Joalharia | Peças de Cristina Vinhas expostas a partir de hoje na Casa de Vidro 

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Cristina Vinhas está de volta às exposições individuais nove anos depois. “Mudanças” é hoje inaugurada na Casa de Vidro do Tap Seac, no âmbito das celebrações do 10 de Junho, e apresenta peças diferentes que pretendem chamar a atenção para a importância de preservar o meio ambiente. Para ver até ao dia 25 deste mês

 

“Mudança” é o nome da nova exposição individual de Cristina Vinhas que, nove anos depois da última mostra com o seu nome, apresenta novas peças de joalharia onde a necessidade de preservação do meio ambiente constitui a mensagem principal. Tratam-se de “peças novas feitas totalmente para esta exposição”, onde se misturam materiais como o vidro, o estanho ou o latão, entre outros.

“Esta exposição divide-se em duas partes, uma delas em que retrato o subsolo e outra o mar, a parte subaquática. Há algum tempo que trabalho nesta exposição pois tem peças especiais. Penso que é uma mostra diferente e original”, afirmou Cristina Vinhas ao HM.

Para a artista, que dá aulas de joalharia na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau (CPM), o tema “mudança” surge devido à importância “de um ajuste na forma de estar, de nos relacionarmos com os outros, com a terra e com o mar”.

“Tem de haver mais respeito pelo meio ambiente. A exposição é uma chamada de atenção. Além da parte da beleza [das peças], o que está subentendido é o alerta para a importância da protecção do ambiente”, acrescentou a artista.

A última edição do programa oficial de celebração do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas contou com uma exposição de peças de filigrana, mas Cristina Vinhas quis trazer algo de diferente este ano.

“Seria mais adequado [apresentar a filigrana], porque tem mais a ver com a nossa alma portuguesa, é mais conotado com a nossa joalharia. Mas não iríamos repetir. Tenho alguma dificuldade em repetir as peças e colecções, mas não descarto essa hipótese. Esta mostra é também um reflexo das vivências que tenho em Portugal e na Europa.”

Menos alunos

Cristina Vinhas não tem dúvidas: jamais conseguiria fazer as peças que compõem a mostra “Mudança” se não estivesse a viver em Macau. “As peças que encontrei há alguns anos em Cantão dificilmente conseguiria encontrar numa outra zona do mundo. Tenho a minha oficina em Portugal mas seria difícil fazer uma exposição de vidro lá.

Também consegui fazer a minha exposição por estar a leccionar na CPM. Aqui faço coisas que não conseguiria fazer noutro lugar, pois estou a trabalhar com outros materiais.”

Em Portugal, aponta a responsável, “acabamos por encontrar materiais mais tradicionais, e estas peças fogem um pouco ao que é habitual na joalharia”. “Na área do vidro também apresento uma abordagem diferente. Faço a combinação do vidro com estanho e latão, que não é comum ver e penso que o resultado é bastante interessante”, frisou.

“Mudança” foi ainda possível devido ao facto de Cristina Vinhas ter menos alunos no atelier de joalharia na CPM, devido ao facto de muitos portugueses estarem a deixar o território.

“A afluência às aulas é bastante inferior face aos anos anteriores. Temos de abrir para a comunidade chinesa, pois nós, portugueses, somos poucos aqui e é difícil sobreviver se contarmos apenas com a nossa comunidade. Além disso, não podemos contar com o apoio da comunidade portuguesa. Em relação aos ateliers, temos de conquistar novos mercados e alunos”, sugeriu.

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Júlia Reis Serra
Júlia Reis Serra
10 Out 2022 16:14

Parabéns!
O mar é sempre inspirador de novos projetos e Vila do Conde é um cenário de conjugação de terra -mar que, certamente, contribui para a beleza desses objetos. Sei que há portugueses que regressam de Macau , mas estão a partir outros à procura de qualquer coisa…é uma questão de os encontrar/cativar.
As algas,ou os filamentos das algas(imaginação) devem criar peças lindíssimas, conjugadas com os outros materiais. Aqui, hoje fala-se muito da limpeza do mar, da praia e do aproveitamento das algas. Que tal na arte?
Uma abraço. Júlia Serra