Cheang Chi Keong quer Erro Médico para breve e fala de “pressões”

Cheang Chi Keong traça um balanço positivo da última sessão da AL por ter conseguido através da Comissão a que preside que o Governo se comprometesse a atribuir um salário mínimo geral. Mas o deputado fala em pressões e lamenta os muitos atrasos na Lei do Erro Médico

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado indirecto Cheang Chi Keong lamenta que o Governo ainda não tenha apresentado a proposta de Lei do Erro Médico à Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) que a discute na especialidade. Num balanço à segunda sessão da quinta legislatura do hemiciclo, que terminou em 15 de Agosto, o deputado diz ainda sentir pressão por presidir uma Comissão da Especialidade que analisa a polémica lei.
Ao Jornal Ou Mun, Cheang Chi Keong, também presidente da 3.ª Comissão Permanente da AL, apontou que foram realizadas apenas 15 reuniões nesta sessão que passou, sendo que as propostas discutidas que atraíram mais a atenção foram o Regime Jurídico de Tratamento de Litígios Decorrentes de Erro Médico e o Salário Mínimo para os Trabalhadores de Limpeza e de Segurança. Mostrando-se pouco satisfeito, o deputado recorda que foram realizadas 22 reuniões sobre o erro médico, depois da aprovação desta lei na generalidade em 2013, mas mesmo assim – depois de terem sido discutidas “basicamente todas as cláusulas” até Agosto do ano passado – a nova proposta, que está a ser redigida pelo Governo, ainda não foi entregue aos deputados. cheang chi keong
“Entendemos os atrasos na proposta devido às mudanças dos titulares dos principais cargos, mas é raro uma Comissão não ter ainda recebido uma nova proposta depois de se ter concluído as discussões na especialidade”, frisa Cheang Chi Keong. “Os assessores jurídicos da AL já apresentaram as cláusulas que os deputados sugeriram ao Governo em Março, mas é lamentável que até ao momento não haja novidades” afirmou, esperando que a Comissão receba a proposta no final do ano.  

Pressionado

Cheang Chi Keong admitiu ainda que se sente “pressionado” em ser presidente da 3.ª Comissão Permanente, principalmente por causa da Lei do Erro Médico. O deputado relembra as publicações de associações médicas em vários jornais, contrariando a necessidade de existir uma lei destas. Cheang Chi Keong diz que o foco desses anúncios foi “a Comissão”.
Por outro lado, o deputado indirecto considera que a maior vitória da Comissão foi conseguir que o salário mínimo seja implementado para todos e não apenas para estes dois tipos de trabalhadores. “Fazer com que o Governo prometa a implementação total do salário mínimo antes de 2019, bem como cumprir os dispostos na Lei de Bases da Política do Emprego e do Direitos Laborais que já entrou em vigor antes da transferência de soberania de Macau” é uma das maiores conclusões, diz.

10 Set 2015

Refugiados na Europa: resposta mínima

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]União Europeia acaba de dar mais um espectáculo triste de falta de solidariedade. Com declarações pouco sérias sobre a crise dos refugiados, pronunciadas nas fronteiras leste da Europa, e com os motores da integração europeia aparentemente distraídos quanto ao tema – afinal, o Presidente Francês aproxima-se rapidamente de eleições e não quer dar pretextos para que Marine Le Pen suba ainda mais nas sondagens – uma resposta comum tem-se revelado impossível. Mas independentemente das iniciativas individuais de acolhimento por parte dos Estados-membros, o que esta onda de candidatos a refugiados tem mostrado é uma total incapacidade e uma desesperante falta de vontade política de a União lidar institucionalmente com o assunto.
Essa inabilidade viu-se na primeira metade do ano quando a Comissão apresentou um plano para lidar com a vaga de candidatos a refugiados que previa o acolhimento de apenas 40 mil pessoas nos próximos dois anos. Ou seja, se o plano tivesse sido implementado como proposto, teriam sido autorizadas a entrar na Europa, a título excepcional, apenas 20 mil pessoas este ano. Nos últimos dias, têm entrado no território da Hungria mais de três mil pessoas por dia.
O plano inicial desenhado pela Comissão Juncker foi depois aumentado por decisão dos Estados-membros. Acordou-se, no final de Junho, que o número de refugiados subiria para 60 mil – isto após uma reunião que durou a noite toda e que terá sido, segundo vários relatos, uma das cimeiras mais azedas da história recente da União Europeia, com vários chefes de governo, de dedo em riste, acusando-se mutuamente de insensibilidade social. Foi aberta uma porta para mais 20 mil pessoas oriundas especificamente da Síria e da Eritreia que ainda não estavam na Europa, tendo a Hungria e a Bulgária ficado de fora, devido a razões económico-sociais, como também o Reino Unido, por opção.

[quote_box_left]Prevê-se nova maratona negocial. Não se acredita que a Comissão tenha aproveitado as férias de Verão para fazer um curso intensivo de mediação política. Receia-se, pois, que a crise política continue a fazer o seu curso no interior da União[/quote_box_left]

Tudo mudou nos dois últimos meses. Por um lado, os políticos – como grande parte da população europeia empregada – foram de férias. E as imagens do aumento da vaga de refugiados pareciam notícias do além, pouco nítidas, pouco claras, pouco audíveis – como acontece com as notícias das desgraças que ocorrem no interior de África, e não são poucas, ou dos acidentes com fábricas na Índia ou na China em que morrem pessoas aos magotes. Não têm nada a ver connosco. Não nos afectam grandemente. É da natureza humana: se não nos afecta directamente, porque é que nos havemos de preocupar? Um pouco como o aquecimento global, não é assim?
Quando os dirigentes políticos regressaram aos gabinetes e tinham sobre as suas secretárias os números de candidatos a refugiados que haviam entrado na Hungria e na Grécia enquanto estiveram a banhos, ficaram chocados. De acordo com os dados da Organização Internacional das Migrações (OIM), até 31 de Agosto, terão já entrado na Europa mais de 350 mil pessoas. E logo depois levaram com a fotografia, na primeiras páginas de vários jornais europeus, do cadáver de uma criança síria de três anos morta numa praia da Turquia, quando procurava, com o pai, a mãe e o irmão, de cinco, chegar de barco à Grécia. Foram pois compelidos a agir.
A Comissão multiplicou por quatro o seu programa original e está disponível para convencer os Estados-membros a aceitarem 160 mil pessoas nos próximos dois anos. A Alemanha e a França são os Estados-membros que irão receber a maior fatia destes refugiados, aumentando também substancialmente a quota individual de cada um. Portugal, por exemplo, subiria a sua contribuição para o esforço de acolhimento de refugiados para 4775 pessoas, quando na proposta anterior previa apenas a integração de 1701.
Esta crise, mas sobretudo a imagem da criança morta, Aylan Kurdi – e, de facto, há que considerar que há imagens de cadáveres e há outras imagens de cadáveres – parece ter agitado consciências adormecidas. Por outro lado, é interessante ver que durante semanas os media internacionais foram tratando as vagas de pessoas que fogem das guerras na Síria e no Iraque como “migrantes”, mas agora, finalmente, adoptaram o termo “refugiados”, mais consentâneo com a realidade. A diferença não é meramente semântica. O estatuto de refugiado permite, a quem o consegue obter, adquirir protecção social por parte do Estado de acolhimento, a qual está vedada ao mero imigrante, que procura num outro país uma oportunidade de trabalho e, potencialmente, melhores condições de vida.
A reunião da próxima segunda-feira do Conselho de Ministros de Justiça e Assuntos Internos deverá discutir a proposta da Comissão. Os chefes de governo da República Checa, Eslováquia, Hungria e Polónia já anunciaram a sua oposição ao plano das quotas. Prevê-se, pois, nova maratona negocial. Até porque não se acredita que a Comissão tenha aproveitado as férias de Verão para fazer um curso intensivo de mediação política. Não será caso para espanto, por outro lado, se os ministros dos Estados-membros, seguindo o exemplo dos seus chefes de governo, aproveitem a reunião para voltarem a trocar insultos. Receia-se, em síntese, que a crise política continue a fazer o seu curso no interior da União.

10 Set 2015

Idosa que apareceu morta foi estrangulada pelo marido

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Polícia Judiciária (PJ) confirmou que a residente sexagenária, encontrada sem vida em casa na terça-feira, foi morta pelo seu marido, portador de uma doença mental grave. A mulher morreu por estrangulamento feito com a alça de uma mala.
Segundo as autoridades, a mulher foi encontrada morta no chão da sala do seu apartamento, localizado na Rua da Águia, perto do Jardim de Camões, depois de uma denúncia via telefone. Na mesma fracção, foi encontrado ainda o marido da mulher com 68 anos, em estado de ansiedade. O corpo apresentava vestígios de estrangulamento no pescoço, havendo indícios de que a mulher terá falecido na segunda-feira.
O canal chinês da Rádio Macau relata que as autoridades acreditam que o marido da vítima é o principal suspeito do caso, já que o idoso admitiu matar a mulher. Segundo a investigação da PJ, a vítima não apresentou resistência, por isso, acredita-se que o suspeito a matou enquanto a mesma dormia.
A PJ referiu ainda que, numa avaliação psicológica feita no Hospital Conde de São Januário ao idoso, foi diagnosticada uma doença psicológica grave. Os familiares do suspeito revelaram também que em 2008 o idoso foi diagnosticado com a mesma patologia, tendo sido aconselhado a consultas regulares, algo que o próprio idoso nunca aceitou. O caso segue agora para o Ministério Público.

10 Set 2015

Depressão | Professor da UM estuda tratamento que pode levar a remissão total

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma equipa liderada pelo professor Xiang Yutao, da Universidade de Macau (UM), conseguiu encontrar um tratamento para a depressão que poderá levar à remissão total da doença. De acordo com um comunicado da universidade, o académico – que ensina na Faculdade de Ciências da Saúde e que trabalhou em conjunto com o Centro Nacional de Investigação Clínica de Doenças Mentais – baseia-se num método de tratamento que mede o estado dos doentes de forma regular.
“O conceito de measurement-based care (MBC ou cuidados baseados na medição, na tradução literal) tem ganho atenção no tratamento da depressão porque permite aos psiquiatras tomar decisões com base em cada indivíduo, consoante as mudanças detectadas na psicopatologia e na tolerância aos anti-depressivos”, começa por indicar o comunicado da UM. um_UM
A equipa de Xiang Yutao “descobriu” que o MBC é mais efectivo do que os tratamentos normais na melhoria dos sintomas de depressão em pacientes com altos níveis da doença e também em atingir a remissão total clínica da desordem. No estudo, conduzido em 120 pacientes com depressão moderada a severa, a equipa tratou os doentes de forma aleatória com o sistema MBC ou com o tratamento padrão, chegando à conclusão que o tratamento com MBC era mais eficaz.
“Os resultados do estudo mostram que mais pacientes tratados com MBC conseguiram melhorias – 86,9% VS os 62,7% do tratamento padrão – e remissão da doença – 73,8% VS 28,8%. Da mesma forma, o tempo de resposta e remissão foram mais curtos com o MBC.”
Xiang Yutao foca-se na investigação aos transtornos de humor e comportamento e psicofarmácia.

10 Set 2015

Mortalidade Infantil | Taxa desce 53% desde 1990. China diminui em 80%

A China conseguiu diminuir em 80% os números da taxa de mortalidade infantil, ainda que continue na lista de países onde mais crianças morrem. Os números constam do último relatório da UNICEF, que mostra que não foi atingido o objectivo planeado anteriormente, mas que, ainda assim, se salvaram mais de 40 milhões de crianças

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]o último relatório da UNICEF sobre a taxa de mortalidade infantil e é animador: os números de crianças que morreram com menos de cinco anos baixaram em 53% desde 1990. O documento traz um sabor agridoce para a China – o continente encontra-se entre os países em que mais crianças pereceram só este ano, ainda que mostre estar muito melhor desde os anos 1990.
O relatório – intitulado “Promise Renewed: 2015 Progress Report” – indica que a China está ao nível de Angola e da Etiópia e acima da Indonésia no que diz respeito à percentagem de crianças falecidas antes dos cinco anos em todo o mundo. A China ocupa os 3%, com cerca de 182 mil falecimentos só em 2015, como consta no relatório.
Combinando com valores anteriores, pode, no entanto, ver-se que a China ocupa o 130º lugar na lista de países com a mais alta taxa de mortalidade, tendo assistido a um declínio de 80% nas mortes infantis de 1990 para cá. Nesse ano, havia 54 mortes por cada mil nascimentos, tendo este número diminuído para 37 em 2000 e para 11 este ano. A taxa de redução ano a ano atinge os 6,5%.

Números redondos

As taxas analisadas no relatório da UNICEF pelo HM mostram que se contabilizaram no continente mais de um milhão e meio de mortes em 1990, um número que nem chegou aos 200 mil em 2015. A morte ao nascer, por exemplo, chegou às 30 crianças por cada mil em 1990 – este número é de seis por cada mil este ano.
Os números não incluem, contudo, Macau ou Hong Kong. Na página dos Serviços de Saúde (SS) do território, só é possível ver a taxa de mortalidade infantil até 2013, uma vez que o sistema não está actualizado. Aqui, consta-se ainda que a taxa de mortalidade infantil contabiliza apenas crianças que morrem antes do primeiro ano de vida. crianças chinesas
Os dados – apenas em percentagem – mostram que – em 2009 – 2,9% das crianças morreram (por cada mil), um número quase idêntico aos da China. Nos anos seguintes – 2010, 2011, 2012 – a taxa manteve-se igual. Em 2013, desceu para 2%. Dos dados não constam os números do ano passado ou deste.

Estimativas que doem

Portugal integra um grupo de 14 países que apresenta o terceiro melhor indicador de taxa de mortalidade abaixo dos cinco anos, juntamente com a França, Alemanha, Holanda ou Espanha. Desde 1990, a taxa de mortalidade infantil reduziu-se em 76%.
Em termos globais, a taxa de mortalidade infantil no mundo desceu para metade em 25 anos – o número de mortes de menores de cinco anos diminuiu de 12,7 milhões em 1990, para 5,9 milhões em 2015. Este é ainda o primeiro ano em que o total se irá situar abaixo do patamar dos seis milhões, ainda que as novas estimativas que constam do relatório publicado pela UNICEF indicam que “apesar de os progressos globais terem sido substanciais, continua a registar-se por dia a morte de 16 mil crianças menores de cinco anos”.
A UNICEF estima que, em 2015, morrerão em todo o mundo 5,9 milhões de crianças com menos de cinco anos. A maioria por causas que poderiam ser evitadas. Problemas de saúde e malnutrição são as principais barreiras para manter os mais pequenos vivos, bem como a falta de acesso a cuidados de saúde comuns, como vacinas ou até hospitais bem equipados.
O relatório mostra ainda que a meta fixada há 15 anos não foi atingida, já que o objectivo de Desenvolvimento do Milénio era uma redução em dois terços. Ainda assim, desde 2000 que as vidas de 48 milhões de crianças foram salvas.

10 Set 2015

Francisco e o essencial

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m plena Idade Média, um jovem aristocrata foi tomado pela febre de Deus. Desfez-se de todos os seus bens materiais e partiu para a floresta, onde fez jura de viver até lhe ser concedida a prova última da existência do Ente Supremo. Francisco comeu bagas e conviveu com lobos, a quem achou maior humanidade que aos homens e chamou-lhes irmãos. Os jejuns, as dietas radicais, as vigílias e a muita oração teriam de surtir efeito. Depois de uma crise mística, Francisco acorda santo, crismado com os estigmas de Cristo: na sua carne tinham-se gravado as feridas divinas, infligidas na Crucificação, por escorria o Sangue que haveria de verter perdão no mundo.
O novo santo estava decidido a imitar o exemplo de Jesus: levar uma vida de prédica, na qual estaria ausente qualquer bem material, à excepção do burel castanho, atacado com um simples baraço, que passou a ser o uniforme da sua Irmandade. Os franciscanos tornaram-se, com o passar dos séculos, uma das mais importantes ordens monásticas da Cristandade. papa
O exemplo de Francisco ressoa fundo no coração dos verdadeiros cristãos e, por isso, foi com alegria que assistiram ao cardeal Bergolio adoptar este nome, de significado muito concreto, quando foi eleito Supremo Pontífice. Restava saber se conseguiria e estaria mesmo disposto a fazer jus ao exemplo escolhido ou se tal não passaria de um gesto de boas intenções, dos quais está o Papado cheio.
Dentro do contexto católico, as acções do Papa Francisco têm sido, de uma forma geral e com uma ou duas excepções, realmente merecedoras do santo que as inspira. Exemplo de humildade, de tolerância e de inclusão, este papa enfrenta vários combates no seio da sua própria Igreja. Por um lado, estão os tradicionalistas que se escandalizam quando é dito que de ateus e homossexuais também pode ser o reino dos Céus. Depois existem os ritualistas, a quem choca a humildade e a falta de pompa e circunstância dos rituais sob a vigilância de Francisco. E temos ainda a “organização”, prenhe de escândalos financeiros e de pedofilia escondida, que este papa decidiu abanar.
Todas as suas acções têm sido (ou parecem ser) no sentido de credibilizar e modernizar a Igreja, uma instituição religiosa que cada vez enfrenta mais dificuldades no terreno e sofre os ataques de inúmeras seitas cristãs que, praticando uma religião de proximidade, atraem cada vez mais fiéis.
Mas o que me parece mais importante na acção do Papa é a sua tentativa de recuperar a palavra e o exemplo crístico, como modelo para o comportamento da sua Igreja e dos que a seguem. Fazer do amor, da tolerância, da compreensão e da compaixão pela dor alheia os vectores centrais de uma vida, em tempos do deus Dinheiro.
Francisco sabe que, quando tudo parece perdido ou em vias de se desmoronar, temos de voltar atrás, ao tempo original, e lembrarmo-nos, uma e outra vez, com fé e com esperança, daquilo que é realmente essencial. Na religião e na vida.

9 Set 2015

Idosos | Deputado denuncia excesso de prescrição de medicamentos

A prescrição de medicamentos para doentes idosos crónicos está a inquietar Si Ka Lon. O deputado queixa-se de que medicar para vários meses de uma só vez acontece devido à falta de profissionais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Si Ka Lon escreve, numa interpelação escrita, que há idosos a quem são passadas receitas médicas para meses de tratamento, algo que o deputado considera ser uma forma de evitar a repetição de consultas, devido à pressão dos recursos humanos da saúde.
Si Ka Lon aponta que existem vários idosos que têm doenças crónicas e que se queixaram que os médicos do hospital e centros de saúde públicos lhes dão sempre medicamentos para vários meses de uma só vez, algo que os idosos não consideram favorável para a sua saúde. Já o deputado considera que este comportamento não traz qualquer alteração na situação da saúde e quer saber, isso sim, se o Governo já tem números no que aos profissionais de saúde que precisam de formação diz respeito.
Si Ka Lon relembra que, na proposta do Plano Decenal de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idosos 2016 – 2025, implementada pelo Instituto de Acção Social (IAS), foi mencionado que vai existir a formação de profissionais de saúde para o sector geriátrico, contudo o deputado considera que o plano não apresenta metas concretas para a formação destes profissionais.
“O Governo avaliou a situação actual e a real necessidade dos recursos humanos na saúde? Quando é que pode implementar metas e uma proposta de execução mais concreta?”

Austeridade?

O deputado referiu ainda que o montante da pensão de idosos foi aumentado várias vezes nos últimos anos, o que o leva a questionar se o capital investido no Fundo de Segurança Social (FSS) pelo Governo pode vir a ser  influenciado pela situação da queda das receitas do Jogo. Si Ka Lon considera que é ainda mais urgente agora aumentar o montante das contribuições para o FSS e questiona o Executivo sobre por que é que este determinou o ajustamento deste regime apenas em 2018 e não brevemente.

9 Set 2015

Papa Francisco | Às portas da estreia do filme na Ásia, religiosos elogiam “coração simples”

De uma espontaneidade inconfundível e carregado de bom humor são algumas das características atribuídas ao Papa Francisco por religiosos locais. Com dois anos de pontificado e um filme sobre si a estrear este mês, o Papa Francisco trouxe mudanças que outros papas nunca conseguiram. O segredo é a sua simplicidade, defendem devotos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]último tweet assinado pelo próprio Papa Francisco diz: “Que todas as paróquias ou comunidades religiosas na Europa recebam uma família de refugiados”. Com direito a ‘hashtags’, os perfis da rede social Twitter do Papa existem em quase todas as línguas.
Jorge Bergoglio, ou Papa Francisco, é já considerado o Papa mais social de toda a história dos Sumo Pontífices. Mas este foi apenas um dos seus muitos momentos que causaram estranheza e surpresa na sociedade mundial. Sem passar indiferente a ninguém, religiosos ou não, Bergoglio conseguiu o que “muitos outros Papas não conseguiram”, como defende a directora do Centro do Bom Pastor, Juliana Devoy.
Foi em Março de 2013, depois do segundo dia de conclave, que, pelo fumo branco, se anunciou a nomeação de um novo Papa, lugar deixado em aberto por Bento XVI, ou Joseph Ratzinger, por questões de saúde.
Bergoglio tornou-se assim o primeiro jesuíta a ser eleito Papa, assim como o primeiro originário do continente americano, tornando-se assim o primeiro Papa não europeu em mais de 1200 anos. Pela primeira vez foi também feita a escolha do nome Francisco. Bergoglio explicou que a escolha se baseou em Francisco de Assis, padroeiro de Itália e fundador da família franciscana, pela sua simplicidade e dedicação aos pobres.
“Foi a escolha do Espírito Santo e o Espírito Santo escolhe sempre a pessoa mais apropriada para o momento”, começa por explicar o Padre José Mario Mandía ao HM, quando questionado se, de facto, este Papa terá sido a melhor escolha para a Igreja Católica.

Um caminho diferente

Pouco depois da nomeação, Francisco começou a surpreender a sociedade, crentes e não crentes, a começar pela abdicação de toda a ostentação que durante anos caracterizou o Vaticano e seus representantes. Vestes simples, sem ouro, sem tecidos caros, e uma cadeira modesta foram algumas das medidas logo impostas pelo novo Chefe do Estado do Vaticano. Também os carros com tejadilho e vidros à prova de bala foram dispensados e muitos foram os passeios dados por Francisco. Uma tentativa de levar uma “vida normal” marcada pelos seus hábitos e momentos rotineiros era o que o novo Papa defendia.
“Gosto imenso dele. Muita gente gosta dele, o seu jeito simples conquistou, ele não finge ser, ele é e isso não se consegue esconder”, defende a irmã Juliana Devoy.
As acções simples e caridosas mantiveram-se. E agora, dois anos e meio de pontificado, a colecção já vai longa. No início deste ano morreu Willy Herteller, um sem-abrigo que vivia há 25 anos no Vaticano e que muito se dedicava à propagação da religião. Em sua memória, o Vaticano – o Papa – decidiu que Willy deveria ser sepultado no cemitério reservado para os membros da Santa Sé, o Campo Santo Teutónico, localizado, claro, junto da Basílica de São Pedro.
A porta do Vaticano foi também aberta para os transexuais e homossexuais. Depois de receber uma carta de Diego Lejárraga, um devoto espanhol que se viu muitas vezes rejeitado pela própria paróquia da sua cidade natal, Francisco decidiu receber o transexual, acompanhado pela sua namorada, no próprio Vaticano. “Claro que és filho da igreja”, foram as palavras do Papa para com o jovem. Segundo o jornal El Mundo, foi o próprio Papa que ligou a Diego depois de ter lido a sua carta, passando-lhe a mensagem que estava a par da sua situação e a convidá-lo então para a visita.
Em 2013, depois de visitar o Brasil, o Papa Francisco, durante a viagem de avião, explicou aos jornalistas presentes que não seria ele que iria julgar os homossexuais. “Se uma pessoa é homossexual e procura Jesus, e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la? O catecismo diz que não se deve marginalizar essas pessoas por isso. Elas devem ser integradas à sociedade. O problema não é ter esta tendência. Devemos ser irmãos”, disse.

Muito de muita coisa

Ainda dentro dos assuntos polémicos, Francisco tomou uma posição firme quanto à questão da pedofilia que envolveu vários membros da igreja católica. “Corresponde aos Bispos diocesanos e aos superiores maiores a tarefa de verificar que nas paróquias e nas outras instituições da Igreja se garante a segurança das crianças e dos adultos vulneráveis”, apontou numa mensagem enviada aos bispos de todos os países, frisando que “não existe qualquer espaço no sacerdócio para pessoas que abusam de menores”.
No mesmo documento, Bergoglio explicava que depois de vários encontros com as vítimas, a emoção foi incontrolável. “Esta experiência reafirmou a minha convicção de que devemos fazer tudo o que for possível para livrar a Igreja do flagelo do abuso sexual de menores e abrir caminhos para a reconciliação e cura dos que foram abusados”, defendeu.
Os jovens e as mulheres têm sido também uma grande área de dedicação do Chefe do Estado do Vaticano que muita preocupação tem mostrado para com os mais carenciados. “As mulheres são a coisa mais bela que Deus fez”, afirmou ao jornal italiano Il Messagero, referindo-se ao papel necessário da mulher na Igreja.
No início deste mês, o Papa Francisco chocou quando ofereceu o perdão às mulheres que abortaram e aos presos que “tomaram consciência da injustiça cometida”. Rasgando uma postura sempre defendida pela Igreja – a de rejeição do aborto – Francisco vem atribuir agora o perdão a todas as mulheres que abortaram, indicando que todos os padres católicos o deverão fazer.
“Ele não está a dizer que a Igreja passa a aceitar ou que pode ser feito, o que está a fazer é a perdoar. Porque todos nós erramos. O Vaticano, a Igreja, os seus membros também erram. Somos humanos e é isso que este Papa não esconde, é isso que ele mostra ser: humano”, defende Juliana Devoy.

Um Papa diferente

Questionada sobre o rumo diferente que Francisco trouxe à Igreja e à própria religião, Juliana Devoy não tem dúvidas. “Ele é totalmente diferente de outros Papas. Claro que cada um tem a sua personalidade e, por isso, todos tiveram o seu próprio estilo, mas eu gosto deste. O Papa [Francisco] tem um estilo diferente, algo muito próprio. Acho que ele sabe muito bem como comunicar com as pessoas, acho que ele é altamente verdadeiro e focado nos objectivos, por isso, diz coisas que muitas pessoas não diriam em voz alta. Ele não se importa, porque ele não está a fingir ser qualquer coisa, ele é íntegro, assume os seus defeitos, e da Igreja, e quer resolvê-los”, argumentou.
Para o Padre José Mario Mandía, talvez a mudança mais forte seja a capacidade que o Papa tem em mostrar como colocar a teoria em prática. “Ele é o próprio exemplo, um modelo, ele cumpre aquilo que diz. A doutrina é passada por acções que se tornam exemplos para qualquer pessoa”, defendeu.
Pegando no exemplo dos refugiados, sendo que esta semana o Papa pediu que todas as paróquias da Europa recebam pelo menos duas famílias de refugiados tal como o Vaticano vai fazer, o Padre José Mario Mandía mostra a postura de exemplo que este Papa pretende ser.
“Se todas as paróquias católicas em Espanha, Itália, Alemanha e França responderem à sua sugestão e receberem estas famílias, isto poderá significar que mais de 75 mil famílias encontrem um lar na Europa”, frisa.
Na terça-feira passada, o Papa decidiu reformular o procedimento da própria igreja na anulação dos matrimónios, tornando-o mais rápido e simples. Agora, segundo um “motu proprio”, uma carta papal, uma sentença será suficiente para anular o casamento, ao contrário do que acontecia anteriormente, em que eram necessárias duas sentenças. Todo o processo será ainda, decidiu Francisco, grátis.
“O conselho aos casais que ele deu [foi] ‘ganhem o hábito de dizer estas três palavras, Por favor, Obrigada, Desculpa’”, relembrou o também director do jornal O Clarim.
Para o padre, o Papa Francisco não veio mudar a doutrina da Igreja em nada, mas veio, sim, “mostrar em acções concretas o que significa colocá-la em prática”.

Um bom tipo

Numa entrevista ao jornal argentino Voz del Pueblo, o Papa Francisco reforçou o seu jeito simples e bem-humorado. “Quero ser lembrado como um bom tipo”, foi a resposta quando questionado sobre a imagem que quer deixar no fim do seu papado. Assumindo-se como alguém que pouco segue o protocolo, Francisco diz-se um cobarde quanto sente dores físicas. O “indisciplinado”, como o tratam no Vaticano, tem saudades de ir comer pizza à rua, mas mais que isso, sente falta dos seus passeios lá fora.
“Quando era cardeal adorava caminhar pela rua, andar de autocarro e de metro. A cidade encanta-me, sou citadino de alma (…) Não conseguiria viver no campo”, admite.
Antes de dormir, lê São Silvano do Monte Athos, que considera ser “um grande mestre espiritual”. No fim do papado, apenas quer ser recordado como “um bom tipo que tentou fazer o bem. Não tenho outra pretensão”, argumentou na entrevista, citada pelo Observador.
Numa das suas viagens, durante este ano, sobre a sua morte, Francisco terá dito “dois ou três anos e depois vou ter com o Senhor”. Uma previsão que pouco agrada aos seus seguidores que consideram que ainda “muito há a fazer”.
“Bergoglio, o Papa Francisco” ou “Papa Francisco: A História do Papa Francisco”, um filme de 2015, estreou no passado Julho na Argentina e estreia já este mês nos cinemas na Europa e na Ásia, com data marcada para 30 de Setembro nos cinemas das Filipinas.

9 Set 2015

IPM | Estudantes locais acusados de serem “estúpidos” por aluno do continente

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m estudante do Instituto Politécnico de Macau (IPM), proveniente do interior da China, terá criticado, através das redes sociais, os estudantes locais por estes não terem um nível considerado alto de conhecimento de Mandarim.  
Na página do Facebook “New UM Secrets” foi publicado, no sábado passado, um artigo escrito em Chinês simplificado, que relatava uma situação numa aula em que um professor explicava em Mandarim um termo profissional da língua inglesa, tendo sido pedido pelos estudantes locais a explicação em Cantonês ou em Inglês por estes não entenderem Mandarim.
O autor do artigo acusou os estudantes de Macau de serem “estúpidos” e “terem um nível baixo [de conhecimento] da língua”.
“No nosso lado (interior da China), quem fala Cantonês é quem não tem nenhuma educação, nem tem nenhum conhecimento. Vocês (estudantes de Macau) podem manter o vosso idioma até ao fim da vida, mas serão sempre  estúpidos”, podia ler-se no artigo publicado nas redes sociais.
O autor criticou ainda que o IPM só consiga a classificação de universidade de quatro estrelas devido à inclusão dos estudantes da China continental. É a presença deles que aumenta a qualidade da instituição, diz. “Caso contrário, vocês não passavam de uma instituição não reconhecida”, escreveu o autor.
Em resposta, Bill Chou, ex-professor da Ciência Política da UM, também na mesma rede social, deu a sua opinião defendendo que se deve “respeitar a hospitalidade daqueles que nos recebem”. Este tipo de postura arrogante e de superioridade não deve ser uma postura nos tempos que correm, frisou o académico.
O autor do artigo ainda está por identificar, sendo que se aponta para um aluno que frequenta as aulas no IPM, devido ao uso do discurso directo.
 

9 Set 2015

Turismo | Sugeridas medidas para atrair classes média e alta

A líder do grupo Energia Cívica, Agnes Lam, acha que o Governo não se pode esquecer do problema da capacidade turística que Macau tem, mas sugere o incentivo ao turismo das classes média e alta oriundas do continente e de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]presidente do colectivo Energia Cívica, Agnes Lam, pede que o incentivo à vinda das excursões seja substituído, começando por se traçar um plano de incentivo ao turismo das classes média e alta do continente e de Hong Kong. A também professora pede ao Governo para gerir a situação do decréscimo no número de entradas no território, não a considerando, contudo, preocupante.
Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de turistas, de Janeiro a Julho passados, diminuiu 3,8% comparado com o período homólogo do ano de 2014. O Chefe do Executivo, Chui Sai On, e a directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, já vieram na semana passada anunciar a implementação de medidas activas para recuperar deste número reduzido de turistas. Tal terá em conta planos de promoção de agências de viagem, hotéis e companhias aéreas.
No entanto, segundo o Jornal do Cidadão, Agnes Lam, também professora de Comunicação da Universidade de Macau (UM), discorda desta necessidade de recuperar números.
“A recessão económica não foi causada pela diminuição de visitantes, mas sim pelas medidas de combate à corrupção do interior da China e a sua influência nos negócios das salas VIP”, começou Lam por dizer. “O que aconteceu é que as receitas de Jogo ficaram abaixo da linha inicialmente prevista, altura em que o Governo começou a entrar em pânico e se esqueceu de que a implementação de certas medidas pode culminar em conflitos de políticas”, defendeu.

Que limites?

A académica acrescentou que, nos últimos anos, o número de visitantes tem vindo a aumentar exponencialmente e as ruas estão sempre cheias, pelo que urge o Governo a repensar a questão da capacidade turística da cidade.
“Na verdade, a redução de turistas não foi significativa, apenas de 3,8%, e segundo o sector turístico, a diminuição mais visível teve lugar na área das excursões, incluindo as de Hong Kong”, explicou Agnes Lam.
A líder do grupo acrescentou ainda que estes colectivos apenas vêm ao território para comprar “lembranças e bolachas” e “nem sequer passar a noite”, pelo que acredita não ser o tipo de turista a atrair em primeiro lugar. “Estes turistas não ajudam à mudança ou à diversificação do sector de turismo”, colmatou.
Agnes Lam defendeu ainda que seria frutífero investir na atracção de turistas das classes médias e altas do interior da China e de Hong Kong, como forma de desenvolver o turismo de alta qualidade, tal como o Governo havia anunciado recentemente.

Turismo | DST quer receber mais visitantes de Taiwan


A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) quer ter em Macau mais turistas oriundos de Taiwan. A ideia foi transmitida durante uma visita de um grupo de trabalho de Taiwan à RAEM e a Zhuhai, que teve como objectivo promover a realização de viagens em pacote multidestinos, abarcando as duas regiões vizinhas. “O objectivo da visita é impulsionar o turismo regional e atrair mais visitantes de Taiwan a fazerem roteiros multidestinos, beneficiando a construção de um Centro Mundial de Turismo e Lazer”, escreve a DST em comunicado. O grupo, acolhido na região entre os dias 4 e 7 deste mês, compreendia 40 responsáveis de agências de viagens e meios de comunicação de Taiwan. Além de visitar uma série de instalações da região, o colectivo teve ainda oportunidade para visitar o Centro Histórico, a vila velha da Taipa, uma exposição de arte e assistir ao concurso de fogo de artifício. Esta viagem surgiu na sequência da assinatura do Acordo entre o interior da China e Macau sobre a Criação de uma Comissão Conjunta de Trabalhos para Impulsionar a Construção de Macau num Centro Mundial de Turismo e Lazer, que permitiu a criação de uma Comissão de Trabalho especializada em lidar com estes assuntos.

9 Set 2015

Águas | Inaugurada estação de Tratamento. Planeada outra para Seac Vai Pan

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) garante que a Fase III da Estação de Tratamento de Água do Reservatório Principal tem capacidade para satisfazer a necessidade de fornecimento para os próximos cinco anos. A construção da outra estação em Seac Pai Van tem conclusão prevista para 2019, mas ainda é preciso aguardar pela avaliação do Governo.
Na cerimónia da inauguração de ontem, a directora executiva da SAAM, Kuan Sio Peng, afirmou que a obra da estação foi concluída depois da resolução de uma série de problemas, incluindo 12 suspensões da produção de engenharia para a execução das obras. Apesar de tal não ter afectado o abastecimento de água, obrigou ao investimento de 120 milhões de patacas.
“O funcionamento oficial da Fase III da Estação de Tratamento de Água do Reservatório Principal simboliza a conclusão de todas obras de expansão da estação”, começou por referir. “A sua capacidade atinge os 390 mil metros cúbicos, que satisfaz a necessidade do abastecimento de água em Macau para os próximos cinco anos” afirmou a directora executiva.
No entanto, a construção desta infra-estrutura não se fica por aqui. Kuan Sio Peng afirmou que já apresentou pedido ao Governo para a criação da Estação de Tratamento de Água em Seac Pai Van, cujo design está em andamento, e poderá aumentar, em 200 mil metros cúbicos, a capacidade do fornecimento de água em Macau, prevendo que a obra poderá ficar concluída em 2019.
No entanto, a directora da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), Susana Wong, também esteve presente e afirmou que o pedido está a ser analisado.
“Uma vez que esta estação envolve um grande investimento é necessário analisar a proposta da construção. Ainda não há um calendário para a conclusão da análise, mas tentaremos fazer mais rápido possível” disse, concordando com a necessidade da construção da estação de tratamento em Seac Pai Van.

Água sem problemas

Depois de uma visita à estação de tratamento de água da SAAM, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou que a água “não tem nenhum problema”, e todos os cidadãos podem consumi-la com confiança. 

Pac On pode abrir em meados de 2016

O terminal marítimo do Pac On poderá abrir em meados de 2016, confirmou ontem Susana Wong à TDM. Em declarações reproduzidas pela rádio, a directora dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água disse que, “se tudo correr bem”, o Gabinete para o Desenvolvimento das Infra-Estruturas vai entregar a estrutura principal do novo terminal à DSAMA no final deste ano, sendo que após “seis meses” poderá estar tudo operacional. O terminal tem sido alvo de sucessivos atrasos.

9 Set 2015

GPDP | Activistas dizem-se alvos de recolha de dados pela PJ

A possibilidade da PJ ter acesso a dados sensíveis e poder transferi-los para fora deixa membros associativos de pé atrás. PJ diz que é tudo em nome da prevenção do crime

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]íderes de associações acreditam ser alguns dos alvos da PJ no que concerne ao acesso a dados pessoais e sensíveis, recentemente autorizados pelo Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais (GPDP). O relatório de 2014 do organismo indica que a Polícia Judiciária (PJ) pediu à Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) dados pessoais de “titulares de órgãos associativos”. A notícia foi ontem avançada pelo jornal Ponto Final, que cita o documento, onde se lê que a DSI forneceu os dados para que a PJ possa “cumprir as suas atribuições legais”.
Os dados incluem nome, tipo e número de documento de identificação e cargo, mas o GPDP admite que estão envolvidos “dados sensíveis”. São esses os relativos “à visão do mundo, convicção política, associação política, relação sindical ou convicção religiosa”. Os dados podem ainda ser transferidos para fora de Macau, já que o GPDP deu autorização para tal.
Como é que a DSI tem acesso à informação destes “dados sensíveis”, o relatório não explica. O caso surpreende alguns membros de associações, como Scott Chiang, presidente da Novo Macau.
“Uau, quem me dera ver o meu ficheiro”, começa por ironizar o activista. “Se o relatório for verdadeiro, então temos de perguntar como e porque é que eles [DSI] têm esta informação tão detalhada de diferentes pessoas e porque é que eles dão à PJ autorização para ter acesso a ele. E também, por que precisaria a PJ autorização para enviar os dados para fora de Macau?”
Jason Chao, vice-presidente da Novo Macau e membro do grupo Macau Consciência, acredita ser um dos alvos e diz mesmo não entender como é que aquilo que considera ser uma violação da lei pode acontecer.
“Entendo que há coisas de questão de segurança, em que tem de se saber os dados, mas ir à convicção política é ir longe demais”, começa por dizer.
Opinião igual à de Lei Kuok Cheong, vice-director da Associação Juventude Dinâmica, que diz que o grupo já tem sofrido com investigações da PJ desde 2010, devido às críticas ao Governo. “A sede da associação foi fundada na minha casa, na zona norte, patrulhada propositadamente pela PSP, como confirmou um amigo da autoridade.”
O activista acha razoável se os dados forem para investigação de crimes, mas não se for para supervisionar e tornar Macau “uma espécie de Coreia do Norte ou China continental”.

DSI dita?

Cloee Chao, directora da Associação dos Direitos dos Funcionários de Jogo, assegurou também ao HM que acredita ser um dos alvos desta transmissão de dados, já que “sentiu pressão” quando foi acusada de desobediência qualificada pela PJ, depois de uma manifestação em Agosto.
A responsável conta mesmo que foi “já impedida pela DSI” de criar uma associação denominada “Cuidado Amoroso a Macau”, porque os estatutos da associação “tinham conteúdo político”, logo acabou por ser não foi aprovada. “Acho estranho que a DSI agora tenha esta função”, diz, acrescentando que, apesar do Governo estar a falar mais de privacidade “é o mesmo Executivo que está a destruir este [direito]”.
Scott Chiang diz não estar preocupado consigo próprio – uma vez que a sua actividade política é pública – mas admite que a acção envia uma mensagem de pressão e desencorajamento para os cidadãos que querem expressar a sua voz. Da mesma opinião partilha o director da Associação de Mútuo Auxílio dos Operários de Macau, Iam Weng Hong, que disse não se importar que a PJ tenha pedido o acesso aos seus dados, porque “tudo o que faz é do conhecimento público”. Mas, quanto à transferência de dados, as coisas já não lhe agradam e considera isso um problema.
“Creio que tanto a nossa associação como outras associações políticas e de operários não concordam, porque mesmo que os meus dados pessoais estejam limpos, não sabemos qual é o objectivo das transferências de dados para outros países, parece uma traição à privacidade de outrem e isso não é bom.”
Só Lou Sheng Hua, vice-presidente da assembleia geral da Associação de Nova Visão de Macau, diz ser aceitável o comportamento das autoridades.

“Dentro da lei”

Segundo o documento, que indica que a data desta autorização é de Fevereiro de 2014, está tudo dentro da lei. No relatório, o GPDP assegura que os membros de associações sujeitos a este escrutínio teriam de ser informados e que as autoridades só podem usar estas informações “em casos concretos”, garantindo a segurança dos titulares. Jason Chao duvida.
“Não acredito que a PJ não abuse da transferência de dados. E isto não vai ter apenas um impacto nas nossas acções, mas em toda a sociedade”, diz, admitindo que poderá pedir informações sobre este assunto, ainda que não tenha como provar que poderá ser um dos alvos. O activista diz ainda que é “ridículo” que os dados possam ser transferidos, algo “excessivo” para Lei Kuok Cheong.
Segundo a PJ, que confirma ao HM a veracidade do pedido, a razão para se terem pedido estas informações “é para combater e prevenir o crime e assistir as autoridades judiciais”. Sobre a transferência de dados para fora de Macau, a PJ indica que “não pode dizer quais os locais devido ao segredo judicial”.

9 Set 2015

Educação Cívica | Professores confusos com disciplina, apontam lado político

A um ano da disciplina de Educação Cívica ser obrigatória no ensino de Macau, os professores ainda não se sentem preparados sobre o que vão ensinar aos alunos. Dizem que o tema poderá ter um cunho político e questionam-se como é que vão avaliar os estudantes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]um ano do início da Educação Cívica obrigatória no ensino primário em Macau, depois de este ano ter começado na pré-primária, são muitas as dúvidas dos professores sobre uma disciplina que foi repudiada em Hong Kong. Em que consiste ‘amar a pátria’? Como é que tal sentimento é avaliado? Os alunos podem criticar o comportamento da China? Com que impacto para as suas notas? E os que não são chineses? Estas são algumas das questões levantadas por professores ouvidos pela agência Lusa.
A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) fala de objectivos educativos que passam pelo “reforço da consciência nacional e universalista dos alunos (…), da sua consciência cívica, com vista ao exercício de uma cidadania responsável”.
De acordo com o material a que já teve acesso, a professora primária Maggie Vai estima que entre 20 a 30% da disciplina incida sobre os chamados conteúdos patrióticos – incluindo a promoção do ‘amor à pátria’ – aqueles que levaram a uma rejeição da matéria no território vizinho.
“Não me parece muito relevante perguntar aos alunos se amam o seu país. Ensinar a história ou falar de figuras importantes, isso claro que sim. Devem conhecer [o país] mas isso tem de significar que o devem amar sem discutir?”, questiona.
Maggie Vai receia que exista um entendimento, não explícito, de que “Educação Cívica é amar Macau, o que equivale a amar a China, o que quer dizer amar o Partido Comunista”.

Chumbado por falta de amor

O livro recomendado – que não é obrigatório – usa uma linguagem que enfatiza a “valorização” da China e afasta a crítica, diz. “Se amam [a China], óptimo, mas se não amam deviam poder dizer por quê. Não vi [no material curricular] nada sobre a crítica, tudo tem de ser positivo”, comenta.
A avaliação é uma grande preocupação para a professora: “Como é que posso saber se amam o seu país? E o que significa chumbar um aluno a Educação Cívica? Que ele não tem moral?”.
Sobre a avaliação, a DSEJ garante que será abrangente, incluindo “observação do desempenho dos alunos nas aulas, registo das actividades”, interacção com o professor, “auto-avaliação dos alunos, avaliação entre colegas, intercâmbios com encarregados de educação e o pessoal envolvido”, além “dos exames tradicionais escritos”. educação patriótica
O mesmo tipo de preocupações tem o professor do ensino secundário Jack Ng, que ainda vai esperar dois anos lectivos para o ensino da disciplina. “A Matemática é algo fixo, a Educação Cívica é um pouco mais política, tem que ver com quem define a verdade e o que deve ser feito em sociedade. Acho que os professores não estão preparados para debater isto. Há um discurso que defende que devemos apresentar apenas uma resposta correcta”, alerta.
“O que significa amar um país? Podemos ser nós a definir esse amor ou temos de estar todos a falar do mesmo?”, questiona, lembrando que, apesar do manual recomendado pela DSEJ, uma publicação da China continental, não ser obrigatório, poucas escolas devem optar por criar o seu material, devido à já elevada carga de trabalho.

[quote_box_left]“Não me parece muito relevante perguntar aos alunos se amam o seu país. Ensinar a história ou falar de figuras importantes, isso claro que sim. Devem conhecer [o país] mas isso tem de significar que o devem amar sem discutir?” – Maggie Vai, professora primária[/quote_box_left]

E os outros?

Maggie Vai lembra ainda outro problema: e os alunos que não são chineses? Além da Escola Portuguesa de Macau, a cidade conta com alguns estabelecimentos de ensino internacionais e, ainda que minoritária, uma população estudantil estrangeira.
“Os alunos têm de reconhecer a sua nacionalidade como chinesa e conhecer a história da China. Mas e se não forem chineses? Temos tantos alunos internacionais”, critica.
Sobre a disciplina, a Escola Portuguesa de Macau explica que ainda não recebeu “directivas específicas”.
“Não sabemos bem o que a DSEJ pretende e não vale a pena falarmos do que não sabemos. Somos uma escola portuguesa e tem sempre de haver adaptações. Não estamos preocupados ainda”, diz à Lusa Zélia Mieiro, a vice-presidente da direcção da escola.

Macau silencioso

A disciplina de Educação Cívica foi repudiada em Hong Kong com milhares nas ruas em protesto e vai passar, agora, a ser obrigatória em Macau, onde não se espera oposição, apesar das dúvidas quanto ao ensino do conteúdo patriótico.
Uma reforma curricular tornou a matéria obrigatória nos estabelecimentos de ensino de Macau, entrando em vigor de forma faseada: este ano avançou apenas no ensino infantil, incluindo conceitos básicos, mas no próximo ganha forma de disciplina no ensino primário e nos anos seguintes no secundário geral e complementar.
Em Hong Kong, onde se chamava Educação Nacional, não chegou a sair do papel. Em 2012, uma agressiva campanha popular rejeitou a disciplina como obrigatória por receio de que tentasse forçar um sentimento de identidade nacional para com a China que muitos residentes de Hong Kong não subscreviam.
Em resposta à Lusa, a DSEJ refere que “a promoção da educação moral e cívica visa elevar a literacia moral dos alunos e as qualidades que devem possuir, enquanto cidadãos, incluindo dar a conhecer aos alunos a história e cultura da China e cultivar o seu sentido de pertença em relação ao país”.
Eric Chong, académico do Instituto de Educação de Hong Kong, que em Outubro vai abordar os “desafios da implementação da educação nacional em Hong Kong e Macau” numa conferência, prevê pouca resistência no território.
“As coisas são muito diferentes em Hong Kong. Temos uma identidade local muito forte, as pessoas sentem que é muito difícil aceitar a Educação Nacional, sentem que têm um sistema de valores muito diferente [do da China], ideias políticas muito diferentes”, explica.
Em Macau, “vai haver uma recepção muito mais fácil porque a ligação à China já existe”. “Já antes da transferência, muitos chineses que viviam em Macau queriam o regresso à China e acolheram com agrado a restauração da soberania”, lembra.
O académico explica que a criação destas disciplinas tem como objectivo a adopção plena da identidade chinesa, em particular nas regiões administrativas especiais.
“O Governo quer que os jovens do futuro tenham orgulho em dizer ‘Sou chinês’”, aponta. A introdução de tal matéria funciona como um último empurrão às transferências: “Nos jornais chineses falam sempre de uma ‘engenharia dos corações das pessoas’ para a qual a educação é uma área chave. Depois da transferência de soberania, o lado chinês sempre sentiu que as pessoas em Hong Kong, e talvez em Macau, ainda não tinham regressado, que não estavam a abraçar totalmente a identidade chinesa”.
Sublinhando que cabe à população de Macau pronunciar-se sobre o assunto, Chong alerta para alguns riscos de uma disciplina que tem sido politicamente conotada: “A ‘endoutrinação’ é uma das principais preocupações. Todos os governos querem cidadãos leais, obedientes e que os apoiem. Mas também se deve permitir que as pessoas tenham as suas próprias opiniões, um pensamento crítico”.

9 Set 2015

Diversificação da economia com MTC

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, disse ontem que a industrialização da medicina tradicional chinesa é “uma importante estratégia para a promoção da diversificação adequada da economia” local. Leong falava durante a cerimónia de assinatura de um protocolo de cooperação do parque de Medicina Tradicional e a Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited, documento que o governante considerou importante dado permitir vantagens para ambas as partes.
“A Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited aproveitará as vantagens políticas na zona de comércio livre de Hengqin e, ainda, as vantagens relativas ao projecto da plataforma internacional do Parque Industrial, acreditando que a cooperação entre as partes contribuirá para o sustentado desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa entre Guangdong e Macau”, disse.
O Secretário acrescentou ainda que acredita que a entrada da empresa chinesa no parque irá “impulsionar o modelo do desenvolvimento da abrangente indústria de saúde no Parque Industrial, e que, através do Parque Industrial, como plataforma internacional, a Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited poderá estabelecer contactos com os países lusófonos e com os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático, para exportar os seus próprios produtos de medicina tradicional chinesa”. O parque está em construção e a sua conclusão está prevista para 2017.
Mais recentemente, a equipa do Parque Industrial estabeleceu um acordo com o Fórum Macau “procurando estabelecer contactos com os países lusófonos, para a cooperação no âmbito do registo internacional e do comércio internacional”.

9 Set 2015

Casamentos falsos | Pedida investigação e revisão da lei

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Mútuo Auxílio dos Operários de Macau e a Macau Civil Power afirmaram que existem pessoas a oferecer casamentos falsos para ganhar lucros. A Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) já tem um mecanismo para perceber os casos, cooperando com o interior da China. Segundo os dados da Polícia Judiciária (PJ), de Janeiro a Julho deste ano foram 112 os casos de casamento falso, enquanto em todo o ano passado foram apenas 43 os casos registados.
Ao Jornal Exmoo, as duas associações apontaram que existem pessoas que questionam os residentes homens de meia idade no Jardim Iao Hon e Jardim Triangular sobre se são solteiros e dizem que, se ajudarem as mulheres do interior da China a casar – ainda que de forma falsa – em Macau, podem ganhar entre 60 a cem mil patacas.
Acrescentaram ainda que, quando os residentes de Macau e os seus cônjuges da China continental mudam de residência quatro anos depois do casamento, podem pedir ao organismo competente do interior da China a residência em Macau, ganhando BIR e as regalias do território. As associações pedem, por isso, ao Governo uma investigação profunda e a revisão da lei para impedir as ilegalidades.  
O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirmou também em Abril que muitas mulheres de diferentes regiões da China continental têm vontade de casar com residentes de Macau apenas para ter BIR e ganhar as regalias do Governo.

9 Set 2015

“O Desolado” candidato de Portugal a uma nomeação para Óscares

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] filme As Mil e Uma Noites, Volume 2: O Desolado, do realizador Miguel Gomes, é o candidato de Portugal a uma nomeação para o Óscar de melhor filme estrangeiro, anunciou esta segunda-feira a Academia Portuguesa de Cinema.
De acordo com um comunicado da Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas, aquele filme da trilogia de Miguel Gomes foi escolhido para representar Portugal na categoria de Melhor Filme Estrangeiro nos Óscares da Academia Americana de Cinema.
O Volume 2 conta com as interpretações dos actores Joana de Verona, Teresa Madruga, Gonçalo Waddington, Crista Alfaiate, João Pedro Bénard, Xico Xapas e Luísa Cruz nos papéis principais.
Este filme integra uma trilogia baseada no conto persa As Mil e Uma Noites, no qual a rainha Xerazade entretém o rei com histórias fantásticas para preservar a própria vida. o desolado974562
“As histórias contadas são sobre um país socialmente desesperado onde predomina o descontentamento. Esse país é Portugal”, sublinha o comunicado da Academia sobre o filme.
O júri da Academia que seleccionou o filme foi composto por Paulo Trancoso (produtor), Lauro António (realizador), André Szankowski (director de fotografia), Pedro Melo (director de som) e Miguel Monteiro (actor).
A estreia da longa-metragem de Miguel Gomes As Mil e Uma Noites, Volume 2: O Desolado, está marcada em Portugal para o dia 24 de Setembro.

9 Set 2015

Festival do Bolo Lunar | Broadway celebra com “enigma da lanterna”

[dropcap style=’circle]A[/dropcap] Broadway Macau comemora o Festival do Bolo Lunar com festas semanais que incluem o jogo “enigma da lanterna”, com direito a vários prémios. É a partir de 12 de Setembro que as hostes abrem.
Todos aqueles que gastarem um mínimo de cem patacas na Broadway ficam elegíveis para participar neste passatempo. Todos os sábados, a organização vai criar workshops de construção de lanternas, com direito a concursos para três grupos: crianças até aos dez anos, jovens entre os 11 e os 18 anos de idade e, finalmente, adultos. O último desafio e oficialização dos premiados será feito no sábado de 26 deste mês.
“Não perca a oportunidade para mostrar o seu talento no Festival do Bolo Lunar e ganhar prémios até às mil patacas no concurso de lanternas”, urge a Broadway.

Artistas coloridos

Não vai faltar, como a tradição bem manda, um desfile “colorido”, a ter lugar todos os fins-de-semana de 12 a 26 deste mês, dias oficiais da celebração. O desfile vai compreender trabalhos feitos por artistas da própria Broadway e encerra com um concerto ao vivo.
“A Broadway é já famosa pelos seus vistosos perfis e esta em especial – com 800 lanternas para oferecer aos visitantes – vai ser um luminoso acrescento às festividades deste mês do Outono”, escreve a organização em comunicado. 20150904-AM4A7192
Finalmente, terá lugar no próximo dia 25 a Full Moon Party, parte do Carnaval do Meio-Outono. O evento tem início marcado para as 21h15 horas, com direito a concertos e performance de DJs pela noite fora. Os primeiros 300 visitantes a fazer o registo online para a festa e os primeiros 300 a visitar a Broadway Macau nessa noite terão direito a sorteio de prémios no valor de cinco mil patacas.

Calendarização das actividades

Enigma das Lanternas: das 18h00 às 22h00 nos dias 12, 13, 19, 20, 25 e 27 de Setembro
Workshops de decoração de lanternas DIY: das 16h00 às 19h00 horas nos dias 12, 13, 19, 20, 25 e 27 de Setembro
Desfile de Lanternas: das 21h15 às 21h30 horas nos dias 12, 19, 25 e 27 de Setembro
Full Moon Party: das 21h30 até tarde, dia 25 de Setembro

9 Set 2015

Nina Dipla em Macau para workshops sobre Pina Bausch

[dropcap style=’cirle’]A[/dropcap] grega Nina Dipla vai estar em Macau a partir de hoje para workshops de dança que vão até à próxima sexta-feira. Na Fundação Rui Cunha (FRC) terá lugar a aula de dança “Seguindo Pina Bausch: Como dançamos?”, às 19h00 de sexta-feira, numa sessão gratuita e aberta ao público, que conta com a participação de Candy Kuok e Stella Ho. A Stella & Artists e o Teatro Aether também integram a organização.
Nina Dipla nasceu em Salónica, na Grécia, tendo sido membro, na década de 80, da Equipa Nacional de Ginástica Rítmica da Grécia, onde aprendeu ballet clássico. Foi aos 17 anos que assinou o seu primeiro contrato de performance com o Teatro Nacional de Salónica para mais tarde seguir para a Alemanha para estudar. Aí, frequentou a Universidade de Artes Folkwang, onde conheceu Pina Bausch, aclamada bailarina de origem alemã. Após conclusão do curso, em 1993, a artista participou no seu primeiro espectáculo de Bausch, o “The Rite of Spring”.

Caminho solitário

“Os contactos frequentes com reputados bailarinos  alemães, sobretudo com Pina Bausch, de quem foi assistente em 1999, inspiraram Nina Dipla a criar o seu próprio sistema educativo e seguir o caminho de ‘solo-dança’”, explica a FRC. Dipla tem feito uma série de digressões pela Ásia e pela Europa. “Apresentou-se em vários programas de dança e assumiu a direcção de performances, tendo cooperado com muitos directores notáveis, entre os quais  o famoso Tadashi Suzuki”, continua a organização.
Pina Bausch foi uma dançarina alemã nascida nos anos 40 e que faleceu em 2009, deixando presente um legado em teoria e história da dança. Entre as sequências mais marcantes está uma das mais recentes, na qual o realizador Pedro Almodôvar se inspirou para uma das sequências do seu filme ‘Habla con ella’. Pina Bausch tem uma biografia extensa, com uma série de peças de dança originais, actualmente desenvolvidas e que ganham vida em palcos por todo o mundo.

9 Set 2015

Literatura | Médico local apresenta obra sobre cultura chinesa

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]hee Vá nasceu em Moçambique e é português, mas tem, desde cedo, uma relação íntima com Macau e a China. Foi nessa perspectiva que decidiu escrever a obra “Uma ponte para a China”, com lançamento marcado para as 18h30 de hoje, na Fundação Rui Cunha. A obra fala sobre a comunidade chinesa e o seu conteúdo foi beber à experiência pessoal do autor, em tempos de aprendizagem do Mandarim, em Lisboa.
“O primeiro capítulo fala sobre a aprendizagem do Mandarim, com a descrição dos caracteres e outras coisas, mas também passa pela cultura chinesa e por elementos como o nascimento, a morte e a vida para além da morte”, começa Shee Vá por explicar ao HM. Escrita em jeito de romance, a obra é conduzida por um só narrador e é de natureza ficcional, embora baseada em factos verídicos. Isto porque, segundo o médico gastrenterologista, podem ferir-se susceptibilidades ao falar de casos reais.
Pode dizer-se que este romance começou numa sala de aulas. “A obra tem uma narradora inventada por mim que vai tomando conhecimento destas coisas à medida que contacta com os outros alunos que também estão a aprender Mandarim”, continua. “A ponte faz-se através de um casal [de estudantes] em que ele é chinês e trabalha em Portugal e ela é portuguesa”, destaca Shee Vá.

Espalhar conhecimento pelo mundo

A ideia principal não é a de somente cingir o gosto por “Uma Ponte para a China” a Macau, mas sim aos quatro cantos do mundo ou, pelo menos, a todas as comunidades por aí espalhadas que falam Português e que contactam com a comunidade chinesa.
“A ponte que se quer criar é com a comunidade lusa, nomeadamente o Brasil e os países africanos que estão neste momento em profundos contactos com a China”, informa. É que, de acordo com o autor, o conhecimento destas pessoas em relação ao tema é superficial, paralelo até.
“A comunidade local que cá está tem, provavelmente, algum contacto com a cultura chinesa, mas este não é muito profundo. O livro explica várias coisas, como a origem dos nomes chineses, algo que à comunidade portuguesa não diz nada”, argumenta o médico especialista. “Mesmo durante a Administração portuguesa, as pessoas tinham conhecimentos das coisas, mas de forma paralela e esta é a tal ponte para perceber como é que os chineses são, como é que gostam de ser tratados e quais são as hierarquias chinesas”, acrescentou, em conversa com o HM.
A obra é inteiramente escrita em Língua Portuguesa, mas compreende uma série de caracteres e frases em Chinês, como são provérbios. Shee Vá aterrou em Macau pela primeira vez em 1982, onde trabalhou até 85. Um interregno de seis anos em Portugal valeu-lhe a especialidade em Gastrenterologia e alguma experiência, para em 1991 voltar ao território. No entanto, o médico esteve outro par de anos fora para voltar recentemente, com a bagagem da experiência na área da Medicina e pronto para lançar um novo livro, que orgulhosamente apelida de romance.

9 Set 2015

UE e China investem 130ME em inovação

[dropcap style=’circle’]O comissário europeu, Carlos Moedas, anunciou ontem, em Pequim, um investimento conjunto anual, entre a União Europeia (UE) e a China, no valor de 130 milhões de euros, até 2020, na área da inovação.
“Queremos juntar a ciência fundamental com a capacidade de olhar para os clientes, e de compreender os novos modelos de negócio”, disse à agência Lusa Carlos Moedas, que detém a pasta da Investigação, Ciência e Inovação.
O comissário considera que o acordo, feito no âmbito do programa da UE Horizonte 2020, une a inovação ligada ao cliente, “em que a China está muito mais avançada”, e o “pólo de saber e da ciência fundamental” que é a Europa. conferÍncia de imprensa realizada na sede do Partido Social Democrata
O mecanismo de co-financiamento será suportado maioritariamente pela UE, com 100 milhões de euros, enquanto a parte chinesa investirá o equivalente a 30 milhões de euros.
Concebido para seis anos (2014-2020), o “Horizonte 2020” é o maior programa público de apoio à investigação e à inovação do mundo e está dotado com um orçamento de praticamente 80 mil milhões de euros, o equivalente a 8% do orçamento comunitário.

Da cooperação

Questionado sobre se a China é actualmente encarada mais como concorrente ou como parceira da UE, o comissário diz que “hoje em dia o mercado funciona de uma maneira, em que quem não coopera, não consegue sequer ser concorrente”.
Carlos Moedas reuniu-se na segunda-feira com o ministro da Ciência e Tecnologia chinês, Wan Gang, e com o presidente da Academia Chinesa de Ciências, Bai Chunli.
No mesmo dia, visitou a zona de Zhongguancun, no nordeste de Pequim, conhecida como a “Silicon Valley” da China: “Fiquei com uma impressão excelente. Vi empreendedores com grande fibra, com uma grande vontade de vencer, de construir empresas”. 6755068762_6e8558ae43_b
Ontem, o comissário partiu para Dalian, importante cidade portuária do nordeste da China, para participar do Fórum Económico Mundial “Summer Davos”, que decorre até ao dia 11 de Setembro e conta com a participação do primeiro ministro chinês Li Keqiang.
A China é actualmente o segundo maior parceiro comercial da União Europeia a seguir aos Estados Unidos, enquanto o ‘grupo dos 28’ é o principal destino das exportações chinesas.
Carlos Moedas, que não falou sobre política nacional, foi secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro português Pedro Passos Coelhos e um dos protagonistas nas negociações com os representantes da ‘troika’ – Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia.
Em Agosto de 2014, foi anunciado como o nome escolhido por Pedro Passos Coelho para representar Portugal na Comissão Europeia, integrando a equipa de Jean Claude Juncker.

9 Set 2015

Bolsa interrompida caso se registem oscilações de 5% ou mais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China planeia interromper as negociações nas bolsas, em caso de oscilações de 5% ou mais, numa medida que visa reduzir a volatilidade do mercado, de acordo com um comunicado das duas praças financeiras chineses.
Caso o índice das 300 principais companhias cotadas cair ou subir 5%, as autoridades vão suspender as negociações em ambas as praças de Xangai e Shenzhen por um período de 30 minutos, lê-se no comunicado.
Mas se o mesmo índice – que inclui empresas como o gigante bancário ICBC e estatais do sector energético como a PetroChina e a Sinopec – oscilar em 7%, as negociações serão interrompidas durante o resto do dia, acrescenta.
O documento refere que o mecanismo – designado por “interruptor” – vai “prevenir riscos na bolsa” e promover o “desenvolvimento estável e saudável do mercado de acções”.
Trata-se da mais recente medida adoptada pelas autoridades chinesas com vista a controlar o ‘estouro’ da bolha que levou a uma queda de 40% no Índice Composite de Xangai, desde o pico de Maio, e depois de ter valorizado 150% no espaço de um ano.

Estímulos excepcionais

Antes da abrupta desvalorização, o Governo chinês lançou um pacote extraordinário de estímulos, incluindo financiar uma empresa estatal para compra de acções, com vista a dinamizar o mercado.
O banco norte-americano Goldman Sachs estima que as autoridades chinesas tenham gasto 1,5 biliões de yuan para ‘segurar’ as bolsas, nos últimos três meses, segundo avança a agência de informação financeira Bloomberg.
De acordo com as medidas vigentes até à data, as acções individuais não podem subir ou descer mais de 10%.
O ministro das Finanças chinês disse na segunda-feira que os investidores que retenham acções durante mais de um ano beneficiarão de um alívio de 20% no imposto sobre dividendos, enquanto os que o façam por um mês serão favorecidos em metade da carga fiscal.
 

9 Set 2015

Comércio externo caiu 9,7% em Agosto

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] comércio externo da China, um dos motores da segunda maior economia do mundo, caiu 9,7% em Agosto, face ao mesmo mês de 2014, um decréscimo superior ao registado em Julho (8,8%). Segundo dados das alfândegas chinesas, as exportações caíram 6,1% no mês passado e numa comparação anual, enquanto as importações afundaram 14,3%. Em 2014, o crescimento do comércio externo chinês abrandou para 3,4% (cerca de metade da meta preconizada pelo governo), mas o excedente comercial da China aumentou 45,9%, atingindo o valor recorde de 382.400 milhões de dólares. No conjunto, o crescimento da economia chinesa abrandou, em 2014, para 7,3%, o mais baixo desde há 24 anos, e para este ano, a meta é “cerca de 7%”. Segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, a China é também o maior exportador do planeta, à frente da Alemanha e do Japão, e representa 12% do comércio global.

9 Set 2015

Selecção | Portugal à porta do Euro2016

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m golo de Miguel Veloso, já nos descontos, deixou Portugal a um ponto do apuramento directo para o Euro2016 de futebol, ao selar o triunfo por 1-0 na Albânia, em jogo do Grupo I.
Na Arena Elbasan, o médio voltou a vestir a camisola da selecção portuguesa passado um ano de ausência e, de cabeça, marcou o tento decisivo, aos 90+2 minutos, após um canto de Ricardo Quaresma.
Com tem sido hábito neste apuramento, Portugal esteve longe de ser brilhante, mas foi pragmático, chegou ao golo já quando o nulo era quase certo (tal como sucedeu na Dinamarca) e ficou com pé e meio no Europeu do próximo ano, em França.
Depois do desaire no arranque da campanha perante os albaneses, em Aveiro, a formação das ‘quinas’ alcançou um triunfo precioso na casa de um adversário directo e reforçou a liderança do Grupo I com 15 pontos, mais três que Dinamarca e quatro de Albânia.
Portugal, que somou a quinta vitória consecutiva no apuramento, todas pela margem mínima, repetiu o feito de 1996 e 2009 e continua com um recorde 100 por cento vitorioso nas viagens à Albânia.
Juntamente com Pepe, Miguel Veloso, antes do golo, já estava a ser uma das melhores unidades lusas em campo, num jogo em que Cristiano Ronaldo bem tentou regressar aos golos, mas demonstrou que precisa de afinar melhor a pontaria. thumbs.web.sapo
Bernardo Silva foi a surpresa no ‘onze’ de Fernando Santos, que também apostou em Miguel Veloso e Danny, e que voltou a prescindir de ter um ponta de lança, como tem sido hábito nos jogos fora, entregando as tarefas ofensivas a Ronaldo.
O seleccionador português regressou após castigo e assistiu no banco de suplentes a um início de parte muito disputado a meio-campo, com ambas a falharem muito no passe.
Com o passar dos minutos, mesmo sem grande brilhantismo, Portugal tomou as ‘rédeas’ do encontro, sobretudo após um remate perigoso de Ronaldo, que obrigou o guardião albanês a boa defesa, e um remate de Nani ao poste, em dois lances seguidos.
Pela primeira vez titular em jogos oficiais, Bernardo Silva apareceu descaído para o lado direito e deu classe à equipa portuguesa, enquanto Miguel Veloso encheu o terreno com vários roubos de bola, embora depois com pouco discernimento na altura de lançar o ataque.
A verdade é que Portugal, também com Pepe ‘imperial’ no centro da defesa, ‘secou’ a equipa albanesa na primeira parte, tanto que Rui Patrício tocou pela primeira vez na bola já o intervalo estava perto.
Sem jogar um futebol de ‘encher o olho’, a selecção portuguesa teve oportunidades para regressar aos balneários em vantagem, com Ronaldo (com os gritos Messi, Messi, Messi a crescerem nas bancadas) a testar novamente Berisha, aos 29 minutos, e depois Bernardo Silva, que, em boa posição, falhou o alvo, aos 39. ricardo-quaresma-17
Na segunda parte, Portugal entrou a pressionar mais alto e voltou a estar perto de marcar, em ambas as ocasiões por Danny, aos 56 e 60 minutos.
Com alguma surpresa, Bernardo Silva saiu para dar lugar a Quaresma, que praticamente não entrou em jogo, acabando a formação de Fernando Santos por perder alguma criatividade.
Com o passar dos minutos, o meio-campo luso foi perdendo intensidade e poder de choque, o que resultou na melhor fase da Albânia. Aos 75 minutos, Çikalleshi fez a bola embater com estrondo na barra da baliza de Rui Patrício, num lance em que a bola ainda tabelou em Ricardo Carvalho.
O jogo ficou ainda mais partido com a entrada de Éder para o lugar de Danny, uma aposta de risco de Fernando Santos e que deu lugar a um final frenético na Arena Elbasan.
A Albânia ganhou ascendente e até, a certa altura, ‘sufocou’ a selecção lusa, que mesmo assim voltou a estar perto de marcar por Eliseu, que, isolado por Cristiano Ronaldo, tentou o chapéu e falhou por centímetros.
Quando era quase certo o nulo, na marcação de um pontapé de canto, Miguel Veloso subiu mais alto e deu o triunfo a Portugal, aos 90+2 minutos, dando a melhor sequência a um cruzamento de Ricardo Quaresma, na direita.

9 Set 2015

Prostituição, Um inquérito simples

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]nda no ar a discussão da prostituição em Macau. Em boa hora, porque há muito a fazer, porque há muito para falar sobre o assunto. Alguns sectores da sociedade defendem a criminalização; eu defendo exactamente o oposto: a legalização total, com reconhecimento profissional dos trabalhadores(as) do sector incluído de todos os “quês” que isso envolver ao nível de apoio social, médico, escolar; como os outros.
Já antes escrevi nesta coluna sobre as minhas motivações, mas hoje explico como cheguei lá. Não por via de inclinações ou incompatibilidades religiosas ou morais vigentes; mas pela via da razão. A razão que emana do substrato da questão; cheguei também “contaminado” pela minha visão de bem comum, ou seja: todos os factores o que permitam sociedades de coexistência pacífica entre cidadãos, tolerantes, de igualdade de oportunidades, que não discriminam entre seres humanos, que nos elevam no seu todo para além dos sentimentos básicos, solidárias e capazes de prover apoio social, escolar e de saúde a todos os seus membros e a mais alguns que venham. Em nossa casa deve haver sempre lugar pelo menos para mais um. 57626705_770x433_acf_cropped-770x433
A possibilidade de criminalização da prostituição choca frontalmente com a minha definição de bem comum. Para melhor avaliar a questão coloquei-me umas quantas questões básicas. Mas são as minhas respostas, e eu sou falível. Tudo é falível. Mas rejeite-as, caro leitor, rejeite-as e responda com as suas. Crie novas perguntas até, mas prove-me que criminalizar a prostituição é uma coisa boa.

Porque é que existe prostituição?

Porque dá dinheiro.

Porque é que dá dinheiro?

Porque tem clientes.

Porque é que tem clientes?

Porque as pessoas gostam e precisam de sexo.

E só porque as pessoas gostam é razão para legalizar um negócio?

Normalmente é, desde que não mate gente. As armas são autorizadas, os carros podem vir para a rua a emitirem gases poluentes… Enfim, de uma forma geral, desde que não mate gente de forma óbvia e directa, a resposta terá de ser sim. Mas para além de gostar, precisam. Se quisermos, sexo é um direito humano, ou a possibilidade de a ele ter acesso. Se não pela via romântica, então que exista a via profissional. O prazer sexual é inalienável da condição humana e a satisfação sexual necessária ao equilíbrio dos indivíduos. E agora ataquem-me.

Mas e se este negócio, ou satisfação de necessidade, for contra a moral vigente?

A satisfação de uma necessidade humana legitima não deveria ser alvo da moralidade, como saciar a sede não é. Depende da forma como se sacia. Urbanidade.
Qual moral vigente? A moral religiosa? Se for a moral religiosa um estado laico não pode confundi-la com bem comum. Se a moral vigente conduzir à discriminação de seres humanos, a ameaças de saúde pública ou à exploração laboral, a moral vigente tem de ser mudada. A bem de todos. Parece-me claro.

E vamos dar carteiras profissionais às prostitutas e aos prostitutos?

Até lhes dava uma Ordem de classe! Sim, um mercado regulado é menos propenso à marginalidade. Estatuto profissional permite-lhes condições de trabalho dignas e evita tráfico humano e trabalho em situação de escravatura. Permite-lhes ordenados e regalias para suportarem famílias e proporcionarem opções de vida aos seus filhos; como aos outros. TYIUTUEW
Além disso, por estarem sujeitos a intervirem na propagação de doenças devem estar obrigados a rigorosas medidas de sanidade, situação difícil de implementar num sector semi-ilegal; tal como um atleta é obrigado a fazer exames médicos antes de competir ou qualquer um de nós antes de entrar no mais vulgar emprego.

Agora também temos de pagar os estudos dos filhos das putas?!…

Alegoricamente, e no pior sentido, já o fazemos nalguns casos infelizes. Mas sim, se pretendermos um mundo melhor temos de dar oportunidades aos nossos cidadãos de criarem gerações melhores, mais instruídas, mais capazes. Mesmo, ou especialmente, aos filhos das putas. E dos putos.

Vender o corpo é degradante. Nenhuma pessoa do mundo se deveria sujeitar a isso. Isso não é contra a moral, o bem comum e a dignidade das pessoas?

Em primeiro lugar prostituição não é vender o corpo. É uma prestação de serviços e pode ser um acto voluntário. Tal como um massagista, ou um psicanalista prestam um serviço. O serviço prostituição normalmente termina quando o cliente se vem; penso que podem ser discutidos pacotes para clientes mais energéticos, mas o principio é esse. O serviço do massagista termina, normalmente, quando cliente se vai; o do psicanalista pode durar uma vida inteira. As grandes diferenças é que na prostituição e na massagem há uma intervenção física clara enquanto a do psicanalista se fica por um contacto mental mas não menos íntimo por isso. No serviço prostituição há trocas de líquidos entre paciente e terapeuta e partes do corpo de um podem penetrar, ou ser penetradas, pelas do outro. Na psicanálise, há trocas de pensamentos e partes das ideias de um podem penetrar, ou ser penetradas, pelas ideias do outro. Lugar comum: todos eles prestam serviços de bem estar físico e emocional. Não será a(o) prostituta(o) um terapeuta?

E não se pode acabar com essa necessidade de sexo?

(…)

Mas afinal as pessoas precisam de sexo para quê?

Preciso mesmo de responder a isto?
(…)
Por uma questão de bem estar físico e emocional. Porque o sexo, ou a actividade sexual, é essencial ao equilíbrio dos indivíduos. Uns precisam de mais, outros precisam de menos. Uns comem uma salada e ficam satisfeitos outros precisam de dois hambúrgueres. Uns preferem o gelado na taça, outros o gelado no pau…. mas todos, em maior ou menor grau, gostam de gelado. Uns têm sorte e encontram na sua relação tudo o que precisam. Outros não. Outros nem têm relação. Mas a grande maioria precisa de sexo. Será humano criminalizar um serviço que muitos precisam e não faz mal a ninguém, mas antes pelo contrário? Alternativa, uma sociedade de gente tensa, stressada e frustrada? Seguramente, uma sociedade hipócrita.
Sexo é melhor com amor – impróprio discordar – mas não impossível sem este; não desnecessário sem este. Sexo é fabuloso com a pessoa (ou pessoas) da nossa vida, mas não é por não termos a pessoa (ou pessoas) da nossa vida que vamos deixar de ter sexo. Às vezes, a única forma de ter sexo é recorrendo a profissionais. Uma “queca profissional” soa a algo absolutamente tentador, ou não?
Cada um é livre de escolher as suas opções, inclusive de não ter sexo. Mas não podemos confundir o bem comum com o bem de alguns.
Eu quero poder ter sexo, seguro e se à prostituição tiver de recorrer, quero poder pensar que o prestador do serviço não está a ser violentamente explorado, que é alguém que pode educar os seus filhos e a ter uma vida tão digna como aquela que desejamos para nós e para as nossas famílias. Como a do nosso psicanalista, ou a do nosso massagista, ou de qualquer outro profissional. Legalizar é um movimento para cima e para a frente. Criminalizar é um regresso às catacumbas.

Música da semana: Naturalmente… Marvin Gaye’s “Sexual Healing”

“(…)And when I get that feeling
I want sexual healing
Sexual healing, oh baby
Makes me feel so fine
Helps to relieve my mind
Sexual healing baby, is good for me
Sexual healing is something that’s good for me. (…)”

9 Set 2015