Covid-19 | Bloqueio de Wuhan termina mas cautela mantém-se perante inimigo invisível

[dropcap]P[/dropcap]ara os estudantes angolanos em Wuhan, o fim oficial do período de isolamento não trouxe mudanças, já que os perigos suscitados por casos assintomáticos excluídos da contagem oficial ditam o prolongamento de restrições nas universidades da cidade chinesa.

Milhares de pessoas abandonaram Wuhan para outras partes da China, após 76 dias de bloqueio da cidade que foi o centro do novo coronavírus, mas os portões das universidades locais “continuam encerrados” e os estudantes “proibidos de sair dos dormitórios”, descreve à agência Lusa Euclides Simeão, aluno de engenharia de Ciências da Computação.

“Espero voltar a poder caminhar no ‘campus’, mas, por enquanto, continuamos retidos nos dormitórios”, diz o representante dos cerca de 40 estudantes angolanos em Wuhan, acrescentando que não há ainda data marcada para o início das aulas.

O fim de um bloqueio, sem precedentes, da cidade com 11 milhões de habitantes, e que serviu como modelo para vários países que tentam agora travar a epidemia da covid-19, constitui outra experiência inédita: retomar os negócios e o quotidiano, ao mesmo tempo que se evita uma segunda vaga de infeções por uma doença que, em muitos portadores, não apresenta sintomas.

“A escola diz-nos que há ainda os assintomáticos e, portanto, recomenda cautela, mesmo quando reabrirem os portões, e para manter a distância social, lavar sempre as mãos e usar sempre máscara”, conta Euclides.

O fim oficial do bloqueio tem um significado político importante ao permitir ao regime chinês declarar vitória na luta contra o surto, que começou no país, numa altura em que a Europa e os Estados Unidos são os novos centros da doença.

Em editorial, no entanto, o jornal do Partido Comunista Chinês alertou para comemorações prematuras. “Este dia, esperado há muito, será naturalmente celebrado pelas pessoas. Porém, não se trata da vitória final”, nota o Diário do Povo. “Temos que nos lembrar de que, apesar de satisfeitos com o fim do bloqueio, não podemos relaxar”.

Só na quarta-feira passada é que a Comissão Nacional de Saúde chinesa começou a divulgar o número de pessoas infectadas que não têm sintomas, mas que podem transmitir o vírus. Desde então, o país reportou um total de 1.095 destes casos.

O trânsito automóvel em Wuhan começou hoje a retomar ao normal, à medida que pontes, túneis e auto-estradas foram reabertas. Segundo os dados oficias, a cidade não registou novo caso de infeção nas últimas 24 horas.

A imprensa local avançou que cerca de 65.000 pessoas deixaram hoje Wuhan, de avião ou comboio. No entanto, chegadas ao destino, serão sujeitas a uma quarentena de 14 dias e a testes de deteção de ácidos nucleicos do novo coronavírus.

Para Rui Severino, um português que recusou abandonar Wuhan durante o período de isolamento, apesar da oferta de repatriamento por Portugal, o fim do bloqueio constitui uma motivação para o futuro. “É um sentimento de grande alívio”, conta à agência Lusa o treinador de cavalos de corrida. “Já podemos ver a luz ao fundo do túnel”, diz.

Severino conta que, “sobretudo para pessoas que têm crianças pequenas [o período de bloqueio] foi bastante desgastante”, pelo que se “nota agora um grande alívio por poderem sair à rua”. Durante o bloqueio de 11 semanas, os residentes de Wuhan foram autorizados a sair de suas casas apenas para comprar comida ou participar em outras tarefas consideradas absolutamente necessárias.

Para Euclides Simeão, o fim do bloqueio e a reabertura do ‘campus’, que deverá ocorrer nas próximas duas semanas, serviu para acalmar os estudantes. No entanto, o angolano diz que o retorno à normalidade não é aguardado com a ansiedade de outrora. “É aborrecido, mas já nos habituámos”, descreve. “Para nós, o normal passou a ser estar em quarentena”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil. Dos casos de infecção, cerca de 260 mil são considerados curados.

8 Abr 2020

Covid-19 | Perito de Xangai adverte para perigo de segundo surto no outono

[dropcap]O[/dropcap] chefe do comité de peritos em covid-19 de Xangai, o médico Zhang Wenhong, advertiu para a “elevada possibilidade” de ocorrer uma segunda vaga de contágios a nível internacional, durante o outono. Em entrevista hoje publicada pelo diário digital privado Caixin, Zhang manifestou-se convicto de que é “pouco provável” que a pandemia de coronavírus termine no verão e prognosticou que durará “até ao ano que vem”.

“[Os surtos na] Europa e nos Estados Unidos não foram controlados de maneira efectiva, por agora. No entanto, em África, na América do Sul, e na Índia, onde a economia está menos desenvolvida e os recursos médicos são insuficientes, os novos casos aumentaram de forma exponencial, o que acarreta uma grande incerteza para a luta global contra a epidemia”, disse.

O clínico, também director do departamento de doenças infecciosas do hospital universitário de Huashan, acrescentou: “Supondo que se pode conter [o surto actual] em três ou quatro meses, seria em finais do verão”.

Questionado sobre as defesas da China perante esse possível segundo surto no estrangeiro, Zhang advertiu: “Apesar de agora não haver mais casos de contágio local, não podemos relaxar”. “Se o sistema se descuidar, poderá haver casos não detectados”, acrescentou.

Neste sentido, o médico não só pediu às autoridades fronteiriças e sanitárias e às comunidades para se manterem alerta, mas também à comunidade empresarial: “Os negócios que voltem a funcionar devem assegurar-se de que os seus trabalhadores guardam a distância social”.

“A China está agora sob controlo e temos confiança. Porém, o surgimento de uma segunda vaga de contágios noutros países significará que nos veremos submetidos a uma grande pressão para prevenir e controlar os casos importados. A China tem de preparar-se para um segundo pico de contágios importados, com o objetivo de prevenir uma segunda vaga [a nível local]”, defendeu.

A dificuldade a curto prazo para a China, indicou o especialista, é reanimar a actividade económica, enquanto trata de evitar um ressurgimento do surto.

Zhang citou o exemplo das restrições às ligações aéreas com o estrangeiro: “Não podem durar para sempre. Quando os surtos na Europa e nos Estados Unidos estiverem sob controlo, a aviação global voltará a funcionar pouco a pouco”.

O líder do comité de Xangai acredita, no entanto, que as restrições chinesas não podem acabar totalmente com o risco de importação de contágios, devido à existência de casos assintomáticos ou de testes que dão falsos negativos.

“O sistema de controlo de doenças tem de fazer um acompanhamento de todas as pessoas que tenham mantido contacto com pacientes de covid-19, sem haver qualquer ponto cego”, exigiu. Por último, questionado sobre as diferentes taxas de letalidade do coronavírus em países distintos, Zhang explicou que depende das prioridades de cada governo na realização de testes e no tratamento dos pacientes.

“Se um país prioriza os pacientes graves nos testes e no tratamento, a sua taxa de mortalidade será elevada. Num país onde os testes são mais comuns e há muitos doentes ligeiros detetados e postos sob quarentena, a taxa será mais baixa”, indicou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 82.000 morreram. Dos casos de infecção, cerca de 260.000 são considerados curados.

O continente europeu, com mais de 750.000 infectados e mais de 58.000 mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos. Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.127 óbitos, em 135.586 casos confirmados até terça-feira.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direcção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infecções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%). Dos infectados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.

8 Abr 2020

Covid-19 | Número de infectados em Macau aumenta para 45 com mais um caso

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram hoje mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 45 desde o início do surto do novo coronavírus.

Trata-se de um homem de 32 anos, residente de Macau, que na terça-feira apanhou um voo de Phnom Penh, Camboja, com destino a Macau, “tendo sido detectado com febre na zona de inspecção sanitária de entrada do Aeroporto Internacional de Macau”, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

O homem foi de imediato encaminhado para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, detalharam as autoridades, acrescentando que hoje a “amostra do teste de zaragatoa nasofaríngea mostrou com resultado positivo e foi diagnosticado com pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”.

Segundo as autoridades de Macau, o estado de saúde do homem de 32 anos, que está internado na enfermaria de isolamento do hospital público, é “considerado normal”.

Depois de Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, a partir de meados de março foram identificados 35 novos casos, todos importados. Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar.

Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território, que deixou desde segunda-feira de ter assegurada, pelos transportes públicos, qualquer ligação para a vizinha Hong Kong.

8 Abr 2020

Covid-19 | Japão declara estado de emergência para sete regiões, incluindo Tóquio

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou ontem o estado de emergência, por um mês, para Tóquio e seis outras regiões do arquipélago face a uma recente aceleração do número de casos de covid-19 no país.

O estado de emergência não permite às autoridades japonesas impor um confinamento rigoroso como noutros países, mas os governadores regionais em causa poderão instar a população a ficar em casa e pedir o encerramento temporário do comércio não essencial.

“Face a uma situação que pode afetar gravemente a vida de cada um e a economia, decidi declarar o estado de emergência”, anunciou Abe perante uma comissão parlamentar. “A medida será suspensa logo que tivermos a certeza de que já não é necessária”, adiantou.

Em causa estão a capital, Tóquio, e as três regiões dos seus subúrbios, a região de Osaka, que é a grande metrópole do oeste, e a sua vizinha Hyogo, assim como a de Fukuoka, na ilha de Kyushu (sudoeste). A decisão envolve cerca de 50 milhões de pessoas, o que representa cerca de 40% da população do país.

O primeiro-ministro, que tinha anunciado a medida na segunda-feira, recordou que a mesma não levará a um “confinamento como no estrangeiro” e que o objetivo é “controlar a propagação do vírus, mantendo os serviços socioeconómicos essenciais, como os transportes públicos”.

As autoridades contam essencialmente com a boa vontade dos cidadãos, que são na sua maioria favoráveis ao estado de emergência, segundo uma sondagem da cadeia privada TBS divulgada na segunda-feira.

“É necessário pedir a completa cooperação de todos”, insistiu Abe, adiantando que “segundo os especialistas, se se fizer todos os esforços para reduzir os contactos em 70% a 80%, o número de infeções reduzir-se-á após duas semanas”.

A pandemia de covid-19 continua limitada por enquanto no Japão, mas os casos têm aumentado bastante desde o final de março, fazendo recear uma saturação dos hospitais, o que levou o governo de Abe a intensificar a sua ação.

O último balanço do Ministério da Saúde japonês, divulgado na segunda-feira, indicava que o país totalizava mais de 3.900 casos do novo coronavírus e 80 mortos.

Representando o estado de emergência um golpe severo na economia do país, Abe anunciou também na segunda-feira um plano de ajuda recorde de 108 biliões de ienes, prevendo dotações para as famílias mais necessitadas e para as pequenas e médias empresas mais afectadas pela crise.

8 Abr 2020

Máscaras, o eterno debate

[dropcap]V[/dropcap]iver na Europa por estes dias com a pandemia da covid-19 é ver um filme de quase terror a repetir-se. O mesmo filme que já aconteceu na Ásia, que está a atacar em cheio a América e que vai chegar às salas de cinema de África. Este filme terá decerto contornos diferentes consoante os países em que é exibido. Só uma coisa é diferente em relação à Ásia: o uso de máscaras.

Em Portugal continua a perder-se tempo com a eterna questão se se deve ou não usar máscara na rua. Fazem-se aberturas de telejornais com o parecer que a Direcção-geral de Saúde terá recebido que obriga ao uso de máscara, repetem-se as mesmas perguntas e as respostas são quase sempre inconclusivas. Os médicos mandam usar máscara sempre, indo contra as recomendações da Organização Mundial de Saúde, mas, na rua, a maior parte das pessoas continua a não usar.

Apesar das milhares de encomendas oriundas de Macau e da China, continua a não dar para todos. Já o uso de luvas, absolutamente errado e algo pouco higiénico, continua a ser comum. Este é um eterno debate que já cansa por existirem dados factuais que provam a eficácia de usar máscara. Não é difícil, basta repetirem-se exemplos bem-sucedidos, como o de Macau.

Parem com eternos pareceres e discussões sem fim. Admitiu-se que não existem máscaras para todos em Portugal, o que é um começo. Cabe agora às autoridades buscar soluções. É necessária mais clareza na transmissão da mensagem e na difusão da informação para que a população não se confunda.

8 Abr 2020

Covid-19 | Automobilismo também ajuda no combate à pandemia

Várias vezes criticado pelo seu balanço carbónico negativo ou pela sua imagem frívola, o automobilismo, em particular os seus agentes, não fizeram como a avestruz num período difícil para a humanidade e estão a contribuir na luta contra a pandemia do novo coronavírus

 

[dropcap]C[/dropcap]omo grandes centros tecnológicos que são, as equipas de Fórmula 1 são aquelas que estão na linha da frente. Engenheiros da University College London (UCL) e clínicos do hospital associado UCLH estão a trabalhar com a Mercedes-AMG Petronas F1 Team, em particular com o seu departamento de motores (High Performance Powertrains em Brixworth), no desenvolvimento de um aparelho respiratório que foi aprovado e que está agora ser testado em hospitais. Este aparelho, um CPAP (pressão positiva contínua das vias respiratórias), tem sido amplamente utilizado em hospitais em Itália e na China para ajudar pacientes da covid-19, com infecções pulmonares graves, a respirar com maior facilidade, quando o oxigénio é insuficiente. A equipa do campeão em título Lewis Hamilton também já tinha doado mais de 4 milhões de euros em equipamentos a um hospital na Malásia.

As sete equipas de Fórmula 1 que têm base em Inglaterra – Red Bull Racing, Racing Point, Haas, McLaren, Mercedes-AMG, Renault e Williams – fazem parte do consórcio VentilatorChallengeUK, que conta também com a Airbus, GKN, Rolls-Royce ou a Siemens, que recebeu um pedido para 10,000 ventiladores por parte do governo britânico. Este projecto reunirá os recursos tecnológicos e humanos das equipas da melhor forma possível, concentrando as principais habilidades da indústria: desenvolvimento de modelos CAD 3D, fabricação de protótipos, teste e montagem qualificada. A capacidade única das equipas de Fórmula 1 em responder rapidamente aos desafios tecnológicos e de engenharia permite que este grupo agregue valor à resposta mais ampla do sector de engenharia britânico.

Em Itália, a família Agnelli, proprietária da Scuderia Ferrari, doou 10 milhões de euros à Protecção Civil italiana e comprou à China 150 ventiladores e material médico em falta. O construtor de Maranello, em paralelo com a FIAT Chrysler Automobiles, foi mais além, dando as mãos à Siare Engineering International Group, empresa especializada na produção de ventiladores. Esta não é a primeira vez que a Ferrari coloca o seu potencial fabril ao serviço da medicina. Há cerca de quinze anos, uma delegação do hospital infantil Great Ormond Street, em Londres, deslocou-se a Maranello, a sede da Ferrari, para tentar incrementar a eficiência do funcionamento das salas de cirurgia e do método utilizado na deslocação dos doentes.

Além da F1

Mas não só são as equipas de Fórmula 1 que estão a trabalhar em prol da comunidade. A Automobili Lamborghini transformou vários departamentos da sua fábrica de produção de superdesportivos em Sant’Agata Bolognese, de onde saem os carros para a Taça GT Macau, para produzir máscaras e viseiras de protecção em plexiglass. As máscaras serão doadas ao Hospital Sant’Orsola-Malpighi, de Bolonha. O trabalho desta iniciativa solidária será realizado pelo pessoal encarregue do fabrico de interiores e personalização dos automóveis de Lamborghini, que produzirá 1000 máscaras por dia. Quanto às viseiras de proteção, serão fabricadas diariamente 200 unidades, utilizando impressoras 3D nos departamentos de fibra de carbono e de Investigação e Desenvolvimento.

A Pirelli, que tem o exclusivo da Taça do Mundo de Fórmula 3 e GT do Grande Prémio de Macau, tem trabalhado de perto com o governo da Lombardia, uma das regiões mais martirizadas em Itália, e já ofereceu 65 aparelhos de assistência respiratória, 5000 combinações de protecção e mais de 20,000 máscaras. Os seus trabalhadores doaram 7,000 horas de trabalho, cerca de 220 mil euros ao Hospital Luigi Sacco, em Milão. Esta soma juntou-se aos 500 mil euros que a marca italiana de accionistas chineses já tinha reunido junto dos seus parceiros.

A empresa francesa Stand21, que faz equipamento de protecção para os pilotos, desde fatos a capacetes, dedica-se estes dias à produção de máscaras de protecção respiratórias. A Prodrive, que, entre muitas coisas, constrói os Aston Martin Vantage de corridas, colocou à disposição a sua infra-estrutura e “know-how” para a rápida montagem de aparelhos respiratórios produzidos em Inglaterra. E como quem não produz, pode sempre contribuir de outras formas, o piloto espanhol Fernando Alonso doou 300 mil máscaras e 4 mil “kits” de proteção individual à UNICEF.

8 Abr 2020

Covid-19 | Conta da Comissão Macau Solidário fechou ontem com 3,5 milhões de patacas

Está encerrada a conta bancária da Comissão Macau Solidário, criada por entidades locais para ajudar a combater a pandemia da covid-19 em Portugal através da compra de máscaras e outro equipamento médico. A conta tinha ontem 3,5 milhões de patacas, mas este montante deverá aumentar, uma vez que há ainda operações bancárias a decorrer

 

[dropcap]D[/dropcap]esde ontem que não é possível fazer mais depósitos na “Covid-19 – Portugal Conta Solidariedade”, a conta bancária aberta pela Comissão Macau Solidário no Banco Nacional Ultramarino (BNU) no passado dia 25 de Março. A conta está oficialmente encerrada e, até ao fecho desta edição, contabilizava cerca de 3,5 milhões de patacas, valor que poderá ainda aumentar, disse ao HM Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM).

“Esperamos algum aumento, não sabemos quanto. As coisas estão a correr bem, há montantes que ainda não entraram na conta porque houve feriados e as operações bancárias atrasaram-se.”

Amélia António não quis dizer, para já, de que forma este montante será canalizado para ajudar a sociedade portuguesa no combate à covid-19, numa altura em que há relatos de falta de material de protecção em hospitais e outro tipo de instituições de saúde. A presidente da CPM assegurou que será emitido um comunicado conjunto assim que o total seja contabilizado.

Ajudar a primeira linha

A Comissão Macau Solidário, composta por 17 entidades locais, pretendeu, desde o início, juntar um “querer colectivo de tentar fazer alguma coisa para ajudar a situação que se vive em Portugal”, disse Amélia António aquando da apresentação do projecto, no consulado-geral de Portugal em Macau.

A ideia é que os profissionais da linha da frente que trabalhem com doentes de covid-19 sejam os primeiros a receber máscaras, batas e viseiras, entre outros equipamentos. Posteriormente, serão enviados kits para testes de despistagem à covid-19, uma vez que a Organização Mundial de Saúde “parece concluir que onde se fazem mais testes tem-se conseguido dominar melhor a questão”, acrescentou Amélia António a 25 de Março. Todo o material enviado para Portugal será distribuído pelo Ministério da Saúde. Portugal conta actualmente com 345 mortos e um total de 12.442 casos de infecção.

8 Abr 2020

Covid-19 | Mais de 50 milhões já gastos em hotéis de observação médica

Os Serviços de Turismo já gastaram mais de 50 milhões com hotéis para observação médica. O dinheiro está a sair do saldo do Fundo de Turismo, para o qual se prevê um reforço de apenas 37 milhões na proposta de lei de alteração ao orçamento de 2020 em discussão na Assembleia Legislativa

 

[dropcap]A[/dropcap] maioria das despesas do Fundo de Turismo de 2020 vão ser suportadas pelo saldo acumulado nos últimos anos, disse a directora dos Serviços de Turismo (DST). Helena de Senna Fernandes explicou que estão incluídas as despesas com os hotéis designados para observação médica, que ontem já ultrapassavam 50 milhões, e deverão continuar a aumentar.

A responsável falou à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa sobre a proposta de alteração ao orçamento deste ano, onde explicou o pedido de reforço de 37 milhões para o Fundo de Turismo. Esse montante vai contribuir para a despesa com os quartos de hotéis e para um programa de ajuda à recuperação do turismo depois da pandemia. “Mas estes 37 milhões são só uma pequena parte do orçamento total do Fundo de Turismo. Este ano prevemos que as receitas do Fundo de Turismo sejam muito poucas por causa da isenção do imposto de turismo durante seis meses. Por isso a maioria das nossas despesas vão ser suportadas pelo saldo”, descreveu.

Os transportes entre Hong Kong e Macau, ou os diferentes postos fronteiriços e os locais para exames médicos foram outra das despesas mencionadas pela directora dos Serviços de Turismo, que se mostrou confiante na capacidade de o saldo do fundo suportar todos esses gastos.

O presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa revelou que os deputados questionaram a razão para qual é o Fundo de Turismo a pagar pelos hotéis. Os representantes do Governo indicaram que isso é feito em colaboração com outras entidades.

Para apoiar a recuperação do mercado, há uma verba destinada ao apoio de produtoras de filmagens para anúncios publicitários com o objectivo de atrair visitantes a Macau depois da epidemia passar. “Depois da pandemia, de certeza que o tipo de mensagem que temos de passar vai ser completamente diferente. Não podemos continuar a vender Macau como anteriormente”.

Custo do empreendedorismo

Participaram também na reunião representantes do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC). Os deputados queriam perceber as razões que justifiquem os apoios do FDIC para a promoção da expansão de negócios e empreendedorismo juvenil quando o ambiente de negócios é mau. “O Governo respondeu que este é um apoio destinado aos jovens tendo em conta o futuro desenvolvimento do ambiente de negócios”, disse o presidente da Comissão, Chan Chak Mo.

De acordo com o Executivo, 32 milhões de patacas em apoios financeiros ao empreendedorismo juvenil não foram devolvidos. Chank Chak Mo explicou que “houve necessidade de cobrança coerciva dos fundos ou verbas atribuídas em apoio”, nomeadamente por empresas terem ido à falência. Com a alteração agora em cima da mesa, o orçamento do FDIC ascende a 3,6 mil milhões, pelo que o reforço para apoio às PME é de 1,4 mil milhões.

A Comissão espera assinar o parecer sobre a proposta de lei amanhã. Caso isso aconteça, o documento pode ser votado em sessão plenária na próxima semana.

8 Abr 2020

Covid-19 | Estudante retido em Wuhan regressou a Macau de carro

[dropcap]O[/dropcap] estudante de Macau em Wuhan que ficou retido e impedido de regressar no voo fretado pelo Governo, por ter uma temperatura superior a 37,3 graus, está na RAEM desde 31 de Março.

A informação sobre o rapaz de 16 anos foi apresentada ontem por Leong Iek Hou, que apontou que viajou com familiares de carro. “Ele voltou para Macau a 31 de Março e está em isolamento. A sua situação é estável e o primeiro teste teve resultado negativo”, apontou a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. O jovem encontra-se actualmente em isolamento no Alto de Coloane.

8 Abr 2020

Quarentena | Hotel Tesouro deixa de receber pessoas para isolamento

[dropcap]O[/dropcap] Hotel Tesouro, na Taipa, deixou de receber pessoas para quarentena. O espaço, foi o sexto hotel designado pelo Serviços de Saúde, a 21 de Março, com capacidade superior a 400 quartos.

“O Hotel Tesouro está a ser desinfectado e vai deixar de servir para observação médica”, informou Inês Chan, chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção ds Direcção de Serviços de Turismo (DST). Os hotéis Regency Art e Metrópole também já deixaram de ser utilizados para quarentena. Segundo os números apresentados ontem, 1.318 pessoas cumpriam em quarentena nos hotéis designados.

8 Abr 2020

Médicos podem conceder alta a alguns doentes de covid-19 esta semana

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde acreditam que entre os 34 infectados com o covid-19 poderá haver altas ao longo desta semana. O cenário foi colocado por Alvis Lo, médico-adjunto da direcção do Hospital Conde São Januário. “Desde que foi registado o 11.º caso passaram mais de três semanas.

Achamos que esta semana já pode haver altas hospitalares. Podemos dizer que a recuperação dos nossos pacientes é ideal”, afirmou. Em relação à paciente de 50 anos em estado mais grave, ligada ao ventilador, Alvis Lo indicou que está numa situação estável, e que já não precisa tanto de ventilador para respirar como na fase mais crítica.

8 Abr 2020

Covid-19 | Medicamento da Hovione precisa ser testado

[dropcap]S[/dropcap]egundo um estudo australiano o medicamento Ivermentine, produzido pela Hovione Macau, tem capacidade para inibir o coronavírus.

No entanto, os Serviços de Saúde alertam que é cedo para conclusões e que o fármaco tem de ser testado primeiro em humanos. “É um medicamento desparasitante e um estudo diz que tem efeito contra o coronavírus. Mas, sabemos que para se provar esse efeito é necessário seguir vários procedimentos e testar em humanos”, alertou Alvis Lo.

“Temos esperança que a informação se confirme, até porque falamos de um medicamento barato, mas precisamos de mais dados e testes em seres humanos”, frisou.

8 Abr 2020

Covid-19 | Governo gasta 20 milhões com veículos e corredor especial

Apesar de a Air Macau ter cedido um avião gratuitamente, o Governo gastou 20 milhões com outros tipos de transportes devido à covid-19, nomeadamente com o corredor especial entre Hong Kong e Macau

 

[dropcap]O[/dropcap] Executivo gastou 20 milhões de patacas com o transporte de regresso dos residentes da RAEM retidos em Wuhan e com a criação do corredor especial entre o aeroporto de Hong Kong e Macau. Os números foram apresentados ontem por Inês Chan, chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção da Direcção de Serviços de Turismo (DST).

“O avião fretado à Air Macau ficou isento de custos, foi assumido pela empresa como responsabilidade social. No entanto, houve esses custos com o transporte específico para os residentes, porque precisamos de organizar veículos especiais, assim como as inspecções nos postos fronteiriços”, disse Inês Chan.

“Houve várias pessoas a regressar a Macau vindas de vários sítios e em altura diferentes, não só turistas, mas também estudantes”, clarificou Inês Chan. “Em Março, muita gente regressou a Macau através de Hong Kong, numa altura em que já havia dificuldades de transporte. Tivemos de contratar mais empresas para nos ajudarem, o que envolve muitos custos”, acrescentou.

Apesar do montante apresentado, não foram detalhados os diferentes gastos, informação que ficou prometida para ocasião posterior.

Isenção de quarentena

Ontem foi igualmente revelado que “dezenas” de residentes pediram a isenção de quarentena nas deslocações entre Macau e Hong Kong, principalmente pessoas com cuidados de saúde. A informação foi revelada por Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença.

“São pessoas que estão a ser tratadas em Hong Kong e que precisam de regressar a Macau, por isso pediram isenção da quarentena”, explicou Leong. “Ainda estamos a tratar dos pedidos, o que vai ser feito de forma rigorosa porque temos de cumprir o despacho com as medidas de prevenção e controlo da epidemia, que obriga qualquer pessoa vinda de Hong Kong a uma quarentena de 14 dias”, acrescentou.

Segundo a explicação, há pedidos de isenção de quarentena quase todos os dias, tanto para pessoas em tratamentos como para familiares.

Alternativas de medicamentos

Outro dos assuntos que merece a atenção das autoridades de saúde é o tratamento realizado pelos residentes da RAEM no estrangeiro e Hong Kong, assim como a importação especial de medicamentos.

Até ontem não tinha havido pedidos de transporte para Hong Kong por parte de residentes de Macau a precisar de certos cuidados de saúde. Porém, os Serviços de Saúde admitem a possibilidade de dificuldades para receber certos medicamentos recomendados por médicos fora de Macau. Nesse caso, os pacientes são aconselhados a entrarem em contacto com os Serviços de Saúde para expor as situações.

Porém, em situações urgentes Alvis Lo Iek Long, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar do Conde São Januário, aconselhou a ida às urgências. “Se tiverem dificuldades no acesso a medicamentos podem entrar em contacto connosco. Vamos analisar as situações caso-a-caso para ver se os mesmos fármacos existem em Macau, ou então recomendar semelhantes”, indicou.

8 Abr 2020

Religião | Prevenção da pandemia divide moderados e fundamentalistas

Enquanto no Vaticano o Papa Francisco celebra os ritos pascais sozinho, muitos líderes religiosos, das mais diversas crenças, contrariam as medidas que procuram parar a propagação do novo coronavírus. Em Itália, o país com mais vítimas mortais da covid-19, o líder da extrema-direita defendeu a abertura de igrejas para a celebração da Páscoa. Um pouco por todo o mundo, fundamentalistas desafiam autoridades de saúde e cientistas

 

[dropcap]A[/dropcap]s clivagens entre ciência e fé são tão velhas quanto a necessidade de encontrar respostas transcendentais para as dúvidas encontradas no mundo natural, e voltaram a tornar-se evidentes no contexto da pandemia da covid-19.

No passado domingo, em plena época pascal, o líder do partido de extrema-direita Lega, Matteo Salvini, defendeu a abertura das igrejas para a realização dos ritos de Páscoa. O dirigente do partido que nasceu de uma força política que operava uma milícia responsável por violência contra imigrantes, mostra-se desafiante relativamente às medidas de contenção da pandemia, apesar de a Itália ser o país com mais mortos, pela covid-19.

Para travar o novo coronavírus, Matteo Salvini argumentou que “a ciência por si só não chega”, e que é fundamental a contribuição do “bom Deus”.

As declarações foram rebatidas pela própria Conferência Episcopal. “O momento é de responsabilidade e vamos ver quem é capaz de demonstrá-lo”, afirmou o cardeal Gualtiero Basetti, presidente da Conferência Episcopal italiana, em entrevista ao Corriere della Sera, em resposta a uma pergunta sobre que opinião tem daqueles que pressionam para que as igrejas voltem a abrir na Páscoa.

As afirmações de Salvini fazem eco da posição dos sectores mais conservadores, que criticaram a suspensão das missas para limitar a propagação do vírus no país. “É a primeira vez que se celebra a semana santa desta maneira, sem o contributo dos fiéis, mas isso não implica renunciar a viver estes dias plenamente”, frisou o cardeal Gualtiero Basetti. “A impossibilidade de assistir às missas da Páscoa este ano é um acto de generosidade. É nosso dever respeitar aqueles que, numa emergência, estão na linha da frente com grande risco para a sua segurança”, acrescentou.

Também o arcebispo de Bolonha (norte), o cardeal Matteo Maria Zuppi, defendeu o encerramento das igrejas durante a pandemia, afirmando, em entrevista ao La Repubblica, que as regras têm de ser cumpridas. “Eu também gostava de poder celebrar a semana santa e a Páscoa com a comunidade. Mas arriscar é perigoso, as regras devem ser respeitadas e a Igreja tem o dever de o fazer”, disse.

A posição de Salvini é replicada um pouco por todo o mundo, inclusive por líderes religiosos de crenças que o político despreza, e volta a trazer para a ordem-do-dia o conflito ideológico entre ciência e aquilo a que os quadrantes mais ortodoxos denominam de liberdade religiosa.

Américas evangélicas

Em Belém, considerado pelos crentes como o local onde Jesus Cristo nasceu, as portas da Igreja da Natividade estão encerradas. Da mesma forma, a Mesquita de Omar Bem Khatab fechou.

Nos Estados Unidos a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida por mórmon, encerrou muitos templos e limitou, ou suspendeu temporariamente, aglomerações de crentes um pouco por todo o mundo.

Atitude seguida pela Igreja Presbiteriana, que desaconselhou círculos de oração e assegurou aos crentes que podiam limitar a participação em actos religiosos nas igrejas sem medo de julgamento.

Porém, fora das religiões com liderança centralizada e no reino das variadíssimas denominações evangélicas independentes, não existem limites. Muitos líderes religiosos ignoram as quarentenas e tornam a desobediência às autoridades numa cruzada pela liberdade religiosa. Landon Spradlin, um pastor evangélico, é o retrato perfeito que ilustra a fragmentação ideológica e a extrema politização da actualidade com um desfecho trágico.

Antes de ser contaminado pelo novo coronavírus, Spradlin referiu-se à pandemia, numa publicação de Facebook, como uma histeria vendida pela comunicação social e fez as habituais e perigosas comparações com a gripe. Teorias poucos dias repetidas pelo Presidente Donald Trump. Aliás, o pastor plagiou o magnata e disse que os média trataram muito melhor Obama do que Trump, e que a covid-19 fazia parte de uma conspiração para desacreditar Trump. Sem se preocupar com medidas de contenção, e acreditando no poder da fé no combate ao vírus, Spradlin foi para Nova Orleães em missão para salvar almas do deboche e vício durante o Mardi Gras. Um mês depois, morria infectado pela covid-19, engordando a contabilidade de casos de doentes que testam negativo, mas que estão infectados.

O cocktail de fé e conservadorismo político levou ao revigoramento das posições anticientíficas, algo que não é novo, mas que ganha contornos particularmente perigosos hoje em dia.

Depois de ser detido por organizar serviços religiosos apesar das restrições impostas pelas autoridades da Florida, um pastor evangélico protestou argumentando ser “vítima da tirania governamental”. O Governador, republicano, Ron DeSantis ouviu a declaração do pastor e voltou atrás, designando os serviços religiosos como “actividades essenciais”. O passo seguinte foi retirar às cidades e condados o direito de banir as actividades religiosas.

Na direcção oposta, os líderes da publicação Christianity Today e da Associação Nacional Evangélica assinaram uma declaração conjunta a referir que não ir à igreja nesta altura é um “sacrifício de amor”, não é desprezo pela necessidade da oração. “Não vamos transmitir paz através de abraços, mas por telefone. Serão estes meios inferiores? Sim. Serão aceites pelo Senhor? Acreditamos que sim”, refere a declaração, citada pelo The Guardian.

Diabo do secularismo

Em Israel, apesar das medidas impostas, os judeus ultra-ortodoxos resistem às directrizes do Governo para conter o surto da covid-19, com um efeito devastador no número de infectados.

Aliás, o surto está a espalhar-se nas comunidades mais conservadoras entre quatro a oito vezes mais rapidamente do que na sociedade geral.

Uma dessas comunidades situa-se em Bnei Brak, nos subúrbios de Telavive, onde 95 por cento dos residentes são ultra-ortodoxos. Apenas naquela localidade, o Governo avançou que quase 40 por cento dos residentes possam estar infectados, num universo de 200 mil pessoas.

As autoridades de saúde atribuem a proliferação em larga escala de infecções entre este tipo de comunidades religiosas à densidade populacional, famílias numerosas, um sentimento profundo de desconfiança da autoridade estatal, à ignorância dos riscos de saúde disseminado por líderes religiosos.

Além disso, partilham forte aversão à tecnologia e aos média seculares, algo que acreditam ser exigido pelas leis religiosas. O The Times of Israel avança que quatro residentes de Bnei Brak recorreram ao Supremo Tribunal de Justiça com uma acção que pretende terminar o bloqueio argumentando que a medida viola os seus direitos fundamentais e encoraja a discriminação contra a comunidade ultra-ortodoxa.

“Desde o estabelecimento do Estado de Israel, nunca houve uma decisão com um impacto tão grave nos direitos humanos”, escreveram os peticionários.

O encerramento de cidades foi coadjuvado pelo músculo das forças policiais israelitas e pela divisão de pára-quedistas das Forças de Defesa de Israel, com a construção de checkpoints a limitar o movimento dos residentes para fora das comunidades.

A estas medidas localizadas juntam-se as ordens de isolamento a nível nacional, que remetem para quarentena em casa todos os israelitas, à excepção das saídas para acorrer a necessidades essenciais.

Fé em julgamento

Na Coreia do Sul, o Governo municipal de Seul pediu ao Ministério Público a acusação de Lee-Man-hee, auto-proclamado messias e fundador da Igreja de Shincheonji, o culto que registou um foco de contaminações. O alegado emissário de Deus vai-se sentar no banco dos réus juntamente com mais 11 arguidos acusados de esconder nomes de membros que sabiam estar infectados das autoridades que tentavam controlar a propagação do surto.

Segundo o Governo sul-coreano, os membros da seita cristã infectaram-se uns aos outros em Fevereiro na cidade de Daegu, no sul do país, o epicentro da pandemia na Coreia do Sul, antes de se espalhar.

Depois das consequências desastrosas deste caso, no passado domingo, as autoridades municipais de Seul voltaram a recorrer à justiça numa acção contra uma igreja evangélica que violou as ordens emanadas da administração da cidade que proíbe reuniões em massa para prevenir a propagação do novo coronavírus.

8 Abr 2020

Covid-19 | Universidade de São José cria fundo para ajudar alunos internacionais

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de São José (USJ) anunciou o lançamento de um fundo para ajudar alunos internacionais com dificuldades financeiras. O fundo vai “apoiar os estudantes internacionais em situações excepcionalmente difíceis, até que possam retomar as suas vidas normais”, explicou a universidade numa nota enviada às redacções.

“A actual pandemia do coronavírus e as respectivas medidas preventivas estão a ter um efeito dramático na capacidade de alguns estudantes internacionais de se sustentar financeiramente”, acrescentou, indicando que irá recolher doações ‘online’ e publicar relatórios regulares sobre o uso das verbas, mas que a lista de beneficiários “será estritamente confidencial”.

Mais informações podem ser obtidas por e-mail (studentaffairs@usj.edu.mo) ou por telefone (+853 8592 5655), junto da USJ, criada em 1996 pela Universidade Católica Portuguesa em conjunto com a diocese de Macau. Após 40 dias sem identificar qualquer infecção, a partir de meados de março Macau identificou 34 novos casos, todos importados. Em Fevereiro registou-se uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar.

7 Abr 2020

Covid-19 | China sem registo de mortes nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China disse hoje que não foram registadas quaisquer mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas e que no país existem pouco mais de duas centenas de casos graves de infecção. A Comissão Nacional de Saúde da China informou que nas últimas 24 horas foram registados 32 novos casos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, todos provenientes do exterior, os chamados casos importados.

Além disso, as autoridades de saúde chinesas indicaram que o número total de infectados no país asiático desceu para 1.242, quando no dia anterior era de 1.299 pessoas. Assim, o número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 81.740, dos quais 3.331 pessoas morreram e 77.167 pessoas receberam alta.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil. Dos casos de infecção, cerca de 250 mil são considerados curados.

7 Abr 2020

Estudo da WWF defende fim dos mercados ilegais de animais

[dropcap]U[/dropcap]m estudo ontem divulgado feito no sudeste asiático indica que 90% dos entrevistados apoiam o encerramento de mercados ilegais de animais selvagens, ligando-os à actual pandemia covid-19. O estudo foi divulgado pela organização ambientalista “World Wide Fund for Nature” (WWF), que em conjunto com a empresa GlobeScan inquiriram 5.000 pessoas em Hong-Kong, Japão, Mianmar, Tailândia e Vietname.

Dos resultados concluiu-se que 82% das pessoas estão muito preocupadas com a atual situação de pandemia, devido ao novo coronavírus que provoca a doença covid-19, e que já matou mais de 70.000 pessoas. E 93% apoia ações dos governos para eliminar mercados ilegais não regulados.

A covid-19 é uma doença zoonótica (transmitida de animais para seres humanos), tal como outras das maiores epidemias recentes, como a SARS (2002 – síndrome respiratória aguda grave), MERS (2012 – síndrome respiratória do Médio Oriente) e Ébola (também doença causada por vírus), todas com origem num vírus que passou de animais para pessoas. A covid-19 terá começado num mercado de animais na China, estando agora espalhada por todo o mundo.

“É hora de perceber a ligação entre o comércio de animais selvagens, a degradação ambiental e riscos para a saúde humana. Agir agora é crucial para a nossa sobrevivência”, diz Marco Lambertini, diretor da WWF Internacional, citado num comunicado hoje divulgado pela Associação Natureza Portugal (ANP), que em Portugal trabalha com a WWF, uma organização presente em mais de uma centena de países.

A covid-19 surgiu em dezembro passado na China, onde o Governo já proibiu o consumo de animais selvagens. Ângela Morgado, diretora da ANP, diz, também citada no documento, que o Vietname se prepara para proibir a caça, comércio, transporte e alimentação de animais selvagens, acrescentando: “Todos os países do mundo deverão juntar-se às vozes destas populações que estão a pedir aos governos asiáticos para encerrar mercados ilegais ou não regulados de animais selvagens de uma vez por todas, para salvar vidas e ajudar a evitar a repetição da perturbação social e económica que enfrentamos hoje em todo o mundo”.

Na informação divulgada hoje pela WWF salienta-se que o comércio insustentável de animais selvagens é a segunda maior ameaça direta à biodiversidade em todo o mundo, depois da destruição de habitats.

“As populações de espécies de vertebrados na Terra caíram em média 60% desde 1970, e um relatório de 2019 da Plataforma Intergovernamental de Ciência e Políticas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES) concluiu que atualmente, em média, 25% das espécies globais estão ameaçadas de extinção”, alertam os responsáveis.

Lembrando que as actividades humanas alteraram significativamente três quartos da terra e dois terços dos oceanos, os responsáveis dizem que este processo, que aproxima o Homem à vida selvagem, facilita a propagação de novas estirpes de vírus e bactérias.

“O comércio ilegal e descontrolado de animais selvagens vivos cria oportunidades perigosas de contacto entre os seres humanos” e as doenças que os animais possam ter. “Não é por acaso que muitos surtos recentes tiveram origem em mercados que vendem uma mistura de mamíferos domésticos e selvagens, aves e répteis, criando as condições para o desenvolvimento de novas e antigas zoonoses”, alerta-se no comunicado.

Num relatório publicado em março pela WWF-Itália já se salientava a evidente ligação entre os impactos os ecossistemas provocados pelo Homem e a disseminação de doenças. Agora os ambientalistas da WWF dizem que este é o ano e a oportunidade para reequilibrar o relacionamento do Homem com a natureza.

No inquérito, 09% dos entrevistados disse que eles próprios ou alguém que conheciam tinham comprado animais selvagens nos últimos 12 meses, num mercado. Mas 84% disseram não ser provável, ou ser pouco provável, que compre animais selvagens no futuro.

7 Abr 2020

Rei da Tailândia volta ao país para celebrar aniversário da sua dinastia

[dropcap]O[/dropcap] rei Maha Vajiralongkorn da Tailândia voltou ontem ao país vindo da Alemanha, onde vive grande parte do tempo, para o aniversário do início da sua dinastia, a Chakri. Esta é a primeira visita do rei desde que foi imposto o estado de emergência no país para conter a epidemia do novo coronavírus a 26 de março.

O monarca chegou acompanhado da rainha Suthida e já esteve com o primeiro-ministro, Prayut Chan-ocha, e o chefe das Forças Armadas, Apirat Kongsompong, numa cerimónia na qual entregou doações de material de saúde para fazer frente ao vírus.

“Esta pandemia não é culpa de ninguém. O governo deve resolver o problema, entendendo as suas causas. É necessário estabelecer um sistema e comunicá-lo às pessoas para que o entendam bem”, disse Vajiralongkorn na cerimónia, cujas imagens foram transmitidas pela televisão.

Durante o dia, prestou homenagem ao seu pai, o rei Bhumibol Adulyadej, que morreu em 2016, e a Rama I, fundador da dinastia Chakri, que começou em 1782 e da qual Vajiralongkorn é o décimo monarca.

A chegada do rei da Alemanha coincide com a decisão do governo de estender até 18 de abril a proibição de aterragem de qualquer avião comercial vindo do estrangeiro para evitar os contágios. Vajiralongkorn, 67 anos, foi coroado o ano passado.

Há duas semanas, milhares de internautas tailandeses protestaram contra o rei na rede social Twitter devido ao seu papel ausente durante a pandemia, um desafio sem precedentes à dura lei de lesa majestade da Tailândia, que castiga com até 15 anos de prisão as críticas ao monarca.

Ao contrário de outros reis, Vajiralongkorn não fez qualquer declaração pública sobre a crise do novo coronavírus, que na Tailândia infectou 2.200 pessoas e matou 26.

7 Abr 2020

Dividendos em quarentena  

[dropcap]A[/dropcap] 1 de Abril, o Hong Kong and Shanghai Banking Corporation anunciou que, devido ao surto do novo coronavírus, o Banco de Inglaterra tinha emitido uma circular onde se salientava não ser prudente pagar aos accionistas dividendos que excedam os 100 milhões de libras. Na possibilidade de haver uma crise gerada pela dificuldade de cobrança de dívidas à Banca, o HSBC cancelou a distribuição de dividendos do quarto trimestre de 2019. A Administração também anunciou que o HSBC não vai pagar dividendos em 2020 e que vai suspender a compra de acções. Após estes anúncio, o valor das acções do HSBC desceu para HK$39.95, uma queda de cerca de 9%; a queda a pique do valor das acções recorda o tsunami financeiro ocorrido a 9 de Março de 2009, quando o valor das acções do HSBC atingiu o mínimo histórico de HK$33.

O HSBC já tinha confirmado que iriam ser feitos pagamentos dos dividendos do quarto trimestre, no valor de US$0.21 por acção. Este pagamento foi agora cancelado. O “sell-off” das acções e a queda dos preços revela a insatisfação dos investidores. A Agência de Rating Fitch considera que o ranking do HSBC desceu de estável para negativo, o valor das acções a longo prazo permanece no A + e o cálculo do risco previsível é baixo.

Os Bancos comerciais ingleses acataram as instruções do Banco de Inglaterra. Para além do HSBC, o Standard Chartered Bank, o Barclays Bank, entre outros, decidiram cancelar o pagamento de dividendos. Em Hong Kong, alguns investidores consideram que o cancelamento dos pagamentos, após um período de lucro, é injusto para os accionistas e pode resultar em processos legais.

Segundo a Lei Comercial de Hong Kong, a distribuição de dividendos está dependente da decisão dos Conselhos Directivos. Os precedentes indicam que as empresas não têm de pagar dividendos todos os anos, mesmo que tenham tido lucro. Perante esta premissa legal os accionistas têm poucas hipóteses de ganhar uma acção legal, por isso vão ter de aceitar a decisão da Administração do Banco.

“Vem aí o Natal, compre HSBC” foi o slogan comercial que circulou em Hong Kong durante mais de 30 anos, ou seja: comprar acções do HSBC antes do Natal implicava receber os dividendos no sapatinho. O HSBC desempenhou por muito tempo o papel de Banco Central antes da reunificação. Mesmo após a reintegração na China, continuou a ter a responsabilidade da emissão de moeda. Distribuindo dividendos quatro vezes por ano, sempre foi muito estável. A taxa de lucro era relativamente alta, à volta de 5%. Foram estas as razões que sempre levaram as pessoas a comprar acções do HSBC.  Os conselhos do Banco de Inglaterra, a queda do lucro das economias asiáticas e a decisão do HSBC de cancelar o pagamento dos dividendos fez com que os investidores passassem a estar mais atentos à evolução dos efeitos da pandemia, do que propriamente ao desempenho financeiro das empresas. Vale a pena investir em acções altamente cotadas durante este período? Ou deverá o investimento ser direccionado para empresas menos afectadas pelos efeitos da pandemia, como gestão de propriedades e vendas online?

O Banco de Inglaterra aconselhou os bancos comerciais ingleses a reservarem fundos suficientes para poderem responder à crise, reflectindo as apreensões do Governo britânico sobre as possíveis consequências deste surto. A epidemia afecta o fluxo de pessoas, as empresas não têm clientes, as receitas caem e circula necessariamente menos dinheiro. As empresas que contraíram empréstimos à Banca vão ter dificuldade em pagá-los. No final deste ciclo, os bancos e as empresas vão ser as vítimas desta crise. Se os bancos colapsarem sobrevém um desastre que afectará toda a sociedade. Assim sendo, não é para pagar dividendos que os bancos são necessários, mas sim para reforçar as suas reservas, de forma a poderem fazer face à impossibilidade cobrar os empréstimos a muitas empresas que vão falir.

Ao abrigo das políticas monetárias, numa situação como a que vivemos, o Banco Central baixa as taxas de empréstimo dos bancos comerciais, para permitir que haja mais dinheiro a circular nos mercados e que a economia possa ser salva. Na situação actual, os bancos comerciais não pagam dividendos, têm mais fundos e as taxas de empréstimo estão reduzidas. Os custos das operações bancárias também baixaram. O Banco Central está a aplicar mais fundos no mercado para salvar a economia. É uma boa medida para os britânicos.

É claro que tudo depende da diferença entre o montante que iria ser pago em dividendos e o dinheiro que o Banco Central vai injectar na economia, se houver um déficit muito grande será mau para a Banca e para a sociedade em geral.

Como a decisão do HSBC e de outros bancos comerciais britânicos foi determinada pelo Banco de Inglaterra, acredito que seja pouco provável que esta tendência se venha a alargar a outras empresas.

Os accionistas investem a pensar em diferentes retornos, alguns apostam no crescimento do valor das acções e outros fazem apostas mais seguras. Como o HSBC sempre representou um investimento seguro, nunca teve falta de accionistas. A decisão de não pagar dividendos desagradou aos investidores. De futuro, o HSBC vai voltar a emitir títulos no mercado para angariar fundos, a questão que agora se coloca é se se irão voltar a vender bem. Se a maior parte dos seus accionistas também quiserem vender os títulos, o HSBC vai ter dificuldade em angariar findos. Todos estes factores terão de ser considerados em detalhe antes de se tomar decisões.

Macau não tem o seu próprio mercado de acções. Os residentes de Macau que querem investir na Bolsa recorrem normalmente ao mercado de Hong Kong. O não pagamento de dividendos também afecta os investidores de Macau. No entanto as consequências não são as mesmas para os residentes de Hong Kong e para os residentes de Macau. O sistema de pensões de reforma de Macau é melhor do que o de Hong Kong. Cada reformado recebe à volta de 6.000 patacas por mês, o que não acontece em Hong Kong. O sistema de pensões de reforma (o Mandatory Provident Fund – MPF) implementado em Dezembro de 2000, assegura aos residentes de Hong Kong alguma protecção no período da reforma. No entanto, comparado com Macau, fica muito atrás. Para aqueles que compraram acções do HSBC com o objectivo de obter mais alguns dividendos nesta fase da vida, a actual decisão do HSBC representa um corte grave no orçamento. Como os residentes de Hong Kong compreenderam que o MPF não lhes pode dar protecção suficiente, tentaram obter outras garantias; agora o HSBC não vai pagar os dividendos, o que vai obrigar a população de Hong Kong a voltar a repensar o seu sistema de pensões de reforma. O Governo de Hong Kong tomou este ano uma decisão idêntica à do Governo de Macau, planeando atribuir a cada residente a quantia de HK$10.000. Mas, será que Hong Kong também poderá replicar o sistema de pensões de reforma de Macau, orientado pelo princípio de que a segunda geração deve apoiar a primeira, para que os mais velhos possam ter uma vida mais segura?

No mundo da finança todos os sectores se afectam entre si. A epidemia afectou as medidas económicas do Governo britânico, as medidas do Governo afectaram os bancos comerciais; os bancos comerciais afectaram os investidores.

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

7 Abr 2020

Máscaras | Agnes Lam destaca Presidente da República portuguesa como exemplo a seguir

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou no sábado que usa máscara nas raras ocasiões em que não fica confinado ao Palácio de Belém. Palavras que mereceram o elogio de Agnes Lam. “Espero que os meus amigos europeus e americanos olhem para o Presidente português como um importante exemplo para o uso de máscara”, escreveu a deputada no Facebook.

Marcelo Rebelo de Sousa especificou que passou a usar protecção por recomendação familiar. “Uso máscara, isso é uma ideia que me veio até um bocadinho daquilo que os meus netos me contaram que foi a lição da China. A China tem outra tradição de utilização de máscaras”, disse o Presidente da República, citado pela LUSA. Importa recordar que o filho do chefe de Estado, e quatro netos, vivem na China.

Agnes Lam usou Facebook também para desejar as melhoras ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que foi internado no domingo depois dos sintomas da covid-19 persistirem. A deputada lançou também algumas farpas. “Espero que melhore rapidamente, mas também que compreenda que a imunização em massa é uma ideia muito perigosa. Ainda não sabemos o suficiente sobre a pandemia. Humildade e precaução são as estratégias mais seguras de combate doenças”, sugeriu Lam. De acordo com Executivo britânico, o internamento de Johnson foi apenas por precaução.

7 Abr 2020

Covid-19 | Pacientes de Macau em Hong Kong só em “casos especiais”

Apesar da suspensão do “autocarro dourado”, os Serviços de Saúde admitiram comunicar com as autoridades de Hong Kong para que pacientes de Macau possam ser tratados no território em situações excepcionais. Foi ainda revelado mais um caso confirmado em Hong Kong de uma pessoa que esteve em Macau

 

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) admitiram ontem poder vir a comunicar com as autoridades de Hong Kong sobre a possibilidade de abrir excepções para os casos de doentes de Macau que precisam de fazer tratamentos no território vizinho. No entanto, sublinhou Lo Iek Long, Médico Adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, tal só deve ser considerado caso não existam alternativas em Macau e riscos para a comunidade.

“Temos de ver caso a caso. Se o sistema de saúde de Macau não satisfizer a necessidade dos nossos doentes então temos esse mecanismo para ajudar, mas não podemos ignorar as medidas adoptadas pelas autoridades de Hong Kong”, explicou Lo Iek Long, por ocasião da conferência de imprensa diária sobre a covid-19.

Apesar de desconhecer o número de pacientes afectados pela situação, o responsável afirmou que a situação dos doentes em Macau já estava a ser analisada, mesmo antes do serviço de autocarros públicos que faz a ligação entre Macau e Hong Kong através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, ter sido suspensa no domingo passado.

“Não é só por causa da suspensão do serviço do autocarro dourado de Hong Kong. Desde o início da epidemia estamos a analisar as situações dos pacientes de Macau que precisam de ir a Hong Kong. A circulação transfronteiriça pode causar um surto na comunidade. Não queremos que um paciente que se deslocou a Hong Kong possa vir a ficar infectado devido a um surto no hospital. Isso é algo que não queremos ver”, explicou o responsável.

Por isso, apontou Lo Iek Long, é preciso “avaliar a situação em geral” e apenas, se se tratar de “um caso determinado e especial que não seja possível tratar em Macau”, os SS podem vir a comunicar com as autoridades de Hong Kong para “ver se podem abrir uma excepção”.

Quanto ao número total de entradas e saídas através dos postos fronteiriços de Macau, Lei Tak Fai, Chefe da divisão de Relações Públicas da CPSP referiu que foram registadas 4.200 entradas e 3700 saídas até ao início da tarde de ontem.

Risco baixo

Foi ainda revelado que as autoridades de Hong Kong reportaram que um dos casos confirmados do novo tipo de coronavírus esteve em Macau dias antes de testar positivo. No entanto, como explicou Leong Iek Hou, do Centro de Prevenção e Controlo da Doença a possibilidade de haver contágio é baixa.

Isto, porque o paciente em causa esteve em Macau com outro, entretanto também confirmado em Hong Kong, tendo efectuado o mesmo percurso e estado com os mesmos contactos próximos. Recorde-se que o primeiro caso reportado pelas autoridades de Hong Kong dizia respeito a uma mulher filipina de 40 anos que esteve em Macau entre os dias 22 e 27 de Março.

Segundo Leong Iek Hou, o risco de contágio é baixo pois os oito contactos próximos que os dois casos têm em comum testaram negativo para o novo tipo de coronavírus, estando praticamente todos a terminar os 14 dias de quarentena.

Quanto aos 34 pacientes a receber tratamento em Macau, segundo o médico Lo Iek Long, apenas um continua a inspirar maior cuidado. Trata-se da mulher de 50 anos (18º caso) que, apesar de “necessitar de ventilação e a sua situação ser crítica”, se encontra estável. Há ainda um paciente que necessita de oxigénio esporadicamente e outros três que apresentam febre baixa. Os restantes são considerados casos ligeiros.

Quarentena | Hotéis dispensados

O Hotel Regency Art, na Taipa, e o Hotel Metrópole, em Macau, vão deixar de acolher indivíduos em quarentena. Sobre o primeiro, o anúncio foi feito ontem pela responsável dos serviços de turismo Inês Chan. “Vamos libertar o Hotel Regency Art porque agora já se encontra desocupado. Estamos actualmente a proceder à desinfecção de acordo com as instruções dos serviços de saúde”, anunciou Inês Chan. No domingo, a responsável tinha já anunciado que o hotel Metrópole tinha deixado também de fazer parte da lista de estabelecimentos designados. Segundo Inês Chan, estão actualmente 1491 pessoas em observação médica nos hotéis designados pelo Governo, que são agora 10. Recorde-se que o número de pessoas em quarentena tem vindo a decrescer desde que no passado dia 1 de Abril deixou de funcionar o corredor especial criado pelo Governo para transportar residentes de Macau do aeroporto de Hong Kong para o território.

7 Abr 2020

Miguel Poiares Maduro: “Pode ser cedo para dizer que a posição da China sairá reforçada”

Deixou Florença há cerca de três semanas devido ao surto da covid-19. Miguel Poiares Maduro defende que Portugal acabou por beneficiar do facto de a pandemia ter chegado primeiro a Itália e Espanha, o que permitiu reagir mais rapidamente. Para resolver a crise económica da União Europeia, o académico defende uma solução entre a emissão de coronabonds e o mecanismo de estabilidade. Quanto à China, pode sair com a imagem internacional reforçada pela eficácia a lidar com a pandemia

 

[dropcap]Q[/dropcap]ue comparação faz entre a resposta das autoridades portuguesas e italianas à pandemia da covid-19?

Portugal beneficiou do conhecimento do que se ia passando em Itália e depois em Espanha. Tivemos, num certo sentido, a sorte de o vírus ter entrado em Portugal mais tarde e o ponto de entrada ser a Itália. Como vivo entre Itália e Portugal pude verificar que Itália introduziu medidas de controlo ainda antes de ter casos de infecção, mais fortes do que Portugal. Itália foi um dos poucos países europeus que controlou a temperatura das pessoas nos aeroportos, como acontece na Ásia. Mas isso não evitou que fosse um dos primeiros países a ter contágios e onde o contágio se propagou. Neste momento, Portugal não tem necessitado sequer de impor medidas tão restritas como as que se implementaram em Itália. Também acho que os portugueses, pelo alerta causado em Itália e Espanha, perceberam mais rapidamente a gravidade do risco que o vírus comporta do que os italianos perceberam, porque eles foram os primeiros na Europa a enfrentar a situação. É difícil ter a percepção exacta da gravidade da situação porque há uma limitação nos dados a que temos acesso e na sua comparação. O número de testes realizados varia muito consoante os Estados, e, portanto, estamos a perceber que quantos mais testes se realizam mais diagnósticos há. O mesmo relativamente às taxas de mortalidade que são muito variáveis e que têm a ver com o volume de testes e com o critério para a atribuição de uma morte ao covid-19, que também parece diferente entre os vários estados.

Falta unidade, em termos de medidas de saúde, na União Europeia (UE) para responder a esta crise?

Primeiro ponto: a política de saúde é dos Estados-membros, não é da UE. Se houve alguém que não se preparou foram os Estados, embora esse problema pareça comum a praticamente todo o mundo. O mais interessante e preocupante é que, mesmo já depois da situação [de infecções acontecer] na China, os países europeus e os EUA parecem não se ter dado conta de quão grande este risco poderia ser. Isso explica porque não estavam feitas reservas de equipamento e material. Mas é um problema global. Quanto à UE, não é uma questão de saúde, mas do grau de liberdade que a UE confere às suas políticas tradicionais para as respostas que os Estados-membros têm de dar, e que podem interferir com a livre circulação de pessoas, as regras da concorrência e do pacto de estabilidade ou de disciplina orçamental. E aí a UE já abriu as cláusulas de excepção e os Estados têm a liberdade para tomar as decisões que entenderem para combater o vírus. Mas a crise económica vai ser consequência deste problema de saúde pública.

Que respostas são necessárias?

Há uma segunda dimensão [quanto à união no seio da UE] que é a solidariedade necessária para a resposta económica que os Estados europeus têm de dar. Alguns países não têm uma situação financeira e orçamental que lhes permita usar todos os recursos financeiros necessários para dar uma resposta eficaz. Vão depender da solidariedade dos outros Estados-membros. Aí, infelizmente, estamos a ver uma repetição das velhas divisões europeias e a entrar num ciclo vicioso, que é a falta de confiança entre os Estados-membros que leva à pouca solidariedade, e que agrava a desconfiança mútua entre os Estados. Isso pode ser destrutivo para a UE. Tudo depende de uma solução que reponha essa confiança e com base nisso permita a solidariedade entre os países, que vai ser fundamental.

A resposta fragmentada e as acusações entre Estados podem levar a uma crise política que afecte ainda mais a identidade europeia?

Esse risco existe. Mas também existe uma oportunidade se a UE conseguir dar uma resposta suficientemente eficaz, mas nunca vai ser a resposta eficaz para nenhum dos Estados. Tem de ser uma resposta suficientemente forte para satisfazer todos. Se a UE conseguir isso, ao contrário de isto poder agravar a crise de legitimidade e de suporte público, pode, pelo contrário, ser um momento de reafirmação do processo de integração europeia e de revalorização aos olhos dos cidadãos desse processo, porque ele vai ser visto como contribuinte para solucionar este problema. Tudo depende se a UE conseguir uma forma de solidariedade aceitável para todos ao nível da resposta económica e depende também do papel da UE na promoção da cooperação na resposta científica.

Relativamente à emissão de coronabonds, espera um consenso em breve?

Penso que não iremos ter coronabonds nos moldes que alguns Estados gostariam de ter. Mas também não iremos ter simplesmente o modelo do mecanismo de estabilidade e crescimento que a Alemanha ou a Holanda defenderiam. Provavelmente, não vamos ter nem a condicionalidade do mecanismo de estabilidade europeu nem um simples mecanismo de emissão de dívida entre os Estados-membros. Será algo que ficará a meio caminho. Depois há um segundo aspecto relevante, que nem os próprios coronabonds prevêem, que é se este mecanismo vai funcionar através de financiamento que se transforma em dívida dos Estados membros. Seja coronabonds ou o mecanismo de estabilidade europeu, será dívida que entra para a dívida de cada um dos Estados. A ser assim, isso tem sempre um peso muito grande para países já muito endividados, como é o caso de Portugal, por exemplo, mesmo que essa dívida tenha condições muito favoráveis. Por isso, é que há pessoas, como eu, que defendem que tão ou mais importante [discutir] como é que essa emissão de dívida vai ocorrer é [analisar a possibilidade] de isso ser feito através de apoios directos de um instrumento europeu nos Estados, ao invés do endividamento. No fundo, se fosse através de um mecanismo de subsídios, isso seria muito mais positivo porque não entrava no endividamento dos Estados.

Espera respostas com a revisão orçamental anunciada pela comissária europeia?

Aquilo de que se fala nesta altura é que algumas das verbas do fundo de coesão vão ser agora alocadas a finalidades distintas que dizem respeito às consequências deste vírus. Mas isso não são verbas novas, deixam é de ser utilizadas para outras finalidades dos Estados. E são sempre verbas limitadas. O que pode ajudar é um novo acordo em matéria de plano financeiro multianual para a UE, que é o que determina o orçamento anual para os próximos sete anos na UE. Não tem havido um acordo entre os Estados-membros, e pode ser que isto [a crise do coronavírus] crie a energia e os incentivos necessários para existir um acordo, e que este vá no sentido de haver um orçamento mais ambicioso, ou associado a novos discursos próprios da UE. Eu tenho defendido que parte da resposta pode estar aí. Às vezes, alargar um problema pode ser a forma de chegar a acordo, porque cria mais condições para fazer um trade-off e haver um compromisso entre as diferentes posições. Parte do compromisso no futuro pode não ter os coronabonds mas sim um orçamento europeu maior do que aquele que se estava a pensar. E associado a novos discursos próprios da UE.

Qual o efeito geopolítico desta crise económica e de saúde pública nas relações entre a China e UE?

É interessante notar que esta crise começou por ser vista como problemática para a China e até para o Presidente Xi Jinping, mas rapidamente se converteu, através da eficácia da resposta chinesa ou da percepção pública internacional dessa eficácia, [em algo positivo]. Há quem conteste que seja tão eficaz como se diz, mas pelo menos é essa a percepção pública. Isso reforçou a legitimidade e a imagem internacional da China. O facto de o país ter feito isso mais rapidamente que os outros Estados coloca a China economicamente numa melhor posição do que os outros países e isso reforça o papel internacional da China e o seu peso geopolítico. A China parece estar a fazer uso disso através de gestos simbólicos de apoio e solidariedade para com os Estados com maiores dificuldades nesta matéria. Mas esta é uma crise nova, totalmente diferente, e o impacto na economia e política é muito difícil de prever, estando constantemente em mutação. É cedo para fazer qualquer juízo definitivo sobre a orientação geopolítica a nível global resultante desta crise.

Xi Jinping tem usado esta crise como uma ferramenta de soft power?

Claramente. A China partiu de uma posição que parecia de fragilidade e conseguiu dar a volta, e hoje o país está a usar a crise da covid-19 de um ponto de vista favorável. Mas pode ser cedo para dizer que a posição da China sairá reforçada. À medida que a crise evoluir o que se vai passar é a comparação entre uma maior transparência em alguns países e menor transparência noutros. E isso pode vir a afectar a posição internacional da China dependendo de como o país se comportar nessa matéria.

A pandemia da covid-19 pode vir a contribuir para o descrédito do populismo, tendo em conta as posições assumidas por Jair Bolsonaro, no Brasil, e Donald Trump, nos EUA?

Pode funcionar das duas formas. Os populistas, por definição, são pessoas que defendem um poder forte e um reforço da autoridade. Nessa medida, até por contraposição aos instrumentos da democracia liberal, uma crise como esta apela e tende a reforçar a adesão dos cidadãos ao poder forte. Estamos a ver populistas que têm usado o estado de emergência para consolidar a sua posição no poder, veja-se Viktor Orbán na Hungria. Por outro lado, a lógica contrária à ciência e ao conhecimento a que alguns populistas deram imagem de marca, como o Presidente norte-americano e do Brasil, parece estar a causar problemas na gestão da crise. Esses problemas passam pelo facto de as opiniões públicas desses países associarem uma má gestão da crise a uma desvalorização da ciência e do conhecimento e uma arrogância dos líderes. Tudo vai depender da evolução dessa gestão e das consequências a nível de saúde e económico. Trump tem sofrido uma penalização forte porque foi visto como alguém que desvalorizou os alertas científicos, gerindo mal a crise e antecipando mal os riscos por causa disso. No Brasil, a desvalorização do risco feita inicialmente por Bolsonaro pode causar um custo político forte.

 

Coronavírus | UE aprova apoios

A Comissão Europeia aprovou ontem um pacote de medidas de apoio financeiro para países da União Europeia (UE), como é o caso de Portugal, Grécia e Polónia. De acordo com a agência Reuters, as medidas passam pela concessão de empréstimos com garantias e subsídios. Através de comunicados oficiais difundidos na sexta-feira e sábado, foi referido que o apoio financeiro será de 13 mil milhões de euros para Portugal, enquanto que a Polónia receberá um apoio totalizado em 22 mil milhões de euros. Já a Grécia recebe apenas dois mil milhões de euros. Margrethe Vestager, vice-presidente da Comissão Europeia, disse que a garantia financeira concedida à Polónia “vai ajudar os negócios no país afectados pela actual crise gerada pelo novo coronavírus, cobrindo no imediato o capital de trabalho e as necessidades de investimento”.

7 Abr 2020

Covid-19 | China diz ter menos de 1.300 infectados no país

[dropcap]A[/dropcap] China afirmou hoje que o número de infectados da covid-19 é de 1.299, a primeira vez desde Janeiro que baixa da barreira dos 1.300. A Comissão Nacional de Saúde da China disse que nas últimas 24 horas foram registados 39 novos casos na China continental. Destes, 38 são provenientes do exterior, os chamados casos importados. O único caso de contágio local diagnosticado foi registado na província de Guangdong, vizinha da cidade de Macau.

De acordo com a mesma fonte, o número de pacientes que superam a doença e recebem alta diariamente excede os novos infectados. Nas últimas 24 horas, 114 pacientes receberam alta, em comparação com as 39 novas infecções detectadas. A China relatou ainda uma única morte, no período em análise. Trata-se de um paciente em Wuhan, cidade onde o surto começou.

Assim, o número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 81.708, dos quais 3.331 pessoas morreram e, até ao momento, 77.078 pessoas tiveram alta após a superarem a doença.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 68 mil. Dos casos de infecção, mais de 283 mil são considerados curados.

6 Abr 2020

Covid-19 | Pequim anuncia três mortes e 25 casos de infecção “importada”

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Nacional de Saúde da República Popular da China comunicou hoje que, no sábado, a pandemia do novo coronavírus matou três pessoas no país tendo detectado 30 casos de infecção, 25 dos quais em pessoas que chegaram do exterior. Pequim criou a designação “casos importados” para se referir às pessoas que entram no país já contagiadas pela covid-19.

De acordo com a última comunicação do regime chinês, os cinco casos de contágio a nível local registaram-se na província de Cantão, no sul do país, e as três mortes ocorreram na província de Hubei, onde se registou o foco da pandemia. No dia anterior, a República Popular da China contabilizou 19 casos de contágio, a nível nacional, sendo que 18 eram “casos importados”.

Na sexta-feira, Pequim anunciou ter detectado 29 casos “chegados do exterior” e 35 na quinta-feira e quarta-feira passadas. De acordo com o organismo oficial, até à meia-noite de sábado, registaram-se 11 novos casos procedentes do estrangeiro enquanto 213 doentes receberam alta e 36 deixaram de ser considerados pacientes em situação considerada grave.

A Comissão Nacional de Saúde indicou também que o total de “casos importados” registados na República Popular da China é de 913 tendo 216 doentes deste grupo recebido alta hospitalar. De acordo com os dados divulgados pelo Governo de Pequim, o número de casos confirmados é atualmente de 81.669, mas “77.964 já receberam alta”.

Até hoje a República Popular da China afirma que morreram da pandemia 3.329 pessoas no país, desde o final do ano passado. Permanecem activos 1.376 casos, 295 dos quais em estado grave e 17.436 estão em situação de observação médica.

A última comunicação oficial indica ainda que “não se registou nenhum caso novo” em Hubei, apesar da morte das três pessoas na cidade de Wuhan, a capital da província. No que diz respeito aos casos assintomáticos detectaram-se 47 novos casos, 16 dos quais referenciados pelas autoridades como “tendo chegado do estrangeiro”. No total, há 1.024 casos de infecções assintomáticas, 224 das quais “importadas”.

No passado dia 12 de março o regime de Pequim declarou que “o pico da transmissão” tinha chegado ao fim e, por isso, prevê levantar na próxima quarta-feira a quarentena que foi imposta na cidade Wuhan onde começou o surto de covid-19.

5 Abr 2020