EUA | Xi Jinping pede calma face a escalada da guerra comercial

O líder chinês alertou para a necessidade de responder com calma às alterações no quadro comercial internacional promovidas pela nova administração norte-americana

 

O Presidente chinês apelou ontem aos quadros do Partido Comunista para responderem “com calma” aos “desafios trazidos pelas mudanças na situação doméstica e internacional”, num período de agravamento das tensões comerciais com os Estados Unidos.

“Devemos reforçar as nossas capacidades políticas e responder com calma aos desafios trazidos por estas mudanças”, afirmou Xi, durante uma reunião de trabalho do partido, segundo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

O líder chinês pediu aos quadros do regime que se esforcem para “aprofundar ainda mais a reforma, expandir a abertura de alto nível, promover a recuperação sustentada da economia, melhorar constantemente o nível de vida das pessoas e garantir a estabilidade social”.

A reunião ocorre uma semana antes do início da sessão anual da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China. As declarações surgem também numa altura em que se intensifica a guerra comercial com os Estados Unidos.

Xi Jinping pediu aos funcionários para aderirem ao “tom geral do trabalho do Partido” de “fazer progressos, mantendo a estabilidade”.

“O nosso novo conceito de desenvolvimento de alta qualidade deve ser implementado na íntegra e sem falhas”, afirmou. Xi acrescentou que os funcionários devem melhorar a sua “consciência ideológica” e adoptar “uma visão correcta das realizações políticas”.

“Vamos aplicar rigorosamente os regulamentos do nosso Comité Central, de modo a cumprir conscienciosamente a nossa responsabilidade política. Temos de agir, cumprir os nossos deveres e ultrapassar as dificuldades”, afirmou.

Mãos nos bolsos

Em Janeiro, Pequim respondeu às taxas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, – 10 por cento sobre as importações de todos os produtos chineses – com uma taxa de 10 por cento a 15 por cento sobre certos produtos dos EUA, além de novos controlos de exportação de minerais essenciais e uma investigação contra o gigante tecnológico norte-americano Google.

A China também protestou contra as últimas taxas dos EUA de 25 por cento sobre importações de aço e alumínio, uma vez que exporta estes materiais para outros países, como o Canadá e o México, que, por sua vez, os vendem aos EUA.

27 Fev 2025

Coreia do Sul | Banco central reduz taxas de juro devido ao fraco crescimento

O banco central da Coreia do Sul reduziu ontem as taxas de juro em 0,25 pontos percentuais, para 2,75 por cento, um mês depois de ter revisto em baixa a previsão para o crescimento económico.

O corte acontece depois do Banco da Coreia (BoK, na sigla em inglês) ter mantido as taxas de referência inalteradas em Dezembro e foi a terceira redução desde Outubro. Isto após o banco central ter mantido a taxa de juro em alta durante quatro anos e cinco meses, por receio dos elevados níveis de inflação deixados pela pandemia de covid-19.

No relatório de política monetária para 2025, o banco central sul-coreano disse que novos cortes nas taxas visam “manter o ritmo moderado de crescimento da inflação”, bem como “mitigar riscos para a economia”. No documento, o BoK prometeu estar mais atento para evitar qualquer volatilidade nos mercados financeiros, no meio da incerteza causada pelo regresso ao poder nos Estados Unidos de Donald Trump.

As perspectivas para as exportações da Coreia do Sul estão mais modestas após a reeleição de Trump, que prometeu impor tarifas a importações, incluindo a indústria automóvel, um dos sectores-chave para a economia sul-coreana.

A decisão de ontem sublinhou o foco da política do BoK no crescimento económico, uma vez que, em 20 de Janeiro, a instituição tinha revisto em baixa a previsão para o crescimento em 2025 da quarta maior economia da Ásia, de 1,9 para 1,5 por cento.

“A declaração inesperada da lei marcial no início de Dezembro, juntamente com a contínua instabilidade política e o desastre do avião de passageiros da Jeju Air, afectaram significativamente o sentimento económico”, sublinhou na altura o banco central.

O acidente e a crise política “levaram a contrações no consumo interno e no investimento em construção, o que provavelmente empurrou a taxa de crescimento do quarto trimestre muito abaixo da projecção de Novembro”, disse o banco central.

26 Fev 2025

Delegação da Coreia do Norte chega à capital russa para visita oficial

Uma delegação de alto nível do partido único da Coreia do Norte chegou a Moscovo para uma visita oficial a convite do partido no poder na Rússia, informou ontem a imprensa estatal norte-coreana.

A delegação do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, liderada por Ri Hi-yong, membro do Politburo do Comité Central do Norte, aterrou na capital russa na segunda-feira, após um convite do Partido Rússia Unida, informou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.

Andrey Klimov, membro do Comité Supremo do Partido Rússia Unida e vice-chefe do comité de actividades estrangeiras do partido, recebeu a delegação norte-coreana à sua chegada ao aeroporto, disse a KCNA, sem fornecer mais detalhes.

A visita ocorre numa altura em que os Estados Unidos iniciaram negociações para pôr fim à invasão da Ucrânia por parte da Rússia, que tem contado com o apoio de milhares de tropas da Coreia do Norte no terreno. O novo Presidente norte-americano, Donald Trump, disse na segunda-feira que a prioridade era chegar a um acordo para pôr fim à guerra na Ucrânia, embora estivesse aberto a um cessar-fogo como passo preliminar para negociações mais profundas.

Desde que assinaram um tratado de defesa mútua, no ano passado, Pyongyang e Moscovo reforçaram a cooperação bilateral em matéria de defesa, economia, desporto e vários outros campos.

Momento histórico

As relações entre a Coreia do Norte e a Rússia, que partilham apenas 20 quilómetros de fronteira, intensificaram-se em meados de 2024, com a primeira visita do Presidente russo, Vladimir Putin, a Pyongyang desde 2000.

De acordo com fontes sul-coreanas, ucranianas e ocidentais, Pyongyang forneceu a Moscovo grandes quantidades de munições em troca da transferência de tecnologia civil, espacial e militar.

Além disso, ambos os países assinaram um tratado estratégico que prevê a assistência militar mútua em caso de agressão e mais de 10 mil soldados norte-coreanos terão sido enviados para o território russo para combater as tropas ucranianas nas regiões fronteiriças russas.

26 Fev 2025

ASEAN | MNE da Malásia acredita na adesão de Timor até ao final do ano

O chefe da diplomacia da Malásia, país que assume a presidência rotativa da Associação das Nações do Sudeste Asiático, afirmou que há uma forte possibilidade de Timor-Leste se tornar membro pleno da organização até ao final deste ano

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Malásia, que preside actualmente à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), considera que a adesão plena de Timor-Leste na organização pode tornar-se uma realidade em breve.

“O processo está actualmente em curso e, se tudo correr como planeado, há uma forte possibilidade de Timor-Leste se tornar membro de pleno direito da ASEAN na cimeira da organização, em Outubro ou Novembro deste ano”, afirmou Mohamad Hasan, num discurso na segunda-feira em Kuala Lumpur e citado pelo jornal The Star.

Segundo o jornal, o ministro disse que o país tem de cumprir 88 instrumentos para obter a adesão plena, dos quais 69 estão relacionados com o pilar económico, e que foi acordado criar uma unidade especial para “ajudar Timor-Leste a acelerar o processo”. Mohamad Hassan salientou também que muitos dos 69 instrumentos que o país precisa de cumprir já não são relevantes e que está a ser negociada a remoção daqueles requisitos desnecessários para que Timor-Leste “não tenha de passar por exigências redundantes”.

“Em princípio, concordámos que, mesmo que Timor-Leste não consiga cumprir imediatamente todos estes instrumentos, permitiremos que cumpra cerca de 30 por cento” e que depois da adesão seja concedido um período entre três a cinco anos para os cumprir gradualmente, acrescentou.

Meta à vista

Os estados-membros da ASEAN chegaram a um acordo de princípio em Novembro de 2022 para integrar Timor-Leste na organização regional, passando o país a ter estatuto de observador e a poder participar em todas as reuniões, incluindo nas cimeiras.

A Presidência e o Governo timorense decidiram apontar o ano de 2025 para a concretização da adesão plena, tendo em conta o cumprimento de um roteiro, que exige o estabelecimento de acordos e missões diplomáticas, construção de infra-estruturas e preparação de recursos humanos, entre outros.

A ASEAN foi criada em 1967 pela Indonésia, Singapura, Tailândia, Malásia e Filipinas e tem como objectivo promover a cooperação entre os estados-membros para garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico, social e cultural da região. Integram também a ASEAN, o Brunei Darussalam, o Camboja, o Laos, o Myanmar e o Vietname.

26 Fev 2025

Saúde | Dilma Rousseff internada em Xangai devido a inflamação de nervo

A ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, actual líder do banco de desenvolvimento do bloco BRICS, está hospitalizada na China desde sexta-feira, depois de sofrer de neurite vestibular, uma “inflamação do nervo do equilíbrio”.

Embora os familiares da antiga chefe de Estado, de 77 anos, tenham dito à imprensa brasileira que ela foi hospitalizada na segunda-feira, uma série de mensagens publicadas na rede social X indicam que foi internada no dia 21 num hospital de Xangai, sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês).

“A presidente está a responder bem ao tratamento e deverá ter alta nos próximos dias”, lê-se nas mensagens, que referem que Dilma “está a passar bem”, durante a sua hospitalização, e que “manteve as suas actividades laborais normalmente” nos últimos dias.

Dilma Rousseff “agradece as mensagens de apoio e solidariedade recebidas”, acrescentou o comunicado assinado pelos assessores, que explicaram que a doença de Dilma é uma inflamação do nervo que controla o equilíbrio. Geralmente é causada por uma infecção viral e provoca fortes sintomas de vertigem durante vários dias.

José Guimarães, líder na Câmara dos Deputados do partido no poder no Brasil, afirmou nas redes sociais que Dilma está internada numa clínica em Xangai após sentir um “mal-estar”, condição que, segundo os médicos, não é grave.

“Desejo-lhe uma recuperação plena e rápida”, disse o deputado do Partido dos Trabalhadores (PT), partido liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo qual Dilma Rousseff governou o país entre 2011 e 2016.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a ex-presidente estava a sofrer de vómitos, pressão alta e tonturas. Este contratempo obrigou Dilma a cancelar a sua participação numa reunião com membros da direcção do banco BRICS, que iria decorrer na Cidade do Cabo (África do Sul), acrescentou o jornal.

26 Fev 2025

Pequim estabelece como meta eliminar poluição severa no país até 2025

A China anunciou ontem uma melhoria significativa da qualidade do ar, em 2024, e estabeleceu novas metas, para consolidar essas conquistas durante este ano, visando eliminar a poluição severa no país. “Devemos acelerar a eliminação dos dias de poluição severa e proteger o nosso belo céu azul”, disse Li Tianwei, director do Departamento do Ambiente Atmosférico do Ministério da Ecologia e do Ambiente da China, em conferência de imprensa.

De acordo com os dados oficiais fornecidos pela agência estatal, a concentração média de partículas PM2,5 – as mais finas e suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões -, em 2024, caiu para 29,3 microgramas por metro cúbico, uma redução homóloga de 2,7 por cento.

Além disso, 87,2 por cento dos dias do ano registaram uma boa qualidade do ar, um aumento de 1,7 por cento, em relação a 2023, enquanto os dias com poluição severa ou pior caíram para 0,9 por cento do total, uma melhoria de 0,7 por cento.

A nível regional, Pequim cumpriu a norma nacional de qualidade do ar de grau II de não mais de 35 microgramas de densidade das partículas PM 2,5 por metro cúbico pelo quarto ano consecutivo, enquanto áreas-chave, como a planície de Fenwei (centro) e a região de Chengdu-Chongqing (centro) registaram diminuições de 4,8 e 10,8 por cento, respectivamente, na concentração de PM 2,5.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera as concentrações de PM 2,5 superiores a 50 microgramas por metro cúbico como poluição atmosférica “grave”.

Até 2025, a China pretende “eliminar essencialmente os episódios de poluição grave” em regiões prioritárias como Pequim-Tianjin-Hebei e a planície de Fenwei, acrescentou o representante do departamento. Para o efeito, o controlo das emissões será intensificado nas principais indústrias, será promovido o aquecimento limpo e será melhorada a regulamentação dos compostos orgânicos voláteis (COV) e das fontes móveis de poluição, disse o funcionário.

“Não se pode esperar pelo céu azul, temos que lutar por ele”, insistiu Li, que sublinhou que a transição para um modelo industrial, energético e de transportes mais ecológico e com baixas emissões de carbono será fundamental no futuro.

A longo prazo

Nos últimos anos, a China, o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, redobrou os seus esforços para melhorar os níveis de dióxido de carbono, limpar o ar e manter a biodiversidade.

Estabeleceu também objectivos como atingir o pico das emissões de dióxido de carbono até 2030 e a neutralidade carbónica até 2060, bem como o de fazer com que os combustíveis não fósseis representem 25 por cento da energia produzida no país, onde o carvão ainda desempenha um papel importante.

26 Fev 2025

Natalidade | Pequim quer reduzir idade para casar e eliminar restrições

Um membro do principal órgão consultivo do Governo chinês propôs ontem a redução da idade legal do casamento para os 18 anos e a eliminação das restrições ao número de filhos, visando aumentar a taxa de natalidade

 

O Governo Central pretende reduzir para 18 anos a idade mínima para contrair casamento e eliminar as restrições sobre o número de filhos que um casal pode ter. A iniciativa foi apresentada por Chen Songxi, membro da Academia Chinesa de Ciências, como parte das questões a serem discutidas nas “Duas Sessões” deste ano, as reuniões anuais da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (o principal órgão consultivo do país), que arrancam na próxima semana.

A idade mínima para o casamento na China é de 22 anos para os homens e de 20 anos para as mulheres, enquanto a lei permite aos casais ter até três filhos.

Chen sublinhou que a medida visa expandir a base populacional fértil e explorar o potencial reprodutivo da China, num contexto de crescente preocupação com o envelhecimento da população e a baixa taxa de natalidade, segundo o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Embora a proposta não se destine a forçar os jovens a casar numa idade precoce, mas a oferecer mais opções, está em conformidade com as tendências internacionais sobre a idade mínima para o casamento, argumentou Chen. De acordo com as estatísticas oficiais, o número de casamentos na China foi de 6,1 milhões em 2024, o mais baixo desde 1980.

A força da experiência

Para além de alterar a idade legal, Chen sugeriu uma reforma mais ampla da legislação sobre população e natalidade. O académico propôs mudar o nome da actual “Lei do Planeamento Familiar e da População”, de 2021, para “Lei da População e da Natalidade”, eliminando quaisquer restrições ao número de filhos e promovendo políticas de incentivo, como subsídios mensais e apoio médico para cada filho até uma determinada idade.

Há vários anos que a China luta para aumentar o número de nascimentos, embora as políticas implementadas até à data não tenham conseguido inverter significativamente a baixa taxa de natalidade nas zonas urbanas.

A janela de oportunidade para implementar estas medidas situa-se entre 2025 e 2035, um período-chave em que o número de mulheres em idade fértil estabilizará entre 290 milhões e 310 milhões, afirmou. Durante estes anos, as autoridades esperam realizar inquéritos sobre as intenções de ter crianças e ajustar os programas aos diferentes grupos populacionais.

O envelhecimento projectado da população chinesa é também alarmante para as autoridades da China, onde, em 2024, mais de 15 por cento da população tinha 65 anos ou mais e se estima que, em 2031, mais de 20 por cento da população terá mais de 65 anos. Em 2050, prevê-se que esta percentagem aumente para 29,5 por cento, com o consequente impacto negativo na força de trabalho e na economia do país.

26 Fev 2025

Alemanha | Pequim espera cooperação “bem-sucedida” após vitória de Merz

A China afirmou ontem que espera manter uma “cooperação bem-sucedida” com a Alemanha, depois de o conservador Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), e a sua irmã bávara, a União Social-Cristã (CSU), terem vencido as eleições gerais de domingo.

“A China e a Alemanha têm uma parceria estratégica há mais de 30 anos. A parceria tem sido mantida com base no respeito mútuo e na igualdade de tratamento, alcançando um progresso abundante”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Lin Jian disse que a China espera que a Alemanha desempenhe “um papel mais importante nos assuntos internacionais” e sublinhou que Pequim quer trabalhar com Berlim para “contribuir com mais esforços para a paz mundial”.

O bloco conservador liderado por Friedrich Merz venceu as eleições legislativas alemãs com 28,6 por cento dos votos, de acordo com dados oficiais, e a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, consagrou-se a segunda força, com 20,8 por cento.

O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler cessante Olaf Scholz, obteve cerca de 16,4 por cento nas eleições de domingo, enquanto os Verdes, parceiro de coligação, tiveram cerca de 11,6 por cento dos votos. A Esquerda (Die Linke) alcançou cerca de 8,8 por cento, acima dos 4,9 por cento de 2012.

O líder conservador, Friedrich Merz, precisará de parceiros para formar governo.

25 Fev 2025

Alibaba vai investir 50 MME em IA e computação em nuvem nos próximos três anos

O gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba anunciou ontem que vai investir 380 mil milhões de yuan em inteligência artificial (IA) e infraestruturas de computação em nuvem.

Segundo um comunicado difundido pela empresa através do seu portal de notícias Alizila, o valor anunciado ultrapassa o investimento combinado da última década nestes dois campos, identificados pelo grupo como estratégicos, a par do negócio tradicional de comércio electrónico.

Aquando da apresentação dos resultados do terceiro trimestre fiscal, na sexta-feira, o CEO do grupo, Eddie Wu, revelou já que a empresa tencionava fazer “um maior investimento” em áreas como a IA e os serviços de dados em nuvem, embora não tivesse especificado montantes.

Segundo a Alibaba, a medida “reforça o seu compromisso com a inovação tecnológica a longo prazo” e “sublinha a aposta da empresa no crescimento impulsionado pela IA e o seu papel como fornecedor líder de [serviços de dados em] nuvem”.

Na conferência com analistas que se seguiu à apresentação dos resultados, Wu afirmou que a IA é uma “oportunidade única numa geração” e observou que alcançar a inteligência geral artificial (AGI, um tipo de IA que igualaria a inteligência humana) será o principal objetivo a longo prazo da empresa.

Na sua opinião, a capacidade da IA para replicar o trabalho humano, tanto a nível intelectual como físico, “poderia remodelar” as indústrias a nível mundial, conduzindo a “transformações significativas” na economia e na tecnologia.

O CEO recordou que uma parte crescente dos dados gerados pela IA será processada e distribuída através de redes de nuvem, posicionando a subsidiária de IA da Alibaba, a Alibaba Cloud, como “um fornecedor de infra-estruturas chave”.

Futuro artificial

Durante o terceiro trimestre fiscal, a receita ajustada da subsidiária de inteligência em nuvem aumentou 11 por cento em relação ao ano anterior, enquanto a receita de produtos relacionados com a IA experimentou o seu sexto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos.

Nas últimas semanas, a Alibaba anunciou um pacto para incorporar o seu modelo Qwen nos iPhones vendidos pela Apple na China, e tem havido especulações de que poderá estar interessada em tornar-se investidora na DeepSeek, a plataforma chinesa de IA que abalou o sector.

“Olhando para o futuro, o crescimento das receitas na divisão de inteligência na nuvem vai continuar a acelerar, impulsionado pela IA”, explicou Wu, na passada sexta-feira, numa mensagem que acompanhou a divulgação dos resultados da empresa, enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong, que superou as expectativas dos analistas.

No último trimestre, a Alibaba aumentou o volume de negócios em 8 por cento e os lucros em 239 por cento, em termos homólogos.

25 Fev 2025

PCC afasta antigo presidente de empresa aeroespacial por corrupção

O Partido Comunista Chinês (PCC) expulsou ontem Tan Ruisong, antigo presidente da estatal Aviation Industry Corporation of China (AVIC), dos seus quadros, na sequência do alargamento da campanha anticorrupção em curso no país aos sectores aeroespacial e militar.

A Comissão Central de Inspecção e Disciplina (CCDI), órgão máximo anticorrupção do PCC, afirmou que Tan “tirou partido do sector militar para seu proveito pessoal” e transformou o seu cargo num instrumento de enriquecimento ilícito.

A agência acusou o antigo funcionário de aceitar subornos e utilizar o seu cargo para influenciar reestruturações empresariais e contratos de projectos.

A investigação revelou que o antigo presidente “perdeu os seus ideais e convicções, traiu as suas aspirações originais” e violou os regulamentos internos do PCC ao “aceitar banquetes inadequados”, ao “envolver-se em trocas de poder por sexo” e ao utilizar a sua posição para “procurar obter benefícios para terceiros na reestruturação de empresas e na contratação de projectos de engenharia”.

Tan, que foi secretário do Partido Comunista na AVIC, é também acusado de encobrir informações em investigações oficiais, aceitar presentes ilegalmente e desviar grandes somas de fundos públicos.

Esforços redobrados

Na sequência da sua expulsão do PCC, o caso foi remetido para as autoridades judiciais, o que poderá conduzir a um processo penal.

O anúncio faz parte da vasta campanha anticorrupção lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2012, em que os altos funcionários foram categorizados como ‘tigres’ e os de baixo estatuto como ‘moscas’. A campanha intensificou-se nos últimos anos, com quase 900 mil funcionários punidos, em 2024.

O sector militar tornou-se um dos principais focos dos investigadores: a liderança do PCC anunciou em Dezembro que iria “redobrar os seus esforços” numa luta que resultou na queda de ministros e oficiais do exército ao longo do último ano.

Xi sublinhou a necessidade de reforçar a disciplina e de lutar contra a corrupção no seio do Exército de Libertação Popular (ELP), para garantir que as Forças Armadas são “absolutamente leais, absolutamente puras e absolutamente fiáveis”.

A actual campanha visa funcionários públicos, mas também sectores tão diversos como as finanças, o tabaco e produtos farmacêuticos, entre outros, e segue-se à lançada em 2012, que foi acompanhada por uma maior repressão, censura e suspeitas de que as acusações fazem parte de uma manobra para calar os críticos.

25 Fev 2025

Ucrânia | Xi diz a Putin que está “feliz por ver esforços” para pôr fim à guerra

Quando se assinalam três anos do início da invasão da Ucrânia pela Rússia, a administração chinesa reafirma o seu empenho na luta por encontrar uma solução para o conflito. O Presidente chinês congratulou-se com os novos esforços levados a cabo pelos EUA e Rússia

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, disse ontem ao homólogo russo, Vladimir Putin, que está feliz por ver que a Rússia e outros países estão a fazer “esforços positivos” para acabar com a guerra na Ucrânia.

“A China está satisfeita por ver que a Rússia e as partes relevantes estão a fazer esforços positivos para pôr fim a esta crise”, disse Xi, numa conversa por telefone, que ocorre no terceiro aniversário da guerra na Ucrânia.

Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Xi disse ainda que os laços entre a China e a Rússia têm uma “força motriz interna forte” e um “valor estratégico único”, e que os dois países são “dois bons vizinhos” e “verdadeiros amigos”, que se apoiam mutuamente na procura de um “desenvolvimento comum”.

O líder chinês acrescentou que a relação bilateral “não é dirigida contra terceiros, nem será influenciada por ninguém”, sublinhando que os laços continuarão a desenvolver-se “com facilidade” e “ajudarão o desenvolvimento mútuo, injectando estabilidade e energia positiva nas relações internacionais”.

De acordo com a Xinhua, Putin afirmou que está empenhado em “eliminar as causas profundas do conflito” entre a Rússia e a Ucrânia, a fim de “alcançar uma solução de paz sustentável e duradoura”.

Do lado da paz

A China afirmou ontem que sempre esteve “do lado da paz” e que vai continuar a trabalhar para “construir um consenso” que ponha fim à guerra na Ucrânia, que se prolonga há três anos.

“Desde o início desta crise, temos vindo a trabalhar e a manter a comunicação com as partes envolvidas, com o objectivo de construir um consenso para a paz”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa.

O porta-voz acrescentou que a China sempre esteve “do lado da paz” e manteve uma posição “justa e objectiva”, que tem sido “clara e consistente desde o início”.

De acordo com porta-vozes chineses, o país asiático espera “manter a comunicação com todas as partes envolvidas” e continuará a fazer “esforços” para desempenhar “um papel construtivo” na resolução do conflito.

Posição central

Nas últimas semanas, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, afirmou que a posição da China sobre o conflito tem sido “racional” e que Pequim deseja “estabelecer um quadro de segurança equilibrado, eficaz e sustentável para a Europa, visando uma paz duradoura”. “A China quer trabalhar com todas as partes, incluindo a Europa”, afirmou Wang.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a China manteve uma posição ambígua em relação ao conflito, apelando ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção pelas “preocupações legítimas de todos os países”, numa referência à Rússia.

Pequim opôs-se a sanções “unilaterais” contra Moscovo e apelou ao “desanuviamento e a uma solução política”. No entanto, o Ocidente acusou a China de apoiar a campanha militar da Rússia, algo que o país asiático sempre negou.

A China tem enviado representantes diplomáticos para a região e apresentado iniciativas de paz, como o plano que elaborou com o Brasil, no ano passado, que não incluía a retirada das tropas russas e foi rejeitado por Kiev.

25 Fev 2025

Macau e Angola vão assinar acordo para combater lavagem de dinheiro

Macau e Angola vão assinar um acordo para trocar informações de formar a prevenir a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, anunciou ontem o Governo.

De acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial, o memorando de entendimento para a troca de informação relativa ao combate ao branqueamento de capitais, crimes precedentes associados, financiamento ao terrorismo e financiamento à proliferação de armas de destruição maciça será assinado com a Unidade de Informação Financeira da República de Angola.

Segundo o despacho, assinado pelo Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, em 14 de Fevereiro, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, pode delegar esta missão ao comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Leong Man Cheong.

O Gabinete de Informação de Macau (GIF), responsável pelo combate ao branqueamento de capitais, financiamento ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição maciça, está sob a tutela dos SPU.

Em Março de 2022, um relatório anual do Departamento de Estado dos EUA designou Macau como um dos principais pontos de branqueamento de capitais a nível mundial.

Segundo o relatório anual do GIF, Macau tornou-se em 2019 o único membro do Grupo Ásia-Pacífico Contra o Branqueamento de Capitais (GAFI) que cumpria “todos os 40 padrões internacionais” sobre a prevenção da lavagem de dinheiro, do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massa.

Na lista do GAFI

Angola foi acrescentada à ‘lista cinzenta’ do GAFI em 2024, depois de ter ficado aquém dos seus regimes legais e de regulamentação financeira.

O GAFI, uma organização intergovernamental, estabelece normas internacionais em matéria de luta contra o branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição maciça. A ‘lista cinzenta’ identifica os países que estão a trabalhar activamente com o GAFI para resolver deficiências estratégicas nessas áreas.

O GIF assinou acordos para a troca de informação com 33 países e territórios, incluindo a Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária de Portugal, em 2008, a Unidade de Informação Financeira do Banco Central de Timor-Leste, em 2018, e, em 2019, o Conselho de Controlo de Actividades Financeiras do Brasil e a Unidade de Informação Financeira de Cabo Verde.

25 Fev 2025

China acusa Austrália de exagerar sobre manobras militares

O Governo chinês acusou ontem a Austrália de “exagerar intencionalmente” ao abordar os exercícios militares realizados por Pequim em águas internacionais próximas do país oceânico.

Os três navios de guerra chineses envolvidos na operação “efectuaram exercícios em águas internacionais, longe da costa da Austrália”, lê-se numa declaração publicada na rede social chinesa Weibo, pelo porta-voz do Ministério da Defesa chinês Wu Qian.

“Durante este período, a China organizou exercícios de fogo real com navios de guerra no mar, tendo emitido repetidos avisos de segurança com antecedência. As acções da China respeitaram plenamente o direito internacional e a prática internacional comum, sem afectar a segurança da navegação aérea”, afirmou.

As declarações do Governo australiano, que criticou a falta de transparência do exército chinês relativamente aos exercícios “não correspondem de todo aos factos”, afirmou. “A Austrália, plenamente consciente destes factos, fez acusações infundadas contra a China e exagerou intencionalmente a situação. Estamos profundamente chocados e extremamente insatisfeitos”, afirmou Wu.

O porta-voz pediu a Camberra para abordar as relações bilaterais e militares “com uma atitude objectiva e racional, mostrando mais sinceridade e profissionalismo, e tomando medidas concretas para promover o desenvolvimento estável das relações entre os dois países e exércitos”.

Dedo apontado

A Força de Defesa da Austrália acusou na sexta-feira Pequim de estar a realizar exercícios com fogo real sem aviso prévio no mar da Tasmânia, entre a Austrália e a Nova Zelândia, obrigando ao desvio de ligações aéreas.

Um dia depois, a ministra da Defesa da Nova Zelândia, Judith Collins, disse que os chineses tinham realizado uma nova vaga de exercícios com fogo real na área.

A Austrália disse à agência EFE, na quinta-feira, que coordenou com os parceiros regionais, incluindo a Nova Zelândia, a resposta a esta acção da China, que normalmente realiza exercícios semelhantes em águas mais próximas de território chinês e que são objecto de disputas com países vizinhos, incluindo as Filipinas. Pequim reivindica quase todo o mar do Sul da China, rico em recursos e um ponto chave para o comércio mundial.

Nos últimos anos, aumentou a influência nas ilhas do Pacífico Sul, historicamente associadas à Austrália e à Nova Zelândia, parceiros dos Estados Unidos.

24 Fev 2025

Africa CDC | China e Coreia do Sul dão 4 milhões para compensar corte dos EUA

A China e a Coreia do Sul enviaram quatro milhões de dólares para o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças de África (Africa CDC), anunciou sexta-feira esta entidade, após os Estados Unidos cortarem o valor da sua ajuda.

O financiamento de quatro milhões de dólares, cerca de 3,8 milhões de euros, foi noticiado pela agência de informação financeira Bloomberg, que explicou que o continente recebe 84 por cento do financiamento para cuidados de saúde provenientes de fora da região, incluindo os 500 milhões de dólares que os Estados Unidos se tinham comprometido e entregar.

Os EUA reduziram a ajuda para 385 milhões de dólares, cerca de 378 milhões de euros, deixando a agência de saúde pública africana com um défice de 115 milhões de dólares, quase 110 milhões de euros, disse o director-geral, Jean Kaseya.

Os quatro milhões de dólares avançados pela China e pela Coreia do Sul são consequência e a primeira resposta ao congelamento da ajuda externa dos Estados Unidos.

No final de Janeiro, O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu ordem para congelar a ajuda externa do seu país, canalizada principalmente através da USAID, uma organização da qual também ordenou o despedimento da maioria dos seus funcionários em todo o mundo.

A decisão provocou o pânico entre as organizações humanitárias de todo o mundo que dependem dos contratos dos EUA para continuar a funcionar. No entanto, a 13 de Fevereiro, um juiz federal bloqueou temporariamente a ordem de Trump, de congelar a ajuda externa dos EUA, enquanto outro tribunal suspendeu o desmantelamento da USAID.

24 Fev 2025

Ano Novo Lunar | Estimativas apontam para mais de nove mil milhões de viagens

A China estima que tenham sido realizadas cerca de 9,03 mil milhões de viagens domésticas durante o Ano Novo Lunar, um aumento de 7 por cento face ao mesmo período de 2024, informou ontem a agência de notícias Xinhua.

Considerado o maior movimento anual de pessoas no país, este período de 40 dias, conhecido como ‘chunyun’, teve início a 14 de Janeiro e terminou a 22 de Fevereiro, embora o maior pico de viagens tenha sido registado entre 28 de Janeiro e 04 de Fevereiro.

De acordo com as estimativas oficiais, a maioria das viagens foi efectuada por estrada (cerca de 8,39 mil milhões), muito acima das de comboio (513,63 milhões), via aérea (90,19 milhões) e marítima (31,15 milhões).

O país asiático ultrapassou os 8,4 mil milhões de viagens inter-regionais durante o ‘chunyun’ de 2024, embora as previsões de Pequim para esse ano contemplassem ultrapassar os nove mil milhões. O valor acabou por não ser alcançado devido ao mau tempo, que provocou atrasos e cancelamentos no serviço de transportes e problemas de infraestruturas em várias regiões.

No dia 29 de Janeiro, milhões de chineses deram as boas-vindas ao ano da serpente e, durante uma semana, o país parou para cumprir tradições como limpar as casas a fundo, pendurar recortes de papel para atrair boa sorte, decorar as ruas e realizar grandes banquetes familiares.

24 Fev 2025

Gavekal Dragonomics | Campanha anticorrupção intensifica-se, diz “think tank”

A campanha anticorrupção na China está-se a intensificar e ameaça paralisar a burocracia chinesa, apontou um grupo de reflexão, numa altura em que Pequim exige ousadia aos funcionários para relançar o crescimento económico.

Lançada há mais de uma década pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a campanha atingiu em 2024 um número recorde de 889.000 funcionários do regime, segundo dados divulgados pela Comissão Central de Inspecção e Disciplina – órgão máximo anticorrupção do Partido Comunista Chinês (PCC). Este número representa um aumento de quase 50 por cento em relação à média anual de cerca de 600.000 entre 2018 e 2023.

O ‘think tank’ Gavekal Dragonomics previu que o número continuará a crescer, destacando o alargamento do escrutínio a novos sectores, como finanças, energia, saúde e infraestruturas, bem como para níveis mais baixos da administração pública, incluindo funcionários do PCC nas aldeias, além dos níveis provincial e municipal. “O foco em mais sectores e mais funcionários vai resultar em mais casos – tendência que parece destinada a continuar”, vaticinou.

Para durar

A campanha anticorrupção foi lançada em 2012 e é hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista.

Um dos primeiros alvos foi o ex chefe da Segurança Zhou Yongkang, que outrora tutelou os tribunais, polícia e os serviços de informação, e acabou por ser punido com prisão perpétua, tornando-se no mais alto líder da China condenado por corrupção desde a fundação da República Popular, em 1949.

Da lista faz também parte Bo Xilai, estrela em ascensão da política chinesa que caiu em desgraça, num caso que envolveu o homicídio de um advogado britânico. Altas patentes do exército – só no ano passado dois ministros da Defesa foram colocados sob investigação – e centenas de quadros de nível ministerial ou superior foram também expulsos do PCC e punidos com prisão perpétua ou pena de morte.

Em Janeiro passado, Xi advertiu que “a corrupção continua a aumentar” e é a “maior ameaça” para o regime. “A campanha anticorrupção é a única forma de quebrar os ciclos de governação e caos, prosperidade e declínio”, apontou. A Gavekal Dragonomics advertiu para os efeitos de paralisia na burocracia chinesa, à medida que os funcionários evitam tomar decisões susceptíveis de os expor ao escrutínio.

Xi tem aludido a este problema, queixando-se do ‘formalismo’ e do ‘burocratismo’ no Governo. Documentos do Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder na China, mencionam agora as “três distinções” para tranquilizar os funcionários de que não serão punidos por erros honestos, visando “incentivá-los a adoptar uma postura pioneira e a demonstrar iniciativa no trabalho”.

Medos e incentivos

Isto surge numa altura em que Pequim enceta um plano estratégico para dominar tecnologias emergentes, visando ultrapassar os Estados Unidos na corrida pela supremacia tecnológica.

“Os cautelosos fundos de investimento apoiados pelo Estado estão relutantes em investir em empresas tecnológicas de alto risco. Se os funcionários que gerem os fundos estatais ficarem mais preocupados com o facto de as perdas financeiras convidarem ao escrutínio, tornar-se-ão ainda mais conservadores nas suas decisões de investimento”, apontou o grupo de reflexão.

Pequim adoptou em 2024 um pacote de medidas de apoio ao sector imobiliário, mergulhado numa prolongada crise. Uma das medidas visa encorajar as autoridades locais a comprar aos promotores unidades habitacionais não vendidas. “O risco é que os funcionários locais utilizem esta ferramenta com moderação para evitar o escrutínio posterior”, notou a Gavekal Dragonomics.

“É possível que, ao dar prioridade política à estabilização do crescimento, o Governo central tenha dado aos funcionários de nível operacional o incentivo de que necessitam para agir. Mas também é possível que o receio [de serem punidos] se sobreponha a todos os outros factores e que os funcionários locais não consigam, mais uma vez, apoiar a economia”, acrescentou.

24 Fev 2025

Tráfico Humano | Pequim defende colaboração com Tailândia e Myanmar na luta contra o crime

A China reafirmou ontem a intenção de colaborar com a Tailândia e o Myanmar na luta contra redes de tráfico humano, após as autoridades tailandesas terem começado a repatriar cidadãos chineses mantidos em cativeiro por grupos criminosos.

“A China segue a sua filosofia centrada nas pessoas. É uma escolha necessária para salvaguardar os interesses comuns dos países da região e responder às aspirações partilhadas pelos seus povos”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

Guo sublinhou que a China mantém uma estreita cooperação bilateral e multilateral com a Tailândia, o Myanmar e outros países afectados.

“Tomámos várias medidas para resolver tanto os sintomas como as causas profundas destes crimes e trabalhamos em conjunto para impedir que os criminosos atravessem as fronteiras, com o objectivo de erradicar o problema das fraudes e dos jogos de azar ‘online’ ilegais”, afirmou.

O porta-voz acrescentou que a China continuará a tomar medidas para “proteger a vida e os bens das pessoas” e preservar o intercâmbio e a cooperação com os países da região.

No entanto, evitou dar pormenores sobre a identidade dos cidadãos repatriados, o seu estado de saúde ou as circunstâncias do seu resgate. “Para informações específicas, remeto para as autoridades competentes na China”, disse.

A Tailândia iniciou ontem o repatriamento de milhares de pessoas, na sua maioria cidadãos chineses, que tinham sido levados por grupos criminosos e explorados em centros dedicados a fraudes ‘online’ no Myanmar.

O primeiro dos aviões descolou ontem com 50 passageiros a bordo, embora se espere que um total de 1.041 chineses sejam enviados para o seu país entre os 7.000 estrangeiros a repatriar nos próximos dias, de acordo com a estimativa feita esta semana pelo primeiro-ministro tailandês, Paetongtarn Shinawatra.

21 Fev 2025

China | Sintetizado um diamante hexagonal mais duro que o natural

Uma equipa de investigadores chineses conseguiu sintetizar a lonsdaleíta, uma forma rara de diamante hexagonal com uma dureza 40 por cento superior à do diamante natural.

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Jilin e da Universidade Sun Yat-sen, adiantou o jornal oficial China Daily, na quarta-feira. O grupo de desenvolvimento destacou recentemente que a lonsdaleíta foi obtida a partir de grafite submetida a condições extremas de pressão e temperatura.

“A síntese de lonsdaleíta tem sido um ponto focal de investigação para cientistas de todo o mundo nos últimos 50 anos”, frisou Yao Mingguang, professor do Laboratório Estadual de Materiais Superduros da Universidade de Jilin. A lonsdaleíta, descoberta em 1967, forma-se naturalmente em locais de impacto de meteoritos, embora a sua síntese artificial tenha sido um desafio para a comunidade científica.

Para o conseguir, os investigadores chineses aplicaram uma pressão de 300 mil atmosferas, seis vezes superior à necessária para fazer diamantes convencionais. Como resultado, obtiveram cristais com até 1,2 milímetros de diâmetro, um tamanho consideravelmente maior do que os obtidos em tentativas anteriores.

Para além da sua dureza excepcional, a lonsdaleíta sintetizada exibe uma notável estabilidade térmica, mantendo-se estável até aos 1.100°C. “Os diamantes recém-sintetizados apresentam estabilidade térmica e mantêm-se estáveis a temperaturas extremas”, explicou Yao.

Esta característica pode permitir a sua aplicação em materiais ultra-resistentes e semicondutores. Apesar dos progressos, a produção industrial ainda não é viável: “Encontrar catalisadores adequados pode abrir caminho para isso”, frisou o investigador. A equipa procura agora optimizar o processo para passar da síntese laboratorial para o fabrico em grande volume.

21 Fev 2025

DeepSeek | Descartada abertura a mais investidores

A empresa chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek negou ontem que esteja a considerar a possibilidade de aceitar financiamento externo para fazer face à crescente procura por recursos computacionais, após o seu rápido crescimento.

A empresa tecnológica reagiu assim à informação vinculada por órgãos especializados, como a publicação norte-americana The Information, que indicaram que a plataforma estava a considerar dar esse passo. Os órgãos mencionaram fundos de investimento chineses e o Fundo Nacional de Segurança Social como possíveis investidores. São “apenas rumores”, afirmou ontem a empresa, em comunicado.

O jornal estatal The Paper também noticiou ontem que a empresa está a enfrentar dificuldades para sustentar a expansão do serviço, o que levou os seus directores e a sua empresa-mãe, a QuantCube, a avaliarem uma mudança de estratégia que orientaria o seu foco da investigação tecnológica para um modelo comercialmente viável.

Nos últimos dias, especulou-se sobre um possível investimento de 10 mil milhões de dólares por parte do grupo Alibaba, o que lhe daria uma participação de 10 por cento na empresa e avaliaria a DeepSeek em 100 mil milhões de dólares. O vice-presidente da Alibaba, Yan Qiao, negou oficialmente a informação, sobre a qual a DeepSeek não comentou.

A DeepSeek causou grande agitação no sector global de IA após o seu lançamento, há algumas semanas, do modelo V3, que terá levado apenas dois meses para ser desenvolvido, com uma fracção do orçamento das rivais norte-americanas. Lançado em 2023 pelo fundo de cobertura chinês High-Flyer Quant, a DeepSeek está comprometida com o código aberto e oferece serviços mais baratos do que o modelo o1 da OpenAI.

O rápido crescimento atraiu parcerias com gigantes tecnológicos chineses, como Alibaba, Tencent, Huawei e Baidu.

21 Fev 2025

China | Mantida taxa de juro de referência em 3,1% pelo quinto mês consecutivo

O Banco Popular da China anunciou ontem que vai manter a taxa de juro de referência em 3,1 por cento, pelo quinto mês consecutivo, indo assim ao encontro das expectativas dos analistas. Na sua actualização mensal, a instituição indicou que a taxa de juro de referência a um ano (LPR) se manterá a esse nível pelo menos até daqui a um mês.

Este indicador, estabelecido como referência para as taxas de juro em 2019, é utilizado para fixar o preço dos novos empréstimos – geralmente destinados às empresas – e dos empréstimos a taxa variável que estão a ser reembolsados.

É calculado com base nas contribuições de preços de um conjunto de bancos – incluindo pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a crédito malparado – e tem como objectivo baixar os custos dos empréstimos e apoiar a “economia real”.

A última redução foi em Outubro do ano passado, quando o banco central a reduziu em 25 pontos de base, a partir de 3,35 por cento.

A instituição também indicou ontem que a taxa de juro a mais de cinco anos – a referência para os empréstimos hipotecários – se manterá em 3,6 por cento, também em conformidade com as previsões dos analistas. A última descida ocorreu em Outubro, também em 25 pontos de base, a partir de 3,85 por cento.

21 Fev 2025

Hong Kong | Inflação sobe para 2% em Janeiro devido ao Ano Novo Lunar

Alimentação e transportes parecem ter sido os principais factores de aceleração da inflação no mês passado quando se celebrou a chegada do Novo Ano Lunar

 

A inflação na região semiautónoma chinesa de Hong Kong acelerou em Janeiro, pela primeira vez desde Agosto, devido aos preços dos transportes e da alimentação durante os feriados do Ano Novo Lunar, foi ontem anunciado.

O índice de preços no consumidor (IPC) subiu 2 por cento em Janeiro, em relação ao período homólogo, informou o Departamento de Censos e Estatística (CSD) de Hong Kong. Em Dezembro, a inflação fixou-se em 1,4 por cento.

Num comunicado, o CSD justificou a aceleração, a primeira em cinco meses, com “os aumentos dos preços nos transportes de ida e volta [de Hong Kong] e dos preços dos alimentos básicos devido ao efeito do Ano Novo Chinês”.

O período do Ano Novo Lunar, o maior movimento de massas do mundo, é a principal festa tradicional das famílias chinesas e acontece em Janeiro ou Fevereiro, consoante o calendário lunar. Este ano, celebrou-se entre 28 de Janeiro e 4 de Fevereiro.

O CSD sublinhou ainda que entrou em vigor em Janeiro um aumento de 10 por cento na renda da maioria dos residentes em habitações públicas em Hong Kong, cidade vizinha de Macau.

Um porta-voz do Governo do território defendeu que a inflação subjacente dos preços no consumidor foi modesta em Janeiro e acrescentou que, no geral, os preços dos alimentos “continuaram a registar aumentos anuais ligeiros”.

Num comunicado, o porta-voz previu que a inflação “deverá manter-se moderada a curto prazo”, mas admitiu que “as incertezas decorrentes das tensões geopolíticas e dos conflitos comerciais merecem atenção”.

Futuro inflacionado

No início de Fevereiro, o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa adicional de 10 por cento sobre as importações de Hong Kong e da China continental.

A inflação na China também acelerou em Janeiro, pela primeira vez desde Agosto, devido ao forte aumento dos gastos das famílias, por altura dos feriados do Ano Novo Lunar, contrariando persistentes pressões deflacionistas.

O índice de preços no consumidor (IPC) subiu 0,5 por cento, em Janeiro, em relação ao período homólogo, informou a 9 de Fevereiro o Gabinete Nacional de Estatística (NBS) do país asiático. Em Dezembro, a inflação fixou-se em 0,1 por cento.

O aumento temporário do consumo mascarou brevemente a dimensão do desafio deflacionista que a segunda maior economia do mundo enfrenta. O preço dos serviços aumentou 0,9 por cento, representando mais de metade do aumento total do IPC, de acordo com o NBS.

A deflação nas fábricas da China prolongou-se pelo 28.º mês consecutivo, com um declínio de 2,3 por cento, mantendo-se estável, face à contracção do índice em Dezembro. O consumo doméstico é cada vez mais crucial e por isso o Governo chinês avançou já com planos para aumentar a despesa pública e reduzir as taxas de juro.

O receio de Pequim é que um ciclo enraizado de descida dos preços possa refrear as despesas das famílias e empurrar as empresas para cortes salariais e despedimentos.

21 Fev 2025

Ucrânia | Seul acolherá soldados norte-coreanos que queiram desertar

As autoridades sul-coreanas admitiram ontem acolher os soldados norte-coreanos que sejam capturados na Ucrânia a combater juntamente com as tropas russas e que queiram desertar da Coreia do Norte.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul avançou, em comunicado, que “os soldados norte-coreanos são cidadãos sul-coreanos de acordo com a Constituição” pelo que “respeitar a vontade destas pessoas é cumprir o direito internacional”.

O anúncio do Governo sul-coreano foi feito na sequência dos últimos relatos de que muitos soldados norte-coreanos ficaram feridos durante o conflito, depois de terem sido enviados para apoiar a Rússia ao abrigo do acordo de defesa estratégica alcançado no ano passado entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.

As autoridades ucranianas anunciaram a captura de dois soldados norte-coreanos que combatiam ao lado das tropas russas na província russa de Kursk, onde Kiev lançou uma operação militar no Verão passado.

O Governo ucraniano propôs devolvê-los à Coreia do Norte se Pyongyang aceitar facilitar uma troca com soldados ucranianos actualmente detidos na Rússia. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estimou que cerca de 4.000 soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos em Kursk, embora o número não tenha sido verificado.

A disponibilidade apresentada pelo Governo sul-coreano surge depois de um soldado ter dito, em entrevista ao jornal Chosun Ilbo, que planeia pedir asilo na Coreia do Sul. O ministério de Seul reagiu, defendendo que estas pessoas “não devem ser enviadas de volta para um lugar onde enfrentam a ameaça de perseguição”.

20 Fev 2025

Huawei | Analistas destacam vitória contra restrições após lançamento de novo modelo

Analistas consideraram terça-feira que o lançamento internacional do novo telemóvel da Huawei, dobrável com três ecrãs, representa uma vitória simbólica para o gigante tecnológico chinês, que foi alvo de pesadas restrições por parte dos Estados Unidos.

No evento de lançamento em Kuala Lumpur, o grupo informou que o Huawei Mate XT é constituído por três ecrãs, dobra-se duas vezes e que é o telefone dobrável mais fino, com um ecrã de 25,4 milímetros, semelhante a um iPad da norte-americana Apple.

“Neste momento, a Huawei é a única inovadora em modelos com design de ecrã triplo”, disse Bryan Ma, analista da empresa de pesquisa de mercado International Data Corporation.

A Huawei alcançou esta posição apesar de não ter acesso a semicondutores avançados ou aos serviços da Google, por imposição do Governo dos Estados Unidos. “Todas estas coisas têm sido, basicamente, grandes obstáculos para a Huawei”, disse Ma, acrescentando que o “ressurgimento que estamos a ver é uma vitória”.

A Huawei, a primeira marca global de tecnologia da China, está no centro de uma batalha EUA – China pelo domínio do comércio e tecnologia. Em 2019, Washington cortou o acesso da Huawei aos componentes e tecnologia dos EUA, incluindo a Google e outros serviços para telemóveis. Também impediu os fornecedores globais de usar a tecnologia dos EUA para produzir componentes para a empresa.

As autoridades norte-americanas consideraram que a Huawei representa um risco para a segurança, o que a empresa negou. O governo da China acusou Washington de utilizar inapropriadamente o conceito de segurança nacional para conter um concorrente em ascensão das empresas tecnológicas dos EUA.

A Huawei anunciou o Mate XT a 20 de Setembro do ano passado, no mesmo dia em que a Apple lançou a sua série iPhone 16 nos mercados globais. No evento de Kuala Lumpur, a Huawei também apresentou o seu tablet MatePad Pro e o Free Arc, os seus primeiros auriculares abertos, e outros dispositivos portáteis.

20 Fev 2025

Imobiliário | Preços das casas novas continuam em queda

Os preços das casas novas na China caíram pelo vigésimo mês consecutivo em Janeiro, foi ontem anunciado, apesar das medidas adoptadas pelo Governo para estimular o sector, que se encontra mergulhado numa prolongada crise.

Os preços nas 70 principais cidades do país caíram 0,07 por cento, em relação ao mês anterior, de acordo com cálculos feitos a partir dos números divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) chinês. Em Dezembro, o preço das casas novas registou uma contração de 0,08 por cento.

Os cálculos efectuados com base nos dados do GNE reflectem igualmente uma redução de 0,34 por cento no preço das casas em segunda mão em Janeiro, depois de ter diminuído 0,31 por cento, no último mês de 2024.

Nos últimos meses, as autoridades chinesas anunciaram medidas para travar a queda do mercado imobiliário, uma questão que preocupa Pequim, devido às implicações para a estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é precisamente a crise do sector imobiliário, cujo peso no PIB nacional – somando os factores indirectos – foi estimado em cerca de 30 por cento, segundo alguns analistas.

20 Fev 2025