China anuncia primeiro ensaio clínico da vacina contra vírus da Covid-19

[dropcap]A[/dropcap] China iniciou o primeiro ensaio clínico para testar uma vacina contra o novo coronavírus, numa altura em que vários países estão numa corrida para encontrar um tratamento eficaz contra o patógeno, noticiou hoje a imprensa oficial. Cento e oito voluntários, divididos em três grupos, receberam as primeiras injecções na sexta-feira, de acordo com o jornal oficial em língua inglesa Global Times.

Os voluntários têm entre 18 e 60 anos e são todos oriundos da cidade chinesa de Wuhan, centro do surto detetado em Dezembro. As autoridades de saúde chinesas aprovaram o uso de seres humanos em experiências, em 17 de março passado, no dia em que os seus colegas norte-americanos realizaram o primeiro teste de uma vacina para a Covid-19, com 45 voluntários adultos.

Os voluntários chineses serão acompanhados ao longo de seis meses. Actualmente, não existe vacina ou tratamento aprovado para o coronavírus SARS-CoV-2.

O anúncio dos testes ocorre numa altura de renovadas tensões entre os Estados Unidos e a China sobre a pandemia, com o Presidente norte-americano a acusar Pequim de ser parcialmente responsável pela propagação do “vírus chinês”, um termo recorrentemente usado por Donald Trump e fortemente condenado pelo regime do Presidente chinês, Xi Jinping.

Em editorial, o Global Times sublinhou, na semana passada, que “desenvolver uma vacina é uma batalha que a China não pode perder”.

Também na passada semana, as empresas farmacêuticas multinacionais comprometeram-se a fornecer uma vacina contra a Covid-19 “em qualquer lugar do mundo”, num tempo estimado entre 12 e 18 meses, no mínimo.

A Rússia anunciou também que começou a testar uma vacina em animais. Os primeiros resultados serão conhecidos em Junho.

23 Mar 2020

Covid-19 | China volta a não registar casos locais de contágio

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje que voltou a não registar novas infecções locais pelo novo coronavírus, ao mesmo tempo que detectou 39 novos casos oriundos do exterior. Ao longo de mais de uma semana, a maioria dos casos relatados pelas autoridades chinesas foram importados, ou seja, pessoas chegadas do exterior, enquanto a transmissão comunitária desapareceu, indicou a Comissão de Saúde da China.

No sábado, o país registou uma nova infecção local, após três dias a diagnosticar apenas casos importados. Nove pessoas morreram devido à Covid-19, nas últimas 24 horas, pelo quinto dia consecutivo em que a contagem se fixa abaixo dos dois dígitos. Todas as mortes ocorreram na província de Hubei, sobretudo em Wuhan, cidade com cerca de 11 milhões de habitantes e centro do surto.

Até ao início do dia de hoje, o número total de mortes devido à doença no país foi de 3.270. O número de infectados diagnosticados na China Continental, que exclui Macau e Hong Kong, desde o início da pandemia, é de 81.093, incluindo 72.703 pessoas que já receberam alta. Os casos ativos são 5.120, entre os quais 1.749 em estado grave.

Para impedir uma segunda vaga de contágios no país, o Governo chinês impôs uma quarentena rigorosa de 14 dias a quem entrar no país. A partir de hoje, todos os voos para Pequim vão ser desviados para outras cidades, onde os passageiros serão submetidos a um exame de saúde, antes de seguirem para a capital chinesa.

Em Pequim, os viajantes ficam sujeitos a uma quarentena em hotel designado pelas autoridades, com custos equivalentes a 100 euros [cerca de 850 patacas] por noite. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infectou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infectados já estão curados. Vários países adoptaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

23 Mar 2020

Covid-19 | Luís Estanislau, treinador de futebol, diz que na China isolamento foi mais respeitado

[dropcap]A[/dropcap]s medidas de isolamento foram mais respeitadas na China do que têm sido em Portugal, considera o treinador de futebol Luís Estanislau, que trabalhava em Wuhan, cidade na origem do surto do novo coronavírus, responsável pela Covid-19.

Depois de um período de isolamento em Wuhan, urbe com cerca de 11 milhões de habitantes, entre 22 de Janeiro e 1 de Fevereiro, o preparador físico do Hubei Chufeng Heli, do terceiro escalão da China, está agora a viver o mesmo cenário em Guimarães, cidade de onde é natural, e considerou estar mais enraizada na população chinesa a “cultura de respeitar as ordens do Governo”, sem “necessidade de contrariar”.

“Na China, fecha-se uma cidade de 11 milhões, está feito e acabou. Alguém manda, alguém decide e toda a gente cumpre, porque há essa cultura de [se] respeitar as decisões do Governo. Aqui [Portugal], como vivemos numa democracia de livre expressão, cada um pode dizer aquilo que quiser e bem lhe apetecer”, disse à Lusa o técnico, de 27 anos, que rumou a Wuhan no início de 2019 para integrar uma equipa com mais dois vimaranenses: o treinador principal, Luiz Felipe, e o treinador de guarda-redes, Miguel Matos.

Apesar das medidas de contenção em solo luso não serem, a seu ver, “tão drásticas” como as tomadas na China, até pela “capacidade económica” díspar dos dois países, Luís Estanislau realçou que Portugal está agora “no caminho certo”, sem “grandes dramatismos”, após a “demora” inicial em “perceber a dimensão” da Covid-19, já classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como pandemia.

O técnico lembrou ter-se apercebido da gravidade da epidemia em 22 de janeiro, quando a equipa técnica regressou a Wuhan após um estágio de cinco semanas, em Kunming (sul da China), mas viu cancelado o voo do dia seguinte para as Filipinas, para a semana de férias do Ano Novo Lunar, antes do regresso aos treinos de preparação para a época que iria começar em 07 de março.

Num período de “dois a três dias”, recordou, tudo fechou na cidade, à exceção dos supermercados, locais onde os consumidores eram obrigados a utilizar máscara, óculos e luvas, sob pena de serem colocados “logo em casa” pelas autoridades assim que saíssem dos estabelecimentos.

“A partir do momento em que temos máscaras, óculos na cara, podemos tocar em tudo. Não vamos conseguir tocar nem na boca, nem no nariz, nem nos olhos [canais de propagação do novo coronavírus]”, explicou, tendo dito ainda que, na hora de chegar a casa, deitava a máscara ao lixo e desinfectava os óculos.

Apesar das restrições impostas, o número de mortes na China subiu de 17 para 259, até 1 de Fevereiro, quando a equipa técnica foi repatriada num voo com 17 portugueses entre 250 cidadãos de várias nacionalidades europeias.

Depois da quarentena no hospital Pulido Valente, em Lisboa, e da “normalidade” com que viveu os últimos dias de fevereiro, Luís Estanislau viu-se obrigado a um segundo isolamento forçado, em Guimarães, cidade que, a seu ver, tem cumprido as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Fui ao supermercado e vi pouquíssimas pessoas na rua, e mesmo no supermercado. Talvez pela proximidade a Felgueiras [um dos epicentros do surto, a 20 quilómetros], as pessoas possam ter um pouco mais de receio de sair”, observou.

O preparador físico, que também já trabalhou nos escalões de formação do Vitória de Guimarães e do Sporting, confirmou ainda que a equipa técnica quer voltar ao Hubei Chufeng Heli, clube com o qual tem contrato até ao final de 2020, mesmo sem ainda saber a data em que regressa a competição.

23 Mar 2020

Covid-19 | Macau anuncia novo caso e eleva total para 24

[dropcap]M[/dropcap]acau anunciou hoje mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 24 desde o início do surto do novo coronavírus.

Um estudante de 21 anos no Reino Unido, que viajou de Londres para Hong Kong, entrou no território no domingo, “tendo declarado, junto do pessoal de quarentena no posto fronteiriço dos Serviços de Saúde, que tinha manifestado febre nos 14 dias anteriores à entrada em Macau”, indicou, em comunicado, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

O estudante, residente de Macau, foi levado para o Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ) para realizar análises, “cujo resultado de ácido nucleico relevou positivo para o novo tipo de coronavírus”, acrescentou.

Este é o sétimo caso detectado pelas autoridades em pouco mais de 24 horas e o 14.º em cerca de un semana, depois de Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção. Macau registou uma primeira vaga de dez casos de infecção pela Covid-19 em Fevereiro, que já tiveram alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram medidas de controlo e restrições fronteiriças.

Desde a passada quinta-feira só é possível a entrada de residentes de Macau, Hong Kong, Taiwan e China continental. Mesmo estes passaram a estar sujeitos a uma quarentena obrigatória de duas semanas, caso tenham estado nos 14 dias anteriores em qualquer território ou país.

Segundo os últimos dados do Governo de Macau, estão 1.394 pessoas isoladas em sete hotéis que o Governo de Macau decidiu converter em centros de quarentena.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infectados já estão curados.

23 Mar 2020

Covid-19 | Tenor Plácido Domingo infectado

[dropcap]O[/dropcap] tenor espanhol Plácido Domingo anunciou este domingo que está infectado com o novo coronavírus, disse que ficará em isolamento “o tempo que for necessário” e apelou à adopção de medidas que impeçam a propagação da pandemia. Numa publicação na rede social Facebook, Plácido Domingo considerou ser “uma obrigação moral anunciar” que está infectado pela covid-19.

“Eu e a minha família vamos continuar, individualmente, isolados, o tempo que for necessário”, lê-se no texto divulgado pelo tenor espanhol. Plácido Domingo apelou ainda à adoção de cuidados de proteção, como “lavar as mãos com frequência, manter uma distância de dois metros das outras pessoas”, bem como o isolamento social, impedindo a propagação do vírus.

“Juntos podemos lutar contra este vírus e travar a crise mundial, para assim podermos regressar à normalidade da nossa vida diária, o mais rápido possível”, concluiu.

23 Mar 2020

Covid-19 | Angela Merkel contactou com médico infectado e vai ficar em quarentena

[dropcap]A[/dropcap] chanceler alemã, Ângela Merkel, esteve em contacto na sexta-feira com um médico que testou positivo para o novo coronavírus e “decidiu ficar imediatamente em quarentena” em casa, anunciou o porta-voz do governo alemão. A chanceler foi “informada que um médico que lhe tinha dado uma vacina contra infeções pneumocócicas na sexta-feira à tarde estava positivo” para o novo coronavírus, indicou Steffen Seibert num comunicado.

Merkel “será testada nos próximos dias” para saber se foi contagiada, adiantou o porta-voz. A chanceler, 65 anos e à frente do governo alemão desde 2005, “prosseguirá as suas actividades oficiais em quarentena no domicílio” em Berlim, disse ainda Seibert.

Antes do anúncio da sua entrada em quarentena, Merkel tinha apresentado novas medidas para conter a epidemia da Covid-19, incluindo a proibição de se reunirem mais de duas pessoas e o encerramento de todos os restaurantes no país.

A Alemanha conta com 18.610 casos do novo coronavírus e 55 vítimas mortais, de acordo com a página oficial do Instituto Robert Koch, entidade responsável pela prevenção e controlo de doenças. O país registou um aumento de 1.948 casos em relação ao dia anterior, com os estados federados da Renânia do Norte-Vestefália, Baviera e Bade-Vurtemberga a serem os mais afectados.

23 Mar 2020

Covid-19 | Empresário chinês Jack Ma doa seis milhões de equipamentos médicos a África

[dropcap]O[/dropcap] empresário chinês Jack Ma, dono do grupo de comércio eletrónico Alibaba, doou cerca de seis milhões de equipamentos médicos, como máscaras e ‘kits’ de teste, aos países africanos para combaterem a pandemia da Covid-19.

Um avião de carga da Ethiopian Airlines chegou hoje da cidade chinesa de Guangzhou, à capital etíope, Adis Abeba, com um total de 5,4 milhões de máscaras, mais de um milhão de ‘kits’ de teste, 40 mil conjuntos de roupas de proteção e 60 mil proteções para o rosto, anunciaram as autoridades locais e a Jack Ma Foundation.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, prometeu distribuir estes equipamentos para outros países de África. Além de África, o multimilionário chinês enviou ainda equipamentos médicos para países da Ásia, Europa, América do Norte e América Latina.

A Covid-19 já causou pelo menos 13.444 mortos no mundo desde que apareceu em dezembro, segundo um novo balanço, que dá conta ainda de mais de 308.130 casos de infeção oficialmente diagnosticados em 170 países e territórios desde o início da epidemia.

Em África, há mais de mil casos em 40 países e territórios, com registos de 30 mortes, segundo os dados mais recentes.

23 Mar 2020

Covid-19 | Número de mortos em Itália aumenta 651 em 24 horas para 5.476

[dropcap]I[/dropcap]tália registou mais 651 mortos pela Covid-19 nas últimas 24 horas, elevando o número total de vítimas mortais para 5.476, segundo os números indicados este domingo pela protecção civil italiana.

As autoridades italianas anunciaram mais 5.560 casos positivos pelo novo coronavírus, o que representa um aumento de cerca de 10% do número de infectados, que agora se cifra em 59.158.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 300 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.000 morreram.

EUA com 100 mortos

Mais de 100 pessoas morreram devido ao novo coronavírus nos Estados Unidos nas últimas 24 horas, elevando para 389 o número de óbitos, contra 278 à mesma hora de sábado, de acordo com a universidade Johns Hopkins. Os Estados de Nova Iorque (114 mortos), de Washington (94) e da Califórnia (28) são o centro da epidemia de Covid-19 que já infectou cerca de 30.000 pessoas nos Estados Unidos.

23 Mar 2020

Covid-19 | Portugal com 14 mortes confirmadas e mais de 1.600 infectados

[dropcap]P[/dropcap]ortugal tinha ontem 14 mortes associadas ao vírus da Covid-19 confirmadas, mais duas do que no sábado, e 1.600 pessoas infectadas, segundo o boletim de domingo da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Estão confirmadas cinco mortes na região Norte, quatro na região Centro, quatro na região de Lisboa e Vale do Tejo e uma no Algarve, revela o boletim epidemiológico divulgado ontem, com dados referentes até às 24:00 de sábado. De acordo com os dados da DGS, há mais 320 casos confirmados de infecção com o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, do que no sábado.

Comparando com os dados de sábado, que registavam 260 casos confirmados, houve um aumento de 23 por cento no número de casos. De acordo com os dados, uma morte foi registada na região norte e a outra na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Desde 1 de Janeiro existem 11.779 casos suspeitos, dos quais 1.152 aguardam resultado laboratorial. Houve ainda 9.027 casos que não se confirmaram e cinco doentes que já recuperaram.

De acordo com o relatório da situação epidemiológica em Portugal, existem 12.562 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, menos 4,5 por cento face a sábado (13.155).

Das 1.600 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a grande maioria (1.431) está a recuperar em casa, 169 estão internados, 41 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos, mais seis do que no sábado.

A região Norte continua a registar o maior número de infecções, totalizando 825, mais 181 do que no sábado, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, num total de 534, mais 86, da região Centro, com 180 casos (mais 43), do Algarve, com 35, mais quatro, e do Alentejo com cinco casos, mais dois relativamente ao dia anterior.

Há cinco casos na Madeira, mais dois do que no sábado, quatro nos Açores (mais um) e 10 casos de estrangeiros (mais um).

Entre os doentes infectados, 821 são mulheres e 771 homens. A faixa etária mais afectada é a dos 40 aos 49 anos (314), seguida dos 30 aos 39 anos (288) e dos 50 aos 59 anos (282). Há ainda 23 casos de crianças com idades até aos nove anos, 57 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos e 187 com idades entre os 20 e os 29 anos.

Os dados indicam também que há 354 casos de pessoas com idades entre os 60 e os 70 anos e 96 com mais de 80 anos.

De fora

Os dados da DGS apontam que 33 casos resultam da importação do vírus de Espanha, 24 de França, 20 de Itália, nove da Suíça, quatro do Brasil, sete do Reino Unido, cinco dos Países Baixos, dois de Andorra, dois dos Emirados Árabes Unidos, um da Bélgica, outro da Alemanha e Áustria, dois da Índia e outro do Irão.

Segundo a DGS, 36 por cento dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas febre, 24 por cento dores musculares, 20 por cento cefaleias, 16 por cento fraqueza generalizada, 44 por cento tosse e 14 por cento dificuldade respiratória.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira. O estado de emergência proposto pelo Presidente prolonga-se até às 23:59 de 2 de Abril. A pandemia da Covid-19 já provocou 12.895 mortos e 300.097 pessoas estão infectadas em 169 países e territórios.

23 Mar 2020

VIP é solução imediata para combater crise do jogo, diz analista

O especialista no jogo Rui Pinto Proença disse à Lusa que apostar no mercado VIP é uma solução imediata para combater a crise que se abateu sobre Macau, capital mundial dos casinos, devido à pandemia da Covid-19

 

[dropcap]“A[/dropcap]cho que os jogadores VIP [grandes apostadores] representam um potencial de receita imediato muito maior, com um menor número de pessoas a deslocarem-se”, salientou o advogado da firma MdME e que tem como umas das áreas de especialização as empresas de jogos em Macau e na região Ásia-Pacífico.

“A tendência ou a direcção política de diversificação de Macau do ponto de vista de ser menos dependente do [jogo] VIP, mais das massas, do turismo de família e entretenimento não vai ser alterada, no médio e no longo prazo, mas no curto prazo acho que vai prevalecer algum pragmatismo”, sustentou Rui Pinto Proença, que também assessoria governos nos mercados emergentes a desenvolver as políticas de jogo e estruturas de regulação.

Num momento em que os números oficiais apontam para uma quebra de 95 por cento no número de visitantes em Fevereiro (ver texto em baixo) e de receitas dos casinos de cerca de 90 por cento, concluiu:

“No curto prazo ou durante este ano vai haver, se calhar, algum relaxamento [no] que era a política quanto à entrada de jogos VIP, precisamente para injectar alguma receita no mercado. A médio, longo prazo, eu diria que a política se vai manter”, ressalvou.

Contudo, há um risco associado, caso a estratégia imediata passe pela aposta no mercado VIP, já que se trata “de um sector muito mais volátil do que o do turismo de massas”, frisou.

Ainda assim, os números de março referentes às receitas do jogo já apontam para um crescimento no mercado VIP e, “portanto, para uma melhoria mais rápida nas operadoras mais expostas a esse segmento”, indicou.

Incógnita total

A retoma para números de 2019 não será ainda previsível no próximo trimestre, afirmou. “E mesmo no terceiro temos de ser muito cautelosos”, alertou, sublinhando que é “difícil arriscar sobre o que vai acontecer para a semana, quanto mais no próximo mês”.

Tudo depende de quando a China reiniciar a emissão de vistos que permitam ao turista chinês deslocar-se até Macau, mas sobretudo de ser “restabelecida alguma confiança do ponto de vista da saúde pública (…) e do ponto de vista económico porque, no fim do dia, o turismo e em particular o turismo do jogo não são bens essenciais”, assinalou.

As últimas projecções do Governo de Macau, de perda de receita em 2020 na ordem dos 50 por cento “prevêem alguma recuperação algures este ano”, o que não será “assim tão mal”, tendo em conta a realidade – agora com os novos casos de infecção registados em Macau – e as estimativas de analistas a apontarem para um decréscimo nas receitas na ordem dos 70 a 80 por cento, ainda antes da nova vaga de contágios identificados no território.

As receitas provenientes das grandes apostas em Macau atingiram 135,23 mil milhões de patacas em 2019, menos 18,6 por cento face a 2018, com o jogo VIP a perder o estatuto de segmento mais preponderante nas receitas globais.

De acordo com dados divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), este valor, angariado nas salas de grandes apostas dos casinos, representou menos 30,87 mil milhões de patacas do que no ano anterior.

A acrescentar a esta perda, junta-se o facto de o jogo VIP ter perdido para o segmento de massas a posição mais dominante: pelo menos nos últimos cinco anos, as grandes apostas representaram mais de 50 por cento das receitas globais. Em 2019, o jogo VIP representou apenas 46,2 por cento do total das apostas angariadas.

23 Mar 2020

Covid-19 | Mais de 90 conflitos laborais à boleia da crise

Desde que foi decretado pelo Governo o encerramento dos casinos e outros estabelecimentos como forma de combate ao novo tipo de coronavírus, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) registou 98 casos de conflitos laborais envolvendo 185 trabalhadores

 

[dropcap]E[/dropcap]ntre 5 de Fevereiro, dia que antecedeu o encerramento dos casinos e 9 de Março, foram registados em Macau 98 casos de conflitos laborais envolvendo 185 trabalhadores.

Segundo a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) os envolvidos nos litígios dizem respeito aos sectores da construção civil, hotelaria, restauração, actividades culturais e recreativas e ao sector do jogo. Também de acordo com a DSAL, as queixas dos 98 casos reportados dizem respeito a salários e indemnizações por cessação ou suspensão de funções.

O período temporal marcado pelo encerramento durante 15 dias, não só de casinos, mas também de cinemas, espaços de entretenimento, salas de jogos, teatros, bares, discotecas e clubes nocturnos, precipitou o aparecimento de situações laborais precárias, muitas relacionados com os negócios de menor dimensão. Isto apesar de, na altura as concessionárias se terem comprometido a cumprir as suas responsabilidades e a não obrigar os funcionários a tirar licenças sem vencimento.

Poucos dias depois começaram a surgir casos como os do Hotel Fortuna, que alegadamente terá pedido a 20 trabalhadores não residentes, alguns deles com 12 anos de casa, para assinar uma declaração onde tomaram conhecimento do seu despedimento, fazendo-os acreditar que seriam dispensados de trabalhar apenas durante dois meses. Mais tarde, a DSAL emitiu um comunicado onde assegurou ter promovido um diálogo entre patronato e trabalhadores.

À espera da lei sindical

Segundo a DSAL, durante o período de tempo compreendido entre 5 Março a 9 de Março, a questão que esteve no topo das preocupações, tanto de trabalhadores como de empregadores, disse precisamente respeito às licenças sem vencimento que devem ser negociadas por ambas as partes, “de boa fé e de acordo com as circunstâncias”, sendo apenas possível “com o consentimento mútuo das partes laboral e patronal”.

É precisamente neste contexto que Macau continua à espera de uma lei sindical, depois de na semana passada a Assembleia Legislativa ter recusado pela 11.ª vez a sua aprovação em sede de plenário.

Recorde-se que os resultados acabaram por ser influenciados pela posição do Executivo, como admitiram vários deputados após a votação, depois do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong ter dito, dias antes, que o Governo estava comprometido com o objectivo de apresentar uma lei sindical.

23 Mar 2020

Covid-19 | Português residente é um dos casos confirmados

Depois de ontem ser confirmado o 20º caso de infecção por Covid-19 no território, que se refere a um residente de nacionalidade portuguesa, já hoje, às primeiras horas do dia, eram anunciados mais dois casos. Em conferência de imprensa, foi admitida a possibilidade de flexibilidade com os prazos de “bluecards” em situações especiais

 

[dropcap]D[/dropcap]urante o fim de semana foram confirmados mais três casos importados de infecção pelo novo coronavírus. O 20º caso diz respeito a um residente de nacionalidade portuguesa de 20 anos, que viajou do Reino Unido para Hong Kong, tendo chegado à RAEM dia 17 de Março. Foi-lhe solicitada observação médica no hotel Golden Crown China. Ontem, um teste preliminar deu resultado positivo, tendo sido transportado para a urgência especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) para realizar um segundo teste que veio a confirmar o diagnóstico do novo coronavírus, comunicou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

Além deste, foram diagnosticados dois casos, de pessoas com relação familiar. O jovem de 19 anos de idade diagnosticado como o 19º caso, é filho do 18º caso, uma mulher de 50 anos. Os dois apanharam o voo CX845 da Cathay Pacific em Nova Iorque, com destino a Hong Kong, tendo apanhado o autocarro fretado pelo Gabinete de Gestão de Crises do Turismo para Macau no sábado. O Centro de Coodenação de Contigência do Novo Tipo de Coronavírus apelou a quem esteve no mesmo voo para entrar em contacto com as autoridades.

A mulher de 50 anos, residente de Macau, esteve a visitar os três filhos que estudam nos EUA. Ao regressar ao território foi-lhe detectada febre, ficando de imediato isolada no CHCSJ, tendo o teste dado positivo.

Como os seus filhos eram considerados pessoas de contacto próximo foram também testados. O resultado foi positivo para Covid-19 no jovem de 19 anos, enquanto os testes dos irmãos deram negativo. Os exames seriam repetidos no espaço de 48 horas.

Suspeitas confirmadas

Além disso, um caso suspeito veio a confirmar-se como a 21ª infecção da Covid-19. Refere-se a uma jovem de 19 anos, estudante no Reino Unido, que daí viajou para Banquecoque e posteriormente para Hong Kong a 17 de Março. Chegou a Macau através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, pelas 02:00 de dia 18 e ficou em observação médica no hotel Golden Crown China.

A jovem obteve resultado positivo num exame preliminar a amostras recolhidas na garganta e foi encaminhada para a urgência especial do CHCSJ para realizar um teste de zaragatoa faríngea mais aprofundado que agora se revelou positivo. O seu estado clínico é considerado normal, sem manifestar indisposição.

Também ontem chegou a Macau um homem de 44 anos, vindo de Dublin, com escala em Frankfurt que acabou por testar positivo à Covid-19.

Por outro lado, Leong Iek Hou avançou ontem em conferência de imprensa haver um caso confirmado no exterior relativo a um residente de Macau de 31 anos, que viajou do Reino Unido para Xangai. A coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença indicou que o paciente manifestou sintomas dia 19 de Março, tendo a infecção de Covid-19 sido diagnosticada no sábado.

Flexibilidade com “bluecards”

Questionado sobre a possibilidade de o prazo do “bluecard” ser alargado a quem foi despedido e não consegue regressar a casa devido a cancelamento de voos, Ma Chio Hong, do Corpo de Polícia de Segurança de Pública, reconheceu haver diferenças no procedimento face às circunstâncias. “Como actualmente a situação é um pouco especial e alguns voos foram cancelados, é um pouco diferente de antes. De acordo com a situação real vamos acompanhar de perto. Para casos especiais, temos tratamento especial”, respondeu.

Note-se que foram feitos apelos a trabalhadores não residentes (TNR) para saírem de hotéis quando estes são designados pelo Governo como espaços para quarentena, apesar de Inês Chan, da Direcção dos Serviços de Turismo, indicar que o número desses casos não é muito alto.

Entraram ontem em funcionamento para efeito de observação médica mais dois hotéis. O Hotel Tesouro, na Taipa, foi o sexto designado, providenciando 400 quartos. Já a Pensão Comercial San Tung Fong, Ala Sul, situada na península de Macau, tem 89 quartos. O Governo comunicou que ia continuar a fazer esforços para obter a cedência de mais hotéis a serem usados para esta finalidade. Sobre a estadia em quarentena, Inês Chan indicou que alguns estudantes “não são muito obedientes”, alertando para não saírem dos quartos.

Sétima ronda

Começa hoje uma nova ronda de distribuição de máscaras, tendo o Governo assegurado que o número disponível serve as necessidades da população. Para crianças que tenham entre três e oito anos de idade podem ser adquiridas cinco máscaras. “Com base no princípio de justiça, as crianças desta faixa etária também podem ter acesso a 5 máscaras para adultos, ao mesmo tempo, ou podem em alternativa ter 10 máscaras para adultos”, comunicaram os Serviços de Saúde. Os locais de venda e horário são idênticos aos da ronda anterior. De acordo com as informações disponibilizadas em conferência, já foram vendidas 30 milhões e 400 mil máscaras. Para além disso, Lo Iek Long comentou que com a produtividade a voltar ao funcionamento normal na China “vamos ter uma maior progressão agora”.

Contra “bullying”

Lo Iek Long, médico adjunto da direcção do CHCSJ, condenou ontem em conferência de imprensa comentários na internet a mostrar insatisfação perante as pessoas que estão a regressar a Macau. O responsável classificou este comportamento como “bullying”, indicando ser discriminação. “Não ajuda o nosso trabalho de combate à epidemia. Somos todos uma família”, descreveu. Por outro lado, sobre as medições de temperatura a quem chega ao aeroporto de Hong Kong, o responsável apontou que isso está a ser feito, mas que mesmo quem chega à região vizinha e manifesta febre precisa de regressar a Macau por não conseguir entrar na RAEHK. Porém, esses casos deverão ser separados de forma a garantir a segurança dos outros passageiros.

23 Mar 2020

Os primeiros dias

[dropcap]P[/dropcap]assam dez minutos das cinco da tarde. Da janela do quarto, consigo ver a minha casa. Imagino o Pedro, o Di, o João e o outro João. Cada um nas suas rotinas, como se fosse uma manhã normal. Imagino-me a dizer-lhes bom dia. O Pedro está a sair de bicicleta, equipadíssimo, para apanhar ar e liberdade. O João come uma laranja e uma torrada com manteiga de amendoim a acompanhar o café, enquanto desenrola as notícias da noite no telemóvel. O Di vai para a porta de máscara nas orelhas para um passeio, bem-disposto, apesar da preocupação com os seus, que estão lá longe. O outro João vai trabalhar com a maleta nas mãos, no seu andar airoso. Digo-lhes mentalmente bom dia outra vez, como se isso lhes chegasse de alguma forma. Como se as palavras e o afecto saíssem desta janela, que nem se abre para deixar entrar ar, e subissem a montanha, com uma pausa no templo para um olá às tartarugas e ao buda, e continuassem em passo ligeiro até ao prédio, subissem no elevador, entrassem casa adentro e se espetassem carinhosamente nestes meninos. Da janela deste quarto vivo de longe a suposta normalidade.

Estou em isolamento. Hoje é o 12º dia. Sim, podia ser o terceiro, mas aqui a contagem mais apropriada é decrescente. Faltam 11 dias excluindo o dia de hoje.

Acordei uma primeira vez de manhã, por volta das dez. Um senhor anónimo, que está em funções neste andar, tinha batido à porta. É como os carteiros e bate sempre três vezes de cada visita que me faz. Dos seus deveres fazem parte a medição de temperatura, duas vezes ao dia e respectivo registo num papelinho, a entrega de refeições três vezes ao dia, e assuntos diversos que compreendam entregas e levantamentos de coisas. Nunca lhe vi a cara, e possivelmente não verei. Mas já lhe distingo o olhar, e sabe bem.

Apontou-me o termómetro à testa, num acto delicado. Sorriu com os olhos por detrás da máscara e ergueu o polegar depois de ouvir o “pi” que assinala os graus. Devo ter respondido com um olhar interrogativo. Disse-me em inglês: “35,5”. Agradeci.

Voltei para a cama. O jet-lag não perdoa. Por volta das 13h comecei a acordar para o dia. A luz filtrada pelas cortinas é amarela e bonita. De cortinas fechadas está sempre sol dentro do quarto. Todos os dias, desde o primeiro acordar aqui, a luz que entra combina com o cenário. É de um amarelo quente saído do pantone do Wes Anderson e combina com o sofá vermelho e as paredes verde seco. Ainda bem. Gosto do Wes, e agrada poder imaginar-me numa espécie de “Grand Budapeste Hotel”.

A viagem

Cheguei aqui, a este quarto, às cinco da manhã no dia 20 de Março. Doze horas depois de ter aterrado em Hong Kong. A incógnita asfixiada de expectativa não foi só na chegada ao oriente. Durou dias com as notícias a mudarem ao minuto lá do outro lado do mundo que não se soube precaver a tempo, por pensar que esta China se situava demasiado longe. Do outro lado, em que a arrogância se transformou em inoperância. Do outro lado onde deixei o coração.

Recordo a minha saída de Lisboa. O abraço que não consegui evitar aos meus pais e o que não consegui dar ao meu irmão. Soluço. Recordo os amigos que ainda consegui encontrar e lamento aqueles que me ficaram impedidos pela avalanche dos acontecimentos.

O avião que viria vazio, não fosse o fecho das fronteiras externas europeias – como se o perigo estivesse mais fora do que dentro – vem agora lotado. Todos, todos de máscara. Essa medida desprezada pelo velho continente e que me fez sentir tão mais segura nas muitas horas de viagem que se seguiriam. Como companhia tive três heróis.

Lembro-me do avião sobrevoar ao largo da Síria. Do sol se estar a pôr nessa altura. Da noite em que aqueles que ali vivem estão mergulhados há anos. Tentam fugir de uma guerra que não é deles, enquanto continuam invisíveis para o mundo. Uma invisibilidade como a que se viveu sobre a China quando tudo isto começou.

Uma invisibilidade que é dada automaticamente ao que está distante, ao que não toca por perto. Uma invisibilidade gémea do egoísmo e aliada da impunidade. Ali, debaixo do avião que transportava muitos de regresso a casa estariam tantos sem casa alguma.

Chegados a este lado tudo parecia um filme antigo que decorria em câmara lenta. Havia esperas, falta de informação, mas sobretudo uma secreta segurança. Viriam buscar-me. Iriam instalar-me. E assim, foi. Seria no mínimo indelicado, não agradecer ao Governo de Macau. O meu sentido obrigada por tratarem de nós que chegamos e dos que cá estão.

À chegada ao hotel, de madrugada, estava a C. e a V. Trabalhavam no dia seguinte, mas isso era de menor importância. Estavam ali. O aparato policial e as medidas dos Serviços de Saúde à entrada deste hotel mantinham-nos à distância. Mas estavam ali e era só isso que importava.
Agora estou aqui. Esta é a primeira de uma série de relatos que vão acompanhar o meu quotidiano em isolamento.

Hoje o dia já vai longo entre recordações e rotinas ainda desconhecidas. Hoje começa a Primavera. Até amanhã.

Macau, 21 de Março de 2020

23 Mar 2020

Covid-19 | Esperas, atrasos e proibições marcam regresso a Macau dos que fazem quarentena

Para muitos dos residentes que viajaram do estrangeiro para Macau nos últimos dias, o regime obrigatório de quarentena implicou muitas horas de espera e constrangimentos provocados por falta de comunicação. Um residente que viajou com a mãe idosa e a empregada doméstica não residente ficou sem apoio depois de ter sido negada a entrada da trabalhadora em Macau. Nos quartos de hotel, a vida acontece muito devagar ao ritmo das refeições entregues à porta

 

[dropcap]A[/dropcap]pesar do apoio concedido pelo Governo a todos os residentes sujeitos a quarentena obrigatória de 14 dias, por viajarem de países estrangeiros que não a China, Hong Kong ou Taiwan, há relatos de inúmeros atrasos, horas de espera e peripécias várias. Quem aterrou no Aeroporto Internacional de Hong Kong e veio para Macau no transporte cedido pelo Governo relata uma viagem sem fim.

“Quando chegámos a Hong Kong recebi de imediato um telefonema do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) a perguntar como estávamos. Levaram-nos de imediato para a área reservada a quem ia apanhar o transporte de Hong Kong para Macau. E aí é que as coisas ficaram caóticas”, conta ao HM Margarida, residente, que veio de Portugal.

“Tivemos seis horas à espera para ir para Macau. Havia idosos, crianças e também estudantes que estavam a regressar, mas havia grupos de pessoas que mereciam outro tipo de atenção. Não houve noção de prioridade. Não se justificava uma espera de seis horas, sem ninguém vir falar connosco ou dizer o que se estava a passar. Ficámos pura e simplesmente ali”, recorda.

Quando chegou a hora de embarcar no autocarro que levaria os residentes para Macau, a espera prolongou-se. “Chegavam três autocarros de cada vez e cada autocarro só levava 10 pessoas. Também tínhamos de esperar que os autocarros fossem a Macau e voltassem para Hong Kong. A entrada nos autocarros era feita de forma lenta, pois ia um a um, e cada pessoa demorava 20 minutos a entrar. Não se justificava, pois, o autocarro estava logo ali. Pediam-nos os documentos várias vezes”, apontou Margarida.

Antes do percurso, até à chegada ao hotel, houve esperas de uma hora dentro do autocarro. “Aquilo que não correu bem foi não haver ali ninguém para nos dizer o que se estava a passar, o que podíamos fazer, quanto tempo tínhamos de esperar. Não entendo porque tivemos uma hora no autocarro à espera que arrancasse.

Quando finalmente arrancou, fomos para o posto fronteiriço e depois tivemos outra hora à espera. Ninguém se preocupou se precisávamos de ir à casa de banho. Não nos disseram nada, o que se estava a passar e quanto tempo ia demorar. Estávamos numa situação de alguma ansiedade.”

Já no hotel, Margarida lamenta que a inexistência de um guia com regras claras para o isolamento. “As únicas indicações que temos são as horas das refeições e as horas em que pomos o lixo à porta. Não temos indicações de como funciona o isolamento, deveríamos ter um manual de instruções. Pensámos que poderíamos sair para apanhar ar, porque isto de estar 14 dias num sítio só com ar-condicionado é mau. Não sabemos se podemos, ou não, não sabemos nada”, conclui.

Empregada não entra

O facto de o Governo ter proibido, na última quinta-feira, a entrada no território de trabalhadores não residentes (TNR) que não tenham o título de TNR da China, Taiwan ou Hong Kong complicou a vida a um residente, que não quis ser identificado, e que viajou com a mãe, idosa, também residente, e a empregada doméstica natural das Filipinas. Quando embarcou em Lisboa não só essa proibição não tinha sido decretada como a empregada doméstica estava inscrita com a família para ter acesso ao transporte cedido pelo Governo da RAEM. Contudo, quando chegaram a Hong Kong, as coisas complicaram-se.

A empregada não entrou na RAEM e foi para as Filipinas, o que deixou o residente sem o apoio para cuidar da mãe. “A minha mãe de 90 anos é portadora de deficiência física e cognitiva, o que obriga a cuidados e a um acompanhamento permanente. Beneficia de uma autorização de um TNR para esse efeito e viajou a Portugal para consulta de especialidade acompanhada por essa pessoa que lhe presta assistência diária. Após iniciada a viagem foi negada pelo centro de controlo de doenças o regresso do TNR que acompanhava a minha mãe.”

O residente pediu a abertura de uma excepção para o seu caso, tendo em conta o despacho assinado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que faz referência às “necessidades básicas dos residentes”.

“Em comunicação com o centro de controlo de doenças, o mesmo director [dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), Lei Chin Ion] mandou informar que ‘as necessidades básicas dos residentes’ significam as ‘necessidades do público em geral’ e não dos residentes em particular. Ou seja, significa palavras que não são as que estão escritas”, adiantou.

Sem empregada doméstica, este residente obteve a garantia de que, à chegada a Macau, teria a ajuda de uma assistente social, o que não aconteceu. “Naquele imenso terminal, não havia uma cadeira de rodas disponível nem funcionários atentos à idade dos passageiros, constantes da papelada que processam.

Este residente e a mãe acabariam por ser encaminhados para um hotel sem terem o apoio de uma assistente social. Chegados à unidade hoteleira onde cumprem quarentena, surgiu mais um problema: foram colocados em quartos diferentes sem possibilidade de contacto.

“Neste momento, a minha mãe está aterrorizada num quarto que desconhece ao lado do meu. No corredor do hotel existe um guarda que nos ameaça fechar à chave por eu me deslocar ao quarto da minha mãe para a assistir.” O HM sabe que, entretanto, a situação foi resolvida, e ambos partilham o mesmo quarto.

Ainda assim, o residente acusa Lei Chin Ion de “expor a provações e de colocar residentes à mercê de um cenário de alegada prudência, desatenta no extremo do que é humanamente possível suportar com 90 anos de idade”. O residente considera que o director dos SSM “negou o que já estava assegurado prudente e responsavelmente, porque não condescende nas excepções da lei”.

Sem queixas

No caso de Jorge Cruz, que viajou de Portugal via Banguecoque para Macau, as peripécias foram bem menores. Este residente também descreve a falta de noção de prioridade para crianças ou idosos, mas defende que, “tendo em conta a quantidade de burocracia, nem esperámos muito tempo”. “Até agora, não tenho nada a apontar quanto à organização deste hotel. Dão-nos pequeno-almoço, almoço e jantar, medem-nos a febre duas vezes por dia. Se nos faltar água, basta ligar para a recepção e vêm trazer. Em termos psicológicos ainda me estou a adaptar, mas deixaram contactos telefónicos caso precisasse de ajuda”, contou ao HM.

As regras de quarentena permitem a entrega de comida ou outro tipo de produtos uma vez por dia entre as 17h e as 19h. Mediante a apresentação do nome e do número do quarto, os produtos são depois entregues pelos funcionários do hotel.

Bruno Simões, que tem três filhas adolescentes de quarentena, assegura que tudo tem corrido pelo melhor. “Do meu lado a experiência tem sido boa. Servem três refeições ao dia e há apenas a apontar a questão da limpeza, porque parece que ninguém entra para limpar o quarto. O pessoal é simpático, têm internet. Posso dizer que as minhas filhas estão a ter uma vida muito de adolescente, porque não têm o pai a dizer a que horas têm de acordar nem quanto tempo podem estar ao telemóvel. Para os adolescentes, devem ser umas férias.”

O HM questionou o GGCT sobre os atrasos e esperas relatadas pelos residentes. Na conferência de imprensa de sexta-feira, as questões foram respondidas. Inês Chan, representante da Direcção dos Serviços de Turismo, pediu “paciência” a quem está sujeito a quarentena. “O Governo de Hong Kong presta o máximo de apoio para coordenar [as acções] connosco. Se calhar, os estudantes [e todos os residentes] têm de esperar algum tempo no aeroporto de Hong Kong. Peço a sua paciência pois durante a deslocação há muitas situações como o registo de dados. Os nossos trabalhadores trabalham durante 24 horas, estamos sempre a receber novas informações e é uma confusão. Todas estas questões levam muito tempo [para resolver], é um trabalho muito difícil.”

Cerca de duas mil pessoas foram encaminhadas para quarentena em Macau desde o início do surto do novo coronavírus e até sábado, disseram ontem as autoridades. No sábado mais 308 pessoas foram colocadas em quarentena, das quais 301 são estudantes que regressaram ao território. Até ontem estavam 1.394 pessoas isoladas em hotéis que o Governo converteu em centros de quarentena, para responder ao regresso de milhares de residentes ao território, a esmagadora maioria estudantes. Desde que as autoridades reforçaram as medidas de prevenção, 14 pessoas com passaporte português ficaram sob quarentena.


Familiares e amigos acorrem a hotéis para levar bens a isolados

A calma com que Leong, nome fictício, aguarda na fila para entregar bens ao filho que acabou de ser transferido para um hotel depois de chegar do Reino Unido, contrasta com o ar apreensivo de outros familiares e amigos que acorreram ali para trazer algum conforto extra às pessoas obrigadas ao isolamento à chegada a Macau.

Apesar do ar composto, Leong revelou ao HM alguma preocupação, “normal para uma mãe”, mas deixa em aberto a possibilidade de a experiência “ser uma boa lição” para o filho, de 17 anos, que chegou a Macau na passada sexta-feira, vindo do Reino Unido e para o resto da família.

Depois de deixar alguns mimos, Leong fez questão de frisar que acha que o Governo de Macau está a fazer um bom trabalho. “Claro que sinto falta do meu filho, e não posso deixar de me preocupar, mas acho que ele pode aprender a importância de se viver em sociedade, de ser responsável e retribuir. O Governo ajudou-o a regressar, portanto, ele também sente que tem de colaborar, aliás, já tinha aceite a ideia antes de chegar”, conta a mãe.

Apesar das circunstâncias, Leong acha que regressar a Macau foi a melhor e mais segura decisão.
Quanto ao futuro, não vê a necessidade de se deslocar todos os dias ao hotel, até porque está em constante contacto com o filho. Para já, as conversas ficam-se pelas mensagens escritas, porque o jovem está ocupado com as aulas online do curso de fisioterapia que está a tirar em Inglaterra.

23 Mar 2020

Covid-19 | Sobe para 19 número total de casos registados em Macau

[dropcap]U[/dropcap]m jovem de 19 anos, estudante nos Estados Unidos e que chegou a Macau no sábado, foi diagnosticado com covid-19, elevando para 19 o número total de casos no território. O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus indicou tratar-se do filho do 18.º caso, anunciado no sábado, que chegou a Hong Kong num voo da Cathay Pacific proveniente de Nova Iorque.

O jovem, que viajou com a mãe e dois irmãos, encontra-se “internado na enfermaria de isolamento” do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), “sendo o seu estado clínico considerado normal, sem qualquer indisposição”, de acordo com um comunicado. Os outros dois irmãos tiveram um primeiro teste negativo, tendo sido colocados em isolamento no CHCSJ. Uma segunda análise será realizada após 48 horas.

O doente esteve no México entre os dias 8 e 14 de Março e desde 18 de Março nos Estados Unidos, sem “sintomas do trato respiratório evidentes”, acrescentou. Macau registou uma primeira vaga de dez casos em fevereiro, que já tiveram alta hospitalar. Após 40 dias sem novos casos, nos últimos oito dias foram identificadas nove pessoas infectadas, o que levou as autoridades a reforçarem medidas de controlo e restrições fronteiriças.

Desde a passada quinta-feira só é possível a entrada de residentes de Macau, Hong Kong, Taiwan e China continental. Mesmo estes passaram a estar sujeitas a uma quarentena obrigatória de duas semanas, caso tenham estado nos 14 dias anteriores em qualquer território ou país. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 290 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 12.700 morreram.

22 Mar 2020

Covid-19 | China regista novo contágio local e 45 infecções vindas do exterior

[dropcap]D[/dropcap]epois de três dias sem infecções locais da Covid-19, a China registou nas últimas 24 horas um novo caso de contágio interno, a que se somam 45 análises positivas a viajantes que chegam do exterior. Segundo Comissão Nacional de Saúde da China, à meia-noite local, o país asiático contabilizou seis novas mortes, cinco delas na província de Hubei e quatro delas na sua capital, Wuhan, o foco da pandemia.

O número de casos graves caiu 118, enquanto 540 pacientes tiveram alta dos hospitais, segundo a comissão, que relatou 45 novos casos suspeitos, ainda por verificar. O número total de casos confirmados em todo o país aumentou para 81.054 e o número de mortes para 3.261, enquanto 72.440 pacientes tiveram alta desde o início do surto.

Desde então, foram monitorizados 687.680 contactos próximos dos infectados, dos quais 1.071 ainda se encontram sob observação médica. Entre os 45 novos casos com origem no exterior, 13 foram registrados em Pequim, 14 em Xangai (leste), 7 na província de Cantão (sul), 4 em Fujian (sudeste), 2 em Jiangsu (leste) e um cada em Hebei (nordeste), Zheijang (leste), Jiangxi (sudeste), Shandong (nordeste) e Sichuan (sudoeste).

O número total de infecções detetadas em viajantes chineses e estrangeiros residentes que regressaram ao país foi de 314. Em Hong Kong, os casos confirmados ascendem a 273, enquanto em Taiwan, que Pequim considera uma província rebelde, foram detetadas 153 infeções desde o início da pandemia.

No passado dia 12 de Março o governo chinês declarou que o pico das transmissões tinha chegado ao fim no país, embora desde então o número das chamadas caixas “importadas” tenha vindo a aumentar.

22 Mar 2020

Covid-19 | Portugal com mais de 1000 infectados e seis mortes confirmadas

[dropcap]P[/dropcap]ortugal regista 6 vítimas mortais do novo coronavírus, segundo o boletim da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que dá conta de 1020 casos confirmados de Covid. Segundo a DGS, há duas vítimas mortais na região Centro, duas na região de Lisboa e Vale do Tejo, uma na região norte e outra na região do Algarve.

Os dados do boletim epidemiológico hoje divulgado, com dados até às 24:00 de quinta-feira e atualizado às 11:00 de hoje, indicam que há mais 235 casos confirmados de Covid-19 do que na quinta-feira.

A Guarda Nacional Republicana (GNR) anunciou que tem dois militares infectados com o novo coronavírus, três com suspeitas de terem o vírus, 57 em quarentena e 77 em avaliação. A GNR indica que teve de “ajustar o seu funcionamento e as suas rotinas” nos últimos dias para manter uma capacidade de resposta às necessidades do país para fazer face à pandemia do Covid-19. No que diz respeito à segurança e vigilância em Portugal, que está em estado de emergência, a GNR avança que mais de 500 militares monitorizam movimentos e controlam fronteiras diariamente.

Números crescem na Europa

Entretanto, mais de dez mil pessoas na Europa já morreram infectadas com Covid-19 no mundo, segundo um balanço da Agência France Press a partir de fontes oficiais às 11:00 desta sexta-feira. Um total de 5.168 mortos foram registados na Europa, a maioria em Itália (3.405), o país mais afectado do mundo.

O Ministério da Saúde de Espanha anunciou um total de 19.980 casos confirmados de infecção e 1.002 mortes. Nas últimas 24 horas, Espanha registou 2.833 novos casos de Covid-19, um aumento de 16,5% em relação a quinta-feira, e mais 235 mortes. Segundo o director do Centro de Alertas e Emergências de Saúde daquele Ministério, Fernando Simón, 1.141 pacientes estão internados em unidades de cuidados intensivos.

A Alemanha confirmou até hoje 13.957 casos de infecção, um aumento de 2.958 desde o balanço do dia anterior, revelou o Instituto Robert Koch, autoridade responsável pela prevenção e controlo de doenças. Os dados oficiais indicam ainda que há 31 vítimas mortais na Alemanha, o terceiro país com mais casos da Europa e o quinto mais afectado do mundo.

Os estados federados da Renânia do Norte-Vestefália, Baviera e Bade-Vurtemberga registam o maior número de infectados com o coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19, somando os três mais de metade dos casos registados no país.

Com cerca de 1.034 novas mortes nas últimas 24 horas para um total de 110.668 casos de contaminação, a Europa é o continente mais afectado pela pandemia.

20 Mar 2020

Covid-19 | Hong Kong anuncia mais 48 casos, total sobe para 256

[dropcap]H[/dropcap]ong Kong registou hoje 48 novos casos da Covid-19, sendo que 36 são pessoas recentemente chegadas ao território provenientes da Europa ou da Ásia, noticiou a emissora pública RTHK. Este aumento eleva para 256 o número total de casos do coronavírus SARS-CoV-2 na região administrativa especial chinesa.

Alguns dos novos infectados são contactos próximos de doentes e oito são estudantes regressados ao território, incluindo metade proveniente do Reino Unido, acrescentou. Próxima de Hong Kong, a RAEM registou entre segunda-feira e quinta-feira sete novos casos importados. Ao todo e desde que começou a epidemia, o território conta 17 casos registados.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infectou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram. Das pessoas infectadas, mais de 86.600 recuperaram da doença. O continente europeu é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos, com a Itália a tornar-se hoje o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 3.405 mortos em 41.035 casos.

A Espanha regista 767 mortes (17.147 casos) e a França 264 mortes (9.134 casos). A China, por sua vez, informou não ter registado novas infeções locais pelo segundo dia consecutivo, embora o número de casos importados tenha continuado a aumentar, com 39 infeções oriundas do exterior.

No total, desde o início do surto, em dezembro passado, as autoridades da China continental, que exclui Macau e Hong Kong, contabilizaram 80.967 infeções diagnosticadas, incluindo 71.150 casos que já recuperaram, enquanto o total de mortos se fixou nos 3.248. Destaque também para o Irão, com 1.284 mortes em 18.407 casos.

20 Mar 2020

Covid-19 | China sem novos casos de contágio local pelo segundo dia consecutivo

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje não ter registado novas infecções locais pelo novo coronavírus, pelo segundo dia consecutivo, embora o número de casos importados tenha continuado a aumentar. A Comissão de Saúde da China disse que, até ao início do dia de hoje, não foram detectados novos casos de contágio local em todo o território, mas as autoridades identificaram 39 infectados oriundos do exterior.

Três pessoas morreram devido à doença, nas últimas 24 horas, fixando o total de mortes na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, em 3.248. No total, o número de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 80.967, incluindo 71.150 pessoas que já receberam alta. O número de infectados activos fixou-se nos 6.569, entre os quais 2.136 em estado grave.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infectou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, entre as quais mais de 9.800 morreram. Das pessoas infectadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se já por 177 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a tornar-se, na quinta-feira, no país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 3.405 mortos em 41.035 casos. A Espanha regista com 767 mortes (17.147 casos) e a França 264 mortes (9.134 casos). Destaque também para o Irão, com 1.284 mortes em 18.407 casos. Vários países adotaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

20 Mar 2020

Covid-19 | Japão confiante na organização dos JO. Chama olímpica chegou hoje a Tóquio

[dropcap]A[/dropcap] chama olímpica chegou hoje ao Japão, onde a receção foi pequena e rápida devido à pandemia da Covid-19, que está a pôr em dúvida a realização dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, no verão. O avião, decorado com os anéis e logótipos olímpicos das Olimpíadas de Tóquio2020, aterrou na base aérea de Matsushima (nordeste), com a tocha olímpica a bordo.

A região foi especialmente escolhida por simbolizar a reconstrução das zonas devastadas pelo gigantesco tsunami de 11 de Março de 2011, seguido pelo acidente nuclear de Fukushima. Os antigos campeões olímpicos Saori Yoshida e Tadahiro Nomura desceram do aparelho com a chama, vinda de Atenas. Uma guarda de honra na pista aguardava a chama, perante uma pequena assistência, sentada em cadeiras.

Depois da chegada ao Japão, a chama olímpica ficará exposta ao público durante uma semana em várias localidades do nordeste japonês, antes de passar por 47 regiões do país. O comité organizador pediu já ao público que evite concentrar-se para assistir à passagem da tocha olímpica, de acordo com as recomendações do governo japonês para conter o surto da Covid-19.

O Comité Olímpico Internacional (COI) tem reiterado o “compromisso total” com a realização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 nas datas previstas, de 24 de julho a 09 de agosto, por não existir “necessidade de quaisquer decisões drásticas”.

Assumindo que esta é uma “situação sem precedentes para todo o mundo”, o COI encorajou “todos os atletas a continuarem a preparar-se para Tóquio2020 da melhor forma possível”.

20 Mar 2020

Covid-19 | Voos internacionais com destino a Pequim desviados para diferentes partes da China

[dropcap]A[/dropcap] China começou hoje a desviar os voos internacionais com destino a Pequim, numa altura em que a capital chinesa tenta travar o aumento de casos importados da Covid-19.

A Administração da Aviação Civil da China informou que, a partir da 00:01 de sexta-feira, e até ao dia 22 de março, os voos da Air China e da Hainan Airlines, a partir de Moscovo, Paris, Tóquio e Toronto, vão ter de realizar uma escala preliminar para exames médicos aos passageiros.

A agência indicou que os voos da Air China, provenientes de Moscovo e de Paris (CA910 e CA934, respectivamente) e com destino a Pequim, vão aterrar na cidade vizinha de Tianjin, onde serão “sujeitos a quarentena e deverão prosseguir as formalidades de entrada no país”.

“Os passageiros que atenderem aos requisitos poderão depois seguir para Pequim”, de acordo com um comunicado. O mesmo vai acontecer aos viajantes a bordo do voo da Air China, proveniente de Tóquio (CA926), que vai aterrar em Hohbot, na Mongólia Interior. Também o voo da Hainan Airlines que partiu de Toronto (HU7976) vai aterrar em Taiyuan, no noroeste da China.

O comunicado não adianta o que vai acontecer aos passageiros que não cumprirem os requisitos para continuar a viagem rumo a Pequim, nem a duração da quarentena, que a China normalmente fixa em 14 dias.

Nos últimos cinco dias, a capital chinesa registou 43 casos importados de infecções pelo novo coronavírus SARS-CoV-2). As autoridades locais estão agora focadas na prevenção da re-emergência de um novo surto da Covid-19, sobretudo nas grandes cidades.

Pequim estava já a impor um período de quarentena de 14 dias num centro designado pelas autoridades para quem chegar à capital chinesa.

20 Mar 2020

Covid-19 | Seul impõe quarentena para quem regressa da Europa. 87 novos casos registados no país

[dropcap]A[/dropcap] Coreia de Sul anunciou hoje uma quarentena obrigatória para quem entrar no país proveniente da Europa, no mesmo dia em que registou 87 novos casos da Covid-19, uma descida relativamente a quarta-feira.

Com mais de 60 casos importados, as autoridades decidiram que, a partir de domingo, quem chegar da Europa fará um teste para detetar a presença do coronavírus (SARS-CoV-2), e mesmo que o resultado seja negativo, será obrigado a ficar de quarentena durante 14 dias em casa. O Governo sul-coreano já preparou instalações para receber aqueles que não tenham residência fixa no país.

A Coreia do Sul, que não limitou os movimentos dos cidadãos, nem fechou as fronteiras, registou na quinta-feira 87 novas infeções, menos 65 do que na véspera. Nas duas últimas semanas, a Coreia do Sul conseguiu baixar e estabilizar o número de novos contágios, embora as autoridades mantenham sob apertada vigilância a situação no sudeste, zona que concentra a maioria dos contágios, e nos arredores de Seul, onde vive metade da população sul-coreana.

Até agora, a Coreia do Sul detectou 8.652 casos, dos quais 6.325 estão ativos, enquanto 2.233 pessoas tiveram alta médica. Pelo menos 94 doentes morreram, disse o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças Contagiosas (KCDC) sul-coreano.

Dos 87 casos detetados, 47 foram identificados no maior foco do país, a cidade de Daegu, a cerca de 230 quilómetros a sudeste de Seul, e a província vizinha de Gyeongsang do Norte, zonas que concentram 86% de todas as infecções do país. O segundo ponto mais afectado do país foi novamente a região da capital, que registou na quinta-feira 31 casos, 17 dos quais em Seul e 14 na província vizinha de Gyeonggi.

20 Mar 2020

Covid-19 | Itália supera China em número de mortos

[dropcap]A[/dropcap] Itália é neste momento o país com mais mortes devido ao novo coronavírus, registando, até agora, um total de 3.405 óbitos, número que ultrapassa as vítimas mortais verificadas na China, segundo uma contagem sustentada em dados oficiais.

Segundo um balanço divulgado pela agência France-Presse (AFP), Itália registou 427 mortes nas últimas 24 horas, totalizando, até à data, 3.405 vítimas mortais, mais do que as 3.245 contabilizadas na China, onde o surto do novo coronavírus foi inicialmente detetado em dezembro.

Depois de Itália e da China, Irão (1.284) e Espanha (767) são os outros países com mais vítimas mortais devido à pandemia da Covid-19. As primeiras duas mortes em Itália foram confirmadas pelas autoridades italianas em 22 de Fevereiro.

O novo coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 220 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.000 morreram. Das pessoas infectadas em todo o mundo, mais de 85.500 recuperaram da doença.

20 Mar 2020

Covid-19 | Estudo diz que taxa de mortalidade em Wuhan é de 1,4 por cento

[dropcap]O[/dropcap] novo coronavírus matou 1,4% das pessoas infectadas em Wuhan, na China, segundo um estudo publicado esta quinta-feira, que destaca também o aumento da taxa de mortalidade com a idade.

Segundo os investigadores do estudo publicado na revista científica Nature Medicine, o número de casos confirmados é, provavelmente, muito inferior ao número de pessoas realmente infectadas, devido à capacidade limitada de realizar testes em massa, e por isso também a mortalidade real será menor em relação aos números oficiais.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) avançou na semana passada que a taxa de mortalidade do vírus se encontra nos 3,4%, mas, segundo o estudo, a probabilidade de morrer após o desenvolvimento de sintomas de Covid-19 é de 1,4%.

Olhando para o epicentro da pandemia, a cidade chinesa de Wuhan, a equipa de investigadores chineses acredita ter desenvolvido uma melhor estimativa da letalidade do novo coronavírus, apoiada em vários bancos de dados públicos e privados que incluem indicadores como os casos confirmados sem relação ao mercado onde o surto surgiu, os casos confirmados de passageiros aéreos e o perfil dos casos confirmados e das mortes.

“Estimar o número real de casos é um desafio para um sistema de saúde sobrecarregado, que não consegue indicar o número de casos com certeza”, escrevem os investigadores.

Até ao dia 29 de fevereiro, a China continental registava 79.394 casos confirmados e 2.838 mortes (3,5% de mortalidade entre os casos positivos), a maioria dos quais em Wuhan.

No entanto, os autores acreditam que muitos dos casos menos graves não foram contabilizados, considerando, por isso, que a sua metodologia para estimar a mortalidade associada ao Covid-19 é mais apropriada, uma vez que inclui uma estimativa do número real de casos.

Segundo a equipa de investigadores, o número de mortes “depende sobretudo da gravidade dos sintomas desenvolvidos por uma pessoa infectada e esse é o problema que deve estar no centro das atenções”.

O estudo liderado por Joseph Wu, virologista na Universidade de Hong Kong, analisou também a relação entre a idade e a mortalidade.

De acordo com os resultados, as pessoas com mais de 59 anos têm acima de cinco vezes mais probabilidade de morrer do que aquelas com idades entre os 30 e os 59. Por outro lado, aqueles com menos de 30 anos têm 0,6 vezes menos probabilidade (60%) de morrer do que o grupo anterior.

Já o risco de desenvolver sintomas moderados a graves aumenta em cerca de 4% a cada ano na faixa etária entre os 30 e os 60 anos.

“As estimativas de infeções observadas e não observadas são essenciais para o desenvolvimento e a avaliação de estratégias de saúde pública, que devem ser contrabalançadas com os custos económicos, sociais e de liberdades individuais, escreve o investigador, acrescentando que estes novos dados são particularmente importantes para a Europa, agora no epicentro da pandemia.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infectou mais de 231 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.350 morreram. Das pessoas infectadas, mais de 86.250 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 177 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia. A China, por sua vez, anunciou esta quinta-feira não ter registado novas infecções locais nas últimas 24 horas, o que acontece pela primeira vez desde o início da pandemia. No entanto registou 34 novos casos importados.

No total, desde o início do surto, em Dezembro passado, as autoridades da China continental, que exclui Macau e Hong Kong, contabilizaram 80.894 infeções diagnosticadas, incluindo 69.614 casos que já recuperaram, enquanto o total de mortos se fixou nos 3.237.

20 Mar 2020