João Luz SociedadeZhuhai | Tribunal sublinha crimes de jogo “clássicos” O Tribunal Popular Superior de Guangdong emitiu um comunicado a sublinhar a severidade de “sete casos clássicos” de crimes transfronteiriços de jogo, citando processos julgados no passado. O tribunal sublinhou ainda que nos últimos anos, o jogo transfronteiriço “ameaçou seriamente a estabilidade económica e social” da China O Tribunal Popular Superior de Guangdong divulgou um comunicado em que cita aquilo a que designou como os “sete casos clássicos” de “combate aos crimes de jogo transfronteiriço”, que foram julgados nos tribunais da província de Guangdong. Um dos casos citados, julgado em Zhuhai, envolveu 12 arguidos considerados culpados do crime de “estabelecimento de casino” por “solicitarem e organizarem “jogadores do Interior da China para jogar nas salas do grupo Suncity em Macau”, entre Abril de 2018 a Abril de 2020, relevou o portal GGR Asia. O comunicado detalha que “a organização criminosa” forneceu fichas de jogo a 158 apostadores chineses num valor total superior a 130 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), recebendo daí 50 milhões de HKD em comissões. O tribunal deu ainda como provado que os arguidos obtiveram proveitos ilegítimos (300 mil HKD) num negócio paralelo, apostando nos resultados das apostas dos jogadores angariados. Fuga de capital Além da menção ao caso que implicou a condenação do grupo de angariadores ligados ao grupo Suncity, o tribunal de Guangdong citou ainda outros seis processos relativos ao estabelecimento de casinos online e à solicitação de jogadores do Interior da China para actividades de jogo. Um dos casos citados envolveu um website operado a partir de Manila, capital das Filipinas, que permitia apostas online. O website, com o sugestivo nome “Macau Casino Lisboa” tinha uma rede de clientes chineses que ultrapassou 160 mil apostadores, angariados por mais de 2.700 agentes. Entre Maio de 2014 e Novembro de 2020, o website terá aceitado apostas que ultrapassaram os 160 milhões de yuans. Recorde-se que a China alterou as leis criminais em Março de 2021 estabelecendo penas de prisão até 10 anos que criminalizam pessoas ou organizações que levem cidadãos chineses a apostar em casinos fora das fronteiras nacionais. Não é especificada a razão para a publicação do comunicado que elenca os sete casos de crimes relacionados com jogo, mas o tribunal vinca que as consequências que estes processos tiveram. Além disso, o Tribunal Popular Superior de Guangdong sublinha que, nos anos recentes, as actividades de jogo transfronteiriço “ameaçaram seriamente a estabilidade económica e social do Estado”. Como tal, os sete casos mencionados são considerados crimes que podem lesar a segurança dos interesses do povo chinês.
Hoje Macau SociedadeEdifícios históricos | Arrancam candidaturas para financiamento Tem hoje início hoje o prazo de candidaturas ao “Plano de apoio financeiro para a manutenção de edifícios históricos”, que decorre até ao dia 12 de Janeiro. O programa é suportado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) e estão abrangidos os bens imóveis classificados, os que estão em vias de ser classificados e que tenham interesse cultural, “cujas obras de manutenção ainda não tenham sido iniciadas antes do período de candidatura”. O subsídio cobre 50 por cento das despesas previstas com as reparações até um valor máximo de dois milhões de patacas. O FDC explica, em comunicado, que “não há limite [de projectos financiados], mas que o número está sujeito ao orçamento total do plano, no valor de 20 milhões de patacas, sendo o prazo de apoio financeiro de 12 meses”. No dia 21, irá decorrer uma sessão de esclarecimento sobre este projecto às 16h30 no auditório do Centro de Formação para os Trabalhadores dos Serviços Públicos.
João Luz Manchete SociedadeFukushima | 17.800 produtos analisados em dois meses e meio Entre 24 de Agosto e 8 de Novembro, o Instituto para os Assuntos Municipais analisou o teor de radiação de 17.800 produtos importados do Japão e submeteu a testes laboratoriais 460 amostras. Até ao momento, não foram detectadas anomalias. O trabalho não obrigou ao reforço do orçamento do Departamento de Segurança Alimentar Na sequência do despejo para o oceano de águas da central nuclear de Fukushima, o Governo da RAEM proibiu, a partir de 24 de Agosto, a importação para Macau de alimentos frescos e de origem animal, sal marinho e algas marinhas oriundos de 10 distritos japoneses (Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano e Saitama e da Metrópole de Tóquio). Além disso, foi montado um mecanismo de inspecção e análise a produtos importados do Japão de distritos não abrangidos pela proibição. “No período compreendido entre 24 de Agosto e 8 de Novembro de 2023, foram submetidas a análise do teor de radiação, ao nível da inspecção sanitária à importação e no mercado local, 17.800 amostras de produtos alimentares importados do Japão, tendo sido também recolhidas 460 amostras para testes de radionuclídeos na entidade laboratorial”, revelou ao HM o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). As amostras de alimentos incluem produtos aquáticos e seus derivados, carnes e seus derivados, legumes e frutas frescos, leite e produtos lácteos e ovos de aves. Em relação à bateria de análises a produtos importados, o IAM esclarece que, “até ao presente momento, não se verificaram anomalias em quaisquer dos resultados”. Mobilizar forças O Governo de Hong Kong revelou que até ao passado dia 10 de Outubro os esforços para monitorizar a segurança alimentar em produtos importados do Japão obrigaram ao investimento de 10 milhões de dólares de Hong Kong (HKD). O secretário do Ambiente e Ecologia, Tse Chin-wan, revelou aos deputados da região vizinha que o Governo, até 10 de Outubro, havia gasto 6 milhões de HKD em equipamento para análise a radiação e 3,8 milhões de HKD em recursos humanos para reforçar a monitorização de segurança alimentar implementada desde o final de Agosto. Em resposta ao HM, o IAM garante que não precisou de aumentar o orçamento destinado a garantir a segurança alimentar. “Tendo em conta a situação da descarga de águas residuais nucleares no mar, o IAM procedeu à distribuição apropriada do pessoal responsável pela inspecção ao nível da inspecção sanitária à importação para executar os trabalhos de inspecção sanitária e amostragem, garantindo a existência de equipamentos em número suficiente para serem utilizados”, relevou o organismo liderado por José Tavares. No fundo, a monitorização de alimentos importados do Japão não acarretou alterações ao funcionamento do Departamento de Segurança Alimentar em termos orçamentais ou de afectação de recursos humanos, com os trabalhos de inspecção a recaírem nas tarefas regulares do departamento. O HM perguntou ainda ao IAM se existia um horizonte temporal que apontasse para a duração da suspensão da importação de produtos vindos das consideradas zonas de risco, mas não obteve uma resposta concreta. Em vez disso, o IAM afirmou que “continuará a prestar atenção e a monitorizar a respectiva situação, avaliando os diversos factores e tomando medidas de prevenção e controlo em relação aos potenciais riscos de segurança alimentar, a fim de proteger a saúde dos residentes e consumidores de Macau”.
Hoje Macau SociedadeHabitação para idosos | Mais de mil candidatos em três dias Desde que Instituto de Acção Social (IAS) começou a receber candidaturas para o programa “Residência do Governo para Idosos”, na segunda-feira da semana passada, foram recebidas um total de 781 candidaturas referentes a 1.093 pessoas, até às 18h de quinta-feira, ou seja, em três dias. Das 781 candidaturas, 383 foram apresentadas por uma pessoa, e 398 foram apresentadas por duas pessoas. O IAS revela ainda que durante os primeiros três dias foram prestadas informações a 2.229 pessoas. As candidaturas são ordenadas de acordo com a classificação que lhes é atribuída, independentemente da ordem de apresentação. Os interessados podem aceder ao Sistema Electrónico de Candidatura à Residência do Governo para Idosos para submeterem candidatura online ou dirigir-se a um dos 15 locais designados para ao efeito, nomeadamente, a sede do IAS, os centros de acção social e a zona de exposição sobre a Residência do Governo para Idosos.
João Luz SociedadeDemografia | População “ganha” 2.500 cidadãos no 3º trimestre No final de Setembro, a população total de Macau era composta por 681.300 pessoas, mais 2.500, em termos trimestrais, devido principalmente à subida do número de trabalhadores não-residentes domiciliados em Macau, revelou na sexta-feira a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) em comunicado. Mantendo a tendência demográfica, o terceiro trimestre do ano terminou com mais mulheres do que homens, com a população feminina a representar 53,4 por cento das pessoas que residem em Macau. Entre Julho e Setembro, nasceram no território 844 bebés, menos 76 em relação ao trimestre anterior. Neste capítulo, a representação do sexo masculino saiu reforçada com o nascimento de mais meninos (433) do que meninas (411). No cômputo geral, nos primeiros nove meses do ano nasceram em Macau 2.751 crianças, menos 452 face ao mesmo período do ano passado, estatística que sublinha a tendência de declínio da taxa de natalidade do território. No trimestre em análise, registaram-se 529 óbitos, menos 78, em termos trimestrais. As três principais causas de morte foram tumores (180 óbitos), doenças do aparelho circulatório (129 óbitos) e doenças do aparelho respiratório (98 óbitos). Nos três primeiros trimestres de 2023 observaram-se 2.356 óbitos, mais 530, em relação ao mesmo período de 2022, o que representa um aumento significativo de óbitos, superior a 29 por cento. Entre Julho e Setembro registaram-se 725 casamentos, menos 62 em termos trimestrais. Porém, tendo em conta os primeiros noves meses do ano, foram celebrados em Macau 2.327 matrimónios, mais 359 face ao mesmo período do ano passado. Recorde-se que nos primeiros nove meses de 2022 o território ainda estava fortemente condicionado por restrições impostas no âmbito do combate à pandemia.
Andreia Sofia Silva PolíticaMulheres | Questionadas políticas de promoção da igualdade de género A dois anos de terminar o plano governamental “Objectivos do Desenvolvimento das Mulheres de Macau”, Ella Lei pergunta o que falta fazer para chegar à igualdade de género. Além disso, pede a uniformização dos dias de licença de maternidade no público e no privado A deputada Ella Lei questiona o Governo, em interpelação escrita, em que fase está a implementação do plano “Objectivos do Desenvolvimento das Mulheres de Macau”, que arrancou em 2019 e termina daqui a dois anos, em 2025. A responsável apela, por isso, a uma maior rapidez para a implementação de medidas e políticas que estão por concretizar. “Como ainda faltam dois anos para a conclusão do referido plano, o Governo tem de atingir rapidamente as várias metas e medidas de desenvolvimento”, a fim de “reforçar os direitos e interesses das mulheres na comunidade”. Um dos pontos destacados por Ella Lei prende-se com a necessidade do aumento dos dias de licença de maternidade, que actualmente é de 70 dias no sector privado, “um pouco diferente face aos 90 dias de licença de maternidade pagos no sector público”. “O plano propõe a realização de um estudo para que haja um alinhamento do número de dias de licença de maternidade entre os sectores público e privado entre 2023 e 2025. Pergunto ao Governo quais os planos para chegar a esse alinhamento, e para chegar à convergência com as normas internacionais?”. A deputada questionou também se o Executivo de Ho Iat Seng pretende “apoiar as empresas para aumentarem gradualmente o número de dias de licença de maternidade, introduzindo um subsídio”. Olhar a família Na mesma interpelação, Ella Lei dá conta que o Governo prometeu apresentar “medidas de longo prazo, incluindo o apoio à família, a promoção do desenvolvimento diversificado das mulheres e uma maior mobilidade ascendente”, de forma a corrigir as assimetrias que impedem a concretização da igualdade de género em Macau. Tendo em conta que 2025 está quase aí, a deputada questiona “como o plano tem sido implementado” e “em que domínios as medidas podem ser melhoradas”. Tendo em conta que o Executivo pretende desenvolver políticas que promovam “um planeamento e desenvolvimento da carreira das mulheres”, bem como a criação de uma base de dados com indicadores sobre a presença das mulheres nos vários domínios da sociedade, Ella Lei quer saber como a Administração “vai acompanhar e aplicar as recomendações” e como “será feita a aplicação das propostas” adoptadas. Relativamente ao assédio sexual, a deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) lembrou a proposta, no plano, da criação de um organismo público para tratar das queixas de assédio sexual, ou da realização de um estudo de implementação de leis que assegurem a igualdade de género. “Como irá a Administração implementar estes objectivos e que estudos foram realizados?”, inquiriu.
Hoje Macau PolíticaPCC | Ho Iat Seng reuniu com secretário de Zhuhai O Chefe do Executivo reuniu na sexta-feira com o secretário do comité municipal de Zhuhai do Partido Comunista Chinês (PCC) e secretário da comissão de trabalho de Hengqin do comité provincial de Guangdong do PCC Chen Yong. Ho Iat Seng destacou que o Governo da RAEM está empenhado em aperfeiçoar as instalações sociais e educativas de Hengqin, com o objectivo de transformar a zona “num local onde se reúnem profissionais altamente qualificados, atraindo dessa forma mais residentes de Macau a viver e trabalhar neste espaço”. Por sua vez, Chen Yong apontou à cooperação entre as duas cidades para criar um polo que “será certamente um catalisador eficaz e forte para a região oeste de Guangdong”. Além disso, o responsável vincou que Zhuhai procura expandir a cooperação económica e comercial com os Países de Língua Portuguesa.
Andreia Sofia Silva PolíticaImobiliário | Fim do imposto sobre segunda habitação O Governo vai acabar com o imposto de cinco por cento cobrado a quem adquire um segundo imóvel para fins habitacionais a partir de 1 de Janeiro. Esta é uma das principais alterações propostas pelo Executivo com a revisão da lei de relativa ao “Imposto de selo sobre a aquisição do segundo e posteriores bens imóveis destinados à habitação”, já analisada pelo Conselho Executivo. Segundo um comunicado deste organismo, será mantido o imposto de dez por cento sobre a compra de uma terceira ou mais casas para fins residenciais, além de serem criadas novas medidas relativas à hipoteca sobre imóveis. A ideia de rever este diploma surge no contexto “das novas mudanças do mercado imobiliário e na conjuntura económica de Macau”. Assim, o Governo entendeu haver condições “para o relaxamento das medidas vigentes no âmbito da administração da procura imobiliária”, criadas desde 2010 a fim de travar a especulação no sector.
Hoje Macau Manchete PolíticaAL | Reforçado princípio de “Macau governada por patriotas” A proposta de alteração à lei eleitoral para a Assembleia Legislativa está pronta para ser votada pelos deputados. Seguindo as regras estabelecidas para a eleição do Chefe do Executivo, a Comissão de Defesa da Segurança do Estado terá capacidade para vetar candidatos, decisão que não é passível de recurso para os tribunais O Conselho Executivo apresentou na sexta-feira a proposta de alteração à lei eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL) para “dar mais um passo” na aplicação do “princípio ‘Macau governada por patriotas'”. Como já tinha sido anunciado em Junho, a proposta de lei define caber “à Comissão de Defesa da Segurança do Estado da Região Administrativa Especial de Macau [CDSE] verificar se os candidatos a deputados à Assembleia Legislativa defendem a Lei Básica e são fiéis à Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China, bem como emitir parecer vinculativo para a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa [CAEAL], sobre a verificação de desconformidades”. A Comissão de Defesa da Segurança do Estado é composta pelo Chefe do Executivo, os secretários para a Segurança e Administração e Justiça e chefias das forças de segurança, e é assessorada por membros da direcção do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central, nomeados pelo Governo Central. Depois da emissão de parecer sobre a verificação da capacidade dos candidatos, emitido pela CDSE, e da decisão tomada pela CAEAL, “não é permitido apresentar reclamação junto da CAEAL, nem interpor recurso contencioso junto dos tribunais”, de acordo com um comunicado do Conselho Executivo. Além disso, a alteração à lei eleitoral sugere a “não admissão da propositura dos candidatos a deputados” à AL que, “no ano da propositura ou nos cinco anos civis anteriores, tenham sido considerados, nos termos da lei, não defensores da Lei Básica ou não fiéis à Região Administrativa Especial de Macau [RAEM] da República Popular da China”. A proposta, que vai ser submetida à apreciação da AL, prevê ainda, entre outras medidas, um “reforço da repressão de actos irregulares”, estipulando constituir crime apelar publicamente a não votar, votar em branco ou nulo. Princípio do precedente No passado mês de Junho, quando a proposta de revisão da lei entrou em consulta pública, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, disse que as alterações respondiam “às novas exigências e desafios no âmbito da defesa da segurança nacional” e à necessidade de “defender eficazmente a soberania, a segurança e os interesses do desenvolvimento do país”. O governante afirmou ainda que a verificação dos candidatos vai ser sustentada em sete critérios, já definidos em 2021, e que vão desde a salvaguarda da ordem constitucional, da unidade nacional e integridade territorial, até à prevenção de conluio com países estrangeiros e actos contra a soberania e segurança do Estado. Em 2021, as autoridades de Macau excluíram cinco listas e 20 candidatos das eleições para a AL, 15 dos quais associados ao campo pró-democracia, por “não serem fiéis” a Macau. A AL é composta por 33 deputados, 14 eleitos por sufrágio universal, 12 escolhidos por sufrágio indirecto (através de associações) e sete nomeados pelo Chefe do Executivo, que, por sua vez, é escolhido por uma comissão eleitoral composta por 400 membros, representativos dos quatro sectores da sociedade. A Lei Básica define os quatro sectores da sociedade como: industrial, comercial e financeiro; cultural, educacional, profissional; do trabalho, serviços sociais, religião; representantes dos deputados à Assembleia Legislativa e dos membros dos órgãos municipais, deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional chinesa e representantes dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
Andreia Sofia Silva Grande PlanoLíngua portuguesa | Pedida união entre ensino e associações lusófonas Vários docentes de português defendem o reforço da união entre o ensino da língua, os estudantes e as associações de matriz lusófona em Macau. Esta foi a ideia principal deixada num colóquio online promovido pela Fundação Casa de Macau, em Lisboa, intitulado “Panorama Actual do Ensino do Português em Macau” O panorama do ensino do português em Macau está bom e recomenda-se, mas é necessária uma maior união com o trabalho desenvolvido pelas associações de matriz lusófona que existem no território. Esta foi a principal conclusão do colóquio online “Panorama Actual do Ensino do Português em Macau”, promovido pela Fundação Casa de Macau (FCM) e que reuniu, na última quarta-feira, docentes de várias escolas e universidades do território, incluindo Patrícia Ribeiro, directora do Instituto Português do Oriente (IPOR). A ideia de juntar o trabalho da sala de aula ao associativismo foi deixada por Camila Lourenço, docente da Universidade de São José (USJ). “Macau tem um potencial fantástico. Fico pensando em qual o lugar do mundo onde temos acesso a tantas culturas como em Macau? Mas o maior desafio é chegar a mais pessoas e perdemos a oportunidade de mostrar esse mundo aos estudantes”, começou por dizer. A docente revelou que, na sua actividade profissional, procura que os alunos tenham acesso a actividades fora do contexto de sala de aula, mas nem sempre consegue. “Essa plataforma de Macau, onde se experienciam diferentes culturas, não é um ponto bem explorado como poderia ser. Temos uma imersão cultural imensa, e porque não usar mais isso? Como poderíamos organizar mais actividades e ter esse intercâmbio que Macau possibilita? Falei com professores que também dizem ter dificuldade no acesso a essas culturas de língua portuguesa.” A ideia foi corroborada por Roberval da Silva Teixeira, docente da Universidade de Macau (UM). “Temos as associações e há um espaço relativamente pré-organizado para criar uma coisa mais estruturada, de maneira que a língua portuguesa seja mais conhecida. Após algum tempo de convivência, percebemos que o português [em Macau] está nos nichos, em vários espaços e movimentos. A língua portuguesa está aqui, sim, e tem essa efervescência de ter tantos canais, expressões e associações que podiam ser articuladas em construir uma língua portuguesa que fosse mais aberta ao mundo.” Segundo o docente, é preciso construir “uma visão do português mais internacional, mais transnacional e intercultural” através “de toda a pluralidade que existe em Macau, no nosso dia-a-dia”. É essa ligação com as associações que poderá fazer “toda a diferença no que diz respeito à motivação para a aprendizagem”, apontou. “A língua portuguesa não é apenas aquela que é ensinada nas escolas, mas também a de pessoas que têm interesse em conectar com as comunidades de Macau. São motivações interessantes, até de artistas, por exemplo. Há uma série de potencialidades aqui que talvez estejamos deixando um pouco [de lado], e é preciso fazer uma articulação desde a base, com as escolas, até às associações ou instituições que trabalham com essas questões.” Maria José Grosso, também docente da UM, frisou que “há um multiculturalismo em Macau que não é tão interrelacional como gostaríamos”. “Há essa motivação dos jovens da China que querem saber como é o Ocidente, a cultura ocidental, têm interesse em saber mais, mas isso, infelizmente, nem sempre se vê nos alunos de Macau. Durante estes anos, tenho verificado mais nos alunos da China um maior interesse para abraçar as outras culturas”, acrescentou. A falta que faz Outro ponto abordado no colóquio pautou-se pela necessidade de ter mais manuais para um universo de estudantes de português tão específico como o de Macau. “Continua a haver interesse no português e investimento da parte do Governo. Agora se o investimento é bem feito, ou se vai para aquilo que é necessário, podemos discutir. Uma das coisas importantes, e que faz muita falta em Macau, é o investimento em materiais didácticos e pedagógicos”, começou por dizer Carla Vieira de Sá, da escola Zheng Guanying. A professora diz sentir “falta da existência de mais materiais feitos de propósito para os nossos alunos, que são especiais, integrados num meio em que não há convívio diário com a língua, pois só falam o português na escola. Precisamos de materiais que possam ser usados pelos alunos em casa”. Carla Vieira de Sá disse ainda que é necessário investir mais na formação de professores. “É preciso saber fazer determinados projectos para que as coisas fiquem bem feitas. Temos dificuldade em arranjar formações para professores que falam português. Se calhar, nesse aspecto, o investimento não está a ser tão incisivo.” Liliana Pires, docente anteriormente ligada à escola Zheng Guanying, pediu um “reforço dos professores de língua portuguesa nas escolas” bem como a colocação desses docentes em turmas bilingues e escolas oficiais. Trata-se de algo “muito importante para mantermos essa relação dentro da sala de aula no ensino da língua”. A rede que precisamos Liliana Pires falou, contudo, de uma outra necessidade que considera premente para melhorar o ensino da língua portuguesa em Macau: a “criação de uma rede de bibliotecas escolares com um plano de actividades e recursos partilhados”. “As bibliotecas escolares existem no território e várias escolas públicas e privadas trabalham a língua portuguesa, mas acho que poderia ser criada uma rede de trabalho conjunta em que as pessoas que estão nas escolas pudessem trabalhar e cooperar. Não faz muito sentido termos o projecto de animação numa escola e ele não poder ser partilhado com uma escola vizinha. Tem de haver este sentido de partilha de projectos e um trabalho em rede. Tem de haver interactividade institucional dentro da língua portuguesa.” Liliana Pires considera também essencial investir na promoção da leitura junto dos alunos. “Era importante que as escolas tivessem alguém que promovesse a leitura, uma pessoa dedicada a esta função em articulação com os professores, que conseguisse trabalhar em conjunto com um plano anual de actividades. Temos de apostar em algo estruturado neste sentido e em que se possa trabalhar em rede, dentro e fora da sala de aula e também com outras escolas.” Neste sentido, apontou a docente, poderia existir “um plano literário no plano anual de actividades de cada professor de língua portuguesa”, em que os professores poderiam “seleccionar uma lista de leitura acompanhada, fazer trabalho da promoção literária e enquadrar tudo isso no seu plano anual de actividades”. Governo não esqueceu Os intervenientes apontaram que, nos últimos anos, a aposta do Governo não esmoreceu. “O Governo tem procurado incentivar e demonstrar que está atento a esta questão e alargar ainda mais este âmbito. O Chefe do Executivo disse recentemente que iam alargar a mais quatro escolas o ensino do português além das que já existem, e são bastantes. O IPOR tem procurado também na parte da formação”, explicou Patrícia Ribeiro. Maria José Grosso falou do futuro de Macau após 2049 e da realidade do crescimento do mandarim no território. “Fala-se muito na língua portuguesa destinada aos talentos, mas deveria apostar-se também naqueles que aprendem português e que passados dez anos esquecem completamente a língua. Estamos num mundo multilinguístico, mas não nos esqueçamos que em 2049 vamos ter cada vez mais o mandarim, como é natural, o inglês e vamos tentar que o cantonense continue.” Assim, “o português vai continuar a ter muito interesse na iniciação, mas não bastam esses cursos de iniciação”, defendeu a docente, que entende ser fundamental dar “continuação enquanto houver uma ligação aos países de língua portuguesa, que desperta o grande interesse económico e político”. “Há que atrair alunos, mas devem ser conservados os que aprenderam. Na minha perspectiva cada vez mais os professores de português são os falantes de língua chinesa, e não os falantes de língua materna portuguesa, algo que, de certa forma, é natural.” O moderador do debate, Joaquim Ng Pereira, ligado à direcção da FCM, alertou para a importância da preservação do que é macaense e português e da responsabilidade que Portugal tem nessa matéria. “Estamos todos a fazer um trabalho [de divulgação], muitas vezes inglório, sobretudo aqui em Portugal. Mas que acredito que, de alguma forma, dê os seus frutos a fim de elevar Macau ao lugar que merece. Temos obviamente de respeitar a soberania chinesa, mas seria manifestamente triste que Portugal esquecesse os macaenses e Macau e a influência que tivemos, não só na língua e gastronomia e toda uma cultura miscigenada”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaPelo menos 40 trabalhadores soterrados em túnel em construção no norte da Índia Pelo menos quarenta trabalhadores ficaram soterrados quando um túnel rodoviário em construção no norte da Índia se desmoronou hoje, anunciou um funcionário dos serviços de socorro. “Cerca de 200 metros do túnel desmoronaram”, disse à agência francesa de notícias France-Presse, Durgesh Rathodi, um funcionário dos serviços de salvamento, a partir do local, no estado de Uttarakhand. “No interior ainda estão presos 40 ou 41 trabalhadores. O oxigénio está a ser fornecido através dos escombros, mas estão a cair mais escombros à medida que os socorristas tentam remover a obstrução”, acrescentou. A derrocada ocorreu na madrugada de domingo, na região dos Himalaias, quando um grupo de trabalhadores abandonava o estaleiro e chegava uma equipa de substituição. O túnel de 4,5 km de comprimento está a ser construído entre Silkyara e Dandalgaon para ligar os dois importantes santuários hindus de Uttarkashi e Yamnotri. As fotografias divulgadas pelas equipas de salvamento mostram enormes blocos de betão a bloquear o túnel, com barras de metal retorcidas no telhado a sobressair dos escombros. “Rezem a Deus para que os trabalhadores presos no túnel saiam em segurança”, escreveu o primeiro-ministro de Uttarakhand, Pushkar Singh Dhami, na rede social X (antigo Twitter).
Hoje Macau Desporto70º Grande Prémio de Macau | O programa deste fim-de-semana Sábado, 11 de Novembro 6h00-6h30 Fecho do Circuito 6h30-7h00 Inspecção do Circuito 7h45-8h30 Corrida de Macau de Fórmula 4 – Treinos Livres 8h45-9h15 TCR Asia Challenge – Treinos Livres 9h30-10h00 Macau Roadsport Challenge – Treinos Livres 10h15-10h45 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) – Treinos Livres 11h00-11h30 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT3) – Treinos Livres 12h10-12h40 TCR Asia Challenge – Qualificação 1 12h45-13h00 TCR Asia Challenge – Qualificação 2 13h15-13h45 Macau Roadsport Challenge – Qualificação 14h00-14h30 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) – Qualificação 14h45-15h15 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT3) – Qualificação 15h45-16h15 Corrida de Macau de Fórmula 4 – Qualificação Domingo, 12 de Novembro 6-00-6h30 Fecho do Circuito 6h30-7h00 Inspecção do Circuito 8h00-8h25 Corrida de Macau de Fórmula 4 – Corrida Classificativa (8 voltas) 9h05-9h40 TCR Asia Challenge – 1.ª Corrida (9 voltas) 10h20-10h50 Macau Roadsport Challenge – Corrida (8 voltas) 11h30-12h00 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) – Corrida (8 voltas) 12h50-13h20 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT3) – Corrida (8 voltas) 14h00-14h35 TCR Asia Challenge – 2.ª Corrida (9 voltas) 15h40-16h20 Corrida de Macau de Fórmula 4 – Corrida Final (12 voltas)
Hoje Macau Desporto70º Grande Prémio | Corrida de Macau de Fórmula 4: A prata da casa Reza a sabedoria popular que “santos da casa não fazem milagres”. No entanto, a história diz que as três corridas de Fórmula 4 disputadas no Circuito da Guia foram vencidas por pilotos de Macau. A quarta prova da disciplina tutelada pela FIA conta com três pilotos do território. Andy Chang, que venceu o Grande Prémio de Macau de F4 de 2022, esteve tentado a participar, mas um orçamento curto não permitiu juntar-se ao trio da casa. Este não é um número recorde, mas esta é uma representação significativa. Primeiro, porque são três jovens pilotos, dois deles estreantes absolutos nestas andanças do Grande Prémio, isto numa terra que tem tido enormes dificuldades em produzir novos talentos. Segundo, porque Charles Leong Hon Chio, vencedor do Grande Prémio de Macau de F4 de 2020 e 2021, é um sério candidato à vitória. Apesar de não ter realizado qualquer prova de monolugares este ano, Charles Leong conhece o Circuito da Guia como nenhum dos seus adversários. Já Tiago Rodrigues e Marcus Cheong vão tentar aplicar tudo o que aprenderam ao longo do ano no mais difícil dos palcos. Curiosamente, ambos os estreantes já tiveram uma experiência anterior em circuitos citadinos, neste caso no circuito de Pingtan, em Fujian. O que eles dizem… Marcus Cheong (Nº4, Asia Racing Team): “Este ano, a corrida de Fórmula 4 do Grande Prémio de Macau é uma corrida internacional por convite, o que significa que o nível dos pilotos será mais profissional em comparação com os anos anteriores. Para mim, é um pouco desafiante competir a um nível tão elevado, mas é também uma óptima oportunidade para aprender e ganhar mais experiência. O meu objectivo é terminar a corrida entre os dez primeiros na pista da minha cidade natal.” Tiago Rodrigues (Nº7, Asia Racing Team): “Estou ansioso pelo meu primeiro Grande Prémio de Macau. É um desafio totalmente diferente, mas vou esforçar-me para conseguir manter um ritmo semelhante ao que tive na corrida de Zhuzhou, o que me deverá colocar entre os dez primeiros. Sem dúvida, será um fim de semana bastante exigente, mas estou empenhado em dar o meu melhor.” Charles Leong (nº11, SJM Prema Theodore Racing): “Não tinha planos para fazer esta corrida até há bem pouco tempo. O Grande Prémio é sempre uma prova especial e é a minha prova favorita, por isso estou muito contente em regressar. Nunca fiz nenhuma corrida com este novo carro, mas eu vou dar o meu melhor e em Macau tudo pode acontecer.” Girls Power Nada mais, nada menos que três senhoras, todas elas asiáticas, vão alinhar na Corrida de Macau de Fórmula 4. Com currículos bastante diferentes, têm em comum a estreia num dos mais difíceis circuitos do mundo, podendo até surpreender os favoritos. Tendo competido anteriormente em Macau, em provas de karting, a filipina Bianca Bustamante, que se tornou o primeiro membro do sexo feminino a juntar-se ao McLaren Driver Development Program, vai fazer a sua estreia no Circuito da Guia. Aos 18 anos, Bianca Bustamante vai tentar aproveitar esta oportunidade ao máximo. “Passar para os monolugares e para o Grande Prémio de Macau é um passo significativo para mim, mas estou totalmente empenhada em executar um fim de semana forte”, diz Bustamante, que competiu na F1 Academy este ano. A jovem filipina acrescenta que “esta é uma tremenda oportunidade de aprendizagem e vou absorver o máximo de conhecimento possível desta experiência”. A juntar-se a Bianca Bustamante na grelha de partida da prova de F4 estará também Miki Koyama. A piloto japonesa disputou duas temporadas no campeonato feminino W Series, em 2019 e 2021, tendo obtido um quarto lugar como melhor resultado. Um ano depois, Koyama juntou-se ao programa de jovens pilotos da Toyota e, na sua primeira participação, fez história ao conquistar o título no Campeonato Japonês de Fórmula Regional. A nipónica de 26 anos socorreu-se aos serviços da equipa japonesa Super Licence para a estreia em Macau. Vivian Siu é sem dúvida a menos experiente das três, tendo iniciado a sua carreira há menos de um ano. A atleta de Hong Kong, no entanto, já fez história ao tornar-se a primeira mulher a pontuar no Campeonato Chinês de Fórmula 4. “Passar de uma experiência de corridas nula para corridas de monolugares tem sido para mim um sonho irreal nos últimos meses. Ter a oportunidade de participar no 70.º Grande Prémio de Macau era algo impensável. Isto terá um significado muito especial para mim, uma vez que o meu pai foi criado em Macau. Tenho a certeza de que se os meus pais ainda fossem vivos hoje, também não acreditariam que isto está a acontecer”, expressou a piloto de Hong Kong nas redes socais. GPM | Direcção de Corrida à portuguesa As cinco corridas do primeiro fim de semana do 70.º Grande Prémio de Macau terão todas um Director de Corrida português. O conceituado Eduardo Freitas, o actual Director de Corrida permanente do Campeonato do Mundo de Endurance da FIA (WEC) e que também já assumiu essas mesmas funções no mundial de Fórmula 1, vai estar no lugar que lhe é habitual nas corridas do TCR Asia Challenge, Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT3), Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4), e Macau Roadsport Challenge. Freitas é um “velho conhecido” de Macau, tendo já sido Director de Corrida das provas de F3, GT e Corrida da Guia, entre outras. Já a Corrida de Macau de Fórmula 4, terá como Director de Corrida o também português Rui Marques, que tem igualmente um vasto currículo internacional, onde se destaca o cargo de actual Director de Corrida da Fórmula 2. Ambos os portugueses também assumirão as mesmas funções em várias corridas do segundo fim-de-semana do Grande Prémio.
Hoje Macau Desporto Manchete70º Grande Prémio | Aperitivos de luxo O 70.º Grande Prémio de Macau arranca este fim-de-semana com cinco corridas, uma de monolugares, duas de GT e duas de carros de Turismo, naquele que é um aperitivo para o prometedor fim-de-semana que está para vir Corrida de Macau de Fórmula 4 Depois de três anos em que o Campeonato da China de Fórmula 4 serviu como “prato principal” do Grande Prémio, a disciplina de introdução ao automobilismo volta a visitar o Circuito da Guia, mas desta vez acepipada por um carro novo e bem mais apelativo. Neste serviço gourmet, desta vez temos um pelotão verdadeiramente internacional, com pilotos japoneses, australianos e europeus, assim como as presenças confirmadas do britânico Arvid Lindbald, do Red Bull Junior Team, da filipina Bianca Bustamente, da McLaren F1 Academy, o vice-campeão da Formula Regional europeia, o norueguês Martinius Stenshorne, e ainda o ex-campeão francês de F4, Hadrien David. Não menos interessante vai ser acompanhar o andamento dos três pilotos da casa. Envergando as cores da Theodore Racing, Charles Leong vai tentar vencer pela terceira vez em Macau, mas terá uma missão difícil, não só porque a concorrência é mais forte, mas também porque não disputou qualquer corrida este ano. As cores da RAEM vão também ser defendidas por dois jovens pilotos da Asia Racing Team, a equipa fundada no território há precisamente vinte anos. Tiago Rodrigues fará a sua estreia no Circuito da Guia, ele que lidera tanto o Campeonato da China de F4 como o Campeonato do Sudoeste Asiático, assim como Marcus Cheong, com menos experiência em monolugares, e que terá que escalar a mesma montanha de emoções num dos mais difíceis circuitos do mundo. TCR Asia Challenge Depois de ter sido parte integrante da Corrida da Guia no ano passado, a segunda edição do TCR Asia Challenge é a primeira competição de carros de Turismo da classe TCR a entrar em acção no Grande Prémio este ano. Não só em “cima da mesa” está a luta pela vitória nesta corrida, que é composta por pilotos da Grande China, mas também um lugar na Corrida da Guia – TCR World Tour do próximo fim de semana. Os oito primeiros da segunda corrida deste fim-de-semana terão acesso à grelha de partida dos “mundialistas”. Esta grelha de partida tem várias caras conhecidas do desporto motorizado local, como os pilotos de Hong Kong, Lo Sze Ho, Shaun Thong, Henry Lee Jr ou Paul Poon. De Macau, estarão na pista Wong Kiang Kuan, Ip Tak Meng, Lam Ka Chun, Chan Weng Tong, Cheong Chi On, Ng Kin Veng, Wong Chun Hao e Jerónimo Badaraco. Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT3) Com a lista de inscritos da Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA a transbordar de interessados e o espaço no programa a ser limitado, a AAMC viu a oportunidade para dividir a Taça GT – Corrida da Grande Baía em duas, uma para viaturas GT3 e outra para viaturas GT4. Neste primeiro fim-de-semana, a corrida de GT3 ficará entregue à nata local, com um misto de pilotos com uma vasta experiência, como Darryl O’Young ou Ling Kang, e rápidos “Gentleman Drivers”, como Andrew Haryanto, Chris Chia, Min Heng ou Chang Chien-Shang. A RAEM conta com dois pilotos que conhecem bem o Circuito da Guia, como são o caso de Kevin Tse, vencedor da primeira Taça GT – Corrida da Grande Baía com um GT4 e que este ano competiu em Inglaterra, e de Alex Liu Lic Ka, que este ano fez várias corridas além-fronteiras com o seu Mercedes-AMG GT3. Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) Finalmente a Taça GT – Corrida da Grande Baía ganhou a forma que os agentes do desporto sempre sugeriram como a mais adequada; uma corrida para viaturas da classe GT4 e uma porta de entrada para as corridas de Grande Turismo para os pilotos locais. A mais variada das grelhas de partida conta com carros da BMW, Ginetta, KTM, Lotus, McLaren, Mercedes, Porsche e Toyota. Destaque para a presença do vencedor desta corrida em 2022, Alex Jiang, ao volante de um novo BMW M4 GT4, e de dois novíssimos Lotus Emira GT4 – um carro que nunca antes competiu e que fará a sua estreia mundial em competição entre nós – guiados por dois pilotos velozes, o chinês Lou Kailuo e o inglês Adam Christodoulou. Macau conta com nove pilotos, entre eles Leong Ian Veng, que era um habitué no pódio da antiga Corrida Macau Roadsport Challenge. Macau Roadsport Challenge A constituição das corridas de carros de Turismo locais mudou este ano. Ao fim de mais de uma década, acabaram-se as carismáticas categorias Roadsport e 1600ccTurbo para carros de preparação local que tanto entusiasmavam o público, não só pela singularidade dos seus carros, mas também pela incerteza daquelas corridas que eram muitas vezes decididas nos seus últimos momentos. No seu lugar, temos agora um troféu bimarca, reservado exclusivamente para os modelos Subaru BRZ e Toyota GR86, para pilotos do Interior da China e das vizinhas RAE de Macau e Hong Kong. Dado o equilíbrio de forças, os troféus sempre trouxeram corridas muito interessantes e apesar da edição deste ano da Macau Road Sport Challenge não ter nomes sonantes, o espectáculo em pista poderá ser um dos mais interessantes de acompanhar para o comum espectador.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza/ONU | 50 mil civis deslocados para o sul em 24 horas Mais de 50 mil palestinianos deslocaram-se do norte para o sul da Faixa de Gaza entre quarta e quinta-feira, através da única passagem autorizada pelos israelitas aumentando para 72 mil o número de deslocados, de acordo com as Nações Unidas. O relatório diário do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) indica que pelo quinto dia consecutivo, o Exército de Israel continua a ordenar aos habitantes do norte de Gaza para se dirigirem para o sul do enclave. Tratam-se ainda “de centenas de milhares de pessoas” que continuam na zona que Israel pretende que se desloquem em direcção ao sul do território através da estrada de Saladino, a principal artéria da região. Segundo a ONU a retirada é cada vez mais numerosa tendo vindo a aumentar nos últimos dias. “Os combates, os bombardeamentos na estrada continuam, colocando em perigo os deslocados e há testemunhos que indicam a existência de cadáveres junto à via”, refere o relatório diário. A ONU sublinha que a passagem entre o norte e o sul e que atravessa o rio de Gaza continua aberta, mas apenas entre as 10:00 e as 14:00. A maioria dos deslocados faz o percurso a pé, caminhando “quatro ou cinco quilómetros” sendo que os que viajam de automóvel são obrigados a abandonar as viaturas na rotunda Al Kuwaiti no extremo sul da cidade de Gaza. O documento da ONU reitera que a situação dos hospitais da parte norte de Gaza, entre os quais o Al Quds, foi obrigado a cancelar todas as cirurgias por falta de combustível. O outro hospital da zona (Al Auda) é o único que oferece serviços de maternidade no norte do enclave, mas dispõe de reservas de combustível apenas para as próximas 30 horas.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesAdeus, democratas Ng Kuok Cheong, que desempenhou as funções de deputado na Assembleia Legislativa de Macau durante cerca de 30 anos, publicou o livro “Democrats” em Hong Kong, em Janeiro de 1990, (民主派) na já extinta Evergreen Book Store (青文書屋). Em Agosto de 2013, a Associação de Novo Macau lançou uma nova edição deste livro com o título “Democrats – Discussion on Political Affairs”. Em Julho de 2021, Ng Kuok Cheong foi o 2.º candidato da lista da Associação Próspero Macau Democrático, à eleição para a Assembleia Legislativa por sufrágio directo (Eleições para a 7.ª Assembleia Legislativa, 2021), mas foi declarado inelegível pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Depois disso, e com as mudanças graduais na cena política, a chamada “facção liberal de mente aberta” de Macau deixou de existir. Ter-se-ão transformado os “democratas” num capítulo da História? Em Julho de 2023, o Conselho Legislativo de Hong Kong aprovou a “Portaria dos Conselhos Distritais (Alteração) 2023” com base nas propostas de melhoria da governação a nível distrital apresentadas pelo Governo de Hong Kong. Nessa altura, houve quem perguntasse se, depois da restruturação, continuaria a haver espaço político para a participação dos democratas nas eleições distritais. Claro que continuam a existir pessoas esperançosas que pensam que tudo é possível e que os democratas devem continuar a tentar. Recentemente, iniciou-se o processo da Eleição Ordinária de 2023 ao Conselho Distrital de Hong Kong, cujo período de nomeação terminou a 30 de Outubro. Os actuais desenvolvimentos demonstraram que nenhum dos membros do Democratic Party (Partido Democrata), da Hong Kong Association for Democracy and of People’s Livelihood (ADPL) e também nenhum dos democratas independentes que pretendiam candidatar-se a esta eleição conseguiram ser nomeados pelas três comissões do distrito que representavam depois da restruturação (Comissão de Área, Comissão Distrital de Combate ao Crime e Comissão Distrital de Segurança Contra Incêndios) e por isso foram eliminados à partida. Na verdade, não sei se o colunista “Prophet Lee” do Ming Pao Daily News of Hong Kong é semelhante aos “profetas” mencionados na Bíblia, ou se faz previsões com base em informação obtida através de certos canais. A 16 de Outubro, antes do início do período de nomeações, o “Prophet Lee” escreveu um artigo no Ming Pao intitulado “Candidatos do Partido Democrata Falham Candidatura Antes do Início do Período de Nomeação”. No artigo, discernia sobre os motivos que levavam os candidatos deste partido a não terem hipóteses de ser nomeados para a Eleição Ordinária de 2023 ao Conselho Distrital. No final, todos os candidatos do campo pró-democracia tiveram a mesma sorte, resultando no desaparecimento dos democratas do Conselho Distrital de Hong Kong, o que acontece pela primeira vez desde 1985. Em Macau, uma vez que a composição da Assembleia Municipal (semelhante na sua natureza ao Conselho Distrital de Hong Kong) foi revista, todos os membros dos organismos consultivos competentes passaram a ser seleccionados por nomeação. Embora as candidaturas por auto-recomendação para estes organismos consultivos sejam aceites, tanto quanto sei, a sua taxa de sucesso é zero. Após a desqualificação dos candidatos que concorrem às Eleições para a 7ª Assembleia Legislativa (2021), a cena política de Macau entrou numa nova era de uniformidade muito antes de o mesmo ter acontecido em Hong Kong. As políticas resultam de contextos concretos e só são alteradas de acordo com os desenvolvimentos das situações concretas, mas não mudam ao sabor dos desejos pessoais de cada um. Após a sua saída da arena política, será o Partido Democrata de Hong Kong capaz de existir e funcionar como um grupo de pressão e continuar a receber o apoio das pessoas e, em última análise, conquistar a aceitação de partidos importantes com as suas palavras e acções? Para que isto aconteça vai ser preciso tempo e perseverança. Em Macau, Ng Kuok Cheong e Au Kam San, que fundaram em conjunto a União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, a Associação de Novo Macau e a Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, foram-se retirando gradualmente da cena política depois de 2021. Do grupo de jovens recém-chegados, uns foram à procura de melhores empregos, outros emigraram, ou envolveram-se nos seus negócios, e acabaram por deixar a política. As águas do Lago Nam Van de Macau têm estado estagnadas desde essa altura. Há muitos anos que Ng Kuok Cheong enfrenta as ondas da política e tem experiências incontáveis. Podemos afirmar sem medo de falhar que ele é um dicionário ambulante da política de Macau. Se vier a haver uma nova edição revista do seu livro “Democrats”, seria muito inspirador se nele Ng Kuok Cheong nos falasse sobre a sua carreira política de décadas. Estou ansioso por isso.
Hoje Macau EventosSJM e Galaxy com eventos alusivos ao Grande Prémio Começa hoje a 70.ª edição do Grande Prémio de Macau (GPM) e as operadoras de jogo decidiram associar-se ao grande evento desportivo de Macau e da Ásia apostando em diversos eventos que convidam os turistas e curiosos a desfrutar de uma experiência mais próxima das corridas. Uma das operadoras que apresenta eventos sobre o GPM é a Galaxy, sendo que até ao dia 19 deste mês, último dia de competições, os visitantes podem conhecer de perto a “história, a glória e a inovação” da equipa de F1 da Oracle Red Bull Racing na loja pop-up “Oracle Red Bull Racing Pop-Up” localizada no Galaxy Macau. Segundo um comunicado, os visitantes poderão “participar numa variedade de experiências de corrida” com toda a emoção e realidade, incluindo o “Red Bull Pit Stop Challenge” inaugural em Macau, onde os participantes podem correr contra o relógio para mudar os pneus de um carro de fórmula 1, utilizando as ferramentas autênticas da equipa usadas nas boxes. Existem ainda simuladores das corridas no Circuito da Guia. Por sua vez, no Crystal Lobby do Galaxy Macau haverá ainda uma exposição, até dia 30 deste mês, de uma série de modelos de edição limitada da marca de automóveis de luxo Bentley. O Star World Hotel estabeleceu também uma parceria com a Associação de Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, apresentando a série Porsche 911 Carrera GTS na entrada VIP do hotel até ao dia 19 deste mês. Corridas à mesa Se a Galaxy promete apresentar ainda menus especiais e bebidas alusivas ao Grande Prémio nos seus bares e restaurantes, também o restaurante de comida portuguesa “Mesa by José Avillez”, situado no Grand Lisboa Palace, no Cotai, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), apresenta um menu especial até domingo e depois no fim-de-semana seguinte, de 16 a 19 de Novembro, quando o evento chega ao fim. Segundo um comunicado da SJM, os visitantes poderão desfrutar de uma selecção de cocktails especiais, sempre com o tema do Grande Prémio, criados pelo principal mixologista do resort, Frederick Ma. Além disso, Lorenzo Antinori, vencedor do prémio “Time Out Bartender of the Year de 2020”, estará no restaurante hoje onde criará três cocktails intitulados “Dangerous Corner”, “Champion” e “High Speed”. Também no Grand Lisboa Palace haverá, até 29 de Fevereiro do próximo ano, a Zona de Jogos Desportivos “Sportopia”, em que, com recurso à realidade virtual, se apresentam corridas de automóveis, ciclismo, ténis e outros jogos desportivos. A zona de jogo está aberta das 11h00 às 20h00 e as fichas de jogo podem ser trocadas gratuitamente. A SJM apostou também na criação de uma exposição temática sobre o Grande Prémio, onde será mostrado, em frente à Loja de Presentes do resort, o equipamento de corrida dos melhores pilotos de fórmula 3. A mostra decorre até ao dia 30 deste mês e visa “enriquecer ainda mais a cultura do Grande Prémio e celebrar as alegrias das corridas com visitantes de todo o mundo”.
Andreia Sofia Silva EventosGrande Prémio | Filipe Baptista lança merchadising alusivo ao evento Foi na edição número 60 do Grande Prémio de Macau que o macaense Filipe Baptista fez sucesso com a canção “Go! To Be World Nº.1”, cuja letra foi agora adaptada para produtos de merchadising criados especialmente para a 70.ª edição do evento, que arranca já hoje. O músico acaba também de lançar um novo álbum, “Planet of Love” Teve um enorme sucesso na 60.ª edição do Grande Prémio de Macau (GPM) com a música “Go! To Be World Nº 1” e lança agora alguns produtos de merchadising numa data importante para o GPM, os 70 anos. Fale-me desse projecto. Ao aproximar-se a 70.ª edição do GPM tive a oportunidade de colaborar com uma empresa de artigos desportivos, a “Triangle Sports Macau” para lançar uma t-shirt comemorativa e uma toalha de claque com o nome de “No.1”. Trata-se de produtos que reflectem a minha paixão pelos desportos motorizados, sobretudo enquanto grande fã do GPM. Sinto grande entusiasmo por ter ganho o concurso de composição da composição do tema do 60.º GPM, tendo tido a oportunidade de cantar esta canção todos os anos durante o evento antes da covid. Sempre quis que esta canção fosse além das actuações. Por feliz coincidência, e uma década depois, conheci o Terence, pessoa responsável pelos produtos criativos do GPM deste ano, e depois de algumas conversas decidimos avançar rapidamente para uma colaboração. Na hora de conceber os produtos, ambos quisemos captar a verdadeira essência de Macau, então a t-shirt e a toalha de claque apresentam a letra da canção “Go! To Be World No.1”. Além disso, foram incorporadas as cores icónicas do GPM, como o amarelo e o preto, a fim de ligar o design dos produtos com o espírito do evento. Os produtos estão agora disponíveis para venda nas bancas de merchadising durante o evento, e espero que tanto fãs como entusiastas das corridas possam apreciar estes artigos e se juntem a mim na celebração do emocionante mundo dos desportos motorizados. Qual a importância que o GPM tem para si, sendo residente? O GPM tem uma importância significativa para Macau, uma vez que atrai a atenção internacional e turismo para o território. Além disso, é um evento que demonstra a capacidade que Macau tem para acolher grandes eventos desportivos, contribuindo também para manter a reputação do território com um destino vibrante e excitante. O evento tem também um impacto muito positivo na economia local, atraindo visitantes, gerando receitas para as empresas e criando oportunidades de emprego. O GPM é uma fonte de orgulho para muitos residentes, tendo-se tornado parte integrante do tecido cultural do território. Este é sempre um momento de celebração e emoção, com os habitantes locais e os visitantes a juntarem-se para assistir às corridas emocionantes e a desfrutar de uma atmosfera festiva. Além deste projecto, o Filipe acaba também de lançar um novo disco, “Planet of Love”. Como correu este projecto? O tema principal do álbum está relacionado com o amor, tal como o nome sugere. Toda a composição musical deste disco foi realizada por mim e pelo Akitsugu Fukushima, um músico japonês que reside em Macau. O álbum é composto por sete canções que começam nos anos 70, incorporando os estilos musicais dessa época nos arranjos. Os conteúdos das canções inspiram-se nos géneros musicais das décadas em que cresci, mas também no meu percurso na indústria musical e na minha imaginação daquilo que será a minha relação com a música. “Planet of Love” contém diversos elementos musicais, e espero criar com ele uma fusão de estilos musicais populares e mainstream. O trabalho foi produzido no formato vinil, o que aumenta o seu apelo nostálgico e proporciona aos entusiastas [pelos discos antigos] uma peça que entra para a história da música. Quais os principais temas por detrás de cada canção? Cada música representa o amor que sinto por cada época musical em particular. A primeira canção do disco, “High Waisted Bell Bottoms” refere-se aos anos 70 e exprime a busca pela paz, liberdade e amor-próprio. “All I Want is You”, dos anos 80, presta homenagem a Leslie Cheung [actor e músico de Hong Kong, já falecido] tendo como objectivo recriar as canções de amor rebeldes que dominaram essa época. “Love Comes and Goes”, feita em parceria com outra cantora de Macau, a Josie Ho, refere-se aos anos 90, sendo uma autêntica canção de amor cantonense com um tom teatral. “Message by the Riverside”, dos anos 2000, exprime o meu amor pelos espectáculos, pelos palcos e pelos fãs durante a minha passagem por Taiwan. Já “United” remete para o ano de 2010, espalhando a mensagem da importância de amar o planeta Terra, partilhar o amor e a paz através de uma canção que não é mais do que uma dança cheia de energia. “One Day”, de 2020, conta a história das grandes provações recentes da humanidade e a incapacidade de comunicar e de nos relacionarmos com os outros como habitual, embora mantendo a esperança num futuro melhor. “Nouvelle Vague” é uma peça futurista e imaginativa em que faço experiências no domínio da música pop. Por sua vez, a minha canção “Montage” serve como um eco de que, duas décadas depois, e independentemente da mudança dos tempos, a minha paixão pela música mantém-se firme e inalterada.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Deflação em Outubro com preços a caírem 0,2% O índice de preços ao consumidor da China (IPC) voltou a entrar em deflação, no mês passado, agravado pela queda dos preços da carne de porco, numa altura em que Pequim tenta impulsionar a procura interna. O principal indicador da inflação no país asiático caiu 0,2 por cento, em Outubro, em termos homólogos, segundo dados do Gabinete Nacional de Estatística (GNE). No mês anterior, o IPC manteve-se inalterado. A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. Os analistas previam uma queda de 0,1 por cento, em Outubro, em relação aos preços registados há um ano. O GNE apontou que o preço das carnes caiu 17,9 por cento, impulsionado por um declínio de 30,1 por cento nos preços da carne de porco, principal fonte de proteína animal na dieta chinesa. O preço da carne suína na China, o maior produtor e consumidor mundial, segue ciclos de expansão e recessão, com o excesso de oferta a conduzir a grandes quedas de preços e a gerar volatilidade no IPC. A economia chinesa registou já uma queda nos preços em Julho passado.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Responsáveis pelas finanças preparam encontro Biden – Xi Os líderes das duas nações vão encontrar-se na próxima semana, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia – Pacífico, em São Francisco A secretária do Tesouro norte americana, Janet Yellen, e o seu homólogo chinês vão reunir-se em São Francisco, na próxima quinta-feira, para dois dias de conversações, numa altura em que a concorrência se intensificou entre os dois países. As conversações de Yellen com o vice-primeiro-ministro He Lifeng destinam-se a lançar as bases para uma reunião entre o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o Presidente chinês, Xi Jinping, na próxima semana, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia – Pacífico, em São Francisco. A Casa Branca não espera que o encontro resulte em grandes mudanças na relação entre as duas nações. Os analistas dizem também que as expectativas devem ser mantidas baixas, dada a natureza competitiva da relação entre os dois países. Nicholas Szechenyi, vice-director para a Ásia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse num evento de antevisão da cimeira da APEC que “parece difícil para os Estados Unidos enfatizar de forma credível temas como a inclusão, a interconexão – os temas da cimeira da APEC deste ano – quando o principal motor da estratégia económica dos EUA no Indo-Pacífico não é necessariamente a cooperação económica, mas sim a concorrência económica”. “A estratégia dos EUA está muito focada na competição económica com a China”, disse, citado pela agência Associated Press. Em Agosto, Biden assinou uma ordem executiva destinada a regular e bloquear o investimento norte-americano na China nos sectores de alta tecnologia, uma medida que a administração disse visar a proteção da segurança nacional. No ano passado, os EUA tomaram medidas para bloquear as exportações de ‘chips’ semicondutores avançados para o país asiático. No início do ano, congressistas norte-americanos realizaram audiências sobre segurança de dados e conteúdos nocivos com o director executivo do TikTok, Shou Zi Chew, ponderando a possibilidade de proibir a aplicação extremamente popular devido às suas ligações chinesas. Tensões aliviadas Biden falou com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, na Casa Branca durante cerca de uma hora, no final do mês passado, quando o principal diplomata de Pequim voou para Washington para conversações com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. Xi encontrou-se igualmente com Blinken em Junho, quando o secretário de Estado se deslocou a Pequim para reunir com Wang. Yellen reuniu-se com vários funcionários chineses ao longo deste ano. Em Janeiro, esteve com o antigo vice-primeiro-ministro Liu He em Zurique. Em Julho, Yellen deslocou-se à China para discutir as relações económicas entre as duas nações e exortou os responsáveis governamentais chineses a cooperarem no domínio das alterações climáticas e de outros desafios globais e a não deixarem que as divergências acentuadas em matéria de comércio e outros aspectos façam descarrilar as relações. Numa conferência de imprensa, realizada a 8 de Julho, afirmou: “Não vejo a relação entre os EUA e a China como um conflito entre grandes potências. Acreditamos que o mundo é suficientemente grande para que ambos os nossos países possam prosperar”. Em Setembro, o departamento do Tesouro dos EUA e o ministério das Finanças da China lançaram um par de grupos de trabalho económicos num esforço para aliviar as tensões e aprofundar os laços entre as nações.
José Simões Morais Via do MeioSeda (7) – Deusas e Festas Palácio de Lei Xuan nas montanhas do Dragão de Jade Seguindo a viagem feita pelo Imperador Amarelo para conhecer quem tecera um tão fascinante robe de seda, resolvemos ir também à procura do local de nascimento de Wang Feng na província de Sichuan. De Yanting rumamos para as montanhas do Dragão de Jade (Qing Long shan) por uma magnífica estrada de mais de quarenta quilómetros feita para as grandes celebrações de 2008 e antes de chegar ao lugar chamado Jin ji (Galo Dourado), onde está a sepultura da Deusa da Seda Can Shen Lei Zu e o Palácio de Lei Xuan, passamos pela aldeia chamada Lei Zu (Lei Zu cun). Aí, à chegada, o Senhor Wang Shao Mo, que toma conta do mausoléu desde 2001, atento, junta-se a nós e refere terem todos os habitantes da aldeia, onde também mora, apelido Wang, o mesmo nome da família de Lei Zu. Enquanto fala vai indicando o caminho para o mausoléu e ainda no sopé do monte chama a atenção para o bei (碑), uma estela em forma de torre feita a 29 de Outubro de 1995 onde se pode apreciar o escrito durante a Dinastia Tang (618-907) por Zhao Rui (赵蕤, c.659-742). Reproduzia a estela feita no segundo mês de 734, no 21.º ano da Era Kaiyuan (713-741), onde o letrado explicava “encontrar-se em Yanting para descansar do estudo teórico, numa casa mandada fazer pelo Imperador, quando os locais o convidaram a escrever a estela feita para celebrar a reparação do Lei Xuan Gong (嫘轩宫) na montanha Qing Long. Ao pedido insistente, onde “por três vezes me bateram à porta, acedi a escrever o prefácio”. Começa por se referir ao porquê das iniciais recusas, já que, para os seres a quem era dirigida a missiva com eles convivia diariamente. “Vivia eu agora liberto do mundo material e passando os dias com a virtude da música, tocando qin [conhecido por guqin, é hoje um instrumento de sete cordas, apesar de ter apenas cinco quando foi inventado por Fu Xi], ou acompanhado pelo som do crane [ave pernalta mitológica que vive mil anos] a dormitar nas margens dos ribeiros com os dias a escoarem-se no prazer de uma vida ligada à Natureza. Na montanha de Qing Long terminaram de reparar o Palácio-Templo de Lei Xuan e pediram-me para escrever um prefácio.” Zhao Rui (赵蕤) nascera em Yanting, Sichuan, aproximadamente no ano de 659 e durante a sua juventude estudou tudo o relacionado com a governação. Um dos seus antepassados, Zhao Bin (赵宾), que vivera no período da dinastia Han do Oeste, foi famoso como especialista do Yi Jing, Livro das Mutações ao qual ele também se dedicou. Em 716 terminou de escrever o Chang Duan Jing (长短经, conhecido também por Fan Jing, 反经) com nove capítulos (juan) e 64 artigos (pian), onde discorreu sobre os escritos de Rujia (儒家, escritos confucionistas), Fajia (法家, Escola do Legalismo), Bingjia (兵家, assuntos militares), Zajia (杂家, miscelâneas), Yinyangjia (阴阳家, escritos dauistas), com interesse para a Escola da Diplomacia (纵横家, Zonghengjia). Daí ser chamado várias vezes por o sétimo Imperador Tang Xuanzong (712-755) para trabalhar na corte, escusando-se com o argumento de lhe interessar mais viver em contacto com a Natureza e dela adquirir os ensinamentos. Li Bai (701-762) com 18 anos foi estudar durante um ano com Zhao Rui. Na parte de cima da estela, os desenhos em baixo-relevo mostram o Palácio (templo) Lei Xuan Gong (嫘轩宫) a partir do descrito por Zhao Rui. Mas a estela escrita por Zhao Rui foi destruída em Maio de 1947 por uma tempestade e encontramos agora uma nova similar, ladeada por duas pedras gravadas, uma partida e deitada por terra e a outra, ainda de pé, erguidas em 1995. Assinalavam a estela existente da Dinastia Tang e que acompanhou uma anterior ali existente e referida por Zhao Rui, mas que, sem ninguém notar, desapareceu. Se nos caracteres gravados da pedra tombada pode ler-se: “As pessoas continuaram com o trabalho de Lei Zu e esperam fazer ainda melhor”, na pedra em pé está um outro poema: “Lei Zu aqui nasceu e aqui resta / o galo dourado voou para o Céu”. Nos quinhentos e oito caracteres Zhao Rui ainda refere: “a sábia Wang Feng, esposa de Huang Di, era Yuan Fei Lei Zu nascida nesta montanha e falecida quando viajava pelo Sul do país. Em anterior desejo expresso, tinha pedido para ser sepultada no cume da Montanha Qing Long, onde encontramos o mausoléu e uma estela colocada desde então e que continua aqui a existir. Durante a sua vida, foi a primeira pessoa a ensinar a plantar amoreiras, a domesticar o bicho-da-seda, a criar o fio e com ele tecer. Foi uma inspiradora e conselheira para Huang Di, que daí ordenou aos súbditos para plantarem amoreiras, fazerem roupas de seda, casarem-se e respeitarem os idosos. Ajudou Huang Di a estabelecer um sistema para criar um país, ordenando o território e as suas gentes, unificando assim Zhong Yuan (中原), [assim conhecida antigamente a China e significa a parte central do País do Meio (中国, Zhong Guo), nome dado por os chineses ao seu país]. Tal glorioso trabalho levou as pessoas a lembrarem-se dela para sempre. Por isso lhe chamam Xian Can, Iniciadora da Produção de Seda.” PALÁCIO LEI XUAN Continuando no texto de Zhao Rui: “Na parte traseira da Montanha Qing Long conseguem-se ver todas as montanhas em redor e neste local as pessoas prosperam já que os negócios, sobretudo os da seda, lhes correm bem. À noite, quando a Lua reflecte sobre Lei Xuan Gong, o lugar é muito bonito. O templo construído em cinco patamares tem cento e vinte e seis estátuas no interior do primeiro pavilhão, Xian Can Tan. Entre elas, as mais importantes são as de Wang Mu (Rainha-Mãe do Oeste, esposa do Imperador de Jade), Xuan Yuan (Huang Di, que significa Imperador Amarelo e viveu entre 2550 e 2450 a.n.E.), Lei Zu, Fu Xi (2852-2738 a.n.E., o primeiro Ancestral da Civilização Chinesa e inventor dos trigramas, que permitiram criar o Livro das Mutações), Shen Nong (conhecido por Yan Di, que impulsionou a agricultura e viveu em 2750 a.n.E.) e Feng Hou (o principal ajudante de Huang Di). No segundo pavilhão, denominado Lei Zu Dian, encontram-se apenas três estátuas: a de Lei Zu, Ma Tou Niang Wan Yu (马头娘菀窳) e Yu Shi Gong Zhu (寓氏公主), cujo livro Hou Han Shu refere serem antigamente estas duas últimas chamadas Can Shen, Deusas do Bicho da Seda. Lateralmente ao Palácio-templo, corredores com divisórias, um para o amoreiral, outro onde se produz o bicho-da-seda, assim como para as estufas, onde pela acção do calor se pára o ciclo da Bombix mori quando esta já vive dentro dos casulos. Há ainda outras divisórias dedicadas à produção de fio, à tecelagem e à fabricação de roupas. Pela História, este templo foi construído por Can Cong e ampliado mais tarde pelo Rei Wen [pai do Rei Wu, o fundador em 1046 a.n.E. da Dinastia Zhou, que usando os oito trigramas inventados por Fu Xi os montou no Zhou Yi, o Livro das Mutações da Dinastia Zhou], denotando ter um longo passado. Nesses tempos, o Imperador mandou as pessoas plantarem a terra, produzir o bicho-da-seda e assim, na Primavera ao lançar as sementes à terra tinha-se comida; no Verão, por se produzir o bicho-da-seda houve roupas e depois de comida e roupa veio a música, pois com abundância podia-se ter já uma vida abastada. Por isso, nessa altura o país era muito forte. Devido a tal, cada ano entre o oitavo dia do primeiro mês e o décimo dia do segundo mês lunar, o Imperador e os seus súbditos celebram Xian Can. O oitavo dia do primeiro mês lunar é o aniversário do bicho-da-seda e o décimo dia do segundo mês lunar é o aniversário de Lei Zu. Tais celebrações são tão grandes que se comparam às celebrações do Aniversário dos Imperadores. No topo da Montanha de Qing Long consegue-se ver muito longe. Ao pôr-do-sol a montanha parece a morada dos Celestiais Seres. Tanto faz olhar de cima, como a partir de baixo, é como estar a montanha protegida pelo tigre e segura pelo dragão. Um pequeno som ecoa forte como o rugido do leão e o da trovoada e é como o cantar de nove Dragões e dos oito Seres Celestes. Com tão magnífico lugar é de acreditar que Lei Zu aqui nasceu. Escrevo isto para relembrar às pessoas continuarem o trabalho de Lei Zu, esperando que façam ainda melhor e pôr este trabalho como a luz do Sol e da Lua e com uma longa vida como a do Céu e da Terra.” De referir ser este texto escrito no bei por Zhao Rui o segundo a fazer referência à vida de Lei Zu, depois de Shi Ji de Sima Qian (145-87 a.n.E.). Analisando pela História o contado por Zhao Rui, este templo foi construído pelo fundador dos Antigos Shu, Can Cong, que viveu em 2800 a.n.E., no mesmo período de Lei Zu e Huang Di. Foi ampliado em c.700 a.n.E. por Wang Di, Rei dos Antigos Shu e o último do clã Duyu, que finalizou a Cultura Shierqiao pertencente ao Período de Sanxingdui, quando decorria a transição do Período Primavera-Outono para o Período dos Reinos Combatentes, denotando ter um longo passado. O Lei Xuan Gong (嫘轩宫), em honra de Lei Zu, durante o período da Revolução Cultural foi destruído e passou a ser uma escola. Só anos mais tarde os habitantes da aldeia realizaram o quão importante era o templo e por isso, o reconstruíram. Mas perdido estava o recheio e o que hoje aí se encontra, é algo cujo interesse não é material, despido de todo um legado histórico.
João Luz Manchete SociedadeRestauração | Hoje encerra “A Vencedora”, um património de Macau O restaurante centenário “A Vencedora” encerra hoje as portas, fechando um capítulo emocional do imaginário de Macau. Os últimos dias foram, como é hábito, atarefados com filas de clientes a esperar à porta. Sem sucessão à vista e exausto, Lam Kok Veng ainda não sabe como vai gozar a reforma. Só sabe que vai ficar em Macau “A Vencedora” encerra hoje, culminando uma história de mais de 105 anos. Na derradeira semana de actividade, o panorama geral foi de filas à porta aguardando por mesa. No interior do restaurante, o reboliço é um dos pratos do dia. Como é habitual, Lam Kok Veng, um dos irmãos que forma a dupla de proprietários e gerentes do restaurante no centro da Rua do Campo, recebe os clientes ao lado da esposa, de bloco de notas na mão. Desta vez, não tão assertivo como costume, Lam denota uma grande emoção quando vê caras conhecidas a entrarem no espaço. Face à tirada “então, amanhã é o último dia”, faltam-lhe as palavras e o nó na garganta atrapalha a comunicação. Ao HM, reafirma, de olhos marejados, a amargura atenuada pela correria do trabalho. “Estou muito velho e cansado. Fico aqui 14 horas por dia, já chega… é um minchi? Quer um copo de vinho?”, pergunta, mudando de frequência. Como habitual nas muitas décadas de serviço, a refeição é servida prontamente, com um sorriso. Mas os últimos dias têm sido especiais. À medida que os clientes pagam a conta e se preparam para sair, multiplicam-se as despedidas fraternas, abraços, fotografias, confissões e desabafos bem-dispostos, assim como um indefinível sentido de nostalgia antecipada. Face à grande incógnita sobre o que lhe reserva o futuro, Lam Kok Veng admite ao HM ainda não ter chegado à fase de concretamente virar a página. “O que vou fazer? Não sei, não consigo pensar. Primeiro vou descansar, agora nem tenho tempo para pensar. Depois logo vejo. Mas vou ficar em Macau, estou muito bem aqui”, diz com um sorriso. Como já havia referido ao HM em 2018, ano da celebração do centenário de “A Vencedora”, a falta de sucessão é motivo para o encerramento definitivo. “O meu filho está em Inglaterra, a minha filha em Macau, mas ela não gosta disto [o negócio da restauração]. Acha muito complicado”. Quanto aos sobrinhos, “felizmente têm bons empregos”, acrescentou Lam Kok Veng à Lusa. “Estamos cá eu, o meu irmão, a minha mulher e uma irmã. Já temos todos mais de 60 anos. São muitos anos, estou velho”, sublinhou Lam, com um suspiro. Tudo em família Ao longo de três gerações, a família Lam geriu “A Vencedora”. A história do mítico espaço da Rua do Campo começou no mar, a bordo do navio da Marinha Portuguesa “A Vencedora”, onde Lam Kuan, avô dos actuais proprietários”, ocupava o cargo de cozinheiro. O serviço militar foi o prelúdio para rechear as mesas do restaurante. No início de “A Vencedora”, além de refeições, os clientes podiam comprar vinhos, azeite, enchidos e outras iguarias portuguesas. O espaço tornou-se popular entre a comunidade portuguesa, nomeadamente entre os militares em comissão de serviço em Macau. Na década de 1940, por exemplo, chegou a haver cerca de 800 soldados portugueses nos quartéis do território. Muitos deixaram contas por pagar, disse Lam Kok Veng, com um sorriso, antes de abrir uma gaveta do balcão e tirar uma caixa de madeira cheia de papéis amarelados, os chamados vales de refeição, que os militares pagavam no fim do mês. Nem de propósito, a vitrina de “A Vencedora” inclui, entre muitas peças de cerâmicas e souvenirs ligados a Portugal, como um Zé Povinho que responde com o característico manguito a quem queira fiado. Tem bacalhau com grão A ementa, que não muda há mais de 20 anos, faz parte da herança da família, com pratos cuja confecção nunca foi anotada, mas herdada do fundador do restaurante para o filho e mais tarde para os netos. Com a excepção do descanso semanal, à terça-feira, o restaurante só fechou uma vez, “por uma semana”, por causa dos motins “1,2,3”, de 3 de Dezembro de 1966, contra a administração portuguesa, sublinhou Lam, que na altura era um adolescente. Agora com 71 anos, toda a vida se lembra de estar em “A Vencedora”, onde começou por lavar pratos e servir às mesas. Mas foi só depois de acabar o ensino secundário, em 1974, que passou a trabalhar ao lado do avô e do pai. As conversações para a transição de Macau para a China começaram em 1986, mas os últimos anos da administração portuguesa foram os tempos áureos de “A Vencedora”. “A casa estava sempre cheia e muitas vezes tínhamos de recusar reservas”, recordou Lam. Desses tempos ficaram muitos clientes regulares, incluindo antigos soldados e funcionários públicos, assim como macaenses, uma comunidade euro-asiática, com muitos lusodescendentes. A história do segundo restaurante mais antigo de Macau – só atrás do Fat Siu Lai, criado em 1903 – chega agora ao fim. Sem tempo, nem disponibilidade emocional para dizer o que lhe vai na alma, face à questão se está triste com o encerramento, Lam Kok Veng limita-se a dizer ao HM que “agora, não consegue pensar em nada”. Do lado de dentro do pequeno balcão, a sua esposa atira “obrigado” de lágrimas nos olhos e sorriso enternecedor, mesma na altura em que o irmão Lam Kok Lon entra de rompante no restaurante e afirma sorridente “meu grande amigo”, antes de servir um abraço fraternal. Este é, e sempre será, o prato principal d’“A Vencedora”. Com Lusa
Hoje Macau SociedadeSuicídio | Menos nove casos no terceiro trimestre Entre Julho e Setembro registaram-se menos nove suicídios do que no segundo trimestre deste ano, de acordo com os dados revelados ontem pelos Serviços de Saúde. No passado trimestre, contabilizaram-se 15 casos de morte por suicídio, enquanto nos três meses anteriores tinham sido registados 24 suicídios. “Segundo a análise dos dados, neste trimestre, as possíveis causas do suicídio são principalmente resultantes de doenças mentais e doenças crónicas ou fisiológicas”, justificaram os SS, em comunicado. Em relação ao período entre Julho e Setembro, registaram-se as mortes de sete pessoas do sexo masculino e oito do feminino, com idades entre os 15 e os 86 anos. Entre estes, 13 eram residentes de Macau e dois eram não-residentes. Desde o início do ano, em Macau, assinalaram-se 62 vítimas de suicídio, com 23 óbitos a ocorrerem no primeiro trimestre, 24 no segundo trimestre e 15 no trimestre mais recente. Em comparação, no ano passado tinha havido 65 suicídios, entre Janeiro e Setembro. Entre estes, 28 vítimas foram registadas em Janeiro, durante uma das fases mais rigorosas das medidas de controlo zero da pandemia, 19 no segundo trimestre e 18 no terceiro trimestre. Quando a comparação é feita com base nos nove meses, regista-se uma redução de 4,6 por cento dos casos de suicídio, ou seja, houve menos três ocorrências. Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.
João Santos Filipe Manchete SociedadePJ | Inspector ilibado de suspeitas de abuso de poder e violação de segredo O processo disciplinar contra um agente sob suspeita de ter cometido os crimes de abuso de poder e violação de segredo foi arquivado. A decisão foi tomada pelo director da Polícia Judiciária, depois do Ministério Público ter arquivado o processo criminal O processo disciplinar que decorria contra um agente da Polícia Judiciária de apelido Ieong, foi arquivado, de acordo com a informação que consta na página electrónica do gabinete do secretário para a Segurança. O agente de 50 anos estava a ser investigado depois de a PJ ter detido outro agente, em Junho de 2019, por suspeitas de “envolvimento num caso relativo a um grupo criminoso dedicado à prática de usura, pertencente a uma associação secreta”. As autoridades suspeitavam que Ieong tinha aproveitado “repetidamente das suas funções para consultar e revelar, sem autorização, informações policiais de natureza confidencial”. Ieong foi detido a 1 de Março de 2021 e presente ao Ministério Público pelos crimes de abuso de poder e violação de segredo. Contudo, em Junho deste ano, quase dois anos após o início do processo criminal, o Ministério Público considerou que não haver indícios para produzir a acusação, pelo que arquivou o caso. Como consequência da decisão do MP, também a polícia arquivou o processo disciplinar, por entender que “não foram encontras provas” de que o agente “tenha praticado os actos ilícitos”. Sortes diferentes Apesar do agente Ieong ter sido considerado inocente, o mesmo não aconteceu com o outro agente, de apelido Chan, que espoletou toda a investigação. O homem, com 36 anos, foi demitido da PJ, em Maio do ano passado, através de um despacho do secretário para a Segurança, depois de ter sido considerado que “aproveitou as suas funções para efectuar consultas sem autorização e divulgar informações policiais a terceiros, com o objectivo de obter benefícios ilegítimos para si e para terceiros”. Antes disso, a Julho de 2020, o agente tinha sido condenado pelo Tribunal Judicial de Base com uma pena de prisão efectiva de 2 anos e 3 meses, pela prática dos crimes de violação de segredo e abuso de poder. A sentença transitou em julgado em Janeiro do ano passado, depois do Tribunal de Segunda Instância te recusado o recurso do agente condenado.