convidado a fazer as suas malas e a embarcar numa viagem não planeada. Com várias sessões, o ponto de encontro tem lugar na zona dos táxis em frente à Torre de Macau. Outro dos eventos que decorre no domingo, às 11h, no largo de São Domingos, é o espectáculo de dança “Kids Battle Dance”, da companhia The Dancer Studio Macau.
Hoje Macau EventosPedro Cabrita Reis | Peça “Três Graças”, em cortiça, exposta até 13 de Junho O artista português Pedro Cabrita Reis leva uma reinterpretação das “Três Graças”, em cortiça, ao Jardim das Tulherias, em Paris, a convite do vizinho Museu do Louvre, de 13 de Fevereiro a meados de Junho. “As ‘Três Graças’ interessam-me porque atravessam a história da arte europeia desde a antiguidade clássica grega. Resistiram a todas as erosões, todas as diferenças de pensamento, processos históricos, mudanças de paradigmas políticos, ideológicos, revoluções”, afirmou, em entrevista à agência Lusa. Estas figuras “vêm lá do fundo, muito antes da democracia ateniense, passam pelo Império Romano, chegam à Idade Média, têm um momento de brilho ainda mais acentuado no Renascimento, voltam a reaparecer no século XVII e XVIII com Rubens, e chegam até à modernidade com Picasso, Matisse, e tudo isso”, detalha. Convite parisiense As três esculturas nascem a convite do Museu Louvre, em Paris. Quando recebeu o repto, a ideia veio “de imediato”, conta, não só porque sempre se quis debruçar sobre estas figuras, mas também porque lhe interessou “a colocação num espaço público”. “Começo por fazer umas pequenas maquetes, a partir de figuras, daquelas que se vendem, ‘kitsch’, os santinhos e santinhas de toda a qualidade, e a partir dessas figuras trabalho. Corto-as, recolo-as, transformo, aglutino fragmentos de diversas figuras que ganham depois uma autonomia e presença abstrata e não localizável do ponto de vista de iconografia. Não se sabe se é um Santo António ou uma Nossa Senhora da Conceição. É apenas um conjunto de objectos em pedra ou em gesso aglutinados”, relata. Essas maquetes foram depois enviadas para uma empresa “faz maquinação robótica” e “passam aquilo para um programa vetorial em computador que dá ordens a um braço robótico”. Foi esse braço robótico que esculpiu os blocos criados pela Corticeira Amorim, juntando “cortiça com outras matérias que, não hipotecando a ecologia e sustentabilidade, dão-lhe uma resistência que permite estar, como estas vão estar”, ao ar livre. Cada peça tem cerca de 4,50 metros e pesa aproximadamente 500 quilos, a que se somam os 400 quilos da base que as sustenta.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Espólio de Jorge Veiga Alves no arquivo digital do Centro Científico e Cultural de Macau As imagens e os vídeos do espólio pessoal de Jorge Veiga Alves vão passar a estar disponíveis para consulta na biblioteca digital do Centro Científico e Cultural de Macau. Foi também assinado um acordo para preservar o material capturado pela sua esposa no período em que a família viveu em Macau. O fotógrafo amador destaca o facto de muitas das suas imagens retratarem vivências que já desapareceram O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, irá disponibilizar na sua biblioteca digital o espólio fotográfico e de vídeo do fotógrafo amador Jorge Veiga Alves, economista que viveu em Macau entre 1986 e 1994. Além das fotografias relativas a esse período, o acervo inclui ainda fotografias e vídeos dos anos 2005 e 2016, bem como de alguns países asiáticos que Jorge Veiga Alves visitou com a família. O acordo não é de exclusividade com o CCCM, uma vez que algumas destas fotografias também estão disponíveis no website da Fundação Macau. De frisar que o espólio pessoal de Margarida Gomes Branco, esposa de Jorge Veiga Alves, também vai ficar disponível para consulta. “Tinha o gosto de preservar essas fotografias e a pandemia deu-me tempo para me dedicar a esse conjunto de imagens”, contou Jorge Veiga Alves ao HM. Hoje reformado, o fotógrafo amador tem publicado algumas destas fotografias nas redes sociais, tendo vindo a obter muitas reacções da parte de pessoas que viveram em Macau e não esquecem algumas vivências. Depois de criar também duas exposições digitais, em formato vídeo, Jorge Veiga Alves teve a iniciativa de contactar diversas entidades ligadas a Macau, situadas em Portugal, para que alguns planos pudessem ser desenvolvidos com o seu espólio. “Surgiu a possibilidade de uma das instituições fazer uma exposição este ano, e surgiu a proposta do CCCM, porque eles querem começar a ter uma biblioteca digital com imagens. E isso conjugou-se com a minha disponibilidade e com o facto de ter um arquivo com dezenas de fotografias e vídeos”, adiantou. Outra Macau Neste espólio podem ser encontrados retratos de uma Macau que já não existe, ou que se reconfigurou. “Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Às vezes andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.” Jorge Veiga Alves considera, portanto, que este espólio tem sobretudo interesse do ponto de vista documental. Um dos exemplos de lugares em extinção é os estaleiros de Lam Mau e Lai Chi Vun, em Coloane, hoje ao abandono. “Tenho muitas imagens sobre a construção naval nos estaleiros, e essa é uma actividade que já não existe.” Mas há também lojas que desapareceram, sendo que as diferenças já são notórias mesmo em relação a 2005. O fotógrafo amador gostaria de ver contadas as histórias da diáspora portuguesa de Macau, “de como [os portugueses] viviam e interagiam com o território”, sendo esta uma história que está por contar por oposição à da diáspora macaense em Portugal, defende o também ex-trabalhador na Autoridade Monetária e Cambial de Macau. Já reformado, Jorge Veiga Alves não quer ficar por aqui no que à fotografia diz respeito. “Há outros temas que já estão a nascer e que estão relacionados com isto, como a percepção de que o tempo está a passar. Há sítios que já não são os mesmos, como ruas, lojas ou pessoas. Existem como há 20 anos, mas já são completamente diferentes.”
Andreia Sofia Silva EventosFestival Fringe | Espectáculos apostam na inclusão através da arte O programa deste ano do festival Fringe inclui uma série de espectáculos e workshops que visam a inclusão de idosos ou portadores de deficiência. A associação Comuna de Pedra, dirigida por Jenny Mok, juntou-se a várias entidades para trazer para os palcos a voz dos que, muitas vezes, são esquecidos ou excluídos da sociedade A associação Comuna de Pedra, dirigida por Jenny Mok, apresenta na 21.ª edição do festival Fringe três espectáculos, workshops e um documentário em parceria com outras entidades, com o objectivo de promover uma maior inclusão de portadores de deficiência ou idosos através do mundo das artes. A primeira iniciativa, um workshop corporal para idosos, aconteceu no sábado, mas há muito mais actividades a decorrer ao longo deste mês. Esta semana, o “Workshop de dança simbiótica” acontece entre amanhã e sábado no Centro de Actividades do Patane, entre as 14h e 18h. Com o professor Yuenjie Maru, de Hong Kong, trabalha-se a ideia de que qualquer pessoa, independentemente da sua condição física, pode dançar. Os destinatários desta iniciativa são idosos com mais de 60 anos ou portadores de deficiência física ou mental, embora todos possam inscrever-se. No sábado e domingo, acontece “Veias dançantes”, em parceria com a associação Soda-City Experimental Workshop Arts Association e o centro para idosos da Casa Matteo Ricci. Esta performance de dança tem lugar na Casa do Mandarim, às 15h, onde dois coreógrafos locais vão dirigir os idosos do centro num espectáculo que conta, ao mesmo tempo, com as suas experiências de vida em Macau. Na próxima semana, nos dias 17, 18 e 19, está agendada a peça de teatro “A Tarefa Interminável da Luxúria pelo Fracasso para Estudantes do Ensino Secundário”. No Teatro Caixa Preta, no edifício do Antigo Tribunal, acontece um espectáculo realizado em parceria com a Compania Weinheimer/Elber, da Suíça, a Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau e a Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box. As escolas são convidadas a participar num espectáculo com a duração de cerca de uma hora e meia onde, mais uma vez, o corpo e a expressão pessoal de cada um assumem um personagem sem regras pré-definidas. Por sua vez, no fim-de-semana de 22 e 23 de Janeiro decorre, na Casa Garden, o projecto “Corpo-específico!”, que já integrou o cartaz do TODOS Festival no ano passado. Mais uma vez, o professor Yuenjie Maru colabora num espectáculo que promove a diversidade e a inclusão, em parceria com o Centro Lustroso da Caritas Macau. Aqui, cada um dança de acordo com a sua abordagem pessoal e condição física, recorrendo ao método “Danceability” e elementos de dança simbiótica. No mesmo fim-de-semana, acontece a projecção do documentário “Como fazer curadoria de arte inclusiva”, de O Chi Wai, e que conta a história do trabalho que a Comuna de Pedra tem desenvolvido, nos últimos anos, com as minorias. Haverá ainda uma sessão de partilha com curadores de festivais de arte inclusiva no auditório da Casa Garden. Apenas Huichao Ge, de Pequim, e a própria Jenny Mok estarão presentes fisicamente, estando programadas sessões por videoconferência com Yao Lee Chun, de Taiwan, Grace Cheng, de Hong Kong, e Grace Lee-Khoo, de Singapura. Os esquecidos Jenny Mok, que há cerca de dez anos realiza projectos culturais comunitários com minorias, assume que “é muito bom” poder voltar a apresentar alguns espectáculos inseridos na programação do festival Fringe. “Este é um direito que todos têm de ter acesso à arte e de a poder expressar”, contou ao HM. Com estas iniciativas, pretende-se “chamar a atenção para aquilo que falta na nossa comunidade”, uma “sociedade consumista e materialista, onde as coisas se fazem depressa e existe o pensamento de ganhar dinheiro e viver segundo uma economia de escala”. Para Jenny Mok, “parece que estamos a perder uma parte importante da humanidade, que passa por incluir diferentes tipos de pessoas”. Portadores de deficiência ou idosos com limitações de locomoção “também são parte da sociedade, e muitas vezes não são envolvidos em muitas das decisões e políticas”. “Não os vemos muito, na verdade, e esse é um problema. Colocá-los em espectáculos [é importante] e eles encaram-nos como se fossem uma espécie de embaixadores. A sociedade de Macau tem ainda um longo caminho a percorrer em prol de uma maior justiça e inclusão. Para termos uma sociedade mais justa há ainda muito que fazer, temos de dar voz a estas pessoas e penso que o palco pode ser uma boa plataforma”, concluiu a directora da Comuna de Pedra. Arranque com dose dupla A 21.ª edição do festival Fringe começa hoje com duas iniciativas. Uma delas chama-se “OAR” (zero AR), com direcção artística da dupla AΦE (Aoi Nakamura e Esteban Lecoq), que faz a sua estreia asiática. Este espectáculo, de apenas dez minutos de duração, apresenta uma experiência de realidade aumentada com grupos de cinco pessoas. A iniciativa acontece até sexta-feira, entre as 16h e as 18h, no Parque Central da Taipa, no pavilhão situado junto ao campo de basquetebol. No sábado e domingo, o mesmo evento acontece entre as 10h e as 12h, as 13h e as 15h e as 16h e as 18h. Na segunda-feira há uma nova sessão entre as 16h e as 18h. “OAR” volta a ter lugar no fim-de-semana de 22 e 23 de Janeiro na zona de lazer da Praça das Orquídeas. A performance “Sound Theatre Back Home” também pode ser vista hoje entre as 19h e as 21h na antiga residência do general Ye Ting, na rua do Almirante Costa Cabral. O espectáculo repete no mesmo horário até sexta-feira, estando também programadas sessões para sábado e domingo.
Hoje Macau EventosEspólio documental da artista portuguesa Helena Almeida doado à Fundação Gulbenkian O espólio documental de Helena Almeida (1934-2018), que inclui 8.900 registos fotográficos esclarecedores do processo de trabalho de uma das mais relevantes artistas nacionais, foi doado à Fundação Calouste Gulbenkian, anunciou a entidade. O espólio a ser integrado no acervo da Biblioteca de Arte da Gulbenkian resulta de uma doação concretizada por vontade da família de Helena Almeida, “autora de um dos percursos artísticos mais relevantes da segunda metade do século XX, em Portugal”, indicou um comunicado da fundação. Constituído por um conjunto diversificado de documentação, o espólio inclui correspondência com várias entidades, instituições e galeristas, processos de venda de obras de arte e ainda processos relativos a exposições, alguns com as plantas das salas e imagens que documentam a instalação das obras. Dos cerca de 8.900 registos fotográficos que compõem este acervo, mais de 6.000 reproduzem obras de arte, “permitindo uma melhor clarificação do processo de trabalho realizado entre 1967 e 2018 pela artista”, que foi bolseira da Fundação Gulbenkian em Paris, em 1964, e possui uma ampla representação na coleção do Centro de Arte Moderna (CAM). O acervo abrange ainda recortes de imprensa, críticas, e um conjunto de títulos, entre catálogos da década de 1970, e um núcleo de obras de História da arte e estética – do final dos anos 1950 até aos anos 70 – com marca de pertença da artista e do marido, o arquiteto e escultor, Artur Rosa (1926-2020). “Este espólio permitirá não só uma melhor compreensão da prática artística de Helena Almeida, como também ajudará a contextualizar o panorama artístico nacional”, sublinhou a Gulbenkian, no comunicado, acrescentando esperar que o conjunto lance “uma nova luz sobre o processo de trabalho de uma das mais brilhantes artistas nacionais”. Para o administrador da fundação Guilherme d’Oliveira Martins, citado no comunicado, a integração deste acervo na Biblioteca de Arte, “juntando-se ao Arquivo Alberto Carneiro e aos espólios de Fernando Calhau, David de Almeida e Jorge Vieira, consolida-a como a biblioteca de referência para o estudo e a compreensão da produção artística nacional entre a segunda metade do século XX e primeiras décadas do presente século”. À medida que for sendo inventariado, este espólio será progressivamente disponibilizado, servindo de apoio à investigação das 16 obras da artista que integram a coleção do CAM e ao estudo de investigadores, curadores e críticos, quer nacionais quer estrangeiros. Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, dando origem a uma obra que se destacou pela auto-representação, refletindo sobre as relações de tensão entre o corpo, o espaço e a obra. Usou o seu corpo como suporte e objeto de criação, utilizando a pintura, a fotografia, a gravura, a instalação e o vídeo. Helena Almeida estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz. A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004 participou na Bienal de Sidney, tendo a sua obra sido exibida no âmbito de mostras individuais e coletivas em museus e galerias nacionais e internacionais. Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), no Porto, em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017). Apresentou igualmente, em 2017, uma exposição individual “Work is never finished” no Art Institute, em Chicago, nos Estados Unidos. A sua obra está presente em coleções portuguesas e internacionais como: Coleção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação de Serralves, Porto; Centro de Artes Visuales, Fundación Helga de Alvear, Cáceres; Fundación ARCO, Madrid; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; MEIAC – Museo Extremeno e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Badajoz; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM – Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres.
Hoje Macau EventosLaboratório Chinês-Português bate Google em concurso de tradução automática O Laboratório de Processamento de Linguagem Natural e de Tradução Automática Chinês-Português da Universidade de Macau conquistou cinco primeiros lugares numa competição internacional, batendo rivais como a Google. A universidade revelou na segunda-feira que o laboratório e a equipa de tradução da Dharma Academy, ligada à gigante tecnológica chinesa Alibaba, desenvolveram em conjunto um modelo de avaliação da qualidade de traduções automáticas apelidado de RoBLEURT. Na sexta edição da Conferência sobre Tradução Automática, que decorreu ‘online’, em novembro, o RoBLEURT foi usado para avaliar oito testes de tradução de chinês, inglês, checo, alemão, japonês, islandês e hausa, uma língua falada sobretudo no Níger e Nigéria. O modelo da Universidade de Macau foi o melhor a avaliar quatro traduções de comunicados de imprensa e uma tradução oral, conquistando ainda dois segundos lugares e um quinto lugar. O RoBLEURT teve um melhor desempenho do que os modelos apresentados pela gigante tecnológica norte-americana Google e pela Unbabel, uma ‘startup’ portuguesa que aposta na tradução automática juntando inteligência artificial a pós-edição humana. André Martins, vice-presidente de inteligência artificial da Unbabel, e a brasileira Mariana Neves, investigadora do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Risco, fizeram parte da organização da conferência.
Hoje Macau EventosGuitarra portuguesa | Novo livro conta história com mais de 200 anos Acaba de ser lançado, em Portugal, a obra “Guitarra Portuguesa”, de Samuel Lopes, que inclui dois cd com gravações e que “reúne, pela primeira vez, o resumo dos mais de 200 anos de história” deste cordofone nacional, indica a apresentação. Para o autor, “a guitarra portuguesa é um instrumento de cordas tradicional português, identificável em qualquer parte do mundo pela sua sonoridade inconfundível”, cuja origem “remonta aos fins do século XVIII, resultado da fusão entre a cítara da Europa Ocidental e a guitarra inglesa”. Samuel Lopes sublinha que, “apesar de ser o instrumento de eleição no acompanhamento do fado”, é “um instrumento de concerto com repertório próprio”. Construída “com madeiras e materiais nobres”, a guitarra tem 12 cordas de aço “dispostas sem seis pares ou ordens, o cavalete em osso, a caixa-de-ressonância redonda, o pequeno braço com a voluta ornamentada e a cravelha em forma de leque, os embutidos de madrepérola ou os ornamentos na própria madeira”. Sendo esta a descrição geral da guitarra portuguesa, defende o autor a existência de três tipologias: a do Porto, a de Lisboa e a de Coimbra, sendo “actualmente as mais utilizadas as de Lisboa e Coimbra”. Visualmente, distinguem-se as tipologias pela voluta, a de Lisboa em forma de caracol e a de Coimbra em forma de lágrima. Quanto ao corpo, a de Coimbra tem a forma de uma pêra e a de Lisboa de uma tangerina, entre outras distinções, como a espessura das cordas e a afinação. “A guitarra do Porto praticamente caiu em desuso atendendo às pequenas dimensões do corpo”, explica o autor. A portuense é “muito semelhante à sua congénere de Lisboa”, mas a “voluta com terminação em forma humana, de animais ou flores”. O livro, bilingue (português e inglês), é editado pela Seven Muses, com apoio da Direcção-Geral das Artes, e dedica capítulos à construção da guitarra portuguesa e à sua evolução histórica, referindo que o mais antigo livro sobre o instrumento data de 1796, de autoria do mestre de capela António Silva Leite.
Andreia Sofia Silva EventosZhuhai | “This is Beishan Station” leva música, cinema e arte à cidade vizinha Manuel Correia da Silva está a desenvolver em Zhuhai um novo projecto cultural que pretende fazer a fusão com o festival This is My City, a celebrar 15 anos de existência. No “This is Beishan Station”, no bairro de Beishan, há lugar para o cinema, a música e a fotografia O bairro de Beishan, em Zhuhai, é o palco para o novo projecto de Manuel Correia da Silva, co-fundador do festival This is My City (TIMC), que há 15 anos acontece anualmente em Macau. O projecto, intitulado “This is Beishan Station” pretende fazer a fusão desta onda cultural criada com o TIMC, levando à cidade vizinha de Zhuhai música, cinema e artes feitas por pessoas de Macau, mas não só. Depois de um fim-de-semana marcado pela inauguração, no sábado, de uma exposição de fotografia “#OFFLINE”, do fotógrafo sérvio Nikola Sekularac, a viver em Zhuhai, o dia de domingo foi marcado por um ciclo de exibição de filmes intitulado “Made in Macau 1”, em parceria com a associação audiovisual CUT, sediada no território. No próximo sábado haverá uma sessão de música experimental com actuações ao vivo dos DJ’s MATT.ET e DISCOBOMBULATOR, ambos de Macau, e Neon. Haverá ainda VJ’s que vão colocar “imagens em movimento” com a presença do artista Os Wei, um nome já habitual no TIMC e que trabalha essencialmente com videoarte. O painel encerra com o VJ Luitinho. “A Beishan Station é um espaço que, pelas características da sua localização e a sua própria arquitectura, presta-se muito ao que tem sido o trabalho de promoção, curadoria e produção que temos feito com o TIMC em Macau”, começou por contar Manuel Correia da Silva. Esta é também uma forma para o próprio festival expandir fronteiras, algo que os seus criadores procuram há muito. “No âmbito da celebração dos 15 anos do TIMC, estamos à procura de novas oportunidades e formatos para que a nossa acção cultural possa evoluir com base em Macau. Faz todo o sentido avançar com actividades na cidade vizinha de Zhuhai, pela óbvia relação que Macau tem com a China.” Sobre a exposição de Nikola Sekularac, Manuel Correia da Silva explicou que se tratam de imagens que retratam o dia-a-dia nas ruas de Zhuhai. “Isso tem uma relação directa com o que temos tentado fazer, no sentido de perceber as cidades onde estamos. É uma exposição que tem um formato muito particular. ‘#OFFLINE’ faz o jogo entre as imagens que consumimos online e a necessidade que tivemos de as trazer para um formato offline.” Intercâmbio de raiz A equipa do “This is Beishan Station” é quase a mesma do TIMC, mas há caras novas. Manuel Correia da Silva fala numa tentativa de “fusão” das duas cidades. “Há 15 anos que produzimos eventos em diferentes áreas da cultura, no sentido de conhecer os novos artistas e promover os que já conhecemos, além de estreitar a relação entre estas duas cidades tão próximas, mas ainda muito afastadas em muitas coisas.” Para o co-fundador do TIMC, esta tentativa de fusão pela via cultural tem sido algo inédito. “Este intercâmbio cultural ainda está por fazer. E a maneira como o fazemos é, de certa maneira, inovadora na China. É um formato completamente independente e uma nova maneira de apresentar cultura no país”, adiantou. Depois de dois fins-de-semana repletos de cultura, a ideia é prosseguir com uma programação nos próximos meses, que não passa necessariamente pelo formato “This is Beishan Station”. “Vamos continuar a apostar na música e no cinema. Quem sabe também em exposições, mas o ano começou agora, o espaço é novo e estamos focados em cada passo”, rematou.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Exposição colectiva de fotografia começa quinta-feira “Seeing the light in black and white” é o nome da exposição que será inaugurada na quinta-feira na Creative Macau. João Miguel Barros e Francisco Ricarte são os fotógrafos portugueses entre um colectivo que integra Rusty Fox, Tang Kuok Hou, Jason Lei e Ieong Man Pan A fotografia a preto e branco, com os seus contrastes muito próprios, é o foco principal da nova exposição que a Creative Macau inaugura na quinta-feira, e que estará patente até 19 de Fevereiro. “Seeing the light in black and white” [Vendo a luz a preto e branco] conta com trabalhos de nomes locais que já são bem conhecidos do mundo da fotografia, tal como João Miguel Barros, Francisco Ricarte e Rusty Fox, num total de seis. Ao HM, Francisco Ricarte disse que apresenta na exposição um conjunto de cinco fotografias tiradas em Shenzhen em finais de 2019. “Foram todas tiradas no mesmo local, a um edifício de arquitectura moderna que me fascinou do ponto de vista do seu conteúdo e da relação estabelecida com o interior, exterior e zonas de sombra”, contou. O fotógrafo e arquitecto optou por “um preto e branco intenso”, onde as colunas do edifício sobressaem num forte jogo de sombras. “Há fotos em que praticamente está tudo negro e apenas se vê uma parte do edifício. As suas colunas, a branco, contrastam com a envolvência de tons mais escuros e carregados.” Com estas imagens, Francisco Ricarte tentou demonstrar “como é a visão e a interpretação do ponto de vista da fotografia a preto e branco”, bem como “mostrar que é possível novas abordagens e ter uma visão interpretativa da luz quando ela não é directa”. Fotografar com estas tonalidades, ao invés da cor, “é extremamente desafiante e uma questão de sobrevalorização de determinados contrastes cromáticos”, frisou. “A cor está ausente e articula-se muito bem com determinados tipos de sentimentos e emoções”, adiantou Francisco Ricarte, que faz fotografia apenas nos tempos livres, mas que tem integrado várias exposições no território com os seus trabalhos. Uma viagem de comboio No caso de João Miguel Barros, que por norma privilegia a fotografia a preto e branco no seu trabalho, o público poderá ver imagens que integram a última edição do seu projecto Zine Photo, com o tema “Pendolino”, e que abordam “uma viagem de comboio feita entre as cidades de Lisboa e Porto, com regresso a Lisboa”. Nesse dia, João Miguel Barros capturou “um dia chuvoso e uma paisagem difusa”. Estas são imagens impressas em película fotográfica e colocadas numa caixa de luz. A opção “permite evidenciar os rastos de chuva nos vidros da janela do comboio, acentuando o dramatismo que pretendi captar com este trabalho”, contou o fotógrafo e advogado. A participação nesta mostra colectiva da Creative Macau é, para João Miguel Barros, como regressar às origens, ao lugar onde fez a sua primeira exposição individual, depois de muitos anos a trabalhar na advocacia. “Desde então já tanta coisa aconteceu, e continua a acontecer, quer na produção autoral, quer na curatorial, quer até na editorial. E só passaram cinco anos!”, referiu. A Creative Macau descreve que o trabalho dos seis fotógrafos pretendeu dar respostas à verdadeira essência da captura de imagens, e se há ou não verdade numa era em que a fotografia é bastante modificada com as novas tecnologias. Actualmente, as tonalidades e as cores do mundo que nos rodeia podem assumir novas perspectivas. “Estes seis fotógrafos apresentam a arte da fotografia com o seu estilo muito próprio. Eles criaram algo novo e original, ao manipular a natureza da imagem ou não, para ‘mostrar a verdade’”.
Andreia Sofia Silva EventosTeatro | Comuna de Pedra apresenta peça que explora medos nascidos da pandemia Jenny Mok é autora e intérprete de um dos três monólogos que compõem o espectáculo “A Doomsday Memorandum”, peça com o selo da Comuna de Pedra, em exibição amanhã e domingo nas Oficinas Navais nº 2. O espectáculo espelha medos e sentimentos num mundo em profundas mudanças sócio-económicas e políticas devido à pandemia A pandemia e os seus efeitos psicológicos são temas centrais do novo espectáculo que a Comuna de Pedra começou a escrever em 2020 e que desenvolveu com o aclamado artista de Hong Kong Dick Wong. “A Doomsday Memorandum”, integrado na série de espectáculos intitulada “De-corps-struction” é apresentado este fim-de-semana nas Oficinas Navais nº 2, às 20h, apenas em chinês. A peça é composta pela entrega em palco de três actrizes que são autoras e intérpretes dos seus monólogos. Em termos conceptuais, “A Doomsday Memorandum” não tem personagens no sentido clássico, mas a apresentação de ideias e emoções das actrizes. Jenny Mok, directora da Comuna de Pedra, traz ao palco a sua própria pessoa através de um monólogo “muito diferente” dos restantes. “Decidi focar-me no facto de, no meio de uma crise económica, ter uma opinião diferente em relação à maioria das pessoas, sobretudo a nível político ou social”, contou ao HM. “Poderemos falar sobre esta nossa ideia ou será que estamos sozinhos? É sobre este sentimento de solidão, quando sentimos que a nossa opinião não é defendida pelos outros”, acrescenta. Helen Ko, outra das actrizes em palco, dará uma espécie de TED Talk “a apresentar sugestões ao público sobre a melhor forma de vencerem os seus medos”. Inês Kuan é outro elemento do trio que apresenta esta peça. “É um espectáculo que envolve ecos de como reagimos às situações que enfrentamos”, adiantou. “Centralizamos os nossos sentimentos em relação a estas mudanças e sobre o conceito do apocalipse, e essencialmente como os seres humanos estão a enfrentar os seus medos nesta situação.” Dick Wong “levou muito tempo” a preparar os textos com as suas intérpretes, por se tratarem de escritos “muito pessoais, quase auto-biográficos”. Trabalhar com Dick Wong à distância, devido às restrições da pandemia, foi um dos grandes desafios que a equipa teve de enfrentar. “Esta é a terceira vez que trabalhamos com ele. Escrevemos este projecto ainda em 2020 e as coisas nunca voltaram ao normal como nós pensávamos. As autoridades foram alterando as regras, mas mantiveram sempre a quarentena obrigatória, e esse foi o maior desafio para fazermos este espectáculo.” Mudanças rápidas O apocalipse é “parte do conceito” da performance, uma vez que, para existir de verdade, pressupõe que todos os humanos morrem após uma catástrofe. Isso não aconteceu, mas não significa que as alterações profundas à vida que se conhecia até aqui não tenham acontecido. “O tema remete para o que está a acontecer em todo o mundo há dois anos, e são mudanças muito rápidas a nível social, económico e político. Há sempre este sentimento de medo perante isto.” Jenny Mok recorda que o mundo já vinha mudando, devido ao desenvolvimento tecnológico, mas “com a pandemia as mudanças foram ainda mais evidentes”. “Este espectáculo pretende ser um eco daquilo que está a acontecer actualmente”, rematou.
Hoje Macau EventosEscola chinesa explora contos de Sophia de Mello Breyner Andresen Uma escola de Xangai acolheu uma sessão dedicada aos contos infantis de escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, alguns dos quais foram recentemente publicados numa edição inédita em chinês. Xu Yixing, a diretora do Departamento de Língua e Cultura Portuguesas da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai (SISU, na sigla em inglês), apresentou os contos aos alunos da Escola Primária de Dong’er, segundo informação divulgada pelo Consulado-Geral de Portugal em Xangai. A académica partilhou histórias e ilustrações animadas dos livros “O rapaz de bronze”, “A árvore”, “A fada Oriana” e “A menina do mar”, cujas edições em chinês foram depois oferecidas à escola. Uma equipa liderada por Xu Yixing traduziu os contos infantis de Sophia de Mello Breyner Andresen para a língua chinesa, numa edição inédita, publicada no ano passado pela Shanghai Foreign Language Education Press, a editora da SISU. Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das mais distintas vozes literárias do século XX português, nasceu no Porto, em 1919, e morreu em Lisboa, a 02 de julho de 2004. Para a infância, publicou ainda “A noite de Natal” (1959), “O cavaleiro da Dinamarca” (1964), “A floresta” (1968), “A cebola da velha avarenta” (1986) e, a título póstumo, “Os ciganos”, obra completada pelo neto, Pedro Sousa Tavares. A SISU foi a segunda universidade da China continental a oferecer licenciaturas em português.
Hoje Macau EventosFRC | Concerto de música clássica e Bel Canto acontece este sábado É já este sábado que acontece, na Fundação Rui Cunha (FRC), um concerto de música clássica e canto integrado na série “Os Sons da Praia Grande”, sendo esta a primeira sessão da iniciativa “Sábados de Bel Canto”. Este espectáculo acontece às 17h e é co-organizado pela Associação Vocal de Macau [Macau Vocal Association – MVA], contando com a participação do barítono Lam Chi Wai e da jovem Priscilla Hao. O programa de sábado inclui peças de compositores como Robert Schumann, Franz Schubert, Francesco Paolo Tosti, Ernesto de Curtis, Gaetano Donizetti, Ruggero Leoncavallo e Giuseppe Verdi, que serão interpretadas pelo barítono Lam Chi Wai, acompanhado ao piano por Coris Cheong. No final da apresentação, Priscilla Hao cantará dois temas, da autoria de Andrew Lloyd Webber e de Giuseppe Giordani. Lam Chi Wai é membro da MVA, com um currículo no panorama da música lírica local. Obteve o segundo lugar para solo vocal no 20º Concurso de Música Juvenil de Macau; e no 22º Concurso de Música Juvenil de Macau foi segundo lugar no Western Song Group, onde também ganhou um prémio honorário, e primeiro lugar no Chinese Song Group, acumulando ainda o Prémio de Mérito. Priscilla Hao tem oito anos e é aluna na Escola Secundária Anglicana da Taipa. Estuda piano desde os quatro anos e meio e participa com frequência em competições ou apresentações de piano, estando habituada aos palcos e a actuar em público. Os “Sábados de Bel Canto” realizam-se na FRC desde 2014. O objectivo desta iniciativa cultural é o de “estabelecer uma plataforma para promover o encontro e a prática vocal dos amantes da música lírica, alunos e membros da Associação Vocal de Macau, através destes pequenos concertos mensais nas tardes de sábado. E, ainda, dar oportunidade aos mais jovens de adquirirem experiência de performances musicais ao vivo.
Hoje Macau EventosMorreu a artista plástica açoriana Maria José Cavaco A artista plástica açoriana Maria José Cavaco morreu hoje, aos 54 anos, deixando um importante legado à pintura nos Açores, com mais de uma dezena de exposições individuais, avançou hoje o Governo Regional. Maria José Cavaco nasceu em Ponta Delgada em 1967, licenciou-se em Pintura pela Universidade de Lisboa em 1990 e concluiu o Doutoramento em Arquitetura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos, no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em 2017. Através de uma publicação no Facebook, a Secretaria Regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital “lamenta profundamente o prematuro desaparecimento da artista plástica Maria José Cavaco”. O Governo dos Açores destaca que a pintora “realizou mais de uma dezena de exposições individuais e, a partir de 1988, participou em diversas exposições coletivas, realizadas em Portugal, Espanha, Estados Unidos e Macau”. A obra de Maria José Cavaco está presente em várias coleções públicas e privadas, como na Presidência do Governo Regional, no Museu Carlos Machado e no Arquipélago – Centro de Arte Contemporânea dos Açores. Em 2016, a artista recebeu o Prémio de Pintura “António Dacosta”. Em 2019, realizou uma exposição no Convento de São Francisco, no concelho açoriano da Lagoa, e, em 2018, promoveu exposições na Galeria Fonseca Macedo e na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Ponta Delgada e Lisboa, respetivamente. De julho a novembro de 2021, o Centro de Arte Contemporânea dos Açores realizou uma exposição dedicada a Maria José Cavaco, intitulada “Lugares de Fratura”.
Hoje Macau EventosLivraria Lello no Porto em vias de ser classificada monumento nacional A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) pretende classificar a Livraria Lello e Irmão, no Porto, como monumento nacional, decorrendo por 30 dias úteis um período de discussão pública, segundo anúncio publicado ontem em Diário da República (DR). De acordo com a publicação em DR, o director-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, refere ser intenção da DGPC propor à tutela a reclassificação da Lello “como monumento de interesse nacional, sendo-lhe atribuída a designação de ‘monumento nacional’”. A Lello está classificada como monumento de interesse público desde 20 de Setembro de 2013. No anúncio, o responsável acrescenta que a consulta pública tem a duração de 30 dias úteis. A intenção de reclassificar a livraria surge na sequência de um parecer da Secção do Património Arquitectónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, que mereceu a concordância do diretor da DGPC. A Lello, situada no Centro Histórico do Porto, nas imediações da Torre dos Clérigos, apresenta-se como “um dos mais importantes edifícios da arquitectura eclética portuguesa, integrando marcenarias e vitrais sem paralelo no país”, sendo “um ‘ex-líbris’ da cidade”, refere a DGPC na sua página da Internet. “Ao seu valor arquitectónico e artístico acresce a importância cultural que tem assumido de forma contínua ao longo do tempo, bem como o seu excelente estado de conservação, a autenticidade e exemplaridade da estrutura e da decoração, e a merecida fama internacional de que desfruta”, acrescenta a DGPC. Mil e um detalhes Inaugurado em 1906, o estabelecimento “alberga no seu edifício monumental uma das mais antigas e prestigiadas editoras nacionais”, lê-se na nota histórico-artística da livraria. O edifício foi concebido segundo projecto do engenheiro Xavier Esteves, sendo que “a fachada neogótica é rasgada, no piso térreo, por um arco Tudor de grandes dimensões, abrangendo a porta central e as montras laterais, e sobre o qual corre a legenda Lello e Irmão”. “No registo superior destaca-se uma grande janela tripla, flanqueada por duas figuras representando a Arte e a Ciência, sendo o conjunto da fachada pontuado por decoração vegetalista e geométrica de cariz medievalista, platibandas rendilhadas e pináculos enquadrando um remate em arco conopial”. Já no interior, “os arcos em ogiva apoiam-se em pilares esculpidos com bustos de escritores como Antero de Quental, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Tomás Ribeiro e Guerra Junqueiro, sob baldaquinos rendilhados”. “O amplo vitral revivalista com a divisa da casa, Decus in Labore (Dignidade no Trabalho), da claraboia, os esplêndidos tectos em estuque dourado e o magnífico trabalho de marcenaria, bem representado pelo corrimão em madeira da imponente escadaria, constituem os elementos decorativos mais emblemáticos da livraria”, descreve ainda a DGPC.
Andreia Sofia Silva EventosOtildo Justino Guido, o poeta que usa a palavra para lutas sociais Venceu o prémio literário Fernando Leite Couto [pai do escritor Mia Couto] em 2019, que lhe deu acesso a um mundo que já era seu. Otildo Justino Guido é uma das novas promessas da poesia moçambicana, mas, acima de tudo, um activista que luta com as palavras que escreve. “O Silêncio da Pele” é o seu mais recente livro Folhear “O Silêncio da Pele”, o livro de poemas de Otildo Justino Guido, vencedor do prémio literário de Fernando Leite Couto de 2019, é como experimentar um permanente jogo de palavras entre a língua portuguesa e os dialectos locais. A presença de palavras como “Xipfalo” ou “Xitique” na obra “O Silêncio da Pele” assume papel de alerta para a importância da preservação de uma identidade local. Conversamos com Otildo Justino Guido no último festival literário internacional de Óbidos, o FOLIO, onde nos falou da carreira literária que só agora está a dar os primeiros passos. Além da edição de “O Silêncio da Pele”, o autor já editou em Portugal “O Osso da Água”. Para o autor, a distinção do prémio Fernando Leite Couto representou “uma entrada no mundo literário”. “Não só lanço o livro como este prémio tem também um grande significado no país. É gratificante.” Em “O Silêncio da Pele”, Otildo Justino Guido aborda “várias situações ligadas a Moçambique”, e é por isso que surgem as palavras presentes nos léxicos locais, pois “as línguas maternas, ou nacionais, estão agora a atravessar momentos críticos”. “O livro procura levantar, de certa forma, problemas sociais e culturais do país, tal como a existência e a liberdade. Estes são universais, mas também nos afectam como moçambicanos.” Para o jovem poeta, os moçambicanos têm de existir “como cidadãos perante a globalização e vários outros factores mundiais”. “Há guerras que assolam o país há vários anos, que são intermináveis, que de certa forma não têm uma explicação lógica. Quero que o povo moçambicano exista acima de qualquer coisa e situação. Também falo da liberdade. Há este paradigma sobre ser aquilo que queremos ser, que somos.”, frisou. Se nesta obra Otildo Justino Guido assumiu uma postura de activismo, em “O Osso da Água” o autor apresentou-se a si mesmo. “Trabalhei mais com a temática, organizei vários cadernos literários e cada um deles versa sobre um assunto ou os problemas do país. Levanto também problemas que levantei de forma mais superficial em “O Silêncio da Pele.” O centro cultural Além de editar a obra “O Silêncio da Pele”, o prémio literário Fernando Leite Couto serviu também para criar, em Inhambane, terra natal do poeta, o centro cultural Palavra & Sol. “Era necessário fazer alguma coisa, os locais. Pensei que já estou naquela terra há muito tempo e ninguém tinha ainda ousado fazer alguma coisa. Realizamos conversas literárias, oficinas de escrita, tertúlias, saraus poéticos, apresentações de livros ou exposições de arte.” O autor conta que, até aos 14 anos, não teve contacto com o livro como objecto literário, mas dentro de si a poesia e a literatura já fervilhava. “A maior parte das bibliotecas são do Estado e têm muitos livros didácticos e académicos. O livro literário também é importante porque é outra forma de comunicar e de ver as coisas. Posso dizer que desde os quatro ou cinco anos que passei a dedicar a maior parte do meu tempo à literatura, e isso fez com que eu conhecesse escritores importantes de vários países, não apenas do universo da língua portuguesa.” Formado em contabilidade, profissão que ainda exerce e ama, Otildo Justino Guido encara a poesia “como uma necessidade de existir”. “É importante escrever poemas porque a poesia é o que nos faz ser. A contabilidade é uma profissão, que eu amo. Quando agarro uma coisa dedico-me a ela. A poesia deu-me a possibilidade de escrever”, confessou. Assumindo que Moçambique está, neste momento, a “passar por vários momentos de turbulência e de caos, na área política e social”, o poeta considera que “é complicado sobreviver e ser moçambicano neste momento”, “não apenas porque a guerra nos ataca a nós, mas também porque ataca outro irmão, e é difícil sabermos que o nosso irmão está a sofrer”. “Como activista social e cultural, sobretudo escritor, apresento esta solução, escrever, chamar a atenção para o que se passa. Mesmo que não mude nada as pessoas vão saber o que se passa. A literatura deve ser o espelho de uma sociedade e de um tempo. Esta é a minha missão”, concluiu.
Hoje Macau EventosFRC recebe “Visões”, uma mostra com curadoria do académico Lampo Leong A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta, na próxima quarta-feira, 12, uma nova exposição intitulada “Visões”, com curadoria do académico Lampo Leong, da Universidade de Macau (UM). Esta mostra conta com 30 trabalhos de 20 artistas locais, que são estudantes ou professores do Centro de Artes e Design da UM. A mostra tem entrada livre e está patente até ao dia 22 deste mês. Esta exposição apresenta uma “natureza interdisciplinar e multimédia de diversas práticas artísticas, apresentando uma mistura ecléctica de trabalhos criativos de professores” e incluem pinturas contemporâneas a óleo, aguarela, ilustração, fotografia ou cerâmica, entre outras expressões artísticas. O manifesto artístico desta mostra conta que, durante séculos, o território “foi um ponto de encontro cultural, tecnológico e comercial da China e do Ocidente”. “Da mesma forma, a pós-graduação em arte e educação em design na UM visa sintetizar os conceitos artísticos chineses e ocidentais, incorporar artes e tecnologias e transcender as fronteiras convencionais entre arte e design. As explorações criativas delineiam as ricas tradições culturais da China e falam de uma linguagem global da era contemporânea”, lê-se ainda. Professor doutor em arte, teoria e prática, bem como director do Centro de Artes e Design da UM, Lampo Leong tem já uma extensa carreira académica, tendo passado pela Academia de Belas Artes da China. Ele é responsável pelo ensino de desenho, pintura a óleo e acrílico, aguarela, tinta-da-china, caligrafia chinesa, desenho gráfico, design criativo de media, portfólios, publicações, entre outras matérias.
Andreia Sofia Silva EventosInstituto do Oriente | Criado podcast sobre a Ásia, com destaque para Macau Carlos Piteira é o coordenador da nova rubrica do podcast “Asia Talks”, dedicado às questões que marcam a Ásia, com particular incidência em Macau. Criado pelo Instituto do Oriente da Universidade de Lisboa, o projecto pretende dar voz não apenas a académicos, mas, sobretudo, a “pessoas comuns” que tenham vivido em Macau ou que mantenham uma ligação afectiva ao território e outras partes do continente O Instituto do Oriente (IO), entidade académica ligada ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, acaba de criar um podcast onde as problemáticas de Macau e da Ásia têm destaque. “Asia Talks” é o nome do projecto que terá uma rubrica exclusivamente dedicada ao território, e que será coordenado pelo antropólogo Carlos Piteira. Lançado a 15 de Dezembro, o podcast tem dois episódios disponíveis, sendo que o relativo a Macau ainda não está online. Mas Carlos Piteira contou ao HM que já tem cinco episódios gravados. “Estou a ter boas reacções. Foi o IO que me convidou e a ideia é captar um público mais jovem através dos podcasts, ao invés de publicar [apenas] trabalhos académicos.” Com esta iniciativa, Carlos Piteira não quer propor “retórica”. “Tenho muitas pessoas, alguns macaenses, outros não. Mais do que entrevistar pessoas comuns, pretendo que elas falem. O objectivo é manter Macau na agenda falando de Macau”, adiantou. No podcast serão ouvidas “pessoas que viveram em Macau uns tempos e que continuam apaixonadas” pelo território. “Vou tentar trazer jovens, filhos de macaenses ou jovens portugueses que estudaram lá. Essa é a alma de Macau e não tanto aquilo que escrevemos, mas essa componente, feita de pessoas que gostam de Macau. Vou tentar dar-lhes voz”, frisou, referindo que esta é uma alternativa ao fim das habituais crónicas que escrevia no jornal Ponto Final. Neste contexto, Carlos Piteira salientou que pretende lançar, ainda este ano, um livro que irá compilar os textos publicados no jornal. Falar da Ásia Em termos gerais, o podcast “Asia Talks” traz para as plataformas digitais uma discussão e análise sobre a Ásia, uma vez que o IO alberga académicos que se debruçam sobre zonas como o Médio Oriente, Filipinas, Macau ou Timor, entre outras regiões. O segundo episódio versa sobre o livro “The Presence of China in Portugal and the portuguese-speaking territories”, uma obra editada por Sofia Gaspar e Irene Rodrigues e publicada em Setembro do ano passado. No podcast, Sofia Gaspar refere que a obra tem “um carácter interdisciplinar”, com “várias temáticas que os investigadores têm procurado dar resposta”. Incluem-se, assim, temas como as comunidades chinesas em Portugal e a sua inserção na sociedade portuguesa através do ensino. A obra contém também capítulos sobre economia e empreendedorismo, incluindo a análise de como “Macau contribui como um território ponte entre a China e os países de língua portuguesa”.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Cartaz de Janeiro apresenta filmes de todo o mundo A Cinemateca Paixão apresenta em Janeiro um cartaz variado com filmes realizados nos quatro cantos do mundo. Um deles é “Casa de Antiguidades”, do cineasta brasileiro João Paulo Miranda Maria, que traça uma metáfora fílmica do Brasil O programa da Cinemateca Paixão para o primeiro mês de 2022 está repleto de filmes recentes de proveniência variada. Em língua portuguesa o cartaz inclui “Casa de Antiguidades”, do cineasta João Paulo Miranda Maria, que será exibido no dia 6 de Janeiro, às 21h. O filme, de 2020, foi a primeira longa-metragem da carreira do realizador brasileiro, que em declarações à Lusa explicou que “Casa de Antiguidades” é quase uma metáfora do Brasil, mas, sobretudo, de uma sociedade conservadora. Trata-se de “quase retrato alegórico” onde se pode encontrar um “Brasil muito diferente, no sul, mas frio”, sem a “visão tropical do costume, e que serve como “uma metáfora para o Brasil de hoje”. Coloca-se o foco no movimento actual “que vai ao fascismo, que é conservador, intolerante, racista, com vários preconceitos, e machista”. O filme é protagonizado por António Pitanga e passa-se numa casa abandonada, cheia de objectos e recordações, descoberta por Cristovam, um negro nativo do norte do Brasil, mais rural, que se muda para o sul do país para trabalhar numa fábrica de leite. Aí dá-se o confronto com a xenofobia e o conservadorismo do lugar onde se encontra. Este ano o filme foi candidato ao prémio Golden do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, além de outras candidaturas nos festivais de cinema de Cannes e Toronto. Da China chega-nos “The Reunions”, do realizador Chengpeng Dong, exibido entre os dias 6 e 16 de Janeiro, às 19h30. A película centra-se no projecto de um cineasta apaixonado pela comédia que decide contar a história de como a sua avó celebraria a passagem de ano na sua terra natal, num meio rural. No entanto, a avó morre antes de o realizador ter a oportunidade de realizar o projecto, mas isso não impede a reunião familiar. No ano passado, “The Reunions” foi candidato ao prémio Golden Goblet do Festival Internacional de Cinema de Xangai, e foi também representado no Festival Internacional de Cinema de Pequim. A proposta da sétima arte de Taiwan no cartaz de Janeiro da Cinemateca Paixão é o filme “American Girl”, do cineasta Feng-I Roan, que dará também uma palestra no dia 15 de Janeiro, após a exibição do filme. A película pode ser vista entre os dias 8 e 15 de Janeiro, porque quem já tem bilhete, porque todas as sessões estão esgotadas. A história de “American Girl” passa-se no Inverno de 2003 e revela o percurso de Fen, uma adolescente de 13 anos que tenta adaptar-se à vida em Taipei depois de descobrir que a mãe, a viver em Los Angeles, sofre de cancro da mama. Fen tenta então restabelecer a ligação com o pai, mas depressa a relação com os seus progenitores piora. “Wu Hai”, filme de Ziyang Zhou, será exibido entre os dias 4 e 15 de Janeiro. A película conta a história de um casal que vive uma vida feliz na cidade de Wuhai, até que uma série de peripécias complica as suas vidas. Os estrangeiros No segundo dia do novo ano, às 21h30, está agendada a última sessão do filme “Moon 66, Questions”, de Jacqueline Lentzhou, que foi candidato a um prémio do Festival Internacional de Cinema de Berlim. No ecrã da Cinemateca Paixão será contada a história de Artemis, que depois de anos de ausência regressa a Atenas para acorrer ao pai que está gravemente doente. A descoberta de um segredo do seu pai permite a Artemis conhecê-lo melhor e, como consequência, amá-lo verdadeiramente pela primeira vez. Nos dias 1, 5 e 9 de Janeiro, às 21h30, será exibido a produção francesa “Gagarine”, que revela a vida e os sonhos do jovem Yuri, com apenas 16 anos. A residir nas Torres Gagarine, Yuri sonha tornar-se astronauta, mas quando surge uma acção para demolir o edifício onde vive, o adolescente acaba por aderir ao movimento de resistência.
Andreia Sofia Silva EventosOchre Space | João Miguel Barros aposta numa galeria de fotografia em Lisboa Ainda sem data oficial de abertura, a Ochre Space, nome da galeria de fotografia fundada por João Miguel Barros na zona da Ajuda em Lisboa, começa a receber os primeiros eventos no próximo ano. A Ochre Space é composta por dois pisos cheios de imagens e livros e um lugar destinado à interacção entre fotógrafos de várias gerações Radicado em Macau desde 1987, o advogado João Miguel Barros tem investido cada vez mais na fotografia com inúmeros projectos pessoais e curadorias de exposições. O seu mais recente projecto, que vai abrir portas na zona da Ajuda, em Lisboa, é a Ochre Space, uma galeria de fotografia contemporânea que quer estabelecer uma ponte com a Ásia, mas, acima de tudo, tornar-se num ponto de interacção entre novos e experientes fotógrafos e com todos os amantes da imagem. O HM visitou este espaço composto por dois pisos que deverá ter uma livraria, um café e uma agenda de actividades com exposições e workshops. No entanto, nada está ainda definido. “Não vou abrir portas para já, talvez no Verão do ano que vem. Na parte de cima, que será pública, quero ter um ciclo de exposições regular, de conversas, de workshops. Quero criar uma dinâmica em torno da fotografia e da vídeo arte”, confessou João Miguel Barros ao HM. Abrir uma nova galeria em Lisboa era uma tarefa primordial, por ser a terra natal do advogado e fotógrafo. A capital portuguesa “tem uma grande ligação a todos os centros europeus, está perto de uma vida cultural muito intensa”. “Por outro lado, não vou ficar em Macau para sempre. Com a idade que tenho, gostava de ter um sítio que fosse mais acessível, e Lisboa é a minha terra. Macau foi uma terra que me acolheu”, disse. A Ochre Space não será apenas “uma delegação de Macau ou da China”, apostando “numa relação identitária com a Ásia em termos de projectos”. O trabalho do fotógrafo chinês Lu Nan, que já expôs em Portugal e que tem um intenso projecto fotográfico sobre doença mental na China, poderá ser a primeira mostra da Ochre Space. “Ele é uma pessoa pela qual eu tenho um enorme respeito”, confessou João Miguel Barros, que mantém uma amizade próxima com Lu Nan. Um projecto pessoal Há muito que João Miguel Barros queria fazer um projecto ligado à fotografia contemporânea chinesa. A juntar a esta vontade, começou a coleccionar, nos últimos cinco anos, centenas de livros de fotografia, essencialmente de fotógrafos asiáticos, mas não só. Nas grandes estantes, no andar de baixo, também cabem nomes como Sebastião Salgado, Josef Koudelka ou Cartier-Bresson. “Tinha este sonho de ter os livros todos juntos, porque acho que uma biblioteca não pode estar desmembrada, é como um corpo humano. Este espaço dá-me uma alegria infinita. Nesta biblioteca há uma componente asiática muito forte.” Assumindo já ter uma lista de nomes para exporem na Ochre Space, João Miguel Barros revela ter, neste ponto, uma enorme liberdade. “Vou trazer pessoas com as quais tenho uma identificação pessoal ou artística, porque este é um projecto pessoal. Não tenho interferências.” A estadia de longos anos em Macau tem permitido a João Miguel Barros vários contactos com fotógrafos e galerias chinesas. A Ochre Space pode ser, neste sentido, mais um centro de ligação entre Portugal e a Ásia, a par das instituições que, em Lisboa, desempenham esse papel numa acepção mais institucional. “Pode ser esse centro pelos livros que vamos ter à venda e pelas exposições. Queria muito fazer um intercâmbio de pessoas para trazer aqui. No futuro teremos uma videowall [parede com projecção de vídeo], pelo que a ideia é apresentar trabalhos em papel e fazer projecções de obras mais completas”, rematou.