Covid-19 | Contágio acelera em Tóquio apesar do apelo para ficar em casa

[dropcap]O[/dropcap] governo de Tóquio anunciou hoje 143 novos casos de infecção pelo novo coronavírus, um recorde diário que eleva o total na região para mais de 1.000, apesar do apelo à população para que fique em casa.

A região metropolitana de Tóquio, a populosa e movimentada capital do Japão, regista 1.034 casos confirmados do novo coronavírus, o que faz dela o foco do surto no país, onde ao todo foram registados 3.743 casos, segundo dados oficiais reunidos pela televisão NHK.

O número de novos casos diários em Tóquio ultrapassou pela primeira vez os 100 no sábado, culminando uma semana de crescimento sustentado, o que levou as autoridades a repetir o apelo aos cidadãos para trabalharem em casa, evitarem concentrações e abdicarem de todas as deslocações não-essenciais.

Ao mesmo tempo, o número de doentes de covid-19 com sintomas graves ultrapassou o número de camas hospitalares disponíveis na capital, levando a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, a anunciar hoje a preparação de novos espaços, como centros de saúde ou hotéis, para receberem doentes.

O Governo central tem manifestado disponibilidade para declarar o estado de emergência, mas aponta-o como medida de último recurso e, até agora, as autoridades têm-se limitado a apelar aos cidadãos para evitarem o contacto com outros e às empresas para aplicarem o teletrabalho.

Em todo o país, as instalações públicas estão encerradas desde março e até meados de abril, assim como as escolas, fechadas desde fevereiro.

Na sexta-feira entrou também em vigor a proibição de entrada no país a viajantes provenientes de 73 países e a imposição de quarentena de 14 dias a todos os outros viajantes.

O Japão regista até ao momento quase 3.000 casos de infecção e 69 mortes, segundo números da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O novo coronavírus, que provoca a covid-19, já infectou cerca de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, mais de 63 mil das quais morreram.

5 Abr 2020

Covid-19 | Governo diz que risco de surto na comunidade se mantém

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau alertaram hoje que continua a existir um risco de surto da covid-19 na comunidade e pediram à população para manter as medidas de prevenção de contágio em vigor. No mesmo dia em que foi anunciado o 44.º caso importado da doença respiratória, o médico do Centro Hospitalar Conde São Januário Lo Ick Long considerou existir ainda “um risco de surto na comunidade” local.

Na conferência de imprensa diária do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, o responsável pediu à população que mantenha as medidas de prevenção definidas pelas autoridades do território.

Para evitar a circulação de pessoas, o autocarro público entre Macau e Hong Kong, através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, vai deixar de fazer a única ligação directa entre as duas regiões às 00:00 de segunda-feira.

“Nenhum transporte público pode ligar as duas regiões, a partir de segunda-feira”, com excepção para carros particulares autorizados e transporte de mercadorias, afirmou o responsável do Corpo de Polícia de Segurança Pública.

A partir de hoje, os corredores de entrada e saída de veículos na ponte, antes abertos 24 horas, vão passar a funcionar entre as 06:00 e as 22:00, enquanto os postos fronteiriços vão estar abertos entre as 10:00 e as 20:00.

Na passada terça-feira, o transporte pelas autoridades de Macau de residentes regressados ao território através de Hong Kong terminou. A esmagadora maioria das pessoas que chega a Macau de destinos internacionais, que não a Ásia, aterra no Aeroporto Internacional Hong Kong e só depois vem para Macau através da maior ponte do mundo que liga as duas regiões, ou por ligação marítima, já suspensa.

Hong Kong, numa medida muito similar também aplicada em Macau, proíbe desde há uns dias a entrada de todos os não residentes na região semiautónoma chinesa, o que torna praticamente impossível os residentes de Macau chegarem a ‘casa’.

Por outro lado, as autoridades indicaram que um dos hotéis designados para a quarentena obrigatória de 14 dias foi já desocupado, estando ainda a ser desinfectado e limpo, passando a 11 o número de unidades hoteleiras designadas para observação médica.

As autoridades contabilizaram agora 1.818 pessoas em quarentena, das quais 1.605 residentes de Macau, 176 trabalhadores não residentes e 37 turistas.

Depois de Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, a partir de meados de março foram identificados 34 novos casos, todos importados.

5 Abr 2020

Covid-19 | Residente que viajou de Portugal infectada, constituindo 43º caso

[dropcap]F[/dropcap]oi detectado esta sexta-feira o 43º caso de infecção com covid-19. De acordo com um comunicado do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, trata-se de uma mulher, residente de Macau, com 53 anos de idade, tendo a profissão de escriturária. No dia 4 de Fevereiro a doente e o marido foram a Portugal de férias e visitar familiares, tendo a doente contactado com um parente diagnosticado, no dia 26 de Março, com pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus.

O casal apanhou um voo a 30 de Março de Lisboa, com escala na Holanda (voo n.º KL1694, lugar n.º 1D), com destino Hong Kong (voo n.º KL887 – lugar n.º 5C) no mesmo dia. Chegados ao aeroporto internacional de Hong Kong, o casal foi transportado para Macau através do transporte especial cedido pelo Gabinete de Gestão de Crises do Turismo através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

O comunicado dá conta que, chegados ao territórios, a mulher “não manifestou quaisquer sintomas, tendo apresentado uma temperatura corporal era normal”. A residente ficou na Pousada Marina Infante a cumprir os 14 dias de quarentena obrigatória.

Esta sexta-feira, dia 3, foram realizados os testes de zaragatoa nasofaríngea, tendo os os resultados sido positivos para o novo tipo de coronavírus. Foi feito então o diagnóstico de covid-19, com confirmação de pneumonia.

Neste momento “a doente está em condições clínicas consideradas normais e internada na enfermaria de isolamento do Centro Hospitalar Conde de São Januário para tratamento”. Já o marido “é considerado como o contacto próximo e será encaminhado às instalações dos Serviços de Saúde para a observação médica”.

4 Abr 2020

Covid-19 | Macau anuncia mais uma infecção, totalizando 42 casos

[dropcap]M[/dropcap]acau registou mais um caso da covid-19, o que eleva para 42 o número total de infectados no território, anunciaram as autoridades.

O homem, de 58 anos, chegou a Macau na segunda-feira, através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, proveniente de Hong Kong, tendo sido encaminhado para quarentena no hotel Grand Sheraton, no Cotai (faixa de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane), por não apresentar sintomas. A infecção foi diagnosticada hoje, na sequência dos “testes de zaragatoa nasofaríngea”, afirmaram.

“O doente está em condições clínicas consideradas normais e foi internado na enfermaria de isolamento do Centro Hospitalar Conde de São Januário [CHCSJ] para tratamento”, referiram.

Entre 5 e 16 de Março, o homem esteve em Banguecoque, tendo regressado a Hong Kong no dia 16 do mês passado. Entre 16 e 30 de Março, permaneceu no território vizinho, disseram as autoridades na conferência de imprensa diária do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

As autoridades indicaram ainda que 107 pessoas já deixaram o isolamento, continuando 2.022 em 12 hotéis e um em casa a cumprir uma quarentena de 14 dias. No CHCSJ estão internados 21 pacientes, enquanto dez estão no centro clínico de saúde pública de Coloane.

3 Abr 2020

Covid-19 | Amanhã será dia de luto nacional na China. Macau também fará três minutos de silêncio

[dropcap]A[/dropcap] China vai fazer, no sábado, um dia de luto nacional pelos mais de 3.200 mortos devido a infecção pelo novo coronavírus no país, informou hoje o Conselho de Estado chinês.

Às 10 horas da manhã, cidadãos em toda a China devem realizar três minutos de silêncio em memória dos falecidos, enquanto alarmes antiaéreos e buzinas de carros, comboios e navios soarão como sinal de luto, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

As bandeiras vão ser colocadas a meia haste, durante o dia, em instituições oficiais e nas embaixadas e consulados chineses em todo o mundo, ao mesmo tempo que atividades recreativas públicas vão ser suspensas em toda a China.

Em Macau, o Instituto do Desporto emitiu uma nota onde dá conta do encerramento das instalações desportivas. “Para expressar as mais profundas condolências e em homenagem aos heróis que se sacrificaram na luta contra a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus e aos compatriotas que faleceram, em respeito pelo período de luto nacional, as instalações desportivas afectas ao Instituto do Desporto encerram ao público amanhã 4 de Abril. O Instituo do Desporto pede a compreensão do público”, pode ler-se.

Além disso, foram emitidas instruções para a colocação das bandeiras nacional e da RAEM a meia haste “em todos os organismos governamentais, órgãos legislativos e judiciais, representações no exterior, escolas, bem como instalações e locais públicos, sendo que todas as actividades públicas de entretenimento e de carácter celebrativo ou festivo serão suspensas”.

Nesse sentido, “a partir das 10h00 do dia 4 de Abril, todos os residentes devem cumprir três minutos de silêncio em tributo aos heróis que sacrificaram a vida na luta contra a epidemia da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus e aos compatriotas falecidos”.

O número total de infectados diagnosticados na China, desde o início da pandemia, é de 81.620 e o número de mortos ascendeu a 3.322. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, entre as quais morreram mais de 51 mil. Dos casos de infecção, cerca de 190.000 são considerados curados.

3 Abr 2020

Pós-covid?

[dropcap]A[/dropcap] passagem do tempo sobre a presença do vírus que ataca a Humanidade não tem ajudado a antever um horizonte de futuro: antes pelo contrário, acrescentam-se dúvidas às incertezas já conhecidas: sabe-se pouco ou nada sobre como lidar com o problema, vai-se aprendendo o possível com a experiência vivida, ou não, e navega-se com pouca vista sobre um horizonte turvo e indefinido. Já houve outros vírus, é certo, mas aparentemente nunca tão resistentes à intervenção humana, tão persistentes nos seus impactos sobre as pessoas, tão dissimulados na forma lenta como ocupam os organismos e preparam um ataque massivo e inesperado. Não sabemos como eliminar este inimigo nem por quanto teremos que viver escondidos, em inevitável protecção individual e colectiva.

Este exercício colectivo de auto-protecção pode trazer à superfície o melhor de nós, a preocupação com as outras pessoas, a prioridade à comunidade sobre o individualismo, a percepção de que não há estrangeiros e de que estamos todos a viver no mesmo mundo, a importância da fraternidade e da solidariedade sobre a competição desenfreada que foi ocupando o quotidiano das sociedades contemporâneas, um olhar sobre a economia preocupado com necessidades efectivas e não com a ganância da acumulação, ou o valor da amizade e das relações pessoais: uma certa reavaliação do que andamos aqui a fazer e do que realmente importa para vivermos bem, sermos felizes, seja lá isso o que for, e encontrarmos uma certa harmonia com os limites do planeta e dos seus recursos. Foi com esta generosidade que se cantou ou se aplaudiu às varandas e à janela, para dizer que estamos juntos, que é grande a esperança num futuro melhor, que não queremos voltar ao normal: queremos melhor.

Hoje canta-se e aplaude-se menos, no entanto. A rotina cansa. Estar em casa tanto tempo cansa. Não se ter ideia de quanto tempo falta cansa ainda mais. Há uma incerteza profunda sobre o presente, sobre a solução possível para este extraordinário problema, e uma incerteza ainda maior sobre o futuro. Quando tempo falta? Enquanto durar, vai haver médicos e hospitais? Vai haver comida? Vai haver salários para comprar a comida e para pagar as casas onde se tem que ficar? Vai haver ainda empresas quando passar tempestade? Vai o Estado poder suportar todos os custos que já se conhecem e os outros, porventura muitíssimo maiores, que estão para vir?

Essa incerteza cada vez mais prolongada corrói a esperança, já se sabe: alimenta a desconfiança, recupera o individualismo, apela ao egoísmo, corrói o espírito de comunidade, desperta o pequeno ou o grande fascista mais ou menos adormecido em tantos corações. Em vez de vozes fraternas e sentimentos de esperança, vemos dedos acusatórios apontados, “polícias de varanda”, novos bufos e delatores ávidos de notícias, de preferência falsas, que legitimem o discurso da violência sobre os outros, do ódio sobre a diferença, do autoritarismo sobre a democracia. Eles andam aí e esta reclusão colectiva e prolongada também serve para se mostrarem, com poucos pudores, auto-legitimados que se sentem pela magnífica missão que escolheram desempenhar, a de vigilantes e delatores de inimigos inventados à medida.

Outras razões conduzem à falsa de esperança, certamente, que os impactos desta crise social e económica são extremamente assimétricos. Talvez esteja mais protegido quem trabalhe para o Estado, mesmo que não se vislumbre grande luz ao fundo deste túnel e não se perceba muito bem qual é o limite desse suporte pelas finanças públicas. Menos protegidos estarão os trabalhadores de empresas privadas com contratos permanentes, sobre os quais as ditas empresas têm alguma responsabilidade, certamente mais limitada que a do estado pelas contingências dos ciclos económicos. Haverá grandes empresas que acumularam o suficiente para aguentar este e outros rombos sem problemas de maior e que, ainda assim, estendem a mão ao Estado, salvador afinal, importante afinal, essencial afinal. Mas também há as pequenas e médias empresas que genuinamente não têm como assegurar o pagamento de salários depois de um, dois, três meses, sem produzir. Quantos meses vão ser, afinal?

Depois vai-se descendo na escala da vulnerabilidade: os trabalhadores temporários, os independentes, todos os que vivem de actividades artísticas ou das funções técnicas inerentes, todos os que desempenham tarefas essenciais e regulares em processos produtivos, mas sobrevivem na chantagem da informalidade. Todos os desempregados sem horizonte para procurar emprego. Todos os sem-abrigo que não têm casa onde se recolher. Todos os habitantes de casas precárias sobrelotadas na periferia de grandes cidades.

Todos os refugiados que fugiram da guerra e foram depositados em campos de concentração às portas da Europa. Toda a gente que em África, na América Latina ou no Sudoeste Asiático, para quem a normalidade do quotidiano já se fazia de carências habitacionais, alimentares, económicas ou de cuidados de saúde. Sabe-se muito pouco sobre se, quando e como sairemos todos desta inusitada experiência. Talvez possamos contar uns com os outros para sair como uma comunidade reforçada e solidária e não como pessoas gananciosas à procura de recuperar à força qualquer coisa tida como perdida, seja lá o que for. Talvez.

Vivo por estes dias uma experiência que esperava ser de “pós-covid”. Estava enganado e afinal não é o caso. Desde que apareceram os primeiros casos no Japão, em finais de Janeiro, vivi durante dois meses na região de Hokkaido, a que teve durante muito tempo o maior número de casos no país (foi, entretanto, ultrapassada por Tóquio). Nunca houve confinamentos obrigatórios, mas houve uma severa retração recomendada e generalizadamente aceite, em que só se saía para o essencial. Estive quase sem sair de casa durante um mês e meio. Entretanto mudei para outra região, no sul, onde até agora se registaram apenas 3 casos, todos eles já recuperados. Viajei num avião quase vazio, passando por aeroportos quase vazios. Encontrei uma cidade quase sem casos (só teve 1, para mais de um milhão de habitantes) mas ainda assim muito previdente, com poucas pessoas nas ruas, muitas máscaras, visível contenção na aproximação, ainda mais do que é habitual na cultura japonesa, já de si muito parcimoniosa no contacto físico. Não sei se se justifica, mas vive-se essa incerteza, de só se saber que o assunto não está afinal resolvido. Não é bom viver com medo.

3 Abr 2020

Macau Solidário | Campanha prolongada até 7 de Abril

[dropcap]A[/dropcap] campanha Macau Solidário vai continuar a recolher donativos para ajudar Portugal no combate à pandemia do novo coronavírus até 7 de Abril. Inicialmente prevista para terminar a 5 de Abril, o prolongamento da campanha deve-se à interrupção de vários serviços nos próximos dias, incluindo bancos, durante as celebrações do feriado do Cheng Ming.

Segundo a Comissão Solidária de Macau, composta por 17 associações de matriz portuguesa, a campanha tinha angariado até ontem 1,5 milhões de patacas. Recorde-se que o valor angariado tem como objectivo a aquisição de equipamento para profissionais de saúde em Portugal e testes de despistagem. O envio do material para Portugal é coordenado pela Embaixada de Portugal na China e centralizado no Ministério da Saúde.

3 Abr 2020

TJB | Nove suspeitos vão a julgamento por violar medidas de prevenção

[dropcap]V[/dropcap]ão ser remetidos ao Tribunal Judicial de Base acusações no âmbito de oito inquéritos, que envolvem nove arguidos, suspeitos de violação de medidas de prevenção da epidemia. Contra oito dos arguidos, o Ministério Público (MP) deduziu acusações pelo crime da infracção de medida sanitária preventiva.

O restante indivíduo foi acusado do crime de falsificação de documento, indica um comunicado do MP. De acordo com a nota, sete dos arguidos não respeitaram a observação médica durante o período de 14 dias, e saíram sem autorização do quarto ou residência, ou acolheram outra pessoa no quarto de hotel.

Para além disso, um residente saiu de Macau no mesmo dia em que entrou sem autorização, enquanto um trabalhador não residente declarou residência falsa para fugir à quarentena, e continuou a trabalhar apesar de dever estar sob observação médica. De entre os inquéritos encontra-se também um caso de danificação de máscaras fornecidas pelo Governo, em que a acusação é de dano qualificado.

3 Abr 2020

Covid-19 | Serviços de Turismo acham que não são precisos mais hotéis

Apesar de ressalvar que os Serviços de Saúde têm de avaliar a situação, a representante dos Serviços de Turismo disse ontem que se deve melhorar a gestão de quartos, mas que não são precisos mais hotéis

 

[dropcap]A[/dropcap]s contas foram feitas e os resultados indicam não ser necessário encontrar novos hotéis para observação médica, disse ontem Inês Chan, representante da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em conferência de imprensa. A chegada de centenas de pessoas a Macau desde meados de Março motivou essa procura, mas, de acordo com a representante, a necessidade agora passa pela “melhor gestão e distribuição dos quartos para um plano futuro”. “Face a alguma eventualidade ainda termos quartos em stand-by”, acrescentou. Ainda assim, ressalvou que as decisões dependem de avaliação dos Serviços de Saúde.

Ontem estavam 2.292 pessoas em observação médica nos 12 hotéis disponibilizados. Confrontada com queixas quanto à alimentação nos hotéis, Inês Chan explicou que alguns não tinham capacidade de proporcionar refeições no número exigido, pelo que recorreram a encomendas externas. Quanto às horas das refeições, a responsável indicou que as entregas em horários variados “muitas vezes são por causa dos exames que o pessoal dos Serviços de Saúde tem de fazer”. E ressalvou que as queixas ajudam a melhorar os serviços.

De acordo com Lo Iek Long, médico adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), a taxa de infecção de quem voltou a Macau é de 0,84 por cento. Um número que engloba estudantes e residentes no geral. “Quando chegarmos ao fim podemos ver variação, mas não deverá ser uma subida súbita”, disse.

Por outro lado, foi ontem explicado que a prioridade é prevenir e controlar a epidemia, pelo que muitas das despesas, como por exemplo com a aquisição de máscaras, só serão reveladas depois da situação passar.

No âmbito das máscaras, o médico procurou tranquilizar preocupações com a qualidade das máscaras, reiterando que há especificações técnicas a ser seguidas e que quando as encomendas são feitas as amostras são examinadas.

Voluntarismo

A equipa de voluntariado, constituída por estudantes, de combate à epidemia recebeu 1224 inscrições. Dos inscritos, participaram em trabalhos nas fronteiras 57 pessoas, enquanto 27 estudantes deram apoio no atendimento de chamadas telefónicas. Lo Iek Long explicou que para se evitar o contacto dos estudantes com o exterior, estes ficam sobretudo a cargo do “empacotamento de máscaras e trabalhos internos”. O médico afirmou que os trabalhos de combate à epidemia contam com “todos os quadrantes da sociedade”, desde a doação de materiais ao voluntariado.

O representante da Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude, Leong I On, disse ontem relativamente aos alunos com necessidades educativas especiais, que desde finais de Fevereiro foram contactadas instituições de reabilitação para tratamentos a estudantes, mediante autorização dos encarregados de educação. Porém, a representante deixou uma ressalva. “Não podemos depender só dos terapeutas”, frisando a importância do apoio dos pais.

Leong I On disse que tanto professores como pais ligaram para as instituições de apoio e alguns “manifestaram pressão”, pelo que foram feitos vídeos para ajudar a aliviar o ambiente em casa.

908 veículos passaram a fronteira

Com o anúncio da suspensão de veículos de matrícula dupla ontem filas voltaram aos postos fronteiriços para entrar em Zhuhai, divulgou Lei Tak Fai, do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). Ainda assim, o responsável considerou que “a ordem em geral foi boa”. Nas dez primeiras horas de ontem, passou um total de 908 veículos. Nas Portas do Cerco passaram 564, na Ponte do Delta 83, e na Ponte Flor de Lótus 261 veículos.

3 Abr 2020

Rui Severino, português a residir em Wuhan: “Isto uniu ainda mais o povo chinês”

Na próxima quarta-feira, dia 8, é levantada a quarentena obrigatória na cidade de Wuhan, o epicentro inicial da pandemia da covid-19. Rui Severino, um dos dois portugueses que decidiu ficar na cidade e que recusou ser evacuado pelas autoridades lusas, relata a forma como a população de Wuhan está a retomar o quotidiano

[dropcap]C[/dropcap]omo está a situação em Wuhan neste momento? 
Nunca estive em casa. Fiquei em lockdown no centro de treinos, porque sou treinador de cavalos de corrida. Não podemos ir para lado nenhum e, neste momento, Wuhan ainda está fechada, ainda não foi levantada a quarentena. Só com autorização especial se pode sair à rua para certos fins. Mas 90 por cento das pessoas ainda estão em casa, em isolamento. A cidade começou a retomar alguma normalidade no dia 25 de Março, mas muito pouca. Algumas lojas estão abertas, mas há mais supermercados abertos ou estabelecimentos de fornecimento de outros produtos. A maioria dos espaços estão fechados porque as pessoas ainda estão em casa.

Como tem sido o dia-a-dia no centro de treinos? Estando com a equipa, têm existido momentos delicados, de tensão psicológica?
Nunca é uma situação fácil, mas não me posso queixar, porque estamos distraídos com o trabalho. No fundo, o nosso dia-a-dia não mudou em termos de trabalho pois continuamos a treinar os cavalos, comemos e dormimos aqui. Somos 67 pessoas aqui no centro e todos cumprimos medidas rigorosas, pois fazemos check-ups diários, duas vezes por dia, com verificação de temperatura. Só algumas pessoas podem sair para comprar comida e apenas uma vez por semana, com autorização especial. Quando voltamos a entrar estamos completamente desinfectados. Em termos psicológicos foi complicado, porque nunca tinha estado numa situação destas. Durante o dia estamos ocupados, mas à noite é um pouco mais complicado. Temos famílias lá fora e a ansiedade é muito grande.

Numa cidade que foi forçada a encerrar, como se viviam as poucas saídas? 
Houve sempre um grande cuidado. Ao início, quando saímos para comprar coisas, levávamos um fato de protecção especial, luvas, óculos e máscara. Há três dias saí para ir ao meu apartamento buscar roupa e tive novamente uma atenção especial. A máscara continua a ser obrigatória, aliás, quem não usar máscara é preso.

Acredita que a cidade poderá voltar ao normal dentro de pouco tempo?
A quarentena vai ser levantada a 8 de Abril, na próxima semana. Claro que vão continuar muitos estabelecimentos fechados, como cinemas, bares ou discotecas, mas todas as lojas, centros comerciais [vão abrir]. Não há ainda uma data para o início das aulas, que costuma ser em Fevereiro e que tem sido adiado.

Sente que este vírus mudou os residentes de Wuhan para sempre?
A China, infelizmente, tem experiência com estes vírus, e talvez por isso a resposta foi rápida por parte da população, em relação às medidas que o Governo impôs, o que não se tem visto no resto do mundo. Mas isso também tem a ver com o facto de, na cultura chinesa, ser hábito usar máscara sempre que se está doente, mesmo que seja uma constipação. Penso que mudou a população. Este surto que é completamente diferente dos outros, as pessoas estão mais cautelosas e têm mais cuidados do que tinham antes. O povo chinês é muito patriótico e solidário e isso ainda os uniu mais. Gostaria de ver isso em todo o mundo, gostava de ver todo o mundo a unir-se.

Decidiu nunca sair de Wuhan, quebrando a tendência de fuga de muitos portugueses. Não se arrepende de ter ficado aí?
Nunca julgo as atitudes dos outros, mas talvez se tenham precipitado um pouco. Não os culpo, porque alguns estavam cá sozinhos e a opção era ficar em casa e se calhar não tiveram a percepção de que isto se iria espalhar pelo mundo fora. Eu decidi ficar por causa das minhas responsabilidades profissionais, por causa da minha equipa e dos meus cavalos. Eles depositam confiança em mim e eu não os podia abandonar. Mas também vi a óptima resposta da população às medidas impostas pelo Governo, deu-me garantias de que iria estar seguro em Wuhan. Teria tomado a mesma decisão outra vez.

Como fica agora a sua situação profissional?
Depois de levantada a quarentena vamos tentar obter as autorizações devidas para podermos mudar de província, de Hubei para Shanxi, onde fica o nosso Jockey Club. Tudo indica que lá para Maio ou finais de Junho podemos reiniciar as corridas de cavalos em Shanxi.

Como avalia a resposta das autoridades portuguesas na retirada dos portugueses de Wuhan?
Só tenho de louvar as autoridades portuguesas, sobretudo a embaixada, que esteve em constante contacto connosco. Criou-se um grupo de conversação na plataforma WeChat, onde eram feitas centenas de perguntas todos os dias, e eles estiveram presentes 24 horas por dia, respondendo e dando informações. Nunca nos esconderam nenhuma informação. Quanto a mim, que decidi ficar, e outro português, foi-nos dado muito apoio. Enviaram-nos máscaras, óculos especiais de protecção, luvas. Para mim, foi emocionante, porque sou luso-australiano e a Austrália não me deu apoio nenhum.

O número de mortes em Wuhan tem levantado algumas dúvidas, tendo em conta, por exemplo, as filas que se formam junto a agências funerárias. Não sei se tem acompanhado esta questão, qual o seu comentário?
Não tenho conhecimento disso. Juntamente com os meus colegas chineses, não temos ouvido falar disso. Em relação aos números, se não acreditarmos nas entidades oficiais, vamos acreditar em quem? É possível que essas notícias sejam verdadeiras, não nos podemos esquecer que morreram quase quatro mil pessoas. Tenho amigos jornalistas aqui na China e não tenho essa informação.

Há uma confiança generalizada da população em relação às autoridades chinesas?
Com certeza. A grande maioria não conhece a realidade chinesa, nunca esteve na China, não conhece a cultura e é muito fácil fazer juízos de valor. As autoridades de Wuhan esconderam o vírus durante algum tempo, mas quando o Governo Central soube, tomaram as devidas acções. Essa acção foi de louvar para todo o povo chinês e para os estrangeiros que cá decidiram ficar, como eu. Não sinto que a China esteja a mentir neste momento, até porque a China de hoje não é a China de 2003 [ano em que surgiu a SARS]. As pessoas estão mais abertas, têm mais acesso à informação, há mais pessoas a estudar no ensino superior. E penso que o Governo também tem isso em atenção. Sinto que há um grande nervosismo, e com todo o direito, mas é preciso salientar que é preciso manter a calma. Se cumprirem as regras de higiene e distanciamento social… se a China conseguiu [controlar o surto] Portugal e o resto do mundo também vai conseguir de certeza. Mas vai ser um processo longo. Isto vai mudar a forma como socializamos uns com os outros.

Como olha para a actuação das autoridades portuguesas no combate à pandemia?
Pelo que li nas notícias lamento a resposta um pouco tardia. Penso que houve uma atitude branda e senti-me triste com isso. A própria população não quis saber, no início. Mas estou convencido que as pessoas estão agora mais cientes do problema, até porque a vizinha Espanha está a sofrer imenso. Um lockdown é um lockdown, é para cumprir a sério. O exemplo tem de vir de cima.

Há ainda um grande debate na Europa relativamente ao uso da máscara. 
Só na Europa é que há esse debate. É uma pena. Os chineses, os médicos e especialistas, todos dizem na televisão metem as mãos à cabeça, questionando-se como é possível. Se não há máscara, não se sai de casa.

3 Abr 2020

Covid-19 | Número de internados subiu mais de 40% e ultrapassou os 1.000

[dropcap]O[/dropcap] número de pessoas internadas por causa da covid-19 em Portugal ultrapassou hoje a barreira dos 1.000, aumentando mais de 40% relativamente aos dados divulgados na quarta-feira. Segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), 1.042 pessoas estão internadas, o que representa mais 316 relativamente aos dados de quarta-feira (+43,5%).

Das 1.042 pessoas internadas, 240 estão em Unidades de Cuidados Intensivos (mais 10, +4,3%). Os dados da DGS indicam que em Portugal há 209 mortes associadas à covid-19 e 9.034 pessoas infectadas. No dia em que assinala um mês desde que o primeiro caso da doença foi detetado em Portugal, o relatório da DGS indica que 68 doentes recuperaram.

Desde o dia 1 de Janeiro, registaram-se 66.895 casos suspeitos em Portugal, dos quais 4.958 aguardam resultado das análises. O boletim epidemiológico indica também que há 52.903 casos em que o resultado dos testes foi negativo.

Portugal, onde o primeiro caso foi confirmado a 02 de março e que viu hoje renovado até 17 de abril o estado de emergência, está já na terceira e mais grave fase de resposta à doença (Fase de Mitigação), ativada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária.

Detetado em dezembro de 2019, na China, o novo coronavírus já infectou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil. Dos casos de infecção, cerca de 180.000 são considerados curados.

2 Abr 2020

Covid-19 | China regista dezenas de novos casos diários de infecção vindos do exterior

[dropcap]A[/dropcap] China regista dezenas de novos casos diários de contágio pelo novo coronavírus oriundos do exterior, apesar de ter interditado, no sábado passado, a entrada de estrangeiros no país. Foram detectadas 35 pessoas infectadas com a Covid-19, todas vindas do exterior, nas 24 horas até à meia-noite na China, segundo as autoridades de saúde chinesas.

A Comissão Nacional de Saúde do país asiático informou ainda que morreram seis pessoas devido à infeção pelo novo coronavírus, na cidade chinesa de Wuhan, epicentro da epidemia. No mesmo dia foram detectados 20 novos casos suspeitos, também importados.

Muitos chineses radicados no exterior estão a voltar ao país, à medida que a doença se alastra pelo resto do mundo, pelo que a China passou a contar com centenas de casos importados.

A partir de sábado, o país suspendeu temporariamente a entrada de cidadãos estrangeiros, incluindo quem possui visto ou autorização de residência, como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus.

As autoridades informaram que 170 pacientes receberam alta após superarem a doença e quase 1.900 pessoas que tiveram contacto próximo com os infectados estão sob observação médica. O país asiático soma 1.863 casos ativos, entre os quais 429 continuam em estado grave.

A China revelou ainda que detetou 55 novos casos assintomáticos. A Comissão Nacional de Saúde só começou na quarta-feira a divulgar o número de pessoas infectadas, mas que não têm sintomas.

A possibilidade de infectados assintomáticos poderem contagiar outras pessoas ainda não é consensual entre especialistas, mas as autoridades de saúde indicaram que eles devem passar por uma quarentena de 14 dias num local designado.

O número total de infectados diagnosticados na China, desde o início da pandemia, é de 81.589, entre os quais 3.318 morreram e 76.408 tiveram alta após superarem a doença. Desde o início do surto, em dezembro passado, 710.000 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre os quais mais de 20.000 permanecem sob observação.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 905 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 46 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 176.500 são considerados curados.

2 Abr 2020

Músico Adam Schlesinger morre aos 52 anos vítima de covid-19

[dropcap]O[/dropcap] músico co-fundador da banda Fountains of Wayne Adam Schlesinger morreu na quarta-feira, aos 52 anos, vítima de complicações relacionadas com a covid-19, confirmou o seu advogado, Josh Grier, à agência Associated Press.

Artista por trás de temas como “Stacy’s Mom” e “That Thing You Do” (usada no filme com o mesmo nome protagonizado por Tom Hanks e que lhe valeu uma nomeação para Óscar de melhor canção), Schlesinger foi também compositor para o palco e para o ecrã, com destaque para a série “Crazy Ex-Girlfriend”, com a qual venceu o terceiro Emmy da sua carreira.

Nas redes sociais, multiplicaram-se as notas de pesar do mundo artístico, desde Tom Hanks ao escritor Stephen King, passando pelos apresentadores Stephen Colbert e Jimmy Kimmel, pela comediante Kathy Griffin, pelo ator Elijah Wood ou o músico Ted Leo, entre muitos outros.

Nascido em 1967, Schlesinger cresceu em Nova Jérsia, tendo formado os Fountains of Wayne em 1995, com um antigo colega de turma, Chris Collingwood.

Para além dos três Emmys que venceu, o músico recebeu ainda um Grammy, com David Javerbaum, em 2009, por melhor álbum de comédia, devido às canções para o disco “A Colbert Christmas: The Greatest Gift of All!”, que acompanhava um episódio especial daquele apresentador e humorista, com temas partilhados com Elvis Costello.

Schlesinger é mais um artista a morrer vítima do novo coronavírus, que já causou a morte de quase 46 mil pessoas pelo mundo inteiro, desde o seu surgimento em dezembro.

2 Abr 2020

Covid-19 | China exige documentação adicional a exportadores de equipamento médico

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês disse ontem que vai exigir documentação adicional às empresas do país para lhes permitir exportem equipamento médico, incluindo testes de detecção do novo coronavírus, máscaras, fatos de protecção ou termómetros de infravermelhos.

Numa declaração conjunta, o ministério chinês do Comércio e a Administração Geral das Alfândegas e a Administração Nacional de Produtos Médicos informaram que as empresas chinesas que exportam equipamento médico devem fornecer evidências de que os produtos são licenciados pelas autoridades do país e atendem aos padrões de qualidade dos países de destino. As alfândegas chinesas só permitirão a saída de produtos com licença atribuída pelas autoridades da saúde.

A mesma nota indica que foi tomada a decisão de “garantir a qualidade e a segurança” dos produtos, para que se “cumpram os requisitos” e os padrões dos países de destino.

A medida foi tomada dias depois de Espanha ter informado que testes de deteção rápida para a Covid-19 comprados à empresa chinesa Shenzhen Bioeasy Biotechnology eram defeituosos e que teve de devolve-los.

A empresa não estava incluída, segundo Pequim, numa lista de fornecedores autorizados entregues pela China ao Governo espanhol, embora Madrid tenha indicado que a compra foi iniciada antes de receber a referida lista.

Também a Holanda disse que mais de 600.000 máscaras importadas da China foram devolvidas depois de as autoridades locais determinarem que não eram adequadas para uso pelos profissionais de saúde.

Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, apenas 21 das 102 empresas chinesas do sector com aprovação para exportar para a União Europeia possuem licença para vender na China.

Fontes do setor citadas pelo jornal afirmam que a nova medida terá um impacto negativo nas empresas que estavam a acumular produtos para exportar para os países mais afetados pela pandemia, uma vez que a obtenção das licenças necessárias geralmente leva entre um e três anos.

O presidente da Associação de Diagnóstico In Vitro da China, Song Haibo, disse que muitas empresas com selo de aprovação para exportarem para o mercado europeu “assinaram contratos [com compradores estrangeiros], mas podem agora ser forçadas a quebrar o acordado, o que poderá levar a litígios”.

No caso espanhol, a Bioeasy prometeu substituir os testes defeituosos, que foram devolvidos por Madrid, e fazer uma nova entrega com os pedidos pendentes.

2 Abr 2020

Covid-19 | Shenzhen proíbe permanentemente a criação e consumo de animais selvagens

[dropcap]U[/dropcap]ma das mais prósperas cidades chinesas, Shenzhen, emitiu hoje a proibição mais abrangente até à data de criação e consumo de animais selvagens, num esforço para evitar um surto futuro do coronavírus.

A covid-19 foi detectada pela primeira vez na cidade de Wuhan, centro da China, em dezembro passado, entre pacientes relacionados com um mercado da cidade que vendia animais selvagens, incluindo pangolim e civeta, além de carnes mais convencionais, como frango e peixe. O consumo de animais selvagens é sobretudo popular no sul da China, onde Shenzhen está situado.

Situada na fronteira com Hong Kong, Shenzhen tornou-se num centro global para fabrico de componentes eletrónicos e sede das principais firmas tecnológicas do país. Em 2002, o surto da pneumonia atípica, ou SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), foi inicialmente disseminado por pessoas que consumiam ou criavam e vendiam animais selvagens em áreas próximas de Shenzhen.

Os regulamentos estipulados pelas autoridades da cidade proíbem permanentemente o comércio e o consumo de animais selvagens, o que vai além da proibição temporária emitida pelo Governo central, em fevereiro passado, após o início do surto.

Para além de cobras, lagartos e outros animais selvagens, a diretriz, que cita razões humanitárias, proíbe ainda o consumo de carne de cão e gato, que são há muito tempo especialidades locais.

A proibição prevê multas a partir dos 150 mil yuans, valor que aumentou consideravelmente, dependendo da quantidade de animais apreendidos.

A medida não restringe a criação de animais selvagens para fins medicinais, que tem sido criticada como cruel e perigosa para a saúde pública, embora o consumo desses animais para alimentação passe a ser proibido.

2 Abr 2020

Manhãs ocupadas

[dropcap]O[/dropcap]ito da manhã e o toque para o pequeno-almoço. Às vezes preferia não acordar tão cedo. Mas sabendo que a intenção é comer o repasto quente, não consigo passar sem, pelo menos, abrir a porta, dizer bom dia e agradecer. Já trato o desconhecido simpático pelo nome. E ele a mim. Há duas semanas que me vê acordar, a aparecer-lhe à frente desgrenhada e a andar aos esses de sono. A soltar um bom dia rouco, e a acrescentar no mesmo tom “estou com sono, obrigada e até já”.

Dez da manhã, e está na hora da temperatura. Descansada com aqueles 35 e picos, 36, tento voltar ao sono. Apetece-me ver o dia passar mais rápido.

Pouco depois, mais três toques para a entrega de um envelope. Era do Hotel. Na carta lia-se: “Agradecemos a sua colaboração nesta quarentena e esperamos ter tornado a sua estadia o mais confortável possível nestas circunstâncias difíceis”. Mais adiante continuava. “Agora que se aproxima o momento da sua saída, o regresso à vida normal e à sua família e amigos queremos demonstrar a nossa gratidão e deixar o convite para uma visita futura”. Este convite vinha fundamentado por dois vouchers de consumo com validade até ao final do ano. Um gesto bonito. Uma validade assustadora. Até Dezembro de 2020. A inconstância do momento alarga o tempo para uma eventual utilização das coisas.

Ainda estava eu a reler a carta, principalmente “o momento da sua saída e regresso à vida normal e à sua família e amigos”, e a tentar perceber esse conceito de normalidade que não me parece existir do outro lado do vidro, e sinto passos lá fora. Assinalam-se com o som de quem anda vestido em plásticos ou coisa parecida. Era a equipa médica. Afinal, a dois dias de uma saída, é preciso verificar outra vez. Cotonete acima, menos doloroso, mas também menos simpático. E lá foi a amostra.

Preciso de chocolates. Acabaram-se. Não por serem poucos. Mas porque não passo sem eles, principalmente pela noite dentro. Tenho que agradecer devidamente ao Mário. “Tens chocolate?” Perguntei-lhe ontem lá para a meia-noite. “Claro”. “Manda cá para baixo” “Quarto?”. Respondi no mesmo tom de telegrama e minutos depois apareceu-me o segurança, visivelmente risonho com um kit kat de chocolate negro dentro de um saco. Rimos bastante naquela entrega.

Hoje ouvi os bons dias da redacção da rádio. Tantas vozes bonitas do outro lado. Obrigada Marta por teres servido de pombo correio entre os beijos de cá para lá e vice-versa. Ontem falei com o João, de quem não sabia nada há anos. Senti-lhe a rebeldia que antes lhe saltava até dos caracóis do cabelo, o humor ácido que queima a realidade. E o carinho.

Até amanhã.

M.M.

2 Abr 2020

Do retiro

27/03/2020

[dropcap]O[/dropcap] gladiador que vai morrer saúda o Corona-César com um manguito porque também ele joga e julga e ri-se às gargalhadas dos Césares e dos que vão cuspir sobre o seu cadáver: saudades que me dão dos pépluns, a meio da noite, depois de um mosquito ter rompido de auriga a rede para me vir ferrar, quebrando-me o sono.

Sentado de perna aberta na preia-mar, cogito em como o relativo jeito com que me sirvo da Parker não me torna destro no manejo do sílex e do carbono – ou seja, convém pouco que uma regressão civilizatória exceda os limites do tolerável.

Ainda que a semana tenha sido deprimente e sinais apontem para aí, como o Bolso-onagro ter decretado que de entre as aglomerações desculpáveis, porque segundo ele essenciais, está a ida às salas de loto. É usar a roleta russa contra a população, ou idêntico a engolir um moscardo para o ver sair incólume, o seu verde iridescente e impoluto, pelo rabo, como se mais não fossemos – aos olhos da aleatoriedade do poder que ambos (insecto e Bolso) representam – do que o Homem Invisível.

Entretanto, corroborando o “chefe”, o presidente do Banco do Brasil afirmou que “a vida não tem valor infinito“. Tem sim. Mais que não seja porque isso abriria o campo à discriminação, que é absolutamente destituída de siso.

28/03/20

Adormeci ontem a ver The Banker, um filme de George Nolfi, onde Bernard, um miúdo negro com queda para os números e os negócios se torna um empresário de tal sucesso que, contornando as omissões das leis, se tornou o primeiro negro dono de um banco no Texas, em 1965, ainda que a coberto de um testa-de-ferro – branco.

Só três anos depois dele e do sócio, Joe (um brilhante Samuel L. Jackson, como aliás, sempre) terem sido denunciados e condenados a prisão por puro racismo, é que se decretou finalmente uma lei nos States que proibia a recusa de vender propriedades por razões de raça, religião ou género.

Cansa a desmedida da irracionalidade humana, mas a tragédia que o filme projecta é verificarmos como cinquenta anos depois não saímos do natural ressentimento e das clivagens entre raças. Como diz Joe a Bernard, que neste aspecto lhe parece ingénuo: «eu consigo ser amigo de brancos, “mas há sempre um extra”». A inversa, nesta terra em que habito, é igualmente verdadeira: eu consigo ser amigo de negros, “mas há sempre um extra” – esgotada a motivação de um “interesse” qualquer ou a “vantagem” passageira que eu possa oferecer ao outro, a amizade volatiza-se, de repente.

E agora há um “novo extra” associado à ignorância que rege a xenofobia: há quinze dias uns miúdos numa escola de primeiro ciclo fugiram de mim chamando-me “coronavírus!”. Hoje uma amiga contou-me como ontem, também num bairro popular de Maputo, o Alto Maé, a apontaram chamando-lhe “coronavírus!” e sentiu uma certa agressividade no ar. Que sejam casos esporádicos! Talvez esta tensão não decorra de um racismo de pele, mas de haver um entendimento popular de que seja esta doença uma enfermidade trazida pelos “ricos”, aqueles que têm possibilidade de viajar – aqueles que noutra crise foram apelidados de “chupa-sangue”.

29/03/20

De comum, tropeço em certas palavras a que sou alérgico, dado que por mais que as conheça não as uso nunca. Como “escopo”: o olhar é o escopo da luz, a larva é o escopo da borboleta, o seu sorriso com covinhas é um escopo de vagina, da brama do mar ao trilar das estrelas para além deste alpendre sobre o jardim tudo é escopo de um deus que se retira; o Índico tem cada vez menos peixes, lastimam-se os pescadores, que face às marés vivas olham para a faina como um escopo de ataúde, etc., etc. Não me escorrega facilmente pelo estreito, o vocábulo, nem em “escopo”.

30/03/20

Um belíssimo livro que devia ser obrigatório traduzir para português, Em Defesa do Fervor, do polaco Adam Zagajewski, que arranjei na tradução espanhola: uma defesa da poesia em tempos de cinismo e um hábil resgate do Belo e do Sublime, que Zagajewski leva a cabo sem padecer de qualquer recaída no idealismo.

Um excerto: «A poesia e a dúvida necessitam uma da outra, coexistem como o carvalho e a hera, o cachorro e o gato. Mas a sua união não é harmónica nem simétrica. A poesia precisa de duvidar da poesia. Graças à dúvida a poesia é purificada da insinceridade retórica, da verborreia e falsidade, da sua fixação prematura e da euforia vazia (não a verdadeira). Sem o olhar severo da dúvida, a poesia – especialmente no nosso tempo sombrio – poderia degenerar numa canção sentimental, num cântico exaltado embora estulto ou num louvor impensado de qualquer coisa inorgânica no mundo»

31/03/20

Um pato rasa o telhado da casa, a grasnar. Há uma hora andaram por lá os macacos. A lagartixa trepa pela parede amarela. A brisa leva o espanta-espíritos a responder aos pássaros. Em fundo o mar nunca se engasga, como um piano de manivela.

Estou embutido na natureza, esta benigna, já a do vírus é da predação, como a nossa. Mas por enquanto sinto-me distante das crónicas de desmoronamento. Bebo o terceiro chá da manhã, resolvi fazer uma dieta-intermitente e passo catorze horas sem levar uma bucha à boca, a ver se estou mais magro seis ou sete quilos quando o bicho me apanhar porque devido ao peso sinto os pulmões opresos.

Hoje sonhei. No meu sonho, bizarro, aparecia uma miúda de carrapito e aspecto modesto; o aprumo e a procissão, merda, merda, caiavam-na por dentro, como se lhe forrassem de papel de parede o verso da pele.
Espreito as notícias, tantos motivos para execrar o mundo. Mas de duas coisas sei: que nunca se deve apostar contra o mistério e que nunca me conseguirão inflamar o ódio. Tenho esta fraqueza.

2 Abr 2020

Falta de turistas leva a perdas de 90% em casas de penhor

As restrições dos governos das regiões vizinhas para combater a pandemia do covid-19 estão a ter impacto muito profundo nas casas de penhor. Nas imediações do Hotel Lisboa, há cada vez mais lojas para arrendar

 

[dropcap]A[/dropcap] descida do número de visitantes em Macau, relacionado com o covid-19, está a ter impacto muito forte nas casas de penhores do território, que se queixam de quebras nas receitas entre 80 a 95 por cento. Foi este o cenário traçado por três negócios nas imediações do Hotel e Casino Lisboa, uma área onde há cada vez mais lojas vazias e com anúncio de arrendamento.

Na Casa-Penhores Pak Son terá havido uma perda superior a 90 clientes por dia, de acordo com um dos funcionários. “O nosso negócio vive dos turistas do Interior. Sem eles, não temos clientes e com isso não fazemos qualquer negócio”, afirmou Cheong, em declarações ao HM. “Antes da epidemia tínhamos mais ou menos 100 clientes por dia. Agora temos dias em que não entram clientes, ou em que há apenas um cliente”, apontou.

Esta quebra nas receitas fez com que a gestão da Casa-Penhores Pak Son tivesse adoptado medidas para cortar custos, como a redução do horário de funcionamento, implementação de licenças sem vencimento para trabalhadores não-residentes que não conseguem entrar em Macau ou precisam de cumprir quarentena de 14 dias, e o aumento do número de folgas não pagas.

“Com esta situação, as receitas da loja não devem chegar a 300 patacas por dia, o que nos afecta directamente a todos. Mais de metade dos nossos ordenados resulta de comissões, sem receitas acabamos por ficar numa situação miserável, pior que os taxistas”, confessou o trabalhador de 39 anos.

A falta de turistas do Interior é vista como a justificação para a crise também na Casa de Penhor Bit Seng, além dos visitantes vindos de Hong Kong, como explicou Cham, um empregado de 30 anos.

“O grande problema é a falta de clientes, porque não há turistas do Interior nem de Hong Kong. Só temos clientes locais e o número é muito reduzido”, justificou. “Não temos uma estatística feita, mas, por exemplo, normalmente havia sempre cerca de oito a 10 clientes, agora temos um ou dois. Se conseguirmos fechar o negócio com esses não é mau”, indicou Cham.

Também na Casa Penhor Cheong Seng, onde as perdas de receitas superam 95 por cento, o cenário é semelhante, como contou ao HM uma funcionária de apelido Kou. Neste cenário, a renda acaba por ser um dos maiores desafios: “Não temos clientes, há dias em que não vem ninguém à loja ou só recebemos a visita de uma ou duas pessoas. As quebras de receitas são superiores a 95 por cento, estamos numa situação muito difícil”, descreveu. “Não temos clientes na loja, mas temos de pagar renda”.

Associação à espera

Apesar das dificuldades, não se encontra no sector uma resposta colectiva, como admite Leong, funcionária da Associação Geral dos Penhoristas de Macau.

Sem uma tradição de comunicação permanente, a associação desconhece mesmo o número total de lojas de penhores existentes no território. Neste momento, há mais de 100 lojas registadas na associação, mas o número total em Macau é desconhecido, porque nem todas se inscrevem.

A Associação Geral dos Penhoristas de Macau desconhece igualmente o número de membros que terá fechado portas desde Janeiro, altura em que o impacto do covid-19 se começou a sentir. “Entre os nossos associados ainda não sabemos quantos foram obrigados a fechar devido ao impacto da ausência de turistas.

É uma informação que só vamos ter em Agosto, quando formos recolher o pagamento das quotas”, informou a fonte associativa ao HM.

Por outro lado, a associação reconheceu que ainda não foi feito qualquer pedido de ajuda financeira ao Executivo.

2 Abr 2020

Covid-19 | Autocarros que transportaram doente deixaram de circular

[dropcap]A[/dropcap] Transmac suspendeu os dois autocarros, das rotas 26A e 26, pelo facto de terem transportado um doente com covid-19. De acordo com um comunicado publicado no Facebook, os dois motoristas que se encontravam a trabalhar nessas rotas também estão isolados em casa, além de que as duas viaturas foram desinfectadas.

O doente em causa viajou duas vezes no autocarro 26A, entre a avenida Almeida Ribeiro/Rua Camilo Pessanha e a praia de Hac-Sá, em Coloane, por volta das 16h o doente regressou à península no autocarro 26, e saiu na paragem da avenida Almeida Ribeiro / Weng Hang.

Entre os dias 25 e 31 de Março, o autocarro 26 A K320 correu a linha do 25 (dia 25 a 28), AP1/25B (dia 26), 9A (dia 27), 51A (dia 29) e 33/25B (nos dias 30 e 31). Já o autocarro K205 correu a linha do 5X (nos dias 24 a 28 e entre 30 e 31), 26A (dia 26), 33 (dia 27), tendo sido suspenso o seu funcionamento no dia 29. A Transmac declarou ainda que em todos os percursos o indivíduo utilizou máscara.

2 Abr 2020

Novo fundo | Dimensão das empresas pode ser critério de distribuição

O novo fundo deve ser distribuído pelas empresas de acordo com a sua dimensão, recomenda a Federação da Indústria e Comércio de Macau. Mak Soi Kun pede que sejam tidas em conta as características de cada sector. Já Ella Lei considera que o Governo se tem esquecido das licenças sem vencimento

 

[dropcap]A[/dropcap] Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos considera que o novo fundo de 10 mil milhões de patacas de combate à epidemia deve ser distribuído pelas empresas, de acordo com a sua dimensão. A recomendação foi feita ao Governo e anunciada ontem pelo presidente da associação Lei Cheok Kuan, ao canal chinês da TDM – Rádio Macau.

Mais concretamente, segundo o responsável, foi proposta ao Governo a distribuição de acordo com o número de trabalhadores de cada empresa. Empresas com mão-de-obra até 10 trabalhadores seriam apoiadas com 100 mil patacas, as que têm entre os 11 e os 25 funcionários seriam assistidas com 250 mil patacas, as empresas com quadros entre 26 e 36 trabalhadores seriam apoiadas com 350 mil patacas e, por fim, as empresas com mais de 36 colaboradores seriam apoiadas com 500 mil patacas.

Lei Cheok Kuan espera que o Governo “continue a lançar mais medidas de apoio de acordo com as circunstâncias”, recordando que anteriormente o Executivo já tinha afirmado que não iria além do apoio inicial de 40 mil milhões de patacas. Na mesma entrevista, o presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau fez ainda referência ao tufão Hato para sublinhar que o impacto económico da epidemia é agora mais profundo do que em 2017. “Espero que o Governo lance mais do dobro das medidas avançadas na altura do tufão Hato”, afirmou.

Também a deputada Ella Lei marcou presença no mesmo programa e defendeu que “as principais dificuldades dos trabalhadores vão além do desemprego”, passando também por cortes salariais de 50 por cento e licenças sem vencimento. Por isso mesmo, a deputada defende que o montante do novo fundo do Governo deverá ser distribuído de acordo com três níveis: universalidade, pertinência e formação contínua.
Ella Lei referiu ainda que devem ser atribuídos apoios mais direccionados e que o Governo tem falhado no que toca à questão das licenças sem vencimento.

Apoios indirectos

Também com o novo fundo de combate à epidemia como pano de fundo, através de interpelação escrita, o deputado Mak Soi Kun quer que sejam tidas em conta as características de cada sector na definição do apoio a distribuir.

“O Governo criou recentemente um fundo de apoio de 10 mil milhões de patacas. No entanto, existem ainda muitas micro e pequenas empresas de diferentes sectores de Macau que precisam de apoio específico para combater a epidemia. Será que as autoridades podem ter em conta as características dos diferentes sectores na definição da atribuição das medidas de apoio”, questionou Mak Soi Kun.

Mak Soi Kun pede ainda ao Governo que considere a isenção do pagamento da taxa de 20 por cento de imposto de selo, prevista para a venda de imóveis adquiridos há menos de dois anos. Segundo o deputado, o pedido é justificado com a necessidade crescente da população encontrar liquidez em tempos de crise, traçando um paralelismo com a crise asiática de 1997.

2 Abr 2020

Fronteiras | Zhuhai proíbe entrada de viaturas com matrícula dupla

A partir desta manhã, os residentes com veículos com dupla matrícula vão deixar de poder viajar para o Interior. A medida partiu de Zhuhai e a CPSP pediu compreensão aos residentes

 

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Zhuhai vão proibir a partir das 10h de hoje a entrada de viaturas com matrícula dupla, ou com a matrícula tripla (Macau, Interior da China e de Hong Kong). A informação foi avançada na madrugada de ontem e levou ao aumento significativo do tráfego para passar a fronteira.

Na conferência de imprensa, Ma Chio Hong, chefe da Divisão de Operações e Comunicações do Corpo de Polícia Segurança Pública, pediu a compreensão aos condutores afectados pelas medidas adoptadas pelo Interior. “O que se pretende é evitar a circulação de veículos e pessoas. As autoridades de diferentes governos estão a tomar medidas de prevenção e algumas são cada vez mais apertadas”, afirmou o responsável. “Estamos num período muito crítico e espero que haja compreensão. O objectivo é reduzir os riscos de transmissão”, acrescentou.

A decisão das autoridades de Zhuhai apenas foi conhecida em português às 01h25 de ontem, em chinês foi publicada às 23h29 do dia anterior. Ma Chio Hong justificou que a comunicação foi feita tão depressa quanto possível pelas autoridades locais.

Como consequência, entre as 01h e o meio-dia de ontem, um total de 1.941 viaturas saíram de Macau, o que representa um incremento de 47 por cento nos movimentos de veículos em comparação com o período anterior. O número de saídas foi de 1.125, mas depois do meio-dia ainda havia viaturas concentradas para deixar Macau.

As novas restrições de Zhuhai não têm data limite, mas proíbe a circulação de veículos com excepção dos utilizados para transporte de mercadorias, serviços públicos de contingência, viaturas fúnebres e com matrícula única de Macau para entrada em Hengqin e Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau.

Sete dias de isolamento

Nos próximos dias, um grande número de pessoas vai sair de quarentena, caso os últimos testes ao covid-19 sejam negativos. Por este motivo, Alvis Lo Iek Long, médico-adjunto da direcção do CHCSJ, apelou às pessoas que regressem a casa e que permaneçam isoladas durante mais sete dias.

“Quando acabarem o isolamento, apelamos para que pensem nas famílias e na sociedade e se mantenham isolados mais sete dias e meçam a temperatura duas vezes por dia. Também vamos telefonar-lhes para saber como estão”, afirmou Alvis Lo.

O mesmo médico afastou ainda a hipótese, por motivos técnicos, de Macau passar a publicar os dados sobre o número de pacientes que nunca desenvolvem sintomas, apesar de estarem infectados pelo covid-19. “Nós temos publicado todos os números, mas não temos essa estatística. Como muitos dos nossos casos são detectados numa fase muito inicial, também porque as pessoas estão de quarentena, a detecção é feita sem que haja sintomas”, começou por explicar. “Mais tarde, já durante o tratamento, as pessoas depois apresentam sintomas, mas é muito difícil saber se são considerados com ou sem sintomas”, acrescentou.

Casos sobem para 41

Ontem também foram reveladas mais informações sobre os 40.º e 41.º casos identificados em Macau. Ambos são residentes e são mãe, com 47 anos, e filho, com 20 anos.

Segundo as informações disponibilizadas pela médica Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, ambos tinham estado no Reino Unido entre 15 e 26 de Março, altura em que regressam para Macau via Hong Kong.

O transporte foi arranjado pelas autoridades e os dois infectados estavam de quarentena quando foram diagnosticados. Além deles, quatro familiares que os acompanharam na viagem foram levados para o centro de isolamento no Hospital das Ilhas.

Actualmente, Macau regista 31 casos activos e 10 curados. Entre as pessoas isoladas e em tratamento há um paciente em estado grave, ligado ao ventilador, mas que registou melhorias. Por outro lado, há 16 pacientes com sintomas de pneumonia e outros 14 com sintomas mais leves.

Quarentena | Atrasos em resultados impediram altas

Uma dezena de pessoas em quarentena no Alto de Coloane deviam ter tido alta ontem, mas atrasos na recolha e resultados dos últimos testes atrasaram a saída para hoje. A informação foi avançada ontem por Alvis Lo Iek Long, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ). Ainda em relação às pessoas a cumprir quarentena em casa, foi revelado na conferência de imprensa que há cinco casos, cujo fim da quarentena também está para breve. Finalmente, foi esclarecido que as pessoas obrigadas pelos SSM a parar a quarentena em casa para serem transferidas para hotéis designados ficam isentas dos custos do hotel.

Máscaras, ronda 8

A oitava ronda da venda de máscaras disponibilizadas pelo Executivo vai arrancar hoje em 84 postos de venda. Na fase anterior foram vendidas cerca de 6 milhões de unidades, o que em termos acumulados significa a venda de 40 milhões de máscaras desde o início da pandemia. A grande novidade nesta fase é a colaboração de cerca de 500 alunos voluntários para o empacotamento e distribuição de máscaras. As autoridades apelaram ainda para que se evitem filas, no caso de não haver necessidade urgente de máscaras.

2 Abr 2020

Covid-19 | Mais de 30 mil pessoas morreram na Europa

[dropcap]A[/dropcap] pandemia de covid-19 já matou mais de 30 mil pessoas na Europa, mais de dois terços em Itália e em Espanha, segundo um balanço da AFP às 07:00, a partir de dados oficiais.

Com um total de 30.063 mortes (para 458.601 casos), a Europa é o continente mais atingido pela pandemia de covid-19. Itália (12.428 mortes) é o país europeu mais afectado, seguida pela Espanha (8.189) e pela França (3.523).

1 Abr 2020

Casinos | Receitas de Março com quebras de quase 80 por cento

O mês de Março continuou a ser negro para o sector do jogo com as receitas a caírem 79,7 por cento. No primeiro trimestre, as receitas sofreram uma quebra de cerca de 60 por cento. Albano Martins prevê que o jogo VIP seja mais forte este ano e que as medidas adoptadas nas fronteiras atrasem a recuperação do sector

 

[dropcap]D[/dropcap]epois do período mais difícil no combate à pandemia covid-19, que decretou o encerramento de quase todas as actividades económicas e o fecho dos casinos, por um período de 15 dias, as receitas do jogo continuam no vermelho.

Dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) revelam que as receitas dos casinos registaram no mês de Março uma quebra de 79,7 por cento, fixando-se em 5,2 mil milhões de patacas. Por oposição, no mês de Março de 2019 as receitas foram de 25,8 mil milhões de patacas.

No que diz respeito ao terceiro trimestre, houve uma descida de 60 por cento nas receitas, para 30,48 mil milhões de patacas, menos 45,66 mil milhões de patacas do montante arrecadado nos três primeiros meses de 2019.

Confrontado com estes dados, o economista Albano Martins não encontra grande diferença entre os números de Fevereiro e de Março. “Houve uma quebra de receitas à volta de 80 por cento no mês de Março, quando em Fevereiro foi de 88 por cento. Em Fevereiro os casinos estiveram fechados 15 dias, e em Março não estiveram fechados, pelo que a subida da receita não foi muito significativa”, disse ao HM.

O facto de Macau, Hong Kong e a província de Guangdong terem adoptado medidas restritivas nas fronteiras devido à covid-19 faz com que o início da recuperação do sector do jogo não se faça já este mês, defende o economista.

“Isto vai ter implicações muito grandes nas receitas do jogo, porque era suposto que em Abril e Maio essa quebra global de 60 por cento fosse reduzindo mais rapidamente, mas assim é de novo uma grande incógnita. Mas, acreditando que possa demorar mais um mês, as receitas do jogo vão recuperar e vai-se registar uma quebra de 40 por cento face ao ano anterior, mas é tudo uma previsão.”

Jogo VIP mais forte

Ainda que os dados da DICJ não façam a diferenciação entre jogo de massas e jogo VIP, Albano Martins acredita que este último segmento continue a ser mais forte. “Até Fevereiro ou Março, o jogo VIP já tinha ultrapassado o jogo de massas, o que é normal. O ano passado tinha ficado abaixo dos 50 por cento. O que pode acontecer é que o jogo VIP continue a ser mais forte do que o jogo de massas. O jogo VIP vai trazer mais receitas este ano para Macau.”

No que diz respeito à quebra global de receitas, o economista acredita que os valores vão ficar, este ano, “razoavelmente abaixo dos 50 por cento”.

“Acredita-se que em Maio e Junho as coisas estejam melhores que agora. A China já se começa a abrir, e, embora não venham [turistas] de outros países, Macau depende essencialmente do jogo da China. Portanto, é só uma questão de se abrir a torneira e os visitantes começarem a vir de novo, para que os valores fiquem razoavelmente abaixo de 50 por cento.”

“Muitos analistas dizem que as receitas de jogo vão cair substancialmente, mas não vão cair muito mais do que isso, porque é difícil haver menos receitas do que 3,1 mil milhões [de patacas, valor das receitas de Fevereiro deste ano]”, rematou Albano Martins.

1 Abr 2020

Covid-19 | China identifica 130 novos casos assintomáticos

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que identificou 130 novos casos assintomáticos, portadores do novo coronavírus, mas que não revelam nenhum sintoma da doença da covid-19. A mesma comissão informara na terça-feira que, de um total de mais de 1.500 casos assintomáticos que estão a ser isolados e monitorizados, 205 vieram do exterior.

As autoridades indicaram também que foram registados 36 novos casos confirmados da covid-19 no país continental, que exclui Macau e Hong Kong. Todos, exceto um dos novos casos, foram importados. Nas últimas 24 horas foram ainda registadas mais sete mortes.

Hoje, pela primeira vez, a China passou a contabilizar os casos assintomáticos na contagem oficial. Enquanto a proporção de pessoas que contraíram o vírus, mas permanecem assintomáticas, é atualmente desconhecida, os cientistas dizem que esses ‘portadores’ ainda podem transmitir a covid-19.

Como o surto doméstico na China a diminuir significativamente, alguns especialistas questionaram se a dificuldade em identificar casos assintomáticos poderia levar ao ressurgimento de infeções.

A China, onde o vírus foi detectado pela primeira vez em dezembro, registou um total de 81.554 casos e 3.312 mortes desde o início do surto. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 850 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 42 mil. Dos casos de infecção, pelo menos mais de 170 mil são considerados curados.

1 Abr 2020