Crime | Jovem transferiu 600 mil patacas para burlões Hoje Macau - 7 Abr 2025 Um jovem local foi burlado em 600 mil patacas, em mais uma burla em que os criminosos se fizeram passar pela polícia do Interior. O caso aconteceu a 30 de Março, quando o jovem foi contactado por telefone. Do outro lado da linha, disseram-lhe que o seu número de telefone estava associado a vários crimes, pelo que tinha de ser investigado. Para garantir uma investigação e provar a inocência as alegadas autoridades pediram ao jovem que indicasse as suas informações pessoais, entre as quais os dados bancários. O residente fez o que lhe foi pedido, através de uma aplicação. No entanto, dias depois, foi contactado pelo seu banco, sobre uma transferência de 600 mil patacas. Foi nessa altura que o jovem percebeu que tinha sido burlado e apresentou queixa junto das autoridades. Burla | Idoso perde 78 mil patacas Um homem de idade avançada foi burlado em cerca de 78 mil patacas depois de acreditar que ia receber uma comissão de 12 mil patacas para ajudar uma alegada escola a comprar produtos de limpeza. De acordo com o jornal Ou Mun, o caso aconteceu a 31 de Março, quando um homem foi adicionado por um contacto desconhecido na aplicação WeChat. Esse contacto apresentou-se como um director de uma escola, que precisava de comprar produtos de limpeza para a instituição. Contudo, o alegado director contou ao idoso que tinha discutido com o fornecedor, pelo que para ter acesso aos descontos habituais precisava que a transacção fosse feita por outra pessoa. Ao idoso foi assim prometida uma comissão de 12 mil patacas, que seria paga depois de a escola receber os produtos de limpeza. Sem desconfiar de nada, o homem fez o pagamento online, no valor de 78 mil patacas. Como acabou por não receber a comissão prometida, percebeu que tinha sido burlado e apresentou queixa junto da Polícia Judiciária.
Aeroporto | Arrancou transporte de carga para Madrid Hoje Macau - 7 Abr 2025 A primeira rota de carga de longo curso entre Macau e Madrid está a ser operada pela companhia Ethiopian Airlines, da Etiópia. O director para a China da empresa defende que Macau é “uma plataforma importante” para a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa A primeira rota de carga de longo curso entre Macau e Madrid arrancou na quinta-feira, com um Boeing 777F operado pela Ethiopian Airlines, que levantou voo do Aeroporto Internacional de Macau (MIA). A companhia aérea etíope efectuará duas viagens de ida e volta por semana, e os Boeing 777F transportarão principalmente mercadorias de comércio electrónico transfronteiriço, de acordo com uma nota da empresa gestora do MIA, a que a Lusa teve acesso. “A nova rota irá melhorar ainda mais a rede de carga aérea entre a Ásia e a Europa, fornecendo um apoio logístico mais eficiente às exportações da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau (GBA), e impulsionando a competitividade logística” desta região, acrescenta-se na nota. Segundo a gestora do MIA, Madrid é um dos principais centros logísticos da Europa, pelo que “a abertura desta nova rota irá satisfazer a crescente procura de carga aérea, ao mesmo tempo que reforça a conectividade entre a GBA e os mercados europeus”, esperando-se que os volumes de carga sejam “cada vez maiores”. O director nacional para a China da Ethiopian Airlines, Aman Wole Gurmu, citado na nota, afirmou que Macau é “uma plataforma importante” para a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, pelo que o lançamento da nova rota irá reforçar esse papel, constituindo-se como um corredor logístico aéreo que ligará a Europa e a Ásia. Preencher lacunas “Esta nova rota não só preenche a lacuna no transporte de carga entre Macau e Espanha, mas também aproveita a rede local em Espanha para ligar Macau aos mercados em África e na América do Sul, formando uma rede logística triangular ‘Ásia-África-Europa’”, segundo Aman Wole Gurmu, ainda que a rede perseguida pareça ser “quadrangular”, atendendo à inclusão do continente americano na equação. “Isto ajudará Macau a tornar-se um centro-chave para as exportações transfronteiriças de comércio electrónico e transporte de carga na área da Grande Baía”, acrescentou. De acordo com a empresa gestora do MIA, assiste-se a um crescimento constante do negócio de carga nos últimos anos, com a procura de logística aérea a ser impulsionada pelo rápido aumento do comércio electrónico transfronteiriço, tendo o aeroporto de Macau estado envolvido num volume de transporte de carga na ordem das 108.000 toneladas em 2024.
Turismo | Mais de 320 mil visitantes entraram em Macau em dois dias Hoje Macau - 7 Abr 2025 Na sexta-feira, em que se assinalou o feriado do Cheng Ming, e no sábado, entraram em Macau 321.961 visitantes. A afluência de turistas nos dois dias obrigou as autoridades a implementar medidas, que incluíram o controlo do fluxo de pessoas nas imediações das Ruínas de São Paulo na sexta-feira. Além disso, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) interrompeu temporariamente o trânsito na Rua da Nossa Senhora do Amparo, desviando o tráfego para a Rua das Estalagens. O dia em que se registaram mais entradas de visitantes foi na sexta-feira, quando entraram em Macau 173.256 turistas, com o posto fronteiriço das Portas do Cerco a chegar quase às 78 mil travessias. Nos dois dias, entraram na RAEM pelas Portas do Cerco 148.874 visitantes. O posto fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau registou o segundo maior fluxo de travessias, com a entrada de mais de 61.100 visitantes no total dos dois dias, seguido do posto de Hengqin, por onde entraram 51.100 visitantes. Em relação a ontem, até ao fecho desta edição, os últimos dados do CPSP apontavam para a entrada em Macau de 27.671 visitantes até às 11h.
Emprego | Criticada aposta em licenciados de fora sem experiência João Santos Filipe - 7 Abr 2025 O deputado Ron Lam acusa o Governo de se ter desviado da intenção política de permitir às empresas locais a contratação de não-residentes com experiência e sucesso internacionais, e, em vez disso, estar a emitir autorizações de residência para jovens licenciados de fora sem currículo O legislador Ron Lam atacou a política do Governo de permitir a importação como “talentos” de não residentes com formação académica, mas sem qualquer experiência profissional. A crítica surge numa interpelação escrita, em que o membro da Assembleia Legislativa indica que a política é incoerente, dado que se atravessa uma fase em que o desemprego de recém-licenciados está cada vez pior. No documento divulgado ontem, Lam exige ao Governo que termine com o novo estatuto de autorizar a residência de recém-formados com notas elevadas, mas que sem qualquer experiência profissional. Na perspectiva do deputado, estas autorizações de fixação de residência em Macau contrariam as políticas apresentadas pelo Governo, e que foram aprovadas na Assembleia Legislativa, que visavam a importação de mão-de-obra qualificada do exterior extremamente bem-sucedida profissionalmente nas suas áreas de actividade. Ao mesmo tempo que se contrata no exterior, o deputado indica que os jovens licenciados atravessam uma fase muito complicada de entrada no mercado do trabalho, e que as pessoas de Macau que se licenciaram no exterior encontram igualmente um mercado de trabalho com muitos desafios, com dificuldades para encontrarem um emprego de longa duração. Neste contexto, o deputado pergunta ao Executivo se vai eliminar o regime que permite a contratação de licenciados não-residentes sem experiência profissional. A realidade dos números Sobre o problema do desemprego entre os mais jovens, o deputado cita as estatísticas oficiais do ano passado para indicar que 47,1 por cento dos desempregados locais tinham como grau académico pelo menos uma licenciatura. E entre os desempregados com formação no ensino superior, 28,1 por cento tinha entre 25 e 34 anos. “Os números mostram que em comparação com 2019, a situação do desemprego é mais grave. Muitos jovens e pessoas de meia-idade que têm formação académica ao nível do ensino superior disseram-nos que é cada vez mais difícil encontrar um emprego e que as empresas só querem trabalhadores não-residentes”, descreve Ron Lam. O deputado escreve também que as várias feiras de emprego organizadas pela Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais oferecem empregos pouco atractivos, e que em muitos dos casos as vagas de emprego são “falsas”, não levando a contratações. Lam critica ainda a forma como as estatísticas do desemprego são compiladas, indicando existirem discrepâncias entre os diferentes dados publicados, que em teoria deviam ser semelhantes. O deputado pede ao Governo que corrija este problema o mais rapidamente possível, para poder tomar medidas de emprego de acordo com a realidade do mercado local.
Wong Kit Cheng pede resposta para aumento da criminalidade juvenil João Santos Filipe - 7 Abr 2025 A deputada Wong Kit Cheng está preocupada com a criminalidade juvenil e pretende saber como as autoridades vão lidar com o problema. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita, em que a legisladora ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau destaca que no ano passado os níveis de criminalidade entre os mais novos ultrapassaram os níveis de 2023, havendo um grande crescimento em comparação com 2019. Com base nos números oficiais, a deputada indica que no ano passado foram registados 131 casos de delinquência juvenil, um aumento de 23 casos face a 2023. Em comparação com 2019, o último ano antes da pandemia, os dados mostram um aumento de 71 casos de delinquência juvenil no ano passado. Ao mesmo tempo, o número de jovens envolvidos em crimes subiu para 181, o que representou um aumento de 30 jovens face a 2023, quando houve 151 jovens detectados em actividades criminosas. “Os números reflectem uma tendência contínua de aumento da criminalidade juvenil nos últimos anos, o que é motivo de preocupação”, alerta Wong. “Os jovens são socialmente inexperientes e curiosos em relação a coisas novas, pelo que são facilmente aliciados por pessoas sem escrúpulos para se envolverem em actos ilegais”, acrescentou. Comércio paralelo Entre as actividades que têm aliciado os mais novos, Wong Kit Cheng indicou o comércio paralelo, em que os jovens são utilizados para transportarem para o Interior, de forma ilegal, bens que depois são revendidos. Contudo, a deputada também recordou os casos dos jovens atraídos com ofertas de emprego para Taiwan e o Camboja, onde acabaram envolvidos em esquemas de burlas. “A comunidade espera que as autoridades intensifiquem o trabalho de prevenção e eliminação da criminalidade juvenil, que o desenvolvam em profundidade e à luz da evolução do ambiente social e dos padrões de criminalidade”, foi indicado. A deputadas das Mulheres pede às autoridades políticas para lidar com o fenómeno e que sejam apresentados planos para garantir que os jovens têm espaço para crescer num ambiente saudável, sem serem aliciados para actividades criminosas. Além disso, são ainda pedidas medidas, não só para punir os mais novos, mas também para garantir que se voltam a integrar na sociedade, após o cumprimento das penas.
Jiangxi | Sam Hou Fai quer estreitar laços nas áreas do turismo e economia João Santos Filipe - 7 Abr 2025 Equipa que ganha, não mexe. Sam Hou Fai reuniu com mais um dirigente do Interior da China e voltou a afirmar a vontade política de reforço da cooperação na área to turismo, economia e comércio O Chefe do Executivo defendeu o reforço da cooperação com a província de Jiangxi, principalmente ao nível do comércio. A posição foi tomada na quinta-feira, durante um encontro com o vice-secretário do Comité Provincial de Jiangxi do Partido Comunista Chinês e governador da província de Jiangxi, Ye Jianchun. Na reunião, Sam Hou Fai destacou a posição de Macau como “Centro Mundial de Turismo e Lazer” e defendeu o aumento da cooperação com Jiangxi, que afirmou ser “uma província rica em recursos turísticos”. Na perspectiva do Chefe do Executivo, as duas partes encontram-se numa situação de complementaridade, podendo alcançar “uma situação com benefícios mútuos”. Sam Hou Fai também indicou que “os dois territórios podem ainda reforçar a colaboração nas áreas economico-comercial, medicina tradicional chinesa, culturas criativas, convenções e exposições e serviços topo de gama”. Ao mesmo tempo, o líder do Governo de Macau convidou a província do Interior a “tirar melhor proveito do papel singular de Macau como plataforma entre a China e os países lusófonos”, indicando que a RAEM pode ser um ponto de partida para a província implementar políticas de “expansão para o exterior” e “atracção de capital estrangeiro”. Trabalho de revitalização No encontro, Sam Hou Fai fez igualmente um balanço do projecto de “revitalização rural do distrito de Xiushui da província de Jiangxi”, que indicou ser “uma iniciativa conjunta do Governo da RAEM e Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM”. De acordo com o Chefe do Executivo, o projecto está na “terceira fase” e “foram concluídas as modalidades previstas”. A versão oficial da reunião, divulgada pelo Gabinete de Comunicação Social, não permite conhecer o que se entende por “terceira fase”, nem o investimento realizado pela RAEM no projecto. Porém, o Chefe do Executivo indicou que, “de seguida, Macau e Jiangxi irão continuar a aprofundar uma cooperação pragmática, no sentido de promoverem em conjunto o projecto de revitalização, alcançando, constantemente, novos progressos e novos resultados de eficácia”. Além do Chefe do Executivo, participaram no encontro o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Chan Kak, o director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, Cheong Chok Man, e a presidente do Instituto Cultural, Deland Leong Wai Man.
Adelina Moura, docente e formadora: “O telemóvel é como um canivete suíço” Andreia Sofia Silva - 7 Abr 2025 Formada na área das tecnologias educativas, Adelina Moura irá conduzir palestras para pais, alunos e professores sobre o uso de tecnologias digitais nas salas de aula, no âmbito do festival “Letras&Companhia” do Instituto Português do Oriente. A professora entende que proibir o telemóvel nas escolas não é solução Quais os desafios sentidos por professores com a introdução das tecnologias na sala de aula? O telemóvel pode, de facto, ser um complemento à aprendizagem? Sim. Venho dizendo isso desde 2005. O telemóvel pode ser uma excelente ferramenta de aprendizagem, um meio para motivar os alunos e para que enriqueçam a sua aprendizagem. Temos aqui uma espécie de canivete suíço, um equipamento poderosíssimo nas mãos dos alunos e há uma falha da escola, porque não se trabalha e ajuda os alunos a potenciar esse equipamento que têm. O que acontece é que os alunos aprendem da pior maneira, de uma forma desestruturada, por tentativa-erro. Há uma lacuna, pois os alunos não são alertados para o potencial positivo de utilização do telemóvel. Encaram o telemóvel como uso do tempo livre, gastando tempo nas redes sociais e a fazer “scrolling”, e o tempo consome-se. É essencial que os professores sejam utilizadores, nas suas práticas, do telemóvel, quer para a preparação de aulas e outros projectos, para saber preparar os alunos. Considero que a escola perdeu várias etapas de preparação e sensibilização dos alunos para a utilização destes equipamentos que levam para as aulas e com os quais as escolas não gastaram nenhum dinheiro. Com a proibição de levar o telemóvel para a sala de aula não avançamos nada nesse sentido. No período da pandemia, por exemplo, o uso das tecnologias, com o ensino à distância, foi bastante potenciado. Mas durante a pandemia também queimámos algumas etapas em relação ao uso do digital pelos professores, porque antes da pandemia muitos professores não acreditavam e nem usavam. Achavam que era uma moda e não viam grande utilidade no uso dos telemóveis e outras tecnologias. Com a pandemia a utilização desses equipamentos provou que, sem eles, a situação do ensino teria sido muito pior. Nestes anos de pandemia, os professores ficaram mais conscientes das tecnologias que já existem e que estão disponíveis para qualquer um. Com acesso à internet no telemóvel, algo que existe desde 2007 com o lançamento do primeiro Iphone, potencia-se o sistema E-learning e depois passamos para o “mobile learning”, em que é possível aprender em qualquer lugar e qualquer hora com os dispositivos móveis. É esta realidade que vemos um pouco afastada da escola. E depois da pandemia, como tem sido? Julgo que vamos dar mais alguns passos em relação à literacia digital. Com a inteligência artificial (IA), parece que estamos como na fase em que criei o meu primeiro website, em 1999, ou o email, em 1995. Estamos no início. Mas são já 30 anos de tecnologia em que houve muitas mudanças, e a tecnologia vai de facto avançando e se no imediato não percebermos o que temos disponível, nós e alunos, ajudamos a criar um fosso que já aconteceu no passado em relação ao digital. Face à IA, se não olharmos para trás e não percebermos o que não foi feito e devia ter sido ao nível da escola, estamos a perder tempo. Só daqui a uns anos as pessoas vão ficar alerta à IA, e a lacuna vai aumentando. Daí ser muito importante apostar agora, já nesta fase inicial, na formação de professores, alunos e famílias. Há muita ignorância dos pais, afastamento dessa realidade? Temos pais que são deste século. Ou seja, nasceram com a existência dos computadores, Internet, viram o aparecimento do smartphone. Mas quando estudaram, a escola não falava do potencial do digital. Então, esses antigos alunos, vieram para a sociedade e não trouxeram essa sensibilidade para o digital, para educar os filhos. Nós, professores, quando damos formação no digital, estamos a fazer um bem à sociedade porque também estamos a preparar estes jovens para o futuro, pois vão ser pais e devem ter essa consciência para educar os filhos. Na escola não preparamos apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida pessoal e familiar. Daí a formação de professores ser essencial. O convite que recebi do IPOR parece-me uma excelente visão holística de tudo, porque a escola inclui diversos actores, de ligação com a sociedade. Como a IA deve ser introduzida na sala de aula? Assistimos actualmente a mudanças nos motores de busca, de facto. Temos motores de busca criados de raiz para a era da IA, por exemplo. A melhor maneira de introduzir a IA na sala de aula é perguntar aos alunos o fazem e como a utilizam, e já recorrem a essa ferramenta. No início do ano lectivo peço sempre aos alunos para responderem a um questionário sobre as suas rotinas digitais, e aí fico a saber mais ou menos as suas práticas. Em 2023, quando saiu o ChatGPT, introduzi a IA nas minhas aulas, e percebi que os alunos estavam a usar essa ferramenta para enganar os professores. Os alunos têm de perceber que, ao usar a IA, estão a cair numa certa armadilha, porque não estão a aprender. É a lei do menor esforço, igual à fase em que surgiu a Internet, em que os alunos seleccionavam, copiavam e enviavam para o professor. Temos agora o problema de as respostas estarem em português do Brasil, por exemplo, e vejo logo que foi usada a IA. Temos, portanto, de desmontar na cabeça dos alunos esta actuação e enfrentá-los. Digo-lhes que estão a ser desonestos intelectualmente e que não leram a resposta obtida pela IA, por exemplo. Sinto, desde 2023, que os alunos, nas respostas a esse questionário que faço, dizem ter receio de usar o ChatGPT porque têm medo de ser apanhados pelos professores. Ou seja, parece terem ganho alguma consciência. Vai dar estas palestras num contexto educacional diferente, na Ásia, em que o uso do telemóvel pode ser mais precoce. Como vai lidar com essas diferenças, ou entende que os problemas do uso da tecnologia na sala de aula são transversais? É uma questão transversal. Temos de nos questionar se o uso de determinado equipamento e ferramenta nos vai tornar mais sábios? A mim parece-me que não, pois podemos ter o equipamento, mas o uso que fazemos dele varia muito. Digo aos meus alunos que eles deveriam ter vergonha, porque têm um acesso muito mais fácil aos conteúdos do que no meu tempo, em que tínhamos verdadeiramente de fazer pesquisa e ler em formato físico. Digo-lhes que, com esta tecnologia, deviam todos ter nota 20, e que estão a desperdiçar recursos, sendo desonestos intelectualmente, porque assinam trabalhos que não são deles e não leem, sequer, o que entregam. Um dos trabalhos que temos com os alunos é ensiná-los a fazer referências bibliográficas, referir as fontes. Mas eu sou optimista por natureza, e espero que daqui a uma década os alunos do ensino secundário que sejam pais e mães consigam lidar com estes problemas das redes sociais e aumento de fraudes com os seus filhos. É essa “escola de pais” que a escola pode ajudar a criar. Estamos num momento sem retorno do digital, e proibir é a situação mais cómoda, mas não é a melhor para enfrentar a realidade. Temos de usar as palavras certas para alertar. Temos nesse tempo de alertas e de consciências, de incentivo ao espírito crítico dos nossos alunos, que é pouco actualmente. Formar quem ensina Adelina Moura irá ministrar um workshop para professores do território no sábado, com a sessão “Literacia Digital – Promoção de Interacções Positivas em Linha”, dirigida a professores e agentes do ensino infantil, primário e secundário. A sessão decorre na sede do IPOR, entre as 10h e as 13h. No mesmo dia, mas à tarde, a sessão será dirigida para pais e filhos. Licenciada em Ensino do Português e Francês, mestre em Supervisão Pedagógica do Ensino do Português e doutorada em Ciências da Educação, na especialidade de Tecnologia Educativa, Adelina Moura tem vindo a desenvolver investigação na área do Mobile Learning, com várias publicações em Portugal e no estrangeiro. É docente do ensino básico e secundário, tutora de cursos de formação à distância do Instituto de Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e formadora da formação contínua de professores, em didácticas específicas (Português e Francês) e tecnologia educativa. Na quarta-feira, a partir das 18h30, Adelina Moura, Nuno Gomes e Min Yang vão debater “A Inteligência Artificial na Educação”.
Sismo | Junta militar de Myanmar declara cessar-fogo na guerra civil até 22 abril para facilitar ajuda Hoje Macau - 2 Abr 2025 A junta militar no poder em Myanmar declarou hoje um cessar-fogo na guerra civil até 22 de abril, para facilitar a ajuda à população, após o sismo de magnitude 7,7 que atingiu o país a 28 de março. O cessar-fogo temporário foi também decretado para mostrar compaixão para com as pessoas afetadas, informou hoje a televisão estatal de Myanmar (antiga Birmânia). O anúncio, feito num comunicado do alto comando militar, segue-se a cessar-fogos temporários unilaterais declarados por grupos de resistência armada que se opõem ao regime militar. A notícia televisiva indicou que os grupos armados étnicos e as milícias locais devem abster-se de atacar as forças de segurança do Estado e as bases militares, e não devem organizar-se, reunir forças ou expandir as suas áreas de influência. Se tais grupos não cumprirem essas condições, o Exército tomará as medidas necessárias, segundo o comunicado. Um novo balanço hoje divulgado pelas autoridades elevou para 2.886 o número de mortos e 4.639 o número de feridos no terramoto de há cinco dias, enquanto prosseguem as operações de busca por sobreviventes. Segundo a oposição democrática, que controla partes do país, cerca de 8,5 milhões de pessoas foram “diretamente afetadas” pelo terramoto no país em guerra. No fim de semana, a junta militar afirmou que mais de 2.600 edifícios, incluindo casas, igrejas, escolas e pagodes, ruíram devido ao sismo e às réplicas. O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) afirmou que só na capital, Naypyidaw, mais de 10.000 edifícios ficaram destruídos ou gravemente danificados.
Águas pluviais | Obras de estação elevatória vão arrancar Andreia Sofia Silva - 2 Abr 2025 Vai ser construída na zona do Cotai, mais concretamente no cruzamento da Avenida dos Jogos da Ásia Oriental com a Rua Marginal dos Jogos da Ásia Oriental, uma nova estação elevatória de águas pluviais, para aumentar a capacidade de drenagem das mesmas. Segundo informações do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), a nova estação e box-culvert de águas pluviais vai ocupar uma área de 500 metros quadrados, dispondo a estação de oito bombas de água e uma capacidade de bombar a água de 37,6 metros cúbicos por segundo. Tal equivale à possibilidade de aspirar, em cerca de 50 segundos, o volume de água de uma piscina padrão, “ajudando, assim, a melhorar a eficiência de drenagem de águas pluviais da box-culvert da Baía de Nossa Senhora da Esperança e do bairro antigo da Taipa durante marés altas e chuvas intensas”, descreve o IAM. O plano de drenagem foi recentemente apresentado ao Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais e ao Conselho Consultivo de Serviços Comunitários, tendo sido já lançado o concurso. Prevê-se um baixo impacto no trânsito, uma vez que “a área da estação elevatória não envolve nem abrange vias rodoviárias e ciclovias existentes”. A próxima fase do projecto “será a construção de uma pequena estação de bomba de reforço de águas pluviais numa esquina do Estádio da Taipa, para aliviar a pressão da estação elevatória de águas pluviais existente no Pai Kok e acelerar a drenagem de águas pluviais”. Neste sentido, “prevê-se também que o processo de concurso seja lançado ainda este ano”.
Jogo / Receitas | JP Morgan e Seaport Partners com visões distintas João Santos Filipe - 2 Abr 2025 As receitas de 19,66 mil milhões de patacas em Março ficaram dentro das expectativas do mercado, mas a correctora Seaport Research Partners avisa que as recentes campanhas contra as trocas ilegais de dinheiro podem fazer cair o volume das apostas “Não foram más de todo”, foi desta forma que o relatório mais recente do banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific) classificou as receitas brutas do jogo de Março, que atingiram os 19,66 mil milhões de patacas. A reacção do banco de investimento foi citada, na quarta-feira, pelo portal GGR Asia. As receitas neste mês de Março representaram um aumento de 0,8 por cento face ao período homólogo, mas uma redução de 0,4 por cento em comparação com Fevereiro. Todavia, o relatório assinado por DS Kim, Selina Li e Shi Mufan, aponta que o montante total ficou “um por cento acima das estimativas da JP Morgan [e do mercado] e do consenso [entre os analistas] que previam que não houvesse crescimento”. O documento indica ainda que a média diária das receitas nos casinos foi de 634 milhões de patacas, o que foi apontado como um volume das receitas diárias semelhante aos dos meses de Janeiro e Fevereiro deste ano. Por isso, os analistas apontaram que as receitas em Março atingiram valores “muito respeitáveis”. No mesmo sentido, a JP Morgan considerou que os sinais do mercado são animadores para a segunda metade do ano. “Isso é um bom presságio para o crescimento melhorar no segundo semestre de 2025”. “Mantemos a nossa previsão do crescimento das receitas do jogo em 2025 de 3 por cento, com o primeiro semestre a apresentar um crescimento de 0 a 1 por cento, e o segundo semestre com um crescimento entre 5 e 6 por cento”, foi acrescentado. Abaixo das expectativas Por sua vez, a correctora Seaport Research Partners teve uma reacção diferente face às receitas, citada pelo portal GGR Asia, dado que tinha previsto um crescimento maior do que o registado. Segundo o relatório de ontem, assinado por Vitaly Umansky, as receitas “foram mais fracas do que as previsões feitas no início do mês, mas que mesmo assim não deixaram de ultrapassar ligeiramente as estimativas da Bloomberg, que indicava que não haveria qualquer crescimento”. Por outro lado, a Seaport Research Partners indica que as receitas do final de Março ainda reflectem o possível impacto da campanha das autoridades contra dois grupos de troca ilegal de dinheiro, que actuavam nos casinos, e que envolviam pelo menos 43 pessoas. Por isso, em Abril a Seaport Research Partners espera que as receitas apresentem uma redução de 0,1 por cento face ao período homólogo e de 5,8 por cento, em comparação com Maio. “A nossa estimativa para Abril é ligeiramente afectada pelos efeitos adversos potenciais de curto prazo ligados à repressão dos cambistas [ilegais]”, foi justificado.
Matadouro | Prejuízos crescem 460 mil patacas num ano João Santos Filipe - 2 Abr 2025 O consumo de carne de vaca, a mais cara, está em contracção no território, com o número de abates de bovinos a cair para o valor mais baixo desde que há registos. A empresa Matadouro de Macau justifica a mudança com novos hábitos de consumo A empresa Matadouro de Macau registou no ano passado um prejuízo de 4,17 milhões de patacas no ano passado, um crescimento de 12,38 por cento das perdas, ou de 460 mil patacas, em comparação com 2023, quando o resultado negativo foi de 3,71 milhões de patacas. A empresa alerta que o território está a registar novos hábitos de consumo, com o abate de gado bovino a atingir o valor mais baixo desde que há registos, excluindo o período da pandemia. Em 2024, as receitas da empresa registaram um aumento inferior a 1 milhão de patacas, devido às receitas com o abate de animais, que subiram para 10,98 milhões de patacas, face aos 9,98 milhões de patacas de 2023. Contudo, a subida foi contrariada por um aumento de despesas como os custos com a água e electricidade, que subiram para 1,19 milhões de patacas, face aos 1,07 milhões anteriores, ou gastos com serviços de limpeza e outros fornecimentos, que atingiram 1,97 milhões de patacas, quando no ano anterior não tinham ido além dos 1,37 milhões e patacas. Também a nível dos salários dos 81 trabalhadores houve um aumento de despesa, de aproximadamente 278 mil patacas. Diferentes hábitos O relatório de 2024 do Matadouro mostra também uma empresa a funcionar a duas velocidades, com o abate de suínos a atingir o valor mais elevado desde 2019, enquanto o abate de bovinos caiu para o valor mais baixo desde que há registos. A gestão da empresa explica o aumento no abate de porcos de 10,86 por cento, para um total de 108.660 animais, com o facto de no último trimestre de 2023 o preço do porco ter registado uma diminuição “de quase 20 por cento”, o que serviu para estimular o mercado em 2024. “A procura pela população da carne fresca de porco aumentou, levou a um aumento do volume do abate a crescer mais de 10 por cento”, foi indicado. No entanto, o abate de bovinos teve uma quebra de 7,88 por cento, com um total de 1.333 abates, o valor mais baixo pelo menos desde 2015, excluindo 2022, quando o número de abates tinha sido de 1.301, porque o funcionamento do Matadouro foi suspenso. “O volume do abate de gado bovino em 2024 voltou a estabelecer um novo recorde negativo nos registos da empresa, e a principal razão é a alteração dos hábitos de consumo”, foi indicado. “A direcção da companhia espera que esta tendência se continue a verificar nos próximos anos, com a diminuição a ser relativamente gradual”, foi acrescentado. Nos últimos anos, a economia tem enfrentado uma situação em que é cada vez mais frequente sair para o Interior da China para consumir, ao mesmo tempo que os turistas vindos do outro lado da fronteira têm menos poder de compra. Novos investimentos O ano de 2024 ficou ainda marcado pela renovação da concessão para o abate de animais que se vai prolongar até 2029. Além disso, o Governo da RAEM financiou as obras de renovação das cadeias de abate, que estavam em funcionamento, de acordo com o relatório da administração, desde 1987. Com as obras, o matadouro ficou com uma cadeia de abates só para suínos e outra só para bovinos. No entanto, em caso de necessidade, estas podem ser alteradas para outros animais. A empresa tem como accionistas o Instituto para os Assuntos Sociais, com uma participação social de 61 por cento, a Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau), com 27,5 por cento, a Teixeira Duarte-Engenharia e Construção (Maca), com 5,8 por cento, e ainda Ngan Yuen Ming, 3,125 por cento, e Ma Iau Lai, com 2,5 por cento.
Zona A | Leong Sun Iok pede melhores transportes nos novos aterros Hoje Macau - 2 Abr 2025 Leong Sun Iok interpelou o Executivo sobre a necessidade de melhorar o sistema de transportes na zona A dos novos aterros. “Recentemente foi aberta a selecção dos agregados familiares habilitados para as 3017 fracções de habitação económica da Zona A dos Novos Aterros, portanto, os mesmos vão poder mudar-se para lá num curto prazo. No entanto, as diversas infraestruturas estão ainda por concluir e por abrir ao público”, disse. O deputado alertou também para o facto de não existirem “instalações complementares”, além de que “os transportes públicos que passam por lá só asseguram a ligação entre Macau e a Taipa e a ligação ao Edifício do posto fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”. Desta forma, considera ser “premente resolver esta situação”, até porque, na sua visão, “a Zona A dos Novos Aterros continua a ser um grande estaleiro de obras e, nos próximos anos, várias obras vão continuar”. Assim, Leong Sun Iok questiona também se vão existir “mecanismos de apresentação de queixas e de coordenação dos trabalhos, para resolver, de imediato, os incómodos causados pelas obras”.
Hospital das Ilhas | Centro Médico com consultas de 52 especialidades Hoje Macau - 2 Abr 2025 Os Serviços de Saúde (SS) apontam que o Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital, no Hospital das Ilhas, disponibiliza consultas médicas de 52 especialidades desde a sua abertura, a 16 de Setembro de 2024, em áreas como a nefrologia, ginecologia, tratamento de varizes ou da osteoporose, entre outras patologias. Além disso, “as vagas diárias para marcações dos serviços de especialidade médica aumentaram 50 por cento face ao período inicial da sua inauguração, de modo a atender à crescente procura dos serviços de cuidados de saúde por parte dos residentes de Macau”, descreve a mesma nota. Desde o dia 17 de Março que o Centro Médico passou a disponibilizar consultas externas aos não residentes, titulares do visto de estudante, portadores do Título Especial de Permanência e outros indivíduos de longa permanência em Macau. Inquérito | 170 residentes realizam análises Os Serviços de Saúde realizaram recentemente quatro sessões do inquérito-piloto do “Inquérito sobre a Saúde de Macau 2026”, que contaram com a participação de 170 residentes, entre 200 inscritos, que além de responderem a questões foram submetidos a um check-up de saúde. Para tal, fizeram análise ao sangue e urina, procederam à medição da pressão arterial, altura, peso e circunferência da cintura, da força de preensão manual e da audição. Duas semanas após a conclusão do exame, os residentes podem consultar ou receber o relatório através da “Minha Saúde 2.0” na “Conta Única de Macau”, ou por correio registado ou e-mail. Especialistas e académicos da Peking Union Medical College vieram a Macau para fazer o controlo de qualidade e orientação dos chamados inquéritos-piloto.
Saúde | Alerta para aumento da obesidade e hipertensão João Luz e Nunu Wu - 2 Abr 2025 Apesar do aumento da esperança de vida nas últimas duas décadas e meia, o Governo está preocupado com a subida gradual da obesidade, hipertensão, e elevados níveis de colesterol e açúcar no sangue. Em 2024, cerca de 80 por cento das mortes registadas em Macau estiveram relacionadas com doenças crónicas Dados do Inquérito sobre a Saúde de Macau divulgado em 2016 já mostravam que mais de metade da população adulta tinha peso a mais. No entanto, a situação actual deve ser pior, indicou ontem a chefe da Divisão de Promoção da Saúde do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde (SS), Wong Weng Man, no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. Tendo em conta que será lançado no próximo ano um novo inquérito à saúde da população, a responsável prevê que a proporção dos casos de obesidade irá aumentar e que a tendência crescente do excesso de peso é um dos desafios dos SS para os próximos anos. “O risco de excesso de peso, obesidade, hipertensão arterial, colesterol e açúcar elevados no sangue aumenta gradualmente,” explicou Wong Weng Man, ressalvando que os indicadores de excesso de peso e obesidade em Macau são mais rigorosos do que noutras regiões. Uma das estratégias das autoridades passa por alertar os residentes para a importância de monitorizar o peso e mais cedo possível. Seguindo tendências Para inverter a tendência, o Governo pretende cooperar com grupos comunitários e informar a população sobre a gestão de peso e formas seguras de combater a obesidade. Além disso, os SS querem alargar a especialidade de medicina através da formação de médicos e criar uma plataforma online para os residentes acederem a médicos, enfermeiros, médicos de medicina tradicional chinesa, dentistas, nutricionistas, psicoterapeutas e fisioterapeutas. Serão também instalados vários postos de controlo de pressão arterial no território. Wong Weng Man salientou o perigo da obesidade enquanto causa de doenças crónicas, que foram a principal causa de morte, em cerca de 80 por cento dos casos, durante o ano passado. A representante dos SS destacou ainda o aumento da esperança de vida média em Macau, que subiu cinco anos desde 1999, e se fixou em 83,3 anos em 2024. Importa referir que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a esperança de vida média a nível global também subiu cinco anos entre os anos 2000 e 2015.
CAEAL | Cerca de 15 milhões em prémios, abonos e subsídios Hoje Macau - 2 Abr 2025 No âmbito da realização das eleições para a Assembleia Legislativa, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) prevê gastar 15,68 milhões de patacas com o pagamento de “outra remunerações, subsídios, abonos e prémios”. Esta rubrica de gastos com o pessoal diz respeito a 27,8 por cento do orçamento total, que é de 54,58 milhões de patacas, de acordo com a informação publicada ontem no Boletim Oficial. A realização das eleições prevê outros custos com o pessoal, como os gastos de 3,20 milhões de patacas para “os membros de conselhos”, 53,6 mil patacas como despesas com “remunerações para formação” e 728,3 mil patacas para “abono de alimentação e alojamento”. A outra grande despesa prevista passa pelo pagamento de instalações e equipamentos, no qual a CAEAL prevê gastar 14,36 milhões de patacas. Além disso, estão previstas despesas de 4,70 milhões de patacas em encargos com anúncios, 2,93 milhões de patacas com “equipamentos informáticos e sistemáticos”, 2,03 milhões de patacas com comunicações, serviço postal e correio expresso e ainda 1,07 milhões de patacas em materiais promocionais e ofertas. As próximas eleições para a Assembleia Legislativa estão agendadas para a segunda metade do ano, a 14 de Setembro.
IH / Incêndio | Alarmes que não soaram podem originar sanções João Luz - 2 Abr 2025 O Instituto de Habitação garante estar a acompanhar as fiscalizações na sequência do incêndio no complexo de habitação pública Edifício do Lago, em especial devido aos alarmes não terem tocado. A entidade promete comunicação estreita com a administração do edifício, mas não esclarece se foram encontradas irregularidades O Instituto de Habitação (IH) recebeu relatórios elaborados pelo Corpo de Bombeiros e pela empresa de administração do Edifício do Lago sobre o que se passou no incêndio que deflagrou no complexo de habitação pública no dia 24 de Fevereiro. Duas mulheres foram hospitalizadas e 18 pessoas necessitaram de auxílio para serem retiradas do edifício, embora sem ferimentos. No rescaldo do incêndio, os moradores queixaram-se de que não ouviram os alarmes soarem. Além disso, os bombeiros confrontaram-se com informações erradas sobre o piso onde começaram as chamas. Em resposta a uma interpelação escrita da deputada Lo Choi In, o IH afirma que “está a acompanhar” os relatórios sobre o caso, “bem como a proceder a trabalhos de investigação” e que, caso sejam verificadas irregularidades, “instaurará o respectivo procedimento sancionatório”. Porém, a resposta assinada pelo presidente do IH, Iam Lei Leng, não refere se foram apuradas deficiências de gestão responsáveis por problemas nos equipamentos contra incêndios, limitando-se a sugerir que “quanto à administração de propriedades do edifício, o CB continuará a manter uma comunicação estreita com o IH e a prestar o apoio necessário no que respeita à gestão da prevenção de incêndios”. Trabalhar os trabalhos Iam Lei Leng salienta que o IH faz inspecções e “fiscaliza a administração das partes comuns da habitação económica e o funcionamento das instalações”, sem referir se o fez recentemente no Edifício do Lago. Porém, afirma que sugere “às empresas de administração de propriedades que enviem os seus trabalhadores para participarem em palestras ou acções de sensibilização e de educação sobre a segurança contra incêndios”. Apesar da ocorrência frequente de incêndios em prédios de habitação, as autoridades garantem que o CB divulga informações sobre segurança contra incêndios, através de palestras, acções de prevenção de incêndios e de desastres, exercícios de evacuação, visitas a associações de moradores e organizações, e distribuição de panfletos. “Entre 2024 e Fevereiro de 2025, o CB desenvolveu mais de 520 acções de sensibilização de prevenção de incêndios em edifícios e distribuiu cerca de 8.000 panfletos e cartazes com informações de prevenção contra incêndios”.
João Romão, académico: “Macau está numa posição altamente privilegiada” Andreia Sofia Silva - 2 Abr 2025 Docente na Yasuda Women’s University, no Japão, João Romão prepara-se para lançar, em Junho, um livro intitulado “Economic Geography of Tourism”. Em declarações ao HM, o académico realça a interligação entre turismo, economia e geografia, e elenca as suas possibilidades, limitações e efeitos, inclusivamente em Macau Neste livro fala do conceito de “economia espacial”, em conexão com o turismo e geografia. Como se dá essa ligação? A geografia económica combina o contexto geográfico com os processos económicos, sendo estudada a distribuição espacial das actividades económicas. A economia do turismo é particularmente sensível a estas condicionantes geográficas, pois são as características de cada lugar que potenciam o desenvolvimento de determinados produtos ou serviços. Essas características ultrapassam largamente os aspectos físicos do território e incluem também a cultura, a história, os modos de vida ou até as instituições e os enquadramentos legais. O caso dos casino, algo particularmente importante em Macau, é um bom exemplo da importância de aspectos jurídicos para desenvolver certos tipos de turismo. A geografia económica tem um âmbito mais vasto que a economia espacial, mais focada em aspectos estritamente económicos. Sendo evidente no turismo essa relação entre a economia e a geografia, este livro estabelece uma dupla abordagem que sistematiza a interdependência destes três aspectos que refere. Primeiro explora a forma como os conceitos e teorias da geografia económica se podem aplicar ao turismo. Na segunda parte faz o percurso inverso, discutindo como a análise de problemas relevantes do turismo contemporâneo justifica o recurso à geografia económica. São exemplos a degradação de recursos locais, impactos ambientais, contributo para alterações climáticas, aceleração de processos de gentrificação ou perturbação de modos de vida comunitários. Ter uma economia excessivamente dependente do turismo pode constituir um problema ou uma salvação? As duas coisas, e são ambos casos que a geografia económica pode ajudar a compreender. A industrialização das economias está ligada a processos de aglomeração de actividades que se reforçam mutuamente quando atingem uma determinada escala. Isso permite a massificação da produção e do consumo, com custos razoáveis. As indústrias contemporâneas, mais associadas à integração de tecnologias digitais e processos criativos, estão menos aglomeradas em zonas especializadas de desenvolvimento industrial, mas tendem a concentrar-se nas grandes cidades e áreas metropolitanas. Daqui também resulta que zonas rurais, ilhas, ou sítios que não acompanharam os processos de industrialização, têm mais dificuldade em mobilizar investimentos, tecnologias ou pessoas qualificadas para inovar e desenvolver novas indústrias. Nesses casos, o turismo aparece frequentemente como a solução possível, uma vez que se pode desenvolver com incorporação de tecnologia e conhecimento relativamente baixos. Por outro lado, o consumo turístico, não sendo essencial à vida humana, é muito sensível a flutuações de rendimentos. Pode dar exemplos? Isso foi visível, por exemplo, com a crise internacional de 2007/2009. O turismo também é muito vulnerável a problemas de segurança ou de epidemias internacionais, como o caso do covid-19 demonstrou ao extremo. Economias demasiado especializadas no turismo são muito vulneráveis a choques externos e menos resilientes perante crises. É visível também que, sendo o desenvolvimento turístico frequentemente suportado por serviços de mão-de-obra intensiva e fraca incorporação tecnológica, a especialização em turismo pode provocar, no longo prazo, constrangimentos em termos das qualificações da população, da capacidade de inovar e integrar tecnologia ou de acrescentar valor à economia regional. O livro fala também de “Turismo Inteligente” e da “co-criação de experiências”, com recurso a megadados e IA. O turismo está, definitivamente, a ficar mais digital? As redes sociais são instrumentos fundamentais para as novas gerações. Começaram, entretanto, a generalizar-se as ferramentas para planeamento ou promoção de viagens suportadas por inteligência artificial. O chamado “turismo inteligente” designa de uma forma mais geral a utilização de tecnologias digitais para intensificar os fluxos de informação, consolidar a formação de redes e promover tomadas de decisão mais informadas e partilhadas, eventualmente contribuindo para a chamada “co-criação de experiências”. A digitalização do turismo tem as suas origens nos sistemas de distribuição de serviços originalmente desenvolvidos por companhias aéreas, desde os anos 1960, mas seria a Internet a acelerar e globalizar a digitalização. E as redes sociais. A emergência das redes sociais promoveu a criação de um universo mais interactivo, potencialmente em tempo real e envolvendo largos números de utilizadores e vários de tipos de suportes. A generalização da utilização de telefones móveis permanentemente conectados à internet, mesmo em viagens ao estrangeiro, aumentou ainda mais este potencial para a utilização intensiva e interactiva de dados e informação. Esta “co-criação”, no entanto, esconde evidentes desequilíbrios de poder. Tais como? No que diz respeito ao turista, ou consumidor em geral, cabe normalmente o papel de fornecer informação, por exemplo através das redes sociais. Essa informação é obtida, acumulada e comercializada, por vezes sem consentimento ou até sem conhecimento, para eventualmente se traduzir na criação, adaptação ou promoção de produtos e serviços. Este processo é particularmente importante no caso do turismo, por haver normalmente um período longo entre a decisão de viajar e a viagem propriamente dita. Esse período de exploração e planeamento de viagem é aproveitado pelas empresas de marketing turístico para tentar influenciar as escolhas. Este tipo de interacção também introduz uma diferença na “espacialidade” da provisão de serviços turísticos, que normalmente são produzidos e consumidos ao mesmo tempo e no mesmo lugar, numa relação directa entre produtor e consumidor. A digitalização do turismo antecipa grande parte destas interações e fluxos de informação e transfere-as para grandes empresas tecnológicas ou de marketing e distribuição. Num mundo onde cada vez se viaja mais, os percursos são mais curtos e o acesso à informação é imenso, como podem os países e regiões ser competitivos na oferta turística? O turismo contemporâneo vive num ambiente internacional altamente competitivo. Mas da mesma forma que há uma grande variedade de destinos e ofertas, também há uma grande diversidade de preferências e consumos, aquilo que se vai designando como “hiper-personalização”, resultado da tal abundância de informação e oportunidade de interação. O desafio que se coloca aos destinos é o de identificar os recursos, produtos e serviços que se possam ajustar a um determinado grupo de consumidores, para comunicar com eficácia. Esta competitividade ultrapassa em muito o âmbito estrito dos serviços turísticos porque também requer serviços de mobilidade e transporte, infra-estruturas variadas, segurança, apoio médico, ou fácil comunicação. Qualquer lugar que pretenda desenvolver a sua indústria turística tem que intervir sobre todos estes factores. O livro aborda também como os “processos sociais” moldam o desenvolvimento do turismo. No caso da China, por exemplo, acredita que estamos a assistir a uma mudança, que terá consequências para Macau? Parece-me que Macau está numa posição altamente privilegiada para desenvolver outras formas de turismo. A China é o maior mercado emissor do mundo, a subida generalizada de rendimentos das últimas décadas permite a muitos milhões de pessoas explorarem a oportunidade de viajar. Macau é um destino muito próximo e ao mesmo tempo distinto, com as suas particularidades históricas e culturais. Para a população chinesa não era fácil visitar Macau e há certamente um interesse muito grande. Como entra o projecto da Grande Baía nisso tudo? A estratégia que está a ser seguida com a integração da Grande Baía permite desenvolver uma oferta cosmopolita e diversificada que pode certamente atrair turistas chineses e de outras partes do mundo. De resto, estas três áreas têm excelentes escolas de hotelaria e turismo, que garantem pessoal qualificado para a gestão e planeamento do turismo. O elemento de diferenciação que a cultura portuguesa introduz neste contexto pode certamente contribuir para o sucesso da transição de um turismo focado nos casinos para outras formas que valorizem mais a cultura e o património. É possível ter um turismo sustentável? Os problemas e as dificuldades da sustentabilidade do turismo são mais visíveis do que noutros sectores. A tal “espacialidade” do turismo (em que o consumidor é obrigado a deslocar-se ao local de consumo), implica que as consequências desse consumo se tornem mais evidentes. Esses efeitos são menos óbvios quando se trata da insustentabilidade de unidades industriais ou de formas de agricultura intensiva em áreas relativamente isoladas. Como as estratégias de massificação para redução de custos e rentabilização de investimentos também se aplicam ao turismo, as consequências sobre o ambiente ou a qualidade de vida dos residentes nos destinos podem ser devastadoras. A sustentabilidade implica uma perspectiva de longo prazo baseada na ideia de que as decisões de hoje não implicam consequências negativas futuras. Práticas sustentáveis dependem do controlo dos impactos que se vão acumulando ao longo do tempo por agentes económicos individuais e independentes. Como pode ser feito esse controlo? Quando um hotel ou uma companhia aérea definem que capacidade vão instalar nos seus serviços podem eventualmente estimar o impacto que os consumidores vão provocar no ambiente ou economia locais. Já terão mais dificuldades em antecipar que impactos vão ser gerados nos 10, 15 ou 20 anos seguintes ao investimento. E, seguramente, será impossível aferir como esse impacto se acumula aos impactos provocados por outros prestadores de serviços, agora ou no futuro. Ou seja: ainda que a ideia de sustentabilidade seja generalizadamente aceite, os agentes económicos não têm, na prática, mecanismos ou instrumentos para a avaliar. A regulação da utilização de recursos e territórios por entidades públicas com uma perspectiva mais abrangente e de futuro, pode contribuir para a sustentabilidade de uma forma mais eficaz do que a regulação associada à dinâmica dos mercados, que em muitos casos se tem revelado altamente predatória. A economia chinesa é um desses exemplos e pode eventualmente beneficiar disso. E no caso concreto de Macau? Macau tem problemas historicamente conhecidos: áreas ultra-urbanizadas e poluídas, com grandes consumos energéticos e produção de resíduos; grande concentração de turistas numa área relativamente pequena de grande interesse histórico e cultural; grande dependência do jogo, com os decorrentes desequilíbrios na apropriação de benefícios do turismo. A transição em curso para novas formas de turismo deve resolver melhor estes problemas e a regulação pelo estado terá certamente melhores resultados do que a baseada nas dinâmicas de mercado.
Myanmar | Mais de 2.880 mortos e de 4.600 feridos Hoje Macau - 2 Abr 2025 A junta militar birmanesa elevou ontem o balanço do sismo que atingiu Myanmar há cinco dias para 2.886 mortos e 4.639 feridos, enquanto continuavam as buscas por sobreviventes. O balanço anterior, divulgado na terça-feira, era de 2.719 mortos, 4.521 feridos e 441 desaparecidos. O porta-voz da junta, general Zaw Min Tun, divulgou o novo balanço provisório à agência de notícias EFE, numa altura em que se registou mais um resgate de um sobrevivente. Cinco dias depois do sismo, um jovem com cerca de 20 anos foi resgatado por socorristas birmaneses e turcos dos escombros de um hotel na capital, Naypyidaw, disseram as autoridades. A junta disse que cerca de 1.500 socorristas de 15 países se encontram no país do sudeste asiático afectado por um sismo de magnitude 7,7 na sexta-feira, 28 de Março, que também atingiu a vizinha Tailândia. Os socorristas são provenientes da China, da Índia, da Rússia, de Singapura, da Tailândia, do Vietname, da Malásia, dos Emirados Árabes Unidos, do Laos, da Bielorrússia, da Turquia, do Butão, das Filipinas, do Bangladesh e da Indonésia. A junta militar, que tomou o poder após um golpe de Estado em Fevereiro de 2021, disse que as equipas estrangeiras também levaram medicamentos e outros materiais que estavam a ser entregues em algumas regiões. No entanto, a ajuda internacional ainda não chegou a todas as áreas afectadas, admitiram as autoridades. No fim de semana, a junta afirmou que mais de 2.600 edifícios, incluindo casas, igrejas, escolas e pagodes, ruíram devido ao terramoto e às réplicas. O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) afirmou que só em Naypyidaw mais de 10.000 edifícios foram destruídos ou gravemente danificados. Zonas de guerra A oposição democrática, que controla partes do país, calculou que 8,5 milhões de pessoas foram “directamente afectadas” pelo terramoto num país que se encontra em guerra, o que agrava a situação e dificulta os esforços humanitários. Os militares disseram ontem que dispararam tiros para o ar para tentar afastar elementos da Cruz Vermelha da China numa zona de conflito com os rebeldes. O porta-voz Zaw Min Tun declarou, num comunicado, que os soldados tentaram parar um comboio de nove veículos que se dirigia para a aldeia de Ommati, no estado de Shan (norte), na terça-feira à noite. “As forças de segurança tentaram parar os veículos quando os viram, mas não conseguiram”, afirmou, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP). Zaw Min Tun afirmou que a junta estava a investigar o incidente. Segundo o porta-voz, não foi efectuada qualquer “notificação prévia” sobre a entrada dos socorristas chineses “a Myanmar nem à respectiva embaixada, nem ao gabinete do adido militar” em Pequim, condição prévia para a entrada de ajuda estrangeira. A junta e o Exército de Libertação Nacional de Ta’ang (TLNA), um dos principais grupos étnicos rebeldes, entraram em confronto em Ommati, afirmou ainda o porta-voz, alegando que “certos grupos estavam a tirar partido político” da ajuda. Questionado sobre o incidente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que o equipamento enviado pela Cruz Vermelha chinesa tinha chegado e estava seguro, tal como os trabalhadores humanitários. “Pedimos a todas as partes de Myanmar que permitam a passagem sem entraves da ajuda”, acrescentou o ministério, citado pela AFP. A China enviou uma equipa de 82 trabalhadores humanitários para Myanmar no sábado e mais 118 no domingo. O chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, pediu a ajuda da comunidade internacional, uma ação rara dos militares birmaneses e que ilustra a dimensão da catástrofe.
A administração Trump e a sustentabilidade do globo Olavo Rasquinho - 2 Abr 2025 O período relativamente curto desde que a administração Trump tomou o poder nos EUA já deu para ver que os próximos quatro anos serão de continuação do ataque contra o bom senso, entre outros aspetos, no que se refere à sustentabilidade do nosso planeta. Em vez de se seguirem as recomendações de várias agências especializadas da ONU, baseadas em estudos científicos, vão ocorrer mais medidas no sentido de incrementar a exploração dos combustíveis fósseis. Trump decretou, pela segunda vez, logo no primeiro dia do seu segundo mandato, a saída do Acordo de Paris. E fê-lo provocatoriamente, perante as câmaras de televisão. Além da retirada de outras instituições da ONU, como a Organização Mundial de Saúde e o Comité dos Direitos Humanos, a sua administração está a tomar medidas no sentido de asfixiar projetos nas áreas relacionadas com o ambiente. Outros sintomas da aversão de Trump à ciência consistem no facto da tomada de medidas para que se deixe de recorrer a expressões como “alterações climáticas” e “aquecimento global”, nos documentos das agências estatais americanas que lidam com a atmosfera, os oceanos e o clima. Também outras instituições, como a Agência de Proteção Ambiental, o Departamento do Interior e o Departamento de Energia foram notificadas no mesmo sentido. Não se trata de medidas puramente semânticas, mas de instruções bem concretas para tentar reverter a luta que se está a travar à escala global contra o uso e abuso dos combustíveis fósseis, os quais, como se sabe, são a principal causa do efeito de estufa que está na base das alterações climáticas. Este comportamento do governo da potência mais poderosa do globo, e a segunda que mais injeta gases de efeito de estufa (GEE) na atmosfera, configura o que deveria ser classificado como crime não só contra a humanidade, mas também contra a biodiversidade, o ambiente e a sustentabilidade do nosso planeta. A explicação desta atitude poderá ser encontrada quando se investiga quais os principais apoiantes de Trump, entre os quais se contam não só os eleitores do mundo rural, facilmente manipuláveis através das redes sociais, mas também personalidades da alta finança e magnatas envolvidos na exploração de combustíveis fósseis. Estes têm muito a lucrar com esta política, como o intrépido Elon Musk, um dos principais financiadores da campanha eleitoral que antecedeu a tomada do poder por uma oligarquia sedenta do lucro fácil. Ainda está na nossa memória a promessa de oferta de um milhão de dólares a alguns dos eleitores que assinaram uma petição de apoio ao candidato Donald Trump. Os favores pagam-se com favores, e eis Trump, recentemente, a fazer publicidade a automóveis Tesla. É provável que a intensificação da exploração dos combustíveis fósseis, preconizada pela nova administração americana, ajude a contrariar temporariamente a subida do preço da energia, uma vez que a transição energética preconizada pelas mais variadas agências das Nações Unidas fica relativamente cara aos cidadãos. Entretanto, as energias renováveis estão a tornar-se cada vez mais económicas e competitivas, o que implica, a médio e longo prazo, que os preços diminuam significativamente, atendendo a que as principais fontes de energia renováveis (radiação solar, vento, recursos hídricos, ondas e marés, biomassa, geotermismo) são inesgotáveis. Além dos oligarcas e dos cidadãos com nível de instrução relativamente baixo, também contribuíram para esta situação os promotores da tenebrosa teoria da conspiração promovida pelo movimento QAnon1 que, através da Internet, desenvolve atividades com base em notícias falsas, as famosas “fake news”. Consta também que a Federação Russa não é alheia às manobras que levaram Trump ao poder, como aconteceu em 2016, recorrendo a ataques cibernéticos que prejudicaram a candidata Hillary Clinton. Tudo isto se passa numa altura em que o nosso planeta caminha perigosamente para um ponto crítico em que será cada vez mais difícil reverter os danos causados às várias componentes do sistema climático: a atmosfera está cada vez mais impregnada de GEE; na hidrosfera a acidez e a poluição dos oceanos aumenta perigosamente; na biosfera as florestas são dizimadas por incêndios e por desflorestação, e a biodiversidade sofre degradação acelerada; na litosfera, o solo está parcialmente impregnado de produtos tóxicos, entre os quais metais pesados provenientes das atividades humanas, os quais são suscetíveis de serem absorvidos pelas plantas e entrarem na cadeia alimentar de animais e seres humanos; a criosfera funde parcialmente provocando perigosamente o aumento do nível médio do mar. Segundo a Organização Meteorológica Mundial e o Serviço Mundial de Monitorização dos Glaciares verificou-se, no período 2022-2024, a maior perda de massa glaciar jamais registada em três anos, antevendo-se que em muitas regiões os glaciares não conseguirão perdurar para além do século XXI. É dececionante que um conjunto de oligarcas, que só tem em perspetiva o lucro a curto prazo, esteja a contribuir para arrastar o nosso planeta para tempos cada vez mais difíceis. A fatura a pagar será tanto mais grave quanto mais tempo essa administração, e outras semelhantes, estiverem no poder. Em vez da recente visita provocatória do vice-presidente dos EUA à Gronelândia, talvez tivesse sido melhor ideia ter visitado a Islândia, onde se encontra uma placa no local onde existiu o glaciar “Okjökull” (também designado por “Ok”), o primeiro glaciar islandês a desaparecer devido às alterações climáticas. Está nela escrito um texto, em islandês e inglês, com o título “Uma carta para o Futuro” que consta do seguinte: “Ok é o primeiro glaciar islandês a perder o seu estatuto de glaciar. Estima-se que, nos próximos 200 anos, todos os nossos glaciares sigam o mesmo caminho. Este monumento é para dar a conhecer que sabemos o que está a acontecer e o que é necessário ser feito. Só você sabe se nós o fizemos”. *Meteorologista QAnon – movimento de extrema-direita surgido na Internet em 1917, nos EUA, que recorre frequentemente a notícias falsas que fomentam a crença de que existe uma conspiração secreta à escala global fomentada por elites, políticos e figuras do meio intelectual e artístico que estariam envolvidas em atividades relacionadas com pedofilia, tráfico de crianças e rituais satânicos.
A ordem e o caos não existem Jorge Rodrigues Simão - 2 Abr 2025 “Chaos is the domain of ignorance, the unexplored. Order, on the other hand, is like an explored territory, it’s the hierarchy, the organisation, the environment of mastery, in which you know and understand.” Jordan Peterson Existem interpretações. Muitas vezes instrumentais. A minha ordem é o teu caos e vice-versa. Os conflitos entre e dentro dos grupos humanos têm a ver com a distribuição desigual da ordem e da desordem. Nunca é óptimo. O resultado é uma instabilidade permanente enquanto houver vida na Terra. O oposto também é verdadeiro pois a guerra para acabar com todas as guerras é a guerra para acabar com o mundo. E da nossa espécie. Desde que, entretanto, inspirados por Elon Musk, não nos tenhamos implantado noutros planetas. Até meados do século XX, estas eram especulações ao serviço das idolatrias modernas que postulavam a possibilidade do impossível e refreavam a concretização do possível. Nunca definitivamente limitado. A partir de Hiroshima, sabemos que não há limite para a nossa capacidade de luta e de auto-destruição. Ao contrário das teorias que ansiavam pelo fim da história, hoje as práticas de redistribuição da ordem e do caos podem efectivamente acabar com ela. A vantagem dos outros animais sobre nós, sapientes, é que eles ousam o impossível. O que não os imuniza das nossas possíveis loucuras. Um pesadelo que pode ser alargado a toda a natureza, à qual recusamos pertencer porque afirmamos que ela nos pertence, permitindo-nos assim saqueá-la como seus autoproclamados senhores. É suficiente, cremos, para medir a arrogância dos poderes que disputam a supremacia no seu campeonato exclusivo. Esta corrida ao “Santo Graal” pode fazer-nos descarrilar para sempre. Deve haver loucura em tanto método. Robert Ardrey, etólogo, dramaturgo e inspirador da peça, “Star Spangled”, que estreou na Broadway em 1935, fixou que “a sociedade é um grupo de seres desiguais organizados tendo em vista a unidade de necessidades”. Retiramos a dolorosa conclusão de que a sociedade dos humanos não existe por falta de objectivos comuns. Ficaríamos muito gratos a quem pudesse provar que a nossa espécie persegue os mesmos objectivos, pelo que somos todos irmãos. Excluímos da competição a Inteligência Artificial (IA), cuja tendência para fazer batota é típica dos hiper-poderosos que tememos. Entretanto, somos chamados a interpretar. Em que ponto se situa a luta entre poderes para obter o melhor equilíbrio entre a ordem e o caos? Depende de como os competidores retratam para si o padrão ideal de tal mistura manipulável. Não há um “eu” absoluto seguro dos dois paradigmas, apenas ajustes mútuos provisórios. Dialéctica de gémeos siameses. Para que a ordem total seja igual ao caos total. Constrangimento do espelho. Os dois pólos são faces de Jano, deus romano das portas e das passagens, guardião dos limiares, do limite (substantivo e verbo). Nosso lar adoptivo. O caos é a ordem dinâmica do mundo. Incontrolável em categorias científicas porque agitado pela história. Ordenar o caos interno é uma tarefa a que se deve dedicar qualquer sociedade que queira ser um sujeito geopolítico. Para poder competir na conquista de espaços territoriais e espirituais, contados como Estados ou contestáveis. Nenhum sujeito soberano pode aspirar a dominar tudo e todos. Nem pode estabelecer-se acima da rede de conexões que informa qualquer sistema, do corpo humano ao social. A mente suprema da autoridade absoluta é uma ficção tragicómica. O patologista/filósofo Neil Theise adverte que “O cérebro está na rede e é actuado à medida que trabalha. Não é simplesmente a mente a escrutinar o resto do corpo a partir do seu trono no crânio”. Somos uma arquitectura de órgãos com funções específicas. Nenhum funciona sozinho. Todas as interacções são locais. Cada elemento do sistema complexo interage com todos os outros elementos graças a redes tecidas de ligações locais. Traduzido em geopolítica, ninguém pode exercer um domínio completo sobre a sua sociedade, e ainda menos sobre esse arquipélago composto de comunidades periféricas centradas no líder que quer ser um império. Um domínio que os cépticos incuráveis estendem a Deus. Se Ele existisse, teria de se limitar a si próprio para prover às suas criaturas numa expansão desenfreada, dedicada a destruir a Criação. Negaria assim a sua própria divindade. Ou exercê-la-ia numa escala reduzida. Se Deus existe, é um semideus. Parece-lhe familiar? Estamos a viver um excesso de caos produzido pela crise simultânea do “Número Um” e dos seus adversários.
Letras&Companhia | Luísa Sobral no Teatro D. Pedro V este sábado Hoje Macau - 2 Abr 2025 Luísa Sobral, cantora e romancista, está em Macau para participar em mais uma edição do festival literário infanto-juvenil “Letras&Companhia”, organizado pelo IPOR. A primeira actuação decorre este sábado no Teatro D. Pedro V, com o espectáculo “Coisas Pequenas”. Segue-se, na terça-feira, a apresentação do seu livro “O Peso das Palavras” O Instituto Português do Oriente (IPOR) volta a apresentar, a partir desta sexta-feira, mais uma edição do festival literário inteiramente dedicado a crianças, jovens e suas famílias, intitulado “Letras&Companhia”. E no meio de workshops de escrita e leitura, exposições e actividades em torno do tema da educação e inteligência artificial, há um destaque no programa: a presença da cantora portuguesa e romancista Luísa Sobral. Luísa Sobral, que tem uma carreira como compositora e cantora já de alguns anos, traz a Macau o seu “concerto intimista”, intitulado “Coisas Pequenas”, que acontece este sábado a partir das 20h no Teatro D. Pedro V. Segundo o cartaz do “Letras&Companhia”, este espectáculo traz a Macau “um reportório constituído por músicas dos sete álbuns lançados em nome próprio, canções que escreveu para outros e por algumas composições musicais que a marcaram”. Desta forma, “será um momento musical de partilha de histórias e memórias, pautado pela poesia das ‘coisas pequeninas’ que participam na beleza da vida”. Além disso, o concerto conta com a presença de Mina Pang, dos Cotton Kids, a acompanhar um tema em palco. Mas Luísa Sobral faz ainda uma segunda participação no “Letras&Companhia”, apresentando o seu livro infantil “O Peso das Palavras”, na próxima terça-feira, na Livraria Portuguesa, a partir das 18h30. Esta obra, que é ilustrada por “Ligeiramente Canhoto”, inclui a história “do (super)poder das palavras”, escreveu a Lusa, descrevendo que “rouxinóis e um elefante convidam o leitor a reflectir sobre o impacto que a escolha das palavras pode ter no quotidiano”. Elefantes e rouxinóis “O Peso das Palavras” nasce “da preocupação em mostrar aos mais novos como algumas palavras têm a capacidade de nos fazer sentir leves como rouxinóis, enquanto outras nos fazem sentir tão pesados como elefantes”, informa a nota de imprensa que acompanha o lançamento da obra. Luísa Sobral explica que “este poema nasceu de uma conversa que tive com a minha filha quando fez um comentário sobre outra menina”. “Nesse momento, senti a necessidade de lhe explicar de forma simples e descomplicada que as palavras têm um peso e que podem magoar ou ser boas. Que através da palavra podemos fazer bem ou mal às pessoas à nossa volta e que, por isso, é muito importante termos noção das palavras que usamos”, acrescentou, citada pela Lusa. “Acredito que a ilustração do livro acrescenta uma nova e importante camada à história, explicando que vamos sempre ouvir palavras que não queremos ouvir, “palavras elefante”. Mas que também faz parte da vida saber lidar com esses “elefantes” até porque querer uma vida repleta de “rouxinóis”, não é realista”, acrescenta a compositora e cantora portuguesa. Árvores e outras histórias Além de “O Peso das Palavras”, Luísa Sobral lançou, mais recentemente, o seu primeiro romance, desta vez para um público mais adulto, chamado “Nem todas as árvores morrem de pé”. “Os meus amigos de vez em quando lêem notícias e coisas que acham que podem ser inspiradoras para canções”, então uma amiga enviou a história de “um casal com o apelido Feliz, mas que decidira terminar a vida junto, ou seja, terminar-se”, em Vila Real, onde vivia na altura, disse a cantora em entrevista à agência Lusa. “Eu achei isso super irónico e poético ao mesmo tempo, então decidi escrever uma canção [‘Maria Feliz’] sobre isso. Só que todos os meus assuntos ficam resolvidos nas canções, mas este não ficou. Foi uma história que parecia que continuava em mim a querer ser mais alguma coisa. Então, decidi começar a escrever um texto que eu achei que ia ser uma peça de teatro, porque eu já ando há um tempo a querer escrever uma peça de teatro, e comecei a escrever, e de repente percebi – eu acho que os personagens aqui têm muita vontade própria – que não queriam ser só canção, depois não queriam ser peça de teatro, quiseram ser romance”, rematou. A narrativa é construída com base em duas histórias paralelas, uma das quais, acompanha Emmi, nascida antes do início da Segunda Guerra Mundial, com uma adolescência difícil e pobre, que se casa com um homem de Berlim Leste e vai viver para a RDA, até que a construção do muro, a separação da família e uma carta anónima a enterram numa profunda depressão. A outra, acompanha M., nascida após a divisão das Alemanhas, educada por uma ama, numa família onde imperam os valores do socialismo. M. vive no total desconhecimento do mundo ocidental e ao sabor de uma realidade distorcida, até ouvir um testemunho de uma rapariga, que mudará a sua vida.
Automobilismo | Leong repete troféu Lamborghini com a Theodore Sérgio Fonseca - 2 Abr 2025 A Lamborghini Super Trofeo Asia arranca este fim de semana na Austrália. A competição monomarca do prestigiado construtor de superdesportivos contará, mais uma vez, com uma representação da RAEM. Charles Leong Hon Chio estará novamente ao serviço da SJM Theodore Racing. Depois de, na temporada passada, Charles Leong e a SJM Theodore Racing terem lutado pelo título da classe PRO até à derradeira corrida, esta dupla continuará em 2025. No entanto, o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 em 2020 e 2021 não voltará a formar equipa com a japonesa Miki Koyama. Ao seu lado, o piloto de Macau terá agora o jovem irlandês Alex Denning, que no ano passado competiu na GT4 European Series e que, este ano, fará a sua estreia nas pistas asiáticas. Outra novidade está na equipa de assistência da SJM Theodore Racing, que deixa de ser a Iron Lynx – estrutura que, desde 2021, controla a Prema Powerteam através da empresa suíça DC Racing Solutions Ltd. A relação da Iron Lynx com a Lamborghini Squadra Corse, entidade responsável pelo desporto automóvel da marca italiana, deteriorou-se drasticamente no final do ano passado devido a um conflito relacionado com o programa do Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC). Como consequência, a Iron Lynx abandonou todas as atividades com a marca de Sant’Agata Bolognese a nível global. Perante este cenário, para garantir a assistência técnica ao seu Lamborghini Huracán Super Trofeo EVO 2, a SJM Theodore Racing contará, nesta temporada, com os serviços da DW Evans GT, a equipa que, no ano passado, venceu o campeonato de equipas e a classe PRO do troféu asiático, com o inglês radicado em Hong Kong e co-proprietário da equipa, Dan Wells. Não há coincidência com o GP O Lamborghini Super Trofeo Asia pretende manter o seu ímpeto em 2025, com um calendário composto por seis eventos em seis países diferentes. A temporada arrancará, pela primeira vez, na Austrália, com o histórico Sydney Motorsport Park a receber a primeira jornada dupla. De seguida, a competição ruma a Xangai, na China, para a segunda ronda no fim de semana de 16 a 18 de Junho, marcando o seu regresso ao calendário em 2024 após uma ausência de quatro anos. O Japão será o anfitrião da terceira ronda duas semanas depois, na icónica pista de Fuji, enquanto o Inje Speedium, na Coreia do Sul, entra no calendário no final de Julho. Depois de ter anteriormente acolhido a ronda de abertura da temporada, Sepang, na Malásia, passa para setembro em 2025, ocupando a quinta ronda do calendário. A sexta e última prova terá lugar no circuito de Misano, em Itália, em conjunto com as Finais Mundiais da Lamborghini. Pela primeira vez em vários anos, o evento não coincidirá com o Grande Prémio de Macau, disputando-se no fim de semana anterior. Ausência de vulto Vencedor da classe PRO-AM em 2024, ao lado do chinês Jason Fangping Chen, André Couto não estará presente na edição deste ano do Lamborghini Super Trofeo Asia. A Madness Racing Team, pela qual o piloto português do território competiu na época passada, abandonou o troféu e ainda não definiu o seu projecto desportivo para 2025. Para esta primeira prova do campeonato, na Austrália, estão vinte e três carros que serão conduzidos por trinta e nove pilotos.
Hong Kong | Substituído chefe da polícia Raymond Siu Chak-yee Hoje Macau - 2 Abr 2025 O Governo de Hong Kong anunciou ontem a substituição do chefe da polícia, Raymond Siu Chak-yee. O Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, disse, em comunicado, que Raymond Siu “entrou hoje em licença de pré-reforma, depois de servir o Corpo de Polícia de Hong Kong durante 36 anos”. O comissário “demonstrou uma dedicação e determinação inabaláveis para proteger Hong Kong e defender o Estado de Direito ao lidar com a agitação social”, disse John Lee, numa referência às enormes manifestações antigovernamentais, por vezes violentas, de 2019. O anúncio surge dois dias depois dos Estados Unidos terem imposto sanções ao chefe da polícia e a cinco dirigentes públicos de Hong Kong, incluindo o secretário para a Justiça, Paul Lam Ting-Kwok, ao abrigo de uma lei norte-americana que defende a democracia na região chinesa. Na terça-feira, Hong Kong condenou a imposição de sanções e acusou Washington de tentar “intimidar os dirigentes encarregados de protegerem a segurança nacional” da China. “Isto expôs claramente a barbárie dos EUA (…) exactamente a mesma que as recentes táticas de intimidação e coação de vários países e regiões”, disse o Governo da região administrativa especial chinesa. As autoridades de Hong Kong indicaram ainda que o Governo Central chinês aprovou a nomeação de Joe Chow Yat-ming, até agora comissário adjunto, para liderar a polícia do território. John Lee salientou que Joe Chow, de 52 anos, tem “uma vasta experiência em investigação criminal, recolha de informações, formulação de políticas, bem como gestão de pessoal”. De acordo com a imprensa de Hong Kong, ontem, na primeira conferência como novo comissário, Chow apontou a segurança nacional como a prioridade, face ao que chamou de “correntes ocultas” de resistência ao actual regime. O dirigente criticou as sanções contra Raymond Siu como um acto de intimidação e defendeu serem um reflexo do êxito dos esforços da polícia de Hong Kong para capturar fugitivos à justiça.
Banguecoque | China insta empresas a respeitarem leis após queda de torre Hoje Macau - 2 Abr 2025 A embaixada da China na Tailândia apelou às empresas chinesas no país para que “respeitem as leis locais”, após ter sido lançada uma investigação sobre o colapso de um bloco de apartamentos em Banguecoque, que matou cerca de 10 pessoas. Pequim “insta constantemente as empresas chinesas no estrangeiro a respeitarem as leis locais e a contribuírem positivamente para a sociedade”, afirmou ontem a chancelaria na sua página no Facebook. A construção da torre, situada perto do popular mercado de Chatuchak, no norte de Banguecoque, envolveu uma filial da empresa estatal chinesa China Railway Group (CREC) e o seu parceiro local Italian-Thai Development (ITD). Os tremores reduziram a estrutura a uma pilha de escombros numa questão de segundos, provocando a morte de cerca de dez pessoas, com esperanças cada vez menores para as mais de 70 pessoas que se presume estarem ainda encurraladas nos escombros. A maioria das vítimas eram trabalhadores de nacionalidade birmanesa, laociana, cambojana e tailandesa. O edifício de 30 andares visava albergar gabinetes governamentais. “Temos de determinar onde ocorreu o erro”, afirmou a primeira-ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, que na segunda-feira ordenou uma investigação sobre os materiais e as normas de segurança no local por um grupo de peritos que lhe deverá apresentar um relatório esta semana. Pequim enviou uma equipa para Banguecoque, incluindo equipas de salvamento, e prometeu “continuar a apoiar a Tailândia, se necessário”. A China é a maior fonte de investimento directo estrangeiro da Tailândia, com 2 mil milhões de dólares injectados no reino até 2024, de acordo com o fornecedor de dados Open Development Thailand. Paetongtarn Shinawatra anunciou na terça-feira que a investigação não será “específica a um país”. “Não queremos que nenhum país em particular pense que estamos apenas a olhar para eles”, afirmou.