Brexit | Supremo declara ilegal decisão do governo de suspender Parlamento britânico

[dropcap]O[/dropcap] Supremo Tribunal britânico declarou hoje ilegal a suspensão do Parlamento decidida pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, até duas semanas antes do prazo para o Reino Unido sair da União Europeia (‘Brexit’).
Na leitura da decisão, a juíza, Brenda Hale, disse que “a decisão de aconselhar Sua Majestade a suspender o parlamento era ilegal porque teve o efeito de frustrar ou impedir a capacidade do Parlamento de desempenhar as suas funções constitucionais sem uma justificação razoável”.
A deliberação do tribunal de última instância foi tomada após três dias de audiências na semana passada diante de 11 juízes, que escutaram os argumentos dos advogados dos requerentes e do Governo conservador britânico.

24 Set 2019

Líderes mundiais reunidos na Cimeira Climática

[dropcap]L[/dropcap]íderes políticos dos 193 Estados-membros das Nações Unidas reúniram-se ontem em Nova Iorque na Cimeira da Acção Climática, que pretende ser palco para anunciar compromissos e projectos concretos para o reforço do combate às alterações climáticas.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que convocou a cimeira, disse no sábado na Abertura da Cimeira da Acção Climática para a Juventude, associada à reunião de líderes políticos de ontem, que existe um “conflito sério entre pessoas e natureza” e acrescentou que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento, ligado às alterações climáticas, que garanta justiça e igualdade entre as pessoas, mas também uma relação boa entre a população e o planeta.

De acordo com António Guterres a Cimeira de Acção Climática, convocada para aproveitar a presença dos líderes que vão participar na Assembleia-geral da ONU, que começa na terça-feira, não vai produzir todas as soluções, mas pretende ser um ponto de inflexão e dar uma nova dinâmica e “impulso aprimorado” ao combate às alterações climáticas para que seja alcançado o objectivo de reduzir as emissões globais de gases com efeito estufa em 45 por cento nos próximos dez anos e alcançar a neutralidade carbónica até 2050.

O secretário-geral da ONU sublinhou também que a Cimeira de Acção Climática pretende incluir a discussão de medidas mais drásticas para combater as alterações climáticas, como o fim de subsídios no uso de combustíveis fósseis e o aumento do preço a pagar pelas emissões de carbono.

Portugal está representado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes.

Gente de amanhã

A Cimeira da Acção Climática foi precedida no fim de semana pela Cimeira da Juventude, onde o debate foi conduzido por jovens activistas como a adolescente sueca Greta Thunberg, que lançou o movimento “Greve Mundial pelo Clima” para denunciar a inacção dos políticos em questões ambientais e para exigir medidas concretas e urgentes de redução de emissões de gases com efeito de estufa e de combate e mitigação das alterações climáticas.

No seu discurso no sábado, Guterres sublinhou que os conflitos políticos e geográficos acontecem há milhares de anos, mas a novidade é que as populações estão em conflito com o planeta e as consequências estão a atingir os mais vulneráveis.

Rússia adere ao acordo de Paris

A Rússia assinou ontem uma resolução governamental que consagra a adesão definitiva ao Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, assinado por 195 países. “O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, assinou uma resolução governamental sobre a adopção pela Rússia do Acordo de Paris sobre o clima”, anunciou o Governo na sua página oficial pouco antes da abertura da Cimeira da Acção Climática que decorre na sede das Nações Unidas em Nova Iorque. A nota acrescenta que o Acordo de Paris “não impõe uma obrigação à Rússia de o ratificar” e que “de acordo com a legislação russa o compromisso da Rússia é confirmado pela resolução que acabou de assinar”. “Este é o último passo que a Rússia dá para adoptar o Acordo de Paris”, comentou fonte governamental russa citada pela agência France Presse.

24 Set 2019

O rugido do leão (II)

[dropcap]O[/dropcap]s anos 70 foram marcados em Hong Kong pela canção “Under the Lion Rock”. Na década de 90, esse papel coube a uma outra canção, “In the Same Boat”, composta por Xu Guanjie. A canção apelava às pessoas para não sairem do território. Era preciso ficar e reunir esforços para reconstruir Hong Kong. A letra desta canção erguia bem alto o espírito de “Under the Lion Rock”. Aqui fica um excerto:

“Sigo convosco neste barco,
As vagas cruéis fustigam-no,
O vento sopra, o horizonte não se alcança,
Por todo o lado reina o caos.
Não sabemos o que nos espera.

Decidi seguir neste barco,
e com coragem evitar os danos,
Desafio-me e enfrento o perigo,
para que o navio nunca afunde.”

Nessa época, respirava-se em Hong Kong uma atmosfesra de pessimismo, toda a gente sentia que tinha um longo e árduo caminho a percorrer. A letra da canção representava metafóricamente “Hong Kong” como um barco. O vento e as vagas, as dificuldades que a cidade enfrentava na altura. Mas a canção encorajava as pessoas a enfrentar os problemas com bravura, para que o o navio/Hong Kong não se viesse a afundar.

E a seguir vinham palavras de esperança:

“O espelho quebrado vai voltar a reflectir-nos,
Tudo vai melhorar.
A luta será compensada ,
O navio nunca irá afundar.”

Desde que se mantenha acesa a luz da esperança, depois de ultrapassadas as maiores tormentas, o navio Hong Kong não afundará e há-de manter os seus passageiros confortáveis e em segurança.
As ideias que as canções “Under the Lion Rock” e “In the Same Boat” tentam passar são basicamente idênticas. Ambas encorajam os hongkongers a manter-se unidos, ter fé no futuro e a construirem Hong Kong em conjunto.

Em 2013, Hong Kong conheceu outro sucesso musical, “Love in the same boat”, que manteve a tradição das que a precederam. Apelava ao fim da discórdia e à manutenção da harmonia. A letra era mais ou menos assim:

“A vida reluz e fluta,
lá em baixo, junto ao porto,
O amor passeia nas ruelas da cidade antiga,
Depois das provações, o sofrimento foi esquecido
o que importa agora é estar aqui,
contigo ao meu lado”

Aqui o que ressalta é o sentimento de proximidade, o amor e o companheirismo. No entanto, nessa altura ainda havia muitos motivos de preocupação, porque Hong Kong tinha vários problemas. Por isso era preciso esquecer as mágoas para continuar a viver.

Estas canções épicas que marcaram várias décadas, exemplificavam de uma maneira ou de outra “o espírito of Lion Rock, Hong Kong”. Foram gradualmente mudando, com a mudança dos tempos. No entanto, preservaram o essencial. O sentimento de unidade, a luta contra o preconceito, o respeito mútuo, a solidariedade e a esperança, e a construção permanente de Hong Kong. Infelizmente, hoje em dia, o mesmo se poderá dizer daqueles que subiram a Lion Rock para se manifestarem? Poderão eles ignorar os preconceitos e respeitar os demais? E, sobretudo, estarão ainda esperançados e dispostos a continuar a construção de Hong Kong?

Estou em crer que ninguém pode ver na destruição de edifícios do Governo, nem na destruição de estações de metro, sinais da construção de Hong Kong. As pessoas acreditarão verdadeiramente que ao usarem cocktails molotov e lasers nas manifestações, estão a dar mostras de civismo e de respeito pelo próximo? “O espírito de Lion Rock, Hong Kong” busca a unidade e a tolerância. O que importa acima de tudo é não ser dogmático, aceitar as opiniões dos outros, tendo em vista o bem-estar geral. Ter esperança e trabalhar em conjunto, com os olhos postos no futuro. Fazer cordões humanos ao longo do monte Lion Rock, em protesto, e considerar essa acção uma manifestação do espírito de Lion Rock é um erro. Apenas mostra que estas pessoas não fazem ideia do verdadeiro significado do “espírito de Lion Rock”.

O que é realmente aterrador é pensar que as novas gerações nunca irão compreender o essencial do significado do “espírito de Lion Rock” e, por isso, não vão poder mantê-lo vivo. Desta forma , que futuro espera Hong Kong?

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
24 Set 2019

Micro-agressões

[dropcap]V[/dropcap]ivemos tempos de sensibilidades medíocres. Um mar de gente ofende-se com ninharias, enquanto fecha os olhos a monstruosidades. Incendeiam-se redes sociais por uma cantina banir carne de vaca da ementa, enquanto na Europa crescem, em silêncio, forças que são a antítese do humanismo, que se refastelam em regozijo sádico com corpos a boiar no mediterrâneo.

Revitalizam-se velhas paixões pelo fascismo, pela opressão, pelas fronteiras fechadas e pelo belicismo, mas a revolta vai para o Justin Trudeau ter pintado a cara de preto em sucessivos carnavais. Não interessa mesmo se é racista, ou os valores que o guiam, mas o “racismo” sub-reptício, inadvertido e sem consequências de uma banalidade sem importância.

Não interessa que o seu Governo tenha sido o mais diverso racialmente na história do Canadá. Muito menos interessam políticas verdadeiramente segregacionistas a sul. Vivemos a Era da micro-agressão, quando até um neonazi se sente ofendido por ser tratado como tal. Não, o menino é Alt-Right, as tatuagens da suástica e cara do Himmler foram uma brincadeira e ele só quer proteger a sua pele branca do holocausto pessoal com que fantasia, enquanto nega outros holocaustos bem documentados.

Vivemos tempos de pequenas causas, banir as palhinhas de plástico é meramente simbólico, depois de décadas de passividade em pedir responsabilidades a governantes e de preguiça na mudança de hábitos. É como dar uma aspirina a um doente com um cancro terminal. Todas as acções parecem microscópicas, enquanto gigantescos problemas se avolumam à frente dos nossos olhos. Havia pano para as mangas desta coluna que já vai longa.

24 Set 2019

Charles Leong garante presença de Macau na F3 do GP

[dropcap]P[/dropcap]ara o jovem Charles Leong Hon Chio não poderia ter existido uma melhor prenda do seu 18º aniversário que a confirmação da sua participação na edição deste ano do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3.

O piloto de Macau chegou a acordo com a Jenzer Motorsport para participar na prova do mês de Novembro e como preparação irá alinhar na última corrida da temporada do Campeonato FIA de Fórmula 3, no fim-de-semana de 28 e 29 de Setembro, em Sochi, na Rússia.

“O meu aniversário foi na semana passada quando assinámos o contrato. Estou animado por ir conduzir este novo carro e voltar a competir no Grande Prémio outra vez”, afirmou o piloto da RAEM que esteve praticamente todo o ano afastado das pistas, tendo apenas participado em duas provas das Asian Winter Series de Fórmula 3.

Andreas Jenzer, o chefe de equipa da formação suíça, está confiante nas capacidades do seu novo recruta: “Com a sua experiência está bem qualificado a subir à F3 da FIA e competir outra vez no Grande Prémio de Macau este ano. Estamos entusiasmados em cumprir este programa com o Charles.”

A Jenzer Motorsport é uma das dez equipas europeias que trará três carros à prova que também é oficialmente Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 desde 2016.

Metas definidas

Como o Campeonato FIA de Fórmula 3 não permite testes privados a meio da temporada, Leong irá realizar a prova de Sochi, num circuito que desconhece, sem se ter sentado neste novo e mais potente carro previamente. Isso não preocupa para já o ex-campeão asiático de Fórmula Renault e ex-campeão chinês de F4 que já traçou claramente os seus objectivos para a prova russa.

“Como só irei ter o meu primeiro contacto com o carro no único treino livre na Rússia, não tenho qualquer tipo de pressão. No fim-de-semana vou tentar aprender o mais possível para preparar Macau”, disse Leong ao HM. “Ficar entre os quinze primeiros numa das corridas já seria um resultado fantástico.”

Depois de Sochi e antes da prova do Circuito da Guia, Leong irá ter a oportunidade de somar mais quilómetros ao volante do novo F3 construído pela Dallara num teste a realizar em Valência. Leong estreou-se no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 o ano passado, mas, após arrancar do 18º lugar, acabou por desistir ainda nos primeiros metros da corrida num acidente para a travagem para a Curva Lisboa.

24 Set 2019

Embaixada Jesuíta de 1555

[dropcap]N[/dropcap]as viagens ao Japão, os portugueses tinham Lampacau como apoio na China, sua verdadeira sede entre 1553 e 1558, segundo Beatriz Basto da Silva. Feito o ‘Assentamento’ em 1554, foram eles autorizados a negociar nas águas do Guangdong, em Lampacao e Macau, e legalmente irem comerciar a Cantão. “Realizava-se com este acordo um dos principais pontos de que dependia a viagem ao Japão, para além de se assegurar o comércio pacífico com aquele imenso mercado que era a China; a possibilidade de, na época própria, poder haver, legalmente um porto na costa da China, embora ainda em regime provisório e menos estável do que as feitorias que teriam tido em Fu kien e no Che-kiang”, segundo Gonçalo Mesquitela, que refere, “A repercussão deste acordo foi imediata entre os portugueses, tal a importância que teve entre os mercadores e missionários de Goa e de Malaca, que finalmente obtiveram as condições para prosseguir o sonho em que morrera S. Francisco Xavier: a abertura da China à evangelização.”

A nova da vitória diplomática de Leonel de Sousa logo foi levada a Malaca, onde se encontravam os padres Belchior Nunes Barreto S.J. e o dominicano Fr. Gaspar da Cruz, que animados planearam ir a Cantão tentar resgatar os portugueses feitos prisioneiros na China ao longo do estado de conflito existente desde 1521. Cada vez que uma nau se perdia ou era tomada pelos chineses, os tripulantes eram mortos ou aprisionados; mas tudo isso mudara porque os portugueses passaram a ser reconhecidos e a pagar direitos.

Assim, em 1555 ocorreu a segunda “tentativa de penetração do Evangelho no Celeste Império, ao nível embaixatorial e por meios dos ‘filhos’ de Inácio de Loyola”, segundo Videira Pires, que refere, “Belchior Nunes Barreto, vice-provincial dos Jesuítas no Oriente, com o padre Gaspar Vilela, quatro outros irmãos (Fernão Mendes Pinto, Belchior Dias, António Dias e Estêvão de Góis) e quatro meninos catequistas, viajando para o Japão, chegaram a Sanchoão e aí celebraram Missa” a 20 de Julho. Seguiram para Lampacau de onde o padre Belchior Barreto se dirigiu por duas vezes a Cantão, no período de Agosto a Novembro de 1555. Beatriz Basto da Silva data de 20 de Novembro de 1555 a chegada a Cantão e refere ter sido o primeiro jesuíta a entrar na China Continental. E continuando com Videira Pires, o padre Barreto “em cada visita demorou-se um mês para negociar a libertação de alguns dos 60 cativos portugueses na China.

Só para Mateus Brito, ali preso há seis anos e mais dois portugueses, assim como três outros cristãos, o resgate era de mil taéis, por cabeça”. Mas o melhor produto para trocar pelos cativos portugueses era o âmbar cinzento, pois o Imperador Jiajing (1522-1566) há seis anos o procurava ansiosamente, por dar longa vida, noticia Fr. Gaspar da Cruz. No entanto, só depois da terceira visita do padre Barreto a Cantão e após a partida da missionária embaixada jesuíta a 7 de Junho de 1556 rumo ao Japão, foram estes seis presos libertados, passada a Quaresma de 1556 e antes de 1558.

O padre Barreto regressou a Goa em 1557, tendo exercido desde Agosto de 1555 a Junho de 1556 o apostolado entre os cerca de 300 portugueses que se encontravam então em Macau, assim como em Lampacau. Refere Victor F. S. Sit, “Fontes históricas indicam, também, que, até aos anos de 1555-1560, um certo número de comerciantes portugueses continuavam a viver em Lampacau, em cabanas precárias e a guardar mercadorias em armazéns provisórios durante o Inverno. Nesse local, havia entre 400 a 600 portugueses, cinco sacerdotes e uma igreja.”

Razões para Macau

Segundo Jin Guo Ping e Wu Zhiliang, em Revisitar os Primórdios de Macau, houve dois superiores motivos que levaram ao assentamento dos portugueses em Macau. O primeiro, o reconhecimento por parte das autoridades chinesas da superioridade bélica portuguesa e o aproveitar as esquadras bem equipadas destes para guardar dos piratas japoneses a sua costa, em vez de reconstruir de novo uma armada, extinta após as viagens de Zheng He, o que ficaria extremamente caro e não havia dinheiro para tal. O segundo motivo foi a falta do âmbar cinzento trazido pelas antigas embaixadas tributárias dos países vizinhos, mas que agora escasseava. Os portugueses conseguiam esse produto e de uma qualidade muito superior ao arranjado por vezes pelos mandarins. Assim, “a partir de 1555 as repetidas ordens de procura do âmbar cinzento dadas por Pequim” levaram a que as autoridades de Guangdong já deixassem “os portugueses estar à vontade em terra e os palhais que estes construíam passaram a casas.”

A permanência dos portugueses em Macau, refere Wu Zhiliang, talvez “esteja directamente ligada aos motivos de sustentar com o comércio as despesas militares e de servir Macau como uma barreira natural para a defesa dos mares, [mas] a razão essencial [para além de trazerem âmbar cinzento e outras estranhas mercadorias] foi a indisponibilidade das autoridades imperiais centrais da Dinastia Ming (1368-1644) no tratamento dos assuntos comerciais das costas do sudeste da China. Tal se devia à grave crise social verificada nos finais desta Dinastia e as guerras nas fronteiras do Império – a Revolta de Lótus Branco em Shandong, a invasão dos mongóis no Noroeste da China, a Guerra entre a China e Birmânia e os conflitos entre a China e Espanha nas Filipinas.”

Em 1557, no regresso da viagem ao Japão, o Capitão-mor foi informado terem as autoridades chinesas dado permissão para construir casas de carácter permanente contando-se a partir desse ano o estabelecimento efectivo dos portugueses em Macau. Também nesse ano o governo Ming criou, subordinado ao Subcomissário para a Defesa Marítima, três cargos para os assuntos de Macau: “Eram respectivamente o Superintendente de Macau (Ti-diao), com responsabilidades na administração, justiça e relações externas de Macau, o comissário para o combate à Pirataria (Bei-wo), encarregue também das patrulhas marítimas, e o Inspector de Segurança Pública (Xun-ji)”, segundo Victor F. S. Sit, que refere, “acreditados em Macau para desempenhar as respectivas funções, foram as instalações oficiais chinesas montadas a sul de Patane.”

Substituindo Francisco Martins, que em Junho de 1557 seguiu viagem para o Japão, Leonel de Sousa tornou-se Capitão-Geral de Macau e sobre si escreveu: . Daí o elogio a Simão de Almeida e a recomendação que fez para mercês reais, “porque não é de Sua Alteza por exemplo dos que se acharem em partes tão remotas, que folgue de servir Sua Alteza com pessoas e fazendas como ele fez. Tiveram comigo alguns pontos d’ honra.”

24 Set 2019

A vida ao longe

[dropcap]A[/dropcap] vida tem muitas variantes e no Brasil multiplicam-se mais ainda do que em Portugal. Marquinhos vivia numa chácara no meio do mato a mais de quatrocentos quilómetros a oeste de Porto Alegre, com a mulher e duas filhas. Andava mais de meia hora a cavalo para ir até outra chácara, para concertar ou negociar alguma coisa. Vivia de pequenos concertos que fazia em toda a região, para além de cuidar da criação e das hortas, junto com a mulher. Tinham patos, galinhas e inúmeros vegetais. Não criavam animais de maior porte, por ser mais difícil de manter. “Criar porcos é pra gente grande!”, dizia. O cavalo era o animal mais imponente da casa. Tinha três cachorros – antes foram cinco – que vigiavam a casa e o galinheiro, pois além dos gatos bravos também abundavam as aves de rapina. O maior problema, porém, eram as cobras venenosas, que atacavam os animais, tendo já matado dois cachorros que Marquinhos muito estimava. As filhas, uma de 13 anos e outra de 9, andavam mais de meia hora para apanhar um pequeno ônibus que as levava à escola. Quando era preciso fazer compras, Marquinhos atrelava uma pequena carroça ao cavalo e lá ia uma meia hora até ao pequeno mercado, junto a uma povoação com meia dúzia de pessoas e posto dos correios. Embora longe, a uns cinquenta quilómetros, as cidades mais perto eram Rosário do Sul e São Gabriel.

Marquinhos tinha 31 anos, sempre viveu por estas bandas e cresceu como um verdadeiro gaúcho, a cavalo, na pampa, como se diz no interior. Quando criança e jovem adolescente, chegava a ir com o pai em viagem até à Argentina e foi lá que, numa dessas viagens, conheceu Rosário, rapariga um ano mais nova, que se tornou sua mulher, regressando com ele para o interior do Rio Grande do Sul. A chácara aonde vivem é arrendada, não lhes pertence.

Marquinhos não teme ser despejado, mas se um dia tiverem de sair dali, não haverá falta de chácaras para arrendar, “o mundo é muito grande, e a pampa mais ainda”, dizia. “As pessoas não imaginam o que se consegue fazer com o céu azul por cima e um cavalo”.

Invariavelmente começava o dia, bem cedo, partilhando um chimarrão com a mulher, qualquer que fosse a estação do ano. O sabor líquido da erva quente e acre ajudava a reflexão. Por vezes, ficavam somente em silêncio olhando uma para o outro, como se tentassem descortinar quem eram, ou as diferenças em relação ao que foram, outras ficavam em sintonia com a paisagem lá fora, mas de modo geral falavam sobre a vida, sobre as filhas e o que tinham para fazer, partilhando a cuia. Marquinhos falava quase sempre como se fosse velho: “A casa não tem internet nem computador. Essas coisas modernas não nos fazem aqui falta. O que me fazia falta era um burro, para não desgastar o cavalo com a carroça.” Fez apenas a escola básica, mas gostava que as filhas pudessem ir mais longe. “Esta vida ao longe da cidade não é para gente nova.” Tinham um pequeno televisor que transmitia meia dúzia de canais e Marquinhos via que as filhas se entusiasmavam com a vida da cidade grande. “Aqui a vida não tem futuro, é tudo muito atrasado… eu gosto desta vida, e também não conheci outra, mas as meninas assistem a outras vidas pelo televisor e sentem vontade de fazer parte desse mundo.”

Nos seu dia-a-dia pouco havia para não fazer. Descansava ao domingo, sim, mas havia sempre o que fazer. Para Marquinhos viver era fazer alguma coisa. Não conseguia sequer imaginar uma vida parada, sentada a ler, a assistir televisão, a botar conversa fora. Consertava algo na casa, nas cercas, carregava algo de um lugar para outro, ia às compras, cortava lenha, plantava as sementes na terra, levava comida aos animais, ou então estava com a mulher e com as filhas. O tempo que ele considerava para ele, precioso, o seu tempo só, era quando saia a cavalo. Como dizia muitas vezes, com o céu azul por cima e um cavalo, ao longe, como gostava de dizer que era a sua vida.

24 Set 2019

A chave dos sonhos

[dropcap]J[/dropcap]ulietta, ou La clé des songes (Julietta, ou A chave dos sonhos) é uma ópera em três actos com música e libreto original em francês do compositor checo avant-garde Bohuslav Martinů, baseada na obra com o mesmo nome do poeta surrealista francês Georges Neveux. A ópera, de meados dos anos 30 do século XX, foi um dos primeiros grandes sucessos do compositor, a par de outras obras como as Inventions pour piano et orchestre, encomenda do Festival de Veneza (1934), e Kytice (Le bouquet de fleurs, 1938). Martinů tomou conhecimento da peça de Neveux em 1932, dois anos após a sua estreia no Théâtre de l’Avenue em Paris, mas através de uma revista literária, e nunca chegou a assistir à peça, decidindo adaptá-la a uma ópera. Ao que parece, Neveux tinha chegado a um acordo com Kurt Weill para basear uma comédia musical nesta peça mas, ao ouvir alguma da música de Martinů, optou pelo checo. Quando a estreia ocorreu, alguns meses antes da última visita do compositor à sua terra natal, Martinů já tinha escrito oito óperas numa variedade de estilos.

Um libreto em checo foi mais tarde preparado pelo autor para a estreia na Checoslováquia, no Teatro Nacional de Praga no dia 16 de Março de 1938, sob a direcção de Václav Talich, com a presença de Neveux. O compositor esteve presente na estreia na Alemanha em Wiesbaden, em Janeiro de 1956. A estreia em França teve lugar no Grand Théâtre em Angers, em 1970, após uma emissão na rádio realizada em 1962, dirigida pelo maestro Charles Bruck. A estreia no Reino Unido realizou-se em Abril de 1978 em Londres pela New Opera Company, dirigida por Charles Mckerras, numa tradução em inglês. A ópera foi reposta pela English National Opera na temporada seguinte, seguida por uma produção na Guildhall School of Music and Drama em 1987, dirigida por Howard Williams. Seguiu-se uma apresentação no Festival de Edimburgo por uma companhia eslovaca e a próxima produção no Reino Unido foi pela Opera North em 1997.

Uma produção de Richard Jones em Paris em 2002 foi reposta pela English National Opera em Setembro/Outubro de 2012, com grande êxito. Uma nova produção pela Bielefeld Opera na Alemanha, dirigida por Geoffrey Moull, teve oito representações em 1992. O Teatro de Bremen realizou uma nova produção em 2014, sob a direcção de John Fulljames. Andreas Homoki e Fabio Luisi montaram uma nova produção na Opernhaus Zürich em 2015, e a Berlin Staatsoper estreou uma nova produção no dia 28 de Maio de 2016, sob a direcção de Daniel Barenboim, com encenação de Claus Guth, com Magdalena Kožená no papel de Juliette e Rolando Villazón no papel de Michel.

Posteriormente, a ópera foi executada de forma intermitente no Teatro Nacional de Praga; novas produções foram montadas em 1963 e 1989, e uma produção da Opera North foi vista três vezes em 2000; em Março de 2016, foi estreada uma nova produção, a qual foi reposta no dia 16 de Março de 2018, no 80º aniversário da sua estreia.

O musicólogo James Helmes Sutcliffe acentuou na Opera News a “bela partitura de Martinů” e a sua “música atmosférica, lírica”. A obra é amplamente considerada a obra-prima de Martinů. O arranjo de Martinů do seu libreto é primariamente lírico, embora não haja árias a solo prolongadas. O “diatonismo estendido” das obras maduras do compositor surge ao lado de “ritmos motores encontrados no seu Duplo Concerto de 1938, especialmente onde a trama se move rapidamente para a frente”.

O musicólogo Jan Smaczny observa que a capacidade do compositor de caracterizar, aperfeiçoada como observador da vida de uma cidade pequena, enquanto criança a viver na torre do relógio de Polička, resulta numa sequência de “quadros pintados com nitidez”, como um “carnaval de caricaturas”, tanto cómico quanto comovente. Para os cantores, há o factor de que secções significativas da peça são constituídos por diálogo e não por canto, embora a experiência de Martinů numa variedade de obras teatrais antes desta, a sua nona ópera, lhe permita tecer as palavras faladas como parte integrante do impacto da ópera, “distanciando o público da qualidade muitas vezes onírica do tecido musical”. Um fragmento de melodia num acordeão fora do palco, e um fragmento melódico que simboliza a saudade, são introduzidos em momentos-chave da partitura. Smaczny comenta que “a sugestão é tudo nesta partitura, e Martinů é surpreendentemente bem-sucedido em estimular a imaginação, muitas vezes com uma economia de meios de tirar o fôlego”. A ópera era uma das obras favoritas do compositor, e este incorporou alguns compassos da obra na sua última sinfonia composta em 1953.

Há dois papéis principais: Julietta (soprano) e Michel (tenor). A premissa de Julietta é que Michel, um vendedor de livros parisiense que chega a uma cidade costeira e é assombrado pela memória de Julietta, uma rapariga que conheceu numas férias à beira-mar três anos antes, cuja voz ouviu uma vez. Enquanto ele a procura nos seus sonhos, encontra uma sucessão de personagens da cidade que se comportam de maneiras cada vez mais bizarras, principalmente motivadas pelo fato de que não se lembram do passado e só podem existir no momento presente. Michel é eleito presidente da câmara da cidade, e mata Julietta; para apaziguar a multidão, conta-lhes uma história, apenas para ser atacado novamente, não por causa do assassinato, mas porque a história não era muito boa.

Sugestão de audição da obra:
Bohuslav Martinů: Julietta ou La clé des songes
Magdalena Kožená (Julietta), Steve Davislim (Michel), Frédéric Goncalves, Michéle Lagrange e Nicolas Testé, Czech Philharmonic Orchestra, Sir Charles Mackerras – Supraphon, 2009
24 Set 2019

Direitos Humanos | Activista morre sob custódia da polícia

[dropcap]O[/dropcap] activista chinês Wang Meiyu, preso após ter apelado publicamente à demissão do Presidente chinês e à realização de eleições livres, morreu sob custódia da polícia, denunciou ontem o irmão, citado pela agência EFE.

Wang Meilin revelou que o irmão foi hospitalizado no domingo e que a família foi ontem notificada pelas autoridades da sua morte. Wang Meiyu estava detido desde o início de Julho na prisão de Hengyang, na sua cidade natal, no centro da China.

A família não sabe exactamente quando Wang morreu ou a causa da morte, embora o seu irmão tenha dito que está “relacionada com o governo local”.

Durante o Verão e Outono de 2018, Wang Meiyu protestou sozinho nas cidades de Hengyang e Changsha, no centro do país, com uma faixa onde se lia: “Forte apelo à renúncia imediata de Xi Jinping (Presidente da China] e Li Keqiang [o primeiro-ministro chinês] e realização de eleições nacionais”.

Após os protestos, agentes das forças de segurança chinesas ameaçaram-no por várias vezes, até que acabou por ser preso, em 8 de Julho. Wang era casado e tinha um filho e uma filha.

A lei chinesa permite que qualquer suspeito seja detido por um período de até seis meses, antes que seja apresentada uma queixa formal. Sob a presidência de Xi Jinping, que ascendeu ao poder em 2013, uma campanha contra dissidentes resultou já na detenção de 250 advogados ou activistas dos direitos humanos. Dezenas foram condenados a pesadas penas de prisão por “subversão do poder do Estado”.

24 Set 2019

Direitos Humanos | Activista morre sob custódia da polícia

[dropcap]O[/dropcap] activista chinês Wang Meiyu, preso após ter apelado publicamente à demissão do Presidente chinês e à realização de eleições livres, morreu sob custódia da polícia, denunciou ontem o irmão, citado pela agência EFE.
Wang Meilin revelou que o irmão foi hospitalizado no domingo e que a família foi ontem notificada pelas autoridades da sua morte. Wang Meiyu estava detido desde o início de Julho na prisão de Hengyang, na sua cidade natal, no centro da China.
A família não sabe exactamente quando Wang morreu ou a causa da morte, embora o seu irmão tenha dito que está “relacionada com o governo local”.
Durante o Verão e Outono de 2018, Wang Meiyu protestou sozinho nas cidades de Hengyang e Changsha, no centro do país, com uma faixa onde se lia: “Forte apelo à renúncia imediata de Xi Jinping (Presidente da China] e Li Keqiang [o primeiro-ministro chinês] e realização de eleições nacionais”.
Após os protestos, agentes das forças de segurança chinesas ameaçaram-no por várias vezes, até que acabou por ser preso, em 8 de Julho. Wang era casado e tinha um filho e uma filha.
A lei chinesa permite que qualquer suspeito seja detido por um período de até seis meses, antes que seja apresentada uma queixa formal. Sob a presidência de Xi Jinping, que ascendeu ao poder em 2013, uma campanha contra dissidentes resultou já na detenção de 250 advogados ou activistas dos direitos humanos. Dezenas foram condenados a pesadas penas de prisão por “subversão do poder do Estado”.

24 Set 2019

Pequim | Talibãs reúnem-se com autoridades chinesas

Em vésperas de eleições presidenciais, uma delegação dos talibãs, que condenam e ameaçam o acto eleitoral, encontrou-se com autoridades chinesas em Pequim, numa tentativa de encontrar pontes para acabar com a guerra que dura no país há 18 anos

 

[dropcap]E[/dropcap]nviados dos talibãs, que controlam partes do Afeganistão, reuniram-se com as autoridades chinesas em Pequim para discutir os esforços para encerrar uma guerra que dura há 18 anos, anunciou ontem Pequim.

O ministério chinês dos Negócios Estrangeiros revelou que a delegação, liderada por Mullah Abdul Ghani Baradar, co-fundador dos talibãs e chefe do escritório político do grupo islamita no Qatar, esteve na capital chinesa.

O porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, disse que Baradar e funcionários do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros trocaram opiniões sobre o “processo de avanço para a paz no Afeganistão”, sem revelar mais detalhes.

Geng apelou aos Estados Unidos e aos talibãs para que “mantenham o ímpeto” das negociações de paz e considerou que a China está pronta para desempenhar um papel construtivo.

As negociações entre os Estados Unidos e os talibãs sobre um acordo de paz colapsaram recentemente. Pequim apoia as negociações para “alcançar a reconciliação nacional, a paz e a estabilidade em breve”, disse Geng.

“A China continuará a desempenhar um papel construtivo nesse sentido”, apontou.
O Afeganistão realiza no sábado uma eleição presidencial, apesar da oposição veemente dos talibãs.

O grupo insurgente islamita alertou os afegãos para não votarem nas eleições e afirmou que os seus combatentes terão como alvo acções de campanha eleitoral e assembleias de voto.

24 Set 2019

Pequim | Talibãs reúnem-se com autoridades chinesas

Em vésperas de eleições presidenciais, uma delegação dos talibãs, que condenam e ameaçam o acto eleitoral, encontrou-se com autoridades chinesas em Pequim, numa tentativa de encontrar pontes para acabar com a guerra que dura no país há 18 anos

 
[dropcap]E[/dropcap]nviados dos talibãs, que controlam partes do Afeganistão, reuniram-se com as autoridades chinesas em Pequim para discutir os esforços para encerrar uma guerra que dura há 18 anos, anunciou ontem Pequim.
O ministério chinês dos Negócios Estrangeiros revelou que a delegação, liderada por Mullah Abdul Ghani Baradar, co-fundador dos talibãs e chefe do escritório político do grupo islamita no Qatar, esteve na capital chinesa.
O porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, disse que Baradar e funcionários do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros trocaram opiniões sobre o “processo de avanço para a paz no Afeganistão”, sem revelar mais detalhes.
Geng apelou aos Estados Unidos e aos talibãs para que “mantenham o ímpeto” das negociações de paz e considerou que a China está pronta para desempenhar um papel construtivo.
As negociações entre os Estados Unidos e os talibãs sobre um acordo de paz colapsaram recentemente. Pequim apoia as negociações para “alcançar a reconciliação nacional, a paz e a estabilidade em breve”, disse Geng.
“A China continuará a desempenhar um papel construtivo nesse sentido”, apontou.
O Afeganistão realiza no sábado uma eleição presidencial, apesar da oposição veemente dos talibãs.
O grupo insurgente islamita alertou os afegãos para não votarem nas eleições e afirmou que os seus combatentes terão como alvo acções de campanha eleitoral e assembleias de voto.

24 Set 2019

Televisão | Emmys distinguem “A Guerra dos Tronos” como Melhor Série Dramática

“A Guerra dos Tronos” ganhou o prémio de Melhor Série Dramática, mas acabou por perder outras estatuetas para as quais estava nomeada este ano. Os prémios de televisão distinguiram ainda as séries “Chernobyl” e “Fleabag”. Billy Porter fez história ao tornar-se no primeiro actor gay afro-americano a ganhar a estatueta de melhor actor

 

[dropcap]A[/dropcap] 71.ª cerimónia dos prémios Emmy coroou na madrugada passada “A Guerra dos Tronos” como Melhor Série Dramática do ano, fechando em 59 a soma das estatuetas entregues pela Academia de Televisão durante as oito temporadas da saga.

“Fleabag” recebeu o Emmy de Melhor Série de Comédia e “Chernobyl” conquistou o prémio de Melhor Minissérie, sendo que ambas levaram várias outras estatuetas nas respectivas categorias, emergindo como grandes vencedoras da noite. Durante as três horas da cerimónia, que este ano não teve apresentador, ficou claro que “A Guerra dos Tronos” não teria a noite de apoteose que se poderia prever por ser a última temporada.

Quando o actor Michael Douglas anunciou a distinção de Melhor Série Dramática, a quarta vez que este Emmy foi entregue aos criadores do título da HBO, foi desfeita a dúvida que pairou no ar do Microsoft Theater, em Los Angeles, durante toda a noite: apesar de ter batido o recorde de mais prémios para uma série, “A Guerra dos Tronos” perdeu quase todas as estatuetas para que estava nomeada em 2019.

A série recebeu apenas dois prémios Emmy, com Peter Dinklage (“Tyrion Lannister”) a ser o único actor a vencer na categoria de representação para que estava nomeado, Melhor Actor Secundário numa Série Dramática.

Entre Emmys de representação, realização e argumento, a série criada por David Benioff e D.B. Weiss perdeu para “Killing Eve”, “Pose”, “Ozark” e “Succession”, respectivamente, depois de uma temporada final que suscitou reacções mistas por parte da crítica e dos espectadores.

Ainda assim, “A Guerra dos Tronos” bateu a competição na categoria mais cobiçada, onde concorria com “Better Call Saul”, “Bodyguard”, “Killing Eve”, “Ozark”, “Pose”, “Succession” e “This Is Us”.

A somar aos 10 prémios entregues na semana passada durante os Creative Arts Emmy, a oitava e última temporada da série recebeu um total de 12 estatuetas, tendo sido a mais premiada da 71.ª edição dos prémios.

No discurso de vitória, David Benioff agradeceu a George R.R. Martin por ter criado este universo e ter apostado em dois produtores que nunca tinham feito isto antes.

“É incrível que vocês ainda estejam todos vivos”, disse D.B. Weiss, depois de elogiar o esforço da equipa de produção e dos actores, que filmaram a última temporada em condições muito difíceis, com 70 dias consecutivos em temperaturas extremamente baixas em Belfast, Irlanda.

“Os últimos dez anos foram os melhores da nossa vida, e para todos os que trabalharam nisto, não consigo acreditar que terminámos, não consigo acreditar que o fizemos”, disse Benioff.

Outras recompensas

Na maior noite da televisão em Hollywood, a série “Fleabag”, criada e protagonizada por Phoebe Waller-Bridge, foi uma das grandes surpresas pela consistência das distinções: quatro Emmy nas categorias de comédia.

O título da Amazon Prime Video levou para casa a estatueta de Melhor Série de Comédia, ultrapassando “Barry”, “The Good Place”, “The Marvelous Mrs. Maisel”, “Russian Doll”, “Schitt’s Creek” e “Veep”.

Phoebe Waller-Bridge também venceu o Emmy para Melhor Actriz numa Série de Comédia e Melhor Escrita para uma Série de Comédia, com Harry Bradbeer a levar a estatueta de Melhor Realização numa Série de Comédia por “Fleabag”.

Nas categorias de Minissérie ou Filme para Televisão, foi “Chernobyl”, da HBO, que levou os prémios mais cobiçados, vencendo Melhor Escrita para Minissérie ou Filme e Melhor Realização em Minissérie ou Filme, além de Melhor Minissérie. A seguir a “A Guerra dos Tronos”, foi segunda série mais premiada nas duas noites de entregas de Emmy, com um total de 10 estatuetas,

Seguiu-se “The Marvelous Mrs. Maisel”, com oito, “Free Solo”, com sete, e “Fleabag”, com seis. Os Emmy, devido ao número elevado de categorias, são habitualmente entregues em duas cerimónias, com a segunda a ser transmitida ao vivo a partir de Los Angeles.

“Last Week Tonight With John Oliver” levou o Emmy de Melhor Série de Variedades – ‘talk show’ e “Saturday Night Live” recebeu o prémio de Melhor Série de Variedades – ‘sketch’. “Bandersnatch (Black Mirror) foi o Melhor Filme para Televisão.

História feita

A cerimónia dos Emmys ficou ainda marcada pela entrega do prémio de Melhor Actor em Série Dramática a Billy Porter, que se tornou no primeiro gay afro-americano a receber o Emmy.

Na mesma categoria feminina, não houve a vitória histórica que se esperava: se Sandra Oh tivesse vencido, seria a primeira actriz de ascendência asiática a levar para casa a estatueta de Melhor Actriz em série dramática. No entanto, foi Porter quem fez história, ao ser distinguido pelo papel de Pray Tell que interpreta na série do canal FX “Pose”, cuja acção mostra a subcultura da comunidade LGBTQ na Nova Iorque do final dos anos oitenta.

“Tantas pessoas me ajudaram a chegar aqui ao longo do caminho”, notou Billy Porter no discurso de vitória, depois de afirmar que “todos têm o direito” de andar no mundo e sentir que pertencem.

“Nós, como artistas, somos aqueles que mudam a estrutura molecular dos corações e mentes das pessoas que caminham nesta Terra”, afirmou, terminando com um pedido que foi reiterado por outras personalidades ao longo da cerimónia: “por favor, não parem de dizer a verdade”.

Para levar a estatueta para casa, Porter teve de bater concorrentes de peso, incluindo Kit Harington, da favorita “A Guerra dos Tronos”, Jason Bateman, de “Ozark”, Sterling K. Brown, de “This Is Us”, Bob Odenkirk, de “Better Call Saul”, e Milo Ventimiglia, de “This is Us”.

Na categoria de Melhor Actriz em série dramática, Sandra Oh perdeu para a sua co-protagonista em “Killing Eve”, Jodie Corner, que interpreta Villanelle na série da BBC America.

24 Set 2019

Televisão | Emmys distinguem “A Guerra dos Tronos” como Melhor Série Dramática

“A Guerra dos Tronos” ganhou o prémio de Melhor Série Dramática, mas acabou por perder outras estatuetas para as quais estava nomeada este ano. Os prémios de televisão distinguiram ainda as séries “Chernobyl” e “Fleabag”. Billy Porter fez história ao tornar-se no primeiro actor gay afro-americano a ganhar a estatueta de melhor actor

 
[dropcap]A[/dropcap] 71.ª cerimónia dos prémios Emmy coroou na madrugada passada “A Guerra dos Tronos” como Melhor Série Dramática do ano, fechando em 59 a soma das estatuetas entregues pela Academia de Televisão durante as oito temporadas da saga.
“Fleabag” recebeu o Emmy de Melhor Série de Comédia e “Chernobyl” conquistou o prémio de Melhor Minissérie, sendo que ambas levaram várias outras estatuetas nas respectivas categorias, emergindo como grandes vencedoras da noite. Durante as três horas da cerimónia, que este ano não teve apresentador, ficou claro que “A Guerra dos Tronos” não teria a noite de apoteose que se poderia prever por ser a última temporada.
Quando o actor Michael Douglas anunciou a distinção de Melhor Série Dramática, a quarta vez que este Emmy foi entregue aos criadores do título da HBO, foi desfeita a dúvida que pairou no ar do Microsoft Theater, em Los Angeles, durante toda a noite: apesar de ter batido o recorde de mais prémios para uma série, “A Guerra dos Tronos” perdeu quase todas as estatuetas para que estava nomeada em 2019.
A série recebeu apenas dois prémios Emmy, com Peter Dinklage (“Tyrion Lannister”) a ser o único actor a vencer na categoria de representação para que estava nomeado, Melhor Actor Secundário numa Série Dramática.
Entre Emmys de representação, realização e argumento, a série criada por David Benioff e D.B. Weiss perdeu para “Killing Eve”, “Pose”, “Ozark” e “Succession”, respectivamente, depois de uma temporada final que suscitou reacções mistas por parte da crítica e dos espectadores.
Ainda assim, “A Guerra dos Tronos” bateu a competição na categoria mais cobiçada, onde concorria com “Better Call Saul”, “Bodyguard”, “Killing Eve”, “Ozark”, “Pose”, “Succession” e “This Is Us”.
A somar aos 10 prémios entregues na semana passada durante os Creative Arts Emmy, a oitava e última temporada da série recebeu um total de 12 estatuetas, tendo sido a mais premiada da 71.ª edição dos prémios.
No discurso de vitória, David Benioff agradeceu a George R.R. Martin por ter criado este universo e ter apostado em dois produtores que nunca tinham feito isto antes.
“É incrível que vocês ainda estejam todos vivos”, disse D.B. Weiss, depois de elogiar o esforço da equipa de produção e dos actores, que filmaram a última temporada em condições muito difíceis, com 70 dias consecutivos em temperaturas extremamente baixas em Belfast, Irlanda.
“Os últimos dez anos foram os melhores da nossa vida, e para todos os que trabalharam nisto, não consigo acreditar que terminámos, não consigo acreditar que o fizemos”, disse Benioff.

Outras recompensas

Na maior noite da televisão em Hollywood, a série “Fleabag”, criada e protagonizada por Phoebe Waller-Bridge, foi uma das grandes surpresas pela consistência das distinções: quatro Emmy nas categorias de comédia.
O título da Amazon Prime Video levou para casa a estatueta de Melhor Série de Comédia, ultrapassando “Barry”, “The Good Place”, “The Marvelous Mrs. Maisel”, “Russian Doll”, “Schitt’s Creek” e “Veep”.
Phoebe Waller-Bridge também venceu o Emmy para Melhor Actriz numa Série de Comédia e Melhor Escrita para uma Série de Comédia, com Harry Bradbeer a levar a estatueta de Melhor Realização numa Série de Comédia por “Fleabag”.
Nas categorias de Minissérie ou Filme para Televisão, foi “Chernobyl”, da HBO, que levou os prémios mais cobiçados, vencendo Melhor Escrita para Minissérie ou Filme e Melhor Realização em Minissérie ou Filme, além de Melhor Minissérie. A seguir a “A Guerra dos Tronos”, foi segunda série mais premiada nas duas noites de entregas de Emmy, com um total de 10 estatuetas,
Seguiu-se “The Marvelous Mrs. Maisel”, com oito, “Free Solo”, com sete, e “Fleabag”, com seis. Os Emmy, devido ao número elevado de categorias, são habitualmente entregues em duas cerimónias, com a segunda a ser transmitida ao vivo a partir de Los Angeles.
“Last Week Tonight With John Oliver” levou o Emmy de Melhor Série de Variedades – ‘talk show’ e “Saturday Night Live” recebeu o prémio de Melhor Série de Variedades – ‘sketch’. “Bandersnatch (Black Mirror) foi o Melhor Filme para Televisão.

História feita

A cerimónia dos Emmys ficou ainda marcada pela entrega do prémio de Melhor Actor em Série Dramática a Billy Porter, que se tornou no primeiro gay afro-americano a receber o Emmy.
Na mesma categoria feminina, não houve a vitória histórica que se esperava: se Sandra Oh tivesse vencido, seria a primeira actriz de ascendência asiática a levar para casa a estatueta de Melhor Actriz em série dramática. No entanto, foi Porter quem fez história, ao ser distinguido pelo papel de Pray Tell que interpreta na série do canal FX “Pose”, cuja acção mostra a subcultura da comunidade LGBTQ na Nova Iorque do final dos anos oitenta.
“Tantas pessoas me ajudaram a chegar aqui ao longo do caminho”, notou Billy Porter no discurso de vitória, depois de afirmar que “todos têm o direito” de andar no mundo e sentir que pertencem.
“Nós, como artistas, somos aqueles que mudam a estrutura molecular dos corações e mentes das pessoas que caminham nesta Terra”, afirmou, terminando com um pedido que foi reiterado por outras personalidades ao longo da cerimónia: “por favor, não parem de dizer a verdade”.
Para levar a estatueta para casa, Porter teve de bater concorrentes de peso, incluindo Kit Harington, da favorita “A Guerra dos Tronos”, Jason Bateman, de “Ozark”, Sterling K. Brown, de “This Is Us”, Bob Odenkirk, de “Better Call Saul”, e Milo Ventimiglia, de “This is Us”.
Na categoria de Melhor Actriz em série dramática, Sandra Oh perdeu para a sua co-protagonista em “Killing Eve”, Jodie Corner, que interpreta Villanelle na série da BBC America.

24 Set 2019

Doenças mentais | Governo quer reabilitados a auxiliarem novos doentes

Um estudo do IPM sugere que as pessoas com deficiências mentais que tenham sido reabilitadas auxiliem quem ainda procura adaptar-se a esta condição. As conclusões do trabalho académico foram abordadas ontem durante a reunião da Comissão para os Assuntos de Reabilitação

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo quer que pessoas com deficiências mentais que tenham sido reabilitadas possam servir como apoio para as pessoas recém-diagnosticadas. A ideia foi abordada ontem numa reunião da Comissão para os Assuntos de Reabilitação e resulta de um estudo encomendado ao Instituto Politécnico de Macau. O trabalho teve como objectivo analisar os serviços comunitários de reabilitação para doenças mentais.

“O estudo propõe que se criem grupos de pessoas com deficiências mentais reabilitadas para ajudar outras pessoas com a doença. O objectivo é dar apoio porque estas pessoas já passaram por este tipo de situações antes de serem reabilitadas”, afirmou Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social (IAS), no final do encontro.

“Estas pessoas percebem melhor o sofrimento de quem tem a doença e procura ser reabilitado. E até têm condições para prestarem apoio aos familiares das pessoas diagnosticadas”, acrescentou.

De acordo com os dados apresentados ontem, existem em Macau cerca de 3.200 pessoas com deficiências mentais, entre as quais 400 a sofrer de autismo e mais de 2.000 de demência.

Neste momento a ideia é apenas uma sugestão, mas vai ser aprofundada com auxílio das instituições de apoio social. “A ajuda por parte de deficientes reabilitados é uma sugestão. Já há casos assim. Mas o essencial é criar um novo posto de trabalho. É uma ideia que temos, mas o IAS ainda vai contactar as instituições de solidariedade social privadas para compreendermos melhor se podemos criar este tipo de postos de trabalho”, clarificou Choi.

Serviços “aceitáveis”

O estudo do IPM, que contou com a participação de utentes de instituições prestadores de serviços deste género, familiares e trabalhadores da linha da frente, permitiu ainda chegar à conclusão que um dos principais desafios é o aspecto financeiro, no que diz respeito a “despesas diárias e cuidados médicos”.

Por outro lado, concluiu-se que 60 por cento das pessoas que cuida deste tipo de doentes são familiares e na maior parte dos casos pais. Segundo as conclusões, em “em muitos casos” os cuidadores das pessoas com deficiências são idosos.

No que diz respeito aos trabalhadores da linha-de-frente no apoio a pessoas com deficiências mentais, o estudo conclui que as pessoas têm dificuldades porque “têm de trabalhar por turnos”. Outro problema apresentado pelos profissionais do sector é a falta de “mais apoios pecuniários e técnicos” para que os trabalhadores possam “subir na carreira profissional” e “ter melhor formação”.

Finalmente o estudo concluiu que os apoios do Governo são avaliados como “razoáveis e aceitáveis” pelas pessoas com deficiência inquiridas.

24 Set 2019

Doenças mentais | Governo quer reabilitados a auxiliarem novos doentes

Um estudo do IPM sugere que as pessoas com deficiências mentais que tenham sido reabilitadas auxiliem quem ainda procura adaptar-se a esta condição. As conclusões do trabalho académico foram abordadas ontem durante a reunião da Comissão para os Assuntos de Reabilitação

 
[dropcap]O[/dropcap] Governo quer que pessoas com deficiências mentais que tenham sido reabilitadas possam servir como apoio para as pessoas recém-diagnosticadas. A ideia foi abordada ontem numa reunião da Comissão para os Assuntos de Reabilitação e resulta de um estudo encomendado ao Instituto Politécnico de Macau. O trabalho teve como objectivo analisar os serviços comunitários de reabilitação para doenças mentais.
“O estudo propõe que se criem grupos de pessoas com deficiências mentais reabilitadas para ajudar outras pessoas com a doença. O objectivo é dar apoio porque estas pessoas já passaram por este tipo de situações antes de serem reabilitadas”, afirmou Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social (IAS), no final do encontro.
“Estas pessoas percebem melhor o sofrimento de quem tem a doença e procura ser reabilitado. E até têm condições para prestarem apoio aos familiares das pessoas diagnosticadas”, acrescentou.
De acordo com os dados apresentados ontem, existem em Macau cerca de 3.200 pessoas com deficiências mentais, entre as quais 400 a sofrer de autismo e mais de 2.000 de demência.
Neste momento a ideia é apenas uma sugestão, mas vai ser aprofundada com auxílio das instituições de apoio social. “A ajuda por parte de deficientes reabilitados é uma sugestão. Já há casos assim. Mas o essencial é criar um novo posto de trabalho. É uma ideia que temos, mas o IAS ainda vai contactar as instituições de solidariedade social privadas para compreendermos melhor se podemos criar este tipo de postos de trabalho”, clarificou Choi.

Serviços “aceitáveis”

O estudo do IPM, que contou com a participação de utentes de instituições prestadores de serviços deste género, familiares e trabalhadores da linha da frente, permitiu ainda chegar à conclusão que um dos principais desafios é o aspecto financeiro, no que diz respeito a “despesas diárias e cuidados médicos”.
Por outro lado, concluiu-se que 60 por cento das pessoas que cuida deste tipo de doentes são familiares e na maior parte dos casos pais. Segundo as conclusões, em “em muitos casos” os cuidadores das pessoas com deficiências são idosos.
No que diz respeito aos trabalhadores da linha-de-frente no apoio a pessoas com deficiências mentais, o estudo conclui que as pessoas têm dificuldades porque “têm de trabalhar por turnos”. Outro problema apresentado pelos profissionais do sector é a falta de “mais apoios pecuniários e técnicos” para que os trabalhadores possam “subir na carreira profissional” e “ter melhor formação”.
Finalmente o estudo concluiu que os apoios do Governo são avaliados como “razoáveis e aceitáveis” pelas pessoas com deficiência inquiridas.

24 Set 2019

Governo limita transmissão de dados dos casinos a terceiras partes

[dropcap]E[/dropcap]ntrou ontem em vigor uma nova instrução da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) que limita a transmissão de dados relativos ao jogo por parte de concessionárias, subconcessionárias e junkets a terceiras entidades, quer estas estejam sediadas em Macau ou não. A notícia foi avançada pelo portal informativo Macau News Agency (MNA) no sábado.

A MNA teve acesso ao documento, assinado pelo director da DICJ, Paulo Martins Chan, que dá conta que as limitações não passam apenas pelos dados relativos às operações de jogo, mas também pelos dados pessoais. Estão, assim, incluídos “todos os dados relacionados com indivíduos ou objecto de actividades de jogo, ou relacionados com operações dos casinos e actividades de jogo, incluindo, mas não limitados aos dados pessoais, lugares de origem ou nacionalidade, a profissão dos clientes de jogo ou outras informações ligadas aos seus representantes ou acompanhantes”.

Também não podem ser divulgadas informações relacionadas com a hora de entrada e de saída do casino ou da mesa de jogo, o montante das apostas, o crédito concedido ou o pagamento de prémios, entre outros dados. Esta limitação “inclui e não está limitada à empresa mas também à entidade que a representa, à sucursal ou delegação e outras entidades associadas do mesmo grupo económico”.

DICJ decide

Apesar das limitações, é possível pedir o acesso aos dados, mas apenas “com o consentimento ou poder de um advogado das partes interessadas obtido ou de acordo com o que está previsto na lei da protecção dos dados pessoais”. Contudo, é obrigatório que a DICJ tenha a última palavra no processo. É também necessário que as operadoras de jogo ou demais entidades que pretendam transmitir os seus dados que o façam mediante apresentação de informações prévias à DICJ. Deve ser explicado qual o tipo de informação que se pretende transmitir, a entidade que a vai receber e se está ou não sediada na RAEM, além de ser necessário também explicar os objectivos dessa transmissão.

Especialistas ouvidos pela MNA declararam que esta nova instrução da DICJ constitui uma surpresa. Um analista disse mesmo que “em última medida, é estranho…vai ter um enorme impacto, prevenindo que a informação seja reportada, por exemplo, para reguladores de outras jurisdições ou para hotéis detidos pelas concessionárias e subconcessionárias”.

Um jurista, que optou pelo anonimato, defendeu que esta decisão governamental “é incomum e claramente desproporcional e inapropriada”. “Porque estas restrições? Qual é o fim? O que aconteceu antes que justifique estas medidas draconianas?”, questionou. Para este especialista, as limitações impostas pela DICJ violam disposições do Código Comercial, entre outras.

24 Set 2019

Académico acha improvável fim de casinos americanos em Macau

Um académico de uma instituição afiliada ao Ministério do Comércio chinês acha improvável que as concessionárias norte-americanas deixem de operar em Macau devido à guerra comercial. Mas se as tensões se aprofundarem, considera que existem empresas locais que poderiam tomar o lugar das americanas

 

[dropcap]É[/dropcap] algo mencionado com muito cuidado. Qual o efeito da guerra comercial na relação das concessionárias norte-americanas com o Executivo de uma região administrativa especial da China.

No passado domingo, à margem do Fórum Económico de Macau, que decorreu na Universidade de Macau, um académico com ligações ao Governo Central tocou no assunto. Liang Ming, investigador do Instituto de Pesquisa de Comércio Externo, instituição afiliada ao Ministério do Comércio chinês, apontou a improbabilidade de empresas norte-americanas que têm casinos em Macau se vejam forçadas a abandonar o território devido à guerra comercial. Porém, na eventualidade das tensões aumentarem, o académico ressalvou que existem empresas locais e do Continente que poderiam tomar o lugar das concessionárias norte-americanas e gerir o negócio com sucesso.

Esta possibilidade, reiterou, só se colocaria no pior dos cenários, com a intensificação dramática das relações entre Pequim e Washington, de acordo com informação veiculada pela Macau News.

Além disso o académico acha que se o Governo americano tivesse de dizer às concessionárias para abandonar um mercado altamente rentável isso provocaria grandes danos. Importa referir que magnatas norte-americanos do jogo contribuem com avultadas somas para campanhas políticas, em particular do Partido Republicano. Segundo notícia avançada pelo Guardian, e outros meios de comunicação social, Sheldon Adelson doou ao Partido Republicano 113 milhões de dólares apenas nas eleições intercalares de 2018.

O director do Instituto de Pesquisa de Comércio Externo teceu estas considerações depois de discursar sobre as perspectivas de cooperação económica entre Macau e China no panorama internacional actual, nomeadamente face às tendências crescentes de unilateralismo e proteccionismo que afectam os mercados internacionais.

Em construção

Liang entende que o momento das negociações é de “progressos construtivos”, e que apesar do aumento das tensões do último ano, ambos os lados têm mostrado recentemente o desejo de chegar a um acordo. O académico relativizou o ligeiro impacto que a guerra comercial teve em Macau, que só se sente de forma indirecta.

Impacto que não se deve sentir nas empresas que aqui operam. “Os casinos norte-americanos têm lucros enormes em Macau. Será que é exequível desinvestirem deste mercado? É uma pergunta duvidosa”, comentou o académico.

Se a situação extrema de saída do mercado de Macau acontecesse, Liang Ming entende que em termos laborais o território não seria afectado e que haveria apenas uma “mudança de formato”.

De acordo com o Macau Post Daily, o académico duvida que Pequim “aperte” com as concessionárias americanas.

24 Set 2019

Ambiente | Ng Kuok Cheong quer medições em auto-silos

[dropcap]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong questionou a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) sobre a possibilidade de se começar a medir a qualidade no ar nos auto-silos públicos e privados.

O membro da Assembleia Legislativa criticou os equipamentos de ventilação instalados nos parques actuais porque, segundo Ng, acabam por não ter nenhuma função. Por este motivo, os parques acabam sempre por ter um ambiente quente e abafado, que Ng Kuok Cheong disse ser sufocante, principalmente no Verão.

Numa interpelação escrita, o deputado deixou igualmente críticas ao Governo, uma vez que esta questão envolve vários departamentos com “tarefas limitadas”, o que tem dificultado a resolução do problema por falta de coordenação interdepartamental. Esta é uma queixa antiga que, segundo Ng, não tem solução à vista. Face a este cenário, o membro da Assembleia Legislativa perguntou à DSAT se tem condições para fornecer às entidades responsáveis pela gestão dos parques subterrâneos instruções sobre a melhor forma de se aproveitar adequadamente as instalações existentes e melhorar “verdadeiramente a qualidade do ar” nos auto-silos.

Ng pediu ainda à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) para criar indicadores de referência sobre a qualidade do ar nos auto-silos públicos e privados.

24 Set 2019

Ambiente | Ng Kuok Cheong quer medições em auto-silos

[dropcap]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong questionou a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) sobre a possibilidade de se começar a medir a qualidade no ar nos auto-silos públicos e privados.
O membro da Assembleia Legislativa criticou os equipamentos de ventilação instalados nos parques actuais porque, segundo Ng, acabam por não ter nenhuma função. Por este motivo, os parques acabam sempre por ter um ambiente quente e abafado, que Ng Kuok Cheong disse ser sufocante, principalmente no Verão.
Numa interpelação escrita, o deputado deixou igualmente críticas ao Governo, uma vez que esta questão envolve vários departamentos com “tarefas limitadas”, o que tem dificultado a resolução do problema por falta de coordenação interdepartamental. Esta é uma queixa antiga que, segundo Ng, não tem solução à vista. Face a este cenário, o membro da Assembleia Legislativa perguntou à DSAT se tem condições para fornecer às entidades responsáveis pela gestão dos parques subterrâneos instruções sobre a melhor forma de se aproveitar adequadamente as instalações existentes e melhorar “verdadeiramente a qualidade do ar” nos auto-silos.
Ng pediu ainda à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) para criar indicadores de referência sobre a qualidade do ar nos auto-silos públicos e privados.

24 Set 2019

SMG | Modelo da USJ e UNL permite prever níveis de poluição atmosférica 

Um modelo desenvolvido pela Universidade de São José em parceria com a Universidade Nova de Lisboa permite prever os níveis de poluição atmosférica para o dia seguinte. A investigação tem vindo a ser desenvolvida em parceria com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, que estão a analisar a adopção do novo método

 

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) têm vindo a trabalhar com a Universidade de São José (USJ), em Macau, e a Universidade Nova de Lisboa (UNL) no sentido de melhorar o actual método de avaliação da qualidade do ar no território.

O estudo em causa, publicado este mês por uma equipa da USJ, conclui que o método estatístico permite prever os níveis de poluição para o dia seguinte. A investigação foi feita com base na informação meteorológica e da qualidade do ar dos últimos anos para conseguir, com base nos dados do próprio dia e de dias anteriores, prever quais as concentrações de poluentes para o dia seguinte.

Até ao fecho desta edição, não foi possível ao HM confirmar, junto dos SMG, quando é que será adoptado este método, mas Thomas Man Tat Lei, investigador da USJ que participou na investigação, assegura que o assunto está a ser estudado.

“Trabalhamos com eles para desenvolver este novo modelo (de análise) e (o estudo) foi submetido aos SMG. Sim, (os SMG) estão no processo de implementação do modelo para Macau e deverá ser algo anunciado ao público em breve”, disse ao HM.

O investigador não tem dúvidas de que, com a adopção deste método estatístico, a população vai ficar mais bem informada sobre a qualidade do ar do território. “A população vai ficar mais bem informada com o recurso a este método, porque em certas estações de monitorização da qualidade do ar conseguimos ter quase 90 por cento de precisão relativamente à previsão. Vai ser uma enorme melhoria em relação ao passado em termos de operações no futuro, sem dúvida.”

O estudo, desenvolvido nos últimos dois anos, contou também com a colaboração de David Gonçalves, director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ. “Este é um trabalho académico que demonstrou que o modelo de previsão é bom, e se os SMG quiserem creio que é possível adoptá-lo”, adiantou David Gonçalves. Joana Monjardino e Luísa Mendes são outras das investigadoras que fazem parte da equipa.

Papel da UNL

O director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ não deixa de ressalvar a importância da parceria com a UNL, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia e do trabalho do seu docente, Francisco Ferreira.

“Foram eles que trouxeram o know-how e de facto permitiram a adopção de ferramentas que já estavam estudadas. Outro parceiro foram os SMG, que disponibilizaram os dados que nos permitiram desenvolver o modelo e que têm trabalhado com as nossas equipas para ver se este modelo pode ser adoptado.”

David Gonçalves destaca ainda o facto de “este modelo não resolver em nada os problemas de poluição em Macau, mas possibilita, através de uma previsão adequada dos níveis de poluição para o dia seguinte, colocar informações para que a população se possa precaver”.

Ao HM, Francisco Ferreira assegurou que esta investigação apresenta conclusões inovadoras para o território. “A cooperação com os SMG, em parceria também com a USJ, tem várias componentes inovadoras, como sejam a metodologia de avaliação e de previsão efectuadas.

Sendo um trabalho de cooperação continuada, há novos desafios no sentido de identificar áreas críticas em termos de poluição do ar e fazer uma eventual identificação de soluções que possam vir a ter implementadas.”

Estes trabalhos “terão lugar num futuro próximo, onde a investigação dará sem dúvida contributos para melhorar a qualidade do ar de Macau”, frisou.

O professor da UNL assegurou que o actual método utilizado pelos SMG para avaliar a qualidade do ar é fidedigno. “A recolha de dados de monitorização da qualidade do ar é feita através de estações automáticas de recolha e transmissão dos valores das concentrações dos diferentes poluentes por equipamentos que são utilizados de forma fiável em muitas cidades e noutros locais de todo o mundo. Efectivamente, através de processos de controlo de qualidade e de acompanhamento dos dados, o que é feito, trata-se de um processo fiável e rigoroso.”

Os dados são recolhidos em apenas seis estações de monitorização, com um “equipamento muito dispendioso”, e podem ser complementados “com outros equipamentos de monitorização menos sofisticados, mas que cobrem mais locais, o que está previsto por parte dos SMG”. A UNL também irá acompanhar este processo, “no sentido de ajudar a interpretar a grande quantidade de valores a serem recolhidos”.

Informar o público

Francisco Ferreira adiantou que a elevada poluição atmosférica registada em Macau não se deve apenas ao tráfego mas também à poluição vinda de fora do território. “Macau apresenta elevadas concentrações de poluentes como o ozono ou as partículas em função das condições meteorológicas e também das emissões no seu território, em particular devidas ao tráfego rodoviário, mas também vindas de outras zonas exteriores.”

Neste sentido, “a avaliação da qualidade do ar em Macau é um aspecto muito pertinente para acompanhar a sua evolução, avaliar os efeitos na saúde e acima de tudo para poderem ser pensadas e implementadas medidas que posteriormente podem ser avaliadas”.

Com o método estatístico de previsão dos níveis de poluição, será possível adoptar melhores comportamentos que previnam determinadas doenças. “Um dos elementos muito importantes é comunicar ao público da forma mais rigorosa possível a qualidade do ar nos dias seguintes de modo a, em caso de elevadas concentrações de um ou mais poluentes, essa informação poder ser considerada pela população, principalmente por parte dos grupos mais sensíveis (crianças, idosos e pessoas com problemas cardio-respiratórios)”, rematou o docente da UNL.

24 Set 2019

SMG | Modelo da USJ e UNL permite prever níveis de poluição atmosférica 

Um modelo desenvolvido pela Universidade de São José em parceria com a Universidade Nova de Lisboa permite prever os níveis de poluição atmosférica para o dia seguinte. A investigação tem vindo a ser desenvolvida em parceria com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, que estão a analisar a adopção do novo método

 
[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) têm vindo a trabalhar com a Universidade de São José (USJ), em Macau, e a Universidade Nova de Lisboa (UNL) no sentido de melhorar o actual método de avaliação da qualidade do ar no território.
O estudo em causa, publicado este mês por uma equipa da USJ, conclui que o método estatístico permite prever os níveis de poluição para o dia seguinte. A investigação foi feita com base na informação meteorológica e da qualidade do ar dos últimos anos para conseguir, com base nos dados do próprio dia e de dias anteriores, prever quais as concentrações de poluentes para o dia seguinte.
Até ao fecho desta edição, não foi possível ao HM confirmar, junto dos SMG, quando é que será adoptado este método, mas Thomas Man Tat Lei, investigador da USJ que participou na investigação, assegura que o assunto está a ser estudado.
“Trabalhamos com eles para desenvolver este novo modelo (de análise) e (o estudo) foi submetido aos SMG. Sim, (os SMG) estão no processo de implementação do modelo para Macau e deverá ser algo anunciado ao público em breve”, disse ao HM.
O investigador não tem dúvidas de que, com a adopção deste método estatístico, a população vai ficar mais bem informada sobre a qualidade do ar do território. “A população vai ficar mais bem informada com o recurso a este método, porque em certas estações de monitorização da qualidade do ar conseguimos ter quase 90 por cento de precisão relativamente à previsão. Vai ser uma enorme melhoria em relação ao passado em termos de operações no futuro, sem dúvida.”
O estudo, desenvolvido nos últimos dois anos, contou também com a colaboração de David Gonçalves, director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ. “Este é um trabalho académico que demonstrou que o modelo de previsão é bom, e se os SMG quiserem creio que é possível adoptá-lo”, adiantou David Gonçalves. Joana Monjardino e Luísa Mendes são outras das investigadoras que fazem parte da equipa.

Papel da UNL

O director do Instituto de Ciência e Ambiente da USJ não deixa de ressalvar a importância da parceria com a UNL, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia e do trabalho do seu docente, Francisco Ferreira.
“Foram eles que trouxeram o know-how e de facto permitiram a adopção de ferramentas que já estavam estudadas. Outro parceiro foram os SMG, que disponibilizaram os dados que nos permitiram desenvolver o modelo e que têm trabalhado com as nossas equipas para ver se este modelo pode ser adoptado.”
David Gonçalves destaca ainda o facto de “este modelo não resolver em nada os problemas de poluição em Macau, mas possibilita, através de uma previsão adequada dos níveis de poluição para o dia seguinte, colocar informações para que a população se possa precaver”.
Ao HM, Francisco Ferreira assegurou que esta investigação apresenta conclusões inovadoras para o território. “A cooperação com os SMG, em parceria também com a USJ, tem várias componentes inovadoras, como sejam a metodologia de avaliação e de previsão efectuadas.
Sendo um trabalho de cooperação continuada, há novos desafios no sentido de identificar áreas críticas em termos de poluição do ar e fazer uma eventual identificação de soluções que possam vir a ter implementadas.”
Estes trabalhos “terão lugar num futuro próximo, onde a investigação dará sem dúvida contributos para melhorar a qualidade do ar de Macau”, frisou.
O professor da UNL assegurou que o actual método utilizado pelos SMG para avaliar a qualidade do ar é fidedigno. “A recolha de dados de monitorização da qualidade do ar é feita através de estações automáticas de recolha e transmissão dos valores das concentrações dos diferentes poluentes por equipamentos que são utilizados de forma fiável em muitas cidades e noutros locais de todo o mundo. Efectivamente, através de processos de controlo de qualidade e de acompanhamento dos dados, o que é feito, trata-se de um processo fiável e rigoroso.”
Os dados são recolhidos em apenas seis estações de monitorização, com um “equipamento muito dispendioso”, e podem ser complementados “com outros equipamentos de monitorização menos sofisticados, mas que cobrem mais locais, o que está previsto por parte dos SMG”. A UNL também irá acompanhar este processo, “no sentido de ajudar a interpretar a grande quantidade de valores a serem recolhidos”.

Informar o público

Francisco Ferreira adiantou que a elevada poluição atmosférica registada em Macau não se deve apenas ao tráfego mas também à poluição vinda de fora do território. “Macau apresenta elevadas concentrações de poluentes como o ozono ou as partículas em função das condições meteorológicas e também das emissões no seu território, em particular devidas ao tráfego rodoviário, mas também vindas de outras zonas exteriores.”
Neste sentido, “a avaliação da qualidade do ar em Macau é um aspecto muito pertinente para acompanhar a sua evolução, avaliar os efeitos na saúde e acima de tudo para poderem ser pensadas e implementadas medidas que posteriormente podem ser avaliadas”.
Com o método estatístico de previsão dos níveis de poluição, será possível adoptar melhores comportamentos que previnam determinadas doenças. “Um dos elementos muito importantes é comunicar ao público da forma mais rigorosa possível a qualidade do ar nos dias seguintes de modo a, em caso de elevadas concentrações de um ou mais poluentes, essa informação poder ser considerada pela população, principalmente por parte dos grupos mais sensíveis (crianças, idosos e pessoas com problemas cardio-respiratórios)”, rematou o docente da UNL.

24 Set 2019

Governo afasta contratação de profissionais de saúde por clínicas privadas 

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) emitiram ontem um comunicado em resposta ao deputado Chan Iek Lap onde garantem que a contratação de pessoal médico estrangeiro não abrange as clínicas privadas. Isto porque Chan Iek Lap, na qualidade de presidente da Federação de Médicos e Saúde de Macau, “manifestou publicamente a necessidade que a sociedade proceda a uma discussão relativamente à autorização de contratação de pessoal médico e de enfermagem proveniente do exterior de Macau, bem como o nível que essa abertura ser autorizada”.

O comunicado esclarece, assim, que “de acordo com a lei vigente não é concedido direito aos cidadãos não residentes de Macau a solicitação de licença profissional na área de saúde junto dos Serviços de Macau”. Desta forma, os SSM asseguram que “nunca autorizaram qualquer pedido de licença profissional formulado por clínicas privadas nem por centros de tratamento relativo ao recrutamento de pessoal médico no exterior”.

Neste sentido, a licença profissional destinada a estes profissionais “será emitida a título provisório e destinada aqueles que possuam qualificações especiais que não existem, ou exista carência na RAEM para fins de prestação de formação médica especializada, de prestação de assistência médica urgente, de condução de estudo na realização de técnicas altamente especializadas ou de introdução de novas técnicas médicas”.

Os SSM adiantaram ainda que “este pedido só pode ser formulado por entidades específicas”, estando sujeito a um “mecanismo de avaliação rigoroso”. Nestes casos, “o pessoal médico contratado ao exterior destina-se apenas à prestação de serviço médico especializado ou ao intercâmbio de técnicas clínicas”.

Abertura a enfermeiros

No caso dos enfermeiros, os SSM explicam ainda que foi dada uma abertura para a contratação ao exterior por parte de associações de cariz social, “tendo em consideração a escassa oferta e grande procura”. Nestes casos, foi criado um programa que permite a contratação ao exterior, que é feita “por curtos períodos de tempo e de modo a preencher a insuficiência de recursos humanos de enfermeiros nas instituições de serviço social”.

Quanto aos terapeutas ocupacionais, foi também dada abertura para contratações temporárias por parte das associações. Também a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude “aderiu ao programa de importação de terapeutas para instituições do serviço social de modo a prestar serviço de terapias precoce a crianças colocadas em instituições de ensino especial”.

De acordo com o Jornal do Cidadão, Chan Iek Lap lembrou ainda que, nos últimos anos, o Governo tem aumentado os recursos investidos na saúde. Em 19 anos, o montante investido passou de 1,1 mil milhões para 7,19 mil milhões de patacas, com 70 por cento aplicado no sector público.

24 Set 2019

IPIM | Medidas em curso para melhorar esquema de residência

Um trabalho com muitas consultas e pequenos passos. São estas as conclusões que se podem tirar da resposta da presidente do IPIM sobre a revisão do esquema de fixação de residência por investimentos e para técnicos especializados

 

[dropcap]A[/dropcap] presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Irene Lau, garante que foram tomadas medidas para melhorar o processo de fixação de residência temporária por investimentos e técnicos especializados, depois da investigação do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). Foi esta a resposta de Irene Lau a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, ligada à Federação da Associações dos Operários de Macau (FAOM).

“Desde a divulgação do relatório de investigação no ano passado pelo Comissariado Contra a Corrupção temos implementado uma série de medidas para melhorar a situação, tendo alcançado um progresso faseado, incluindo a forma de avaliação”, respondeu Irene Lau.

Segundo a responsável, o sistema de imigração por investimentos relevantes e por fixação de residência dos técnicos especializados vai continuar a ser uma aposta porque permite para captar quadros qualificados e investimento do exterior. Por isso, o IPIM realizou várias sessões de recolha de opiniões, convidando cerca de 20 associações e serviços públicos em que ouviu sugestões sobre o modelo de avaliação e a nova forma de cálculo. “Depois de recolher as sugestões, fizemos a análise das opiniões, para definir novas formas de avaliação, tendo agora os ajustamentos preliminares concluídos. Vamos agora efectuar testes aos resultados obtidos”, acrescentou.

Outra das questões colocadas por Ella Lei focava a alteração à lei do sistema de imigração por investimentos relevantes e por fixação de residência dos técnicos especializados. Sobre este assunto, Irene Lau explicou que a matéria envolve uma definição clara das funções e mecanismo da natureza sobre a profissão dos trabalhadores do exterior, assim como dos critérios e procedimentos da apreciação.

Os trabalhos de revisão foram iniciados no ano passado, tendo sido realizadas várias reuniões internas para discutir as questões jurídicas em causa, como a lei do direito de residência e o regulamento sobre a entrada, permanência e autorização de residência. O objectivo é alcançar uma maior uniformização dos diplomas.

O IPIM ficou debaixo de fogo depois de uma investigação do CCAC, em Outubro do ano passado, ao programa de fixação de residência por investimento que terminou o ex-presidente, Jackson Chang, a ex-vogal Glória Batalha e o director-adjunto, Miguel Ian, indiciados pela prática de “crimes funcionais”. Os três acabaram suspensos e o caso ainda está a ser investigado.

24 Set 2019