Nevoeiro

[dropcap]F[/dropcap]iz a mala. Só falta fechar. De fora deixei a necessaire e uma mochila grande para pôr a parafernália das refeições: os talheres, o prato e a malga coloridos da Cristina e a outra malga que veio com o chili de lentilhas e vegetais da Vera. A aveia, o chá e o café, se ainda houver. Não, não saio amanhã. Ainda faltam uns dias. Mas hoje, ao contrário do que me caracteriza – aqueles cinco, sete minutos de pegar em três peças de roupa antes de apanhar um avião – fiz a mala com antecedência. Ficou também de lado uma mochila mais pequena, para o computador e os livros que ainda me servem.

Além da roupa essencial para esta última etapa, e que a seu tempo será enrolada numa bola e colocada num saco já destinado, está também de fora, dobrada por cima do sofá vermelho, uma outra muda, escolhida a dedo dentro das possibilidades. Não quero sair daqui indigna do ar. Tenho que ir arranjadinha rumo à porta, lá de fora, e ao respirar.

“Bom dia, gostaria de saber se se está a sentir bem e se precisa de alguma coisa?” pergunta-me a relações públicas do hotel. Digo que sim e agradeço o cuidado. “Boa tarde, estou a ligar dos Serviços de Saúde” oiço mais tarde “Está a sentir-se bem? Como está a sua temperatura hoje? Tem tido alguma indisposição?” “36 graus e sinto-me lindamente”. “Obrigada e até amanhã”.

O que faz falta

Das rotinas diárias faz parte o arrumar a “casa”. Lavo a pouca loiça que tenho e que me está a uso. A bancada da casa de banho está dividida. De um lado, uma espécie de escorredor, onde estendi uma toalha, pequena, branca. Do outro, o copo com a escova e a pasta dos dentes. Ao lado, está a escova do cabelo e o óleo de argão que dá para tudo. Entre um lado e outro, duas velas, grandes e cheirosas, para me fazerem sentir mais em casa. Na parede, as toalhas. Uma para as mãos. Outra para a loiça. Ficam bem ali, penduradas no varão dourado e a contrastar com o amarelo de fundo. Os pauzinhos, que me dão aos pares de três por dia também se incluem. Reutilizam-se para tentar adoecer menos o mundo. Afinal, não preciso de muito. Mas preciso de ar, do sorriso das pessoas do outro lado da mesa do café, do vento quente e húmido da estação, das vozes sem serem filtradas por linhas ou letras. De caras, sem máscaras, sem máscara alguma.

Hoje está mais nevoeiro do que o habitual. Por esta altura do ano parece que Macau se enfia dentro de um capacete. A humidade dispara para se manter nos 100 por cento, a temperatura começa a aumentar a o território mergulha numa nuvem permanente, claustrofóbica que antecede a próxima estação. É uma espécie de prelúdio de Verão.

M.M.

1 Abr 2020

SSM | Registados 41 casos. Menina de 9 anos “em recuperação”

[dropcap]E[/dropcap]sta terça-feira foram registadas mais duas ocorrências de covid-19, registados como 40.º e 41.º casos confirmados. O 40º caso, a doente é uma mulher de 47 anos de idade, residente de Macau, doméstica, que regressou a Macau proveniente do Reino Unido, enquanto o 41º caso foi diagnosticado num homem de 20 anos de idade, estudante no Reino Unido, filho do 40º caso. A mãe e o filho chegaram a Hong Kong na tarde do dia 27 de Março, vindos de Londres, e foram transportados até Macau pelo transporte exclusivo do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Foram encaminhados ao Hotel Dragão Royal para observação médica, tendo realizado ontem testes de zaragatoa nasofaríngea cujos resultados foram positivos confirmando a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus.

Já o 39º caso de infecção com o novo coronavírus, é o de uma menina de 9 anos filha do 34º infectado. A menina terá contraído a covid-19 nas Filipinas, para onde viajou a 17 de Janeiro com o pai e o irmão para visitar a mãe. Ao início não apresentava sintomas, tendo sido feitos testes a 26 de Janeiro, com resultado negativo, e mais dois testes no dia seguinte, em que um deles deu positivo.

“Achamos que contraiu a doença nas Filipinas, a criança não sentiu nada, mas já apresentava sintomas. Os resultados dos testes deram primeiro negativo e depois positivo. Achamos que não é um caso muito especial, porque a criança apanhou a doença naquele país e não se sentiu mal”, disse o médico Alvis Lo. O profissional de saúde acrescentou que não se trata de uma nova infecção e que o facto de ter apresentado sintomas depois de quatro semanas está relacionado com o desenvolvimento do vírus no corpo humano.

“Normalmente, após uma primeira infecção, há casos em que pode aparecer novamente o resultado positivo. Ela está na fase de recuperação, estamos a fazer um tratamento anti-viral e não consideramos que é uma nova infecção”, concluiu Alvis Lo.

1 Abr 2020

Covid-19 | Termina transporte especial de residentes para Macau 

Acabou a segunda e última fase da medida de transporte especial de residentes do aeroporto internacional de Hong Kong para o território. Até ontem existiam ainda 129 pessoas inscritas para esse apoio. Governo sugere a residentes para ponderarem bem o regresso

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau deixa de prestar, a partir de hoje, o apoio na concessão de transporte especial para residentes que regressem de países estrangeiros para o aeroporto internacional de Hong Kong. A medida teve duas fases, compreendidas entre os dias 17 e 22 e entre 22 e 31 de Março, e não será prolongada, disse ontem Inês Chan, representante da Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

“Esta medida foi adoptada há 15 dias e em todo o mundo estão a ser adoptadas diferentes medidas de prevenção e há muitas limitações, como o fecho das fronteiras. Devido a este desenvolvimento mundial não teremos mais a operação para ir buscar residentes ao aeroporto de Hong Kong”, explicou.

Até ontem existiam ainda 129 pessoas inscritas junto do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo para terem acesso a este apoio, mas podem ainda surgir constrangimentos a muitas pessoas que estão em trânsito ou a pensar voltar a Macau.

“Hoje [ontem, 31 de Março] vamos buscar mais 129 pessoas. Será que todas essas pessoas vão conseguir apanhar os voos para regressarem a Hong Kong? Estamos a contactar com os residentes que fizeram o check-in, mas podem existir situações em que os voos internos tenham sido cancelados, podendo existir obstáculos para apanhar depois o voo para Hong Kong”, adiantou Inês Chan.

Até esta segunda-feira, 30, o Governo de Macau transportou um total de 2007 residentes no âmbito desta medida, tendo recebido mais dois pedidos adicionais de consulta relativos ao regresso à RAEM. “Não podemos pedir apoio a Hong Kong sem limites só para ir buscar os residentes de Macau. Também temos de respeitar as regras do Governo vizinho.”

Que alternativas?

Quem não for residente de Hong Kong não tem sequer oportunidade para fazer check-in, mesmo que esteja ainda na Europa ou noutro país estrangeiro. Inês Chan falou ainda de outras alternativas.

“Quem tem salvo conduto e pode viajar para a China pode depois voltar por essa via, é uma possibilidade, mas quem não tem não há hipótese. Alguns são residentes de Macau e também portadores do BIR de Hong Kong. Há dias fomos contactados por um estudante que se encontra em Portugal e que, primeiro, decidiu ficar no país, mas só hoje quis voltar a Macau, mas já não há bilhetes”, exemplificou a responsável da DST.
Inês Chan disse não poder dar resposta relativamente a todos os residentes que se encontrem no exterior, tendo alertado para que estes ponderem bem o seu regresso. “Fazemos um apelo porque é necessário tomar uma decisão com prudência. Se os residentes quiserem voltar a Macau podem consultar outros meios mas têm de ter em conta as medidas de contenção, porque a sua deslocação pode ser impedida”, rematou.

Zhuhai | TNR voltam a poder fazer quarentena

Passa a estar activo, a partir de hoje, o local, em Zhuhai, destinado à quarentena de trabalhadores não residentes (TNR) que visitaram ou estiveram no Interior da China e que pretendam entrar em Macau. Ontem, na habitual conferência de imprensa do centro de coordenação e contingência do novo coronavírus, o agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) declarou que o local anteriormente designado para a quarentena deixa, assim, de estar suspenso, sendo que os TNR devem munir-se de uma declaração médica que comprove que não estão infectados antes de entrarem no território.

1 Abr 2020

Covid-19 | Portugal com 160 mortes e mais de 7.400 infectados

[dropcap]P[/dropcap]ortugal regista hoje 160 mortes associadas à covid-19, mais 20 do que na segunda-feira, e 7.443 infectados (mais 1.035), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados atualizados até às 24:00 de segunda-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (83), seguida da região Centro (40), da região de Lisboa e Vale do Tejo (35) e do Algarve, que hoje regista dois mortos.

Relativamente a segunda-feira, em que se registavam 140 mortes, hoje observou-se um aumento de 14,1% (mais 20). De acordo com dados da DGS, há 7.443 casos confirmados, mais 1.035 (um aumento de 16,1%) face a segunda-feira.

Das 140 mortes registadas, 97 tinham mais de 80 anos, 38 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 17 entre os 60 e os 69 anos, seis entre os 50 e os 59 anos e dois óbitos entre os 40 aos 49 anos.

Das 7.443 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a grande maioria (5.837) está a recuperar em casa, 627 (mais 56, +9,8%) estão internadas, 188 (mais 24, +14,6%) dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos.

Os dados da DGS, que se referem a 75% dos casos confirmados, precisam que Lisboa é o concelho que regista o maior número de casos de infeção pelo coronavírus SARSCov2 (505), seguida do Porto (462 casos), Vila Nova de Gaia (338), Gondomar (298), Maia (293), Matosinhos (273), Braga (220), Valongo (210), Sintra (167) e Ovar (159).

Desde o dia 1 de Janeiro, registaram-se 52.086 casos suspeitos, dos quais 4.610 aguardam resultado das análises. O boletim epidemiológico indica também que há 40.033 casos em que o resultado dos testes foi negativo e que 43 doentes recuperaram.

A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 4.452, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, com 1.799 casos, da região Centro (911), do Algarve (137) e do Alentejo, que hoje apresenta 50 casos.

Há ainda 48 pessoas infectadas com covid-19 nos Açores e 46 na Madeira. A DGS regista ainda 19.260 contactos em vigilância pelas autoridades (mais 7.778).

A faixa etária mais afetada é a dos 40 aos 49 anos (1.383), seguida dos 50 aos 59 anos (1.346), dos 30 aos 39 anos (1.115) e dos 60 aos 69 anos (1.028).

Há ainda 94 casos de crianças com idades até aos nove anos, 184 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos e 755 com idades entre os 20 e os 29 anos.

Os dados indicam também que há 758 casos de pessoas com idades entre os 70 e os 79 anos e 780 com mais de 80 anos.

Segundo o relatório da DGS, 134 casos resultam da importação do vírus de Espanha, 98 de França, 49 do Reino Unido, 28 de Itália, 32 da Suíça, 38 dos Emirados Árabes Unidos, 18 de Andorra, 14 da Austrália, 11 do Brasil, 11 Países Baixos, oito da Bélgica, sete da Alemanha, sete da Argentina, seis dos EUA, quatro da Áustria, quatro em Cabo Verde e quatro no Canadá.

O boletim dá ainda conta de três casos importados da Índia e outros três de Israel e dois casos do Egito, dois da Irlanda, dois da Jamaica e outros dois da Tailândia.

Foram ainda importados um caso da Áustria/Alemanha, Chile, Cuba, Dinamarca, Indonésia, Irão, Luxemburgo, Malta, Maldivas, Noruega, Paquistão, Polónia, Qatar, República Checa, Venezuela, Ucrânia e Suécia.

Segundo a DGS, 62% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 50% febre, 34% dores musculares, 29% cefaleias, 24% fraqueza generalizada e 19% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 76% dos casos.

31 Mar 2020

Covid-19 | China regista 48 novos casos de infecção vindos do exterior

[dropcap]A[/dropcap] China continuou a registar dezenas de novos casos de contágio pelo novo coronavírus oriundos do exterior, apesar de ter interditado, no sábado passado, a entrada de estrangeiros no país. Foram detectadas no país 48 pessoas infectadas com a covid-19, todas vindas do exterior, até à meia-noite na China, segundo as autoridades de saúde chinesas.

A Comissão Nacional de Saúde da China informou ainda que morreu uma pessoa devido à infeção pelo novo coronavírus, na cidade chinesa de Wuhan, epicentro da epidemia. Wuhan conta com 528 pacientes em estado grave, a maioria a nível nacional. O número total de infectados diagnosticados na China, desde o início da pandemia, é de 81.518, entre os quais 3.305 morreram e 76.052 tiveram alta após superarem a doença. O número de pacientes infectados fixou-se assim nos 2.161.

Quando a doença começou a atingir o resto do mundo, muitos chineses regressaram ao país, que passou assim a registar centenas de casos oriundos do exterior. A partir de sábado, a China suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo quem possui visto ou autorização de residência, como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus.

Desde o início do surto, em dezembro passado, 704.190 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, incluindo 19.853 ainda sob observação, de acordo com dados oficiais. Para impedir uma segunda vaga de contágios no país, o Governo chinês impôs uma quarentena rigorosa de 14 dias em centros designados pelas autoridades a quem entrar na China.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 148.500 são considerados curados.

31 Mar 2020

Covid-19 | Mais um caso em Macau eleva total de infectados para 39

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram hoje mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 39 desde o início do surto do novo coronavírus. Trata-se de uma criança de nove anos, residente em Macau, filha de um dos casos confirmados. A 18 de Março regressou de Manila, Filipinas, via Hong Kong, acompanhada do pai e do irmão.

À chegada a Macau os três não apresentaram quaisquer sintomas e ficaram em quarentena domiciliária de 14 dias. Depois de a 26 e a 27 de março os testes à criança terem dado negativo, um último exame efetuado na segunda-feira resultou positivo, confirmando a pneumonia causada pela covid-19.

Após Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, a partir de meados deste mês foram identificados 29 novos casos, todos importados.

Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 148.500 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

31 Mar 2020

Covid-19 | Pequim qualifica críticas de França sobre ajuda como “cínicas”

A secretária de Estado francesa para os Assuntos Europeus classificou as acções chinesas de apoio a vários países como encenações com vista a promover a imagem do país. Pequim diz que as fábricas continuam a produzir materiais hospitalares sem parar, para dar resposta aos muitos pedidos que chegam de todo lado, inclusive da França, que encomendou “mais de mil milhões de máscaras” e que este esforço deve ser enaltecido e não denegrido

 

[dropcap]A[/dropcap] China considerou ontem “cínicas” as declarações da secretária de Estado francesa para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, que acusou Pequim de estar “a instrumentalizar” a ajuda chinesa que dá a outros países contra a pandemia de covid-19.

A pandemia está, em termos gerais, suprimida no território chinês, com apenas um ou nenhum novo caso de origem local anunciados nos últimos dias.

Nas últimas semanas, o Governo chinês ofereceu máscaras, roupas de protecção e luvas a países atingidos pela covid-19, além de enviar especialistas médicos, principalmente para a Itália.

“Às vezes é mais fácil fazer propaganda, [passar] imagens bonitas e instrumentalizar o que está a acontecer”, disse Amélie de Montchalin no domingo, no programa “Questions politiques”, da France Inter, do jornal Le Monde e da France Télévisions.

“Estou a falar sobre a China e sobre a Rússia, que encenam as coisas”, disse, sem, no entanto, dar exemplos concretos.

A China foi acusada por alguns críticos de querer tirar proveito da ajuda que fornece, particularmente aos países europeus, para exaltar o seu modelo político.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China respondeu, entretanto, sublinhando que o país não percebe a razão das críticas.

“Ouvi, várias vezes, ocidentais mencionarem a palavra ‘propaganda’ em relação à China. Gostaria de lhes perguntar: exactamente a que é que se estão a referir?”, questionou o porta-voz do ministério, Hua Chunying.

“O que é que querem? Que a China fique de braços cruzados face a esta grave epidemia que está a afectar os outros países? Que se mantenha indiferente?”, referiu numa conferência de imprensa, ontem realizada.

Os funcionários das fábricas chinesas de máscaras e de outros materiais de proteção estão actualmente a trabalhar em pleno para responder aos pedidos de países onde esses equipamentos estão em falta.

“Os esforços [desses trabalhadores] devem ser respeitados e não denegridos”, disse Hua Chunying.
A própria França encomendou “mais de mil milhões de máscaras”, sobretudo à China, segundo o ministro da Saúde, Olivier Véran.

“Gostava de perguntar às pessoas que fazem comentários cínicos o que é que estão a fazer contra a pandemia?”, afirmou ainda Hua, acrescentando que a China espera que a pessoa em causa ofereça, por palavras e acções, benefícios à cooperação internacional (contra a covid-19)”.

Com defeito

A França ofereceu, em Fevereiro, à China várias toneladas de equipamentos médicos, incluindo fatos de protecção, máscaras, luvas e desinfectantes.

Entretanto, a embaixada chinesa em Haia garantiu ontem que “não há qualquer consideração geopolítica” no seu apoio a outros países para combater o coronavírus e enfatizou que é “normal que alguns problemas surjam”, como aconteceu com o lote de 600.000 máscaras defeituosas recebidas para a Holanda.

O embaixador, Xu Hong, afirmou, em comunicado ontem divulgado, só ter tido conhecimento pela comunicação social do problema com “algumas máscaras compradas” à China pelo Governo holandês e assegurou que tem estado a acompanhar de perto a investigação nos Países Baixos, esperando que “este incidente isolado” não afecte a cooperação entre os dois países.

Metade de um lote de 1,3 milhões de máscaras usadas por profissionais de saúde para tratar doentes críticos infectados com a covid-19 foram consideradas defeituosas, colocando em risco médicos e enfermeiros.

A maioria deste material não se encaixa bem no rosto ou tem membranas – os filtros que devem travar as partículas virais – que não funcionam corretamente.

Segundo o Ministério da Saúde, o lote foi entregue com urgência pela China, já que o país estava, na semana passada, em estado de “grande escassez” relativamente a este tipo de material.

Todas as máscaras defeituosas distribuídas pelos hospitais já foram recuperadas, garantiu o ministério.
Xu Hong não confirmou a qualidade defeituosa das máscaras compradas pelo Governo holandês a um fabricante chinês autorizado, mas oferece ajuda das autoridades de Pequim na investigação e pediu para que estes problemas sejam “resolvidos objectivamente”, sublinhando que “não devem ser politizados”.

Trágicos números

“O vírus não conhece fronteiras e só fortalecendo a solidariedade e a assistência mútua é que a comunidade internacional conseguirá vencer a batalha contra a pandemia”, lembrou Xu Hong.

“A China continuará a apoiar plenamente os esforços holandeses para combater a pandemia e a trabalhar em conjunto para derrotar o novo coronavírus, que é o inimigo comum”, acrescentou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 142.300 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 396 mil infectados e perto de 25 mil mortos, é aquele onde se regista actualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 10.779 mortos em 97.689 casos confirmados até domingo.

31 Mar 2020

Hospital das Ilhas | Edifício recebe Centro Temporário de Isolamento

Contra as expectativas e devido à pandemia da covid-19, o edifício do Instituto de Enfermagem do Kiang Wu no Hospital das Ilhas foi estreado para receber pessoas que se encontram em quarentena

 

[dropcap]O[/dropcap] único edifício do Hospital das Ilhas já construído foi transformado num Centro Temporário de Isolamento. O prédio, que vai ser o Instituto de Enfermagem do Kiang Wu, tem capacidade para 192 camas e passou a receber recuperados em quarentena e pessoas de alto risco ou de contacto próximo com os infectados.

As camas para os casos suspeitos vão ficar entre os andares 11.º e 15.º, num total de 96 quartos. Além disso, o 10.º andar tem capacidade para receber material médico necessário para os tratamentos e isolamentos.

“Como este é um edifício do Governo podemos ocupá-lo durante um período prolongado […] Todas as pessoas de contacto próximo estão a ser transferidas para este centro temporário, o que permite que o Centro do Alto de Coloane seja utilizado apenas para receber os casos confirmados com sintomas leves”, afirmou Lo Iek Leong, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), sobre a medida.

“Esta alteração não foi feita com base numa revisão das estimativas sobre o número de infectados. Mas temos de ter capacidade de olhar para o futuro. Não nos podemos limitar a responder, caso haja um aumento repentino, temos de nos preparar”, sublinhou.

Numa altura em que Macau regista 39 casos, 21 dos quais ainda a receber tratamento, já há 26 pessoas no centro temporário. Ainda de acordo com Lo Iek Leong, o facto de o edifício não ter sido entregue à instituição ligada à família de Chui Sai On, e estar na posse do Executivo, faz com que não haja direito a qualquer pagamento.

Perigo de vida

Ontem foi igualmente feito um ponto da situação da saúde do paciente de 50 anos, que se encontra a lutar pela vida, após ter sido identificado como o 18.º caso. Segundo Lo Iek Leong, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), os níveis de oxigénio no sangue do homem continuaram a diminuir, o que levou a que houvesse necessidade de intubação.

“Houve um agravamento do estado de saúde do paciente em estado grave devido à falta de oxigénio”, anunciou Lo Iek Leong. “Normalmente quando respiramos, a proporção de oxigénio no ar que entra no nosso corpo é de 21 por cento. Com o ventilador começamos a aplicar uma proporção de 40 por cento de oxigénio ao paciente, ontem [no domingo] já aumentámos para 80 por cento, mas mesmo assim apresenta falta de oxigénio. Tivemos de fazer uma intubação”, explicou o médico.

Quanto às hipóteses do homem sobreviver, Lo recusou fazer um prognóstico na conferência de imprensa: “Não fazemos esse tipo de avaliação”, respondeu, quando questionado.

Sobre as medidas que levam a que o paciente se encontre em estado grave, Lo apontou que neste caso se deve principalmente à idade de 50 anos, o que faz com que esteja exposto a mais riscos.

Fim-de-semana turístico

Também ontem foi tornado público o percurso da residente de Hong Kong, com nacionalidade filipina, que foi identificada como infectada, após uma visita a Macau, entre 22 e 27 de Março.

A mulher de 40 anos esteve no Bar Roadhouse, no hotel Galaxy Broadway, na noite de 26 de Março, além das deslocações já conhecidas ao Mercado de São Domingos e ao restaurante Jollibee, a 25 de Março.

Além destes espaços, a mulher visitou a gelataria Haagen Dazs, a loja da Fortress, ambas no Leal Senado, e o Edifício Kwong Heng, Rua da Ribeira do Patane n.º 137, onde cozinhou e jantou com amigos. A viagem para Macau e a partida foram feitas através dos autocarros dourados, que atravessam a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

A passagem da residente de Hong Kong resultou em que oito pessoas fossem consideradas de contacto próximo e colocadas em isolamento. O Executivo coloca a hipótese de que o número de contactos próximos seja maior, mas admite que não consegue identificar todas as pessoas. No entanto, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença, apelou à calma: “Não estamos a falar da existência de mais casos, mas de pessoas de contacto próximo, que não são doentes e não contam como risco de propagação”, apontou.

CPSP | Mais dois casos de quarentena violada

De acordo com o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) houve mais dois casos de quarentenas domiciliárias violadas, que fizeram com que os infractores fossem levados para hotéis. “Duas pessoas viviam em casa, mas vinham sempre ao lóbi de entrada do edifício buscar os artigos que eram entregues pelos seus familiares”, afirmou Ma Chio Hong, chefe da Divisão de Operações e Comunicações. “Como estas duas pessoas violaram a lei, no dia 28 de Março, foram submetidas aos hotéis designados para fazerem quarentena obrigatória”, acrescentou. Face ao casos crescentes, as autoridades apelam a quem esteja em casa de quarentena que respeite as suas obrigações.

Sem testes polémicos

Após a empresa Shenzhen Bioeasy Biotechnology ter estado debaixo de polémica devido à qualidade dos testes rápidos vendidos para Espanha, que terão de ser devolvidos, Lo Iek Leong, médico adjunto da Direcção do CHCSJ, explicou que o material vindo para Macau foi adquirido em Xangai. “Segundo a informação que domino, os teste que temos são provenientes de uma empresa com sede em Xangai e não de Shenzhen”, explicou. Já em relação ao stock de testes, Lo afirmou que a RAEM tem material suficiente para três meses, embora sem dizer um número concreto.

31 Mar 2020

Economia | China prepara estímulo, enquanto zona Euro tem recessão no horizonte

Além da crise de saúde pública, a pandemia do novo coronavírus lançou a economia global num novo precipício. Enquanto a China se prepara para apresentar um plano de estímulos económicos, um pouco à semelhança dos Estados Unidos, a Europa actua de forma descoordenada com cada país a procurar mitigar a crise à sua maneira. O FMI já prevê um cenário de recessão semelhante à crise de 2009

 

[dropcap]A[/dropcap]s repercussões da pandemia que varre o mundo inteiro vão muito além da trágica situação de saúde pública. Além de deixar a descoberto muitos dos pontos fracos de instituições e governos, terá consequências económicas que já se começam a vislumbrar.

O Governo Central da República Popular da China comprometeu-se com medidas que deixam antever que Pequim se prepara para lançar um pacote de estímulos económicos de larga escala, para contrariar o impacto económico da pandemia.

Assim sendo, Pequim deverá aumentar o défice orçamental e colocar à venda dívida soberana, o que permite aos governos locais vender obrigações de financiamento de infra-estruturas. De acordo com a Xinhua, na semana passada o Politburo do Partido Comunista Chinês reuniu e aprovou as medidas com o objectivo de estabilizar a economia.

A agência oficial chinesa não deu mais detalhes quanto a possíveis estímulos fiscais. Importa recordar que a China ainda não divulgou o orçamento para 2020 devido à crise pandémica que forçou ao adiamento das anuais reuniões políticas e parlamentares de Pequim e que o défice orçamental não excede os 3 por cento há mais de uma década.

A capacidade produtiva da China tem sido fortemente afectada neste trimestre pelo encerramento de fábricas e paralisia de transportes. Além disso, com o mercado global também a sofrer com a pandemia, a procura externa de produtos chineses caiu igualmente.

De acordo com a Xinhua, o relatório da reunião do Politburo acrescentou que “o desenvolvimento económico, especialmente o retorno das cadeias de abastecimento, enfrentam novos desafios à medida que os casos de infecções importadas aumentam”. Com a economia global paralisada, Pequim vira-se para dentro. “São precisas fortes medidas macro-económicas para reduzir o impacto e expandir a procura doméstica”, projecta o relatório.

Outro ponto fundamental foi a manutenção dos objectivos de crescimento económico, que já eram algo contidos, para a “construção de uma sociedade moderadamente próspera” em 2020.

Num comunicado diferente, também divulgado na sexta-feira passada, o Banco Popular da China apelou a uma melhor coordenação das políticas macro-económicas, ao mesmo tempo que sublinhou que irá garantir a liquidez necessária para ajudar a economia real e evitar riscos de inflação.

Mundo parado

A consultora Oxford Economics divulgou ontem um relatório onde estima que a economia da zona Euro vai enfrentar uma recessão de 2,2 por cento enquanto a economia mundial vai estagnar este ano devido à pandemia da covid-19.

“A pandemia do novo coronavírus vai infligir uma profunda recessão na economia mundial, e em muitas das principais economias, durante a primeira metade deste ano”, lê-se numa nota enviada aos investidores, e que a agência Lusa cita, na qual se prevê que a zona euro caia 2,2 por cento, os Estados Unidos 0,2 por cento e a China cresça apenas 1 por cento.

No relatório, que já vai na segunda actualização devido à progressão da pandemia, os analistas desta consultora britânica escrevem que “para o conjunto do ano o crescimento global deve descer para zero” e acrescentam que “no primeiro trimestre, a economia mundial deve contrair-se a um ritmo mais rápido do que durante a crise financeira de 2009, caindo cerca de 2 por cento e sendo provável uma nova queda de 0,4 por cento no segundo trimestre”.

A estagnação prevista para o total do ano na economia mundial “marca o segundo valor mais baixo dos últimos 50 anos, só superado pela severidade da crise financeira de 2009”, apontam os analistas, que lembram que a previsão anterior à pandemia, para o crescimento mundial, era de 2,5 por cento.

Apesar do panorama sombrio para a primeira metade do ano, esta consultora estima que a recuperação económica seja “muito forte, segundo a experiência histórica”, antevendo que uma forte recuperação da actividade económica no final do ano. “A perspectiva de evolução a curto prazo é extremamente desafiante, mas a actividade vai recuperar depois das medidas de distanciamento social” e beneficiando também com a combinação dos estímulos monetários e orçamentais e da despesa discricionária”, lê-se no documento, que antecipa um crescimento de 5,3 por cento da economia mundial no último trimestre deste ano e uma média de 4,4 por cento em 2021.

As previsões, alertam, são particularmente incertas neste período, mas os analistas apontam ainda que num cenário de agravamento da pandemia, imposição de mais restrições sociais e mais stress nos mercados financeiros, a economia mundial poderia ter um crescimento negativo de 1,3 por cento, com a zona Euro a cair 3,2 por cento, os EUA 2,6 por cento e até a China poderia ver o PIB retrair 0,9 por cento.

Recordar 2009

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que “já está claro” que a economia mundial entrou “numa recessão, igual ou pior que a de 2009” devido à pandemia de covid-19. “Já está claro que estamos numa recessão igual ou pior que a de 2009”, afirmou Georgieva, numa conferência de imprensa por vídeo na sede da instituição financeira internacional, para avaliar o impacto económico da expansão global do coronavírus.

A líder do FMI disse esperar uma recuperação em 2021 desde que os governos adoptem medidas adequadas e “coordenadas”.

Mais de 80 países solicitaram já assistência financeira à instituição, segundo Georgieva. “Exortamos os países a intensificarem agressivamente as medidas de confinamento”, afirmou. “Podemos reduzir a duração desta crise”, acrescentou.

Georgieva também se congratulou com a aprovação de um pacote de apoio à economia norte-americana num montante de cerca de 2 milhões de milhões de dólares, sublinhando a necessidade de atenuar o impacto da pandemia na maior economia do mundo, obrigada a suspender a sua actividade como aconteceu em muitos outros países. “É importante para o povo norte-americano. É também importante para o resto do mundo, dada a importância dos Estados Unidos”, considerou.

A título de exemplo

A economista chefe da OCDE, Laurence Boone, considerou ontem “pertinente” a emissão de dívida comum na zona Euro alertando que falta coordenação entre os planos dos vários estados membros que estão a agir de forma unilateral. Em entrevista à publicação francesa Les Echos, Boone explica que “é pertinente a ideia sobre instrumentos comuns capazes de financiar – de forma solidária – os gastos de saúde ou relacionados com a gestão por causa do coronavírus”.

Trata-se de um mecanismo “importante porque na União Europeia fazem-se poucas transferências numa altura em que o vírus afecta todos sendo que os países não têm todos os mesmos meios de enfrentar” o problema, assinalou a responsável da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

Para Laurence Boone, os países da União Europeia podem vir a utilizar o mecanismo sobretudo porque o Banco Central Europeu (BCE) já “cumpriu a sua parte” oferecendo condições de financiamento o que, afirmou, “tranquilizou” os mercados permitindo absorver as novas emissões de dívida que se prevêem.

A economista francesa sublinha que a disparidade entre os planos apresentados pelos vários países europeus faz com que seja complicado fazer uma avaliação. “Outro exemplo da falta de coordenação na Europa relaciona-se com as ideias sobre as paralisações laborais (a tempo parcial), mas ninguém o está a fazer da mesma forma fazendo com que as empresas estejam a tomar medidas diferentes nos vários países”, acrescentou.

Em termos gerais, Boone insiste que a “evidente falta de coordenação na gestão da crise” tem de ser corrigida.

31 Mar 2020

Covid-19 | Itália com mais 1.648 casos e 812 mortes, ritmo dos contágios em baixa

[dropcap]A[/dropcap] Itália registou nas últimas 24 horas 1.648 novos casos de infecção pelo novo coronavírus e 812 mortes adicionais, números que traduzem uma clara redução dos contágios, segundo dados divulgados hoje pela Protecção Civil.

O aumento de casos de infecção de domingo para hoje, 1.648, representa menos de metade do aumento dos dias anteriores, tendo passado de 8,3% de novos casos em média nos últimos quatro dias para 4% nas últimas 24 horas, segundo as autoridades. O número de novos casos é por outro lado quatro vezes mais baixo que há 15 dias.

Desde que foi detectado o primeiro caso em Itália, a 20 de fevereiro, 101.739 pessoa foram infectadas pelo vírus que provoca a covid-19. Desse total, 11.591 morreram, 14.620 já recuperaram da doença e 75.528 permanecem infectadas.

A maioria dos infectados, 58%, recupera isolada em casa, apresentando sintomas ligeiros ou mesmo ausência de sintomas, e cerca de 4.000 estão internadas em unidades de cuidados intensivos. Outro sinal positivo, apontam, é o aumento do número de pessoas consideradas curadas em todo o país, 1.590 de domingo para hoje, número que nunca foi tão alto num só balanço diário.

“Podemos esperar atingir o pico em sete ou 10 dias e, depois, razoavelmente, uma descida do contágio”, estimou o vice-ministro da Saúde, Pierpaolo Sileri. As autoridades destacam também que, pela primeira vez desde o início da pandemia em Itália, o número de novos casos na Lombardia (norte), a região mais atingida do país, baixou de 25.392 no domingo para 25.006 hoje.

“Na Lombardia observamos uma diminuição do número de casos, mas sobretudo pressão nas urgências e na atividade das ambulâncias. Nestes últimos quatro dias mudou muita coisa. É o sinal de que o enorme esforço que estamos afazer está a funcionar”, disse por seu lado Giulio Gallera, o ministro da Saúde da região lombarda.

O continente europeu, com mais de 396 mil infectados e perto de 25 mil mortos, é aquele onde se regista actualmente o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus, com Itália, Espanha e França como países mais afectados.

31 Mar 2020

Covid-19 | Quase 34 mil mortos e mais de 715 mil infectados em todo o mundo

[dropcap]A[/dropcap] pandemia de covid-19 matou pelo menos 33.568 pessoas no mundo inteiro desde que a doença surgiu em Dezembro na China, segundo um balanço da AFP às 08:00 desta segunda-feira, a partir de dados oficiais.

De acordo com a agência de notícias francesa, já foram diagnosticados pelo menos 715.204 casos de infecção pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, e a pandemia espalhou-se por 183 países ou territórios.

A Itália continua a ser o país mais afetado em número de mortes (10.779), seguido da China (3.304 mortes), o foco inicial do contágio. Os Estados Unidos registam 143.025 casos e 2.514 mortes.

A AFP alerta que o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do número real de infecções, já que um grande número de países está agora a testar apenas os casos que requerem atendimento hospitalar.

30 Mar 2020

Covid-19 | China regista 31 novos casos de infecção

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje 31 novos casos da Covid-19, quase todos oriundos do exterior, numa altura em que o país suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo residentes. As autoridades de saúde chinesas indicaram que 30 casos são importados, ou seja, pessoas que estão a regressar do exterior, e apenas um caso de contágio local, na província de Gansu, no noroeste da China.

A Comissão de Saúde da China indicou que, até à meia-noite na China, morreram mais quatro pessoas no país, devido à infeção pelo novo coronavírus, o que fixa em 3.304 o número de vítimas mortais.

Segundo os dados oficiais, o número de casos diagnosticados na China continental – que exclui Macau e Hong Kong -, desde o início da pandemia, é de 81.470, entre os quais 75.700 pessoas receberam alta, fixando o número de pacientes em 2.396.

Desde o início do surto, em Dezembro passado, 704.190 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica, incluindo 16.235 ainda sob observação, de acordo com dados oficiais.

Quando a doença começou a atingir o resto do mundo, muitos chineses regressaram ao país, que passou assim a registar centenas de casos oriundos do exterior.

A partir de sábado, a China suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo quem possui visto ou autorização de residência, como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus.

Para impedir uma segunda vaga de contágios no país, o Governo chinês impôs ainda uma quarentena rigorosa de 14 dias a quem entrar na China.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 697 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 33.200. Dos casos de infeção, pelo menos 137.900 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

30 Mar 2020

Covid-19 | Macau anuncia mais um caso de infecção e eleva total para 38

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 38 desde o início do surto do novo coronavírus.

Trata-se de um homem, residente de Macau, de 44 anos, que no dia 18 de Março chegou a Hong Kong vindo do Reino Unido, entrando no território através do transporte institucionalizado para apoio aos residentes, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

“No dia 21 de março foram recolhidas amostras de saliva do doente e no dia 22 de março a amostra de zaragatoa nasofaríngea foi negativa para teste de novo tipo de coronavírus”, detalharam.

Só que do domingo as autoridades realizaram um novo teste e “os resultados foram positivos para a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, confirmando a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”, apontaram.

Após Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, nas últimas duas semanas foram identificados 28 novos casos, todos importados.

Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território.

30 Mar 2020

Fachadas

[dropcap]U[/dropcap]m vírus não discrimina. Não pede um extracto bancário antes de afectar uma pessoa. Não liga a títulos académicos. Não vê a cor da pele, nem o género ou a idade. Mas as circunstâncias em que as pessoas vivem a epidemia não estão isentas de diferenças económicas, sociais, ou mesmo geográficas.

Só ficam escondidas atrás das fachadas dos edifícios. Quem ficou a fazer quarentena no domicílio em Macau dificilmente o fez numa vivenda, com um pequeno quintal onde se pudessem gastar energias a fazer exercício ou, por exemplo, a estudar o melhor pedaço de terra para plantar os vegetais da época, aproveitando o isolamento para se reconectar com a natureza.

O mais provável é que tenha ficado num apartamento, com vista para outros apartamentos, onde pode espreitar o céu apenas pela janela e vídeos num qualquer ecrã. O que também pode ser confortável. Mas há quem tenha uma casa preparada para viver, e quem tenha uma casa onde ir dormir.

Se o dinheiro não representa imunidade, talvez se possa repensar um pouco a sua redistribuição para que todos possam passar pela ansiedade de um período de quarentena com um colchão igualmente ergonómico.

30 Mar 2020

Reflexão perdida

[dropcap]O[/dropcap] mundo é um bêbedo agarrado a um poste de electricidade a tentar perceber porque razão a gravidade o odeia tanto. Não acredito que algum dia a clarividência ganhe terreno à boçalidade, a ponderação à estupidez. Mas creio que nunca estivemos tão perto de um acontecimento catalisador de reflexão global, que impulsione ponderação, que leve a um balanço, a avaliação da forma como organizamos as sociedades.

A mais básica reflexão é tentar entender quanto vale uma vida. Meter um preço neste item que jamais deveria estar à venda deveria ser abjecto por si só, mas pertinente face ao que se passa.

De que vale uma economia se ela não só não funcionar para as pessoas, quão assassino é um sistema que prefere a morte à destabilização dos mercados?

Não estou a inferir que a covid-19 começou esta mórbida dialéctica. Já não existem muitos segredos quanto à economia de guerra de lucros perpétuos através do conflito, à discrepância de poder entre o consumo dos países ricos e a produção dos países pobres que cria novas formas de escravidão, ao luxo que se sustenta na miséria, à economia que defende crimes bancários com o sangue dos pobres. Tudo isto é bem real e aceite com complacência de todos.

Mas esta crise é diferente, a microbiologia não discrimina entre pobres e ricos e isso une-nos no sofrimento ao mesmo tempo que nos separa para reduzir a propagação.

Esta pode também ser uma boa oportunidade para pensarmos enquanto espécie, e anteciparmos o que aí vem em termos de crises climáticas. Uma boa oportunidade que não tenho qualquer dúvida será desperdiçada.

Outra área que merece reflexão é a verdadeira força e integridade das uniões e projectos que integram nações ou territórios. Começo pelo local.

O novo coronavírus deixou à mostra as fraquezas que já se adivinhavam no projecto da Grande Baía. Sempre que se faz um estudo sobre mobilidade de jovens entre Guangdong, Macau e Hong Kong, os resultados são invariavelmente negativos para o projecto de integração, principalmente nas regiões administrativas especiais. Fracturas que antes ficavam na esfera individual tornaram-se visíveis agora, com os respectivos governos a impor restrições uns aos outros sem aviso prévio, ou com poucas horas de antecedência.

Mesmo que a política obrigue aos paninhos quentes posteriores, estas respostas unilaterais não são bons pronúncios de entendimento, além de que as pessoas conseguem ver a milhas a mitigação política que clama que tudo está bem e em harmonia, enquanto multidões correm para as Portas do Cerco, ou enquanto polícias de duas províncias do Interior trocam murros e pontapés devido à discriminação a que os habitantes de Hubei são sujeitos.

Na Europa a desunião é ainda mais gritante, com a total ausência de voz de comando centralizado e as velhas retóricas de povos inferiores versus povos superiores em crescendo, numa altura em que solidariedade é sinónimo de sobrevivência. Além disso, um dos pilares constitutivos da União Europeia (livre circulação de pessoas e bens) implica fronteiras abertas, ou seja, gasolina e vento no fogo descontrolado da propagação do novo coronavírus.

Infelizmente, isto dá força aos isolacionistas que temem tudo o que lhes é externo. Calcifica os vários tipos de nacionalismos, numa altura em que o amparo mútuo é essencial.

Tantas oportunidades de reflexão que serão desperdiçadas, ou que vão ficar contidas em círculos académicos e conversas de iluminados.

Sei que vou meter este texto na página e lembrar-me de mais gritantes exemplos de necessidade de ponderação e balanço sobre quem somos. Mas aqui vai mais um motivo para reflectirmos, antes que a frustração se instale.

Até que ponto vivemos afastados do essencial e damos primazia ao supérfluo. Para já, não experimentamos escassez de bens a um nível global, além dos golpes desferidos aos sistemas de saúde de todo o mundo.

Mas, quando começarmos a sentir a falta de água, um cenário que vai muito para lá do provável, veremos o quão afastados vivemos do essencial.

Quando faltar arroz não vamos matar a fome com telemóveis, não vamos guardar legumes na cloud, nem vamos saciar a sede com apps. Na vertiginosa velocidade tecnológica, que marca o avançar da história pela capacidade de processamento, parece que deixámos de processar o essencial.

30 Mar 2020

Covid-19 | BNU fundamental a ajudar Portugal na compra de ventiladores à China

O negócio da compra à China de 500 ventiladores pelo Governo de António Costa concretizou-se graças à ajuda do BNU, com o embaixador português em Pequim a fazer a prova do pagamento junto à empresa chinesa vendedora. A notícia, avançada pelo jornal Público, adianta que os ventiladores estiveram perto de ser desviados para o Canadá

 

[dropcap]P[/dropcap]ortugal encomendou 500 ventiladores à China, mas teve de fazer o pagamento a pronto de 10 milhões de dólares americanos entre domingo, 22 de Março, e as 9h, hora à Pequim, da segunda-feira da semana passada. A operação só foi possível graças a uma transacção feita em tempo recorde que assegurou a compra dos ventiladores, caso contrário a encomenda seguiria para o Canadá.
Coube ao Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau agilizar a transacção para que fosse feita a tempo e horas, conforme exigido pelo fornecedor chinês, escreve o diário português Público. As autoridades portuguesas tinham também de fazer prova de que o depósito tinha sido efectuado.

Uma fonte governamental descreveu ao jornal uma situação de “sufoco” vivida pelos governantes para que fosse assegurada a vinda do material para Portugal. “Este mercado está uma selva!”, disse.

“O contrato estava feito para os 500 ventiladores e tinha sido sinalizado pelo Executivo através de uma garantia. Mas, no domingo, o Executivo foi informado, pelo vendedor chinês, de que se não pagasse o total da encomenda, à cabeça e até segunda-feira de manhã, ela seria entregue ao Canadá. Ou seja, o Governo tinha até às 2h da madrugada de segunda-feira em Lisboa, quando são 9h na China, para transferir dez milhões de dólares americanos para a conta do vendedor”, escreve o jornal.

Millenium e Sonae eram opções

António Costa começou então a accionar todos os meios de que dispunha, mas todos os bancos e departamentos estatais fecham portas ao domingo. O Governo chegou a abrir o Instituto de Gestão e Crédito Público para ter acesso aos 10 milhões de dólares americanos na hora, mas depois foi necessário apoio de outras entidades para transferir o dinheiro para a China.

Foi aqui que entrou o BNU Macau, embora, numa primeira fase, se tenha ponderado contactar a sucursal em Macau do Millenium BCP ou a Sonae, que tem uma central de compras na China.

“A solução acabou por ser fazer o depósito através do BNU de Macau. Mas mesmo assim, em contra-relógio. As autoridades tiveram de esperar que o administrador deste banco acordasse para tratar da transferência. Em cima da hora limite, 2h da madrugada em Lisboa e 9h da manhã na China, o pagamento foi feito”, adianta o Público.

Coube depois ao embaixador português em Pequim, José Augusto Duarte, a apresentação do comprovativo de transferência que iria assegurar o envio dos ventiladores para Portugal. “O comprovativo do depósito chegou ao Governo [português] às 2h30 da madrugada de Lisboa.

Foi imediatamente enviado ao embaixador português na China que tratou de o ir apresentar pessoalmente ao vendedor para assegurar que Portugal não perdia a encomenda de 500 ventiladores”, acrescenta o jornal.

30 Mar 2020

Cultura | Novas medidas incluem isenção de rendas

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) vai lançar um pacote de medidas destinado aos grupos culturais e artísticos de Macau afectados pela covid-19, que incluem, entre outras, a isenção do pagamento de rendas dos espaços do IC entre Abril de 2020 e Março de 2021.

Além disso, segundo uma nota do IC divulgada no passado sábado, está também prevista a abertura o Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais Nº2, para actuações dramáticas, a reabertura de duas salas de ensaio no Centro Cultural de Macau (CCM) durante o próximo mês e a transmissão gravada ou ao vivo de produções locais finaciadas.

Foi ainda garantido o reembolso total para os espectáculos cancelados. O objectivo das novas medidas, segundo o IC, passa por “oferecer os recursos necessários para as produções (…) locais e apoiar as indústrias relevantes e os trabalhadores freelancer”. O IC anunciou ainda o cancelamento do espectáculo “Hush!! Concerto na Praia”.

30 Mar 2020

Ensino | Deputado Mak Soi Kun quer medidas para compensar falta de aulas

[dropcap]O[/dropcap] deputado Mak Soi Kun quer saber que medidas vão ser adoptadas pelo Governo para garantir que os padrões de ensino não são afectados pelo facto de não ter havido aulas presenciais, devido à pandemia da covid-19.

Segundo o legislador, o facto de não poderem ter aulas presenciais afecta os padrões de ensino em disciplinas como a química, devido à ausência de experiências, ou a educação física, onde é necessário fazer exercícios.

Porém, para Mak estas falhas devem ser compensadas com aulas. Por isso questionou o Executivo sobre os planos para estas compensações. Finalmente, o deputado questionou se vai haver matérias relacionadas com protecção ambiental e sensibilização para a protecção colectiva e individual de saúde.

30 Mar 2020

Secretário considera restrições na fronteira necessárias

As restrições fronteiriças foram apertadas do lado da Província de Guangdong, com a imposição de quarentena a quem entre a partir de Macau. Uma medida que o secretário para a Segurança considerou ser necessária, rejeitando dizer que não há “um risco grande” na sociedade em Macau

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau foi avisado das restrições fronteiriças na Província de Guangdong algumas horas antes das medidas serem noticiadas, na quinta-feira, embora sem esclarecimentos sobre os pormenores. “Não podemos dizer que é uma medida muito rigorosa para nós porque eles têm as suas ponderações. (…) Penso que ponderaram muito bem antes de tomar esta medida. Eu acho que é necessária”, comentou o secretário para a Segurança na sexta-feira. Sobre a necessidade de Macau adoptar mais medidas, Wong Sio Chak não colocou a hipótese de parte, mas respondeu que as actuais “já são muito rigorosas”.

Desde as seis da manhã de sexta-feira que os visitantes chegados à Província de Guangdong vindos de Macau, Hong Kong e Taiwan passaram a ter de fazer o teste da covid-19 e a ficar 14 dias de quarentena. Os cidadãos estrangeiros com vistos e autorização de residência também são abrangidos pela medida.

A diferença temporal entre o anúncio e a entrada em vigor das medidas levou a uma corrida às fronteiras da RAEM. E no dia seguinte, Wong Sio Chak admitiu que a política criou dificuldades à população de Macau:

“Também achamos que é um pouco rápida essa implementação, especialmente para os residentes que estão a viver no Interior e em Zhuhai. Vão ter algumas dificuldades e enfrentar alguns obstáculos quando voltarem para o Interior. Mas segundo sei, haverá medidas especiais, para os residentes de Macau na China e para os alimentos que são importados”, explicou, na sexta-feira, à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa.

Na tarde do mesmo dia, e durante a conferência de imprensa diária, Wong Sio Chak falou de negociações entre Macau e a província vizinha no sentido de permitir excepções. Os menores de 14 anos, idosos com mais de 70, comerciantes, transportadores de bens essenciais e condutores de carros com matrículas duplas devem ficar isentos da quarentena, mas a situação não é muito clara para as autoridades de Macau e a aprovação é vista caso-a-caso pelas autoridades do Interior.

Descida de criminalidade

Questionado sobre se as restrições de entradas podem motivar uma diminuição dos crimes leves, o secretário para a Segurança respondeu afirmativamente. Mas apesar de acreditar que um menor fluxo de pessoas vai diminuir a incidência de crimes, defendeu a necessidade de atenção à situação. Em causa está a possibilidade de surgirem outros crimes tendo em conta o estado da economia. “Será que vai haver mais roubos, furtos, esses crimes? Temos de estar atentos. Mas por enquanto sim, os crimes baixaram”, disse.

29 Mar 2020

SSM | Lei Chin Ion diz que situação “não é melhor que em Fevereiro”

O discurso mudou. Os Serviços de Saúde admitem existir risco de surto na comunidade e não afastam a hipótese de vir a aplicar novas medidas depois de um novo caso suspeito identificado em Hong Kong, ter estado em Macau. Foi ainda revelado que a paciente do 18º caso se encontra em estado grave

 

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) de Macau admitiram ontem existir risco de propagação comunitária, após terem sido informados da existência de um novo caso preliminar de contaminação por covid-19 confirmado em Hong Kong. Trata-se de uma mulher filipina de 40 anos que esteve em Macau durante cinco dias.

Na base das preocupações das autoridades de Macau está ainda a evolução da situação epidémica a nível mundial. Isto, no mesmo dia em que a situação clínica do 18º caso confirmado em Macau (ver caixa) passou a ser considerada grave.

“Há hoje [ontem] um caso grave e também há um caso suspeito preliminar que deve ter apresentado sintomas em Macau porque esteve cá durante cinco dias. Isto significa que há risco de propagação da epidemia na comunidade e este risco não é baixo. Agora a situação epidémica de Macau não é melhor do que a primeira ronda em Fevereiro. Em muitos lugares da Europa, a situação epidémica está cada vez mais grave e em Hong Kong há também registos de vários casos”, explicou o director dos SS, Lei Chin Ion, por ocasião da conferência de imprensa diária sobre a covid-19.

Sobre o caso suspeito identificado em Hong Kong, as autoridades de saúde revelaram que a mulher esteve em Macau entre os dias 22 e 26 de Março e que existe ligação com o caso da banda musical de Hong Kong, associada a vários outros casos no território vizinho. Enquanto esteve em Macau, a mulher almoçou no restaurante Jollibee, fez compras no mercado de São Domingos e contactou com uma trabalhadora não residente, entretanto identificada como contacto próximo e colocada em isolamento no Alto de Coloane.

Lei Chin Ion aproveitou ainda a ocasião para fazer um apelo à população para evitar concentrações. O director dos SS admitiu ainda que podem vir a ser tomadas novas medidas restritivas em Macau, à semelhança de Hong Kong.

“Não afastamos a possibilidade de haver casos locais se continuarem a existir concentrações e (…) aplicar medidas como as de Hong Kong, mas eu não gostaria. Se os residentes conseguirem diminuir essas concentrações, podem diminuir o número de casos ou o risco de contaminação local”, apontou.

Quarentena alargada?

Lei Chin Ion afastou para já o cenário de estender o período obrigatório de duas semanas de quarentena. Isto, depois de o 36º e o 37º casos dizerem respeito a pessoas que estavam prestes a concluir o período de isolamento.

Os dois casos foram importados de Portugal, tratando-se o primeiro de um residente de Macau de 21 anos, estudante, que chegou de Lisboa no dia 15 de Março e o segundo, do noivo da 11ª paciente, uma TNR sul coreana, em tratamento desde 15 de Março.

“Recentemente temos dois casos que foram detectados nos últimos dias de quarentena. É necessário estender o período? Isto cabe à ciência, não pode ser determinado com um ou dois casos. Olhando para o exterior (…) todos estão a cumprir um isolamento de 14 dias, mas não afastamos a hipótese de estender o período (…), mas primeiro temos de ver os critérios da OMS e do Interior da China”, explicou.

Em estado grave

As autoridades de saúde anunciaram ontem o primeiro caso grave de covid-19 em Macau. Trata-se de uma residente de 50 anos, diagnosticada como o 18º caso no território, tendo chegado a Macau no dia 21 de Março, vinda de Nova Iorque. Os exames da paciente foram apresentados por Lo Iek Long a direcção do Centro Hospital Conde de São Januário. “A infecção ocupa mais de metade do pulmão (…) e podemos ver que há inflamação notória nos pulmões e é por isso que hoje ela tem dificuldades respiratórias e baixo teor de oxigénio no sangue”, explicou. Sobre o caso, Lei Chin Ion, afirmou mesmo que “se os sintomas continuarem a agravar-se poderá correr o risco de morrer”.

29 Mar 2020

Covid-19 | Criado fundo de 10 mil milhões

[dropcap]C[/dropcap]om o objectivo de combater o novo tipo de coronavírus, o Governo vai criar um fundo de apoio adicional no valor de 10 mil milhões de patacas. A medida é destinada especificamente a residentes de Macau, empresas e estabelecimentos comerciais que, devido ao impacto da situação epidémica, “enfrentem dificuldades de sobrevivência ou de exploração dos seus negócios”, pode ler-se numa nota publicada ontem pelo Executivo.

Segundo o Governo, a nova ronda de medidas irá permitir “um apoio mais rápido e mais forte nos trabalhos de prevenção e combate à epidemia, em termos financeiros” e surge no seguimento das novas medidas fronteiriças anunciadas nos últimos dias, tanto pelo Governo de Hong Kong, como pela província de Guangdong.

“Como a situação fora do país continua a ser de propagação epidémica e no sentido de evitar o aumento de casos importados do exterior, a Região Administrativa Especial de Hong Kong e a província de Guangdong tomaram, nos últimos dias, novas medidas de controlo de entradas e saídas, que afectarão ainda mais a economia de Macau”, pode ler-se no comunicado.

A nova ronda de medidas de apoio serão anunciadas no decorrer da semana. Recorde-se que anteriormente, o Governo já tinha adoptado uma série de medidas no valor de 40 mil milhões de patacas que visaram sobretudo a redução e isenção de impostos, apoios à concessão de empréstimos e incentivos ao consumo.

29 Mar 2020

Anja Visini, residente em Bergamo e doente recuperada de covid-19: “A cada dez minutos passa uma ambulância, noite e dia”

Arquitecta, natural de Bergamo, Anja Visini vive num dos epicentros da covid-19 em Itália, país que diariamente soma centenas de mortes causadas pela doença. Em casa a recuperar da patologia causada pelo novo coronavírus, Anja fala de “indecisão” por parte das autoridades italianas na hora de adoptar medidas de combate à pandemia e descreve o cenário caótico vivido pelos profissionais de saúde, que não têm tempo para atender todos os doentes

[dropcap]Q[/dropcap]ual é a sua situação clínica actual? Está totalmente recuperada da covid-19?
Aqui os médicos não faziam os exames da covid-19 porque a situação já estava tão grave que só faziam testes aos casos de pneumonia. Então há muitíssimas pessoas que estão contagiadas e que não sabem disso, porque não fazem testes e porque estão em casa. Uma vez que fecharam tudo há três semanas ninguém pode sair de casa a não ser para urgências de trabalho, para comprar comida ou medicamentos. A região de Lombardia não estava preparada para fazer exames a toda a população que se suspeitava infectada com o vírus. Pediram às pessoas para não irem ao hospital e ligarem para médicos que, por telefone, diriam o que fazer. Eu tive uma gripe em meados de Fevereiro, antes de rebentar todo este problema. A minha médica disse-me que era uma gripe normal, então tive três ou quatro dias com febre não muito alta, à volta dos 37,5, 38 graus, e depois tive dois dias com febre mais baixa. Depois estive mais três semanas com dificuldade em respirar e tive um dos sintomas fundamentais [da covid-19] que é não ter paladar ou olfacto. Fiquei em casa a pensar que tinha uma gripe normal, mas comecei a falar com amigos sobre os sintomas que tinha. Um amigo teve os mesmos sintomas que eu, e também o pai e a mãe dele, mas a mãe acabou por ir para os cuidados intensivos no hospital. Nessa altura, decidi falar com médicos e confirmaram que, provavelmente, eu também teria a covid-19. Tive de uma forma leve, que não levou a pneumonia ou a graves dificuldades respiratórias. Mas há muitíssimas pessoas que estão na mesma situação que eu, ou seja, tiveram alguma coisa e não sabem o quê, e quando saem para ir às compras transportam o vírus. Há pessoas com febres altas e que estão em casa, porque nos hospitais já não há espaço e os médicos de clínica geral vão monitorizando a situação destes pacientes que ficam em casa com uma bomba de oxigénio ou máscaras para respirar. Os casos mais graves vão para o hospital.

Como acha que apanhou covid-19?
Acho que apanhei o vírus no dia 15 de Fevereiro, porque tive um encontro com colegas de uma associação da qual faço parte e uma rapariga da associação tinha febre, 37,5º, e foi à reunião, porque tínhamos uma votação. Ela vive numa aldeia que é um dos locais onde houve mais infectados. Ela chegou e contagiou metade da associação, cerca de 50 por cento das pessoas que lá estavam. Mas ninguém pensou que podia ser isto, porque nessa altura, em meados de Fevereiro, havia dois ou três casos e as pessoas pensavam que o vírus era apenas um problema chinês. Em Bergamo e Milão todos pensavam continuar a trabalhar e a fazer a sua vida normal. Eram partilhados hashtags como #milaonaopara ou #bergamoisrunning, ninguém pensava que seria uma coisa assim.

Ficou com algumas sequelas da doença?
Depois de um mês e meio ainda tenho tosse e alguma dificuldade em respirar. Os cheiros e os sabores ainda não estão recuperados, mas estou bem. Obviamente, fico sempre em casa e não faço muito esforço, não me apercebo se estou muito cansada ou não, mas estou bem agora.

Anja Visini é arquitecta e vive num dos epicentros da covid-19 em Itália, na cidade de Bergamo..

Está a ser acompanhada por um médico à distância?
Liguei a minha médica, não temos nenhuma atenção particular. Eles estão cheios de pedidos e é uma situação muito crítica, pois há muitos doentes com formas mais graves de covid-19. Não há tempo para atender toda a gente. Ontem liguei à minha médica e ela quis terminar a chamada rapidamente, disse-me que não comia desde o dia anterior devido ao excesso de trabalho. A situação dos médicos cá é grave, porque têm muitíssimo trabalho, muitos não têm protecção e já não vão a casa dos doentes para não se infectarem.

As autoridades italianas têm culpa do que está a acontecer no país, por não terem agido a tempo?
Seguramente subestimaram o problema. Aqui na região da Lombardia temos um sistema sanitário que foi privatizado e que não estava preparado para esta emergência. O Governo provavelmente não tomou as medidas necessárias. Alguns políticos pediram desde o começo o encerramento das fronteiras e a suspensão dos voos vindos da China, mas não fizeram isso. Aqui, na região de Bergamo, temos o quarto aeroporto mais importante do país e é uma das zonas industriais mais importantes do país e da Europa. Não podiam parar tudo assim desta maneira. Algumas empresas e fábricas fecharam, mas muitas estão abertas e isso constituiu também um veículo de contágio muito grande. Quando a covid-19 começou a rebentar em Bergamo, o presidente da câmara municipal pediu para fechar e fazer uma zona vermelha, mas o Governo não concordou com a proposta.

Como é o dia-a-dia em Bergamo neste momento?
Agora pode-se sair para fazer compras, uma pessoa por família, ou para ir à farmácia ou para urgências médicas. Também é possível sair para ir trabalhar, mas é necessário ter um certificado. Foram impostas sanções. Se uma pessoa estiver infectada e for encontrada na rua pode ser acusada criminalmente. Não se vê quase ninguém na rua, há poucos carros e a qualidade do ar melhorou muitíssimo. A cidade é silenciosa. Normalmente, noutras zonas de Itália às seis da tarde ou nove da noite as pessoas vão cantar para as janelas, mas isso nunca aconteceu aqui, porque a situação sempre foi muito trágica. O ambiente é bastante silencioso. Passam os carros da protecção civil com altifalantes a avisar as pessoas para ficarem em casa e o pior de tudo é que a cada dez minutos passa uma ambulância, noite e dia. Agora um pouco menos, mas nas últimas três semanas estávamos sempre a ouvir o barulho das ambulâncias.

Até que ponto esta experiência, não apenas como doente, mas também como observadora, mudou a sua vida?
A minha experiência como doente não foi assim tão problemática. Primeiro, porque não foi muito grave em termos clínicos, mas também porque estava convencida de que tinha uma gripe normal e só depois tive esta revelação. Não foi muito chocante porque já tinha passado. Vejo que muitas pessoas que conheço têm parentes, conhecidos ou amigos que morreram e quando abrimos o Facebook vemos muitas fotos de pessoas que já estão mortas. Aí uma pessoa olha para trás e começa a analisar se a vida que fazia antes valia a pena, se uma pessoa se dedicava a coisas que valiam a pena.

É arquitecta. Como está neste momento a sua situação profissional?
Trabalho num estúdio muito pequeno onde fazemos trabalho de curadoria, produzimos livros de arquitectura e organizamos projectos para museus e exposições. Por agora, não temos muitos problemas relacionados com o trabalho, porque o estúdio não é formado por muitas pessoas, somos apenas seis, e podemos trabalhar a partir de casa. O que mudou foi o cancelamento de todos os eventos que estávamos a preparar. O estúdio fica em Milão e todos os eventos estavam relacionados com a Bienal de Veneza ou com a Semana de Moda de Milão, e todos foram cancelados ou adiados. Se a situação continuar assim por muitos meses, obviamente vamos ter problemas porque os contratos vão ser cancelados. Todos os que trabalham no estúdio fazem-no em regime de freelance, não têm contratos e não têm subsídio de desemprego. Esse aspecto pode ser problemático.

Qual foi o maior erro das autoridades italianas no combate a esta pandemia?
A indecisão. Às vezes há que tomar medidas que parecem pouco populares, mas que são medidas responsáveis. O nosso Governo não teve muita clareza nesse aspecto.

Como olha para a forma como a China lidou com esta enorme crise?
Os chineses têm uma organização diferente da organização italiana. Pode ser mais duro, mas neste caso revelou-se mais eficiente. Os italianos têm uma forma de gozar a liberdade que, por vezes, pode ser um pouco desordenada. Acho que aqui sofremos devido a essa desordem. Por outro lado, nos últimos 10 ou 15 anos o investimento público na saúde diminuiu muito e isso também foi problemático.

29 Mar 2020

Covid-19 | Portugal com 119 mortes e mais de 5.900 infectados

[dropcap]P[/dropcap]ortugal regista hoje 119 mortes associadas à covid-19, mais 19 do que no sábado, e 5.962 infectados (mais 792), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados actualizados até às 24:00 de sábado, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (61), seguida das regiões do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo, com 28 cada, e do Algarve, que hoje regista dois mortos. Relativamente a sábado, em que se registavam 100 mortes, hoje observou-se um aumento de 19%. De acordo com dados da DGS, há 5.962 casos confirmados, mais 792 (um aumento de 15,3%) face a sábado.

Das 100 mortes registadas, 70 tinham mais de 80 anos, 27 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 15 entre os 60 e os 69 anos e cinco entre os 50 e os 59 anos. Pela primeira vez o boletim regista mortos na faixa etária dos 40 aos 49 anos (duas mulheres).

Os dados da DGS, que se referem a 75% dos casos confirmados, precisam que Lisboa é a cidade que regista o maior número de casos de infecção pelo coronavírus SARSCov2 (594), seguida do Porto (317 casos), Vila Nova de Gaia (351), Maia (296), Matosinhos (294), Gondomar (242) e Braga (208). Desde o dia 1 de Janeiro, registaram-se 38.042 casos suspeitos, dos quais 5.508 aguardam resultado laboratorial.

O boletim epidemiológico indica também que há 26.572 casos em que o resultado dos testes foi negativo e que 43 doentes recuperaram. Das 5.962 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a grande maioria (5.476) está a recuperar em casa, 486 (mais 68, +16,2%) estão internadas, 138 (mais 49, +55%) dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos.

A região Norte continua a registar o maior número de infecções, totalizando 3.550, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, com 1.478 casos, da região Centro (709), do Algarve (108) e do Alentejo, que hoje apresenta 41 casos. Há ainda 33 pessoas infectadas com covid-19 nos Açores, 43 na Madeira.

A DGS regista ainda 17.785 contactos em vigilância pelas autoridades (menos 2.142). A faixa etária mais afectada é a dos 40 aos 49 anos (1.146), seguida dos 50 aos 59 anos (1.084), dos 30 aos 39 anos (902) e dos 60 aos 69 anos (850).

Há ainda 64 casos de crianças com idades até aos nove anos, 138 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos e 588 com idades entre os 20 e os 29 anos. Os dados indicam também que há 611 casos de pessoas com idades entre os 70 e os 79 anos e 579 com mais de 80 anos.

Segundo o relatório da DGS, 124 casos resultam da importação do vírus de Espanha, 93 de França, 41 do Reino Unido, 28 de Itália, 24 da Suíça, 21 dos Emirados Árabes Unidos, 13 de Andorra, 10 do Brasil, oito Países Baixos, sete da Alemanha, seis da Bélgica, cinco da Argentina, cinco dos EUA, quatro da Áustria, quatro em Cabo Verde e quatro no Canadá.

O boletim dá ainda conta de três casos importados da Índia e outros três de Israel e dois casos do Egito, dois da Irlanda e outros dois da Jamaica. Foram ainda importados um caso da Áustria/Alemanha, Austrália, Chile, Cuba, Dinamarca, Indonésia, Irão, Luxemburgo, Malta, Maldivas, Noruega, Paquistão, Polónia, Qatar, República Checa, Tailândia, Venezuela e Ucrânia.

Segundo a DGS, 62% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 52% febre, 35% dores musculares, 29% cefaleias, 24% fraqueza generalizada e 20% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 73% dos casos.

Portugal, onde o primeiro caso foi confirmado a 2 de Março e que está em estado de emergência até quinta-feira, entrou já na terceira e mais grave fase de resposta à doença (Fase de Mitigação), activada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária.

29 Mar 2020

Covid-19 | Espanha regista novo recorde com 838 mortos num só dia

[dropcap]E[/dropcap]spanha registou, nas últimas 24 horas, 838 mortos com o novo coronavírus, voltando a aumentar o número de falecidos num só dia e elevando o balanço total para 6.528, de acordo com a última atualização das autoridades sanitárias. Os números do Ministério da Saúde espanhol revelam ainda um aumento de 6.549 no número de infectados, menos do que os 8.189 novos casos anunciados no sábado.

Desde o início da pandemia, o país registou um total de 78.797 casos de covid-19, dos quais 6.528 morreram e 14.709 tiveram alta e são considerados como curados. Na totalidade do país estão ou estiveram hospitalizadas 43.397 pessoas e dessas 4.907 estão ou já estiveram em unidades de cuidados intensivos.

A região com mais casos positivos de covid-19 é a de Madrid, com 22.677 infectados e 3.082 mortos, seguida pela da Catalunha (15.026 e 1.226) e a do País Basco (5.740 e 265), mas há registos de mais falecidos com a pandemia em Castela-Mancha (539) e Castela e Leão (380).

O governo espanhol aprova hoje, num Conselho de Ministros extraordinário, a paralisação de todas as atividades económicas “não essenciais”, medidas que entrarão em vigor a partir desta segunda-feira e até 09 de abril, o último dia de trabalho antes do fim de semana de Páscoa.

A decisão do Governo endurece as medidas já tomadas no quadro do “estado de emergência” que até agora permitiam que, aqueles que não estavam em teletrabalho, podiam deslocar-se até ao seu local de trabalho.

De acordo com o anúncio feito no sábado pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, pretende-se reduzir ainda mais a mobilidade e o risco de infeção, assim como tentar evitar o colapso nas unidades de cuidados intensivos, quando o pico de contágio chegar.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 640 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 30.000. Dos casos de infecção, pelo menos 130.600 são considerados curados.

O continente europeu, com mais de 351 mil infectados e mais de 21 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 10.023 mortos em 92.472 casos registados até sábado.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infectados (mais de 121 mil). A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.439 casos (mais de 75 mil recuperados) e regista 3.300 mortes. A China anunciou hoje 45 novos casos, dos quais 44 oriundos do exterior, e mais cinco mortes, numa altura em que o país suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo residentes.

Os países mais afectados a seguir a Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.640 mortes reportadas (38.309 casos), a França, com 2.314 mortes (37.575 casos) e os Estados Unidos com 2.010 mortes. Na Alemanha existem mais de 50 mil pessoas infectadas e registaram-se 389 vítimas mortais. O número de mortes causadas pela covid-19 em África subiu para 117 com os casos acumulados a ultrapassarem os 3.900 em 46 países, segundo a mais recente atualização das estatísticas sobre a pandemia.

29 Mar 2020