Coreia do Sul | Ex-presidente nega insurreição

O ex-presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, negou ontem ter cometido qualquer acto de insurreição durante a tentativa de impor a lei marcial em Dezembro

“Descrever um acontecimento que durou apenas algumas horas, que não foi violento, e concordar imediatamente em descrever o pedido de dissolução da Assembleia Nacional como uma insurreição (…) parece-me juridicamente infundado”, declarou perante o Tribunal Central de Seul, que após duas audiências preliminares começou ontem a julgar o caso, que pode resultar numa condenação Yoon Suk Yeol a prisão perpétua ou mesmo a pena de morte.

Destituído pelo Tribunal Constitucional em 4 de Abril, depois de ter sido suspenso do cargo em meados de Dezembro, Yoon enfrenta agora acusações criminais. Apesar das pesadas penas a que foi sujeito, encontra-se em liberdade, tendo a sua prisão preventiva sido anulada por razões processuais em 8 de Março.

Como todos os arguidos, o antigo chefe de Estado teve de começar por dizer o seu nome, data de nascimento e morada. A acusação incrimina Yoon Suk Yeol de “querer provocar uma revolta, com o objectivo de derrubar a ordem constitucional”, salientando que a lei marcial foi preparada com antecedência e que foram dadas ordens ao exército para cortar a electricidade e partir as janelas do Parlamento.

Yoon, antigo procurador-geral, eleito chefe de Estado em 2022, começou ontem a refutar as acusações ponto por ponto. A maioria dos especialistas espera que o processo seja longo, fazendo comparações com o do ex-presidente Park Geun-hye, que foi destituído em Março de 2017, mas cuja condenação final por tráfico de influências e corrupção só foi proferida pelo Supremo Tribunal em Janeiro de 2021.

“O veredicto em primeira instância deverá ser proferido por volta do mês de Agosto, mas o processo envolve cerca de 70 mil páginas de provas e numerosas testemunhas. Se o tribunal considerar necessário, o julgamento poderá ser prolongado”, declarou à agência de notícias France-Presse o advogado Min Kyoung-sic.

Olhar para trás

Entre outros, o tribunal vai ouvir o testemunho de dois oficiais do exército citados pelos procuradores, um dos quais afirmou ter recebido ordens dos seus superiores “para retirar os deputados reunidos na Assembleia Nacional para impor a lei marcial”.

Na noite de 3 para 4 de Dezembro de 2024, Yoon Suk Yeol impôs de forma inesperada a lei marcial, enviando o exército para bloquear o parlamento, dominado pela oposição. No entanto, poucas horas mais tarde, um número elevado de deputados conseguiu reunir-se para votar pelo levantamento da lei marcial, numa crise que apanhou o país de surpresa.

Se for condenado, Yoon será o terceiro antigo presidente da Coreia do Sul a ser condenado por insurreição, depois de Chun Doo-hwan e Roh Tae-woo, em 1996, por um golpe de Estado efectuado em 1979.
De acordo com o advogado Min Kyoung-sic, o tribunal poderá aplicar a Yoon a jurisprudência do julgamento de Chun e Roh, uma vez que as suas acções “também envolveram a utilização coerciva das forças armadas”.

15 Abr 2025

Xi diz que proteccionismo não leva a lado nenhum, antes de périplo asiático

O Presidente chinês, Xi Jinping, considera que o proteccionismo “não leva a lado nenhum” e que uma guerra comercial “não produzirá vencedores”, noticiou a imprensa local, antes de o dirigente visitar o Vietname.

Xi vai realizar esta semana um périplo pelo Sudeste Asiático para reforçar as relações comerciais do seu país e tentar reforçar a confiança na China como um parceiro de confiança, ao contrário dos Estados Unidos, que lançaram uma ofensiva comercial global. O Presidente chinês vai deslocar-se ao Vietname, Malásia e Camboja, onde se reunirá com os seus homólogos, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Estas são as primeiras visitas internacionais de Xi Jinping este ano.

“Os nossos dois países devem salvaguardar firmemente o sistema comercial multilateral, a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais e um ambiente internacional de abertura e cooperação”, escreveu o líder chinês no jornal vietnamita Nhan Dan, de acordo com a agência noticiosa oficial da China.

“Uma guerra comercial e uma guerra tarifária não produzem vencedores, e o proteccionismo não leva a lado nenhum”, sublinhou.

A visita do Presidente chinês ocorre numa altura em que o país asiático tenta emergir como um parceiro estável em contraste com os Estados Unidos, cujo Presidente Donald Trump lançou uma ofensiva comercial com novas taxas alfandegárias fixadas em 145 por cento sobre os produtos chineses, excluindo algumas isenções. Esta medida abalou os mercados mundiais e levou Pequim a retaliar.

O Vietname está a negociar uma redução de 46 por cento das tarifas norte-americanas que, após a suspensão temporária de 90 dias anunciada por Trump, poderá entrar em vigor a partir de Julho.
Xi Jinping chegou ontem ao Vietname, onde deve permanecer dois dias, na sua primeira viagem ao país vizinho desde Dezembro de 2023.

Os dois países mantêm relações económicas fortes. No entanto, são regularmente perturbadas por disputas territoriais no Mar do Sul da China, particularmente devido a reivindicações concorrentes do arquipélago das Paracels. A China reivindica a quase totalidade das ilhotas do Mar do Sul da China, enquanto os outros países costeiros (Filipinas, Vietname, Brunei, Malásia) têm reivindicações rivais.

É a falar

Xi Jinping garantiu num artigo publicado num jornal vietnamita que Pequim e Hanói são capazes de resolver estes litígios através do diálogo. “Devemos gerir as disputas de forma adequada e salvaguardar a paz e a estabilidade na nossa região”, escreveu Xi. “Com a nossa visão, somos plenamente capazes de resolver correctamente as questões marítimas através de consultas e negociações”, apontou.

Xi sublinhou a necessidade de Pequim e Hanói “reforçarem a coordenação” em vários sectores, como a educação, a agricultura, as infra-estruturas e a tecnologia. Durante a sua visita, a segunda em menos de 18 meses, os dois países assinarão cerca de 40 acordos bilaterais sobre uma vasta gama de questões.

A China é o principal parceiro comercial do Vietname há mais de duas décadas e, em 2024, o comércio bilateral ultrapassou os 260 mil milhões de dólares (228 mil milhões de euros), segundo dados oficiais.
Nos últimos anos, o Vietname, outrora inimigo histórico dos EUA, aproximou-se de Washington com o objectivo de diversificar as suas exportações, o principal motor económico do país. Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), muitas empresas mudaram-se da China para o Vietname para evitar as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses.

15 Abr 2025

Tarifas | Pequim pede a Washington diálogo justo e baseado no respeito

A China afirmou que as tarifas de Donald Trump prejudicam a ordem económica e comercial internacional e apelou a Washington para “resolver os problemas através de um diálogo justo baseado no respeito mútuo”. Apesar de tudo, as exportações chinesas subiram 12,4 por cento em Março

 

“Exortamos os Estados Unidos a corrigir imediatamente a sua abordagem errada e a resolver as diferenças comerciais através do diálogo”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Lin vincou que “os EUA colocam os seus interesses à frente do bem comum da comunidade internacional, o que é um exemplo típico de intimidação tarifária”. O porta-voz reiterou que “numa guerra comercial ninguém ganha” e que “o proteccionismo não oferece nenhuma saída”.

A guerra comercial desencadeada por Trump intensificou-se a 2 de Abril, com o anúncio de “tarifas recíprocas” contra o resto do mundo, uma medida que retificou uma semana depois, perante a queda dos mercados e o aumento do custo de financiamento da dívida norte-americana.

Mas enquanto suavizava a sua ofensiva com a maioria dos países, aplicando uma tarifa generalizada de 10 por cento, decidiu aumentar as taxas sobre a China, que estão agora fixadas em 145 por cento. Entretanto, este fim-de-semana, Washington decidiu isentar muitos produtos tecnológicos chineses. Trump disse no domingo que as tarifas sobre semicondutores serão implementadas “num futuro próximo” e que anunciará as taxas ainda esta semana, como parte da sua guerra comercial.

No domingo, a China classificou a isenção de tarifas sobre certos produtos electrónicos chineses como “um pequeno passo” para que os Estados Unidos “corrijam a sua prática errada” e instou Washington a “cancelar completamente” as taxas.

Para Pequim, as tarifas norte-americanas “não só violam as leis económicas e de mercado básicas, como também ignoram a cooperação complementar e a relação oferta – procura entre os países”.

Pedidos e encomendas

As exportações da China aumentaram 12,4 por cento em Março, em termos homólogos, à medida que as empresas se apressaram a concluir encomendas, antes da entrada em vigor das tarifas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

As importações caíram 4,3 por cento, de acordo com dados divulgados pela Administração das Alfândegas da China.
Segundo a mesma fonte, as exportações da segunda maior economia do mundo aumentaram 5,8 por cento, nos primeiros três meses do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as importações caíram 7 por cento.

O excedente comercial da China com os Estados Unidos foi de 27,6 mil milhões de dólares em Março, tendo as exportações chinesas aumentado 4,5 por cento. No primeiro trimestre do ano, o país asiático registou um excedente de 76,6 mil milhões de dólares nas trocas comerciais com os EUA.

Tendo em conta as tarifas aplicadas pela Casa Branca aos produtos chineses, importa referir que os maiores aumentos nas exportações foram para os países do Sudeste Asiático, que viram as importações oriundas da China saltar quase 17 por cento, em Março, em relação ao período homólogo. As exportações para África aumentaram mais de 11 por cento.

O Presidente chinês, Xi Jinping, partiu ontem para o Vietname (ver texto secundário), como parte de um périplo que também inclui Malásia e Camboja, visando reforçar laços comerciais com outros países asiáticos que também enfrentam tarifas pesadas, embora na semana passada Trump tenha adiado a respectiva aplicação por 90 dias. As exportações da China para o Vietname aumentaram quase 17 por cento no mês passado, em relação a Março do ano passado, enquanto as importações caíram 2,7 por cento.

Liu Daliang, porta-voz da Administração das Alfândegas chinesas, disse que a China enfrenta uma “situação externa complexa e grave”, mas que “o céu não vai cair”.

Questionado sobre a queda das importações chinesas, Liu disse aos jornalistas que a China é há 16 anos consecutivos o segundo maior importador do mundo, aumentando a sua quota das importações globais de cerca de 8 para 10,5 por cento. “Actualmente e no futuro, o espaço de crescimento das importações da China é enorme e o grande mercado chinês será sempre uma grande oportunidade para o mundo”, afirmou.

15 Abr 2025

Timor-Leste | Díli recebe reunião interministerial do g7+

A capital de Timor-Leste vai receber amanhã e sábado a sexta reunião ministerial do g7+ que vai juntar pela primeira vez os chefes da diplomacia da organização, que assinala 15 anos de existência. O g7+ é um fórum no qual os países-membros procuram influenciar o discurso global sobre paz, estabilidade e resiliência, bem como definir acções conjuntas para atingir aqueles objectivos.

A organização intergovernamental foi estabelecida em 10 de Abril de 2010, em Díli, e surgiu com a preocupação, partilhada pelos seus Estados-membros, de que a cooperação tradicional para o desenvolvimento não melhorava a situação das nações frágeis.

“O objectivo desta reunião, a sexta reunião ministerial do g7+, é reflectir sobre os progressos alcançados durante os 15 anos do seu estabelecimento”, afirmou o secretário-geral do g7+, Hélder da Costa.

O encontro, que tradicionalmente reúne os ministros das Finanças, Planeamento ou Economia dos Estados-membros, vai juntar pela primeira vez os chefes da diplomacia de vários países por causa da “política global”, para ser feita uma “reflexão sobre o roteiro para os próximos anos” e porque o g7+ tem uma “voz cada vez mais global”, disse Hélder da Costa.

A reunião, coorganizada com o Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense, começa exactamente com uma intervenção do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, sobre “salvaguardar a paz em tempos turbulentos: a visão do g7+”.

O encontro fará também uma apresentação sobre o percurso da organização durante os últimos 15 anos e um debate sobre a cooperação entre os Estados-membros. O g7+ tem estatuto de observador junto da Assembleia-Geral da ONU desde Dezembro de 2019 e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa desde Julho de 2021.

Afeganistão, Burundi, República Centro-Africana, Chade, Comores, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Haiti, Libéria, Papua-Nova Guiné, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa, Ilhas Salomão, Somália, Sudão do Sul, Timor-Leste, Togo e Iémen são os Estados-membros do g7+.

9 Abr 2025

Tarifas | Japão diz que negociações com EUA incluem taxas de câmbio

O ministro das Finanças japonês, Katsunobu Kato, indicou ontem que a taxa de câmbio entre o dólar e o iene vai estar em cima da mesa nas negociações com os Estados Unidos sobre tarifas.

Kato confirmou o que os analistas têm vindo a sugerir, com base no objectivo prioritário dos Estados Unidos de reduzir a balança comercial com países com os quais têm défice e aos quais aplicou tarifas – a que chama de recíprocas -, como o Japão.

“Houve várias comunicações com o lado norte-americano, incluindo sobre taxas de câmbio, e então os movimentos nos mercados de câmbio podem estar entre os temas discutidos, embora os detalhes ainda não tenham sido determinados”, referiu Kato num discurso no Parlamento japonês. O dirigente também explicou que as discussões sobre a taxa de câmbio vão ser realizadas entre os ministros das Finanças de ambos os países.

O Governo japonês anunciou na terça-feira que o ministro responsável pela Revitalização Económica e Novo Capitalismo, Ryosei Akazawa, vai ser o principal representante de Tóquio nas negociações tarifárias. Washington, por sua vez, nomeou a dupla formada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, e pelo representante comercial, Jamieson Greer, para liderar a equipa.

9 Abr 2025

Visita | Elogiado papel de Espanha na aproximação da China à UE

A China destacou ontem o papel positivo que Espanha está a desempenhar na melhoria das relações entre Pequim e a União Europeia, num contexto de crescentes tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos.

“Os laços entre a China e a Espanha mantêm a estabilidade estratégica e baseiam-se na abertura, na cooperação e no benefício mútuo”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, numa conferência de imprensa em Pequim, onde o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, tem previsto iniciar amanhã uma visita oficial.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros descreveu a Espanha como “uma importante economia europeia e um parceiro de cooperação fundamental no seio da União Europeia”.

A viagem acontece num período de escalada da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos e depois de o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, ter falado com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Os dois líderes comprometeram-se a defender o comércio livre e a reforçar o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Sánchez será recebido em Pequim pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e terá reuniões com o primeiro-ministro, Li Qiang, visando diversificar os mercados de exportação, reforçar os laços económicos com a Ásia e enfrentar desafios globais como as alterações climáticas e a guerra na Ucrânia.

9 Abr 2025

UE | Câmara de Comércio na China diz que empresas devem repensar estratégias

A Câmara de Comércio da União Europeia na China afirmou ontem que as taxas alfandegárias de 104 por cento impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses “exigem um repensar estratégico dos modelos de negócio e das cadeias de abastecimento”.

A instituição afirmou, em comunicado, que as taxas conduzirão a “aumentos substanciais dos custos operacionais” e “a ineficiências”, o que, em última análise, significará “preços mais elevados para os consumidores”.

Muitas das empresas que são membros da Câmara já alteraram ou estão a alterar as suas estratégias comerciais para um modelo “na China para a China”. “Isto tanto para mitigar os riscos decorrentes das tensões comerciais e para cumprir os requisitos regulamentares e de aquisição da China, que promovem cada vez mais os produtos ‘made in China’, como por razões comerciais”, acrescentou o texto.

Segundo a instituição, num contexto em que os Estados Unidos estão “a recuar em muitos dos princípios que sustentaram a sua abordagem comercial global, gerando uma incerteza económica global sem precedentes”, a China tem agora “a oportunidade de estabelecer um ambiente de negócios que proporcione a estabilidade e a fiabilidade de que os investidores necessitam”.

9 Abr 2025

Tarifas | Xi Jinping defende reforço de laços com vizinhos

O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem ao “reforço dos laços estratégicos com os países vizinhos”, na sua primeira aparição pública desde que Donald Trump aumentou para 104 por cento as taxas alfandegárias sobre a China.

Xi, que não mencionou o Presidente norte-americano, instou os seus funcionários, durante uma reunião de trabalho, a melhorarem as relações com os países vizinhos “através de uma gestão adequada das diferenças”, com vista a “reforçar os laços nas cadeias de abastecimento”, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

As relações da China com os países vizinhos estão “no seu melhor nível na História moderna” e, ao mesmo tempo, Pequim está a entrar “numa fase crucial profundamente interligada com as mudanças na dinâmica regional e nos desenvolvimentos globais”, observou.

O líder chinês defendeu que a diplomacia da China com os seus vizinhos se baseará na construção de uma “comunidade de futuro partilhado”, uma das frases mais repetidas pelos líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) em que se defende que a prosperidade só é sustentável se as nações trabalharem em conjunto.

Na reunião, foi salientado igualmente que a China deve reforçar o seu sentido de responsabilidade e manter uma “diplomacia de vizinhança de amizade, sinceridade, benefício mútuo e inclusividade”.

Gestão de diferenças

Foi igualmente sublinhado que a China deve “apoiar os países da região a manterem as suas próprias vias de desenvolvimento e a gerirem correctamente os conflitos e as diferenças”.

“Devemos construir uma rede de interconexão de alto nível e reforçar a cooperação nas cadeias industriais e de abastecimento”, acrescentou o líder chinês, frisando a importância de “manter conjuntamente a estabilidade regional e cooperar em matéria de segurança e aplicação da lei”.

O líder chinês não fez qualquer referência aos Estados Unidos e Pequim tem sublinhado até agora que não vai ceder às tarifas de Trump. Trump ordenou na terça-feira a aplicação de uma tarifa adicional de 50 por cento sobre os produtos chineses, elevando o total das taxas alfandegárias para 104 por cento.

Pequim anunciou anteriormente uma taxa de 34 por cento sobre os produtos norte-americanos, depois de Trump ter imposto uma taxa na mesma percentagem sobre os produtos chineses, e anunciou ontem um acréscimo de 50 por cento à taxa imposta, totalizando agora uma tarifa de 84 por cento.

Nas possíveis futuras negociações entre Pequim e Washington está também o futuro das operações da aplicação TikTok nos EUA, que o Governo de Trump exigiu que se desligue da sua empresa-mãe, a chinesa ByteDance, para poder operar em território norte-americano.

Mais 50 por cento

A China anunciou ontem uma taxa adicional de retaliação de 50 por cento sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84 por cento, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. O Ministério das Finanças chinês afirmou que as novas taxas se aplicam para além das 34 por cento anteriormente anunciados sobre as importações dos Estados Unidos. As taxas entram hoje em vigor.

9 Abr 2025

Bolsas asiáticas recuperam após perdas devido à guerra comercial

As bolsas asiáticas regressaram ontem aos ganhos, depois de fortes perdas na segunda-feira, marcadas por receios de uma guerra comercial desencadeada por Washington, e depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, prometer “acordos justos” com quem negociar tarifas.

Acompanhando a moderação de perdas registada por Wall Street, as principais praças asiáticas abriram com ganhos, lideradas por Tóquio, que subiu mais de 5 por cento na abertura, depois de registar perdas históricas no dia anterior.

O principal índice da Bolsa de Hong Kong, o Hang Seng, subia cerca de 1,58 por cento a meio da sessão de terça-feira, após a maior queda em quase trinta anos, na segunda-feira: 13,2 por cento.

Em Tóquio, o Nikkei subia 6,08 por cento a meio da sessão de negociação, depois de ter caído quase 8 por cento na segunda-feira, enquanto as bolsas de referência de Xangai e Shenzhen, que registaram quedas de 7,34 por cento e 9,66 por cento, respectivamente, na segunda-feira, estavam em terreno positivo ligeiro, 0,91 por cento e 0,42 por cento respectivamente.

Respostas prontas

O Presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou aplicar tarifas adicionais de 50 por cento à China, se Pequim não recuar com as taxas impostas aos produtos norte-americanos. Em resposta, o Ministério do Comércio do gigante asiático respondeu ontem que as contramedidas anunciadas na passada sexta-feira são “completamente legítimas”.

O fundo estatal chinês Central Huijin Investment fez ontem saber que tem capacidade suficiente para garantir a estabilidade dos mercados de capitais do país e reafirmou a decisão de aumentar novamente a participação em fundos negociados em bolsa, depois de o ter feito na segunda-feira, quando as bolsas de Hong Kong e da China continental caíram fortemente.

O mercado bolsista de Taiwan abriu no vermelho, com o Taiex a cair quase 3 por cento poucos minutos após a abertura e depois de ter registado a maior queda diária da história da ilha na segunda-feira, com uma descida de 9,7 por cento.

Na Indonésia, o principal índice de referência da bolsa, que não operava desde 28 de Março, caiu mais de 9 por cento nos primeiros minutos da sessão, o que levou a uma paragem de meia hora, ao abrigo de um novo regulamento introduzido no dia anterior.

Nos restantes mercados do Sudeste Asiático, as bolsas abriram, na sua maioria, com perdas, lideradas pelo Vietname (-5,04 por cento), Tailândia (-4,08 por cento) – ambas as bolsas estiveram encerradas na segunda-feira – e Singapura (-1,63 por cento). Já as bolsas das Filipinas (+2,04 por cento) e da Malásia (+0,3 por cento) despertaram com ganhos.

9 Abr 2025

Tarifas | Von der Leyen pede a Li Qiang para evitar uma escalada

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu ontem que se “evite uma escalada” na sequência das tarifas aduaneiras impostas pelos Estados Unidos, durante uma conversa telefónica com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang.

Segundo um comunicado do executivo comunitário, durante o telefonema, “a presidente apelou a uma solução negociada para a situação actual, sublinhando a necessidade de evitar uma nova escalada. Von der Leyen apontou também a importância vital da estabilidade e da previsibilidade para a economia mundial.

Em resposta à perturbação generalizada causada pelos direitos aduaneiros dos Estados Unidos, a líder do executivo comunitário sublinhou a responsabilidade da Europa e da China, “enquanto dois dos maiores mercados mundiais”, de apoiar um sistema comercial sólido e reformado, livre, justo e assente em condições de concorrência equitativas.

Recordou igualmente a urgência de soluções estruturais para reequilibrar as relações comerciais bilaterais e garantir um melhor acesso das empresas, produtos e serviços europeus ao mercado chinês.

Por último, Ursula von der Leyen reafirmou junto do primeiro-ministro chinês o apoio firme da UE a uma paz justa e duradoura na Ucrânia, salientando que as condições de paz devem ser determinadas pela Ucrânia. Convidou a China a intensificar os seus esforços para contribuir de forma significativa para o processo de paz.

9 Abr 2025

EUA | Pequim critica observações de JD Vance sobre “camponeses chineses”

A China classificou como indelicados os comentários do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que afirmou numa entrevista que Washington estava a pedir dinheiro emprestado aos “camponeses chineses” e depois a comprar-lhes os frutos do seu trabalho.

Em entrevista ao canal de televisão Fox News, Vance defendeu a ofensiva comercial do Presidente Donald Trump, que abalou a economia mundial com a introdução de taxas alfandegárias, em particular contra a China, apesar dos receios de repercussões globais e das críticas dentro do seu próprio partido.

“Pedimos dinheiro emprestado aos camponeses chineses para comprar o que os camponeses chineses produzem”, afirmou Vance.

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse ontem que “a posição da China sobre as relações económicas e comerciais sino-americanas foi claramente expressa”. “É surpreendente e triste ouvir palavras tão ignorantes e indelicadas por parte deste vice-presidente”, afirmou Lin Jian, em conferência de imprensa.

O vice-presidente dos Estados Unidos disse que via esta medida como um antídoto para a “economia globalista”, que, na sua opinião, não está a funcionar em benefício do povo norte-americano. “Este não é um método para a prosperidade económica. Não é um método para preços baixos, e não é um método para bons empregos nos Estados Unidos da América”, acrescentou o braço direito de Donald Trump.

9 Abr 2025

China sem nada a perder se taxas aumentarem mais 50 por cento, dizem economistas

Pequim está a aproximar-se de um ponto em que não tem “nada a perder” na guerra comercial com Washington, afirmaram economistas, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado aumentar as taxas em mais 50 por cento sobre produtos chineses.

“A margem de lucro do sector exportador chinês é entre 30 por cento e 40 por cento”, escreveu Dan Wang, director para a China do grupo de reflexão (‘think tank’) Eurasia Group. “Se os Estados Unidos impuserem taxas alfandegárias superiores a 35 por cento, a maior parte dos seus lucros será eliminada. O facto de as taxas serem de 70 por cento ou mesmo de 1000 por cento não faz grande diferença, uma vez que impede a China de negociar directamente com os Estados Unidos”, argumentou.

Desde a sua tomada de posse, em Janeiro, Trump já aplicou uma sobretaxa adicional de 20 por cento sobre produtos chineses que entram nos Estados Unidos. Esta sobretaxa deverá aumentar para 54 por cento amanhã.

Em resposta, Pequim anunciou que vai impor taxas de 34 por cento sobre os produtos norte-americanos a partir de quinta-feira. O Presidente dos Estados Unidos ameaçou na segunda-feira aumentar as taxas em mais 50 por cento se Pequim mantiver a sua decisão.

No conjunto, as taxas iriam para cerca de 115 por cento, segundo Su Yue, economista principal para a China na Economist Intelligence Unit.

“Além disso, todas as conversações com a China sobre as reuniões que solicitaram connosco serão encerradas”, ameaçou Trump.

Wang explicou que, apesar de os exportadores chineses enfrentarem agora a nova realidade de um aumento permanente dos custos de exportação, isso não significa que as exportações vão parar. Pelo contrário, obriga os exportadores a encontrarem novos mercados e a reduzirem o envio de mercadorias directamente para os EUA.

Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico do banco de investimento francês Natixis, também minimizou a última ameaça de Trump.

“O mercado dos EUA já está fechado para os produtos chineses, pelo menos directamente da China para os EUA, pelo que [um aumento adicional de 50 por cento das tarifas] não é uma ameaça [eficaz]”, considerou. A decisão reflecte o facto de os EUA estarem a visar a China mais do que qualquer outro país, o que “já acontecia antes de a China retaliar”, frisou.

Erros e chantagens

A China ameaçou ontem “tomar resolutamente contramedidas para salvaguardar os seus próprios direitos e interesses”, em resposta à ameaça de Trump. Em comunicado, o Ministério do Comércio disse que a imposição pelos EUA das “chamadas ‘tarifas recíprocas’” à China é “completamente infundada e é uma prática típica de ‘bullying’ unilateral”.

“As contramedidas tomadas pela China têm como objectivo salvaguardar a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento e manter a ordem normal do comércio internacional. São completamente legítimas”, lê-se no comunicado. “A ameaça dos EUA de aumentar as taxas sobre a China é um erro em cima de um erro e mais uma vez expõe a natureza chantagista dos EUA. A China nunca aceitará isso. Se os EUA insistirem nesse caminho, a China lutará até ao fim”, apontou.

9 Abr 2025

Visita | PM espanhol na China pela terceira vez em dois anos

Em plena guerra comercial, o líder do governo espanhol regressa à China para estabelecer acordos bilaterais com o gigante asiático

 

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, visita esta semana dois dos países mais afectados pelas novas taxas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos, o Vietname e a China, para promover o comércio e os investimentos bilaterais.

No caso da China, é a terceira vez em apenas dois anos que Sánchez visita Pequim e vai reunir-se de novo com o Presidente do país, Xi Jinping, como já aconteceu em Março de 2023 e Setembro de 2024.

Esta viagem à Ásia ocorre poucos dias depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a intenção de impor e agravar taxas sobre produtos importados pelo país, com a China e o Vietname a serem alvo das maiores percentagens: 34 por cento e 46 por cento, respectivamente.

O Governo espanhol realçou nos últimos dias que as visitas de Sánchez ao Vietname e à China foram coordenadas com a União Europeia (UE) e já estavam previstas antes dos anúncios de Trump.

A ida de Sánchez ao Vietname e à China não é, assim, uma resposta à guerra comercial norte-americana nem “contra ninguém”, disseram as mesmas fontes, que reconheceram, porém, que a viagem adquiriu uma relevância nova no contexto dos últimos dias.

O objectivo de Espanha é diversificar mercados para exportação, assim como de destino e origem de investimentos, mas não substituir a relação comercial com os EUA, disse o Governo espanhol. Espanha tem com o Vietname e a China um enorme desequilíbrio comercial, que pretende reduzir.

Segundo dados oficiais, em 2024, Espanha importou do Vietname 5.200 milhões de euros e exportou 530 milhões. No caso da China, as importações ascenderam a 45 mil milhões de euros e as exportações a 7.400 milhões.

Chave da diversificação

Na semana passada, no dia seguinte ao anúncio das novas taxas comerciais dos EUA, Sánchez acusou Trump de ter iniciado uma guerra comercial “injusta e injustificada contra tudo e contra todos” e com um “ataque unilateral”.

O primeiro-ministro espanhol apelou a uma resposta da UE que passe pela negociação com os EUA e pela imposição de taxas recíprocas, mas também pela diversificação dos parceiros comerciais, em linha com o princípio da “autonomia estratégica da Europa” em que os dirigentes europeus têm insistido nos últimos anos, sobretudo após a guerra na Ucrânia iniciada pela Rússia.

A China “tem de ser um parceiro estratégico no futuro” e “independentemente da situação actual em relação aos Estados Unidos”, disse na segunda-feira o ministro espanhol da Economia, Carlos Cuerpo, no Luxemburgo, à chegada a uma reunião de ministros da UE com a pasta do comércio.

Cuerpo realçou que Espanha está “há vários anos a insistir no reforço desta relação” da UE com a China.

“Entre outras coisas porque nos ajuda a abrir um mercado importantíssimo e, além disso, é uma fonte potencial de investimentos no nosso continente, nos nossos países”, acrescentou o ministro, que afirmou que Espanha quer “estabelecer uma relação estratégica com a China”.

Plano de viagem

Sánchez inicia amanhã a primeira visita de um primeiro-ministro espanhol ao Vietname, que inclui encontros com os líderes políticos do país e com empresários. Chega à China na sexta-feira e tem na agenda encontros, em Pequim, com o Presidente chinês, Xi Jinping, o primeiro-ministro, Li Qiang, e com empresários chineses.

A visita anterior, em Setembro de 2024, coincidiu com um momento de tensão entre a União Europeia e a China, por causa da decisão de Bruxelas de avançar com novas taxas sobre a importação de carros eléctricos chineses e a ameaça de Pequim de retaliação em relação à carne de porco europeia, de que Espanha é um dos maiores produtores dentro do bloco comunitário.

Para além do comércio, Espanha atraiu nos últimos anos investimentos chineses significativos. Segundo dados oficiais das autoridades de Espanha, empresas chinesas têm investidos mais de 10 mil milhões de euros no país para a produção de carros eléctricos, a par de outros projetos na área das baterias ou dos eletrolisadores (usados na produção do designado hidrogénio verde).

9 Abr 2025

Economia | Bolsas asiáticas caem a pique após colapso de Wall Street

As acções asiáticas abriram ontem em forte queda, dando seguimento ao colapso de sexta-feira em Wall Street devido à imposição de tarifas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e à reacção de Pequim.

Os mercados de futuros nos EUA também fecharam no vermelho, com o S&P 500 a perdeu 4,2 por cento, enquanto o Dow Jones Industrial Average caiu 3,5 por cento. O índice Nasdaq perdeu 5,3 por cento.

As negociações em Tóquio abriram em queda expressiva, com o Nikkei, o principal índice da bolsa nipónica, a perder quase 8 por cento, logo após a abertura do mercado. Uma hora mais tarde, estava a cair 7,1 por cento, para 31 375,71. O segundo índice nipónico, o Topix, também abriu a perder 8,64 por cento no início da sessão.

O Kospi da Coreia do Sul abriu a perder 5,5 por cento para 2.328,52, enquanto o S&P/ASX 200 da Austrália começou as negociações a cair 6,3 por cento para 7.184,70.

O índice de referência da Bolsa de Taipé, o Taiex, poucos minutos após a abertura, caiu 9,8 por cento, perdendo 2.054 pontos, para 19.243, com a empresa tecnológica Hon Hai (Foxconn), o maior fabricante mundial de produtos electrónicos, e a gigante taiwanesa TSMC, que domina o mercado mundial de fundição de chips, a registarem também perdas próximas dos 10 por cento.

De igual modo, os preços do petróleo continuaram em plano descendente, com o preço de referência do petróleo dos EUA a cair 4 por cento, ou 2,50 dólares, para 59,49 dólares por barril. O petróleo Brent, o padrão internacional, cedeu 2,25 dólares para 63,33 dólares por barril.

O mercado monetário também registou grandes movimentos, com o dólar americano a cair para 145,98 ienes japoneses, de 146,94 ienes, sendo que iene é muitas vezes visto como um porto seguro em tempos de turbulência. O euro subiu de 1,0962 dólares para 1,0967 dólares.

Recessão à vista

Na sexta-feira, no pior registo desde a Covid-19, Wall Street fechou com o S&P 500 a cair 6 por cento e o Dow 5,5 por cento. O Nasdaq composto caiu 5,8 por cento.

As perdas aceleraram depois de a China ter igualado o grande aumento dos direitos aduaneiros anunciado por Trump na quarta-feira da semana passada, fazendo subir a parada numa guerra comercial que poderá terminar com uma recessão da economia mundial.

Mesmo um relatório melhor do que o esperado sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos, divulgado na sexta-feira, que normalmente se assume como o destaque económico de cada mês, não foi suficiente para suster a queda dos mercados. Todas as acções das 500 empresas do índice S&P 500, excepto 14, caíram na sexta-feira.

A resposta da China às tarifas norte-americanas provocou uma aceleração imediata das perdas nos mercados mundiais. O Ministério do Comércio de Pequim anunciou que irá responder às tarifas de 34 por cento impostas pelos EUA sobre as importações da China com a sua própria tarifa de 34 por cento sobre as importações de todos os produtos norte-americanos a partir de 10 de abril, entre outras medidas.

Os Estados Unidos e a China são as duas maiores economias do mundo. Trump anunciou na quarta-feira que vai impor tarifas a países de todo o mundo. Sobre as taxas, o Presidente dos EUA disse que “vão trazer um crescimento como nunca se viu” e “mais rápido do que se pensa”.

No caso da UE, Trump referiu que a tarifa será de 20 por cento, uma vez que, segundo explicou, o bloco europeu tributa os produtos norte-americanos em 39 por cento, em média, enquanto a Coreia do Sul, por exemplo, os tributa em quase 50 por cento, em média. As tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos sul-coreanos serão de 26 por cento.

7 Abr 2025

Japão | Casal imperial de visita a Iwo Jima

A visita dos imperadores japoneses serve para assinalar o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, num território que foi palco de uma das batalhas mais sangrentas do conflito

 

Os imperadores do Japão, Naruhito e Masako, chegaram ontem à ilha de Iwo Jima, cenário de uma das batalhas mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial, no âmbito das celebrações do 80.º aniversário do fim do conflito global.

É a primeira vez que o casal imperial visita a ilha remota, agora oficialmente designada Ioto, situada a cerca de 1.250 quilómetros a sul de Tóquio, onde irá prestar uma homenagem diante dos memoriais de guerra aí erguidos.

A Batalha de Iwo Jima é considerada uma das batalhas mais sangrentas da Campanha do Pacífico da Segunda Guerra Mundial. Durante as cinco semanas que durou, cerca de 7.000 soldados norte-americanos e quase 22.000 soldados japoneses foram mortos, entre 80.000 soldados que combateram nesta ilha de apenas 21 quilómetros quadrados.

A tomada da ilha, remota e fortemente fortificada, em 26 de Março de 1945, foi considerada um passo fundamental no avanço das forças aliadas no Pacífico, com vista a invadir o território principal do arquipélago japonês, embora a importância estratégica da batalha seja ainda debatida pelos especialistas.

A ilha foi devolvida à soberania japonesa em 1968 e oficialmente rebatizada Ioto em 2007, a pedido dos habitantes da zona, nome efectivamente utilizado pelos antigos habitantes. A ilha foi erradamente designada por Iwo Jima quando os habitantes foram retirados pouco antes da batalha.

Após a ocupação, os habitantes não foram autorizados a regressar e, durante a ocupação norte-americana, a ilha manteve esse nome, o que contribuiu para popularizar a legenda da fotografia histórica de Joe Roshental, em que os fuzileiros navais norte-americanos estão a hastear a bandeira dos EUA, uma imagem adaptada para o cinema por Clint Eastwood.

Outras visitas

Em 1994, os imperadores Akihito e Michiko visitaram a ilha para prestar homenagem, no âmbito do 50.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, assinalado um ano mais tarde.

A presença de Naruhito e Masako segue-se a uma homenagem anterior, em 29 de Março, protagonizada pelo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, e pelos ministros da Defesa do Japão e dos Estados Unidos, Gen Nakatani e Pete Hegseth.

A digressão dos imperadores, este ano, prossegue em Junho com uma passagem por Okinawa, a prefeitura da ilha mais a sul do Japão, onde teve lugar outra das batalhas mais emblemáticas desta guerra, a Batalha de Okinawa.

Nos próximos meses, o casal imperial visitará ainda Hiroshima e Nagasaki, na primeira viagem às cidades devastadas pelos bombardeamentos nucleares norte-americanos desde que ascenderam ao trono.

7 Abr 2025

China preparada para travar combate comercial com EUA

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) admitiu ontem que as taxas impostas por Washington terão impacto na economia chinesa, mas ressalvou que a liderança em Pequim já vinha a preparar-se para este momento.

“Embora os mercados internacionais considerem, de modo geral, que os abusos tarifários dos Estados Unidos excederam as expectativas, o Comité Central do Partido [Comunista] já tinha previsto esta nova ronda de contenção e repressão económica e comercial contra a China, estimou plenamente o seu potencial impacto e preparou planos de resposta com tempo de antecipação e reservas suficientes”, afirmou o Diário do Povo.

Reconhecendo que a aplicação de taxas alfandegárias adicionais de 34 por cento sobre as importações oriundas da China, além das taxas de 20 por cento impostas anteriormente, resultará numa “redução do comércio bilateral com os EUA” e num “impacto negativo a curto prazo para as exportações”, o jornal lembrou que “muitos produtos dos EUA têm elevada dependência da China”.

“Os EUA dependem da China não só para muitos bens de consumo, mas também para investimento e produtos intermédios, com uma dependência superior a 50 por cento em várias categorias, o que torna difícil encontrar alternativas no mercado internacional a curto prazo”, lê-se no editorial.

A percentagem das exportações da China para os Estados Unidos, em relação ao total das suas vendas externas, caiu de 19,2 por cento, em 2018, para 14,7 por cento, em 2024. Parte desta queda deve-se ao ‘comércio triangular’, no qual os produtos são exportados quase concluídos da China para outros países, incluindo Vietname, Tailândia ou Camboja, onde é acrescentado um componente ou acabamento, visando alterar o local de fabrico, visando contornar as taxas.

O Diário do Povo lembrou que, nos últimos anos, “apesar das pressões internas e externas”, Pequim “tem persistido em fazer coisas difíceis, mas correctas”, incluindo desalavancar o sector imobiliário e reduzir o endividamento das administrações locais e das pequenas e médias instituições financeiras. “Estes três grandes riscos foram eficazmente controlados e contidos e estão a diminuir”, assegurou.

Em grande

Apontando a “grande dimensão” da economia chinesa, o jornal lembrou que a China dispõe de instrumentos de política monetária, como a redução do rácio de reservas obrigatórias e das taxas de juro, para estimular o consumo interno com uma “força extraordinária”, o que permitiria ao país asiático reduzir a sua dependência das exportações.

“O mercado interno tem uma ampla margem de manobra”, afirmou o jornal oficial do Partido Comunista Chinês. E sublinhou ainda a capacidade do país para transformar o efeito adverso das medidas dos EUA num “impulso” para acelerar a transformação económica e a “inovação industrial”.

“Estrangular, reprimir e restringir apenas forçará a China a acelerar os avanços tecnológicos fundamentais em áreas-chave”, avisou.

7 Abr 2025

Comércio | EUA acusados de unilateralismo, proteccionismo e intimidação

A guerra comercial imposta ao mundo por Donald Trump intensifica-se. Pequim responde com novas taxas e suspende importações de vários produtos norte-americanos, enquanto assegura que “o céu não vai cair”

 

A China acusou ontem os Estados Unidos de unilateralismo, proteccionismo e intimidação económica, face ao intensificar da guerra comercial entre Pequim e Washington.

“Colocar a ‘América em primeiro lugar’, acima das regras internacionais, é um acto típico de unilateralismo, proteccionismo e ‘bullying’ económico”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Lin Jian, em conferência de imprensa.

Na semana passada, Trump impôs uma taxa adicional de 34 por cento sobre produtos oriundos da China, como parte do “Dia da Libertação”, que se somou a duas rondas de taxas de 10 por cento já declaradas em Fevereiro e Março. A China retaliou rapidamente com a sua própria taxa de 34 por cento sobre produtos norte-americanos.

Pequim também suspendeu as importações de sorgo, aves de capoeira e farinha de ossos de algumas empresas norte-americanas. As últimas medidas de retaliação da China incluem mais controlos de exportação sobre minerais de terras raras, essenciais para várias tecnologias, e uma acção judicial na Organização Mundial do Comércio.

Lin afirmou que as taxas impostas por Trump prejudicam a estabilidade da produção global e das cadeias de abastecimento e afectam seriamente a recuperação económica mundial. “A pressão e as ameaças não são a melhor forma de lidar com a China,” disse Lin. “A China salvaguardará firmemente os seus direitos e interesses legítimos”, acrescentou.

Votos de confiança

Pequim transmitiu ontem confiança, com o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, a assegurar que “o céu não vai cair”. “Perante os golpes indiscriminados das taxas americanas, sabemos o que estamos a fazer e temos instrumentos à nossa disposição”, acrescentou.

Não se sabe se o líder da China, Xi Jinping, se vai reunir com Trump para chegar a um acordo. Lin dirigiu as perguntas sobre uma possível reunião a outros departamentos. No domingo, funcionários do Governo chinês reuniram-se com representantes de empresas norte-americanas, incluindo a Tesla e a GE Healthcare.

“A raiz do problema das taxas alfandegárias está nos EUA”, disse Ling Ji, vice-ministro do Comércio, na reunião com 20 empresas norte-americanas, de acordo com um comunicado. “Esperamos que as empresas americanas possam resolver o problema pela raiz, emitir declarações razoáveis, tomar medidas concretas e trabalhar em conjunto para salvaguardar a estabilidade das cadeias de abastecimento global”, afirmou.

Ling, que é também o negociador comercial adjunto da China, garantiu que o país asiático protegerá os “direitos e interesses legítimos das empresas financiadas por estrangeiros de acordo com a lei” e “promoverá activamente a resolução dos seus problemas e exigências”

Protecção garantida

O vice-ministro chinês do Comércio, Ling Ji, disse ontem a representantes de empresas norte-americanas como a Tesla e a GE Healthcare que Pequim “sempre protegerá” os direitos das empresas com capital estrangeiro, face à guerra comercial desencadeada por Washington.

“A China tem sido, é e será um destino de investimento ideal, seguro e promissor para investidores estrangeiros”, disse Ling, durante uma mesa redonda com mais de 20 empresas de capital norte-americano, em Pequim, segundo um comunicado difundido pelo Ministério do Comércio chinês.

7 Abr 2025

Sismo | Número de mortos em Myanmar aumenta para 3.471

O número de mortos do sismo de 28 de Março em Myanmar aumentou para 3.471, com mais de 4.600 feridos e 214 desaparecidos, avançou ontem a junta militar no poder no país.

As forças armadas divulgaram este novo balanço através do jornal oficial Global New Light de Myanmar, numa altura em que as equipas de resgate, incluindo algumas estrangeiras, continuam a remover escombros e a procurar os desaparecidos.

O anterior balanço, divulgado no sábado, apontava para 3.354 mortos, 4.850 feridos e 220 desaparecidos, tendo sido resgatadas pelas equipas de socorro 653 pessoas. O sismo de magnitude 7,7 atingiu uma grande área do país, causando danos significativos em seis regiões e estados, incluindo a capital Naypyitaw, deixando ainda muitas áreas sem energia e comunicações.

O abalo agravou também a crise humanitária desencadeada pela guerra civil do país, que deslocou internamente mais de três milhões de pessoas, de acordo com as Nações Unidas.

O líder do Governo militar, general Min Aung Hlaing, adiantou que o sismo foi o segundo mais forte da história do país, após o terramoto de magnitude 8 registado a leste de Mandalay, em Maio de 1912.

Ajudas globais

O regime explicou ainda que mais de 150 toneladas de ajuda humanitária — de países como a China, Estados Unidos, Singapura, Índia e Tailândia — entraram no país desde o sismo.

Uma estimativa menciona o colapso ou danos parciais em pelo menos 21.783 casas, 805 edifícios de escritórios, 1.690 pagodes, 1.041 escolas, 921 mosteiros e conventos, 312 edifícios religiosos, 48 hospitais e clínicas e 18 hectares de plantações. Min Aung Hlaing, confirmou — noutro artigo publicado ontem pelo jornal oficial — o plano de construir escolas temporárias para garantir que as crianças regressam às aulas o mais rapidamente possível.

As forças armadas voltaram ontem a acusar as guerrilhas étnicas e a oposição democrática de cometerem “actos terroristas”, referindo-se a alegados ataques contra instalações estatais e militares, em plena disputa territorial que se agravou desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021.

Os militares e vários grupos de resistência armada declararam um cessar-fogo temporário na quarta-feira, após o terramoto, para facilitar o fluxo de ajuda humanitária. Na quarta-feira, o Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou a junta militar de não respeitar o cessar-fogo, tendo efectuado, pelo menos, 16 ataques desde a trégua e um total de 61 desde o terramoto.

Em 28 de Março, um sismo de magnitude 7,7 na escala de Richter, com epicentro em Myanmar (antiga Birmânia) foi sentido em vários países do Sudeste Asiático, incluindo a Tailândia, onde um total de 22 pessoas morreram na capital.

7 Abr 2025

Ilhas Diaoyu | Guarda Costeira expulsa navio de pesca japonês

A Guarda Costeira chinesa anunciou ontem ter repelido um navio de pesca japonês que se encontrava em águas junto às ilhas Diaoyu, conhecidas como ilhas Senkaku no Japão, mas reivindicadas pela China.

O porta-voz da Guarda Costeira, Liu Dejun, explicou em comunicado que o navio japonês “entrou ilegalmente nas águas territoriais das ilhas Diaoyu nos dias 05 e 06 de Abril” e que os navios da guarda costeira chinesa “tomaram as medidas de controlo necessárias contra ele, de acordo com a lei”, enquanto “o alertaram para se manter afastado”.

“A Guarda Costeira chinesa continuará a proteger a soberania nacional e os direitos e interesses marítimos”, alertou o porta-voz na declaração oficial, acrescentando que as ilhas “são território inerente da China”. O porta-voz pediu ainda ao Japão que “interrompa as suas actividades ilegais” na zona.

Em Maio de 2024, a China concedeu à sua guarda costeira novas capacidades, incluindo a autoridade para deter embarcações estrangeiras suspeitas de entrar ilegalmente nas suas águas territoriais, no meio de crescentes tensões territoriais com o Japão e as Filipinas.

A Guarda Costeira chinesa viu também as suas capacidades operacionais reforçadas do ponto de vista material, graças ao envio de mais embarcações e ao aumento do apoio logístico.

A disputa pelas ilhas Diaoyu, conquistadas pelo Japão após a guerra com a China em 1894-95, intensificou-se depois de o Japão ter nacionalizado três delas, em Setembro de 2012.

Localizadas no mar do Leste da China, a cerca de 150 quilómetros a nordeste de Taiwan, que também reivindica a soberania, as desabitadas ilhas Diaoyu cobrem uma área de cerca de sete quilómetros quadrados e as águas adjacentes podem conter depósitos significativos de gás e petróleo.

7 Abr 2025

Travado acordo para venda de TikTok nos EUA após Trump impôr tarifas

O Governo da China bloqueou um acordo para a venda a investidores norte-americanos da TikTok, plataforma controlada pela chinesa ByteDance, após a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos, disse uma fonte.

A fonte, que pediu para não ser identificada, disse à agência de notícias Associated Press (AP) que a presidência dos Estados Unidos acreditava que as partes estavam perto de um acordo. O acordo previa que as operações da TikTok nos EUA fossem separadas numa nova empresa, sediada no país, detida e operada por uma maioria de investidores norte-americanos, com a ByteDance a manter uma posição minoritária.

O optimismo em torno de acordo terá levado o Presidente norte-americano, Donald Trump, a afirmar sexta-feira que iria manter por mais 75 dias a TikTok operacional no país, na véspera de expirar o prazo para venda da plataforma.

“O meu governo tem trabalhado muito num acordo para SALVAR O TIKTOK, e fizemos um progresso tremendo”, publicou nas redes sociais Trump, que na quinta-feira afirmou que o negócio estava iminente. “Estamos ansiosos por trabalhar com o TikTok e a China para fechar o acordo”, disse ainda o Presidente norte-americano.

Mas Pequim travou o acordo na quinta-feira, um dia depois de Trump ter anunciado tarifas abrangentes em todo o mundo, incluindo uma tarifa adicional de 34 por cento sobre as importações vindas da China.

Por resolver

Os representantes da ByteDance ligaram para a Casa Branca para indicar que a China não iria aprovaria o acordo até que houvesse negociações sobre comércio e tarifas, disse a fonte à AP. O acordo foi construído ao longo de meses, com a equipa do vice-presidente JD Vance a negociar directamente com vários potenciais investidores e funcionários da ByteDance.

O plano previa um período de 120 dias para concluir os procedimentos regulatórios e o financiamento. O acordo contava com a aprovação dos investidores existentes, dos novos investidores, da ByteDance e do Governo dos EUA. Um porta-voz da ByteDance confirmou, em comunicado, que a empresa tem vindo a discutir uma “potencial solução” com o Governo dos EUA, mas salientou que um “acordo não foi implementado”.

“Há questões importantes a resolver”, disse o porta-voz. “Qualquer acordo estará sujeito a aprovação ao abrigo da lei chinesa”, acrescentou. A ByteDance lançou a aplicação Douyin em 2016, e depois do êxito na China, criou, em 2017, uma versão global, o TikTok, crescendo mais depressa que as rivais Facebook e Instagram.

7 Abr 2025

OMC | China apresenta queixa sobre tarifas dos EUA

Pequim contesta veementemente as taxas aplicadas por Trump às suas exportações, acusando os EUA de violarem as regras básicas da Organização Mundial do Comércio

 

A China anunciou sexta-feira que remeteu para a Organização Mundial do Comércio (OMC) a questão das tarifas impostas pelos Estados Unidos às suas exportações, tendo apresentado queixa no mecanismo de resolução de litígios.

“A China apresentou uma queixa no mecanismo de resolução de litígios da OMC”, anunciou o Ministério do Comércio de Pequim, em comunicado citado pela AFP.

A China anunciou também sexta-feira a imposição de uma tarifa de 34 por cento a importações de todos os produtos dos EUA a partir de 10 de Abril, em resposta às novas tarifas impostas pelos EUA.

“A imposição pelos Estados Unidos das chamadas ‘tarifas recíprocas’ viola gravemente as regras da OMC, prejudica gravemente os direitos e interesses legítimos dos membros da OMC e prejudica gravemente o sistema de comércio multilateral baseado em regras e a ordem económica e comercial internacional”, afirmou o Ministério do Comércio.

“É uma prática típica de intimidação unilateral que põe em perigo a estabilidade da ordem económica e comercial global. A China opõe-se firmemente a isto”, acrescentou.

As medidas da China surgem depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter imposto, na quarta-feira, uma nova tarifa de 34 por cento sobre os produtos chineses, parte do que Washington chama de tarifas “recíprocas” sobre os países de todo o mundo. No caso de Pequim, estas tarifas são adicionais às tarifas de 20 por cento já em vigor, o que faz com que as importações chinesas passem a estar sujeitas a uma tarifa de, pelo menos, 54 por cento.

Ásia atacada

O Ministério do Comércio chinês manifestou, na quinta-feira, a sua “firme oposição” às tarifas e prometeu retaliar, para “salvaguardar” os direitos e interesses do país asiático. No início de Março, a China anunciou tarifas de 10 por cento e 15 por cento sobre os produtos agrícolas dos Estados Unidos em resposta às tarifas de 20 por cento que Trump impôs sobre os produtos chineses.

Durante a sua primeira presidência (2017-2021), Trump já tinha tido uma relação tensa com Pequim ao impor várias rondas de tarifas no valor de cerca de 370 mil milhões de dólares anuais, às quais a China respondeu com taxas sobre as exportações dos EUA.

O Presidente dos EUA também impôs tarifas elevadas na quarta-feira aos países para os quais as fábricas chinesas se mudaram após o primeiro conflito comercial, incluindo o Vietname (46 por cento), o Camboja (49 por cento) e o Laos (48 por cento), bloqueando a saída de produtos chineses.

7 Abr 2025

Sismo | Junta militar de Myanmar declara cessar-fogo na guerra civil até 22 abril para facilitar ajuda

A junta militar no poder em Myanmar declarou hoje um cessar-fogo na guerra civil até 22 de abril, para facilitar a ajuda à população, após o sismo de magnitude 7,7 que atingiu o país a 28 de março.

O cessar-fogo temporário foi também decretado para mostrar compaixão para com as pessoas afetadas, informou hoje a televisão estatal de Myanmar (antiga Birmânia). O anúncio, feito num comunicado do alto comando militar, segue-se a cessar-fogos temporários unilaterais declarados por grupos de resistência armada que se opõem ao regime militar.

A notícia televisiva indicou que os grupos armados étnicos e as milícias locais devem abster-se de atacar as forças de segurança do Estado e as bases militares, e não devem organizar-se, reunir forças ou expandir as suas áreas de influência.

Se tais grupos não cumprirem essas condições, o Exército tomará as medidas necessárias, segundo o comunicado. Um novo balanço hoje divulgado pelas autoridades elevou para 2.886 o número de mortos e 4.639 o número de feridos no terramoto de há cinco dias, enquanto prosseguem as operações de busca por sobreviventes.

Segundo a oposição democrática, que controla partes do país, cerca de 8,5 milhões de pessoas foram “diretamente afetadas” pelo terramoto no país em guerra. No fim de semana, a junta militar afirmou que mais de 2.600 edifícios, incluindo casas, igrejas, escolas e pagodes, ruíram devido ao sismo e às réplicas.

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) afirmou que só na capital, Naypyidaw, mais de 10.000 edifícios ficaram destruídos ou gravemente danificados.

2 Abr 2025

Myanmar | Mais de 2.880 mortos e de 4.600 feridos

A junta militar birmanesa elevou ontem o balanço do sismo que atingiu Myanmar há cinco dias para 2.886 mortos e 4.639 feridos, enquanto continuavam as buscas por sobreviventes. O balanço anterior, divulgado na terça-feira, era de 2.719 mortos, 4.521 feridos e 441 desaparecidos. O porta-voz da junta, general Zaw Min Tun, divulgou o novo balanço provisório à agência de notícias EFE, numa altura em que se registou mais um resgate de um sobrevivente.

Cinco dias depois do sismo, um jovem com cerca de 20 anos foi resgatado por socorristas birmaneses e turcos dos escombros de um hotel na capital, Naypyidaw, disseram as autoridades. A junta disse que cerca de 1.500 socorristas de 15 países se encontram no país do sudeste asiático afectado por um sismo de magnitude 7,7 na sexta-feira, 28 de Março, que também atingiu a vizinha Tailândia.

Os socorristas são provenientes da China, da Índia, da Rússia, de Singapura, da Tailândia, do Vietname, da Malásia, dos Emirados Árabes Unidos, do Laos, da Bielorrússia, da Turquia, do Butão, das Filipinas, do Bangladesh e da Indonésia.

A junta militar, que tomou o poder após um golpe de Estado em Fevereiro de 2021, disse que as equipas estrangeiras também levaram medicamentos e outros materiais que estavam a ser entregues em algumas regiões. No entanto, a ajuda internacional ainda não chegou a todas as áreas afectadas, admitiram as autoridades.

No fim de semana, a junta afirmou que mais de 2.600 edifícios, incluindo casas, igrejas, escolas e pagodes, ruíram devido ao terramoto e às réplicas. O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) afirmou que só em Naypyidaw mais de 10.000 edifícios foram destruídos ou gravemente danificados.

Zonas de guerra

A oposição democrática, que controla partes do país, calculou que 8,5 milhões de pessoas foram “directamente afectadas” pelo terramoto num país que se encontra em guerra, o que agrava a situação e dificulta os esforços humanitários.

Os militares disseram ontem que dispararam tiros para o ar para tentar afastar elementos da Cruz Vermelha da China numa zona de conflito com os rebeldes. O porta-voz Zaw Min Tun declarou, num comunicado, que os soldados tentaram parar um comboio de nove veículos que se dirigia para a aldeia de Ommati, no estado de Shan (norte), na terça-feira à noite.

“As forças de segurança tentaram parar os veículos quando os viram, mas não conseguiram”, afirmou, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP). Zaw Min Tun afirmou que a junta estava a investigar o incidente.

Segundo o porta-voz, não foi efectuada qualquer “notificação prévia” sobre a entrada dos socorristas chineses “a Myanmar nem à respectiva embaixada, nem ao gabinete do adido militar” em Pequim, condição prévia para a entrada de ajuda estrangeira.

A junta e o Exército de Libertação Nacional de Ta’ang (TLNA), um dos principais grupos étnicos rebeldes, entraram em confronto em Ommati, afirmou ainda o porta-voz, alegando que “certos grupos estavam a tirar partido político” da ajuda.

Questionado sobre o incidente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que o equipamento enviado pela Cruz Vermelha chinesa tinha chegado e estava seguro, tal como os trabalhadores humanitários. “Pedimos a todas as partes de Myanmar que permitam a passagem sem entraves da ajuda”, acrescentou o ministério, citado pela AFP.

A China enviou uma equipa de 82 trabalhadores humanitários para Myanmar no sábado e mais 118 no domingo. O chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, pediu a ajuda da comunidade internacional, uma ação rara dos militares birmaneses e que ilustra a dimensão da catástrofe.

2 Abr 2025

Hong Kong | Substituído chefe da polícia Raymond Siu Chak-yee

O Governo de Hong Kong anunciou ontem a substituição do chefe da polícia, Raymond Siu Chak-yee. O Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, disse, em comunicado, que Raymond Siu “entrou hoje em licença de pré-reforma, depois de servir o Corpo de Polícia de Hong Kong durante 36 anos”.

O comissário “demonstrou uma dedicação e determinação inabaláveis para proteger Hong Kong e defender o Estado de Direito ao lidar com a agitação social”, disse John Lee, numa referência às enormes manifestações antigovernamentais, por vezes violentas, de 2019.

O anúncio surge dois dias depois dos Estados Unidos terem imposto sanções ao chefe da polícia e a cinco dirigentes públicos de Hong Kong, incluindo o secretário para a Justiça, Paul Lam Ting-Kwok, ao abrigo de uma lei norte-americana que defende a democracia na região chinesa.

Na terça-feira, Hong Kong condenou a imposição de sanções e acusou Washington de tentar “intimidar os dirigentes encarregados de protegerem a segurança nacional” da China. “Isto expôs claramente a barbárie dos EUA (…) exactamente a mesma que as recentes táticas de intimidação e coação de vários países e regiões”, disse o Governo da região administrativa especial chinesa.

As autoridades de Hong Kong indicaram ainda que o Governo Central chinês aprovou a nomeação de Joe Chow Yat-ming, até agora comissário adjunto, para liderar a polícia do território. John Lee salientou que Joe Chow, de 52 anos, tem “uma vasta experiência em investigação criminal, recolha de informações, formulação de políticas, bem como gestão de pessoal”.

De acordo com a imprensa de Hong Kong, ontem, na primeira conferência como novo comissário, Chow apontou a segurança nacional como a prioridade, face ao que chamou de “correntes ocultas” de resistência ao actual regime.

O dirigente criticou as sanções contra Raymond Siu como um acto de intimidação e defendeu serem um reflexo do êxito dos esforços da polícia de Hong Kong para capturar fugitivos à justiça.

2 Abr 2025