Alimentação | Ho Iat Seng reuniu com associação de Singapura

O Chefe do Executivo recebeu ontem na sede do Governo o presidente da Singapore Food Manufacturers’ Association, David Tan Lye Hock, com quem trocou “impressões sobre o impulso da cooperação comercial e industrial entre Macau e Singapura, e a exploração nos mercados do Interior da China e ultramarinos”.

Ho Iat Seng apontou ao responsável que “Macau dispõe de instalações completas nos espaços de convenções e exposições e no sector hoteleiro, incentivando as empresas de Singapura a aproveitar as oportunidades do desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

Já o presidente da Singapore Food Manufacturers’ Association, David Tan Lye Hock, salientou que os produtos alimentares de Macau são atraentes para consumidores estrangeiros, enaltecendo os resultados positivos da participação de várias empresas de Macau na “Singapore Food Expo 2023”.

O dirigente associativo mostrou-se esperançado nas possibilidades de reforço da cooperação no âmbito de produção alimentar, expansão da indústria alimentar dos dois territórios e impulso do intercâmbio económico e comercial.

David Tan Lye Hock sugeriu ainda que as empresas de Macau usem Singapura como plataforma para explorar o mercado do Sudeste Asiático.

20 Ago 2023

Cabo Verde | China doa 1.042 toneladas de arroz ao arquipélago africano

Pequim tenta atenuar as dificuldades de muitas famílias cabo-verdianas que lutam por ter pelo menos uma refeição diária na mesa face à escalada dos preços decorrente da situação internacional e da quebra do turismo.
Cabo Verde vai distribuir gratuitamente por instituições sociais e de saúde 1.042 toneladas de arroz doadas pela China, que chegam este mês, para mitigar os efeitos da escalada de preços, segundo resolução aprovada em Conselho de Ministros.
“Tendo em conta a situação vivida por muitas famílias, as ajudas alimentares supramencionadas devem ser distribuídas gratuitamente às organizações públicas e da sociedade civil de cariz social, lares de idosos, hospitais e centros de saúde do país”, lê-se na mesma resolução que “determina a distribuição gratuita” desse donativo.
“Cabo Verde continua a enfrentar os efeitos da guerra na Ucrânia e da crise inflacionária, impactando de forma negativa o sistema agroalimentar, mormente, os preços dos produtos alimentares de primeira necessidade (PAPN). Graças às medidas de reforço da resiliência do sistema alimentar implementadas pelo Governo e com apoio dos parceiros de desenvolvimento, a situação da insegurança alimentar não se agravou”, refere-se ainda na resolução.
Acrescenta-se que os dados da última análise do Quadro Harmonizado, de Março de 2023, “demonstraram que devido à conjuntura caraterizada por aumento dos preços dos produtos alimentares e aumento do custo de vida, 17 por cento das pessoas estão na fase 2 (subpressão), 8 por cento na fase de crise alimentar (fase 3) e 1 por cento estão em emergência alimentar (fase 4)”.
“Considerando a imprevisibilidade dos factores que vêm condicionando o acesso económico aos alimentos por parte das famílias, o Governo continuou a implementar medidas de mitigação e a mobilizar apoios dos parceiros internacionais. Neste contexto, o Governo, no âmbito dos Acordos de Cooperação, recebeu do Governo da República Popular da China uma ajuda alimentar de mil e quarenta e duas toneladas de arroz, para o reforço do abastecimento de PAPN, com chegada prevista para o final do mês de Maio do corrente ano”, lê-se ainda.

Em recuperação

Do donativo total, 302 toneladas de arroz serão entregues em lares de idosos, 340 toneladas a hospitais e centros de saúde, e 400 a organizações da sociedade civil e instituições de cariz social.
A distribuição desta ajuda alimentar será assegurada pela Direcção Geral de Inclusão Social, em articulação com o Secretariado Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, “mediante critérios e procedimentos aprovados pelo ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social”.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – sector que garante 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde Março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8 por cento do PIB, seguindo-se um crescimento de 7 por cento em 2021 e 17,7 por cento em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.

23 Mai 2023

Saúde | Cerca de três em cada dez idosos têm problemas de alimentação

Um inquérito realizado pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau mostra um aumento significativo no número de idosos que admitem sofrer de “problemas psicológicos”

 

Mais de três em cada 10 idosos têm problemas de alimentação, de acordo com um inquérito realizado pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau. Os resultados foram divulgados na terça-feira, e têm em conta 665 inquéritos feito a pessoas com pelo menos 50 anos, entre Outubro e Novembro do ano passado.

Segundo as conclusões, 30,9 por cento dos inquiridos apresentava dificuldades na absorção de nutrientes dos alimentos. Esta aspecto é apresentado como estando “não só relacionado com o consumo insuficiente de comida”, mas principalmente com o “estado das funções físicas e psicológicas” dos idosos.

O inquérito teve em conta seis indicadores para medir este aspecto, como o apetite, perda de peso, doenças graves, capacidade motora, estado psicológico e o índice de massa corporal.

Para lidar com o problema, os Serviços Sociais Sheng Kung Hui sugerem que se aposte na melhoria da saúde dos idosos, para que os corpos recuperem algumas capacidades de absorção, e que se preste mais respeito aos mais velhos, de forma a melhorar e reforçar a vertente psicológica e o bem-estar destes.

Da saúde mental

Outra das conclusões indica que a saúde mental dos idosos piorou com as medidas impostas para reduzir a pandemia a zero casos. Entre os inquiridos, cerca de 15,7 por cento admitiram sofrerem de “problemas psicológicos”.

Em relação ao inquérito realizado em 2021 pela mesma instituição, regista-se uma subida de 6,8 pontos percentuais na percentagem de pessoas que reconhecem ter problemas. “O inquérito mostrou-nos que o apoio psicológico dos idosos é normalmente gerado no contexto dos encontros com outras pessoas. No ano passado, devido à influência dos factores ligados à pandemia, estas pessoas passaram mais tempo sozinhas”, é indicado. “Por isso, sentiram que tiveram menos apoio, porque a mobilidade foi altamente afectada com as restrições de circulação”, foi acrescentado.

Quanto aos serviços destinados a idosos no território, 70,3 por cento dos inquiridos declaram estar satisfeitos com os canais de acesso em que os idosos têm tratamento preferencial e 43,6 por cento consideraram que o território tem actividades diversificadas para os mais velhos.

Sobre os aspectos a precisar de melhorias, 58,9 por cento pediu a criação de mais habitação pública com preços acessíveis e 52 por cento mencionou a necessidade de haver mais empregos para idosos com um salário que permita pagar as despesas quotidianas.

13 Abr 2023

Alimentação | Pereira Coutinho defende subsídios

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho sugeriu ao Governo que comparticipe a compra, por parte dos cidadãos, de alimentos mais saudáveis. A proposta faz parte de uma interpelação escrita datada de 29 de Abril, que foi divulgada ontem.

Segundo o legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) a ideia partiu da conclusão de um estudo norte-americano, realizado na Universidade de Tufts, no Massachusetts.

“A equipa investigadora da dita universidade chegou à conclusão que uma comparticipação de 30 por cento na compra de frutas e vegetais poderia prevenir 1,93 milhões de ocorrências de doenças cardiovasculares e 350 mil mortes”, começou por explicar. “Estudaram também um cenário do subsídio ser alargado a outros alimentos saudáveis como produtos integrais, frutos secos, peixe, óleos vegetais e nestes casos a prevenção seria de 3,28 milhões de episódios de doença cardiovascular e 620 mil mortes evitadas”, acrescentou.

São os números anteriores que servem de base para a proposta que Coutinho vê como “inovadora”: “Vai o Governo introduzir medidas inovadoras e extremamente positivas para liderar uma cultura social de dieta saudável dos cidadãos da RAEM, comparticipando uma percentagem nas prescrições para aquisição de produtos saudáveis?”, pergunta.

“Vai o Governo utilizar medidas económicas no sentido de promover junto da sociedade comportamentos alimentares saudáveis para prevenir e diminuir as doenças crónicas, cardiovasculares e diabetes?”, é igualmente questionado.

8 Mai 2019

Prolegómenos para um manual de sobrevivência em cidades sobrepovoadas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]nosso primeiro-ministro disse a um canal de televisão qualquer, há coisa de dias, que Portugal pode e deve receber mais turistas. Para quem esperava um módico de bom senso e de pudor por parte dos nossos governantes, estamos razoavelmente conversados. Para António Costa e Fernando Medina, as minudências de ter uma cidade selvaticamente ocupada por hordas de mochileiros expondo a periclitância das infraestruturas de Lisboa é largamente compensada pelos dividendos obtidos na forma de impostos e pela diminuição da percentagem de desemprego. É pensar em grande, dir-se-á. Não podemos deter-nos nas tragédias pessoais das rendas meteóricas, nos Robles da situação, nas lixeiras a céu aberto em que se tornaram a maior parte das ruas, no emprego precário e mal pago resultante do turismo com que se maquilham as estatísticas que se atiram para cima das mesas de reunião em Bruxelas com indisfarçável orgulho. Afinal, António Costa e Fernando Medina não vivem na cidade dos turistas, não frequentam os mesmos locais, nem sequer têm que conduzir nela; são as criaturas das garagens: saem da garagem de casa e entram na garagem dos locais para onde se deslocam. Da cidade conhecem o que se vê pelo vidro do carro e uma ou outra rua previamente higienizada para acolher uma arruada ou inauguração. “As pessoas não são números” é um belíssimo mantra pré-eleitoral. Depois da nalga bem assente na cadeira do poder, as pessoas são o que eu quiser.

As coisas não vão mudar por decreto municipal ou governamental. Continuar-se-á a ordenhar a vaca até das tetas só lhe sair areia. E, ainda assim, haverá quem diga tratar-se de leite em pó. A ganância desgovernada só conhece saciedade de curto prazo.

Felizmente, podemos fazer algo em relação a isto. Vivemos num tempo em que muitas das escolhas dos consumidores – e isso inclui o homo turisticus – são decididas por via de ratings e de comentários nas redes sociais e em plataformas disponíveis em qualquer smartphone. E parece ser mais fácil modificar as avaliações resultantes de uma visita a Lisboa ou ao Porto do que o comportamento de quem elegemos.

Comecemos pelo básico. Graças a não sabemos que providência divina, Portugal não tem sido assolado por qualquer tipo de catástrofe. Não temos tido a atenção do Daesh, a violência urbana é residual, as doenças são as que se conhecem um pouco por todo o lado e que não demovem ninguém, o custo de vida é ainda bastante razoável e até o terremoto tem-nos feito a fineza de não despertar abruptamente. Mas, naquilo que nos compete, podemos fingir. Pode não ser o suficiente para impedir a nossa trasladação para os subúrbios dos subúrbios mas, pelo menos, não teremos saído sem dar alguma luta.

Comecemos por ir para a rua de máscara, como em boa parte das cidades da ásia onde, graças à poluição, só se pode andar assim. Se nos perguntarem se é por causa da poluição, responderemos negativamente. Se insistirem em saber por que é, diremos apenas “que achamos que já não é transmissível e que já está tudo bem”. Deixemo-los laborar nos seus próprios receios. Como aprendemos com Hitchcock, uma porta fechada é mais assustadora do que o reflexo de um monstro.

Abandonemos, pelo menos por algum tempo, a nossa cordialidade linguística. Nous sommes super sympa, as everybody knows, mas não carece ser sempre assim. Finjamo-nos iletrados, tontos, distraídos. Reduzamos a nossa competência nas línguas estrangeiras a uns míseros “hello” e “thank you”.

Quando passarem os eléctricos sobrelotados e ávidos de captar para o Instagram os nativos na sua natividade, saquemos dos telefones e captemo-los com o mesmo embasbacamento com que eles nos fotografam. Invertendo a lógica do zoológico, pode ser que eles se manquem.

Não lhes sirvamos os melhores pastéis de nata, as sardinhas mais frescas, a fatia maior do abade de priscos. Abracemos o lema “em cada ementa pelo menos três tipos de hambúrguer excessivamente passado”. As ameijoas da ria são nossas. NOSSAS.

Aqueles que sobreviverem ao atrito civilizacional, adoptemo-los. Serão certamente os melhores. E, como em qualquer relação, temos de ser conquistados.

8 Out 2018

Definidos limites de metais pesados em géneros alimentícios

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho Executivo deu luz verde a um projecto de regulamento administrativo que vem definir os limites máximos de metais pesados contaminantes em géneros alimentícios. Trata-se do décimo diploma complementar à Lei de Segurança Alimentar, que entrou em vigor em Outubro de 2013.
“Sabemos que a população está muito preocupada com a segurança alimentar”, realçou ontem porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, em conferência de imprensa, adiantando que há mais dois diplomas complementares na calha, sem especificar a que se referem.
“Apesar de não serem frequentes os casos de intoxicação aguda provocados pelo consumo de géneros alimentícios contaminados por metais pesados, o consumo excessivo [dos mesmos] a longo prazo pode constituir risco para a saúde”, pelo que o Governo decidiu definir limites máximos de arsénio, cádmio, chumbo, mercúrio, estanho e dos seus compostos químicos em mais de uma centena de géneros alimentícios.
A título de exemplo, a quantidade de arsénio em carne de aves não pode exceder 0,5 miligramas por quilograma; a de cádmio em arroz não pode ultrapassar 0,2 miligramas por quilograma e da chumbo em hortaliças têm de ficar abaixo de 0,3 miligramas por quilograma.
Já o metilmercúrio, uma forma altamente tóxica de mercúrio, não deve superar a marca de um miligrama por cada quilograma de peixe; enquanto o estanho nas bebidas em lata não deve ir além dos 150 miligramas.
De acordo com o porta-voz do Conselho Executivo, na definição dos limites foram tidas em conta a realidade local e internacional, assim como as normas dos principais locais de origem, os padrões nacionais de segurança alimentar da China e de territórios vizinhos.
O regulamento administrativo, com a lista dos limites máximos de metais pesados, entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação em Boletim Oficial.
As sanções para o caso de violação dos limites máximos de metais pesados contaminantes em géneros alimentícios, encontram-se previstas na Lei da Segurança Alimentar. À luz do diploma, quem produzir ou comercializar géneros alimentícios nocivos incorre em pena de prisão até cinco anos ou pena de multa até 600 dias.

28 Ago 2018

A diplomacia do hambúrguer

“Eight months ago, Donald Trump proposed a round of burger diplomacy with North Korea’s leader Kim Jongun. He wouldn’t give him a state dinner, he said, possibly in an attempt to sound judicious, but “eating a hamburger at a conference table” would be a good way to open “a dialogue”. At the time, Mr. Trump’s words aroused much derision. Everyone with any opinion informed or not, agreed that it was simply ludicrous to propose a shared burger moment with the reclusive leader of a totalitarian state that is known for much bellicose posturing and some belligerent actions.”
“Can burger diplomacy win North Korea over?” – Rashmee Roshan Lall

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mudança de acontecimentos incrivelmente perturbadora e muito previsível na Ásia Oriental, começou a 3 de Setembro de 2017, quando a Coreia do Norte testou com sucesso uma nova bomba nuclear. Tratou-se de um teste subterrâneo de uma bomba de hidrogénio, colocada na ponta de um míssil balístico intercontinental. O evento teve e imediatamente resposta por parte do presidente dos Estados Unidos, que condenou, afirmando que a Coreia do Norte é uma nação desonesta que se tornou uma grande ameaça e constrangimento para a China, que está a tentar ajudar, mas com pouco sucesso e qualquer ameaça para a América e seus territórios, incluindo as ilhas Guam ou os seus aliados, terá uma resposta militar maciça, eficaz e esmagadora.

O líder norte-coreano Kim Jong Un deve atender à voz unida do Conselho de Segurança da ONU, tendo todos os membros concordado unanimemente sobre a ameaça que a Coreia do Norte representa, e permanecem unânimes no seu compromisso com a desnuclearização da península coreana, não pondo sequer a hipótese da aniquilação total do país. A bomba de hidrogénio é muito mais poderosa que as bombas atómicas, ou bombas de fissão, que o país testou. A Coreia do Norte afirmou ter testado uma bomba de hidrogênio em Janeiro de 2016, mas os outros países, incluindo os Estados Unidos duvidaram.

A bomba nuclear que foi testada foi a maior e mais potente alguma vez efectuada pela Coreia do Norte. O Secretário-geral da ONU afirmou que o teste foi profundamente desestabilizador para a segurança regional, e o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se de emergência no mesmo dia para discutir a questão, sendo de total condenação. O Conselho de Segurança tinha-se reunido uma semana antes depois da Coreia do Norte ter disparado um míssil que sobrevoou a ilha japonesa do norte de Hokkaido, tendo reprovado veementemente o acontecido. O Conselho de Segurança no início de Agosto aprovou por unanimidade um novo conjunto de sanções destinadas a travar a capacidade da Coreia do Norte de obter fundos para custear o seu programa nuclear.

É de recordar que durante meses, a Coreia do Norte absteve-se de realizar qualquer teste nuclear e de lançar mísseis sobre o Japão, mas parece ter decidido acabar com essa restrição. A nova série de sanções pode não ter efeitos práticos imediatos, pelo que o Japão e a Coreia do Sul defendem uma maior pressão diplomática sobre a Coreia do Norte. A rapidez que a Coreia do Norte tem usado para desenvolver o seu programa nuclear, apanhou muitos analistas desprevenidos, pelo facto de Kim Jong Un perseguir tão obstinadamente a aquisição de um poderio militar nuclear, mas que não constitui grande surpresa. Todavia, a grande parte das notícias actuais e as teses académicas explanam sobre a forma como o ditador norte-coreano, percorreu esse caminho, simplificando o entendimento sobre o mesmo, pela sua lógica. É importante corrigir o que existe de errado nas razões que levam a Coreia do Norte a este estádio, e entender o raciocínio de Kim Jong Un, pois é essencial para encontrar uma solução viável para a actual crise de tensão que amarra a região, como resultado das suas acções.

Os mais realistas pensam que compreendem completamente a sua motivação e estão a tocar trombetas aos quatro ventos, dado que que Kim Jong Un sente-se assustado com a possibilidade de potências exteriores  invadirem a Coreia do Norte para mudarem o regime. O ditador norte- coreano deve ter assistido com horror às acções do Ocidente, quando derrubou os governos no Afeganistão, Iraque e  Líbia porque possuíam regimes tirânicos que perseguiam o povo e ameaçavam a civilização ocidental. O líder norte-coreano, quase certamente, concluiu que o seu regime poderia ser o próximo e decidiu que o aumento da sua dissuasão nuclear seria a única forma de garantir a sua sobrevivência, e consequentemente, está à procura do rápido desenvolvimento do seu programa nuclear, preferindo que o seu povo coma erva, devido às  sanções hiper-restritivas, que abandonar o caminho do poderio nuclear.

A resposta americana foi a de aumentar o seu sistema de “Defesa Terminal de Alta Altitude (THAAD na lingua inglesa)” em países viznhos, aumentar o estado de alerta das suas forças navais na região, realizar exercícios militares de alto nível de dificuldade e complexidadel com a Coreia do Sul, procurar sempre mais restritivas sanções económicas e diplomáticas e uso de retórica inflamatória, que promete fogo e fúria, o que fez aumentar a determinação de Kim Jong Un de adquirir mais armas nucleares e mísseis balísticos, criando uma espécie de corrida armamentista. Ainda que possa parecer anacrónico, para ser justo com os mais realistas, parece que estão certos.

Todavia, as suas exposições apenas capturam metade da história, pois uma parte da razão pela qual Kim Jong Un perseguiu o seu programa de mísseis nucleares e balísticos,  é  por ser uma das bases centrais da sua plataforma de política interna. Quando Kim Jong Un sucedeu ao seu pai, Kim Jong-il, em 17 de Dezembro de 2011, herdou o seu programa “Songun Chongch’i” ou modelo de política militar, como orientação para a governança interna e política externa, e que enfatizou a expansão do exército norte-coreano e a sua prioridade sobre a população civil. Esta doutrina deu imenso prestígio e poder às forças armadas e, quando Kim Jong Un tornou-se líder, ficou rapidamente preocupado com o facto da sua influência estar fora de controlo e poderia ameaçar o seu governo.

 Os seus medos, provavelmente, foram agravados por divisões devido a conflitos dentro das forças armadas, que o poderiam derrubar. O líder norte-coreano como resposta, substituiu  o programa “Songun Chongch’i” por um novo programa, denominado de “Byungjin (Desenvolvimento Paralelo na tradução para a língua inglesa).” O “Byungjin” é uma criação peculiar, que envolve o duplo avanço da economia da Coreia do Norte e o seu programa nuclear. Os militares não baixam formalmente de estatuto, mas não recebem os privilégios especiais que lhes eram concedidos pelo programa “Songun Chongch’i”. Esta ausência implica que as forças armadas não são mais os meninos bonitos, favoritos e não desafiados do regime, mas que foram substituídos pelo Partido dos Trabalhadores da Coreia.

O lado económico do programa tem como objectivo ajudar a reequilibrar o poder dentro do país, para que os militares não sejam a força suprema. O lado nuclear destina-se a contentar o ânimo dos militares sobre essa mudança radical, ao sugerir que não foram destituídos de importância, mas que a visão mudou da força convencional para a nuclear, permitindo que Kim Jong Un continue a ser visto como um líder corajoso e um advogado dos militares, enquanto também extermina os elementos mais perigosos das forças armadas por questões de segurança interna e pessoal. É uma façanha dificil e Kim Jong Un não se pode arriscar a ser visto como um líder militarmente fraco, enquanto a transição do programa “Songun Chongch’i”  para “Byungjin” não estiver concluída.

A sua habilidade para abordar o confronto actual sobre o seu programa nuclear com os Estados Unidos de forma conciliadora é bastante limitada. O líder norte-coreano  sente que deve ser visto pelas suas forças armadas, como uma figura forte o suficiente para enfrentar o mundo exterior, e se recuar ou procurar um acordo, poderá ser olhado como um covarde ou mesmo um traidor do legado do pai aos olhos das forças armadas. Tal, pode aumentar a possibilidade de oficiais desencantados considerarem a realização de um golpe de estado, que tarde ou cedo, será dado. A acrescentar aos medos de Kim Jong Un é o seu conhecimento sobre o destino do ex-primeiro-ministro soviético, Nikita Khrushchev, que foi deposto em um golpe interno, dois anos depois de recuar frente à determinação americana, aquando da crise dos mísseis cubanos.

A percepção de que Khrushchev havia sido humilhado durante o conflito, contribuiu em grande parte para a decisão dos conspiradores de se moverem contra ele. A ironia para Khrushchev foi que, de facto, conseguiu disputar concessões significativas dos Estados Unidos, incluindo a remoção dos seus misseis nucleares da Turquia. Todavia, esses ganhos foram mantidos secretos que mesmo os conspiradores que o derrubaram não estavam cientes deles, e Khrushchev pareceu quer a nível  nacional, como mundial ter perdido o confronto com o presidente Kennedy.

Os esforços dos Estados Unidos para resolver a actual crise com a Coreia do Norte, deve levar em consideração o facto de que a Kim Jong Un é motivado por preocupações de segurança internas e externas, ao invés de considerarem simplesmente a última inquietação. É de ressaltar que durante a chuva de crispações que acompanharam as ameaças de Kim Jong Un contra as ilhas Guam, a administração Trump reagiu na direcção errada para que Kim Jong Un não atacasse o território insular dos Estados Unidos. Ao louvar a sua decisão, o Presidente Trump fez Kim Jong Un sentir-se como se tivesse recuado, o que arriscava a torná-lo fraco internamente. A incapacidade de Kim Jong Un de aceitar esse resultado, pode muito bem ter ajudado a alimentar a sua decisão de reactivar a situação, testando uma nova bomba nuclear em seguida, permitindo-lhe demonstrar à sua audiência militar interna que não se curvará diante das pressões estrangeiras, mas simplesmente se movia indirectamente para um confronto ainda maior e mais importante.

A resposta para os Estados Unidos não pode ser tão simples como oferecer concessões a  Kim Jong Un, pois traria os seus inerentes problemas. Primeiro, os esforços comerciais anteriores para trocar tecnologia e alimentos com a Coreia do Norte, para interromper o seu programa nuclear não alcançaram o objetivo desejado, porque o regime norte-coreano enganou descaradamente todos, e continuou a desenvolver as suas armas.  Tentar de novo a mesma situação, poderia simplesmente levar a uma repetição do ciclo, em que a Coreia do Norte obtém novas distribuições, em troca das mesmas promessas vazias de interrupcão do programa nuclear que ofereceu antes, e continuaria a desenvolver as suas capacidades bélicas.

É de considerar, em segundo lugar, que  subornar um estado hostil para travar o seu programa nuclear com presentes de ajuda e tecnologia, abriria um desagradável precedente de que qualquer Estado que quisesse extorquir benefícios similares dos Estados Unidos deveria prosseguir o seu programa nuclear. Em terceiro lugar, existe uma dimensão humanitária extremamente importante que não pode ser ignorada, que é o facto de Kim Jong Un ser um ditador totalitário horroroso, e os Estados Unidos não devem tolerar qualquer solução que o ajude a aumentar o nível de sofrimento que pode infligir ao seu povo. É improvável, por exemplo, que o presidente Trump decida o levantamento das sanções que foram impostas à Coreia do Norte, em 2016, em resposta aos seus abusos contra os direitos humanos, porque estes foram especialmente dirigidos para minar a capacidade do regime de prejudicar o seu povo.

Se os Estados Unidos realmente querem resolver a crise actual, tem que oferecer a Kim Jong Un uma saída que não só acalme os seus medos de segurança externa, mas também permita que evite perder a face internamente. Ao mesmo tempo, deve fugir da situação de ter sucumbido à chantagem nuclear aos olhos da liderança norte-coreana e do mundo em geral, evitando também ajudar a facilitar o aumento do abuso infligido à população norte-coreana pelo seu regime. Será complicado criar esta solução, mas é um caminho que é muito mais desejável do que a alternativa realista de uma corrida aos armamentos cada vez maior, e a uma guerra de palavras que poderia facilmente resultar ao uso intencional ou não de armas nucleares.

A outra opção pode ser a do presidente Trump  convidar Kim Jong Un a comer um hambúrger, como sugeriu durante as eleições presidenciais de 2016. Os dois líderes sentados para uma refeição, talvez em um pitoresco local das ilhas Guam, permitiria que Kim Jong Un  voltasse ao seu país como um líder em igualdade de poderio bélico que o presidente dos Estados Unidos, o que seria considerado como não tendo sido uma especial façanha, pois nenhum presidente americano deu a oportunidade e possibilidade de cumprimentar e falar com um líder norte-coreano. Ao mesmo tempo, esta solução impediria os Estados Unidos de oferecerem alguma coisa tangível, que pudesse ser entendida como suborno na Coreia do Norte ou no mundo, ou que poderia ser usado para intensificar o sofrimento da  população norte-coreana.

Todavia, permitiria que os dois líderes se envolvessem em um diálogo directo, o que por sua vez, poderia criar empatia e encorajá-los a resolver os seus actuais problemas e futuros através de conversações, em vez de ameaças e acções hostis. Os Estados Unidos podem não ser capazes de forçar a Coreia do Norte a abandonar o seu programa de mísseis nucleares e balísticos, mas podem, pelo menos, encorajá-los a comunicarem-se com o mundo, usando a diplomacia em vez de atiçar birras nucleares e falsas declarações de guerra. Se a  “diplomacia do hambúrguer” pudesse ajudar a alcançar esse fim, seria um esforço que valeria a pena.

11 Out 2017

Catarina Rodrigues, advogada e treinadora de saúde,“Não há dietas perfeitas”

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ente-se realizada tanto no tribunal como fora dele. Catarina Rodrigues é advogada mas também health coach, que em português se pode traduzir como treinadora de saúde. Depois de ter passado por um período de aumento de peso, durante o estágio de advocacia, Catarina Rodrigues resolveu aprender a comer e ensinar os outros a fazê-lo da melhor maneira possível.

“Comecei a interessar-me pelas dietas, a experimentar se funcionavam. E comecei a gostar das áreas da nutrição e bem-estar. A partir daí descobri o coaching, porque tive uma coach do Brasil e comecei a interessar-me mais por isso”, contou ao HM.

O interesse foi tal que Catarina Rodrigues tirou o curso no Institute of Integrative Nutrition, nos Estados Unidos. Mas a paixão pelas leis não esmoreceu.

“Hoje em dia a área do Direito que mais me interessa é a área dos dados pessoais, aliás recentemente tive a oportunidade de publicar a minha tese sobre dados pessoais. São duas carreiras que não se excluem e gosto de ambas.”

Catarina considera que em Macau não se come muito bem, muito por culpa da vida excedentária que se leva e da falta de opções mais saudáveis em restaurantes.

“Aqui há alguns excessos. A maioria das pessoas encontra-se para beber um cocktail e para comer, e muitos dos meus clientes têm essa batalha. É raro haver eventos relacionados com a saúde. Há alguns, ligados à maratona e aos trilhos, mas são coisas esporádicas”, apontou.

Num território onde o turismo é um dos principais sectores económicos, muitos hotéis disponibilizam buffets e não faltam restaurantes. Continuam, no entanto, a faltar opções para quem tem restrições a nível alimentar, como é o caso da intolerância ao glúten ou lactose.

“Nos Estados Unidos ou Portugal há imensos restaurantes que ajudam a que tenhamos um estilo de vida mais saudável, mas aqui não há muitas soluções. Há pouca diversidade e isso também é uma batalha para as pessoas que não podem ir a casa e têm de comer fora.”

Açúcar, esse mito

Este sábado Catarina Rodrigues vai dar uma palestra sobre um dos assuntos mais falados nas redes sociais e no mundo das dietas: o açúcar. Onde está o açúcar e até que ponto nos beneficia o consumo de adoçantes?

A treinadora de saúde não tem dúvidas em afirmar que “há muitos mitos relacionados com o consumo de açúcar”.

“Agora está muito em voga a substituição dos açucares pelos adoçantes, que se popularizaram. Mas os adoçantes, à excepção da stevia, que é natural, têm, na maior parte, efeitos adversos. E não há estudos conclusivos sobre os seus efeitos”, frisou.

Catarina Rodrigues não faz apenas um trabalho de nutricionista, mas ensina a pessoa a comer bem para sempre, sem cortes radicais ou enormes mudanças do estilo de vida.

“Faço um programa integrado, falamos de um assunto num todo. Nem só a nutrição tem um papel importante, mas também o stress e a felicidade na carreira vai influenciar o processo de emagrecimento. Muitas vezes é que por estes factores as pessoas não conseguem controlar a dieta. É por isso que se dá o nome de treinador de saúde”, explicou.

Não existem, portanto, “dietas perfeitas”. A internet está povoada de dietas com vários nomes, onde há um excesso de consumo de proteína ou uma redução dos hidratos de carbono, acusados de produzirem açúcar e aumentarem os números na balança.

Mas Catarina Rodrigues assegura que cada pessoa é diferente. “O grande problema é que todos os dias aparece nos meios de comunicação social uma nova dieta. Isto acontece porque as pessoas estão à procura de uma solução, ou pílula mágica, para emagrecerem e resolver os seus problemas.”

A influência familiar

Antes de se dedicar a compreender os efeitos dos alimentos em cada um de nós, Catarina Rodrigues decidiu ir para a área do Direito por influência familiar e por um episódio marcante na sua vida.

“O meu pai biológico faleceu, num acidente de viação, e na altura as pessoas responsáveis acabaram por não ser alvo de qualquer decisão judicial. Entretanto, o meu padrasto, a quem chamo de pai, é procurador e também trabalha em Macau. A minha mãe também trabalhava nos tribunais e eu fui crescendo naquele ambiente.”

Como advogada, Catarina Rodrigues também percebeu que poderia ajudar os outros. “Apaixonei-me um bocado pelos vários tipos de causas. Queria ajudar as pessoas a encontrarem uma resolução eficaz para os seus problemas.”

A advogada assume gostar das duas profissões que tem e não pretende abdicar de nenhuma.

“Vejo-me a contribuir para melhorar a vida das pessoas, nem que seja só de uma. Gostava de ajudar alguém a fazer melhores escolhas e a lidar com aquilo a que muitas vezes chamamos de forma emocional de comer”, concluiu.

22 Set 2017

Industrialização selvagem levou à contaminação de solos e águas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s colheitas dos agricultores chineses correm um grande risco de estarem contaminadas devido à poluição provenientes das grandes indústrias. Além de contaminarem nascentes, rios e o solo, os fumos químicos libertados na queima de chumbo, ferro e cobre, contamina os organismos dos agricultores locais, causando doenças articulares, ósseas e, quando inalados em grandes quantidades e por muito tempo, cancro.

Foram feitas amostragens da produção de arroz nas regiões das províncias onde se instalaram algumas das maiores indústrias, e descobriu-se que há uma quantidade maior do que a permitida de substâncias perigosas nos produtos finais, que são distribuídos para toda a região Sul da China.

A contaminação do solo e da água nesta região causa grande preocupação, pois além de contaminar uma comunidade que produz e distribui comida para outros países, este tipo de poluição também afecta o meio ambiente de forma irreversível. A quantidade de poluentes chamou atenção de alguns órgãos, o que fez com que as indústrias chinesas fizessem um acordo de diminuir a queima de carvão de modo minimizar os danos no meio ambiente. São acções que no decorrer dos anos poderão fazer a diferença.

Foram feitas alguns testes em solos chineses e descobriu-se que muitos dos poluentes encontrados são proibidos e perigosos para o consumo da população. Por causa disso foram criadas algumas regulamentações, que determinaram a construção de novas indústrias numa espécie de parque industrial que monitorado e supervisionado de forma mais rigorosa.

Além de poluir diariamente o solo, ocorreram muitos acidentes que resultaram no vazamento de produtos químicos que poluíram directamente o solo e rios, afetando a produção e também a saúde dos camponeses.

Devida à quantidade de pessoas no país, a procura e a oferta de produção aumentou em larga escala, fazendo com que o solo se encontre não só de cheio de poluentes industriais, mas também de fertilizantes e pesticidas.

O dano causado pela poluição do solo tornou-se algo muito grave, pois a ingestão dos metais pesados encontrados no solo são excepcionalmente prejudiciais para a segurança alimentar e a saúde. Devido às incidências destes casos o governo chinês preocupa-se agora com a opinião pública, com a saúde da população e com o rendimento da produção agrícola, já que esta abastece grande parte da economia do país.

O governo determinou algumas medidas para diminuir a poluição e proteger as áreas que ainda não foram contaminadas e emitir multas para os responsáveis pelos poluentes lançados em solos e rios. Estas novas medidas adoptadas são um começo, mas dão esperança para uma produção mais saudável e limpa de alimentos e também um tratamento diferenciado do meio ambiente deste país.

Pequim lança plano para liderar na Inteligência Artificial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês lançou um plano para converter o país em líder no campo da Inteligência Artificial (IA) até 2030, visando aplicar aquela tecnologia na indústria, planificação urbana, agricultura ou defesa do país, informou ontem a imprensa oficial.

A estratégia, aprovada pelo Conselho de Estado chinês, estabelece que a produção de tecnologia classificada como IA alcançará os 147.000 milhões de dólares, em 2030. Isto colocará a China “ao nível dos países líderes neste sector e na sua aplicação”, aponta o jornal oficial Diário do Povo.

Segundo a consultora PricewaterhouseCoopers, este plano poderá contribuir para um aumento de 26% no Produto Interno Bruto da China, a segunda maior economia do mundo.

O anúncio levou a que as acções de empresas que operam com IA subissem 1,25%, na bolsa de Xangai, a principal praça financeira do país, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Nos últimos meses, a imprensa chinesa difundiu várias notícias sobre inteligência artificial, como o desenvolvimento de veículos sem condutor ou robôs.

Os líderes chineses consideram a IA chave para tornar a China uma “potência económica”, afirma um comunicado do Conselho de Estado.

A IA é uma das áreas emergentes, junto com a energia renovável, robótica e carros elétricos, em que a China quer assumir a liderança, visando transformar o país numa potência tecnologia, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, de acordo com o plano “Made in China 2025”. As fábricas do país têm-se automatizado rapidamente, de forma a enfrentar a subida dos custos laborais e aumentar a eficiência.

 

24 Jul 2017

Morse Lei, empresário e investigador: “Produzimos mais de mil toneladas de lixo por dia”

Com uma vida profissional dedicada à gestão de resíduos, Morse Lei está prestes a defender uma tese de mestrado assente numa mudança de paradigma. O aluno do Instituto de Ciências do Ambiente da Universidade de São José quer minimizar o papel dos aterros e das incineradoras. Em vez disso, propõe a transformação do lixo orgânico em energia limpa

[dropcap]Q[/dropcap]uais as principais conclusões do seu trabalho de tese de mestrado?
Fiz uma análise de peso ao lixo de Macau. Em Março deste ano analisei os resíduos oriundos de casas particulares e áreas comerciais. Separámos os vários tipos de lixo que vão parar aos contentores: madeira, papel, vidro, metal, latas de alumínio, plástico, tecidos e resíduos de comida. No final pesámos tudo. Foi algo que deu muito trabalho até chegarmos aos números. Em 2012, fez-se uma análise semelhante e a porção de desperdício alimentar era 49 por cento nas áreas comerciais, como casinos, hotéis e restaurantes. Usei o mesmo sistema e comparei com esses valores. Em Março deste ano, o desperdício alimentar em áreas comerciais era de 51 por cento do lixo produzido. Em áreas residenciais era de 48 por cento. Chegámos a estes números a partir de uma amostra de 6,2 toneladas. É normal que casinos, restaurantes e hotéis tenham maior percentagem de desperdício alimentar. Para se ter uma ideia, em Macau produzimos mais de mil toneladas de lixo por dia, desse número total mais de 500 toneladas são desperdício orgânico resultante da alimentação. Eu produzo, você produz, todos produzimos. Como não estamos numa cidade com muita indústria, esta é a grande parcela de desperdício. Para que este estudo tivesse resultados fidedignos tive de ter em conta diversos factores, como, por exemplo, a temperatura do dia em que analisámos a amostra, os níveis de humidade e os valores de precipitação. Estas variáveis são importantes porque alteram o peso do lixo.

O que acontece a este lixo?
A recuperação de desperdício em Macau é de um valor inferior a 0,2 por cento. Pegamos no lixo que produzimos e metemo-lo em aterros e nas incineradoras. Um dos parâmetros de análise que fiz foi uma comparação entre o total de desperdício incinerado em 2005 e 2015. Em 2005, os centros de incineração queimaram cerca de 278 mil toneladas. Em 2015 o total foi 509 mil toneladas, isto representa um aumento significativo de cerca de 82 por cento. Por aqui incinera-se tudo, excepto o desperdício resultante da construção, porque algum desse material não se consegue queimar. Tudo o que colectamos e que possa ser queimado vai para aí, incluindo o desperdício alimentar. Algum deste desperdício alimentar vai para um pequeno centro de compostagem, mas é uma percentagem mínima. Se olharmos para os números oficiais, por este centro passam duas toneladas diariamente. De acordo com a informação oficial lançada pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, no ano passado, em Macau o lixo alimentar era de mais de 40 por cento.

Durante o mestrado recolheu exemplos do exterior. Quais as ilações retiradas dessas viagens?
Fiz uma visita a Portugal, à cidade do Porto, onde visitei sete centrais municipais de compostagem, incineração, digestão anaeróbia e aterros. Foi uma experiência muito boa, ter a oportunidade para sair de Macau e regressar com sabedoria que possa ser aplicada aqui. Estudei o princípio europeu e português do poluidor-pagador e as capacidades pedagógicas deste princípio. Também fui a Hong Kong onde visitei uma central que vai separar desperdício orgânico, com uma capacidade para lidar com 200 toneladas por dia. O que eles vão fazer é gerar energia, reciclar toda a matéria orgânica e transformá-la em biogás, converter em electricidade, ou em gás para uso doméstico.

FOTO: Sofia Margarida Mota

Qual a alternativa que propõe ao modelo actual de gestão de resíduos?
O meu estudo procurou encontrar um guia para a validação estratégica dos compostos orgânicos para Macau. Primeiro, temos de ter em conta que vivemos um problema de falta de recursos de terras. Precisamos encontrar um pedaço de terreno para instalar uma central de separação de lixos mecânica. Este é o primeiro passo para que o desperdício seja recuperado. Actualmente, temos uma economia linear de recuperação, quando produzimos desperdício alguém o recolhe e coloca-o no aterro ou na incineradora. Queremos fazer mais do que isto. Para tal, há que olhar para fora e aprender com Portugal, com Hong Kong e o resto do mundo. Podemos escolher todo o lixo orgânico, separá-lo, tanto o lixo produzido comercialmente, como o residencial, e ter uma estratégia para tratá-lo. Precisamos de um plano, ao nível governamental, para compostagem e digestão anaeróbia, assim como para a produção de biogás. Temos de saber o que o Governo quer fazer, sei que estão a elaborar um estudo sobre biogás. Mas há que enfrentar o inevitável, que esta é a tendência, temos de desenvolver um modelo de gestão sustentável de lixos. Esse modelo deve ser circular e transformar o desperdício em energia limpa, com menos impacto para o ambiente. A electricidade produzida pode fornecer a rede pública e alimentar a central de produção energética para a tornar auto-sustentável. Outra possibilidade que devemos aproveitar é pegar na compostagem digerida e transformá-la em fertilizante.

Qual a percentagem de energia que pode entrar na rede pública através deste processo?
Essa é a questão. Podemos tentar saber, aliás, esse será o meu próximo estudo. Quero estudar o consumo energético, a produção e quanta energia pode ser gerada a partir de 200 toneladas diárias de biomassa e chegar a um modelo económico que nos beneficie, que seja compensatório. Acho que este plano é exequível, também temos de calcular quanto calor pode gerar, o investimento de energia e de trabalho necessários até chegar ao output, à rentabilidade.

Sente que há abertura das autoridades para implementar esta política?
Sim. Aliás, o Governo tem uma empresa de consultoria a trabalhar nesta matéria. Mas a consultoria é uma coisa separada da concretização, sabem o que há a fazer mas não sabem como implementar, não conhecem as limitações do território, nem da cultura de Macau. Este é um desafio para o qual toda a sociedade tem de juntar esforços e conhecer os seus respectivos papéis. Acho que este modelo circular pode beneficiar muito Macau. Testemunhei as mudanças na cidade, o crescimento do turismo para mais de 30 milhões de visitantes anuais. Desde 2003, a cidade mudou drasticamente. O boom económico também trouxe alguns problemas, como a habitação, por exemplo. Neste sentido a sustentabilidade de Macau depende muito da gestão de lixos.

Em termos de acções concretas, o que se pode fazer?
Temos de ter prioridades, uma hierarquia de gestão de lixos. O primeiro patamar é a prevenção, ou seja, minimizar o desperdício. Reutilização, reciclagem, recuperação e, por último, o descarte, que é a solução menos preferível. Hoje em dia, quem compra um iPhone faz parte do sistema linear económico, que obriga o consumidor a comprar o novo telefone. Em termos industriais, a Apple produz para algo que vai substituir algo que vai para o lixo. Isto é o oposto de sustentabilidade. Em Macau, que é uma microeconomia, temos de minimizar o uso de aterros e incineração. Sabemos que o Governo se prepara para construir uma nova incineradora até 2021. Mas se continuarmos a apostar nestas técnicas onde vamos parar? O que acontece se a população e os turistas aumentarem? Precisamos de outro modelo, precisamos de uma estratégia para reduzir o lixo orgânico, isso é o mais importante.

Até onde este problema pode chegar?
Como sabemos, a população mundial não pára de crescer e essa inevitabilidade traz três grandes problemas. O primeiro é o acesso à água, o segundo é a falta de proteínas na alimentação e o terceiro é o lixo. As pessoas nunca pensam no lixo. Hoje em dia, a maioria das cidades, mesmo na China, estão rodeadas por lixo. As pessoas vivem em cima de lixo. Todo este desperdício polui rios e oceanos, afecta a biodiversidade e destrói habitats. Temos de empregar mais tempo e devoção a tratar do lixo, é um tema importantíssimo.

28 Jun 2017

China | Parceiros comerciais protestam contra novas medidas de inspecção de alimentos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s parceiros comerciais da China vão trazer a Pequim o responsável máximo da ONU pelas normas alimentares, numa tentativa de persuadir as autoridades a recuar com um plano que visa reforçar o controlo sobre as importações alimentares.

Segundo as medidas anunciadas por Pequim, que devem entrar em efeito em Outubro, todos os produtos alimentares – incluindo de baixo risco, como vinhos e chocolates – vão precisar de um certificado que prove que satisfazem os padrões de qualidade chineses.

Outros países exigem apenas aquele certificado para importações de carne, lacticínios e outras mercadorias perecíveis.

Europa e Estados Unidos consideram que as novas regras visam proteger os produtores chineses, em detrimento das suas exportações.

A medida pode ainda agravar as tensões entre Pequim e a administração norte-americana de Donald Trump, que prometeu subir os impostos sobre as importações chinesas.

A China é ainda um mercado cada vez mais importante para os produtos alimentares europeus, incluindo portugueses.

Em 2015, o sector dos alimentares português foi o que mais aumentou as vendas para a China: 161,1%, em termos homólogos. Diplomatas e empresários estão apreensivos face às novas medidas.

“Pode reduzir as importações de forma dramática”, afirmou o embaixador da Alemanha em Pequim, Michael Clauss, citado pela Associated Press.

“Parece mais uma forma de proteger os produtores chineses do que os padrões de segurança alimentar”, disse.

As regras vão acrescentar “uma complexidade de regulamentos desnecessária”, num período em que Pequim prometeu reduzir os regulamentos, afirmou Jake Parker, vice-presidente do Conselho Empresarial EUA-China, citado pela AP.

Os reguladores chineses consideram que é necessário um reforço do controlo, à medida que as importações aumentam.

As autoridades chinesas argumentam que a inspecção está de acordo com o Codex Alimentarius, as “regras para produtos alimentares” definidas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e a Organização Mundial de Saúde.

O presidente do Conselho, Awilo Ochieng Pernet, um advogado suíço, vai estar em Pequim, em Abril, num seminário com funcionários chineses para explicar as normas, segundo fonte não identificada citada pela AP.

Peso desnecessário

Em Janeiro passado, os embaixadores dos EUA e vários países da União Europeia (UE) expressaram a sua preocupação numa carta enviada a Wang Yang, o vice-primeiro-ministro chinês encarregue da agricultura e comércio.

Em comunicado, a delegação da UE na China afirmou também que exigir certificados sanitários para todos os produtos “não é cientificamente necessário”.

As regras seriam um peso para as empresas estrangeiras e um desperdício de “recursos preciosos de inspecção, que deviam focar-se em produtos de risco”, acrescenta a mesma nota.

As medidas surgem após uma série de escândalos alimentares envolvendo fornecedores chineses apanhados a vender produtos alimentares contrafeitos.

Funcionários ocidentais dizem ainda que as novas regras visam também desresponsabilizar a Administração para Inspecção de Qualidade, Supervisão e Quarentena, que os consumidores chineses culpam pelas falhas na segurança alimentar.

21 Mar 2017

Alimentos | Mais um escândalo na China com carne dos anos 70

Adivinhe o que é o jantar?

[dropcap]A[/dropcap] notícia é avançada pela imprensa chinesa: bem aqui ao lado, na China, foram apreendidas mais de cem mil toneladas de carne contrabandeada em que parte dela tinha mais de 40 anos.

Assas de galinhas, carne de porco e de vaca faziam parte de um menu podre que veio, segundo fontes da indústria, do Brasil e da Índia, passando na viagem por Hong Kong e Vietname. Além da idade, a carne foi encontrada já a descongelar, algo comum também. Depois é novamente congelada.

“Para poupar custos, os contrabandistas alugam muitas vezes veículos normais em vez de camiões refrigerados. Assim a carne descongela muitas vezes antes de chegar aos clientes”, explicou Yang Bo, vice-director do gabinete anti-tráfico de Changsha, capital de Hunan.

A agência noticiosa Reuters indica que, segundo as autoridades da China, parte da carne contrabandeada tinha mais de 40 anos. Feitas as contas, isto significa que a carne foi originalmente empacotada e armazenada quando o país ainda estava sob o domínio Mao Zedong, que morreu em 1976.

O China Daily indica que a descoberta foi feita pelos dirigentes de Guangxi, uma região do sul junto ao Vietname. “Cheirava mal e quase vomitei quando abri a porta”, contou ao China Daily, Zhang Tao, um dos agentes que participou nas operações.

A agência Xinhua explica ainda que, durante o presente mês, as autoridades chinesas organizaram uma investida ao contrabando de carne congelada e apreenderam responsáveis de 21 grupos criminosos, em contrabando que atingiu os três mil milhões de yuan. Esta acção surge depois de, em Abril passado, as autoridades chinesas terem reforçados as suas regras de segurança no sector alimentar.

Leite impróprio

[quote_box_right]“Para poupar custos, os contrabandistas alugam muitas vezes veículos normais em vez de camiões refrigerados. Assim a carne descongela muitas vezes antes de chegar aos clientes” – Yang Bo, vice-director do gabinete anti-tráfico de Changsha[/quote_box_right]

Mas não foi só a carne podre que esteve em destaque pelas piores razões. Também três fabricantes lácteos da província central de Shaanxi foram avisados para retirarem do mercado os seus produtos de leite em pó para crianças, após terem sido descobertos vários lotes adulterados, segundo avançou a agência chinesa.

A Administração de Alimentos e Medicamentos da China assinalou, num comunicado na sua página na internet, que as três empresas implicadas devem suspender a produção e distribuição de produtos de leite em pó, todos elaborados com leite de cabra.

Em cinco lotes deste produto da empresa Guanshan Dairy foram detectados níveis excessivos de nitratos, durante duas inspecções realizadas este ano.

Esta empresa já emitiu um comunicado em que prometeu retirar os produtos e tomar medidas para rectificar a situação.

Nas outras empresas, a Xian Guanshan Dairy e a subsidiária Shengtang Industry, foram encontrados lotes de produtos com níveis de selénio acima dos limites estabelecidos por lei.

Os cidadãos chineses olham com receio para os produtos lácteos para bebés fabricados no país desde o escândalo com leite em pó contaminado com melanina, em 2008, que causou a morte de seis bebés e afectou mais de 300 mil.

Historial deficitário

Recorde-se que estes não são os únicos casos no último ano em que a segurança alimentar é colocada em causa. Em Julho do ano passado, as autoridades chinesas anunciaram o encerramento da fábrica que fornecia carne para vária empresas de fast-food, como o McDonald’s, KFC, Pizza Hut e Starbucks. Pequim avançou que a fábrica da Husi, em Xangai, falsificou as datas de validade de mais de quatro mil caixas de carne picada que terminava em Fevereiro anterior.

[quote_box_left]“Cheirava mal e quase vomitei quando abri a porta” – Zhang Tao, agente que participou nas operações[/quote_box_left]

A fábrica vendeu mais de três mil caixas. O escândalo alimentar levou ao encerramento da fábrica e à detenção de cinco pessoas. Desde então a cadeia do McDonald’s em Macau começou a comprar carne de outras empresas da Tailândia e da China.
(com Agências)

25 Jun 2015

Lei dos Animais | Só cães e felinos são de consumo proibido

És um cão ou um rato?

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Macau, todos os animais, excluindo cães e gatos, podem ser consumidos. A ideia foi transmitida pela deputada Kwan Tsui Hang ontem, quando sublinhou a diferenciação do Governo entre animais para consumo e cães e gatos. Ontem, durante a reunião da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) com membros do Governo, a presidente anunciou que a principal preocupação da proposta de Lei dos Animais é a questão da dor infligida nos animais.

Seja em situações de abate permitido ou actos de violência e maus tratos para com os animais, o Governo pretende que a dor infligida seja a menor possível. No que diz respeito ao abate, Kwan apontou oito diferentes casos que o documento legislativo prevê, incluindo consumo, surtos de doenças contagiosas ou epidemias, controlo do número de animais – no caso do número de animais abandonados no canil municipal exceder o permitido –, alívio de dor ou sofrimento do animal ou segurança pública.

Abate sem dor

[quote_box_left]“Os maus tratos contra animais são diferentes dos maus tratos aos seres humanos, que podem ser morais e físicos. Mas nos animais é difícil compreender a sensação do animal em relação a determinado acto” – Kwan Tsui Hang, deputada[/quote_box_left]

Outra das situações foca a desratização, prática muito comum em Macau, mas que não tem, de acordo com o Governo citado por Kwan Tsui Hang, ser um acto doloroso para o animal: o Executivo prefere o abate por meio de “utilização de meios humanos que não inflijam dor aos animais”, explicou.

Por exemplo, a presidente da Comissão alertou para o emprego de produtos com veneno, como são os raticidas, ao invés de se optar pelas ratoeiras. “Temos que fazer os possíveis para evitar dores desnecessárias [para matar ratos]”, concluiu a deputada. É que, de acordo com o Executivo, “os ratos também são animais” e devem ser abatidos de formas menos violentas.

A reunião de ontem focou-se na discussão de uma nova versão da proposta, recentemente entregue pelo Governo a estes deputados. Assim, foi debatida a noção de “maus tratos”, que Kwan entende não ser tão fácil de definir como no caso dos seres humanos. “Os maus tratos contra animais são diferentes dos maus tratos aos seres humanos, que podem ser morais e físicos. Mas nos animais é difícil compreender a sensação do animal em relação a determinado acto”, acrescentou a deputada.


IACM junta-se a IH para promover protecção
O presidente do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Alex Vong, referiu que vai juntar-se com o Instituto de Habitação (IH) para promover a protecção de animais. O evento vai acontecer este sábado no Edifício do Lago – habitação pública. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Vong foi questionado sobre a questão de terem sido descobertos animais mortos no edifício e afirmou que não tinha jurisdição, pelo que “só pode haver conclusão final quando acabar a investigação da Polícia de Segurança Pública”. Polícia que já disse não ter provas que possam levar a investigação adiante para já e que anda “de porta em porta” a tentar perceber o que se passou. O presidente do IACM disse ainda que vai abrir estas actividades de promoção a outras habitações públicas.
12 Jun 2015