Xangai | Toyota vai abrir fábrica de carros eléctricos com capital estrangeiro

A fabricante japonesa de automóveis Toyota assinou, na terça-feira, um acordo de cooperação com o governo municipal de Xangai, leste da China, para a construção de uma nova fábrica de veículos eléctricos, totalmente detida por capital estrangeiro.

O projecto de 14,2 mil milhões de yuan incluirá investigação e desenvolvimento, fabrico e vendas de veículos eléctricos e híbridos, e produzirá modelos da marca topo de gama Lexus, informou na terça-feira à noite o jornal local Yicai.

Trata-se da segunda fábrica de automóveis totalmente detida por capital estrangeiro a ser estabelecida na China, após a abertura, anteriormente, da “gigafábrica” da norte-americana Tesla, também em Xangai. A nova fábrica vai estar localizada na zona de Jinshan, no sul de Xangai, onde os trabalhos preparatórios já começaram. A China é o maior mercado automóvel do mundo para veículos movidos a novas energias.

Quase 11 milhões de modelos híbridos ou eléctricos foram vendidos no mercado chinês em 2024, de acordo com as estatísticas da Federação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.

24 Abr 2025

Comércio | MNE pede ao Reino Unido que proteja sistema multilateral

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, afirmou que Pequim e Londres “têm a responsabilidade de proteger o sistema comercial multilateral” face ao “bullying” de Washington, durante uma conversa com o homólogo britânico, David Lammy.

“Os Estados Unidos utilizam as tarifas como uma arma para lançar ataques indiscriminados contra vários países, violam flagrantemente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e prejudicam os direitos e interesses legítimos de todos os países”, afirmou na terça-feira Wang, de acordo com um comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O responsável explicou que “esta prática de empurrar as relações entre países para a lei da selva é um retrocesso histórico, impopular e insustentável, a que cada vez mais países estão a resistir e a opor-se”. Enquanto “país responsável”, a China tomou medidas para “proteger os próprios direitos e interesses legítimos e para defender as regras internacionais e o sistema comercial multilateral”, apontou.

“A China está disposta a trabalhar com o Reino Unido para seguir a orientação estratégica dos líderes dos dois países, eliminar todos os tipos de interferência e ruído, e manter as relações bilaterais na direção certa para um progresso constante”, afirmou.

Lammy disse que o Reino Unido “sempre foi um país aberto, que apoia firmemente o comércio livre e defende o sistema comercial multilateral com a OMC no seu núcleo”, de acordo com a declaração.

“Como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o Reino Unido e a China têm responsabilidades importantes para com o desenvolvimento sustentável da economia mundial e do comércio internacional, e estão prontos para manter a comunicação com a China a este respeito”, acrescentou.

24 Abr 2025

BMW | IA DeepSeek nos próximos modelos na China

A fabricante automóvel BMW anunciou ontem que vai integrar nos serviços de inteligência artificial (IA) a chinesa DeepSeek nos seus próximos modelos destinados ao mercado da ‘gigante’ asiática. O presidente executivo (CEO) da BMW, Oliver Zipse, citado pela imprensa local, explicou no Salão Automóvel de Xangai que estão a “ser produzidos avanços cruciais em IA” na China.

“Estamos a fortalecer as nossas alianças para integrar a IA nos nossos veículos na China”, avançou o gestor. Os novos automóveis da BMW na China contarão com a inteligência artificial da DeepSeek a partir do final deste ano, adiantou.

Nos últimos anos, muitas marcas estrangeiras de automóveis na China têm registado uma queda nas vendas, à medida que as marcas locais com veículos eléctricos mais acessíveis ganham terreno tanto no mercado nacional como internacional.

O surgimento do DeepSeek, cujo modelo de linguagem se tornou o ‘download’ número um nos Estados Unidos em Janeiro passado, desencadeou uma onda de lançamentos de aplicações semelhantes por parte de grandes empresas tecnológicas chinesas, como a Baidu, Alibaba, Tencent e Bytedance, ameaçando a supremacia de líderes como a OpenAI e forçando uma reestruturação do sector.

Alguns destes serviços demonstraram capacidades semelhantes ao ChatGPT da OpenAI, de acordo com os portais especializados, mas com um preço mais baixo, o que intensificou a concorrência no sector.

As autoridades chinesas elogiaram também a abordagem de código aberto de vários destes serviços, incluindo o modelo de linguagem do DeepSeek, que não restringe a capacidade de terceiros de modificar a sua estrutura subjacente e adaptá-la a necessidades específicas.

24 Abr 2025

Visita | MNE iraniano em Pequim para consultas sobre questão nuclear

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, iniciou ontem uma visita à China para consultas sobre a questão nuclear, antes da terceira ronda de conversações com os Estados Unidos, prevista para sábado.

O Irão e os Estados Unidos deverão voltar a encontrar-se no sábado, em Omã, para uma nova sessão de conversações sobre a questão nuclear iraniana entre Araghchi e o enviado dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff.

Ao mesmo tempo, peritos iranianos e norte-americanos deverão iniciar discussões técnicas sobre a questão nuclear na capital de Omã. “É necessário manter os nossos amigos na China informados sobre a evolução das negociações e consultá-los”, disse Araghchi à televisão estatal iraniana.

A China é um dos signatários do acordo nuclear internacional celebrado com o Irão em 2015, mas que caducou na sequência da decisão dos EUA de se retirarem do mesmo três anos depois, durante a primeira presidência de Donald Trump.

“A China desempenhou um papel importante e construtivo na questão nuclear no passado, e o mesmo papel é certamente necessário no futuro”, acrescentou o ministro iraniano. O acordo de 2015 previa o levantamento das sanções internacionais contra o Irão em troca da supervisão do seu programa nuclear pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

De acordo com a AIEA, o Irão estava a honrar os seus compromissos até à retirada dos EUA, que foi acompanhada pelo restabelecimento das sanções norte-americanas.

24 Abr 2025

Economia | Xi defende que guerra comercial prejudica interesses de todos os países

Enquanto Trump continua com a sua política errática de tarifas comerciais, o Presidente chinês, Xi Jinping, alerta para os danos causados à economia global e reafirma a posição da China de defesa da “equidade e a justiça internacionais”

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ontem que as guerras comerciais minam os “interesses legítimos” de todos os países e “têm impacto na ordem económica mundial”, numa altura em que Washington se mostra optimista em relação a um acordo.

“As guerras tarifárias e comerciais minam os direitos e interesses legítimos de todos os países, prejudicam o sistema de comércio multilateral e têm impacto na ordem económica mundial”, disse Xi durante uma reunião com o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, em Pequim, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

Segundo Xi, a China continuará a esforçar-se para “salvaguardar o sistema internacional” e “defender a equidade e a justiça internacionais”, tendo as Nações Unidas como “pilar”. Estas são as primeiras declarações de Xi depois de Trump ter manifestado na terça-feira optimismo quanto à possibilidade de os Estados Unidos e a China chegarem a um acordo comercial.

Para além de Trump, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, responsável pelas negociações comerciais, também manifestou esperança num desanuviamento da guerra comercial com a China. Analistas chineses afirmaram ontem, porém, que as declarações de Trump não representam qualquer “progresso substancial” ou mudanças nas negociações.

“Quanto mais ele fala, mais ansiosos os EUA parecem ficar. Trump e a sua equipa estão sob pressão, mas a China não está a mostrar sinais de impaciência”, disse Chen Zhiwu, especialista da Universidade de Hong Kong, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

A administração Trump espera fechar acordos comerciais no próximo mês com a maioria dos países aos quais impôs taxas, mas a guerra comercial desencadeada pela sua política tarifária agressiva está centrada numa disputa com a China.

Na semana passada, Trump afirmou estar a falar com representantes chineses para chegar a um acordo com Pequim, mas, do outro lado, o seu homólogo Xi mantém tarifas de 125 por cento sobre os EUA e tomou outras medidas, como vetar a entrega de aviões Boeing.

Sem medo

A China insistiu que não quer uma guerra comercial, mas “não tem medo de a enfrentar se necessário”. Pequim também instou Washington a cancelar completamente todas as tarifas impostas e a iniciar um diálogo “com base no respeito mútuo”, reiterando que o proteccionismo é um beco sem saída.

Pequim advertiu ainda que não aceitará acordos internacionais que sejam alcançados “à custa dos seus interesses”, depois de a imprensa internacional ter noticiado que Trump planeia pressionar outros países durante as suas negociações comerciais para limitar o seu comércio com a China.

Algum respeito

O Governo chinês pediu ontem aos Estados Unidos para “deixar de exercer pressão” e mostrar respeito se quiserem realmente resolver os seus diferendos comerciais com a China através de negociações e do diálogo. “Se os Estados Unidos continuarem a querer esta guerra tarifária, a China continuará a responder até ao fim. Se quiserem negociar, a porta está aberta. Mas se eles realmente querem negociar, devem parar de exercer a máxima pressão e ir para o diálogo com base na igualdade, respeito e benefício mútuo”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

24 Abr 2025

Índia | JD Vance reuniu-se com Narendra Modi

O vice-Presidente dos Estados Unidos reuniu-se segunda-feira à porta fechada com o primeiro-ministro da Índia, no início de uma visita de quatro dias, em que o comércio bilateral a dominar o encontro.

Durante a reunião, JD Vance e Narendra Modi celebraram o progresso em direção a um Acordo Comercial Bilateral e anunciaram formalmente a finalização dos Termos de Referência para as negociações, de acordo com um comunicado oficial da Casa Branca.

O acordo tem por objectivo uma estrutura moderna e equilibrada que fortaleça as cadeias de abastecimento e gere benefícios económicos entre os dois países.

A visita serviu também para rever o progresso bilateral e foi descrita como uma reunião agradável e produtiva pelo vice-Presidente norte-americano. Esta é a primeira visita de um vice-Presidente dos EUA à Índia em 12 anos, depois da visita de Joe Biden quando era vice de Barack Obama.

Vance – que se tinha encontrado com Modi em Fevereiro passado, durante a Cimeira de Ação de Inteligência Artificial, em Paris – viajou para Jaipur, capital do estado ocidental do Rajastão. A Índia está a procurar activamente aumentar o investimento dos EUA em sectores-chave, como a tecnologia, a indústria transformadora, o automóvel e a energia.

O Governo indiano também implementou políticas para facilitar o investimento direto estrangeiro e olha para os Estados Unidos como um parceiro estratégico fundamental no seu desenvolvimento económico.

O empresário Elon Musk – que colabora com o Governo dos EUA – já anunciou planos para visitar a Índia ainda este ano, após uma conversa telefónica com Modi, sugerindo uma possível entrada no mercado indiano para as empresas Tesla e Starlink.

23 Abr 2025

Gaza | Hamas acusa aviação israelita pela morte de 25 palestinianos

A Defesa Civil palestiniana em Gaza acusou Israel de ter matado ontem pelo menos 25 pessoas em vários pontos do enclave, em vários ataques.

Mohammed Al-Moughair, responsável pela Defesa Civil em Gaza, organismo controlado pelo Hamas, disse à Agência France Presse que nove pessoas foram mortas e seis outras estão desaparecidas após um bombardeamento israelita que atingiu uma casa no centro de Khan Yuhnis, no sul do território palestiniano.

Os ataques aéreos também mataram cinco pessoas no campo de refugiados de Al-Chati, a oeste da cidade de Gaza. Segundo a mesma fonte, cinco pessoas morreram também na sequência de bombardeamentos que atingiram tendas que abrigavam deslocados a nordeste de Jabalia, norte de Gaza.

Um ataque aéreo também matou quatro pessoas a oeste do campo de Jabalia, enquanto duas outras pessoas foram mortas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Rompendo uma trégua de quase dois meses, Israel retomou a 18 de Março a ofensiva aérea e terrestre contra o Hamas em Gaza.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, 1.864 palestinianos foram mortos desde 18 de Março, elevando para 51.240 o número de mortos em Gaza desde o início da retaliação militar israelita no final de 2023. No sábado, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou estar determinado a continuar com a guerra.

23 Abr 2025

Empresas mais interessadas no yuan face a incerteza no mercado obrigacionista dos EUA

As empresas estão cada vez mais interessadas em utilizar a moeda chinesa, o yuan, na liquidação de pagamentos internacionais, segundo os resultados de um inquérito publicados ontem pelo Instituto Monetário Internacional da Universidade Renmin.

O enfraquecimento do domínio do dólar norte-americano, exacerbado por uma série de políticas da nova administração dos Estados Unidos, criou uma “janela de oportunidade” para a internacionalização do yuan, argumentaram os autores.

As conclusões da Universidade Renmin, que fica no norte de Pequim, sobre a internacionalização do yuan nos últimos trimestres são coerentes: a percentagem de empresas que planeiam aumentar as transações em yuan subiu de cerca de 21,5 por cento, no segundo trimestre de 2024, para quase 24 por cento, no primeiro trimestre deste ano.

Cerca de 68 por cento das empresas inquiridas afirmaram que estão a utilizar o yuan para liquidações comerciais transfronteiriças, enquanto 53 por cento estavam a utilizar a moeda para transações cambiais.

“A volatilidade crescente no mercado do Tesouro dos EUA marca um ponto de viragem”, afirmou Yang Changjiang, professor de Finanças, salientando que, ao contrário de anteriores situações de turbulência, desta vez o capital global deixou de fluir para os EUA.

Nas últimas duas semanas, registou-se uma venda de obrigações do Tesouro norte-americano, que chegou a fazer subir os juros para títulos com prazo de maturidade a 30 anos em meio ponto percentual, após o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar “tarifas retaliatórias” contra o resto do mundo.

A guerra comercial com a China – que viu as tarifas dos EUA sobre produtos chineses aumentarem 145 por cento este ano, contra 125 por cento impostos pela China – intensificou as preocupações sobre o impacto da dissociação EUA-China na economia global.

Num documento conhecido como “Acordo de Mar-a-Lago”, Stephen Miran, presidente do Conselho de Conselheiros Económicos da Administração Trump, defendeu um enfraquecimento do dólar norte-americano e a troca de títulos do Tesouro norte-americano de curto prazo por obrigações a 100 anos.

“Costumávamos considerar a liquidação do comércio como o principal motor da internacionalização do yuan, mas agora o foco mudou para a possibilidade de o yuan servir como um activo de refúgio”, disse Yang. “Esta é uma oportunidade que temos de aproveitar”, apontou.

Mudanças em curso

Apesar da crescente inclinação para utilizar a moeda chinesa além-fronteiras, o alcance dessa utilização continua a ser muito inferior ao do dólar norte-americano. O yuan continua a ser a quarta moeda de pagamento mais utilizada, com uma quota de 4,13 por cento em Março, segundo dados do Swift, o sistema que permite transações interbancárias internacionais.

Em comparação, a quota do dólar norte-americano está em 49,08 por cento, de longe a mais alta. Tu Yonghong, vice-director do Instituto da Universidade Renmin, afirmou que o sistema monetário mundial irá provavelmente tornar-se mais diversificado, dado o atual panorama mundial, o que beneficiará a utilização da moeda chinesa no estrangeiro.

23 Abr 2025

Shenzhou-20 | Nova tripulação vai ser lançada para o espaço

A meta de ter astronautas na lua a médio prazo mantém-se viva na mente das autoridades chinesas

A China vai lançar esta semana uma nova missão espacial tripulada, perseguindo o objectivo de enviar astronautas à Lua nos próximos cinco anos.

A missão Shenzhou-20 vai descolar do centro de lançamento de Jiuquan, no noroeste do país, transportando três astronautas. O destino da equipa é a estação espacial Tiangong, onde permanecerá durante cerca de seis meses. A missão pretende contribuir para o ambicioso objectivo da China de colocar astronautas na Lua até 2030, seguido da construção de uma base lunar.

A nave espacial Shenzhou e o foguetão lançador Longa Marcha-2F já foram transferidos para o local de lançamento e serão lançados “em devido tempo, num futuro próximo”, afirmou a Agência Espacial Chinesa na semana passada.

Fotografias publicadas pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua mostram o longo foguetão branco assente num pedestal azul decorado com bandeiras chinesas, rodeado de faixas vermelhas e douradas que saúdam o programa espacial nacional.

“Actualmente, as instalações e o equipamento do local de lançamento estão em boas condições. As inspecções funcionais e os testes conjuntos serão realizados como previsto”, declarou a Agência de Voos Espaciais Tripulados da China (CMSA).

As autoridades ainda não revelaram a identidade dos astronautas da missão Shenzhou-20, nem as tarefas exactas que irão desempenhar. A tripulação está “em boas condições, precisa nas suas manobras e bem coordenada”, disse apenas Zhou Wenxing, membro do centro de formação de astronautas do país, citado pela televisão estatal CCTV.

A anterior missão tripulada da China, a Shenzhou-19, foi lançada em Outubro passado e deverá estar concluída a 29 de Abril. É liderada por Cai Xuzhe, um antigo piloto de caça de 48 anos, que já voou a bordo da estação espacial Tiangong durante a missão Shenzhou-14, em 2022.

A tripulação também inclui Wang Haoze, de 35 anos, a única engenheira de voo espacial do país e a terceira mulher chinesa a participar numa missão espacial tripulada. Song Lingdong, um homem de 34 anos, completa o trio.

Deixem-me sonhar

A equipa da Shenzhou-19 terá realizado experiências para observar como as radiações extremas, a gravidade, a temperatura e outras condições afectam os “tijolos” feitos de materiais que imitam o solo lunar, de acordo com os comunicados de imprensa emitidos aquando do lançamento.

Sob a direcção do Presidente chinês, Xi Jinping, a China acelerou a realização do seu “sonho espacial”. O seu programa é o terceiro no mundo a colocar seres humanos em órbita. A China também já colocou sondas em Marte e na Lua.

Pequim afirma estar no bom caminho para enviar uma missão tripulada à Lua até 2030. Nas últimas décadas, Pequim investiu milhares de milhões de dólares na construção de um programa espacial de ponta que rivaliza com os dos Estados Unidos e da Europa.

Em 2019, conseguiu pousar a sonda Chang’e-4 no lado mais distante da Lua – uma estreia mundial – bem como um pequeno robô em Marte em 2021. A estação Tiangong, cujo módulo central Tianhe foi lançado em 2021, deverá ser utilizada durante cerca de dez anos.

23 Abr 2025

Tarifas | Cosco alerta para efeito negativo de taxas

A empresa de transporte marítimo estatal chinesa Cosco manifestou ontem firme oposição à decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de impor tarifas sobre navios construídos e operados pela China, alertando para o impacto nas cadeias de abastecimento.

A empresa disse, em comunicado, que esta medida “não favorece a concorrência leal nem a operação normal dos negócios na indústria global de transporte marítimo”, além de ser baseada em “falsidades”.

As novas tarifas portuárias “terão impacto no desenvolvimento estável e saudável do sector de transporte marítimo a nível mundial e comprometerão a estabilidade e a segurança da cadeia industrial e da cadeia de abastecimento”, afirmou a Cosco.

“Como empresa internacional responsável pelos sectores de transporte marítimo e logística, aderimos sempre aos conceitos de integridade, transparência e conformidade para participar na concorrência mundial do transporte marítimo”, afirmou a empresa, acrescentando que vai “proteger os interesses” dos seus clientes.

A Cosco possui mais de 40 terminais de contentores em todo o mundo e é uma das maiores companhias de transporte marítimo de contentores do mundo, com mais de 300 navios. Na sexta-feira passada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês condenou as novas taxas e instou Washington a “pôr termo imediatamente” às suas “práticas erradas”.

“Medidas como a imposição de taxas portuárias e tarifas sobre o equipamento de movimentação de carga da China são prejudiciais para todo o mundo. Aumentam os custos globais de transporte, perturbam a estabilidade da cadeia de abastecimento global e aumentam a pressão inflacionista sobre os Estados Unidos”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian, numa conferência de imprensa.

Trump impôs estas tarifas portuárias na última quinta-feira, embora a medida tenha origem na administração de Joe Biden (2021-2025), ao abrigo da Secção 301 do Código Comercial dos EUA, para taxar navios chineses que chegam aos portos norte-americanos.

21 Abr 2025

Irão | MNE de viagem para a China

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, viaja para a China hoje, anunciou ontem o Governo do Irão, antes das novas negociações sobre um acordo nuclear entre Teerão e Washington que acontecem nos próximos dias.

“O Ministro dos Negócios Estrangeiros viajará para a China amanhã [terça-feira]”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaïl Baghaï, numa conferência de imprensa semanal, sem fornecer mais detalhes de imediato. Araghchi já tinha visitado a China em Dezembro.

A China é um dos países signatários do acordo nuclear internacional concluído em 2015 com o Irão, mas que foi abandonado após a decisão dos Estados Unidos de se retirarem daquele pacto três anos depois, sob a primeira presidência de Donald Trump.

Três outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — França, Reino Unido e Rússia — além da Alemanha e da União Europeia (UE) são também signatários do acordo. O acordo previa o levantamento das sanções internacionais contra o Irão em troca da supervisão do seu programa nuclear pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

Desde que regressou à Casa Branca, em Janeiro, Trump instou o Irão a negociar um novo texto, mas ameaçou Teerão com uma acção militar se a diplomacia falhasse. Abbas Araghchi deverá participar numa nova ronda de negociações no sábado, sob mediação de Omã, com o enviado dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, de acordo com a diplomacia iraniana.

Em 2021, a China assinou um acordo estratégico abrangente de 25 anos com o Irão. Esta importante parceria abrange áreas tão diversas como a energia, a segurança, as infraestruturas e as comunicações.

21 Abr 2025

Hong Kong | China vai retaliar com sanções contra funcionários dos EUA

A China vai impor sanções contra funcionários, legisladores e dirigentes de organizações não-governamentais dos Estados Unidos que tiveram um “mau desempenho” nas questões de Hong Kong, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Em Março, os Estados Unidos sancionaram seis funcionários da China continental e de Hong Kong que, alegadamente, estavam envolvidos em “repressão além-fronteiras”. Entre esses funcionários contavam-se o secretário da Justiça, Paul Lam, o director do gabinete de segurança, Dong Jingwei, e o antigo comissário da polícia, Raymond Siu.

Como retaliação, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, afirmou ontem, em Pequim, que a China condenou veementemente os actos, qualificando-os de “desprezíveis”. Os Estados Unidos interferiram seriamente nos assuntos de Hong Kong e violaram os princípios do direito internacional, afirmou.

“A China decidiu impor sanções aos congressistas, funcionários e líderes de ONGs dos EUA que tiveram um mau desempenho em questões relacionadas com Hong Kong”, disse Guo, acrescentando que a resposta foi dada de acordo com a lei anti-sanções estrangeiras, sem fornecer mais pormenores sobre quem está a ser visado.

Guo também emitiu um aviso sobre Hong Kong, dizendo que os assuntos da cidade semiautónoma da China não estão sujeitos à interferência dos EUA. Quaisquer acções consideradas erradas pelo Governo chinês relativamente a questões relacionadas com Hong Kong serão objecto de medidas firmes e de retaliação recíproca, afirmou.

21 Abr 2025

Tarifas / EUA | China “não aceitará” que acordos de países a prejudiquem

Pequim advertiu ontem que “não aceitará” acordos internacionais que “prejudiquem os seus interesses”, após a imprensa internacional ter noticiado que o Presidente norte-americano, Donald Trump, está a pressionar outros países a limitarem o comércio com a China.

O Ministério do Comércio chinês disse em comunicado que os Estados Unidos “têm abusado das tarifas sobre os parceiros comerciais sob a bandeira da ‘reciprocidade’” e “forçaram todas as partes a manter negociações” com Washington.

O ministério afirmou que “respeita os esforços de todas as partes para resolver as diferenças económicas e comerciais com os Estados Unidos através de consultas justas”, mas acrescentou que devem “adoptar uma postura de equidade, justiça e correcção histórica” e “defender as regras económicas e comerciais internacionais e o sistema comercial multilateral”.

O ministério acusou os EUA de “promoverem uma política hegemónica e de implementarem uma intimidação unilateral no domínio económico e comercial”, advertindo que “o apaziguamento não trará a paz” e que “os acordos não serão respeitados”. O organismo criticou a procura de “pretensas isenções à custa dos interesses dos outros para proveito próprio e temporário” e avisou que esse comportamento “acaba por não beneficiar nenhuma das partes”.

“Ninguém pode ficar imune ao impacto do unilateralismo e do proteccionismo”, afirmou o ministério, acrescentando: “Quando o comércio internacional voltar à ’lei da selva’, em que os fortes se aproveitam dos fracos, todos os países se tornarão vítimas”. A China está disposta a “fortalecer a solidariedade e a coordenação com todas as partes e trabalhar para resistir conjuntamente contra o ‘bullying’ unilateral”, afirmou a pasta.

Em força

A guerra comercial desencadeada por Trump intensificou-se a 02 de Abril, com o anúncio de “tarifas recíprocas” para o resto do mundo, uma medida que mais tarde rectificou face à queda dos mercados e ao aumento do custo de financiamento da dívida dos EUA.

Mas enquanto suavizava a ofensiva contra a maioria dos países, aplicando uma tarifa generalizada de 10 por cento, Trump decidiu aumentar as taxas sobre a China para 245 por cento, por ter respondido com tarifas de retaliação.

Entretanto, Pequim aumentou as suas tarifas sobre os produtos norte-americanos para 125 por cento. Os EUA decidiram isentar muitos produtos electrónicos chineses das tarifas, embora Trump tenha anunciado a aplicação de taxas sobre semicondutores “num futuro próximo”.

Trump disse na quinta-feira que dentro de “três a quatro semanas” poderão ter chegado a acordos tarifários com os seus parceiros e indicou que a sua administração já está a falar com representantes chineses numa tentativa de chegar a um acordo também com Pequim.

A China apenas reconheceu, através do seu ministério, que mantém uma “comunicação constante a nível de trabalho” com os seus homólogos norte-americanos, sublinhando que Pequim está “aberta a consultas” com Washington se estas se basearem no “respeito mútuo”.

21 Abr 2025

Economia chinesa cresce 5,4% no primeiro trimestre de 2025

A economia chinesa cresceu 5,4 por cento no primeiro trimestre do ano, segundo dados oficiais difundidos ontem, à medida que os fabricantes apressaram a entrega de encomendas, antes da subida das taxas alfandegárias nos Estados Unidos.

O crescimento está em linha com o ritmo de expansão alcançado pela segunda maior economia do mundo no quarto trimestre e excede a meta de “cerca de 5 por cento” para o ano de 2025 estabelecida por Pequim.
O impulso surge numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a guerra comercial contra Pequim, ameaçando uma dissociação total entre as duas maiores economias do mundo, numa altura em que a China enfrenta já uma prolongada crise no sector imobiliário.

Os dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) ultrapassaram a estimativa consensual de 5,2 por cento dos economistas inquiridos pela agência de notícias Bloomberg.

A produção industrial expandiu 7,7 por cento em Março, em relação ao mesmo período do ano anterior, no crescimento mais rápido desde Junho de 2021. As vendas a retalho aumentaram 5,9 por cento, o melhor ritmo desde Dezembro de 2023.

“A surpresa mais agradável são as vendas a retalho, o que mostra que os subsídios ao consumo estão funcionar”, disse Michelle Lam, economista do banco francês Societe Generale SA para a China, citado pela agência. “A produção industrial foi uma surpresa, mas compreensível após os fortes dados de exportação. Mas isso agora faz parte do passado”, afirmou ainda à Bloomberg.
Apesar dos dados positivos, o GNE recomendou cautela, sublinhando a necessidade de dar maior apoio à economia.

“Devemos estar conscientes de que o ambiente externo está a tornar-se mais complexo e grave. O impulso da procura interna para o crescimento é insuficiente e a base para uma recuperação económica e crescimento sustentado estão ainda por consolidar”, afirmou o gabinete num comunicado. “Temos de implementar políticas macroeconómicas mais pró-activas e eficazes”, apontou.

O investimento em activos fixos aumentou 4,2 por cento nos primeiros três meses de 2025, enquanto o investimento imobiliário registou uma contracção de 9,9 por cento, prolongando a crise que atingiu o sector em 2022. A taxa de desemprego urbano foi de 5,2 por cento em Março, descendo de 5,4 por cento no mês anterior.

Bonança e tempestade

A China poderá ter dificuldades em atingir o seu objectivo oficial de crescimento este ano sem mais estímulos. Nas últimas semanas, vários bancos internacionais, incluindo o UBS Group AG, o Goldman Sachs Group Inc. e o Citigroup Inc., baixaram as suas previsões de crescimento da China para cerca de 4 por cento ou menos, fruto do agravar das tensões comerciais com Washington.

Alguns economistas esperam que o Banco Popular da China reduza as taxas de juro ou a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter em reserva já este mês, enquanto outros preveem vários biliões de yuan em empréstimos e despesas fiscais adicionais para preencher o vazio deixado pela queda das exportações.

A China tem de aumentar rapidamente o consumo doméstico e o investimento para contrariar o impacto das tarifas. A debilidade do mercado de trabalho continua a impedir os consumidores de gastarem mais, mesmo antes de as tarifas dos EUA atingirem empregos relacionados com as exportações.

O impacto da guerra comercial vai provavelmente manifestar-se na actividade económica a partir de Abril, após um aumento de 12,4 por cento das exportações em Março, à medida que as empresas se apressaram a concluir encomendas.

A possibilidade de um acordo entre os EUA e a China sobre o litígio comercial parece reduzida num futuro próximo, uma vez que Pequim optou por retaliar as sucessivas rondas de tarifas impostas por Trump.

Os índices bolsistas da China mantiveram em grande parte as suas perdas após a divulgação dos dados, com o Hang Seng China Enterprises, que reúne as principais empresas chinesas cotadas em Hong Kong, a perder 2,4 por cento, e o CSI 300, que replica o desempenho das 300 principais acções negociadas nas bolsas de Xangai e de Shenzhen, a cair 0,8 por cento.

17 Abr 2025

Japão | Regulador acusa Google de violar leis antimonopólio

As autoridades reguladoras japonesas acusaram a tecnológica norte-americana Google de violar as leis antimonopólio, fazendo referência a acções semelhantes nos Estados Unidos e na Europa. A Google Japão afirmou em comunicado que considerou a acção “lamentável” e a empresa afirmou que investiu significativamente no país para promover a inovação enquanto líder tecnológico.

A “ordem de cessação e desistência” da Comissão de Comércio Justo do Japão diz que a Google tem de parar a pré-instalação do motor de busca Google nos smartphones Android, o que, segundo a Comissão, exclui de facto a concorrência. Não se sabe se a Google, uma subsidiária da Alphabet Inc., com sede em Silicone Valley, nos EUA, vai tomar medidas legais para combater a ordem.

Nos EUA, um juiz decidiu no ano passado que o “omnipresente” motor de busca da Google explorou ilegalmente o seu domínio para dominar a concorrência. A Google negou as alegações, argumentando que é imensamente popular porque as pessoas gostam do que oferece.

Os reguladores japoneses iniciaram a investigação sobre a Google em 2023 e dizem ter consultado as autoridades estrangeiras que lidaram com casos semelhantes. Os reguladores europeus também criticaram o que consideram ser o domínio monopolista da Google.

A decisão de terça-feira marca a primeira vez que a Comissão de Comércio Justo do Japão toma uma acção deste tipo contra uma grande empresa tecnológica mundial.

17 Abr 2025

Timor-Leste | Xanana e Ramos-Horta acusados de destruírem sistema judicial

O secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, acusou ontem o Presidente, José Ramos-Horta, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, de estarem a destruir o sistema judicial do país

“Digo apenas que esta é uma situação extremamente grave. A independência judicial está a morrer, devido à ditadura oligárquica de duas pessoas: o Presidente e o primeiro-ministro timorense”, afirmou o antigo chefe do Governo Mari Alkatiri, numa conferência de imprensa realizada no seu gabinete, em Díli.

Mari Alkatiri disse que se trata de uma “ditadura com uma capa de democracia, orientada e controlada”. “São apenas essas duas pessoas que sabem tudo e fazem tudo, exercendo um poder absoluto, total, aproveitando-se da fragilidade do sistema judicial. É só isso. Eu conheço muito bem essas duas pessoas. São eles que não me conhecem a mim”, disse o líder da oposição timorense.

Mari Alkatiri salientou que aquelas “duas figuras” estão a usar o poder político através do Parlamento Nacional para fazer alterações e aprovar leis que prejudicam o sistema judicial, dando como exemplo as alterações à lei da Comissão Anticorrupção (CAC) e à Lei da Organização Judiciária.

Relativamente às alterações da lei da CAC, Mari Alkatiri referiu que a escolha do dirigente daquela instituição passou a ser feita por maioria simples, quando anteriormente era por maioria qualificada. “Esta alteração à lei também demonstra que, se o comissário da CAC não trabalhar de acordo com a vontade ou orientação do Governo, este poderá demiti-lo a qualquer momento”, lamentou.

Segundo Alkatiri, a anterior versão da lei exigia consenso no Parlamento Nacional para a eleição do comissário, com um mandato de cinco anos. “Por isso, considero que este acto do Governo é contra os direitos dos cidadãos e contra os princípios do Estado de direito democrático”, explicou.

Pratos da balança

No que diz respeito às alterações à Lei da Organização judiciária, que começou a ser debatida ontem no parlamento timorense, Mari Alkatiri disse que se estão a preparar para permitir que juízes com 20 anos de experiência possam ser nomeados para a presidência do Tribunal de Recurso. Isto significa que qualquer juiz escolhido pelo Governo pode ser nomeado Presidente do Tribunal de Recurso, afirmou Mari Alkatiri.

Para Mari Alkatiri, aquele tipo de acção é extremamente perigoso porque pode levar à morte do Estado de direito democrático em Timor-Leste e prejudicar a credibilidade do país no mundo.

Em 2023, após ter tomado posse como primeiro-ministro, Xanana Gusmão criou um gabinete para reforma do sector da justiça, liderado por Lúcia Lobato, antiga ministra da Justiça, alegando fragilidades, escassez de recursos humanos e falta de resposta do sistema. Numa intervenção proferida em Outubro daquele ano, o primeiro-ministro timorense acusou o sector da justiça de Timor-Leste de ter deixado de “inspirar confiança” junto da sociedade e de dar a entender que a corrupção só acontece em “determinado segmento”.

17 Abr 2025

Imobiliário | Preços de casas novas caem pelo 22º mês consecutivo

Os preços das casas novas na China caíram pelo 22º mês consecutivo em Março, apesar das medidas do Governo para travar a prolongada crise no sector. Os preços em 70 cidades seleccionadas caíram 0,11 por cento, em relação ao mês anterior, de acordo com dados divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) do país asiático. A queda em Fevereiro foi do mesmo valor percentual.

Entre as localidades mencionadas, 41 registaram descidas nos preços das casas novas em comparação com 45 em Fevereiro. Entre estas, 24 – incluindo algumas importantes como Xangai ou Shenzhen – registaram aumentos, mais do que no mês anterior (18).

Os dados do GNE também revelaram uma queda de 0,2 por cento no preço das casas em segunda mão em Março, um ritmo mais moderado do que o registado no mês anterior (0,3 por cento). No caso deste tipo de imóveis, 56 das 70 cidades registaram descidas, quatro mantiveram-se ao mesmo nível que em Dezembro e dez registaram subidas.

Nos últimos meses, as autoridades chinesas continuaram a anunciar medidas para travar a queda do mercado imobiliário, uma questão que preocupa Pequim devido às suas implicações para a estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é precisamente a crise do sector imobiliário, cujo peso no PIB nacional – somando os factores indirectos – foi estimado em cerca de 30 por cento, segundo alguns analistas.

17 Abr 2025

Malásia ao lado da China em matéria de comércio

A Malásia “está ao lado da China” em matéria de comércio, afirmou ontem o primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, no início de uma visita do Presidente chinês, Xi Jinping, ao país do Sudeste Asiático. “Estamos ao lado do Governo chinês, para o bem-estar do nosso povo e pelos nossos interesses económicos nacionais, bem como para o desenvolvimento geral e a estabilidade do nosso país”, disse Anwar à televisão estatal chinesa CGTN.

Xi, que está a realizar uma visita de uma semana a três países do Sudeste Asiático, foi recebido por uma salva de 21 tiros ao chegar ao palácio nacional para uma audiência com o rei da Malásia, o sultão Ibrahim Iskandar, acompanhado pelo primeiro-ministro Anwar.

A visita ocorre numa altura em que Xi tenta apresentar o seu país como defensor do comércio livre e fonte de estabilidade para os países da região, que são os principais alvos da guerra tarifária lançada pelo líder norte-americano, Donald Trump.

Pequim e Kuala Lumpur devem assinar acordos destinados a aumentar as exportações malaias, incluindo óleo de palma e durião, aumentar o afluxo de turistas e estudantes chineses para o país do Sudeste Asiático e a partilha de tecnologia chinesa em sectores como as energias renováveis.

Em contrapartida, os analistas alertaram para o facto de a China esperar que a Malásia e os seus vizinhos do Sudeste Asiático a apoiem como a principal potência da região – um alinhamento que poderá provocar uma reacção de Washington.

Extensão à ASEAN

Na Malásia, Xi deve discutir um acordo de comércio livre entre a China e os 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), uma vez que a Malásia preside à associação este ano.

Citado pela imprensa chinesa, o secretário-geral da ASEAN, Kao Kim Hourn, afirmou que o acordo vai eliminar muitas das taxas alfandegárias entre a China e os membros do bloco. “Vamos reduzir as tarifas para zero em muitos casos e depois expandi-las para todas as áreas”, afirmou, numa entrevista à CGTN.

A Malásia é sede de vários projectos da Iniciativa Faixa e Rota, incluindo um projecto ferroviário chinês no valor de 11,2 mil milhões de dólares. A China é também o maior parceiro comercial e uma das principais fontes de investimento directo estrangeiro da Malásia. Xi visitou já o Vietname e parte a seguir para o Camboja.

17 Abr 2025

Hong Kong | Envio de encomendas para os Estados Unidos suspenso

Os correios de Hong Kong anunciaram ontem a suspensão do envio de encomendas para os Estados Unidos, em resposta à imposição, “de forma abusiva”, de tarifas pelas autoridades norte-americanas. Envios postais apenas com documentos, sem mercadorias, não vão ser afectados

 

“O Hongkong Post não vai definitivamente cobrar quaisquer tarifas aduaneiras em nome dos EUA e vai suspender a aceitação de envios postais que contenham bens destinados aos EUA”, refere um comunicado dos correios.
Para as encomendas via marítima e terrestre, a decisão tem efeito imediato “devido ao maior tempo de envio”, e para o correio aéreo, entra em vigor a 27 de Abril, indica a nota.

No caso de “correio de superfície com bens que ainda não tenham sido expedidos para os EUA”, o Hongkong Post vai organizar a devolução e o reembolso dos portes a partir de 22 de Abril. Os Estados Unidos “não estão a ser razoáveis, estão a intimidar e a impor direitos aduaneiros de forma abusiva”, refere o comunicado.

Donald Trump assinou uma ordem executiva, na semana passada, que põe fim às isenções de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China, como as enviadas pelos gigantes do comércio eletrónico Shein e Temu.

A China e os Estados Unidos entraram numa escalada no que diz respeito às tarifas: Washington impôs sobretaxas de 145 por cento aos produtos chineses que entram em território norte-americano, além das que existiam antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca. Pequim retaliou com uma taxa que alcança agora os 125 por cento.

Um decreto presidencial emitido por Donald Trump, em 2020, eliminou o tratamento preferencial concedido a Hong Kong. A antiga colónia britânica é, por isso, igualmente afetada pela sobretaxa de 145 por cento imposta à China.
“Para o envio de artigos para os EUA, o público de Hong Kong deve estar preparado para pagar taxas exorbitantes e irrazoáveis devido aos actos irrazoáveis e agressivos dos EUA. Os outros envios postais que contenham apenas documentos, sem mercadorias, não vão ser afectados”, concluiu o Hongkong Post.

Resposta à letra

O principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões acusaram na terça-feira os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China. “Os EUA têm alvo as nossas tarifas, eles têm como alvo a nossa própria sobrevivência”, disse Xia Baolong, director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado.

“Apesar de Hong Kong ser a maior fonte de excedente comercial dos EUA, os Estados Unidos ainda impuseram tarifas elevadas. Isto é extremamente arrogante e descarado”, disse Xia. Os EUA, continuou o dirigente, “não podem tolerar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong e são o maior manipulador sinistro que mina os direitos humanos, a liberdade, o Estado de direito, a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong”.

Já o líder do Governo da região administrativa chinesa, John Lee Ka-chiu, acusou os Estados Unidos de, numa “lógica perversa”, impor tarifas para proteger a sua “hegemonia sem escrúpulos”. “Os Estados Unidos opõem-se ao comércio livre, interrompem o comércio global e as cadeias de abastecimento (…), prejudicando gravemente o sistema de comércio multilateral e o processo de globalização”, lamentou John Lee.

Também o líder do Executivo de Macau criticou, no mesmo dia, os Estados Unidos pela “imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais”, incluindo a China, “sob vários pretextos”. Durante a inauguração de uma exposição a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional, Sam Hou Fai disse que Washington “devastou severamente o sistema de comércio multilateral (…) e prejudicou a estabilidade da ordem económica mundial”.

A Lusa perguntou aos Correios de Macau se a empresa vai seguir os mesmos passos da sua congénere de Hong Kong, mas o departamento postal não respondeu em tempo útil.

17 Abr 2025

Singapura | Parlamento dissolvido abre caminho a eleições gerais

O parlamento de Singapura foi dissolvido, abrindo caminho para eleições gerais nas quais o Partido de Acção Popular (PAP), que governa o país há muito tempo, tentará fortalecer o seu domínio, sob o comando do primeiro-ministro Lawrence Wong. O Departamento Eleitoral definiu o dia 3 de Maio como data para as eleições.

A vitória está praticamente garantida para o PAP, que lidera Singapura desde sua independência, em 1965. Wong, que tomou posse como quarto líder de Singapura em Maio do ano passado, quer conquistar uma vitória mais robusta, depois de o PAP ter sofrido um revés nas eleições de 2020 devido ao crescente descontentamento dos eleitores com o Governo.

Wong sucedeu Lee Hsien Loong, que renunciou após duas décadas no comando do país. A saída de Lee marcou o fim de uma dinastia familiar iniciada pelo seu pai, Lee Kuan Yew, o primeiro líder de Singapura que transformou a ilha numa das nações mais ricas do mundo durante os 31 anos que esteve no cargo.

Nas eleições de 2020, realizadas durante a pandemia de covid-19, o PAP manteve a maioria absoluta, com 83 dos 93 assentos parlamentares, mas perdeu lugares para a oposição, que aumentou representação parlamentar de seis para 10, a maior já registada.

16 Abr 2025

Tarifas | UBS aponta para crescimento económico de 3,4%

O UBS AG acrescentou ontem a uma série de revisões em baixa do crescimento da economia chinesa a previsão mais pessimista entre os principais bancos, prevendo que vai expandir-se apenas 3,4 por cento este ano, reflectindo o impacto das tarifas norte-americanas.

O banco suíço, que anteriormente previa um crescimento de 4 por cento em 2025, manteve a sua estimativa para o próximo ano em 3 por cento. Ambas as previsões são as mais baixas de todas as projecções compiladas pela agência Bloomberg.

“O choque tarifário coloca desafios sem precedentes às exportações da China e vai desencadear um grande ajustamento na economia doméstica”, escreveram os economistas do UBS, incluindo Tao Wang, numa nota publicada ontem.

O Goldman Sachs Group e o Citigroup estão entre os bancos globais que reduziram as suas perspectivas para a China nos últimos dias, com a maioria dos economistas a duvidar que Pequim consiga atingir o objectivo oficial de crescimento de cerca de 5 por cento este ano.

Se os actuais aumentos das taxas alfandegárias se mantiverem, é provável que arrastem o crescimento do produto interno bruto da China em mais de 2 por cento, apesar dos estímulos adicionais esperados de Pequim, segundo o UBS. Os economistas admitiram que a sua opinião tem “margens de erro elevadas”, devido à “incerteza extremamente grande” que rodeia a guerra comercial em curso.

As exportações para os EUA deverão cair dois terços nos próximos trimestres e o total dos envios para o estrangeiro poderá cair 10% em termos de dólares este ano, acrescentaram.

“Pensamos que alguns dos outros parceiros comerciais da China também poderão aumentar as tarifas sobre os produtos chineses nos próximos meses, mas provavelmente apenas sobre produtos específicos e não em magnitudes semelhantes às das tarifas dos EUA”, afirmaram.

16 Abr 2025

Xi Jinping homenageia Ho Chi Minh com visita ao seu mausoléu

O Presidente chinês, Xi Jinping, homenageou ontem o herói da independência do Vietname, Ho Chi Minh, com uma visita ao seu mausoléu em Hanói, no âmbito de uma visita ao país integrada num périplo pelo Sudeste Asiático.

À cabeça de uma delegação chinesa de alto nível e com o secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, To Lam, o principal dirigente do Vietname, Xi Jinping levou oferendas ao mausoléu de Ho Chi Minh (1890-1969) na capital vietnamita.

Ho Chi Minh, o mais importante líder revolucionário do Vietname, foi o primeiro presidente da República Democrática do Vietname (Vietname do Norte) de 1951 até à sua morte e é ainda hoje venerado pela maioria dos vietnamitas.

Apesar da oposição do líder à criação de templos e estátuas em seu nome, seis anos após a sua morte, na sequência da vitória do Norte comunista sobre o Sul pró-americano na Guerra do Vietname, o mausoléu onde repousam os seus restos mortais foi construído em Hanói e tornou-se uma das principais atrações da capital.

Durante a visita de Xi ao país do Sudeste Asiático, o Vietname e a China assinaram 45 acordos de cooperação, em áreas como a inteligência artificial (IA), o comércio de produtos agrícolas e a cooperação aduaneira.

Acertar agulhas

A visita de Xi ao país vizinho, com o qual Pequim também mantém tensões, sobretudo relacionadas com disputas territoriais, está carregada de simbolismo e surge numa altura em que ambas as partes ponderam opções face à guerra comercial do Presidente norte-americano, Donald Trump.

Pequim enfrenta taxas de 145 por cento, às quais respondeu com taxas de 125 por cento, enquanto o Vietname está a negociar reduções nas tarifas de 46 por cento anunciadas e depois temporariamente suspensas por Washington.

Continuando o seu périplo pelo Sudeste Asiático, que considera uma “prioridade diplomática” dadas as profundas relações comerciais entre os dois actores – a China é o principal parceiro comercial da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) – Xi deslocou-se ontem à Malásia, segunda paragem de uma viagem que terminará no Camboja.

16 Abr 2025

China-EUA | Analistas estimam que ruptura de mercados pode custar biliões

Uma dissociação entre os mercados de capitais da China e dos Estados Unidos pode custar 2,5 biliões de dólares num “cenário extremo”, advertiu o banco de investimento Goldman Sachs

 

Os investidores norte-americanos poderiam ser obrigados a vender cerca de 800 mil milhões de dólares em acções chinesas negociadas nas bolsas norte-americanas, em caso de dissociação, afirmaram analistas do banco. A China poderia liquidar as suas participações no Tesouro dos EUA e em acções, no valor de 1,3 bilião de dólares (mais 1,1 bilião de euros) e 370 mil milhões de dólares, respectivamente.

O risco de dissociação entre as duas maiores economias do mundo poderá ir para além do comércio, segundo o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que disse que a opção de retirar empresas chinesas da lista das empresas negociadas nos mercados de capitais dos EUA “está em cima da mesa”.

A Administração de Donald Trump impôs já uma taxa de 145 por cento sobre produtos oriundos da China, enquanto Pequim contra-atacou com uma taxa de 125 por cento sobre todos os bens oriundos dos Estados Unidos e outra de 25 por cento sobre determinados produtos.

“Nos mercados de capitais, os investidores em acções estão muito concentrados no risco renovado de exclusão dos ADR (American Depositary Receipts) chineses”, afirmaram os analistas do Goldman no relatório.

Se a ameaça se concretizar, afectará cerca de 300 empresas, incluindo algumas das maiores empresas tecnológicas da China, que estão cotadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) ou no Nasdaq, com uma capitalização bolsista conjunta de 1,1 biliões de dólares, de acordo com a Comissão de Análise Económica e de Segurança EUA-China.

De acordo com James Wang, director de estratégia para a China do UBS Investment Bank Research, a exclusão das empresas chinesas dos EUA poderia ter implicações fundamentais significativas, incluindo a redução do acesso a um maior volume de capital nos EUA, a potencial redução dos múltiplos de avaliação, devido à perda da base de investidores e a uma menor liquidez. “No entanto, notamos que o levantamento de capital a partir de ADRs [lotes de ações de uma empresa não-americana negociadas em bolsas de outros países] diminuiu nos últimos anos, enquanto o papel de Hong Kong aumentou”, acrescentou.

Retorno a casa

O grupo Alibaba é a maior empresa chinesa cotada nos EUA, com uma capitalização bolsista actual de 257 mil milhões de dólares. A rival de comércio electrónico PDD Holdings é a segunda, com um valor de mercado de 125,7 mil milhões de dólares.

Em 2022, cinco empresas estatais chinesas – PetroChina, China Petroleum and Chemical Corp, China Life Insurance, Aluminium Corporation of China e Sinopec Shanghai Petrochemical – deixaram de ser cotadas nos EUA devido a uma disputa em matéria de auditoria. A crise foi posteriormente resolvida depois de as autoridades reguladoras de ambas as partes terem chegado a um acordo para permitir a realização de inspecções de auditoria em Hong Kong.

Desde então, muitas empresas cotadas nos EUA procuraram obter cotações secundárias em Hong Kong ou converteram-se num estatuto de dupla cotação primária para evitar a ameaça de exclusão nos EUA.

“Acreditamos que a potencial admissão à cotação em Hong Kong destas empresas poderia provavelmente catalisar uma reavaliação, dada a flexibilidade de os investidores norte-americanos converterem os seus ADR em acções de Hong Kong” em caso de um evento de liquidez perturbador, afirmaram os analistas do Goldman.

16 Abr 2025

Timor-Leste | Hospital de referência abre inquérito a morte de doente

O Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV), em Díli, reconheceu ontem a falta de assistência a um doente que morreu no domingo naquele estabelecimento hospitalar de Timor-Leste e vai abrir um inquérito.

“É verdade que reconhecemos a falta de assistência médica e isso poderá ter levado à morte do nosso paciente, que estava internado já quase há uma semana”, afirmou aos jornalistas Vidal de Jesus Lopes, director do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HNGV.

Vidal de Jesus explicou que a direcção do HNGV já recebeu o relatório dos médicos e enfermeiros que estiveram de serviço durante a noite, e que vai criar uma equipa independente para investigar o caso. “O paciente morreu devido a uma hemorragia, mas é preciso apurar se foi isso que causou a morte ou se houve outro motivo”, salientou.

Segundo a família do doente, um homem de 81 anos, terá sido sempre assistido por estudantes estagiários do curso de medicina. “É verdade que houve uma falha da nossa parte, pois os nossos profissionais seniores deveriam ter supervisionado melhor. Vamos corrigir isso”, reconheceu o director hospitalar.

O director do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HNGV afirmou também que os funcionários do hospital atendem sempre os doentes com “cuidado, dedicação e sentido de responsabilidade”. “Reconhecemos que qualquer actuação dos estagiários deve ser supervisionada pelos profissionais seniores. Para o futuro, assumimos esta responsabilidade e vamos trabalhar para que situações como esta não se repitam”, afirmou.

Vidal de Jesus lamentou também que muitas vezes os doentes já cheguem ao hospital com situações de saúde muito complicadas para quais já não é possível tratamento.

15 Abr 2025