Vietname vai construir ligação ferroviária junto à fronteira com a China

O Vietname aprovou ontem a construção de uma linha ferroviária a ligar o porto de Haiphong a Hanói e à fronteira com a China, com custo superior a oito mil milhões de dólares. A linha férrea entre a costa norte do Vietname e a região que faz fronteira com a província chinesa de Yunnan visa reforçar as ligações entre os dois países fronteiriços e facilitar as trocas comerciais.

A nova ligação vai servir as principais fábricas do Vietname, onde se situam a Samsung, a Foxconn, a Pegatron e outros gigantes da electrónica mundial, muitos dos quais dependem de carregamentos regulares de componentes provenientes da China.

Com cerca de 390 quilómetros de comprimento, a ligação vai partir da cidade portuária de Haiphong com destino a Lao Cai, no norte montanhoso do Vietname, na fronteira com Yunnan, via Hanói. Substitui a antiga linha em funcionamento, construída há mais de um século durante o período da Indochina francesa.

A China vai financiar parte do projecto através de empréstimos. Durante a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Hanói, em Dezembro de 2023, os dois países assinaram mais de trinta acordos.

A nova linha vai “impulsionar a cooperação económica, comercial, de investimento e turística entre os dois países”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros vietnamita, Pham Thu Hang, na semana passada.

A nova ligação ferroviária pode ajudar a atenuar as dificuldades das rotas de abastecimento internacionais causadas pela actual dependência de camiões lentos e dispendiosos, que são “propensos a estrangulamentos na fronteira”, explicou Dan Martin, um perito da empresa de consultoria Dezan Shira & Associates.

“A China fornece uma grande parte das matérias-primas que alimentam o sector industrial do Vietname e é essencial manter este sistema estável”, disse o analista, citado pela agência France-Presse. “Uma ligação ferroviária moderna elimina as ineficiências e assegura o transporte sem problemas das mercadorias, quer sejam enviadas para as fábricas vietnamitas ou para os mercados mundiais através do porto de Haiphong”, acrescentou.

Uma outra linha para a China, que ainda não foi aprovada pelo parlamento, acabará por ligar Hanói à província de Lang Son, que faz fronteira com a região chinesa de Guangxi, passando por outra vasta zona onde se encontram fábricas estrangeiras.

O Vietname prevê igualmente a construção de uma linha ferroviária de alta velocidade a ligar Hanói à cidade de Ho Chi Minh, a capital económica do sul, com um custo estimado em 67 mil milhões de dólares, com o objectivo de reduzir o tempo de viagem de 30 horas para cerca de cinco horas.

20 Fev 2025

Médio Oriente | Pequim rejeita que Gaza seja “moeda de troca” em negociações

O líder da diplomacia chinesa, Wang Yi, reiterou na ONU a posição da China em defesa de Gaza e da Cisjordânia como a terra natal dos palestinianos

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, defendeu na terça-feira que Gaza não seja transformada numa “moeda de troca” em negociações políticas, frisando ainda que o enclave e a Cisjordânia são “a terra natal do povo palestiniano”.

“A situação no Médio Oriente continua tensa e frágil. Gaza e a Cisjordânia são a terra natal do povo palestiniano, não uma moeda de troca nas negociações políticas. A governação palestiniana pelos palestinianos é um princípio importante que deve ser seguido na governação pós-conflito”, afirmou Yi, numa intervenção perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.

“É vital defender a solução de dois Estados, pressionar por uma solução abrangente, justa e duradoura para a questão palestiniana e trazer paz e segurança duradouras ao Médio Oriente”, acrescentou o líder da diplomacia da China, país que detém este mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança.

A posição de Pequim surge uma semana após o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter reafirmado o seu compromisso “em comprar e possuir” a Faixa de Gaza, acrescentando que os palestinianos não teriam direito ao regresso ao território.

Trump adensou ainda mais a polémica ao propor que os habitantes de Gaza sejam reinstalados em outro lugar “permanentemente”, nomeadamente nos países vizinhos Jordânia e Egipto.

Contudo, essas ambições foram duramente criticadas por grande parte da comunidade internacional e pela ONU, com o secretário-geral, António Guterres, a alertar que “qualquer deslocamento forçado da população é equivalente a uma limpeza étnica”.

No debate de nível ministerial do Conselho de Segurança, subordinado ao tema “Praticar o multilateralismo, reformar e melhorar a governação global” e convocado por Pequim, Wang Yi abordou ainda a guerra na Ucrânia, sublinhando que a “China apoia todos os esforços que conduzam às conversações de paz”.

“A crise na Ucrânia arrasta-se há quase três anos. Recentemente, o ímpeto de procura pelo diálogo e pela negociação está a aumentar. Desde que a crise eclodiu, a China tem defendido uma solução política e promovido negociações de paz. A China apoia todos os esforços que conduzam às conversações de paz”, disse o ministro, num momento em que os Estados Unidos e a Rússia estão em negociações directas para esse fim, mas sem incluir a Ucrânia ou a União Europeia.

De acordo com o líder da diplomacia chinesa, Pequim continuará a trabalhar com todos os países, especialmente os países do Sul global, “para construir um consenso para pôr fim ao conflito e para abrir caminho à paz”.

Mudança de planos

Os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da Rússia — o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, — reuniram-se na terça-feira na Arábia Saudita para discutir a melhoria dos laços e negociar o fim da guerra na Ucrânia — conversações que representam uma mudança na política externa norte-americana sob a liderança de Donald Trump.

Trata-se da primeira reunião russo-americana a este nível e neste formato desde o início do conflito. O encontro foi criticado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que condenou o facto de Kiev não ter feito parte das discussões.

“As negociações estão agora a decorrer entre representantes russos e norte-americanos. Mais uma vez, sobre a Ucrânia e sem a Ucrânia”, condenou o líder ucraniano durante uma deslocação à Turquia. Zelensky disse que o seu país não aceitará quaisquer resultados das negociações desta semana se Kiev não participar.

20 Fev 2025

Helicóptero chinês voa a menos de três metros de avião filipino

Um helicóptero da marinha chinesa voou ontem a menos de três metros de um avião de patrulha filipino, numa zona disputada do Mar do Sul da China, levando o piloto filipino a emitir um aviso por rádio.

O helicóptero chinês estava a tentar forçar um avião pertencente ao Gabinete de Pescas e Recursos Aquáticos das Filipinas a sair do que a China afirma ser o seu espaço aéreo, sobre o disputado recife de Scarborough, ao largo do noroeste das Filipinas.

Um jornalista da Associated Press e outros órgãos de comunicação estrangeiros convidados que se encontravam no avião testemunharam o tenso impasse de 30 minutos, enquanto o avião filipino prosseguia a sua patrulha a baixa altitude em torno de Scarborough, com o helicóptero da marinha chinesa a pairar por cima dele ou a voar para a sua esquerda, em tempo nublado.

“Estão a voar demasiado perto, são muito perigosos e põem em perigo a vida da nossa tripulação e dos nossos passageiros”, disse o piloto filipino ao helicóptero da marinha chinesa, por rádio, a certa altura. “Afastem-se e distanciem a vossa aeronave de nós, pois estão a violar as normas de segurança estabelecidas pela FAA e pela ICAO”, acrescentou.

O piloto estava a referir-se à distância padrão entre aeronaves exigida pela Organização da Aviação Civil Internacional, para evitar desastres aéreos.

A Guarda Costeira das Filipinas e o Gabinete das Pescas afirmaram em comunicado que continuam “empenhados em afirmar a nossa soberania, os nossos direitos soberanos e a nossa jurisdição marítima no Mar das Filipinas Ocidental, apesar das acções agressivas e de escalada da China”.

O Gabinete das Pescas referiu-se ao nome filipino para o trecho de águas no Mar do Sul da China mais próximo da costa ocidental das Filipinas.

Tensão crescente

As autoridades chinesas não comentaram imediatamente o incidente, mas em encontros anteriores afirmaram com firmeza os direitos soberanos da China sobre Scarborough e as águas circundantes, e avisaram que as suas forças protegeriam os interesses territoriais do país a todo o custo.

O incidente de ontem, que deverá ser protestado pelo Governo filipino, é o mais recente ponto de inflamação num impasse territorial de décadas numa das rotas comerciais mais movimentadas do mundo.

Nos últimos dois anos, registou-se um aumento dos confrontos em alto mar entre as guardas costeiras chinesas e filipinas em Scarborough e no recife de Tomás Segundo, onde um navio da marinha filipina, que se encontra encalhado, tem servido de posto militar territorial desde 1999.

19 Fev 2025

DeepSeek | Pequim garante que protege privacidade

A China afirmou ontem que atribui grande importância à protecção da privacidade, após Seul ter dito que a aplicação chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek enviou dados sobre utilizadores sul-coreanos à ByteDance, dona da rede social TikTok. “O Governo chinês atribui grande importância à privacidade e à segurança dos dados e protege-os de acordo com a lei”, afirmou ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakoun.

É a primeira vez que um regulador nacional confirma a potencial fuga de dados de utilizadores da DeepSeek para terceiros e acontece depois de a Coreia do Sul se ter juntado a outros países, no dia anterior, na proibição da utilização da aplicação chinesa de IA, devido aos seus riscos para a segurança.

Seul suspendeu na segunda-feira o serviço local da DeepSeek devido a preocupações com o seu sistema de recolha de dados, ao que Guo já tinha respondido que Pequim pede às suas empresas que cumpram as leis dos países onde se instalam.

O porta-voz disse que a China espera que “os países relevantes evitem adoptar uma abordagem baseada em generalizações ou politizar questões económicas, comerciais e tecnológicas”.

19 Fev 2025

Vietname | 100 mil funcionários públicos vão ser despedidos

O parlamento do Vietname aprovou ontem um plano de redução da despesa pública, como parte do objectivo de alcançar um crescimento anual de 8 por cento, e que vai implicar o despedimento de cerca de 100 mil funcionários públicos.

A Assembleia Nacional vietnamita aprovou a lei da organização governamental com 463 votos a favor de um total de 465 assentos no hemiciclo, noticiou o jornal oficial Nhan Dan.

De acordo com a reforma, cerca de 100 mil funcionários públicos vietnamitas vão perder o emprego e a dimensão dos ministérios vai ser reduzida em cerca de 20 por cento, naquela que é a maior reestruturação desde as mudanças pró-mercado do país na década de 1980.

O secretário-geral do Partido Comunista e líder máximo do Vietname, To Lam, defendeu as reformas, afirmando, em Dezembro, que, “para se ser saudável, por vezes é preciso tomar um remédio amargo”, indicando que a prioridade é racionalizar a gestão do país e aumentar a transparência e a descentralização.

O Governo vietnamita está a levar a cabo uma campanha anticorrupção, que os críticos denunciam como visando facções opostas do sistema de partido único. As autoridades anunciaram em Dezembro que planeiam reestruturar ou fundir 14 ministérios ou agências ministeriais, sendo que apenas oito se vão manter como estão.

O plano também faz parte dos objectivos traçados pelo Governo de um crescimento de 8 por cento para este ano, contra 7,09 por cento em 2024, o que, segundo as autoridades, vai abrir caminho para que o país atinja um crescimento de dois dígitos a partir de 2026.

As estratégias governamentais para atingir o objectivo incluem, além das reformas institucionais, a aceleração do investimento público e privado e o reforço dos sectores da indústria transformadora e da alta tecnologia.

Plano B

O Vietname estabeleceu-se como um centro de produção regional líder na produção de semicondutores, um destino de produção alternativo à China, maior parceiro comercial de Hanói. No entanto, o país poderá ser afectado pelas taxas aduaneiras que o Presidente dos EUA, Donald Trump, está a considerar impor às nações com tarifas elevadas.

Na passada sexta-feira, o ministro da Indústria vietnamita, Nguyen Hong Dien, afirmou que o país está disposto a “abrir o seu mercado através do aumento das importações de produtos agrícolas dos EUA”, a fim de evitar possíveis tarifas.

Hanói espera que as importações e exportações cresçam 12 por cento este ano, embora os preços das exportações de arroz, um dos principais produtos, tenham caído na semana passada para o nível mais baixo dos últimos nove anos. O impacto que as tarifas de Trump vão ter no Vietname ainda é desconhecido.

19 Fev 2025

China | Detido suspeito de “roubar segredos militares”

As autoridades chinesas informaram ontem terem detido um homem suspeito de “roubar segredos militares”, incluindo informações sobre localização de tropas, equipamento militar e condições das casernas, e enviá-las para uma agência de espionagem estrangeira.

Numa publicação na rede social WeChat, o Ministério da Segurança do Estado chinês afirmou que as autoridades descobriram que uma conta doméstica, chamada “Noite de Inverno”, estava em “contacto frequente” com pessoal de uma agência de espionagem estrangeira, através da Internet.

Após investigação, os funcionários confirmaram que o número de telefone ligado a essa conta estava registado em nome de um idoso de 80 anos que vivia “a milhares de quilómetros de distância da área envolvida e que não era elegível para cometer este crime”.

Finalmente, as autoridades identificaram o suspeito, um indivíduo de apelido Ni, que tinha servido nas Forças Armadas durante dois anos e que foi dispensado mais cedo “devido a problemas disciplinares”, de acordo com o comunicado oficial.

As autoridades chinesas interceptaram então uma ordem da agência estrangeira que instruía o ex-militar a roubar informações de uma base militar “localizada numa região remota com terreno difícil e tempestades de neve frequentes”.

Os agentes organizaram uma operação secreta e, após uma semana de espera, conseguiram deter Ni enquanto este captava imagens da base militar, informou o Ministério da Segurança do Estado, que não deu pormenores sobre a agência de informação estrangeira envolvida no caso.

19 Fev 2025

Yibin | Sobe para dez número de mortos em deslizamento de terras

O número de mortos no deslizamento de terras ocorrido a 8 de Fevereiro, no centro da China, subiu para dez, com a recuperação de corpos nos últimos dias, enquanto 19 pessoas continuam desaparecidas, informou ontem a imprensa local. O deslizamento de terras, causado por vários dias consecutivos de chuva, soterrou dez casas, na vila de Junlian, parte do município de Yibin.

Cerca de 800 pessoas de 139 agregados familiares foram retiradas e transferidas para locais seguros, segundo as autoridades, que também informaram que o deslizamento de terras danificou mais de 100 hectares de áreas agrícolas.

Desde a ocorrência do incidente, mais de 3.000 elementos das equipas de emergência, polícia, bombeiros, serviços médicos e transportes estiveram no local para participar nos esforços de salvamento, com a ajuda de unidades caninas, veículos aéreos não tripulados e equipamento que detectam sinais de vida, segundo a agência de notícias oficial Xinhua.

Paralelamente às buscas, foram também iniciados trabalhos de reconstrução das zonas e casas afectadas. O deslizamento de terras afectou uma zona montanhosa íngreme, o que dificultou os trabalhos de resgate, que também enfrentaram condições meteorológicas adversas, com chuva e nevoeiro.

Na sequência do incidente, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a “esforços máximos” para minimizar o número de vítimas e a uma “gestão adequada” das consequências do incidente. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, principal organismo de planeamento do país, anunciou a atribuição de 50 milhões de yuan para os trabalhos de socorro e recuperação.

19 Fev 2025

Acções das tecnológicas sobem com demonstração de apoio de Xi Jinping

As acções das empresas tecnológicas da China subiram ontem durante a sessão da manhã na Bolsa de Valores de Hong Kong, depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, se ter reunido com executivos do sector, na segunda-feira.

O índice Hang Seng Tech, que reúne as acções das grandes tecnológicas do país, subiu 3,04 por cento, até ao intervalo da sessão, tendo já acumulado uma valorização de cerca de 30 por cento este ano, também devido ao optimismo em relação ao sector chinês da inteligência artificial (IA), após o lançamento do grande modelo de linguagem da DeepSeek.

Os melhores desempenhos da sessão foram do fabricante de dispositivos electrónicos e veículos eléctricos Xiaomi (+5,87 por cento) e a plataforma de partilha de vídeos curtos Kuaishou (+9,7 por cento).

Os gigantes digitais Tencent e Alibaba, as duas maiores empresas do índice por capitalização de mercado, subiram 3,42 por cento e 4,34 por cento, respectivamente. No continente chinês, as subidas foram mais modestas, com a Bolsa de Shenzhen – centrada precisamente nas empresas do sector tecnológico – a subir 0,13 por cento e a Bolsa de Xangai 0,29 por cento.

Hora H

Durante o encontro com os empresários, na segunda-feira, Xi apelou para que “aproveitem ao máximo as suas capacidades”, no que classificou como um “momento privilegiado” para “reafirmar a confiança” no sector privado.

A reunião contou com a presença dos responsáveis da Xiaomi, BYD e Huawei, embora a figura mais proeminente tenha sido o fundador da Alibaba e outrora o homem mais rico do país, Jack Ma, na sua aparente reconciliação oficial com o líder chinês, depois de mais de quatro anos praticamente desaparecido da vida pública, após ter criticado os reguladores financeiros, durante um discurso, em Xangai.

O encontro foi visto como uma demonstração de apoio de Xi a um sector que, nos últimos anos, sofreu uma campanha reguladora das autoridades, que resultou em multas multimilionárias a empresas como a Alibaba, a Tencent e a “Uber chinesa” Didi.

19 Fev 2025

Ucrânia | China defende participação da Europa nas negociações de paz

Pequim defende a participação de representantes do continente europeu nas conversações para pôr fim à guerra na Ucrânia. Delegações da Rússia e dos EUA reuniram ontem em Riade

 

O representante permanente da China na ONU, Fu Cong, disse ontem que Pequim saúda o acordo entre Estados Unidos e Rússia para iniciar conversações de paz sobre a Ucrânia, mas considerou imperativo que a Europa participe.

“Esperamos que todas as partes envolvidas na crise na Ucrânia se empenhem no processo de diálogo de paz e cheguem a um acordo justo, duradouro e vinculativo aceite por todos”, disse Fu, durante uma sessão dedicada ao assunto, no Conselho de Segurança da ONU, cuja presidência rotativa é ocupada pela China em Fevereiro.

As declarações de Fu, divulgadas ontem pela imprensa estatal, são as primeiras de um representante chinês sobre o acordo entre EUA e Rússia.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, reuniram-se em Riade, num encontro que poderá conduzir a uma cimeira entre os Presidentes Donald Trump e Vladimir Putin.

Assunto próximo

O diplomata chinês espera que as partes “abordem as causas profundas desta crise através da negociação e encontrem um quadro de segurança equilibrado, eficaz e sustentável para alcançar uma estabilidade duradoura na região”.

Fu considerou, no entanto, ser imperativa a participação da Europa nas negociações, já que o conflito “ocorre em solo europeu”.

“A China tem defendido consistentemente a resolução pacífica de disputas e conflitos globais através do diálogo e da consulta”, algo que “se aplica ao problema da Ucrânia”, no qual Pequim “tem estado ativamente envolvida através da mediação diplomática”, mantendo contactos com todas as partes, afirmou.

Defendeu também a proposta apresentada pela China há dois anos, uma iniciativa de 12 pontos que defendia o respeito pela soberania e integridade territorial de todas as nações, mas que também tinha em conta as “preocupações legítimas de segurança” dos países.

Esta proposta foi recebida com cepticismo pelo Ocidente devido à ambiguidade demonstrada pelo país asiático durante o conflito e a sua aproximação a Moscovo. “A evolução da situação demonstrou que a proposta da China é objectiva, justa, racional e pragmática, reflectindo o amplo consenso da comunidade internacional”, defendeu o diplomata chinês.

19 Fev 2025

Nanjing | Dois dos últimos sobreviventes do massacre morrem com 99 e 89 anos

Dois dos últimos sobreviventes do massacre de Nanjing, Yi Lanying e Tao Chengyi, morreram este fim de semana, com 99 e 89 anos, respectivamente, informou ontem a instituição que preserva a memória do evento. As mortes fixam em 28 o número de sobreviventes conhecidos, segundo o Centro de Memória das Vítimas do Massacre de Nanjing, cometido pelas tropas japonesas, no final de 1937.

O massacre deixou uma marca profunda na vida de Yi Lanying, que enfrentou uma existência traumatizada pelo medo e pela ansiedade e desejou que as gerações futuras “nunca esqueçam as vidas inocentes que se perderam”, recordou o Centro de Memória, após a sua morte.

Tao Chengyi, por sua vez, perdeu o pai, o tio e o primo nesse episódio que, segundo chegou a dizer, destruiu a sua infância. As histórias destas vítimas foram incluídas em 2015 no Registo da Memória do Mundo da Unesco.

A 13 de Dezembro de 1937, o exército imperial japonês invadiu Nanjing, no leste da China, e nas seis semanas seguintes as suas forças incendiaram e saquearam a cidade, violaram em massa dezenas de milhares de mulheres e mataram entre 150.000 e 340.000 pessoas, segundo várias fontes históricas.

18 Fev 2025

Taiwan | Pequim diz que EUA recuaram gravemente na sua posição

O Governo chinês contestou ontem a revisão de um documento informativo do Departamento de Estado norte-americano, que eliminou uma linha sobre a oposição dos Estados Unidos à independência de Taiwan. Os Estados Unidos “recuaram gravemente” na sua posição sobre Taiwan e enviaram a mensagem errada às “forças separatistas” da ilha, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun.

“Exortamos os EUA a (…) deixarem de encorajar e apoiar a independência de Taiwan e a evitarem prejudicar ainda mais as relações entre a China e os EUA e a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, afirmou Guo, quando questionado sobre a revisão, em conferência de imprensa.

O Departamento de Estado dos EUA retirou a frase “não apoiamos a independência de Taiwan” do documento informativo na semana passada. O documento sobre as relações dos Estados Unidos com a ilha autónoma está publicado no seu portal oficial.

Não é a primeira vez que o Departamento de Estado remove a frase. Em Maio de 2022, o Departamento de Estado retirou a frase, mas voltou a colocá-la algumas semanas mais tarde, após um forte protesto da China.

Não está claro por que o Departamento de Estado mudou a linguagem novamente e se isso sinaliza alguma alteração na política do Presidente Donald Trump, que voltou à Casa Branca no mês passado. Os EUA não reconhecem Taiwan como um país, mas são o seu mais forte apoiante e maior fornecedor de armas.

A China, que afirma que Taiwan deve ficar sob o seu controlo, intensificou os exercícios militares em torno da ilha de 23 milhões de habitantes nos últimos anos. O documento informativo do governo dos EUA afirma esperar que “as diferenças sejam resolvidas por meios pacíficos, livres de coerção, de uma forma aceitável para as pessoas de ambos os lados”.

18 Fev 2025

Jack Ma reaparece cinco anos depois num evento público com o Presidente

Jack Ma, fundador do gigante do comércio eletrónico Alibaba, reapareceu ontem, num evento oficial promovido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após se ter mantido longe dos holofotes desde 2020, na sequência de atritos com as autoridades.

Um vídeo divulgado pelo canal de televisão estatal CCTV mostra Ma a aplaudir, antes da entrada de Xi e de outros líderes do Partido Comunista da China (PCC), no início de um simpósio invulgar com executivos do sector privado, incluindo empresas como a Tencent, BYD, Huawei e DeepSeek (ver texto principal).

A queda de Ma remonta ao final de 2020, quando proferiu um discurso polémico, no qual atacou a estratégia de Pequim para minimizar os riscos no sistema financeiro e os bancos tradicionais, que, segundo ele, eram geridos como “casas de penhores”.

Dias depois, os reguladores chineses forçaram a suspensão da entrada em bolsa da subsidiária ‘fintech’ da Alibaba, a Ant Group, operadora da popular plataforma de pagamentos Alipay. O negócio, que descarrilou apenas 36 horas antes da data prevista para a sua realização, deveria ter sido a maior entrada em bolsa da história, permitindo à empresa arrecadar 34,5 mil milhões de dólares.

Até então, Ma era o homem mais rico da China – é agora o oitavo com uma fortuna de 27,2 mil milhões de dólares, menos 44 por cento do que em 2021. O empresário não só era o grande rosto visível do desenvolvimento do sector privado no país asiático, como também era considerado praticamente intocável.

Na sombra

Depois das disputas com Pequim, Ma manteve-se discreto, a ponto de se especular que as autoridades o teriam proibido de sair do país ou que teria sido detido.

A mudança, segundo os especialistas, chegou no início de 2023, quando o Ant Group cumpriu uma das principais exigências de Pequim: dissolver o poder de voto de Ma, o que muitos analistas interpretaram como o fim de uma campanha reguladora que tinha resultado em multas anti-monopólio contra a Alibaba e outras empresas proeminentes como a Tencent ou a Didi, a “Uber chinesa” .

Nas palavras da empresa de consultoria Trivium China: “A campanha começou com Jack Ma e termina com Jack Ma”.

Em Março do mesmo ano, o empresário reapareceu na China após notícias de que se tinha mudado para o exterior, e os especialistas anteciparam que Pequim esperava que o seu regresso servisse para estimular os esforços do Governo para recuperar a confiança do sector privado.

18 Fev 2025

Economia | Xi Jinping recebe líderes do sector privado

O encontro de alto nível entre as autoridades centrais e representantes do sector privado, alguns ligados às novas tecnologias, dá um novo sinal de confiança à economia doméstica

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, organizou ontem um simpósio com empresários, em Pequim, visando recuperar a confiança do sector privado, que foi abalado nos últimos anos por uma dura campanha regulatória.

Xi proferiu um “discurso importante”, depois de ouvir vários líderes empresariais, informou a agência de notícias oficial Xinhua. Os pormenores do discurso ainda não foram publicados. A lista de convidados também não foi ainda difundida. Na única fotografia do evento divulgada, os empresários surgem de costas, o que torna difícil identificar com precisão quem está presente.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post avançou que Lei Jun, fundador e director executivo da Xiaomi, Jack Ma, fundador do Alibaba Group, Wang Chuanfu, presidente e director executivo do fabricante de veículos eléctricos BYD, e Ren Zhengfei, fundador e director executivo do grupo Huawei Technologies, são alguns dos nomes que circulam como possíveis participantes.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e o chefe do principal órgão consultivo da China, Wang Huning, também estiveram presentes.

No ano passado, a China avançou com várias medidas para repor a confiança junto dos investidores, à medida que o consumo interno permaneceu débil e o ambiente externo trouxe novos desafios, com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. A reunião é interpretada como uma reviravolta de Pequim, que nos últimos anos lançou uma dura campanha regulatória contra as grandes empresas de tecnologia.

Reunião de topo

Em Dezembro de 2020, as autoridades reguladoras anunciaram a abertura de uma investigação antimonopólio sobre a Alibaba e suspenderam a entrada em bolsa da Ant, a sua filial de ‘fintech’, que seria a maior da história.

Essa campanha incluiu investigações a empresas como a Tencent e a Didi, a “Uber chinesa”, por alegados riscos para a segurança dos dados dos utilizadores. Durante anos, o sector digital floresceu na China, não só graças ao enorme mercado do país, mas também a uma regulação pouco rigorosa – ou à sua aplicação – a que Pequim queria pôr termo.

Xi não realiza este tipo de reuniões com frequência. Embora funcionários de nível inferior se tenham reunido regularmente com empresários, a última vez que Xi participou numa reunião de nível tão alto foi em Setembro de 2018. O investimento privado da China caiu 0,1 por cento, em termos homólogos, em 2024.

A rápida evolução do progresso tecnológico do país – representada pelo sucesso do modelo doméstico de inteligência artificial DeepSeek – proporcionou aos decisores políticos uma nova via para o crescimento económico sustentável e aos investidores um motivo para renovado entusiasmo.

18 Fev 2025

Tecnologia | Xi recebe líderes dos gigantes chineses

O Presidente chinês, Xi Jinping, vai receber hoje os líderes dos gigantes tecnológicos do país, numa demonstração de apoio ao sector, segundo fontes citadas sexta-feira pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

De acordo com o jornal, entre 20 e 30 fundadores ou directores executivos de empresas em fase de arranque e de empresas já estabelecidas, como a Huawei, Tencent, Alibaba e Xiaomi, vão participar na invulgar “reunião de alto nível”.

O encontro acontece semanas antes de a legislatura chinesa realizar a sua reunião anual, na qual o governo traça o roteiro económico para o próximo ano, e no meio da intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos, após o regresso ao poder de Donald Trump.

O jornal referiu que a legislatura procura enviar um sinal positivo ao sector privado, para reanimar a economia do país.

A reunião também pode ser interpretada como uma reviravolta de Pequim, que nos últimos anos lançou uma dura campanha regulatória contra as grandes empresas de tecnologia. Durante anos, o sector digital floresceu na China, não só graças ao enorme mercado do país, mas também a uma regulação pouco rigorosa – ou à sua aplicação – a que Pequim queria pôr termo.

No entanto, avanços como a plataforma e inteligência artificial DeepkSeek, que também estará presente na reunião, foram um golpe tecnológico importante para Pequim, face à guerra comercial de Trump. A Alibaba também revelou recentemente o seu próprio modelo de IA, o Qwen, que fará parceria com a Apple para permitir que os iPhones ofereçam o serviço Apple Intelligence na China, de acordo com o jornal de Hong Kong.

Também estarão presentes no evento representantes da Huawei, e os chamados “seis pequenos dragões” da “mestria tecnológica” chinesa, que incluem, além da DeepSeek, os fabricantes de robôs Unitree e Deep Robotics, o estúdio de videojogos Game Science, o criador de ‘software’ de ‘design’ de interiores 3D Manycore e a BrainCo, que desenvolve produtos destinados a treinar o cérebro.

17 Fev 2025

Nova Deli | Debandada mata pelo menos 18 pessoas

Pelo menos 18 pessoas morreram numa debandada numa estação ferroviária na capital da Índia, Nova Deli, informou ontem a agência de notícias Press Trust of India.

O ministro-chefe interino de Nova Deli, Atishi, disse que muitas das vítimas viajavam para Prayagraj, no norte da Índia, onde está a decorrer o festival Kumbh Mela, que origina anualmente a maior peregrinação hindu do mundo.

A debandada aconteceu no sábado à noite, enquanto milhares de pessoas estavam reunidas na estação ferroviária de Nova Deli à espera de apanhar um comboio. O incidente ocorreu depois de alguns passageiros terem escorregado e caído sobre outros enquanto desciam de uma passagem que liga plataformas de comboios, disseram as autoridades.

Sheela Devi, que estava no Hospital Lok Nayak Jai Prakash Narain, em Nova Deli, para recolher o corpo da nora, disse que um anúncio sobre uma mudança de plataforma de comboio criou confusão entre os passageiros, o que levou à debandada. O primeiro-ministro indiano Narendra Modi disse estar “angustiado com a debandada”.

“Os meus pensamentos estão com todos aqueles que perderam os seus entes queridos. Rezo para que os feridos tenham uma rápida recuperação. As autoridades estão a auxiliar todos aqueles que foram afectados por esta debandada”, disse Modi, na rede social X. O ministro das Ferrovias, Ashwini Vaishnaw, disse que foi ordenada uma investigação para descobrir o que levou à debandada.

Tragédias sucedem-se

O incidente aconteceu um dia depois de pelo menos dez pessoas ter morrido e outras 19 ficado feridas, após um veículo que seguia para Kumbh Mela ter colidido com um autocarro. Os acidentes de trânsito são comuns na Índia devido às más condições das estradas, as condições precárias de alguns veículos e a falta de atenção às regras de trânsito por parte dos condutores.

Nos últimos dias, os organizadores do Kumbh Mela proibiram a circulação de veículos na área do festival, depois de milhares de pessoas terem ficado presas em vários engarrafamentos, com uma extensão de mais de 200 quilómetros e alguns condutores a relatarem que precisaram de 12 horas para avançar 50 quilómetros.

O Kumbh Mela realiza-se a cada 12 anos numa cidade diferente (entre Prayagraj, Ujjain, Nashik e Haridwar) e tem como auge um banho ritual que acontece na confluência dos rios Ganges, Yamuna e Saraswati.

Os hindus, que representam quase 80 por cento dos mais de 1,4 mil milhões de habitantes do país, acreditam que um mergulho neste local considerado sagrado pode purificá-los de pecados passados e terminar o processo de reencarnação.

Os bilhetes de comboio esgotaram ainda antes do Kumbh Mela começar, enquanto o custo dos bilhetes de avião disparou, levando milhões de pessoas a optar pela viagem de carro. A edição deste ano do festival, que dura seis semanas, ficou já marcada pela morte de pelo menos 30 pessoas numa debandada, em 29 de Janeiro.

17 Fev 2025

China e Brasil reafirmam em Munique compromisso com a paz

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, reiterou, em Munique, num encontro com o conselheiro especial brasileiro Celso Amorim, o compromisso dos dois países em pôr fim à guerra na Ucrânia, afirmaram ontem as autoridades chinesas.

Numa reunião à margem da Conferência de Segurança de Munique, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês e Amorim, enviado especial do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmaram a boa saúde das relações bilaterais.

Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China indicou que ambos destacaram o trabalho da plataforma “Amigos da Paz”, criada pelos dois países dentro da ONU para explorar soluções pacíficas alternativas para a guerra na Ucrânia, e comprometeram-se a desempenhar um papel construtivo na obtenção de uma solução política.

A China e o Brasil têm pressionado os países em desenvolvimento para que apoiem um plano de paz, com seis pontos, que apresentaram em 2024, que descreve a invasão russa da Ucrânia como “uma crise”, pede “o fim da escalada ou provocação por qualquer das partes” e apela a uma conferência internacional de paz através de um “debate justo”.

A iniciativa foi recebida com cepticismo por muitos países ocidentais e pela própria Ucrânia, principalmente devido à ambiguidade demonstrada por Pequim desde o início do conflito e ao seu apoio tácito a Moscovo.

De braço dado

Wang realçou que a China está disposta a trabalhar com o Brasil para continuar a cooperação, “praticar o verdadeiro multilateralismo, defender o papel fundamental das Nações Unidas e salvaguardar os direitos e interesses legítimos dos países do Sul Global”.

Amorim disse ao diplomata chinês que o Brasil está aberto a continuar a trabalhar com o gigante asiático para “defender a justiça internacional”.

Wang e Amorim concordaram ainda em aprofundar a cooperação na América Latina e no seio da comunidade BRICS de economias emergentes, cuja presidência rotativa foi assumida pelo Brasil este ano. A cimeira de chefes de Estado dos BRICS, formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, terá lugar no Rio de Janeiro nos dias 06 e 07 de Julho.

Além dos países fundadores, nos últimos anos, o Egipto, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia, o Irão, a Indonésia e a Arábia Saudita juntaram-se ao bloco como membros de pleno direito, e a Bolívia, Cuba, a Bielorrússia, o Cazaquistão, a Malásia, a Tailândia, o Uganda, o Uzbequistão e a Nigéria juntaram-se recentemente como Estados associados.

De acordo com dados oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008. O mercado chinês foi o destino de 30 por cento das exportações brasileiras em 2023, ano em que totalizaram 104 mil milhões de dólares, constituídas maioritariamente por produtos alimentares e matérias-primas.

A China mantém investimentos no Brasil de cerca de 40 mil milhões de dólares, sobretudo no setor energético.

17 Fev 2025

Ilhas Cook discutem cooperação com Pequim

O primeiro-ministro das Ilhas Cook disse ontem que falou com instituições chinesas sobre ciência marinha e cooperação económica, durante uma viagem à China, onde deve assinar uma parceria que suscitou preocupações na Nova Zelândia.

Durante a viagem à China, que começou na segunda-feira e termina hoje, Mark Brown deve assinar um acordo de parceria com Pequim, cujos pormenores não são conhecidos.

A Nova Zelândia, país com o qual as Ilhas Cook têm uma parceria de segurança, demonstrou preocupação com esta visita. Brown afirmou, em comunicado, que espera “poder partilhar mais informações nos próximos dias”, à medida que os principais acordos são finalizados.

A viagem suscitou preocupações por parte do governo neozelandês sobre a alegada falta de transparência no acordo planeado entre as Ilhas Cook e a China, numa altura em que Pequim procura aumentar a influência no Pacífico Sul.

As Ilhas Cook têm o seu próprio governo, mas a sua política externa e de defesa está sob o controlo da Nova Zelândia, que é obrigada a ajudá-las em situações de emergência. Em contrapartida, os cerca de 17 mil habitantes das Ilhas Cook têm cidadania neozelandesa e podem viver, trabalhar e aceder aos serviços públicos da Nova Zelândia.

Para o bem comum

Brown afirmou que, durante a visita, manteve conversações com instituições chinesas “sobre ciência marinha, resistência climática e cooperação económica” que “abriram a porta a novas áreas de colaboração”, incluindo a exploração em mar profundo e a aquicultura.

“Quero garantir ao nosso povo que todas as conversas são guiadas pelo que é melhor para as Ilhas Cook: assegurar que as nossas parcerias apoiam o crescimento económico, a sustentabilidade ambiental e a soberania nacional”, afirmou o político.

Brown já tinha garantido à Nova Zelândia que o acordo não teria impacto nas suas relações e que não haveria surpresas no domínio da segurança.

A oposição nas Ilhas Cook não ficou satisfeita, tendo apresentado, na quarta-feira, uma moção de censura contra Brown por causa da tensão com a Nova Zelândia, segundo a imprensa local.

As relações entre a Nova Zelândia e as Ilhas Cook, que foram uma colónia neozelandesa entre 1901 e 1965, não são as melhores, depois de Wellington ter rejeitado, em Dezembro, uma proposta do seu parceiro para poder utilizar o seu próprio passaporte e não o emitido pelas autoridades neozelandesas, como até agora.

O Governo neozelandês indicou que o seu próprio passaporte equivaleria a alterar o estatuto de cidadania das Ilhas Cook e que isso implicaria a alteração da parceria.

14 Fev 2025

Ucrânia | Pequim saúda telefonema entre Trump e Putin

A China afirmou ontem que o diálogo é a única saída para a guerra na Ucrânia e felicitou as conversações de quarta-feira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin.

“A Rússia e os Estados Unidos são potências influentes e congratulamo-nos com o facto de estarem a reforçar o diálogo, que é a única forma de sair da crise”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

“Desde o início, o Presidente chinês, Xi Jinping, tem defendido conversações de paz”, acrescentou. Trump e Putin concordaram em iniciar “negociações imediatas” para pôr fim ao conflito. O porta-voz acrescentou que a China “continuará a esforçar-se” pela paz e desempenhará “um papel construtivo” na resolução da guerra.

Desde o início da invasão russa, a China tem adoptado uma posição ambígua, apelando ao respeito pela integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia, e ao respeito pelas “legítimas preocupações de segurança” de todas as partes, em referência à Rússia.

Pequim também condenou as sanções unilaterais contra Moscovo por “não resolverem os problemas” e apelou repetidamente a uma “solução política” para o conflito, avançado com uma proposta de paz, que foi então rejeitada por Kiev e os aliados ocidentais.

14 Fev 2025

Investigação | Descoberta nova espécie de ave em Fujian

Cientistas chineses descobriram dois fósseis com cerca de 149 milhões de anos, um deles, denominado Baminornis zhengheis, um vertebrado que foi classificado como ave, o que o torna a segunda espécie conhecida do Jurássico.

Os fósseis, que foram estudados por uma equipa de investigação liderada pelo Professor Wang Min, do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados (IVPP) da Academia Chinesa de Ciências, foram descobertos na região de Zhenghe, na província de Fujian, no sudeste da China.

As aves são o grupo mais diversificado de vertebrados terrestres. Estudos sugerem que a sua primeira diversificação remonta ao período Jurássico, há cerca de 145 milhões de anos, mas a escassez de registos fósseis dificultou durante muito tempo o estudo da história evolutiva mais antiga das aves.

Ambos os fósseis, descritos na quarta-feira num artigo publicado na revista Nature, preenchem uma lacuna na história evolutiva inicial das aves e fornecem provas de que estes vertebrados se diversificaram no final do Jurássico.

Em 1861, trabalhadores de uma pedreira na Baviera encontraram um esqueleto fóssil. Tinha penas e asas, pelo que era claramente uma ave, mas também tinha uma cauda comprida e garras afiadas. Era o Archaeopteryx, o fóssil de há cerca de 150 milhões de anos que levou à descoberta de que as aves actuais evoluíram a partir dos primeiros dinossauros. O Archaeopteryx foi considerado a única ave do Jurássico. Até agora.

Achado extraordinário

No novo estudo, os investigadores referem dois fósseis encontrados na região de Zhenghe, na província chinesa de Fujian, onde estão a ser encontrados numerosos fósseis do Jurássico Superior, conhecidos como a Fauna de Zhenghe.

Um deles, denominado Baminornis zhenghensis, pertence a uma nova espécie de ave que viveu entre 149,9 e 150,2 milhões de anos atrás e tem uma combinação única de características, incluindo ombros e cinturas pélvicas semelhantes às das aves ornitotorácicas derivadas, bem como garras semelhantes às dos dinossauros não-aviários, capazes de agarrar e cortar.

Estas características realçam o papel da evolução em mosaico no desenvolvimento das aves primitivas. Em particular, o Baminornis zhenghensis tem uma cauda curta que termina num osso composto chamado pygostyle, uma característica que também se observa em aves vivas e que tem funções aerodinâmicas.

“Até agora, o registo mais antigo de aves de cauda curta era do Cretáceo Inferior. O Baminornis zhenghensis é a única ave do Jurássico com cauda curta e a ave mais antiga descoberta até agora, o que atrasa o aparecimento desta característica derivada das aves em quase 20 milhões de anos”, diz Wang.

Os investigadores concluem que o Baminornis zhenghensis quase não derivou do Archaeopteryx e é uma das aves mais antigas do Jurássico. “Se dermos um passo atrás e reconsiderarmos a incerteza filogenética do Archaeopteryx, não temos dúvidas de que o Baminornis zhenghensis é a verdadeira ave do Jurássico”, afirma Zhou Zhonghe, coautor do estudo e investigador do IVPP.

Num artigo “News & Views” publicado na mesma revista, Stephen Brusatte, da Universidade de Edimburgo, sublinha a importância deste achado “histórico” e explica que o Barminornis é mais semelhante às aves modernas do que o Archaeopteryx.

De facto, observa, as suas características anatómicas indicam que provavelmente voava melhor do que o Archaeopteryx e “pode mesmo ter sido melhor voador do que algumas outras aves primitivas de vários milhões de anos mais tarde, do Cretáceo”.

Em todo o caso, para saber como o Barminornis voava “será necessário efectuar estudos biomecânicos rigorosos” que ajudarão a compreender melhor este “fóssil extraordinário”.

14 Fev 2025

SMIC | Lucro da maior fabricante de ‘chips’ chinesa caiu 45%

O maior fabricante de semicondutores da China, a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), anunciou ontem que registou um lucro líquido de cerca de 492,7 milhões de dólares em 2024, um declínio homólogo de 45,4 por cento.

A empresa apresentou estes números numa declaração de contas provisória enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong, na qual atribuiu a queda dos lucros “a menores rendimentos financeiros e queda no retorno dos investimentos”.

No último trimestre do ano, o lucro líquido da SMIC caiu 38,4 por cento, para 107,6 milhões de dólares, embora o volume de negócios total tenha aumentado 31,5 por cento em termos homólogos, para 2,207 mil milhões de dólares. Ao longo do ano, as receitas cresceram 27 por cento, para 8,03 mil milhões de dólares, lê-se no documento.

Olhando para o primeiro trimestre de 2025, a empresa tecnológica espera aumentar as suas receitas entre 6 e 8 por cento, em comparação com o último trimestre de 2024, enquanto para o ano inteiro, “se não houver mudanças significativas no ambiente externo”, prevê que o seu volume de negócios “cresça mais do que a média da indústria nos mesmos mercados”.

De acordo com a TrendForce, a SMIC é o terceiro maior fabricante de semicondutores do mundo, com uma quota de mercado de 5,7 por cento. Está apenas atrás da Samsung da Coreia do Sul e do actor dominante do sector, a TSMC de Taiwan.

No último trimestre, a empresa obteve 89,1 por cento das suas receitas na China, contra 80,1 por cento no final de 2023. De acordo com a imprensa local, isto mostra o seu compromisso com o mercado doméstico, face às sanções que lhe foram impostas por Washington em 2020.

O sector dos semicondutores é fundamental para a China, pois é uma das pedras angulares dos seus planos para reforçar a sua auto-suficiência tecnológica e, assim, reduzir a dependência de países terceiros face à guerra comercial e a sanções impostas pelos Estados Unidos.

13 Fev 2025

Fentanil | Pequim pede aos EUA que assumam responsabilidades

A embaixada da China no México apelou aos Estados Unidos que assumam responsabilidades pela crise do consumo de fentanil na sociedade norte-americana e deixem de culpar, caluniar e difamar outros países.

“Tomámos nota de que, recentemente, a embaixada dos EUA no México criticou na sua conta na [rede social] X o facto de os precursores do fentanil nos EUA serem provenientes da China, culpando assim outro país”, afirmou o posto diplomático chinês, em comunicado.

“A China é um dos países com as políticas antidroga mais restritas e rigorosamente aplicadas no mundo”, apontou a mesma fonte, acrescentando que “o problema do fentanil é um problema dos EUA”.

A embaixada disse que, “num espírito humanitário, a China deu apoio aos Estados Unidos na sua luta contra o problema do fentanil” e, a pedido da parte norte-americana, anunciou em 2019 a classificação abrangente das drogas do grupo do fentanil como substâncias controladas, o primeiro país do mundo a fazê-lo oficialmente.

O lado chinês “desenvolveu uma ampla cooperação antidroga com os EUA e alcançou resultados notáveis, o que é óbvio para todos”, frisou. “A parte norte-americana deveria ver e tratar objectiva e racionalmente o seu próprio problema do fentanil, em vez de caluniar, difamar e culpar outros países”, apontou.

No dia 6 de Fevereiro, a embaixada dos EUA no México afirmou na X que “90 por cento das mortes por opiáceos nos Estados Unidos se devem ao fentanil que vem através do México e do Canadá, e cujos precursores vêm da China”. Quase 100 mil norte-americanos morreram em 2024 devido ao consumo de fentanil.

Na semana passada, Trump anunciou que vai adiar por um mês uma taxa de 25 por cento que tinha anunciado sobre todos os produtos provenientes do Canadá e do México, na sequência de um acordo com ambos os países para reforçar o controlo das fronteiras e travar o tráfico de fentanil e a chegada de imigrantes.

13 Fev 2025

IA | Pequim contra politização da tecnologia após advertências de Vance

A China opôs-se ontem à politização de questões que envolvem tecnologia, depois de o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, ter alertado contra a utilização da inteligência artificial por “regimes autoritários”, numa referência velada a Pequim.

“Opomo-nos às práticas de categorização baseadas na ideologia, à generalização do conceito de segurança nacional e à politização das questões económicas, comerciais e tecnológicas”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun, em resposta a uma questão sobre os comentários de J.D. Vance, na terça-feira, durante a cimeira da IA, em Paris.

Guo acrescentou que a China “defende a tecnologia de IA de fonte aberta, promove a acessibilidade dos serviços de IA e atribui importância à segurança” desta nova tecnologia. Numa referência velada a Pequim, JD Vance alertou na terça-feira os Estados que podem ser tentados a entrar em parcerias com “regimes autoritários” que “nunca são benéficas a longo prazo”, referindo-se às exportações “fortemente subsidiadas” da China da sua tecnologia de quinta geração (5G).

A cimeira de Paris sobre inteligência artificial reuniu líderes políticos e chefes de grandes empresas tecnológicas de todo o mundo, entre segunda e terça-feira.

Cinquenta e oito países, incluindo a China, França e Índia (os dois co-organizadores do evento) assinaram uma declaração conjunta, a favor de uma IA “aberta” e “ética”, que não foi rubricada pelos Estados Unidos, que dominam este sector cada vez mais vital.

13 Fev 2025

CATL / HK | Fabricante de baterias prepara entrada na bolsa

Se se concretizar, esta será a entrada com maior impacto na bolsa de Hong Kong desde 2021

 

A empresa chinesa Contemporary Amperex Technology (CATL), a maior fabricante de baterias para veículos eléctricos do mundo, iniciou ontem o processo para entrar na Bolsa de Valores de Hong Kong, segundo a imprensa local.

De acordo com o jornal de Hong Kong South China Morning Post, se confirmada, seria a maior entrada na bolsa de Hong Kong, desde a da plataforma de partilha de vídeos Kuaishou, no início de 2021, que arrecadou cerca de 6,2 mil milhões de dólares. A CATL não revelou o valor proposto para a venda de acções ou o calendário do processo.

A empresa já está listada desde 2018 na bolsa de valores da cidade vizinha de Shenzhen, na China continental. As suas acções naquele mercado subiram 0,71 por cento durante a sessão da manhã de ontem, embora tenham caído pouco mais de 2 por cento até agora este ano e permaneçam um terço abaixo do seu pico, que data do final de 2021.

A CATL disse que vai utilizar parte do capital angariado através da entrada na bolsa de Hong Kong para projectos na Hungria, aprovados em 2022, que incluem um investimento de cerca de 7,34 mil milhões de euros numa fábrica com uma capacidade de produção de cerca de 100 gigawatts-hora (GWh) e que poderá entrar em funcionamento ainda este ano.

Expansão eléctrica

Em Dezembro, a CATL também formalizou um acordo com o grupo automóvel Stellantis para abrir uma fábrica em conjunto, perto de Saragoça, com um investimento de cerca de 4,1 mil milhões de euros. Prevê-se que o complexo esteja operacional em 2028, empregue cerca de três mil pessoas e produza um milhão de baterias por ano.

“A CATL ambiciona expandir a sua presença global, uma vez que pode obter maiores lucros fora da China. Com vantagens em termos de produção e tecnologia em relação aos concorrentes internacionais, os operadores chineses do sector eléctrico são bem-vindos no estrangeiro, para localizarem a sua capacidade de desenvolvimento e fabrico”, afirmou Davis Zhang, um executivo da empresa de materiais de protecção de baterias Suzhou Hazardtex, citado pelo SCMP.

A CATL, sediada na cidade de Ningde, no sudeste da China, é líder mundial no sector das baterias para carros eléctricos há oito anos, controlando 37 por cento da quota de mercado mundial, com clientes importantes como a Tesla e a BMW.

No início de Janeiro, os Estados Unidos incluíram a empresa numa lista de companhias consideradas colaboradoras do exército chinês, uma decisão que a CATL classificou de “falsa designação”, avançando com uma acção judicial.

13 Fev 2025

McDonald’s | Planeada abertura na China de mais mil restaurantes este ano

A maior cadeia de comida rápida do mundo, a McDonald’s, planeia abrir cerca de mil novos restaurantes na China em 2025, quase metade dos 2.200 que vai inaugurar em todo o mundo.

Numa conferência com analistas após a apresentação dos resultados do último trimestre, o director financeiro da empresa norte-americana, Ian Frederick Borden, revelou estes números, que no caso da China vêm na sequência do número de aberturas anunciadas nos dois últimos exercícios.

“Estamos a assistir a sinais encorajadores de estabilização na China”, declarou o responsável sobre o desempenho da empresa no país asiático durante 2024, quando os lucros globais caíram 3 por cento, em relação ao ano anterior.

Em 2024, o presidente executivo da McDonald’s, Chris Kempczinski, já tinha destacado o “forte crescimento” na China, apesar da pressão sobre a confiança dos consumidores face aos problemas de recuperação económica, e afirmou: “Faremos o que for preciso para manter a nossa competitividade nesse mercado”.

A cadeia de hambúrgueres tem cerca de seis mil pontos de venda na China e tem como objectivo ultrapassar os dez mil até 2028. Actualmente, existem mais de 40 mil restaurantes McDonald’s em todo o mundo.

No final de 2023, a McDonald’s anunciou um acordo para comprar a participação de 28 por cento que a empresa de investimento Carlyle detinha no seu negócio na China, por um valor estimado de 1,8 mil milhões de dólares, aumentando a sua participação de 20 por cento para 48 por cento, com o banco de investimento chinês Citic a controlar os restantes 52 por cento.

12 Fev 2025