Livraria portuguesa | Luís Mesquita de Melo apresenta novo livro Andreia Sofia Silva - 13 Dez 2024 Luís Mesquita de Melo, jurista e autor, lança o seu novo livro amanhã na Livraria Portuguesa. “Nas Esquinas do Olhar”, editado em Setembro com a chancela da Astrolábio, apresenta uma história que começa nos Açores, de onde é natural o autor, passando depois por Lisboa, Macau e Vietname. Os anos 80 e 90 espelham-se neste romance, que não esquece o ano da transição de Macau, numa “escrita muito sensorial” Chama-se “Nas Esquinas do Olhar” e é o novo romance de Luís Mesquita de Melo, jurista e ex-residente de Macau. Depois da edição em Portugal, em Setembro, eis que a Livraria Portuguesa acolhe amanhã o lançamento da obra. Trata-se de um “livro de impressões e atmosferas”, uma “viagem que, partindo dos Açores e passando por Lisboa, se abre ao mundo e ao Oriente em especial: Macau e Vietname”, descreve uma nota sobre o lançamento, da autoria de Vítor Dores. Assim, a viagem faz-se aos anos 80 e 90 do século passado, com referências à queda do Muro de Berlim, em 1989, e à transição de Macau em 1999. Além disso, o livro “articula-se em dois planos geográficos e temporais, intercalando, em flashbacks muito visuais, a lembrança nostálgica com a descoberta dos grandes espaços urbanos desse ‘Oriente longíquo'”. Faz-se, nas páginas do livro, a “revisitação da ilha [dos Açores] como espaço matricial e mítico, e da infância e da adolescência enquanto paraísos irremediavelmente perdidos”. Vítor Dores destaca ainda, na obra, a mescla de lugares, cheiros e sabores, com laivos de “açorianidade e orientalidade”, com contrastes metafóricos como “o anticiclone dos Açores e a asiática monção do Nordeste” ou ainda o “canal Faial/Pico e os mares do sul da China, o bulício de Saigão e a paz contemplativa da paisagem açoriana”. “Nas Esquinas do Olhar” traz personagens como Álvaro dos Reis, jovem que “chegou ao meio do mar para escrever um livro”, trazendo em si “a alma viajada e ideias que voam à solta enredadas em palavras que se lhe colaram para sempre à ponta dos dedos”. Álvaro é um “ilhéu atlântico, faialense de nascimento que cresceu entre a tentação do grande Sul e da navegação de longo curso”. Mas também Thu, uma jovem vietnamita, “impossivelmente bonita, que desceu sem querer ao mais baixo de si, do outro lado do Golfo de Tonkin, na margem errada do Rio das Pérolas, quando só queria dançar na sua vontade triste de ser alegre”. Há depois um chinês, “bate-fichas em Macau, capaz de manobrar o lado mais negro da fraqueza humana”, lê-se na obra. Do Direito à literatura Esta não é a primeira vez que Luís Mesquita de Melo envereda pela literatura, tendo lançado, em 2019, “A Humidade dos Dias”. Nascido na ilha da Horta, Açores, em 1964, licenciou-se em Direito e, em 1990, rumou ao Oriente, tendo trabalhado em Macau no Gabinete para a Modernização Legislativa e como assessor do Presidente da Assembleia Legislativa de Macau. Reside actualmente a tempo inteiro no Vietname trabalhando como advogado e executivo de empresas ligadas à indústria do jogo e ao desenvolvimento de projectos na área da hospitalidade e dos resorts integrados. Em 2022 Luís Melo lançou outra obra, intitulada “Navegações e Outras Errâncias”.
Hengqin | SJM vai construir hotel de três estrelas e zona comercial Andreia Sofia Silva - 13 Dez 2024 A Sociedade de Jogos de Macau acaba de adquirir um complexo de escritórios em Hengqin que irá transformar num hotel e zona comercial, situado na zona de Xin De Kou An Shang Wu Zhong Xin (信德口岸商務中心). Daisy Ho, presidente da SJM Holdings, explica que o negócio permite tirar partido da proximidade ao Cotai e disponibilizar mais ofertas de alojamento ao mercado de massas Vai nascer um novo hotel de baixo custo com o cunho da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) em Hengqin. A SJM Resorts acaba de assinar um memorando de entendimento para a compra de uma área de escritórios em Xin De Kou An Shang Wu Zhong Xin (信德口岸商務中心), em Hengqin. O memorando foi assinado, mais concretamente, entre uma subsidiária do universo SJM, a SJM – Investment Limited, e a Zhuhai Hengqin Shun Tak Property Development Company Limited, detida integralmente pela Shun Tak Holdings. Segundo uma nota da SJM, a aquisição vai permitir “a conversão de três edifícios comerciais num hotel de três estrelas, diversificando, assim, o conjunto de hotéis da SJM Resorts e contribuindo também para o avanço do turismo na Zona de Cooperação Aprofundada”, pode ler-se. Com este investimento, a SJM pretende também “reforçar a diversificação moderada da economia de Macau”, tirando partido do desenvolvimento esperado pelas autoridades para a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. A SJM destaca a “localização estratégica” deste complexo de escritórios, “à entrada do Porto de Hengqin”, fazendo também uma conexão com a linha de comboios que liga Zhuhai a Guangzhou, bem como o Posto Fronteiriço de Macau e a linha de metro ligeiro. Além do hotel, espera-se a construção de uma zona comercial com cerca de 43 mil metros quadrados, apartamentos e escritórios. A área total é de 14.845 metros quadrados, tendo sido acordada uma contrapartida no valor de 546 milhões de renminbis. O hotel pretende “alargar o alcance [da SJM] ao mercado de massas”, sendo um empreendimento “focado na eficiência operacional e na relação custo-eficácia”, disponibilizando “opções de alojamento mais diversificadas”. Tudo alinhado Citada pela mesma nota, Daisy Ho, presidente da SJM Holdings e directora-geral da SJM Resorts, declarou que este memorando de entendimento se alinha “com as políticas do Governo Central para Macau”. “Aproveitando as sinergias entre Macau e Hengqin, pretendemos criar condições para o desenvolvimento diversificado das indústrias de Macau e contribuir para a sua integração tendo em conta a agenda de desenvolvimento nacional.” A empresária frisou a localização estratégia deste imóvel, estando “num local privilegiado, junto ao Porto de Hengqin, que funciona 24 horas por dia, e próximo do actual complexo de hotéis que temos em Macau”. Dada a proximidade ao Cotai, o Grand Lisboa Palace ficará apenas a 10 minutos de uma viagem de carro, enquanto o Grand Lisboa, na península, fica a cerca de 30 minutos de distância de carro. Entende-se que este investimento e futura construção “irá contribuir para alargar a base de clientes [da SJM] e desempenhar um papel fundamental na promoção do desenvolvimento do sector turístico de Macau e Hengqin”. A SJM destaca as medidas adoptadas por Pequim que vieram facilitar a deslocação de pessoas entre Macau e o Interior da China, sem esquecer “a abertura do segmento do metro ligeiro de Macau em Hengqin, que veio acelerar a integração e desenvolvimento de Hengqin e Macau”, é referido.
Água | Consumo aumentou 6% devido ao turismo Hoje Macau - 13 Dez 2024 Kuan Sio Peng, directora-executiva da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (Macao Water), afirmou que o consumo de água aumentou seis por cento nos 11 meses deste ano devido essencialmente ao aumento do turismo. Trata-se de um aumento de consumo centrado nos sectores industrial e comercial, com foco nas zonas turísticas como o Cotai ou centro da península. Segundo o jornal Ou Mun, a responsável da Macau Water declarou que foi concluído o planeamento do abastecimento de água nas primeiras habitações públicas na Zona A dos Novos Aterros Urbanos, que vão começar a receber moradores já no próximo ano. Entretanto, as obras das canalizações nas ruas da Zona A estão concluídas em 35 por cento, prevendo-se que as obras da conduta de abastecimento estejam terminadas em 2026. A fim de cumprir o objectivo de “zero emissões, Kuan Sio Peng declarou que está a ser planeada a instalação do primeiro complexo solar fotovoltaico no Reservatório de Seac Pai Van, com 300 painéis numa primeira fase. A responsável explica que esta produção de energia amiga do ambiente vai cobrir três por cento do consumo de electricidade do Reservatório.
CPSP | Detido com droga após furtar comida em supermercado Hoje Macau - 13 Dez 2024 Um turista britânico, com cerca de 30 anos de idade, foi detido à 01h da manhã de segunda-feira, depois de ter alegadamente tentado furtar três artigos de alimentação, no valor de 49 patacas, num supermercado da zona Nam Van. Um funcionário do supermercado pediu a intervenção do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), que acabou por investigar o quarto de hotel onde estava hospedado o suspeito, na mesma zona. Aí foram encontrados três sacos com metanfetaminas, com um peso total de pouco mais de meia grama, assim como um recipiente com um líquido suspeito (que pesou mais de 53 gramas). Foram ainda encontrados acessórios para tomar drogas. A análise à urina do suspeito acusou a presença de metanfetamina. O indivíduo foi acusado dos crimes de furto, consumo de droga e posse indevida de equipamento. O caso foi transferido para o Ministério Público.
Taipa / Zhongshan | Ligação antes do Ano Novo Chinês Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 13 Dez 2024 A ilha da Taipa poderá estar ligada ao Porto de Passageiros de Zhongshan ainda antes do Ano Novo Chinês. A garantia foi dada ontem pela directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, Susana Wong, que adiantou também estar em comunicação estreita com as concessionárias de transporte marítimo Susana Wong, directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), revelou que o Porto de Passageiros de Zhongshan está a planear abrir um percurso marítimo com ligação à Taipa. Assim, e segundo o jornal Ou Mun, Susana Wong tem mantido contactos estreitos com as concessionárias de transporte marítimo a fim de assegurar a abertura do percurso mais cedo do que o previsto, antes do Ano Novo Chinês. A informação foi avançada aos jornalistas à margem da cerimónia de lançamento do desfile de barcos de pesca organizado pela Associação de Auxílio Mútuo de Pescadores de Macau. Susana Wong explicou que a DSAMA está, nesta fase, a ultimar todos os procedimentos essenciais, incluindo as licenças, para que as viagens entre Zhongshan e Taipa possam arrancar assim que as autoridades do Interior da China terminem os procedimentos do lado de lá da fronteira. Em termos de frequência de viagens, Susana Wong prevê que haja apenas, numa fase inicial, duas a três viagens diárias, com percurso e ida e volta. Tudo dependerá da resposta do mercado e dos visitantes, declarou. Melhorar o Passeio Relativamente ao percurso intitulado “Passeio Aquático em Macau”, Susana Wong explicou também que a DSAMA tem dialogado com as seis concessionárias de jogo sobre a adição de elementos de entretenimento nesse percurso de barco, a fim de atrair mais visitantes. Segundo a responsável, a população não tem demonstrado grande adesão a este Passeio. Susana Wong declarou que, no futuro, a DSAMA vai tentar disponibilizar mais apoios para a exploração de determinadas infra-estruturas, tal como criar pontos de entrada de navios para o Passeio Aquático de Macau, a fim de aumentar a procura. De Janeiro a Novembro deste ano, 8.800 pessoas realizaram o Passeio circundante por Macau e ilhas. Fazer as contas No que diz respeito ao Fundo de Desenvolvimento e Apoio à Pesca, em funcionamento desde 2007, foram aprovados 330 pedidos com empréstimos no valor de 91,7 milhões de patacas. Nos últimos anos, o montante de apoios, concedido sem juros, aumentou para 800 mil patacas, sendo que o prazo de reembolso exigido foi prolongado. Susana Wong destacou que a recuperação do sector das pescas tem sido lenta desde a pandemia, sendo que, nos últimos dois anos, não se têm registado muitos pedidos de empréstimo. Tal deve-se ao facto de muitos pescadores serem idosos e terem vendido os seus barcos, registando-se uma redução de dez no espaço de dois anos. Actualmente, contam-se 110 barcos atracados em zonas como o Porto Interior. A directora da DSAMA destacou que são raros os casos de beneficiários que pedem para prolongar o prazo de reembolso do empréstimo por dificuldades económicas.
Obras públicas | Governo nega quinta ligação entre península e Taipa João Luz - 13 Dez 202413 Dez 2024 Depois da consulta pública, no fim de 2019, o Governo voltou atrás na ideia de construir a quinta ligação entre a península e Macau. O projecto, que não vai sair da gaveta, implicava a criação de um túnel subaquático ao lado da Ponte Governador Nobre de Carvalho. A DSOP sublinha que a Ponte Macau já alivou o trânsito entre Macau e as Ilhas Afinal não haverá outra ligação entre a península e a Taipa. Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Lei Chan U, o Governo revelou que não será construída a quinta ligação às Ilhas, que chegou a ser projectada como um túnel subaquático ao lado da Ponte Governador Nobre de Carvalho, entre as zonas B e D dos novos aterros. O túnel teria 2.400 metros e seis faixas de rodagem de duplo sentido onde o limite de velocidade seria fixado em 60 quilómetros por hora. O director dos Serviços de Obras Públicas (DSOP), Lam Wai Hou, começa por referir o plano director da RAEM, que “prevê a organização racional das infra-estruturas públicas” e “um sistema global de transportes que inclua o Metro Ligeiro, com o intuito de ligar e desviar o transporte entre as várias zonas” para esclarecer que “não está planeada uma 5.ª ligação Macau – Taipa”. Lam Wai Hou acrescenta que, “neste momento, com a conclusão da Ponte Macau, que desempenha um papel de alívio do trânsito entre Macau e a Taipa”, a DSOP “irá observar de perto a respectiva eficácia e acompanhar os trabalhos das infra-estruturas públicas, consoante as exigências do planeamento”. Estudos e lamas Recorde-se que a construção da quinta ligação gerou alguma polémica com especialistas a discordarem das conclusões de um estudo de impacto ambiental que determinou a viabilidade do túnel subaquático. O estudo encomendado ao Shanghai Investigation, Design & Research Institute Co, Ltd concluiu que o projecto resultaria “num certo impacto no ambiente circundante”, mas que seria temporário, reversível e passível de ser minimizado “através de medidas de protecção ambiental adequadas”. Na interpelação escrita, o deputado dos Operários sugeriu ainda ao Executivo que a zona D dos novos aterros não deveria adoptar a forma de uma ilha, mas uma extensão da zona costeira da Taipa. Lei Chan U justificou a pertinência da alternativa com a redução das dificuldades de construção de infra-estruturas nesta zona no futuro, o impacto paisagístico e a possibilidade de manter a largura do canal entre Macau e Taipa, garantindo a segurança da navegação. Porém, o Governo não acatou a proposta. “O projecto de aterro da Zona D é elaborado de acordo com o Plano de Aterro das Novas Zonas Urbanas da RAEM, já aprovado, não havendo, neste momento, planos de alteração”, vincou o director da DSOP.
Colina da Taipa | Construção de túnel custará entre 413 e 438 milhões João Luz - 13 Dez 202413 Dez 2024 Realizou-se ontem o acto público de abertura das propostas do concurso público para a construção e concepção do Túnel da Colina da Taipa Grande e das suas ligações – Ligação norte. Das 11 propostas recebidas pela Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP), os preços variaram entre 413 milhões de patacas e 438 milhões de patacas, com o prazo proposto de 540 dias de trabalho. A proposta mais barata foi apresentada pela Companhia de Construção de Obras Portuárias Zhen Hwa, enquanto a proposta com o valor mais elevado foi apresentada pelo Consórcio de Companhia de Construção e Investimento Predial Ming Shun e a China Railway Major Bridge Engineering Group. A DSOP indica que a “construção do Túnel da Colina da Taipa Grande é um dos projectos rodoviários importantes do Governo da RAEM e uma linha de extensão no lado da ilha em direcção à Ponte Macau”. Porém, a “Colina da Taipa Grande constitui um obstáculo entre a Rotunda do Aeroporto no Cotai e a Ponte Macau”, daí a necessidade de construir o túnel rodoviário. A obra tem como objectivo aliviar a pressão do trânsito na Avenida Wai Long, Estrada de Pac On, Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa e Aeroporto Internacional de Macau. A ligação norte pressupõe a construção de um viaduto de ligação à Ponte Macau e à entrada e saída situadas no lado norte do túnel, com cerca de 890m de comprimento, com quatro faixas de rodagem em dois sentidos. Este é o segundo concurso público para a construção do Túnel da Colina da Taipa Grande, depois da ligação sul que ainda não foi adjudicada.
RAEM, 25 Anos | Macau investiu quase 24 mil milhões de dólares na China Hoje Macau - 13 Dez 2024 Desde a implementação da RAEM, até ao passado mês de Outubro, o total do investimento directo aplicado por Macau no Interior da China foi de cerca de 23,9 mil milhões de dólares americanos, indicou ontem Ministério do Comércio da República Popular da China, em conferência de imprensa. O porta-voz do ministério adiantou também que no sentido inverso, ou seja, os investimentos directos do Interior da China em Macau foram de cerca de 14,2 mil milhões de dólares no mesmo período de quase 25 anos. O Governo Central indicou ainda que no ano passado, ao abrigo do acordo CEPA, o volume de comércio entre o Interior da China e Macau foi de 38,4 mil milhões de dólares, um aumento anual de 430 por cento face à período antes da transição.
Moeda | Apresentado sistema da pataca digital Hoje Macau - 13 Dez 2024 Foi ontem apresentado o sistema da pataca digital, a e-MOP, bem como o protótipo da moeda no formato digital. A cerimónia decorreu no edifício do Fórum Macau e contou com a presença do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, que referiu que este sistema vai “servir de alicerce importante para o desenvolvimento da moeda digital de Macau no futuro”. Além disso, foi lançado o Livro Branco da e-MOP, que determina todas as regras e directrizes da moeda digital. Lei Wai Nong declarou que “o desenvolvimento da moeda digital de Macau visa garantir uma melhor articulação com a comunidade internacional, uma meta que trará mais-valias impactantes no desenvolvimento económico, financeiro e mesmo social de Macau”, além de “melhorar a eficiência dos pagamentos no território”. O desenvolvimento da e-MOP teve o apoio do Banco Popular da China, sendo esta uma moeda digital legal, conhecida também como Moeda Digital do Banco Central (CBDC) a nível internacional. A e-MOP terá o mesmo estatuto jurídico que a pataca no formato físico.
Economia | Sam Hou Fai confiante no sucesso da diversificação João Luz - 13 Dez 2024 O Chefe do Executivo afirmou que a sociedade de Macau compreende a importância da diversificação económica. Em entrevista aos media nacionais, Sam Hou Fai salientou a confortável almofada da reserva financeira, o apoio de Pequim, o patriotismo e a competência do Governo da RAEM como pontos-chave para o sucesso Em mais uma ronda de entrevistas a órgãos de comunicação estatais, Sam Hou Fai reforçou as visões que tem para os próximos cinco anos de governação da RAEM. A implementação do princípio “Um País, Dois Sistemas” como ferramenta essencial para a estabilidade e desenvolvimento da região, e a tarefa de diversificação adequada da economia foram os dois pontos fulcrais da mensagem do Chefe do Executivo eleito. O homem que irá liderar o próximo Governo vincou que o desenvolvimento da diversificação económica “é uma questão que tem de ser respondida”. “Existe um consenso entre vários sectores, incluindo a comunidade empresarial, de que Macau deve implementar um desenvolvimento económico moderadamente diversificado, e todos compreendem profundamente esta necessidade”, afirmou ao Global Times. O político considera que Macau está “numa fase crítica da sua transformação económica, mas o objectivo é alcançável. “O Governo da RAEM é competente e deve assumir um papel activo” e seguir o plano de traçado para o período entre 2024 e 2028, que é “muito abrangente e orientado”, afirmou Sam Hou Fai referindo-se ao plano traçado para concretizar as exigências do Governo Central, apresentado em Novembro de 2023. Além das apostas nas indústrias 1+4, o futuro líder do Executivo realçou a importância de trabalhar em conjunto com universidades e aprofundar a missão de Macau enquanto plataforma entre a China e o mundo lusófono. O político apontou que a missão de diversificar a economia “deve também envolver a colaboração com instituições de investigação, como a Universidade de Macau, mobilizando a sabedoria da comunidade e envolvendo peritos e académicos para explorar vias industriais adequadas”. Uma ideia é transversal à visão de futuro de Sam Hou Fai: o papel fundamental do Governo como impulsionador da mudança de paradigma económico da região. “Macau tem de tomar a iniciativa. Temos amplas reservas que podem ser usadas para apoiar financeiramente ou incentivar investimentos. Por exemplo, podemos criar fundos industriais focados no desenvolvimento tecnológico, cultural e do sector do turismo”, indicou. Sam Hou Fai também salientou a importância estratégica de Hengqin e a necessidade de coordenar políticas económicas, fiscais, migratórias, leis comerciais e de criar condições de habitabilidade para talentos das áreas tecnológicas. De Sesimbra a Hangzhou Sam Hou Fai indicou ainda a importância de concretizar “alguns projectos importantes no novo plano quinquenal, tais como o posicionamento claro de Macau como um centro de transporte marítimo e de mercadorias na margem ocidental do Rio das Pérolas”. O papel de plataforma entre a China e os países lusófonos também foi mencionado, com Sam Hou Fai a sugerir a possibilidade de cooperação entre Zhejiang e a lusofonia no sector das pescas. “Os países de língua portuguesa são costeiros e têm uma rica indústria de pescas, que existe também em províncias como Zhejiang. Macau pode considerar a possibilidade de combinar as vantagens da sua plataforma para alavancar as suas capacidades de pesca e desenvolver-se em conjunto com os países lusófonos costeiros.” Fazendo eco das palavras do seu antecessor, Ho Iat Seng, também em entrevista a órgãos de comunicação estatais, Sam Hou Fai salientou o rápido desenvolvimento de Macau nos últimos 25 anos, atingindo sólidas fundações financeiras e económicas e o recorde da reserva financeira da RAEM atingido em Setembro. A almofada financeira, patriotismo e o sistema político de Macau foram enumerados como génese da estabilidade e desenvolvimento da região. “Acima de tudo, temos residentes muito amáveis e uma comunidade forte e estável de patriotismo e amor por Macau, que é a base social e política mais importante para a implementação estável e a longo prazo de ‘Um País, Dois Sistemas’ e um desenvolvimento contínuo”, afirmou, citado pelo Global Times.
Novo livro relata perfil de Manuel Teixeira Gomes como homem de negócios Hoje Macau - 12 Dez 2024 “Manuel Teixeira Gomes – A Arte de Negociar”, livro do investigador Gonçalo Couceiro, que revela documentos inéditos, destaca as facetas de homem de negócios e de agente de seguros do escritor Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), sétimo Presidente da República portuguesa. “A detalhada e profunda investigação de Gonçalo Couceiro revela pela primeira vez a atividade [de Manuel Teixeira Gomes] de agente da Companhia de Seguros Fidelidade em Portimão”, escreve no prefácio a jornalista Helena Garrido, destacando que a investigação permite “compreender melhor a sua actividade e experiência de empresário exportador”. No livro “Manuel Teixeira Gomes – A Arte de Negociar”, Couceiro relata o último negócio fechado em território nacional, quando viajava no cargueiro Zeus a caminho da Argélia onde residiu exilado, em Bougie, actual Béjaïa, até morrer. O navio atracou no porto de Setúbal, cidade onde se jogou uma partida de futebol entre o Vitória local e o Portimonense, e onde Teixeira Gomes recebeu o seu amigo de infância António do Alvo que, tratando-o por ‘Manelinho’, lhe propôs um negócio, de imediato fechado. “Pela primeira vez, encontrámos documentos que bem atestam o modo de agir de um empresário moderno, muito atento à prevenção de risco e à montagem das operações comerciais e logísticas, em terra ou no mar, que envolviam a sua actividade”, salienta Gonçalo Couceiro. Até 1904, em nome do pai, José Libânio Gomes, Manuel Teixeira Gomes garantia o expediente, contabilidade e actividade seguradora da então Vila Nova de Portimão, mas “o próprio Teixeira Gomes foi também, por alguns meses, o agente da Companhia de Seguros Fidelidade”, realça Couceiro referindo que este facto é “ignorado e omisso nas suas biografias”. Manuel Teixeira Gomes foi negociante e exportador de frutos secos, em particular para o norte da Europa. Quando o escritor se viu obrigado a deixar os negócios, redigiu uma carta ao irmão José. Nesse documento, Manuel Teixeira Gomes revela-se “um homem prático, um gestor que […] domina a escrituração contabilística e financeira e estabelece um ‘manual’ para uso interno”. Papéis queimados Realça ainda Gonçalo Couceiro, que os papéis de Teixeira Gomes em Portimão, como o escritor disse ao jornalista Norberto Lopes, autor de “O Exilado de Bougie”, foram queimados, por ordem sua. “De 1911 para trás, isto é, antes da minha partida para Londres [onde foi embaixador de Portugal], não tenho passado. E olhe que não me arrependo de ter mandado queimar essa papelada velha”, disse a Norberto Lopes, cita Couceiro. Os documentos sobre a sua actividade como agente de seguros estão, todavia, preservados no arquivo da respectiva companhia, e merecerá um tratamento futuro, “até estatístico/comercial”, mais detalhado, alvitra Gonçalo Couceiro que considera não ter sido dado “justificado relevo à sua actividade comercial” em obras sobre o autor de “Agosto Azul” e “Sabina Freire”. Para o autor esta omissão deve-se por se considerar a faceta comercial pouco relevante, “em vista da espantosa produção literária ou do desempenho notável que teve na vida pública”. Foi a sua actividade comercial, com sede em Portimão e um escritório em Antuérpia que “lhe deu independência económica, liberdade pessoal e lhe possibilitou ser coleccionador que reuniu perto de um milhar de obras de arte que hoje se encontram nos museus portugueses”. Gonçalo Couceiro afirma-se “convicto” de que foi a sua condição de homem de negócios que “lhe permitiu uma vida ‘romanesca’, livre e criadora”. A obra publica alguma documentação, nomeadamente na área de seguros e alguma correspondência o que permite uma aproximação “à forma como eram feitos os negócios da sua casa comercial e sobretudo na transição operada” após a morte do pai do escritor, em 1905.
A sensibilidade trágica perdida dos Estados Unidos (II) Jorge Rodrigues Simão - 12 Dez 2024 (continuação) O implacável Paul Nitze, decano dos “apparatchiks” diria que quase tudo o que tem sido escrito e ensinado sob a bandeira da ciência política na América desde a II Guerra Mundial tem sido contrário à experiência e ao senso comum. Também tem sido de pouco valor, se não mesmo contraproducente, como guia concreto para a política. Ainda mais abrasivo é o historiador Bruce Kuklick que diria que os intelectuais serviram para legitimar as políticas, não para as impulsionar. A função básica, embora não a única, das ideias estratégicas era fornecer aos políticos ficções que dessem sentido à opinião pública. A crítica do filósofo britânico Mark Bevir era de que a história da ciência política é menos uma história de estudiosos que testam e melhoram teorias referindo-se a dados e mais uma história de apropriação e transformação de ideias, muitas vezes obscurecendo ou obliterando significados anteriores, para servir novos objectivos em diferentes contextos políticos. A questão é que não foram as ciências sociais que informaram o poder, foi o poder que seleccionou as teorias que justificavam o que ele achava que tinha de fazer. Vemos isto em acção quando os Estados Unidos, no final da Guerra Fria, se convencem de que é tempo de alargar o sistema internacional criado em 1945 a todo o mundo, de globalizar. Uma ambição partilhada por duas administrações, a de Clinton e a de Bush filho. Mesmo com as suas inegáveis e radicais diferenças, partilharam a ideia de que o poder tecnológico, económico, cultural e militar permitiria à América estender a sua influência centrada na democratização, na interdependência comercial e no primado do direito. A ser alargada pela persuasão ou imposta pela força. As teorias nascidas na esfera económica ou social ganham assim popularidade, estendida aos assuntos internacionais devido ao súbito desaparecimento do elemento conflitual, devido à ausência de antagonistas ao modelo liberal-democrático. É o caso da escolha racional, da maximização do interesse (económico) ou do funcionalismo institucional. Difundem-se determinismos políticos como a teoria da paz democrática, segundo a qual o tipo de regime determina uma política externa plácida e centrada na procura do bem-estar económico. Com origem na década de 1980, com o influente artigo de Michael Doyle em Kant, foi defendida pelos governos Reagan e Clinton, acabando por ser incluída em documentos oficiais como a Estratégia de Segurança Nacional de 1994, defendendo que todos os interesses estratégicos americanos, desde a promoção da prosperidade a nível interno até ao controlo das ameaças globais antes de atingirem o território americano, baseiam-se no alargamento da comunidade das democracias e dos mercados livres entre as nações. A falta de utilidade destas teorias reside, em grande medida, na atribuição de uma racionalidade abstracta e absoluta aos sujeitos históricos. Muitas vezes, entende-se a racionalidade económica, embora as escolhas geopolíticas quase nunca sejam feitas com base num cálculo material de custo-benefício. Ou então é entendida como uma racionalidade ocidental, ignorando o peso das diferentes culturas nas decisões relativas a factores intangíveis como o custo e a honra nacional. Ou então, os factores irracionais, emocionais, sentimentais, difíceis de medir e, no entanto, ponderáveis, são completamente eliminados. Aqueles que secam tudo à pura racionalidade nunca leram as “Memórias do subsolo”, de Fiodor Dostoievski, um hino ao livre arbítrio da auto-destruição. Qualquer disciplina corre o risco de uma racionalização excessiva. Mesmo a geopolítica, se cair no erro de atribuir um carácter determinista as observações deveriam ser casuísticas e dinâmicas, ou seja, sujeitas ao inevitável desgaste do tempo. Em suma, as ciências sociais sofrem de uma falta de consideração pelos pontos de vista dos outros. É um outro ponto de contacto com a ideia de que a América tem de si própria e da sua missão universal. De que serve o vosso ponto de vista se eu sou o melhor a que podem aspirar? Paralelamente, se eu tiver a teoria certa e os dados que seleccionei a provarem, ela funcionará independentemente da sua vontade. Vejamos novamente Kaplan, quando cita o ilustre classicista Charles Segal de que a tragédia existe como uma forma de arte para que não esqueçamos as dimensões da vida que existem para além das estruturas da civilização.
IAME Series Asia encantou-se com GP Karting e quer voltar Sérgio Fonseca - 12 Dez 2024 Nos dois últimos fins de semana, o Kartódromo de Coloane esteve ao rubro com o regresso do Grande Prémio de Karting Internacional de Macau que este ano recebeu um impulso ao acolher a final asiática da competição promovida pelo reconhecido construtor italiano de motores para karting, a IAME. Como o evento voltou a estar ao nível de outros tempos, os promotores da IAME Series Asia gostaram da experiência e não escondem a vontade de voltar. Organizado pelo Instituto do Desporto, Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC), OTK Kart Asia e IAME Asia, com o patrocínio da Sands China Limited, o Kartódromo de Coloane recebeu várias corridas e as várias categorias da IAME Series Asia e do Campeonato de Karting da AAMC, que disputou a sua oitava prova da temporada, para além do Grande Prémio de Karting de Macau – categoria KZ e a Taça Sands. O sabor internacional da prova regressou como há muito não se via, com pilotos oriundos do Interior da China, Singapura, Filipinas, Malásia, Tailândia, Indonésia, Japão, Índia, Sri Lanka, Austrália, Nova Zelândia, Suécia, Itália, França, Áustria, Estados Unidos da América, Brasil, Taipé Chinês, Hong Kong ou Macau. “O Grande Prémio de Karting Internacional de Macau com a Final IAME Asia 2024 cumpriu as nossas expectativas e objectivos iniciais”, contou Daniel Ling, o responsável pelo marketing da IAME Series Asia, ao HM. “A resposta inicial com 180 pilotos inscritos (embora alguns tenham desistido em cima da hora devido a compromissos pessoais e circunstâncias imprevistas), o entusiástico apoio e colaboração da AAMC e do Governo de Macau, contribuíram todos para este nível de sucesso.” Novo padrão para o futuro O evento colocado de pé no Kartódromo de Colone – uma infra-estrutura inaugurada nos anos da administração portuguesa do território e que ainda hoje é umas das pistas de referência da modalidade no sudeste asiático – reuniu na RAEM os vários participantes da competição asiática IAME Series Asia que teve duas provas na Tailândia e quatro na Malásia esta temporada, colocando frente a frente pilotos provenientes dos primeiros lugares das classificações da IAME Series e eventos IAME realizados em todo o mundo. A marca IAME é distribuída nos cinco continentes e os motores IAME vão para as pistas em mais de cinquenta países. A prova no território elevou a fasquia na IAME Series Asia, como reconhece Daniel Ling. “O elevado nível de competição e a atmosfera vibrante estabeleceram um novo padrão para os eventos de karting na Ásia”, isto numa altura em que a organização, com sede em Singapura, ambiciona para um futuro a curto prazo “alcançar ainda maiores conquistas, com mais asiáticos a competir numa escala ainda maior.” Quando a prova de Macau entrou oficialmente no calendário da IAME Series Asia, a organização singapurense queria criar sinergias com as entidades do território e ajudar a colocar novamente no mapa-mundo o Grande Prémio de Karting Internacional de Macau. Este primeiro objectivo foi cumprido na íntegra e, por isso mesmo, um regresso ao território é algo que a IAME Series Asia não recusaria. “A partir desta experiência, acreditamos que Macau será um potencial local para futuras edições da IAME Series Asia, ou outros eventos e iniciativas da IAME. Macau, com o seu rico historial no desporto motorizado, é muito procurado por participantes de todo o mundo”, referiu Daniel Ling, acrescentando que “aguardamos com expectativa mais colaborações com Macau no futuro.”
Coreia do Sul | Quando a lei marcial apanhou de surpresa três portugueses a viver em Seul Hoje Macau - 12 Dez 2024 Reportagem de Catarina Domingues, enviada da agência Lusa Sophie, Maria João e Miguel foram apanhados de surpresa quando, há uma semana, o Presidente sul-coreano declarou lei marcial. Impedidos por lei de participarem em atividades políticas, observam de longe os protestos e simpatizam com a causa. Sophie Carvalho juntou no sábado um grupo de amigos em casa para uma festa antecipada de Natal, mas acabaram todos no sofá a olhar para a televisão. Nas ruas de Seul, multidões pediam a destituição do Presidente, Yoon Suk-yeol, que dias antes tinha declarado lei marcial. Na casa de Sophie vivia-se a contestação através do pequeno ecrã. “É importante acompanhar, só estava uma coreana lá em casa, o resto eram todos estrangeiros, mas para nós é importante”, afirma agora à Lusa a tradutora, de 30 anos, que diz ter recebido um alerta da embaixada portuguesa em Seul para não participar nos protestos. A lei do controlo de imigração da Coreia do Sul proíbe estrangeiros no país de levarem a cabo atividades políticas. A viver na Coreia do Sul há uma década, Sophie já tinha reservas em relação a Yoon, devido às políticas do dirigente conservador “em relação aos direitos das mulheres e dos estrangeiros”, mas, admite, estava longe de se imaginar a viver sob lei marcial, ainda que esta tenha durado apenas umas horas. “Eu nunca imaginei que ia acontecer algo assim, embora achasse que [Yoon Suk-yeol] nunca seria um bom Presidente”, continua. Yoon sobreviveu, entretanto, a uma moção parlamentar. A destituição do Presidente exigia o apoio de dois terços da Assembleia Nacional, ou seja, 200 dos 300 deputados, mas apenas 195 participaram na votação, sendo que o Partido do Poder Popular (PPP), no poder, boicotou o escrutínio. Nesse dia, os coreanos foram para as ruas um pouco por todo o país, como, aliás, continua a acontecer diariamente. Em Seul, cerca de um milhão de pessoas ocuparam a vizinhança do parlamento, de acordo com dados da organização. Os números da polícia, mais conservadores, apontam para 150 mil manifestantes. Sophie queria fazer parte do movimento, mas receia que a participação possa trazer “problemas para o visto”. De longe, assiste a um momento que classifica “de incrível” e chama a atenção para a presença dos bastões luminosos nos protestos. Utilizados em concertos de música popular coreana (K-pop), estes bastões tornaram-se num símbolo da cultura de protesto sul-coreana em 2016, durante as maciças manifestações contra a ex-Presidente Park Geun-hye. Também Maria João Amaral tem acompanhado os últimos acontecimentos desde casa, pelo YouTube e pelas notícias. “Fiquei a saber naquela mesma noite, à hora, pouco depois de ter sido declarada a lei marcial e confesso que me assustei, porque pensei que havia algum problema com a Coreia do Norte”, diz a professora de português na Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros. A viver há 20 anos em Seul, a docente, de 64 anos, olha para a resiliência e mobilização em massa dos sul-coreanos “de maneira muito positiva”. Em conversa com a Lusa lembra o passado ditatorial do país e de como os sul-coreanos ergueram uma democracia. E recua ao tal momento em que Park Geun-hye caiu. “Houve protestos durante meses, vigílias, e penso que também foi no inverno. Mas agora também achei que os militares [durante a lei marcial] não estavam interessados em fazer mal às pessoas, porque as pessoas afrontaram-nos e não houve tiros”, diz. Sondagens têm sugerido que a maioria dos sul-coreanos quer a destituição de Yoon. Uma investigação da Realmeter indicou, no início dos protestos, que sete em cada dez sul-coreanos apoia a suspensão do exercício do poder do Presidente. Também Miguel Morais, de 20 anos, aponta o caráter pacífico do país. Daí que não tenha sentido medo. Admite, porém, ter “ficado chocado” com a declaração da lei marcial e ainda “mais impressionado por se ter resolvido” em poucas horas. O jovem, que trabalha numa organização de intercâmbio de línguas e tem feito trabalhos como ator em publicidade, chegou ao país há apenas nove meses. Reconhece que os sul-coreanos estão “cem por cento, mesmo” na luta: “Existe um sentimento coletivo coreano que se vê em pequenas coisas (…) e há aquele sentimento da união do povo, e se alguém quebrar isso, juntam-se na luta”, considera. Apesar de “ter imensos amigos” nos protestos antigovernamentais, Miguel faz eco do que Sophie e Maria João disseram à Lusa. “Não fui aos protestos porque fomos claramente avisados que podia haver consequências legais para estrangeiros presentes”, disse o jovem portuense.
Futebol | Antigos dirigentes condenados a penas de prisão por corrupção Hoje Macau - 12 Dez 2024 Um tribunal da China condenou ontem dois antigos dirigentes da Associação Chinesa de Futebol (CFA) a penas de prisão por corrupção, no contexto de uma grande campanha anticorrupção na modalidade. Liu Yi, antigo secretário-geral da CFA, foi condenado a 11 anos de prisão e multado em 3,6 milhões de yuan por “aceitar subornos”, informou um tribunal da província de Hubei, no centro da China. Um outro tribunal de Hubei anunciou igualmente que Tan Hai, antigo chefe do gabinete de gestão de árbitros da CFA, foi condenado a seis anos e meio de prisão e multado em 200 mil yuan. “Os bens que obteve vão ser confiscados em conformidade com a lei e entregues ao tesouro público”, declarou a justiça. Numa outra decisão judicial, na terça-feira, Qi Jun, antigo director de planeamento estratégico da CFA, foi condenado a sete anos de prisão e multado em 600 mil yuan por corrupção. Após ascender ao poder, em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma ampla campanha contra a corrupção. No final de 2022, as autoridades começaram a visar altos funcionários do futebol. Xi Jinping, que se descreve como um adepto do futebol, quer que a China organize e ganhe um dia o Campeonato do Mundo. Mas ainda há um longo caminho a percorrer: a equipa chinesa está classificada em 90.º lugar no ranking mundial da FIFA, o organismo que rege o futebol, logo acima da ilha caribenha de Curaçao.
Parlamento da Coreia do Sul vota no sábado segunda moção de destituição de Yoon Hoje Macau - 12 Dez 2024 A oposição da Coreia do Sul agendou para sábado a votação no parlamento de uma segunda moção de destituição contra o Presidente Yoon Suk–yeol, disse ontem um porta-voz do Partido Democrático. A votação na Assembleia Nacional está marcada “para 14 de Dezembro às 17:00”, disse à agência de notícias France–Presse Jo Seung-lae, deputado do Partido Democrático. Ontem de manhã, uma unidade especial de investigação da polícia da Coreia do Sul disse ter efectuado buscas na sede da polícia e no gabinete do Presidente. “A equipa especial de investigação realizou uma busca no gabinete presidencial, na agência de polícia [sul-coreana], na agência de polícia metropolitana de Seul e no Departamento de Segurança da Assembleia Nacional”, uma semana depois de Yoon Suk-yeol ter imposto a lei marcial no país, disse a unidade às agências de notícias. As buscas foram anunciadas horas depois dos dois principais chefes da polícia terem sido detidos pelo papel na breve imposição da lei marcial na semana passada. As forças de segurança sul-coreanas disseram que o comissário-geral da agência de polícia sul-coreana, Cho Ji-ho, e o chefe da agência de polícia metropolitana de Seul, Kim Bong-sik, estavam detidos na esquadra de Namdaemun, na capital. Os dois dirigentes policiais estão a ser investigados pelo papel no envio de forças policiais para a Assembleia Nacional, numa tentativa de impedir os deputados de entrar no parlamento para suspender a lei marcial, anunciada abruptamente na noite de 03 de Dezembro. Outro golpe No sábado passado, o conservador Yoon escapou por pouco a uma primeira tentativa. O Partido Popular do Povo (PPP), no poder, boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Mais tarde, o partido disse que, em troca do bloqueio da moção, tinha obtido a promessa de que Yoon se ia retirar para deixar a governação ao PPP e ao primeiro-ministro. A oposição acusou o PPP de um “segundo golpe” de Estado. O Gabinete de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários, conhecido como CIO, indicou ontem que vai solicitar a detenção e prisão de Yoon assim que estiverem reunidas as condições necessárias. “Estamos a conduzir uma investigação completa e vamos analisar a questão da prisão”, disse o presidente do CIO, Oh Dong-woon.
Pequim com 76% das vendas mundiais de carros eléctricos Hoje Macau - 12 Dez 2024 As vendas de carros eléctricos continuam a crescer no mercado interno, enquanto as exportações sofrem com as taxas impostas pela Europa e pelos Estados Unidos A quota da China no mercado mundial de veículos eléctricos atingiu 76 por cento, em Outubro, segundo dados do sector, reflectindo a forte procura no país, numa altura em que as exportações enfrentam taxas alfandegárias punitivas na Europa e Estados Unidos. Entre Janeiro e Outubro, as vendas de veículos eléctricos a nível mundial atingiram 14,1 milhões de unidades, de acordo com a Associação de Automóveis de Passageiros da China. Quase 70 por cento dessas vendas foram realizadas na China, o maior mercado do mundo para carros eléctricos. Em Outubro, a quota da China fixou-se em 76 por cento. Os números sugerem que a China está no bom caminho para aumentar a sua quota no mercado global de veículos eléctricos este ano. Em 2023, cerca de 60 por cento dos novos registos de carros eléctricos foram efectuados na China, de acordo com a Agência Internacional de Energia. A grande maioria das vendas mundiais de veículos eléctricos ocorre na China, na União Europeia e nos Estados Unidos, com a China a dominar o mercado. Mas as taxas alfandegárias impostas pelos mercados ocidentais nos últimos anos ameaçaram travar a rápida expansão da indústria chinesa. Os veículos eléctricos chineses estão praticamente impedidos de entrar no mercado dos EUA. Este ano, o Presidente norte-americano, Joe Biden, aumentou a taxa sobre os automóveis eléctricos chineses de 25 por cento para 100 por cento. O presidente eleito, Donald Trump, prometeu impor uma taxa adicional de 10 por cento sobre todas as importações provenientes da China, logo após a tomada de posse. A UE também decidiu impor taxas sobre os veículos eléctricos chineses até 35 por cento, para além das taxas existentes de 10 por cento, uma decisão que foi condenada pela China. Produto irresistível Embora os mercados ocidentais estejam a tornar-se cada vez mais difíceis de penetrar para as empresas chinesas, a forte procura e o apoio aos veículos eléctricos no país asiático têm continuado. Recentemente, a China duplicou o subsídio disponível para os compradores de automóveis eléctricos, passando a dar 20.000 yuan para quem trocar os seus automóveis convencionais, isto além das isenções fiscais. As vendas de automóveis da China para a Rússia também continuaram a aumentar. Os dados partilhados por Cui Dongshu, o secretário-geral da Associação de Automóveis de Passageiros da China, mostraram que as exportações para a Rússia aumentaram 109 por cento nos últimos dois anos, enquanto as exportações para os EUA caíram 23 por cento, no mesmo período. Os EUA e a União Europeia proibiram a exportação de automóveis para a Rússia após a invasão da Ucrânia em Fevereiro de 2022.
Rússia | Medvedev em Pequim para conversações de alto nível Hoje Macau - 12 Dez 2024 O vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, chegou ontem a Pequim para uma visita de dois dias, durante a qual deve manter conversações com dirigentes chineses, informou o ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático. De acordo com a porta-voz da diplomacia chinesa Mao Ning, a visita faz parte de “importantes intercâmbios de alto nível” entre a China e a Rússia. A viagem de Medvedev segue-se à visita, em Outubro, do ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que foi recebido pelo vice-presidente do órgão militar máximo da China, Zhang Youxia. Zhang disse então que as relações bilaterais encontram-se no “nível mais alto da história”. O general chinês manifestou a disponibilidade da China para continuar a trabalhar com a Rússia no sentido de desenvolver continuamente uma “amizade de boa vizinhança a longo prazo”, bem como uma “elevada confiança estratégica” e uma “cooperação mutuamente benéfica”. Belousov elogiou a “amizade histórica” entre a Rússia e a China e manifestou a sua disponibilidade para reforçar a cooperação e aproveitar as oportunidades para expandir a parceria estratégica em vários domínios. Em Setembro e Novembro, Pequim e Moscovo realizaram uma série de exercícios navais conjuntos no mar do Japão, que, segundo os analistas, reflectem a estreita cooperação militar entre os dois países, que atingiu novos níveis nos últimos anos. A visita de Medvedev surge numa altura em que o Ocidente acusa a China de apoiar com armas a campanha militar russa na Ucrânia, algo que Pequim tem negado repetidamente. Surge também na sequência da queda na Síria do regime do deposto Bashar al-Assad, um aliado de Moscovo e de Pequim. A China defendeu que “o futuro da Síria deve ser decidido pelos sírios” e manifestou a esperança de que “todas as partes envolvidas possam encontrar uma solução política para resolver a crise o mais rapidamente possível”.
Stellantis e chinesa CATL vão produzir baterias para carros eléctricos em Espanha Hoje Macau - 12 Dez 2024 O fabricante automóvel Stellantis e a empresa chinesa de baterias para veículos elétricos CATL anunciaram ontem um investimento de 4.100 milhões de euros para criar uma fábrica de baterias em Espanha que começará a produzir em 2026. A produção de baterias de lítio–ferro-fosfato (LFP) para carros será instalada na actual fábrica da Stellantis em Saragoça, no nordeste de Espanha, disseram as duas empresas num comunicado. O início da produção está previsto para o final de 2026, podendo atingir uma capacidade de 50 GWh (gigawatts por hora), “dependendo da evolução do mercado da electricidade na Europa e do apoio contínuo das autoridades espanholas e da União Europeia”, lê-se no mesmo comunicado. “Concebida para ser totalmente neutra em termos de carbono, a fábrica de baterias será implementada em várias fases e planos de investimento”, segundo a multinacional Stellantis e a CATL, que deterão a nova empresa em partes iguais. As duas empresas assinaram em Novembro de 2023 um acordo estratégico para o fornecimento local de células e módulos de baterias LFP para a produção de veículos eléctricos na Europa e estabeleceram “uma colaboração a longo prazo”. Espanha é actualmente o segundo maior produtor de carros europeu, a seguir à Alemanha, tendo sido montados no país no ano passado 1,87 milhões de automóveis. A Stellantis é um dos maiores fabricantes de automóveis do mundo e tem no portefólio marcas como Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS Automobiles, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram, Vauxhall, Free2move e Leasys. O grupo tem uma fábrica em Portugal, em Mangualde, no distrito de Viseu, onde em Outubro começou a produzir carros eléctricos em série, nas versões de passageiros e comerciais ligeiros, destinados aos mercados doméstico e de exportação. Já a CATL, fundada em 2011 na China, produz mais de um terço das baterias para veículos eléctricos vendidas em todo o mundo e que são usadas em marcas como Mercedes-Benz, BMW, Volkswagen, Toyota, Honda e Hyundai. A CATL está actualmente a construir a sua segunda fábrica europeia na Hungria, depois de arrancar com a primeira na Alemanha em Janeiro de 2023. Com frutos O presidente da Stellantis, John Eljann, citado no comunicado de ontem, destacou o compromisso da empresa “com um futuro descarbonizado e com tecnologias avançadas de baterias” e assegurou que a colaboração com a CATL é um impulso à sua capacidade “para produzir veículos competitivos”. O presidente executivo da CATL, Robin Zeng, afirmou por seu turno que este investimento em Saragoça eleva a colaboração com a Stellantis “a novos níveis”. O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, que recebeu Robin Zeng na segunda-feira em Madrid, na sede do Governo, disse ontem estar “muito satisfeito” com o anúncio deste investimento em Saragoça e agradeceu aos presidentes das duas empresas. “A colaboração público-privada vê-se em acordos como o que foi selado hoje”, acrescentou ontem Sánchez, numa publicação na rede social X. Segundo o ministro da Indústria de Espanha, Jordi Hereu, o Governo espanhol tem mantido conversações e negociações com a Stellantis nos últimos dois anos e a empresa recebeu “uma soma de ajuda pública”, que considerou tão importante como o acordo conjunto anunciado ontem pelos dois fabricantes. Para Jordi Hereu, que falava numa conferência de imprensa em Madrid, o investimento anunciado pela Stellantis e pela CATL é “um grande sinal da aposta da indústria automóvel em Espanha”, num momento de transição energética e descarbonização da economia europeia.
PCC | Xi Jinping apela ao uso do mandarim nas zonas fronteiriças Hoje Macau - 12 Dez 2024 O Presidente chinês considera a língua como um dos pilares essenciais para manter a estabilidade no país O Presidente da China, Xi Jinping, apelou à generalização do uso do chinês mandarim nas regiões fronteiriças do país, visando a “manutenção da segurança nacional” e da “estabilidade social”, avançou ontem a imprensa estatal. Durante uma sessão de estudo do Politburo do Partido Comunista Chinês, na terça-feira, a cúpula do poder na China, Xi disse que manter a segurança e a estabilidade é o “requisito básico” para a governação das fronteiras, de acordo com a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O líder chinês disse que devem ser feitos esforços para melhorar a governação social, as infra-estruturas e “a capacidade geral de defender o país e salvaguardar as fronteiras”. Xi afirmou ainda que é necessário orientar todos os grupos étnicos das regiões fronteiriças para que “reforcem continuamente o seu reconhecimento da nação e da cultura chinesa e do Partido Comunista”. A utilização da língua chinesa comum, o mandarim, deve ser promovida nessas regiões e os manuais escolares unificados a nível nacional, apontou. “Devemos continuar a aprofundar os esforços em matéria de unidade étnica e progresso, construir activamente uma estrutura social integrada e um ambiente comunitário e promover a unidade de todos os grupos étnicos – como sementes de romã firmemente unidas”, afirmou. Xi renovou estes apelos durante uma sessão de estudo do Politburo sobre a história da governação das fronteiras chinesas. A cúpula do poder na China realiza regularmente este tipo de sessões, sendo a discussão geralmente conduzida por um académico – esta foi conduzida por Li Guoqiang, vice-presidente da Academia Chinesa de História. As zonas fronteiriças da China estendem-se por cinco províncias – Yunnan, Gansu e Jilin, Liaoning e Heilongjiang – e por quatro regiões autónomas – Tibete e Xinjiang, Mongólia Interior e Guangxi. As tensões étnicas nessas regiões autónomas, especialmente em Xinjiang e no Tibete, têm sido historicamente um desafio para Pequim. Desenvolvimento regional Em Agosto, as autoridades de Xinjiang prometeram fazer da estabilidade e da segurança a sua principal prioridade e transformar a região numa “barreira estratégica” contra riscos geopolíticos. Xinjiang faz fronteira com o Afeganistão, o Cazaquistão, o Tajiquistão e o Quirguizistão. Nos últimos anos, as autoridades também intensificaram os esforços para promover o ensino do mandarim, no âmbito de um esforço nacional para assimilar membros das minorias étnicas à cultura dominante dos Han, a etnia predominante da China. “O desenvolvimento das zonas fronteiriças deve ser integrado na estratégia global de modernização ao estilo chinês, nas estratégias regionais de desenvolvimento coordenado e nas principais estratégias regionais”, afirmou Xi, de acordo com a Xinhua. O líder chinês também apelou aos esforços para apoiar as zonas fronteiriças a aproveitar os seus recursos e vantagens para alcançar o desenvolvimento. Xi pediu ainda a uma maior investigação multidisciplinar sobre a história e a governação das fronteiras e à aceleração dos esforços para criar um “sistema de conhecimento” chinês sobre estudos fronteiriços.
Construção do Grande Canal Sui José Simões Morais - 12 Dez 2024 A dinastia Sui (581-618) instalou a capital em Chang’an e para albergar o grande número de funcionários governamentais ampliou a antiga cidade [que servira de capital às dinastias Zhou do Oeste (104.6-771 a.n.E) em Haojing, Qin (221-206 a.n.E.) em Xianyang, ambas próximo de Xian e com o nome de Chang’an (Xian) à Han do Oeste (206 a.n.E.-9) e dinastia Xin (9-23)] dando-lhe o nome de Daxing. Mas havia o grande problema de prover a enorme população com alimentos suficientes, provenientes sobretudo da região de maior produção agrícola do território, na zona do curso inferior do Changjiang, e de bens essenciais para os inúmeros funcionários da administração central e da corte. Havia também a dificuldade de transporte de grandes quantidades de mercadorias de Sul para Norte pois as estradas não eram seguras e não estavam preparadas para tal, assim como o Rio Amarelo não era navegável em muitas partes. Daí, o primeiro imperador Sui, Wendi em 584 mandar construir o canal Guangtong (Guangtong qu, 广通渠), para levar arroz à capital usando parte do canal Chao e ligar o Rio Wei ao Rio Amarelo. Para um maior controlo da zona central do território, o Imperador Wen (581-604) em 588 mudou o nome de Wuzhou para Yangzhou e colocou aí o seu segundo filho, Yang Guang como governador. Yangzhou, cidade nas margens de Changjiang denominada antigamente Hancheng, ou cidade de Han, fora edificada no ano de 486 a.n.E. aquando da construção do canal Han (Hanguo) de onde este partia a ligar o Changjiang (Rio Yangzi) ao Huaihe e essencial para o abastecimento da capital Daxing. Yang Guang como governador aproveitou o canal e mandou em 601 complementá-lo até Luoyang e quando se tornou em 604 o segundo Imperador Sui, no ano seguinte Yangdi (604-618) reconstruiu Luoyang para ser a sua capital Dongdu (capital de Leste) e ainda em 605 ordenou a construção de uma vasta estrada de água, conhecida por Grande Canal (Da yunhe, 大运河). O canal dragado até ao ano de 610 tinha três secções: a primeira, o canal Tongji colocava a água dos rios Gushui e Luoshi no Parque Oeste de Luoyang e seguia directamente até ao Huanghe e continuando no Rio Amarelo, em Banzhu, a Leste de Luoyang, até ao velho fosso Langdang em Shanyang (hoje prefeitura de Huai’an, Jiangsu) na margem Sul do Huaihe. De Shanyang as águas do Rio Huai dirigiam-se pelo antigo Canal Han (Hangou) e afluíam no Changjiang em Jiangdu (hoje cidade de Yangzhou, Jiangsu). Toda a secção de Luoyang a Jiangdu tinha mais de mil quilómetros de comprimento. A segunda secção, construída em 610 como canal Yongji drenava a água directamente do Rio Qinshui em Luokou, a Sul do Huanghe, até ao Norte de Zhuojun (hoje Beijing) tendo também mais de mil quilómetros de comprimento, fazendo a ligação do Rio Amarelo à região de Beijing. A terceira secção, o canal Jiangnan de 400 km de comprimento levava a água do Changjiang em Jingkou ao Rio Qiantang em Yuhang (hoje cidade de Hangzhou, Zhejiang). O Grande Canal totalizava 2500 km de Zhuojun no Norte até Yuhang no Sul ficando Luoyang no centro. Esta via de água ajudou a promover a economia e a desenvolver o país então unificado, segundo refere Bai Shouyi em Na Outline History of China. YANGDI VIAJA NO GRANDE CANAL (大运河) Yangdi fez três viagens no Grande Canal, das quais não encontrei registos históricos, existindo muitos relatos em que cada uma das versões diverge bastante. A primeira viagem ocorreu no ano de 605, a segunda em 610 e a terceira em 616, apesar de também aqui as datas não coincidirem. Quando em 605 ficou completa a construção da secção do Grande Canal com 1800 km entre Yangzhou e Dongdu (Luoyang), o imperador logo fez uma viagem de inspecção no seu barco-dragão, palácio flutuante com telhado em cristal de onde pendiam lanternas e as colunas gravadas com dragões dourados. Seguia a fanfarra a anunciar o cortejo, num espectáculo que pela sua grandeza, excedendo toda a imaginação muito impressionou os habitantes de Dongdu. A terceira viagem, desde Dongdu até Yangzhou, é referida por Deng Shulin como sendo feita em “dois barcos-dragões de quatro pisos construídos e decorados com extremo luxo, levavam a bordo o imperador Sui Yangdi e as suas concubinas favoritas.” Referem algumas versões da história, a imperatriz Xiao seguia no segundo barco. Navegavam devagar rumo ao Sul, a Yangzhou, na actual província de Jiangsu, e segundo uma lenda “para contemplar uma flor famosa do local. Seguiam os barcos-dragões cerca de dez mil barcos de diversos tipos. Eram os membros da casa imperial, concubinas, dançarinas, vassalos, guardas e munições. Toda a comitiva se estendia por uns cem quilómetros. Nas margens flutuavam bandeiras coloridas. Os guardas, a cavalo, armados, andavam em fila. Os oitenta mil sirgadores vestidos de trapos, recrutados à força, puxavam os barcos, com a sirga penetrando no ombro, cortando as carnes – parar era morrer.” Mantinha-se Yangdi em Yangzhou quando em 618, durante uma revolta camponesa (Jiangdubingbian, 江都兵变) foi morto por um grupo das suas tropas leais e o país caiu no caos. Assim, o Grande Canal Sui e Tang tinha o centro em Dongdu (Luoyang) e para Oeste usava o Guangtong qu entre Daxing (Chang’an) e o Rio Amarelo. Para Norte, o canal Yongji chegava a Zhuozhou (涿州) e para Sul usava Tongji qu e Shanyang du [do Rio Huai ao Changjiang] e Jiangnan yunhe de Jiangdu (Yangzhou) a Yuhang (Hangzhou). Este era o trajecto do Grande Canal (Da yunhe, 大运河) até à dinastia mongol dos Yuan (1279-1368).
António Antunes, cartoonista: “Às vezes considero-me um artista” Andreia Sofia Silva - 12 Dez 2024 Chama-se António Antunes, mas assina os seus cartoons simplesmente como António. Há 50 anos que caracteriza a actualidade com recurso ao desenho e humor, grande parte deles no Expresso. Em entrevista, o cartoonista, que desenhou os tempos do pós-25 de Abril, lamenta que hoje os jovens cartoonistas não tenham tantas oportunidades de singrar na carreira Já vai longa esta sua aventura de 50 anos dedicados ao cartoon. Alguma vez pensou que ia fazer isto durante tantos anos? Não. As coisas foram acontecendo, e o resultado é este. Nem sequer havia perspectivas para haver um plano. Portugal não tem sido um país que favoreça muito este tipo de actividades. Fez formação na Escola António Arroio ainda durante o período do Estado Novo. Como era aprender artes numa altura em que o país [Portugal] era tão cinzento, com limites à criatividade? Aprendíamos sobretudo técnicas, de trabalho ou de composição. Agora a criatividade é outra coisa. Não só ela estava muito limitada, mas também não é algo que se venda. Não há cursos para fazer artistas, há cursos que nos dão noções sobre composição ou técnicas de pintura, ou cores. Mas só isso não chega. Depois é preciso que haja qualquer coisa além daquilo que é académico. Nas artes há sempre qualquer coisa que escapa mesmo que se aprenda tudo. A criatividade é uma coisa estranha, porque não há uma regra. O António considera-se um artista? (Hesita) Às vezes considero. Já teve muitos cartoons polémicos, nomeadamente do Papa João Paulo II com o preservativo no nariz. Quais foram os cartoons que o obrigaram a fazer maior jogo de cintura ou a lidar com mais pressões? Se calhar é uma felicidade minha, mas os meus problemas nunca são a priori, mas sim à posteriori. Até agora não tenho sido muito limitado naquilo que posso fazer no jornal [Expresso]. Agora, quando as coisas saem, às vezes têm consequências. Em Portugal foi a questão do preservativo no Papa, internacionalmente foram outras coisas. Esse cartoon continua a mexer. Como foi lidar com toda essa polémica? Esse cartoon [do Papa João Paulo II] foi polémico porque quiseram que assim fosse. Aquilo saiu muito bem e não gerou nenhuma algazarra. Depois houve um movimento conservador no seio da Igreja que quis fazer daquilo uma polémica, três semanas começaram a empolar aquilo, a fazer um abaixo-assinado. O homem que liderava as forças católicas disse esperar um milhão de assinaturas, mas, felizmente, conseguiu apenas 29 mil, e a diferença fez com que a montanha nem um rato parisse. Chegou a ser discutido na Assembleia [da República]. É uma polémica um bocado pífia, mais ainda, 30 anos depois, quando a própria Igreja está a mudar o seu ponto de vista sobre essa matéria, nomeadamente com este Papa [Francisco], felizmente. Perante o que me levou a fazer esse cartoon, voltava a fazê-lo. As declarações do Papa na altura foram públicas, não foram sequer ocultas, dentro de muros, e falou para todo o mundo, portanto, também para mim. Senti-me lesado, que aquilo não fazia sentido nenhum. Acho que a atitude do Papa, naquele momento, foi criminosa, no pico da Sida e, em África. Foi de uma insensibilidade e insensatez enormes. O cartoon é uma arma de arremesso, uma forma de expressão? Arma de arremesso é uma expressão dura de mais, mas o cartoon é, de facto, a forma de eu me expressar. Há colegas meus que fazem artigos, mas eu faço desenhos. Que outros cartoons destaca, por aquilo que lhe trouxeram? O primeiro que me sensibilizou foi aquele que me fez ganhar o maior Salão do mundo de cartoon na altura [Grande Prémio do XX Salon International de Cartoon, Montreal, 1983], a partir deste cantinho que é Portugal. Um Salão que tinha mais de mil participantes, e ter ganho foi muito bom. Fiquei mais seguro, confiante, porque a partir daí podiam continuar a fazer-se coisas. Esse primeiro cartoon também deu polémica, o “Gueto de Varsóvia em Shatila”, em que utilizo a fotografia conhecida do gueto, de um miúdo judeu de mãos levantadas, acossado por soldados nazis, e no cartoon o miúdo é palestiniano e os soldados israelitas. [A polémica deu-se] com todas as vozes dos judeus, que são peritos nisso, a fazer muito barulho, com um certo tom de vitimização, mesmo que sejam eles a atacar. Um director do Salão disse que tentou alterar a votação, tal é o peso do lobby judaico, mas não conseguiu. Esse cartoon poderia ser hoje desenhado novamente. Já o publiquei novamente. Infelizmente não está desactualizado. Mas sente que muito do que desenhou, sobre a actualidade, se repete, num sinal de que a História é cíclica? Há uma resistência à mudança. Um dos méritos do cartoonista é ser capaz de ver antes do tempo, ou em cima do tempo, se quiser. Tenho a invasão da Crimeia feita em 2014, e assumo aquela visão. Foi em cima, e outros fizeram mais tarde. Há outros exemplos. Começa a fazer cartoon a seguir ao 25 de Abril de 1974, ali um pouco no rescaldo da Revolução. Sente que, de certa maneira, inaugurou a disciplina do cartoon político em Portugal? Talvez. Mas não sou muito claro em relação a isso, porque antes de mim houve um grande desenhador, o João Abel Manta, um gráfico fantástico, que tinha uma diferença enorme em relação a nós, pois éramos miúdos e ele já tinha uma cultura que lhe permitia isso. Mas há um lado menos bom, pois ele fazia propaganda política. Era um homem do Partido Comunista Português (PCP), e fez essa propaganda até onde a Revolução o permitiu. Depois quando as coisas se estabilizaram, ele saiu e foi fazer outras coisas. Isso não lhe retira a qualidade, mas não é a minha noção de cartoon. Respondo aos vários estímulos dos acontecimentos de outra forma. O cartoon permite-me expressar as opiniões, mas ser capaz de o fazer em diferentes sentidos da vida, perspectivas, sem estar prisioneiro, como ele ficou prisioneiro do PCP, foi uma coisa que me ajudou muito. Alguma vez sentiu alguma pressão da parte dos jornais onde colaborou? (Hesita). Algumas coisas, mas não são importantes. Uma coisa que consegui, sem grande esforço, foi fazer com que as pessoas pensassem que eu tenho um mau feitio danado, e que era melhor não se meterem comigo. Isso ajudou, porque pensavam duas vezes antes de falar comigo. Uma vez no Expresso, um tipo do desporto encomendou-me uma capa, e começou a dar dicas de como eu devia fazer o desenho. Até que lhe perguntei se alguma vez eu lhe tinha dito como escrever uma notícia. Isso deve-lhe ter ficado na memória muitos anos, e deve ter repercutido essa conversa noutras pessoas. Não frequentava o Expresso, sempre estive no meu canto e não me desgastava com o dia-a-dia, com amizades e inimizades. Costuma desenhar aqui, no atelier? Aqui. Mas isso [a imagem de mau feitio] de facto ajudou-me. E há também a história de eu ter outra profissão. Costumo dizer que tive mesmo duas profissões, pois era cartoonista e designer gráfico, e aí tinha clientes meus que também o eram do Expresso, nomeadamente A Tabaqueira. Era amigo do director comercial, um tipo comodista, que me metia a negociar contratos com o jornal em nome de A Tabaqueira. Portanto, eu transmitia uma imagem efectiva de poder que, na verdade, não tinha. Se juntar um tipo que tem mau feitio a um tipo que, aparentemente, tem poder, é uma chatice (risos). Quando lhe pergunto sobre as pressões, penso no período logo a seguir ao 25 de Abril, anos de 1974-1975, em que tudo era politizado. Aí eram maiores? Consegui lidar com isso. Nesse período do PREC (Processo Revolucionário em Curso) tinha mesmo um cartoon sobre o PREC que durou dois anos. Foi uma espécie de fuga para a frente. Havia uma grande confusão, e, acho eu, isso interessava ao meu jornal [Expresso], embora isso nunca tenha sido dito. Dava uma ideia de frescura do jornal em relação a um período complexo, mas nunca me disseram isso. Tenho a ideia dessa utilidade do cartoon, era a forma de consolidar a independência do jornal em relação aos acontecimentos, mesmo quando às vezes não havia essa independência. Estamos hoje numa era do politicamente correcto, em que tudo parece ofender? Não sinto, porque não quero sentir. Cheguei a uma fase da minha vida em que se não me quiserem aturar, não aturem. É fácil. Tudo o que foi uma luta para impor um nome e um ponto de vista, uma carreira, já foi feito. Pode ser melhorado e consolidado, mas se não for, não é. Se me tornar muito inconveniente para o jornal onde trabalho, e quero acreditar que isso não acontece… Mas em termos gerais, às notícias, comentários nas redes sociais, sente que há o politicamente correcto? Claro que há. A minha situação é de excepção. Os mais novos, no mundo do cartoon, não têm oportunidades nenhumas. Têm menos do que quando comecei. Por vários acasos da vida tenho uma posição que se solidificou, mas isso não é exemplificativo do que se passa ao redor. Os novos cartoonistas estão cheios de problemas, não há espaço para eles, não há meios de pagamento. São empurrados para sair dos jornais, e não para entrar. O cartoon não tem lugar nas redes sociais? (Hesita) Pode aparecer, mas não me parece… diz-se que o jornalismo está a morrer e nós, cartoonistas, vamos primeiro. Acho que essa é a tendência. O jornalismo tem vindo a perder poder face às redes sociais, com a opinião anónima, que não se pode escrutinar, é muito mau e medíocre. E isso vai crescer. E a Inteligência Artificial (IA)? Pode substituir o cartoonista. Essa nem falo porque não conheço os limites, mas intuo que devem ser terríveis. Pode de facto substituir o cartoonista, mas aí subverte-se a criatividade. Há alguma figura pública que goste particularmente de retratar em cartoon? Outro dia disse que, em relação ao Trump, tinha dois sentimentos antagónicos: como cidadão, acho o homem detestável; mas como cartoonista é a minha matéria prima. O Putin também é bom. Todos os homens com muitas narrativas e muito poder são susceptíveis de dar boas coisas do ponto de vista da análise de um cartoonista. São políticos com um discurso muito claro sobre o que pretendem e o que querem, e isso pode ser bom para o cartoon. Como se sente por ir a Macau novamente? A exposição [no Clube Militar] vai ser diferente das outras, com 160 trabalhos. Ainda é muita coisa. É uma viagem por estes anos, pela política portuguesa e internacional também. Estou cheio de curiosidade, promover a mostra, ver o que me perguntam, mas isso faz parte do jogo. A imprensa de Macau não tem uma grande presença do cartoon, à excepção do Rodrigo [Rodrigo de Matos]. Conheço-o, dou-me bem com ele. Mas devo dizer que o fenómeno é parecido com Portugal. O que é que temos aqui? Eu, no Expresso; a Cristina Sampaio no Público; o André Carrilho saiu do Diário de Notícias; o António Maia no Correio da Manhã e pouco mais. Essa é uma tendência geral. Às vezes, e acho que isso aconteceu comigo, há momentos em que um cartoonista pode representar uma mais valia para o jornal, mas são apenas alguns momentos em que isso pode acontecer. No meu período mais complicado no Expresso, no final da década de 70, um jornal de referência que, à época, estava num país em convulsão, com alguma “irresponsabilidade” pude ir à frente, e tenho a percepção que ajudei o jornal a desembaraçar-se dessas limitações. Mas tal acontece em períodos muito específicos. Nessa fase [do pós-25 de Abril], cheguei a fazer desenhos à noite que, de dia, estavam já desactualizados. Tem mesmo mau feitio ou é só para disfarçar? Sou tímido, mas ando a tratar-me. (risos) Nunca foi algo que me tivesse bloqueado, falo bem em público. Sou um tipo que não gosto de correr riscos estúpidos. Estou neste prédio há vários anos e conheço apenas a porteira porque tem de ser, e não quero ter o risco de ter uma pessoa antipática a quem dei confiança. Faço isso com a maior naturalidade. Exposição no Clube Militar Depois da palestra na Fundação Rui Cunha, esta quarta-feira, António estará hoje na Universidade de São José a falar com alunos no workshop “Desenho Cartoon: Criação de Ideias”. Segue-se esta sexta-feira a inauguração da exposição no Clube Militar, que ficará patente até 2 de Janeiro.
RAEM, 25 anos | Lançada canção “Herança e Origem” Hoje Macau - 12 Dez 2024 Foi ontem lançada a canção temática em celebração do 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM, intitulada “Herança e Origem”. Esta música foi produzida pela Associação de Indústria de Música de Macau, com composição de Pun Kuan Pou e letra de Rico Long. A interpretação ficou a cargo de vários cantores e bandas de Macau, incluindo Sean Pang, Ken Sou, Rico Long, KC Ao Ieong, Iron Ian, Winifai, Elisa Chan, Kylamary Ma, ALL IN e SCAMPER. A canção, produzida com o apoio do Governo, combina “melodias chinesas com as características de Macau, sublinhando a unidade e a coesão da nação chinesa”, descreve-se num comunicado. A canção já pode ser ouvida nas plataformas digitais.
Relatório | Níveis de ozono continuam elevados na região Andreia Sofia Silva - 12 Dez 2024 O mais recente Relatório sobre a Qualidade do Ar de 2023 focado nas regiões de Macau, Hong Kong e Guangdong dá conta de que a emissão de alguns componentes poluentes registou uma melhoria, mas mantêm-se os níveis elevados de emissão de ozono para a atmosfera, culminando numa elevada poluição fotoquímica A qualidade do ar na região do Delta do Rio das Pérolas melhorou, em parte, mas a poluição fotoquímica continua alta graças ao facto de os níveis anuais de concentração de ozono continuarem elevados. A poluição fotoquímica é a forma generalizada de poluição do ar decorrida da interacção da luz solar com óxidos de nitrogénio e compostos orgânicos voláteis. Esta é uma das conclusões do mais recente Relatório da Qualidade do Ar de 2023, focado nas regiões de Guangdong, Macau e Hong Kong, e cujos dados se baseiam na Rede de Monitorização da Qualidade do Ar de Guangdong-Hong Kong-Macau para a Região do Delta do Rio das Pérolas, composta por 23 estações de monitorização. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) refere que “poluentes atmosféricos, incluindo dióxido de enxofre, dióxido de azoto, monóxido de carbono, partículas PM10 e partículas PM2,5, apresentaram uma tendência de queda significativa e contínua”. Porém, “os níveis anuais de concentração de ozono nos últimos anos permanecerem semelhantes, indicando que a poluição fotoquímica na região precisa ser melhorada”. O relatório mostra que os valores médios anuais de concentração de vários poluentes atmosféricos registados em 2023 caíram entre 17 e 86 por cento em relação aos níveis de pico, reflectindo “a eficácia das medidas de redução de emissões implementadas por Guangdong, Hong Kong e Macau nos últimos anos”. Para resolver o problema das emissões de ozono, foi realizado um estudo, intitulado “Poluição fotoquímica de ozono na área da Grande Baía e a caracterização da deslocação regional e inter-regional de ozono”, concluído este ano. Sem divulgar os dados, a DSPA apenas refere que os “dados científicos fornecidos ajudam a entender melhor as causas de ozono na Grande Baía”. As medidas de Hong Kong Na mesma nota de imprensa, são referidas as mais recentes medidas adoptadas pelo Governo de Hong Kong para melhorar a qualidade do ar. Uma delas passa pela revisão do “Regulamento de Controlo da Poluição do Ar (Gasóleo Leve para Uso Marítimo)”, que “irá restringir ainda mais o limite máximo do teor de enxofre do gasóleo leve para uso marítimo, abastecido localmente, de 0.05 para 0,001 por cento”. No que respeita a veículos, o Governo da RAEHK tem feito o abate de carros antigos, nomeadamente 40.000 veículos comerciais a gasóleo da norma da Euro IV, medida feita até finais de 2027. Pretende-se ainda a suspensão de novos registos de veículos de serviço particular movidos a combustíveis e híbridos até 2035, além de haver o plano de colocar em circulação, até ao final de 2027, cerca de 700 autocarros eléctricos e cerca de 3000 táxis eléctricos. Segundo a DSPA, “as medidas já estão a surtir efeitos, com o número de veículos eléctricos a aumentar significativamente de cerca de 14.000 em 2019 para mais de 102.000 em Setembro do corrente ano, uma subida de cerca de sete vezes em cinco anos”, mas na região vizinha. No que diz respeito à província de Guangdong, foram implementados diversos avisos relativos às emissões de gases ou compostos voláteis para a atmosfera no decorrer de algumas actividades económicas. Macau, por sua vez, publicou no ano passado as “Estratégias de Descarbonização a Longo Prazo de Macau” e o “Plano de Promoção de Veículos Eléctricos de Macau”, tendo vindo a “impulsionar medidas relativas à emissão de gases de escape dos veículos”, entre outras. O Executivo dá ainda apoios financeiros a quem queira abater carros ou motociclos mais antigos.