Covid-19 | Díli quase parada, mesmo sem restrições de circulação no estado de emergência

[dropcap]A[/dropcap] população de Díli parece ter ido mais longe do que as próprias restrições do Governo relativas ao estado de emergência e hoje deixou a cidade praticamente deserta, com cada vez menos gente nas ruas e mais lojas fechadas.

Durante toda a semana esta tendência foi crescendo, com responsáveis nos municípios a reportarem a chegada de muitas famílias provenientes da capital, num movimento que ecoa tempos passados de outros medos.

Quando a situação se agrava – seja no passado pela segurança, como agora pelo medo à covid-19 -, a reação de muitos é abandonar a capital e seguir para o interior do país, um refúgio para muitos, especialmente os que vivem em Díli em situações mais precárias.

Esse sinal viu-se ao longo da semana nas zonas das ‘microlets’ e ‘biscotas’ – os transportes públicos mais usados – nas saídas para sul, leste e oeste da capital, mas até começou pelas ‘angunas’, os camiões amarelos carregados de arroz a sair para outras cidades.

Muitos dos habitantes da capital timorense, incluindo funcionários públicos, optaram por sair das ruas mesmo antes do início do estado de emergência, que começou hoje, e sem que fossem conhecidas as medidas restritivas.

Muitas lojas fecharam, tanto de comerciantes timorenses como de comerciantes chineses e de outros estrangeiros, vários ministérios reportaram menos funcionários – o Governo começou a dispensar funcionários não essenciais – e outros habitantes da cidade simplesmente fecharam-se em casa ou saíram da cidade.

As escolas e as universidades estão fechadas – e assim vão continuar – e todos os momentos de culto passam a ser não presenciais, mesmo os da Páscoa, algo que também ajudou a reduzir a presença de cidadãos nas ruas.

Daí que, hoje, a cidade tenha sido pautada pelo movimento reduzido de pessoas e viaturas, especialmente durante a tarde, com ruas desertas, especialmente as outrora movimentadas zonas comerciais, Colmera e Audian.

Mais reduzida é igualmente a presença de vendedores ambulantes, quer os miúdos que transportam a fruta pendurada em paus de bambu, quer alguns vendedores nos mercados, um pouco por toda a cidade.

O Governo não aprovou restrições à circulação nem restrições comerciais, mas as opções para os cidadãos ficam agora mais reduzidas, sendo suspensos todos os transportes públicos, tanto em terra como marítimos, deixando assim praticamente isoladas as populações do enclave de Oecusse e da ilha de Ataúro.

O transporte de bens e serviços está permitido, mas os navios não podem transportar passageiros. O efeito total das medidas, apesar das menores restrições do que era esperado, só se notarão na segunda-feira, quando os serviços voltarem a funcionar e as lojas a abrir.

Vários proprietários de empresas ouvidos pela Lusa dizem ter já recebido telefonemas de empregados a dizer que não iam trabalhar.

29 Mar 2020

Covid-19 | Portugueses em Macau arrecadam mais de 440 mil patacas para ajudar Portugal

[dropcap]O[/dropcap] movimento solidário de Macau já conseguiu mais de 440 mil patacas para compra de material médico destinado a Portugal para combater a covid-19, disse hoje à Lusa o presidente do BNU. Carlos Álvares indicou que o montante actual é de 440,327 mil patacas.

A angariação de fundos estende-se até 5 de Abril e foi anunciada na terça-feira por um movimento solidário que junta duas dezenas de entidades e personalidades de Macau. O objectivo é, em cerca de 12 dias, recolher fundos para adquirir equipamento de proteção para os profissionais de saúde em Portugal e material que garanta mais testes para despistar a covid-19.

As entidades criaram uma conta no Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau, com o número 9016556516, sob o nome COVID19 – Portugal Conta Solidariedade.

Entre as várias entidades do território promotoras do movimento conta-se a Casa de Portugal, a Santa da Casa da Misericórdia, a Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau e a Associação de Imprensa em Língua Portuguesa e Inglesa, entre outras.

Na apresentação do movimento, a conselheira das comunidades portuguesas em Macau, Rita Santos, sublinhou à Lusa a importância de se conseguir mobilizar a comunidade, sem esquecer o desafio que representa a aquisição do material na China, bem como a logística de envio para Portugal.

O movimento solidário conta com o apoio institucional do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e do Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Em Portugal registam-se 100 mortos e 5.170 infectados, de acordo com a Direcção-Geral da Saúde. Dos infectados, 418 estão internados, 89 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

29 Mar 2020

Covid-19 | Com mais de 9.500 infectados, Coreia do Sul impõe quarentena a todos os que chegam ao país

[dropcap]O[/dropcap] governo da Coreia do Sul anunciou hoje que todas as pessoas que chegarem ao país a partir da próxima quarta-feira terão de ficar em quarentena por duas semanas, para evitar a expansão da covid-19.

O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro sul-coreano, Chung Sye-kyun, numa altura em que as autoridades registaram um aumento no número de pessoas que chegam à Coreia do Sul de outros países e que já estão infetadas com o novo coronavírus, que provoca a covid-19.

Segundo os dados mais recentes, a Coreia do Sul registou até agora 9.583 casos de pessoas infectadas pelo vírus, 105 das quais nas últimas 24 horas. Desses novos casos, 41 eram estrangeiros, incluindo 23 da Europa e 14 da América, informou hoje o Centro de Prevenção de Doenças Infecciosas (KCDC) da Coreia.

O primeiro-ministro da Coreia do Sul indicou, em declarações a agência local Yonhap, que a quarentena deverá ser observada por todos os visitantes, independentemente da sua nacionalidade e país de origem, e que, caso não possuam um endereço local, permanecerão em instalações oficiais, com as despesas cobertas por quem chega ao país.

Os turistas europeus já precisavam de cumprir uma quarentena de duas semanas após a chegada à Coreia do Sul, com ou sem sintomas, e os que chegavam dos Estados Unidos tinham de se isolar voluntariamente em casa pelo mesmo período.

“O governo reforçou as medidas de quarentena para aqueles que vêm da Europa e dos Estados Unidos, mas, dada a velocidade com que o vírus se está a espalhar globalmente, precisamos de medidas adicionais”, acrescentou Chung.

29 Mar 2020

Covid-19 | Macau anuncia mais dois casos importados de Portugal. Já há 37 infectados

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram hoje mais dois casos importados de contágio da covid-19 provenientes de Portugal, elevando o número de infectados no território para 37 desde o início do surto do novo coronavírus. Trata-se um português de 32 anos de idade, residente de Macau, noivo do 11.º caso confirmado no território, que esteve a visitar a família no Porto com a sua noiva sul-coreana, regressando a Macau no dia 14 de Março.

“Como este indivíduo tinha sido considerado como um caso do contacto próximo esteve desde o dia 16 de março em observação médica no Centro Clínico de Saúde Pública”, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

Após vários testes negativos, o português realizou hoje um de teste do ácido nucleico e revelou positivo, “confirmando a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”, acrescentaram as autoridades.

Já o segundo agora anunciado trata-se de um residente de Macau, de 21 anos de idade, que voltou para Macau também vindo de Portugal.

“Chegou a Macau na madrugada do dia 15 de Março, foi sujeito à observação domiciliária conforme as medidas em vigor na altura”, informou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

Após a realização de vários exames, hoje “foram realizados novos testes de zaragatoa nasofaríngea e os resultados foram positivos para a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”. Em cerca de 24 horas o território registou quatro novos casos, todos importados.

Após Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, nos últimos 13 dias foram identificados 27 novos casos, todos importados.

Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território.

29 Mar 2020

Macau conta já com 34 casos de infecção com covid-19

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram esta sexta-feira mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 34 desde o início do surto do novo coronavírus. Trata-se de um homem, residente de Macau, de 43 anos, que esteve em Manila desde novembro de 2019, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

No dia 18 de março, o residente de Macau, acompanhado pelos dois filhos, apanhou o voo CX902 (Assento 14A, business class) da Cathay Pacific Airways com a partida de Manila (Filipinas) e destino Hong Kong”. O homem e os filhos foram, de seguida, transportados da antiga colónia britânica para Macau através do serviço de transporte institucionalizado pelas autoridades do território.

“De acordo com as medidas em vigor naquele momento, foram encaminhados para isolamento domiciliário por um período de 14 dias pelos inspetores dos Serviços de Saúde no posto fronteiriço”, acrescentaram as autoridades.

Esta sexta-feira o homem testou positivo, “confirmando-se pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”, detalharam. Após Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, nos últimos 12 dias foram identificados 24 novos casos, todos importados.

Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 112.200 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 292 mil infectados e quase 16 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 8.165 mortos em 80.539 casos registados até quinta-feira.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 4.858, entre 64.059 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são desde quinta-feira o que tem maior número de infectados (mais de 85 mil).

A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.340 casos (mais de 74 mil recuperados) e regista 3.292 mortes. A China anunciou quinta-feira 55 novos casos, quase todos oriundos do exterior, e mais cinco mortes, numa altura em que o país suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo residentes.

Os países mais afectados a seguir a Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.378 mortes reportadas (32.332 casos), a França, com 1.696 mortes (29.155 casos), e os Estados Unidos, com 1.178 mortes.

O número de mortes em África subiu hoje para 85, com os casos acumulados a ultrapassarem os 3.200 em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia.

Vários países adoptaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

28 Mar 2020

Macau Solidário | 105 mil patacas em menos de 48 horas

[dropcap]A[/dropcap] comunidade portuguesa em Macau já arrecadou 105 mil patacas em menos de 48 horas para comprar material médico para Portugal associado ao combate do surto da covid-19. O valor foi avançado à agência Lusa pelo presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU), Carlos Álvares.

O dinheiro angariado, num tão curto espaço de tempo, “é animador”, disse a presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, uma das entidades que pertence ao movimento solidário que se propõe recolher fundos para adquirir equipamento de protecção para os profissionais de saúde em Portugal e material, que garanta mais testes para despistar a covid-19.

O movimento junta quase duas dezenas de entidades e personalidades e, em cerca de 12 dias quer apoiar Portugal “no esforço de guerra” face ao surto do novo coronavírus, estabelecendo como prioridade a aquisição de equipamento que proteja todos aqueles que estão na linha da frente e a capacidade nacional de detecção de casos, explicaram os seus membros.

27 Mar 2020

Os idiotas

[dropcap]S[/dropcap]eguindo o caminho inverso da obra de Dostoievski, o mais longe possível da pureza de espírito que torna um ser humano impróprio para a sociedade, os idiotas de hoje são um perigo para a humanidade. Bolsonaro diz que o covid-19, que matou mais de 22 mil pessoas à hora em que escrevo esta coluna, não passa de um resfriadinho e que o que é preciso é voltar ao trabalho. Isso da vida pode parecer muito bonito, mas a economia precisa de sacrificar uns quantos no divino altar do lucro. Isto, numa altura em que o novo coronavírus alastra pelo Brasil livremente.

Donald Trump recomenda em conferência de impresa medicamentos contra a malária que não foram testados como medicação contra o covid-19, com base no relato de provas anedóticas, porque é um “smart guy” e tem “bom feeling” que pode revolucionar a farmacologia. O resultado foi a morte por envenenamento de, pelo menos, um seguidor cego do homem laranja. Trump começou por dizer que isto não é nada, que o novo coronavírus é menos perigoso que a gripe normal, para no passo seguinte entrar em pânico, apontando culpas para onde está virado.

Estes tipos têm em mãos as vidas de bem mais de 500 milhões de pessoas. A arrogância e cálculo político estão bem acima de qualquer preocupação com saúde pública, não olham para a comunidade científica como algo legítimo, mas como inimigos que vaticinam inconveniências. Votar nestes gajos vai muito além de atirar um calhau à janela do establishment, é um tiro no pé, para ser simpático. Temo pelos povos que governam.

27 Mar 2020

O mais alto responsável

[dropcap]O[/dropcap] antigo mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, anunciou que se retiraria da corrida a representante do Partido Democrata nas Presidenciais deste ano, por falta de apoio entre os membros do Partido. Esta decisão foi tomada depois de ter gasto mais de 600 milhões de dólares na campanha. O que será que torna o poder tão apelativo? Será uma questão de promoção pessoal ou a vontade de servir o povo? São duas possibilidades. Mas se os politicos não tiverem cuidado, assumir um alto cargo pode, em última análise, conduzi-los ao descrédito e à ruína das suas carreiras públicas.

Prefiro designar aqueles que se encontram à frente de um país ou de uma região como “o mais alto responsável”, por me parecer a forma mais apropriada. Demasiadas pessoas receberam ao longo da História o epíteto de “grande líder”, no entanto a maioria acabou por não realizar nada de verdadeiramente “grande”.

Também não será muito apropriado apelidá-los de “líderes supremos”, já que a incompetente liderança de alguns causou a sua própria morte. Designar aqueles que ocupam o mais alto cargo político como “responsável máximo” é uma forma de lhes conferir o sentido de responsabilidade. Os políticos têm de ser responsáveis por todas as suas acções. Se não querem assumir essa responsabilidade, então porque é que se dão ao trabalho de encetar uma carreira política?

A epidemia de covid-19, que teve início em Wuhan, na China, já se espalhou por todo o globo. É um novo coronavírus com características semelhantes à gripe e ao vírus da SARS (Síndrome Respiratório Agudo Grave). Este novo surto tem feito mergulhar muitos governos no caos e representa um desafio às capacidades governativas do “responsável máximo” de cada país e de cada região, particularmente para os governos da China, de Taiwan, Hong Kong e Macau.

Tsai Ing-Wen, a actual “responsável máxima” de Taiwan, que ganhou a eleição presidencial a 11de Janeiro último, teve de enfentar a crise da covid-19 pouco depois da sua reeleição. As lojas e as escolas continuam a funcionar embora o Governo tenha impedido os estrangeiros de entrar no país. Apesar de a sociedade ainda estar a funcionar, a prevenção e o controlo da doença em Taiwan têm sido bastante eficazes, registando-se até à data apenas 200 casos confirmados. Este facto demonstra que as medidas adoptadas têm sido correctas, apesar do arrefecimento das relações com a China ter causado uma quebra no turismo, o que em certa medida tem ajudado a manter o baixo número de infectados. Tsai Ing-Wen e o seu braço direito Chen Shih-chung, têm dado provas de idoneidade e de responsabilidade.

Por outro lado, na RAE de Macau, o desempenho de Ho lat-seng tem sido amplamente apreciado pela população. No discurso que proferiu há poucos dias, explicou que, depois de bem informado, podia tomar medidas decisivas e rápidas, como ficou provado pelas acções atempadas que tomou para evitar a propagação do vírus. O encerramento temporário dos casinos e de todas as salas de espectáculo evitou a contaminação comunitária da covid-19 e beneficiou a população. Estas medidas deixaram os opositores

Ho lat-seng sem argumentos para o criticar. Com as reservas que Macau acumulou nos últimos 20 anos, Ho lat-seng pôde gerir a situação sem ter de abrir as portas e fazer entrar pessoas infectadas da China, e ainda conseguiu fazer regressar a casa os residentes que estavam no estrangeiro. No primeiro teste a que foi submetido após assumir o cargo, Ho lat-seng passou com nota elevada. Agora, o outro desafio que tem pela frente, é a recuperação económica no período pós-epidemia. Para isso, é preciso esperar que a China retome o regime dos “Vistos Individuais” para os continentais que queiram visitar Macau, o que significa que a retoma depende dos turistas vindos da China. No cômputo geral, Ho lat-seng tem evidenciado claramente estar à altura das responsabilidades do seu cargo.

A “mais alta responsável” de Hong Kong é Carrie Lam, que possui uma personalidade particular. Cada acção que empreende, embora bem intencionada, tem-se revelado contra prudecente. Por exemplo, durante a agitação criada pelo” Movimento Contra a Lei de Extradição”, que até hoje ainda não se encontra completamente solucionada, Carrie Lam recorreu à estratégia do “uso da força para combater a violência e prender agitadores para parar o caos”. Esta estratégia só fez com que a violência e as prisões fossem aumentando, tendo sido detidos diariamente inúmeros jovens. Com Hong Kong ainda mal recuperado deste período conturbado, os esforços de Carrie Lam para impedir a propagação da covid-19, tentando impôr aos outros as suas convicções pessoais, não tiveram bom resultado. Quando se impede os bares de vender alcoól, não é normal que passem a vender outras bebidas? Esta decisão de Carrie Lam foi muito pior do que determinar o encerramento temporário dos bares. A forma como o Governo continua a lidar com a compensação económica das pessoas afectadas por esta crise não é a melhor, a distribuição de 10.000 HKD pelos residentes não vai remediar a situação. Hong Kong tem mais casos confirmados de covid-19 do que Taiwan e do que Macau, mas o Governo fechou as portas aos residentes destas duas regiões, de forma a transferir a sua responsabildade para os outros, mas acreditando que está a cumprir a sua missão. Carrie Lam, como “responsável máxima” de Hong Kong, poderá tornar-se na “maior devedora” e o momento da “liquidação” está a chegar.

Wuhan foi a primeira cidade da China a ser posta em isolamento devido ao surto de covid-19, e Hubei a província onde se registou o maior número de casos a nível nacional. O sacrifício imposto a Wuhan e a Hubei salvou efectivamente o país, mas o que é que os responsáveis fizeram nos dez dias que mediaram entre a declaração do primeiro caso e a implementação das medidas de isolamento? Ainda continua a faltar uma resposta a esta pergunta. E só encontrando a resposta e a verdade podemos ficar a saber quem é realmente responsável.

Tornar-se o “mais alto responsável” é o sonho de muitos políticos. Mas aqueles a quem falta capacidade, sabedoria, personalidade forte e ideais sólidos, apenas estão a ir ao encontro de dificuldades. E o pior de tudo é que irão partilhar essas dificuldades com os outros.

27 Mar 2020

Covid-19 | Taxista sem máscara motiva queixa

[dropcap]O[/dropcap] Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus recebeu ontem uma queixa contra um condutor de táxi que não estaria a usar máscara durante o serviço. Além desta denúncia, dirigida ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) foram ainda registados mais 63 casos, sobre medidas de migração, medidas de isolamento, atestado médico, medidas de migração para portadores de documentos estrangeiros, do Interior da China e TNR, exame médico e medidas de migração para residentes da RAEM.

Já na Direcção dos Serviços de Turismo (DST), foram registadas 33 queixas, com destaque para as situações relacionadas com os indivíduos em isolamento, onde consta “a má atitude dos serviços do hotel” ou dificuldades na “formas de deslocação a Hong Kong”. Das 08h00 do dia 25 de Março até às 08h00 do dia 26 de Março de 2020, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus recebeu, no total, 486 pedidos de informação.

27 Mar 2020

AL aprova orçamento rectificativo com medidas que protegem empregos e PME

[dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa aprovou ontem por unanimidade o orçamento rectificativo apresentado pelo Governo, que prevê um défice de 38,950 mil milhões de patacas. Este valor tem em conta o pacote de estímulo à economia, assim como uma redução das receitas do jogo de 260 mil milhões de patacas para 130 mil milhões, à luz da pandemia do covid-19.

Em resposta às dúvidas dos deputados, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, destacou a importância de proteger o sector das Pequenas e Médias Empresas, que é visto como chave para a resistência à crise.

“Temos de salvaguardar as PME durante este período. Não sou um especialista nesta matéria, mas conto com a minha equipa neste aspecto. Actualmente as PME ocupam 90 por cento do tecido empresarial e garantem 40 por cento dos postos de trabalho. Se estabilizarmos a situação das PME vamos conseguir estabilizar a sociedade”, sustentou Lei. “O importante é assegurar o emprego permanente dos cidadãos. Mesmo que haja uma redução nos salários, mantemos as pessoas com rendimentos”, apontou.

O secretário mostrou-se optimista na capacidade de resposta à pandemia, mas reconheceu que após esta fase é necessário diversificar a economia. “Posso dizer que nunca tínhamos enfrentado uma situação como esta. […] Mas, vai chegar a Primavera. Vamos conseguir ultrapassar esta fase, temos de insistir”, sublinhou.

No debate, as deputadas Agnes Lam e Song Pek Kei questionaram o Executivo sobre a necessidade de injectar ainda mais dinheiro na economia, além dos apoios anunciados. A hipótese não foi afastada: “Neste momento a situação está sempre a evoluir e a alterar-se. Se houver outras necessidades não descartamos a possibilidade de voltar à Assembleia Legislativa para apresentar outro orçamento retificativo”, reconheceu.

Com um défice de quase 40 milhões de patacas, o Governo vai ter de recorrer à reserva financeira que em Fevereiro era de 577,6 mil milhões de patacas. Na AL, o secretário apelou à responsabilidade dos deputados face às propostas despesistas: “Esta reserva financeira é o resultado de uma poupança de 20 anos e vamos gastá-la de forma responsável. Mas no futuro vamos enfrentar muitos desafios e incertezas. Vamos ter de estar preparados para em tempos incertos fazer coisas certas”, justificou.

Pacote de benefícios fiscais

Isenção, por seis meses, do imposto de turismo a hotéis, health clubs, saunas, massagens e karaokes
Dedução no imposto complementar de rendimentos num limite de 300 mil patacas

Subida do montante fixo anual do rendimento de trabalho não colectável de 25 para 30 por cento
A percentagem de devolução do imposto profissional de 2018 sobe para 70 por cento e até a um limite de 20 mil patacas

Isenção de contribuição predial urbana de 2019 para casas em nome de residentes locais
Dedução de 25 por cento na contribuição predial urbana para hotéis, escritórios, espaços comerciais e industriais

Isenção do imposto do selo para alvarás e licenças administrativas e devolução dos montantes já pagos
Isenção do imposto de circulação, ou devolução dos montantes já pagos, para veículos com fins comerciais, de escolas ou autocarros públicos

Os donativos em Macau e no Interior da China para combater a pandemia passam a ser deduzíveis nos impostos sobre os rendimentos

27 Mar 2020

Hubei | Disponibilizado apoio a residentes de Macau

[dropcap]A[/dropcap]inda há cerca de 96 residentes de Macau na Província de Hubei. No entanto, a região já tomou medidas de maior abertura, “já têm meio de transporte para sair”, explicou ontem Inês Chan. A representante da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) disse que os residentes aí retidos foram já informados de que se precisarem de documentos para saírem será providenciada ajuda, acrescentando que o Gabinete de Assuntos de Macau e Hong Kong em Hubei também pode prestar apoio.

De acordo com Inês Chan, alguns residentes já estão a sair, havendo informações de que alguns se deslocaram a outras cidades do Interior da China. E frisou que regressar à RAEM é uma escolha “deles”. “Se regressarem têm de cumprir as medidas que Macau já tomou, como observação médica”, disse.

Por outro lado, Lei Wai Seng, médico adjunto da direção do Centro Hospitalar Conde São Januário respondeu que “a melhor medida é a permanência no local, porque quanto mais circulação, mais infecção”. No entanto, frisou que não recusou entrada a qualquer residente, e que cabe a estes reflectirem sobre o seu percurso e segurança.

Aproveitou ainda para reiterar o apelo à sociedade para “prestar mais compreensão a estas pessoas”, declarando que “não podemos discriminar estas pessoas”. Lei Wai Seng deu como exemplo os estudantes no estrangeiro, apontando que uns optaram por regressar por entenderem que o risco no estrangeiro é mais elevado, enquanto outros optaram por permanecer fora.

27 Mar 2020

Covid-19 | Governo quer hotéis maiores para observação médica

Para facilitar o trabalho, o Executivo prefere recorrer a hotéis maiores para quem fica sob observação médica. Se por um lado, são precisos quartos para quem chega, por outro, há hipótese de serem transferidas pessoas cujos domicílios não reúnem condições

 

[dropcap]A[/dropcap] utilização de hotéis pequenos para observação médica é um plano de reserva. Pretendem-se hotéis que permitam uma maior concentração de pessoas para evitar deslocações dos trabalhadores e para que “haja uma melhor gestão dos que estão em quarentena”, disse ontem Inês Chan, dos Serviços de Turismo. Vão ser feitos estudos para avaliar a viabilidade de usar hotéis em complexos de resort para efeitos de observação médica, uma vez que é necessário dividir uma zona exclusiva para o funcionamento das quarentenas de forma a “reduzir ao máximo o impacto para os restaurantes e outras lojas”.

Alguns hotéis já perguntaram sobre como deve funcionar a observação médica e vão comunicar com os responsáveis. “Quanto à parte dos complexos, têm de discutir se têm vontade de fazer ou não esta divisão”, apontou Inês Chan, que esclareceu que a separação tem de ser física e não apenas de um corredor. Assim, reiterou a necessidade de os engenheiros serem consultados para estudarem a planta e disposição das lojas de forma a confirmar a viabilidade técnica da separação. Os restantes estabelecimentos dos complexos poderão continuar a funcionar, mas poderá haver ajustamentos, embora a representante da DST indique “não serão significativos”.

Em resposta aos jornalistas, Inês Chan disse que a negociação com os hotéis para discutir se há condições para serem usados para observação médica “envolve sempre muitos problemas”, um dos quais o preço. No entanto, frisou que esse é um assunto menos discutido.

O Hotel Royal Dragon passou ontem a ser usado para observação médica. O espaço designado pelo Governo tem 144 quartos, e mantiveram-se as promessas de procurar mais instalações.

Avaliação ao domicílio

A representante observou que mais de 700 residentes manifestaram vontade de regressar a Macau nos próximos dias, tendo em conta a situação epidémica do local onde estão, e já forneceram informações dos seus voos. Assim sendo, apontou a necessidade de preparar mais hotéis para observação médica por incapacidade de prever qual será a evolução epidémica. Inês Chan disse ainda que estão a ser feitas avaliações a pessoas que estão em quarentena domiciliária, mencionando a hipótese de ter hotéis em reserva no caso de ser necessário proceder a algumas transferências.

Leong Iek Hou, do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, disse que tem vindo a ser feita uma avaliação às casas de quem está em quarentena domiciliária para verificar se reúnem condições. Caso estas não se verifiquem, as pessoas são encaminhadas para outros locais onde terminarão o período de quarentena restante.

Mais dois casos

Há dois novos casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, comunicou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. São dois trabalhadores não residentes de nacionalidade filipina que no dia 17 de Março chegaram a Macau, vindos das Filipinas, através de Hong Kong, no voo CX930. Com base nas medidas da altura ficaram em isolamento domiciliário.

O primeiro caso refere-se a um homem de 31 anos de idade, que durante o isolamento não trabalhou nem saiu, ficando num quarto independente com casa de banho privativa.

Já o segundo caso, diz respeito a uma mulher de 37 anos, que não trabalhou nem saiu, ficando num quarto sozinha em isolamento. Após terem sido considerados como casos suspeitos, foram ontem à noite confirmados como o 32.o e o 33.o casos em Macau.

As pessoas com quem dividiam casa foram considerados como contactos gerais e submetidos a testes virais de ácido nucleico no Centro Hospitalar Conde de São Januário e serão enviados para observação médica nos hotéis designados.

Saúde | Rumor desmentido

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus emitiu ontem um comunicado a desmentir um rumor em que se afirmava que alguns profissionais do Serviço de Urgência do hospital público tinham sido infectados com a covid-19. “Isto não é verdade”, descreve a nota. “Os profissionais de saúde do Serviço de Urgência do CHCSJ possuem excelentes condições de protecção e estão a sujeitos a directrizes de protecção rigorosas”, acrescenta.

27 Mar 2020

Covid-19 | Terapia de crianças com necessidades educativas especiais condicionada

Há apoio emocional e acompanhamento por parte de terapeutas, mas nem sempre chegam para evitar o impacto que o novo coronavírus tem sobre as crianças com necessidades educativas especiais, à conta do encerramento das escolas e da quebra das rotinas. Com opções terapêuticas limitadas, há quem observe crianças a perder memória ou a alterar o seu comportamento na reintegração de conhecimentos

 

[dropcap]E[/dropcap]stão suspensas das vivências do dia-a-dia as imagens de crianças em uniformes a conversar junto aos portões das escolas. As salas de aula foram transferidas para casa. Mas se a educação continua, embora em moldes diferentes, o mesmo nem sempre se pode dizer da rotina e das sessões de terapia, necessárias ao desenvolvimento de crianças com necessidades educativas especiais. O problema foi levantado em Hong Kong, e por cá também há quem sinta o impacto da falta de terapia.

Iker, que tem autismo, já pegou na almofada para a escola e perguntou por ela, sem perceber porque não pode ir. Julene, a sua mãe, nunca deixou de trabalhar, e recebeu e-mails da terapeuta da fala do filho a mostrar disponibilidade para ajudar, com recomendações de trabalhos que pode desenvolver com a criança, e aproveita os fins-de-semana para preparar esses materiais.

Mas as diferenças sentem-se na mesma, nomeadamente pela mudança de espaço. “Às vezes em casa não lhe apetece, fica chateado e nervoso porque vê os irmãos lá e quer brincar, quer fazer outras coisas que faz normalmente em casa e não é a mesma coisa”, descreveu a mãe ao HM.

“Claro que há coisas que ele piorou, porque antigamente ele sabia dizer os nomes todos dos colegas da turma, e agora, às vezes, vou mostrando as fotos dos colegas (…) e ri-se, mas não consegue dizer. Tenho de o relembrar sempre”, explicou. Este exercício de memória é algo que a mãe planeia fazer diariamente. “Acho que se deixarmos de puxar por ele, vai regredir”, disse, apesar de indicar que a preocupação é atenuada pelo facto de ter um bom acompanhamento em casa, acrescentando que Iker “tem a sorte de ter irmãos mais velhos que podem puxar por ele”.

As mudanças não são, porém, apenas ao nível da memória: “ele está fechado em casa e às vezes fica chateado”. Assim, em duas das semanas em que a situação do vírus em Macau parecia estar a melhorar, mãe e filho foram dar uma volta num trilho ao domingo para o menino fazer exercício, andar um pouco e diversificar actividades.

Sara Chiang, psicoterapeuta no Centro de Saúde Mental do Hospital Kiang Wu, disse ao HM que geralmente crianças com necessidades educativas especiais são vistas cerca de uma vez por semana para garantir que a terapia é providenciada com regularidade. “No entanto, muitos casos pararam de ter terapia durante quase dois meses devido à covid-19. Alguns pais disseram-me, que não podem ir ao hospital porque é arriscado, enquanto outros disseram que ‘é impossível pôr-lhes a máscara e, por isso, não nos deixam entrar nos autocarros’”.

A psicoterapeuta partiu do exemplo de crianças com autismo, que têm problemas sensoriais que dificultam o quotidiano, como lavar os dentes, comer ou dormir, para explicar que parar a terapia pode levar a uma melhoria mais lenta nos comportamentos, capacidades sociais e ferramentas de comunicação das crianças.

O autismo tem características como rigidez e teimosia, levando várias crianças a insistirem fazer determinadas actividades diariamente, sob pena de ficarem frustradas. Algo que se pode reflectir em, por exemplo, apanhar um determinado autocarro. “Acho que a situação do covid-19 também cria frustração e emoções instáveis, e alguns deles podem ter dificuldade em perceber porque é que não podem ir à escola ou sair para brincar”, explicou Sara Chiang.

Quebra de rotina

A psicoterapeuta acredita que muitas crianças, com ou sem necessidades educativas especiais, estão em casa desde o Ano Novo Chinês para evitar contacto desnecessário com outras pessoas. “Muitos pais queixaram-se que as crianças têm jogado videojogos diariamente por muitas horas, mas os pais não sabem como pará-los uma vez que não há mais nada que possam fazer quando não podem sair à rua. Acho que o maior impacto de não haver escola é que as crianças perderam a sua rotina diária e disciplina, por exemplo trabalhos de casa regulares e a hora de ir dormir”, explicou.

Dos casos que acompanha no hospital, Sara Chiang observa que a maioria dos pais tem emprego a tempo inteiro e que quando as crianças vão à terapia, por vezes, são levadas por empregadas domésticas ou os avós. “Compreendo que isto seja difícil de controlar porque muitos pais têm de trabalhar (…), mas a formação dos pais é muito crucial em termos de atingir objectivos de tratamento”, comentou.

No seu entender, “a formação de pais em Macau ainda não é muito popular, mas também acredito firmemente que, se os pais puderem passar mais tempo com os filhos em casa, podem definitivamente ajudá-los”. Aponta que as capacidades de cuidado pessoal, como idas à casa-de-banho ou vestir roupa podem ser melhoradas mesmo quando não há escola, e que o mesmo pode acontecer com brincadeiras ou com exercícios para desenvolver capacidades sociais.

“Agora com dois meses e tal sem escola, com certeza que há alguma diferença”, referiu Sofia Santos, mãe de Rico, uma criança que tem autismo. A mãe nota que apesar do filho comer e dormir bem, parece não ter tanta paciência para a reintegração de alguns conhecimentos. Neste aspecto, Sofia Santos sublinha a importância das rotinas e aponta que qualquer criança – com ou sem necessidades especiais – deve ter o mesmo problema.

Entre as maiores dificuldades a mãe destaca ausência de terapia da fala. “É uma coisa que não conseguimos fazer sozinhos em casa, é muito difícil. E também não temos ambiente para terapia ocupacional”, disse Sofia Santos. Apesar de receber directrizes dos terapeutas sobre as actividades a desenvolver em casa, “é diferente de ter uma terapia”. Algo que associa também ao conforto que as crianças sentem em casa e o facto de já não terem obrigatoriedade em cumprir o horário quando há escola.

Reconhecendo que os profissionais que acompanham o filho têm feito um bom trabalho, agora a preocupação central é saber se o tempo perdido será compensado no Verão. Entretanto, o filho tem tido acompanhamento fora da escola, nomeadamente através do Centro de Apoio Psico-Pedagógico e Ensino Especial, da Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ). De acordo com Sofia Santos, foi o próprio organismo a contactar os pais, e Rico começou essa terapia quando a situação se apresentou um pouco mais calma.

À distância de uma chamada

A DSEJ explicou que para os estudantes com necessidades educativas especiais, as escolas mantêm o princípio de suspensão das aulas, optando por plataformas multimédia para dar aos estudantes uma aprendizagem diversificada. Ao HM, a DSEJ declarou que os terapeutas continuam a dar “regularmente, acompanhamento terapêutico aos alunos que necessitam dos serviços de terapia da fala, terapia ocupacional ou fisioterapia, através de telefone, vídeo e videoconferência”. Para além disso, os pais recebem conselhos sobre treinos em casa e serviços de consultas, comunicando com os professores que lhes fornecem “um plano integrativo de aprendizagem e de tratamento”.

Reconhecendo o papel dos pais “na eficácia do tratamento dos seus filhos”, o organismo governamental acrescentou que as terapias se vão focar na educação parental, para apoiar os pais a continuarem a dar treinos em casa e o apoio que as crianças precisam. “A DSEJ acredita que a cooperação entre pais/encarregados de educação e escolas pode promover, de forma eficaz e contínua, o desenvolvimento e o crescimento saudável dos alunos”, defendeu.

A situação também chega aos menores de três anos, caso em que o responsável pelos serviços de intervenção precoce para crianças portadoras de transtornos no desenvolvimento é o Instituto de Acção Social (IAS). Esta entidade também reconheceu que “a suspensão dos serviços de tratamento causará, a curto prazo, transtornos aos utentes e aos encarregados de educação e, consequentemente, afectará o progresso do tratamento das crianças”. Assim sendo, o IAS tem coordenado com os serviços sociais diurnos – nos quais se incluem os serviços de intervenção precoce subsidiados – para manter o acompanhamento por via telefónica, junto dos encarregados de educação dos utentes, sobre o ponto de situação dos treinos em casa.

“Os assistentes sociais têm oferecido apoio emocional, enquanto os terapeutas têm prestado aos encarregados de educação conselhos e informações sobre os treinos domiciliários adequados a cada situação, para que os exercícios de revisão e os treinos possam ser realizados em casa. Pensa-se que estas medidas serão benéficas para o desenvolvimento e o progresso das crianças. Em simultâneo, alguns serviços produziram e disponibilizaram, nas suas páginas eletrónicas, vídeos sobre a realização de brinquedos simples, fornecendo mais actividades em casa para a diversão entre pais e filhos”.

O IAS descreveu ainda que a participação dos pais no treino das crianças sempre foi valorizada, e que no passado houve acções de formação e actividades para que os encarregados de educação tivessem em conta as particularidades do desenvolvimento das crianças e fizessem treinos em casa, de forma a melhorar a relação entre pais e filhos e as capacidades dos mais novos.

27 Mar 2020

China regista 67 novos casos importados de covid-19

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje 67 novos casos da covid-19, todos oriundos do exterior, numa altura em que o país está a regressar à normalidade, após dois meses de paralisia, devido ao surto, que teve origem na província de Hubei. A Comissão de Saúde da China indicou que, até à meia-noite na China, morreram mais seis pessoas no país devido a infecção pelo novo coronavírus, o que fixa o número de vítimas mortais em 3.287.

Quando a doença começou a atingir o resto do mundo, muitos chineses regressaram ao país, que passou assim a registar centenas de casos oriundos do exterior.

Para impedir uma segunda vaga de contágios no país, o Governo chinês impôs uma quarentena rigorosa de 14 dias a quem entrar na China. Os voos internacionais com destino a Pequim estão também a ser desviados para outras cidades, depois de um aumento contínuo de casos importados na capital chinesa.

O número de infectados diagnosticados na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, desde o início da pandemia, é de 81.285, entre os quais 74.051 receberam alta, após terem superado a doença. O número de infectados “activos” fixou-se assim nos 3.947, entre os quais 1.235 permanecem em estado grave.

Desde o início do surto, em dezembro passado, 695.305 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica, incluindo 14.714 ainda sob observação, de acordo com dados oficiais.

No dia 12, o Governo chinês declarou que o pico das transmissões terminou no país, embora tenha lançado medidas adicionais para evitar novos surtos, face ao aumento de casos “importados”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000. O continente europeu, com mais de 240.000 casos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 7.503 mortos em 74.386 casos registados até quarta-feira. A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 3.434, entre 47.610 casos de infeção.

26 Mar 2020

Do outro lado da linha

[dropcap]“B[/dropcap]om dia, queria por favor pedir o seguinte para 4 quartos….”. Não consegui terminar. Do outro lado da linha, a voz que atende o número 5 deste telefone já me adiantava a especificação de cada quarto e acrescentava “e quer água, certo?”. Sorri para mim, que não tenho mais ninguém para o fazer. “Sim, é isso mesmo, e hoje também agradecia que trouxessem sacos do lixo”. Senti um sorrir do outro lado da linha.

“Quando sair ainda nos conhecemos”, disse. “Espero que sim” responderam-me. Agradeci. Alguns dias depois de muitos telefonemas acima e abaixo, as vozes começam a ser familiares. Sem rosto começamos a conhecermo-nos aqui dentro, a saber dos nossos hábitos e a zelar por eles. É reconfortante. Parece que partilhamos o espaço no anonimato. Só porque somos pessoas.

A Catarina ligou, a minha mãe está bem disposta. O meu pai também. A Sofia gostou de me ler e mandou-me um beijo de manhã.

Fizeram-me o teste há dois dias. Um par de médicos bateu à porta. Pareciam saídos das equipas especiais do Chernobyl. Estava visivelmente nervosa, como estou sempre quando a distância de um médico em serviço é menor que 500 metros. Quem me conhece sabe que desenvolvo uma espécie de fobia a esta malta da saúde. Não tenho nada contra, mas o meu corpo não reage bem à sua proximidade. Os dentistas assumem o pódio. Têm o primeiro lugar na população de quem fujo a sete pés. Depois vêm os outros.

Enfiaram-me um cotonete gigante pela narina acima, mas tiveram o cuidado de me perguntar qual a o lado do nariz que me dava mais jeito. Acho que com a amostra foi também um ou dois neurónios. Senti um ardor que foi aumentando depois para não me fazer esquecer com facilidade o momento. Os médicos não podiam estar melhor. Trataram-me como uma criança. Seguraram-me a cabeça durante o processo antevendo o pulito que ia dar quando aquilo me trepasse cabeça afora. No final ouvi “bom trabalho”.
Não me vieram buscar. Sinal de que estou bem.

As missionárias

Cinco da tarde. Sei que a Cristina e a Vera estão a caminho. Têm agora uma espécie de missão diária que cumprem religiosamente e com todo o apreço. Vêm entregar-nos os sacos. Agora, todos os dias, no lusco fusco, recebo um saco, com bens essenciais e muito mais. No outro dia, como surpresa, puseram-me uma garrafa do meu néctar favorito. Das pequeninas. Ali, encaixada entre o iogurte de frutos silvestres, o tortellini de espinafres e mozzarela, as bananas e a aveia. Brilhava. Era ouro. À noite brindei com a Carla. Até a tampa fez um “tchim” cristalino.

Faz hoje oito dias, levantei voo. Daqui a mais oito, levanto outro.

Até amanhã

Macau, 25 de Março, de 2020

26 Mar 2020

Hong Kong e Taiwan | Quebra de entradas superior a 90 por cento

[dropcap]A[/dropcap]pós a entrada em vigor das restrições para os visitantes vindos de Hong Kong e Taiwan, o número de entradas de pessoas destas regiões registou uma quebra superior a 90 por cento.

Entre a meia-noite e as 14h00 de ontem, as pessoas de Hong Kong que entrarem em Macau foram 72, quando no dia anterior tinha sido de 1964, o que equivale a uma redução de 96,3 por cento. Já as pessoas de Taiwan a entrarem ontem foram 8, face às 106 que tinham entrado no dia anterior, uma redução de 92,5 por cento.

26 Mar 2020

Quarentena | Mais duas pessoas furaram obrigação

[dropcap]U[/dropcap]m residente e um trabalhador não-residente do Nepal estão a ser acusados de terem furado a quarentena a que estavam obrigados.

No caso do residente, trata-se de um homem que terá saído de casa, onde estava isolado, e ido a Zhuhai. Já o nepalês declarou uma residência falsa na declaração de saúde. Ambas as situações foram detectadas pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) quando fez as habituais inspecções.

Os casos foram entregues ao Ministério Público e os dois arriscam uma pena que pode chegar a 1 ano de prisão ou 120 dias de multa.

26 Mar 2020

Covid-19 | Os estudantes da RAEM que preferem não regressar ao território

Jason Chao, activista ligado à Associação Novo Macau, decidiu mudar-se para Londres, para fazer o doutoramento, e não vê motivos para regressar. Cheong Kin Man vive em Berlim desde 2013 e, apesar de estar chocado com os alemães por não usarem máscaras, não quer deixar a vida que tem. Jeffrey Ho está em Taiwan e mostra plena confiança na forma como a Presidente Tsai ing-wen tem lidado com a pandemia

 

[dropcap]M[/dropcap]acau tem recebido, por estes dias, centenas de estudantes que escapam ao caos gerado pela pandemia de covid-19, com particular incidência na Europa. Muitos regressam de Portugal ou Reino Unido, onde frequentam cursos superiores, e procuram refúgio num território que soube controlar a crise e que tem 30 pessoas infectadas (à hora do fecho da edição), depois de 40 dias sem novas infecções.

As autoridades de Macau esperam receber, até final do mês, um total de 1.674 residentes, com base na inscrição feita junto do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo para o transporte especial do aeroporto internacional de Hong Kong para Macau. Destes, 860 são estudantes, segundo números anunciados esta terça-feira.

Mas no meio desta vaga de idas e regressos há estudantes que optam por ficar. É o caso de Jason Chao, activista ligado à Associação Novo Macau e que está em Londres a fazer o doutoramento. No passado dia 16, Chao partilhou no Facebook uma imagem da sua secretária de trabalho, em casa, com a seguinte mensagem: “trabalho a maior parte das vezes a partir de casa, em Londres. Vou manter-me na Europa, independentemente do que venha a acontecer”.

À conversa com o HM, Jason Chao assegurou que não vai mudar de ideias. “Em primeiro lugar, a decisão de não voltar para Macau deve-se ao facto de ter decidido mudar-me para a Europa. Também tenho confiança na forma como o Governo britânico está a lidar com esta crise. Claro que também me preocupo com a minha segurança. Mudei-me para a Europa, é agora a minha casa. Não há razões para sair”, completa.

Em Inglaterra, o primeiro-ministro Boris Johnson causou polémica por não ter tomado, numa primeira fase, quaisquer medidas para controlar a covid-19, numa altura em que países como Itália ou Espanha já se defrontavam com centenas de mortes por dia. Agora o cenário mudou de figura. Esta segunda-feira, Johnson decretou o confinamento domiciliário obrigatório, de onde só poderão sair para fazer compras de bens essenciais.

Foram também encerradas lojas que não vendem bens essenciais, como roupa ou produtos electrónicos, bibliotecas, parques infantis, locais de culto e ginásios ao ar-livre e cancelados eventos, como casamentos e baptizados.

“Os parques vão continuar a estar abertos para exercício, mas os ajuntamentos serão dispersos”, vincou. O primeiro-ministro lamentou ter de tomar estas medidas, mas admitiu que “não existem opções fáceis” e que o caminho pela frente “é difícil e muitas vidas ainda vão ser perdidas”.

Jason Chao explicou que os britânicos estão a cumprir as regras que lhes foram impostas. “Há muitas pessoas a seguir as medidas do Governo para ficarem em casa. Há uma semana havia algumas críticas face à inacção, mas podemos ver que universidades e empresas seguiram as instruções do Governo. Todos os teatros fecharam depois do anúncio oficial, alguns jovens que andam por aí, ficam no parque. Também observei que alguns supermercados estão a esvaziar e pode ser difícil comprar alguns vegetais, mas a situação está controlada.”

A rotina de doutorando de Jason Chao prossegue sem grandes alterações. Faz investigação em casa e apenas se viu obrigado a cancelar algumas conferências. “A minha rotina não foi severamente afectada. Sem a crise do coronavírus estaria a viajar dentro de meses, mas nesta fase todas as conferências foram canceladas.”

Questionado sobre as recentes restrições fronteiriças decretadas pelo Executivo de Macau, o activista do campo pró-democracia lamenta que tais medidas sejam discriminatórias.

“O Governo de Macau tem recursos suficientes para colocar os estudantes em hotéis, não é uma má política, mas estou preocupado com o tratamento discriminatório em relação aos portadores de blue card e também para quem não tem a residência de Hong Kong. É injusto para aqueles que têm de trabalhar.”

Apesar de concordar com as “medidas draconianas que estão a ser tomadas numa altura de crise”, Jason Chao alerta para o facto de “a discriminação com base na cidadania poder ser dificilmente justificável”.

A vida em Berlim

É em Berlim, capital da Alemanha, que o doutorando Cheong Kin Man vive desde 2013. Na cidade fez o mestrado e acabou por casar. Depois de uma breve viagem à China e a Macau, quando a pandemia da covid-19 não tinha ainda começado, regressou à Alemanha, apesar do medo que sente devido à pouca frequência com que vê alguém usar máscara na rua.

“Tenho a minha vida cá. Cada país e a região têm as suas estratégias para enfrentar este problema, e na Alemanha as pessoas não usam máscaras. Isto é muito estranho e assustador para os meus amigos e família em Macau.”

A fazer isolamento social voluntário, Cheong Kin Man começa a ter sentimentos negativos. “Fico em casa a maior parte do tempo a escrever, mas é muito stressante. Fico deprimido. Há muito menos pessoas nas ruas, mas parece tudo mais ou menos normal.”

Esta terça-feira, a Alemanha atingiu a fasquia de 172 mortos, tendo registados 34.009 casos de covid-19. A Alemanha continua a registar uma taxa de mortalidade baixa em relação a países como Itália, Espanha ou França.

Cheong Kin Man acha “surpreendente” que não haja isolamento obrigatório das populações. “Angela Merkel [chanceler] diz que a Alemanha é uma democracia e não quer obrigar as pessoas a ficar em casa. Respeito esta decisão, mas às vezes é difícil porque as pessoas comparam com outros lugares do mundo, como Macau, por exemplo.”

Sobre o facto de centenas de estudantes do ensino superior estarem a regressar à RAEM, Cheong Kin Man diz “não querer julgar”, mas relata vários episódios de discriminação nos países ocidentais que podem ter levado muita gente a voltar à terra natal.

“Não quero julgar porque a decisão de voltar deve ser muito pessoal, mas às vezes penso que existe um tipo de conflito cultural. Ouvi falar de casos de racismo, em que pessoas asiáticas, inclusivamente de Macau, se depararam com situações racistas. Não sei se é uma questão política ou cultural, mas a maioria das pessoas não quer usar máscaras. Eu próprio não tenho máscaras, é difícil”, contou.

O exemplo de Taiwan

Além de Macau, outro bom exemplo no combate à pandemia da covid-19 é Taiwan, que desde cedo colocou restrições à entrada de turistas. A Ilha Formosa reportava ontem 19 casos de novas infecções, num total de 235.

Jeffrey Ho, estudante de Macau a frequentar estudos em literatura estrangeira, ainda ponderou viajar para a terra natal para renovar o bilhete de identidade de residente, mas mudou de ideias devido à pandemia. Em Taiwan sente-se seguro. “Penso que a situação aqui é mais segura do que em Macau porque Taiwan fechou as fronteiras com todos os países. Penso que essa é uma medida correcta, sobretudo fechar a fronteira com a China, onde o vírus teve origem.”

De frisar que, esta semana, o Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, alargou as proibições de entrada a residentes da China continental, Hong Kong e Taiwan que tenham estado em países estrangeiros nos 14 dias anteriores à viagem.

Ho diz que o Executivo de Macau tem tomado “boas” medidas, mas lamenta que a comunidade internacional não coloque os olhos na actuação do Governo de Tsai ing-wen.

“Os países estrangeiros, a Organização Mundial de Saúde [OMS] e outras organizações internacionais têm sido injustas por não olharem para o exemplo de Taiwan. Quando a crise surgiu, todos sabíamos que tinha sido feito um trabalho bom e honesto.”

O estudante critica o facto de as autoridades chinesas terem escondido factos relacionados com a covid-19 no início da pandemia. “A China sempre fez um bom trabalho de propaganda, mas o sistema de saúde na China não é bom. Confio no sistema de saúde em Taiwan e, pelo menos, não estão a tentar esconder nenhuns dados da população, mas a OMS e a China fazem o oposto”, rematou.

26 Mar 2020

Covid-19 | Número de mortos em Espanha ultrapassa os da China continental

O número de mortos em Espanha devido à pandemia de covid-19 ultrapassou hoje o da China continental, com um total de 3.434 vítimas mortais, segundo a atualização diária feita pelas autoridades de saúde do país. Segundo os números do Ministério da Saúde, Espanha registou, nas últimas 24 horas, 738 mortos com o novo coronavírus e um aumento de 7.937 no número de infectados.

Desde o início da pandemia, o país teve um total de 47.610 casos de covid-19, dos quais 3.434 morreram e 5.367 tiveram alta e são considerados como curados. A Comissão de Saúde da China indicou ter registado, até à meia-noite na China, 3.281 vítimas mortais. O número de infectados diagnosticados na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, desde o início da pandemia, é de 81.218.

Em Espanha, a região mais atingida pela covid-19 é a de Madrid, com 14.547 infectados e 1.825 mortos, seguida pela Catalunha (9.937 e 516), o País Basco (3.271 e 155) e Castela-Mancha (2.780 e 263). Na totalidade do país, há 26.960 pessoas hospitalizadas, das quais 3.166 em unidades de cuidados intensivos.

O parlamento espanhol vai esta tarde aprovar a proposta feita pelo Governo para prolongar o atual “estado de emergência” por mais 15 dias a partir deste sábado, 28 de março.

A assembleia também irá ratificar as propostas do executivo de medidas económicas contra o impacto do coronavírus, tais como os avales públicos de 100.000 milhões de euros, a aceleração da regulação temporária do emprego ou a extensão do pagamento do desemprego.

O Congresso dos Deputados, a câmara baixa das cortes espanholas (parlamento), vai-se reunir com a presença de apenas cerca de 40 parlamentares (350 no total), votando os restantes de forma telemática.

As propostas do executivo não deverão ter qualquer problema em ser aprovadas pela grande maioria dos partidos representados, o que inclui os principais partidos de direita espanhóis, na oposição, que já manifestaram que estão ao lado do Governo na luta contra o novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 400 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 18.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.820 mortos em 69.176 casos, logo seguido pela Espanha.

25 Mar 2020

Covid-19 | Coreia do Sul regista 100 novos casos, metade importados

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul registou mais 100 casos da covid-19 nas últimas 24 horas, o que eleva o total de infectados no país para 9.137, foi hoje anunciado. Apesar do aumento registado em relação ao dia anterior, em que foram detetadas 76 infeções, as autoridades de Saúde sul-coreanas indicaram um abrandamento contínuo dos casos da covid-19 em comparação com o mês anterior, quando chegaram a ser detetados mais de 900 doentes num só dia.

Em comunicado, o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (KCDC) afirmou que metade dos novos casos são importados e que 34 foram registados na área metropolitana de Seul.

As autoridades sul-coreanas têm manifestado preocupação com aquela zona, que regista um pequeno número de infeções, mas em crescimento constante. Ao mesmo tempo, o número de doentes na região sudeste do país, uma das áreas mais atingidas pela covid-19, está a diminuir significativamente.

O KCDC afirmou que a região sudeste da Coreia do Sul registou 19 novas infeções com o novo coronavírus (SARS-CoV-2) nas últimas 24 horas. As autoridades acrescentaram que o número de vítimas mortais no país subiu para 126, em relação às 120 contabilizadas na terça-feira.

A Coreia do Sul vai impor a partir de sexta-feira uma quarentena de 14 dias para sul-coreanos e estrangeiros com vistos de longa duração que cheguem ao país provenientes dos Estados Unidos.

Já os estrangeiros oriundos dos Estados Unidos para visitas de curta duração vão ser testados à covid-19 no aeroporto e autorizados a entrar no país se os resultados forem negativos. Os serviços de Saúde farão um contacto telefónico diário para acompanhar o estado de saúde dessas pessoas.

Seul estava já a realizar testes a todos os passageiros provenientes da Europa e a colocar numa quarentena de 14 dias os sul-coreanos chegados de países europeus e estrangeiros com vistos de longa duração.

25 Mar 2020

Pandemia | Pequim regressa gradualmente ao normal após dois meses de confinamento

[dropcap]O[/dropcap] jardim zoológico da cidade de Pequim e partes da Grande Muralha da China reabriram hoje aos visitantes, que devem fazer reserva com antecedência, à medida que a capital chinesa regressa gradualmente ao normal.

Vários locais turísticos permanecem encerrados, incluindo a Cidade Proibida, o ex-líbris de Pequim, mas muitos residentes começam finalmente a sair de casa, seduzidos pela chegada da primavera e o desabrochar das flores de cerejeira, depois de dois meses em confinamento, devido ao surto do novo coronavírus.

“O mundo está mais limpo e há menos gente na rua”, comentou à Lusa uma chinesa natural da província de Hunan, e que só recentemente voltou a sair à rua.

A desaceleração da atividade industrial melhorou os índices de qualidade do ar em Pequim, permitindo vislumbrar as montanhas circundantes, numa visão normalmente obstruída pelo manto de poluição que cobre a cidade.

O acesso a alguns locais continua a ser limitado, para evitar agrupamentos. Nos restaurantes, mede-se a temperatura corporal à entrada e preenche-se uma ficha com o nome e o número de telemóvel. Apenas se podem sentar dois clientes por mesa e cada mesa está separada por cerca de dois metros.

As autoridades apontam a necessidade de evitar infeções cruzadas, embora apontem que as restrições serão gradualmente reduzidas caso não haja uma ressurgência do surto.

As viagens para dentro e fora da cidade, que tem mais de 20 milhões de habitantes, continuam a ser rigidamente controladas. Quem entra na cidade é sujeito a testes laboratoriais e a um período de quarentena, de 14 dias, em instalações designadas pelas autoridades e que cobram até 100 euros por noite.

No entanto, os transportes públicos continuam a operar e muitos escritórios reabriram, embora o acesso aos edifícios esteja restrito aos funcionários das empresas e se faça desinfestação diária dos lugares comuns.

As medidas revelaram-se eficazes na contenção do surto, que começou em Wuhan, no centro do país, em dezembro passado, e se alastrou ao resto da China e além-fronteiras.

A Comissão de Saúde da China indicou ter registado, até à meia-noite na China, mais quatro mortos pela Covid-19, o que fixa o número de vítimas mortais em 3.281.

Ao longo de mais de uma semana, a maioria dos casos identificados pelas autoridades chinesas são de pessoas chegadas do exterior, numa altura em que a transmissão comunitária quase desapareceu, segundo as autoridades chinesas.

As escolas, incluindo as universidades, permanecem encerradas, e as autoridades ainda não apontaram uma data para o regresso às salas de aula.

O Governo chinês diz que as obras públicas foram reiniciadas em cerca de 90% dos principais projectos de construção em todo o país, excluindo na província de Hubei, onde o vírus foi detectado pela primeira vez, em dezembro passado.

Embora muitos trabalhadores migrantes continuem nas suas terras natais, devido a medidas de quarentena e restrições à circulação de pessoas, a produção industrial também foi retomada, inclusive no sector de fabrico de automóveis, que tem sede em Wuhan, a capital de Hubei e a cidade mais afectada pela epidemia, e em empresas cruciais no fornecimento de componentes a nível mundial.

25 Mar 2020

Receita pública cai quase 10% na China nos dois primeiros meses do ano

[dropcap]A[/dropcap]s receitas do Governo chinês caíram 9,9%, nos dois primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, para 3,5 biliões de yuans, a maior queda desde Fevereiro de 2009, segundo dados oficiais hoje divulgados.

A receita tributária diminuiu 11,2%, em relação ao mesmo período do ano anterior, para 3,1 biliões de yuans, enquanto a receita não tributária cresceu 1,7%, para 405.700 milhões de yuan, segundo o ministério chinês das Finanças. A despesa pública do governo caiu 2,9%, entre janeiro e fevereiro, apesar dos gastos com a saúde pública terem aumentado 22,7%.

A revista chinesa Caixin acrescenta que as medidas de prevenção e controlo para impedir a propagação do novo coronavírus, designado Covid-19, durante janeiro e fevereiro, interromperam a atividade comercial, causando uma diminuição nos impostos cobrados sobre o valor agregado nos bens e serviços, empresas ou na propriedade.

Em Fevereiro, quando a China paralisou devido ao surto, a receita tributária do país caiu 21,4%, em termos homólogos, na maior queda desde que há registo. Os sectores da hotelaria e do turismo foram os mais afectados, segundo a Caixin, uma vez que os seus contributos para o erário caíram para metade, nos dois primeiros meses do ano, em comparação com o ano anterior.

Hotéis e restaurantes foram forçados a fechar durante o mês de fevereiro para conter a propagação do vírus antes de retomarem gradualmente a actividade. Entre Janeiro e Fevereiro, os únicos sectores que aumentaram a sua contribuição foram os impostos de renda, que cresceram 14,8%, em relação ao ano anterior, e os impostos de selo nas transações de títulos mobiliários, cuja contribuição total aumentou 30,8%.

A produção industrial caiu 13,5%, em Janeiro e Fevereiro, em relação ao mesmo período do ano anterior, um número sem precedentes desde 1990. O número de infectados diagnosticados na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, desde o início da pandemia, é de 81.218. No total, morreram 3.281 pessoas no país.

25 Mar 2020

Covid-19 | China regista 47 novos casos importados

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje 47 novos casos da covid-19, todos oriundos do exterior, numa altura em que o país está a retirar as medidas de isolamento impostas em Hubei, centro do novo coronavírus. A Comissão de Saúde da China indicou ter registado, até à meia-noite na China, morreram mais quatro pessoas, o que fixa o número de vítimas mortais em 3.281.

O número de infectados diagnosticados na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, desde o início da pandemia, é de 81.218. Desde o início do surto, em dezembro, 693.223 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica desde o início do surto, incluindo 13.356 ainda sob observação, de acordo com dados oficiais.

A cidade de Wuhan, capital de Hubei e onde foram detetados os primeiros doentes, voltou a não registar novo caso de contágio local, indicou a Comissão de Saúde chinesa. Na província de Hubei (centro), o bloqueio de mais de dois meses terminou hoje em todas as cidades, com exceção de Wuhan, que vai continuar bloqueada até 8 de Abril.

Ao longo de mais de uma semana, a maioria dos casos identificados pelas autoridades chinesas são de pessoas chegadas do exterior, numa altura em que a transmissão comunitária quase desapareceu.

Quando a doença começou a atingir o resto do mundo, muitos chineses regressaram ao país. De acordo com dados oficiais, a China registou quase 450 casos de infeção oriundos do exterior.

Para impedir uma segunda vaga de contágios no país, o Governo chinês impôs uma quarentena rigorosa de 14 dias a quem entrar na China. A partir de hoje, quem chegar a Pequim vindo do exterior será submetido a testes laboratoriais, além de ser colocado em quarentena.

25 Mar 2020

Covid-19 | Residente vindo de Nova Iorque constitui 31º caso de infecção

O aumento dos casos importados levou a que o Alto de Coloane passasse também a receber pessoas infectadas desde ontem. Macau tem 72 ventiladores para o território

 

[dropcap]O[/dropcap] número de casos registados em Macau subiu para 31 com o anúncio de mais cinco casos desde a noite de terça-feira. Na madrugada de hoje o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou o 31º caso de infecção pela covid-19.

Trata-se de doente do sexo masculino, 27 anos de idade, residente de Macau, que veio num voo da Cathay Pacific Airways dos Estados Unidos (Nova Iorque), e chegou ao Aeroporto de Hong Kong no dia 25 de Março. Devido à apresentação de sintomas – febre – foi imediatamente encaminhado à Emergência especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário para realização de zaragatoa nasofaríngea. Esta quinta-feira, o resultado da amostra revelou positivo para o novo tipo de coronavírus e foi confirmada como pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus.

Antes do anunciado esta madrugada, o último a ser revelado envolve um turista australiano que conseguiu ficar vários dias no território, antes de ser diagnosticado.

O homem entrou na RAEM, vindo de Londres, a 16 de Março e permaneceu no território até dia 20. Ficou hospedado na Pousada de Coloane, onde esteve a maior parte do tempo, além de uma deslocação, no dia 19, ao Venetian, onde não conseguiu entrar no casino por falta de passaporte. Nessa noite, depois de apanhar o autocarro 26A, jantou ainda no restaurante La Gondola, na praia de Cheoc Van.

Finalmente, no dia 20 tentou seguir para a Austrália, através de Hong Kong, mas foi impedido de entrar no território vizinho. Por este motivo, teve de voltar para Macau e acabou a cumprir quarentena no Grande Coloane, onde foi diagnosticado com o novo coronavírus.

Ontem, na conferência de imprensa, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, apontou que ao fim de tantos dias o risco de contágio deve ser mais reduzido. Porém, alertou para que quem tenha frequentado esses locais nos dias em questão que se apresentasse no hospital, em caso de apresentar sintomas.

“Como é estrangeiro gosta muito de ar-livre e passeou muito tempo na praia, além das refeições no hotel. […] Esteve principalmente ao ar-livre, onde o risco de contaminação é muito baixo, e utilizou quase sempre máscara”, explicou Leong Iek Hou.

O tempo passado entre os dias em que esteve na comunidade e o diagnóstico fazem com que seja cada vez menos provável o contágio. “Depois de ter deixado o hotel até ter sido diagnosticado já há uma distância temporal. Mas as pessoas que estiveram no hotel, caso estejam preocupadas, devem medir a temperatura de forma regular e em caso de sentirem qualquer sintoma ir ao hospital”, indicou.

Em relação aos restantes quatro casos, tratam-se todos de residentes e têm em comum terem viajado do Reino Unido. O 26.º é uma estudante local de 17 anos, que estava em quarentena desde 23 de Março. Como antes da entrada já tinha avisado as autoridades para eventuais sintomas, teve direito a um transporte especial. Os 27.º, 28.º e 29 casos, são dois homens, com 28 e 18 anos, que estavam em quarentena, e uma jovem com 15 anos, que foi diagnosticada logo à entrada.

Mudanças nos hospitais

Entre os 31 casos registados, 10 estão recuperados, mas 21 ainda precisam de tratamento. Este aumento no número levou a alterações no funcionamento do sistema de resposta e a que os casos mais leves de infectados fossem transferidos do Centro Hospitalar Conde de São Januário para o Alto de Coloane.

“Antes era um centro clínico para acolher os contactos próximos e aqueles que estão em isolamento e convalescência. Com o aumento dos casos confirmados vamos ter de usar o Centro Clínico no Alto de Coloane para isolar os casos mais leves”, apontou Alvis Lo Iek Lo, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário.

Segundo os dados oficiais, neste momento, há 232 camas de enfermaria para isolamento, entre as quais 112 no Centro Hospitalar e 120 no Alto de Coloane. Macau tem ainda 72 ventiladores, alguns dos quais estão a ser utilizados para pessoas com outras necessidades, mas Alvis Lo indicou que existem pulmões artificiais que também podem ser utilizados.

25 Mar 2020